V.19.Capítulo-1-2012
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V.19.Capítulo-1-2012
CAPÍTULO I: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1.0 - Objetivo do curso 1.1 - Campos de aplicação 1.2 - Bases para os métodos de análise disponíveis 1.3 - Apresentação da matéria na natureza 1.4 - Conceito de fluidos 1.5 - Conceituação de força cortante e tensão cortante 1.5.1- Unidades básicas da tensão de cisalhamento 1.6 - Classificação dos fluidos, segundo a interação molecular 1.7 - Mecanismos de transporte de massa pelos fluidos 1.8 - Sistemas de unidades usuais 1.9 – Propriedades dos Fluidos I.1 1.10 – Noções de termodinâmica 1.10.1- Especificação de estado do gás perfeito 1.10.2 - Casos particulares da equação de estado do gás perfeito 1.10.3 – Determinação do peso específico dos gases 1.10.3.1 - Observações sobre a constante do gás 1.10.4 - Módulo de elasticidade do gás 1.10.4.1- Simplificações da equação ε np 1.10.5- Aplicação das equações de estado para o gás ideal I.2 1.0 - Objetivo do curso O principal objetivo do curso de Mecânica dos Fluidos é fornecer ao estudante de Engenharia Civil base teórica para as demais disciplinas da área de Hidráulica e do Saneamento. Porém, este é um curso indispensável ao engenheiro de qualquer especialidade. 1.1 - Campos de aplicação A mecânica dos fluidos é o ramo da ciência que trata dos principio fundamentais do comportamento dos fluidos líquidos e gás. Quase todos os problemas relacionados à engenharia hidráulica são resolvidos basicamente pela aplicação da estática, de cinemática e da dinâmica dos fluidos. Exemplos de aplicação da disciplina: - Engenharia Civil; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica; Engenharia Química; Engenharia Oceânica; Hidrologia; Hidrossedimentologia. 1.2 - Bases para os métodos de análise disponíveis Leis do Movimento de Newton Principio de Conservação da Massa Princípio de Conservação da Energia Lei de Newton da Viscosidade Adota-se a hipótese do contínuo I.3 1.3 - Apresentação da matéria na natureza [Distinção explicada pela teoria cinética molecular] Matéria Estado Sólido Estado Fluido Líquidos Aeriformes Qual a diferença básica entre um sólido de um fluido? Sólido resiste bem às tensões cisalhantes. Fluido não resiste às tensões cisalhantes. 1.4 - Conceito de fluidos Definição -1 [intervenções de tensões cisalhantes]: fluidos são substancias que se deformam continuamente quando submetidos a tensões de cisalhamento, mesmo que de pequena magnitude. [Ex.:Barco navegando num lago, causa tensões cisalhantes na água mudando a forma da superfície] Definição -2 [compressibilidade]: fluidos são meios elásticos que se comprimem na presença de pressões externas, podendo recuperar a forma original com o alívio de tais pressões. [Ex. reservatório fechado submetido à pressão na superfície com água] I.4 1.5 - Conceituação de força cortante e tensão cortante Força cortante ou de cisalhamento: é a componente de uma força agindo tangencialmente a uma superfície. [(0 = RH S)] x x Tensão cortante média: é a relação entre essa força e a área da superfície. F A (1.1) 1.5.1- Unidades básicas da tensão de cisalhamento SISTEMA DE UNIDADE Técnico ou MKFS MKS 2 Kgf/m N/m2 CGS dina/cm2 1.6 - Classificação dos fluidos, segundo a interação molecular LÍQUIDOS -São praticamente incompressíveis; -tomam a forma do volume do recipiente no qual estão contidos; -formam superfície livre. AERIFORMES: são gases e vapores -São muito compressíveis -Expandem-se até ocuparem o volume nos quais estão contidos -Não têm volume definido -Não formam superfície livre. I.5 1.7 - Mecanismos de transporte de massa pelos fluidos Advecção: o transporte ocorre movido pelo próprio movimento do fluido [o fluido transporta porque se move. Ex. Transporte de contaminantes em rios] Difusão ou condução: é o processo de transporte através do meio fluido em movimento ou em repouso, no sentido decrescente da concentração da propriedade transferida. [Ex.: Fumaça em chaminé] 1.8 - Sistemas de unidades usuais (coerentes): um sistema de unidade é dito coerente quando uma unidade de força provoca uma aceleração unitária em uma unidade de massa. GRANDEZAS MKFS kgf utm m s FORÇA MASSA COMPRIMENTO TEMPO SISTEMAS MKS CGS N dina kg g m cm s s 1kgf = 1 utm 1m/s2 x 1utm = 9,81 kg 1N = 1 kg 1m/s2 x 1 lbf = 1 slug 1 ft/s2 x 1kgf = 9,81 N Fatores de conversão: 1 ft = (´) = 0,305 m = 12 pol (``) (in) 1 slug = 32,2 lbm = 14,62 kg 1 Psi (libra/pol2) 7x 10-2 kgf/cm2 Gravidade no sistema inglês: 32,2 ft/s2 1 pol (in)(``) = 25,4 mm = 2,54 cm EXEMPLO 1.1: converter um Psi em Pascal I.6 INGLES lbf slug ft s 1.9 – Propriedades dos Fluidos Possibilitam diferenciar fluidos, nas mais diversas formas de apresentação na natureza. Assim, possibilita-se particularizar líquido e gás e possibilita-se também comparar gás com líquidos e vice e versa. As propriedades mais importantes são: massa específica; peso específico; densidade relativa; viscosidade; compressibilidade; tensão superficial; pressão de vapor; capilaridades; coesão; adesão etc. a) Massa Específica (): é a relação entre a massa da porção do fluido e o seu volume. m v (1.2) a.1) Unidades de massa específica: Dimensões e unidades de massa específica Técnico internacional Sistema dimensional MKFS ou MK*S MKS CGS INGLES MLT FLT utm/m3 kgf.s2/m4 102 kg/m3 g/cm3 1000 1,0 1kgf = 1 utm x 1m/s2 slug/ft3 lbf.s2/ft4 1,94 M . L-3 F . T2 L-4 1 lbf = 1 slug x 1 ft/s2 b) Peso específico (): é a relação entre o peso do fluido e o seu volume. Líquidos: p e s o m a s s a g g v o l u m ev o l u m e I.7 (1.3) b.1) Unidades de peso específico Técnico MKFS ou MK*S kgf/m3 Dimensões e unidades de peso específico internacional Sistema dimensional MKS CGS INGLES MLT FLT N/m3 Kg / m2 . s2 dina/cm3 1kgf = 1 utm x 1m/s2 lbf/ ft3 M .L-2 .T-2 F .L-3 1 lbf = 1 slug x 1 ft/s2 c) Volume específico (Vs): é o volume ocupado por unidade de peso de fluido V 1 (1.4) c.1) Unidades de volume específico: - Sistema MKFS: m3/kgf - Sistema CGS: cm3/dyn d) Densidade relativa (dr): é a relação entre o peso específico de uma substância e o peso de uma outra tomada como referência. Para os líquidos, a água é o fluido tomado como referência. Para os gases a referência é o ar. g d r s s s a g u a a g u a a g u a g I.8 (1.5) e) Compressibilidade: é a propriedade que têm os fluidos de reduzirem seus volumes quando submetidos ao aumento de pressões externas. A compressibilidade é traduzida pelo coeficiente de compressibilidade. d v .. v d p (1.6) Na qual: = Coeficiente de compressibilidade cúbica (m2/kgf) v = Volume inicial a transformação f) Módulo de Elasticidade Volumétrica (): é a propriedade dos fluidos de retomarem seus volumes originais ou primitivos quando se alivia as pressões externas, as quais foram submetidos. Ou seja, é o inverso do coeficiente de compressibilidade. 1 (1.7) É característico de cada fluido, dado em kgf/m2. Para a água: = 2,2 109 Pa = 2,2 Gpa = = 2,2 108 kgf/m2 x x EXEMPLO 1.2 Respeitando-se o princípio de conservação da massa expresse o módulo de elasticidade volumétrica de um fluido, em função da variação da massa específica e da pressão. Solução: Da definição de massa específica: m v dm dv vd I.9 Pelo princípio de conservação da massa dm0 dv dv vd 0 v (*) d Combinar a equação (*) com a equação (1.6): v vdp d dp 1 v vdp d d (1.8) = massa inicial à transformação EXEMPLO 1.3 Prove que para os líquidos, como a água, cujo coeficiente de compressibilidade cúbica ( 0) é próximo de zero a massa especifica () inicial a transformação permanece inalterada, mesmo se o fluido é submetido a diferenças de pressões elevadas. Solução: a partir da equação (1.8) temos: p p f 1 p p f f f p p 1 p p f f f Para fluidos incompressíveis 0 f cte (1.9) I.10 EXEMPLO 1.4 Qual a redução no volume que se observa quando se submete 1 m3 de água a uma pressão de 0,10 Mpa? (dado: = 2,2 109 Pa = 2,2 Gpa) x OBSERVAÇÃO: a partir do conceito de compressibilidade concluímos que os fluidos são meios elásticos, que se comprimem quando submetidos a força de pressão. Porém, na maioria das aplicações práticas, um líquido pode ser considerado incompressível, exceto quando ocorram variações elevadas na pressão ou na temperatura. g) Pressão de vapor: é a pressão limite para o líquido passar ao estado gasoso. A pressão de vapor é diretamente associada a agitação molecular, a qual o líquido está submetido. Tal agitação pode ser afetada pelas variações de temperatura ou reduções substanciais da pressão reinante no líquido [Ex. o caso dos sifões invertidos]. h) Tensão superficial: trata-se de tensão que se observa na interface entre um líquido e um gás, ou entre dois líquidos imiscíveis. É uma tensão resultante das forças de coesão e tem unidade N/m. I.11 EXEMPLO 1.5 estabelecer analiticamente o raio da gota em um conta-gotas, para um fluido de peso específico () e tensão superficial (). Figura 1.1: conta-gotas EXEMPLO 1.6 Um tubo de vidro limpo de 4,0 mm de diâmetro é inserido em água a 20 0C. Determine a altura de ascensão capilar. A água apresenta superfície horizontal no contato com o tubo. [dados: = 0,0075 kgf/m; 998 kgf/m3]. Figura 1.2: ascensão capilar I.12 i) Viscosidade: quando um fluido escoa em condutos livres ou forçados surgem, no mínimo, duas formas de atrito que interferem no escoamento. O atrito externo, do fluido com a superfície sólida, e o atrito interno gerados pelas próprias partículas de fluidos ao se deslocarem. Portanto, a viscosidade é a propriedade que determina a capacidade do fluido de resistir ao escoamento. τ μ dv dy (1.10) A equação 1.10 traduz a Lei de Newton da Viscosidade assim enunciada: "Para uma dada intensidade de deformação angular dv , a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à dy viscosidade do fluido." Como obter a lei de Newton da viscosidade? Consideremos uma placa móvel se deslocando sobre outra fixa, separadas por uma distância “y”, cujo espaço é preenchido por um fluido de viscosidade dinâmica . Na placa móvel, impõese uma força F de modo a dar-lhe a velocidade V constante. Ou seja, nessas condições a placa se locomoverá em movimento uniforme. Figura 1.3: definição qualitativa da viscosidade I.13 Para a obtenção da Lei de Newton da Viscosidade, como se apresenta na equação dv dy faz-se necessário valer-se das seguintes suposições: [1] a placa móvel desloca-se em movimento uniforme (V = constante); [2] deve-se considerar que a distância entre as placas é infinitesimal, de modo a considerar uma distribuição linear de velocidades entre elas; [3] considerar que o fluido entre as placas desloca-se em escoamento laminar; [4] deve-se admitir que o escoamento obedece ao postulado da aderência: quando uma partícula de fluido desloca-se aderida a uma superfície sólida a velocidade da partícula é a mesma desta. Ao se observarem as 4 (quatro) suposições supramencionadas pode-se admitir, com base em experiências práticas já consagradas, que: F=μ AV Y (1.11) O coeficiente de proporcionalidade é a viscosidade dinâmica do fluido, do qual é uma propriedade característica. Na Figura 1.3, por semelhança de triângulos, temos: v dv = y dy (1.12) F dv =μ A dy (1.13) I.14 τ μ dv dy (1.14) Na qual: A: área da placa separada pela distância y. Corresponde a área preenchida pelo fluido que está submetida ao cisalhamento. F : tensão cisalhante ou esforço tangencial que tende a A separar o fluido entre as placas; y: espessura da camada de fluido de viscosidade que preenche o espaço entre as placas. i.1.Classificação dos fluidos de acordo com a Lei de Newton da Viscosidade: Figura 1.4: classificação dos fluidos [1]Newtoniano: deforma-se segundo a Lei de Newton da Viscosidade, ou a tensão cisalhante é diretamente proporcional à velocidade de deformação angular. Exemplo: água e a maioria dos líquidos I.15 [2] Não-Newtoniano: há deformação, embora não proporcional à velocidade de deformação, exceto para baixos valores da tensão. Exemplo: mangue, lama, misturas bifásicas. [3] Plástico Ideal: suporta pequenas tensões sem se deformar, em seguida, deforma-se segundo a Lei de Newton da Viscosidade. Exemplo: tinta, pasta de dente, gelatina, parafina. [4] Fluido Ideal: Na análise dos fluidos ideais, não são considerados os efeitos da viscosidade. Existe deformação para qualquer valor da tensão atuante. (Hipotético, não existe na natureza). [5] Sólido Ideal: não se deforma, mesmo para altos valores de tensões. [6] Sólidos: deformam-se segundo a Lei de Hooke. i.2. Unidades de Viscosidade dinâmica Técnico MKFS ou MK*S kgf.s/m2 Dimensões e unidades de viscosidade dinâmica internacional Sistema dimensional MKS CGS INGLES MLT FLT N.s/m2 dyn.s/cm2 lbf .s/ ft2 M .L-1 .T-1 M . T.L-2 utm / m.s Kg / m . s g / cm . s slug / ft.s POISE centipoise=10-2 poise j) Viscosidade Cinemática É a relação entre viscosidade dinâmica do fluido e a massa específica (1.15) j.1.Unidades de Viscosidade Cinemática Sistema MKS: m2/s Sistema CGS: cm2/s (stokes) I.16 EXEMPLO 1.7: Um viscosímetro de cilindros cocêntricos é acionado pela queda de uma massa M ligada por meio de corda e polia como mostrado na figura abaixo. O líquido que foi testado preenche a folga anular de largura a e altura H. Após um breve transiente de partida, a massa cai a velocidade constante Vm. Encontre uma expressão algébrica que relacione essas grandezas medidas para determinar a viscosidade do líquido e avalie a mesma empregando os valores encontrados abaixo. Figura 1.5: viscosímetro EXEMPLO 1.8 Um cilindro de 130 mm de raio gira concentricamente dento de um cilindro fixo de 140 mm de raio. Os cilindros têm 400 mm de comprimento. Determinar a viscosidade do líquido que enche o espaço entre os cilindros, se um torque de 0,12kgf.m é necessário para impor uma velocidade angular de 80 rpm. Figura1.6 - Exercícios de cilindros concêntricos I.17 EXEMPLO 1.9: Um cubo tem 40 cm de arestas e pesa 25 kgf. Deixa-se o cubo escorregar, com uma velocidade V constante sobre um plano inclinado, no qual existe uma película de óleo lubrificante, cuja viscosidade dinâmica = 2,16 10-2 Poise. Admitindo satisfeitas as suposições básicas para a dedução da lei de Newton da viscosidade, solicita-se: Determine, em m/s, a velocidade do cubo. X Figura 1.7: cubo EXEMPLO 1.10: O dispositivo da figura abaixo é constituído de dois pistões de mesmas dimensões geométricas que se deslocam em dois cilindros de mesmas dimensões. Entre os pistões e os cilindros existe um lubrificante de viscosidade dinâmica igual a 10 -² N.s/m². O peso específico do pistão (1) é 20.000 N/m³. Qual é o peso específico do pistão (2) Para que o conjunto se desloque na direção indicada com uma velocidade de 2m/s constante? Desprezar o atrito na corda e nas roldanas Fonte: (Brunet; 2008, pág.13) – resposta: 16.800 N/m³ I.18 Referência Bibliográfica Brunet, F. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: editora Pearson/Prentice Hall. 2º edição. 2008. 429 p. 24cm.ISBN978-85-7605-182-4. I.19 1.10 – Noções de termodinâmica Introdução: quando um fluido não puder ser considerado incompressível e, ao mesmo tempo, houver efeitos térmicos envolvidos na descrição qualitativa do seu escoamento, haverá a necessidade de se determinar as variações da massa específica, em função da pressão e da temperatura, através de equações de estado, como aquela mostrada pela equação 1.15. f ( , T, P) =0 (1.16) As equações de estado mais conhecidas de interesse nos estudos de mecânica dos fluidos são: a equação do gás perfeito e a equação politrópica dos gases: PVS RT (1.17a) P ρ RT (1.17b) p1 ρ 2 T1 . P2 ρ1 T2 (1.17c) P: pressão absoluta inicial Vs: volume específico do gás R : constante do gás T ; temperatura em K. :massa específica do gás. Sobre a constante (R): A constante do gás “R” é função da constante universal do gás cujo valor é comum para qualquer gás e igual a: I.20 kJ R 8,314 k mol . kelvin (1.18) Tabela 1.1 – Propriedade dos gases ideais a 300k. Fonte: Potter e Wiggert (2007) Transformações isotérmicas: o processo é dito isotérmico quando na transformação não há variação de temperatura p1v1 p 2 v 2 (1.19a) p1 p 2 ρ1 ρ 2 p1 1 (1.19b) p2 2 (1.19c) I.21 Transformações isobáricas: o processo é dito isobárico quando na transformação não há variação de pressão. v1 v 2 T1 T2 (1.20) ρ1T1 ρ 2T2 (1.20a) Processo isocórico, isométrico ou isovolumétrico: nesse caso não há variação de volume. p1 p 2 T1 T2 (1.21) Nas transformações adiabáticas: o processo é dito adiabático quando na transformação não há troca de calor. p1 p2 n n ρ1 ρ2 p1V1 p 2 V2 n ε np2 T2 p 2 T1 P1 ( n 1) n (1.22) n V2 T1 V1 T2 I.22 1 ( n 1) (1.22a) Nas quais: P1; P2 – respectivamente pressão absoluta inicial e final a transformação; V1; V2 – respectivamente volume inicial e final a transformação; T – temperatura em Kelvin K = 273 + 0C 1 – massa específica inicial a transformação (kgf.s / m ); 2 4 g – aceleração da gravidade; 3 Vs – volume específico – m / kgf; CP n CV (1.23) Cp – calor específico do gás a pressão constante; CV – Calor específico do gás a volume constante. 1.10.1 - Módulo de elasticidade do gás O módulo de elasticidade do gás dependo do tipo de transformação a qual o gás possa ser submetido. Para a sua real descrição usa-se a equação politrópica dos gases, sempre respeitando o principio de conservação da massa. I.23 p = constante n ρ (1.24) P.Vn = constante (1.25) Para encontrar a equação que relaciona o módulo de elasticidade do gás com a pressão final a transformação basta diferenciar a equação (1.25) em relação a pressão e ao volume: dP.Vn + n V (n-1) dV . P = 0 (1.26) n n.V dP.V n + dV.P = 0 V n.P.dV dP + =0 V (1.27) (1.28) _ V.dP dV = ε (1.29) ε np (1.30) 1.10.4.1- Simplificações da equação (1.30) Nas transformações isotérmicas (n=1): o módulo de elasticidade volumétrica, em qualquer instante, iguala-se a pressão após a transformação ( = P). I.24 Nas transformações adiabáticas: não há troca de calor entre a massa do gás e o meio. O módulo de elasticidade depende da constante politrópica do gás ( = nP). 1.10.2- Aplicação das equações de estado para o gás ideal Uma das mais significativas aplicações das equações de estado do gás ideal é referente ao movimento geral de circulação do ar na atmosfera. (i) a atmosfera basicamente pode ser dividida em duas camadas: a troposfera, mais próxima da terra (11 km a partir da superfície livre do mar). (ii) camadas superiores: acima da troposfera (a estratosfera; a ionosfera; e a exosfera) o movimento de circulações se dá por processo isotérmico, no qual não há variação da temperatura. (i.1) variação da pressão na troposfera: a pressão é função da altitude e da temperatura (esta variável). Por outro lado, o movimento geral de circulação do ar na atmosfera segue a lei do gás perfeito (equação 1.39) dp γ dz (1.31) T ( z ) (T0 z ) (1.32) PVS RT (1.33) T: temperatura final do gás. Aplicando as equações (1.32) e (1.33) em (1.31) obtemos, para a troposfera, a equação geral que relaciona a pressão num ponto acima do nível do mar com a temperatura no nível do mar e a com a altitude. I.25 p dz RT (1.34) dp 1 dz p R (T0 z ) (1.35) dp dp 1 z dz Patm p R 0 (T0 αz) A integração da equação (1.36) fornece: p T z p patm 0 T 0 (1.36) 1 .R (1.37) Na equação 1.37 temos: To: temperatura no nível do mar ou no nível inferior Z : altitude no nível superior : taxa de variação da temperatura = 0,0065 K/m P: pressão no nível superior Patm: pressão atmosférica ano nível do mar R: constante do gás para o ar atmosférico (R=29,30 m/K) ii.1) na camada superior a troposfera: a transformação a que o ar está submetido é considerada isotérmica. dp 1 dz p R. T dp 1 Po p R.T p (1.38) z z0 (1.39) dz A integração da equação 1.39 fornece: I.26 p ( po) . e ( z z0 ) R .T P0: pressão no nível inferior T: temperatura no nível superior Obs: se atmosfera for considerada isotérmica: p ( patm) . e z R .T (1.40) EXEMPLO 1.11 Um pneu de automóvel com volume de 0,60m³ é inflado até alcançar uma pressão manométrica de 200kPa. Calcule a massa de ar no pneu, sabendo-se que a temperatura é de 20° C. Dados: R= 29,30 m/k e Patm= 100 kPa. (Resposta: m= 2,182 kg). [FONTE - Ciências térmicas: M.C.Potter] EXEMPLO 1.12 Aplicação das equações termodinâmicas. A temperatura na atmosfera perto da superfície da terra (até uma altura de 10.000m) pode ser aproximada por T(Z)= 15 - 0,0065.Z °C. Determine a pressão a uma altura de 3.000 m. Dado: Patm= 101kPa em Z= 0. (Resposta: P= 69,90 kPa). [FONTE - Ciências térmicas: M.C.Potter] EXEMPLO 1.13 Um recipiente contém 500 litros de hidrogênio à pressão de 2,0 kgf/cm². A seguir é comprimido, reduzindo seu volume para 160 litros. Determine a nova pressão absoluta, o módulo de elasticidade volumétrica () e o coeficiente de compressibilidade () nas seguintes condições: a) Em condições isotérmicas. b) Em condições adiabáticas (n= 1,41). I.27