para ler, baixe o arquivo pdf - Associação Brasileira da Batata

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para ler, baixe o arquivo pdf - Associação Brasileira da Batata
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rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção
individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. CONSULTE SEMPRE UM
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Para mais informações:
04 – Editorial
- A Grande Fome na Irlanda e a Situação Atual do Brasil
06 – Nutrição
- Nutrição e Adubação da Cultura da Batata: 3 Potássio
14 – Fitopatologia
- Mosca Branca na Cultura da Batata
- Amplificação isotérmica mediada por alça (LAMP) e sua
aplicação na detecção de pragas da batata
20 – Viagem Técnica ABBA
- Reino Unido, Irlanda, Bélgica e França
25 – Entomologia
- Psilídeos: por que devemos conhecê-los?
27 – Meio Ambiente
- Difícil Convivência
35 – Pesquisa
- A importância da cooperação entre o setor privado e a solução dos problemas emergentes na bataticultura nacional
38 – Economia
- Custos de produção têm forte alta nos últimos dez anos
41 – Empresas Parceiras
- Alltech Crop Science
- BASF
- Bayer
46 – Indústria
- BATATÓP
48 – Imagens
53 – Batata Orgânica
- O que falta para produzir batata orgânica em escala?
54 – Curtas
- “Prêmio Josué Castro”
57 – Colaboradores
- Arione Pereira da Silva
59 – Consumidor
- Edson Crovador
60 – Eventos
- Congresso ALAP – 2016
61 – Dicas
- Como evitar que as batatas descascadas fiquem escuras
62 – Culinária
- Salada de batatas com mostarda em grãos
EDITORIAL
A Grande Fome na Irlanda e a Situação Atual do Brasil
tatas para sobreviver, e o problema foi exacerbado
por vários fatores ligados à situação política, social e econômica. Assim como na Irlanda, no Brasil
dezenas de milhões de brasileiros estão famintos,
doentes e até mesmo emigrando para muitos países
em busca de uma vida melhor, porém, a causa princapa desta edição faz uma analogia en- cipal não foi um problema fitossanitário, ou seja,
tre catástrofes como a Grande Fome na no Brasil a causa foi uma praga asquerosa denomiIrlanda e a situação atual do Brasil. As nada – corruptos.
causas e as consequências da tragédia
Desde 1801 a Irlanda era governada como parirlandesa servem de referência para entendermos a
te do Reino Unido da Grã-Bretanha. Os católicos
tragédia brasileira.
eram aproximadamente 80% da população, a maioA batata foi introduzida na Irlanda como planta ria vivendo em condições de pobreza e insegude jardim. Em finais do século XVII tornar-se-ia rança. No topo da pirâmide social estava a classe
um alimento suplementar, enquanto a dieta princi- ascendente protestante, os ingleses e as famílias
pal ainda era baseada em pão, leite e produtos base- anglo-irlandesas, que eram donas das maiorias das
ados em grão de cereal. Nas primeiras duas décadas terras, e que tinham poder ilimitado sobre seus dodo século XVIII, a batata passou a ser o alimento mínios. Muitos desses donos de terras viviam em
de base dos pobres, principalmente no inverno. A Inglaterra e eram chamados de “aristocracia ausenexpansão da economia entre 1760 e 1815 viu as ba- te”. Eles usavam agentes para administrar suas protatas ocuparem o lugar de alimento principal duran- priedades, e o lucro era enviado para a Inglaterra.
te todo o ano em todas as pequenas propriedades Uma boa parte deles nunca chegou a ir à Irlanda.
rurais. A batata foi introduzida no Brasil há cerca Enquanto na Irlanda as remessas eram de lucros da
de 300 anos e se tranformou na principal “mistura” produção agropecuária para a “aristocracia ausenda populaçao mais pobre durante muitas décadas, te”, no Brasil as remessas das vultosas propinas são
ou seja, milhões de brasileiros consumiam regular- para as contas dos corruptos asquerosos.
mente arroz, feijão e batata cozida com carne de
A perda das culturas em 1845 foi estimada em
vaca e frango. Assim como na Irlanda, a produção
de batatas se concentrou em pequenas propriedades 50%. Em 1846, três quartos das colheitas foram
perdidas devido à peste. Em dezembro, um terço
rurais.
de milhão de pessoas destituídas foram empregadas
A grande fome na Irlanda foi um período de pelo serviço público. No outono de 1846, as prifome, doenças e emigração em massa entre 1845 e meiras mortes por fome foram registradas. Batatas
uma data variável entre 1849 e 1852 em que a po- para plantio estavam em falta em 1847, e poucas
pulação da Irlanda reduziu entre 20 e 25 por cento. germinaram, então a fome continuou. Em 1848, a
A fome provocou a morte a cerca de um milhão de produtividade foi apenas dois terços do normal.
pessoas e forçou mais de um milhão a emigrar da Mais de três milhões de irlandeses eram dependenilha. A causa mais próxima da fome foi uma doen- tes de batatas para alimentação, então fome e morça provocada por Phytophthora infestans, que con- tes eram inevitáveis. No Brasil, milhares de pestaminou em larguíssima escala as batatas em toda soas empregadas para ocupar cargos de confiança
a Europa durante a década de 1840. Apesar de a recebem generosos salários, ao mesmo tempo em
Europa inteira ter sido atingida, um terço de toda a que a estabilidade garantida por lei protege muipopulação da Irlanda dependia unicamente de ba- tos servidores extremamente improdutivos. EstiNatalino Shimoyama
Gerente Geral - ABBA
A
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nº43
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ra, Escócia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Mortes e emigração eliminaram famílias inteiras,
deixando poucos ou nenhum sobrevivente para responder às perguntas do censo. A emigração de brasileiros abrange muito mais países e, por isso, não
Em 1846, foi publicado em um jornal da Irlanda está impactando tanto como as imagens das emique o povo irlandês estava “esperando a fome dia grações que estão ocorrendo na Europa.
após dia” e a atribuíram coletivamente não tanto
“ao governo dos Céus, mas à ganância e política
A visão contemporânea deste evento era duracruel da Inglaterra”. Aqui no Brasil ocorre uma si- mente crítica com a resposta do governo da épotuação pior, pois apesar de Deus ser brasileiro, nem ca e com a gestão da crise. Desde o início houve
ele consegue controlar as ratazanas e os cupins que acusações ao governo de incapacidade de prever a
estão corroendo tudo em nosso País.
magnitude do desastre. Na visão atual, é ainda um
assunto controverso na história da Irlanda. Debates
A fome foi um choque social na história da Ir- e discussões sobre o papel do governo britânico à
landa: os efeitos alteraram para sempre o plano de- falha na colheita de batata e consequente fome de
mográfico, político e cultural irlandês. A história grande escala, e se tal poderia ser visto como geda Irlanda geralmente é dividida entre os períodos nocídio por omissão, permanecem questões polê“pré-fome” e “pós-fome”. A grande fome é também micas dos pontos de vista histórico e político. Não
recordada como a maior catástrofe demográfica a temos dúvidas que o genocídio no Brasil é conseatingir a Europa entre a Guerra dos Trinta Anos e quência direta da competência dos corruptos.
a Primeira Guerra Mundial, basta substituir as palavras e deslocar algumas das tragédias ocorridas,
A tragédia é recordada em vários memoriais
pois a tragédia brasileira fará parte do pódio, não por toda a Irlanda, especialmente nas regiões que
como medalha de ouro, mas no mínimo como bron- sofreram as maiores perdas, e nas cidades de todo
ze.
o mundo para onde significativas comunidades de
irlandeses emigraram. Como serão os memoriais
A emigração durante os anos da fome em 1845 para recordar este período dominado pelo bando de
até 1850 era, sobretudo, dirigida para a Inglater- corruptos? Sugiro um inferno repleto de capetas...
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editorial
ma-se que as despesas anuais com os salários dos
funcionários do governo seja de aproximadamente
R$ 215.000.000.000,00 (é isso mesmo – bilhões de
reais).
NUTRIÇÃO
Nutrição e Adubação da Cultura da Batata: 3 Potássio
Rogério Peres Soratto
Engo. Agro. Professor Adjunto
Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP
Caixa Postal 237, CEP 18610-307, Botucatu (SP)
E-mail: [email protected]
André Luiz Gomes Job
Engo. Agro. Doutorando em Agronomia-Agricultura
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP
Caixa Postal 237, CEP 18610-307, Botucatu (SP)
E-mail: [email protected]
Adalton Mazetti Fernandes
Engo. Agro. Pesquisador IV
Centro de Raízes e Amidos Tropicais/UNESP
Caixa Postal 237, CEP 18610-307, Botucatu (SP)
E-mail: [email protected]
D
entre os nutrientes exigidos pela cultura da batata, o potássio (K) é aquele extraído e exportado em maiores
quantidades pela cultura. A extração
de K pela cultura da batata pode superar os 300 kg
ha -1, dependendo da cultivar (Figura 1) e da condição de cultivo (Tabela 1), e sua exportação pelos
tubérculos é, em média 1,8 vezes maior que a do
nitrogênio (N) e 10 vezes superior a de fósforo (P)
nas entre as nervuras nas margens dos folíolos e
as plantas podem morrer precocemente (Figuras
2C e 2D). O K é particularmente importante na
redistribuição de açúcares e na síntese de amido e,
como os tubérculos de batata são ricos em amido,
eles têm alta demanda pelo K. Assim, o K é fundamental para a obtenção de altas produtividades
de tubérculos, sendo absorvido em elevada quantidade durante a fase de tuberização, que ocorre
aproximadamente entre 35 e 75 dias após o plantio
(Figura 1). Além de interferir na produtividade, a
falta desse nutriente pode influir na produção ponderada de tubérculos de maior calibre (Figura 3) e
também na qualidade tecnológica dos tubérculos.
Nos casos em que a disponibilidade de K na solução do solo é baixa, a falta de adubação com K
pode levar à antecipação do ciclo da batateira (Figura 2D), diminuindo drasticamente o potencial
produtivo da cultura.
Plantas de batata deficientes possuem porte reduzido, os caules ficam mais finos e curtos e a
folhagem tem aparência murcha em razão de as
folhas se arquearem para baixo (Figuras 2A e 2B).
Sob deficiência severa, as margens e os ápices das
folhas mais velhas tornam-se inicialmente amareladas, adquirem coloração amarronzada e posteriormente tornam-se necrosadas, sendo comum o
aparecimento de inúmeras manchas negras peque-
300
300
Agata - produtividade = 37,3 t ha-1
250
250
200
Folhas
Hastes
Tubérculos
Raízes
Batata-semente
200
150
Quantidade de K acumulada (kg ha-1)
Asterix - produtividade = 40 t ha-1
100
150
100
50
50
0
0
0
300
20
27
34
41
48
55
62
69
76
83
90
0
97
300
Atlantic - produtividade = 22,5 t ha-1
250
250
200
200
150
150
100
100
50
50
0
20
27
34
41
48
55
62
69
76
83
90
97
69
76
83
90
97
Mondial - produtividade = 40,9 t ha-1
0
0
20
27
34
41
48
55
62
69
76
83
90
97
0
20
27
34
41
48
55
62
Dias após o plantio
Figura 1. Marcha de absorção e distribuição do K absorvido entre os órgãos da planta de quatro cultivares de
batata, na safra de inverno em solo com elevada disponibilidade de K e com aplicação de 255 kg ha-1 de K2O.
Fonte: Adaptado de Fernandes et al. (Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, p.2039-2056, 2011).
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nutrição
(Fernandes et al., Revista Brasileira de Ciência do
Solo, v. 35, p.2039-2056, 2011). O K é de extrema
importância para o desenvolvimento da planta e,
mesmo não participando diretamente de substâncias químicas formadas, o K está envolvido em
vários processos fisiológicos, como co-fator enzimático para mais de 40 enzimas, além de ser o
regulador do potencial osmótico nas células, ativador de enzimas da respiração e do processo de
fotossíntese.
nutrição
Tabela 1. Produtividade total de tubérculos, quantidade de K absorvida e exportada pelos tubérculos das cultivares de batata Agata e Mondial em função de doses de fertilizante fosfatado no sulco de plantio, em solo
com baixa disponibilidade de P. Fonte: Adaptado de Fernandes (Tese de Doutorado, 145, 2013) e de dados não
publicados.
A
B
C
D
Figura 2. (A) Plantas bem nutridas, que receberam 200 kg ha-1 de K2O no sulco de plantio, em solo com média disponibilidade de K; (B) plantas sem adubação potássica em solo com média disponibilidade de K, apresentando sintomas leves de deficiência; (C) vista geral do experimento em solo com baixa disponibilidade de
K, com indicação das parcelas sem a aplicação de adubação potássica, (D) antecipação do ciclo na parcela com
a ausência da aplicação de K (80 dias após o plantio), em solo com baixa disponibilidade de K. Fotos: André
L. G. Job.
8
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nutrição
Figura 3. Número, tamanho e classificação dos tubérculos de batata cv. Agata (A) sem adubação com K e (B)
com a aplicação de 200 kg ha-1 de K2O no sulco de plantio, (C) com a aplicação de 400 kg h-1 de K2O no sulco
de plantio em solo com médio teor de K disponível. Fotos: André L. G. Job.
Produtividade relativa (%)
tada uma “dose padrão”, sem considerar a disponibilidade do nutriente no solo e a exigência da cultivar utilizada. Para definir a adubação potássica,
deve-se levar em conta o teor de K trocável no solo,
para que os níveis de K atinjam valores considerados satisfatórios, para as plantas alcançarem produtividades correspondentes à máxima eficiência
agronômica. Para avaliar o efeito de doses de K e o
parcelamento do mesmo na produtividade de batata
cv. Agata, Job (Dissertação de Mestrado, 59f, 2014)
conduziu pesquisas em condições de campo, em
áreas de produção de batata com solos argilosos,
nos municípios de Taquarituba-SP, Bernadinho de
Campos-SP e Botucatu-SP, com baixo (<1,5 mmolc
dm-3), médio (1,6 a 3,0 mmolc dm-3) e alto (>3,0
mmolc dm-3) teor de K trocável no solo, respectivamente. Os resultados confirmaram que a resposta
da cultura da batata à aplicação de K está relacionaMuitas vezes, o K é aplicado em dose única no da à disponibilidade de K no solo (Figura 4).
sulco plantio da cultura da batata, além de ser ado-
Dose de K2O (kg ha-1)
Figura 4. Produtividade relativa de tubérculos da cultivar de batata Agata em função de doses de K, em solos
com baixo (0,7 mmolc dm-3), médio (1,6 mmolc dm-3) e alto (3,7 mmolc dm-3) teores de K trocável, na média dos tratamentos com aplicação totalmente no sulco de plantio ou parcelado ½ no sulco e ½ em cobertura.
Fonte: Adaptado de Job (Dissertação de Mestrado, 59f, 2014).
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nutrição
E
mbora o K seja o elemento absorvido
em maior quantidade pela batateira,
nem sempre há resposta positiva à adubação potássica, provavelmente, devido
aos elevados níveis deste elemento em determinados solos. Além disso, a aplicação de elevadas doses de K no sulco de plantio, como ocorre quando
se utiliza de 3,3 a 4,1 t ha-1 da fórmula 04-14-08
(264-328 kg ha-1 de K2O), pode reduzir a população de plantas e a produção de tubérculos, devido
ao aumento significativo da condutividade elétrica e ao desequilíbrio da relação K/Ca+Mg no solo.
Doses excessivas de K podem proporcionar absorção exagerada do elemento, chamado “consumo
de luxo”, reduzir a absorção de outros nutrientes e
causar redução da produtividade e na matéria seca
de tubérculos.
limitado o potencial de produção da cultura e até
promovendo a antecipação do ciclo da cultura na
ausência da aplicação de K (Figuras 2c e 2D). Já
no solo considerado com média disponibilidade de
K (Exp. II), o teor de K na folha diagnose sofreu
aumento com a adubação potássica até a dose estimada de 300 kg ha-1 de K2O, e no solo com alto
teor de K trocável o aumento se deu até a dose de
200 kg ha-1 de K2O, não sendo influenciado pelo
parcelamento da aplicação. Nos experimentos conduzidos nos solos com médio e alto teores de K
trocável, apesar dos aumentos nos teores na folha
diagnose, estes ficaram dentro da faixa considerada
como adequada (40 a 50 g kg-1), mesmo nos tratamentos que não receberam adubação potássica (Figura 5). Destaca-se também os maiores teores de
K nas folhas (Figura 5) e produtividades relativas
(Figura 4) observados nos solos com médio e alto
teor de K trocável, mesmo na ausência de aplicação
de fertilizante potássico no sulco de plantio.
70
60
-1
-1
Teorde
deKK na
na folha
folha (g
(g kg
Teor
kg ))
nutrição
Em solo com baixo teor de K trocável (<1,5
mmolc dm-3), notou-se que a produtividade de tubérculos dobrou com o aumento de adubação potássica (Exp. I) e o aumento se deu até a dose estimada de 325 kg ha-1 de K2O, não sendo influenciado
pelo parcelamento de K (Figura 4). Nos solos com
médio (1,6 a 3,0 mmolc dm-3) e alto (>3,0 mmolc
dm-3) teor de K trocável, houve aumentos da produtividade de tubérculos entre 22% (Exp. II) e 33%
(Exp. III), com respostas positivas até a dose estimada de 200 kg ha-1 de K2O e também não sendo
afetada pelo parcelamento do K. Os teores da folha
diagnose da batateira apresentaram aumento com o
incremento da dose de K até a dose estimada de 344
kg ha-1 de K2O, em solo com baixa disponibilidade de K (Figura 5), condizendo com o aumento de
produtividade (Figura 4). Nota-se também que nas
doses menores que 300 kg ha-1, os teores da folha
diagnose, ficaram abaixo do considerado adequado
para a cultura da batateira (40 a 50 g kg-1), tendo
50
40
30
20
Exp. I (baixo teor de K)
Exp. II (médio teor de K)
Exp. III (alto teor de K)
10
0
0
100
200
-1
Dose
O (kg
(kgha
ha-1))
Dose de
de K
K22O
300
400
Figura 5. Teor de K nas folhas da cultivar de batata Agata em função de doses de K, em solos com baixo (0,7
mmolc dm-3), médio (1,6 mmolc dm-3) e alto (3,7 mmolc dm-3) teores de K trocável, na média dos tratamentos com aplicação totalmente no sulco de plantio ou parcelado ½ no sulco e ½ em cobertura. Fonte: Adaptado
de Job (Dissertação de Mestrado, 59f, 2014).
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Em alguns casos, especialmente quando são
necessárias elevadas doses de fertilizante potássico, em épocas mais chuvosas e solos arenosos,
o uso do parcelamento da adubação potássica,
juntamente com a nitrogenada, se faz necessária,
pois essa prática proporciona, para o caso do K,
menor perda por lixiviação e redução do efeito
salino no solo. O fertilizante potássico aplicado no sulco de plantio deve ser bem misturado
ao solo, para evitar problemas com injúrias às
plantas. Pode-se aplicar parte do adubo potássico
em cobertura, no período entre a emergência das
plantas e a amontoa.
Apesar das respostas da batateira à adubação potássica variarem em função de uma série
de fatores, dentre eles, a cultivar, época, fonte,
disponibilidade de outros nutrientes, etc., a interpretação de forma coerentemente dos teores
de K trocável no solo, bem como a aplicação de
doses de K de acordo com as recomendações dos
boletins oficiais e de trabalhos científicos e levando em conta as exigências de cada cultivar
proporcionará adubações potássicas mais racionais e equilibradas, que, além de aumentarem a
produtividade e a qualidade de tubérculos, também diminuirão os custos de produção da cultura
no que diz respeito ao uso de fertilizantes.
nutrição
Os resultados citados anteriormente evidenciam a importância de se conhecer a disponibilidade de K no solo, para planejar a adubação da
cultura da batata, pois muitas vezes doses elevadas de K podem estar sendo aplicadas desnecessariamente em solos já com alta disponibilidade
do nutriente, o que, além de não incrementar a
produtividade de tubérculos, ainda aumenta o
custo de produção. Por outro lado, a aplicação
de doses insuficientes de K pode limitar o desenvolvimento e produtividade da cultura. Assim, quando o teor de K trocável no solo é baixo,
altas doses de K são necessárias para se obter
elevadas produtividades, podendo chegar a mais
400 kg ha -1de K 2 O, especialmente se os teores
forem muito baixos e a produtividade esperada
for maior que 45 t ha -1 de tubérculos. Já em solo
com elevada disponibilidade de K, pode não haver resposta da cultura da batata a adubação potássica, ou esta é pequena, podendo ser feita apenas a aplicação de uma dose de reposição, que
deve variar de 150 a 200 kg ha -1 de K 2 O.
FITOPATOLOGIA
Mosca Branca: Transmissão de Vírus à Cultura da Batata
N
os últimos 10 anos, a ocorrência de
mosca branca vem aumentando e se
expandindo por todas as regiões produtoras de batata do Brasil.
A expansão está diretamente relacionada à produção de soja que serve de rodovia, pista simples,
vicinal, estrada de terra, trilha, etc. para as moscas
brancas. O aumento da quantidade de moscas brancas está relacionado às condições climáticas favoráveis (calor e seca). A presença da mosca branca
durante todos os dias do ano em diversas regiões
é favorecida pelo plantio ininterrupto de outras
culturas - feijão, batata, tomate, melão, pimentão,
abóbora, algodão, etc. A situação é muito mais grave se considerarmos como hospedeiras as plantas
daninhas.
A mosca branca tem provocado seríssimos prejuízos através de danos diretos (sucção da seiva)
e indiretos (transmissão de viroses). Na cultura de
feijão é comum perder 100%, ou seja, plantar e não
colher nada; em tomate envarado, a produção por
1000 plantas reduziu de 400 para 150 caixas (20
kg); em batata, a produtividade reduziu de 60 para
12 toneladas. A mosca branca já conseguiu mudar o
calendário e o mapa das regiões produtoras de feijão no país, assim como já provocou o desabastecimento da oferta de feijão à população e a falência
de muitos produtores.
O cenário se agrava mais ainda quando temos a seguinte realidade: a dificuldade para controlar a praga, a falta de pesquisadores, a falta de
recursos econômicos para as pesquisas, a falta de
políticas governamentais e as condições climáticas
favoráveis. Esta situação dramática e catastrófica
está afetando milhares de produtores e, consequentemente, milhões de consumidores que estão pagando muito mais devido à redução da oferta dos
produtos afetados. Alguns profissionais da mídia
(leigos e mentirosos) deveriam se esforçar para entender a situação, ao invés de “meter a boca” dizendo que a batata, feijão, tomate, etc. são os culpados
pela inflação.
ALERTAR para fatos que estão acontecendo em
2015. Alguns produtores de diversas regiões plantaram batatas sementes produzidas em áreas que
foram intensamente infestadas por mosca branca.
O que aconteceu?
Uma tragédia – a germinação falhou em
mais de 10%, as plantas aos 40 – 50 dias após plantio apresentaram sintomas de mosaico seguido de
enrolamento e, após 75 dias, as bordas dos folíolos secaram e as plantas passaram a morrer rapidamente. A produtividade de importantes variedades
(Ágata e Asterix) em mais de 1500 hectares, plantadas em diversas regiões produtoras foi inferior a
25 toneladas/hectare – áreas adjacentes produziram
mais de 40 toneladas/hectare quando foram utilizadas sementes produzidas sem a infestação de mosca branca.
Esta situação pode ser apenas uma demonstração do potencial de devastação que a mosca
branca poderá causar à batata e muitas outras culturas.
Retornando a um passado recente, vale destacar
algumas situações interessantes:
- Alguns produtores diziam que mosca branca
não era problema, pois plantavam sementes produzidas sob elevadíssimas infestações de mosca branca e a produtividade não alterava.
- Alguns produtores afirmavam categoricamente que, em sua região, mosca branca nunca foi e
nem seria problema. Estes mesmos produtores mudaram de opinião quando perderam muito dinheiro
com feijão e também com batata.
- Alguns produtores teimam em afirmar que a
mosca branca não ocorre em sua região devido à
temperatura ser baixa. Recomendamos que estes
teimosos visitem Bogotá – Colômbia, local muito mais frio e com seríssimos problemas causados
pela mosca branca.
A realidade é medonha e não podemos continu Em se tratando de problemas causados pela ar “empurrando com a barriga”, temos que agir e,
mosca branca na produção de batata, temos que por isso, sugerimos algumas ações:
14
Revista Batata Show
Ano XIV
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Dezembro/2015
2- Não plantar batata semente produzida sob
Não podemos esperar milagres ou que deixem
infestações de mosca branca.
de produzir soja no Brasil, por isso, temos que agir.
Produtores, empresas e pesquisadores: temos que
3- Procurar o máximo de isolamento ou distân- nos unir para vencer mais esta batalha.
Agata - 80 dias
Asterix - 90 Dias
Queima das bordas
Mosaico + Enrolamento
Esquerda - Sementes infectadas
Direita - Sementes sadias
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Dezembro/2015
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fitopatologia
1- Não produzir batata semente em períodos cia de áreas de tomate e pimentão, pois ambas são
de infestações de mosca branca.
excelentes hospedeiras de crinivírus.
fitopatologia
Amplificação isotérmica mediada por alça (LAMP) e sua aplicação
na detecção de pragas da batata
Yuliet Franco Cardoza, Microbiologista, Dra. Fitotecnia (Fitobacteriologia)
Analista do Agronômica
E-mail: [email protected]
Valmir Duarte, Eng. Agr., Ph.D. Plant Health
Diretor do Agronômica
E-mail: [email protected]
Agronômica-Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria
www.agronomicabr.com.br
Porto Alegre - RS, Brasil.
A
maioria dos laboratórios de diagnóstico fitossanitário está sempre na busca
de métodos e tecnologias acuradas, rápidas, de fácil execução e economicamente rentáveis para a detecção de pragas em culturas de importância econômica.
Várias técnicas de amplificação isotérmica têm
sido desenvolvidas recentemente que não requerem
o uso de equipamentos de alto custo nem de uma
manipulação exaustiva do produto. Uma que desQuais as vantagens desta técnica?
pertou o nosso interesse, e na qual temos investido
com o intuito de detectar diversas pragas na cultura
• Simplicidade, podendo ser realizada tanto no
da batata, é a amplificação isotérmica mediada por laboratório quanto no campo;
alça (LAMP).
• Robustez,
Em que consiste a técnica de LAMP?
É um processo de amplificação de genes que
acontece à temperatura constante e que gera uma
grande quantidade de DNA (500 ng/µL) em curto
período de tempo. A técnica foi desenvolvida por
Tsugunori Notomi da Eiken Chemical Co., Ltd e
colegas das Universidades de Tóquio e Osaka. O
complexo processo de amplificação pode ser visualizado na página web da empresa Eiken (http://loopamp.eiken.co.jp/e/lamp/index.html).
• Rapidez (15-60 min);
• Elevada sensibilidade;
• Bons resultados com culturas bacterianas e
com tecido vegetal infectado;
• Menos sensível a constituintes de plantas que
interferem com a Taq polimerase, o que reduz a necessidade de se obter DNA purificado para os ensaios;
• Alta eficiência de amplificação (109-1010 vezes);
Desde sua publicação oficial no ano 2000, seu
uso ganhou popularidade em diagnóstico na medi• Não precisa de equipamentos de alto custo,
cina humana e, mais recentemente, na sanidade ve- sendo suficiente um banho-maria (60-65 °C), um
getal onde atualmente existem mais de 300 ensaios bloco aquecedor ou até uma garrafa térmica;
descritos para a detecção de fungos, nematoides,
vírus e bactérias fitopatogênicas.
• Resultados podem ser visualizados com a mudança de cor.
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Dezembro/2015
fitopatologia
Quais as desvantagens?
• Contaminação persistente no laboratório, se não forem tomados os cuidados
necessários durante a manipulação, já que
os produtos de reação são muito estáveis.
Detecção de pragas no campo
O grande potencial para detecção de
pragas in situ permite a implementação
imediata de medidas de manejo de pragas. Para a execução no campo, pode ser
usado um equipamento portátil como o
Genie®III (Figura 1), que permite uma
manipulação simples e uma fácil interpretação dos resultados. Este equipamento é leve, possui uma bateria de lítio recarregável que permite operar um
dia todo e comporta a comunicação sem
fio via Bluetooth ou WiFi. Também pode
se fazer uso de uma garrafa térmica com
água na temperatura ajustada de acordo
com a otimização do ensaio e as reações
positivas podem ser visualizadas a olho
nu devido à precipitação do pirofosfato
liberado.
Figura 1. Equipamento portátil Genie® III disponível
para detecção de pragas no campo.
com primers baseados no gene 16S rDNA. Quando
comparada com outras técnicas moleculares dispoNo laboratório, apenas um banho-maria ou um níveis, LAMP resultou 100 vezes mais sensível que
bloco de aquecimento é necessário para fornecer a PCR, embora não tão sensível quanto a PCR em
uma temperatura constante para a reação. A visu- tempo real quantitativa (qPCR).
alização pode ser realizada sob luz UV após adição de fluorocromos intercalantes (Figura 2) ou
A técnica LAMP mostrou-se útil para a detecção
por eletroforese em gel de agarose. A reação pode de Pectobacterium atrosepticum com primers baseainda ser monitorada em tempo real mensurando a ados num grupo de genes que codifica para uma fiturbidez ou o sinal do DNA produzido com o uso totoxina relacionada à patogenicidade e permitiram
de fluorocromos que se intercalam ou que tingem diferenciar esta espécie de outras pectobactérias
diretamente esta molécula.
com a detecção de menos de 102 células.mL-1
Vários vírus importantes da batata possuem genomas de RNA pelo qual a síntese de DNA complementar (cDNA) por transcrição reversa (RT) é
requerida antes da detecção por LAMP. A maioria
dos protocolos RT-PCR requer um par de horas, incluindo 30 min de um passo de transcrição reversa.
RT-LAMP toma menos de 60 min, inclusive com a
transcrição reversa. Além disso, os vírus podem ser
detectados em aproximadamente 20 min por RT-LAMP em tempo real quando se utilizam também
Figura 2. Reação positiva (tubos 5 e 6) e nega- dois primers para a alça.
tiva (tubos 1, 2, 3 e 4) para LAMP. Foto tomada sob
luz UV após adição de PicoGreen. Fonte: Oregon
Dentre os cerca de 40 vírus que afetam a culState University Plant Clinic.
tura, PVX é um dos mais importantes e induz sintomas que incluem escurecimento das folhas, neDetecção de pragas da batata
crose dos tubérculos e morte da planta. A detecção
acurada e eficiente destes patógenos nos tubérculos
Para a detecção de Ralstonia solanacearum, é sempre desafiadora devido à baixa concentração
agente causal da murchadeira, através de LAMP, em tubérculos dormentes. Um protocolo RT-LAMP
têm sido desenvolvidos ensaios tendo como alvo os descrito neste ano permite detectar o vírus em apegenes: fliC, que codifica uma subunidade flagelar, nas 15 min com a inclusão dos primers para a alça.
16S rRNA eegl que codifica a enzima endogluca- A técnica mostrou uma sensibilidade 1000 vezes
nase. Aquele baseado no gene egl mostrou o me- maior do que os ensaios RT-PCR convencionais.
lhor desempenho, com elevada especificidade para
diversas estirpes do patógeno. Além disso, foram
O viroide do tubérculo afilado da batata (Potato
necessários apenas poucos minutos de fervura da spindle tuber viroid - PSTVd) é uma praga exótica
amostra para detecção a partir de culturas puras e e pode causar sérios danos em batata com perdas de
de exsudato de material sintomático. Em termos de até 65%. Diferente dos vírus, o RNA de PSTVd não
tempo de análise, a detecção da bactéria acontece codifica para proteínas, o que limita os métodos de
em 30 min.
detecção que podem ser utilizados. Recentemente
foi descrito um protocolo para detecção de PSTVd
Candidatus Liberibacter solanacearum ocasio- por RT-LAMP em 25 min. A sensibilidade foi dena a doença conhecida como Zebra chip (ZC) e tem terminada entre 100 e 1000 cópias de viroides por
ocasionado perdas econômicas importantes nos Es- reação, o que é 10 vezes maior que a sensibilidade
tados Unidos, México e Nova Zelândia. No Brasil, da RT-PCR e 100 vezes menor que a RT-PCR em
é considerada uma praga quarentenária ausente. O tempo real.
patógeno é uma bactéria não cultivável, limitada
ao floema das plantas e transmitida pelo psilídeo
Concluindo, o LAMP é uma nova técnica que
Bactericera cockerelli. Não existem estratégias de fornece o mesmo resultado da PCR ou RT-PCR,
controle efetivas para ZC. As medidas de manejo mas mais simples, não requer equipamentos caros,
existentes dependem da detecção precoce da bacté- maior rapidez e mesma sensibilidade. A sua utilizaria e do controle do vector.
ção no campo e laboratórios brasileiros deverá ser
questão de tempo, mas principalmente de informaA detecção de Ca. L. solanacearum, tanto no ve- ção. O Agronômica pretende organizar treinamentor quanto no tecido vegetal, por LAMP é possível tos no próximo ano para divulgar a técnica.
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fitopatologia
Detecção de pragas no laboratório
VIAGEM TÉCNICA
A
Viagem Técnica ABBA 2015
Reino Unido, Irlanda, Bélgica e França
ABBA organiza regularmente viagens
técnicas com a finalidade de buscar
novos conhecimentos sobre tudo o que
estiver relacionado à batata, ou seja,
desde a criação de variedades até o consumidor final.
e sacos), pesando entre 10 a 25 kg facilitavam o
manuseio e transporte, as informações úteis aos
consumidores (aptidão culinária, variedade, data
de validade, etc.) estavam disponíveis em todas as
embalagens, as marcas próprias dos produtores se
destacavam nas embalagens coloridas, etc. Neste
dia, um saco de batata de 25 kg estava sendo oferDesta vez, a programação incluiu visitas à In- tado de 7 a 11 libras, ou seja, de 42 a 66 reais.
glaterra (Londres e York), Irlanda (Dublin), Bélgica
(Tournai) e França (Achicourt). O grupo composto
A segunda visita foi à rede de supermercado
por 18 pessoas teria sido maior, não fosse a grande Asda, uma das maiores redes de supermercado do
desvalorização do real perante o euro e a libra.
Reino Unido. Havia muitas alternativas de batatas
frescas (diferentes variedades, cores de pele e taPartimos na segunda-feira (dia 28/08/2015) de manhos dos tubérculos) e produtos industrializados
São Paulo e chegamos a Londres - Aeroporto He- (chips, pré-fritas congeladas, fécula, assadas, miathrow pela manhã. Apesar de ser um dia normal nimamente processadas, etc.). Ficamos surpresos
de trabalho, programamos alguns passeios para co- com a quantidade de opções de batatas ofertadas
nhecer a cidade e nos adaptarmos ao fuso horário aos consumidores.
– imagine ter que dormir às 19 horas e acordar às 03
horas da madrugada.
A terceira visita foi ao Burogth Market, similar
ao mercadão de São Paulo ou Curitiba. O intuito
Em Londres, conhecemos o Palácio de Windsor, desta visita foi conhecer um pouco da diversidade
o famoso Big Ben, a maior roda gigante do mundo, e dos costumes da população. Valeu a pena – coo rio Tâmisa e passeamos com os ônibus de dois nhecemos na prática o popularíssimo prato inglês
andares por mais de 04 horas pela cidade. O pas- – fish & chips.
seio foi ótimo, apesar da chuva incessante.
Após esta visita, viajamos de trem de Lon Na quarta-feira, iniciamos as visitas técni- dres até a antiga cidade chamada York, localizada
cas. A primeira foi ao Spitalfield Market – o “Ceasa em uma região produtora de batata. No dia seguinde Londres”. Fomos recebidos oficialmente pelos te, visitamos a Cockerill - uma empresa familiar
responsáveis administrativos que informaram: o lo- que iniciou sua atividade como produtora de bacal foi construído há 24 anos e pertence ao governo, tata na década de 1960 e se transformou em uma
é o maior entreposto do Reino Unido, a administra- grande empresa que concentra o recebimento da
ção é privada, existem 120 empresas, são comer- produção de dezenas de produtores. As batatas são
cializadas 75.000 toneladas de hortaliças/ano, 80% classificadas, armazenadas, lavadas e destinadas às
dos produtos são destinados aos hipermercados e indústrias (chips ou pré-fritas) e aos supermercados
20% aos pequenos varejistas, bares e restaurantes. (batata in natura).
Após a breve apresentação, nos conduziram aos
pavilhões onde estavam localizados os boxes dos
comerciantes. A primeira impressão foi positiva –
local bem limpo e muitas alternativas de hortaliças.
As demais impressões também foram positivas – a
classificação de todos os produtos evidenciavam a
padronização e a qualidade dos produtos, as embalagens, predominantemente de papelão (caixas
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Revista Batata Show
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Dezembro/2015
Tivemos oportunidade de ver como as batatas
são armazenadas, lavadas e, principalmente, embaladas em sacos de papelão (7,5 a 25 kg), sacos plásticos (02 a 05 kg), caixas plásticas retornáveis (10
kg) e caixas de papelão (15 kg). Essa diversidade
de tipos e quantidade de batata nas embalagens tem
como objetivo atender às necessidades dos consumidores – restaurantes, domicílios, etc.
Após esta interessantíssima visita fomos a um
campo de produção de batata conhecer algumas variedades da IPM – Irish Potato Marketing. Além
de algumas variedades promissoras, o que chamou
a atenção foi a quantidade de pedras de natureza
calcária no solo.
público – privado fomos visitar um campo da IPM
com muitos clones e variedades sendo colhidos.
Alguns produtores ficaram impressionados com
diversas variedades promissoras. O dia que a IPM
dedicou aos brasileiros foi coroado com um jantar
em um clube tradicional e com a presença do embaixador do Brasil na Irlanda.
No dia seguinte (terça-feira – 01 de setembro),
visitamos uma empresa familiar chamada Keogh’s
Farm que produz batata há mais de 200 anos na
mesma região. Mais uma vez, tivemos a oportunidade de conhecer o sucesso de um produtor que
evoluiu e conseguiu verticalizar totalmente suas
atividades – produção, distribuição e industrialização. Todos os produtos recebem a marca Keogh’s.
Observamos também que a quantidade de batata
descartada é muito pequena, ou seja, praticamente
nada se perde. A empresa planta 160 ha/ano e destina 50% de seus produtos às grandes redes de varejo
e 50% às redes menores. O custo de produção varia
de 180 a 200 euros/toneladas, a produtividade média é de 43 a 45 toneladas/ha e a empresa possui 32
funcionários.
No dia seguinte (sexta-feira) pela manhã, visitamos uma empresa chamada Albanwise, especializada na produção de batata semente. Segundo o
produtor são plantados anualmente 600 ha (300
produção própria e 300 produção de terceiros), 18
variedades (de seis empresas diferentes). As principais variedades produzidas pela empresa são para
o mercado fresco (Electra, Néctar, Orla, Maris Piper, Rooster e King Eduard) e french fries (Casino,
Fontaine, Markies, Maris Piper e Innovator). SeA classificação de batatas frescas é similar ao
gundo o produtor, são gastos 4.000 a 5.000 libras/ Brasil, exceto na classe especial: enquanto no Brahectare (produtividade - 30 toneladas) e a venda sil o diâmetro pode variar de 42 mm a 85 mm, na
alcança cerca de 6.000 a 7.000 libras.
Irlanda a classe especial se divide em duas classes
– 45 mm a 75 mm e de 75 mm a 95 mm. Neste mesNo dia seguinte (sábado), já em Dublin, visi- mo dia, deixamos a Irlanda e viajamos de avião até
tamos as estátuas em memória à Grande Fome da Bruxelas - Bélgica e de ônibus até Lille – França.
Irlanda, causada pela requeima em 1840. As imagens impressionam e nos induzem a refletir sobre o
Na quarta-feira pela manhã, o grupo foi visitar o
sofrimento de milhões de pessoas que sucumbiram Potato Europe 2015 – realizado em Tournai – Bélgide forma trágica.
ca – uma das mais importantes regiões produtoras
de batata destinada à indústria de pré-fritas congeO domingo foi livre e, enquanto parte do grupo ladas da Europa. No deslocamento do hotel (Lille)
optou por passear em shoppings e locais turísticos, até o local da maior exposição da Cadeia Europeia
a outra parte do grupo foi pescar em ilhas próxi- da Batata, era possível ver muitos campos de promas a Dublin. O passeio proporcionado pela IPM dução de batata que justificavam a informação de
foi inesquecível por alguns fatos ocorridos – todos que são plantados anualmente cerca de 80.000 hecfisgaram muitas cavalinhas, todos comeram “sashi- tares de batata na Bélgica.
mi” preparado com peixes fresquíssimos, todos
aprovaram o sanduíche de filé de cavalinha assada
No Potato Europe – Tournai/Bélgica fomos rena churrasqueira adaptada no barco, todos sabore- cebidos pelo Marcelo Matsubara – representante
aram lagosta comprada de um barco pesqueiro que da APH - Group, empresa parceira da ABBA. Viainda estava retirando as redes... enfim, uma ótima sitamos os stands das empresas que fazem parte da
pescaria e não podemos deixar de registrar os agra- APH: Dewulf – Miedma, Baselier, Schouten, Mandecimentos ao Sean Owens – IPM – o mentor da ter, Tumners e Omnivent. À noite, a APH ofereatividade.
ceu um jantar exclusivo para delegações de vários
países.
Na segunda-feira pela manhã, visitamos um setor da IPM localizado dentro de instituto de pesApós as visitas direcionadas às empresas que
quisa público. Imagine uma empresa privada que fazem parte da APH tivemos oportunidade de ver
desenvolve variedades trabalhando dentro de uma centenas de expositores apresentando variedades,
instituição pública – será que dá certo? Na Irlan- agroquímicos, fertilizantes, produtos biológicos,
da está indo muito bem. Após conhecer a sinergia embalagens, equipamento de irrigação e pulverizaRevista Batata Show
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Dezembro/2015
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viagem técnica
Outro fato muito interessante na Cockerill –
poucas pessoas trabalhando e máquinas extremamente eficientes para lavar, classificar e embalar.
Esta realidade é de causar inveja aos nossos produtores, pressionados por legislações trabalhistas
inadequadas ao sistema de produção e tributações
estratosféricas que inviabilizam importações de
máquinas similares.
viagem técnica
ção, etc. Também foi possível assistir a demonstrações de máquinas realizando preparo de solo,
amontoa, colheita, transporte, etc. Apesar de ocorrer anualmente, vale a pena participar deste evento,
pois sempre há novidades e um clima da realidade
e tendências da cadeia da batata na Europa.
No penúltimo dia (quinta-feira), visitamos a
FN3PT – Comitê Norte em Achicourt - França,
uma das quatro organizações filiadas da Federação Francesa da Batata. Fomos recepcionados pela
engenheira agrônoma Anne Pounce que fez uma
apresentação e mostrou todas as instalações da instituição. A atuação destas instituições justifica a
modernização da Cadeia da Batata da França através de assistência técnica, pesquisas, defesa fitossanitária, etc., porém, a chave do sucesso está na
sinergia entre todos os segmentos que compõem a
cadeia da batata e na forma de trabalhar - ninguém
manda, todos colaboram para alcançar o mesmo
objetivo – a sustentabilidade e modernização da
Cadeia Francesa da Batata. A visita foi finalizada
com um delicioso almoço oferecido pela FN3PT.
4- Variedades – o intercâmbio de informações
e as visitas na IPM – Irlanda e FN3PT – França demonstrou a importância de buscar novas variedades
em conjunto, ou seja, temos que encontrar variedades com o perfil que necessitamos.
5- Produtores – a Cockerill e a Keogh’s Farm
são modelos de empresas que alguns produtores
brasileiros devem adotar o mais breve possível para
agregar valores, reduzir perdas de matéria-prima e
despesas, principalmente com mão de obra.
6- Integração – o convívio do grupo e os contatos com representantes de diversas empresas resultaram em informações, novos conhecimentos,
negócios e o reconhecimento da importância da
ABBA para organizar estes eventos.
7- Pescaria – as viagens técnicas são como
pescarias, às vezes, pegamos peixões, outras vezes,
não pegamos nada. Desta vez, saíram vários peixões, por isso sugerimos a todos que sempre que
possível venham pescar com a ABBA.
Após o almoço, aproveitamos para conhecer o
centro de Lille - França e fazer algumas compras.
A cidade é muito bonita e repleta de construções
Para finalizar deixamos registrado em nome da
antigas, mas com o nosso real desvalorizado só foi ABBA e de todos que participaram desta viagem os
possível comprar lembrancinhas.
agradecimentos à IPM – Irlanda, à APH – Holanda
e à FN3PT – França por tudo de excelente que nos
A opinião sobre a viagem: Excelente - 15 pes- proporcionaram.
soas, Bom - 03 pessoas. Precisamos melhorar, ou
trocar os 03...
Veja algumas fotos desta viagem.
Antes de finalizar, é fundamental informar quais
foram os pontos positivos e benefícios da viagem:
1- Potato Europe – temos que continuar
organizando as viagens técnicas com a participação, principalmente, da nova geração e aqueles que já tiveram a oportunidade de participar
devem retornar pelo menos a cada cinco anos.
2- Programação da Viagem – temos que
aproveitar para visitar diversos segmentos –associações; instituições de pesquisas; empresas
produtoras de variedades, máquinas, implementos; indústrias de processamento; supermercados; etc.
3- Países – é muito importante conhecer
os principais países produtores de batata de todos os continentes, principalmente Ásia, Europa e América do Sul. As atividades atuais que
justificam a decadência ou a prosperidade das
cadeias da batata servem de exemplo para modernizarmos a Cadeia Brasileira da Batata.
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Big Ben - Londres
viagem técnica
Caixa com 40 tubérculos grandes
Variedade da IPM
Fish & Chips - Maris Piper - A mais utilizada
Produtos Keogh’s
Produtos Keogh’s
viagem técnica
Pedras Calcárias
Solos - Pedras Calcárias
Variedades - Indústria
Sede da FN3PT - França
Grupo ABBA na Sede da FN3PT
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Revista Batata Show
Ano XIV
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ENTOMOLOGIA
Psilídeos: Por que devemos conhecê-los?
Taciana Melissa de Azevedo Kuhn
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Entomologia – ESALQ/USP
dutos oriundos de tubérculos infectados.
A bactéria ‘Ca. L. solanacearum’ tem como plantas hospedeiras diversas daninhas, mas também outros
João Roberto Spotti Lopes
cultivos agrícolas como tomate, pimentão, cenoura e
Professor Titular do Departamento de Entomolo- salsão, o que aumenta o alerta para o transporte desgia e Acarologia – ESALQ/USP
te tipo de material vegetal infectado entre países (para
mais informações sobre a doença, ler artigo “Zebra
Chip: uma nova ameaça fitopatológica à bataticultura
s cultivos agrícolas sempre estão sob brasileira”, publicado na revista Batata Show, edição
forte pressão de novas pragas e doenças, de maio de 2015, n° 41).
principalmente nos últimos anos devido à globalização que tem possibilitado
No Brasil, a doença “Zebra chip” ainda não foi
a grande movimentação de pessoas e produtos entre detectada e no dia 6 de julho de 2015 foi publicada a
fronteiras e, consequentemente, o transporte a longas instrução normativa que dá status de praga quarentenádistâncias de organismos que podem eventualmente se ria ausente (A1) para a bactéria ‘Ca. L. solanacearum’.
estabelecer em novos locais e se tornarem pragas nes- Desta forma, todo material vegetal que entrar no país
sas novas regiões.
a partir desta publicação precisa passar por testes para
garantir que não está portando a bactéria.
O cultivo da batata tem sido acometido com uma
nova doença nos últimos anos, que tem causado prejuMas, e se mesmo com a instrução normativa e anáízos de milhões de dólares nos países onde já foi detec- lise de material vegetal a bactéria for introduzida no
tada. Esta doença, conhecida como “Zebra chip”, está país, quais são as chances de a mesma conseguir se
associada à infecção pela bactéria ‘Candidatus Liberi- estabelecer? Embora esta pergunta tenha grande imbacter solanacearum’, a qual é transmitida por insetos portância, não há como respondê-la até o momento.
vetores da ordem Hemiptera, superfamília Psylloidea, Além da entrada da bactéria é necessário que a mesma
vulgarmente conhecidos como psilídeos.
encontre um inseto vetor capaz de transmiti-la planta à
planta e, assim disseminar a doença nos campos. Sem
Os psilídeos são pequenos insetos sugadores de vetores adequados, portanto, a bactéria não pode se esfloema, com 2-3 mm de comprimento, antenas bem tabelecer em uma nova região.
desenvolvidas, sendo os adultos alados e com pernas
posteriores próprias para o salto, assemelhando-se a
No Brasil, até o momento, não existem relatos da
minúsculas cigarras. Já as ninfas apresentam, em sua presença dos psilídeos vetores já conhecidos por transmaioria, secreção de cera, através de glândulas abdo- mitirem a bactéria, as espécies Bactericera cockerelli,
minais.
Trioza apicalis e Bactericera trigonica. Sendo assim,
a chance de introdução da bactéria por meio de mateA bactéria transmitida por esses insetos e associa- rial contaminado é maior do que através da chegada de
da à doença “Zebra chip” promove a morte prematura psilídeos vetores infectados, embora este evento não
de plantas quando as mesmas são infectadas no início possa ser descartado.
do cultivo. Quando a infecção acontece em idade mais
avançada das plantas, pode ocorrer nanismo, clorose
Mas e se mudarmos o foco da questão e nos perde ponteiros, tubérculos aéreos e o principal sintoma guntarmos: quais são as espécies de psilídeos que teassociado à doença: a presença de listras escuras nos mos no Brasil? Ou melhor, quais delas poderiam ser
tubérculos. Este sintoma é causado pela inversão dos vetoras da bactéria em batata? As respostas a estas peraçúcares nos vasos de floema, sendo as manchas visí- guntas são ainda mais complexas. Este grupo de inseveis já no tubérculo fresco, porém são acentuadas após tos possui importância como praga apenas para alguns
o processamento, gerando um aspecto zebrado, o que cultivos em nosso país, tais como eucalipto e goiabeira,
deu origem ao nome da doença. Tais sintomas impos- nos quais espécies de psilídeos causam danos diretos
sibilitam completamente a venda e consumo dos pro- às folhas, e em citros, onde o psilídeo Diaphorina citri
O
Revista Batata Show
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25
entomologia
atua como vetor de duas bactérias associadas ao “Greening” ou “Huanglongbing”, que é um das mais sérias
doenças da citricultura. Em geral, há poucas informações na literatura sobre espécies de psilídeos presentes
em cultivos agrícolas no Brasil, especialmente em batata e outras olerícolas que normalmente são plantadas
próximas. Os registros que existem sobre psilídeos em
olerícolas, mais especificamente sobre plantas da família Solanaceae (a qual pertence a batata, tomate e
pimentão), indicam a existência de duas espécies se
alimentando neste grupo de plantas: Russelliana capsici e Russelliana solanicola.
A espécie R. capsici foi descrita por Daniel Burckhardt em 1987 com exemplares obtidos em Piracicaba – SP, coletados em pimenta “biquinho” (Capsicum
annuum). O mesmo autor, junto com colaboradores,
escreveu em 2012 o artigo “The capsicum psyllid,
Russelliana capsici (Hemiptera, Psylloidea), a pest on
Capsicum annuum (Solanaceae) in Argentina and Brazil” em que considerou R. capsici como específica em
relação ao hospedeiro, ou seja, em teoria essa espécie
de psilídeo se alimentaria apenas de pimenta “biquinho”. Neste trabalho foram descritos pela primeira vez
os sintomas associados à presença de ninfas desse psilídeo: enrolamento de folhas do ponteiro, diminuição e
dessecação das folhas e aspecto de vassoura-de-bruxa.
As deformações foliares reduzem a área fotossintética
da planta e altas infestações podem retardar o crescimento, causar prematura queda de folhas e até mesmo
a morte de plantas. Tais sintomas são também observados em plantas infectadas por bactérias do gênero
‘Candidatus Liberibacter’, e durante o estudo descrito acima não foram realizados testes para identificar a
presença destes microrganismos.
do sintomas de redução de crescimento, clorose e mosaico nas folhas, com diminuição da qualidade e perdas
de rendimento entre 10 e 90% na primeira e segunda
geração clonal. Apesar desse relato de R. solanicola
como possível vetor em batata, não houve confirmação
da identidade do patógeno na época, e tanto plantas de
batata doentes como psilídeos não foram analisados
com relação à presença de bactérias, incluindo ‘Ca. L.
solanacearum’, a qual causa sintomas semelhantes aos
descritos nas plantas de batata observadas.
Considerando o exposto acima, será que estas duas
espécies poderiam ser vetoras da bactéria causadora do
“Zebra Chip”? Para esclarecer melhor a relação destas
espécies de psilídeos com a cultura da batata, e consequentemente verificar a possibilidade de as mesmas
serem vetoras de fitopatógenos, estudos vêm sendo
conduzidos no Laboratório de Insetos Vetores de Fitopatógenos da Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz” (ESALQ – USP) pela aluna de doutorado
Taciana Melissa de Azevedo Kuhn e no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) pela pós-doutoranda Gabriela Ribeiro Teresani.
Durante o ano de 2015, com grande apoio da ABBA,
foram realizadas mais de 75 coletas de insetos em diferentes cultivos, principalmente em áreas de batata, com
a finalidade de identificar quais espécies de psilídeos
podem ser encontradas nestas áreas. Já foram identificadas mais de 19 espécies, dentre elas Russelliana solanicola e Russelliana capsici, estas últimas em mais
de uma região. As coletas foram realizadas nas principais regiões produtoras de batata no país e continuarão
ocorrendo nos próximos dois anos. Após a análise dos
resultados, espera-se esclarecer quais insetos da superfamília Psylloidea ocorrem nestes plantios; quais as
chances destas espécies serem vetoras da bactéria ‘Ca.
L. solanacearum’ e quais medidas podem ser tomadas
para auxiliar na prevenção contra a entrada e estabelecimento da doença “Zebra chip” em nosso país.
Já R. solanicola é um inseto polífago e pode se alimentar de diversas solanáceas como batata, tomate,
pimentão e pimenta, e até mesmo de plantas de outras
famílias como Amaranthaceae e Asteraceae. A espécie
já foi relatada por Luis F. Salazar em 2006 como uma
praga importante para a cultura da batata no Sul do
Caso exista qualquer dúvida a respeito desta matéPeru, sendo possível transmissora do vírus SB26/29, ria, ou interesse em enviar insetos ou material vegetal
para o qual a maioria dos híbridos e clones de batatas suspeito relacionado a esta nova doença, pode-se reatestados na época se mostraram suscetíveis, produzin- lizar o contato através do e-mail: [email protected]
B
Figura 1 – Psilídeos das espécies Russelliana capsici (A) e Russelliana solanicola (B)
(Fotografia de Taciana M. A. Kuhn).
26
Revista Batata Show
Ano XIV
nº43
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MEIO AMBIENTE
Difícil Convivência
José Luiz de Sanctis
Advogado
que defender também seus animais e suas plantas, dos
predadores e das pragas.
Pedro Hayashi
Eng. Agrônomo
Nos dias atuais, parece não ser muito diferente de
tudo que nossos ancestrais viveram, a difícil convivência com o meio ambiente. Usamos toda nossa engenhosidade para criar ferramentas para nos auxiliar.
Maquinas sofisticadas, defensivos químicos para controlar os insetos que devoram nossas lavouras, criamos leis para estabelecer um suposto equilíbrio entre nossas necessidades e a saúde do meio ambiente.
Com todos os recursos disponíveis, ainda deparamos
com criaturas que tiram o nosso sossego.
E
nfrentar desafios foi uma constante na
história da humanidade. Aprender a se
defender dos predadores, conhecer profundamente sobre o ambiente em que vivia, evitar o perigo de animais peçonhentos e defender o território contra indivíduos da mesma espécie. A
natureza ofereceu e oferece recursos para estabelecer
a vida como também impõe dificuldades para todas
as criaturas, inclusive ao próprio homem. As dificuldades vão mudando com o tempo. Conseguimos
domesticar animais e plantas, favorecendo a fixação
em um território sem a necessidade de levar uma vida
nômade. Além de proteger a si próprio, o homem teve
Pragas antigas como ratos (Rattu rattus) ainda
nos atormentam, transmitindo doenças ou devorando alimentos armazenados. Assim como as baratas
(Blattella germanica, Periplaneta americana), os
ratos são animais exóticos (apesar de ter espécies
silvestres brasileiras) acompanhando a migração hu-
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meio ambiente
mana vindos do velho mundo. Outras espécies foram
introduzidas acidentalmente como o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), que não ataca as lavouras, mas trazem muitos problemas nos reservatórios
das usinas hidrelétricas, ou então acabam sendo introduzidas como uma finalidade e acabam escapando
para a natureza, como o javali europeu (Sus scrofa).
Temos ainda animais que eram domésticos e acabam
por viver livremente e sem controle, causando vários
tipos de danos, como os pombos domésticos (Columba livia domestica) que infestam barracões, com
grande potencial na transmissão de doenças, que os
americanos chamam de ratos alados.
tante para os produtores de hortaliças e frutas. Apesar
de não serem vistas em bandos como o javali, causam
grandes estragos, inviabilizando o cultivo de algumas
espécies nos locais onde a população é alta.
Especificamente as pragas que atacam as lavouras, como o javali europeu (Sus scrofa) e seus híbridos continuam assustando produtores rurais em boa
parte do nosso território. Foi liberado o seu abate para
se fazer o controle, mas mesmo com esta medida inteligente não vai ser possível conter seu avanço e diminuir sua população em níveis aceitáveis. Basta ver
seu impacto mundo afora, onde há a tradição da caça,
há caçadores que passaram por cursos, tem facilidade
na aquisição e utilização de armas de fogo e, mesmo
assim, a população deste animal está fora de controle.
Existem ainda as pragas nacionais, como as pombas (Columba sp, Zenaida auriculata), maritacas
(Aratina leucophtalma) e capivaras (Hydrochorus
hydrochoeris). Assim como o lebrão europeu estes
animais não podem ser abatidos, sendo protegidos
por lei (?) e também por ONGs que não medem esforços para mantê-los causando prejuízos. A falsa ideia
de que o abate ou a caça pode levar uma espécie em
extinção é fortemente defendida pela mídia mantendo
a filosofia do politicamente correto. Nos Estados Unidos os caçadores se orgulham de ter uma população
de cervos de rabo branco (Odocoileus virginianus)
maior que havia quando o país foi descoberto e colonizado. Para que isto chegasse a este ponto, a caça
foi regulamentada, há investimentos constantes em
pesquisas e uma enorme arrecadação cobrada dos caçadores e das indústrias que comercializam qualquer
item relacionado com esportes ao ar livre, taxação
essa revertida em prol da conservação, num círculo
vicioso ascendente.
A lebre europeia (Lepus europaeus) também presente em vários estados do Brasil é uma praga impor-
No nosso país as coisas não funcionam desta maneira. Há uma inversão de valores onde preservar está
Hoje, quem se habilita a fazer o controle populacional dessa espécie invasora, além de fazer um
cadastro no IBAMA, é necessário protocolar trimestralmente uma Declaração de Manejo e um Relatório
de Manejo, documentos esses que são obrigatórios
mesmo que não se faça nenhum abate nesse período,
sob pena de cancelamento do registro junto ao órgão.
As capivaras invadem espaços de áreas verdes de Isso deve ser feito pessoalmente nos escritórios remuitas cidades (desde que haja água para seu refúgio) gionais do IBAMA, pois não há como fazer por meio
espalhando os desagradáveis carrapatos que além de eletrônico.
causar reações alérgicas podem ser portadores de bactérias que causam a febre maculosa, doença grave que
Além do mais é preciso protocolar uma Declarapode levar a óbito, conforme vários casos ocorridos ção de Manejo para cada propriedade onde se pretenno estado de São Paulo.
de fazer o controle e ao final de três meses protocolar
o Relatório de Manejo de cada uma delas.
Mesmo assim, quando se fala em controlar a população de tais animais há grandes mobilizações por
É preciso ter em mente que a imensa maioria (posparte de ONGs e associações dos direitos dos ani- so afirmar que praticamente a totalidade) das pessoas
mais, impedindo que o poder público faça alguma que se habilitaram a fazer o controle do javali, o facoisa para resolver o problema.
zem voluntariamente nos finais de semana. São profissionais de várias áreas que gostam de caçar (pois
Com relação a uma praga invasora que é consi- esta tradição permanece profundamente enraizada
derada uma das piores do planeta devido aos danos entre os brasileiros, principalmente os do interior), e
causados - o javali - para que o controle populacional com a Edição da IN-03/2013, viram uma oportunidadessa espécie tenha o mínimo de eficiência, é preciso de de caçar legalmente no Brasil, apesar da expressão
desburocratizar a IN-03 IBAMA de 01/02/2013 que apropriada e “politicamente correta” ser controle de
autorizou o abate desse animal, para que mais pessoas animal invasor. Também se pode afirmar que essas
possam fazer esse controle.
pessoas dispõem de pouquíssimo tempo, ou quase
meio ambiente
acima de tudo, mesmo não havendo explicação para
isto. Pessoas alimentam pombos domésticos nas praças públicas das cidades, com isto aumentando também a capacidade reprodutiva da espécie e causando
danos às fábricas de ração, sujando a cidade e transmitindo doenças às pessoas.
meio ambiente
nenhum, para dispenderem com o cumprimento das Nestes casos também é necessário manter o Cadastro
exigências necessárias. Deixam suas ocupações para Técnico Federal/Certificado de Registro atualizado a
apresentarem declarações e relatórios por puro amor cada três meses junto ao IBAMA.
à atividade cinegética.
Isso sem contar o difícil acesso a armas de fogo
O ideal seria não precisar de qualquer autorização, para tal. Devido a nossa draconiana legislação, uma
visto que o javali é uma praga invasora tanto quanto das rígidas no controle de armas do mundo, pouquísos ratos e insetos. No entanto, caso essa burocracia simas pessoas cadastradas no Exército têm autorização
persista, a Declaração de Manejo deveria ter abran- para transportá-las para essa finalidade.
gência nacional e validade mínima de três anos e não
apenas para uma determinada propriedade, deixando
Os cidadãos que têm armas registradas na Polícia
de indicar o local onde será feito o controle (afinal Federal não conseguem obter uma guia para transporo javali ocorre em todo o território nacional e a IN- te para essa finalidade e para nenhuma outra, devido à
03 regulamentou o abate em todo o país), podendo o política desarmamentista do atual governo.
controle ser feito em qualquer lugar do Brasil, pois os
hábitos alimentares e migratórios dos javalis fazem
A continuar essa burocracia, o javali e demais anicom que se locomovam rapidamente de uma proprie- mais invasores estarão com seu futuro garantido, perdade para outra e de um município para outro.
petuando a destruição do meio ambiente e causando
enormes prejuízos à atividade agropecuária.
Há lugares onde é possível efetuar o controle semanalmente devido à maior infestação, portanto se
Em 2012 foi estimada uma população de aproximatorna inviável apresentar uma Declaração de Manejo damente seis (06) milhões de javalis nos EUA.
para cada propriedade onde se faça o controle. Nesses
casos o responsável pelo controle teria que se dirigir
Se nos EUA, com toda a liberdade de acesso a arsemanalmente ao IBAMA ou Secretaria do Meio Am- mas de fogo, nenhuma burocracia ambiental, miras térbiente do Estado para protocolar o documento, o que micas e de visão noturna liberadas (aqui é proibido)
é impossível, pois, em plena era digital, nem a pos- para controle de pragas de hábitos noturnos como o
sibilidade de ser protocolado o documento por meio javali, - chegando até a usarem helicópteros - não coneletrônico existe.
seguem controlar a população dessa praga, imaginem
aqui com as restrições absurdas de acesso às armas e
O pior é que cada pessoa que queira participar do equipamentos que temos. Podemos antever o sombrio
controle precisa cadastrar-se no IBAMA. Não basta futuro a nossa frente em curto espaço de tempo.
uma pessoa ser cadastrada e se fazer acompanhar de
outras que o auxiliem, conduzindo cães de caça, por
Para complicar, ainda temos a ação de ONGs deexemplo. Todos os participantes devem estar cadas- fensoras dos animais que são contra o controle e,
trados nesse órgão ambiental. Caso o participante não através de parlamentares demagogos e oportunistas,
utilize arma de fogo, o que demanda autorização do propõe absurdas leis especificando todo tipo de abate
Exército, não há motivo lógico para se cadastrar cada como maus tratos. São tão estapafúrdias que querem
um deles. Bastaria um do grupo com cadastro e os defender a preservação dos javalis e outras pragas em
demais seriam auxiliares no controle.
detrimento do nosso meio ambiente.
Outro importante detalhe é o controle efetuado em
Para se efetuar o controle populacional do javali
regiões onde há plantação de cana de açúcar. Nessas não deveria haver qualquer tipo de burocracia, assim
localidades, onde há muita terra arrendada, é pratica- como não há com relação aos ratos, insetos e ervas damente impossível saber onde termina uma proprieda- ninhas.
de e onde começa outra.
A insuspeita organização ambientalista União InAssim, se a Declaração de Manejo fosse simpli- ternacional da Conservação da Natureza (IUCN) listou
ficada nos termos expostos, os detalhes informando as cem (100) piores espécies invasoras do planeta, reos locais, coordenadas, propriedades e autorizações comendando a sua erradicação para preservar os amdos proprietários constariam somente no Relatório de bientes nativos onde essas pragas foram introduzidas.
Manejo a ser apresentado a cada três anos, facilitando
em muito os procedimentos.
Nessa lista onde constam plantas, insetos, moluscos, peixes, aves e outros animais, estão os ratos (RatEm alguns estados essa burocracia está a cargo das tus rattus - nº 80) e o javali (Sus scrofa – nº 91). A
Secretarias de Meio Ambiente, que também tem pou- ordem da lista é alfabética e não por gravidade da incos escritórios regionais nos estados, não facilitando festação.
em nada a vida de quem se dispõe a fazer o controle.
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Revista Batata Show
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nº43
Dezembro/2015
meio ambiente
http://www.issg.org/database/species/search.asp?st=100ss&fr=1&str=&lang=EN
Diante dessa incontestável
lista, pergunta-se: Para se controlar ratos, insetos e outras
pragas não são necessárias autorizações de nenhum órgão ambiental, então por que é preciso
autorização e tanta burocracia
para se controlar uma das piores
pragas invasoras do planeta, o
javali? Por que ele é maior?
A solução apresentada pelo
IBAMA é insuficiente para resolver o grave problema pelos
motivos acima expostos. Cabe
lembrar aos agropecuaristas que
eles têm direito de indenização
pelos prejuízos causados pelo
ataque de animais exóticos ou
nativos, conforme estabelece
a Lei 5.197/1967, Art. 1° e a lei
9.605 de 12/02/1998 Art. 29 §
3°, pois, todos são propriedade
do Estado.
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Revista Batata Show
Ano XIV
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Dezembro/2015
PESQUISA
A importância da cooperação entre o setor privado e a solução
dos problemas emergentes na bataticultura nacional
pecial graças à frequência com que são descritos pelos
Salas, F.J.S.; Hayashi, P. ; Pereira, L.S.; Zanotta, produtores nas diversas regiões brasileiras. Não obsS.; Pap, T.
tante, ainda temos de nos preocupar com problemas
fitossanitários quarentenários (fitovírus emergentes
pós muitos cortes orçamentários so- em países vizinhos – TYLCV, Helicoverpa armigera,
fridos pelas principais agências de fo- mosca branca biótipo Q e o zebra chip).
mento do país muito se tem pensado
em como sanar esta falta de recursos, e
No entanto, apesar das dificuldades com o invescontinuar o desenvolvimento de pesquisas relaciona- timento, alguns centros de pesquisa têm desenvolvido
das a problemas emergentes em diversas culturas no trabalhos relevantes com novos modelos de apoio ou
agronegócio nacional. Não é diferente quando nos de- cooperação técnico científica, estes, baseados simfrontamos com a bataticultura brasileira, muitos são plesmente no direcionamento do problema, ou seja,
os problemas existentes que a assolam, entre estes, a visão de campo e a conversa com os produtores
fungos (requeima, pinta preta, fusariose), bactérias auxiliando na identificação do problema e a pesquisa
(canela preta, murchadeira), vírus (PVY, PVYNTN, direcionada para chegar a uma solução. Dentro destes
PLRV, Begomovírus – ToSRV e Crinivírus – ToCV) e centros, o Instituto Biológico de São Paulo tem eninsetos (vaquinha, mosca minadora, afídeos e mosca contrado grande aporte e ajuda junto a Cooperativas
branca, estes dois últimos responsáveis pela dissemi- e Associações de Produtores para juntos chegarem a
nação de fitovírus), vem merecendo uma atenção es- alguns resultados.
A
pesquisa
Um dos resultados importantes obtidos desta parceria foi a confirmação da transmissão do PVYNTN por
mosca minadora. Trata-se de um problema comum
quando relatado como praga nos campos de produção de batata, principalmente as espécies: Liriomyza
trifolii (Burgess); L. huidobrensis (Blanchard) e L.
sativae (Blanchard), pois causam prejuízos aos produtores de São Paulo e Minas Gerais, entre outros Estados, e apesar dos métodos de manejo empregados,
provocam perdas em até 15% nas áreas, em função
da diminuição no teor de sólidos solúveis totais nas
plantas atacadas. Em trabalhos desenvolvidos por técnicos do Instituto Biológico monitorando a flutuação
populacional de insetos vetores de vírus, estes, muitas
vezes se deparavam com um baixo número de afídeos e um alto índice de vírus Y da batata, culpando-se
muitas vezes o importador ou o produtor. Paralelamente ocorria um elevado número de indivíduos de
mosca minadora, o que despertou a teoria da possível
transmissão de fitovírus pelo díptero. Para executar o
trabalho firmou-se um contrato de Cooperação Técnico Científica com a ABVGS (Associação de Batataticultores de Vargem Grande do Sul) o que permitiu
a contratação de uma estudante de Mestrado para desenvolver o trabalho. O resultado foi o Primeiro relato
de transmissão de PVYNTN por Lyriomiza sativae, no
mundo.
Outro trabalho que recebeu apoio pela ABVGS/
IAC/IB foi em resposta a um problema recorrente
nas áreas de produção de batata. O Tomato chlorosis virus - ToCV (Crinivirus, família Closteroviridae)
é relatado nas principais áreas brasileiras de plantio,
transformando-se em problema limitante para a produção de batata-semente e de consumo. As infecções
se devem às altas populações do inseto-vetor, mosca branca B. tabaci biotipo B. A pesquisa teve como
objetivo principal saber a ocorrência da transmissão
vertical do ToCV. Para tal, realizaram-se infestações
artificiais de adultos virulíferos de mosca branca em
clones de batata: ‘Ágata’, ‘Bach-4’, ‘BAP 82’ e ‘Baraka’, utilizando os tubérculos obtidos das plantas
infectadas (F1) em análise posterior por técnicas moleculares (Nested RT-PCR). Os resultados mostraram
que ocorre a transmissão para a geração seguinte, e a
porcentagem de infecção depende da variedade/cultivar empregada, como mostraram os resultados, onde
se verificou transmissão para os tubérculos com taxas
de infecção de 20% para Bach-4, 60% para BAP 82,
e 40% para Baraka e Ágata.
tata são suscetíveis a alguma raça do patógeno, pois
por meio da reprodução sexuada, é capaz de formar
novas raças fisiológicas. Portanto, o método mais utilizado para o controle da requeima é o químico. Este
patógeno tem sido capaz de se adaptar a diferentes
climas e latitudes ao longo da história, predominando
novos genótipos nas duas últimas décadas tornando-se mais difícil de controlar. Existem relatos sobre a
redução da eficiência de controle por fungicidas. Para
o controle da requeima da batateira, é comum a aplicação de fungicidas de amplo espectro (protetores),
além de fungicidas sistêmicos com ação específica
contra P. infestans. A compreensão da dinâmica da
variabilidade genética dos fitopatógenos se faz necessária para o entendimento de como as populações evoluem e as implicações desse processo na durabilidade
de cultivares resistentes e no controle da doença. Esta
compreensão pode ser traduzida na duração da efetividade da adoção de uma planta hospedeira resistente
ou de um fungicida específico para o manejo da doença. Pesquisadores, ao realizarem levantamento sobre a variabilidade genética de P.infestans nos países
nórdicos entre 2003/2006, detectaram a ocorrência de
181 genótipos. Em estudo para caracterizar e monitorar a população de P. infestans associadas ao cultivo
de batata no sul do Chile nas safras de 2003/2004 até
2011/2012, detectou-se 19 genótipos através de marcadores moleculares tipo SSR. No Brasil, o projeto se
encontra em andamento visando melhorar o manejo
da doença.
Além destes trabalhos em pleno desenvolvimento, outros como o estudo de variedades resistentes via
técnica de Electrical penetration Graphs, epidemiologia de insetos vetores de fitovírus e estudos sobre o
processo de transmissão de Begomovirus por mosca
branca vêm sendo realizados paralelamente, conferindo a relação positiva e respostas rápidas entre a associação, os produtores e os centros de pesquisa, um elo
que estava sendo perdido no agronegócio nacional.
Outro projeto em desenvolvimento na parceria
IB/ABVGS, abrange a principal doença da cultura da
batata, a requeima, causada pelo oomiceto Phytophthora infestans, que pode comprometer todo o campo
de produção em questão de poucos dias. Atualmente,
Figura 1 – Folhas de batata com picadas de aliconsidera-se que todas as cultivares comerciais de ba- mentação e adultos
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Dezembro/2015
pesquisa
Figura 2 - Resultado da detecção de ToCV em amostras foliares de batata, oriundas de plantas infectadas (F1) realizada por Nested RT-PCR
Figura 3 – A) Sintomas de requeima em folhas de batata e, b) Esporângios de Phytophthora infestans
observados ao microscópio óptico.
ECONOMIA
Custos de produção têm forte alta nos últimos dez anos
N
o geral, os custos de produção de batata de mesa mais que dobraram nos
últimos dez anos. Um indicador mais
concreto dessa evolução é o custo total de produção do tubérculo na região de Vargem
Grande do Sul (SP) apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) – série mais extensa presente no banco
de dados do Projeto Hortifruti Brasil. Nesta região,
entre as temporadas de inverno de 2006 e 2015, os
custos tiveram uma alta de 79,7%. Se descontarmos
desse percentual a inflação, que foi de 76,3% (IGP-DI), podemos concluir que os custos avançaram
um pouco mais que a inflação no período.
O que impulsionou os custos de produção
nesses anos?
A mão de obra foi a principal vilã do aumento
dos custos de produção nesses anos por hectare. Em
Vargem Grande do Sul (SP), o aumento por hectare foi de 162% em termos nominais na região e
49% já descontando a inflação no período de 2006
e 2015. Num período mais restrito, entre as safras
das águas 2008/09 e 2014/15 no Sul de Minas, o
custo por hectare da mão de obra subiu quase três
vezes (283%) e em termos reais 160%.
dólar, sinalizando que novas altas vão ocorrer no
próximo ano.
No caso do diesel, mesmo com o preço do
barril de petróleo em queda no mercado internacional, a política de reajuste de preços do governo, aliado ao dólar, impulsionou os custos com
esse item e deve sofrer novos reajustes em 2016.
A ameaça em 2016 é por conta do aumento por
parte do governo da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) nos combustíveis.
Quanto à energia elétrica, a maior alta ocorreu em 2015 e, para 2016, na melhor das hipóteses deverão seguir estáveis.
O impacto do aumento dos preços desses quatro itens (fertilizantes, defensivos, diesel e energia elétrica) ainda não foi totalmente observado
nos custos de produção apurados em 2015. Os
motivos são que a alta do dólar não foi totalmente repassada aos valores dos insumos (os que têm
seu custo atrelado à moeda norte-americana) em
2015 e muitos produtores já tinham adquirido insumos antes do reajuste.
No caso da safra das águas 2014/15, o reajuste nos insumos, por exemplo, ocorreu já quando
a colheita e todas as compras tinham sido feitas. Mesmo na safra das secas e inverno de 2015,
em muitos casos, as compras ocorreram antes
das altas dos insumos, impactando parcialmente
A alta ainda persiste em 2016
nos custos de produção. Na temporada atual das
águas, o impacto nos custos por alta da alta desA alta nos custos persiste em 2016 por hec- ses insumos está maior.
tare. Mas, o fato novo é que desta vez não é a
mão de a principal vilã. Defensivos, fertilizantes,
Custo elevado não é o único desafio do baóleo diesel e energia elétrica devem ser os itens taticultor para 2016
com maior reajuste no próximo ano. No caso dos
defensivos e fertilizantes, a reajuste já foi eviAlém dos custos mais altos, o produtor já vem
dente em 2015. No entanto, deve ainda elevar em sentindo dificuldade na obtenção de crédito, que
2016, já que o reajuste foi menor que a alta do está mais escasso e caro. A dificuldade ocorre
Para os demais itens, também houve alta, mas
seguiram de forma menos acentuada. Houve anos
que determinados insumos tiveram até queda na
planilha de custos de produção.
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economia
tanto para o crédito obtido no banco ou através e preços mais estáveis.
da venda a prazo dos insumos nas revendas. Ambas estão seletivas em dar crédito ou permitirem
Como gerir a bataticultura com custos em
a venda a prazo, no caso da revenda. E, mesmo alta e demanda em baixa?
com crédito, o produtor está pagando mais caro o
financiamento ou o produto a prazo por conta do
Nos últimos anos, o perfil de produção de batata
aumento da taxa de juros.
no Brasil vem passando por grandes alterações. A
principal delas é o aumento da escala de produção.
Outro desafio é a menor propensão a gastar Atualmente, a maior parte da produção de batata no
do consumidor brasileiro por conta do cenário de Brasil é proveniente de produtores de grande escacrise econômica que se acentuou em 2015 e deve la de produção. O aumento da escala de produção
persistir em 2016. Apesar da baixa sensibilidade permitiu o produtor adquirir investimentos em mada renda do consumidor à demanda por batata quinários e a integrar sua produção à comercializa(inelástica), um efeito sobre o consumo ocorre- ção. Isso permitiu reduzir muito o custo unitário de
rá. O maior impacto deve ocorrer em produtos produção.
hortifrutícolas de maior valor agregado, como a
batata industrializada. Essa pode ter um ritmo de
No entanto, independente da escala de producrescimento menor em 2016 (em comparação aos ção, a receita que permitiu o produtor a persistir
últimos anos) por conta da crise econômica.
na cultura foi o ganho de produtividade e o melhor
manejo no campo e da comercialização/gestão da
Assim, com o consumidor menos propenso a propriedade. Essa receita de sucesso ainda contigastar, os produtores vão ter dificuldade de re- nua válida para os próximos anos: “Produzir bem,
passar toda a alta dos custos de produção no pre- comercializar bem, e ter uma boa gestão”. Quando
ço, pressionando a margem de comercialização. o produtor apenas produz bem, mas não tem controle sobre seus custos/receita, ele acaba se tornanO que pode amenizar a pressão sobre as mar- do menos competitivo frente aos produtores com
gens é que a área cultivada em 2016 não deve ser um melhor controle no fluxo de caixa. Em anos
elevada, permitindo uma oferta mais controlada de preços mais baixos e quebras de produtividade,
custos de
produção
esse produtor terá uma margem mais estreita, ou tro mais novo com menos manutenção; É possínegativa, o que se repetido por anos consecutivos, vel avaliar se compensa ou não a adesão de uma
acabará inviabilizando a sua permanência.
nova tecnologia, como por exemplo, a substituição de um sistema de colheita semi-mecanizada,
É claro também que não adianta ter uma boa com maior custo de mão de obra, por uma colheigestão, mas não produzir bem, pois os custos uni- ta mecanizada, com máquinas mais caras, porém
tários também ficam elevados. Porém, o que se custo baixo de mão de obra; É possível avaliar se
observa no Brasil, é que em geral os produtores é mais vantajoso terceirizar a comercialização da
sabem como produzir, mas não têm um bom con- sua produção, ou integrar.
trole dos fatores de produção, o que acaba por vezes impulsionando seus custos. Além de esses dois
Além disso, para aqueles produtores que desefatores, comercializar bem a sua produção também jam utilizar de outras ferramentas de gestão, muié essencial.
tas vezes é necessário que se tenha um cálculo de
custos de produção bem apurado, como por exemPara que tenha condições de ser mais competiti- plo, se quiser calcular o risco na sua margem de
vo, é imprescindível que o produtor tenha um con- comercialização.
trole bem apurado dos custos de produção. Através
desse controle ele conseguirá não apenas saber se
Se um produtor obtém em um ano uma receita
está ganhando ou perdendo dinheiro de fato, mas abaixo dos custos totais de produção, não signifitambém visualizar, através de números, como está ca que imediatamente naquele ano sua atividade é
cada etapa da sua produção e comercialização, e inviável, mas sim que ele deve abrir um alerta e
com isso ter subsídio para suas tomadas de decisão. verificar o que levou a essa situação, que pode ser
apenas por conta de um ano mais problemático,
Por exemplo, através desse controle, o produ- como por exemplo, de excesso de oferta. Porém,
tor poderá ver se financeiramente é viável manter se esse cenário se repetir por anos seguidos, aí
um trator na fazenda, mais velho e com um maior vale apena esse produtor reavaliar sua atividade.
custo de manutenção, ou estar trocando por ou-
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Manejo visa proporcionar equilíbrio nutricional e fisiológico do tubérculo a fim de contribuir com
a proteção da cultura
O
trajeto percorrido pela batata entre
a fazenda e a gôndola do supermercado pode danificá-la e dificultar a
comercialização ao consumidor, que
preza por aspectos visuais como coloração, ausência de manchas e formato. Para garantir qualidade e resistência ao tubérculo, produtores têm
aplicado soluções naturais que ajudam a protegê-lo de possíveis doenças ainda no solo, resultando em diminuição de perdas e um valor de venda
superior.
venda acontece de maneira mais rápida e satisfatória”, avalia.
Proteção
Segundo o engenheiro agrônomo Marcos Revoredo, da Alltech Crop Science, especializada
em nutrição vegetal, o objetivo é promover o
equilíbrio nutricional e fisiológico das plantas,
visando melhor desenvolvimento e condições
de proteção contra fatores externos. “A empresa
possui produtos com elementos nutricitores que
auxiliam no estímulo dos mecanismos de defesa
natural dos cultivos, e outros que possuem microrganismos selecionados e enzimas que proporcionam benefícios por atuarem na matéria orgânica do solo”, explica.
Um exemplo é a Agrícola Wehrmann, de Cristalina (GO), que começou a produzir a hortaliça
há 13 anos e hoje é uma das principais representantes brasileiras no segmento. “O mercado da
batata é balizado pela qualidade. Conseguimos
vender por até R$ 30 a mais do que a opção com
qualidade inferior. Com a diferença de preço,
De acordo com Revoredo, o manejo com esquando existe um volume maior de batata de boa tes produtos deve ser realizado principalmente
qualidade, a renda total é bem mais alta”, conta o nas fases de plantio, próximo da amontoa, e no
empresário Rodrigo Wehrmann.
desenvolvimento dos tubérculos, por se tratarem
de momentos importantes de estabelecimento da
Responsável por uma área de plantio equiva- cultura e de definição dos fatores produtivos e
lente a 1.300 hectares, Wehrmann decidiu apostar qualitativos. “Como a ativação de microrganisem opções alternativas de manejo em 2012. “O mos benéficos na zona radicular é favorecida,
momento da produção é muito importante para cria-se uma barreira física contra a entrada de paproporcionar qualidade e durabilidade maior, tógenos. A planta fica mais saudável e protegida,
atendendo aos requisitos do mercado. A batata então, consequentemente, a batata terá uma vida
precisa estar bem clarinha, porque normalmente útil melhor pós-colheita, além de contribuir com
escurece de um dia para o outro; e também não a produtividade”, analisa.
pode ter manchas na pele. Assim, o retorno da
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O futuro da batata montado
com as peças certas
fmcagricola.com.br
Com a maior complexidade e incidência de pragas, a FMC estudou o cenário
da batata, reposicionando produtos para ganhar máxima eficiência no
controle da lavoura. Somente com as peças certas você consegue
montar um manejo de qualidade, fazendo sua produtividade
encaixar-se nos melhores resultados.
B ATATA
ATENÇÃO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE DEFESA VEGETAL
Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e
siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e receita. Utilize sempre os
equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores
de idade. Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos
de produtos. Uso exclusivamente agrícola.
CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO.
Obs.: Seguir as recomendações de controle para os alvos descritos na bula de cada produto. Dipel: Produto registrado Sumitomo Chemical Co.
Rovral: Produto em fase de Cadastro Estadual no Paraná para a cultura de trigo. Silwet L77: Produto registrado Momentive Performance Materials Inc.
A
empresas
parceiras
VIII Workshop Batata - BASF
BASF realizou em Ponta Grossa, no dia
23/07/2015, workshop sobre a cultura
da Batata, onde participaram, produtores, técnicos e influenciadores ligados à
cadeia da cultura de toda a região produtora do Estado do Paraná.
Entre os participantes, estiveram os palestrantes Eduardo Mizubuti (UFV), Rui Furiati (UEPG /
Mizus Consultoria)) e Mário Ikeda (GDP BASF),
além da anfitriã Ivana Lucas (RTV BASF), Antonio
Fernando Luchetti (DM BASF), Luis Cesar Siqueira
Silva (GRV BASF) e Sênio Prestes (DP BASF).
Rui Furiatti
pedeiros e outros aspectos da doença, como dano e
Os temas abordados foram manejo de doenças sensibilidade às moléculas existentes no mercado.
com foco em Pinta Preta (Alternária spp), manejo de
pragas com foco em Vaquinha (Diabrotica speciosa)
A problemática da Vaquinha (Diabrotica specioe posicionamentos técnicos para as soluções BASF sa) também profundamente abordada pelo Professor
no cultivo.
Rui Furiati, tratando de todos os seus aspectos técnicos, como convivência, manejo químico e manejo
A problemática da Pinta Preta (Alternária spp) cultural.
foi profundamente abordada pelo Professor Ricardo
Mizubuti, tratando de todas as suas nuances, como:
Por parte da BASF, se posicionou o colega Máidentificação molecular, ocorrência, frequência, hos- rio Ikeda (Gerente de Desenvolvimento de Produtos
Brasil). Na sua fala, deixou todas as possibilidades,
tanto para manejo de doenças quanto de pragas com
o portfólio BASF para a cultura, mas acima de tudo,
a principal mensagem foi em relação ao Sistema
AgCelence Batata, através do qual podemos extrair
mais produtividade e rentabilidade da lavoura, além
da qualidade do produto final. O Sistema AgCelence
Batata, consiste no uso das moléculas Piraclostrobina e Bosacalida de forma planejada e calendarizada
na cultura, afim de estabelecer uma planta mais ativa, mais tolerante ao estresse e mais produtiva.
Público
Eduardo Mizubuti e
DM Antonio Luchetti
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MONCUT é o novo fungicida sistêmico de ação protetora e
curativa da IHARA, que protege dos tubérculos às hastes,
contra os terríveis prejuízos causados pela Rhizoctonia.
Além de maior produtividade, MONCUT contribui para o
cultivo de batatas de melhor qualidade, gerando safras com
muito mais lucratividade e rentabilidade nas lavouras.
empresas
parceiras
Bataticultura mineira com foco na capacitação profissional
Encontro realizado pela Bayer CropScience contou com a presença do consultor internacional,
ex-professor da Universidade de Wageningen (Holanda), Siert Wirsema.
presta serviços para o governo holandês juntamente com a iniciativa privada visando o desenvolvimento da cultura de batata.
A
“Nosso programa para a cultura é de alta qualidade, com um dos profissionais mais renomados
em batata no mundo, o Siert. Somado a isso, apresentaremos o que há de mais moderno em nosso
portfólio para manejo adequado da cultura, incluindo produtos biológicos”, disse Fabio Maia, Gerente
de Estratégia de Frutas e Vegetais da Bayer CropScience. Entre as soluções Bayer para o cultivo destacam-se o Evidence®, Serenade®, Monceren®,
Consento®, Infinito®, Nativo® e Connect®.
batata é um alimento que faz parte da
mesa dos brasileiros, seja cozida, frita ou assada, além de compor pratos
como saladas, nhoque, entre outras
delícias. A produção de batata em Minas Gerais é
muito expressiva, com mais de 36% do mercado
nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e exige dos produtores
mineiros todo o cuidado para se produzir mais e
melhor. Pensando nisso, a Bayer CropScience ofereceu curso de capacitação aos bataticultores, que
aconteceu em outubro, na cidade de Uberlândia.
Esta foi a segunda edição do curso, que contribuiu para o conhecimento das melhores técnicas para obtenção de altos índices de qualidade
e produtividade e contou com a participação de
produtores locais e equipe interna da Bayer CropScience. Estavam no foco do encontro as práticas
agronômicas de manejo para melhor produção do
tubérculo: plantio, adubação, manejo fitossanitário,
armazenamento, entre outras. Foram três dias de
workshops ministrados pelo consultor internacional Siert Wiersema, ex-professor da Universidade
Wageningen, na Holanda, referência em pesquisa
e desenvolvimento em bataticultura para vários
países. Atualmente, ele trabalha como consultor e
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INDÚSTRIA
BATATÓP
Av São Francisco, 75 • Sta Rosália • Sorocaba – SP
Av Domingos Julio, 445 • Campolim • Sorocaba - SP
QUEM SOMOS
E
m uma viagem de férias os amigos e
já sócios em outros negócios, Alessando Scapol e Vinícius Klarosk, tiveram
o primeiro contato com a batata frita da
Holanda. Ficaram extasiados pela maneira com que
o produto era preparado, a simplicidade com que era
consumido e também o volume de vendas para o público final, imediatamente relacionaram ao mercado
nacional, e identificaram uma excelente oportunidade
de trazer essa ideia para o Brasil.
Além de um produto com uma apresentação totalmente inovadora, a empresa também pensou em algo
diferencial para suas lojas e apostou nas lojas Containner, que são muito mais práticas, de rápida instalação e deslocamento, seguras e dentro de todos os
parâmetros e exigências da vigilância sanitária.
- Data de fundação: Dezembro de 2013
- Localização: Sorocaba/SP
Quais os critérios que você utiliza para comprar
batata industrializada?
Fornecedor homologado pela franqueadora.
Você já ficou alguma vez decepcionado com as
batatas industrializadas que voce comprou? Por
quê?
Sim, nem sempre estão no mesmo padrão de qualidade.
No caso de batata pré frita congelada você prefere comprar batata industrializada do Brasil ou
do exterior? Por quê?
Do Brasil. Precisamos valorizar nosso produto interno.
Atualmente o restaurante consome mais ou menos batata? Por quê?
O crescimento é de mais ou menos 4% ao mês.
O que você acha da batata como alimento?
Acreditamos no crescimento do consumo do proQuantas refeições são preparadas em média por duto, visto que este ainda não é o principal carboimês?
drato na alimentação do brasileiro. Comparado a
Em cada unidade são preparadas 3000 refeições/ outros países, o consumo per capita de batata no
mês.
Brasil ainda é baixo. Acreditamos no crescimento
do consumo.
Quais são os principais pratos preparados no
restaurante?
Batatas no cone.
Vocês utilizam batatas frescas no restaurante?
Não.
Vocês utilizam batatas industrializadas no restaurante?
Sim.
Qual a quantidade de batata industrializada
consumida por mês?
Aproximadamente uma tonelada por unidade.
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IMAGENS
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Bethânia e Batatânio
Desenho: Anna Carolina B. França
Batatas de polpa colorida
Pedro Hayashi
Brotos - Edgar Schebeski
Flor - Edgar Schebeski
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imagens
BRS Camila - Casemiro Schebeski
Campo Florido - Giovani Olegário
Entardecer - Edgar Schebeski
Viagem Técnica - ABBA 2015
Marcas Próprias no Reino Unido
Ajude-nos a compor esta seção. Envie suas fotos
relacionadas à Batata e curiosidades para [email protected]
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imagens
Marcas Próprias no Reino Unido
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imagens
Batatas Processadas no Reino Unido
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imagens
Batatas Processadas no Reino Unido
BATATA ORGÂNICA
O que falta para produzir batata orgânica em escala?
Eng. Agr. Luiz Geraldo de Carvalho Santos
Sócio-gerente Ensistec Consultoria.
N
o nosso artigo para a Revista Batata
Show, de março de 2010, detalhamos tecnicamente os princípios básicos sobre como produzir batata orgânica. Neste artigo quero falar sobre quais são
os problemas que podem impedir de um produtor
tomar a decisão de fazer batata orgânica em larga
escala.
Venho observando que as maiores perdas de
produtividade em batata não são consequência
de pragas ou doenças, nem tão pouco por adubação inadequada. Muita gente quer produzir a
média de 50 toneladas/ha/ano de batata, mas não
consegue, nem com manejo convencional. Mas
se fizermos uma amostragem nos campos de batata, facilmente encontramos plantas com 2,5 a
3 kg de tubérculos comercializáveis. Quando fazemos uma conta simples de kg/planta x número de plantas/ha = produtividade temos 2,5 kg x
45.000 plantas/ha = 112.500 kg/ha = 2.250 sacos
de 50 kg/ha. É alto, não? E por que isto não é
uma realidade, ao invés dos 1.000 a 1.200 sacos/
ha? O que se encontra em grandes lavouras, e
pequenas também, em culturas de batata, tomate
ou cenoura, é que, no geral, as maiores perdas de
produtividade não são decorrentes de pragas ou
doenças, mas de baixa qualidade nas operações.
A maior justificativa para a baixa regularidade das operações é que o solo é desuniforme, as
batatas-sementes não são uniformes, etc. O que
é necessário entender é que hábitos muito arraigados levam os produtores a tomarem decisões
erradas e perpetuar o manejo errado. Por exemplo, por que é necessário aplicar dosagens elevadas de fertilizantes no plantio da batata? Não é
porque a batata não produz 50 toneladas se não
tiver estas altas doses de Fósforo, mas porque o
sistema de irrigação é desuniforme. A experiência dos antigos, ou dos caboclos, é que se adubar
bastante, vai produzir mesmo se irrigar mal. Ou
seja, o produtor pouco tecnificado sabe que se
faltar água, mas o nível de fósforo for alto e se
der sorte (não chover muito) vai produzir muito
bem, mas se chover o suficiente para liberar o
P disponível, vai aumentar muito a resposta da
planta ao Nitrogênio, resultando em episódios de
canela preta ou requeima severos, ou ácaros, se
fizer calor depois das chuvas. A consequência é
que aquele produtor que pulverizar o suficiente
vai colher melhor. Assim, a conta de insumos vai
ficando cara.
O planejamento adequado das operações, feito a partir de mapas de agricultura de precisão,
fazendo correção e adubação de base por taxa
variada. A calibração apropriada do sistema de
irrigação, com manutenção adequada e em tempo
real (pivot irrigando 100% da área em 24 horas).
Plantio de um lote inteiro irrigável em 24 horas
(25, 50 ou 100% da área). Adubação de cobertura
(fertirrigação) bem balanceada, apoiada em monitoramento rápido. Boa seleção e padronização
das batatas-sementes. Todas são ações básicas
para alta produtividade que irão resultar em plantas resistentes, que são 95% do necessário para
fazer batata orgânica de 50 toneladas/ha. Os 5%
restantes deverão ser resultado do manejo fitossanitário, mas muitos produtos biológicos de excelente qualidade e eficácia já estão disponíveis
no mercado, viabilizando, no mínimo, uma batata de alta qualidade e sem resíduos. Se o produtor vai querer fazer orgânico depois de tudo isto?
Não sei. Mas o meio ambiente e os consumidores
ficarão muito gratos ao poder consumir uma batata dessas, seja orgânica ou não.
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CURTAS
“Prêmio Josué Castro”
A Bataticultura em 1° Lugar no Dia Mundial do
Combate à Fome
José Alberto Caram de Souza Dias (Eng. Agr. PhD)
Pesquisador Científico – Virologista / Bolsista
CNPq APTA/Instituto Agronômico de Campinas
(IAC) - CPD Fitossanidade
Fone 19-32021767
e-mail : [email protected]
A
conquista do honroso 1° Lugar, na categoria Pesquisa Científica, do Prêmio
Josué de Castro (Diário Oficial do Est.
S.P. 14/10/2015, 125(198):78;
http://www.aviculturaindustrial.com.br/noticia/secretaria-de-agricultura-de-sp-entrega-premio-josue-de-castro/20151022090703_T_039),
à Tecnologia do Broto/Batata-semente, já divulgada na revista Batata Show (9(4), 2004, http://
www.abbabatatabrasileira.com.br/revista09_007.
htm;11(5),2005,http://www.abbabatatabrasileira.
com.br/revista11_008.htm ; 15(6), 2006, http://
www.abbabatatabrasileira.com.br/revista15_009.
htm ), teve, nessa premiação, o apoio dos colegas
da APTA-Regional Itararé: Drs Valdir J. Ramos
e Eduardo Yuji Watanabe. Para essa premiação, a
tecnologia focou na bataticultura para agricultores
familiares/assentados. Ganhou com esse Prêmio, o
cumprimento da missão de gerar, avaliar, experimentar, comprovar, divulgar e transferir conhecimentos, tecnologias e produtos originados da pesquisa científica, pró produção de alimento, voltado
ao econômico-social-ambiental). Esse fato merece
destaque, porque o prêmio maior foi outorgado a
uma tecnologia que, só chegou aonde chegou, de
forma indiscriminada, ao pequeno, médio e grande
produtor, tanto a nível nacional como internacional
(EUA/Alaska, Wisconsin; Canadá/Quebec, Nova
Escócia; China/Harbin, Qiqihar; Moçambique/Lichinga; Alemanha-Benin, entre outros), por ter sua
autoria e divulgação no âmbito da pesquisa científica pública.
1985, Summa Phytopathologia 11(1):52-54), a Tecnologia do Broto/Batata-semente (www.carambatatasemvirus.blogspot.com.br ) somente passou a
ser considerada oficialmente em 20-11-2012, quando
foi incluída na Instrução Normativa No. 32/Minist.
Agricultura (MAPA). Com isso, a rejeição inicial
pelos produtores tradicionais de batata-semente, vem se desfazendo, na medida em que aqueles
que produzem ou adquirem lotes de (mini) tubérculos/batata-semente classe básica/ livre-de-vírus:
G-0 (nacional ou importado), se conscientizam do
maior risco de degenerescência que o sistema convencional de plantio em campos, para produção-multiplicação dos lotes básicos de batata-semente,
tem enfrentado. A mais rápida degenerescência de
lotes básicos de batata-semente tem sido devido às
(novas) viroses transmitidas por (novos) insetos
vetores (afídeos; mosca branca; tripes). Centenas
de milhares (toneladas) de brotos têm sido obtidos
da simples “desbrota”, natural ou manual, dos lotes
de tubérculos/batata-semente importados, ou básicos nacionais (G-0), durante o preparo desses lotes
para plantio em campo de produção-certificação
de batata-semente. Lotes de minitubérculos/batata-semente, produzidos a partir do plantio de brotos (antes descartados e agora aproveitados como
“semente”), são estatisticamente comparáveis aos
de cultura de tecido, em sanidade e produtividade; com menor custo e maior fidelidade genética.
Cabe ressaltar que a abrupta ascensão do “dólar”,
é outro fator a favor da tecnologia premiada, pois
aumenta a taxa-de-multiplicação de tubérculos/batata-semente básica.
Em síntese, o presente Prêmio Josué de Castro,
reforça o dito de que: “eliminar brotos é descartar
batata-semente básica”, fonte de produção de um
dos principais alimentos da humanidade.
Da esquerda à direita: Pesquisadores Científicos
do APTA-IAC, Drs. Sergio Augusto M. Carbonell
(Diretor Geral), José A. Caram de Souza Dias
Persistência rima com Ciência: Apesar de sua (CPDFitossanidade) e Deputado Arnaldo Jardim
origem datar de 30 anos atrás (Souza-Dias & Costa, (Secretário da Agricultura/SAA-SP).
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Na teoria,
a tecnologia
do futuro.
Na prática,
maior proteção
e qualidade hoje.
Agora protege também contra o Mofo Branco.
A força da natureza
a favor da qualidade.
ATENÇÃO
Serenade, além de controlar efetivamente as doenças,
ativa a defesa das plantas, melhorando o desenvolvimento
e a sanidade, produzindo frutas, hortaliças e cereais com menos
resíduos. Serenade possui carência zero, permitindo maior
flexibilidade entre a aplicação e a colheita. Adicionar Serenade
ao seu manejo é ter carência zero e qualidade máxima.
Serenade. Eficiência sem carência.
www.bayercropscience.com.br 0800 011 5560
COLABORADORES
Arione da Silva Pereira
1- Identificação
Formação: Eng. Agrônomo, Ph.D.
Instituição: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA
Área de atuação: Pesquisador em genética e melhoramento de batata
[email protected]
2- Atividades desenvolvidas
Desde 1994 estamos envolvidos na liderança e execução de projetos em rede de melhoramento de batata, inicialmente abrangendo a região sul e, a partir de
2004, de escopo nacional. As principais atividades desenvolvidas foram: 1) Desenvolvimento de cultivares
de batata; 2) Desenvolvimento de germoplasma de batata para resistência à requeima, baixo teor de açúcares,
PVY e insetos; 2) Edição de livro e publicações diversas; 3) Desenvolvimento de sistema de produção hidropônica de batata semente pré-básica; 4) Orientação de
estudantes em nível de graduação e pós-graduação; 5)
Atividades de apoio à organização de multiplicação de
material propagativo de qualidade por pequenos agricultores.
3- Atividades em desenvolvimento
Nossas atividades são dedicadas, com exclusividade,
ao programa de melhoramento genético de batata, cujo
programa compartilhamos com uma competente e dedicada equipe de pesquisadores, analistas e assistentes
da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) e da Embrapa Produtos
e Mercado (Escritório de Canoinhas, SC). O programa
tem também contratos de parceria nacionais com Iapar,
Epagri, UFSM, ABBA e Odone Bertoncini (pessoa física) e internacionais com INIA/Chile, CRLB/Canadá,
INIA/Uruguai e CIP/Peru. Além disso, mantém cooperação com diversas instituições, tais como a UFPel,
Epamig, Unicentro, Apta e outras, e tem recebido apoio
financeiro do CNPq e FAPERGS.
Em atividades de execução de pesquisa, nosso envolvimento maior inclui blocos de cruzamentos, seleções de
Crédito Foto: Paulo Lanzetta
combinações de cruzamentos, obtenção de populações
clonais segregantes, seleção de clones, avaliação de
clones avançados, ensaios de valor de cultivo e uso, e
validação de clones elite, melhoramento de germoplasma para resistência à requeima e baixo teor de açúcares
redutores e divulgação de novas cultivares.
4- Benefícios das atividades realizadas e em desenvolvimento
Entendemos que os benefícios das atividades para as
quais contribuímos, durante os 21 anos de dedicação
à batata, devem ser avaliados pela cadeia brasileira da
batata. Como subsídios, informamos que os principais
resultados, obtidos e esperados, com maior potencial
de impacto para aumentar a competitividade e sustentabilidade da cadeia, que tiveram a nossa contribuição
foram: 1) oferta de sete novas cultivares – Cristal, Pérola, Eliza, BRS Ana, BRS Clara, BRS IPR Bel e BRS
F63 (BRS Camila) - para diferentes usos culinários e
processamento; sistemas de produção; sistema hidropônico de produção de semente pré-básica; edição do
livro “A cultura da batata na região Sul do Brasil”;
sistema de produção de batata consumo; sistema de
multiplicação de sementes pelos pequenos produtores;
publicações técnicas e científicas; formação de profissionais, em nível de iniciação científica, mestrado e
doutorado, que incluiu o Dr. Giovani Olegario da Silva, um destacado melhorista de batata da Embrapa; e,
por último, e talvez o mais importante resultado obtido, a organização de uma equipe de alta competência
e comprometida em melhoramento genético de batata,
como nunca antes existiu no país. Das atividades que
estão em desenvolvimento, esperamos contribuir para
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colaboradores
a obtenção de cultivares para processamento industrial, ção da Cadeia Brasileira da Batata
principalmente para elaboração de palitos pré-fritos
congelados, e cultivares para mercado fresco, inclusive Entendemos que novas cultivares são fundamentais
com tolerância à murcha bacteriana.
para aumentar a competitividade e a sustentabilidade
econômica, social e ambiental da cadeia brasileira da
5- Sugestões para melhoria da área de atuação
batata. Em geral, cultivares desenvolvidas no Brasil
apresentam maior resistência a doenças e tolerância
Não há dúvida que o país carece de equipes fortes e aos estresses ambientais e menor exigência de fertipermanentes trabalhando no desenvolvimento de no- lizantes, tendo menor dependência de uso intenso de
vas cultivares de batata. Por outro lado, existe de certa insumos e, por conseguinte, menor custo de produção.
forma, uma acomodação do setor produtivo em relação Além destes atributos, as novas cultivares devem posà importação de cultivares desenvolvidas, principal- suir características alinhadas às mudanças nos sistemas
mente na Europa.
de produção e no mercado, e representarem melhoria
da qualidade culinária e da qualidade de matéria priQuanto ao programa de melhoramento da Embrapa, ma tanto na colheita quanto no armazenamento para
as amarras burocráticas, a insegurança orçamentária indústria.
e financeira de disponibilidade e uso de recursos e a
grave limitação de pessoal operacional constituem pre- 7- Sugestões e considerações livres
ocupação ao desenvolvimento das atividades. Neste
sentido, entendemos que o potencial do programa em Ameaças e oportunidades à competitividade e sustendesenvolver novas cultivares poderia ser aumentado, tabilidade fazem parte de qualquer cadeia de valor,
significativamente, se fosse facilitado, tal como o con- não sendo diferente no caso da batata. Entretanto, para
trato de validação de clones estabelecido com a ABBA. transformar ameaças em oportunidades, e delas tirar
Outra possibilidade seria o estabelecimento de parceria proveito, é preciso mudar da competição para colabode cooperação técnica com instituições e empresas/téc- ração, entre e dentro dos diferentes segmentos da canicos interessados em selecionar clones em populações deia, e assim chegar à melhor distribuição dos benefísegregantes, partilhando royalties de eventual cultivar. cios. Neste sentido, a ABBA tem papel muito relevante
como mediadora, em que deve perseverar e incremen6- Sugestões para a sustentabilidade e moderniza- tar suas ações.
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CONSUMIDOR
Entrevista – Edson Crovador
Idade: 21
Estado civil : solteiro
Profissão : estudante
Número de filhos: 0
Cidade em que reside: Dois Vizinhos - PR
2- A sua família consome batata regularmente?
Sim.
3- Qual o consumo médio, ou seja, quantos kilos
/ mês você compra de batata fresca?
8 quilos.
10- Você prefere comprar batata lavada ou esco4- Onde você compra frequentemente batatas vada? Por quê?
frescas.
Lavadas, porque demonstra melhor a qualidade do
Supermercados locais.
produto.
5- Quais os critérios que voce utiliza na hora de
comprar batatas frescas.
Seleciono sempre o produto com boa aparência visual e também visualizo o tamanho desta e se elas
estão lavadas.
11- Qual o tamanho de batata fresca que você
tem preferência? Por quê?
De 5 a 10 cm, porque é mais fácil de se preparar o
produto e menos trabalhoso do que as menores.
7- Você já ficou alguma vez decepcionado com
as batatas frescas que você comprou? Por quê?
Sim, uma vez em que o produto comprado tinha
aparência boa por fora mais a parte de dentro estava estragada, podre.
13- Atualmente você consome mais ou menos batata? Por quê?
Bastante, por ser um produto barato e bom para
preparar.
12- Você prefere comprar batata de pele amarela
6- Quais são as principais dificuldades que você ou vermelha? Por quê?
encontra na hora de comprar batatas frescas?
Amarela, por obter o produto mais facilmente aqui
Obtenção de produtos frescos e de qualidade.
na região sul.
8- O que deveria ser feito para ajudá-lo a escolher a batata fresca certa para a finalidade que
você deseja?
Existir mais opções onde fossem separados os produtos por qualidade e nesta seleção você pudesse
verificar qual o produto da sua preferência por tamanho, por exemplo.
9- Você é favorável a obrigatoriedade dos supermercados, varejões e quitandas em colocar
informações sobre a aptidão culinária da batata
que está sendo vendida?
Com certeza, para deixar o cliente melhor informado, como se fosse uma opinião de preparo deste
alimento.
14- o que você acha da batata como alimento?
Um alimento altamente nutritivo que dispõe das
necessidades que a gente precisa.
15- quais as formas de preparo que você mais
consome batata?
Purê, batata frita, batata cozida, maionese.
16- Considerações adicionais livres.
A batata é um excelente alimento, rico em carboidrato, amido, vitamina c e b e minerais, possui diversas vitaminas e ferro.
É um alimento de fácil acesso e possui um custo relativamente baixo, o que o torna rentável para todas
as classes sociais, possui diversas vantagens para
quem as consome, o que é importante para manter
a saúde das pessoas.
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EVENTOS
Congresso ALAP – 2016
XXVII Congreso de la Asociacion Latinoamericana de la Papa - ALAP
22 a 26 de agosto de 2016
Panamá – Panamá
A
Asociación Latinoamericana de la
A ALAP tem os seguintes propósitos:
Papa (ALAP) nasceu na Sociedad Latinoamericana de Investigadores de
Papa (SLIP) en 1977. A ALAP vem
organizando reuniões técnicas e de atualização a
a) A organização de reuniões e grupos de estucada 02 anos em diferentes países da America La- dos regionais, nacionais e internacionais.
tina reunindo pesquisadores, produtores, extensionistas, empresários e outras pessoas interessadas na
b) O intercâmbio de materiais genéticos, biblioprodução de batata.
gráficos, etc., entre pesquisadores, produtores, empresas e países.
Até o ano de 1972 foram realizadas reuniões
coordenadas pela SLIP e lamentavelmente não há
registros dos locais e datas.
A partir de 1975 os eventos passaram a ser registrados.
A ABBA organizará um grupo de brasileiros para
participar do ALAP 2016 no Panamá.
^
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DICAS
Como evitar que as batatas descascadas fiquem escuras
P
rovavelmente você já descascou mais
batatas do que realmente precisava e
deixou elas ali guardadas em um pote
na geladeira, ou simplesmente queria
adiantar a janta e quando foi preparar a receita suas
batatas estavam escuras, certo? Por isso vou ensinar um truque bem bacana que vai fazer você evitar
o desperdício.
1. Coloque as batatas descascadas em uma tigela tes, pois quanto mais tempo ficarem de molho, mais
grande, suficiente para caber todas as batatas.
água elas irão absorver.
2. Adicione água gelada até cobrir as batatas
completamente.
Dicas:
Caso não tenha vinagre use suco de limão fres-
co.
3. Adicione 2 colheres (chá) de vinagre, cubra a
Se as batatas já estiverem escuras, cozinhe em
tigela com um plástico filme e guarde na geladeira. fogo baixo com leite para ficarem claras novamente.
Obs: Você deve usar essas batatas o quanto anPor Gisele Souza
CULINÁRIA
Sidney Christ
Chef de Cozinha
Green Hill Hotel
Salada de batatas com
mostarda em grãos
INGREDIENTES
INSTRUÇÕES
- 1 kg de batatas Asterix descascadas e cortadas
Coloque as batatas e o sal em uma panela média
em cubos de 1 polegada
e adicione água fria o suficiente para cobrir. Leve
para ferver. Reduza o fogo e cozinhe até que as ba- 1 colher de sobremesa rasa de sal
tatas fiquem macias, cerca de 15 minutos. Escorra e
transfira para uma travessa.
- 2 colheres de sobremesa de mostarda em grão
Misture o molho vinagrete e a mostarda em uma
- 1 maço pequeno de estragão fresco picado
tigela pequena. Despeje metade da mistura sobre
as batatas quentes, misture e deixe descansar por 1
- 1/4 colher de chá de pimenta do reino moída
hora. Pouco antes de servir, regue a mistura com o
vinagrete restante sobre as batatas, adicione o es- 3/4 de xicara de chá de vinagrete
tragão e a pimenta e misture.
A produtividade é música
para os seus ouvidos.
Orkestra™SC
para múltiplas culturas em HF.
Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros
métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso
exclusivamente agrícola. Estado do Paraná liberado apenas para a cultura da soja. Registro MAPA nº 08813.
O fungicida ideal para o manejo de resistência
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lavouras de HF.
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