Esqueci a matéria toda
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Esqueci a matéria toda
de aprendizagem NÚMERO 20 Esqueci a matéria toda Sérgio Wagner de Oliveira 2010 NÃO SE ESQUEÇA... Alguns estudiosos, segundo Piletti, apresentam muitas explicações para o fenômeno do esquecimento e cita as quatro consideradas principais: falta de uso, interferência, reorganização e repressão. Exercitemos, de maneira simplificada, nosso raciocínio (aproveite para uma auto-análise...) esses quatro fatores, com o objetivo de esquecer um pouco menos a matéria que você estuda e precisa saber para se formar. Vivemos em uma época em que é impossível “saber tudo” a respeito de alguma coisa. Estamos aprendendo a aprender endereços onde a informação está registrada e, de certa forma, mudando a estrutura do conhecimento. O “sabe-tudo” de tempos passados não encontra lugar no mundo profissional dos dias atuais. Quem sai da Faculdade sabendo somente aquilo que lhe foi “ensinado” durante o curso será, fatalmente, um desempregado. Aprendeu coisas ultrapassadas e não se modernizou. Imagine um estudante de medicina que aprendeu diagnosticar e tratar uma gripe qualquer e prescrever a medicação correta. Aprendeu e acabou. Vai esperar a formatura para poder começar a receitar remédios para gripe depois de mais de 5 anos. Com certeza irá se dar mal. O vírus já não é mais aquele, a medicação é outra, o controle do medicamente haverá de ter mudado e a receita, escrita com garranchos impossíveis de ser decifrados, agora é emitida via software específico instalado em seu Note Book. FALTA DE USO O autor que citei (lembra-se do nome dele?) diz que embora exista fundamento, tal explicação não é suficiente, pois o simples passar do tempo não produz esquecimento. Exemplifica: nos lembramos de coisas que aconteceram há muito tempo e nos esquecemos de fatos recentes; às vezes matérias que estudamos há tempos e nunca utilizamos. Piletti (é o nome do autor, lembrase?) diz que se estudarmos alguma matéria e dormirmos, ao acordar nos lembraremos de mais detalhes dela do que aqueles que aprenderam e continuaram acordados desenvolvendo outras atividades. INTERFERÊNCIA Em muitos casos a explicação para esquecimento está na interferência de uma aprendizagem sobre outra. Se você estudar Inglês logo após uma aula de Francês, com certeza em algum instante irá “mistura as marchas”, por exemplo, com a palavra “table”. Têibol ou táble? REORGANIZAÇÃO Nossa memória reorganiza o que aprendemos, de forma que muitas vezes nos lembramos das coisas de maneira diferente da que aprendemos. Ao invés de nos lembrarmos das coisas como elas são, tendemos a nos lembrar do que é mais conveniente para nós. Existem testes disponíveis de interpretação de figuras que podem ilustrar o que dissemos de modo eficiente. Por exemplo: 0-0 tanto pode sugerir óculos como alteres. Entendeu? Quando estudar procure fazer associações que não permitam que você interprete os fatos apresentados da maneira como lhe convém, simplesmente, mas, como eles são, de fato, associando uma forma que lhe convém para lembrar dele. Promete que não vai se esquecer disso? Ótimo! REPRESSÃO Para a Psicanálise (olha o Dr. Freud aííí´geeeente!!!) existe um tipo de esquecimento provocado por repressão, chamado esquecimento motivado. Diz que as pessoas tendem a reprimir (mandar para o inconsciente) e esquecer experiências desagradáveis e fatos a elas associados. Vejam só, alguns dizem que pessoas se recordavam melhor das sílabas que haviam sido aprendidas em presença de odores agradáveis, do que aquelas aprendidas em meio a odores desagradáveis (evite soltar puns enquanto estuda, rsrsrs). Alguns outros exemplos: não gostar de certos professores por achar que eles o perseguem faz com que não a gente não aprenda nada ou só estude para a prova; depois... esquece. O colega que briga com a namorada, colega de escola e vira alvo de zoeira da turma. Isso cria um clima ruim na sala e como consequência o colega vacilão terá dificuldade de aprender por algum tempo. Aquilo que deve aprender forçado é esquecido com facilidade. Há outras coisas que esquecemos por repressão – coisas que não nos agradam – horário do dentista, conversa com o Diretor ou Coordenador de Cursos, a pedido deles, data de prova. É verdade, as pessoas esquecem mesmo aquilo que não lhes agrada. Enviam a informação para o inconsciente e... já era. ONDE VOCÊ SE ENCAIXA? Espero que em nenhuma das categorias (você ainda se lembra de todas elas sem reler o texto?). Procure levar sua vida acadêmica com alegria, cuidando para associar informações a algo que lhe permita lançar mão imediatamente delas, recriando-as e empregando-as em todas as situações que ocorrem dentro da escola ou fora dela. Lembre-se (não se esqueça) que o vírus muda suas características e cada surto de gripe exigirá novas práticas para dar um fim no bichinho. Do contrário, sinto muito, mas vai demorar aparecer um emprego prá você, mesmo sendo formado em curso superior. Ah! Estava esquecendo. Em outro Folhetim tentaremos encontrar meios para evitar ou, pelo menos, minimizar o esquecimento, voluntário ou não. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. (17ª Ed.). São Paulo: Ática, 2003. 336p.