5º ano - Editora do Brasil

Transcrição

5º ano - Editora do Brasil
MARTA DE SOUZA LIMA BRODBECK
COLEÇÃO
APRENDER, MUITO PRAZER!
HISTÓRIA
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
Manual
Manual do
do
professor
HISTÓRIA
ISBN - 978-85-427-0183-8
5 ANO
FB70183
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COLEÇÃO
APRENDER, MUITO PRAZER!
HISTÓRIA
Manual do
Professor
MARTA DE SOUZA LIMA BRODBECK
Licenciada em História pela Universidade
Federal do Paraná.
Mestre em História do Brasil pela Universidade
Federal do Paraná.
Atuou como professora de História nas Redes
de Ensino Fundamental, Médio e Superior.
5 ANO
o
1ª edição • Curitiba • 2014
ENSINO FUNDAMENTAL
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ANOS INICIAIS
24/07/14 10:35
Dados para catalogação
Bibliotecária responsável: Luciane Magalhães Melo Novinski
CRB 9/1253 – Curitiba, PR
Brodbeck, Marta de Souza Lima.
Aprender, muito prazer! : história, 5o ano : manual do
professor/ Marta de Souza Lima Brodbeck — 1. ed. — Curitiba :
Base Editorial, 2014.
224 p. : il. ; 28 cm
ISBN: 978-85-427-0182-1 (Aluno)
ISBN: 978-85-427-0183-8 (Professor)
Inclui bibliografia.
3.História. 2. Ensino fundamental (Estudo e ensino). I. Título.
CDD (20a ed.) 372.89
Aprender, muito prazer!
© Marta de Souza Lima Brodbeck, 2014
1a edição – Curitiba – 2014
Todos os direitos reservados.
Ficha técnica
Diretor superintendente Jorge Yunes
Diretora adjunta editorial Célia de Assis
Gerente editorial Eloiza Jaguelte Silva
Consultoria técnico-pedagógica Valdeci Valentim Loch
Coordenação editorial Osmarina F. Tosta
Editor Lúcia Chueire L. Witoslawski
Editor assistente Donália Jakimiu Basso
Valquiria Salviato Guariente
Revisão Etienne Vaccarelli
Francis Cabral
Revisão comparativa Lucy Myrian Chá
Roberta Bachstein
Coordenação de Iconografia Ana Cláudia Dias
Assistente de Iconografia Jéssica C. Ortiz
Licenciamento de textos Luiz Fernando Bolicenha
Coordenação de arte Solange Freitas de Melo
Editoração José Cabral de Lima Jr, Lineu Blind Ribeiro,
Patricia Librelato Rodrigues, Paitra Design
Ilustrações Cide Gomes
Roberto Weigand
Kleber Edney R. Santos
Tratamento de imagens J. V. Elorza
Projeto gráfico Laís Cristina Caldonazzo
Capa Rafael Hatadani
Imagem da capa Estúdio Motoca
Impressão: Fenix Gráfica Digital e Editora Ltda.
Rua Visconde de Abaeté, 378 – CEP 82820-210
CNPJ: 11.787.289/0001-57 – I.E.: 90.607.554-74
Base Editorial Ltda.
Rua Antônio Martin de Araújo, 343 • Jardim Botânico • CEP 80210-050
Tel.: (41) 3264-4114 • Fax: (41) 3264-8471 • Curitiba • Paraná
www.baseeditora.com.br • [email protected]
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Estudar História, compreendendo as transformações e
os aspectos que permaneceram ao longo do tempo e do
espaço, ajuda-nos a entender o mundo onde vivemos.
Você e a sociedade em que vive têm uma história.
Esperamos que este livro estimule você a aprender
mais e ir além dele.
A autora
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UNIDADE
1
Para começo de conversa...
Brasil: as
mudanças no
início do
século 20
No início de cada capítulo você vai
observar imagens, ler poemas ou
outro texto que lhe ajudará a refletir sobre o que já conhece a respeito do tema que será abordado.
Verdade!
Este quadro mostra
a diversidade que
existe entre nós,
brasileiros.
Olhe este quadro.
Quantas pessoas
com características
diferentes...
Tarsila do Amaral. Operários.
1933. Óleo sobre tela,
150 cm x 205 cm. Acervo
Artístico-Cultural dos
Palácios do Governo do
estado de São Paulo,
Campos do Jordão (SP).
8
9
Abertura das unidades: os personagens que aparecem na abertura das unidades irão lhe apresentar
o tema que será explorado.
Para refletir
Exercício de reflexão, análise ou síntese sobre os temas apresentados
no capítulo.
Nesta seção você vai sistematizar
os conhecimentos históricos que
estudou e registrá-los por meio da
expressão escrita, em textos, quadros etc.
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Pesquisando e aprendendo mais
São propostas atividades em que
você ampliará o conhecimento por
meio de pesquisa em fontes diversas. O objetivo é desenvolver a
construção do conhecimento histórico mediante exercícios de observação e análise.
Aprender fazendo
Por meio de desenhos, apresentações, maquetes e outras representações você irá trabalhar aspectos
do tema do capítulo.
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Estudando o documento
Atividade de leitura e análise de
documento histórico, como crônicas, reportagens, fontes históricas
diversas, entre outros.
Você sabia?
Nesta seção você vai encontrar
conteúdos complementares que
auxiliam na compreensão do tema
do capítulo.
PESQUISA
Vocês poderão pesquisar, experimentar e aplicar os conhecimentos
construídos em um trabalho desenvolvido em grupo.
Glossário: apresenta o significado
de algumas palavras e conceitos
grifados ao longo do capítulo.
Professor, sempre que aparecer a sigla OP são indicadas
orientações para o seu trabalho em sala de aula.
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ENTREVISTA
RESPONDA
ORALMENTE
RESPONDA
NO CADERNO
Ícones: os dois primeiros indicam
estratégias de trabalho que serão
utilizadas. Os dois últimos apontam
de que forma as atividades serão
realizadas.
Sugestões para a turma: nesta
seção você encontra sugestões de
leituras que poderão ampliar seus
conhecimentos sobre o tema trabalhado.
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UNIDADE
1
Brasil: as mudanças no início
do século 20 .............................................. 8
Capítulo 1 – Imigrantes em busca de um sonho .. 10
O Brasil no século 19................................................................11
Da Europa para o Brasil ..........................................................13
Os primeiros imigrantes ........................................................ 14
O Brasil quer mais imigrantes ...............................................15
O imigrante na cidade ........................................................... 16
A chegada dos japoneses ..................................................... 18
Ser brasileiro fora do Brasil ................................................... 20
Capítulo 2 – A República brasileira ...............24
Reações contra a Monarquia Imperial no Brasil . . . . . . . . . 25
A Constituição republicana, o que mudou? . . . . . . . . . . . . . . 27
UNIDADE
Capítulo 3 – Urbanização e cultura de massa..30
2
O crescimento e desenvolvimento das cidades. . . . . . . . . 31
A cultura urbana e a popularização do rádio . . . . . . . . . . . . 35
Futebol – De jogo da elite a esporte popular. . . . . . . . . . . . 37
Formando uma nação............................. 40
Capítulo 1 – A nação e os símbolos
nacionais brasileiros ......................................42
Ser brasileiro é pertencer a uma nação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Capítulo 2 – O povo brasileiro.........................48
Indígenas e europeus: o povo brasileiro em
formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
A chegada dos africanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Capítulo 3 – Os indígenas e os
afrodescendentes: a difícil caminhada........... 56
A relação com a natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
As questões indígenas na legislação brasileira . . . . . . . . . . 59
Os africanos e os afrodescendentes no Brasil . . . . . . . . . . . . 62
Resistência e luta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
O fim da escravidão africana no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Trabalhando juntos............................... 70
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UNIDADE
3
A República Federativa do Brasil ...... 72
Capítulo 1 – Divisão política do Brasil .............74
Mudanças na divisão política do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A cidade e o município . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
O ritmo das cidades . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
O município ............................................................................... 85
A administração do município . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Capítulo 2 – Cada cidade, muitas histórias .... 88
A preservação do Patrimônio Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
A história dos lugares.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Capítulo 3 – A cidadania em construção ........ 96
Democracia passo a passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
UNIDADE
A Constituição brasileira de 1988. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4
Participar: um direito e um dever... 102
Capítulo 1 – Participar para ajudar a construir ....104
Solidariedade e participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Participação: uma conquista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Processo eleitoral e participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Capítulo 2 – A população luta por seus direitos .. 109
Movimentos populares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
A luta pelos direitos das mulheres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
A participação dos trabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Luta pela terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Capítulo 3 – A sociedade em constante
transformação................................................117
O Brasil e o século 21 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Brasil e o meio ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Trabalhando juntos............................ 126
Sugestões para a turma.................. 127
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UNIDADE
1
Brasil: as
mudanças no
início do
século 20
Olhe este quadro.
Quantas pessoas
com características
diferentes...
8
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Orientação ao Professor (OP): a reprodução do quadro Os operários, de Tarsila do Amaral, foi escolhida como
forma de reflexão sobre as transformações pelas quais o Brasil passou a partir do século 19.
Converse com os alunos sobre o que a cena retratada pode revelar. Destaque o trabalho que a artista faz com
as cores, pois esse é um dos traços mais marcantes de suas obras. Nesse caso, o uso das cores visa representar
a variedade racial das pessoas vindas de todas as regiões brasileiras para trabalhar nas fábricas que começavam
a surgir no país.
Verdade!
Este quadro mostra
a diversidade que
existe entre nós,
brasileiros.
Tarsila do Amaral. Operários.
1933. Óleo sobre tela,
150 cm x 205 cm. Acervo
Artístico-Cultural dos
Palácios do Governo do
estado de São Paulo,
Campos do Jordão (SP).
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Capítulo 1 – Imigrantes em busca de um sonho
Para começo de conversa...
[...] Na América
Terras no Brasil para os italianos.
Navios em partida todas as semanas do Porto de Gênova.
Venham construir os seus sonhos com a família.
Um país de oportunidade. Clima tropical e abundância. Riquezas
minerais.
No Brasil vocês poderão ter o seu castelo. O governo dá terras e
utensílios a todos.
Município de Bento Gonçalves. O processo imigratório e o povoamento de Bento Gonçalves.
Disponível em: <http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/a-cidade/historia-da-imigracao>. Acesso em: 17 jul. 2014.
Pintura de imigrantes chegando ao Brasil.
Antônio Rocco. Os imigrantes. 1910. Óleo sobre tela. Pinacoteca do estado de São Paulo, São
Paulo (SP).
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OP: a opção desta coleção é pela grafia dos séculos com numerais arábicos.
O texto que inicia este capítulo se refere a um cartaz que era divulgado
pela Agência Angelo Fiorita & Cia, em parceria com o governo de São Paulo, e
fazia parte de uma propaganda que buscava convencer trabalhadores europeus
a vir para o Brasil.
Essa agência oferecia aos italianos viagens subsidiadas para o Brasil no final do
século 19.
que o aluno atente para o que era ofertado na
1.Leia novamente o texto e reflita: Espera-se
propaganda, como a disponibilidade de terras para os
RESPONDA
ORALMENTE
italianos, e para o fato do governo brasileiro fornecer tanto as terras quanto os utensílios.
a) Quais são as informações que constam na propaganda?
b) Como a agência apresentava o Brasil? O Brasil era apresentado como um país de clima
tropical, com riquezas minerais e como a terra das oportunidades.
c) Você já ouviu falar dos imigrantes? O que sabe sobre eles?
Respostas pessoais.
2.Agora, observe a obra de arte Os imigrantes, do artista Antonio Rocco, pintor
italiano que veio para o Brasil em 1913.
A chegada dos imigrantes europeus no Brasil inspirou vários poetas, escritores
e pintores. Espera-se que o aluno reflita sobre as expressões cansadas que foram retratadas, bem como
sobre o grande volume das bagagens.
a) Na sua opinião, qual a ideia expressa pelo artista nessa obra de arte?
b) Debata com seus colegas sobre quais poderiam ser os motivos que levam
uma pessoa a sair de seu país.
Os alunos podem comentar a busca por melhores condições de vida.
O Brasil no século 19
No século 19, a atividade econômica mais significativa no Brasil era a produção de café. Grandes fazendas, localizadas no Sudeste brasileiro, produziam
o café para a exportação, isto é, principalmente para vender a outros países.
Você sabia?
O café é uma planta originária da África, da região onde atualmente está a
Etiópia. Seu fruto, depois de torrado e moído, é utilizado no preparo de uma
bebida de sabor agradável e possui propriedades estimulantes.
Durante o século 19, o hábito de consumir café espalhou-se pelo mundo,
tornando o seu cultivo uma atividade muito lucrativa.
Subsidiado: aquilo que tem seu preço
diminuído, por ajuda do Estado.
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Jean-Baptiste Debret. Carregadores de café a caminho da cidade. 1826. Aquarela sobre papel,
15,9 cm x 22 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ).
OP: para mais informações sobre o processo de abolição, as leis que a antecederam e a situação em que ficaram
os ex-escravos, consulte o Manual do Professor (MP).
No início, o trabalho nas lavouras de café era feito por africanos que foram
trazidos à força para o Brasil, onde foram escravizados.
Em 1870, 62% dos escravos do Brasil estavam concentrados em São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, porém esse regime de trabalho
estava com os dias contados, pois existiam várias organizações que lutavam
pela libertação dos escravos.
Essas lutas se intensificaram entre 1870 e 1888, quando foi finalmente
assinada a Lei Áurea, que decretou o fim da escravidão no Brasil.
Desde 1850, a entrada de novos africanos escravizados já estava proibida,
e em 1871 havia sido assinada a Lei do Ventre Livre, que libertou todos os filhos
de escravas nascidos depois da sua promulgação.
Para substituir o trabalho escravo, os grandes
produtores e donos das fazendas de café passaram Intensificarem: aumentarem
significativamente.
a incentivar a vinda de trabalhadores estrangeiros, Promulgação: tornar público.
com apoio do governo brasileiro.
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Da Europa para o Brasil
Durante todo o século 19, a Europa passou por profundas mudanças políticas
e econômicas. O surgimento das fábricas, que produziam uma grande quantidade
de produtos por um preço menor, e o crescimento do uso das máquinas na
produção agrícola geraram um aumento no número de desempregados.
Muitos europeus que não viam mais condições de sobreviver em seus
países optaram por recomeçar a vida em outro lugar.
O Brasil representava uma boa alternativa, uma vez que precisava de mão
de obra nas fazendas de café e de pessoas para povoar parte do território que
estava desocupado.
Os europeus que vieram para o Brasil passaram por dificuldades. A viagem
de vinda era, em si, bastante sofrida, tendo em vista que as acomodações e as
condições de higiene eram precárias. Por esse motivo, muitos europeus chegavam ao Brasil enfraquecidos e, por vezes, doentes.
Acervo Iconographia
OP: ressalte que, devido ao ambiente insalubre das viagens, surtos de
doença como tifo, tuberculose e cólera eram comuns.
Chegada de
imigrantes ao
porto de
Santos, 1900.
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Para refletir
1.Depois de ler e analisar os textos apresentados até aqui sobre a vinda dos
imigrantes para o Brasil, reflita e responda no caderno.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Com o fim do sistema escravista, os grandes produtores e donos das
fazendas buscaram uma alternativa de mão de obra. De acordo com o
texto, o que os produtores brasileiros fizeram para sanar as dificuldades
Eles sentiram a necessidade de substituir os escravos,
da mão de obra nas fazendas? já que o processo de libertação era inevitável. Nesse
contexto, optaram por trazer mão de obra de países europeus, os imigrantes, para trabalhar em suas terras.
b) Como era a situação de muitos trabalhadores na Europa no século 19?
O surgimento das fábricas e a mecanização da agricultura provocaram desemprego, o que os afetou.
c) Por que o Brasil era uma alternativa para uma nova vida?
Porque havia empregos nas fazendas de café e território para ser ocupado.
d) Tendo como referência o texto sobre a viagem de vinda dos imigrantes
para o Brasil, descreva como eram as condições da viagem.
As condições de acomodação e higiene eram precárias, o que fazia com que os europeus
chegassem ao Brasil abatidos e, por vezes, doentes ou mortos.
2.Você acha que a vinda para o Brasil foi como os imigrantes esperavam?
RESPONDA
ORALMENTE
a) Converse com seus colegas e tentem descobrir se alguém da turma é
descendente de imigrantes. Caso tenha, investiguem juntos histórias sobre
a chegada desses imigrantes ao Brasil e as primeiras impressões deles.
b) Se não houver nenhum relato entre as pessoas conhecidas, busque
essas informações em outras fontes, como livros, internet etc.
Os primeiros imigrantes
Incentivados pelas promessas de uma vida melhor, um grande número de
europeus veio para o Brasil no século 19. A vinda de imigrantes cresceu muito
a partir de 1850, porém, alguns anos antes, em 1824, o Imperador D. Pedro I já
havia promovido a vinda de estrangeiros como solução para ocupar o território brasileiro.
Por influência de sua esposa, a imperatriz Dona Leopoldina, os primeiros
imigrantes que vieram ao país, a partir de 1824, eram de origem alemã.
Os primeiros alemães chegaram ao Brasil em 1824 e se estabeleceram na
região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
No mesmo ano, uma outra leva de imigrantes se instalou no Rio Grande
do Sul, onde apesar de grandes dificuldades de adaptação e de condições para
se instalarem, receberam sementes do governo para iniciarem as plantações,
bem como cabeças de gado para o sustento, já que era de interesse do governo
que esses imigrantes povoassem a Região Sul.
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© Acervo Laeti Imagens
Os colonos alemães procuraram
manter seu estilo de vida, preservando
a língua e a religião. Também construíram escolas próprias para difundir a
identidade e a cultura alemã.
Os imigrantes trouxeram para o
Brasil diferentes técnicas agrícolas, que
foram incorporadas ao trabalho nas
lavouras. Algumas foram específicas
para o plantio de trigo e criação de suínos; outras foram aproveitadas na produção de café e mesmo de alimentos
para a subsistência das famílias.
Casal de imigrantes italianos.
Rio Grande do Sul, 1909.
O Brasil quer mais imigrantes
OP: resgate o texto do cartaz que abre o
capítulo, no qual estão expostas as promessas
feitas aos imigrantes.
Após a vinda dos primeiros grupos de imigrantes alemães, a partir de 1850,
um grande número de italianos, como retratado na abertura do capítulo,
espanhóis, portugueses e poloneses também imigraram para o Brasil.
O governo brasileiro promoveu a imigração subvencionada, ou seja, o
imigrante e sua família recebiam a passagem de navio até o Brasil e o transporte
terrestre até a região onde deveriam se estabelecer.
Essa política tinha como objetivo estimular a vinda de estrangeiros para o país.
O destino desses imigrantes eram as fazendas de café de São Paulo e os núcleos
de colonização no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.
Ao chegar à fazenda, o imigrante e sua família recebiam o salário misto,
isto é, uma quantia em dinheiro e um pedaço de terra para produzir o seu
próprio alimento e criar uns poucos animais.
Todos os membros da família trabalhavam, inclusive as mulheres e as crianças.
Após alguns anos do início da imigração alemã, começaram a surgir
denúncias na Europa sobre as privações sofridas pelos primeiros imigrantes no
Brasil. Diante desse fato, a Alemanha criou medidas para dificultar a saída de
pessoas daquele país.
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A fim de garantir a vinda de imigrantes, o governo brasileiro passou, então,
a incentivar a imigração italiana.
Como a vinda dos italianos foi posterior à dos alemães, suas terras eram
mais distantes das regiões habitadas e também menos férteis.
Eram muitas as dificuldades encontradas pelos imigrantes ao se estabelecerem no Brasil, entre as quais a localização dos lotes recebidos pelo governo,
às vezes, de difícil acesso, gerava problemas para distribuir as mercadorias
que produziam. Por esse motivo muitos deles abandonaram as terras recebidas e migraram para as cidades em busca de outras oportunidades.
Em 1902 a Itália também proibiu a imigração subvencionada, pois havia
denúncias de que os contratos com os italianos não eram cumpridos.
O imigrante na cidade
Os destinos mais frequentes dos imigrantes que abandonavam suas terras
ou desistiam do trabalho nas fazendas eram a cidade de São Paulo, que estava
iniciando uma nova fase com o estabelecimento de indústrias, e a cidade do Rio
de Janeiro, que na época era a capital do Brasil. Porém, as condições de trabalho
na cidade eram tão difíceis quanto as que os imigrantes enfrentavam no campo.
Acervo Iconographia
Trabalhando principalmente nas indústrias, homens, mulheres e crianças
recebiam baixos salários, cumpriam longas jornadas de trabalho e não possuíam
qualquer tipo de proteção contra acidentes e doenças.
Vista do Palácio das Indústrias, no bairro do Brás. São Paulo (SP), c. 1910.
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Muitos desses imigrantes se envolveram em movimentos grevistas e
ajudaram a fundar associações operárias, que tinham o objetivo de lutar por
melhorias nas condições de trabalho.
Outros decidiram trabalhar por conta própria como vendedores ambulantes,
artesãos, motoristas de táxi, garçons, engraxates, jornaleiros ou mesmo abrindo
pequenos comércios.
Para refletir
1.Depois de ler e refletir sobre a vinda dos imigrantes para o Brasil, responda no caderno às seguintes questões.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Cite em quais regiões os imigrantes que aqui chegaram foram
incentivados a viver.
Nas fazendas de café em São Paulo e nas colônias no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná,
Rio de Janeiro e Espírito Santo.
b) A partir de 1850, a imigração passou a ser subvencionada pelo governo
brasileiro. Na prática, o que isso significava?
Significava que o governo brasileiro fornecia passagens de navios para os imigrantes e transporte até
a região onde eles iriam se instalar.
c) Por que, em momentos diferentes, os governos da Alemanha e da
Itália passaram a dificultar a vinda de imigrantes para o Brasil?
Porque havia denúncias de que os imigrantes estavam passando dificuldades no Brasil e de que
muitos contratos não eram cumpridos.
d) Retorne ao texto apresentado no capítulo e analise se era vantajoso
para os imigrantes deixarem as fazendas e irem para as cidades.
Na maioria dos casos não, já que os salários também eram baixos e as jornadas de trabalho longas.
2. Ao longo da nossa história, o Brasil recebeu portugueses, espanhóis, alemães,
italianos, poloneses, japoneses etc.
A grande diversidade cultural existente no Brasil foi condicionada por muitos
fatores, sendo que a imigração estrangeira foi um deles.
Essas pessoas foram influenciadas pelos hábitos e costumes dos locais para
onde se dirigiram, assim como exerceram forte influência cultural no país.
a) Pense sobre algum tipo de comida que você goste ou que já experimentou e que tenha influência vinda de outro país.
Os alunos podem citar alimentos diversos que os imigrantes introduziram na culinária nacional, tais como: as pizzas e massas (italianas); esfihas e quibes (sírio-libaneses); salsichas e cervejas (alemãs); sushis e sashimis (japoneses); carnes salgadas
e defumadas, além de doces à base de ovos (portugueses), entre tantas outras contribuições.
b) Aponte a sua origem.
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A chegada dos japoneses
Com a dificuldade criada pelos governos europeus para a vinda de
imigrantes, o Brasil precisou encontrar uma nova fonte de mão de obra.
A opção foi pelos japoneses. A aproximação entre os dois países havia
começado em 1895, com o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Japão-Brasil.
Impulsionados pelo incentivo do governo japonês e pela demanda de mão de
obra para as fazendas de café, famílias inteiras vieram do Japão.
Os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 18 de junho de 1908,
trazidos pelo navio Kasato Maru. O projeto dos japoneses consistia em melhorar
suas condições de vida no Brasil e depois voltar ao Japão. Mas logo esse objetivo
foi ficando distante para a maioria deles.
Isolados e submetidos às difíceis condições de trabalho na lavoura de café,
buscaram manter suas tradições e costumes.
Inicialmente, devido às diferenças físicas e culturais, os japoneses sofreram
muito preconceito no Brasil.
Apesar do preconceito sofrido e de outras dificuldades enfrentadas pelos
imigrantes, não houve resistência às trocas culturais e sociais.
© Acervo Laeti Imagens
Sabemos que a cultura brasileira também é formada pela soma das
tradições e costumes trazidos tanto por japoneses como por todos os outros
imigrantes.
Preconceito: intolerância
a outras culturas, crenças e
religiões.
Casal de imigrantes
japoneses, com seus
cinco filhos, em frente à
plantação de café. Assaí
(PR), 1950.
18
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Alexandre Tokitaka/Pulsar Imagens
Lanternas e portal orientais na Rua Galvão Bueno no bairro Liberdade. São Paulo (SP), 2014.
Os japoneses traziam consigo fortes elementos culturais da sociedade
japonesa, que ainda existem, seja em suas tradições, na alimentação, em festa
típicas, nos vestuários etc.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Forme uma equipe de trabalho com três colegas de sala e escolham uma
das etnias que formam a população de sua região.
a) Pesquisem em livros e na internet sobre a sua história, destacando os
seguintes aspectos:
••como foi o processo de chegada, onde se instalaram, quais as
possíveis dificuldades encontradas;
••atividades econômicas que passaram a desenvolver.
b) Procurem entrevistar uma pessoa desse grupo de imigrantes e
ENTREVISTA
descubram alguns costumes, crenças, músicas, pratos típicos ou outros
elementos da cultura do país de origem que ainda são preservados por
ela ou pela sua família. Vocês podem ter como referência as seguintes
questões: OP: no desenvolvimento da entrevista outras perguntas podem surgir.
••Há quanto tempo você mora nesta localidade?
••De onde vieram seus familiares?
••Por que eles saíram do lugar onde moravam?
••Por que escolheram este país/estado/município para viver?
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c) Anotem as informações obtidas, destacando o nome da pessoa, idade,
sexo e localidade.
Apresentem para os colegas as informações obtidas.
Organizem um debate tendo como tema os motivos que levam as pessoas a deixar seus lugares de origem e migrar para outros países.
Por fim, você vai escrever um pequeno texto no caderno expressando
sua compreensão e opinião sobre as dificuldades e os aspectos positivos
que as pessoas enfrentam ao sair de seu país de origem.
OP: mais informações sobre esta atividade no MP.
2.Com a ajuda do professor, você e seus colegas de turma vão fazer um levantamento no quadro sobre as origens das famílias dos alunos da sala. Por
exemplo: quais são de origem portuguesa, alemã, italiana etc.
Ser brasileiro fora do Brasil
Existem brasileiros vivendo em quase todas as partes do mundo. Eles estão
em grande número nos Estados Unidos, no Paraguai, no Japão, na Austrália e
em vários países do continente europeu.
Na década de 1980, a busca por um desenvolvimento pessoal e profissional
levou inúmeros brasileiros a viver longe do país.
Em 1984 aconteceu a primeira emigração maciça em decorrência de fatores
econômicos, como o alto custo de vida e a incerteza sobre o futuro no Brasil.
Até meados do século 20, o Brasil atraiu estrangeiros em busca de uma
vida melhor, mas, no final do século, muitos brasileiros saíram do país. A
emigração de brasileiros para o exterior continua intensa no século 21.
Atualmente, no Brasil, quem faz essa escolha geralmente são os jovens em
busca de sucesso financeiro.
Nos Estados Unidos e na Europa,
algumas dessas pessoas trabalham nos
considerados subempregos. Em alguns
casos, a situação deles é a ilegalidade, uma
vez que, após vencido o prazo de
permanência legal no país, tornam-se
clandestinos.
Maciça: em grande quantidade.
Subempregos: empregos não qualificados, de
remuneração muito baixa, sem vínculos ou
garantias.
Ilegalidade: que está fora da lei.
Clandestinos: que não cumprem as
condições legais para morar em outro país.
20
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Você sabia?
Assim como outras pessoas que saem de seus países, os brasileiros se
reúnem onde estiverem para lembrar da sua pátria, ouvindo música, comendo
alimentos típicos, falando português e até mesmo torcendo por atletas
brasileiros.
O chamado Brazilian Day (o Dia dos Brasileiros) começou na cidade de
Nova York como uma festa comum que acontecia na Rua 46 (conhecida como
a “rua dos brasileiros”), na década de 1980.
Atualmente, o Brazilian Day está entre os eventos étnicos mais importantes
da cidade e reúne todos os anos milhares de pessoas.
© Luiz Rampelotto/Glow Images
A festa ocorre anualmente no mês de setembro e as ruas ficam repletas
das cores verde e amarelo. Durante um final de semana, é possível comer
comida baiana, almoçar em churrascarias típicas e ouvir bandas brasileiras que
se apresentam por lá.
Mais de um milhão de pessoas
comemoram o Brazilian Day.
Nova York (EUA), 2010.
No Japão, existem muitos imigrantes estrangeiros. Os brasileiros formam a
terceira maior comunidade estrangeira no Japão, antecedidos apenas pelos
coreanos e chineses.
A emigração brasileira para o Japão teve características próprias, já que
foram os descendentes dos imigrantes japoneses que chegaram ao Brasil, a partir
de 1908, que fizeram o caminho de volta para trabalhar na indústria japonesa.
Esses trabalhadores são chamados decasséguis. Inicialmente eram recrutados
para trabalhar em fábricas, mas com o aumento do que passou a ser denominado
“movimento decasségui”, passaram a trabalhar nos mais diversos serviços.
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Pesquisando e aprendendo mais
1.Muitos
estrangeiros continuam vindo para o Brasil a fim de tentar uma
nova vida. Como será que esses estrangeiros fazem para preservar sua
RESPONDA cultura em um país diferente?
NO CADERNO
Forme uma equipe de trabalho com três colegas de sala para realizarem
a pesquisa a seguir.
a) Cada equipe deverá escolher um país de onde saem estrangeiros para
viver no Brasil, como: Argentina, Bolívia, Chile, Espanha, Portugal, entre
outros.
A partir do país escolhido, pesquisem em livros, revistas e na internet
explique aos alunos que essas informações objetivam amenizar as dificuldades
sobre os itens: OP:
que podem ser enfrentadas pelos estrangeiros que escolhem viver no Brasil.
••localização geográfica do país;
••idioma falado e um pouco da sua história;
••dificuldades enfrentadas para viver no Brasil;
••requisitos necessários para viver legalmente no país, como tempo de
permanência, exigência de comprovação de estudo, entre outros;
••traços culturais importantes ou mais marcantes.
2.Você e sua equipe devem organizar todas as informações pesquisadas e
montar um manual contendo esses dados e, se possível, apontar alguma
dica ou curiosidade que considerem importante para ajudar o estrangeiro
a manter sua cultura no Brasil.
••Façam uma lista de elementos da cultura brasileira que acham importante
serem conhecidos por estrangeiros. Podem ser comidas, comemorações,
hábitos etc.
••Ao lado do elemento cultural, façam um texto explicando por que ele
é importante.
••Em que região do Brasil esse estrangeiro
pode ter maior facilidade de se
OP: sugira aos alunos que pesquisem se existem focos
adaptar ou mesmo se identificar.populacionais de descendentes do país estrangeiro
pesquisado que mantenham elementos de sua cultura.
••Cada texto que compõe o material deve ser ilustrado.
••Marquem um dia para o lançamento do manual e convidem alunos de
outras turmas para participar do evento.
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Para refletir
1.Reflita sobre os textos do capítulo e responda no caderno.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Quais os motivos que levaram os brasileiros a procurarem trabalho em
espera-se que os alunos reflitam sobre a busca por melhores oportunidades
outros países? OP:
de vida e que consigam fazer um paralelo com a vinda de imigrantes para o
Brasil no início do século 20.
b) Qual a característica marcante da emigração de brasileiros para o
Japão?
Resposta: muitos brasileiros que emigram para o Japão são descendentes de imigrantes
japoneses que vieram para o Brasil anteriormente.
1.Forme um grupo com três colegas. Juntos, listem manifestações culturais
no lugar onde vivem. Sugestões de pesquisa: OP: mais informações sobre esta
atividade no MP.
PESQUISA a) Quais as festas mais tradicionais?
b) Que comidas são típicas da região?
c) Há um modo de falar específico?
2. Com base nas informações pesquisadas produzam, coletivamente, um texto
com o título “A cultura no lugar onde vivo”. É importante que, nesse texto,
RESPONDA as informações sejam explicadas e contextualizadas.
NO CADERNO
Você sabia?
Assim como os imigrantes que vieram da Europa para o Brasil em busca
de uma vida melhor, muitas pessoas deixam a cidade, e mesmo o estado em
que nasceram, para tentar viver em outras localidades do próprio país. À
procura de melhores empregos, condições de estudo, qualidade de vida, entre
outros atrativos, essas pessoas saem de seus locais de origem em direção a
outros estados brasileiros. Elas são classificadas como migrantes.
De acordo com o Censo 2010, o número de migrantes no Brasil sofreu
uma desaceleração entre o final do século 20 e início do século 21. Essa
pesquisa indica que São Paulo foi o estado que recebeu o maior número de
migrantes entre os anos de 2005 e 2010. Nesse período foram registrados
305 441 novos habitantes no estado vindos de outras regiões do Brasil.
Já os estados dos quais saíram o maior número de pessoas foram a Bahia
(244 539 habitantes) e o Maranhão (169 249 habitantes).
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Capítulo 2 – A República brasileira
Para começo de conversa...
Leia a seguir alguns dos versos do Hino da Proclamação da República, de
1890, e do samba-enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, de
1989, para o Carnaval daquele ano.
Texto 1
[...]
Liberdade, liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos sua voz!
[...]
Medeiros de Albuquerque. Hino da Proclamação da
República. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.
br/acervo/simbolos-nacionais/hinos/hino-daproclamacao-da-republica>. Acesso em 18 jul. 2014.
OP: mais informações sobre
este samba-enredo no MP.
Texto 2
[…]
Liberdade, liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz
[...]
Niltinho et al. Liberdade, Liberdade! Abre as asas
sobre nós. Disponível em: <http://letras.terra.com.
br/imperatriz-leopoldinense-rj/473104/>.
Acesso em: 19 abr. 2014.
OP: a obra de Calixto foi pintada anos após a Proclamação da República e
retrata uma cena que não ocorreu de fato. Mais informações no MP.
Representação da
Proclamação da
República. Benedito
Calixto. Proclamação
da República. 1893.
Óleo sobre tela,
123,5 cm x 200 cm.
Pinacoteca Municipal
de São Paulo, São
Paulo (SP).
24
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A Proclamação da República no Brasil aconteceu no dia 15 de novembro de 1889,
e por esse ato foi extinta a monarquia. D. Pedro II, imperador do Brasil por 49 anos,
foi obrigado a deixar o trono e sair do país levando com ele sua família.
1.Leia novamente o trecho do hino da Proclamação da República e o refrão do
RESPONDA
ORALMENTE
samba-enredo e responda:
a) Sobre o que falam as letras das músicas?
Ambas as letras exaltam o sentimento de liberdade.
b) Se compararmos os versos de uma e de outra, considerando que o
samba-enredo foi feito cem anos depois, o que chama atenção na mudança
hino fala-se sobre ouvir a voz da liberdade; no samba-enredo, que a voz da liberdade
da letra? No
seja sempre a voz do povo.
Reações contra a Monarquia Imperial no Brasil
Após a Proclamação da Independência teve início o Império no Brasil, que
durou até 1889. Nesse período o Brasil viveu uma monarquia, primeiro governada por D. Pedro I até 1831, e depois por seu filho, D. Pedro II, que assumiu o
comente que entre 1831 e 1840 o país foi governado por regentes, tendo em vista que
poder em 1840. OP:
quando D. Pedro I retornou a Portugal, D. Pedro II ainda não tinha idade suficiente para
assumir o governo.
As estruturas políticas e econômicas do país não mudaram muito durante
o governo imperial, mantendo-se:
••a escravidão africana, que só foi abolida em 1888 através da Lei Áurea;
••a concentração da posse da terra e do poder nas mãos dos grandes
proprietários rurais;
••a produção agrícola voltada para a exportação.
De acordo com a Constituição de 1824, que vigorava no país, nem todos os
brasileiros tinham os mesmos direitos. O direito ao voto dependia da renda do
eleitor e as mulheres e os analfabetos não participavam das decisões políticas.
A produção de açúcar, que já estava em crise desde o século 18, foi sendo
gradativamente substituída pela produção do café, abrangendo muitas cidades
e uma grande parte do país.
Com o desenvolvimento do café, ocorreram diversos
benefícios econômicos para as regiões produtoras.
À medida que a economia brasileira ia se transformando,
a sociedade e a cultura também passavam por mudanças.
Vigorava: estava
em vigência (tempo
durante o qual uma
lei é válida).
25
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Acervo Iconographia
No cenário nacional, os poderosos senhores de engenho, que viviam na região
rural do Nordeste, perderam parte da sua importância para os chamados “barões
do café”, que desenvolviam as suas atividades econômicas na Região Sudeste
do Brasil. Muitos trocaram o interior pelos centros urbanos, onde construíram
seus casarões, principalmente na cidade de São Paulo, como você pode observar
na imagem da Avenida Paulista.
Casarões dispostos na
Avenida Paulista. São
Paulo (SP), 1902.
Acervo Iconographia
A produção cafeeira trouxe grandes mudanças para o Brasil; surgiram
novas cidades, vieram imigrantes de várias partes do mundo e abriram-se
muitas estradas, principalmente estradas de ferro, para escoar a produção para
os portos brasileiros.
Estrada de ferro
Madeira-Mamoré. Trecho
de Ribeirão (atualmente
Rondônia), 1913.
As cidades que iam surgindo junto com as ferrovias passaram a crescer a
partir das estações de trem, passando a ser, em muitos casos, o ponto de
referência de toda a cidade. As cidades próximas das linhas férreas passaram a
ter grande importância em comparação com outras que ficavam distantes delas.
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A classe média, formada na época por profissionais liberais, como advogados,
médicos, professores, jornalistas etc. passou a exigir maior participação na vida
pública, pregando mudanças com relação ao direito ao voto.
O Brasil era o único país da América a manter a escravidão. O envolvimento
da sociedade brasileira na luta pela defesa dos escravos e por maior participação
política deu início ao movimento que defendia a instituição de um novo sistema
de governo, a República.
O que mudaria na prática? O governo do Brasil passaria a ser exercido pelo
presidente, escolhido por meio do voto.
Esse movimento se intensificou e resultou na Proclamação da República,
em 15 de novembro de 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca assumiu
o comando das tropas do Exército Brasileiro e instalou o Governo Provisório da
apresente aos alunos alguns dos movimentos que
República dos Estados Unidos do Brasil. OP:
defendiam a instauração da República no Brasil. Mais
informações no MP.
Para refletir
1.Após ler o texto do subitem “Reações contra a Monarquia Imperial no
Brasil”, converse com seus colegas sobre:
RESPONDA
ORALMENTE
••A
mudança de alguns grupos (barões do café, profissionais liberais,
entre outros) para os centros urbanos. Comentem quais os possíveis
oriente os alunos a refletirem sobre o fato do aumento
impactos dessa migração. OP:
do número de pessoas nas cidades ter ampliado, aos
poucos, a sua estrutura, a oferta de serviços etc.
A Constituição republicana, o que mudou?
Reprodução
A primeira Constituição do Brasil republicano foi
promulgada em 24 de fevereiro de 1891 e seguiu os
moldes da Constituição norte-americana. Por ela:
••instituiu-se a República e os governantes passaram a exercer mandatos por tempo limitado;
••adotou-se
o princípio da representatividade,
em que todos os representantes do Executivo e
Legislativo seriam eleitos diretamente pelo
povo, de acordo com as normas eleitorais
constituídas;
Promulgada: publicada oficialmente.
Réplica da capa da primeira
Constituição republicana.
27
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••o sistema de governo passou a ser o presidencialismo: o chefe de governo
seria o presidente da República, eleito juntamente com o vice-presidente,
para um mandato de quatro anos;
••o poder continuou a ser dividido em Executivo, Legislativo e Judiciário,
sendo extinto o poder Moderador.
••Quanto ao voto, este passou a ser um direito de todo cidadão maior de
21 anos, exceto para os analfabetos, mulheres, mendigos e militares sem
OP: resgate com os alunos a função do poder Moderador, que dava direito de
patentes.
Você sabia?
decisão ao imperador.
É importante destacar também que atualmente todo cidadão maior de 16 anos
pode votar, e a partir dos 18 anos o voto é obrigatório.
José Cruz/Agência Brasil/W. Commons
O Brasil atualmente é uma República presidencialista. O presidente da
República é eleito para um mandato de quatro anos.
Ele é quem escolhe os ministros, determina os planos de governo e dirige
a administração geral do país.
O governo no Brasil está dividido em três poderes:
••Executivo – Encarregado de executar as leis. Seus representantes são
escolhidos por meio de eleições. São eles: o presidente da República, os
governadores e os prefeitos.
••Legislativo – Encarregado de elaborar as leis, cujos representantes, que
são os deputados e senadores, também são escolhidos por meio de
eleições diretas.
••Judiciário – Encarregado de distribuir a justiça e interpretar a Constituição.
Seus representantes são indicados pela presidência ou escolhidos por
concursos públicos.
Extinto: que
deixou de existir.
Exceto: à exceção
de; com a exclusão
de; salvo.
Patentes: postos
militares acima de
cabo.
Praça dos Três Poderes.
Brasília (DF), 2008.
28
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Para refletir
1.Assim
como aconteceu no dia 7 de setembro de 1822, quando foi
proclamada a Independência do Brasil, a Proclamação da República não
RESPONDA decorreu diretamente de uma intensa participação popular.
NO CADERNO
a) Em seu caderno, faça um quadro comparando os dois acontecimentos
e os interesses envolvidos. Em seguida, procure estabelecer as prováveis
justificativas para a não participação direta do povo nos dois episódios.
Pesquisando e aprendendo mais
1.No Brasil, na atualidade, os governantes são eleitos pelo voto popular.
Converse com seus colegas e professor e anote no caderno os nomes dos
atuais ocupantes dos seguintes cargos:
••presidente da República
••governador do estado onde você mora
••prefeito do seu município
2.O princípio da representatividade, em que todos os representantes do Executivo
e Legislativo são eleitos diretamente pelo povo de acordo com as normas
eleitorais constituídas, é fundamental para o exercício da democracia.
a) Forme dupla com outro colega de sala e juntos pesquisem sobre as
funções dos representantes do povo na Câmara dos Deputados estaduais
e no Congresso Nacional.
b) Busquem informações sobre a Constituição de 1988 e descubram o que
ela instituiu sobre o direito ao voto.
1.Com os dados coletados na atividade “Pesquisando e aprendendo mais” e
RESPONDA
ORALMENTE
sob a orientação do professor, você e seus colegas devem debater em sala
de aula sobre a importância do voto para o cidadão e para o país.
2.Após o debate, produza um texto com as opiniões apresentadas pelos coleRESPONDA
NO CADERNO
gas e finalize-o com a sua conclusão sobre o tema.
29
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Capítulo 3 – Urbanização e cultura de massa
Para começo de conversa...
Aquarela do Brasil
Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
[...]
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Ah, ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
[...]
Ilustração de instrumentos musicais
e elementos da natureza formando
o mapa do Brasil.
Ary Barroso. Aquarela do Brasil. Intérprete: Gal Costa. Aquarela do Brasil. Rio de Janeiro: Polygram, 1988. CD.
OP: mais informações sobre essa composição no MP.
Inzoneiro: mentiroso; manhoso.
Bamboleio: balanço do corpo.
Gingar: inclinar o corpo de um lado para o outro.
Murmurantes: que murmuram; que produzem ruído.
Trigueiro: moreno.
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A música “Aquarela do Brasil” foi lançada em 1939. Trata-se de um
samba-exaltação que conquistou o público, tanto no Brasil quanto no exterior.
1.Releia o fragmento dessa canção e reflita sobre o que dizem esses versos.
RESPONDA
ORALMENTE
Converse com seus colegas e troquem suas impressões sobre a letra da
estimule os alunos a, assim como na canção, falarem sobre as qualidades de nosso país,
música. OP:
seja quanto às belezas naturais, às pessoas etc.
2. Em seguida, faça um desenho em uma folha de papel representando algumas
das imagens descritas nos versos de Ary Barroso.
a) Escreva junto ao desenho duas frases sobre o nosso país.
b) No final, cole o seu trabalho no mural junto com os de seus colegas,
montando a exposição: “Aquarela do Brasil”.
OP: se possível, convide os pais e
familiares para conhecerem o mural.
O crescimento e desenvolvimento das cidades
Até o século 19, a população brasileira se concentrava, em sua maioria, na
zona rural. As principais atividades econômicas desenvolviam-se nas fazendas:
plantava-se principalmente café, criava-se gado e muitos se dedicavam à
mineração.
Acervo Iconographia
Porém, no final do século 19 e início do século 20, esse cenário começou
a mudar. Apesar da população que vivia nas cidades existentes no Brasil dessa
época ainda ser menor que a do campo, um grande número de pessoas já
começava a se concentrar nas cidades, processo que se intensificou a partir da
década de 1920.
Praça Antonio Prado.
São Paulo (SP),
década de 1920.
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Um dos fatores decisivos para o crescimento da população brasileira,
principalmente em São Paulo e no Sul do país, foi o grande número de imigrantes
europeus que entrou no Brasil nesse período.
No Capítulo 1 desta unidade, apresentou-se que apesar do destino desses
imigrantes ser as fazendas de café, grande parte deles, insatisfeitos com as
condições de trabalho no campo, deslocaram-se para várias cidades. São Paulo
era o principal destino para o qual iam com a intenção de trabalharem na
indústria, que prometia chances de uma vida melhor.
As cidades ainda não possuíam todos os serviços necessários para dar
conta do grande crescimento da população. Porém, gradativamente, foram
acontecendo muitas transformações e o surgimento de novos serviços urbanos.
Acervo Iconographia
Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro houve grandes inovações nos
espaços públicos, com a implantação dos bondes, trens, luz elétrica, calçamento nas ruas e calçadas, construção de pontes, parques e o aumento do número
de automóveis. A introdução de serviços de telégrafo, telefone e rádio também
mudou bastante o ritmo das cidades.
O primeiro bonde elétrico do Brasil
circulou no Rio de Janeiro em 1892.
Na fotografia ao lado foi registrada a
passagem de um bonde circulando
na Rua São Bento. São Paulo (SP), 1902.
Contudo, esses serviços eram caros e, por esse motivo, de difícil acesso a
grande parte da população. O crescimento das cidades e da população e a falta
de saneamento básico agravaram os problemas de
abastecimento de água e alimentos. As péssimas Telégrafo: aparelho
condições de higiene, de saúde e a pobreza levavam destinado a transmitir
mensagens a distância.
à proliferação de doenças e epidemias entre a Proliferação: multiplicação.
população.
32
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Você sabia?
OP: mais informações sobre Oswaldo Cruz no MP. Consta, também, a proposta
de uma atividade interdisciplinar sobre as causas da proliferação da dengue.
No final do século 19, doenças como a febre amarela e a varíola causavam
muitos problemas e mortes. A febre amarela, transmitida pela picada de um
mosquito, virava epidemia, principalmente no verão, e chegou a matar, no Rio
de Janeiro, 60 mil pessoas entre 1850 e 1905.
A varíola, também conhecida como “mal de bexigas” devido às bolhas
que surgiam na superfície da pele do doente, era causada por um vírus. Ela se
transformou num grave problema de saúde pública.
Acervo Iconographia
O médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) foi responsável pela
erradicação da febre amarela, da varíola e da peste bubônica no Rio de Janeiro.
Como diretor-geral da saúde pública,
promoveu a reforma do código
sanitário do país e remodelou os
órgãos de saúde, gerando um grande
avanço no setor.
Para combater a febre amarela, da
varíola e da peste foi criada a Brigada
Mata-Mosquito. A Brigada Mata-Mosquito era formada por funcionários do
Serviço Sanitário, cuja missão era vistoriar todas as residências e exigir a eliminação de poças de água e de recipientes
que acumulassem a água da chuva.
Com relação à varíola, a única medida
era a vacinação, que se tornou obrigatória em 1904.
Charge de Franz sobre a batalha de Oswaldo
Cruz em Manguinhos, 1911.
Erradicação: extinção.
Peste bubônica: a peste bubônica, causada por um bacilo encontrado no sangue de alguns roedores,
especialmente no do rato, é transmitida ao ser humano através da pulga que, ao picar o rato, adquire o
bacilo da doença e o transmite ao homem. Esta doença foi trazida ao Brasil provavelmente por marinheiros
vindos da Ásia e da África.
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Pesquisando e aprendendo mais
Na atualidade, a população brasileira se concentra mais nas cidades. De
acordo com o Censo 2010, 84,2% dela vive em cidades. Por mais que a
infraestrutura desses espaços tenha melhorado desde o século 19, ainda há
neste momento os alunos devem refletir sobre questões em nosso país que
muito a fazer. OP:
necessitam de melhorias. Faça um levantamento com eles dos problemas que são mais
urgentes nas regiões em que vivem.
1.Forme dupla com um colega de sala e pesquisem em revistas, jornais e
RESPONDA
NO CADERNO
na internet sobre um dos problemas existentes nas cidades atualmente,
seguindo o roteiro a seguir: OP: mais informações no MP.
a) Escolham um assunto. Se o problema escolhido foi o transporte
público, por exemplo, analisem alguns aspectos como: a qualidade do
serviço, o atendimento ao público, as condições dos veículos, a forma
como o motorista conduz o ônibus, o preço das passagens, as
condições das ruas, se há congestionamento de trânsito, entre outros.
Vocês também podem escolher outros temas, como moradias, escolas, áreas e parques de lazer, conservação das praças etc.
2.Investiguem como era essa situação no passado.
a) Pesquisem em livros, jornais antigos e na internet como essa situação
era retratada há dez anos ou mais.
Para refletir
1.Considerando os dados coletados na atividade “Pesquisando e aprendendo
mais”, construam um quadro comparativo. Em uma coluna escrevam como
RESPONDA era a situação no passado e, em outra, como a situação encontra-se
NO CADERNO
atualmente. Em uma terceira coluna pontuem o que é preciso melhorar.
2. Forme uma equipe com três colegas e escolham uma das doenças cuja
vacinação é obrigatória na atualidade, detalhando como as campanhas
têm contribuído para conscientizar a população sobre a importância de
se vacinar.
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A cultura urbana e a popularização do rádio
As transformações não aconteceram apenas no aspecto físico das cidades.
No meio cultural, surgiram novas tendências e formas de entretenimento
popular.
No início do século 20 não existia no Brasil um gênero musical de
preferência. Nas casas de dança, nos cafés, teatros, circos, ouviam-se tanto
modinhas como polcas, tangos e valsas.
Os fonógrafos, gramofones e discos ainda eram novidade, e os aparelhos
ainda funcionavam de forma mecânica, acionados por manivela, como você
comente que apenas em 1923 foi inaugurada a primeira emissora de rádio,
pode observar na foto. OP:
um ano após a primeira transmissão.
Dentro desse quadro cultural, destaca-se a importância do surgimento do
rádio como o mais poderoso instrumento de comunicação de massas. Seu uso
para os alunos também a diferença entre
tinha propósitos educativos e formativos. Destaque
“o” rádio e “a” rádio, pontuando que a segunda é a
emissora.
Albert Mendelewski/Getty Images
A primeira transmissão radiofônica
oficial no Brasil ocorreu em 7 de setembro
de 1922, no centenário da Proclamação da
Independência, com um discurso do então
presidente da República, Epitácio Pessoa.
Antes de ser um importante meio de difusão
e divulgação musical, o rádio tornou-se
Modelo de rádio das décadas
de 1950-1960.
essencial para a divulgação de notícias. As
transmissões de rádio informavam as pessoas de forma muito mais rápida dos
que os meios de comunicação que existiam até então. Em pouco tempo, o rádio
tornou-se o veículo número 1 de transmissão de notícias.
Muitos artistas, compositores e cantores populares passaram a se interessar pelos novos meios
de comunicação, que facilitavam a divulgação de
seus trabalhos.
No início do século 20 se popularizaram e
divulgaram toda espécie de música por meio do
rádio. O samba urbano, surgido inicialmente nos
subúrbios, principalmente em cidades como o Rio
de Janeiro, foi conseguindo uma grande aceitação
entre os mais variados públicos.
Entretenimento: divertimento.
Modinha: canções populares
urbanas com acompanhamento
de violão.
Polca: músicas típicas da região
da Boêmia (Europa).
Tango: cantos e danças
sul-americanos originados nos
subúrbios de Buenos Aires.
Valsa: música e dança de salão,
originárias da Europa.
Fonógrafo: aparelho que tocava
música.
35
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Você sabia?
O samba “Pelo telefone”, de Mauro de Almeida e Donga, foi a primeira
música desse estilo a ser gravada, no ano de 1917.
As letras dos sambas geralmente tratam do cotidiano dos moradores das
cidades, destacando o povo.
Os primeiros grandes sambistas e compositores foram: Noel Rosa, autor
de “Conversa de botequim”; Cartola, de “As rosas não falam”; Dorival Caymmi,
de “O que é que a baiana tem?”; Ary Barroso, de “Aquarela do Brasil”; e Adoniran
pesquise as letras dessas músicas na internet e traga para os
Barbosa, de “Trem das onze”. OP:
alunos conhecerem.
Para refletir
1.Você pode verificar por meio da leitura sobre a cultura e a popularização do
RESPONDA
NO CADERNO
rádio que mudanças ocorreram no passar dos anos. Agora leia e responda
OP: estimule os alunos a pensarem de que forma a rapidez na
às questões no caderno. transmissão das informações pode ter causado impacto na vida das
pessoas. Comente, ainda, que a partir da década de 1930 o rádio
a) Após ler o texto do subtítulo “A cultura urbana e a popularização do
rádio”, reflita sobre a importância do rádio na vida das pessoas na
primeira metade do século 20 e escreva um texto com esse tema.
adquiriu importância ainda maior, com o surgimento de várias emissoras.
b) Mesmo com os mais diversos meios de comunicação que existem na
atualidade, na sua opinião, o rádio ainda tem importância no dia a dia
espera-se que o aluno reflita que na atualidade, apesar de existirem muitos
das pessoas? OP:
outros meios de comunicação, o rádio continua sendo muito importante, pois
c) Tente lembrar de alguma notícia que você ouviu no rádio ou alguma
2. Leia
música que conheceu ouvindo-a no rádio. Converse com seus colegas
e troque informações sobre essas e outras descobertas proporcionadas
as mais distantes regiões (mesmo naquelas que não possuem energia elétrica,
pelo rádio. atinge
utiliza-se o rádio à pilha) e os vários segmentos sociais da população.
o fragmento da letra da música intitulada “O orvalho vem caindo”
(1922), de Noel Rosa, que fala da malandragem. Resposta: dentre as características
[...] Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
Meu cortinato é um vasto céu de anil [...]
[...] A minha terra dá banana e aipim
Meu trabalho é achar.
Quem descasque pra mim [...]
do malandro estão a forma de se
vestir (de chapéu palheta, sapato
branco e preto, calça branca e
camisa listrada), a ausência de
trabalho regular, o endividamento
constante e as conquistas
amorosas. Zé Carioca é o
personagem criado por Walt
Disney que mais apresenta esse
estereótipo.
Noel Rosa. O orvalho vem de cima. Noel Rosa pela primeira vez. São Paulo: Galeão/Novodisc, 2002. CD. v. 8.
•• Forme um grupo com dois colegas e pesquisem sobre os aspectos que carac-
RESPONDA
ORALMENTE
terizam “o malandro”. Em seguida, debatam em sala de aula sobre essa figura.
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Futebol – De jogo da elite a esporte popular
A vida urbana também propiciou a multiplicação de entretenimentos
relacionados aos esportes, como o remo, ginásticas sueca e rítmica, ciclismo,
natação, lutas corporais, boxe, automobilismo, bocha e jogos coletivos, entre
eles, o futebol. Cada uma dessas atividades exigia um espaço específico nas
cidades para a sua prática e, portanto, surgiram clubes com esse objetivo.
O futebol foi a prática esportiva coletiva que alcançou maior força no início
do século 20. Introduzido no Brasil em 1894, por Charles Miller, filho de ingleses,
despertou o interesse dos jovens mais ricos, que passaram a praticá-lo em
chácaras, clubes e grêmios estudantis.
Mais tarde, começaram a se organizar vários clubes, que mantinham times
de futebol e disputavam campeonatos.
W. Commons
Não havia ainda um caráter profissional e remuneração para os atletas. Ao
longo dos anos, a população de baixa renda começou a fundar seus próprios
times de bairros e o futebol passou a ser praticado por crianças e adultos em
terrenos baldios. Com o aumento significativo do número de bons jogadores,
vários clubes passaram a aceitar atletas independente da origem social e a
remunerá-los por partida.
Jogadores de futebol do
Clube Athletico Paulistano em
1905, quando o clube
conquistou seu primeiro
Campeonato Paulista.
O futebol se popularizou rapidamente. As
transmissões das partidas, pelo rádio, contribuíram
muito para que esse esporte se tornasse conhecido
e atraísse multidões.
Elite: minoria que detém
prestígio e o domínio em
um grupo social.
Remuneração: salário.
Baldios: sem cultivo.
37
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Para refletir
1.O futebol é um esporte acompanhado por milhões de brasileiros, muitas
vezes com paixão e até fanatismo. Debata com seus colegas sobre o papel
de destaque desse esporte na atualidade.
Com ajuda do professor, reúnam-se em um grande círculo e conversem sobre:
OP: a popularização do futebol determinou a
dos bons jogadores nos clubes
a) O que o futebol é para cada colega. aceitação
RESPONDA
privados, independente de suas origens sociais,
ORALMENTE
b) Para qual time cada colega torce.
e modificou a prática desse esporte,
tornando-o profissional e possibilitando a
projeção social dos atletas.
c) Qual o papel de destaque desse esporte na atualidade.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Assim
como o futebol, outros esportes praticados em grupos são
importantes para o desenvolvimento de algumas habilidades.
RESPONDA
NO CADERNO
Quando se pratica um esporte coletivo aprende-se a trabalhar em
grupo, respeitar regras etc., sem contar que exercitar o corpo é sempre
muito importante para a saúde!
a) Forme um grupo com dois colegas e pesquisem sobre outros
esportes coletivos. Investiguem os seguintes aspectos:
••Quando e onde surgiu?
••Como devem ser praticados? Quais são as regras?
••Existem clubes ou times na sua cidade que oferecem
essas
atividades?
••Eles representam a cidade em campeonatos?
b) Apresentem as descobertas em sala de aula e com o grande grupo
construam um álbum de esportes, que pode ser completado ao
longo do ano.
38
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Estudando o documento
A charge é um gênero textual por meio do qual uma ilustração, que
pode ou não ser acompanhada de texto, satiriza determinado acontecimento.
As charges são ricos documentos para o historiador, pois trazem informações
referentes a uma crítica social.
1.Retorne à charge apresentada no “Você sabia?” da página 33. Nela, foi
RESPONDA
NO CADERNO
representado o médico sanitarista Oswaldo Cruz. Seu título é “Revolta
da vacina” e foi produzida por Franz, em 1911. Observe atentamente a
imagem e responda:
a) O que Oswaldo Cruz está fazendo na imagem?
Espera-se que os alunos reflitam sobre o combate às pestes (representadas por ratos e insetos).
b) Por que o título da charge é “Revolta da vacina”?
OP: no MP constam informações sobre Oswaldo Cruz e a vacinação compulsória. Apresente os dados
para os alunos e os auxilie a refletirem sobre a ação de Oswaldo Cruz apresentada na charge.
1.Ao longo do capítulo foram apresentados textos e imagens que contemplaRESPONDA
NO CADERNO
ram questões sociais do Brasil no século 20, como o rádio, a música e os esportes.
E como estão essas questões na atualidade? a) Em duplas, construam um texto contemplando essas questões nos dias
atuais. Algumas questões podem orientar a escrita desse texto:
••Atualmente, como as pessoas têm acesso à música e às notícias?
••Qual é o papel do rádio na atualidade?
••Que esportes são mais populares no Brasil?
OP: é importante destacar que mesmo com a rápida divulgação de músicas e principalmente notícias
pela internet e televisão, o rádio continua sendo fonte de acesso às notícias.
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UNIDADE
2
Formando
uma nação
O que será que
esta imagem
representa?
40
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OP: nesta unidade serão analisados alguns aspectos que ajudam a definir uma nação e um povo, na sua
diversidade cultural. A imagem apresentada permite a reflexão sobre a noção de construção da nação.
Quem sabe,
estão costurando
nosso país!
Pedro Bruno. Pátria.
1919. Óleo sobre tela,
278 cm x 190 cm.
Museu da República,
Rio de Janeiro (RJ).
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Capítulo 1 - A nação e os símbolos nacionais
brasileiros
Para começo de conversa...
O que nos faz brasileiros? Apenas termos nascido no Brasil?
Ilustração de duas crianças montando um quebra-cabeça da Bandeira do Brasil.
Somos brasileiros por termos nascido neste país, mas também porque
pertencemos a um conjunto de pessoas que fala o mesmo idioma, possui o
mesmo passado histórico, compartilha costumes e tradições e, sobretudo,
participa da construção de um país.
Ser brasileiro é parte da nossa identidade. A imagem que um povo tem de
si é muito importante.
1. Quando o Brasil se destaca pela conquista de algum brasileiro no esporte, em
RESPONDA
ORALMENTE
pesquisas ou em qualquer outra área, sentimos muito orgulho por sermos
brasileiros, não é?
2.Você consegue lembrar de momentos em que alguma conquista brasileira
lhe deixou feliz? Observe as imagens da página ao lado e comentem a resOP: comente com os alunos que a
peito desses e outros fatos com os colegas. Megafeira de Ciências da Intel convida
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jovens cientistas de todo o mundo a exporem suas pesquisas. Os jovens cientistas brasileiros desenvolveram
uma membrana que evita a contaminação do solo no caso de derramamento de óleo.
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André Lawisch
Chris O’Meara/ASSOCIATED PRESS/Glow Images
ANDRE DURAO/Shutterstock
Os estudantes Gabriel e Raíssa ganharam o
prêmio de 2º lugar na Megafeira de Ciências
da Intel, nos Estados Unidos, em maio de 2014.
Nico Kaiser/W. Commons
Equipe brasileira campeã da competição de
voleibol feminino nos Jogos Olímpicos de
Londres (Inglaterra), em 2012.
Cristo Redentor, monumento que virou
cartão-postal do Brasil. Rio de Janeiro (RJ).
Seleção brasileira de futebol campeã da Copa
das Confederações em 2013, disputada no
Brasil.
Ser brasileiro é pertencer a uma nação
Os brasileiros sentem orgulho das conquistas de seu povo, de suas contribuições para Ciência, de suas paisagens e belezas naturais.
Por outro lado, não gostam quando imagens negativas do país são destacadas, pois revelam problemas que machucam o sentimento de nacionalismo. Mas
o que significa pertencer a uma nação? O que significa pertencer a um Estado?
OP: explique aos alunos que Estado (com “e”
O Estado é formado por três elementos: maiúsculo) trata-se do conjunto de instituições
administram uma nação. Já estado (com “e”
••o território, que é a sua área física; que
minúsculo) é cada um dos estados da federação;
divisão geográfico-política de uma nação.
••a população, que são os habitantes docada
território;
••o governo, que é o conjunto de pessoas ou órgãos responsáveis pela administração pública, Delegados: transmitidos.
por meio de poderes delegados pelo povo.
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O Estado é diferente da “nação”. A nação é um conjunto de pessoas
ligadas pelo idioma, religião, valores, entre outros elementos. Nação é a união
de pessoas com características históricas comuns que formam um povo. Por
exemplo: o brasileiro é conhecido por ser amistoso e cordial com todos os
outros povos.
Quando a nação se organiza politicamente, com um governo e um conjunto
de leis comuns a todo um território, dizemos que temos um Estado.
Todas as nações possuem símbolos que as representam. O Brasil também
é representado por símbolos. Os símbolos nacionais oficiais são: a Bandeira, o
Hino, o Brasão de Armas e o Selo Nacional.
••Bandeira
Brazilian Government/W. Commons
Nacional: a atual Bandeira Nacional foi criada em 19 de
novembro de 1889. Ela deve ser hasteada diariamente nos edifícios do
governo federal, estadual e municipal, bem como em dias de festas, e a
meio pau (meio mastro) em dias de luto oficial nas repartições públicas,
estabelecimentos de ensino e sindicatos.
••Brasão
de Armas: foi criado no mesmo
dia da Bandeira Nacional. Seu uso é
obrigatório nos palácios governamentais,
câmaras, senado, tribunais, ministérios e
forças armadas.
Brasão de Armas do Brasil
••Selo
OP: durante a execução do hino, orienta-se a não gritar
ou aplaudir. Após o hino, no entanto, dependendo da
ocasião, os aplausos são aceitos.
Tonyjeff/W. Commons
Nacional: é uma espécie de carimbo
de uso obrigatório nos atos governamentais,
nos diplomas e certificados escolares, pois
dá validade aos documentos oficiais.
Selo Nacional do Brasil
••Hino
Nacional: a letra do nosso Hino Nacional é de Joaquim Osório
Duque Estrada e a música de Francisco Manuel da Silva. Durante a sua
execução, deve-se ficar em pé, mantendo-se uma postura de respeito.
44
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A Bandeira do Brasil identifica o nosso país, o Brasil, e também o povo
brasileiro.
Daderot/W. Commons
Podemos ver nossa bandeira em muitos lugares. Pode ser no alto dos
mastros das escolas, na mão de torcedores em jogos das seleções do Brasil, em
frente às embaixadas brasileiras espalhadas pelo mundo.
Embaixada: escritório que
representa um país no
estrangeiro.
Bandeira do Brasil hasteada na Praça
dos Três Poderes. Brasília (DF), 2012.
Estudando o documento
Brazilian Government/W. Commons
A bandeira de uma cidade ou país é um
importante documento. Os elementos escolhidos para compô-la refletem quais aspectos ou
riquezas foram preferidos para representar o
país (ou estado, município etc.).
1.Quais elementos compõem a Bandeira do
Brasil?
RESPONDA
NO CADERNO
As estrelas, o círculo azul, o losango amarelo, o
quadrado verde e a frase “Ordem e progresso”.
Bandeira do Brasil.
2.Você sabe o que significam as cores escolhidas para compor a bandeira?
OP: no MP está contemplada uma explanação relacionando as cores da bandeira às cores das casas
monárquicas e a explicação referente a posterior associação das cores da bandeira às belezas naturais do Brasil.
3.Qual o número de estrelas na bandeira? O que elas representam?
São 26 estrelas na parte de baixo do círculo, referentes aos 26 estados, e uma na parte
superior, referente ao Distrito Federal.
45
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Você sabia?
W. Commons
Bandeira do
Reino Unido
de Portugal,
Brasil e
Algarves
(1816-1821).
W. Commons
Tonyjeff/W. Commons
Tonyjeff/W. Commons
Durante toda sua história o Brasil teve várias bandeiras, até que se estabelecesse a atual. Confira algumas delas.
Bandeira
Imperial do
Brasil
(1822-1889).
Bandeira
Imperial do
Regime
Constitucional
do Brasil
(1821-1822).
Bandeira
Provisória da
República
(15 a 19 de
novembro
de 1889).
A análise da bandeira imperial traz informações muito interessantes sobre
o período.
As cores representavam as casas imperiais de Bragança (verde) e Habsburgo
(amarelo), indicando ligação com elas mesmo após a independência. Os ramos
são de café e de tabaco, duas importantes plantações no período, que garantiam
o crescimento econômico do país. A cruz referia-se a uma ordem de cavaleiros
portugueses. E, por fim, a faixa azul com as estrelas representavam as províncias
do Império.
Nossa nação é múltipla. Reinventamos culturas que nos tornaram singulares
comente com os alunos que a extração de pau-brasil foi a primeira
e diferentes no mundo inteiro. OP:
atividade comercial desenvolvida pelos portugueses no Brasil.
Antes de 1500, Pindorama era o nome que os nativos davam à terra que
habitavam. Com a chegada dos portugueses, o território tornou-se, então, uma
colônia de Portugal, mas estava muito distante da sede do Estado português.
Com o objetivo de ocupar o território, o rei de Portugal, D. João III,
incentivou a vinda de portugueses para o Brasil.
Estes se estabeleceram e constituíram família, mas os seus descendentes
nascidos na América eram considerados portugueses. O termo “brasileiro” era
usado apenas para chamar as pessoas que se dedicavam ao comércio de pau-brasil.
O comércio do pau-brasil foi perdendo sua intensidade, mas a expressão
“brasileiro” foi ganhando espaço. Aos poucos, passaram a ser chamados de brasileiros
aqueles que nasciam no Brasil. Após a independência
Singulares: únicos; distintos.
do país, em 1822, oficializou-se essa nacionalidade.
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Para refletir
1. Reflita sobre os conhecimentos apresentados neste capítulo e responda no
RESPONDA
ORALMENTE
caderno:
a) Quais dos símbolos nacionais mencionados neste capítulo você já
conhecia? Onde os viu ou ouviu?
b) Você já sentiu orgulho de ser brasileiro? Em quais momentos?
2.Porque esse sentimento de orgulho é importante? Converse com os colegas.
3.Você conhece símbolos nacionais de outros países? Quais?
1.E do que você tem orgulho na sua comunidade?
RESPONDA
NO CADERNO
a) Liste, em seu caderno, aspectos que você gosta da sua comunidade e
que o fazem se orgulhar de pertencer a ela.
Você pode falar da escola, das pessoas, das belezas naturais, entre outros
aspectos.
b) A partir da lista produzida, organize um texto que reflita o orgulho que
você tem da comunidade em que vive.
Aprender fazendo
Uma bandeira é como um documento de identidade de um país, de uma
nação, de um grupo, de uma agremiação, de um clube de futebol, entre outros.
As cores, as formas e os brasões possuem um significado.
1. Pesquise sobre a bandeira do seu município. Faça um desenho dela no caderno
e explique o significado dos símbolos e das cores que ela apresenta.
2.Você e mais dois colegas de classe irão criar uma bandeira para representar o
seu grupo. Pensem em elementos, imagens e cores que traduzam como vocês
gostariam de ser representados.
3.Exponham as suas bandeiras em sala de aula com legendas explicativas.
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Capítulo 2 - O povo brasileiro
Para começo de conversa...
Pindorama Brasil
No início era Pindorama
Craô, Mauê, Carajá.
Lisboa, Porto e Alfama
Chegaram então de além-mar.
Primeiro foi luta armada,
Soldado e índio em coluna:
Facão, fuzil e espingarda
Contra arco, flecha e borduna.
[...]
Depois foi ouro trocado
Por pente, lâmina e espelho.
E o aguardente foi dado
Por pau de tinta vermelho
Ilustração de português e indígena do
século 16, se enfrentando.
[...]
Caraíba fez fama
Dizendo que descobriu
A terra de Pindorama
Que agora se chama Brasil.
Paulo César Pinheiro e Toquinho. Pindorama Brasil. Intérprete: Toquinho. Mosaico.
São Paulo: Circuito Musical, 2007. CD
Craô, mauê, carajá: grupos indígenas da época do descobrimento.
Além-mar: de lugares além do oceano.
Borduna: bastão usado pelos indígenas como arma de defesa.
Aguardente: bebida alcoólica fermentada de uvas, cana, cereais ou frutas doces.
Caraíba: palavra indígena para se referir aos portugueses.
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A letra da música, de Toquinho e Paulo César Pinheiro, é uma visão poética
do encontro entre portugueses e indígenas, que deu início à formação do
povo brasileiro.
1.Leia a letra da música, reflita e responda:
RESPONDA
ORALMENTE
a) Nos versos, os autores começaram contando sobre o encontro dos indígenas
(craô, mauê, carajá) com os portugueses vindos do além-mar. Segundo
espera-se que os alunos reflitam sobre o embate
eles, como se deu esse encontro? OP:
violento entre indígenas e europeus.
b) O que significa trocar aguardente por pau de tinta vermelho?
A troca mencionada faz referência ao escambo, ou seja, à troca de produtos, e ao interesse dos
portugueses pelo pau-brasil.
Indígenas e europeus: o povo brasileiro em
formação
Somos um
povo constituído
pela mistura de várias
etnias; por pessoas nascidas no
Brasil e também por estrangeiros que
aqui vivem.
São pessoas com características físicas
diferentes, sotaques e costumes diversos.
Mosaico: algo composto de
várias partes.
Sotaque: pronúncia
característica de um
indivíduo, de uma região etc.
spirit of america/Shutterstock
Nosso país, o Brasil,
se assemelha a um
grande mosaico,
formado por milhões
de pequenas peças
que representam
cada um de nós.
Ilustração do mapa do Brasil ocupado
pela imagem de diversas pessoas.
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Para refletir
1.No
local onde você vive devem existir várias pessoas. Todas falam do
mesmo jeito? Converse com seus colegas sobre os diferentes sotaques
RESPONDA
ORALMENTE que vocês conhecem.
2.Agora vocês vão fazer uma montagem com imagens de brasileiros.
a) Recortem imagens de jornais e revistas que retratem pessoas executando tarefas, se relacionando, trabalhando, se divertindo etc.
b) Em classe, você e seus colegas irão criar cartazes com os recortes
selecionados, explicando por meio de frases e legendas algumas
resgate com os alunos quais são as
características sobre o povo brasileiro. OP:
qualidades que eles veem no país e em seu
povo.
Explique também como podem ser
3.Exponha os cartazes no mural da sala de aula. construídas as legendas; que
elementos elas devem conter.
Quando os portugueses chegaram aqui, encontraram inúmeras tribos
indígenas distribuídas por todo o território, com culturas e hábitos próprios.
Cada um desses grupos reagiu de maneira diferente à presença dos
colonizadores portugueses.
Representação do desembarque dos portugueses no Brasil.
Benedito Calixto. Fundação de São Vicente. 1900. Óleo sobre tela, 385 cm × 192 cm. Museu Paulista,
São Paulo (SP).
50
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No início, os indígenas se envolveram na troca dos produtos nativos por
outras mercadorias. Em alguns casos, os indígenas firmaram acordos que
envolviam cooperação entre eles.
Porém, quando a colonização europeia se estabeleceu de fato, com a
exploração das terras, as relações com os indígenas tornaram-se cada vez mais
violentas e as guerras foram inevitáveis.
Mesmo assim, ao longo desse processo, houve um intenso contato entre
os indígenas e os colonizadores, uma vez que não foram apenas os portugueses
que se estabeleceram aqui.
O povoamento, que inicialmente ocorreu no litoral do Brasil, foi se
estendendo também para o interior do território.
Era comum entre algumas tribos indígenas aceitar estranhos em suas
comunidades por meio da união destes com membros do grupo. Os filhos
dessas uniões eram mestiços, chamados mamelucos, pois não eram considerados
nem indígenas nem europeus.
Essas uniões deram início à mestiçagem dos povos e à mistura das culturas
de cada um deles. Começava, assim, a nascer um novo povo.
Você sabia?
OP: comente sobre a importante atuação dos jesuítas, tanto no que toca à
difusão da língua brasileira quanto na catequização e ensinamentos da língua e
hábitos europeus para os indígenas.
Nos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil, entre os séculos
16 e 17, o tupi era a língua mais falada em quase todo o litoral e passou a ser
aprendida pelos portugueses.
Aos poucos, o uso dessa língua, chamada também de brasílica, generalizou-se
por quase toda a população.
A maioria dos colonos, que vinha sem mulheres da Europa, acabava tendo
filhos com as mulheres indígenas, e a língua brasílica passava a ser a língua
falada pelos filhos.
Os jesuítas também passaram a usá-la para se comunicar com os indígenas
e, a partir do século 17, já bastante modificada, passou a ser conhecida como
língua geral.
Isso desagradou aos portugueses e no século 18, 300 anos depois da
chegada dos primeiros colonizadores, a Coroa Portuguesa proibiu o seu uso,
punindo quem a utilizasse e obrigando o uso do idioma português.
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Pesquisando e aprendendo mais
1.Em grupos, pesquisem em fontes diversas sobre tribo indígenas existentes no Brasil na atualidade. Investiguem sobre:
a) Onde se localizam
b) Que língua falam
c) Se utilizam a língua portuguesa no seu dia a dia
2.Tragam os dados colhidos para sala de aula e debatam sobre a imporRESPONDA
ORALMENTE
tância do respeito a essa diversidade de línguas.
OP: o objetivo do debate da atividade 2 é que os alunos sejam capazes de compreender que as
duas línguas têm importância para os grupos indígenas e para os brasileiros em geral.
A chegada dos africanos
Entre o século 16 e meados do século 19, cerca de 4 milhões de africanos
foram trazidos para o Brasil para trabalhar sob regime escravo, principalmente
na produção de açúcar do Nordeste e nas fazendas de café do Sudeste.
Existiam, também, os escravos domésticos, que prestavam todo o tipo de
serviço, por exemplo, espantar insetos durante as refeições, como representado
na imagem abaixo.
Família colonial fazendo
refeição, com escravos
ao redor.
Jean-Baptiste Debret.
Um jantar brasileiro. 1827.
Aquarela sobre papel,
15,9 cm x 21,9 cm.
Museus Castro Maya,
Rio de Janeiro (RJ).
52
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Os africanos escravizados foram trazidos de várias regiões da África e
possuíam costumes diferentes, além de uma grande variedade de idiomas e
dialetos locais.
Separados do seu grupo de origem, os africanos eram misturados a outros
grupos diferentes, o que dificultava a comunicação entre eles. Essa foi uma das
formas usadas pelos donos de escravos para evitar que eles se organizassem e
fugissem.
Para se comunicarem, os africanos tiveram que aprender a língua
portuguesa, observando e escutando os senhores dos engenhos e suas famílias,
bem como os trabalhadores livres e comerciantes que ali moravam.
Com isso, os africanos contribuíram muito para a difusão do uso da língua
portuguesa na região de produção de açúcar.
Com todas essas influências, a língua portuguesa falada no Brasil já tinha
características próprias diferentes da língua falada em Portugal.
Leia a seguir um fragmento de texto em que o historiador Ciro Flamarion
Santana Cardoso descreve esse processo de miscigenação.
[...]
O mundo dos escravos não era homogêneo.
Distinguia-se, em primeiro lugar, entre o cativo recém-chegado
da África, chamado de “boçal”, e o “ladino”, que era o africano já
aculturado e entendendo o português.
Os africanos eram, como um todo, opostos aos crioulos nascidos
no Brasil. Havia ainda distinção entre “nações” africanas de origem,
diferentemente valorizadas. E, dada à mestiçagem, a pele mais ou
menos clara também era fator de diferenciação.
Os mulatos e os negros crioulos eram preferidos para as tarefas
domésticas, artesanais e de supervisão, cabendo aos negros,
sobretudo os africanos, a dura Dialetos: variantes regionais de uma língua.
labuta nos campos e outras Homogêneo: sem desigualdades.
Cativo: prisioneiro.
tarefas pesadas.
Aculturado: que já havia recebido a influência
[...]
Ciro Flamarion Santana Cardoso. O trabalho na colônia.
In: Maria Yedda Linhares. História geral do Brasil. Rio de Janeiro:
Campus, 1990, p. 81.
de outra cultura.
Crioulo: negros nascidos na América.
Mulato: mestiço; filho de pai branco e mãe negra
(e vice-versa).
Labuta: trabalho.
Miscigenação: mistura de etnias.
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Estudando o documento
Textos analíticos apresentam a compreensão de estudiosos sobre determinados temas, contribuindo para o estudo da História. O texto apresentado
na página anterior contempla uma importante discussão sobre a inserção
dos africanos e seus descendentes na sociedade escravista brasileira.
OP: respostas no MP.
1.Leia atentamente o texto “O trabalho na colônia”, do historiador brasileiro
Ciro Flamarion Santana Cardoso. Reflita sobre o texto e responda.
RESPONDA
NO CADERNO
OP: espera-se que os alunos apontem a existência dos boçais e ladinos, dos cativos, dos crioulos e
a) Quais eram as distinções entre os escravos? Eles eram tratados de
dos mulatos, indicando, de
formas diferentes por causa dessas distinções? acordo com o texto, suas
características e as tarefas para as quais cada um era preferido.
b) Em que momentos do texto é possível compreender o processo de
miscigenação que deu origem ao povo brasileiro?
OP: o aluno deve identificar a mestiçagem pelas diferenças de cor de pele entre os escravos.
Para refletir
1.Após a leitura dos textos do capítulo, reflita e responda às questões no
caderno.
RESPONDA
NO CADERNO
Primeiro os indígenas foram atraídos pela troca de mercadorias e até estabeleceram acordos,
a) Como foi a relação dos indígenas com os portugueses?
porém, a disputa pela terra fez com que a relação se tornasse violenta.
b) Quem eram os mamelucos? Por que podemos afirmar que com eles
os filhos nascidos da união de
começa a nascer um novo povo no Brasil?Eram
europeus com indígenas. Eles não eram
nem europeus nem indígenas e recebiam informações tanto da cultura europeia como da indígena.
Leia o texto a seguir com os dados do Censo 2010 e observe o mapa.
Segundo o Censo 2010, 43,1% da população brasileira se declarou parda e
o maior percentual desse contingente estava na Região Norte (66,9%), sendo
que todas as regiões revelaram percentuais acima dos 35%, exceto o Sul,
com 16,5%. Ainda segundo o censo, 7,6% dos entrevistados se declararam
pretos, e seu maior percentual estava no Nordeste (9,5%), com o Sudeste
(7,9%) a seguir, enquanto a Região Sul mostrou o menor percentual (4,1%).
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: <www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 26 jun. 2014.
54
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Laércio de Mello
Brasil – Distribuição da população
por cor e raça 2010
OP: oriente a
leitura do mapa
e destaque as
informações da
legenda,
explicando que
indicam a
distribuição por
cores em cada
estado.
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE.
O resultado do Censo Demográfico 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que levantou dados sobre as características gerais
da população, religião e pessoas com deficiência, mostrou que apesar de já ser
predominante no Brasil, a população negra ainda sofre com a desigualdade racial.
1.Nos
últimos anos houve um grande avanço nessa questão, principalmente
com relação à criação de leis que visam diminuir a desigualdade racial. Converse
com os colegas sobre como vocês veem essa questão na atualidade.
2.Agora, escreva sobre a composição étnica do seu estado.
Faça um levantamento sobre o número de habitantes indígenas, brancos, pardos,
pretos e amarelos do estado em que você vive e escreva sobre essa composição.
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Capítulo 3 - Os indígenas e os
afrodescendentes: a difícil caminhada
Para começo de conversa...
A Proposta de Emenda à Constituição – PEC 215/2000 inclui
dentre as competências exclusivas do Congresso Nacional a aprovação
de demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e
a ratificação das demarcações já homologadas, estabelecendo que os
critérios e procedimentos de demarcação serão regulamentados por
lei.
Valter Campanato/Abr
Câmara do Deputados. PEC 215/2000.
Adaptado de: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=14562>. Acesso em: 3 jul. 2014.
Manifestação indígena em
frente ao Palácio do Planalto.
Brasília (DF), 2013.
Algumas vezes, parte da população brasileira organiza movimentos ou
manifestações visando cobrar respeito a direitos conquistados.
As questões ligadas à demarcação de terras indígenas no Brasil causam
vários debates devido aos interesses e opiniões diversas sobre o tema.
O artigo 67 da Constituição de 1988, que completou 25 anos em 2013, data
do episódio mostrado na imagem acima, diz que a União deveria ter concluído a
demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação.
1.Você já ouviu falar sobre esses conflitos? Converse com seus
RESPONDA
ORALMENTE
colegas de sala sobre o porquê, ainda na atualidade, a terra
representa a sobrevivência para muitas comunidades indígenas.
Ratificação:
aprovação;
confirmação.
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Renato Soares/Pulsar Imagens
A relação com a natureza
Os indígenas que os portugueses encontraram
quando chegaram aqui tinham uma relação
harmoniosa com a natureza e com os recursos
disponíveis nos locais que habitavam. Muitos
costumes indígenas foram modificados ao longo
dos anos. Porém, ainda na atualidade, muitos
grupos procuram manter a mesma relação com a
natureza e com o que ela produz.
OP: o ritual Quarup é uma homenagem aos mortos, celebrado
na região do Xingu.
Mulher indígena da etnia uaurá durante a cerimônia da
Quebra da Castanha de Pequi, que é uma etapa preparatória
para o ritual Quarup. Gaúcha do Norte (MT), 2013.
Você sabia?
O peixe é a principal fonte de alimentação para a maioria dos grupos
indígenas que vive próxima aos rios das regiões Norte e Centro-Oeste do país
e, principalmente nos períodos das cheias, entre fevereiro e março, é consumido
o uso do timbó para a pesca é um hábito cultural, no entanto, a utilização desse
diariamente. OP:
veneno deve ser evitada, pois é prejudicial ao meio ambiente.
Como nesses períodos as árvores são encobertas pelas águas e cada espécie
de peixe tem predileção por determinada fruta, as canoas aproximam-se das árvores
cuidadosamente e os indígenas, então, acertam os peixes com suas flechas.
Já nos meses de agosto e setembro, na época da vazante, aplicam outro
método de pescaria. Escolhem um trecho de uma lagoa ou rio com pouca
correnteza e lançam uma boa quantidade de pedaços do cipó “timbó” que,
antes de ser jogado na água, é triturado.
A seiva que se desprende do cipó, na água, tem ação altamente tóxica,
então os peixes começam a flutuar e são apanhados e entregues às mulheres
para serem preparados.
A imensa diversidade entre os grupos que habitam a região amazônica e
os tantos outros grupos que vivem no país faz com que os indígenas brasileiros
ainda sejam, na atualidade, desconhecidos por grande parte dos brasileiros.
Muitos traços culturais, a organização social dos grupos e suas relações com a
natureza mudaram ao longo do tempo.
O indígena brasileiro Daniel Munduruku escreveu suas experiências e
desenvolve um intenso trabalho de divulgação sobre seus costumes para crianças,
em escolas por todo o país, como nos revela o fragmento de texto a seguir:
57
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Muitas vezes sou convidado para dar palestras para crianças
em escolas da rede pública ou particulares de São Paulo. É sempre
um momento de aprendizado para mim. [...]
Quando me encaminhei para o local da palestra, percebi um
alvoroço entre as crianças. Estavam inquietas, aguardando minha
presença. Algumas sentiam tanto medo que se escondiam atrás das
professoras. Num determinado momento, o aluno que a professora
havia pedido que me observasse, vendo que eu não apresentava
nenhum risco, pois estava vestido como eles, saiu detrás da
professora e disse:
Esse aí que é índio? Vestido desse jeito? Ah, então não tenho
medo dele.
Não preciso nem dizer que a plateia soltou uma gargalhada.
Foi uma ótima deixa para eu começar a conversar com eles.
Daniel Munduruku. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996, p. 36-37.
Daniel Munduruku é graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e
Psicologia e é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Ele é um
autor conhecido nacional e internacionalmente. Vários de seus livros receberam
prêmios no Brasil e no exterior.
É comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República e
Diretor-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual –
Inbrapi.
Para refletir
OP: atente para opiniões que reduzam o indígena a estereótipos e ao
seu local de origem.
Mais orientações sobre a entrevista de Munduruku e sobre a
condução desse debate no MP.
1.Após ler o depoimento de Daniel Munduruku sobre a surpresa da criança
RESPONDA
ORALMENTE
ao saber que ele era indígena, converse com seus colegas sobre questões
como:
a) Quando os indígenas buscam integrar-se na chamada “vida nacional”
normalmente não são aceitos facilmente, ficando muitas vezes
marginalizados.
b) Quando o indígena passa a utilizar os costumes que não são típicos
da sua cultura, ele está deixando de ser indígena?
c) Na sua opinião, para ser considerado indígena é necessário viver nas
tribos, sem contato com o restante dos brasileiros?
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As questões indígenas na legislação brasileira
A legislação brasileira a respeito dos indígenas variou muito desde a
colonização até os nossos dias. De modo geral, coube ao Estado o dever de
garantir a posse e o uso pleno e exclusivo das terras pelos indígenas.
A criação, em 1910, do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) foi influenciada
pela atuação do Marechal Cândido Rondon, militar e sertanista brasileiro. Por
meio de seu trabalho, iniciou-se um novo tipo de política indigenista e os índios
passaram a ter direito de viver segundo suas tradições, bem como a proteção
passou a ser dada a eles em seu próprio território. Estabeleceu-se também a
proibição ao desmatamento de áreas ocupadas por grupos indígenas e buscou-se
garantir a posse coletiva, pelos indígenas, das terras que ocupavam.
Depois, em 1967, foi criada a Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão
governamental para defender os interesses indígenas.
Você sabia?
Na atualidade, a Funai é responsável por promover a educação básica aos
indígenas; demarcar; assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente
ocupadas; e estimular o desenvolvimento de estudos e levantamentos sobre os
grupos indígenas. A Fundação tem, ainda, a responsabilidade de defender as
comunidades indígenas, de despertar o interesse da sociedade nacional pelos
índios e suas causas, gerir o seu patrimônio e fiscalizar as suas terras, impedindo
as ações predatórias de garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras
que ocorram dentro de seus limites e que representem um risco à vida e à
preservação desses povos.
Em 1973, por meio do estabelecimento do Estatuto do Índio, o governo se
comprometeu a demarcar todas as áreas indígenas.
A Constituição brasileira de 1988 apresentou um
importante avanço no capítulo que consagrou os
direitos indígenas, pois reconheceu a eles direitos
permanentes, ou seja, suas organizações sociais,
línguas, tradições e os seus direitos originários às terras
que ocupam, passando a ser permanentemente
reconhecidos.
Política indigenista:
iniciativas formuladas pelo
Estado brasileiro a respeito
das populações indígenas,
orientadas por princípios
estabelecidos a partir do
contato dos povos
indígenas com a sociedade
nacional.
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A Constituição Federal de 1988 estabelece, entre outros artigos, direitos
assegurados aos povos indígenas:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º – São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as
por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos
ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
Laércio de Mello
Distribuição de terras indígenas
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2012, p. 112.
Competindo: de responsabilidade de alguém.
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Como é possível observar no mapa acima, existem muitos grupos indígenas
distribuídos ao longo do território nacional e grande parte deles ainda vive em
áreas sem demarcação, pois ainda estão sendo cumpridas fases como: estudos
de identificação, aprovação da Funai, contestações, declarações dos limites,
demarcação, homologação e, finalmente, o registro.
Apenas uma pequena parcela dos indígenas vive atualmente em terras
legalmente asseguradas. Mesmo assim, nesses lugares a proteção legal é
pequena, pois as terras são constantemente invadidas por mineradores,
garimpeiros e madeireiros.
Você já teve conhecimento de alguma notícia na televisão ou em jornais
sobre conflitos envolvendo grupos indígenas e invasões de suas terras?
Esses fatos são constantes, mas as notícias sobre eles nem tanto.
Pela Constituição Federal de 1988, é responsabilidade do Congresso Nacional
autorizar a exploração de riquezas minerais em terras indígenas, mas quando
essas concessões são feitas, os indígenas geralmente são explorados. São
frequentes também as invasões e desmatamentos ilegais, realizados de forma
violenta e sem punição.
A luta pelo pleno reconhecimento das organizações sociais e culturais para
que se assegure legitimidade e participação na vida nacional tem sido um luta
difícil de ser resolvida.
Concessões: permissões.
Pesquisando e aprendendo mais
Muitos grupos indígenas brasileiros ainda mantêm seus costumes,
tradições e forma de vida, muito embora tenham incorporado novos hábitos.
Atualmente, existem grupos que falam a língua portuguesa, utilizam dinheiro,
consomem alimentos e outros produtos industrializados, bem como vendem
alguma produção agrícola, extrativa ou artesanato próprio.
Várias questões referentes aos direitos dos indígenas são debatidas na
atualidade, desde a que quantidade de terra eles têm direito e quais seriam
os critérios ecológicos e históricos para determinar esses direitos, até a forma
como vivem e preservam os seus costumes.
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1.Forme uma equipe de trabalho com três colegas de sala e procurem em
jornais, revistas ou sites alguma notícia que envolva indígenas brasileiros
na atualidade.
2.Depois, copiem a notícia ou a recortem e a colem em uma folha, acompanhada de um breve resumo.
3.Nas
OP: oriente a escrita do resumo, apontando que o
necessário para a escrita desse gênero é destacar as
principais ideias do texto.
notícias pesquisadas, façam um levantamento dos problemas
enfrentados pelos indígenas e sobre as formas que eles lutam por seus
RESPONDA
ORALMENTE direitos.
Com a orientação do professor, debatam com os colegas sobre essas questões.
Os africanos e os afrodescendentes no Brasil
As chamadas políticas afirmativas são formas que a sociedade brasileira busca
encontrar para resgatar uma dívida com os descendentes dos africanos que foram
trazidos para o Brasil como escravos.
Afinal, foram inúmeras as violências cometidas no Brasil contra os africanos
desde o início da colonização.
Além do fato de terem sido tirados de seus locais de origem, foram transportados
em péssimas condições a um outro continente e vendidos como mercadoria.
Nesse processo, não houve respeito aos laços familiares, aos seus costumes e ao sentimento
de pertencer a um grupo que une os indivíduos
por tradições, história, língua, religião e costumes.
Políticas afirmativas: medidas
adotadas pelo Estado que visam
eliminar desigualdades e compensar
perdas provocadas por motivos
raciais, étnicos, religiosos, de gênero
e outros.
Você sabia?
Ao chegar ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver
formas de proteção contra a violência e repressão que sofriam. Contudo, os
senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta.
Desse modo, atribui-se que houve a adaptação de algumas danças praticadas
no continente africano para um tipo de luta, a capoeira, considerada uma arte
marcial com movimentos que lembram uma dança.
O nome dessa luta pode ter surgido devido ao local onde muitas vezes
as lutas eram praticadas, que eram em campos com pequenos arbustos
chamados na época de capoeira ou capoeirão.
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Representação de
africanos escravizados
praticando capoeira.
Johann Moritz Rugendas.
Jogo de capoeira ou
dança de guerra. Século
19. Litografia,
17 cm x 24,8 cm. Prancha
18. Viagem pitoresca
através do Brasil. Paris
(França): Casa Litográfica
Engelmann, 1835.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas e ficou
proibida no Brasil até 1930, quando foi declarada esporte nacional brasileiro
pelo então presidente da República Getúlio Vargas.
1.Os
africanos escravizados eram responsáveis pela produção de açúcar no
período colonial, muitas vezes em condições precárias.
a) Forme um grupo de trabalho com três colegas de sala e pesquisem em livros, revistas e sites como são as condições de trabalho na atualidade para
quem trabalha em uma usina de açúcar.
b) Em seguida, com base nas informações obtidas, façam um paralelo entre
a situação vivida pelos africanos escravizados no período colonial em relação à produção do açúcar e os trabalhadores das usinas e dos canaviais
na atualidade.
2.Com a ajuda e organização do professor, debata com a turma sobre as principais mudanças observadas e escreva um textos demarcando as mudanconduza a pesquisa sobre como acontece o corte de
RESPONDA
ças, bem como sua importância. OP:
NO CADERNO
cana na atualidade, destacando o desenvolvimento de
máquinas e colheitadeiras. Porém, informe que ainda persiste a exploração humana em muitas
regiões do plantio da cana.
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Resistência e luta
Os africanos escravizados no Brasil e seus
descendentes resistiram constantemente à
escravidão e lutaram de várias formas contra a
violência que lhes foi imposta.
De todas as formas de resistência, a fuga,
realizada individualmente ou em grupos,
constituiu-se a mais comum, possibilitando ao
africano buscar a sua liberdade.
Antonio Parreiras. Zumbi. 1927. Óleo sobre
tela, 115,5 cm x 87,4 cm. Museu Antonio Parreiras,
Niterói (RJ).
Mario Friedlander/Pulsar Imagens
Mesmo sendo caçados, recapturados e castigados, milhares deles conseguiram escapar da escravidão e fundar mocambos (esconderijos) e quilombos
(povoações).
Esses refúgios se espalharam pelo país, tais como o Quilombo do Ambrósio,
em Minas Gerais, e o maior e mais importante deles, o Quilombo de Palmares,
situado na Serra da Barriga, a 90 km de Maceió, em Alagoas.
Esse quilombo sobreviveu por quase 100 anos apesar dos ataques
constantes visando à sua destruição.
Barracão comunitário feito de
palha de babaçu. Comunidade
Quilombola de Mata Cavalo,
Mutuca. Nossa Senhora do
Livramento (MT), 2012.
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Na realidade, Palmares abrigou 12 quilombos unidos por trilhas na mata e
foi ali que viveu o famoso líder Zumbi, cujo nome quer dizer “Deus de guerra”.
Antes dele, Ganga Zumba foi o primeiro grande chefe conhecido do
Quilombo de Palmares. Era tio de Zumbi e celebrizou-se por ter assinado um
tratado de paz com o governo de Pernambuco, em que pedia liberdade para
os nascidos em Palmares e permissão para estabelecer comércio com os
moradores da região. Ganga Zumba foi morto pelos seus próprios seguidores,
que não aceitaram o acordo que ele fez com o governo, o qual, no entendimento
de alguns de seus companheiros, não atendia às necessidades da maioria da
população negra estabelecida nos quilombos.
Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura e
produziam o que precisavam para viver.
Zumbi dos Palmares nasceu livre em 1655, mas foi capturado quando tinha
por volta de 7 anos de idade, ficando sob a tutela de um padre católico até os
15 anos. Então, voltou para viver no quilombo, onde se destacou como guerreiro
em importantes batalhas contra os portugueses.
Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi tornou-se líder do quilombo dos
Palmares, comandando a resistência até 1694. Foi morto mais tarde, em 1695,
tendo sua cabeça exposta na praça central na cidade de Recife, em Pernambuco.
Trabalhadores livres e pobres muitas vezes também foram viver em quilombos, junto com os escravos fugidos.
OP: explique que naquele período partes dos corpos dos homens que se revoltavam eram expostas a fim de inibir
outras revoltas.
Você sabia?
A transformação do dia 20 de novembro em Dia da Consciência Negra é
um marco na luta pela igualdade racial brasileira. Essa data foi escolhida porque
Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência
contra a escravidão, foi assassinado em 20 de novembro de 1695.
Em 1995, trezentos anos depois de sua morte, Zumbi foi reconhecido como
herói nacional. Essa data tornou-se muito mais que uma data comemorativa,
passando a ser um dia de memória e reflexão sobre a atual situação da população
afrodescendente brasileira.
65
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Na atualidade, existem cerca de quinhentas comunidades chamadas de
remanescentes de quilombos espalhadas por vários estados brasileiros.
Laércio de Mello
Quilombos no Brasil
Fonte: IBGE e SCHWARCZ, Lilia Moritz; REIS, Letícia Vidor de Souza. Negras Imagens. São Paulo: Edusp, 1996. p. 26.
* Em 2001, foram identificados mais 19 quilombos.
Para serem reconhecidas, não é preciso que as comunidades tenham sido
formadas apenas por escravos fugidos. Mas precisam ter algumas características,
como uma população negra vivendo em área rural e cultivando a terra para sua
sobrevivência, além de costumes e tradições referentes às comunidades que
mais informações sobre a fundação e legalização de
ocupavam o quilombo de origem. OP:
quilombos no MP.
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Marco Antônio Sá/Pulsar imagens
Comunidade quilombola de Boa Vista. Parelhas
(RN), 2013.
Na atualidade, muitos descendentes dos escravos lutam na justiça para ter a propriedade coletiva
das terras em que vivem. A Constituição de 1988 reconheceu aos remanescentes das comunidades de
quilombos que estejam ocupando
suas terras o direito à propriedade
definitiva, devendo o Estado emitir
o título respectivo de posse.
Para refletir
1.Resgate o texto do capítulo e responda às questões no caderno.
a) Os africanos foram trazidos para o Brasil à força e nunca aceitaram a
escravidão. Anote em seu caderno quais as formas de resistência deles.
Espera-se que os alunos destaquem as fugas para os quilombos e as tentativas de
manter suas tradições.
2. Pesquise sobre o Dia Nacional da Consciência Negra e escreva um pequeno
OP: oriente os alunos a pesquisarem sobre quais as formas de celebrar
texto sobre essa data. esse
dia e o que é lembrado nas comemorações.
PESQUISA
3.Com o auxílio do professor, convide alguém que desenvolva um trabalho
ENTREVISTA
ligado ao combate à discriminação a ao preconceito em sua comunidade
ou cidade para dar uma palestra sobre a situação dos afrodescendentes
pode ser convidada uma pessoa ligada aos movimentos sociais em
na sociedade atual. OP:
defesa dos direitos dos afrodescendentes, um historiador, entre outros.
OP: mais orientações sobre essa palestra no MP. Caso a palestra não seja
possível, sugere-se uma pesquisa sobre essa temática.
O fim da escravidão africana no Brasil
A partir do ano de 1850, a escravidão no Brasil começou a perder força,
principalmente pela pressão de outros países que condenavam essa prática.
Internamente, também ficou mais intensa a campanha que defendia a
extinção da escravidão no país, como apresentado na Unidade 1.
Porém, o fim da escravidão não representou o início de uma vida melhor
para eles, pois além de continuar sofrendo preconceito, não receberam nada
pelos anos de trabalho que realizaram e não foram contratados como
trabalhadores livres, ficando sem trabalho e sem abrigo, ao mesmo tempo em
que conquistaram sua liberdade.
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Estudando o documento
1.Leia o texto a seguir. Trata-se de um depoimento do geógrafo Milton
Santos. Suas palavras retratam um inconformismo diante da escravidão
africana, bem como os reflexos dessa prática na sociedade atual.
OP: o depoimento de Milton Santos permite analisar um problema da sociedade brasileira. Sua opinião
nos permite refletir sobre a questão da discriminação racial no país.
Marcos Fernandes/CB/D.A Press
Em 1988, foi comemorado o Centenário
da Abolição da escravidão africana no
Brasil.
Em 1995, foram realizados inúmeros
eventos lembrando os trezentos anos da
morte de Zumbi de Palmares.
[...] É a comemoração de um grande
episódio histórico. Representa três séculos
de luta de um povo cuja participação na
história do Brasil não lhe tem permitido
todavia uma integração completa.
Geógrafo Milton Santos.
[...] Depois de trezentos anos, a desejada integração ainda
não se realizou. [...]
É uma comemoração utilizada por autoridades de todos os
níveis da Federação menos como maneira de encontrar reais
soluções e muito mais como uma manifestação de hipocrisia,
coisa que me parece abusiva e intolerável.
OP: esse último trecho do depoimento de Milton Santos necessita de
cuidado ao ser explorado. É um posicionamento pessoal que reflete
sua indignação com o que acredita ser uma ausência de políticas Gazeta do Povo, Curitiba, 20 nov. 1995. Caderno G.
efetivas no que toca à melhoria da situação dos afrodescendentes.
Os ex-escravos não foram contratados
Analise o texto e responda no caderno: como trabalhadores livres e continuaram
sofrendo preconceitos.
2.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Por que o fim da escravidão não foi sinônimo de uma vida melhor
para os ex-escravos e seus descendentes?
b) Você concorda com a opinião de Milton Santos? Justifique sua resposta.
Respostas pessoais.
Hipocrisia: fingimento; falsidade.
Abusiva: que faz uso incorreto ou ilegítimo; em excesso.
Intolerável: que não se pode tolerar.
68
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Para refletir
1.Leia o texto a seguir:
OP: a definição de cotas que reserva 20% de vagas para
afrodescendentes e 20% para alunos vindos da escola pública nos
vestibulares das universidades públicas no Brasil pode ser um dos
temas destacados, uma vez que ainda é um assunto que divide a
sociedade brasileira.
Ora, o que é embranquecimento e o que significa
embranquecer? Grosso modo, embranquecimento é o processo
simbólico ao qual o indivíduo via de regra precisa se submeter
para ser aceito em um grupo em que normalmente seria
repelido pelo fato de ser negro. [...] O embranquecimento é
um processo moderno de dominação do qual o negro na
sociedade brasileira não consegue escapar caso obtenha
alguma ascensão social. Não é uma questão de escolha para
ele, porque o embranquecimento é imposto pelo modo de
vida dominante. A mídia é o meio por excelência de
propagação desse modo de vida. [...] As mulheres e os homens
negros estão submersos em uma dinâmica social que os
obriga a todo momento a buscar dignidade social, apesar de
serem negros. Dizemos “apesar de” porque o resultado do
embranquecimento na prática é o reconhecimento do negro
bem-sucedido em alguma esfera da vida, apesar de ter a cor
que tem [...]
Jessé Souza. Os batalhadores brasileiros – Nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2012, p. 184-185.
2.Tendo como referência o tema abordado no texto e a observação em
RESPONDA
NO CADERNO
noticiários de jornais e de televisão, você já presenciou atitudes ou
fatos de possíveis conteúdos racistas em relação aos afrodescendentes?
a) Registre quais foram as ações que presenciou.
b) Pesquise se esses casos foram resolvidos, julgados etc.
3.Com ajuda do professor, faça com os demais colegas um texto coletivo
sobre o assunto pesquisado e debatido.
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Forme um grupo de trabalho com três colegas de sala e sob a orientação
do professor, sigam a seguintes etapas para a montagem de um jornal mural
organizado pela turma.
TEMA: Comentando a notícia
1a etapa
Escolha de temas e pesquisa
Escolham um dos temas abaixo para escrever a sua notícia:
a) Cada grupo escolherá um assunto da atualidade que esteja sendo
divulgado na imprensa escrita como:
• Conquistas
e debates com relação à discriminação aos idosos, aos
negros, aos homossexuais, às mulheres etc.
• Os indígenas brasileiros e a preservação de terras e de cultura.
• O esporte em suas várias modalidades.
b) Escolhido o tema, os grupos deverão pesquisar sobre ele. É importante
que os temas sejam contextualizados, bem como seja pontuada a forma
que essa questão é vista pela sociedade e como ela a impacta.
2a etapa
Organização do jornal
• A turma, juntamente com o professor, vai definir qual será o tamanho do
jornal, quantas páginas ele terá e escolher os assuntos que terão notícias
comentadas.
• O grupo vai decidir qual será a ordem dos textos e seus comentários,
definindo, assim, qual estará na capa, na segunda página e assim por
diante.
• Lembrem de variar os gêneros dos textos, contemplando reportagens,
entrevistas etc.
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••Em conjunto, as equipes podem fazer um rascunho sobre como serão
distribuídas as notícias e os textos, como também as fotos ou desenhos
que vão completar as reportagens.
••A escolha das notícias será feita por cada equipe e o texto comentado
sobre ela deve completar as informações da notícia que cada grupo
escolheu para chamar a atenção do leitor.
••Todas
as fotos ou desenhos precisam de uma legenda (explicação da
foto) e o nome de quem fez a foto ou desenhou a imagem.
3a etapa
Montagem do jornal
••Ao montar as páginas, é necessário que seja feita uma distribuição dos
textos, títulos, fotos e desenhos.
••O nome do jornal deverá ser escolhido pela turma e colado em letras
maiores no alto da primeira página (capa), onde virão pequenas “chamadas de capa” avisando sobre outras matérias e em que página estão.
••Se a turma desejar, podem ser inseridos alguns anúncios publicitários
criados pelas equipes envolvendo questões que considerem importantes para a comunidade em que vivem ou dicas de música, cinema e livros, além de charges sobre temas atuais.
4a etapa
Apresentação
Juntamente com o professor, as equipes vão definir um local para expor o
jornal para todos os alunos da escola.
Se possível, convidem seus familiares e amigos para lerem o jornal!
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UNIDADE
3
A República
Federativa
do Brasil
Você sabe
qual o motivo da
comemoração do dia
7 de Setembro?
Regimento de Cavalaria 9 de
Julho desfilando na
comemoração de 7 de
Setembro no Sambódromo.
São Paulo (SP), 2011.
72
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Alexandre Tokitaka/Pulsar Imagens
No dia
7 de setembro de 1822
aconteceu a Independência do
Brasil. Por isso, todos os anos
acontecem desfiles em várias
cidades do país nessa
mesma data.
OP: após ter trabalhado na unidade anterior com os conceitos de nação, estado e povo brasileiro, converse com
os alunos sobre a imagem desta unidade. Ela mostra um desfile cívico em comemoração à data de 7 de
Setembro quando, em 1822, aconteceu a Independência do Brasil. Destaque que o festejo e as comemorações
de acontecimentos ligados à história do país, do estado e do município fazem parte do processo de
preservação do Patrimônio Histórico dos agrupamentos humanos.
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Capítulo 1 - Divisão política do Brasil
Para começo de conversa...
Laércio de Mello
Brasil – Divisão política
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.
O Brasil, oficialmente denominado República Federativa do Brasil, está
localizado no continente sul-americano. O território nacional possui 8 514 876 599
quilômetros quadrados de área e com mais de 201 milhões de habitantes,
possui a quinta maior área territorial do planeta, bem como a quinta maior
população do mundo.
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1.Observe o mapa do Brasil atual, reflita e responda:
RESPONDA
ORALMENTE
as respostas vão variar de acordo
a) Em qual estado brasileiro fica a sua cidade? OP:
com a realidade dos alunos.
b) Qual a capital desse estado?
c) Em qual região do Brasil você mora?
d) Se você nasceu no Brasil, você é brasileiro. E quem nasce na cidade em
que você mora, como é denominado?
Mudanças na divisão política do Brasil
Laércio de Mello
Brasil – Divisão em províncias
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
O Brasil é formado pelo conjunto de 26 estados mais o Distrito Federal. No
território que compõe cada estado estão localizados os municípios. Um
município é o conjunto das áreas urbanas, suburbanas e rurais. Ao todo, existem
no Brasil mais de 5 500 municípios.
Mas nem sempre foi assim.
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Observe os mapas presentes neste capítulo. Eles representam a divisão
territorial do Brasil em vários períodos da nossa história.
A divisão em capitanias, como havia sido estabelecida no início da
colonização portuguesa, foi substituída pela divisão em províncias a partir de
1822, quando foi proclamada a Independência do Brasil.
As fronteiras dessas províncias durante o período do Império no Brasil
(1822-1889) não estavam totalmente definidas e posteriormente foram
modificadas. O mesmo ocorreu em relação às fronteiras do Brasil com os países
vizinhos.
No ano de 1889, quando foi proclamada a República no Brasil, as antigas
províncias em que estava dividido o país foram transformadas em estados,
como mostra o mapa a seguir.
Laércio de Mello
Brasil – Divisão política da República (1889)
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
76
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Quase na metade do século 20 aconteceram algumas mudanças muito
significativas na configuração dos estados brasileiros. Em 1943 o Brasil entrou
na Segunda Guerra Mundial, conflito que durou de 1939 até 1945 e envolveu
praticamente todos os países do mundo.
O Governo Federal brasileiro decidiu, nesse período, desmembrar sete
territórios para administrá-los diretamente.
Esses territórios eram considerados estratégicos, pois se encontravam em
pontos importantes nas fronteiras do país. Eram eles: Acre, Amapá, Rio Branco,
Guaporé, Ponta Porã, Iguaçu e o arquipélago de Fernando de Noronha.
Laércio de Mello
Brasil – Divisão política 1943
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
Territórios: regiões que não constituem estado e que
são administradas pela União, pelo Governo Federal.
Arquipélago: grupos de ilhas próximas umas das outras.
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Terminada a Segunda Guerra Mundial em 1945, cinco territórios desmembrados pelo Governo Federal permaneceram sob sua administração: Acre; Amapá;
Fernando de Noronha; Rio Branco, que foi renomeado como Roraima; e Guaporé,
que foi batizado de Rondônia em homenagem ao Marechal Rondon, personagem que teve grande atuação no contato com os indígenas da região. Ponta
Porã voltou a fazer parte do estado de Mato Grosso, e Iguaçu dos estados do
Paraná e Santa Catarina.
O território de Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de
Pernambuco somente em 1988.
Para refletir
1. Observe cada um dos mapas expostos no subtítulo “A divisão do território”.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Em seu caderno, construa um quadro indicando as mudanças que
ocorreram de um mapa para outro. Insira uma coluna para cada um
dos mapas (1822, 1889 e 1943).
b) Indique, também, qual foi o contexto histórico responsável pelas
mudanças. Caso ache necessário, pesquise mais informações em
livros e na internet.
Em 1960, uma parte do estado de Goiás passou a abrigar a nova capital do
Brasil, Brasília, tornando-se Distrito Federal (que antes ficava na cidade do Rio
de Janeiro, que era o centro administrativo do país).
Em 1979 o estado do Mato Grosso foi dividido em Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, e em 1988 uma parte do estado de Goiás foi desmembrada,
sendo criado mais um estado brasileiro, Tocantins.
Os territórios do Acre, Rondônia, Roraima e Amapá tornaram-se estados
entre 1962 e 1988.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Observe os mapas das páginas 74 a 78 e responda no caderno:
RESPONDA
NO CADERNO
a) Mudou o nome do estado onde fica a sua cidade?
b) As províncias de São Paulo e Grão-Pará deram origem a quais estados?
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2.Forme uma equipe com três colegas para desenvolver uma pesquisa em
livros, revistas e sites sobre o contexto histórico em que foram criados ou
anexados os estados apontados a seguir, determinando a área que ocupam,
a população atual, a escolha da capital, a escolha do nome, entre outros.
••Criação do Distrito Federal no estado de Goiás e a construção de Brasília.
••A cidade do Rio de Janeiro enquanto era a capital do Brasil.
••Divisão do estado do Mato Grosso em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
••Criação do estado do Tocantins.
••Anexação do Acre ao Brasil.
mais informações
••Transformação em estado do território de Rondônia. OP:
sobre essas
••Transformação em estado do território de Roraima. mudanças no MP.
••Transformação em estado do território do Amapá.
3.Após a conclusão da pesquisa pelo grupo e segundo as orientações do
professor, a equipe pode apresentar seu trabalho para os colegas da turma e fixar, por meio de um cartaz, alguns dados no mural da sala.
A cidade e o município
A seguir, é apresentada a letra de uma música de Chico Buarque, na qual
o compositor fala sobre a passagem de uma banda pela cidade.
A Banda
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
[...]
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem.
Faroleiro: no
sentido figurado,
indivíduo dado a
fingimentos, cujo
objetivo é chamar a
atenção.
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A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
[...]
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Chico Buarque. A banda. Chico Buarque de Hollanda. São Paulo: RGE, 1966, LP.
Estudando o documento
Composições musicais podem ser importantes documentos históricos. A
análise das letras de forma contextualizada permite conhecer sobre o período
em que foi escrita, sejam situações cotidianas, questões sociais, políticas, entre
outros aspectos. Vamos analisar a letra da canção e descobrir o que ela pode
nos dizer sobre a cidade?
1.Analise a referência da letra da música. Quem a escreveu? Pesquise inforRESPONDA
NO CADERNO
mações sobre o compositor.
Chico Buarque. Espera-se que os alunos encontrem informações
sobre a contribuição de Chico Buarque à música brasileira.
2.Leia novamente a letra da música e responda no caderno:
descreve um evento, a passagem de uma banda por uma
a) Sobre o que ela fala? Ela
cidade, agitando os moradores.
b) Quais são as personagens que aparecem no texto e as ações de cada
sério – contava dinheiro; faroleiro – contava vantagem; namorada – contava estrelas;
uma?Homem
moça triste – sorriu; meninada – se assanhou; velho fraco – se esqueceu do cansaço e dançou.
c) De acordo com a sua interpretação, por que as personagens da canção agiram de forma tão inusitada?
OP: espera-se que os alunos compreendam que a passagem de uma banda era um evento
diferente, que reunia toda a cidade, e os agitava.
80
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Na atualidade, na maioria das cidades, a passagem de uma banda seria um
fato bastante curioso. Até cerca de cinquenta anos atrás era comum esse tipo
de evento narrado na música.
Cleber Moraes/C. Commons
Em muitas cidades havia um coreto na praça principal, onde as bandas
locais faziam apresentações para a população.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
Coreto da Praça da
Estação. São
Lourenço (MG). Na
atualidade, muitas
cidades do interior
ainda têm coretos,
nos quais acontecem
apresentações
musicais e discursos
de políticos.
Fanfarra Municipal
da Comunidade
Alaor Fancal de
Caraguatatuba. São
José dos Campos
(SP), 2012.
Até a década de 1980 ainda era muito comum que as
escolas tivessem um grupo de alunos que tocavam vários
instrumentos na chamada fanfarra ou banda escolar.
Coreto: espécie de
palanque, em praça
pública, para a
apresentação de
concertos.
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Essas bandas eram formadas por membros de uma mesma instituição ou
grupo e os instrumentos tocados eram, em geral, de sopro e percussão.
Na atualidade, quando nos referimos a uma banda, normalmente pensamos
em um grupo formado por poucos músicos, que tocam guitarra, baixo e bateria,
como no caso das bandas de rock.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Pergunte às pessoas da sua família, e pessoas que tenham mais de 50
ENTREVISTA
anos de idade, se elas conheceram ou participaram de alguma banda
ou fanfarra no período em que eram mais jovens. Anote no caderno o
depoimento dessas pessoas.
2. Questione sobre como era a vida no lugar em que elas moravam quando
RESPONDA
NO CADERNO
crianças, perguntando:
••Como eram os passeios e as atrações culturais que ocorriam no lugar
onde moravam?
••Como era o comércio e o movimento das lojas?
••Como eram as relações entre os vizinhos?
1.Leia o texto abaixo.
O espaço nas grandes cidades se esgarça e se aperta. As distâncias
entre os bairros crescem. Mas os edifícios, os blocos habitacionais
concentram milhares de pessoas em espaços reduzidos. Concentração
física que, ao mesmo tempo, cria uma série de mecanismos de
distanciamento.
Muitos não sabem quem são os vizinhos de porta ou dos andares
de cima ou de baixo. E nem querem saber, para proteger a própria
privacidade de uma invasão muito próxima.
desfia; rompe.
A concentração dá-se ainda no mundo do Esgarça:
Privacidade: intimidade.
comércio.
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As pequenas vendas conservavam um ar de relações pessoais. O
dono era conhecido e os fregueses, sempre os mesmos, mantinham
uma relação de proximidade. Compras a prazo ou fiado, uso de
cadernetas, tudo na base do conhecimento pessoal e da confiança.
Os shopping centers transformaram totalmente tal tipo de
comércio, reunindo num único e amplo espaço as mais diversas
lojas no absoluto anonimato de quem vende e compra.
A cidade opera assim a destruição dos espaços tradicionais de
moradia, de comércio, de trabalho, de trânsito. Isola os ricos em
mansões-fortaleza ou em condomínios fechados ou os encerra em
edifícios protegidos. E aí se desconhecem uns aos outros.
Os pobres amontoam-se em favelas, de modo que a privacidade
é absolutamente negada.
Os espaços são invadidos pelo som do vizinho.
João Batista Libanio. As lógicas da cidade: o impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Loyola, 2001, p. 48.
a) Forme uma dupla com outro colega e pesquisem em fontes diversas sobre
o comércio, o espaço e os vizinhos na sua cidade.
b) Para finalizar o trabalho, construam no caderno um quadro comparativo
com duas colunas.
RESPONDA
NO CADERNO
Escrevam em uma coluna como eram as características das cidades segundo
o texto e na outra coluna, como elas são na atualidade.
O ritmo das cidades
O ritmo de vida na maioria das cidades mudou bastante na atualidade,
principalmente pelo crescimento delas e surgimento de novos bairros,
aumentando as distâncias entre o local de trabalho e as moradias.
A utilização dos espaços antes ocupados, na maioria das vezes, por casas,
cedeu lugar para os edifícios com muitos apartamentos. Essa nova forma de
moradia gerou também modificações nas relações entre as pessoas. Tanto os
bairros como o centro das grandes cidades passaram
Fiado: vendido à crédito;
por intensas transformações, visando, na maioria das
para pagar depois.
vezes, melhorar o fluxo das pessoas, o trânsito dos carAnonimato: que oculta o
nome.
ros e a organização do comércio e dos serviços.
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Veja nas imagens como esse processo se desenvolveu no centro da cidade
de São Paulo.
Acervo Museu da Imigração
Observe as imagens que mostram o chamado Parque D. Pedro II, importante
terminal de ônibus situado próximo à Igreja da Sé em três períodos diferentes.
Folhapress
Parque D. Pedro II, no ano de
sua inauguração, já servido por
uma linha de bonde elétrico,
1922.
Felipe Mostarda/W. Commons
Parque D. Pedro II, 1985.
O Terminal Parque D. Pedro II,
com o centro de São Paulo ao
fundo, 2009.
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Estudando o documento
O uso de imagens visa articular seus elementos com o texto, buscando
favorecer a compreensão dos temas abordados. Assim como ocorre com outras fontes históricas, sejam textos, documentos, obras de arte, as fotografias
podem também ampliar as informações sobre o tema estudado.
1.Observe as fotografias que retratam o Parque D. Pedro II, em São Paulo,
em diferentes períodos ao longo dos anos.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Faça uma lista no caderno apontando as diferenças que você notou
em relação ao movimento de pessoas, às construções, ao modelo e à
quantidade de veículos.
2.Em sua opinião, por que foram feitas mudanças nas paisagens das cidades
com o passar do tempo?
3.Procure em jornais e revistas imagens de três cidades na atualidade.
••Recorte-as e cole-as no seu caderno, indicando o nome da revista ou
jornal de onde foram retiradas e a quais cidades se referem.
••Em seguida, destaque no caderno quais semelhanças e diferenças você pode notar entre as cidades retratadas.
O município
O município é o conjunto das áreas urbanas, suburbanas e rurais que é
gerido pela sede da administração municipal.
João Prudente/Pulsar Imagens
A cidade é apenas a parte urbana
de um município. Todos os municípios
são formados pela cidade e pelo
campo, também chamado de zona
rural. Na zona urbana ficam a prefeitura
e a Câmara de Vereadores, além de
nela se concentrar os principais serviços
ligados à saúde, ao transporte, à
educação, ao comércio etc.
Vista aérea das zonas urbana e rural do
município de Santo Antônio de Posse (SP), 2012.
Urbana: referente à cidade.
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Pesquisando e aprendendo mais
1.Para você conhecer mais algumas informações sobre a cidade e o municí-
pio onde mora, pesquise informações sobre os itens abaixo em bibliotecas
virtuais ou no acervo da sua escola. Junte-se a outro colega e mãos à obra!
a) Em que ano foi fundado o município?
b) Quais nomes ele teve em sua história?
c) Quem foram os primeiros moradores? De onde vieram?
d) Quais são as principais atividades econômicas do município?
e) Quais são os símbolos (bandeira e brasão) do município? O que eles
representam?
f) Quais são os principais meios de transporte do município?
2. Organizem as informações em um cartaz e ilustrem a pesquisa com desenhos
e fotografias, antigas ou atuais, do seu município, expondo o cartaz no
mural da sala de aula.
A administração do município
Todos nós somos responsáveis por cuidar do lugar em que moramos.
Pelos acontecimentos da rua, do nosso bairro e da cidade experimentamos
de fato a realidade do nosso país, pois é nesses espaços que vivemos e que
podemos atuar.
Somos responsáveis também por escolher bem as pessoas que administram
nosso município, nosso estado e o país.
Quem governa os municípios e deve cuidar do seu desenvolvimento são
os prefeitos. Quando eles se ausentam do seu cargo, por motivo de viagem ou
falecimento, por exemplo, são substituídos pelos vice-prefeitos.
A Câmara de Vereadores têm como função principal elaborar e aprovar leis
que atendam às necessidades da população municipal. O número de vereadores
de cada município é determinado pelo número de habitantes.
Os cidadãos que ocupam tais cargos devem defender os interesses da
população, pois são seus representantes, e não podem privilegiar interesses
particulares ou de um restrito grupo de pessoas. Mandato: autorização que alguém
Os prefeitos e vereadores são eleitos pela confere a outro para praticar em seu
população por meio de voto direto, para um nome determinados atos; poder
delegado pelo povo ao político eleito.
mandato de quatro anos.
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Você sabia?
Na época do Império no Brasil (1822-1889) as Câmaras Municipais das
cidades eram compostas de nove membros e um secretário.
Uma das funções da Câmara era guardar toda a renda (dinheiro) e outros
pertences de valor do município. Cabia aos vereadores zelar pela execução
da limpeza e iluminação das ruas, pela segurança dos edifícios, prisões,
calçadas, poços e tanques, além da conservação das plantações de árvores.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Com a ajuda do professor, você deverá pesquisar em jornais atuais de sua
região e buscar as seguintes informações, escrevendo no caderno:
RESPONDA
NO CADERNO
a) Qual o nome do prefeito do seu município?
b) Qual o nome do vice-prefeito?
c) Quais são alguns dos vereadores do município em que você mora?
d) Quais são as atribuições dos vereadores?
OP: oriente os alunos que a participação pode ir além do voto. A organização da comunidade
e) Como a atuação dos vereadores e do prefeito é vista pela população?
para solucionar problemas, reivindicar melhorias, entre outros, é muito importante para o
funcionamento e desenvolvimento do município.
2.Tendo como referência a pesquisa feita sobre a atuação dos vereadores e
do prefeito do seu município, converse com seus colegas de sala e com
o professor sobre as questões a seguir:
a) O que você pode fazer para colaborar no município onde mora?
b) O que os adultos podem fazer para colaborar com o funcionamento
e desenvolvimento desse município?
c) O que as pessoas do governo podem fazer para que todos tenham
uma vida melhor?
d) A principal função é a de representar a população do município, buscando saber quais são os problemas. A mais
conhecida das atribuições dos vereadores é propor leis visando atender às necessidades do município. Cabe a eles
também realizar a fiscalização e o controle das contas públicas, bem como a avaliação permanente das ações do
prefeito.
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Capítulo 2 - Cada cidade, muitas histórias
Para começo de conversa...
Em resultado de um desenvolvimento mais ou menos espontâneo
ou de um projeto deliberado, todas as cidades do mundo são a
expressão material da diversidade das sociedades através da
história, sendo, por esse fato, históricas. [...]
Ora, elas estão ameaçadas pela degradação, desestruturação
ou destruição, consequência de um tipo de urbanismo nascido na
industrialização e que atinge hoje universalmente todas as
sociedades. [...]
Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, Centro de Estudos de Museologia, ano 7, n. 15, 1999.
Antonio Scorza/Shutterstock
O Pelourinho em
Salvador, na Bahia, é
chamado de Centro
Cultural do Mundo
pela Organização das
Nações Unidas para a
Educação, Ciência e
Cultura (Unesco).
2013.
Deliberado: decidido; resolvido.
Degradação: desgaste; estrago.
Desestruturação: perda da forma.
Universalmente: por todas as pessoas; na totalidade.
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Sergio Ranalli/Pulsar Imagens
A Ilha de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, é reconhecida historicamente por ser a terceira
cidade mais antiga do país.
A fim de proteger as cidades e os Patrimônios Históricos dessa degradação,
em 1987 foi elaborada a Carta de Washington, com o objetivo de mostrar a
importância das cidades como patrimônio de toda a humanidade. Um
patrimônio é um bem que as pessoas e os grupos possuem. Cuidar dele é um
dever de todos.
Todo lugar, cidade, povoado ou vila tem muitas histórias. São pedaços de
memória de cada um que nele habitou ou que ainda habita.
Existem também os grandes fatos que ali podem ter acontecido e mudado
a vida de muita gente.
1.Leia novamente o fragmento de texto e observe as imagens que retratam o
RESPONDA
ORALMENTE
Pelourinho, situado no centro histórico de Salvador, na Bahia, e a vista da
cidade de São Francisco do Sul, no estado de Santa Catarina.
2.Por que o texto do documento afirma que todas as cidades são consideradas
históricas? Porque todo lugar possui várias histórias e cada uma dessas histórias pode ser lembrada pela
memória daqueles que vivem ou viveram nesses lugares.
3.Reflita sobre as construções ali retratadas.
a) Na sua opinião, esses conjuntos arquitetônicos precisam ser preservados?
Por quê?
Espera-se que os alunos defendam a preservação dos prédios, praças e afins, refletindo
sobre a preservação da memória de cada um deles.
b) Converse com seus colegas sobre a importância de se manter a memória
dos lugares e quais poderiam ser os meios para se conseguir isso.
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A preservação do Patrimônio Histórico
A preservação do Patrimônio Histórico é encarada na atualidade como
uma questão de cidadania, uma vez que se preserva um bem cultural não só
pelo seu valor estético, arquitetônico ou histórico. Ele é preservado se tem
significado para a comunidade em que está inserido, se contribui para a
construção de uma identidade cultural e, consequentemente, deve gerar uma
participação da comunidade nesse processo.
Tendo como objetivo a preservação da memória e da História do Brasil, a
Constituição Federal promulgada em 1988 estabeleceu que:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Parágrafo 1. O poder público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro por meio
de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
e de outras formas de acautelamento e preservação.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. 37 ed. Brasília: Câmara dos Deputados/Edições Câmara, 2013.
(Série Textos básicos, 73).
Conforme determina a Constituição de 1988, a
identificação dos bens culturais materiais e imateriais
com possibilidades de integrar o Patrimônio Cultural
brasileiro reconhecido pelo poder público deve ter
relevância para a memória, a identidade e a formação
da sociedade brasileira.
Preservação: conservação.
Tombada: colocada sob a
guarda do Estado para
conservação e preservação.
Inventários: listas de bens.
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Um requisito fundamental para a titulação de Patrimônio Cultural da
humanidade é a sua continuidade histórica por meio da preservação de suas
manifestações culturais, transformadas e atualizadas, a ponto de se tornarem
referências para as comunidades que as mantêm e as transmitem no tempo.
Cada povo, cada localidade, tem também formas próprias de se distinguir
por meio do seu Patrimônio Cultural imaterial, tais como festas, danças, músicas,
expressões, lendas, celebrações, conhecimentos e técnicas, assim como
instrumentos, artefatos e lugares que carregam em si uma identidade da
comunidade e são importantes para a preservação da memória coletiva.
Nos últimos anos existe uma forte tendência em valorizar não apenas o
Patrimônio Material como também aquele de natureza imaterial, produto da
diversificada e forte presença da natureza no cotidiano dos grupos humanos
que vivem no Brasil.
Ricardo Azoury/Pulsar Imagens
O que denominamos como Patrimônio Natural, por sua vez, é todo local
cuja natureza tenha relevância para uma população e que possua relações
significativas com a sociedade, por causa das lendas e da história, além das
relações econômicas a ele associadas. A raridade ou a beleza de seu conjunto
também recebe a classificação de Patrimônio Natural.
Cataratas do
Iguaçu no
Parque Nacional
do Iguaçu. As
Cataratas foram
tombadas como
Patrimônio
Natural pela
Unesco. Foz do
Iguaçu (PR), 2014.
91
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Pesquisando e aprendendo mais
1. E na sua região? Existem Patrimônios Naturais? Em dupla com um colega
RESPONDA
NO CADERNO
de classe, faça uma pesquisa sobre os Patrimônios Naturais do estado
em que vocês moram. Respostas pessoais.
a) Descubram se há algum Patrimônio Natural tombado no estado.
b) Indiquem que belezas naturais do seu estado vocês gostariam que
fossem preservadas como um Patrimônio Natural.
c) Anotem as informações no caderno.
1.Após a pesquisa desenvolvida na atividade “Pesquisando e aprendendo mais”,
RESPONDA
NO CADERNO
reflita e responda:
a) Qual elemento natural você gostaria que fosse preservado na sua cidade
ou próximo a ela?
b) Por que esse espaço ou paisagem é importante para você e seu estado?
2.Escreva um texto apresentando essas respostas e conclua falando sobre a importância da preservação dos espaços naturais.
A história dos lugares
A história é também formada por pedaços de memórias e visões das
pessoas que ao longo do tempo ali viveram. São os relatos orais ou escritos, o
registro fotográfico do dia a dia de seus moradores, as lembranças de
experiências vividas que também contam a história dos lugares.
O espaço da cidade não se traduz apenas na sua dimensão física, que pode
ser medida em metros ou quilômetros. Esse espaço tem também o olhar e o
sentimento das pessoas.
92
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Cayambe/W. Commons
Todas as pessoas deixam suas marcas nos lugares em que vivem: nas casas
que constroem, no jeito de viver e trabalhar, no modo como se divertem e nas
festas que fazem.
O relógio situado
na Praça Siqueira
Campos, datado de
1930, é um referência
da cidade de Belém
(PA).
As marcas deixadas por algumas pessoas tornam-se mais destacadas,
porque em determinados momentos os acontecimentos que as envolveram
tiveram influência sobre a vida do lugar ou dos grupos que ali viveram.
Luan/W. Commons
Assim, por razões variadas, as marcas da existência ou das realizações de
algumas pessoas ficam preservadas em grandes obras ou construções, em
nomes de ruas e praças, estradas e aeroportos, escolas e parques.
A Avenida Sete
de Setembro, em
Salvador, relembra
a data da
Independência
do Brasil.
A mesma cidade que lembra a própria história de várias maneiras, muitas
vezes faz com que se perca essa história pelo descaso na preservação do seu
patrimônio.
93
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A prática de criar monumentos, erigir estátuas, dar nomes às praças e ruas
para enaltecer alguns personagens da nossa história, cuidando para que fiquem
na memória da população, é constante nas cidades do mundo inteiro, e também
no Brasil.
Porém, a memória das pessoas ou de uma comunidade também permite relembrar as experiências vividas
por seus moradores em outros tempos e manter vivas as
tradições de um grupo e do lugar em que vivemos.
Erigir: erguer; construir.
Enaltecer: tornar glorioso;
engrandecer.
Para refletir
1.Veja o que diz o Capítulo III, Seção II, da Constituição Federal brasileira sobre Patrimônio Cultural:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem: [...]
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
e científico.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. 37 ed. Brasília: Câmara dos Deputados/Edições Câmara, 2013.
(Série Textos básicos, 73).
2.Agora que você já leu o Artigo 216, reflita e responda:
a) Onde você mora, existem ruas ou monumentos que homenageiam
pessoas ou acontecimentos? Quais?
b) Qual a importância desses locais para sua cidade ou município?
3. Escolha um edifício, praça ou monumento que você considera importante
PESQUISA
para o local onde vive. Pesquise informações sobre esse patrimônio e
nesta pesquisa o aluno poderá confrontar os conceitos de história e
anote no caderno. OP:
memória. Muitas vezes algo que é importante para ele, por fazer referência
a uma lembrança, historicamente pode ter outra importância.
a) Quem ou o que é relembrado pela construção que escolheu?
b) Por que a escolheu? Qual a importância dela para você?
c) Converse com os colegas sobre a sua pesquisa.
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Pesquisando e aprendendo mais
1.Não apenas os monumentos, praças e museus guardam a história de uma
cidade. Ela também está na memória da sua população, relembrada em
datas oficiais criadas para recordar acontecimentos da história do
resgate quais são as datas comemoradas no seu município, a fim de auxiliar os
município. OP:
alunos na pesquisa.
a) Anote no caderno quais são as datas oficiais do município onde você
mora.
b) Procure saber o que se comemora em cada uma delas e converse
com os seus colegas como elas colaboram para a preservação da
história da comunidade em que vocês vivem.
2.Forme uma equipe de trabalho com dois colegas e produzam um cartaz
sobre um Patrimônio Cultural do Brasil seguindo os passos abaixo:
••Escolham um deles e indiquem se é um Patrimônio Cultural material
(como um Parque Nacional, um conjunto arquitetônico, ruínas) ou
imaterial (como uma música, dança, comida).
••Apresentem o local onde ele se situa e suas características.
••Informem quando e por que esse bem cultural foi transformado em
patrimônio.
••Ilustrem a pesquisa com fotos e/ou desenhos.
••Indiquem fontes de pesquisa (sites, livros, vídeos
etc.) para que os
leitores do cartaz possam encontrar outras informações sobre o
patrimônio apresentado.
3.Com a orientação do professor, organizem uma exposição dos trabalhos
no mural da escola.
a) Prepare um texto para sua apresentação, explicando o porquê da
escolha.
b) Agendem um dia para apresentar a exposição de trabalhos às pessoas
da comunidade.
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Capítulo 3 - A cidadania em construção
Para começo de conversa...
Ato Institucional n.º 5, de 13 de dezembro de 1968
OP: é importante contextualizar o período militar, destacando algumas das supressões de
dos cidadãos, e pontuar que a instituição do AI-5 implicou perda de diversos direitos
[...] direitos
pela população. A validade desse Ato foi até 1984, quando foi encerrada a ditadura no Brasil.
Art. 3º – O Presidente da República, no interesse nacional,
poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as
limitações previstas na Constituição.
Parágrafo único – Os interventores nos Estados e Municípios
serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as
funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores
ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens
fixados em lei.
Art. 4º – No interesse de preservar a Revolução, o Presidente
da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as
limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos
políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar
mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
[...]
§ 1º – O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos
poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de
quaisquer outros direitos públicos ou privados.
[...]
Brasil. Ato Institucional nº 5. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-05-68.htm>. Acesso em: 4 jun. 2014.
OP: espera-se que os alunos comentem o direito de votar e ser votado, e de participar de manifestações e
organizações políticas.
1.O Ato Institucional nº 5 foi implantado no Brasil no período da Ditadura Militar
RESPONDA
ORALMENTE
96
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(1964-1984), com caráter de lei. Releia atentamente os artigos, reflita e responda:
a) Quais são atualmente os direitos políticos dos brasileiros?
Os alunos podem comentar o direito ao voto e à manifestação.
b) A suspensão dos direitos políticos é um ato Interventores: político
escolhido pelo presidente
democrático? Converse com os colegas sobre o
para governar o estado.
que acham que a democracia deve garantir às
Prerrogativas: direitos.
estimule os alunos a conversarem sobre os direitos
pessoas. OP:
políticos, a necessidade de cada um respeitar o direito do outro, e o direito à
participação. Destaque que o direito à participação política é um dos mais
importantes da democracia.
24/07/14 19:02
Democracia passo a passo
Na democracia as pessoas podem participar das decisões sobre a
administração pública dos países onde moram.
A formulação de leis e regras sociais foi usada pelos diferentes grupos
humanos ao longo da história para garantir a organização e a convivência das
sociedades.
O exercício da democracia precisa acontecer na prática, principalmente no
que diz respeito ao cumprimento dos direitos de todos.
A democracia surgiu na cidade-Estado de Atenas, no século 5º a.C. Ali, os
cidadãos tinham o direito de expressar sua opinião e defender suas ideias.
Participar era um direito, mas também um dever. As reuniões aconteciam na
praça e as decisões eram tomadas depois de intensos e acalorados debates.
No entanto, essa participação direta dos cidadãos nas decisões só era
possível porque apenas uma pequena parte da população tinha esse direito.
Mulheres, escravos e estrangeiros não podiam participar.
Mesmo assim, essa forma de governo foi uma grande conquista para a
época, pois ela se opunha aos regimes autoritários em que não era possível
opinar sobre os rumos da comunidade.
Porém, com a dominação dos romanos sobre a Grécia antiga, a democracia
praticamente desapareceu.
No século 17, na Inglaterra, o abuso de poder dos reis fez com que as
pessoas passassem a contestar os direitos dos monarcas e a propor novas
formas de governo.
A partir do século 18, em alguns países começou a
ser desenvolvida uma nova prática de democracia representativa, ou seja, os cidadãos não participavam pessoalmente das reuniões de governo ou das decisões políticas,
mas deviam eleger representantes para defender os seus
interesses.
Os cidadãos escolhiam, por meio de eleições, quem os
representaria nos governos. O voto, desde então, tornou-se
o principal mecanismo de participação popular.
Democracia:
doutrina ou regime
político baseado na
soberania do povo,
com liberdade de
expressão,
participação pelo
voto, divisão dos
poderes e controle
da autoridade.
97
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José Cruz/Abr/W. Commons
Sessão do congresso brasileiro. No Brasil, os deputados são eleitos para compor o Congresso
Nacional, representando o povo. 2007.
Contudo, até o início do século 20, na maioria dos países o voto era
censitário, ou seja, para votar o eleitor deveria ter uma renda mínima. Dessa
forma, boa parte da população não participava das decisões.
Leia a seguir o texto publicado no jornal Gazeta do Povo.
No Brasil, o voto é obrigatório e quem não comparece às urnas
tem sanções que vão de problemas para fazer documentos até
impossibilidade de assumir cargos públicos. Porém, mais que os problemas administrativos, especialistas apontam que deixar de votar
traz consequências para a democracia. “Viver em um sistema democrático tem o ‘ônus’, que é a participação. Se o cidadão quer ter vez e
voz, ele tem de assumir esse papel que é escolher os representantes”,
comenta o professor de ciência política Marco Rossi.
Para ele, exercer o voto numa democracia é mais que um
direito, mas um dever. “Se esse é um dos principais formatos de
participação que temos, é ali que precisamos atuar”, defende. Ele
lembra que, neste ano, completam-se 50 anos do golpe que levou o
país a uma ditadura militar e que votar conscientemente pode afastar a possibilidade de um novo governo autoritário. “Tivemos um
tempo em que as pessoas não podiam se expressar nem escolher
representantes. Agora há essa possibilidade”, afirma Rossi.
O voto, seguido do acompanhamento dos eleitos, é um exercício
de cidadania que só melhora se for feito repetidamente. “Temos de
votar sempre. Às vezes vamos nos arrepender. Mas sempre que
persistimos no voto, essa instituição se fortalece”, diz.
Gazeta do Povo, Curitiba, 20 abr. 2014. Caderno Vida Pública.
98
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Para refletir
1.Depois de ler e refletir sobre a democracia do nosso país, responda às
questões no caderno.
RESPONDA
NO CADERNO
Atualmente há uma maior participação, já que todos os cidadãos maiores
de 18 anos ou, se quiserem, os maiores de 16 anos, têm direito a votar. Já
na Grécia antiga, por exemplo, mulheres e escravos não participavam.
a) Em relação à participação das pessoas na vida política, que diferença
observamos entre a democracia no Brasil atual e a democracia grega?
b) O que é uma democracia representativa?
Por meio do voto os eleitores escolhem os
seus representantes. Esses representantes é
que vão tomar as decisões.
A Constituição brasileira de 1988
W. Commons
Na maioria dos países, a Constituição é o documento principal que regula
e orienta as ações da sociedade.
No Brasil foram feitas várias Constituições desde a nossa independência de
Portugal.
A Constituição de 1988, chamada também de Constituição Cidadã, contou
com intensa participação da sociedade brasileira em sua elaboração, principalmente
por meio de debates públicos e propostas populares, buscando refletir os
princípios democráticos.
OP: comente que
emendas constitucionais
(complementos e novas
leis) foram feitas após
1988 e também
compõem a Constituição
Brasileira.
O presidente da Câmara
dos Deputados, Ulysses
Guimarães, segurando a
nova Constituição Federal
do Brasil em 1988.
Ela foi criada após o período da Ditadura Militar. Nos anos caracterizados pela
abertura política (1984-1989), os brasileiros lutaram pela restituição dos seus direitos
e da democracia no país. A Constituição de 1988 é um resultado dessa luta.
Em seus nove títulos e 245 artigos, além de outros setenta que se referem
a disposições transitórias, a nova Constituição brasileira de 1988 abarcou os
aspectos fundamentais para o exercício da cidadania. A consolidação da cidadania
99
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vem sendo obtida no decorrer de muitas lutas e consiste no conjunto de direitos
e deveres da pessoa, não como uma concessão do Estado, mas como uma
conquista do povo. O fato desses direitos e garantias individuais encontrarem-se
inscritos no texto constitucional não são, porém, suficientes para que a cidadania
seja efetivamente conquistada, uma vez que ainda vemos grande parte das
pessoas excluídas, sem acesso a uma vida saudável e sem atendimento aos
direitos básicos de moradia, saúde, saneamento básico, emprego e lazer.
O caminho para que a democracia se efetive requer que certos princípios
sejam observados, como: o princípio da igualdade, da liberdade, do respeito à
diversidade, da solidariedade e da participação.
A aplicação desses princípios não pode ser restrito por critérios de gênero,
idade, cor, credo ou condição social. É universal.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Em grupos organizados pelo professor, façam uma pesquisa sobre a Constituição de 1988.
OP: se possível, organize uma mostra escolar com a participação de outras
turmas e da comunidade.
a) É importante que sejam destacadas as modificações referentes à participação
política em comparação ao AI-5, apresentado no início do capítulo.
b) A partir da pesquisa, organizem um Manual dos Direitos dos Brasileiros.
Indiquem quais entre eles vocês compreendem que são os principais
direitos, ilustrem o manual e o apresentem para o restante da turma.
Os caminhos da cidadania com relação aos direitos das mulheres também
foram e continuam sendo muito difíceis.
Somente em 1984 o país se tornou signatário do Comitê sobre a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres (Cedaw, da sigla em inglês), comitê da
Organização das Nações Unidas (ONU), em cujos encontros são elaborados
relatórios que constituem recomendações de leis ou revisão de textos legais aos
países que fazem parte do grupo.
Depois, em 1994, aconteceu a Convenção de Belém do Pará, que ficou
conhecida como Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher, adotada pela Assembleia Geral das Organizações dos
Estados Americanos (OEA), e em 2003 foi criada a Secretaria de Enfrentamento à
Violência contra as Mulheres, do governo federal, Gênero: grupo de seres que tem
com o objetivo de combater a violência contra características essenciais iguais.
que ou aquele que
mulheres e fazer o atendimento àquelas em situação Signatário:
assina ou subscreve um documento.
de violência.
100
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Em 2006 entrou em vigor a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que
tem esse nome em razão da violência que Maria da Penha Maia Fernandes
sofreu, chegando a ficar paraplégica após ser agredida pelo marido. A edição
dessa lei só aconteceu depois de muitas décadas de luta. A lei visa dar mais
proteção às mulheres que sofrem violência doméstica e familiar.
Aprender fazendo
1.Forme uma equipe com três colegas de sala e juntos criem um programa de
rádio que aborde situações difíceis relacionadas à cidadania, tendo como
solicite a pesquisa de entrevistas sobre essas legislações e sua importância, pois assim os
referência: OP:
alunos podem se inspirar quanto às questões para a entrevista.
••o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03).
••a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
••a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(Decreto 6.949/09).
a) Toda equipe vai trabalhar na preparação da reportagem, no levantamento
de dados, na criação de textos, redação da notícia, criação da apresentação,
criação da publicidade inserida no programa, na escolha do locutor e no
nome do programa.
b) Após as apresentações, a turma analisará o exercício e discutirá os problemas
abordados.
1. Pesquise agora sobre a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
RESPONDA
NO CADERNO
com Deficiência (Decreto nº 6.949/09).
a) Você acha que o direito à acessibilidade é garantido às pessoas com
deficiência?
b) No lugar onde você vive é preciso avançar nesse sentido?
2.Escreva um texto sobre a acessibilidade garantida às pessoas com deficiência na
região onde você vive, explicando o que já foi feito e o que é preciso melhorar.
OP: mais informações sobre essa Convenção no MP.
101
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UNIDADE
4
3
Participar:
A República
um
direito
Federativa
edoum
dever
Brasil
Você sabia
que temos muitos
direitos? Mas temos
também deveres para
cumprir.
102
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Manifestação de brasileiros pela redução da tarifa de transporte público.
São Paulo (SP), junho de 2013.
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Circuito Fora do Eixo/W. Commons
Sim, temos
muitos direitos como
cidadãos brasileiros e deveres
a cumprir. Muitas vezes as
pessoas fazem passeatas para
reivindicar seus direitos.
OP: a imagem de abertura da unidade mostra uma passeata, manifestação popular na qual as pessoas carregam
bandeiras, cartazes e gritam palavras de ordem, seguindo um determinado tema ou posicionamento.
Converse com os alunos sobre como são importantes as manifestações dessa natureza, principalmente quando
bem organizadas e pacíficas. É o direito à livre expressão, fundamental em sociedades democráticas.
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Capítulo 1 - Participar para ajudar a construir
Para começo de conversa...
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade.
Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos: Artigo I. Paris, 1948. Disponível em: <http://
www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/cidh-dudh.html>. Acesso em: 17 jul. 2014.
maxstockphoto/Shutterstock
Em 10 de dezembro de 1948, a ONU
assinou a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Composta de trinta artigos, essa
declaração reflete a busca pela igualdade e
garantia de princípios básicos da convivência
e respeito entre os seres humanos e pode ser
considerada um documento histórico de valor
para toda a humanidade.
1.Reflita
RESPONDA
ORALMENTE
sobre o significado do Artigo I da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, explicando por que, na sua opinião, essa declaração começa
afirmando que “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e
direitos”. OP: a discussão sobre os direitos humanos é de extrema importância. Estimule os alunos a
comentarem quais direitos eles compreendem ser essenciais para a vida e dignidade dos homens.
2.Converse
com seus colegas sobre a sua resposta e debatam sobre o que
significa ser “dotado de razão e consciência” e “agir em relação uns aos outros
oriente a reflexão no sentido da importância da igualdade e
com espírito de fraternidade”. OP:
da cooperação entre as pessoas.
Solidariedade e participação
Uma importante forma de participação é propor soluções para resolver os
problemas do dia a dia de sua família.
É por meio de pequenos gestos e atitudes que nos
colocamos como participantes dos grupos com os quais
convivemos.
Artigos: cada um dos
itens de uma lei.
Princípios: regras.
104
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Para refletir
1.Importar-se com os outros é a melhor maneira de participar da vida em
RESPONDA
ORALMENTE
sociedade. É solidariedade.
a) Quando um amigo fica doente, por exemplo, como você age?
Conversa com ele? Procura saber de que forma pode ajudar?
b) Mesmo quando não há nada para você fazer, como cuidar dele, você
telefona ou vai visitá-lo?
c) Você participa de alguma forma da recuperação dele, mostrando
interesse, carinho, ajudando-o de alguma forma?
De modo geral, além dos grupos dos quais as pessoas fazem parte, é
possível participar de outros mais amplos, como as associações de bairro,
grêmios estudantis, sindicatos e partidos políticos.
Essas associações têm como objetivo propor ações para melhorar as
condições de vida, solucionando problemas sociais que afetam a comunidade.
Para que isso se torne possível, os participantes conversam, trocam ideias,
discutem, organizam-se e decidem ações conjuntas ou individuais para buscar
soluções visando resolver as questões que enfrentam.
1.Leia
RESPONDA
NO CADERNO
agora outro importante artigo da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
Artigo II: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos
e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição.
a) Analise o artigo acima e reflita sobre a necessidade de não se ter
qualquer forma de preconceito.
b) Na sequência, com orientação do professor, forme um trio com seus
colegas e escrevam um texto contra o preconceito.
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Participação: uma conquista
Alguma vez você já ouviu as pessoas reclamando de alguma coisa com
relação à atuação de um órgão público ou de uma medida do governo?
E quem reclama, faz o que para mudar? Será que o caminho para a melhoria
ou solução de muitos problemas que a população enfrenta, seja no bairro, na
cidade ou no país, está sempre nas mãos dos outros?
Para que a realidade vivida fique parecida com o que gostaríamos, é
fundamental participar das decisões em todos os grupos aos quais pertencemos.
Poder participar das decisões na sociedade em que vivemos foi uma
conquista obtida no decorrer dos séculos.
A luta pela participação do povo na política, por exemplo, ocorreu por
meio de muitos movimentos e mudanças nas formas de governo, até chegarmos
a um sistema democrático no país.
No sistema democrático, as pessoas são chamadas a ajudar no processo de
decisões do governo através das eleições e do voto.
Mas não basta apenas votar. É necessário votar com propriedade e
responsabilidade, ou seja, conhecer, informar-se, ter clareza do que se deseja e,
principalmente, fiscalizar e fazer cobranças em relação aos atos e decisões
daqueles que foram eleitos para representar a população.
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens
Atualmente, o direito ao voto é estendido a todos os brasileiros e brasileiras
que possuam o título de eleitor. Mas para conquistarem esse direito as mulheres
tiveram de lutar. Até a década de 1930, somente os homens podiam escolher
os governantes no país.
Cidadã brasileira
votando. Rio de
Janeiro (RJ), 2012.
106
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Só em 24 de fevereiro de 1932 é que o voto feminino no Brasil foi conquistado,
após uma campanha nacional que defendia esse direito às mulheres. Ainda
assim, nem todas as mulheres podiam votar; somente as casadas (com permissão
dos maridos), as viúvas e as solteiras que tivessem renda própria. Em 1934, após
grande pressão popular, o presidente Getúlio Vargas tirou essas restrições do
Código Eleitoral. Porém, a obrigatoriedade do voto às mulheres só se concretizou
oficialmente em 1946.
Pesquisando e aprendendo mais
OP: destaque a importância do exercício do voto e a responsabilidade de cada cidadão ao exercer esse direito.
Ser brasileiro, ter mais de 18 anos e possuir o título de eleitor. Jovens entre 16 e 18 anos também
1.Reflita sobre o texto do capítulo e responda, pesquisando em livros e na
internet, quais são os atuais requisitos para ser um eleitor no Brasil.
podem votar, assim como maiores de 70 anos, porém, o voto nesses casos não é obrigatório.
2.O voto no Brasil é obrigatório. Votar é um direito e um dever.
RESPONDA
ORALMENTE
a) Por que, muitas vezes, as pessoas se omitem na escolha dos seus
comente que por motivo de doença, viagens ou outros problemas as
representantes? OP:
pessoas podem não votar, mas devem justificar a ausência em prazo
determinado.
b) Por que, na sua opinião, as pessoas são obriga-
Requisitos: condições;
exigências.
das a votar se esse é um direito pelo qual muitos lutaram durante tanto tempo?
Respostas pessoais.
Processo eleitoral e participação
Renato dos Anjos/Folhapress
A participação da população nas decisões políticas e administrativas no
Brasil, na atualidade, deve-se à existência de eleições livres, do voto, de partidos
políticos e da liberdade de expressão e associação.
Passeata pelas Diretas
Já, que reuniu 300 mil
pessoas em São Paulo
(SP), 1984.
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De acordo com uma das exigências estabelecidas pela atual Constituição,
para que um cidadão possa ser eleito para um cargo público deve estar
necessariamente filiado a um partido político.
Dessa forma, vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, deputados, senadores,
governadores, vice-governadores, presidente e vice-presidente precisam ser
membros de algum partido político.
Os partidos políticos são entidades que, a partir dos interesses dos diversos
grupos que compõem a sociedade, se organizam e escolhem entre seus filiados
quais serão os candidatos que os eleitores poderão votar.
Pesquisando e aprendendo mais
OP: mais orientações no MP.
1.Entreviste uma pessoa de seu convívio que já tenha votado nas eleições
e registre no caderno as respostas dela para as questões a seguir:
ENTREVISTA a) Você acha importante votar para escolher os governantes do país, do
estado e do município? Por quê?
b) Como você consegue as informações sobre os candidatos? O que
mais influencia a sua escolha?
c) Você acompanha os debates e a propaganda eleitoral? Justifique a
sua resposta. OP: é importante que, independente das respostas dos entrevistados, seja
reforçada para os alunos a importância da participação política.
2.Em sala, apresente os resultados da sua entrevista, leia o texto e debata
com seus colegas sobre o que vocês puderam observar a partir das entrevistas sobre a participação por meio das eleições.
OP: informe-se com a direção da escola sobre a viabilidade da representação
estudantil. Feito isso, apresente aos alunos quais as responsabilidades e deveres do
representante de sala. Mais orientações no MP.
Aprender fazendo
Agora vamos fazer uma eleição para representante de turma. Para isso
observem os seguintes passos:
••Com a ajuda do professor, montem uma apresentação de cada chapa.
••Depois das apresentações, façam uma eleição para a escolha do candidato
que representará a turma.
••Ao final da eleição, peguem a urna com os votos e sob a orientação do
professor efetuem a contagem dos votos.
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Capítulo 2 - A população luta por seus direitos
Para começo de conversa...
Mãe
A senhora já viu Kramer X Kramer? Eu vou ver se pego a sessão
das 8 [...]. Tranquilo, porque os metalúrgicos estão reivindicando
por mim.
Arrumei minha estante e separei um livro [...] para ler no final
de semana. Claro que vai dar tempo. Os metalúrgicos estão em
greve por mim.
Segunda-feira vai ter um concerto de jazz com um grupo de
reggae quentíssimo. Vai estar lotadíssimo. Acho que vou conseguir
lugar. Tudo bem, os metalúrgicos estão fazendo piquete por mim.
Terça tenho [...] aula de dança das 9 às 11. Vou ficar podre.
Tomo banho e cama. Os metalúrgicos estão fazendo vigília no
sindicato por mim.
Quarta deve ter algum jogão na Taça de Ouro. Vou ficar de
plantão, na última hora a Bandeirantes sempre transmite. Relax:
os metalúrgicos estão sendo presos por mim.
Quinta nobre é Chico City. Não sei se fico ou se vou a um debate
sobre novos partidos [...]. Bom, se não der pra ir, encontro o pessoal
depois [...]. Lembrar de embrulhar o que sobrar, porque os
metalúrgicos estão passando fome [...] por mim.
Sexta-feira é o dia de pagamento. Se não saiu o reajuste de 15%
nem minha estabilidade no emprego, nem 100% por hora extra...
Epa! É porque os metalúrgicos não lutaram direito por mim! [...]
OP: a fragmentação faz parte do texto original.
Henfil. Diretas já. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 82-83.
Kramer X Kramer: filme americano.
Metalúrgicos: operários que trabalham em indústrias.
Reivindicando: reclamando; exigindo.
Piquete: grupo de pessoas impedindo a entrada de empregados na empresa.
Vigília: estado de quem, durante a noite, permanece acordado.
Taça de Ouro: campeonato brasileiro de futebol da década de 1980.
Chico City: programa humorístico de televisão da década de 1980.
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O texto que você acabou de ler é de autoria de Henfil, pseudônimo do
mineiro Henrique de Souza Filho, um dos mais importantes cartunistas
brasileiros, criador de várias personagens de histórias em quadrinhos, de
crônicas e textos que criticavam fortemente o regime militar do Brasil, que
implantou uma ditadura no país em 1964. Henfil utilizou a sua arte para ajudar
na luta por justiça social e liberdade política no país.
Entre os anos 1970 e início de 1980 do século 20, o jornalista escreveu crônicas
para jornais e revistas intituladas “Cartas da mãe”, nas quais criticava e cobrava posições
de pessoas e instituições com relação aos problemas que o país enfrentava.
1.Leia novamente o texto e debata com seus colegas sobre algumas questões,
RESPONDA
ORALMENTE
como:
OP: destaque a importância do exercício do voto e a responsabilidade de cada cidadão ao
exercer esse direito.
a) O que o autor do texto pretendeu criticar?
b) Quais são as atividades práticas ao final do dia e no final de semana que
Pretende ir ao cinema, ler um livro, assistir a
um concerto, frequentar a aula de dança, ver
um jogo na televisão, assistir a um programa de televisão.
a personagem relata à sua mãe?
c) Qual seria sua profissão?
Metalúrgico.
d) Na sua opinião, ele está feliz com o pagamento que recebe por seu
trabalho?
Não, está esperando aumento.
e) O que ele faz para melhorar a sua situação e a de seus colegas?
Nada.
f) Você concorda que quando não defendemos aquilo que acreditamos cor-
remos o risco de, gradativamente, conviver com muitas coisas das quais
não gostamos ou não achamos justas?
Movimentos populares
Muitas foram as lutas e os movimentos populares na História do Brasil buscando mudar situações desfavoráveis. Em alguns momentos, houve pequenos
grupos; em outros, verdadeiras multidões.
Na maioria das vezes, tais movimentos foram reprimidos pelas forças
policiais e militares que obedeciam ao comando dos governantes.
De modo geral, esses movimentos contribuíram para que ocorressem as
mudanças políticas pretendidas. Em muitos casos, isso não aconteceu imediatamente, contudo, a atuação desses grupos foi fundamental ao longo do tempo.
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A luta pelos direitos das mulheres
Em todos os campos, são marcantes os avanços das mulheres devido,
principalmente, a uma história de lutas e conquistas, na qual o movimento
feminino foi galgando aos poucos seu espaço na sociedade.
No Brasil, por exemplo, foi apenas em 1827 que surgiu a primeira legislação
relativa à educação de mulheres. Por essa lei, as meninas podiam frequentar
apenas as chamadas escolas elementares, não podendo seguir seus estudos em
instituições de ensino mais adiantado. Tal situação levou a brasileira Nísia
Floresta, do Rio Grande do Norte, a defender em 1832 direitos para as mulheres,
como estudar e participar mais ativamente em várias esferas da sociedade, em
um livro intitulado Direitos dos homens, injustiças para as mulheres.
Apesar dos esforços femininos, somente em 1879 o governo brasileiro abriu as
instituições de ensino superior do país às mulheres, porém, aquelas que seguiam
esse caminho eram sujeitas a pressões e à desaprovação social, além de encontrarem
dificuldades em exercer a profissão. Apenas em 1887 a brasileira Rita Lobato Velho
Lopes tornou-se a primeira mulher a receber o grau de médica, no Brasil.
Você sabia?
OP: comente que o incêndio foi causado pelas más condições de segurança
presentes na fábrica.
Dia Internacional da Mulher – Origem da data
No dia 8 de março de 1857, em Nova York, Estados Unidos, 130 operárias
morreram em um incêndio em uma fábrica têxtil, a Cotton, após organizar um
movimento exigindo a redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas
diárias e o direito à licença-maternidade. Em 1975, a ONU, em homenagem a
essas mulheres, instituiu o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
A luta pelo direito ao voto também se constituiu em longo processo. A
Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, em
1893. No Brasil, em 1910, a professora Deolinda Daltro defendeu essa luta,
fundando o Partido Republicano Feminino e, sete anos depois, liderou uma
passeata exigindo a extensão do voto às mulheres. Já em 1918, a jovem Bertha
Lutz, iniciando a carreira profissional como bióloga, publicou na Revista da
Semana uma carta denunciando o tratamento dado às mulheres no trabalho e
propôs a formação de uma associação de mulheres para lutar por mudanças na
legislação trabalhista e para igualdade salarial.
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No Brasil, o governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, obteve
uma alteração da legislação eleitoral para
conferir o direito de voto às mulheres no
seu estado, em 1929. Elas foram às ruas,
mas seus votos foram anulados pela Comissão de Poderes do Estado. No entanto,
Alzira Soriano de Souza foi eleita prefeita,
a primeira da História do Brasil, no município de Lages, Rio Grande do Norte.
Unattributed/W. Commons
Em 1928 as mulheres conquistaram o
direito de disputar oficialmente as provas
olímpicas, o que levou o Barão Pierre de
Coubertin, criador das Olimpíadas da era
moderna e severo opositor da participação
feminina, a pedir demissão do cargo de
presidente do Comitê Olímpico Internacional.
Bertha Maria Júlia Lutz destacou-se na
luta pelos direitos femininos durante sua
campanha como candidata à deputada
federal, no ano de 1934, no Rio de Janeiro.
Somente em 1932, no governo de
Getúlio Vargas, foi promulgado o novo
Código Eleitoral por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro, garantindo
finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras.
Ao longo da História as mulheres lutaram, e ainda lutam, por muitos
direitos, não apenas os políticos. Uma de suas lutas é pela igualdade no espaço
profissional, bem como para que sejam remuneradas e respeitadas da mesma
forma que os homens.
Na atualidade, existem mulheres ocupando altos cargos em empresas,
além de cargos políticos de grande importância.
Em 1979, Eunice Michiles assumiu a vaga de senadora pelo estado do
Amazonas, por falecimento do titular, tornando-se a primeira mulher a ocupar
o cargo no país. Seu mandato, de oito anos, terminou em 1987. Desde então,
são inúmeros os exemplos de mulheres que ocupam cargos políticos em todas
as esferas do governo.
Em 2010 o Brasil elegeu Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar a
Presidência do país, além de duas governadoras e seis senadoras.
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Estudando o documento
1.Leia com atenção o texto a seguir, que reproduz conselhos e dicas dados
em revistas destinadas ao público feminino da década de 1950.
Uma boa esposa
Ser uma boa esposa não é apenas, como julgam muitas
mulheres, ser honesta, econômica e trabalhadora. [...] Boa esposa
é aquela que torna a vida do lar agradável para o marido, fazendo
de sua companhia um refúgio para a sua vida de lutas. Se ele
chega exausto do trabalho, a boa esposa não lhe azucrina os
ouvidos com queixas, fuxicos, ou insistentes convites para o
cinema, festas ou reuniões de que ele não gosta.
Sua casa está sempre limpa e em ordem, mas não exageradamente
a ponto de ele não poder fumar um cigarro em paz, não poder
esticar-se para ler o seu jornal sossegado. [...] Uma mulher
inteligente prende seu marido sem gritos, sem exigências, sem
ciumeiras ridículas. Prende-o pelo prazer que lhe dá a sua
companhia. Contrariando-o em tudo, fazendo ostentação de sua
tola independência, criticando-o diante das amigas, reclamando
e exigindo sempre, você está empurrando o seu marido para
fora do lar. [...]
Clarice Lispector. Só para mulheres: conselhos, segredos e receitas. Organização de Aparecida Maria Nunes. Rio de Janeiro:
Rocco, 2008, p. 44.
a) Honestidade, economia, companhia,
de críticas e pedidos,
2.Forme uma equipe com dois colegas de sala. ausência
manutenção da casa limpa.
a) Debatam sobre as características femininas valorizadas de acordo com
RESPONDA
ORALMENTE
o texto e anotem quais eram em uma folha de papel.
b) Analisem se as características femininas citadas no texto ainda são valorizadas na atualidade. Respostas pessoais.
c) Em seguida, voltem ao texto “A luta pelos direitos das mulheres” e sob
a orientação do professor, organizem uma tabela comparativa no
quadro de giz sobre como eram os direitos das mulheres antes e na
atualidade. OP: se necessário, oriente uma pesquisa para ampliar os conhecimentos.
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1.Com base nos textos apresentados no capítulo, em duplas, reflitam sobre as
RESPONDA
NO CADERNO
atividades e comportamentos das mulheres na atualidade.
a) Após a conversa, registrem em uma lista os conselhos que vocês dariam
às mulheres dos dias atuais.
b) A partir dessa lista, façam um texto seguindo o modelo apresentado na
atividade “Estudando o documento”, aconselhando as mulheres atuais.
OP: destaque com os alunos que a mulher ocupa muitos papéis na sociedade, que não apenas os
de esposa e mãe. Elas trabalham, atuam politicamente etc., e muitas vezes conciliam todas essas
funções. Oriente a escrita no sentido dos alunos aconselharem essa conciliação de funções.
A participação dos trabalhadores
Os trabalhadores de vários setores, seja nas cidades ou no campo, também
foram e são atuantes na busca de soluções para os problemas e injustiças
ligados ao trabalho e aos seus direitos.
A Constituição de 1824 proclamou a liberdade de associação para os
trabalhadores, assegurando o direito de organização deles no Brasil, o que
posteriormente resultaria na organização dos sindicatos.
Foi durante o Império que surgiram as primeiras entidades que tinham a
finalidade de defender os trabalhadores, como a Liga Operária (1870) e a União
Operária (1880).
A partir de 1907, as classes trabalhadoras passaram a se organizar em
sindicatos, que eram associações que buscavam representar os interesses de
diversas categorias profissionais. Tais organizações sofriam muitas perseguições,
tanto do governo quanto dos patrões.
Em razão da atuação desses primeiros sindicalistas é que as Constituições
foram garantindo não só o direito de organização aos trabalhadores como
outras conquistas que tornaram mais justas as relações de trabalho no Brasil.
Na atualidade, a principal função dos sindicatos
ainda é defender os interesses dos trabalhadores, tais
como: salários justos, condições adequadas de trabalho, respeito à jornada de trabalho, cumprimento da
legislação trabalhista.
Acionado: posto em
movimento; em ação.
Greves: acordo de funcionários, operários ou estudantes
etc. que se recusam a trabalhar ou a comparecer onde
devem enquanto não têm
suas reivindicações atendidas.
Quando esses direitos trabalhistas são desrespeitados, o sindicato pode ser acionado para solucionar o problema por meio de negociações, paraliesclareça aos alunos que paralisações são um ato isolado. Já as greves são
sações e greves. OP:
movimentos mais organizados que só finalizam após o atendimento ou negociação das
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reivindicações.
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Acervo Iconographia
Manifestação da Confederação
Geral dos Trabalhadores (CGT).
Rio de Janeiro (RJ), 1962.
Pesquisando e aprendendo mais
1.Pesquise em jornais e revistas sobre manifestações de trabalhadores que
ocorreram no país no último ano.
a) Selecione três notícias e anote no caderno quais foram as reivindicações
de cada uma delas.
b) Escolha imagens dessas manifestações e construa legendas. Lembre-se
de quais elementos são importantes constar nas legendas.
2.Apresente sua pesquisa para os colegas. Após todas as apresentações,
conversem sobre os motivos que levam os trabalhadores a se manifestarem e reflitam sobre quais os direitos que vocês compreendem ser
essenciais para todos os trabalhadores.
3.No
caderno, produza um pequeno texto com as conclusões.
OP: espera-se que os alunos investiguem quais os direitos não estão sendo atendidos, seja o direito
RESPONDA
NO CADERNO
a terra, a salários e benefícios justos, entre outros.
Luta pela terra
Ainda destacando a luta de trabalhadores no país, a questão da concentração
de terras continua dificultando a reforma agrária e levando milhares de pessoas
do campo para as cidades em busca de novas oportunidades de emprego. O
êxodo rural aumentou os problemas sociais das cidades, principalmente pelo
número de pessoas morando em favelas ou em áreas de risco, próximas aos rios ou
encostas. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou inúmeras
invasões de terra para pressionar o governo a concretizar a reforma agrária.
Fundado em janeiro de 1984, o MST tornou-se o maior movimento social
da América Latina, tendo como objetivo principal a reforma agrária e a luta
pelo direito a terra aos trabalhadores rurais. Nos mais de 7,5 milhões de hectares
em que estão instalados, os “sem-terra” mantêm uma rede nacional de escolas
e centenas de cooperativas rurais.
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Claudomiro/UH/Folhapress
Passados mais de vinte anos
desde a Constituição de 1988, ainda persistem inúmeros problemas
no Brasil, principalmente ligados à
população mais pobre, necessitando, assim, que aconteça a efetiva
prática de políticas públicas que
amparem os direitos sociais previstos constitucionalmente.
Manifestação no 1º de Maio, Dia do Trabalho, na
Praça da Sé. São Paulo (SP), 1968.
Para refletir
1.Leia um fragmento do texto escrito pelo jornalista Gilberto Dimenstein no
livro Cidadão de papel. Respostas pessoais.
[...] vamos observar como é a cidadania brasileira, que é
garantida nos papéis, mas não existe de verdade. É a cidadania
de papel. [...]
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É
poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar
um médico que cometa um erro. É devolver um produto estragado
e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser
discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam
estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho, não jogar
papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse
comportamento, está o respeito à coisa pública.
Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. A infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. São Paulo: Ática, 1993,
p. 8, 20 e 148.
a) Na sua opinião, ainda persistem algumas das situações expressas nesse
RESPONDA
NO CADERNO
texto, escrito há mais de vinte anos? Anote no caderno quais são elas.
b) Em seguida, escolha um dos problemas ali apontados e escreva um
pequeno texto expondo como, na sua opinião, ele pode ser superado.
c) Seguindo as orientações do professor, apresente o texto para os seus
colegas de sala.
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Capítulo 3 - A sociedade em constante
transformação
Para começo de conversa...
Mudou a noção de tempo. A novidade não é a mudança do
mundo, mas a velocidade das mudanças. Nunca se mudou tão
velozmente. Vinte anos atrás, choque de gerações era choque entre
pais e filhos. Calculava-se, inclusive, que geração era um tempo de
25 anos. [...] Hoje, choque de gerações é imediato. Meu filho de 24
anos é considerado ultrapassado pela minha filha de 22 anos. Por
sua vez, o de 18 anos, o mais novo, considera os dois mais velhos
ultrapassados. Eles não cortam o cabelo do mesmo jeito, não ouvem
o mesmo tipo de música e não usam o mesmo tipo de roupa, com
uma diferença de apenas dois anos.
Imagine eu perto deles.
Ermolaev Alexander/Shutterstock
Meus filhos referem-se ao tempo em que eu tinha 20
anos – para mim, foi agora – sempre usando a palavra
“antigamente”. Quando eu era criança e falava
antigamente, eu estava me referindo a gregos
e romanos. Eles falam antigamente
referindo-se a 1974:
“Pai, é verdade que antigamente não tinha controle remoto?”.
Revista Educação, São Paulo, Ed. Segmento, ano 28, n. 248, dez. 2001.
1. O texto que você acabou de ler é de Mario Sergio Cortella e traz reflexões
RESPONDA
ORALMENTE
sobre a sensação da passagem do tempo na atualidade. Na sua opinião, o
que o autor quer dizer com “Mudou a noção de tempo”?
OP: oriente os alunos a
sobre a
2. Você já tinha ouvido falar em “choque de gerações”? refletirem
velocidade das mudanças.
3. O que significa para você a expressão “antigamente”? Pense sobre um acon-
tecimento de “antigamente” e anote em seu caderno.
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O Brasil e o século 21
Tente lembrar de fatos ou objetos sobre os quais pessoas mais idosas da sua
família falam de vez em quando e que você nunca teve a oportunidade de ver
ou saber do que se trata. Anote no caderno e depois, em sala, com a ajuda do
professor, escreva no quadro, junto com seus colegas, uma lista a partir das
anotações de todos os alunos.
E você: já pensou em seu futuro, por exemplo, daqui a vinte anos?
O que imagina estar fazendo?
Você acha que esse futuro está muito distante do momento presente?
Quando procuramos entender o mundo que nos cerca, estamos procurando
entender a história do nosso tempo.
A chamada “era da informação” iniciou-se no final dos anos 1940. Foi
quando surgiram várias inovações tecnológicas, que aperfeiçoaram as formas
de comunicação e a transmissão de dados. No início do século 21, ela atingiu
alto grau de desenvolvimento, com o telefone celular, os smartphones e novas
mídias digitais. Porém, foi principalmente a popularização da rede mundial de
computadores, a internet, que integrou o mundo todo. Com ela, se tornou
possível trocar informações instantaneamente e todo o planeta ficou conectado.
Apesar da acelerada transformação pela qual passam as diversas sociedades
do planeta, ainda existem imensas dificuldades que atingem as pessoas, seja na
educação, na qualidade de vida, na saúde, na segurança.
No Brasil, tivemos importantes avanços nos últimos anos, contudo, ainda
há muito o que se fazer.
Já nos dados do Censo de 2010, pudemos constatar que cresceu o número
de pessoas idosas na população brasileira. O grupo de pessoas com mais de 65
anos de idade correspondia a 7,4% da população, contra 4,8% em 1991.
O Censo de 2010 mostrou também que permaneciam grandes diferenças
sociais. Ainda existiam 16,29 milhões de pessoas acima de 15 anos que não
sabiam ler e escrever. Em todo o país, havia 8 milhões de famílias comandadas
por pessoas totalmente analfabetas.
A pesquisa do IBGE mostrou também que o Brasil já registra mais de 60
mil pessoas vivendo com parceiros do mesmo sexo. A Região Sudeste é a que
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tem mais casais que se assumiram como homoafetivos. O número representa
0,2% do total de cônjuges (37,547 milhões) em todo o país. É a primeira vez que
o dado foi pesquisado.
O abastecimento de água também melhorou no país, embora de forma
desigual. O Sul e o Sudeste detinham as melhores taxas; já o Norte e o Nordeste
registravam médias inferiores.
Enquanto o número de eleitores cresceu a cada ano, chegando aos 130
milhões em 2010, os jovens se veem cada vez menos identificados com a
política. Os eleitores com idade entre 16 e 17 anos, quando o jovem já tem
direito a votar mas ainda não é obrigado, são cada vez mais escassos. Em 2004,
3,6 milhões de adolescentes iam às urnas. Mas nas eleições de 2008, por
exemplo, o número foi de 2,9 milhões, uma queda de 20%. Nas eleições de
2012 a participação dessa faixa de eleitores continuou nessa mesma proporção.
Para refletir
OP: esta atividade permite integração com Geografia e Matemática.
Auxilie os alunos na leitura dos dados e na construção do gráfico.
No site do IBGE você pode encontrar mais informações: <http://www.
censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/default.
php?cod1=0&cod2=&cod3=&frm=piramide>.
1.Com ajuda do professor, analise os dados apresentados do Censo 2010 e
construa, no caderno, um gráfico que reflita a idade da população brasileira.
RESPONDA
NO CADERNO
a) Indique a porcentagem de idosos com mais de 65 anos no país em
1991 e em 2010.
b) Pesquise no site do IBGE mais informações sobre esse Censo e indique
no gráfico a porcentagem de menores de 14 anos em 1991 e 2010.
OP: reflita com os alunos sobre a melhoria na qualidade de vida e sobre o fato das pessoas
terem um menor número de filhos.
c) Pesquise sobre os motivos que podem justificar o envelhecimento da
população.
Pelos dados do Censo de 2010, podemos prever que serão necessárias
profundas mudanças em planejamento e equipamento urbano nas pequenas e
médias cidades, uma vez que a população cresceu, atingindo 190 732 694
milhões de habitantes. Contudo, esse crescimento não está mais concentrado
nas grandes cidades.
Esse censo revelou também que apenas metade dos brasileiros tem até 29
anos de idade, o que demonstra que a média de idade da população está ficando
mais alta. Essa realidade vai exigir, cada vez mais, uma série de políticas públicas
destinadas aos idosos.
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Por outro lado, a exclusão social de milhões de crianças e adolescentes ainda provoca inúmeros problemas, desde as altas taxas de mortalidade infantil,
violência contra as crianças, abusos sexuais, exploração do trabalho infantil,
consumo de drogas, entre outros. Esses fatores se refletem no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro.
85ª posição entre 187 países
US$ 10.152 é a renda anual per capita
73,8 anos é a expectativa de vida ao nascer
A evolução do IDH brasileiro
*Os dados do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) tiveram a metodologia revisada.
Fonte: relatório do desenvolvimento humano 2013 do PNUD.
Você sabia?
O IDH foi criado pela ONU em 1990. Os indicadores analisados para avaliar
as condições de vida em um país levam em conta renda per capita, expectativa
de vida, população adulta alfabetizada e a taxa bruta de matrículas escolares.
A pontuação varia em uma escala da 0 a 1. Os países escandinavos (Noruega,
Suécia e Finlândia) lideram o ranking, com índice de 0,960, em média. Os países
do centro africano, via de regra, têm as piores condições, com índices entre
0,320 e 0,390.
Em 2010, o Brasil foi o país que mais avançou no ranking de IDH em
comparação ao ano de 2009, passando a ocupar a 73ª posição, com o índice
avaliado em 0,699. Em 2013, tendo como referência o ano de 2012, o país ficou
em 85º lugar, com o índice de 0,730.
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A preocupação com todos os problemas acarretados pelo quadro social,
político e econômico do Brasil tem levado à criação, nos últimos anos, de várias
entidades preocupadas com essas questões, como a Pastoral da Criança, órgão
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que desenvolve ações
básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania; a Fundação Abrinq, pelos
direitos da criança; e o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua,
que atua em todos os estados do país, visando recuperar a dignidade das
crianças abandonadas e reintegrando-as à sociedade.
Reprodução
A aprovação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), em 1990, colocou em debate
na sociedade importantes questões relativas às
crianças e aos jovens, como a exploração do
trabalho infantil, abuso e prostituição, violência
e consumo de drogas, criminalidade e abandono,
pois a legislação existente não esclarecia ou se
omitia em relação a eles, isso sem contar os
novos desafios que a sociedade contemporânea
colocava.
Uma maneira de enfrentar os efeitos acumulados em séculos de discriminação foi a criação das chamadas políticas e ações afirmativas.
Capa do ECA.
Essas ações surgiram dentro do Grupo de Trabalho Interdisciplinar (GTI), criado pelo governo em 1995. Existem, ainda, ações
afirmativas que são desenvolvidas fora do Estado, por instituições da sociedade, de forma autônoma.
As ações afirmativas funcionam como incentivo e suporte para os grupos
que precisam ter seus direitos resguardados, pois foram historicamente
prejudicados. Incluem, por exemplo, a reserva de cinco vagas por curso para
indígenas, sem vestibular, na Universidade Federal do Paraná, desde 2005, ou
a criação de horários de reuniões em partidos políticos, sindicatos etc. que
permitam a participação de mulheres com filhos, o que leva à chamada
“discriminação positiva”.
Tratam-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações
étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação
de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens
materiais e no reconhecimento cultural.
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A discriminação positiva introduz na norma o tratamento desigual dos
formalmente iguais, por exemplo: a reserva de vagas de cargos públicos para as
pessoas com deficiência, determinada pela Constituição brasileira de 1988, ou
ainda a reserva de determinada quantidade de vagas nas universidades públicas
para alunos afrodescendentes ou da rede pública.
As divergências quanto à igualdade de condições para a entrada na
faculdade se somam a alguma forma de preconceito para que essa medida seja
aceita plenamente. Ainda assim, pode-se perceber um avanço significativo no
assunto, creditado principalmente às políticas afirmativas e ao maior acesso à
educação e informação. OP: explique aos alunos que políticas afirmativas são medidas do governo
que servem para ajudar a eliminar desigualdades historicamente acumuladas.
Pesquisando e aprendendo mais
1. A criação das chamadas políticas ou ações afirmativas
constitui na atualidade
OP: mais informações sobre as leis 10.639/03
um grande avanço na busca da cidadania.
e 11.645/08 no MP.
Existem muitas ações nesse sentido, como a Lei nº 10.639/03, que tornou
obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos
currículos da Educação Básica; a Lei nº 11.645/08, que diz respeito à inclusão
da História da África e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo escolar;
a Lei de cotas no Ensino Superior, que dispõe sobre a implementação das
reservas de vagas em instituições federais de ensino; o Estatuto da Igualdade
Racial, entre outras.
a) Escolha um dos aspectos abordados no capítulo sobre essas ações e
faça uma pesquisa analisando:
••o que propõem;
••alguns avanços obtidos após a sua implantação.
b) Pesquise outras políticas afirmativas que possuem objetivos similares a esses.
c) Em seguida, faça um texto em uma folha avulsa explicando em que
medida, na sua opinião, essas políticas afirmativas podem ajudar na
busca pela cidadania de todos os brasileiros.
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Brasil e o meio ambiente
Paralelamente aos grandes avanços tecnológicos, a destruição da natureza
nunca atingiu proporções tão elevadas na história da humanidade. A degradação
e comprometimento até mesmo da vida no planeta se devem a várias razões.
Contribuem: o aumento populacional, a extração de minerais, a degradação
das zonas rurais, com a agricultura moderna e também queimadas, além do
desmatamento e poluição.
No Brasil, a política ambiental caracterizou-se por alguns marcos históricos
importantes já nas décadas de 1930 e 1950, como a criação de parques nacionais
e florestas protegidas, normas de proteção aos animais, à água e reservas minerais.
Na década de 1970, houve a criação da Secretaria Especial do Meio
Ambiente (Sema). Atualmente, a política ambiental do Brasil é planejada e
executada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
(Ibama), criado em 1989, e pelo Ministério do Meio Ambiente, criado em 2001.
Ambos são alvos de intensas críticas por não fiscalizarem adequadamente as
reservas naturais do país, isto é, de forma rigorosa, principalmente com relação
à Floresta Amazônica, a maior do mundo.
Outras polêmicas passam pela esfera ambiental. Uma situação emblemática
é a questão da posse da terra pelos indígenas no país. Grandes madeireiras e
corporações agropecuárias duelam com ativistas que defendem o direito de
reservas indígenas na Amazônia.
Ubirajara Machado/Olhar Imagem
Esse foi o caso da Reserva Raposa Serra do Sol. Desde 2008, o território
destinado exclusivamente aos indígenas tem sofrido a invasão e exploração de
arrozeiros e garimpeiros de diamante, passando por diversos conflitos e disputas jurídicas quanto à exclusividade da reserva aos indígenas.
Reunião de grupos
indígenas pela
demarcação das terras
da Raposa Serra do
Sol. Tribo macuxis.
Normandia (RR), 2005.
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As matas e as águas da Amazônia abrigam a mais variada fauna conhecida.
O estado do Amazonas conta com várias unidades de conservação federais
(UCF) e unidades de conservação estaduais (UCE). No total, são 39,6 milhões de
hectares de áreas protegidas por unidades de conservação. A biodiversidade da
região amazônica é única e a mais rica do mundo.
Preservar a floresta e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento econômico
das populações tradicionais têm sido o grande desafio para governos e brasileiros.
A Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de suas árvores, que são
usadas para o contrabando de madeiras. A caça e a pesca predatórias também
têm causado prejuízos à floresta, com a extinção de várias espécies de animais.
Fabio Colombini
A degradação florestal é o primeiro estágio, quando os madeireiros entram
para tirar as melhores madeiras, destruindo a cobertura florestal. Já o
desmatamento é quando ocorre a supressão total da floresta. De toda a região
da Amazônia, o Pará desmatou 42% do total, e o Amazonas 32%, isso em um
período de um ano. O estudo aponta que entre os municípios mais afetados
estão Itaituba, no Pará; Lábrea, Apuí, Novo Aripuanã, Presidente Figueiredo e
Maués, no Amazonas. Uma grande parte desse desmatamento é ilegal.
Desde 2004 estavam ocorrendo sucessivas quedas nos índices de devastação de mata nativa na região, contudo, isso se inverteu em 2012, havendo um
gradativo aumento no desmatamento.
Queimada na Floresta
Amazônica. Manaus (AM),
2010.
Mas neste novo século, cresce cada vez mais a consciência de que é imprescindível
criar soluções internacionais para as grandes questões do planeta, como a defesa
do meio ambiente, o respeito fundamental aos direitos humanos, o combate às
epidemias, à violência, à pobreza, às desigualdades estruturais.
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Para refletir
1.O espaço natural do Amazonas é um dos mais completos do planeta, com
rica flora, fauna, a bacia hidrográfica da região, riquezas naturais. A falta de
fiscalização e controle das espécies nativas propicia o crescimento da
biopirataria, que busca apropriar-se das riquezas da maior biodiversidade
do planeta, úteis na produção de alimentos, remédios e cosméticos. São
frutas como o cupuaçu e a acerola, raízes, ervas, cipós, animais e aves cuja
exploração ocorre de forma descontrolada.
Forme uma equipe com quatro colegas e organizem uma pesquisa sobre
a atual legislação quanto à biopirataria e aos crimes ambientais.
OP: a biopirataria caracteriza-se, principalmente, pelo envio ilegal de animais e plantas para o exterior.
Anotem os dados obtidos e debatam em sala de aula sobre o tema.
A grande diversidade de plantas e animais contribui para que a biopirataria no Brasil não seja punida,
mesmo porque falta uma legislação específica para esse crime.
2.Muitas vezes, as indústrias liberam substâncias nocivas ao meio ambiente,
bem como o uso de veículos e algumas atitudes humanas são nocivas a ele.
E você, acha que seu comportamento pode ser considerado ecologicaOP: ao promover mecanismos para reduzir e, finalmente, mudar os comportamentos
mente correto?da família com relação à agressão ao meio ambiente, os alunos devem destacar
como ocorre a separação do lixo, o escoamento das águas pluviais, o cuidado com a
a) Pense nas atitudes que você e seus familiares praticam no dia a dia que
afetam de alguma forma a natureza. Analise os hábitos praticados em
a emissão de agentes poluentes,
sua casa que agridem o meio ambiente.vegetação,
entre outros.
b) Em seguida, pense em ações para corrigir esses hábitos e fixe algumas
medidas para mudar esse comportamento.
c) Acompanhe o processo de mudança e cooperação de todos na sua casa.
1.Com
RESPONDA
NO CADERNO
base no trabalho desenvolvido na atividade “Para refletir”, faça um
caderno de registros da sua atuação na história em relação à colaboração
com a preservação do meio ambiente.
a) Separe algumas folhas e organize um pequeno bloco.
b) Registre quais as ações que você realiza com frequência, como separar o
lixo reciclável, economizar água, entre outras atitudes.
c) Ao longo da semana (ou mesmo em um período maior), registre novas ações
de preservação que aprendeu e colocou em prática no seu dia a dia.
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Na atualidade, os brasileiros convivem com questões sociais e ambientais
que comprometem a qualidade de vida da população. Casas construídas em
áreas de risco, a poluição de rios e do ar, o acúmulo de lixo, regiões que sofrem
com queimadas e enchentes são alguns dos problemas presentes no Brasil.
Você já pensou como seria um país ideal?
Normalmente, temos algumas ideias para a solução de vários problemas.
Porém, nem sempre sabemos qual caminho devemos trilhar para chegarmos lá.
Ao final de mais uma unidade do nosso livro, talvez seja este o momento para
refletir sobre esse país ideal com que cada um sonha e fazer algumas propostas.
Mãos à obra!
TEMA: O país que queremos
1a etapa
Organização das equipes
• Forme uma equipe com outros três colegas de sala.
• Escolham um dos temas relacionados a seguir e pesquisem um problema
ligado a ele na sua região:
a) Fome e pobreza
b) Saúde
c) Emprego
2a etapa
d) Educação
e) Participação política
Execução do trabalho
1. Depois de fazer o levantamento do problema, pesquisando em jornais revistas,
sites ou pela observação do dia a dia da comunidade, pensem nas propostas para
tentar solucioná-lo ou minimizá-lo. Registrem essas propostas em seus cadernos.
2. Estabelecidas as propostas, escrevam uma carta a uma autoridade ou a um
representante da sociedade, apresentando o problema e as propostas de
solução feitas pela equipe.
3. Com a ajuda do professor, montem cartazes com as propostas de melhoria
para o tema escolhido por cada grupo. Colem esses cartazes na escola como
forma de conscientização de todos os alunos.
3a etapa
Apresentação do trabalho
A entrega das cartas pode ser realizada por meio de uma visita da turma
à Câmara dos Vereadores da cidade, a pessoas de alguma entidade representativa
no município, à diretora da escola ou a uma autoridade municipal que, após um
convite, possa ir até a escola conversar com os alunos.
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UNIDADE
A seguir são apresentadas indicações de leitura para o estudo dos diferentes
temas de História abordados neste livro. Por meio desse material será possível,
de forma divertida, enriquecer o conhecimento e descobrir diferentes aplicações
da História em seu cotidiano.
1
Brasil: as mudanças no início do século 20
Brasil fora de si: experiência de brasileiros em Nova York. José Carlos Sebe Meihy. São
Paulo: Parábola, 2004. Este livro trata da vida de brasileiros que migraram para
a América do Norte e vai ajudar você a entender um pouco mais sobre a
experiência obtida, o sucesso e o fracasso de alguns, além das grandes
dificuldades de adaptação ao viver em outro país.
O príncipe triste. Lilia Moritz Schwarcz e Rui de Oliveira. São Paulo: DCL, 2010. Este livro
retrata o encontro imaginário de D. Pedro II com Helena Costa, aluna da segunda
série do Ensino Fundamental do colégio D. Pedro II do Rio de Janeiro, que venceu
um concurso de cartazes e, como prêmio, ganhou uma visita ao Palácio Imperial.
Apesar de ser uma obra de ficção, a narrativa é baseada em características e fatos
reais ligados à vida do segundo imperador do Brasil, que se tornou príncipe
regente aos 6 anos de idade, quando seu pai, D. Pedro I, abdicou do trono, e aos
15 anos foi declarado maior, sendo coroado Imperador do Brasil.
Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro. 1902-1938. Leonardo
Affonso de Miranda Pereira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. Este livro
trata do futebol, desde as primeiras partidas até a Copa do Mundo da França,
em 1938. Nesta obra você pode acompanhar as características dessa prática
esportiva quando ela ainda não tinha uma grande popularização, bem como
tomar conhecimento de fatos pitorescos sobre os clubes e seus atletas.
UNIDADE
A dança dos deuses: futebol, sociedade e cultura. Hilário Franco Junior. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007. Este livro traz uma análise completa de símbolos,
rituais, história e poder desse esporte, que vai propiciar o conhecimento de
aspectos diferentes sobre essa paixão nacional.
2
Brasil: formando uma nação
O hino e os símbolos nacionais. Margarida Patriota. São Paulo: Saraiva, 2003. Este
livro conta como uma menina, Anita, passa a entender o significado dos
versos do Hino Nacional após fazer um trabalho escolar e começa a se
interessar em compreendê-lo. Este livro vai ajudar você a analisar e entender
também o significado de muitas palavras novas, além do sentimento que ele
pretende transmitir com seus versos.
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As aventuras de Hans Staden, entre os índios do novo mundo. Lucília Garcez. Belo
Horizonte: Dimensão, 2000. Coleção Redescobrindo o Brasil. Este livro narra
as aventuras do alemão Hans Staden com os indígenas brasileiros durante o
processo de colonização do Brasil e vai permitir que você analise como foi o
olhar de um estrangeiro sobre a cultura e a diversidade que ele encontrou
no país.
Pindorama. Marilda Castanha. São Paulo: Cosac Naify, 2008. Coleção Histórias para
contar História. Este livro trata da caça e dos costumes indígenas no Brasil,
além de ser ricamente ilustrado.
U NIDADE
UNIDADE
13 de maio – Abolição. Por que comemorar? Alfredo Boulos Júnior. São Paulo:
Scipione, 1996. Coleção Construindo nossa memória. Esta obra trata da
abolição da escravatura no Brasil e da evolução desse tema, envolvendo a
integração e o preconceito contra os afrodescendentes.
3
A República Federativa do Brasil
4
Participar: um direito e um dever
Rio, Cidade-capital. Marly Motta. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. Este livro trata sobre a
cidade do Rio de Janeiro na condição de capital do Brasil, destacando seu
papel fundamental na construção das imagens que geralmente são
apresentadas e divulgadas como representantes da vida nacional,
principalmente pelas descrições dos cronistas estrangeiros no século 19 e
pelas impressões que a cidade causa em quem a visita.
http://www.tse.gov.br. Site do Tribunal Superior Eleitoral, que disponibiliza
informações e dados sobre as eleições e campanhas eleitorais no Brasil.
Correspondência. Bartolomeu Campos de Queirós. Belo Horizonte: RHJ, 2004. Este
livro traz pequenas cartas em que as pessoas “acordam palavras adormecidas”
e “adormecem palavras que nos machucam”, num processo de escolha e jogo
de palavras que deveriam estar na Constituição do país.
www.casadeculturadamulhernegra.org.br. Site voltado à questão da mulher negra, à
divulgação e resgate cultural de aspectos ligados à mulher negra e à
educação antirracista, entre outros.
www.criola.org.br. Site da ONG Criola, voltada para a questão da mulher negra.
www.videonasaldeias.org. Site do projeto que engloba a produção de vídeos com
cineastas indígenas das etnias cuicuro; panará, hunikui (caxinauá), ikpeng
(caribe), ashaninka (campa) e xavante. Os vídeos têm legendas em cinco
línguas e incluem dois curtas-metragens extras, contextualizando os povos.
Acompanha um caderno bilíngue ilustrado com fotos e diversas informações.
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MANUAL DO
PROFESSOR
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ANO
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Os estudos históricos são fundamentais para a construção da identidade social
do indivíduo, uma vez que lhe possibilitam perceber-se como sujeito e agente da história ao identificar as relações dos diferentes grupos humanos em tempos e espaços
diversos.
É fundamental que os alunos desde as séries iniciais da escolarização possam
perceber a pluralidade e a diversidade das experiências individuais e coletivas, compreendendo-as no constante processo de mudança e permanência, adquirindo habilidade de analisar relações, diferenças, semelhanças, desigualdades, alianças e conflitos.
O processo de ensino-aprendizagem de História deve oferecer ao aluno um estímulo para a compreensão da realidade. É importante que o aluno seja motivado a
falar, expor seus pontos de vista sobre variados assuntos e, debatendo-os com os colegas, reformulá-los. Só assim ele poderá perceber que existem ideias e opiniões diferentes e aprenderá a respeitá-las. A partir delas, aumentará o número de informações que possui, construindo seu conhecimento.
Ensinar e aprender História exige reflexão e tomada de posição diante dos fatos apresentados. O conhecimento histórico nunca estará completo, uma vez que novos dados e enfoques contribuem constantemente para sua construção.
Com o objetivo de contribuir com a sua prática docente, neste manual é apresentada a concepção do ensino de História, estratégias e orientações para o trabalho
com os temas apresentados nesta Coleção. Constam também outras sugestões de
atividades e indicações de leitura que podem contribuir com a formação continuada
do docente.
A autora
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Justificativa para a proposta de trabalho................... 133
A documentação vigente para o Ensino Fundamental
de 9 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Estrutura da Coleção............................................................... 137
A organização didática.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Abertura de unidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Para começo de conversa.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Para refletir.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Pesquisando e aprendendo mais.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Escrevendo a História.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Aprender fazendo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Estudando o documento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Trabalhando juntos. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Ícones. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Glossário.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Você sabia?.. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Sugestões para a turma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Os temas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Quadro geral de temas 2o Ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Quadro geral de temas 3o Ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Quadro geral de temas 4o Ano.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Quadro geral de temas 5o Ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Estratégias para o trabalho com a Coleção................ 145
O trabalho com textos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
O trabalho com imagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
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O trabalho com mapas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
A formação de conceitos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
A realização das atividades pedagógicas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Projetos de Trabalho e a abordagem interdisciplinar.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Redação de textos. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
O trabalho de pesquisa.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Dinâmica de debates. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Entrevistas.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Visita a museus e atividades externas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
Confecção de maquetes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Avaliação.........................................................................................155
Textos complementares........................................................... 157
Texto 1.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Texto 2.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Texto 3.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Orientações específicas para o livro do 5o ano......... 161
1
Brasil: as mudanças no início do século 20 . . . . . . . . 161
2 Formando uma nação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
3 A República Federativa do Brasil.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
4 Participar: um direito e um dever . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
Textos de apoio.......................................................................... 210
Referências....................................................................................219
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Justificativa para a proposta de trabalho
MANUAL DO PROFESSOR
Compreendemos que o ensino da História tem como função contribuir para a formação de cidadãos conscientes da importância da participação social, preocupados em resgatar e respeitar o Patrimônio Histórico, conhecendo e compreendendo a natureza social e individual do ser humano, uma vez que
a História, como ciência, tem por objetivo principal o estudo da experiência humana no tempo.
Desse modo, entendemos que o ensino da História deve propiciar aos alunos um melhor entendimento da realidade em que vivem, conhecendo a herança cultural, individual e coletiva da humanidade.
Os temas selecionados para esta Coleção buscam criar uma relação entre a vida cotidiana dos alunos e sua própria história, salientando-se o papel de todos os membros da sociedade na construção e
preservação da História, procurando fazer com que aprendam a olhar a realidade e, ao mesmo tempo,
estabelecendo relações com outras experiências, tanto do passado como do presente, entendendo a historicidade da realidade em que vivem.
O historiador Marc Bloch foi um dos pioneiros a se levantar contra a forma tradicional de entender a História, que a conceituava como a ciência que se ocupa em estudar o passado. Bloch afirma que
somente o passado como tal não poderia ser objeto de estudo de uma ciência; a História deve ocupar-se igualmente dos tempos presentes, contrariando também a afirmação daqueles que interpretavam a
História como uma “Ciência do homem”. Para esse autor, a História só poderia ser considerada como uma
“Ciência dos homens no tempo” (Bloch, 2001, p. 55).
Bloch defendia também que o tempo da história deveria ser pensado em termos de articulação
que envolve espaço e tempo, ligado pela ideia de que o presente é importante para a compreensão do
passado e vice-versa. Uma formulação aparentemente simples, mas que era altamente inovadora quando tomou força por volta da década de 1940.
Em concordância com a concepção de História proposta por Bloch, bem como com as Diretrizes
Curriculares Nacionais, os temas e objetivos de ensino-aprendizagem explorados na Coleção foram pensados de forma a permitir que os alunos, a partir de seus conhecimentos e vivências, bem como pelo
contato com conceitos, sejam capazes de construir o conhecimento histórico.
Conhecimento esse que se torna significativo quando trabalhado de forma contextualizada, tanto
no que se refere aos temas e conteúdos quanto na relação com as demais áreas do conhecimento.
Todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros saberes, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, de iluminação de aspectos não distinguidos. Assim, além de reconhecer as diferenças entre as áreas do conhecimento, é preciso identificar onde se encontram as zonas de intersecção entre elas para localizar os pontos em comum
e realizar um trabalho na perspectiva interdisciplinar.
A interdisciplinaridade busca, sobretudo, um ensino que concilie diferentes conceitos de diferentes áreas, podendo substituir a fragmentação pela interação, permitindo que os alunos aprendam a relacionar conceitos e, consequentemente, construam novos conhecimentos com muito mais autonomia
e criatividade.
Para que a perspectiva interdisciplinar aconteça, você, professor, precisa abrir um espaço de diálogo com outros componentes curriculares e, ao mesmo tempo, identificar em seu campo de estudo
onde se encontram as aberturas que permitem incorporar as contribuições das outras áreas.
O trabalho com a interdisciplinaridade na escola pode e deve começar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, visando romper a fragmentação do conhecimento.
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Compreendemos que uma estratégia de concepção de ensino produtiva e funcional para o
desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar é a abordagem temática, tendo em vista que o estudo
desses temas não pertence a uma disciplina específica, mas envolvem duas ou mais delas. Ao longo do
livro, a partir de diferentes temas, buscou-se estimular o diálogo com outras áreas de conhecimento.
Dessa forma, o aluno terá uma visão mais ampla da realidade e, portanto, será capaz de desenvolver habilidades que permitam a promoção de atitudes de cidadania e respeito ao próximo e ao ambiente segundo uma visão crítica, de modo que possa interferir e transformar a realidade de forma a tornar-se e perceber-se como sujeito histórico.
Como disse Bloch, a História tem como objeto de estudos os homens no tempo. Essa concepção
de tempo contempla o tempo estudado com o tempo em que o estudo é feito. Ou seja, não é possível
desconectar o passado do presente.
Segundo o historiador britânico Eric Hobsbawm, estudar o passado é uma necessidade premente
nos tempos atuais, que privilegiam muito mais o efêmero, a novidade, em detrimento do passado humano. Para ele, conhecer a história de vida de um povo, de uma nação, significa a construção e afirmação de uma identidade histórica e cultural: é sabermos de onde viemos e quem somos.
A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais caracterís-ticos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa
espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da
época em que vivem (HOBSBAWM, 1995, p. 13).
De acordo com a autora Circe Bittencourt em sua obra O saber histórico na sala de aula, a relação
passado e presente é o que permite a reflexão consciente sobre os acontecimentos:
[...] a História deve contribuir para a formação do indivíduo comum, que enfrenta um cotidiano contraditório, de violência, desemprego, greves, congestionamentos,
que recebe informações simultâneas de acontecimentos internacionais, que deve escolher seus representantes para ocupar os vários cargos da política institucionalizada. Este indivíduo que vive o presente deve, pelo ensino da História, ter condições de refletir
sobre estes acontecimentos, localizá-los em um tempo conjuntural e estrutural, estabelecer relações entre os diversos fatos de ordem política, econômica e cultural [...] Temos
que o ensino de História deve contribuir para libertar o indivíduo do tempo presente e
da imobilidade diante dos acontecimentos, para que possa entender que cidadania não
se constitui em direitos concedidos pelo poder instituído, mas tem sido obtida em lutas
e em diversas dimensões (BITTENCOURT, 2008, p. 20).
Por meio da compreensão da relação passado e presente é que os alunos podem se compreender como sujeitos e agentes da História, em vez de vê-la apenas como “algo que aconteceu há muito
tempo atrás”.
A documentação vigente para o Ensino Fundamental de 9 anos.
A presente Coleção pauta-se pela documentação vigente para o Ensino Fundamental de 9 anos:
•• Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Resolução que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organização curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares;
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•• o cumprimento da Lei no 10.639/03, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade da História
MANUAL DO PROFESSOR
e Cultura Afro-Brasileira, definida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana;
•• o cumprimento da Lei no 11.645/08, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade do ensino
da História e cultura dos povos indígenas do Brasil. O trecho das Diretrizes Curriculares Nacionais,
exposto abaixo, comenta a importância da inserção dessas temáticas.
O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia (art. 26, § 4 o da LDB). Ainda conforme o artigo 26 A, alterado pela Lei no 11.645/2008 (que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”), a História e a
Cultura Afro-Brasileira, bem como a dos povos indígenas, presentes obrigatoriamente
nos conteúdos desenvolvidos no âmbito de todo o currículo escolar, em especial na Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História da África, contribuirão para
assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses povos para a constituição da nação. Sua inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de toda a população escolar e contribui para a mudança das suas concepções de mundo, transformando
os conhecimentos comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para a construção
de identidades mais plurais e solidárias (BRASIL, 2013, p. 114).
Nas últimas duas décadas, o governo federal, bem como instituições e organizações que lutam pelo respeito aos direitos e à cultura dos grupos indígenas e também às culturas africanas e afro-brasileiras
têm se esforçado no sentido de garantir que esses elementos históricos e culturais, tão fundamentais à
formação do povo brasileiro, sejam difundidos, conhecidos e respeitados pela sociedade.
Na presente Coleção essas temáticas são abordadas não apenas pra cumprir a legislação, mas também por compreendermos que o conhecimento dos elementos históricos e culturais dos grupos indígenas e a herança cultural africana são necessários para compreender de que forma se configurou o povo
brasileiro, sua identidade e sua cultura. Em nossa concepção, não há como estudar a história de um país sem considerar todos os elementos que a construíram.
Ao longo dos quatro volumes que compõem esta Coleção, no trabalho com os mais diversos temas, a cultura de diferentes grupos indígenas e dos povos africanos e afro-brasileiros foi contemplada a
fim de fornecer aos alunos um quadro mais completo da formação cultural brasileira.
• • O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que se constitui em um acordo
formal assumido pelo governo federal, estados, municípios e entidades para firmar o compromisso de alfabetizar crianças até, no máximo, oito anos de idade, ao final do ciclo de alfabetização.
Para trabalhar em concordância com essas diretrizes, em muitas escolas passaram a existir debates
na elaboração de seus projetos pedagógicos, os quais exigiram respostas para organizar o ensino tendo
como ponto de partida a vivência dos alunos. Nesse novo contexto do ensino, é fundamental que os alunos participem do processo de aprendizagem de forma ativa, incorporando os conhecimentos que já
possuem às novas abordagens e relações, construindo e internalizando a ideia de que são sujeitos históricos e, assim, são parte integrante dos fatos, acontecimentos, mudanças, permanências, conflitos, conquistas, entre tantas possibilidades do fazer histórico. Ao se compreenderem como sujeitos históricos, é
preciso estimular os alunos a desenvolverem também a consciência de que são cidadãos, e de que devem exercer essa função, prezando por seus direitos e cumprindo com seus deveres.
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Os objetivos que a Educação Básica busca alcançar, quais sejam, propiciar o desenvolvimento do educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para que ele possa progredir no trabalho
e em estudos posteriores, segundo o artigo 22 da Lei no 9.394/96 (LDB), bem como os
objetivos específicos dessa etapa da escolarização (artigo 32 da LDB), devem convergir
para os princípios mais amplos que norteiam a Nação brasileira.
Assim sendo, eles devem estar em conformidade com o que define a Constituição
Federal, no seu artigo 3 o, a saber: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que garanta o desenvolvimento nacional; que busque “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”; e que promova “o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 2013, p. 106-108).
Em conformidade com os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação
Básica, apresenta-se, portanto, a seguinte proposta teórico-metodológica:
A proposta de estudo da História apresentada na Coleção pretende estabelecer articulações entre
abordagens teórico-metodológicas distintas, resguardadas as diferenças entre elas, por entender que esse é um caminho possível para o ensino de História nos primeiros anos da escolaridade básica, possibilitando aos alunos compreenderem que a História pode ser entendida como um dos instrumentos que
auxilia na leitura e interpretação da realidade e na sua percepção como sujeitos históricos.
Desse modo, ao fundamentar a pesquisa para a elaboração desta Coleção, buscou-se interpretar
novos agentes históricos, privilegiando uma abordagem realizada sob o recorte da história do local onde vivem os alunos e do manejo dos fatos e processos históricos que dialogam com as outras Ciências
Humanas. Assim, ao trabalhar com os alunos, podemos enfocar os modos de viver, agir, pensar e se relacionar das pessoas comuns, sem salientar apenas personagens históricas e grandes feitos.
Entendemos que o ensino da História no Ensino Fundamental pode se beneficiar de abordagens
incorporadas pela chamada “Nova História Cultural”, corrente historiográfica que trabalha com a micro-história e a história do cotidiano, valorizando a diversificação de documentos, como imagens, canções
e objetos arqueológicos, na construção do conhecimento histórico. Essa abordagem fica explícita ao longo da Coleção, quando solicitamos aos alunos que tragam experiências do seu dia a dia para trabalharem temas históricos.
Desenvolvemos também uma proposta de ensino temático, na qual o tema/assunto discutido é
abordado a partir de uma referência inicial: um fragmento de documento histórico, poesia, textos ficcionais, artigos ou imagens, os quais tenham potencial de motivar e despertar a curiosidade dos alunos para refletirem sobre o tema. Essa abordagem fica evidente na seção “Para começo de conversa...”, que dá
início a todos os capítulos. Para que o aluno desenvolva atitudes críticas e investigativas, é importante
criar situações de aprendizagem nas quais ele seja capaz de se interessar e demonstrar curiosidade pelo
mundo social e natural, formulando perguntas, imaginando soluções para compreendê-lo, buscando informações e confrontando ideias. Esse comportamento é incentivado na seção “Pesquisando e aprendendo mais”.
As narrativas e exposição dos temas buscam uma reflexão a partir de um objeto concreto, situado no presente, no contexto dos alunos. Por meio de diálogos entre eles, da reflexão pessoal ou de entrevistas com familiares e outras pessoas é que se propõe provocar o processo de identificação e sistematização das diferenças e semelhanças a sua volta e, gradativamente, ampliar a visão de mundo a outros espaços e tempos, sempre sob uma perspectiva histórica.
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MANUAL DO PROFESSOR
De acordo com o projeto que estamos delineando, partimos do princípio de que o aluno já tem
certos saberes acerca de alguns conteúdos de História, os quais foram elaborados no convívio familiar,
social e escolar. Na maior parte das vezes, entretanto, esses conhecimentos não estão sistematizados,
mas é a partir deles que os alunos podem reformular conceitos e conhecimentos pela incorporação
de novos elementos àqueles já adquiridos, buscando aperfeiçoamento e aquisição de habilidades.
O exercício da concentração e autonomia em atividades individuais, a participação ativa nas atividades coletivas e a atenção em explanações orais dos colegas compõem também requisitos importantes a serem alcançados nesse processo.
Conhecer os alunos, bem como a história e as dificuldades deles, é um importante meio para ajudar o trabalho pedagógico. O conhecimento dessas questões pode ser subsídio para a discussão da elaboração do planejamento ou na avaliação, como consequência à constante atualização do projeto. Portanto, é fundamental que sejam priorizadas, selecionadas e criadas situações oportunas para esse relacionamento.
Assim, quanto mais é desenvolvido o diálogo e a interação com os alunos, mais se pode ter clareza sobre o que oferecer para assegurar o bom andamento das aulas, reconhecendo as diversidades
do grupo.
Estrutura da Coleção
A presente Coleção tem como eixo temático norteador a cidadania. Em cada um dos quatro volumes são explorados temas específicos: Identidades (2o ano), Interação social (3o ano), Encontro de povos
e culturas (4o ano) e Organização social e política brasileira (5o ano), de forma que todos os temas e conteúdos que compõem a coleção proporcionem a construção do conhecimento histórico, objetivando a
postura cidadã.
Essas temáticas específicas auxiliam os alunos a compreenderem e construírem conceitos, bem como a desenvolverem habilidades necessárias para alcançar o objetivo maior da Coleção, a consciência e
exercício da cidadania.
A seleção dos temas visa não apenas sua apresentação, mas também à contextualização e à possibilidade de explicações, analogias e relação entre passado e presente. Assim, o ensino de História, segundo trecho da Lei, deve ser garantido como meio para que se possa asseverar a compreensão do ambiente social, do sistema politico e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Desse modo, propõe-se a gradativa aquisição de conceitos a partir do estudo e da pesquisa que permitem a construção
do conhecimento.
A divisão escolhida para os capítulos organizou-se, ainda, a fim de viabilizar o desenvolvimento e
articulação de conceitos, relações e noções que elegemos como fundamentais para a percepção e aquisição do conhecimento histórico.
A organização didática
A coleção é formada por quatro volumes. Os temas estão organizados em quatro unidades por volume, subdivididas em capítulos. Cada capítulo, além do texto de abertura e do desenvolvimento dos temas referentes ao tema principal, está organizado por seções, conforme o quadro a seguir:
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Para começo de conversa...
UNIDADE
Abertura de unidade
3
10
UmaTítulo
terra
chamada Brasil
OP: o uso de mapas é uma prática pedagógica importante nas aulas de História. As representações
cartográficas antigas, como a apresentada acima revelam dados geográficos, mas também muito da
imaginação de quem as produzia, como ornamentos, desenhos simbólicos, entre outros.
Os mapas históricos
contam muito sobre a
nossa história! Veja
quantos elementos
E o que será
diferentes são
que cada um
representados.
desses
elementos
significam?
Lopo Homem, Pedro
Reine e Jorge Reine.
Terra Brasilis. 1515-1519.
Manuscrito iluminado
sobre pergaminho,
41,5 cm x 59 cm.
Biblioteca Nacional da
França, Paris (França).
68
69
Por meio de uma ou mais imagens e questões feitas
pelos personagens, propõe-se apresentar o tema
que será desenvolvido ao longo da unidade.
Por meio desta seção é feita a introdução do
tema de cada capítulo. O aluno vai observar
imagens, ler poemas ou outro texto que o
permita refletir sobre o tema que será
trabalhado. Ele poderá fazer relações com
aquilo que já conhece, ou terá sua curiosidade
estimulada.
Para refletir
Seção que traz exercício de reflexão, análise ou síntese
sobre o conteúdo apresentado no capítulo e,
eventualmente, pode trazer uma atividade oral em grupo
realizada em sala de aula, visando à problematização,
socialização de ideias e confronto de opiniões sobre o
tema e os conteúdos, cujo objetivo é desenvolver a
capacidade de argumentação dos alunos. As atividades
propostas nesta seção buscam estimulá-los a se
posicionarem de forma crítica, responsável e construtiva
em seu cotidiano.
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Pesquisando e aprendendo mais
Aprender fazendo
MANUAL DO PROFESSOR
Nesta seção são propostas atividades em que o aluno deve
desenvolver o trabalho de pesquisa em fontes diversas, como
jornais, revistas, livros, rede mundial de computadores, entrevistas,
entre outros, a fim de ampliar a construção do conhecimento
histórico por meio de propostas que contemplem a mobilização,
a observação e a análise de fontes diversas.
Seção que traz um conjunto de atividades que propõem o estímulo
às capacidades de observação, comparação, interpretação e análise de
diferentes fontes, desenvolvendo assim o pensar histórico. A sequência
dessa análise é o exercício de expressão escrita ou gráfica, no qual
objetiva-se que os alunos sistematizem os conhecimentos discutidos
nas aulas e produzam conhecimentos históricos decorrentes das
análises e reflexões. Por esse motivo, essas atividades constituem-se
também como instrumento de avaliação e autoavaliação dos
conceitos e temas trabalhados. Nos dois primeiros volumes, o trabalho
é mais incipiente e aparece sempre ao final de um capítulo. Já a partir
do volume do 4 o ano acompanha o processo de construção do
conhecimento, onde o aluno ganha papel de protagonista da
narrativa do livro, além de oferecer ao professor subsídios para a
avaliação formativa e continuada.
Seção com atividades envolvendo representações dos alunos
quanto a aspectos do tema e dos conteúdos trabalhados no
capítulo, em que eles podem exercitar a compreensão dos saberes
históricos abordados. Oferece a possibilidade de trabalho
individual ou em grupo para a montagem de algum elemento
didático, apresentações, representação teatral, entre outros. Além
de desenvolver a habilidade dos alunos na manipulação de
materiais, essas atividades proporcionam a visualização de alguns
temas que estão sendo estudados.
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Estudando o documento
Seção com atividade de leitura e análise de documento histórico,
como crônicas, reportagens e fontes históricas diversas. Por meio
dessas atividades, os alunos serão instigados a investigar os
documentos, buscando, por meio de relações com o contexto
estudado, encontrar mais informações sobre o conteúdo, de forma
a contribuir ativamente para a construção de seu conhecimento
sobre a história. Embora no 2° e 3° anos os documentos façam
parte do conteúdo do livro, a exploração desse trabalho aparece
sistematizada em seção apenas no 4° e 5° anos.
Proposta de atividades a serem desenvolvidas por toda a turma
durante o semestre ou ao final dele. Nesse trabalho será explorado
e aprofundado algum tema abordado ao longo do semestre, de
forma que os alunos desenvolvam conjuntamente atividades de
pesquisa e experimentação. Essa tarefa favorece, além do trabalho
em equipe, a interdisciplinaridade e o exercício da cidadania.
Ícones
PESQUISA
Este ícone indica
o desenvolvimento
de atividade de
pesquisa.
RESPONDA
ORALMENTE
RESPONDA
NO CADERNO
Este ícone sinaliza
que o aluno deverá
responder a
atividade oralmente
sob a supervisão
do professor.
Quando este ícone
aparecer, o aluno
deverá escrever as
respostas no
caderno.
ENTREVISTA
Este ícone indica uma
atividade que recorre a
conversas e entrevistas,
estimulando a percepção
da história de vida e das
memórias dos familiares e
comunidade.
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Glossário
1. Após ler alguns versos da música “A cidade ideal”, analise alguns dos desejos
citados na letra pelo autor.
a) Relacione esses desejos e escreva quais você considera mais interessantes.
b) Reúna-se com um colega de sala e juntos analisem as respostas que vocês
MANUAL DO PROFESSOR
anotaram.
2. Reflita e debata com seus colegas de sala como seria a cidade na qual vocês
viveriam se ela fosse administrada por crianças.
Os primeiros agrupamentos humanos
Desde que os primeiros seres humanos passaram a viver em grupos
começaram a se organizar de formas diferentes. Aprenderam a garantir sua
sobrevivência protegendo-se mutuamente contra as dificuldades do ambiente,
destaque que o termo Précomo a chuva e o frio, ataques de animais, entre outras. OP:
História, atualmente, indica apenas
a ausência de escrita, e não a ausência de História.
Os grupos humanos que viveram na Pré-História eram nômades, ou seja,
não tinham moradia fixa, movimentavam-se constantemente em busca de
lugares ricos em água e alimentos.
O fogo foi uma das conquistas mais importantes desse período, pois
permitiu que eles se aquecessem nos dias frios, afugentassem animais selvagens
e assassem seus alimentos.
De Agostini / G. Dagli Orti/Glow Images
Por volta de 10 mil anos atrás, alguns grupos humanos passaram a desenvolver técnicas de agricultura e criação de animais, podendo permanecer por mais
tempo em um mesmo lugar, tornando-se sedentários.
Ferramenta primitiva de pedra,
do Período Neolítico.
Com o passar dos anos, muitos desses
grupos começaram, então, a construir canoas,
barcos e aprenderam a lascar e polir a pedra
para fazerem instrumentos como pontas de
flecha e facas.
Pré-História: para facilitar o estudo da História, alguns
historiadores denominaram o período entre o surgimento dos
primeiros hominídeos na Terra, há aproximadamente 3
milhões de anos, e a invenção da escrita, por volta de 6 mil
anos atrás, como Pré-História.
Sedentários: corresponde ao homem, ou grupo de homens,
que se fixou em um território.
Apresenta o significado de palavras, grifadas ao longo do
texto, que podem ser desconhecidos para os alunos. A
explicação considera o contexto em que a palavra aparece
no texto e busca explicá-la de forma simples e objetiva.
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Você sabia?
Sugestões para a turma
Seção que apresenta um texto com
conteúdos que complementam o tema do
capítulo.
Seção que traz sugestões de livros e sites
relacionados ao capítulo. Eles podem ampliar ou
aprofundar as questões e oferecer, por vezes, outras
abordagens sobre os assuntos tratados.
Professor, sempre que aparecer a sigla OP, no livro do aluno,
são indicadas orientações para o seu trabalho em sala de aula.
A disposição dos temas e conteúdos, bem como das atividades por meio de seções é uma organização da Coleção, e não uma fragmentação do processo ensino-aprendizagem. O que se comprova
pela interligação das seções em alguns momentos.
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Os temas
Os temas e os conteúdos estão organizados da seguinte forma ao longo da coleção:
Quadro geral de temas 2o Ano - Identidades
Unidade 1
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
A medida do tempo
Identidades e
história
Outros espaços
de convívio
Capítulo 1
A contagem do
tempo: uma
invenção do homem
Capítulo 1
O nome de cada um
Continuando a
História... Pistas
do passado
Capítulo 1
A História na
nossa vida
•• O nome
•• O significado do nome
•• O sobrenome
•• A família
•• As mulheres na História
•• Pistas do passado e o
•• A rua
•• A rua e os vizinhos
•• Os nomes das ruas e
Capítulo 2
Os documentos que
nos identificam
Capítulo 2
A casa, uma pista
no tempo
•• Contando o tempo
•• O tempo da natureza
•• Contando o tempo:
calendários e relógios
Capítulo 2
O tempo passa... e
continua passando
•• A passagem do tempo
•• Organizando o seu tempo
•• Linha do tempo
•• O primeiro documento
•• Outros documentos
Patrimônio Histórico
Capítulo 1
A rua e seus
personagens
dos lugares
•• Moradias
•• Outras casas,
Capítulo 2
Meu endereço e
outras histórias
•• Os bairros
•• Enviando cartas
outras histórias
Quadro geral de temas 3o Ano - Interação social
Unidade 1
Cultura: uma
criação do homem
Capítulo 1
O homem e
a história
•• O Carnaval como um
elemento da cultura
•• A diversidade de culturas
no Brasil
Unidade 2
Um tempo para
cada coisa, cada
coisa no seu tempo
Capítulo 1
Um tempo para ser
criança. Sempre
foi assim?
•• Ser criança
•• Tempo para tudo
•• A exploração do
trabalho infantil
Unidade 3
Educação, um
direito de todos
Capítulo 1
Aprendendo em
todos os lugares
•• Aprendendo a todo
momento
•• A criança na escola
•• Educação, um
direito conquistado
Capítulo 2
Contando o tempo,
contando a história
Capítulo 2
Brincadeiras de
todos nós
•• O registro: das horas aos
•• Brincadeira é coisa séria
•• Brincadeiras indígenas
•• Outras brincadeiras,
séculos
•• A contagem do tempo
com o relógio
Capítulo 2
Uma viagem no
tempo e a história
da escola
•• A escola para todos
•• O tempo na escola
Unidade 4
O trabalho, o
emprego e
as profissões
Capítulo 1
Trabalho e
profissões
•• Divisão de tarefas
•• O ser humano e
o trabalho
•• O trabalho na escola
•• As profissões
Capítulo 2
Trabalho e emprego
•• A produção humana
•• As profissões do futuro
cantigas e jogos
•• Outras medidas de tempo
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Unidade 1
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
Conviver: Uma
necessidade humana
O mundo se revela
Uma terra
chamada Brasil
A construção do
Estado brasileiro
Capítulo 1
Capítulo 1
Capítulo 1
Capítulo 1
Dos primeiros
agrupamentos
humanos às cidades
Encontro de
culturas
Brasil: a colônia
portuguesa
Brasil: A conquista
do território
•• Os primeiros
•• Viajar, uma aventura
•• O encontro entre culturas
•• Aceitar as diferenças
•• O encontro entre os
•• As paisagens brasileiras
•• A disputa europeia pelas
agrupamentos humanos
•• As primeiras aldeias e
depois as cidades
•• As cidades se diferenciam
portugueses e os
indígenas
•• Os primeiros tempos
•• Ocupação portuguesa
•• Os governos-gerais
MANUAL DO PROFESSOR
Quadro geral de temas 4o Ano - O encontro
de povos e culturas
terras descobertas no
século 15
•• A ocupação do
território brasileiro
•• Os tratados de
limites: estabelecendo
as fronteiras
Capítulo 2
Capítulo 2
Capítulo 2
Capítulo 2
Burgos: A cidade
estaria mudando?
Cidades e
reinos africanos
A escravidão
no Brasil
Formação da
cultura nacional
•• A procura de proteção
•• O surgimento dos burgos
•• O centro das
•• Um continente,
•• A exploração do trabalho
muitos povos
e a escravidão indígena
•• A cultura brasileira
•• A formação cultural
cidades medievais
•• Características dos povos
do sul da África
•• A Cidade de Ifé
•• Os impérios de Gana e
Mali
•• O reino do
•• A escravidão
dos africanos
•• O tráfico de
africanos escravizados
•• A abolição da escravatura
africana no Brasil
brasileira por meio das
línguas faladas no Brasil
•• A formação cultural
brasileira por meio
das religiões
•• Muitas contribuições
na formação da
cultura brasileira
Grande Zimbábue
•• A chegada dos europeus
Capítulo 3
Capítulo 3
Capítulo 3
Capítulo 3
O morador da
cidade é cidadão?
Os primeiros
habitantes
do Brasil
O rural e o urbano
no Brasil colonial
Brasil
independente:
nasce o país
•• A cidadania na Grécia
•• Os habitantes da terra
•• O engenho açucareiro
•• Um Brasil rural
•• A vida no
•• A corte portuguesa vem
antiga
•• A busca pela cidadania
na atualidade
de Pindorama
•• Os indígenas do Brasil
•• A aldeia indígena
•• O dia a dia dos grupos
indígenas
engenho colonial
•• O ambiente urbano
na colônia
para o Brasil
•• A proclamação da
Independência do Brasil
•• A organização do
Estado brasileiro
•• Formando um
país continental
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Quadro geral de temas 5o Ano - Organização social
e política brasileira
Unidade 1
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
Brasil: as mudanças
no início do
século 20
Formando uma
nação
A República
Federativa do Brasil
Participar: um
direito e um dever
Capítulo 1
Capítulo 1
Capítulo 1
Capítulo 1
Imigrantes em
busca de um sonho
A nação e os
símbolos nacionais
brasileiros
Divisão política
do Brasil
Participar para
ajudar a construir
•• O Brasil no século 19
•• Da Europa para o Brasil
•• Os primeiros imigrantes
•• O Brasil quer
•• Ser brasileiro é pertencer
•• Mudanças na divisão
•• Solidariedade e
a uma nação
política do Brasil
•• A cidade e o município
•• O ritmo das cidades
•• O município
•• A administração
mais imigrantes
•• O imigrante na cidade
•• A chegada dos japoneses
•• Ser brasileiro fora do Brasil
participação
•• Participação: uma
conquista
•• Processo eleitoral
e participação
do município
Capítulo 2
Capítulo 2
Capítulo 2
Capítulo 2
A República
brasileira
O povo brasileiro
Cada cidade,
muitas histórias
A população luta
por seus direitos
•• Reações contra a
•• Indígenas e europeus:
•• A preservação do
•• Movimentos populares
•• A luta pelos direitos
Monarquia Imperial
no Brasil
•• A Constituição
o povo brasileiro
em formação
Patrimônio Histórico
•• A história dos lugares
•• A chegada dos africanos
das mulheres
•• A participação
republicana, o que
mudou?
dos trabalhadores
•• Luta pela terra
Capítulo 3
Capítulo 3
Capítulo 3
Capítulo 3
Urbanização e
cultura de massa
Os indígenas e os
afrodescendentes:
a difícil caminhada
A cidadania em
construção
A sociedade em
constante
transformação
•• O crescimento e
•• A relação com a natureza
•• As questões indígenas na
•• Democracia passo a passo
•• A Constituição brasileira
•• O Brasil e o século 21
•• Brasil e o meio ambiente
desenvolvimento das
cidades
•• A cultura urbana e a
popularização do rádio
•• Futebol – De jogo da elite
a esporte popular
legislação brasileira.
de 1988
•• Os africanos e os
afrodescendentes
no Brasil
•• Resistência e luta
•• O fim da escravidão
africana no Brasil
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Estratégias para o trabalho com a Coleção
MANUAL DO PROFESSOR
Ao longo dos volumes são propostas diferentes atividades e análises que contribuem para a formação do pensar histórico. Para desenvolver essas atividades é preciso que você utilize algumas estratégias, descritas a seguir.
O trabalho com textos
Propõem-se na Coleção a leitura e interpretação de diversos gêneros textuais (como documentos
históricos, depoimentos, textos ficcionais, letras de música, poemas, artigos) e imagens (pinturas e outras
obras de arte, fotografias, ilustrações e mapas) que foram selecionados para cada tema e que se constituem em importante recurso para a abordagem da História.
O trabalho com diferentes tipos de fontes é corrente ao longo dos 4 volumes, no entanto ele aparece de forma sistematizada no 4o e 5o ano, em especial na seção “Estudando o documento”.
É fundamental trabalhar as habilidades de leitura, compreensão e interpretação para que a reflexão ganhe efetivamente um significado e permita, assim, a realização das atividades propostas. Também
é necessário selecionar as dificuldades quanto ao vocabulário, conceito ou entendimento do texto como
um todo, orientando o aluno no sentido de buscar soluções para suas dúvidas.
Antes da leitura de um texto pode-se promover uma conversa com os alunos para despertar a
curiosidade deles. Depois, é importante que eles comentem o que foi lido, procurando desenvolver o
trabalho de interpretação a partir da compreensão do vocabulário, identificação do tema central, interpretação de alguns trechos do texto lido, produção de explicação e sistematização do conhecimento
apreendido por meio da leitura desse texto.
Cada tempo histórico tem também a linguagem que lhe é própria, sendo assim importante, até
como forma de educar-se no sentido de controlar os “erros de anacronismo”, conhecer textos que foram
escritos em fases históricas que precederam o tempo que estamos vivendo, os denominados “textos de
época”.
A leitura de um texto em grafia antiga pode causar estranheza aos alunos, mas pode ser uma maneira de você demonstrar que, além das formas de viver, até a linguagem varia no decorrer do tempo.
O trabalho com documentos e fontes históricas possibilita ao aluno a percepção do ofício do historiador e do trabalho de escrever a História a partir das fontes, além da distinção entre documentos propriamente ditos, usados com finalidades didáticas (ex.: a Carta de Pero Vaz de Caminha) e aqueles como
textos e filmes que auxiliam a construção do saber, mas que foram produzidos a partir de olhares e questões de quem os produziu (ex.: textos de jornais, quadros, mapas, livros, enciclopédias, entre outros).
A transposição didática do fazer histórico pressupõe, entre outros procedimentos,
que se trabalhe a compreensão e a explicação histórica. Podem ser priorizados alguns
pontos de explicação histórica para serem transpostos para a sala de aula e comporem
o que denominamos a Educação Histórica [...] A problematização histórica, ao ser transposta para o ensino, traz múltiplas possibilidades e também questionamentos [...] Na
prática da sala de aula, a problemática acerca de um objeto de estudo pode ser construída a partir de questões colocadas pelos historiadores ou das que fazem parte das representações dos alunos, de forma tal que eles encontrem significado no conteúdo que
aprendem. [...]
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É preciso que se leve em consideração o fato de que a História suscita questões
que ela própria não consegue responder e de que há inúmeras interpretações possíveis
dos fatos históricos [...] (SCHIMIDT, 2008, p. 60).
Assim, é preciso atenção a cada uma das atividades didáticas aplicadas no dia a dia em sala de
aula. A utilização de um filme para trabalhar um tema ou um conceito, por exemplo, é um recurso didático. Os recursos didáticos podem ser materiais ou humanos, no caso do professor.
O trabalho com imagens
Muitas das imagens apresentadas ao longo da Coleção vão além da simples ilustração dos temas,
ampliando as informações sobre ele. Sejam elas pinturas, ilustrações ou fotografias, desempenham também importante papel na proposta reflexiva do estudo da História.
Para que as imagens trabalhadas como fontes históricas sejam de fato analisadas nessa perspectiva, é necessário o aprimoramento nas técnicas de leitura e interpretação.
No que tange o trabalho com fotografias, Boris Kossoy, em sua conhecida obra Fotografia e História, cita o fotógrafo húngaro Brassaï:
A fotografia tem um destino duplo... Ela é a filha do mundo do aparente, do instante vivido, e como tal guardará sempre algo de documento histórico ou científico
sobre ele; mas ela é também filha do retângulo, um produto das belas-artes, o qual
requer o preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com sinais em preto e
branco ou em cores. Nesse sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível de escapar desse fato (BRASSAI, apud KOSSOY,
1989, p. 32).
Ou seja, o fotógrafo destaca que a fotografia é um objeto que pode ser analisado de diferentes
maneiras, e que é necessário o devido cuidado para a sua análise. A fotografia deve ser entendida pelos
alunos como um recorte da realidade, de forma que ela exige uma postura crítica na sua leitura.
O historiador Peter Burke, no livro Testemunha ocular: História e imagem, expressa um diferente posicionamento sobre o lugar que as imagens ocupam entre outros tipos de registros históricos. Ele defende que as imagens não devem ser consideradas simples reflexões de épocas e lugares, mas sim extensões dos contextos sociais em que elas foram produzidas.
Imagens são especialmente valiosas na reconstrução da cultura cotidiana de pessoas comuns. [...] Num ângulo positivo, imagens frequentemente revelam detalhes da
cultura material que as pessoas na época haviam considerado como dados e deixado de
mencionar no texto. [...] O testemunho de imagens é ainda mais valioso porque elas revelam não apenas artefatos do passado (que em alguns casos foram preservados e podem ser diretamente examinados), mas também a sua organização [...] (BURKE, 2004,
p. 99; 120-121).
Assim, tendo em vista as possíveis abordagens do trabalho com imagens, é fundamental o desenvolvimento de um processo de construção do saber que exercite a prática de leitura de imagens, articuladas ao texto escrito e representando uma determinada época. Para desenvolver esse olhar, sugere-se
um trabalho frequente, que aproveite o grande número de imagens apresentadas como conteúdo nesta Coleção.
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MANUAL DO PROFESSOR
Os trabalhos com as obras de arte exigem, assim como com as fotografias, a análise do enfoque
dado ao acontecimento e, mais do que isso, à representação do acontecimento em si. A análise dessas
obras deve, ainda, considerar a presença de elementos com funções simbólicas e, por vezes, considerar
o objeto da produção.
O trabalho com mapas
Os mapas podem nos fornecer informações variadas, que vão desde o aspecto físico de um determinado local até informações múltiplas sobre produtos, população e inúmeros outros elementos.
Ao longo da Coleção são apresentados vários mapas que visam traduzir para a linguagem cartográfica alguns temas, desde a divisão política do Brasil na atualidade, até aqueles com informações históricas, representativas de um determinado período e local.
Para o historiador, além de um instrumento de localização, o mapa é também um documento de
uma época, uma fonte histórica. Quando trabalhamos com mapas antigos, por exemplo, reforçamos o
contato do aluno com diferentes visões e interpretações de regiões do planeta, possibilitando que você,
professor, faça comparações e relações com outras informações históricas do passado mais distante, do
passado mais recente e da atualidade.
O uso de mapas nas aulas de História é uma prática pedagógica obrigatória e a leitura deles deve
atender às suas especificidades. A fim de auxiliar você nesse processo, bem como a desenvolver essa habilidade nos alunos, são indicadas aqui algumas orientações.
•• Nos três primeiros anos do Ensino Fundamental é importante que você tenha sempre o mapa
político atual do seu estado ou do Brasil e ofereça, constantemente, a oportunidade aos alunos
para que o observem detalhadamente, e que possam fazer leituras sobre ele, como: onde moram, onde fica o litoral, o interior, quais são os limites, fazer relações de distâncias e grandezas,
entre outros.
•• Sempre que um mapa for apresentado no material didático é importante que você faça uma
abordagem sobre as informações que ele contém, a saber: a rosa dos ventos, a legenda e a
fonte.
•• No trabalho com mapas históricos você deve dar destaque aos elementos que façam referência
ao período trabalhado, bem como contextualizar esse período ou acontecimentos históricos do
passado, buscando fazer relações com o presente.
É importante também destacar para os alunos que as representações cartográficas antigas (a
exemplo do livro do 4o ano, Unidade 1, Capítulo 1) eram uma espécie de mapas produzidos até o século 14*, que, aliás, revelavam mais a imaginação de quem as produzia, tendo vários tipos de ornamentos
e desenhos simbólicos. Ressalte que, mesmo após o século 15, quando se desenvolveu a cartografia mais
científica, principalmente entre os portugueses, devido ao uso da bússola e da intensificação das navegações marítimas, muitos desses elementos simbólicos ainda permaneceram na cartografia.
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* Nesta Coleção optou-se pela utilização de algarismos arábicos na grafia de séculos dada a maior facilidade para sua leitura.
Trata-se também de uma tendência, visto que os maiores veículos de comunicação do país já adotaram essa forma na
designação de séculos, como afirma a linguista Maria Tereza de Queiroz Piacentini (2011).
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A formação de conceitos
Como em todas as ciências, a História trabalha com conceitos próprios e conceitos gerais, produzidos pela experiência humana. Por isso, na Coleção buscamos não privilegiar a informação, mas o desenvolvimento de habilidades, principalmente aquelas pertinentes a conceitos das Ciências Humanas.
É fundamental propiciar aos alunos a compreensão de que os acontecimentos históricos não podem ser explicados de maneira simplista, como causa-acontecimento-consequência. É necessário buscar
a pluralidade de fatores, o encadeamento de causalidades, além das numerosas relações que acontecem
no processo histórico.
De acordo com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), a apreensão e aprofundamento dos conceitos históricos fundamentais é direito de aprendizagem dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
São descritos direitos de aprendizagem gerais, que permeiam toda a ação pedagógica e, depois, expostos em quatro quadros, direitos específicos relacionados aos conceitos fundamentais da disciplina nos anos iniciais, cujas definições também oferecemos
ao debate. São as seguintes:
Fatos históricos: práticas ou eventos ocorridos no passado, que causaram implicações na vida das sociedades, dos grupos de convívio (familiares, étnico-culturais, profissionais, escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos, esportivos, políticos etc.) ou dos sujeitos históricos.
Sujeitos históricos: indivíduos ou grupos de convívio que, ao longo do tempo,
promovem e realizam (individual ou coletivamente) as ações sociais produtoras de fatos históricos.
Tempo: maneira como os indivíduos, os grupos de convívio e as sociedades sequenciam e ordenam as experiências diariamente vivenciadas por seus membros, com
base nas quais organizam suas memórias e projetam suas ações, tanto de forma individual quanto coletiva (BRASIL, 2012, p. 34).
É importante ressaltar que todo trabalho com a formulação de conceitos deve respeitar as etapas de
desenvolvimento dessa competência nos alunos, buscando, desse modo, selecionar os temas dentro de uma
perspectiva mais próxima ao mundo do qual fazem parte, tornando o ensino significativo e estimulante.
Assim, é essencial o trabalho com as noções básicas de dimensão de tempo e espaço do ensino
de História, tais como os conceitos de mudança e permanência, movimento e contradição, ou seja, buscar situar o aluno sobre quando e onde as coisas aconteceram ou estão acontecendo, para que ele possa gradativamente perceber as relações presentes no dia a dia como forma de qualificar a compreensão
tanto do passado quanto do presente acerca das relações humano-sociais e na dinâmica histórica.
Mais importante que as determinações causais, é a percepção desenvolvida pelos alunos sobre as
mudanças e permanências sobre as continuidades e descontinuidades.
Como afirma a historiadora Maria Auxiliadora Schimidt:
O procedimento histórico comporta a preocupação com a construção, a historicidade dos conceitos e a contextualização temporal. Entende-se que da mesma forma que
o passado está incorporado em grande parte aos nossos conceitos, ele também lhes dá
um conteúdo concreto. Assim todo conceito é criado, datado, tem a sua história [...]
(SCHIMIDT, 2008, p. 61).
Sob essa perspectiva, a construção de conceitos como colonialismo, democracia, trabalho ou qualquer outro faz parte da análise, interpretação e comparação de fatos históricos em que o aluno pode fazer a própria síntese.
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O trabalho a partir de noções temporais, como ordenação, duração, simultaneidade e sucessão é
o primeiro passo para a compreensão da relação do passado com o presente, como proposto inicialmente no livro do 2o ano e aprofundado no livro do 3o ano.
MANUAL DO PROFESSOR
Em seguida, essas noções devem ser utilizadas como meios para a análise de contextos e períodos
da História. Desse modo, destaca-se a importância do conceito de tempo para a compreensão da História.
Igualmente fundamental para o estudo de história, o conceito de tempo está relacionado com a origem dos espaços e contribui para o entendimento de sua transformação. Permite compreender, principalmente, que os espaços não surgem prontos e acabados. Os diversos espaços carregam as marcas do passado, isto é, do antigo que continua coexistindo com o novo. Quando os grupos humanos aprenderam a cultivar plantas e criar animais, por exemplo, produziram uma verdadeira revolução na história das
sociedades. Agora, não precisariam mais se deslocar a todo momento em busca de alimento e abrigo, e se estabeleceram formando comunidades.
Nesse novo estágio, a passividade diante da natureza foi substituída por intervenções cada vez mais profundas no espaço e por relações sociais mais ricas. Definiram-se
novos papéis na transformação da natureza e a paisagem se tornou totalmente diferente: campos de cultivo, áreas de criação, edificações na aldeia. Nesse lento processo de
transformações, era o antigo que se modificava, trazendo todo o seu passado que serviria de base para o novo estágio. O antigo continuou e continua presente no novo. [...]
É a compreensão do conceito de tempo que vai permitir uma apreensão abrangente dos
processos de transformação da natureza. A partir da observação dos espaços próximos
(escola, bairro, cidade, município) e do questionamento sobre como eram e como poderão ficar, irá se desenvolvendo a noção de um tempo maior, mais amplo e abstrato: o
tempo histórico (KOZEL; FILIZOLA, 1996, p. 37).
Nos anos iniciais, é importante que o conceito de tempo seja trabalhado com as noções de sucessão, duração, ordenação e simultaneidade.
A temporalidade, por exemplo, é tratada visando à compreensão da relação passado/presente em
um progressivo domínio da leitura e da interpretação de diferentes documentos e fontes.
O desenvolvimento das noções de tempo, diferença/semelhança, permanência/mudança é aprofundado ao longo dos anos.
A reelaboração constante das noções assimiladas leva a novos significados e dimensões, nas quais
os dados se alteram de forma qualitativa em relação ao conhecimento anterior, e a apreensão de um determinado conceito evolui em complexidade e abstração, podendo ser incorporado ao raciocínio e à própria linguagem do aluno.
A realização das atividades pedagógicas
Projetos de Trabalho e a abordagem interdisciplinar
Segundo as Diretrizes Curriculares para Educação Básica, “pela abordagem interdisciplinar ocorre a
transversalidade do conhecimento constitutivo de diferentes disciplinas, por meio da ação didático-pedagógica mediada pela pedagogia dos projetos temáticos” (BRASIL, 2013, p. 28). Tendo isso em vista, propomos que uma das possibilidades de ampliar o trabalho desenvolvido nesta Coleção é a organização
de Projetos de Trabalho.
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Considerando que, por definição, Projetos de Trabalho são processos de elaboração dos professores
e dos alunos, nesta Coleção não são apresentados modelos de projetos prontos para o desenvolvimento.
Mas em diferentes momentos, por meio de orientações para o professor na parte especifica do
Manual, fazemos indicações de trabalho que concretizem a interação entre professores e alunos no compromisso constante de construção partilhada do conhecimento, envolvendo discussões, interações e socialização entre os alunos, alunos de outras turmas, famílias dos alunos, outros profissionais da escola e
pessoas da comunidade mais ampla.
Essa opção leva em consideração o fato das realidades do Brasil serem complexas e múltiplas, o
que implica valores culturais, sociais e interesses diferentes. Assim, pressupõe-se que cabe ao professor
adaptar conteúdos e atividades aos temas propostos na Coleção à realidade local e ao projeto politico
pedagógico da escola.
O Projeto de Trabalho se caracteriza pela adequação do fazer pedagógico aos níveis de desenvolvimento dos alunos e à compreensão do trabalho interdisciplinar, tornando-se uma rica oportunidade de
promover a aprendizagem significativa – o prazer de aprender –, uma vez que o questionamento feito
pelos alunos ou um problema localizado na realidade local transforma-se no guia do trabalho, e não em
uma estrutura de conhecimento disciplinar previamente definida (VASCONCELLOS, 2008). É a possibilidade de ir além do proposto no livro, com o objetivo de despertar os alunos para a historicidade das próprias experiências sociais, o que contribuiu para a formação como cidadãos ativos. Dessa forma, o Projeto de Trabalho fica aberto para a diversidade de estratégias, organização e aplicação qualitativa do conhecimento. Os alunos participam de forma ativa e aprendem pela experimentação.
O trabalho em equipe é uma das características dessa abordagem, fortalecendo assim as relações
de reciprocidade e de cooperação, favorecendo a autonomia dos alunos.
Dentro dessa perspectiva, os conteúdos teóricos e abstratos deixam de ser um fim em si mesmo
e passam a ser meio para uma leitura do tempo e da sociedade de forma critica e dinâmica, oportunizando a discussão de temas que possam promover o exercício da cidadania.
Sabe-se, porém, que o ponto de partida para o trabalho com projetos é o questionamento, uma
necessidade de compreender. Para chegar à resposta de suas dúvidas, o aluno precisa conhecer as ferramentas necessárias, que não se encontram nos conteúdos de uma única disciplina. O trabalho interdisciplinar ganha relevância nesse processo.
O trabalho com projetos visa, de modo especial, o desenvolvimento de habilidades cognitivas de
raciocínio aplicado às realidades e em detrimento da informação. Os questionamentos levantados pelos
alunos são considerados pelo professor como conhecimento prévio e base para as discussões conceituais. As aprendizagens ocorrem durante o desenvolvimento do projeto nas investigações, nas pesquisas,
e nas discussões, com isso integrando diferentes habilidades.
O trabalho com projetos implica, necessariamente, uma abordagem interdisciplinar. Não há disciplina isolada que dê resposta a um problema ou questionamento, ele só poderá ser resolvido com aplicação dos mais diversos conceitos construídos, das diferentes áreas do conhecimento. O objeto que o
sujeito vai estudar deve estar enraizado na prática social e na realidade construída na história.
Hernandez (1998) sustenta que o Projeto de Trabalho se baseia fundamentalmente numa concepção da globalização, entendida como um processo muito mais interno do que externo, no qual as relações entre conteúdos e áreas de conhecimento têm lugar em função trabalho das necessidades, que traz
consigo o fato de resolver uma série de problemas ou questionamentos. O processo ensino aprendizagem no trabalho com projetos se baseia na construção de significado.
Uma das tarefas do professor é selecionar situações de aprendizagem dentre as diversas apresentadas nesta Coleção, em especial aquelas propostas nas seções “Pesquisando e Aprendendo mais” e “Trabalhando juntos”. O professor deverá considerar o ensino e a aprendizagem como um processo que permite um continuo aprender, no qual o professor deixa de ser o centro do ensino e torna-se o orientador
do estudo e do trabalho do aluno.
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MANUAL DO PROFESSOR
É importante deixar registrado que na organização do Projeto de Trabalho as áreas do conhecimento não estão determinadas de antemão, nem dependem só do planejamento do professor, contudo
estão em função do que cada aluno já sabe sobre o tema e da informação com a qual se possa relacionar dentro e fora da escola.
O ponto de partida para a definição de um Projeto de Trabalho é o tema. Nesta Coleção sugerimos alguns na seção “Trabalhando juntos” e outros na seção “Pesquisando e aprendendo mais”. Mas cabe ao professor, juntamente com os alunos, escolher outros se julgarem necessário.
Dessa forma, o tema pode pertencer tanto aos anunciados nos diferentes capítulos desta Coleção,
ou de um fato da atualidade que é de interesse comum. Professores e alunos devem decidir sobre sua
relevância. Em qualquer caso o critério de escolha de um tema pela turma não se baseia “gostamos deste”, mas sim na sua relevância para o processo ensino-aprendizagem.
De acordo com Vasconcelos (2009), acreditamos que o grande ganho em termos de aprendizagem
está justamente no fato de o projeto nascer – e se desenvolver – da participação ativa dos alunos, o que
implica alto grau de interesse e de mobilização, aumentando em muito a probabilidade de uma aprendizagem significativa. Além disso, há ganho em termos de construção da autonomia, decorrente do processo de tomada de decisão e do assumir as responsabilidades pelas escolhas feitas, e da solidariedade,
em função do trabalho ser grupal.
Por meio do trabalho com projetos, o professor pode incentivar e propiciar a expressão e extensão da curiosidade do aluno.
Depois do tema definido em grupo, é o momento de elencar o que será pesquisado, e de que forma
as pesquisas devem ser conduzidas e seus resultados abordados. As formas podem ser diversificadas e podem ser organizadas em: pesquisa em livros, sites, revistas, documentos, entrevistas, visitas dirigidas, vídeos,
debates, entre outros. Muitas dessas propostas estão colocadas nas diferentes atividades desta Coleção.
O papel do professor é essencial na condução da análise dos dados coletados. Com isso, sugerimos que esse processo se realize em um diálogo com toda a turma. É importante também o papel de
mediação do professor diante das diferentes visões da realidade coletadas pelos alunos. Essa mediação
pode ser feita por meio de perguntas que permitam aos alunos estabelecerem prioridades e hierarquizar conteúdos e informações. É importante que nesse processo o aluno descubra que ele tem participação ativa na aprendizagem, não esperando passivamente que o professor tenha todas as respostas.
No caso de alunos não terem acesso a diferentes fontes de pesquisa, cabe ao professor selecioná-las e disponibilizá-las em sala de aula. É importante valorizar os dados coletados em pesquisa com familiares e comunidade. Há temas sugeridos para pesquisa nesta Coleção em que são mais valorizados os
dados colhidos de uma entrevista do que qualquer fonte escrita.
Segundo Hernandez (1998), a busca das fontes de informação favorece a autonomia dos alunos, é
sobretudo o diálogo promovido pelo educador para tratar de estabelecer comparações, interferências e
relações, o que ajuda a dar sentido à forma de ensino e de aprendizagem que se pretende com o Projeto de Trabalho.
Com um tratamento integrado das áreas do conhecimento, o aluno terá uma visão mais ampla da
realidade e, portanto, será capaz de desenvolver habilidades que permitam a promoção de atitudes de
cidadania e respeito ao próximo e ao ambiente segundo uma visão crítica, de modo que possa interferir e transformar a realidade de forma a tornar-se e perceber-se como sujeito histórico.
Redação de textos
A redação de textos por parte dos alunos auxilia não apenas na organização das informações e conhecimentos históricos trabalhados, como também no desenvolvimento de habilidades cognitivas referentes à escrita. A fim de tornar essa experiência mais produtiva, é importante que você, professor, apresente e trabalhe com os alunos os tipos e os gêneros textuais que fazem parte do cotidiano, propician-
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do que os estudantes compreendam que textos são produzidos diariamente em todos os momentos em
que nos comunicamos.
Na Coleção há atividades que solicitam a produção e redação de textos, seja de forma individual,
seja em grupo, nas seções “Para refletir”, “Pesquisando e aprendendo mais” e “Escrevendo a História”.
Nessas propostas, os alunos podem ser orientados a seguir algumas fases, como:
•• ler, analisar e debater sobre o tema proposto;
•• despertar o conhecimento prévio dos alunos, fazendo perguntas que circundem o tema proposto;
•• analisar junto com os alunos os elementos visuais que se apresentam junto ao texto: Qual foi a
estrutura escolhida? E as ilustrações, por que será que o autor as elegeu?
•• esclarecer as dúvidas dos alunos após a leitura do texto, para que eles possam discutir com mais
propriedade o tema exposto;
•• organizar os dados disponíveis; desenvolver a produção efetiva do texto com introdução, desenvolvimento e conclusão;
•• propor um mapa do texto, um planejamento com as ideias que serão desenvolvidas em cada
parte dele: apresentação, desenvolvimento e conclusão. Assim, os alunos conseguirão visualizar
a estrutura, facilitando a não se perderem no assunto;
•• ler os textos em grupo e reescrevê-los;
•• ler e reescrever o texto são bastante importantes, pois a partir dessas práticas o aluno conseguirá elaborar um texto bem escrito, tomando decisões sobre a apresentação final;
•• colaborar com a revisão dos textos dos colegas nas práticas de leitura em grupo, assim cada um
pode mostrar diferentes pontos de vista sobre distintos aspectos do tema. Pode também aprender a receber criticamente as sugestões dos colegas e decidir sobre a incorporação ou não na
versão final do próprio texto.
O trabalho de pesquisa
É importante trabalhar com os alunos o significado da pesquisa e interpretação de fontes ou documentos históricos a partir de diferentes atividades que revelem o estudo e a compreensão dos fatos
históricos segundo o enfoque e leitura que se faz deles.
É fundamental que eles superem a noção de que um documento, seja qual for a origem, representa a visão acabada de um acontecimento. Segundo o historiador Leandro Karnal:
[...] fazer um texto de História é estabelecer o diálogo entre o passado e o presente. Isso significa que não há um passado “puro”, “total”, que possa ser reconstituído exatamente “como era”. Também significa que podemos fazer um texto ou dar uma aula de
História baseados apenas na concepção atual, pois isso leva a projeções do presente no
passado: os famosos anacronismos. Existe o passado. Porém quem recorta, escolhe, dimensiona e narra este passado é um homem do presente. Assim, uma vez produzido,
todo texto histórico torna-se ele mesmo objeto de História, pois passa a representar a
visão de um indivíduo sobre o passado (KARNAL, 2003, p. 7-8).
Para o desenvolvimento do ensino crítico e analítico do aluno, é necessário distinguir e considerar
dados, informações, opiniões e interpretações feitas sobre eles. Nesse processo é fundamental que se
acompanhe e se oriente cada fase da pesquisa, levando à realização de uma atividade que rompa com
o vício de apenas copiar textos de livros.
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É fundamental estimular o aluno a refletir, descobrir e elaborar o conhecimento com exposições
orais, análises e debates sobre o tema, propiciando a reelaboração do conhecimento a partir da pesquisa. Essa prática é desenvolvida, em especial, na seção “Pesquisando e aprendendo mais”, no entanto pode ser solicitada em outros momentos, para auxiliar em outras atividades, como na seção “Escrevendo a
História” e “Para refletir”.
Segundo pensamento expresso por Marilena Chaui, na obra Cultura e democracia:
[...] produzir saber é um trabalho cuja tarefa é elevar à dimensão do conceito uma
situação de não saber, a experiência imediata cuja obscuridade pede o trabalho de clarificação. Logo, o campo da produção do saber é privilegiado; espaço que aceita o desafio de conviver com o “indeterminado”, o “externo”, o “opaco” para torná-lo “inteligível”
(CHAUI, 1984, p. 5).
É importante que os alunos desenvolvam a capacidade de buscar as informações de que necessitam desde os primeiros anos da escolaridade, aprimorando, para isso, a capacidade de ler, desenvolver
mecanismos de memorização e seleção de informações. Nesse caso, deve-se escolher o jornal e selecionar notícias, publicidades e artigos que contenham temas relacionados à pesquisa.
Dinâmica de debates
As situações de debate e a troca de opiniões com a leitura de textos produzidos pelos alunos são
sugeridas em várias atividades ao longo da Coleção como possibilidade de socialização e melhoria do
aprendizado. Na seção “Para Refletir”, por vezes essas habilidades são trabalhadas com maior enfoque,
sendo orientada e estimulada a troca de ideias e a expressão oral.
Com debates e apresentações orais podem ser trabalhadas habilidades dos alunos, como falar, ouvir, argumentar e se manifestar mediante outras pessoas. Nessas atividades os alunos têm espaço para
expressar opiniões e serem respeitados por elas. Por esse motivo, compreende-se que a prática de debates e conversas contribui para a formação crítica e analítica dos alunos.
Sugere-se, contudo, que a prática desse tipo de atividade seja sempre planejada por você e as regras definidas e explicadas claramente, a fim de que todos possam participar e a atividade seja produtiva, considerando o tempo disponível, o respeito às opiniões diversas e aos objetivos propostos para a dinâmica de trabalho.
Entrevistas
As atividades que recorrem a conversas e entrevistas são importantes, pois auxiliam no conhecimento da história uns dos outros, e no diálogo com a família e com as pessoas mais velhas, levando, assim, à percepção da história de vida e das memórias.
[...] A História oral é usada em escolas por crianças e jovens para conhecer sua
própria comunidade. A conversa sobre o passado recente entre jovens e idosos estreita o relacionamento e valoriza os traços culturais locais, além de fornecer uma nova
e envolvente dimensão às histórias regional e familiar porque as integra ao todo
mais amplo da memória nacional. [...] Também tem sido usada em museus como instrumento vivo para transmitir informações e tornar as exposições mais interessantes e dinâmicas.
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É utilizada no trabalho com comunidades, bairros e grupos de vizinhança porque,
além de possibilitar o registro de suas memórias, permite processos de revalorização
dos idosos através de um importante papel na reconstrução do passado (CENTRO DE
MEMÓRIA DA UNICAMP. Disponível em: <www.centrodememoria.unicamp.br>. Acesso
em: 8 maio 2010).
Ao encaminhar as entrevistas sugeridas nas atividades é importante que você esteja atento e leve
em consideração a diversidade cultural e social das experiências dos alunos e dos entrevistados (que podem variar em função do grupo familiar e de convívio). As entrevistas podem ser uma boa oportunidade para os alunos perceberem que existem diferentes formas de compreender uma mesma realidade, estabelecendo um confronto entre os pontos de vista.
Além do conhecimento obtido por meio desse trabalho de resgate da memória e do conceito de
interpretação dos fatos, você pode comentar sobre a importância das vivências em família e de como
elas podem variar no tempo e entre os grupos humanos, auxiliando-os.
É importante também que essas atividades de pesquisa oral ou entrevista sejam orientadas, e que
nos primeiros anos da escolaridade o universo investigado seja aquele mais próximo aos alunos, com entrevistas dos familiares e pessoas do seu convívio.
Visita a museus e atividades externas
Para atingir o caráter educativo de uma atividade externa, como a visita a um museu, a uma instituição que ofereça serviços à comunidade, a uma exposição temática, entre outras, é fundamental seguir
alguns passos para a realização da atividade, levando o aluno a entender aspectos ligados à criação do
espaço de memória e à natureza do acervo guardado e exposto.
É interessante que você desenvolva o próprio roteiro de visita focado em aspectos ligados ao tema do trabalho em sala de aula, como as diversas fontes utilizadas pelo historiador, caso esteja trabalhando conceitos como pesquisa histórica e arqueológica, preservação e investigação de fontes diversas, entre outros.
Sugerimos a seguir alguns procedimentos a serem seguidos para a realização de visitas a museus
ou a outras exposições:
•• definir os objetivos da visita;
•• selecionar o museu ou a exposição mais adequada para trabalhar o tema escolhido;
•• dependendo da cidade, existe grande profusão de museus e exposições, contudo, a visita in loco em ambientes históricos é possível em todas as regiões do país, uma vez que grande parte
das construções mais antigas guarda, de alguma forma, o passado através do tempo;
•• visitar o local antecipadamente;
•• verificar as atividades educativas disponíveis, a existência de equipes de apoio à visitação, o número permitido de visitantes, entre outros aspectos;
•• preparar os alunos para a visitação com enfoque do tema e conceitos a serem observados;
•• elaborar formas ou atividades de continuidade à visita em sala de aula, como: produção de um
roteiro de visita, troca das experiências e impressões sobre o local e as pessoas a que tiveram
acesso, relatório sobre o que aprenderam e avaliação sobre a participação de cada uma durante a visita.
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Importante!
•• A atividade externa implica uma série de procedimentos, como: agendamento da saída; autorizaMANUAL DO PROFESSOR
ção escrita dos pais dos alunos; levantamento de custos, principalmente com o transporte; e aspectos práticos para a viabilização da visita.
Confecção de maquetes
A confecção de maquetes é uma atividade na qual os alunos se envolvem bastante, o que melhora a aprendizagem e o interesse pelo tema trabalhado. Mas para o desenvolvimento e a execução são
necessários alguns preparativos, a fim de que o trabalho flua e seja realizado dentro do período estipulado, de maneira segura e que não seja prejudicial ao meio ambiente. A montagem de maquetes é solicitada no Livro do Aluno, bem como por meio de atividades complementares no Manual do Professor.
Após escolher o aspecto que será retratado na maquete, os alunos vão enriquecer o conhecimento sobre o tema com pesquisas em outras fontes, como bibliotecas, pinturas, gravuras, entre outras.
Após a realização das pesquisas, os alunos devem debater em grupo sobre o tema, contextualizar
os aspectos que serão enfocados e produzir um pequeno esquema ou texto, visando, assim, tornar mais
concreto o trabalho a ser desenvolvido.
Com alguma antecedência, deve-se pedir que os alunos separem materiais, como caixas de diversos tamanhos, embalagens, copos plásticos, fósforos ou qualquer outro material que possa ser utilizado
na confecção da maquete e que não ofereça perigo ou dano a quem manusear o objeto para realizar o
trabalho. No espaço da escola deve ser determinado onde os alunos irão construir a maquete, acertar suas dimensões e o período de execução.
Por se tratar de uma atividade coletiva, seja no caso de uma maquete única para toda a turma ou
várias sobre o mesmo tema, é fundamental que todos trabalhem na execução, que haja planejamento e
respeito aos ritmos e habilidades individuais e, principalmente, que os alunos percebam a importância
do trabalho coletivo.
A realização de uma avaliação conjunta sobre a execução, ao final do trabalho, além da avaliação
sobre os conhecimentos obtidos, ajuda a dimensionar a atividade realizada.
Avaliação
Falar de avaliação não significa olhar apenas para o processo de aprendizagem do aluno. Avaliar é
olhar o todo; o processo ensino e aprendizagem não pode ser avaliado de forma separada. Dessa forma,
planejar é condição primordial quando desejamos realizar uma atividade com sucesso. Para isso precisamos pensar nas estratégias, nos objetivos e, principalmente, nos recursos de que dispomos.
No processo educativo, assim como em todos os setores do cotidiano, o ato de planejar deve
estar fortemente presente. Assim, inserido na escola e no trabalho com os alunos, é necessário realizar
um planejamento das atividades, fazendo escolhas e organizando ações, visando atingir objetivos claros e eficientes.
Dessa forma, podem-se identificar com maior propriedade as correções necessárias no planejamento elaborado, reorientando procedimentos e métodos utilizados com os alunos, e assim avaliá-los
com maior propriedade durante o processo de ensino-aprendizagem.
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Diante disso, pensar sobre “o que” e “para que” avaliar faz parte do planejamento das aulas. Pois
quanto mais você souber quais os objetivos a serem atingidos em cada etapa e tiver clareza da relevância do que está trabalhando, dos meios para atingir seus objetivos, mais efetiva e segura será a
aprendizagem.
A ação pedagógica é alimentada e orientada pelo processo de avaliação, que tem por finalidade
acompanhar e aperfeiçoar os dados resultantes do processo de ensino/aprendizagem.
A avaliação do aluno, a ser realizada pelo professor e pela escola, é redimensionadora da ação pedagógica e deve assumir um caráter processual, formativo e participativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica.
A avaliação formativa, que ocorre durante todo o processo educacional, busca
diagnosticar as potencialidades do aluno e detectar problemas de aprendizagem e de ensino. A intervenção imediata no sentido de sanar dificuldades que alguns estudantes
evidenciem é uma garantia para o seu progresso nos estudos. Quanto mais se atrasa essa intervenção, mais complexo se torna o problema de aprendizagem e, consequentemente, mais difícil se torna saná-lo.
A avaliação contínua pode assumir várias formas, tais como a observação e o registro das atividades dos alunos, sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
trabalhos individuais, organizados ou não em portfólios, trabalhos coletivos, exercícios
em classe e provas, dentre outros (BRASIL, 2013, p. 123).
Na avaliação da aprendizagem é fundamental a análise da capacidade de reflexão dos alunos diante das próprias experiências. E, portanto, deve ser entendido como processo contínuo, sistemático, permanente, que oportuniza uma atitude crítico-reflexiva perante a realidade concreta.
Tanto você quanto o aluno precisam entender o processo educativo como uma ação contínua de
construção e, desse modo, considerar a avaliação formativa como um importante recurso e componente didático.
Segundo José Carlos Libâneo (1994, p. 195): ”A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos”, assim a avaliação precisa envolver os sujeitos dos processos de ensino-aprendizagem para que haja uma prática reflexiva sobre as atividades educacionais propostas e desenvolvidas com os alunos.
Essa modalidade de avaliação permite organizar e reorganizar o percurso planejado, refletindo
sobre os erros e acertos, principalmente considerando o conhecimento prévio dos alunos sobre os temas abordados.
Nas várias atividades propostas, o objetivo não é apenas verificar a compreensão dos textos explicativos, mas também o desenvolvimento de outras habilidades e capacidades, como a pesquisa, o debate, a entrevista e a análise de documentos.
Para obter uma avaliação que atenda a esses objetivos, você deve, em todo o decorrer do processo ensino-aprendizagem, identificar as possibilidades que os alunos apresentam para construírem
seus conhecimentos. Nessa tarefa, pode ser auxiliado por diagnósticos elaborados a partir de fontes que
contemplem aspectos como a expressão oral e escrita, a participação em atividades de grupos e o interesse e a criatividade manifestado pelos alunos.
Na proposta desta Coleção a avaliação não deve ser compreendida como um conjunto de instrumentos, mas uma postura diante do processo ensino-aprendizagem em que professor e aluno atuam juntos. Não se deve então avaliar o que aluno aprendeu daquilo que o professor ensinou, mas se
o que o aluno aprendeu ou precisa aprender contribuirá para a construção de habilidades que permitam entender conceitos, construir conhecimentos e fazer e refazer caminhos no processo ensino-aprendizagem.
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MANUAL DO PROFESSOR
No início de cada capítulo a Coleção propõe na seção “Para Começo de conversa” uma avaliação
diagnóstica. Nesse momento o professor também poderá anunciar aos alunos que conhecimentos serão
construídos no capítulo, para que ele possa perceber as dúvidas e solicitar apoio naquilo que eles ainda
não compreenderam.
Nesse processo, durante a realização das atividades propostas na Coleção, o professor deve propiciar momentos de troca, movimentando-se pela sala de aula, dialogando com os alunos, orientando-os,
discutindo em pequeno ou grande grupo sobre as dúvidas individuais e coletivas, trocando informações,
compartilhando com o grupo de alunos as retomadas necessárias.
A seção “Escrevendo a História” propõe a construção de textos, que podem servir como elemento importante para a avaliação formativa. Uma das características do ser humano é a significação. É com
essa visão que o professor deve analisar as produções dos seus alunos: por qual razão o aluno escreveu
isso; por qual razão deixou de abordar determinados temas, conceitos ou conteúdos; com que sentimento construiu o texto.
A busca do entendimento de como cada aluno usou as habilidades e conhecimentos é condição
básica para futuras interferências individuais, em grupo e alterações no planejamento do professor.
Nesse sentido, é particularmente importante o professor entender que a avaliação faz parte de um
encaminhamento metodológico, no qual a sala de aula seja um ambiente rico de estímulos e favorável
à construção de conhecimento, proporcionando uma variedade de estratégias que envolvam temas, conceitos e desenvolvimento de habilidades nas diversas áreas do conhecimento, partindo de situações significativas para os alunos.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental de 9 anos, os alunos usam diferentes tipos de estratégias para responder às diversas perguntas que a escola faz. Daí a importância da valorização de uma avaliação individual e contínua.
A avaliação deve ser um meio de favorecer o planejamento, tanto para que o professor conheça o resultado da sua ação didático-pedagógica quanto para que o aluno possa conhecer seu desenvolvimento. A
postura do professor diante desse desenvolvimento deve estar comprometida com a avaliação formativa.
É preciso conceber que o aluno constrói habilidades, aprimora o modo de pensar ao longo do ano e,
à medida que se depara diante de novas situações, novos desafios, novos conflitos, reformula suas respostas.
O processo de avaliação, dessa forma, deve ser um conjunto de ações de encorajamento ao aluno, para que
possa construir habilidades organizando e reorganizando ideias. Dessa forma, o professor pode retomar ao
longo do ano os textos produzidos na seção “Escrevendo a História” e solicitar aos alunos a reescrita.
O professor deve analisar, observar e avaliar as respostas dos alunos nas diversas seções propostas
nesta Coleção em dois níveis: aquilo que o aluno pode realizar sozinho e aquilo que realiza com a colaboração de outros. Desse modo, você, professor, necessita ainda mais acreditar que todo aluno, independentemente do ritmo, pode construir conhecimentos significativos.
A avaliação deve oferecer condições para que o aluno possa mostrar o que sabe e, principalmente, como pensa. Com isso, compreenderá que é tanto sujeito quanto agente da História.
Textos complementares
Por compreender que a prática docente exige constante aprimoramento, ao longo deste Manual
foram apresentadas reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem e sobre estratégias que contribuem para o trabalho com temas e conteúdos da ciência histórica. As sugestões bibliográficas, também
presentes neste Manual, constituem-se em um apoio ao estudo do professor. Compreendendo que há
um inesgotável acervo de obras sobre os temas e conteúdos aqui apresentados, os livros indicados neste manual oferecem alguns caminhos possíveis para que você encontre um aporte teórico sobre alguns
temas e tenha possibilidades de expandir seu conhecimento histórico.
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Ainda nesse sentido, são apresentados a seguir quatro textos complementares sobre temas que
compreendemos essenciais para o trabalho com a Coleção, a saber: os conceitos históricos, o estudo das
contribuições indígenas, africanas e afro-brasileira, a importância do trabalho com as fontes históricas e
a interdisciplinaridade.
Texto 1
O texto a seguir traz uma reflexão sobre a abordagem da História na sala de aula e sobre as escolhas necessárias para a construção do currículo.
Pela volta do conteúdo nas aulas de História
O passado deve ser interrogado a partir de questões que nos inquietam no presente (caso
contrário, estudá-lo fica sem sentido). Portanto, as aulas de História serão muito melhores se
conseguirem estabelecer um duplo compromisso: com o passado e com o presente.
Compromisso com o presente não significa, contudo, presentismo vulgar, ou seja, tentar
encontrar no passado justificativas para atitudes, valores e ideologias praticadas no presente (Hitler queria provar pelo passado a existência de uma pretensa raça ariana superior às demais).
Significa tomar como referência questões sociais e culturais, assim como problemáticas humanas que fazem parte de nossa vida, temas como desigualdades sociais, raciais, sexuais, diferenças culturais, problemas materiais e inquietações relacionadas a como interpretar o mundo, lidar com a morte, organizar a sociedade, estabelecer limites sociais, mudar esses limites, contestar a ordem, consolidar instituições, preservar tradições, realizar rupturas...
Compromisso com o passado não significa estudar o passado pelo passado, apaixonar-se
pelo objeto de pesquisa por ser a nossa pesquisa, sem pensar no que a humanidade pode ser beneficiada com isso. Compromisso com o passado é pesquisar com seriedade, basear-se nos fatos
históricos, não distorcer o acontecido, como se fosse uma massa amorfa à disposição da fantasia
de seu manipulador. Sem o respeito ao acontecido a História vira ficção. Interpretar não pode
ser confundido com inventar. E isso vale tanto para fatos como para processos (aqui mesmo, no
Brasil, não inventam um anacrônico “modo de produção feudal”, pois segundo o “modelo” deveria haver algo entre escravismo e capitalismo?).
[...]
Um modo mais construtivo (sem trocadilhos) seria adotar como postura de ensino (que se
quer crítico) a estratégia de abordar a História a partir de questões, temas e conceitos. Quais seriam as questões relevantes que podem ser feitas ao presente e, por extensão, ao passado? Qual
a relevância dos recortes temáticos tradicionais e novos feitos pela historiografia? Quais os conceitos importantes a serem discutidos com os alunos? Tendo respostas mais ou menos claras sobre esses assuntos, o professor poderá:
•• despertar o interesse dos alunos demonstrando a atualidade de coisas tão cronologicamente remotas quanto a situação das mulheres na Idade Média, a insatisfação dos plebeus na Roma antiga ou a aspirações ambíguas dos burgueses no século XVIII;
•• capacitar os estudantes no sentido de perceberem a historicidade de conceitos como democracia, cidadania, beleza (como e por que mudaram muito ao longo do tempo?); práticas como a manifestação de religiosidade, afetividade, sexualidade, cultural e moral;
•• fazer com que os alunos não só reconheçam preconceitos, mas compreendam seu desenvolvimento e mecanismos de atuação, para poder criticá-los com base em argumentos
mais sólidos;
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MANUAL DO PROFESSOR
•• demonstrar com clareza certos usos e abusos da História, perpetrados por grupos políticos, nações, facções (adversários de um estado nacional são frequentemente apresentados nos manuais escolares como inimigos da pátria, revolucionários como traidores, minorias como gente não patriota e assim por diante);
•• possibilitar a crítica e dogmatismos e ‘verdades’ absolutas como base no reconhecimento
da historicidade de situações e formas de pensamento (talvez não seja o caso de entender as razões dos leões que devoraram cristãos nas arenas romanas, mas, pelo menos,
dos “hereges” que foram massacrados impiedosamente pela Igreja Católica).
Jaime Pinsky e Carla Bassenezi Pinsky. Por uma História prazerosa e consequente. In: Leandro Karnal. História na sala de aula.
Conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2010, p. 23-26.
Texto 2
O estudo das contribuições indígenas, africanas e afro-brasileiras, bem como dos diferentes imigrantes que vieram para o país, para a História do Brasil, pode ser abordado por diferentes vertentes. A
fim de contribuir com essas temáticas, é preciso explorar as noções de identidade e cultura que se propõem analisar. O texto a seguir indica possibilidades para esse trabalho.
Identidades plurais
[...]
O surgimento de uma área comum entre antropólogos e historiadores tornou-se possível
quando os primeiros perceberam que, longe de serem estáticas, as estruturas culturais continuamente se transformam, através do tempo, como resultado da experiência e das relações vivenciadas entre os grupos sociais, e quando os historiadores passaram a valorizar comportamentos,
crenças e cotidianos dos homens comuns, entendendo-os como sujeitos também atuantes e
transformadores dos processos históricos. A história cultural constitui o principal ponto de encontro entre as duas disciplinas, campo no qual a fronteira entre elas torna-se tênue ou até desaparece em abordagens interdisciplinares que, em nossos dias, tendem a se ampliar e enriquecer nosso conhecimento sobre os mais diversos povos e suas complexas relações socioculturais.
A noção de cultura como produto histórico, dinâmico e flexível conduz a novas abordagens sobre relações de contato cultural, questionam e complexificam o conceito de aculturação.
No lugar de regras e parâmetros deterministas, fronteiras culturais e ideológicas rigidamente demarcadas, abre-se espaço para considerar as tensões e ambivalências do universo cultural e simbólico continuamente reordenado nos processos históricos. Isso favorece a ideia de
que, apesar dos condicionamentos culturais, os homens orientam-se por estratégias móveis,
por interesses e objetivos que se transformam com suas experiências históricas, permitindo-lhes reformular culturas, valores, memórias e identidades. Estas últimas podem ser vistas,
portanto, como plásticas, provisórias, contingentes e plurais, evidenciando que pluralidade e
identidade não são excludentes. A investigação sobre construção e reconstrução identitárias
tem revelado uma gama de possibilidades quanto a composições e acomodações dos diferentes
elementos internos a um grupo ou mesmo a um indivíduo. Identidades regionais, religiosas,
étnicas, profissionais ou, num nível macro, nacionais, surgem como construções fluídas, dinâmicas e flexíveis, que se constroem através de complexos processos de apropriações e ressignificações culturais nas experiências entre grupos e indivíduos que interagem, daí se falar em
identidades inter e intracontrastivas. [...]
Cecília Azevedo e Maria Regina Celestino de Almeida. Identidades plurais. In: Martha Abreu e Rachel Soihet (Orgs.). Ensino de
História: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009, p. 25-26.
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Texto 3
Ao longo da Coleção é proposto o trabalho com diferentes fontes históricas. São atividades que
orientam a análise de textos jornalísticos, obras de arte, fotografias, documentos oficiais (textos de leis,
decretos), mapas, entre outros.
Essa prática é recorrente na coleção por compreendermos sua importância para o fazer histórico.
O texto a seguir discorre sobre o trabalho com fontes e a variedade de materiais que pode ser analisada
sob essa perspectiva.
Introdução
[...]
O conceito de História como campo de conhecimento é fundamentalmente relacionado
ao conceito de fontes históricas. O uso das fontes e a sua análise temporal são propriedades
do conhecimento histórico. Elementos componentes do conceito de História científica, o documento e o tempo diferenciam a narrativa histórica da narrativa ficcional e das narrativas
científicas de modo geral.
As fontes, consideradas objeto material da pesquisa histórica, vêm adquirindo, desde o
século XVIII, quando D. Mabillon, da Congregação de Sainte Maur, escreveu a obra De Re Diplomatica, cada vez mais importância e vêm expandindo o seu significado. Quando a História
iniciou sua trajetória como conhecimento, o documento escrito oficial era a essência de sua veracidade, afirmação que atingiu seu auge no século XIX. A História era o que havia sido registrado pela escrita dos homens sobre a vida pública. Com isso, os sujeitos eram somente os que
tinham aceso às formas de manifestação escrita ou os que deviam, em razão de sua importância pública, ter seus atos registrados pelos seus pares, detentores das formas escritas.
[...]
Ao uso exclusivo dos documentos escritos como fontes foi incorporada a variedade da produção da sociedade. Esse novo olhar sobre a História como campo de conhecimento fez que a vida política deixasse de ser objeto exclusivo da pesquisa. Obras de arte, como pinturas e esculturas, documentos escritos de natureza diversa, como registros particulares, anotações domésticas,
tipos variados de correspondência, formas de manifestação literária, musical, imagens fixas e e
em movimento, peças da vida cotidiana, enfim, tudo o que fornecesse informação sobre a vida
humana aos poucos foi incorporado ao universo das fontes históricas.
[...]
Para proporcionar o desenvolvimento do pensamento histórico do aluno e fazê-lo distanciar-se do senso comum, a Didática da História propõe procedimentos críticos em relação às fontes, analisadas como recursos para a aprendizagem do aluno; promove a utilização
do raciocínio comparativo, da periodização do tempo histórico, distinto de um tempo subjetivo, da maestria do grau de generalização dos conceitos, distinguindo completamente a História de seus usos. Para tanto, mobiliza metodologias clássicas das ciências humanas e sociais: questionamento e observação, coleta de dados, exame e descrição e coloca em perspectiva os deslocamentos entre noções comuns e conceitos históricos (Bugnard, 2009).
A promoção dessas formas de pensamento histórico exige que a formação do aluno esteja fundamentalmente num conceito de História que o leve à compreensão da realidade social e das ações dos homens localizadas no tempo. Para tanto, é preciso utilizar materiais
que permitam a construção do texto histórico e o chamado a atividades intelectuais que encaminhem o aluno para o desenvolvimento do pensamento histórico.
André Chaves de Melo Silva; Kátia Maria Abud e Ronaldo Cardoso Alves. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning,
2010, p. IX-XIV.
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1
MANUAL DO PROFESSOR
UNIDADE
Orientações específicas
para o livro do 5o ano
Brasil: as mudanças no início do século 20
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O livro do 5o ano vai abordar elementos que envolvem a discussão das relações de poder que permeiam o final do século 19 no Brasil e o processo da Proclamação da República, trazendo conceitos mais
complexos como império, república e a produção e concentração da riqueza observadas nesse período,
bem como as relações sociais de produção a ele pertinentes. Nas quatro unidades que compõem esse
volume optou-se por uma progressão de temas que privilegiasse a percepção da organização social e
política brasileira, cuja abordagem de temas tão amplos não fosse comprometida pelo cuidado com a
capacidade de abstração dos alunos.
Na Unidade 1 serão abordados aspectos da segunda metade do século 19, quando o Brasil passava por grandes transformações econômicas e sociais. As ferrovias se espalhavam por várias regiões do
país e a agricultura começava a se diversificar, contudo, nos campos e nas cidades ainda predominava a
mão de obra escrava.
Os africanos escravizados trabalhavam nos engenhos de açúcar, nas fazendas de café, nas lojas
comerciais e nas pequenas indústrias que estavam surgindo. O Brasil ainda era o único país da América
a manter a escravidão.
Explique aos alunos que ao mesmo tempo em que ocorria o processo de chegada dos primeiros
imigrantes no Brasil, a partir de 1870, o país já caminhava no sentido de abolir a escravidão, fato que ocorreu
em 1888, com a Lei Áurea.
Esta unidade tem como objetivos:
•• auxiliar o aluno a identificar as mudanças que se evidenciaram com o fim do Império e o início
da República no Brasil;
•• apresentar as transformações econômicas e políticas da segunda metade do século 19, as contradições sociais, o centralismo político e a manutenção da escravidão como fatores de desestabilização do Império no Brasil;
•• permitir que os alunos comparem os mecanismos políticos e sociais existentes no Brasil nos
primeiros anos de República com aqueles existentes no Brasil da atualidade;
•• auxiliar na identificação de algumas formas de integração dos imigrantes à sociedade brasileira;
•• apresentar elementos do processo de formação da cultura urbana brasileira, estabelecendo as
relações entre o processo de industrialização e o crescimento das cidades.
Páginas 8 e 9 Abertura de unidade
Na abertura da unidade os alunos podem visualizar o quadro Operários, de Tarsila do Amaral (1886
- 1973), uma das mais importantes artistas do início do século 20 no Brasil. Converse com os alunos sobre o tema da obra. Explore os conhecimentos que eles têm sobre o que leem/enxergam nessa obra de
arte, assim como a diversidade de pessoas ali retratadas. Questione o que sabem sobre o trabalho em
fábricas na atualidade, buscando estabelecer comparações, na medida do possível.
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Capítulo 1 - Imigrantes em busca de um sonho
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Assim como os africanos e os indígenas, os imigrantes também compuseram a base da formação
do povo brasileiro. Eles começaram a chegar, de forma mais sistemática, a partir da segunda metade do
século 19, quando tiveram início as políticas de incentivo à imigração. Com isso, vieram pessoas dos mais
diferentes países: Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Japão, Polônia etc. Os mais variados aspectos de
seus hábitos e costumes foram incorporados à sociedade brasileira, o que contribuiu para aumentar o
caráter multicultural do Brasil.
Neste capítulo, objetiva-se compreender o papel exercido pelos imigrantes na construção da economia e da cultura brasileira.
Página 10 Para começo de conversa...
Inicie o trabalho analisando o texto que era reproduzido em cartazes divulgados pela Agência
Angelo Fiorita & Cia, em parceria com o governo de São Paulo, que fazia parte da propaganda para atrair
trabalhadores estrangeiros para o Brasil.
Reflita sobre as questões propostas e confronte-as com a imagem da chegada de imigrantes
retratada por Antonio Rocco, bem como com as informações que o texto oferece. Ao observar a imagem, estimule os alunos a refletirem sobre quais poderiam ser os sentimentos dessas pessoas ao chegarem
ao Brasil. Seria medo, esperança ou alegria? Quais sonhos estavam em suas mentes?
Destaque para os alunos que, apesar do capítulo começar abrangendo a imigração italiana, esse
não foi o primeiro grupo de estrangeiros que veio trabalhar no Brasil. Ao longo do capítulo será apresentado que os primeiros imigrantes que vieram ao país foram os alemães, mas é preciso reforçar essa informação para que os alunos não se confundam quanto à cronologia do processo.
Explique que, com a extinção do tráfico negreiro, a situação da economia no Brasil, baseada no
trabalho escravo, apresentava-se particularmente difícil. Ao mesmo tempo, um novo setor da economia,
a saber, a produção cafeeira, despontava pelo seu dinamismo e pela sua capacidade em desenvolver a
produção não mais apoiada no trabalho escravo, mas, sim, no assalariado.
O Brasil no século 19
Página 11
Ao falar dos imigrantes, é importante explicar aos alunos que a vinda desses estrangeiros para trabalhar
no país se deu, principalmente, para sanar o problema de mão de obra causado pela abolição da escravidão.
A fim de auxiliar na compreensão dessa relação, apresente aos alunos o contexto do fim da escravidão no Brasil.
Algumas leis fizeram parte do processo de abolição da escravidão africana no Brasil:
•• 1845 - Bill Aberdeen, aprovada pelo Parlamento inglês, garantia que navios ingleses poderiam
prender embarcações que estivessem traficando escravos.
•• 1850 - Lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico de escravos da África. Resultou no aumento do tráfico interno, ou seja, os escravos da região do Nordeste eram vendidos para as regiões
de maior potencial econômico, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a lavoura cafeeira crescia rapidamente.
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•• 1871 - Lei do Ventre Livre, que determinou a liberdade para todos os filhos de escravas nascidos
MANUAL DO PROFESSOR
a partir da data da sua promulgação. Contudo, eles continuavam com os pais, sob a guarda do
senhor, até oito anos. Depois os senhores poderiam entregá-los ao governo, mediante uma indenização, ou continuariam utilizando os seus serviços até os 21 anos. Essa lei resultou em muitas limitações em se tratando de liberdade.
•• 1885 - Lei Saraiva Cotegipe, mais conhecida como Lei dos Sexagenários. Declarava livres todos
os escravos com mais de sessenta anos.
Paralelamente à questão econômica envolvendo a mão de obra escrava, a propaganda abolicionista crescia no Brasil, além da resistência dos escravos por meio de fugas e rebeliões. A partir de 1880
foram fundadas no Rio de Janeiro a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Emancipacionista, que mais tarde se uniriam para formar a Confederação Abolicionista, com atuação em todo
o país.
O engajamento da sociedade brasileira na luta pela defesa dos africanos escravizados foi ficando
cada vez mais forte, por meio de jornais, revistas e discursos em praças públicas e, finalmente, em 13 de
maio de 1888, a princesa Isabel, filha de D. Pedro II, assinou a Lei Áurea, com apenas dois artigos:
•• Artigo 1o – É declarada extinta a escravidão;
•• Artigo 2o – Revogam-se as disposições em contrário.
Dessa forma, a abolição significou uma etapa jurídica na emancipação do escravo. No entanto, a
partir de então, teve início para os africanos escravizados uma longa luta em busca de cidadania e de
seus direitos, como será abordado Unidade 2.
Todas essas leis criaram uma complicada realidade social no país. Se por um lado, ponto de vista
jurídico, surgia um grupo de pessoas que eram livres, por outro, do ponto de vista social, essas pessoas
não tinham oportunidades de usufruir dessa liberdade no que toca ao trabalho e aos espaços públicos.
Os ex-escravos compuseram uma classe marginalizada. Sua libertação não lhes deu qualquer condição
cidadã.
Mais atividades
1. No site www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarte_abolicao.pdf
está disponível o exemplar do Jornal do Senado de 14 de maio de 1888, ou seja, do dia seguinte ao da abolição da escravidão. Apresente esse exemplar aos alunos, para que eles possam ver
como foi noticiada a abolição em um veículo de comunicação da época.
É interessante trabalhar com os alunos a linguagem jornalística utilizada, a forma como o contexto pré-escravidão foi abordado, bem como a imagem da Princesa Isabel como heroína da
nação.
Da Europa para o Brasil
Página 14 Para refletir
Explique que a partir de 1850, começou a imigração com o chamado “sistema de parceria”. Esse
sistema teve início com a proposição do senador Nicolau Vergueiro, na Fazenda Ibicaba, em São Paulo.
Por esse sistema, o proprietário cedia uma parcela da terra para os imigrantes cultivarem, devendo a produção ser dividida entre as duas partes. Inicialmente, os próprios fazendeiros estimularam e custearam a
vinda de imigrantes.
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Reforce que foram muitas as dificuldades dos colonos, uma vez que a parceria se revelou desigual,
pois os imigrantes eram enganados pelos fazendeiros na pesagem dos produtos, no cálculo dos juros
das dívidas e no preço alto das mercadorias dos armazéns, os quais também pertenciam aos fazendeiros. Assim, muitos imigrantes ficavam com grandes dívidas e os ganhos obtidos com seu trabalho não
cobriam o compromisso da parceria. Tais fatos levaram a conflitos entre colonos e fazendeiros, além de
desestimular a vinda de novos imigrantes.
Os primeiros imigrantes
Página 14
Explique que os imigrantes que se dirigiram ao sul do país receberam terras do governo para produzirem, mas tiveram muitos problemas de adaptação ao clima e costumes, além das condições de trabalho não serem as esperadas. Também vieram ao Brasil, em um segundo momento, um grande número de italianos, espanhóis, portugueses e poloneses.
Diante disso, os imigrantes começaram a diversificar as atividades para poderem sobreviver, dedicando-se a atividades já conhecidas em seus países. Eles desenvolveram a pecuária, a agricultura e as
produções caseiras e artesanais (queijo, salame, vinho, instrumentos de trabalho e utensílios domésticos).
Com o tempo, essa produção começou a aumentar e seu excedente passou a ser vendido nas cidades. Como proprietários de terras e produtores, sua qualidade de vida ficou melhor que a dos colonos
assalariados das regiões próximas à capital paulista.
O imigrante na cidade
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Em muitos casos, devido à localização dos lotes recebidos pelo governo, sem comunicação e com
problemas para distribuir as mercadorias que produziam, muitos deles abandonaram as terras recebidas
e migraram para as cidades em busca de outras oportunidades.
Na cidade, alguns se tornaram grandes comerciantes e industriais, ao passo que outros foram ser
operários da nascente indústria paulista.
Destaque que o trabalho dos imigrantes contribuiu para a modernização do país, pois se constituíram numa camada intermediária na sociedade brasileira, passando a compor um importante segmento para o nosso desenvolvimento. Tendo como referência o tema abordado, converse com os alunos e
leve-os a refletir por que a maioria desses grupos de imigrantes foi para o sul e sudeste do país.
Ao se estudar a história dos imigrantes no Brasil, tem-se em mãos uma variedade muito grande de
aspectos a serem abordados.
Página 17 Para refletir
A questão 2 permite uma análise sobre as contribuições dos imigrantes na construção cultural do
Brasil. Podem surgir, nas respostas, questões relativas às danças e à alimentação, mas é válido ir além, falando de técnicas de trabalho agrícolas, por exemplo, ou de questões ligadas às manifestações religiosas.
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A chegada dos japoneses
MANUAL DO PROFESSOR
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Este subitem trata da última grande leva de imigração para o Brasil, a dos japoneses, iniciada em
1908. Tanto esses primeiros imigrantes quanto muitos outros que se seguiram enfrentaram grandes dificuldades na adaptação cultural ao país, sofrendo muitas vezes preconceito devido aos seus costumes.
Página 19 Pesquisando e aprendendo mais
O objetivo da atividade é levar o aluno a descobrir como se deu o processo da chegada dos imigrantes na região em que ele vive e de que maneira pode ser percebida a presença desses grupos. Quais
os povos que vieram para o estado? A imigração esteve mais concentrada em algum período específico? O que motivou a chegada dos imigrantes? Quais são as influências culturais que podem ser percebidas no estado em que o aluno vive?
Oriente a entrevista, ajudando-o na elaboração de um roteiro de perguntas, tais como:
•• nome e idade do entrevistado;
•• o que ele sabe sobre o local de origem de seus antepassados;
•• quem eram esses antepassados e como vieram para o Brasil;
•• outras informações que possam contribuir para o entendimento de temas relacionados à imigração, como casamentos realizados e atividades que esses antepassados desenvolviam.
Em seguida, reúna as informações trazidas pelos alunos e organize uma síntese com as principais
ideias e aspectos levantados por eles. Depois, promova um debate com os alunos sobre essas conclusões.
Mais atividades
1.Como atividade complementar, pode-se trabalhar o papel dos imigrantes na constituição do
povo brasileiro, partindo, se possível, dos próprios sobrenomes dos alunos, montando, assim,
um quadro representativo do grupo que compõe a turma de alunos.
Em sala de aula, trabalhe com os alunos a origem dos sobrenomes, como por exemplo, os de
ascendência italiana, alemã, espanhola, portuguesa, libanesa, síria, japonesa etc.
Após o trabalho prévio em sala de aula, separe os alunos em grupos e peça que pesquisem
em casa, com os membros da família, a origem do seu sobrenome.
Com os dados em mãos, você pode analisá-los e compará-los com a tabela que foi produzida
com os alunos anteriormente, confirmando se a separação continua a mesma e verificando, inclusive, a ocorrência de mais de uma ascendência.
Ser brasileiro fora do Brasil
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A abordagem do tema sobre os brasileiros que vivem fora do Brasil pode auxiliar o aluno na visão crítica em relação aos problemas que afetam a imigração na atualidade. A partir dessa temática,
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propõe-se um paralelo entre a imigração do final do século 19 e início do século 20 com a imigração
atual. Nesse caso, no entanto, aborda-se a ideia do brasileiro imigrante, que sai do Brasil atrás de novas oportunidades.
Esclareça que muitas vezes surgem problemas que dificultam a vida das pessoas que tentam viver
em um país diferente daquele do seu de origem. Explique que essa dificuldade pode ser motivada por
razões que vão além da etnia, da cultura e do sexo, podendo ser causadas por problemas econômicos
e pela dificuldade em se colocar no mercado de trabalho, entre outros fatores. Instigue os alunos a refletirem sobre as questões que envolvem como os brasileiros são tratados fora do Brasil.
Descendentes de japoneses voltam ao país de origem de seus pais e avós em busca de melhores
salários, mas poucos pensam em viver para sempre no Oriente. Os Estados Unidos e o Canadá também
abrigam brasileiros que, com frequência, planejam estabelecer-se naqueles países. Os alunos podem discutir as semelhanças e diferenças entre esses projetos de vida.
Página 22 Pesquisando e aprendendo mais
Para auxiliar os alunos na pesquisa, traga para sala de aula alguns dados sobre a imigração na atualidade.
Na reportagem do jornal O Globo de 27 de abril de 2012, foram apresentados dados do Censo
2010 referentes à imigração para o Brasil no século 21. (http://oglobo.globo.com/brasil/censo-2010-numero-de-imigrantes-no-brasil-quase-dobra-4751209). Compartilhe essas informações com os alunos para auxiliá-los na organização das pesquisas.
Página 23 Escrevendo a História
Nesse momento o aluno é convidado a investigar um pouco da cultura do local em que vive e, a
partir dos dados coletados, produzir com o restante da turma um texto coletivo.
Oriente a pesquisa no sentindo dos alunos encontrarem elementos que são característicos do local em que vivem, bem como tentarem encontrar a origem dessas tradições, que podem ter surgido ali
ou podem ser herança de algum povo que migrou ou imigrou para a região. Auxilie-os a explorar essas
origens, a fim de que compreendam como formou-se, e forma-se, essa cultura.
Página 23 Você sabia?
Apresente os dados do Censo 2010 e leve os alunos a refletirem sobre a similaridade da imigração
de europeus para o Brasil e da migração de muitos brasileiros para São Paulo, enfocando o desejo pela
melhoria nas condições de vida.
Mais atividades
1. Organize um debate sobre as razões que levam as pessoas a sair do Brasil na atualidade para tentar a sorte “lá fora”. Pergunte se os alunos conhecem alguém que viveu essa experiência e, se possível, peça que eles procurem saber sobre quais eram as aspirações e projetos dessa pessoa.
2. Outra sugestão de atividade complementar é pedir para os alunos que façam uma pesquisa sobre a
forma como são tratados os brasileiros no exterior e, na sequência, solicite a eles um texto no qual
comparem essas informações com aquelas presentes no texto do capítulo, sobre as condições que
os imigrantes europeus e asiáticos enfrentaram no Brasil no final do século 19 e início do 20.
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Sugestões para o professor
•• 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Jhony Arai e César Hirasaki. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.
MANUAL DO PROFESSOR
A obra foi produzida em comemoração ao centenário da imigração japonesa no Brasil, ocorrido em 2008, destacando aspectos como a amizade, a perseverança e a determinação de pessoas que
têm ensinado valiosas lições de vida às futuras gerações dos dois países.
•• Brasil fora de si. Experiência de brasileiros em Nova York. José Carlos Sebe Meihy. São Paulo: Parábola, 2004.
O livro aborda questões que envolvem a vida fora do país de origem, com destaque para emigrantes na cidade americana.
•• Leia também o texto de apoio 1, no qual você encontrará informações sobre o centenário da imigração japonesa.
Capítulo 2 - A República brasileira
Página 24 Para começo de conversa...
Inicie o capítulo trabalhando o significado e a mensagem dos versos do hino da Proclamação da
República e aqueles que compõem o samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, de
1989. Converse com os alunos sobre a ideia de liberdade presente nos versos e sobre as questões postas para debate.
Chame a atenção dos alunos para o quadro de Benedito Calixto, no qual o pintor buscou representar os acontecimentos de 15 de novembro de 1889, cuja cena foi idealizada, não condizendo com o
que de fato ocorreu na realidade, mas que foi, provavelmente, a forma que o artista encontrou para retratar o ato da Proclamação da República, destacando a atuação dos militares no processo.
Explique que o hino da Proclamação da República do Brasil foi composto, inicialmente, para ser o
hino do Brasil no período imediatamente posterior à Proclamação da República. Visando escolher novos
símbolos para o país, foi aberto um concurso para escolha do novo hino oficial, vencido por José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, e a música coube a Leopoldo Américo Miguez.
Contudo, a peça não foi utilizada como Hino Nacional por decisão do Marechal Deodoro da Fonseca. Por
meio de Decreto, em janeiro de 1890, o novo governo brasileiro determinou que a composição fosse utilizada como hino da Proclamação da República.
Contextualize o samba-enredo “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”, que foi apresentado pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense no Carnaval de 1989, em comemoração o centenário
da Proclamação da República.
Comente que, além do refrão ser uma paráfrase do hino da República, outras passagens da letra contemplam eventos que antecederam a proclamação, como o fato do Império no Brasil ser uma
instituição anacrônica (“O Império decadente, muito rico, incoerente”); a Guerra do Paraguai e o Duque de Caxias (“Da guerra nunca mais, esqueceremos o patrono, o duque imortal”); os imigrantes europeus que trabalharam nas lavouras de café e, mais tarde, nas indústrias (“A imigração floriu de cultura o Brasil”); a Princesa Isabel e a Lei Áurea (“Pra Isabel, a heroína, que assinou a lei divina”); a Abolição (“Negro, dançou, comemorou o fim da sina”); e o Marechal Deodoro ter proclamado a República
em 15 de novembro de 1889 (“Na noite quinze reluzente; com a bravura finalmente; o marechal que
proclamou, foi presidente”).
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Reações contra a Monarquia Imperial no Brasil
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Explique que o ideal republicano já estava presente em algumas lutas anteriores à Independência,
como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação
do Equador, a Guerra dos Farrapos, a Sabinada e a Praieira. Contudo, foi a partir da Guerra do Paraguai,
em 1870, e da abolição da escravidão, em 1888, que as contradições do Império se tornaram mais fortes.
A partir do lançamento do Manifesto Republicano em 1870, começou a existir uma representação partidária e o movimento tomou forma, organizando-se em nível nacional. O Manifesto Republicano propunha: a extinção do Senado vitalício, do Conselho de Estado e do Poder Moderador; a separação entre
Igreja e Estado; eleições diretas; e a instalação de um regime republicano federativo que assegurasse a
autonomia das províncias. Porém, as questões sociais e econômicas, como a abolição da escravidão, foram omitidas.
Após a criação do Partido Republicano no Rio de Janeiro, vários clubes foram se formando em
quase todas as províncias do país. Em São Paulo, por exemplo, em 1873, por meio da Convenção Republicana de Itu, foi criado o Partido Republicano Paulista, que seria o principal articulador da Proclamação da República.
A causa republicana era única entre os seus partidários, porém havia discordância quanto aos mecanismos para se implantar o novo regime. Uma corrente defendia que o processo deveria ocorrer sem
traumas, portanto, deveria ser efetuado sem a participação popular. Seria uma evolução ordeira e pacífica, que não comprometeria a ordem econômica. Já a outra corrente considerava que somente uma revolução popular levaria à implantação do regime republicano.
Para a sua concretização, foi necessária a conjunção de dois setores muito fortes da sociedade: o
Exército e os fazendeiros de café.
É importante destacar para os alunos que a Proclamação da República não representou mudanças substanciais na sociedade brasileira, tendo em vista a marginalização do povo no processo político
e a continuidade do predomínio dos grandes fazendeiros no poder em virtude da bem-sucedida produção cafeeira.
A Constituição republicana, o que mudou?
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Explique que a primeira Constituição republicana do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de
1891, seguiu os moldes da Constituição norte-americana ao estabelecer como forma de governo a República Federativa Presidencialista. Explore com os alunos quais foram os princípios básicos que nortearam a Constituição, a saber: o federalismo (ou seja, o Brasil formava uma Federação de vinte estados autônomos, compostos pelas antigas províncias, e um Distrito Federal), o presidencialismo (o chefe de governo seria o presidente da República, eleito juntamente com o vice-presidente para um mandato de
quatro anos) e a representatividade (todos os ocupantes de cargos do Executivo e Legislativo seriam eleitos diretamente pelo povo, de acordo com as normas eleitorais constituídas).
O voto censitário, baseado na renda, foi extinto, estabelecendo-se o sufrágio universal, direto e
descoberto para todo cidadão maior de 21 anos, exceto para os analfabetos, mulheres, mendigos, praças de pré (militares sem patente) e religiosos de ordens monásticas. Ficou mantida a divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário e foi suprimido o poder Moderador.
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Apesar de seguir os moldes das mais avançadas constituições dos países europeus e dos Estados
Unidos, a Constituição de 1891 teve sua aplicação integral fortemente dificultada devido aos conflitos entre os militares e alguns segmentos do governo e da sociedade quanto à forma da condução do sistema republicano no Brasil.
A base da economia durante esse período continuou sendo o café. As políticas econômicas do Estado eram voltadas para o seu desenvolvimento e proteção, que eram garantidas pelo controle do governo e das oligarquias cafeeiras, sendo obtidas por meio das políticas de valorização do produto, o que
implicava no prejuízo de outros setores da economia nacional e da sociedade de modo geral.
Mais atividades
1. Como atividade complementar, sugere-se uma pesquisa sobre o funcionamento das urnas eletrô-
nicas, que fazem parte do processo eleitoral brasileiro na atualidade. Oriente os alunos a questionarem o impacto da tecnologia nas eleições e descobrirem qual a diferença no tempo da apuração dos resultados após a implantação dessas urnas Essa atividade pode ser desenvolvida de forma integrada à disciplina de Matemática.
No site do Tribunal Superior Eleitoral constam informações sobre o dispositivo e seu funcionamento (www.tse.jus.br/eleicoes/biometria-e-urna-eletronica/urna-eletronica).
Sugestões para o professor
•• História do café. Ana Luiza Martins. São Paulo: Contexto, 2008.
O livro narra a trajetória do café, desde sua descoberta, a Coffea arabica como planta exótica
no Oriente, até sua transformação em produto de consumo internacional. A autora analisa também
como o café no Brasil transformou-se na semente que veio para ficar e marcar a nossa história.
•• Pelas barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. L. M. Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
O livro analisa os artifícios utilizados na construção do mito monárquico, no caso, do imperador D. Pedro II, tendo como base documentos inéditos e um vasto material iconográfico.
•• 1889: a República não esperou o amanhecer. Hélio Silva. Porto Alegre: L&PM, 2005.
O livro abre a série de 16 volumes sobre história brasileira do final do século 19 e século 20.
Nesta obra são abordados aspectos que permitem uma reconstituição da queda da monarquia, das
exigências militares, a repercussão popular dos acontecimentos, as cartas privadas da família imperial
às vésperas do exílio e outras informações sobre o governo provisório, bem como acerca dos primeiros governos republicanos.
•• Leia também o texto de apoio 2, que mostra uma visão específica do autor sobre o processo de
transição entre a Monarquia e a República no Brasil.
Capítulo 3 - Urbanização e cultura de massa
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O estudo, neste capítulo, privilegia a análise do crescimento dos grandes centros urbanos de São
Paulo e do Rio de Janeiro, mostrando aspectos ligados ao processo de urbanização.
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Página 30 Para começo de conversa...
Os versos da letra da música de Ary Barroso, “Aquarela do Brasil”, permitem que os alunos pensem
sobre o Brasil tendo como referência as imagens idealizadas nessa composição musical que é considerada um hino ao país, sendo amplamente executada em vários eventos. Se possível, coloque a música para ser ouvida pelos alunos. Apresente a música comentando que ela foi composta em 1939, mas só tornou-se um grande sucesso em 1943 ao compor a trilha sonora de um filme de Walt Disney. A composição fala do Brasil, mas foi inspirada pelas belezas e cultura da cidade do Rio de Janeiro.
Estabeleça um intertexto e faça comparações entre o Brasil da composição e o país em que os alunos vivem. Depois, estimule a criatividade dos alunos na produção de um painel de imagens, representando de forma múltipla e colorida a visão que eles possuem sobre o Brasil.
O crescimento e desenvolvimento das cidades
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Ao introduzir o tema do crescimento e desenvolvimento das cidades é importante destacar que,
a partir das primeiras décadas do século 20, houve a redistribuição da população brasileira em função
das novas atividades econômicas, principalmente daquelas ligadas ao meio urbano. Os conteúdos relacionados à demografia e ao crescimento urbano permitem um diálogo com a disciplina de Geografia.
Explique aos alunos que a distribuição da população brasileira, no início do século 20, foi redefinida pelas profundas mudanças verificadas em função da produção cafeeira das últimas décadas do século 19. Essa redistribuição populacional estava diretamente ligada à concentração das principais atividades
econômicas no Sudeste e Sul do país e ao crescimento urbano. Um dos fatores decisivos para o crescimento da população brasileira, principalmente em São Paulo e na Região Sul, foi o grande número de
imigrantes europeus que chegou ao Brasil desde meados do século 19 até o início do século 20.
Relembre com os alunos que a grande entrada de estrangeiros foi determinada, principalmente,
pela expansão cafeeira e pela substituição de mão de obra escrava pela assalariada. Entre 1890 e 1929
ingressou no Brasil o maior contingente de imigrantes. Foram cerca de 3,5 milhões de pessoas. Mais de
um terço desses estrangeiros era composto de italianos (1,3 milhão), sendo seguidos por portugueses,
espanhóis, alemães e outras nacionalidades.
Apesar do destino desses imigrantes ser as fazendas de café, grande parte deles, insatisfeitos com
as condições de trabalho no campo, se deslocaram para várias cidades, principalmente São Paulo, cujas
perspectivas ligadas à indústria prometiam oferecer chances de uma vida melhor.
O intenso movimento demográfico determinado pelo êxodo rural, pela imigração no Sul e Sudeste e pela atração que as cidades industriais exerciam, gerou um enorme crescimento de algumas delas,
como São Paulo e Porto Alegre, e um “inchaço” em outras, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.
Na maioria das vezes, como seria de se esperar, o quadro que se obteve foi de problemas ligados
à moradia, com espaços pequenos e desorganizados que não propiciaram as mínimas condições de vida para grande parte da população.
Portanto, o processo de crescimento urbano brasileiro se estabeleceu sem uma correspondente
estrutura para suportá-lo e sem uma industrialização capaz de absorver a força de trabalho crescente. Tal
descompasso produziu enormes dificuldades para a população, com grande número de pessoas vivendo precariamente, sobrevivendo de superexploração e baixos salários nas indústrias, empregos temporários e subempregos, bem como péssimas condições de moradia, refletidas no crescimento de cortiços,
problemas com transporte, abastecimento de água e alimentos insuficientes, além da falta de saneamento básico, o que levava à proliferação de doenças e epidemias.
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No centro das grandes cidades cresceu muito o número de cortiços. Antigos casarões situados no
centro da cidade eram habitados por muitas famílias pobres, que pagavam aluguéis baixos e dividiam as
suas instalações de forma precária. Na cidade do Rio de Janeiro, após a remodelação do início do século 20, muitas famílias que foram desalojadas e ficaram sem opção de moradia (pois seus rendimentos
não possibilitavam alugar um imóvel longe do centro da cidade) passaram a ocupar as encostas dos morros, fazendo crescer o número de favelas já naquele período.
Ao assumir a presidência da República, Rodrigues Alves (1902-1906) decidiu intervir diretamente na
questão da saúde pública, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, que naquela época era a capital
federal. A primeira medida foi a remodelação do Rio de Janeiro por meio da abertura de ruas e avenidas
amplas, construções de calçadas e instalação de iluminação pública. Para concretizar as mudanças, foram
contratados o engenheiro Francisco Pereira Passos e o médico sanitarista Oswaldo Cruz para fazerem a
reforma sanitária por meio da desapropriação e demolição dos antigos prédios da área central da cidade. Oswaldo Cruz (1872-1917) é considerado o fundador da medicina experimental no Brasil, sendo responsável pela erradicação da febre amarela, da varíola e da peste bubônica no Rio de Janeiro. Como diretor-geral da saúde pública, promoveu a reforma do código sanitário do país e remodelou os órgãos de
saúde, gerando um grande avanço no setor.
Oswaldo Cruz também iniciou um programa, por meio da remoção de algumas favelas dos morros cariocas, apoiado na ideia de que o precário estado higiênico da cidade era consequência do grande número de morros que circundavam a cidade e impediam a circulação dos ventos. Inúmeros protestos se ergueram contra a lei da vacina, uma campanha de vacinação obrigatória na cidade do Rio de Janeiro que gerou uma grande revolta popular, a Revolta da Vacina, aliando o povo a todos os setores da
sociedade descontentes com as últimas medidas do governo federal. Ao final, o presidente cancelou a
obrigatoriedade da vacinação, tornando-a opcional para toda a população brasileira.
As questões de saúde pública e organização urbana constituem uma temática muito rica para o
desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar com as áreas de Geografia e Ciência.
Página 34 Pesquisando e aprendendo mais
Na atividade na qual os alunos vão pesquisar sobre problemas de infraestrutura das cidades na atualidade, oriente-os na busca por notícias e fatos que ajudem a análise sobre essas questões nos dias atuais.
Destaque que, a exemplo do que acontecia naquele período, em que as cidades não possuíam,
de modo geral, a infraestrutura necessária para o crescimento populacional, ainda enfrentamos inúmeros problemas de saúde pública relacionados a questões sanitárias. Além disso, enfrentamos dificuldades
em relação a congestionamentos, violência, más condições de conservação de ruas e praças, além de
serviços deficientes em vários setores.
Mais atividades
1. A fim de aprofundar a questão da proliferação de epidemias, bem como aproximar essa temá-
tica da realidade dos alunos, organize com eles uma pesquisa sobre a dengue, investigando a
causa da doença, os sintomas, as formas de tratamento e, principalmente, as formas de combater sua propagação.
Para obter mais informações, indicamos o acesso ao site: http://www.dengue.org.br.
Feita a pesquisa, programe com os alunos um passeio na escola, e ao redor dela, para que eles
analisem se as medidas preventivas estão sendo tomadas, bem como se a comunidade está
evitando a criação de focos de dengue.
É importante que esse trabalho se estenda à comunidade, pois é dever de todos evitar a propagação dessa doença.
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Promova, com auxílio de outros professores, um concurso para a criação de um slogan e desenho de combate à dengue. Informe os alunos de que o slogan é um enunciado breve e fácil
de ser lembrado, além de conter alguma ideia que chame a atenção para a campanha.
2. A Fundação Oswaldo Cruz é responsável pelo Museu da Vida, no qual propõe a integração en-
tre ciência e sociedade por meio da exploração de temas como saúde e tecnologia. No site
www.museudavida.fiocruz.br, você e os seus alunos podem encontrar diversas informações sobre esses temas.
Esse museu possibilita ainda a visitação às escolas. Se possível, agende uma visita do Museu da
Vida a sua escola, por meio do programa Ciência Móvel, no qual um caminhão com um pequeno acervo faz visitações às escolas. No site constam mais informações sobre essa atividade.
A cultura urbana e a popularização do rádio
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A vida cultural brasileira, na década de 1920, foi particularmente agitada; o principal símbolo dessa efervescência foi a Semana de Arte Moderna de 1922, iniciada no dia 13 de fevereiro desse ano na cidade de São Paulo.
Alguns jovens intelectuais como Mário de Andrade, Lasar Segall, Di Cavalcanti e outros, procuraram trazer para o Brasil o movimento modernista que, apesar das raízes e influências europeias, tinha como objetivo rever a cultura brasileira, valorizando os componentes nacionais e autênticos do Brasil. Contudo, grande parte dessas transformações e manifestações continuaram restritas a uma pequena parcela da população, que podia usufruir das estruturas material, educacional e cultural das cidades.
A vida urbana também propiciou a multiplicação de entretenimentos relacionados ao esporte, como o remo, a ginástica sueca e rítmica, o ciclismo, natação, lutas corporais, boxe, automobilismo, bocha
e jogos coletivos, entre eles, o futebol. Cada uma dessas atividades exigia um espaço específico nas cidades para a sua prática e surgiram clubes com esse objetivo.
Gradativamente, o futebol passou a ser uma atividade mais popular e acessível, havendo um crescimento significativo do número de bons jogadores. Vários times passaram a aceitar atletas, independente da origem social e étnica, e iniciou-se um processo de semiprofissionalização, quando o esporte era
praticado com exclusiva dedicação e pagamento por partida.
Mais atividades
O Brasil, com suas dimensões continentais e grande expansão para lugares mais distantes dos
principais centros urbanos, teve durante muito tempo apenas o rádio como meio de comunicação
para essas populações, constituindo-se assim, em um grande difusor da notícia, entretenimento e como formador de opinião.
Como isso faz parte da história do desenvolvimento político-econômico-social do país, pode ser
importante mostrar aos alunos. Também é possível perguntar que relação eles e suas famílias têm com
o rádio na atualidade, bem como fazer comparações, comentar sobre a divulgação das informações e
a respeito da força da mídia, que atualmente é muito dispersa, mas na época do rádio era concentrada fortemente nesse veículo de comunicação.
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1. Como atividade complementar, junto com seus alunos monte um programa de rádio. Primeira-
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mente, divida a turma em grupos de quatro alunos para pesquisarem sobre os acontecimentos
políticos, econômicos, sociais e culturais que ocorreram no ano anterior. Depois das pesquisas
realizadas, peça que cada grupo construa uma notícia que será apresentada no rádio da turma.
Em seguida, os grupos podem se encarregar das etapas necessárias para a realização e apresentação do programa, como escolher os locutores, as notícias que serão veiculadas, as propagandas e as informações e notícias que serão divulgadas. É importante que essa apresentação
seja feita para outras turmas e, se possível, para o restante da comunidade.
Página 38 Para refletir
Na atividade sobre a relevância do futebol para os brasileiros é importante que sejam levantadas
no debate algumas questões relativas à democratização desse esporte, à violência nos estádios, às torcidas organizadas, entre outros. Destaque também o uso do esporte como meio de divulgação de produtos (propaganda), a interferência de outros fatores externos ao esporte, a paixão do povo brasileiro pelo
futebol, entre outros aspectos.
Página 39 Estudando o documento
Ao retomar à charge da página 33, objetiva-se que os alunos compreendam de que forma a questão da vacina obrigatória foi recebida pela população.
A campanha de vacinação obrigatória foi responsável pela Revolta da Vacina no Rio de Janeiro, em 1904.
Por ser aplicada de forma autoritária e violenta, a vacina não foi aceita por grande parte da população.
A charge da página 33 apresenta de forma irônica a figura de Oswaldo Cruz, acima da cidade (e
da população), empunhando a seringa de vacinação.
Sugestões para o professor
•• O negro no futebol brasileiro. Mário Filho. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
O livro, editado pela primeira vez em 1947, apresenta a história de Mário Filho, que criou o jornalismo esportivo como é praticado na atualidade. Reeditado em 2003, apresenta um Caderno especial com as fotos de alguns dos primeiros craques negros e mulatos do futebol nacional, com seus
perfis assinados pelo historiador Gilberto Agostino.
•• Bexiga, um bairro afro–italiano. Márcio Sampaio de Castro. São Paulo: Annablume, 2009.
A obra trata do bairro do Bexiga, em São Paulo, considerado um pedaço da Itália no Brasil, e
de suas raízes africanas que ali permanecem ainda na atualidade, como a existência de uma das mais
tradicionais escolas de samba da cidade, a Vai-Vai.
•• A dança dos deuses: futebol, sociedade e cultura. Hilário Franco Júnior. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
O livro analisa como o futebol está associado à história das sociedades onde é praticado, suas
origens, a evolução das regras e das táticas do esporte, os diferentes usos políticos do futebol, seja
por regimes autoritários ou democráticos, tanto uns quanto outros sempre abraçados ao nacionalismo. O autor nos convida a refletir sobre os sentidos ocultos em toda a ritualização do mundo esportivo, nos nomes dos times, nas cores das camisas, nos escudos.
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•• A Invenção da favela. Lícia do Prado Valladares. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
Nesta obra é feita uma análise através de diferentes visões sobre a favela, derrubando dogmas
a respeito do tema que foram inventados e distorcidos ao longo dos últimos cem anos.
•• Um século de favela. Alba Zaluar e Marcos Alvito (Orgs.). Rio de Janeiro: FGV, 2006.
UNIDADE
Trata-se de uma coletânea de 12 artigos referentes ao tema “favela no Rio de Janeiro”, entre 1897
e 1997, os quais também abordam questões sobre as políticas públicas, narcotráfico, música etc. relacionadas a esse tema.
2
Formando uma nação
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O tema desta unidade é a abordagem das noções e do conceito de nação, bem como dos símbolos nacionais, além do estudo mais aprofundado da formação do povo brasileiro, destacando os povos indígenas, a ocupação portuguesa e a influência dos povos africanos.
É importante reforçar que a presença desses povos tão diferentes, num gradual processo de miscigenação, determinou um pluralismo cultural importante para o país, sendo, contudo, construído principalmente por meio de conflitos e lutas sociais, tanto no campo como na cidade.
Esta unidade tem como objetivos:
•• aprofundar o trabalho com linguagens e conceitos utilizados na construção do conhecimento
histórico;
•• compreender as relações que se estabelecem entre grupos sociais, por meio das condições de
vida e o papel que cada grupo exercia na sociedade colonial e sobre as quais se assentam ainda na atualidade;
•• desenvolver os conceitos de permanência e mudança por meio da análise histórica dos grupos
que compõem o povo brasileiro;
•• trazer uma abordagem mais aprofundada sobre a influência de indígenas, portugueses, africanos e demais imigrantes na formação da cultura nacional e do povo brasileiro;
•• perceber a evolução histórica das questões relativas aos indígenas no Brasil, as políticas públicas
direcionadas a eles, os órgãos e legislação, a conscientização e a luta pela preservação das terras indígenas;
•• aprofundar a temática sobre as diferentes formas de reação do africano contra a escravidão e a
discriminação racial existente na sociedade brasileira ainda na atualidade;
•• desenvolver a percepção do conceito e dos mecanismos de identidade de uma nação.
Páginas 40 e 41 Abertura de unidade
A abertura da unidade apresenta a obra Pátria, de Pedro Bruno. Oriente a análise da imagem destacando a confecção da bandeira como um analogia à construção do país, como destacam as personagens em seu diálogo.
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Capítulo 1 - A nação e os símbolos nacionais brasileiros
MANUAL DO PROFESSOR
Página 42 Para começo de conversa...
A pergunta inicial do capítulo visa preparar os alunos para a reflexão sobre os vários aspectos que
determinam a consciência de nação e de povo entre os habitantes de um determinado país. Oriente a
leitura e interpretação da ilustração da abertura do capítulo, no sentido de indicar que se trata da representação da construção do Brasil, do povo brasileiro.
Ressalte que, a exemplo do que estão fazendo as crianças da ilustração, todos os habitantes de um
país, nascidos ou não nele, ajudam a construir a sua história e a compor tudo aquilo que o identifica.
Ser brasileiro é pertencer a uma nação
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É importante destacar que todas as nações possuem símbolos que as representam, como a Bandeira, o Hino, o Brasão das Armas e o Selo Nacional.
Você pode contar aos alunos que a atual Bandeira do Brasil foi instituída em 19 de novembro de
1889, ou seja, quatro dias depois da Proclamação da República. Explique que ela foi resultado de uma
adaptação na Bandeira do Império brasileiro, ou seja, em vez do escudo Imperial português dentro do
losango amarelo, foi adicionado o círculo azul com estrelas na cor branca.
Conte também que existem normas específicas para as dimensões e proporções do desenho da
bandeira nacional e que ela é hasteada de manhã e recolhida na parte da tarde, não podendo ficar
exposta à noite, a não ser que ela seja bem iluminada, além de ser obrigatório o seu hasteamento em
órgãos públicos (escolas, ministérios, secretarias de governo, repartições públicas) em dias de festa ou de
luto nacional. Nos edifícios do governo, ela é hasteada todos os dias.
As quatro cores da Bandeira nacional representam simbolicamente as famílias reais de que
descendia D. Pedro I, idealizador da Bandeira do Império, mas é comum que sejam explicadas de outra
forma: o verde passou a representar as matas; o amarelo, as riquezas do Brasil; o azul, o seu céu; e o
branco, a paz que deve reinar no país.
A versão atual da Bandeira nacional brasileira, com 27 estrelas, entrou em vigor em 11 de maio de
1992 com a inclusão de mais quatro estrelas (antes eram 23 estrelas) representando os estados do Amapá, Tocantins, Roraima e Rondônia.
Lembre aos alunos que a Bandeira nacional pode estar presente em situações bastante diversas:
na reivindicação de direitos, nas competições esportivas (como jogos de futebol, jogos olímpicos, campeonatos de tênis etc.) e em outras manifestações nas quais se deseja expressar sentimentos patrióticos.
Chame a atenção dos alunos para organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU), que
está muito presente em noticiários, personificando questões da atualidade nas quais os países e as nações
devem desenvolver relações de cooperação, solidariedade e respeito mútuo entre si, principalmente no
contexto da globalização.
A título de esclarecimento, pergunte aos alunos se já ouviram falar dessa organização e lembre
que na atualidade a atuação dela e de outras similares se estendem além das fronteiras das nações e que
quando um país se torna membro dessas associações passa a ter algumas vantagens, mas por outro lado, deve se sujeitar às decisões do grupo, perdendo em parte a sua autonomia.
Página 47 Escrevendo a História
Na atividade proposta nessa seção, objetiva-se que o aluno produza um texto sobre sua comunidade
e sobre o que o faz ter orgulho dela. Essa produção é importante para que o aluno aproxime-se das
noções de nação e de pertencimento trabalhadas ao longo do capítulo, sentindo-se, assim, parte da
História.
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Página 47 Aprender fazendo
A pesquisa sobre a Bandeira do município tem o objetivo de reforçar a ideia que cada unidade política tem elementos representativos.
No entanto, não são apenas as unidades políticas que utilizam hinos, bandeiras e brasões. É possível
que os alunos destaquem os símbolos do time de futebol para o qual torcem e mesmo da escola de
samba. Aproveitando-se dessa discussão, crie um momento lúdico com essa atividade e estimule os
alunos a confeccionarem uma bandeira que os represente, destacando as características do grupo
escolhido, que pode ser um grupo de amigos, de um time esportivo ou mesmo de toda a escola.
Mais atividades
1.Como atividade complementar propõe-se a pesquisa de símbolos nacionais de outros países.
Organize grupos de dois ou três alunos. Cada grupo deve ficar responsável por pesquisar a bandeira e o brasão nacional de dois países, que devem estar em continentes diferentes. Certifique-se
de que os países não se repetem entre os grupos.
A pesquisa pode ser feita em livros ou na internet, sendo importante que os alunos investiguem:
•• onde fica o país;
•• qual a sua bandeira;
•• qual o brasão;
•• quais os elementos que são representados em cada um desses símbolos?
Oriente os alunos a organizarem as informações coletadas e a fazerem uma reprodução da bandeira por meio de desenho ou colagem. Essa atividade pode ser desenvolvida de forma integrada à disciplina de Geografia, de forma que os alunos trabalhem com mapas e também dados geográficos dos países pesquisados, como extensão territorial e dados demográficos.
Na data marcada para a apresentação das pesquisas, traga um mapa-múndi para sala de aula e
ajude-os a localizar os países pesquisados, marcando-os com a bandeira desenhada.
Sugestão para o professor
•• Os símbolos nacionais e a liberdade de expresão. Felipe Chiarello de S. Pinto. São Paulo: Max Limonad, 2001.
O autor apresenta uma pesquisa realizada em mais de cem países sobre a questão dos símbolos e faz um recorte sobre a Constituição brasileira e a legislação ordinária que trata do assunto.
Capítulo 2 - O povo brasileiro
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Quando falamos sobre as características do povo brasileiro, podemos ter como referência dezenas
de influências que envolvem os indígenas de várias etnias, os africanos de diferentes países do continente africano, os portugueses, os italianos, holandeses e muitas outras nacionalidades que para cá vieram
ao longo de nossa história. Se tomarmos como referência os costumes alimentares, a língua e seus muitos sotaques, as religiões, as danças, entre outros aspectos, veremos a enorme diversidade que caracteriza o povo brasileiro.
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MANUAL DO PROFESSOR
Do ponto de vista legal, podemos dizer que brasileiro é aquele nascido no Brasil. Contudo, também
aí se incluem as pessoas que se naturalizaram como brasileiras. É fundamental explicar que essa definição
passa por aspectos legais e culturais e que a cultura brasileira é um complexo conjunto de influências e
misturas de povos diferentes.
Página 48 Para começo de conversa...
O principal objetivo deste capítulo é auxiliar na construção do conceito de povo brasileiro, não
como algo acabado, mas como um conjunto de pessoas em construção, dinâmico, em constante processo
de elaboração.
Assim, inicie o estudo do capítulo fazendo com os alunos a leitura de cada estrofe do poema “Pindorama Brasil”, e oriente a interpretação. Trabalhe os nomes de origem indígena, como craô, maué e carajá, e os de origem portuguesa, como Lisboa, Porto e Alfama, estabelecendo a relação pretendida pelos autores. Chame a atenção para o conteúdo da última estrofe, que ironiza o fato dos portugueses terem afirmado que descobriram o Brasil.
Relacione o poema com a imagem da página seguinte, em que várias pessoas ocupam o mapa
do Brasil.
Indígenas e europeus: o povo brasileiro em formação
Página 49
Neste subitem buscou-se reforçar a contribuição grupos indígenas e africanos na formação da população brasileira. É importante destacar que a nossa população foi composta também por várias outras
etnias que para cá vieram desde o início da colonização.
No entanto, o contato tanto dos grupos indígenas quanto dos povos africanos com os colonizadores
portugueses foi dramático, uma vez que houve dominação, desigualdade e exploração por parte dos
europeus, e no caso do Brasil, mais especificamente, dos portugueses.
Partindo da mensagem do poema que abre o capítulo, pode ser revisado o processo de contato
entre os indígenas, os europeus e os africanos no período colonial, destacando os mecanismos de
contato entre as várias culturas ali representadas. Investigue os conhecimentos prévios dos alunos no que
toca a essas relações. É possível que os alunos se lembrem de elementos violentos desse contato e troca
cultural, sendo importante que isso seja discutido.
Página 50 Para refletir
Nessa faixa etária os alunos já são capazes de construir legendas mais explicativas, que vão além
da mera descrição da imagem. Explore, então, os elementos que devem ser contemplados em sua
construção. Indique a importância das legendas contemplarem elementos que localizem a imagem (local
da fotografia, data) e elementos que fazem parte de sua composição, trazendo informações que auxiliem
a dar maior sentido à imagem. Por exemplo, se a imagem retratar um grupo de pessoas pulando o
Carnaval em Olinda, a legenda deve identificar o evento, bem como indicar que o evento é famoso pelo
desfile dos bonecos gigantes e pelo frevo.
A chegada dos africanos
Página 52
Debata com seus alunos como estão retratadas as relações entre os escravos e portugueses expostas na reprodução do quadro de Debret, que mostra um jantar em família no Brasil no período colonial. Analisem quais são as funções dos escravos adultos e a posição das crianças.
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Página 54 Estudando o documento
Acompanhe os alunos na leitura do texto de Ciro Flamarion Santana Cardoso. Sugira que utilizem
dicionários para ver os significados das palavras que não conhecem. A questão quatro da atividade permitirá a exploração de diferentes fontes, como o texto, dados de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o mapa. Destaque os dados do IBGE, os quais mostram que apesar de ser
predominante no Brasil, a população negra ainda sofre com o preconceito racial. Ressalte, também, que
nos últimos anos houve um grande avanço nessa questão, principalmente com relação à criação de leis
que visam diminuir o impacto desse preconceito na sociedade.
Esses dados darão base para que os alunos conversem sobre a situação dos negros na atualidade.
Oriente essa conversa no sentido de coibir preconceitos, mas apresentando que ele ainda existe e é refletido em questões sociais, como no mercado de trabalho, no acesso às escolas, entre outros.
Mais atividades
1. Sugere-se a construção da árvore genealógica dos alunos. Oriente que eles pesquisem sobre seus
ascendentes. É importante que investiguem os nomes de seus pais, tios, avós e bisavós, como
também a origem de cada um deles (se são brasileiros, italianos, alemães, indígenas etc.).
Distribua para os alunos uma folha com o desenho de
uma árvore genealógica para que eles preencham
com as informações pesquisadas (ao lado apresentamos um modelo que pode ser utilizado).
Após completada, peça que cada aluno apresente sua
árvore à turma, comentando o que descobriu sobre a
origem de sua família.
Sugestões para o professor
•• O povo brasileiro. Darcy Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
No livro, o antropólogo busca traçar um painel sobre a formação do povo brasileiro e sobre as
configurações que ele foi tomando ao longo dos séculos para serem o que são atualmente.
•• Etnias e culturas. Nereide S. Santa Rosa. São Paulo: Moderna, 2007.
Neste livro o leitor é convidado a refletir sobre os temas da cultura popular. Grupos nômades,
nações indígenas, colonizadores europeus e africanos deram origem aos caboclos, cafuzos e mulatos, formadores da identidade do povo brasileiro. Imigrantes espanhóis, japoneses, italianos, alemães,
árabes e tantos outros influenciaram a vida e a cultura geral do Brasil.
•• Mitos e lendas brasileiros em prosa e verso. Valdeck Garanhuns. São Paulo: Moderna, 2007.
A obra aborda aspectos da cultura popular brasileira através da prosa, da poesia, das artes plásticas e da música, contando desde lendas antigas a “causos” mais recentes. A mesma história ganha
novos sabores ao ser recontada em versos bem-humorados, claros e ritmados, à maneira dos repentistas e boiadeiros da nossa tradição. Acompanhando o poema, o autor introduz a partitura com a
melodia a ele correspondente para que possamos também aprender a cantá-lo. A obra ainda traz xilogravuras que ilustram o texto.
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•• Relações raciais e desigualdade no Brasil. Gevanilda Santos. São Paulo: Selo Negro, 2009. Coleção Cons-
MANUAL DO PROFESSOR
ciência em debate.
O livro trata das relações raciais e das desigualdades no Brasil, começando no século 19 até a
atualidade, destacando a importância de uma educação antirracista e, sobretudo, do estímulo de seus
valores intrínsecos: a igualdade das relações sociais, a consciência política sobre a diversidade histórica, o respeito às diferenças – caminhos que nos conduzem à cidadania plena.
Capítulo 3 - Os indígenas e os afrodescendentes:
a difícil caminhada
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Neste capítulo são abordados alguns aspectos que pretendem reforçar o entendimento e a
compreensão sobre o processo resultante da dominação europeia na América, as relações conflituosas que caracterizaram o encontro de culturas distintas e os interesses que dividiram e dificultaram
a convivência.
Página 56 Para começo de conversa...
Após a leitura do texto sobre a manifestação organizada pelos indígenas em frente ao Palácio do
Planalto em Brasília no ano de 2013, explique aos alunos a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215,
ressaltando que movimentos dessa natureza são constantes e refletem a participação de grande parcela da população indígena do país na luta por seus direitos.
A PEC 215, feita em 2000, é alvo de protesto de grupos indígenas porque possibilita a revisão das
terras já demarcadas.
Pelas regras anteriores, cabe à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Ministério da Justiça e à Presidência da República a decisão sobre a demarcação das terras indígenas, conforme prevê o Decreto
1.775/1996.
Há mais de uma década tramitando entre a Comissão de Constituição e Justiça e o plenário da Câmara dos Deputados, a PEC 215 voltou a provocar reações, pois segundo entidades de defesa dos indígenas ela é inconstitucional e fere direitos fundamentais desses povos.
Por outro lado, os ruralistas defendem seus interesses e por isso contestam os critérios usados
pela Funai para realizar as demarcações que disponibilizam grandes extensões de terra para pequenos
grupos.
Você pode analisar com seus alunos como estão essas questões na atualidade, relacionando essa
a outras demandas das comunidades indígenas no país, como a garantia de políticas de saúde e educação
diferenciadas, promoção da cidadania e da sustentabilidade econômica, proteção aos recursos naturais,
entre outras.
Inicie um debate sobre os temas levantados perguntando sobre o conhecimento que os alunos
possuem a respeito da questão e peça que analisem detalhadamente o sentido dessas manifestações. É
interessante que, se a escola em que você trabalha estiver próxima a uma região de conflito, os alunos
sejam questionados quanto a essa questão, apresentando seus pontos de vista baseados na própria
experiência.
Reflita com eles sobre o fato desses indígenas normalmente estarem caracterizados nas manifestações e como os alunos entendem essa postura.
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A relação com a natureza
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Inicie a abordagem com a situação dos povos indígenas na atualidade, ressaltando que no presente muitos desses grupos ainda preservam características originadas do seu importante passado.
Página 58 Para refletir
No debate proposto a partir do texto de Daniel Munduruku,, os alunos podem analisar alguns
problemas advindos do contato entre o indígena e o europeu, com um enfoque maior no projeto de
dominação cultural europeia sobre os grupos que viviam no território e que ainda persiste na atualidade.
É importante que se desenvolva uma reflexão sobre os espaços ocupados pelos indígenas na sociedade
brasileira atual. Destaque que a preservação das raízes culturais indígenas é fundamental, mas também
se faz necessário pensar em sua inserção social, assim como a de qualquer outro cidadão brasileiro. Os
indígenas possuem o direito de ocupar o espaço urbano, usufruir do ensino, do acesso à saúde, ocupar
cargos políticos, ou seja, são brasileiros que têm todos os direitos e deveres garantidos na Constituição
brasileira.
As questões indígenas na legislação brasileira
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A legislação sobre os direitos dos indígenas variou muito desde o período inicial da colonização
até os nossos dias. Durante o período colonial seguia os interesses dos grupos que influenciavam o governo, ora proibindo a escravização dos indígenas, ora estabelecendo permissão para combatê-los caso
impedissem a colonização.
Alguns desses dispositivos legais foram e são valiosos, mas sempre exigiram uma série de contemplações, pois se por um lado asseguravam uma parte da sobrevivência das populações nativas, por outro não definiam exatamente quem eram os beneficiários em termos legais. Quem eram os indígenas?
Quem são eles atualmente?
Ao longo da nossa História, tanto para a Igreja como para o Estado, houve uma tendência a “protegê-los” e “civilizá-los”, isto é, foram tratados como seres sem condições de decidir por si mesmos.
Dessa forma, coube ao Estado o dever fundamental de lhes garantir a posse e o uso pleno e exclusivo das terras que ocupavam e ocupam. Atualmente, as terras em que vivem os indígenas pertencem
ao Estado, mas são de usufruto exclusivo deles.
É importante destacar com os alunos que desde a época da conquista dos portugueses, muitos
resistiram, muitos foram mortos ou escravizados e que ainda são diversas as manifestações de resistência ao genocídio e à discriminação.
Página 59
Trabalhe com os alunos sobre o quanto a defesa da terra é fundamental para a sobrevivência dos
indígenas e como seus direitos são respeitados no país. Além da Funai, eles se apoiam no Estatuto do
Índio, criado pela Lei no 6.001, em 1973, para defender seus direitos. Essa lei dispõe sobre as relações do
Estado e da sociedade brasileira com os indígenas.
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MANUAL DO PROFESSOR
Resgate o que os alunos sabem ou já ouviram falar sobre a resistência dos indígenas às invasões
de suas terras e das lutas pelos seus direitos, em que utilizaram desde os meios mais antigos, como a luta armada, até a organização política, como ocorreu em 1980 com a criação da União das Nações Indígenas (UNI), que agregou mais de oitenta povos ali representados.
Destaque que os indígenas enfrentam posseiros que querem ocupar suas terras, garimpeiros que
desejam extrair minérios de seu território e madeireiros que tentam retirar as madeiras de seus suas áreas,
com o propósito de um comércio lucrativo. Trabalhe alguns desses aspectos levantados no capítulo,
ressaltando o quanto é fundamental perceber que ainda existe uma parcela da população brasileira
caracterizada como indígena e qual é a sua situação no conjunto da população nacional.
Página 61 Pesquisando e aprendendo mais
Oriente a pesquisa por reportagens, no sentido dos alunos buscarem explorar diferentes temáticas, como as questões da demarcação de terras, da legislação específica, da atuação política dos indígenas, das cotas nas universidades e de formas de preservação de seu modo de ser e de viver.
Após a apresentação das imagens e resumos, leve os alunos a discutirem sobre as recentes questões que envolvem os indígenas e a se posicionar em em relação a alguns aspectos apontados no capítulo ou apresentados pelos colegas.
Os africanos e os afrodescendentes no Brasil
Página 62
Com relação aos africanos trazidos para o Brasil para trabalharem como escravos, é importante retomar aspectos que envolveram esse processo destacando que, apesar da enorme exploração, houve
muita resistência e luta por parte dos africanos. Faça essa retomada por meio da investigação dos conhecimentos prévios dos alunos.
Questione-os sobre o quadro da expansão marítima e os interesses mercantilistas no tráfico de africanos escravizados, no qual os continentes americano e africano eram vistos como regiões que deveriam
apenas abastecer a Europa, inclusive ao custo da escravidão e do extermínio de pessoas, como aconteceu com os indígenas da América.
Tendo como referência o processo de abolição da escravidão, debata questões relativas à posição
dos afrodescendentes na sociedade brasileira, as sérias situações de racismo ainda presentes no nosso
cotidiano, a existência de legislação pertinente e o seu cumprimento, até as importantes manifestações
de resistência e consciência sobre essa questão.
Página 63 Escrevendo a História
O objetivo da atividade é auxiliar os alunos a produzirem um texto comparativo entre as condições de trabalho na produção de açúcar no passado e no presente. Dessa forma, os alunos poderão trabalhar com as noções de continuidade e ruptura, e com relações entre presente e passado.
Resistência e luta
Página 64
Ao abordar a luta e a resistência dos africanos escravizados, traga o tema para o presente, analisando a luta das comunidades remanescentes de quilombos pelo reconhecimento de seu direito à terra
onde viveram e trabalharam gerações de antepassados.
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Informe que o processo de reconhecimento de uma comunidade se inicia com a declaração de
autorreconhecimento como quilombola pela comunidade e o encaminhamento dessa declaração e de
documentos ou informações (tais como fotos, reportagens, estudos realizados, entre outros, que atestem
a história comum do grupo ou suas manifestações culturais) à Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, para análise. Caso seja reconhecida a comunidade, esta é inscrita no Cadastro Geral
da Fundação Palmares e é expedida uma certidão de autorreconhecimento.
Esse é o primeiro passo para a regularização fundiária das comunidades, além de viabilizar a participação dos quilombolas em ações de políticas públicas do governo federal, além dos programas de
habitação e saúde da família.
Mais atividades
1. Como atividade complementar, solicite que os alunos pesquisem a respeito de comunidades quilombolas que porventura existam na região onde moram, destacando aspectos da sua cultura
e os problemas que essas comunidades enfrentam na atualidade. Monte um painel na escola
com as informações obtidas.
2. Convide uma pessoa ligada às questões de preconceito e discriminação (pode ser de uma ONG,
a instituições oficiais, a grupos de preservação de aspectos da cultura africana). Para isso, peça
que a secretária da escola envie um ofício convidando, e especificando o assunto, à pessoa que
será entrevistada. Você ­deve organizar um roteiro de questões juntamente com os alunos para
que todos possam aproveitar melhor a interlocução com o entrevistado. Nesse roteiro devem
constar perguntas relacionadas à área da atuação do entrevistado, quais são os mecanismos utilizados para levar adiante as propostas, resultados positivos, motivos para a defesa dessas questões, entre outras, conforme sugestão abaixo:
•• Nome completo e para qual instituição trabalha.
•• Em quais comunidades são realizados os trabalhos de preservação da cultura africana?
•• Que tipo de trabalho é realizado com as comunidades citadas?
•• Qual o objetivo de defender a preservação dessa cultura?
•• Na sua opinião, o trabalho está surtindo efeito nas comunidades citadas?
•• Quais os benefícios dos trabalhos realizados pela sua instituição para as comunidades?
Registre as respostas da entrevista. Leia as respostas para os alunos e debatam sobre o tema tratado. Juntos, construam a conclusão à qual a turma chegou sobre a necessidade da preservação da cultura africana para a nossa sociedade.
O fim da escravidão africana no Brasil
Página 67
Você pode problematizar os movimentos e lutas dos afrodescendentes por seus direitos no Brasil,
abordando as iniciativas para a valorização étnica e da cultura desenvolvidas por diferentes organizações
e movimentos.
Oriente os alunos a buscarem relatos de discriminação racial e trabalhar com materiais de jornais
e revistas sobre o tema em sala de aula, como também pesquisar sobre os projetos de ações afirmativas
promovidos no estado por meio dos quais as organizações procuram enfrentar o preconceito e a discriminação racial, explicando que esses movimentos procuram ensinar, principalmente a crianças e jovens,
a gostar de sua cor, a se orgulhar de traços físicos característicos, como o cabelo, e a valorizar os sons,
ritmos, festas e outras práticas culturais negras reconhecidas nacional e internacionalmente.
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Página 70 Trabalhando juntos
MANUAL DO PROFESSOR
Entre os objetivos do trabalho a ser desenvolvido na seção “Trabalhando todos juntos”, além do conteúdo pertinente ao processo de construção da nação brasileira em vários aspectos, está o de estimular a
sensibilidade dos alunos para diferentes usos da linguagem.
Você pode estimular o trabalho interdisciplinar com Língua Portuguesa na indicação de textos de diferentes gêneros, inclusive, charges sobre temas atuais.
Produzir um jornal escolar, seja no mural ou impresso, é uma excelente atividade em grupo, que
pede poder de síntese, liderança, cooperação e desperta o interesse dos alunos para alguns temas e
acontecimentos da vida nacional ou local.
Você deve estar atento para que as notícias escolhidas pelos grupos sejam analisadas e comentadas por todos da equipe, como também pode orientar para que seja feita uma entrevista com alguém
da comunidade, podendo ser da escola sobre um dos assuntos tratados no jornal para ser incluída na edição. Oriente para que sejam realizadas perguntas que esclareçam ainda mais um dos temas abordados.
Organize cada uma das fases do trabalho, distribua as tarefas, cuidando para que todos participem,
e conduza o processo para a correção ortográfica, como também para que os alunos assinem textos e
ilustrações.
Explore alguns gêneros textuais que aparecem comumente em jornais, para que alunos os conheçam e construam os conteúdos de formas diferenciadas uns dos outros.
Na sequência, há uma explicação dos principais gêneros jornalísticos, a fim de auxiliá-lo na orientação do trabalho com os alunos.
Crônica: tem como principal eixo temático fatos corriqueiros inerentes ao cotidiano social, político
ou cultural, que são trabalhados com humor e ironia.
Reportagem: é um gênero de texto jornalístico cujo objetivo é levar os fatos ao leitor de maneira
abrangente, por meio de investigações, comentários, levantamento de questões, discussões e argumentação. A reportagem é, essencialmente, dividida em três partes: Manchete (que compreende o título da
reportagem, tendo como objetivo resumir o que será dito. Além disso, deve despertar o interesse do leitor); Lead (pequeno resumo que aparece depois do título, a fim de chamar mais ainda a atenção do leitor); e Corpo (desenvolvimento do assunto abordado com linguagem direcionada ao público-alvo).
Notícia: é o elemento fundamental de um jornal. Ela se caracteriza por ser um relato dos fatos,
sem comentários nem interpretação.
Artigo de opinião: é um ponto de vista, uma opinião, a respeito de algum tema polêmico divulgado na imprensa.
Entrevista: para a entrevista oral, o estudo prévio a respeito do assunto que será discutido é de
suma importância para que se evitem falhas indesejáveis. Além disso, deve se manter totalmente imparcial.
Cartas do leitor: gênero textual em que um leitor expressa opiniões (favoráveis ou não) a respeito de assuntos publicados em revistas, jornais ou a respeito do tratamento dado ao assunto; nesse gênero textual, o autor pode também esclarecer ou acrescentar informações ao que foi publicado.
Cada um dos gêneros pode ser trabalhado conforme a sequência a seguir:
•• trabalhar a leitura a partir de um texto-exemplo;
•• propor a escrita de texto inicial, com um tema relacionado ao que se pretende trabalhar, para
avaliar que aspectos precisam ser mais bem desenvolvidos;
•• ampliar o repertório, disponibilizando mais materiais aos alunos;
•• organizar e sistematizar o conhecimento sobre o gênero escolhido, estudando seus elementos,
situação de produção e forma de circulação desse gênero;
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•• elaborar a escrita individual;
•• fazer a revisão e a reescrita da produção individual.
Nestes sites você pode obter mais informações:
<http://www.brasilescola.com/redacao/generos-textuais-universo-jornalistico.htm>
<http://www.mundoeducacao.com/redacao/generos-textuais-jornalisticos.htm>
Oriente cada uma das quatro fases do trabalho, cuidando para que todos participem, e convide
outros alunos e professores para assistirem à apresentação final. Cada equipe vai escolher uma das notícias publicadas na sua parte do jornal e apresentá-la oralmente, como em uma locução de televisão.
Auxilie a turma a construir um cenário para a apresentação das notícias selecionadas aos demais
alunos e convidados.
Sugestões para o professor
•• A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1o e 2o graus. Aracy L. Silva e Luís D.
B. Grupioni (Orgs.). 4 ed. São Paulo: Global; Brasília: MEC/Mari/Unesco, 2004.
A obra traz artigos de vários estudiosos sobre o tema do trabalho em sala de aula com as questões ligadas aos indígenas.
•• Áfricas no Brasil. Kelly Cristina Araújo. São Paulo: Scipione, 2004.
O livro trata sobre as tradições e costumes dos povos africanos que aportaram no Brasil e sua
enorme influência na formação da identidade do brasileiro.
•• Um rio chamado Atlântico. A África no Brasil e o Brasil na África. Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
Coletânea de textos do maior africanólogo em Língua Portuguesa publicados em jornais e revistas ou apresentados em palestras e seminários sobre a História da África por todo o mundo. Na visão de Alberto da Costa e Silva, o oceano Atlântico foi, durante os séculos da escravatura e nos primeiros anos que se seguiram à abolição, um largo rio, que tinha o Brasil e a África ocidental como
margens. Assim como a cultura africana é um dos alicerces da cultura brasileira, o modo de vida do
outro lado do Atlântico também foi influenciado pelo Brasil.
•• A África explicada aos meus filhos. Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Agir, 2008.
O livro nos mostra não somente por que a África é fascinante e um lugar de contrastes, pois de
um lado há exuberância, magia, sons e sabores inebriantes, e de outro, miséria, violência, epidemias,
guerras, tirania. A obra trata também da nossa trajetória, que está intimamente ligada ao povo africano.
•• A África e os africanos na formação do mundo atlântico: 1400–1800. John Thornton. São Paulo: Campus, 2003.
Nesta obra o autor aborda diversas posições contraditórias sobre a África a partir de questões
que envolvem a intensa participação dos africanos no mundo atlântico, tanto no comércio africano
(inclusive no comércio de escravos) quanto como escravos no Novo Mundo.
•• África fantasma. Michel Leiris. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
Este livro, publicado pela primeira vez em 1934, é um extraordinário diário que registra o cotidiano da Missão Etnográfica e Linguística Dacar-Djibuti, ocorrida entre 1931 e 1933, que cortou a África do Atlântico ao Mar Vermelho. Uma síntese da pluralidade de interesses que marcou a vida de Michel Leiris (1901-1990), escritor, poeta e antropólogo, este livro é uma leitura pessoal do dia a dia do
grupo de pesquisadores da primeira iniciativa francesa de investigação etnográfica na África. A edição conta com apresentação da antropóloga Fernanda Arêas Peixoto, uma relação de nomes citados pelo autor e 36 imagens da missão em preto e branco, entre fotografias, desenhos e mapas.
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•• Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. João José Reis e Flávio Santos Gomes. São PauMANUAL DO PROFESSOR
lo: Companhia das Letras, 1997.
Este livro reúne artigos sobre quilombos em vários locais do Brasil, constituindo-se em uma
amostra das várias maneiras como o tema vem sendo tratado atualmente.
•• Brasil indígena. 500 anos de resistência. Benedito Prezia e Eduardo Hoornaert. São Paulo: FTD, 2000.
O livro aborda a História do Brasil contada a partir dos movimentos de ocupação das várias
regiões brasileiras, pretendendo, além de contribuir na construção da identidade histórica do povo
brasileiro, oferecer aos povos indígenas um importante referencial.
A leitura do texto de apoio 3, sobre a Lei no 10.639/03, que estabelece o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica, lhe dará subsídios para o trabalho com os alunos de
uma maneira simples, mas com conhecimento prévio sobre a cultura afro-brasileira, pois essa lei amplia o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.
Endereços eletrônicos
•• http://www.videonasaldeias.org.br
Site do projeto “Vídeo nas aldeias”. Iniciado em 1987 como um projeto de produção audiovisual indígena no Brasil, transformou-se, desde 2000, em uma ONG independente que já formou uma
geração de cineastas indígenas. No seu site disponibiliza um acervo de cerca de setenta filmes sobre povos indígenas organizados em coleções como “Índios do Brasil” (série com 10 programas de
16 minutos, exibida pela TV Escola e TV Cultura/SP) e “Cineastas indígenas”, além de notícias, informações sobre oficinas de vídeo etc.
•• www.programadeindio.org
Site do projeto “Programa de índio – História e histórias”, idealizado pela Ikore em parceria com
o Núcleo de Cultura Indígena, com apoio da Petrobras Cultural, que digitalizou e recuperou um importante acervo (áudios, imagens e textos) referente a 220 programas apresentados por povos indígenas do Brasil entre 1985 e 1990 na Rádio USP FM.
•• http://www.casadasafricas.org.br
Site que apresenta textos e artigos sobre a cultura africana. Clicando no link “ARTE & CULTURA > Fotografia” é possível visualizar um acervo fotográfico de países africanos. O trabalho com essas imagens é interessante, tendo em vista que permitirá aos alunos maior aproximação com a realidade africana.
•• http://www.metmuseum.org/toah/hm/02/af/hm02af.htm
Site do museu sobre arte africana. Nele estão disponibilizadas algumas fotos e materiais sobre
a arte produzida em alguns países da África.
•• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm
Link para o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado pela Lei no 12.228, de 20 de julho de 2010.
•• http://www.socioambiental.org.br
Site do Instituto socioambiental (ISA). O site oferece diversas informações sobre questões indígenas. No link “CAMPANHAS & REDES” há uma série de campanhas indígenas com conteúdos ambientais que valem ser exploradas junto com os alunos.
•• http://www.funai.gov.br
Site da Fundação Nacional do Índio (Funai). No link “ÍNDIOS DO BRASIL > QUEM SÃO” você encontra dados sobre os indígenas no Brasil, quem são, quantos são, onde estão etc.
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UNIDADE
3
A República Federativa do Brasil
Página 72
Dando seguimento ao tema geral que norteia o livro do 5o ano, que é a construção da cidadania
por meio do enfoque do processo da organização social e política brasileira, nesta unidade o aluno vai
retornar ao universo mais próximo do seu cotidiano por meio da análise, pesquisa e memória da cidade
ou município onde mora, bem como refletir sobre a importância da história e da preservação do Patrimônio Cultural, do resgate histórico pela memória dos moradores do local onde vive e da participação
do cidadão na administração do município.
O objetivo desta unidade é auxiliar o aluno a desenvolver:
•• a aquisição de mecanismos para a compreensão das diferentes dimensões do tempo, como a
duração a partir de mudanças e permanências no modo de vida dos grupos humanos, com seus
ritmos que englobam o fato e a conjuntura a partir de vivências pessoais;
•• a capacidade de observar, descrever e representar os espaços relacionados ao local onde mora,
por meio da referência de diferentes lugares e cidades brasileiras;
•• a percepção da história do local pelo olhar e memória de seus moradores;
•• a compreensão da importância do Patrimônio Cultural dos grupos humanos através da preservação da sua história e dos símbolos que a representam;
•• o conhecimento dos mecanismos de administração do município e da importância da participação dos cidadãos nesse processo.
Páginas 72 e 73 Abertura de unidade
A imagem da abertura e o diálogo das personagens apresentam o tema das comemorações cívicas.
Questione os alunos sobre as datas cívicas, suas celebrações, quais eles conhecem etc. É importante
aprofundar esse tema, abordando as razões que levaram à comemoração dessas datas cívicas.
Capítulo 1 - Divisão política do Brasil
Página 74 Para começo de conversa...
A apresentação do mapa do Brasil com a configuração atual, destacando os estados e suas capitais, visa reforçar a imagem do presente para trabalhar em seguida com a divisão territorial em vários períodos da História do Brasil.
É importante orientar o aluno na leitura do mapa. Leve para a sala de aula um mapa do Brasil e
outro de seu estado e oriente os alunos a localizarem a cidade onde vivem, a capital do estado e a localização de algumas outras cidades, verificando as distâncias entre elas. Aproveite para fazer um levantamento das denominações recebidas pelas pessoas nos diferentes estados e cidades do Brasil que os
alunos conhecem (adjetivos pátrios/gentílicos), como por exemplo: paulista (estado de São Paulo); paulistano (cidade de São Paulo); pernambucano (estado do Pernambuco); soteropolitano (cidade de Salvador); capixaba (estado do Espírito Santo) e outros.
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Páginas 74 a 77
MANUAL DO PROFESSOR
A análise dos mapas apresentados nessas páginas permite um trabalho interdisciplinar com a Geografia, no que toca à alfabetização cartográfica dos alunos.
Para desenvolver essa leitura, resgate as orientações para o trabalho com mapas presente na parte
geral deste manual. A leitura dos títulos dos mapas é muito importante para a análise pretendida. Ao
trabalhar a demarcação territorial brasileira, explique que o processo foi objeto de diversos tratados e
acordos internacionais. Relembre que os contornos atuais do país foram definidos ao longo dos séculos,
destacando que a primeira delimitação territorial brasileira ocorreu antes mesmo dos portugueses chegarem
ao continente americano, por meio do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 e que dividiu a América
em dois domínios, o português e o espanhol. Após a passagem da esquadra de Pedro Álvares Cabral pela
costa brasileira, iniciou-se, no litoral nordestino, o processo de exploração baseado no modelo de Capitanias
Hereditárias. De 1580 a 1640, o território da colônia portuguesa foi ampliado em decorrência da União
Ibérica, período em que o rei da Espanha também ocupou o trono de Portugal. Aproveitando a união dos
dois impérios, os colonos portugueses ultrapassaram o limite do Tratado de Tordesilhas, de norte a sul.
No século 18, a corrida pelo ouro e a busca de mão de obra escrava impulsionaram o surgimento
de vilas e cidades brasileiras no interior do país e o estabelecimento dos primeiros acordos de limites
com a América espanhola. As bandeiras, como ficaram conhecidas as expedições ao interior do Brasil,
foram responsáveis pelo início do processo de colonização nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
De maneira pacífica, até 1910 foram assinados outros tratados com países que fazem fronteiras com
o Brasil. A defesa dessas fronteiras foi reforçada na década de 1970, com a demarcação de terras indígenas, a fim de se evitar a invasão de contrabandistas, garimpeiros e madeireiros.
Mudanças na divisão política do Brasil
Página 75
Vários territórios em disputa entre o Brasil e os países vizinhos foram resolvidos pontualmente graças à diplomacia e arbitragem de outros países, como os Estados Unidos. Esse foi o caso da chamada
”questão de Palmas”, território situado entre o sudoeste do Brasil e o nordeste da Argentina (que atualmente constitui o oeste do Paraná e de Santa Catarina, resultando na decisão de que esse território deveria pertencer ao Brasil), solucionado em 1895.
Página 78 Pesquisando e aprendendo mais
Na atividade em que os alunos vão se dividir em equipes para pesquisar sobre as mudanças na divisão política do país, cuide para que todos os temas sejam pesquisados, orientando, assim, a formação
das equipes e a escolha dos itens pelos alunos.
Destacamos aqui alguns elementos que podem ser contemplados nas pesquisas.
A questão do Amapá, responsável pela oposição entre Brasil e Guiana Francesa (colonizada pela
França), teve como árbitro a Suíça, que decidiu em 1900 que essa área, que corresponde aproximadamente à metade do atual Amapá, deveria continuar a fazer parte do Brasil.
Quanto ao Acre, a disputa era com a Bolívia devido à invasão da parte leste do seu território por
seringalistas brasileiros. Após muitos conflitos, em 1903 foi assinado o Tratado de Petrópolis, segundo o
qual essa área passou a fazer parte do território brasileiro, tendo o Brasil que indenizar a Bolívia e o Peru
e se comprometer a construir a Ferrovia Madeira-Mamoré para o escoamento e exportação da borracha
através dos portos de Manaus e Belém.
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Destaque a importância das negociações e da resolução dessas pendências entre as nações envolvidas e que em muitos casos, necessitam da mediação de organismos internacionais ou outros países.
Você pode fazer a correlação com os atuais conflitos relacionados à posse de territórios por nações ou
propor um debate sobre a questão.
Mais atividades
1. Tendo em vista o amplo trabalho desenvolvido com mapas neste capítulo, propõe-se como atividade complementar que você auxilie os alunos a compreenderem como deve ser lido um
mapa.
Trabalhe com os alunos no sentido de fazê-los compreender e ler os elementos cartográficos
essenciais. São eles:
•• Título: revela o assunto do mapa.
•• Fonte: indica a origem dos dados apresentados e a data a que se referem.
•• Orientação: mostra a direção e a localização por meio da rosa dos ventos ou de um ícone
que indica o Norte (esses desenhos nem sempre estão explícitos).
•• Projeção: é a distorção feita para adaptar uma superfície esférica (a Terra, por exemplo) para
um plano (o papel ou a tela do computador).
•• Escala cartográfica: informa a relação entre o tamanho do espaço real e a redução feita para
representá-lo.
•• Legenda: decodifica os símbolos usados (como as cores e formas, como linhas de diferentes
espessuras para diferenciar, por exemplo, ruas e rodovias).
O mapa é uma representação reduzida de uma determinada superfície. Essa redução - feita
com o uso da escala - torna possível a manutenção da proporção do espaço representado, pois
a sua confecção obedeceu à determinada escala, que mantém a sua forma.
A escala cartográfica estabelece, portanto, uma relação de proporcionalidade entre as distâncias lineares num desenho (mapa) e as distâncias correspondentes na realidade.
Escala gráfica
A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de reta graduado, sobre o qual está estabelecida diretamente a relação entre as distâncias no mapa, indicadas a cada trecho do
segmento, bem como a distância real de um território. Observe:
0
3
6
9
12
(quilômetros)
Com esse exemplo, temos que cada 1 cm no mapa representado equivale a 3 km na realidade.
O que é o mesmo que dizer que 2 centímetros representará 6 km na realidade, pois 2 x 3 = 6, e
assim por diante. Caso a distância no mapa entre duas localidades seja de 4 cm, a distância real
entre elas será de 4 x 3 = 12 km.
Escala numérica
A escala numérica é estabelecida por meio de uma relação matemática.
Por exemplo: 1: 300 000 (1 por 300 000). O número fornecido depois dos dois-pontos (o denominador) representa a quantidade de vezes que o espaço representado foi reduzido. Neste exemplo, o mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho real da superfície que ele representa.
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1 : 300 000 =
0
3
6
9
MANUAL DO PROFESSOR
Na escala numérica, as unidades, tanto do numerador como do denominador, são indicadas em
centímetros (cm). O numerador é sempre 1 e indica o valor de 1 cm no mapa. O denominador
é a unidade variável e indica o valor em centímetro correspondente no território (na realidade).
No caso da escala exemplificada (1: 300 000), 1 cm no mapa representa 300 000 cm no terreno, isto é, 3 km.
12
(quilômetros)
Sugira que os alunos retornem aos mapas do capítulo e identifiquem cada um dos elementos
que compõe o mapa. Depois devem escolher um deles e calcular a que tamanho real se refere a escala.
Sugestão para o professor
•• Nordeste: o berço do Brasil. Carlos Fioravanti e Paulo Roberto Moraes. São Paulo: Harbra, 1998.
Os autores abordam a história do Nordeste brasileiro de forma objetiva, dando ênfase à migração do povo nordestino para o Centro-Sul do Brasil. O livro mostra aspectos sociais, tradições, riqueza e pobreza de um lugar marcado pela concentração fundiária e pela presença constante da seca.
Página 79 A cidade e o município
Dando seguimento à proposta deste capítulo, serão enfocados alguns aspectos ligados à configuração das cidades e dos municípios no Brasil.
A escolha dos versos de Chico Buarque na música “A banda” tem como objetivo apresentar um
elemento característico das cidades até a década de 1970, aproximadamente, e que praticamente inexiste na atualidade.
Página 80 Estudando o documento
É interessante introduzir um diálogo sobre a temática da organização das cidades, trocando ideias
com os alunos sobre o ambiente urbano, relacionando as transformações históricas pelas quais as cidades
passaram e sobre o estilo de vida dos moradores urbanos da atualidade.
Na atividade também é importante caracterizar o documento que está sendo analisado. Auxilie os
alunos na leitura da referência do texto e destaque o ano da composição, a fim de melhor contextualizar a
leitura do texto.
Página 82 Escrevendo a História
Ao trabalhar o texto “O espaço nas cidades”, você pode desenvolver uma dinâmica em que os alunos apontem as transformações ocorridas na cidade em relação aos espaços ocupados e ao relacionamento entre as pessoas. Divididos em grupos, solicite que eles montem uma representação por meio de desenhos que ilustrem essas mudanças. A construção do quadro comparativo objetiva auxiliar os alunos a visualizarem mudanças, rupturas e permanências em aspectos das cidades, de forma que consigam não só
compreendê-las como também construírem relações entre presente e passado.
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O ritmo das cidades
Página 85 Estudando o documento
Oriente a leitura das imagens. Destaque a importância da leitura das legendas. Resgate as orientações sobre o trabalho com fotografias como fonte histórica.
Após a observação e leitura do texto e gravuras sobre o Parque D. Pedro na cidade de São Paulo,
espera-se que aluno reflita sobre as mudanças verificadas no local e estabeleça paralelos com situações
ocorridas no local onde mora, fazendo comparações e refletindo sobre a distribuição dos espaços e
da história deles.
A administração do município
Página 87 Pesquisando e aprendendo mais
Na atividade sobre a administração do município, destaque quais são as responsabilidades de cada
um dos cargos governamentais. Nesse momento, aproveite para conversar sobre os esforços da população
em reivindicar direitos, exigir eficiência do poder público, bem como participar mais dos processos de
decisões.
Nesse sentido, dialoguem, também, sobre a responsabilidade na escolha dos governantes e na vigilância de suas atuações.
Mais atividades
1.Apresente aos alunos o hino do município e analisem a letra, para que eles compreendam o
que ela diz sobre o lugar onde vivem.
2. Organize, se possível, uma visita à Prefeitura e à Câmara de Vereadores. Essa atividade deve ser
organizada em duas etapas.
Em um primeiro momento, promova um debate prévio sobre o funcionamento desses órgãos
e as atribuições dos vereadores.
Ainda antes da visita, é interessante que os alunos pesquisem sobre a atuação dos vereadores na cidade em que vivem, investigando quais foram as propostas feitas em campanha eleitoral e quais os projetos apresentados no último ano.
Ao fazer a visita, estimule os alunos a perguntarem sobre o que pesquisaram e a tirarem dúvidas sobre o funcionamento do governo.
Para finalizar a atividade, ao retornar à escola, oriente a construção de um texto coletivo pela turma, no qual os alunos contem o que aprenderam com esse trabalho.
Caso não seja possível fazer essa visitação, convide um vereador para ir até a escola e conversar com os alunos.
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Sugestões para o professor
•• As formas do espaço brasileiro. Pedro Geiger. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
MANUAL DO PROFESSOR
O livro aborda como a localização geográfica e as transformações no espaço de um país
influenciam sua configuração social e cultural. Este livro analisa ainda a espacialidade do território
brasileiro em conexão com sua história e a conformação de sua sociedade.
•• Cidades reveladas. Cristiano Mascaro. Belo Horizonte: Beĩ, 2006.
A obra abrange desde cidades bem conhecidas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Ouro Preto,
até municípios pouco populares, com imagens que permitem uma leitura do cenário urbano nacional.
Leia também o texto de apoio 4, que traz reflexões sobre o conceito de cidade e ajudará você
no trabalho com o tema abordado neste capítulo.
Capítulo 2 - Cada cidade, muitas histórias
Página 88 Para começo de conversa...
O capítulo sobre as histórias das cidades ou dos locais onde se vive inicia com um fragmento do
texto da ”Carta de Washington”, carta internacional para a salvaguarda das cidades históricas adotada pela 8a Assembleia Geral do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), ligada à Unesco, realizada em Washington em 1987 (ver texto de apoio 5).
Converse com os alunos sobre o sentido das frases destacadas, como o ”ser histórico” de toda
cidade e analise com eles como devem ser conservadas. Explore as imagens e discuta o que significa
preservar e conservar. Debatam sobre os meios de preservação, destacando que a conservação inclui
também a atitude das pessoas e das instituições quanto ao valor do local onde se vive.
A preservação do Patrimônio Histórico
Página 90
Na sequência apresentamos algumas informações sobre a preservação patrimonial no Brasil, a fim
de lhe dar elementos que auxiliem na explicação do tema.
Ao todo, o Brasil tem 18 localidades certificadas e reconhecidas como ”patrimônios da humanidade”, o que significa que representam locais de importância para todos os povos do mundo. Por isso, sua
preservação é de interesse internacional. Contudo, não apenas esses locais devem ser preservados, como permite entender o texto inicial do capítulo. É importante destacar para os alunos que existem dois
tipos de Patrimônios Históricos: o cultural – que engloba, por exemplo, centros históricos, santuários e
ruínas – e o natural – que contempla áreas de conservação e parques nacionais.
Explique que a decisão sobre a possibilidade de uma área receber esse título é da Unesco, entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação, ciência e cultura. Para se candidatar,
o lugar precisa primeiramente ser indicado por algum órgão nacional. No Brasil, por exemplo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inscreve as áreas naturais,
enquanto o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) responde por espaços culturais. Em seguida, as inscrições passam por uma pré-seleção da Unesco. Depois, a cada seis meses, os
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novos patrimônios são selecionados em uma convenção da entidade, que reúne setecentas ONGs e órgãos governamentais de vários países. São poucos os escolhidos: em todo o mundo, há cerca de oitocentos patrimônios da humanidade.
No Brasil, a categoria intitulada como “Centros históricos” é a que mais possui áreas protegidas. Um
dos destaques é o Pelourinho, em Salvador (BA), que ganhou o título em 1985. Parcialmente restaurado,
ele guarda a arquitetura e a arte barroca do século 17, quando a cidade foi a primeira capital brasileira.
Também são patrimônios os centros históricos de Ouro Preto (MG), premiado em 1980, Olinda (PE, 1982),
São Luís (MA, 1997), Diamantina (MG, 1999) e Goiás (GO, 2001).
A história dos lugares
Página 94 Para refletir
Na atividade sobre memória e preservação do Patrimônio Cultural, Histórico e Natural, você pode
levar informações sobre as leis e entidades públicas e privadas que tratam do assunto. Esse tema já foi
abordado nos anos anteriores, mas é de fundamental importância retornar aos vários aspectos ligados à
preservação cultural e histórica da memória local.
Busque valorizar as imagens do texto ou de outras fontes pesquisadas com o objetivo de despertar
o interesse dos alunos pela história e pela memória, principalmente da localidade onde vivem.
Vários documentos tratam do assunto, como a Constituição Federal de 1988 no artigo 5o, LXXIII;
artigo 23, III e IV; artigo 24, VII e VIII; artigo 216, I a V, entre outros.
Mostre ao aluno que preservar o Patrimônio Cultural é dever de todo cidadão e que apesar do âmbito governamental da União, dos estados e do município, o conceito de Patrimônio Cultural está muito
ligado à valorização da memória coletiva e à atribuição de valor sobre os bens culturais.
Página 95 Pesquisando e aprendendo mais
Como nas demais unidades, é importante trabalhar com o reconhecimento das múltiplas memórias
e culturas que fazem parte da vida cotidiana dos alunos e seus familiares. Durante as entrevistas, os
alunos também podem recolher fotografias e outros materiais sobre a história local.
Com base no que os entrevistados disseram, os alunos podem compor cartazes com desenhos e
frases sobre como era e como é o lugar em que vivem, registrando as mudanças que ocorreram e as razões para essas transformações, fazendo legendas que contextualizem fotografias antigas e recentes,
mostrando as mudanças, a conservação e preservação das fontes materiais, como também daquelas relativas ao Patrimônio Imaterial, representado pela memória e relatos das pessoas.
Reflita também sobre a diversidade dos grupos sociais criadores de festas populares e sobre como ocorrem influências entre elas ao longo do tempo, destacando se existem danças que preservam
parte da cultura indígena, mas fundiram-se também com tradições de povos africanos, portugueses, entre outros. É possível, ainda, explorar as marcas deixadas por algumas festas nos locais onde são realizadas, seja em bairros específicos ou clubes. Por isso, é preciso explorar com os alunos os diferentes tipos
de festas, assim como as formas diversas de participação das pessoas, destacando inclusive como a indústria do turismo existente na atualidade interfere na manutenção ou modificação das tradições locais.
Podem ser abordadas, ainda, as áreas de conservação e reservas naturais que englobam ecossistemas extensos com flora e fauna diversificadas, como o Pantanal (MS e MT), selecionado no ano 2000. Outros patrimônios que se encaixam nesse quesito são o cerrado (GO, 2001), a Amazônia (AM, 2003), a Mata Atlântica na chamada Costa do Descobrimento (BA e ES, 1999), a Mata Atlântica do sudeste (SP e PR,
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MANUAL DO PROFESSOR
1999), e as ilhas de Fernando de Noronha (PE) e Atol das Rocas (BA), escolhidas em 2001. Os parques nacionais são o da Serra da Capivara (PI, 1991), de Jaú (AM, 2000) e do Iguaçu (PR, 1986). Na categoria intitulada de “Conjunto arquitetônico”, a única brasileira contemplada é a cidade de Brasília (DF). Em 1987,
Brasília ganhou o título de Patrimônio da Humanidade por ser um exemplo da arquitetura moderna.
Mais atividades
1. Dando ênfase ao aspecto da memória do local, pode ser organizado um roteiro de visita aos luga-
res (ruas, praças, igrejas, rios, casas, monumentos etc.) historicamente considerados significativos.
Prepare previamente os alunos para que identifiquem os monumentos, casas ou lugares considerados “históricos”, procurando fazê-los se interessar e refletir sobre as pessoas ou acontecimentos
valorizados no lugar em que vivem.
A observação e leitura de placas explicativas existentes nesses locais é um meio para descobrir de
quem ou do que se trata, sendo, contudo, fundamental questionar as razões pelas quais determinado personagem/acontecimento foi escolhido, e não outro. Quem o escolheu? Os alunos também podem ser orientados a pensar em sobre qual a história valorizada em sua cidade, pois, em
geral, monumentos preservam a história dos homens poderosos e daquilo que se considera como
grandes acontecimentos. Por isso, proponha que nesse passeio pela cidade os alunos pesquisem
também a existência de monumentos dedicados a negros, indígenas e imigrantes. Caso existam,
observem como eles são representados nesses monumentos. Será que indígenas e negros contariam sua história da forma como estão ali representados?
2. Algumas cidades mantêm arquivos, museus ou fundações dedicadas à preservação do Patrimônio
Histórico e Cultural. Você pode organizar visitas a essas instituições e orientar os alunos para observar quais os tipos de documentos históricos (fotos, jornais, móveis) existem nesses locais e se
eles contemplam todos os grupos sociais. Lembre-se de organizar um roteiro para que os alunos
façam anotações sobre o que foi observado e depois organize um debate com eles sobre quem
produziu esses documentos, com qual finalidade os registros foram feitos e qual o sentido deles
estarem guardados em um museu atualmente. Caso não existam bibliotecas, arquivos ou museus
na localidade, os alunos podem ampliar a pesquisa entrevistando pessoas de diferentes origens e
condições sociais, além de autoridades municipais.
3. Outra atividade complementar proposta é a produção de uma lista com sugestões de outras histó-
rias e espaços que também mereceriam ser preservadas no lugar em que vivem, reunindo informações por meio de anotações, desenhos e frases sobre essas outras experiências do passado que
gostariam de preservar. Um dos objetivos dessa atividade é sensibilizar os alunos para a percepção sobre a ausência da memória popular nos espaços públicos. Os alunos podem anotar o que
observaram e desenhar os aspectos abordados; o resultado da pesquisa pode ser apresentado como um jornal mural, com desenhos e textos curtos.
Sugestões para o professor
•• Conhecendo os Patrimônios da Humanidade no Brasil. Percival Tirapeli. São Paulo: Metalivros, 2001.
O livro aborda vários aspectos de 17 sítios culturais e naturais declarados pela Unesco no Brasil
até o final de 2007 como Patrimônios Mundiais da Humanidade. Ilustrado com mais de 250 imagens
de profissionais de renome, o livro oferece um amplo retrato de conjuntos urbanos históricos e reservas naturais preservadas.
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•• Festas e utopias no Brasil colonial. Mary Del Priore. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Esta obra fala do tempo de festa enfocando os aspectos sociais, políticos, religiosos ou simbólicos de festividades praticadas ao longo da nossa história colonial e seu significado para os vários segmentos da sociedade. Ajuda-nos a entender por que e o que ainda hoje tanto festejamos na atualidade.
•• Brinquedos encantados. O Maranhão. Albani Ramos. São Luiz: Instituto Geia, 2004.
Neste livro estão documentadas as principais festas culturais do Maranhão, como o Carnaval, o
ciclo natalino e as festa do bumba-meu-boi, entre outras. É um importante trabalho que resgata as
raízes do povo maranhense e as exibe aos leitores para que possam apreciar não apenas as belezas
naturais, mas também a cultura do povo que lá vive.
No texto de apoio 5 você encontrará a reprodução dos artigos e princípios da Carta de
Washignton com variados subsídios para uma melhor abordagem sobre a preservação histórica.
Capítulo 3 - A cidadania em construção
Página 96
Para começo de conversa...
Para entrar no tema da democracia, apresenta-se um importante documento da História do Brasil
que caracterizou a supressão de direitos em um período não democrático.
É importante, ao trabalhar com o Ato Institucional no 5 (AI-5), contextualizar o período da Ditadura Militar, vigente entre os anos de 1964 e 1985. Comente com os alunos que no ano de 1964, com apoio
das forças armadas, o presidente João Goulart, eleito pela população, foi deposto, e quem assumiu a presidência do país foi o General Humberto Castelo Branco. Comente, também, que nesse período os cidadãos brasileiros perderam pouco a pouco seus direitos políticos, e que o AI-5 foi o mais severo dos atos
nesse sentido.
Apenas no ano de 1985 a população começou a retomar seus direitos políticos e o país começou
a restabelecer sua democracia. Nesse ano os cidadãos puderam exercer o direito ao voto, no entanto, de
forma indireta. Só em 1989 a população pôde votar diretamente em seus representantes.
Democracia passo a passo
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Trabalhe com os alunos a concepção da representatividade e do direito ao voto como um importante mecanismo de participação popular, destacando, porém, que este não é o único mecanismo, mas
sem dúvida é um dos mais importantes na consolidação da democracia.
Você pode relembrar alguns fatos ligados ao direito de votar estabelecidos no Brasil por meio das
Constituições. Lembre que após a Independência do país em 1822, foi outorgada em 1824 a primeira
Constituição do Brasil, que perduraria até fevereiro de 1891. A Constituição de 1824 estabeleceu um governo monárquico, hereditário. E que mesmo seguindo os ideais franceses e ingleses, a divisão dos poderes criava um quarto poder, o Moderador, da competência do próprio imperador, que era assessorado
por um Conselho de Estado por ele nomeado. Na prática, o poder Moderador conferia poderes absolutos a D. Pedro I.
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Essa Constituição ficou conhecida como a Constituição da Mandioca, uma vez que sendo o voto
censitário, só votariam ou se candidatariam aqueles que tivessem um determinado nível de renda (para
votar para deputado, um cidadão deveria ter um rendimento anual equivalente a 150 alqueires de mandioca; para votar para senador, 250 alqueires). Para candidatar-se a esses cargos, a renda deveria ser de
500 ou 1 000 alqueires, respectivamente.
Lembre também que depois, quando proclamada a República no país, a primeira Constituição
republicana do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, seguiu os moldes da Constituição
norte-americana ao estabelecer como forma de governo a República Federativa Presidencialista, passando
o país a se chamar Estados Unidos do Brasil.
O voto censitário (baseado na renda) foi extinto, estabelecendo-se o sufrágio universal, direto e
descoberto para todo cidadão maior de 21 anos, exceto para os analfabetos, mulheres, mendigos, praças de pré (militares sem patente) e religiosos de ordens monásticas. Ficou mantida a divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário e foi suprimido o poder Moderador.
Contudo, mesmo com a extensão do voto a todos os brasileiros natos ou naturalizados que fossem alfabetizados, cresceu o poder de alguns grupos de políticos e proprietários de terra, que se eternizavam no poder através do controle da máquina eleitoral e do “voto de cabresto”, formando os chamados “currais eleitorais”.
O cabresto é um tipo de arreio que se coloca na cabeça e no pescoço do cavalo para exercer
controle durante a cavalgada. O “voto de cabresto” era assim denominado pela forma como era
conseguido, ou seja, pelo domínio que os coronéis tinham sobre os eleitores, que eram controlados no
dia da eleição pela pressão dos jagunços a serviço dos coronéis.
A denominação “curral eleitoral” era uma referência aos eleitores que votavam sempre nos candidatos indicados pelos coronéis, independentemente das suas propostas ou condições para assumir o cargo que estavam disputando.
Explique que no início da República, apesar de existirem eleições, o voto não era secreto e a forma
como era praticado, bem como os meios que eram utilizados para pressão dos eleitores, beneficiava os
interesses dos grandes latifundiários, que dominavam a política. Dessa forma, os ”representantes do povo”
atendiam principalmente aos interesses dos grandes proprietários de terras. Atualmente, ainda existe
muita influência de alguns empresários, proprietários de terras e fazendas, entre outros, que financiam as
campanhas eleitorais de muitos candidatos para vários cargos. Ainda existem também alguns fatos
semelhantes aos do início da República devido à pouca informação de parte dos eleitores. Essa prática,
no entanto, é ilegal e passível de prisão.
A Constituição brasileira de 1988
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A Constituição de 1988 restabeleceu o direito da participação direta dos brasileiros na escolha dos
ocupantes dos cargos executivos (presidente da República, governadores e prefeitos), além de outras
mudanças, como o estabelecimento de dois turnos nas eleições das cidades com mais de 200 mil
eleitores, o voto facultativo para pessoas de 16 a 18 anos, a proibição de comercialização de sangue e
seus derivados, o fim da censura ao rádio, à televisão, ao cinema etc.; mandato de cinco anos para o
presidente da República; a redistribuição dos impostos em favor dos estados e municípios. Esse conjunto
de mudanças revela a complexidade do texto constitucional.
Como posto acerca da Constituição, o fato desses direitos e garantias individuais encontrarem-se inscritos no texto constitucional não são, porém, suficientes para que a cidadania seja efetivamente conquistada.
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Mais atividades
1. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) é um conselho nacional
ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, que tem como principal atribuição elaborar as normas gerais da política nacional de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente. Para exercer tal dever ele pode editar resoluções, as quais são atos normativos previstos no artigo 59 da Constituição Federal.
Ao ler sobre a Resolução 163, conte aos alunos que essa nova regra complementa e esclarecer a já
existente Lei no 8.078/90 (o Código de Defesa do Consumidor), que no seu artigo 37 considera ilegal
a publicidade abusiva que “se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança”.
Reflita com seus alunos sobre como ocorre o desrespeito a essa questão, cabendo principalmente
aos pais ou responsáveis inibir o incentivo ao consumo em função do frequente apelo publicitário.
Na atualidade, as crianças nascem e se deparam com um mundo cheio de novidades, que muda
constantemente. A televisão, além de mostrar desenhos animados, exibe também um emaranhado de propagandas que incentivam o consumo de brinquedos, alimentos etc.
Peça que os alunos pesquisem na internet, revistas ou jornais propagandas que incentivam as pessoas a consumirem um determinado produto.
Marque o dia da apresentação do material encontrado, forme um círculo e peça que cada aluno
fale com poucas palavras sobre o anúncio publicitário pesquisado.
Depois que todos os alunos expuserem, escolha aleatoriamente dois ou três produtos anunciados
e faça questionamentos como:
•• Vocês comprariam o produto que está sendo divulgado? Por quê?
•• Vocês precisam desse produto? Se não pudessem adquiri-lo, ele faria falta no dia a dia?
Leve os alunos a refletirem que não há necessidade de adquirirmos todos os produtos que as propagandas
nos incentivam a consumir, e que podemos, sim, viver sem um determinado tipo de produto.
Página 101 Escrevendo História
A Convenção dos direitos das pessoas com Deficiência pode ser consultada no site do Planalto:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm.
Sugere-se essa leitura para que você, professor, tenha conhecimento de quais são os direitos garantidos por essa convenção e possa auxiliar os alunos a investigar se esses direitos estão, ou não, sendo cumpridos.
Sugestões para o professor
•• Crianças do consumo: a infância roubada. Susan Linn. São Paulo: Instituto Alana, 2006.
O livro aborda questões relativas ao marketing e à indústria de consumo e de brinquedos voltados para o público infantil. Enfoca também aspectos da vida das crianças - saúde, instrução, criatividade e valores em relação ao conceito atual de mercado consumidor.
•• http://alana.org.br
Site do Instituto Alana, que traz artigos, pesquisas, jogos etc. que poderão ajudá-lo a trabalhar
com os alunos. Neste endereço eletrônico você poderá ler o artigo “Publicidade e violação dos direitos da criança”, além de outros textos que abordam essa temática.
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Participar: um direito e um dever
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UNIDADE
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Página 102
Na última unidade do livro buscou-se desenvolver temas que propiciassem reflexão e entendimento sobre a importância da participação de cada um na sociedade, além da compreensão do significado
do direito de opinar como uma importante conquista que devemos usufruir.
O objetivo desta unidade é auxiliar o aluno a desenvolver:
•• a compreensão da participação como um componente fundamental na formação da cidadania,
mesmo nos primeiros grupos dos quais fazemos parte: família, escola, vizinhança e no nosso grupo de amigos;
•• a percepção do processo histórico de alguns movimentos sociais e as lutas da sociedade para
conquistar o direito à participação;
•• o entendimento da responsabilidade que o direito de participar representa nas decisões dos grupos e da sociedade em que vivemos;
•• a compreensão do papel da democracia para que as pessoas possam tomar parte nas decisões
sobre a administração pública;
•• o reconhecimento de que a formulação de leis e regras sociais foi um instrumento desenvolvido pelos diferentes grupos humanos, ao longo da história, para garantir a organização e a convivência das sociedades;
•• a compreensão do processo histórico ocorrido no Brasil para que a população pudesse se engajar nas decisões políticas e administrativas, através da existência de eleições livres, da existência
de partidos políticos e da liberdade de expressão e associação;
•• a visão de que o engajamento social pode assumir a forma de uma simples ação pessoal ou a
formação de grupos e instituições, como sindicatos, grêmios, associações, entre outros.
Páginas 102 e 103 Abertura de unidade
A imagem de abertura e o diálogo das personagens apresentam uma manifestação popular.
Explore a importâncias das pessoas reivindicarem seus direitos e questione os alunos a fim de saber na
defesa de quais direitos eles se manifestariam.
Capítulo 1 - Participar para ajudar a construir
Página 104 Para começo de conversa...
A escolha do artigo 1o da Declaração Universal dos Direitos Humanos deu-se por ele dispor sobre
liberdade, igualdade, dignidade e fraternidade como naturais aos seres humanos, retratando fortemente
os aspectos que se pretende trabalhar neste capítulo e nos subsequentes.
É fundamental reforçar a importância desses princípios e como foi longo o caminho percorrido até
que eles fossem estabelecidos, além de quanto ainda é difícil eles se concretizarem na prática.
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Reflita com os alunos sobre o artigo 1o da Declaração dos Direitos Humanos, orientando o debate
acerca do que eles entendem por liberdade, igualdade, ação solidária, entre outros. Por meio da leitura
das imagens, principalmente aquela que abre o capítulo, debata com os alunos o dia a dia deles, tendo
como referência os aspectos levantados por todos, levando-os a se posicionarem com relação aos pequenos gestos, como as soluções do cotidiano e a participação, mesmo que ligada a seu universo mais
próximos, como vizinhos, escola, bairro etc.
Solidariedade e participação
Página 104
Frequentemente as pessoas são convidadas a participarem de grandes campanhas humanitárias
para ajudar vítimas de desastres causados por enchentes, terremotos, desabamentos. No mundo globalizado, podemos acompanhar em tempo real os desdobramentos e operações de resgates que envolvem situações dessa natureza.
Trabalhe com situações mais próximas do cotidiano dos alunos que envolvam pessoas da sua família e do seu convívio, explicando principalmente a importância da colaboração e sensibilização para o
entorno deles. Aliás, pode-se dizer que o aprendizado sobre a participação cidadã começa nas questões
do entorno, para posteriormente se expandir em relação a questões mais abrangentes.
Participação: uma conquista
Página 106
Ao trabalhar o subitem relativo ao direito de participação como uma conquista democrática, esclareça
aos alunos que depois de mais de vinte anos de governos militares, o período histórico brasileiro iniciado
em 1985 foi denominado Nova República. Você pode explicar de forma mais simples que o principal
objetivo dessa fase era consolidar a abertura política, possibilitando à sociedade brasileira conquistar a
democracia. Em janeiro de 1985, o Brasil finalmente voltou a ter um governo civil, embora escolhido via
eleição indireta, e a transição da ditadura para a democracia, já naturalmente complexa, sofreu uma
variedade enorme de acontecimentos, cujos rumos e resultados marcaram profundamente o processo
político de transição e provocaram uma série de alterações na vida política e econômica do país.
Converse com os alunos sobre a obrigatoriedade do voto no Brasil. Explique que participar da escolha
dos governantes é um dever e um direito. No Brasil, o voto é obrigatório para as pessoas entre 18 e 70 anos;
entre 16 e 18 anos, bem como após os 70 anos, é facultativo. Lembre também a luta para que o direito de
votar se tornasse universal, ou seja, extensivo a todos os brasileiros portadores do título de eleitor, incluídos
grupos antes impedidos, como analfabetos, mulheres e outros. Analise, ainda, a obrigatoriedade do voto,
explicando que mesmo assim são muitas as pessoas que se abstêm de exercer esse direito.
Processo eleitoral e participação
Página 107
Para desenvolver o trabalho com a historicidade do tema, ligada principalmente ao processo de
escolha dos dirigentes do município, do estado e do país, leve os alunos a expressarem opinião sobre o
tema, perguntando, por exemplo, qual a importância das eleições na vida das pessoas. Peça que façam
a mesma questão em casa e, em sala de aula, socialize as respostas de modo a promover uma troca de
ideias sobre o assunto.
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Página 108 Pesquisando e aprendendo mais
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Na atividade em que o aluno vai entrevistar um familiar sobre a forma como essa pessoa observa
e participa de eleições no Brasil, destaque que na atualidade ainda podem ocorrer algumas irregularidades no processo eleitoral, devido principalmente à pouca informação de parte dos eleitores. Mesmo o
voto sendo secreto, existindo vários mecanismos de controle da dinâmica da eleição, de regras eleitorais,
da justiça eleitoral, ainda podem ocorrer pressões e formas de comprar votos (cestas básicas, serviços médicos etc). Infelizmente, grande parte da população brasileira tem muitas carências e por isso pode se
tornar alvo desse tipo de fraude.
Mais atividades
1. Como atividade complementar, propõe-se uma pesquisa de campo desenvolvida pelos alunos.
Organize com eles um questionário sobre as campanhas eleitorais e o acompanhamento que
as pessoas fazem dos candidatos em que votaram. Algumas perguntas podem ser:
•• Você acompanha as campanhas eleitorais?
•• A propaganda política no rádio e na televisão influencia seu voto?
•• Você lembra em quem votou para vereador e prefeito na última eleição?
•• Seu candidato foi eleito?
•• Você lembra quais foram as propostas da campanha?
•• O candidato, se eleito, já concretizou alguma de suas propostas?
Construído o questionário, oriente os alunos a fazerem as perguntas a vários adultos votantes.
Os entrevistados podem ser familiares, funcionários da escola, vizinhos, entre outros. Só lembre-os
que não devem sair sozinhos e falar com estranhos.
Determine um prazo para que tragam aproximadamente três questionários respondidos.
Em sala de aula, proponha uma conversa sobre os resultados e juntos organizem gráficos que
reflitam as respostas das pessoas entrevistadas pela turma, indicando, por exemplo, que entre
as trinta pessoas pesquisadas, apenas 12 lembram em quem votaram para vereador na última
eleição. No outro gráfico é possível indicar que entre esses 12 entrevistados, nenhum lembra
das propostas de seus candidatos.
O trabalho com os gráficos auxiliará os alunos a visualizarem os resultados da pesquisa de
campo.
Após a realização das atividades do capítulo, baseadas no significado atual de democracia, você
pode pedir aos alunos que se posicionem a respeito do tema, dando exemplos de que tiveram notícia;
sobre o que viram na televisão, se ouviram um adulto comentar ou mesmo presenciaram algo; se houve mudança, por menor que seja, como resultado da participação e luta de alguém ou de um grupo.
Exemplos ligados à busca do direito do consumidor são muito frequentes na atualidade e podem ser
bastante claros para os alunos.
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Sugestões para o professor
•• A Constituição de 1988 na vida brasileira. Gildo Marçal Brandão. São Paulo: Hucitec, 2008. v. 1.
Este livro apresenta um balanço de como a Constituição de 1988 vem afetando a vida social,
política e cultural brasileira. Destacados cientistas sociais analisam a Constituição sob seu ângulo de
especialidade, mostrando ao leitor as implicações que ela tem no cotidiano.
•• História da cidadania. J. Pinsky e C. B. Pinsky (Orgs.). São Paulo: Contexto, 2003.
Este livro trata do processo ocidental que levou à conquista dos direitos civis, políticos e sociais, apresentando textos de vários intelectuais brasileiros que abordam aspectos desde as bases da
cidadania até a atualidade.
•• Práticas de cidadania. Jaime Pinsky. São Paulo: Contexto, 2003.
O livro descreve algumas ações coletivas e iniciativas governamentais visando desenvolver a
responsabilidade social e a cidadania no Brasil.
Capítulo 2 - A população luta por seus direitos
Página 109
Neste capítulo serão abordados alguns movimentos emblemáticos na História do Brasil ocorridos
no século 20, já sob o sistema republicano, e que podem ser muito significativos para o país na atualidade,
cabendo também destacar a relevância da participação popular e sua atuação para além do que a
História oficial sempre registra.
Página 109 Para começo de conversa...
Inicie o estudo do capítulo explorando o contexto dos fatos históricos referidos no texto de abertura, que nos remetem à década de 1970, durante o regime militar no Brasil.
Converse com os alunos sobre a atuação de pessoas como o jornalista e cartunista Henfil, autor
do texto, destacando que ele foi um dos principais colaboradores d´O pasquim, um jornal alternativo daquele período. Henfil é irmão do já falecido sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que também se destacou na resistência à Ditadura Militar implantada no Brasil em 1964.
Comece explicando que o fragmento de texto apresentado se refere a uma suposta carta dirigida
a sua mãe, recurso que ele usava para fazer algumas de suas crônicas publicadas em jornais e revistas.
Nelas o autor falava das muitas dificuldades que o povo brasileiro sofria com a censura, a inflação, o desemprego, as greves, entre tantas outras questões. Analise frases do texto em que se destacam a ironia
em relação às pessoas que esperam conquistar direitos por meio da ação dos outros.
No site [www.portacurtas.com.br] é possível acessar o documentário “Cartas da mãe”, produzido
em 2003, sobre a série de crônicas escritas por Henfil.
Movimentos populares
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A abordagem do tema da participação por meio de movimentos populares, expressa neste capítulo pelas conquistas femininas e pela atuação, em alguns momentos da nossa história, dos estudantes
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e dos trabalhadores, tem como objetivo trabalhar temas como a exclusão social, a concentração de renda, o preconceito, entre tantos outros que ainda comprometem o exercício pleno da cidadania, permitindo importantes relações com o presente, uma vez que as lutas sociais iniciadas desde então contribuíram e têm contribuído, na atualidade, para a construção da cidadania de todos os brasileiros.
A luta pelos direitos das mulheres
Página 111
Como a história das lutas e dos movimentos das mulheres envolvem um universo mais amplo,
ligado às famílias, ao trabalho etc., é importante refletir com os alunos sobre as conquistas apresentadas
no texto, além de muitas outras voltadas aos vários segmentos de atuação feminina, inclusive destacando
a existência de grandes diferenças nessa questão quando abordamos o ambiente urbano e rural e as
diferentes regiões do país, como também tendo a referência na condição socioeconômica.
Os exemplos apontados no capítulo buscam gerar debates e estimular a reflexão sobre a condição feminina e suas conquistas, principalmente a partir da metade do século 20.
Página 113 Estudando o documento
Na atividade que apresenta o texto de autoria de Clarice Lispector, que nessa ocasião escrevia
usando pseudônimos, explique que esse fragmento faz parte de uma coletânea organizada por Aparecida
Maria Nunes que traz conselhos publicados originalmente em revistas e periódicos destinados ao público
feminino, como o Correio da Manhã, Diário da Noite, entre outros.
Converse com os alunos sobre o fato da mulher desse período ser valorizada principalmente
por seus dotes físicos e habilidades domésticas e que, via de regra, deveria ser passiva, obediente e
recatada. Apesar dos novos papéis que começou a desempenhar, a mulher continuava submetida a
padrões morais rígidos e à autoridade do pai ou do marido. O movimento feminista dava os seus
primeiros passos e reivindicava o reconhecimento dos direitos da mulher e de sua importância na
sociedade. Em quase todos os países ocidentais aumentou muito o número de mulheres casadas
passando a atuar no mercado de trabalho. A década de 1960 foi marcada pela revolução sexual, pela difusão da pílula anticoncepcional, que deu à mulher o controle voluntário da natalidade, e uma
maior conscientização política.
É importante debater com os alunos como, no mundo moderno, características como autonomia,
dinamismo, iniciativa e competência são valorizadas na mulher. E, normalmente, quando se fala em
atuação da mulher na política ou trabalho, difunde-se a ideia que somente agora, ou apenas há alguns
anos, ela passou a trabalhar fora de casa ou mesmo a se interessar por política. Esses aspectos
constituem-se em rico material para estudo e pesquisa com os alunos, através da evolução e
principalmente de análises das rupturas e permanências. Para a execução do cartaz retratando a
condição da mulher na atualidade, podem ser destacados os aspectos cotidianos, desde cenas que
retratam a mulher no cumprimento de sua dupla jornada de trabalho, sua forma de se vestir, os seus
deslocamentos de casa para o trabalho, enfim, suas múltiplas funções (profissional, mãe, dona de casa).
A participação dos trabalhadores
Página 114
Com relação à atuação dos trabalhadores nas lutas por seus direitos, optou-se pela seleção de
alguns fatos visando propiciar a reflexão dos alunos quanto às difíceis lutas envolvendo o trabalho
no Brasil.
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É importante destacar que as vantagens obtidas pelos trabalhadores na Constituição brasileira,
promulgada em 5 de outubro de 1988, ocorreram principalmente devido a sua organização e
representatividade no processo, tais como o direito de greve; a redução da jornada de trabalho semanal
de 48 para 44 horas; a jornada diária em turnos interruptos de revezamento de no máximo 6 horas; o
direito ao 13o salário para os aposentados; a licença-maternidade, que passou para 120 dias; a criação de
licença-paternidade de 5 dias; abono de férias de 33% do salário do trabalhador; e 40% do valor do FGTS
de indenização ao empregado demitido, entre outras.
Reflita com os alunos que apesar dos grandes avanços, a situação dos direitos trabalhistas no Brasil
ainda é difícil, havendo muitos casos de desemprego, e em algumas funções a exigência de mão de obra
qualificada determina que muitas pessoas não encontrem um posto no mercado formal de trabalho.
Aqueles que se colocam no mercado informal ficam sem nenhuma garantia social ou previdenciária, como
13o salário, férias remuneradas, assim como outros benefícios que não estão garantidos na Constituição, mas
que usualmente são concedidos pelas empresas (plano de saúde, vale-transporte e vale-refeição).
Luta pela terra
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Para abordar o tema da reforma agrária, coloque algumas perguntas para os alunos: Falta terra no
Brasil? Qual a importância da terra para quem é pequeno proprietário ou não tem terra? E o grande proprietário, por que precisa de grandes áreas? Será que a terra tem a mesma importância e utilidade para
os grandes e os pequenos proprietários? Quais as diferenças entre esses grupos?
Mais atividades
1. Como atividade complementar, os alunos podem ser orientados a entrevistar trabalhadores ru-
rais sem terra, pequenos agricultores e grandes proprietários, buscando reunir opiniões e identificar interesses divergentes na questão da terra, ou ainda buscar dados e informações sobre
os dois maiores movimentos organizados em torno da questão da terra no país: o Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a entidade representativa dos grandes proprietários rurais,
a União Democrática Ruralista (UDR).
Uma das possibilidades é conhecer as formas de participação e inclusão das crianças nas lutas
pela terra acessando http://www.mst.org.br/jornada-sem-terrinha-2010, o Jornal dos Sem Terrinha. Publicado desde outubro de 2007, suas edições estão disponíveis no endereço acima e trazem a perspectiva das crianças do movimento.
Destaque que ao longo da história alguns grupos que compõem a sociedade, como os trabalhadores, as mulheres, os estudantes, entre tantos outros, tornaram-se mais representativos e
atuantes. Os estudantes, por exemplo, de alguma forma sempre tiveram um papel importante
na história desses movimentos no Brasil, mas foi apenas em 1937, com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) que o movimento estudantil passou a ser organizado.
Na década de 1960, os estudantes foram responsáveis por um dos mais importantes momentos de produção cultural do país. Era a época do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE,
que produziu filmes, peças de teatro, músicas e livros. Mesmo após 1964, quando foi instituída uma Ditadura Militar no Brasil, que durou até o ano de 1985, os estudantes formaram uma
resistência, expressando-se por meio de jornais clandestinos, músicas e manifestações, apesar da intensa repressão contra eles.
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Página 116 Para refletir
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Na atividade sobre o fragmento de texto da obra Cidadão de papel, analise com os alunos o quanto a questão da cidadania ainda está distante na prática para uma parcela significativa da população brasileira, apesar de garantida por inúmeras leis.
Para desenvolver a atividade, você pode pedir que cada aluno escolha dois índices do censo apresentados no capítulo, buscando analisar o que eles expressam. Explique que essas mudanças foram decorrentes do aumento da escolaridade, da necessidade de complementar a renda da família, da grande
capacidade e empenho das mulheres com relação às questões familiares, entre outras.
Se a opção do aluno for trabalhar com o tema dos idosos, ele poderá analisar como essas pessoas têm participado das questões nacionais, o desenvolvimento de vários mecanismos ligados à saúde,
como medicamentos novos, políticas de prevenção das doenças, entre outros aspectos.
Sugestões para o professor
•• Como usar o jornal em sala de aula. Maria Alice Faria. 10 ed. São Paulo: Contexto, 2006.
A utilização do jornal na sala de aula é uma técnica reconhecida. Auxilia na aquisição da linguagem, na ampliação do vocabulário, na capacidade de analisar discursos e na própria inserção do aluno, como cidadão, na sociedade, além de predispô-lo favoravelmente à leitura de livros.
•• As lutas do povo brasileiro: do “descobrimento” a Canudos. Júlio José Chiavenato. São Paulo: Moderna, 2004.
No livro são apresentadas as lutas do povo brasileiro desde a resistência indígena até o massacre de Canudos.
•• Família, mulheres e povoamentos. Eni de Mesquita Samara. Bauru: Edusc, 2003.
O livro trata sobre as famílias e as mulheres nos primeiros anos da colonização do Brasil, com
ênfase na participação delas no povoamento do interior, na estruturação do poder local e na circulação da riqueza, tendo como base ampla documentação historiográfica e de inventários, testamentos,
ofícios, censos populacionais e outros documentos.
•• Só para mulheres. Conselhos, segredos e receitas. Clarice Lispector. Organização de Aparecida Maria Nunes. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
Coletânea de 290 textos produzidos por Clarice Lispector para os jornais Comício, Correio da
Manhã e Diário da Noite nas décadas de 1950 e 1960 sob os pseudônimos de Teresa Quadros e Helen Palmer. Nesses textos ela trata questões do dia a dia em um tom de conversa entre amigas.
•• O cidadão de papel. A infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. Gilberto Dimenstein. São
Paulo: Ática, 1993.
O autor mostra, passo a passo, como funciona nossa sociedade, na qual os direitos humanos
não são respeitados. Existe uma rede que une o assassinato de crianças, a violência, a fome e a falta
de escola com o desenvolvimento da economia, a crise da educação, a falta de emprego. Entender
essa rede contribui para que os jovens possam mudar a realidade e construir uma sociedade verdadeiramente democrática.
•• História das mulheres no Brasil. Mary Del Priore. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2004.
A obra traz ensaios coletados sobre a presença das mulheres nos mais diferentes contextos e
épocas da história do país. Mostra como nasciam, viviam e morriam as brasileiras no passado e o mundo material e simbólico que as cercavam.
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Filmes
•• Terra para Rose. Direção de Tetê Moraes. Brasil: [s.n.], 1987. (84 min).
Produzido em 1987, o filme trata da luta de trabalhadores rurais pela reforma agrária através de
sua protagonista, Rose, uma das mulheres em luta. Recebeu o Prêmio de Melhor Filme no Festival de
Brasília e em Havana.
•• O Sonho de Rose – 10 anos depois. Direção de Tetê Moraes. Brasil: Vem Ver Brasil, 1997. (92 min).
Em novo filme, os mesmos personagens são abordados e documentados dez anos depois do
primeiro registro. O filme foi agraciado no Festival do Rio com o prêmio de Melhor Documentário pelo público.
Capítulo 3 - A sociedade em constante transformação
Página 117 Para começo de conversa...
A leitura e reflexão sobre o texto que abre o capítulo pode proporcionar uma interessante reflexão dos alunos sobre a rapidez que experimentamos atualmente quanto à sucessão dos fatos e, principalmente, sobre a velocidade em que aparecem na mídia.
Converse sobre como atualmente as novas gerações já nascem e crescem em um ritmo bastante
diferente de outras de há alguns poucos anos, assim como nos fala o texto. Explore com os alunos essa
sucessão de fatos e de objetos, enfocando principalmente o consumismo exagerado incentivado pelas
intensas campanhas de marketing.
Ao refletir sobre a velocidade das mudanças na atualidade, os alunos possivelmente irão citar
avanços tecnológicos ligados aos telefones celulares, aos video games, aos eletrodomésticos, entre outros. Explore bastante as informações que os alunos vão obter após a reflexão sobre objetos e fatos do
“passado” para fazer uma análise sobre conceitos de tempo, de duração e de simultaneidade, mudanças e permanências.
O Brasil e o século 21
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Ao trabalhar com os dados apresentados no capítulo, explique aos alunos que o censo demográfico é uma contagem periódica da população. Com base nessa pesquisa, faz-se o levantamento
de uma série de informações, como: número de habitantes, quantos homens, quantas mulheres, qual
a escolaridade, nível de alfabetização e diversos outros dados que facilitam que seja traçado o perfil
do habitante.
Explique que o Nordeste é a região brasileira com maior número de estados, nove no total,
ocupando uma área de 1 558 196 km2 e que os nordestinos são os brasileiros que mais sofrem com a
desigualdade social no país.
Após ler o texto do Livro do Aluno sobre as chamadas “Políticas ou Ações afirmativas”, reflita com os
alunos e questione o que eles pensam sobre a importância delas. Com relação aos movimentos relacionados
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aos afrodescendentes, esclareça que a criação desse termo na Língua Portuguesa foi inspirado nos
movimentos de ações afirmativas, ou seja, de valorização às origens, que tem como objetivo fugir dos
rótulos tradicionais das questões raciais. Outra medida dessa política é a inserção de temas de História e
Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares, a fim de “valorizar as raízes do povo negro na afirmação de
uma sociedade multicultural e pluriétnica”, como cita a própria lei que determina essas diretrizes.
Página 122 Pesquisando e aprendendo mais
Ao desenvolver a atividade do ”Pesquisando e aprendendo mais” sobre as políticas afirmativas,
destaque que muitas ações afirmativas já foram e são feitas no Brasil, entre as quais podemos citar: aumento da participação dos grupos discriminados em determinadas áreas de emprego ou no acesso à
educação por meio de cotas; concessão de bolsas de estudo; prioridade em empréstimos e contratos
públicos; distribuição de terras e moradias; medidas de proteção diferenciada para grupos ameaçados.
É importante que os alunos compreendam que os programas de ações afirmativas são mecanismos
que servem como meios direcionados para a redução das desigualdades sociais. Podem ser pesquisadas
algumas metas enunciadas no Plano Plurianual, as ações da Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial (SPAA) para o período 2012-2015, como: implementar o Programa Nacional de Afirmativas
nos Ministérios; reduzir as mortes por homicídio na juventude negra; estabelecer acordos para a inclusão
da população negra no mercado de trabalho; realizar e apoiar campanhas de valorização da pessoa
negra e de enfrentamento ao racismo, divulgando as manifestações da cultura, a memória e as tradições
afro-brasileiras; ampliar o número de organizações públicas e privadas que adotem medidas de prevenção
e enfrentamento ao racismo institucional; reduzir a morbidade/mortalidade materna entre as mulheres
negras; construir cadastro de programas de ações afirmativas no âmbito das três esferas de governo e
da iniciativa privada; a implantação do Selo Educação para a Igualdade Racial; execução do Plano Trabalho
Doméstico Cidadão; da Agenda Nacional do Trabalho Decente; entre outras.
Brasil e o meio ambiente
Página 123
Na abordagem do subitem “Brasil e o meio ambiente”, enfatize que os diversos desastres naturais
e a consciência de possível escassez de recursos naturais no futuro alertaram para a busca de um
desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades da geração atual sem prejudicar as seguintes. O
principal objetivo é não esgotar recursos para o futuro, sanando o planeta de décadas de exploração
irresponsável de bens naturais.
Além de discutir a importância da terra para a sobrevivência e organização dos povos indígenas,
por exemplo, você pode explore outras possibilidades, como a relação dos indígenas com a terra, com
a preservação de modos de vida e cultura.
Quando tratar do meio ambiente, é importante ressaltar que não estamos falando apenas das
plantas ou animais, mas da relação entre os seres humanos e a natureza e também dos seres humanos
entre si. É importante relacionar as alterações no meio ambiente com as mudanças nas formas de trabalhar
e de se relacionar com o ambiente e como essas relações se modificam ao longo do tempo.
É necessário associar as lutas pela preservação do meio ambiente a um movimento mais amplo,
de caráter internacional, pela sobrevivência da terra e da biodiversidade do planeta, que propõe a
exploração racional e autossustentável da natureza. Como atividade complementar, pode ser proposto
um debate sobre o meio ambiente como um Patrimônio Cultural da humanidade e a necessidade de
preservá-lo para as gerações futuras.
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Página 125 Para refletir
Com relação à proposta de trabalho sobre o meio ambiente, organize uma atividade integrada
com as disciplinas de Geografia e Ciências para desenvolver um estudo a fim de identificar quais os maiores problemas no meio ambiente na comunidade em que os alunos vivem. Você pode organizar um passeio a pé pelos arredores de sua escola e identificar a existência de problemas como: lixo acumulado,
­esgoto a céu aberto, falta de árvores, excesso de barulho nas ruas, erosão, fumaça excessiva provocada
por desmatamentos etc. Ao retornar à sala de aula, faça um levantamento do que cada um pode fazer
para melhorar os problemas existentes.
Estimule nos alunos a criatividade para a resolução de problemas, mesmo que sejam propostas
ainda dentro de suas possibilidades de raciocínio e “engenhosidade”. É um tipo de História na prática.
As discussões em sala devem ser orientadas no sentido de associar as mudanças no meio ambiente com os vários tipos de poluição: das águas e solos (contaminação por esgotos, resíduos de fábricas,
garimpos, curtumes ou agrotóxicos usados em plantações), do ar (concentração de poeira, fumaça e outros poluentes no ar, com os efeitos sobre a população), principalmente em relação aos problemas respiratórios etc., identificando as consequências dos danos ao meio ambiente para a saúde. É importante
que os alunos percebam que os lucros obtidos pela exploração desordenada das florestas e águas ficam
concentrados nas mãos dos proprietários dessas áreas, mas os prejuízos ao meio ambiente são distribuídos para todos, ou seja, eles afetam o conjunto da população, ainda que só alguns lucrem com a destruição ambiental.
Mais atividades
1. Verifique na prefeitura de sua cidade a possibilidade dela doar algumas árvores para que os alunos possam plantá-las no jardim da escola ou em algum outro espaço para esse fim.
Caso seja possível, faça do plantio das árvores uma atividade complementar.
Leve os alunos para o pátio, forme um círculo, converse sobre o que é preservar a natureza para eles. Questione se eles acham que a preservação é importante e por quê.
Pergunte sobre quais ações eles praticam no dia a dia em prol dessa preservação.
Comente sobre o desmatamento e o impacto que esse problema tem na natureza e na vida
de todos nós.
Destaque, por fim, que as cidades têm cada vez menos árvores, mas que todos podem contribuir para reverter essa situação.
Após a conversa, ensine-os a plantar as árvores e acompanhe a turma no plantio, ajudando
aqueles que tiverem dificuldade.
Sugestões para o professor
•• Afro-brasileiros hoje. Darien J. Davis. São Paulo: Selo Negro, 2007.
O historiador afro-caribenho faz um relato tendo como base levantamentos demográficos, entrevistas, livros e artigos que fundamentam o diagnóstico a respeito da população negra do Brasil. Ele
compara os afro-brasileiros e demais brasileiros quanto aos índices de mortalidade infantil, educação,
situação nas áreas rurais, emprego e violência policial, relacionando-os ao mito do Brasil como uma
democracia racial.
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•• Rap e educação, rap é educação. Elaine Nunes (Org.). São Paulo: Summus, 2000.
MANUAL DO PROFESSOR
O livro reúne textos de diversos educadores que focalizam o rap brasileiro. São abordadas questões históricas e teóricas acerca das origens do rap, inserido no movimento hip hop, e com a mesma
ênfase, relatos de experiências práticas de sua utilização.
•• Cidadania em preto e branco. Maria Aparecida S. Bento. São Paulo: Ática, 2006.
O livro trata de importantes questões sobre racismo, preconceito e cidadania.
•• Cidadania no Brasil – O longo caminho. José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
O autor relata os anos do processo de cidadania no país, centrando o foco nos direitos civis, sociais e políticos. José Murilo de Carvalho descreve o processo de independência do Brasil, assim como
o significado do voto e o Movimento Sem Terra (MST).
•• Coleção Educação para todos. Brasília: MEC/Unesco, 2004.
A Coleção Educação para todos, lançada pelo MEC e pela Unesco em 2004, é um espaço para
divulgação de textos – documentos, relatórios de pesquisas e eventos – e estudos de pesquisadores,
acadêmicos e educadores, nacionais e internacionais, no sentido de aprofundar o debate em torno da
busca da educação para todos. Com relação aos indígenas no Brasil, você pode consultar os seguintes volumes:
•• O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Gersem dos Santos Luciano. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Laced/
Museu Nacional, 2006. v. 12.
•• A presença indígena na formação do Brasil. João Pacheco de Oliveira e Carlos Augusto da Rocha Freire. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Laced/Museu Nacional, 2006. v. 13.
•• Povos indígenas e a lei dos “brancos”: o direito à diferença. Ana Valéria Araújo et al. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Laced/Museu Nacional, 2006. v. 14.
•• Manual de linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem. Marcus
Maia. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Laced/Museu
Nacional, 2006. v. 15.
Endereços eletrônicos
•• www.ceert.org.br
Site do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades, ONG que faz estudos e
pesquisas sobre relações étnicas no Brasil.
•• www.acordacultura.org.br
Site do projeto de divulgação da cultura afro-brasileira.
•• http://www.inbrapi.org.br
Site do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (Inbrapi), que mantém o Núcleo
de Advogados Indígenas do Brasil, com atuação nas cinco regiões (Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste).
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Página 126 Trabalhando juntos
Esta atividade objetiva unir toda a turma em uma ação cidadã. Para tal, propõe-se, em um primeiro momento, a reflexão sobre problemas que afligem a sociedade brasileira.
Traga para sala de aula imagens que evidenciem problemas sociais existentes no Brasil, entre os
quais a poluição dos rios; crianças passando fome e frio nas ruas; escolas mal cuidadas, com falta de materiais; desmatamento de florestas, entre outros.
As questões ambientais podem ser trabalhadas de forma integrada às disciplinas de Ciências e
Geografia, desenvolvendo-se análise dos impactos ambientais que muitos desses problemas podem
gerar.
Nas pesquisas que serão desenvolvidas, oriente-os a investigar as causas dos problemas elencados,
seus impactos e a possíveis formas de solucioná-los.
A produção de texto que deve ser realizada na segunda etapa também precisa de acompanhamento. Antes de escrever a carta, os alunos precisam saber a quem ela será endereçada. Indique que
pesquisem sobre pessoas que lidam com problemas similares na comunidade em que vocês vivem, e
mesmo vereadores que possam receber essa carta, entre os quais:
A carta deve ser escrita de maneira formal. Aponte aos alunos os elementos necessários na produção de uma carta.
Ao escrever uma carta formal alguns cuidados tornam-se imprescindíveis, como o emprego
adequado do vocativo para não parecer “íntimo” do interlocutor, data e local, um texto objetivo e o
desfecho, que tal como o vocativo, deve ser austero. Veja a seguir algumas considerações sobre os
principais elementos de uma carta formal.
•• Local e data: devem ser escritos no início da carta, à esquerda. Lembre-se: não se coloca ponto
final em datas.
•• Vocativo: é o elemento que “chama” o interlocutor, sendo também uma expressão de cortesia.
O vocativo vem antes do corpo do texto, sendo mais comum em cartas formais o uso de
“Prezado”, “Caro” ou mesmo o nome do destinatário. O vocativo pode ser acompanhado de
vírgula, dois-pontos ou mesmo não apresentar pontuação.
•• Texto: deve ser objetivo e escrito utilizando-se a norma culta do português. O corpo do texto de
uma carta formal deve conter uma introdução, o desenvolvimento do tema/assunto que se
deseja apresentar ao interlocutor e o desfecho.
•• Despedida: nela podem-se usar termos como Atenciosamente, Cordialmente, Respeitosamente.
Após, a carta deve ser conter o nome completo do remetente.
•• P.S.: significa post scriptum, que significa “depois do escrito”. Deve ser utilizada para acrescentar
uma informação após a assinatura caso se tenha esquecido de colocá-la no corpo do texto.
Na próxima página, segue um modelo de carta formal.
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MANUAL DO PROFESSOR
Modelo de Carta Formal
Curitiba, 17 de junho de 2014
A/C Diretor-geral da Concessionária de abastecimento de água XYZ
Prezado Sr. José da Silva,
Desejo expressar minha insatisfação com o serviço telefônico prestado por esta concessionária, visto que na última semana efetuei várias tentativas de obter informações sobre o término das obras há seis meses iniciadas em frente à minha residência.
Esclareço ao senhor que tenho ciência da importância de tal reparo,
que segundo informações prestadas pelos trabalhadores envolvidos na
obra, visa ao conserto da tubulação de água que nos últimos meses apresentou vazamento, acarretando em acréscimo na conta de água não somente para mim como para os demais moradores do bairro.
No entanto, intriga-me o fato dos operários trabalharem somente
meio período, além de “emendarem” os feriados. Além disso, nenhum deles
soube me informar nada em relação ao cronograma da obra, motivo pelo
qual estou tentando contato telefônico, até o momento malogrado.
Assim, solicito desde já um posicionamento sobre tal.
Atenciosamente,
João Oliveira
Fonte: WordPress. Gênero textual. Disponível em: <http://analisetextos.wordpress.com/2010/02/21/
genero-textual/>. Acessado em: 11 abr. 2014.
Terminada a atividade, pode ser feito com os alunos um trabalho de conscientização sobre a importância da limpeza, que pode começar no meio em que vivemos, inclusive a própria escola, por exemplo, e assim alcançar patamares maiores, como: a limpeza pública de uma cidade.
Divida a turma em pequenos grupos e estipule o dia que cada equipe irá conservar a limpeza da
escola. Esse trabalho pode ser estendido para todas as turmas. Com isso, os alunos ajudarão a conservar
um bem público, que é seu lugar de estudos.
É importante que os alunos tenham a percepção da força e da importância da participação e
envolvimento na sociedade para fiscalizar e denunciar quando necessário, e dessa forma atuarem como cidadãos. Ao pesquisar sobre o tema escolhido, cada equipe vai opinar sobre alternativas viáveis
para um melhor desempenho dos governantes e sobre práticas e políticas públicas que auxiliem na
resolução dos problemas levantados. Possivelmente, os alunos vão destacar elementos como as expectativas e os sonhos do povo, que devem ser levados a sério pelos governantes, e o cumprimento das
leis para todos.
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Textos de apoio
Texto de apoio 1
A leitura do texto sobre a história de Wasaburo Otake, que ainda menino foi designado
intérprete de uma comitiva brasileira em visita ao Japão e que publicou em 1918 o primeiro dicionário português-japonês, pode dar mais subsídios para a compreensão da saga dos japoneses que imigraram para o Brasil.
100 anos da imigração japonesa
O centenário da imigração japonesa tem pra lá de cem anos. Duas décadas antes da chegada dos 781 viajantes que saíram de Kobe, em 28 de abril de 1908, e chegaram ao porto de Santos 52 dias depois, em 18 de junho, um garoto de 17 anos, filho de aristocratas, tornava-se o primeiro imigrante de origem asiática a ter registro de mudança para o Brasil.
A história de Wasaburo Otake começa com a chegada da missão de oito oficiais da Marinha brasileira em visita ao Japão. Como ninguém por lá falava português, nem ninguém de cá
sabia japonês, o inglês foi usado como língua intermediária e Otake foi designado intérprete da
comitiva. Logo ganhou a simpatia de Augusto Leopoldo, neto do imperador Dom Pedro II, que o
convidou a acompanhá-lo em sua viagem de volta ao Brasil. Com o navio ainda na Ásia, o príncipe foi obrigado a descer. A República era proclamada e a família real teve que se afastar das
instituições brasileiras. Ao chegar ao Rio, Otake já não contava com a proteção da corte. Teve de
se virar, aprender português e terminou por ingressar na Escola Naval.
Aqui, ele estudou, aprendeu a língua e recebeu o diploma de “maquinista de quarta classe
de barcos a vapor de comércio”, que levava a assinatura do comandante do navio que o trouxe, o
contra-almirante Custódio de Mello. O documento está em exibição no Museu Histórico da Imigração Japonesa, na Liberdade (zona oeste de SP). Curiosamente, Mello foi um dos líderes da Revolta da Armada contra o então presidente da República, Floriano Peixoto. Em meio àquela agitação política da Marinha contra o Exército, Otake quis lutar com os colegas marinheiros. Foi
desautorizado por ser estrangeiro e deixou a Escola Naval.
Em 1894, ano da primeira guerra sino-japonesa, ele foi chamado de volta ao Japão. Mas a
distância e a precariedade dos meios de transporte não o deixaram chegar a tempo. Chegou só
no ano seguinte, depois do fim do conflito, e foi investigado por deserção. Três anos depois, com
a abertura da legação brasileira no Japão, a primeira missão diplomática de caráter permanente
naquele país, Otake foi nomeado tradutor e intérprete. Seu português fluente serviu para a tradução dos documentos da primeira leva de imigrantes japoneses que saíram da Ásia, no navio
Kasato Maru. Dava dicas da culinária brasileira, como comer feijão salgado, tomar café quente e
a adoração a santos desconhecidos.
Depois de 30 anos de pesquisa, Otake lançou, em 1918, o primeiro dicionário português-japonês,
que teve várias edições. Os primeiros exemplares traziam os ideogramas ao lado das letras, a fim
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de ajudar na leitura. Em 1925, concluiu a versão japonês-português da obra, que foi trazida pelos imigrantes que chegaram em diversos navios nos anos seguintes.
MANUAL DO PROFESSOR
“Simultaneamente a esse trabalho, Otake lecionou português aos interessados. As duas
obras são consideradas monumentais e foram utilizadas por todos quantos se iniciaram na
aprendizagem da língua portuguesa do Brasil”, diz o professor de direito da USP e estudioso da
imigração japonesa Masato Ninomiya. Otake ainda publicou os livros “A Chave para a Gramática Portugueza” e “A Conversação Japonez-Portuguez”.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 abr. 2008. Caderno Cotidiano.
Texto de apoio 2
Este texto nos mostra uma visão do autor sobre o processo de transição entre a Monarquia e a República no brasil.
A Monarquia brasileira sofreu um processo de abandono, e morreu abandonada. Abandonada pelo grupo político, pela classe clerical, pela aristocracia agrária, pela classe militar. Sob
esse aspecto pode-se dizer que ela não foi derrubada e sim caiu. Mas por que foi abandonada?
Eis a questão, a verdadeira questão.
Quando se estuda a Monarquia brasileira é impossível deixar de verificar que ela teve
uma missão específica na nossa história: a missão de realizar a unidade nacional. Na época colonial era o Brasil um país disperso, fragmentado em Capitanias. Embora a Colônia tivesse um
centro administrativo, inicialmente a Bahia e mais tarde o Rio de Janeiro, as Capitanias tomadas cada uma isoladamente, comunicavam-se mais frequentemente com Lisboa do que com a
chamada capital da Colônia. Cada Capitania tinha a sua vida própria, dificilmente se comunicava com outras Capitanias, e como tal convergia para o verdadeiro centro, situado além-Atlântico: Portugal.
Nossa independência em 1822 não foi um fato nacional e sim regional. Regional porque
ela se deu efetivamente no Sul, isto é, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. À Monarquia
coube nacionalizar a independência, estendendo-a a todas as Províncias. Os políticos da Monarquia, apesar das divergências eventuais de interesses e de posição, sempre tiveram uma preocupação comum: a unidade, e a unidade por intermédio da Monarquia.
Todavia, a obra da Monarquia não terminava na realização da unidade nacional. Realizada a unidade, uma outra tarefa se impunha: preservar a unidade. Preservar a unidade do enorme país, verdadeiro continente, que se erigia em gigantesco se levar em conta a precariedade dos
seus meios de comunicação. Trata-se, na realidade, de um aspecto novo da mesma preocupação:
a Monarquia realizou a unidade, mas agora precisava mantê-la. [...]
À medida que avançamos na evolução do Império a agitação interna vai perdendo em intensidade e as questões externas vão sendo resolvidas. Conhece o Brasil por fim a paz, a estabilidade, a segurança: a Monarquia realizou e, mais do que isso, preservou a unidade nacional.
Mas... com isso, terminou a sua missão. Tanto se dedicou ao problema da unidade que, se não se
esqueceu, pelo menos deu muito pouca atenção a outros problemas que agora, resolvido o da unidade, surgiam como os problemas básicos. Referimo-nos ao desenvolvimento econômico, ao
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estímulo à emigração, à educação pública, às escolas técnicas etc.: problemas que a Monarquia
não se apresentava em condições de resolver. Daí a Monarquia ter sido abandonada, e daí se explicar a facilidade pela qual ela caiu.
Surgia a República, recebendo como herança os problemas da Monarquia e aos quais vão
ser acrescentados os seus próprios problemas. E com ela, a República, nascia uma nova missão,
a da integração nacional, em substituição à missão da Monarquia, a da unidade nacional. A consciência de que há vários “brasis” no Brasil e que tanto no campo econômico quanto social, político, cultural, esses diferentes brasis precisam ser integrados num todo uniforme e homogêneo,
mas desenvolvido, é a missão da República. Sob este aspecto a República é que verdadeiramente
descobriu o Brasil. Se a Monarquia lutou pela unidade do Brasil e por isso construiu a Pátria
Grande, a República luta pela integração do Brasil para construir a Grande Pátria.
Revista de História, São Paulo, Departamento de História da FFLCH/USP, v. 17, abr.-jun. 1971.
Texto de apoio 3
Trata-se de um fragmento da obra de Oswaldo Faustino intitulada Reflexões diante de um espelho
sem reflexo sobre a instituição e consequências da Lei no 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica.
A Lei no 10.639/03 e a Educação
[...] Basicamente, a Lei no 10.639/03 sintetiza uma discussão de âmbito nacional e direciona as unidades educacionais para a proposição de atividades relevantes em relação aos conhecimentos das diversas populações africanas, suas origens e contribuições para o nosso cotidiano e
história, num movimento de construção e redimensionamento curricular e ação educativa, salientando a importância do contexto e sua diversidade cultural.
A aprovação dessa Lei decorre de uma série de demandas do Movimento Social Negro Brasileiro e aponta para um novo momento das relações do Estado com os movimentos sociais organizados e a Educação.
Essa lei tem se constituído em uma das principais iniciativas das ações afirmativas adotadas
no Brasil e que tem contribuído para a disseminação do estudo da história da África e dos africanos, da luta das pessoas negras no Brasil e da sua presença na formação da nação brasileira.
A Lei no 10.639/03 sinaliza para um modelo educacional que prioriza a diversidade cultural presente na sociedade brasileira e, portanto, na sala de aula, de modo que as ideias sobre reconhecimento, respeito à pluralidade cultural, democracia e cidadania prevaleçam em todas as
relações que envolvem a Educação e a comunidade escolar, desde o processo de formulação de
políticas educacionais, de elaboração de currículos escolares e de formação de docentes até as atividades pedagógicas, metodológicas e de acolhimento de educandos.
Assim, a adoção da Lei no 10.639/03 pressupõe a capacitação de educadores para a correção de injustiças e práticas de valores excludentes no espaço escolar e para a inclusão, de forma
pedagógica e didática, de temáticas relacionadas à questão racial nas várias áreas do conhecimento, a exemplo da História, da Matemática, da Língua Portuguesa e das Artes. Nesse desafio,
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MANUAL DO PROFESSOR
espera-se dos educadores o respeito às identidades culturais e religiosas transmitidas aos educandos pelas famílias e pelos meios sociais em que vivem. Nesse caso, a Lei reforça o respeito à
diversidade, sendo esse um exercício democrático e de cidadania em que a escola, enquanto espaço de socialização de conhecimentos, inaugura um novo caminho, já que a educação plural implica o repensar o ensino-aprendizagem.
Para contribuir no processo de formação dos docentes, o Ministério da Educação (MEC),
sob a relatoria da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, formulou o Parecer no CNE/
CP 003/2004. Produzido após consulta formulada à sociedade civil, este Parecer explicita o desejo de que a Educação contribua na divulgação e na produção de conhecimentos, de forma que
os educandos, das mais variadas descendências, tenham orgulho de seu pertencimento
étnico-racial e, com isso, o “outro” passe a ser o diferente e não o inferior. As pessoas educandas
negras não podem mais ser ridicularizadas pela cor da pele, pelo tipo de cabelo ou por seus traços físicos, distintos de outros grupos étnicos, como os europeus, os asiáticos e os indígenas.
Apoiado na Lei no 10.639/03, em 2004, o Conselho Nacional de Educação, em parecer, aponta para “[...] a necessidade de diretrizes que orientem a formulação de projetos empenhados na valorização da história e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos, assim como comprometidos
com a educação de relações étnico-raciais positivas a que tais conteúdos devem conduzir” (PARECER CNE no 003/2004, p. 1-2).
Tais diretrizes enfatizam que há um movimento social e político que deve permear os fundamentos educacionais que levam à compreensão da História do Brasil e de sua constituição,
considerando a ação das pessoas negras e seus descendentes como protagonistas desse processo.
Aliás, as diretrizes propostas pelo Parecer no 003/2004 visam mais às atribuições das escolas,
determinando a estas incluir entre os estudos e atividades diárias “[...] as contribuições histórico-culturais dos povos indígenas e dos descendentes asiáticos, além da de raiz africana e europeia” (PARECER CNE no 003/2004, p. 8).
A proposta é que os conceitos sejam trabalhados de forma abrangente, mas sem perder a
dimensão da perspectiva histórica e da contribuição desses vários povos para o que somos hoje
como nação e cidadãos brasileiros, justificando nossas condutas e padrões e vislumbrando a erradicação do preconceito e discriminação política, econômica e social a que estamos sujeitos,
mesmo que veladamente.
O Parecer do MEC considera que o reconhecimento da diversidade requer a adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, de forma a superar as desigualdades raciais presentes na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis do
ensino formal. A Lei no 10.639/03 inaugura a possibilidade de desconstrução de um modelo
educacional ancorado em práticas eurocêntricas, excludentes e violentas, que têm demonstrado
sinais de falência por meio dos altos índices de reprovação, de evasão escolar e em casos explícitos de agressões físicas e até assassinatos de estudantes e docentes no espaço escolar. Todavia, o sucesso da aplicação da Lei no 10.639/03 não depende apenas do processo educativo escolar, já que o enfrentamento do racismo e das desigualdades não é tarefa exclusiva da escola.
Mas escola e sociedade civil estão imbricadas com processos que resultam no modelo das relações entre os diversos grupos étnicos e raciais do País e, por isso, refletem-se na escola ou são
reproduzidos por esta.
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Nesse caso, a formação de educadores para a aplicação da Lei no 10.639/03 deve contemplar discussões temáticas mais complexas, como identidade racial, de gênero e sexualidade, autoestima da criança negra, resistência da comunidade negra brasileira e os modos de retransmitir as culturas africanas. Nota-se que a aplicação da Lei no 10.639/03 interfere diretamente no
papel da escola, pois sinaliza para uma instituição democrática e transformadora dos valores.
Lei 10.639/03
Estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na
Educação Básica.
Amplia o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.
Essa lei é apenas um dos exemplos das Ações Afirmativas possíveis: um conjunto de políticas públicas que NÃO visam substituir a visão eurocêntrica pela africana, mas SIM gerar justiça social e valorizar as diferenças para produzir a igualdade que ainda alimentam relações de
poder e de privilégios sociais. [...] Tratar de identidade racial, portanto, implica o respeito à diversidade cultural presente na sala de aula e no cotidiano das crianças em geral – e particularmente das crianças negras –, seja essa diversidade transmitida no meio familiar ou em comunidades religiosas de matrizes africanas. Os conteúdos escolares devem contemplar essa pluralidade, de forma a interferir positivamente na autoestima de todos os grupos. É sabido que boa parte das culturas negras no Brasil, assim como no continente africano, foi transmitida pela tradição oral. Afora essa forma de comunicação, outras linguagens estão presentes na identidade negra, como a valorização da corporeidade, da arte e da escrita.
Por conseguinte, o professor e a professora podem trabalhar com questões voltadas para
positivar o passado das pessoas negras africanas escravizadas no Brasil, dando exemplos do processo de resistência vivido pela comunidade negra brasileira, da formação dos quilombos – sendo o mais famoso o Quilombo de Palmares –, das medidas tomadas na atualidade para o reconhecimento das terras remanescentes de quilombos no Brasil, da resistência das pessoas escravizadas mediante a construção do sincretismo religioso, da formação das irmandades ligadas à
Igreja Católica e que contribuíram para libertação de pessoas escravizadas, etc. O educador pode recorrer a vários mecanismos didáticos para tratar de identidade, como usar vídeos, filmes e
textos para identificar a reprodução ou não de estereótipos sobre a participação negra na sociedade brasileira.
Destaca-se ainda que a Lei no 10.639/03 indica uma amplitude de possibilidades de ensino-aprendizagem, que exige da comunidade escolar, em especial dos educadores, uma reeducação sobre relações étnico-raciais, de gênero e de sexualidade, numa perspectiva democrática e cidadã,
conforme ressalta o Parecer no 003/2004. Assim, a escola, como instituição que tem o papel de contribuir na formação dos cidadãos, deve assegurar o direto à educação a todos os brasileiros e, ao
mesmo tempo, ser aliada na luta contra qualquer forma de discriminação ou exclusão, dentre as
quais a de raça. É relevante que o sistema educacional entenda e caminhe no sentido de que a relevância dos temas que envolvem a inclusão no currículo escolar da história e da cultura afro-brasileiras e africanas é reconhecida por todos os brasileiros – homens e mulheres – interessados na
construção de uma sociedade que respeite o seu perfil multicultural e pluriétnico. [...]
Oswaldo Faustino. Reflexões diante de um espelho sem reflexo. apud São Paulo. Secretaria Municipal da Educação.
Diretoria de Orientação Técnica. Orientações curriculares: expectativas de aprendizagem para a Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Médio. São Paulo: SME/DOT, 2008.
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Texto de apoio 4
MANUAL DO PROFESSOR
Este texto de apoio apresenta algumas reflexões que podem ajudar a sistematizar alguns aspectos relativos ao tema “cidade”.
O que é uma cidade
Em princípio, a cidade é um agrupamento de indivíduos em uma determinada superfície.
O número de habitantes apresenta enormes variações de um país a outro: na Dinamarca e Noruega, o número mínimo de habitantes para definir uma cidade é de duzentos; na França, 2 mil;
na Índia, 5 mil. No Brasil, a cidade é definida como a sede do poder político-administrativo municipal, sendo exigida a existência de, no mínimo, duzentas casas de alvenaria (cerca de mil habitantes) e uma população de 10 mil habitantes no município.
O número de habitantes não é suficiente para definir uma cidade. Devem também ser consideradas as diversas atividades desenvolvidas, realizadas na zona rural. A função política e administrativa foi muitas vezes a própria causa da criação de uma cidade. É bom lembrar que a palavra política vem do grego polis, que quer dizer cidade.
A função comercial também é essencial para definir uma cidade. Desde a revolução industrial, a cidade se transformou em um centro de produção industrial. [...]
A cidade se caracterizava por um ritmo de vida bastante intenso, não só durante o dia, mas
também à noite, em alguns bairros dos grandes centros. Essa agitação favorece as trocas culturais e sociais constituindo-se numa marca diferencial entre o modo de vida citadino e o rural.
Outra distinção importante entre a zona urbana e a rural é a paisagem: enquanto o campo apresenta áreas de cultivo, pastos e instalações relacionados às atividades rurais, a cidade se caracteriza pela concentração de habitações e de todo tipo de edificações necessárias ao desenvolvimento das funções urbanas. [...]
Jean-Robert Pitte (Coord.). Geografia: a natureza humanizada. São Paulo: FTD, 1998.
Texto de apoio 5
Reprodução dos artigos e princípios da Carta de Washington com variados subsídios para uma melhor abordagem sobre o tema da preservação histórica.
Carta de Washington
Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas - Icomos/1987
Preâmbulo e definições
Em resultado de um desenvolvimento mais ou menos espontâneo ou de um projeto deliberado, todas as cidades do mundo são a expressão material da diversidade das sociedades através
da história, sendo, por esse fato, históricas.
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A presente carta diz respeito, mais precisamente, às cidades grandes ou pequenas e aos
centros ou bairros históricos, com o seu ambiente natural ou edificado, que, para além da sua
qualidade como documento histórico, expressam os valores próprios das civilizações urbanas
tradicionais. Ora, estas estão ameaçadas pela degradação, desestruturação ou destruição, consequência de um tipo de urbanismo nascido na industrialização e que atinge hoje universalmente
todas as sociedades.
Face a esta situação muitas vezes dramática, que provoca perdas irreversíveis de caráter
cultural, social e mesmo econômico, o Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios
(Icomos) considerou necessário redigir uma “Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas”.
Completando a “Carta Internacional sobre a Conservação e o Restauro dos Monumentos e
Sítios” (Veneza, 1964), este novo texto define os princípios e os objetivos, os métodos e os instrumentos de ação adequados à salvaguarda da qualidade das cidades históricas, no sentido de
favorecer a harmonia da vida individual e social, e perpetuar o conjunto de bens, mesmo modestos, que constituem a memória da humanidade.
Como no texto da Recomendação da Unesco “relativa à salvaguarda dos conjuntos históricos ou tradicionais e ao seu papel na vida contemporânea” (Varsóvia – Nairobi, 1976), assim como noutros diferentes instrumentos internacionais, entende-se por “salvaguarda das cidades
históricas” as medidas necessárias à sua proteção, conservação e restauro, assim como ao seu desenvolvimento coerente e à sua adaptação harmoniosa à vida contemporânea.
Princípios e objetivos
A salvaguarda das cidades e bairros históricos deve, para ser eficaz, fazer parte integrante de uma política coerente de desenvolvimento econômico e social, e ser considerada nos planos
de ordenamento e de urbanismo a todos os níveis.
Os valores a preservar são o caráter histórico da cidade e o conjunto de elementos materiais e espirituais que lhe determinam a imagem, em especial:
•• a forma urbana definida pela malha fundiária e pela rede viária;
•• as relações entre edifícios, espaços verdes e espaços livres;
•• a forma e o aspecto dos edifícios (interior e exterior) definidos pela sua estrutura, volume, estilo, escala, materiais, cor e decoração;
•• as relações da cidade com o seu ambiente natural ou criado pelo homem;
•• as vocações diversas da cidade adquiridas ao longo da sua história.
Qualquer ataque a estes valores comprometeria a autenticidade da cidade histórica.
A participação e o envolvimento dos habitantes da cidade são imprescindíveis ao sucesso
da salvaguarda. Devem ser procuradas e favorecidas em todas as circunstâncias através da necessária conscientização de todas as gerações. Não deve ser esquecido que a salvaguarda das cidades e dos bairros históricos diz respeito, em primeiro lugar, aos seus habitantes.
As intervenções num bairro ou numa cidade histórica devem realizar-se com prudência,
método e rigor, evitando dogmatismos, mas tendo sempre em conta os problemas específicos de
cada caso particular.
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Métodos e instrumentos
MANUAL DO PROFESSOR
O planejamento da salvaguarda das cidades e bairros históricos deve ser precedido de estudos pluridisciplinares. O plano de salvaguarda deve incluir uma análise dos dados, designadamente arqueológicos, históricos, arquitetônicos, técnicos, sociológicos e econômicos, e definir as
principais orientações e modalidades de ação a empreender nos campos jurídico, administrativo
e financeiro. O plano de salvaguarda deverá definir uma articulação harmoniosa dos bairros históricos no conjunto da cidade. O plano de salvaguarda deve determinar quais os edifícios ou grupos de edifícios a serem especialmente protegidos, a conservar em certas condições e, em circunstâncias excepcionais, a serem demolidos. O estado em que se encontram os sítios antes de
qualquer intervenção será rigorosamente documentado. O plano deveria beneficiar da adesão
dos habitantes.
Enquanto não for adotado um plano de salvaguarda, as ações necessárias à conservação devem ser tomadas no respeito pelos princípios e métodos da presente Carta e da Carta de Veneza.
A conservação das cidades e dos bairros históricos implica uma manutenção permanente
do parque edificado.
As novas funções e as redes de infraestruturas exigidas pela vida contemporânea devem
adaptar-se às especificidades das cidades históricas.
A melhoria das habitações deve constituir um dos objetivos fundamentais da salvaguarda.
No caso de ser necessário efetuar transformações nos edifícios ou construir edifícios novos,
qualquer operação deverá respeitar a organização espacial existente, nomeadamente a sua rede viária e escala, como o impõem a qualidade e o caráter geral decorrente da qualidade e do valor do
conjunto das construções existentes. A introdução de elementos de caráter contemporâneo, desde que não perturbem a harmonia do conjunto, pode contribuir para o seu enriquecimento.
É importante contribuir para um melhor conhecimento do passado das cidades históricas, favorecendo as investigações de arqueologia urbana e a apresentação adequada das descobertas arqueológicas.
A circulação de veículos deve ser rigorosamente regulamentada no interior das cidades ou
dos bairros históricos; as zonas de estacionamento deverão ser dispostas de modo a não degradar o seu aspecto nem o seu ambiente envolvente.
As grandes redes viárias previstas no quadro do ordenamento do território não devem penetrar nas cidades históricas, mas apenas facilitar o tráfego na aproximação destas cidades e
permitir-lhes um acesso fácil.
Devem adotar-se medidas preventivas contra catástrofes naturais e contra quaisquer perturbações (designadamente poluição e vibrações), tanto para a conservação das cidades históricas como para a segurança e o bem-estar dos seus habitantes. Os meios empregues para prevenir ou reparar os efeitos das catástrofes devem estar adaptados ao caráter específico dos bens a
salvaguardar.
Para assegurar a participação e a responsabilização dos habitantes, deve ser implementado um programa de informação geral começando a sua divulgação desde a idade escolar. A ação
das associações de defesa do patrimônio deve ser favorecida, e devem ser adotadas as medidas
financeiras apropriadas para assegurar a conservação e o restauro do parque edificado.
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A salvaguarda exige que seja ministrada uma formação especializada a todos os profissionais que nela participem.
Adotada pela 8a Assembleia Geral do Icomos, realizada em Washington em 1987.
Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, Centro de Estudos de Museologia, ano 7, n. 15, 1999.
Texto de apoio 6
No subtítulo “Ser brasileiro é pertencer a uma nação”, da página 43, são apresentados os símbolos
nacionais. Na página 47, apresenta-se o Hino como um desses símbolos, e é orientado o comportamento para sua execução.
Como texto de apoio apresenta a letra do Hino Nacional, em sua versão integral.
Hino Nacional
Parte I
Parte II
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores.”
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva
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Documentos relacionados