ANÁLISE CINESIOLÓGICA DE EXERCÍCIOS DE PILATES

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ANÁLISE CINESIOLÓGICA DE EXERCÍCIOS DE PILATES
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ANÁLISE CINESIOLÓGICA DE EXERCÍCIOS DE PILATES
ANALYSIS CINESIOLÓGICA OF PILATES EXERCISES
Ana Tereza Oliveira1, Bruno Mota1, Flávia Castagno1, Ivana Ruiz1, Kátia Nunes
Sá1,2, Vanessa Freire1,Jaqueline Borges1
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Atelier do Corpo, Salvador-BA, 2FBDC/ Curso de Fisioterapia, Salvador-BA
RESUMO
Objetivo: Analisar cinesiologicamente, exercícios prescritos frequentemente na técnica de pilates,
proporcionando embasamento teórico na prescrição de exercícios específicos para cada objetivo.
Métodos: Estudo observacional e descritivo numa amostra de 20% (6 pessoas) de uma coorte de
concluintes do curso de formação na técnica de pilates durante o ano de 2005, de idade superior a 21
anos, através da palpação específica de músculos durante os movimentos e dados bibliográficos.
Resultados: O não uso de aparelhos capazes de identificar a localização exata da contração, conferem
uma margem de erros alta.
Conclusões: do ponto de vista ético e biomecânico, a prescrição de exercícios precisa ser muito bem
embasada para evitar lesões e aumentar o índice de alcance aos objetivos.
ABSTRACT
Objective: Analyze cynesiologically exercises that are frequently prescribed in pilates technique,
providing theoretical basement in the lapsing of specific exercises for each objective.
Methods: Observational and descriptive study of a sample of 20% (6 people) of one over all of
graduating students of a degree course in pilates technique during the year of 2005, with age higher than
21, by the specific touching of muscles during the movements and bibliographic data.
Results: The use of devices unable to identify the accurate localization of the contraction, confers a high
margin of mistakes.
Conclusions: From ethical and biomechanical the point of view, the lapsing of exercises must be very
well based to prevent injuries and to increase the index of reaching objectives.
Palavras chave: Exercícios; biomecânica; membro inferior; músculos pilates.
Key words: Exercises; biomechanic; inferior member; muscles; pilates.
INTRODUÇÃO:
Joseph Pilates nasceu em 1880 na
Alemanha e possuía uma saúde frágil na
infância e adolescência, sofria de asma,
raquitismo e febre reumática.
Como tantos
outros pioneiros (Mathias Alexander e Ida Rolf,
por exemplo), tentou superar seus próprios
problemas de saúde através de exercícios
físicos. Estudou Yoga, Zen, Técnicas Gregas e
se transformou em um atleta de ginástica,
mergulho, box entre outras modalidades
(Borges, 2005). Durante a primeira Guerra
Mundial trabalhando como enfermeiro, tentava
ajudar os feridos e mutilados a fazer exercícios
utilizando as molas das camas, cordas e
roldanas. Aos poucos desenvolveu toda uma
metodologia de exercícios que podem ser
utilizados tanto no condicionamento de atletas e
bailarinos visando performance do movimento,
como para a prevenção e tratamento de pessoas
no
que
diz
respeito
ao
sistema
musculoesquelético.
Os princípios do método, que já foi
conhecido como “contrologia”, são a
concentração da atenção em detalhes do
movimento, o controle através de uma
contração sustentada de grupos musculares
específicos, especialmente o do centro de força
(power house) formado pela musculatura que
envolve o complexo “lombar-pelve-abdomeperíneo-quadril”. O movimento busca uma
fluidez natural, precisão e um ritmo baseado na
respiração. O programa de controle envolve
estabilização estática e dinâmica, mobilidade
articular, coordenação, equilíbrio e também é
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progressivo quanto aos desafios podendo
evoluir desde muita assistência até desafios de
propriocepção, amplitude, força e resistência
máximas.
O método Pilates tem sido utilizado por
diversos profissionais tanto que atuam na
performance de movimentos (treinamento de
atletas e aperfeiçoamento de dançarinos), na
prevenção (condicionamento físico) como no
tratamento de desordens musculoesqueléticas.
Estudos que apóiem o trabalho através de
fundamentação
teórica
e
embasamento
científico para uma utilização de exercícios de
maneira mais responsável e eficiente se fazem
necessários. Uma das fundamentações mais
importantes pode ser a análise cinesiológica dos
principais exercícios utilizados durante a prática
do método Pilates, bem como os parâmetros
biomecânicos utilizados nestes exercícios na
regulagem dos aparelhos e equipamentos.
Através deste artigo de revisão se buscou então
compreender
cinesiologicamente
alguns
exercícios mais utilizados neste tipo de trabalho
a fim de fundamentar procedimentos
preventivos e terapêuticos dentro deste método.
Para melhor efeito didático, se dividiu
a aplicação deste modelo entre alguns exercícios
selecionados para tronco, cintura pélvica,
membros superiores e membros inferiores. O
método de pesquisa foi desenvolvido a partir de
uma breve revisão anatômica da região, da
descrição de alguns exercícios selecionados
segundo o modelo específico utilizado no
Atelier do Corpo, Salvador, Bahia e sobre estes
exercícios foi desenvolvido um raciocínio
cinesiológico baseado em biomecânica e
anatomia funcional com dados obtidos da
literatura. Os critérios de inclusão foram alguns
exercícios mais utilizados nas academias,
estúdios e clínicas em Salvador atualmente e
que tenham sido desenvolvidos inicialmente
pelo próprio Joseph Pilates.
Revisão Anatômica do Tronco
A coluna vertebral é formada pela
superposição de 32 vértebras, sendo 7 cervicais,
12 dorsais, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas
(Figura 1). Concilia três funções: proteção da
medula espinhal, suporte de carga (articulação
intersomática, ou seja, entre os corpos
vertebrais, aonde se localiza o disco
intervertebral e flexibilidade para permitir a
ampla gama de movimentos humanos. Cada
vértebra possui um formato único determinado
pela função com a qual se relaciona, porém as
características
regionais
possibilitam
a
compreensão dos movimentos que elas
executam. Numa vista frontal, a coluna normal
não deve apresentar curvaturas, porém numa
vista lateral, ela apresenta curvaturas
fisiológicas que favorecem a resistência às
variações de cargas mecânicas que convergem
para ela. As cargas mecânicas podem agir tanto
de modo descendente (como a gravidade), como
ascendente (força de reação do solo ou normal)
e também pelas forças exercidas por elementos
passivos (ligamentos, cápsula articular, fáscias,
discos etc.) e por elementos ativos (músculos e
seus tendões). Os ligamentos são estruturas
elásticas não contráteis que estabilizam as
articulações e podem ser visualizados nas
figuras 2, 3 e 4.
Figura 1. Coluna Vertebral
Fonte: biology.eku.edu/.../anatomy.axial/spine.htm
Acesso em 20 de maio de 2005
Figura 2 : Ligamentos Craniovertebrais
Fonte: Netter, 2002.
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esternocleidomastóideo.
Alguns músculos
podem ser visualizados nas figuras 6, 7 e 8.
Figura 3: Ligamentos Intervertebrais
Fonte: Netter, 2002
As vértebras se encaixam através dos processos
articulares e dos corpos vertebrais. Entre um
corpo vertebral e outro encontramos a
articulação intersomática com a presença dos
discos intervertebrais e na região posterior a
formação de um orifício por onde emergem as
raízes nervosas que suprirão a sensibilidade e o
movimento dos segmentos corporais (Figura 5).
Figura 6: Músculos Cervicais
Fonte: Netter, 2002.
Figura 7: Músculos Abdominais
Fonte: Netter, 2002.
Fonte: Netter, 2002.
Figura 5. Encaixe das Vértebras
Fonte: Mooney et al., 1997, capa
A musculatura que está envolvida com os
movimentos do tronco tanto no nível de
estabilização estática, como na dinâmica, se
divide didaticamente em três camadas. A
camada profunda que é formada por pequenos
músculos imbricados como telhas de telhado
(interespinhosos,
intertransversários
e
transversoespinhais – os multifídeos e
rotadores) que estão mais envolvidos com a
função estática. Também num plano profundo
considera-se a função estabilizadora do psoas
maior, o longo do pescoço e da cabeça, do
transverso do abdome e do oblíquo abdominal
interno. Os músculos que se encontram na
camada intermediária, ora atendem a função
estática, ora auxiliam na função dinâmica e tem
comprimento variado (ileocostal, espinhais,
longuíssimos, escalenos, serráteis, esplênios,
rombóides). Já os que se encontram em uma
camada mais superficial, respondem mais por
funções dinâmicas, é o caso do latíssimo do
dorso, do trapézio superior e médio, do reto do
abdome e do oblíquo abdominal externo, do
Figura 8: Músculos Tóraco-lombares
Fonte: Netter, 2002.
Ao realizar certos exercícios, a coluna vertebral
ativa grupos musculares estabilizadores
estáticos e dinâmicos e, portanto, deve ser
compreendida numa análise cinesiológica
específica como esta que agora descrevemos em
alguns exemplos de exercícios em Pilates. Para
o tronco foram selecionados os exercícios: “Roll
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Up, Roll Over, Quadrúpede no Reformer e
Hundred”.
Figura 9. Roll up
ROLL UP
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Como se trata de um exercício que
pode
ser
realizado
no
solo,
normalmente
não
necessita
de
montagens de equipamentos, porém se
pode dar assistência com a “meia-lua”
ou com as “molas” e “bastão” na
parede e ainda com as “molas e barra
do Wall ou Trapézio” e à medida que o
sujeito evolui, se pode retirar a
assistência. Também se pode aumentar
o desafio acrescentando halteres nas
mãos.
OBJETIVOS:
Mobilização da coluna;
Fortalecimento de abdominais;
Coordenação com respiração e
movimentos de membros superiores;
Alongamento de cadeia de membros
superiores;
Estabilização dinâmica de cintura
pélvica e escapular.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Posição inicial deitada no solo com
membros inferiores estendidos, membros
superiores com cotovelos esticados e relaxados
elevados para o alto da cabeça com um
alongamento de peitoral. Antes de elevar o
tronco,
se
solicita
a
ativação
dos
pelvitrocanterianos e glúteos (“beijinho”), dos
abdominais profundos “colando o umbigo nas
costas” e uma vigilância para manter a pelve em
posição neutra. Então se solicita à medida que o
tronco sobe, se “enrole” a coluna a partir de
uma força que puxa as costelas na direção da
pelve. Um cuidado especial se deve ter com as
escápulas para mantê-las encaixadas, pois existe
uma grande tendência a puxar o tronco para
cima a partir de uma contração dos pré-cervicais
e a instabilidade da escápula pode favorecer um
tensionamento da musculatura do pescoço. O
exercício se completa com a posição sentada
com membros superiores e inferiores
estendidos.
Ao descer, é solicitado um
desenrolamento da coluna lento e uma evolução
dos membros superiores para o alto, até o
máximo alongamento destes e relaxamento de
peso.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A posição inicial permite alongar a
cadeia anterior de membros superiores e a
posição neutra da pelve protege a lombar de
compensações.
A
solicitação
dos
pelvitrocanterianos, do psoas e dos abdominais
profundos garante o trabalho do centro de força
(“power house”). O movimento coordenado
com a respiração e com os membros superiores
desenvolve o controle do movimento
(“consciência corporal”) e solicita uma ativação
harmoniosa para o movimento o que transforma
o desafio da resistência a ser vencida num
movimento fluido e agradável. A estabilização
escapular é essencial para evitar o
tensionamento dos músculos do pescoço e
ombros. O enrolamento da coluna dissociando
cada vértebra favorece a mobilidade
intervertebral o que reduz a sobrecarga
mecânica para outras regiões que costumam
compensar a hipomobilidade tão comumente
encontrada na dorsal (como a cervical e a
lombar).
A elevação do tronco se dá
especialmente pelo torque desenvolvido através
de uma contração isotônica concêntrica de todos
os abdominais que enfrentam um grande
desafio, sendo um excelente fortalecimento. A
extensão dos membros inferiores solicita a ação
do íleopsoas que se encontra alongado,
aumentando o desafio para ele e para os
abdominais.
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descida pressionando o solo ou apoiando-se na
“meia-lua” ou “barra da torre”. Então se
solicita um movimento de enrolar a coluna de
baixo para cima (tirando o cóccix e cada
vértebra lombar e depois a região torácica)
chegando no final apenas com o apoio na
cabeça, cervical e dorsal alta. Os membros
inferiores ficam esticados longe da “meia-lua” e
paralelos ao solo crescendo enquanto o
“umbigo” tenta ir na direção contrária. Um
cuidado especial de não tensionar ombros é
solicitado, bem como a ativação do “beijinho”.
O retorno à segunda posição (deitado no solo e
“meia-lua”) também deve ser suave e
controlado. Pode-se associar o movimento de
abdução e adução dos membros inferiores.
Figura 10. Roll Over
ROLL OVER
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Como se trata de um exercício que
pode
ser
realizado
no
solo,
normalmente
não
necessita
de
montagens de equipamentos, porém se
pode dar assistência com a “meia-lua”
ou com as “molas” e “alças” na parede
e ainda segurando nas laterais do
“Wall” e à medida que o sujeito evolui,
se pode retirar a assistência.
OBJETIVOS:
Mobilização da coluna;
Fortalecimento de abdominais;
Coordenação com respiração e
movimentos de membros inferiores;
Alongamento de cadeia posterior;
Estabilização dinâmica de cintura
pélvica;
Estabilização estática da cintura
escapular.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Inicia-se deitado no solo com os
membros inferiores com extensão de joelhos e
flexão de quadril a 90º e membros superiores ao
lado do corpo. Os membros superiores são
utilizados para garantir a estabilidade durante a
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
O movimento de deitar a partir da
posição sentada na meia-lua já exige uma
grande mobilização da coluna, bem como a
evolução trazendo as pernas para trás. Este
movimento de dissociação intervertebral
favorece o mesmo que acontece com o “Roll
Up”, entretanto estimula mais a força através de
contração isotônica concêntrica das fibras
inferiores dos abdominais enquanto que o
exercício anterior solicita mais as fibras
superiores dos abdominais, sendo assim o ponto
fixo da alavanca no primeiro é o púbis e no
segundo as costelas. Um complementa o outro.
O controle do movimento gradativo do
enrolamento também é importante estímulo para
os proprioceptores dos músculos profundos da
coluna vertebral assim como seleciona melhor
as fibras tônicas destes músculos. O grande
alongamento das cadeias miofascial e neuronal
posteriores auxilia no ganho do comprimento e
conseqüente melhora da circulação e redução de
dor nos quadros inflamatórios que as envolvem.
A coordenação com a respiração também
auxilia na fluência do movimento.
A
mobilidade vertebral é muito trabalhada neste
exercício que exige um controle grande de
abdominal, de isquiotibiais e glúteos através da
necessidade de uma estabilização dinâmica
desafiante especialmente quando o movimento é
realizado de forma lenta e sem impulso. A
cintura escapular e os membros superiores
necessitam de grande ativação em contração
isométrica para garantir estaticamente o
trabalho dos estabilizadores dinâmicos de pelve
e membros inferiores. O retorno exige o
trabalho excêntrico dos abdominais.
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Figura 11. Quadrúpede
QUADRÚPEDE
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Reformer com 1 mola leve geralmente
para pessoas com boa forma;
Como o exercício não utiliza outros
recursos do equipamento, não são
necessários outras montagens.
OBJETIVOS:
Estabilização Dinâmica da Cintura
Pélvica (“power house”);
Alongamento Axial;
Fortalecimento de Abdominais;
Estabilização de Cintura Escapular.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo se posiciona em 4 apoios
sobre o carrinho do Reformer com as plantas
dos pés voltadas para a barra. Os joelhos devem
estar afastados das ombreiras cerca de 4 dedos.
As mãos estão apoiadas nas partes fixas laterais
do aparelho, se deve ter cuidado com o
posicionamento dos polegares que não devem
estar posicionados na parte interna do aparelho.
Os joelhos devem iniciar com uma flexão de
aproximadamente 45 a 55 º e o quadril com uma
flexão de 45 a 55º, as mãos alinhadas com os
ombros e cotovelos estendidos. As regiões
distais das coxas ficam apoiadas nas ombreiras.
É solicitada especial atenção com o
alongamento axial da coluna e controle da pelve
em posição neutra, acionando estabilizadores de
quadril (“beijinho”) e estabilizadores da cintura
escapular (“escápulas nos bolsos da calça”). É
realizada uma solicitação de tentar colocar o
“umbigo nas costas”. Então se evolui o carrinho
para longe da barra puxando pela musculatura
abdominal profunda.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A posição inicial coloca o quadril em
uma posição de encurtamento do ileopsoas, o
que limita sua ação flexora de tronco,
favorecendo o trabalho dos abdominais. A
posição de 4 apoios é a melhor posição para o
controle
do
transverso
abdominal
(McCONNEL, 2001), pois a não ativação deste
produz uma instabilidade visível constatada pela
hiperlordose lombar e anteversão pélvica que
aparecem quando o exercício é mal feito. A
contração isométrica de forma especial do
transverso abdominal, oblíquo abdominal
interno e dos multifídeos. Ao fazer o carrinho
correr, os músculos mais superficiais como o
oblíquo externo e o reto abdominal bem como
os paravertebrais são então solicitados para
desenvolver uma isotonia resistida e, portanto o
movimento é realizado em uma velocidade que
favorece a ativação das fibras tônicas mesmo
nos músculos predominantemente fásicos.
Associado também se obtém fortalecimento dos
pelvitrocanterianos, assoalho pélvico e serrátil
anterior através de contração isométrica para
garantir estabilização.
Figura 12. Hundred
HUNDRED
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
O exercício pode ser realizado sem
auxílio de equipamento, no solo. Entretanto,
pode-se utilizar molas e bastão na parede, ou
usar a barra do Wall ou do Reformer para dar
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assistência ao tronco. E ainda se pode utilizar
duas bolas sob as mãos para desafiar um maior
controle do tronco enquanto se associa um
fortalecimento de MMSS.
OBJETIVOS:
Fortalecimento de Abdominais;
Controle e equilíbrio do tronco, MMSS
e MMII;
Coordenação dos movimentos dos
MMSS com a organização de tronco,
cintura escapular e pélvica;
Coordenação da respiração;
Integração de costelas com a pelve.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Em decúbito dorsal, solicita-se a flexão
do quadril até aproximadamente 70º com os
joelhos fletidos ou estendidos. A diminuição do
ângulo de flexão do quadril e a extensão do
joelho aumentam a exigência, quanto mais perto
de 90º, menor o esforço. É solicitada uma
flexão da região superior do tronco a partir de
uma tentativa de trazer o esterno na direção do
púbis e não uma flexão cervical, devendo a
cabeça se elevar do solo como conseqüência da
flexão dorsal. A ativação dos estabilizadores da
escapula e movimentos de pequena amplitude
no ombro de flexão e extensão num ritmo
adaptado à respiração, em geral contando 2
tempos para inspirar e 3 tempos para expirar.
Cada tempo corresponde a uma flexão e uma
extensão de ombro. Totalizando 5 ciclos de
movimentos de MMSS para cada ciclo
respiratório, totalizando 100 movimentos com
os braços. Deve-se lembrar da ativação do
“beijinho”, assoalho pélvico e “umbigo nas
costas”.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Trabalho isométrico de abdominais,
por tempo prolongado, o que exige maior
ativação das fibras tônicas, o “beijinho” ativa
pelvitrocanterianos e períneo. O “umbigo nas
costas” pede uma maior ação do transverso
abdominal. A isometria do psoas, trapézio
inferior e serrátil anterior para a manutenção
estática do fêmur e da escápula também
aumenta a resistência à fadiga destes músculos e
seleciona as fibras tônicas. A extensão dos
ombros contra a resistência do bastão e molas
ou da bola pode ser um trabalho de
fortalecimento para tríceps braquial que estaria
ativado
tanto
concêntrica
como
excentricamente.
REVISÃO ANATÔMICA DA PELVE
A pelve é a parte inferior do tronco;
seu esqueleto circunda a cavidade pélvica e
serve como um escudo protetor para o conteúdo
pélvico, sendo também responsável pela junção
entre os membros inferiores e a coluna
vertebral.
O esqueleto da pelve é um anel
osteoarticular formado na sua porção anterior e
lateral pelos dois ossos do quadril, os ilíacos,
que se fundem formando a sínfise púbica e
posteriormente pelo sacro e o cóccix. Os ilíacos,
grandes e irregulares, possuem três partes: ílio,
ísquios e púbis, que se encontram no acetábulo
articulando-se com a cabeça femoral. O sacro é
formado pela união de cinco vértebras sagradas
e o cóccix resulta da fusão de três a cinco
vértebras rudimentares.
Os ossos pélvicos são unidos por
quatro
articulações,
das
quais
duas
cartilaginosas secundárias e duas sinoviais. As
cartilagens secundárias, sacrococcígea e a
sínfise pubiana, são circundadas por fortes
ligamentos; as sinoviais, sacroilíacas, são
estabilizadas pelos ligamentos sacroilíacos
(interósseos,
sacroilíacos
posteriores
e
anteriores), iliolombar, lombossacro lateral,
sacrotuberal e o sacroespinhal. A articulação
que une a coluna lombar com o sacro é
denominada lombossacral.
A pelve realiza os movimentos de
retroversão (inclinação posterior), anteversão
(inclinação anterior) e inclinação lateral. Um
bom posicionamento pélvico resulta na
harmonia das curvaturas fisiológicas da coluna e
na proteção de suas estruturas.
Os músculos da pelve incluem aqueles
da parede lateral, posterior e aqueles do
assoalho pélvico. Os músculos da parede lateral
entram na região glútea para ajudar na rotação e
adução da coxa; aí incluem-se o piriforme, o
obturador interno e o iliopsoas. Os músculos
profundos do quadril formam um grupo
chamado os Pelvitrocanterianos que incluem os
músculos: piriforme, quadrado femoral,
obturador interno, gêmeo superior, gêmeo
inferior e obturador externo. Todos eles
produzem a rotação externa do fêmur e
estabilizam a cabeça do fêmur no acetábulo. O
glúteo médio e o glúteo mínimo também agem
na cintura pélvica e são importantes para a sua
estabilização.
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Figura 13: Visão Posterior da Pelve
Fonte: Moore, 1994
Figura 14: Visão Anterior da Pelve
Fonte: Moore, 1994
porções: puborretal, levantador da próstata
(homens),
e
pubovaginal
(mulheres),
pubococcígeo e iliococcígeo.
O músculo coccígeo forma a parte
superior e menor do assoalho pélvico. A sua
função é de auxiliar os levantadores do ânus na
sustentação das vísceras pélvicas, como também
a de sustentar o cóccix e o tracionar para frente,
elevando o assoalho pélvico.
O músculo transverso superficial do
períneo tem como ação a estabilização do centro
tendíneo do períneo. O músculo bulboesponjoso
tem como função esvaziar a uretra após a
micção ou a ejaculação (sexo masculino) ou
esfíncter vaginal (sexo feminino). A ação do
músculo isquiocavernoso é fixar os ramos do
pênis ou do clitóris além de auxiliar a
ejaculação (sexo masculino) e a ereção do
clitóris (sexo feminino).
O músculo transverso profundo do
períneo tem como função a estabilização do
centro tendíneo do períneo, fecha o hiato
urogenital e participa da contenção visceral. O
músculo esfíncter da uretra participa do controle
da micção.
Para a análise da biomecânica da pelve,
sobretudo a estabilidade estática e dinâmica,
foram selecionados os exercícios: “Série de
Cordas no Reformer, Mesa e Série de Pernas
com
Mola
no
Ar”.
ASSOALHO PÉLVICO
O assoalho pélvico corresponde à
parede inferior a pelve e é composto por duas
camadas musculares: a superior, que forma o
diafragma pélvico e compreende os músculos
elevadores do ânus e coccígeo, e a inferior, que
contém os músculos do períneo, divididos em
superficiais (transverso superficial do períneo,
isquiocavernoso e bulbo-esponjoso) e profundos
(transverso profundo do períneo e o músculo
esfíncter da uretra). O diafragma pélvico e as
estruturas do períneo estão intimamente
associadas
tanto
estrutural
como
funcionalmente, não podendo um conhecimento
exato de um deles ser obtido sem o estudo do
outro.
Os músculos levantadores do ânus
formam a maior parte do assoalho da cavidade
pélvica, sendo os maiores e mais importante
músculos desse assoalho. Exercem a função de
sustentação das vísceras pélvicas, resistem à
pressão para baixo que acompanha o aumento
da pressão intra-abdominal e erguem o assoalho
pélvico, auxiliando os músculos da parede
anterior do abdome na compressão do conteúdo
abdominal e pélvico. Comumente dividem-se os
músculos levantadores do ânus em quatro
Figura 15: Assoalho Pélvico
Fonte: Moore, 1994
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Figura 16: Músculos do Períneo
Fonte: Moore, 1994
SÉRIE DE CORDAS NO REFORMER
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Reformer com 1mola pesada ou 2
molas a depender do condicionamento
do aluno. A posição da barra das molas
pode também variar pela mesma
condição.
Utilização das cordas e alças de pé. O
tamanho da corda, mais curta ou mais
longa, influencia no grau de resistência
para a realização do exercício.
A posição da cabeceira é a que
proporcione maior conforto ao aluno,
se necessário pode utilizar uma
almofada. O importante é observar o
alinhamento da cervical para não
aumentar a lordose ou retificá-la.
OBJETIVOS:
Estabilização estática de cintura
pélvica;
Mobilização e fortalecimento dos
MMII;
Alongamento da cadeia posterior;
Dissociação de quadril;
Coordenação da respiração com os
movimentos dos MMII;
Contração dos abdominais profundos e
assoalho pélvico;
Controle, fluência e precisão dos
movimentos;
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo se posiciona no aparelho
em decúbito dorsal, cabeça apoiada na
cabeceira, ombros afastados cerca de 3
dedos das ombreiras (pode colocar
almofadas para maior conforto do aluno),
membros superiores ao longo do corpo,
membros inferiores flexionados sobre o
tronco. O professor auxilia-o na colocação
das alças nos pés e ao adquirir maior
desenvoltura com o aparelho, o aluno se
posiciona sem mais nenhum auxílio. Antes
de iniciar os movimentos é importante
observar se as cordas estão do mesmo
tamanho, para não haver diferença na
resistência e nem compensações. Durante
todo o movimento a pelve deve permanecer
em posição neutra, assoalho pélvico
acionado, o cóccix apoiado na cama e os
músculos abdominais sempre ativos para
não sobrecarregar a região lombar.
Diversos exercícios podem ser
realizados utilizando as cordas do reformer,
destacando-se: arcos de ísquios tibiais,
círculos e plié unilateral. Estes exercícios
geralmente são realizados em série, com
repetições que podem variar a depender do
trabalho a ser realizado com o aluno.
Iniciaremos a série pelos arcos de
ísquios tibiais. Alças já posicionadas, os
membros inferiores devem ser estendidos
formando um ângulo de aproximadamente
90º com o quadril, pés em paralelo, deve-se
ter cuidado para não fazer a hiperextensão
dos joelhos. O movimento consiste no
deslocamento pendular dos membros
inferiores, com a manutenção da pelve
sempre em posição neutra, cóccix apoiado
na cama, contração dos abdominais
profundos. A angulação do movimento vai
ser limitada pela estabilização pélvica e
força da musculatura abdominal. Na
descida as cordas agem como resistência e
na volta como assistência.
10
músculos abdominais (sorriso), dos músculos do
assoalho
pélvico
(beijinho)
e
dos
pelvitrocanterianos que agem principalmente na
posição de rotação externa do fêmur.
f
A série nas cordas continua com os círculos,
que podem ser realizados no sentido horário e
anti-horário. No movimento de circundação há
o trabalho concêntrico e excêntrico dos ísquios
tibiais, adutores e rotadores externos. O
movimento é feito em uma amplitude pequena,
as pernas não descem muito e não chegam a 90º
com o quadril, o mais importante é a
estabilização da cintura pélvica e a contração da
musculatura abdominal.
Para finalizar a série nas cordas faremos o plié
unilateral. O movimento se inicia com os
membros inferiores estendidos em diagonal,
aproximadamente 50º, pés e membros inferiores
em rotação externa. A mobilização acontece de
forma coordenada, alternando os movimentos
com os dois membros. Um membro inferior
realiza flexão de joelho e abdução de quadril,
enquanto o outro mantendo a extensão faz a
abdução de membro inferior.
Todos estes exercícios podem ser realizados
com a utilização das molas na parede, no wall
ou no trapézio. As molas funcionam como
resistência e assistência. Utiliza-se molas longas
ou curtas e finas a depender do tamanho, peso e
força do indivíduo.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
O ponto chave para a realização correta
deste exercício é a estabilização da cintura
pélvica, que neste caso é a estabilização
estática. Durante todo o movimento a pelve
deve permanecer em posição neutra, evitando
assim o movimento de báscula da pelve, o que
poderia sobrecarregar a região lombar e causar
dor. Para a manutenção da posição referida, se
faz necessário o trabalho isométrico dos
MESA
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
O equipamento utilizado para a
realização deste exercício é a cadeira,
sem as barras laterais de apoio. A
quantidade de molas vai depender do
peso e força do aluno. Muito leve não
possibilita manter a posição adequada
para o movimento, sendo muito pesada
dificulta a mobilização dos membros
inferiores.
OBJETIVOS:
Estabilização dinâmica da cintura
pélvica;
Estabilização de cintura escapular;
Fortalecimento de MMII e glúteo;
Controle da musculatura abdominal;
Equilíbrio e desafio contra a gravidade.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo partindo da posição sentada, se
posiciona em quatro apoios sobre a cadeira,
com as mãos, voltadas para fora, apoiadas na
parte posterior da cadeira e os pés, com
apoio no metatarso e rotação externa,
11
apoiados sobre a parte móvel. Os
calcanhares devem permanecer unidos. O
quadril deve estar elevado, assim
permanecendo durante toda a realização do
exercício. Deve-se ter o cuidado com a
hiperextensão dos cotovelos, que devem
estar em pequena rotação externa. Os
joelhos iniciam o movimento em flexão, os
braços alinhados com os ombros, a cervical
em leve flexão e o olhar fixo para frente.
Deve-se ter o cuidado para não deixar a
cabeça despencar para trás.
O movimento consiste em, mantendo a
posição inicial, mobilizar os membros inferiores
levando a parte móvel da cadeira para baixo,
retornando, com assistência das molas, para a
posição inicial. O indivíduo deve estar sempre
pensando em elevar a pelve cada vez mais para
cima, sendo necessário a ativação constante da
musculatura abdominal, glútea e do assoalho
pélvico.
Este exercício pode ser realizado com o
apoio em apenas uma das pernas, mantendo a
outra esticada na frente. Sendo uma variação
com maior grau de dificuldade exige maior
controle, força e preparação do indivíduo.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Diferentemente do exercício anterior,
este realiza todo o movimento buscando a
estabilização dinâmica da pelve. A estabilização
dinâmica tem como principal característica a
ação da gravidade como elemento de
perturbação da estabilidade de um sistema. A
posição do exercício exige a estabilização da
cintura escapular e principalmente da cintura
pélvica, a contração isométrica dos músculos
abdominais, dos músculos do assoalho pélvico,
glúteo
médio
e
mínimo
e
dos
pelvitrocanterianos
que
são
músculos
antigravitários. A ação do glúteo médio e
mínimo como estabilizadores da pelve é
fundamental para a manutenção da estabilização
dinâmica. Vale ressaltar que este exercício é de
fortalecimento dos músculos dos membros
inferiores e a ação destes músculos pode levar a
mobilização pélvica, o que enfatiza o trabalho
dos músculos estabilizadores da pelve.
SÉRIE DE PERNAS COM MOLAS NO AR
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Trapézio com molas longas ou molas
curtas e finas, a depender do aluno,
presas nos ganchos superiores da barra
fixa superior, lado contrário da barra
móvel.
Alças de pés presas às molas.
Estes exercícios também podem ser
realizados no Wall.
OBJETIVOS:
Estabilização dinâmica de cintura
pélvica;
Estabilização de cintura escapular;
Contração dos abdominais profundos;
Contração da musculatura glútea e do
assoalho pélvico;
Mobilização de MMII;
Fortalecimento de cadeia posterior;
Controle, equilíbrio e coordenação;
Desafio contra a gravidade
Coordenação da respiração com a
mobilização dos MMII.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo posiciona-se em decúbito
dorsal, coloca as alças nos pés, cabeça apoiada
sobre o colchão, mãos segurando e empurrando
as barras laterais, ombros encaixados. Inicia o
12
movimento elevando a pelve do colchão,
membros inferiores estendidos em diagonal
(30º), o corpo fica apoiado apenas da
extremidade superior até o ângulo inferior da
escápula. A contração contínua da musculatura
abdominal, glútea e do assoalho pélvico é
essencial para a estabilização pélvica, da coluna
lombar e para a correta realização do exercício.
Alguns movimentos podem ser realizados
partindo desta posição, descreveremos os
seguintes: tesoura, círculos e bicicleta.
Os exercícios podem ser realizados
sucessivamente ou não. Feitos em série, sem
intervalo de um para o outro, o número de
repetições deve ser reduzido para não haver
fadiga da musculatura abdominal e
conseqüentemente sobrecarga na região
lombar.
Partindo da posição inicial, pelve
elevada e pernas estendidas em diagonal, os
movimentos alternados dos membros inferiores
de flexão e extensão, caracteriza a tesoura aérea.
É importante manter a altura da posição inicial,
as pernas partem da diagonal (30º) e na volta da
flexão não deve perder essa angulação.
O movimento de círculo pode ser realizado
no sentido horário e no anti-horário,
diferentemente da tesoura, nele pode haver
uma diminuição da altura inicial. A parte do
corpo que está elevada faz o movimento
característico de uma mola (sobe e desce) ao
realizar os movimentos de circundação.
Durante todo o movimento há o trabalho
concêntrico e excêntrico dos ísquios tibiais,
adutores e rotadores externos. Não é
necessária uma grande amplitude no
movimento de circundação, o mais
importante é o controle na realização do
movimento.
A série é finalizada com a bicicleta,
que consiste no exercício de alternação de
movimentos dos membros inferiores. O
exercício é realizado com os membros em
rotação externa, uma perna realiza flexão de
quadril e joelho e posteriormente extensão de
joelho e quadril, a outra perna realiza o
movimento inverso, parte da extensão para a
flexão. O exercício simula o movimento de
pedalar na bicicleta, com a diferença de se estar
em decúbito dorsal e com a pelve e os membros
inferiores elevados.
Estes exercícios são do nível mais
avançado, devendo ser ensinados ao aluno após
total controle e domínio dos exercícios
realizados nas cordas e nas molas em
estabilização estática da cintura pélvica.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Este exercício, semelhante ao anterior,
exige a estabilização dinâmica da cintura
pélvica para a sua correta realização.
Novamente a musculatura da região abdominal,
glútea,
do
assoalho
pélvico
e
os
pelvitrocanterianos estarão agindo de forma a
estabilizar dinamicamente a pelve. A
mobilização dos membros inferiores em
diferentes posições pode gerar grande
instabilidade pélvica, devido ao grande número
de músculos que se fixam à pelve e ao sacro,
podendo assim causar uma sobrecarga na região
lombar. A posição de realização também exige
o
trabalho
isométrico
de
músculos
estabilizadores da cintura escapular. É
importante ter um bom condicionamento para a
execução deste exercício, para não haver fadiga
dos músculos responsáveis pela estabilização.
REVISÃO ANATÔMICA DO MEMBRO
SUPERIOR
OMBRO
O complexo do ombro realiza movimentos
nos três planos devido a sua formação articular.
Dessa forma, possui três graus de liberdade
sendo constituído por três segmentos (escápula,
clavícula e úmero), os quais são controlados por
quatro ligações interdependentes: a articulação
escapulotorácica,
a
articulação
esternoclavicular,
a
articulação
acrômioclavicular e a articulação glenoumeral
(NORKIN; LEVANGIE, 2002). Segundo
Kapandji (1990), existe uma quinta articulação
funcional que é comumente descrita como
fazendo parte do complexo, formada pelo arco
coracoacromial e cabeça do úmero, denominada
articulação supraumeral, a qual desempenha um
importante papel na função e disfunção do
ombro.
Tal complexo que permite unir o membro
superior ao tórax deve assegurar uma dupla
função: 1) Uma mobilização com grande
amplitude do membro superior, a qual se
acrescentam as articulações do cotovelo e
punho; 2) Uma boa estabilidade no caso em que
o membro superior necessitará de força
(CALAIS-GERMAIN,
1992).
Estas
necessidades contraditórias de mobilidadeestabilidade necessitam de uma estabilização
dinâmica que ocorrerá quando um segmento ou
grupo de segmentos dependerem mais dos
músculos que das estruturas articulares para a
manutenção da sua integridade (NORKIN;
LEVANGIE, 2002), já que o sistema ligamentar
da cintura escapular não é suficiente para
promover uma estabilidade, necessitando dos
músculos mais profundos que formam ao seu
redor um conjunto de “ligamentos ativos”
chamados de bainha rotatória (CALAISGERMAIN, 1992).
O complexo do ombro possui várias
articulações e cada uma contribui com ações
articulares coordenadas para que o movimento
do membro superior possa ocorrer de modo
13
eficiente (HAMILL; KNUTZEN, 1999). É a
soma dos movimentos de cada uma dessas
articulações que dá a grande mobilidade do
membro superior (SOUZA, 1995).
A
articulação
glenoumeral
ou
escapuloumeral é uma articulação sinovial
esferóide em “bola-e-soquete”, composta pela
grande cabeça do úmero e pela pequena fossa
glenoide (HAMILL; KNUTZEN, 1999;
SOUZA, 1995). Esta oferece a maior amplitude
e potencial de movimento entre todas as
articulações do corpo. A razão para a frouxidão
e excessiva amplitude de movimento permitida
pela articulação é a constituição estrutural, uma
cápsula articular frouxa e suporte ligamentar
limitado (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Por
isso, é uma articulação sujeita mais facilmente a
luxações, em particular as que levam a cabeça
do úmero para frente e medialmente (luxação
ântero-medial), sendo dependente mais de
músculos que de ossos e ligamentos para seu
suporte e estabilidade (CALAIS-GERMAIN,
1992; MAGEE, 2002).
A articulação acrômioclavicular é uma
articulação sinovial plana que aumenta a
amplitude de movimento no úmero. É formada
pelo processo do acrômio da escápula e pela
extremidade lateral da clavícula, possuindo três
graus de liberdade. Pode, às vezes, ser
encontrado um disco articular (menisco) no
interior da articulação, e depende de ligamentos
para sua resistência (CALAIS-GERMAIN,
1992; MAGEE, 2002).
O único ponto de ligação do membro
superior com o tronco ocorre na articulação
esternoclavicular
(HAMILL;
KNUTZEN,
1999), a qual é formada pela extremidade
medial da clavícula, o manúbrio esternal e a
cartilagem da primeira costela. É uma
articulação sinovial em forma de sela com três
graus de liberdade (MAGEE, 2002). Um disco
de fibrocartilagem achatado e redondo está
presente dentro da cavidade articular, tendo a
função de “acolchoamento” entre os ossos,
amortecendo as forças transmitidas pela
clavícula
ao
esterno
compensando
a
incongruência articular (SOUZA, 1995).
Também é uma articulação reforçada por
ligamentos e os movimentos possíveis são
elevação, depressão, protusão, retração e
rotação
(HAMILL;
KNUTZEN,
1999;
MAGEE, 2002).
A escápula faz contato com o tórax pela
articulação escápulotorácica. Embora, não seja
uma articulação verdadeira (osso com osso),
funciona como parte integrante do complexo do
ombro. Alguns autores chamam esta estrutura
de articulação escapulocostal ou articulação
fisiológica, que consiste no corpo da escapula e
nos músculos que cobrem a parede torácica
posterior. Uma vez que não é uma articulação
verdadeira, esta não tem um padrão capsular, ou
seja, nenhuma das caracteristicas comuns às
articulações (tecidos fibrosos, cartilaginosos ou
sinoviais). A escapula move-se ao longo do
tórax como conseqüência das ações nas
articulações
acrômioclavicular
e
esternoclavicular (HAMILL; KNUTZEN, 1999;
MAGEE, 2002; NORKIN; LEVANGIE, 2002).
Figura 17. Articulação do ombro.
Figura 18. Músculos que agem sobre o complexo do
ombro. Vista posterior.
Fonte: Internet, google imagens Acesso em Abril de
2005
COTOVELO
A articulação do cotovelo é a articulação
intermediária do membro superior, situada entre
o braço e o antebraço e é considerada bastante
estável, devido à sua integridade estrutural, bom
suporte ligamentar e muscular (NORKIN;
LEVANGIE, 2002).
É formada por três articulações
(umeroulnar, radioumeral e radioulnares),
responsáveis pelos movimentos de flexão e
extensão do cotovelo e prono-supinação do
antebraço. Tais articulações são envolvidas por
uma cápsula articular, que envolve as
extremidades do úmero, rádio e ulna.
A articulação ulnoumeral é uma
articulação sinovial gínglimo com apenas um
eixo de movimento (transversal), responsável
pela flexão e extensão do antebraço,
movimentos que também são executados pela
articulação radioumeral de forma menos
significativa.
A terceira articulação do cotovelo, a
radioulnar, estabelece as características do
movimento entre o rádio e a ulna em pronação e
14
supinação (NORKIN; LEVANGIE, 2002).
Articulam-se nas suas extremidades proximal e
distal por meio de duas articulações sinoviais
trocóides, com um eixo longitudinal de
movimento e por meio de uma membrana
interóssea nas suas diáfises, constituindo uma
articulação
sindesmose
(NORKIN;
LEVANGIE, 2002).
MÃO
Situada na extremidade do membro
superior, a mão é um utensílio bastante
aperfeiçoado, capaz de executar inumeráveis
ações graças à sua função essencial: a preensão.
Isso se deve à grande mobilidade dos dedos,
sobre os quais atuam complexos sistemas
tendinosos, como também, a disposição
particular do polegar que pode se opor a todos
os outros os dedos (CALAIS-GERMAIN, 1992;
KAPANDJI, 1990). Além de ser um expressivo
órgão de comunicação, a mão tem um papel
protetor e atua como órgão motor e sensitivo,
fornecendo informações como temperatura,
espessura, textura, profundidade e forma, bem
como movimento de um objeto (MAGEE,
2002).
Embora as articulações do antebraço, do
punho
e
da
mão
sejam
discutidas
separadamente, deve ser lembrado que estas
articulações não atuam isoladamente, mas como
grupos funcionais (MAGEE, 2002).
A mão se une ao antebraço pela região do
carpo e o antebraço forma com o carpo o punho
(CALAIS-GERMAIN,
1992;
HAMILL;
KNUTZEN, 1999). A articulação do punho ou
articulação radiocárpica é a articulação que
ocorre o movimento da mão como um todo.
Esta permite os movimentos em dois planos:
flexão/extensão, inclinação radial ou abdução e
inclinação ulnar ou adução (CALAISGERMAIN,
1992;
c).
A
articulação
radiocárpica envolve o rádio e os ossos da
fileira proximal do carpo sendo classificada
como sinovial elipsóide (SOUZA, 1995).
Adjacente à articulação radiocárpica, mas
sem participação de qualquer movimento do
punho, encontra-se a articulação radioulnar. A
ulna não faz contato real com os carpos em
razão de ser separada por um disco de
fibrocartilagem (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
As articulações intercarpais incluem as
articulações entre os ossos do carpo, ou seja,
entre um par de carpos. São unidos por
pequenos ligamentos intercarpais (dorsais,
palmares e interósseos), os quais permitem
apenas uma ligeira quantidade de movimento de
deslizamento entre os ossos
(HAMILL;
KNUTZEN, 1999; MAGEE, 2002; SOUZA,
1995).
Os ossos do carpo articulam-se entre si
através da várias articulações e movem-se como
duas fileiras de ossos: uma proximal (escafóide,
semilunar, piramidal e pisiforme), e uma distal
(trapézio, trapezóide, capitato e hamato). A
articulação entre as duas fileiras é denominada
de articulação mediocarpal, com exceção do
osso pisiforme.
As
demais
articulações,
carpometacarpais,
intermetacarpais,
metacarpofalangicas e interfalangicas são
reforçadas por ligamentos próprios e ajudam a
manter a estabilidade da mão como um todo.
Conforme o objetivo deste estudo,
buscou-se através de uma revisão anatômica
literária e, por meio, da metodologia proposta,
realizar uma análise cinesiológica de alguns
exercícios de Pilates destinados a membros
superiores para melhor entendimento do
assunto. De acordo com o que foi dito segue-se
à análise cinesiológica.
ABRAÇO BILATERAL
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Reformer com 1 mola pesada.
OBJETIVOS:
Estabilização de cintura escapular;
Mobilização
de
membros
superiores na adução e abdução;
Fortalecimento dos membros
superiores.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo posiciona-se sentado no
carrinho do equipamento com membros
inferiores flexionados e de costas para as
ombreiras do mesmo. Deve-se orientar este
aluno (a) a realizar um alongamento axial da
coluna, manter-se sentado sobre os ísquios e
15
realizar uma contração dos abdominais
profundos (“sorriso”) durante a execução do
exercício. O indivíduo segura as alças do
equipamento mantendo as palmas das mãos
abertas e estabilização de punhos. Começa-se o
exercício partindo de um movimento de
abdução dos braços a partir da linha dos ombros
para uma adução. À medida que este
movimento vai acontecendo o carrinho do
aparelho vai se movimentando. Os ombros
devem permanecer encaixados durante todo o
movimento, como também, os cotovelos
levemente flexionados apontando para fora sem
se mexerem.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A posição inicial exige uma contração
isométrica dos músculos estabilizadores da
cintura escapular (serrátil anterior; trapézio
fibras médias e inferiores e romboídes). O
movimento inicia-se a partir de uma angulação
de aproximadamente 70° graus de abdução. A
realização do movimento exige uma contração
excêntrica dos romboídes na adução, bem como
a contração concêntrica do serrátil anterior na
abdução, os quais controlam a velocidade do
movimento permitindo a fluidez do mesmo. À
medida que o carrinho vai movimentando-se há
uma contração concêntrica dos peitorais durante
a adução e do deltoide médio e posterior durante
a abdução. A estabilização dos cotovelos e
punhos é mantida através de uma contração
isométrica dos flexores de cotovelo e extensores
de punho, respectivamente.
SERVINDO
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Reformer com 1 mola grossa ou
fina ou 2 molas (grossa e fina)
para as pessoas com melhores
condições físicas.
OBJETIVOS:
Estabilização de cintura escapular;
Mobilização
de
membros
superiores;
Fortalecimento de ombros e
membros superiores.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo deve sentar-se de costas
para as ombreiras do equipamento com os
membros inferiores flexionados, alongados com
uma dorsiflexão dos pés ou sentado num
banquinho, o que vai depender do alongamento
da cadeia posterior de cada indivíduo. Realiza o
exercício segurando as alças com as palmas das
mãos para frente e antebraços em pronação,
mantendo também uma estabilização dos
punhos.Inicia-se o movimento no sentido de trás
para frente com os cotovelos com uma leve
flexão, os quais mantêm o arco durante todo o
movimento.
Flexionam-se
os
membros
superiores até a altura dos ombros puxando o
carrinho. Os braços são dirigidos para cima
enquanto que as escápulas são dirigidas para
trás para estabilização de cintura escapular. Ao
retornar, estendem-se os braços para trás
deixando alongar a parte anterior dos ombros no
final do movimento. Manter-se atento ao
alongamento
axial
e
ativação
dos
estabilizadores da cintura escapular.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Como o movimento inicia-se a partir
de uma extensão passiva de aproximadamente
45° graus, pela resistência das molas que puxam
os braços para trás, a alavanca do movimento
será maior, exigindo uma contração isotônica
potente dos músculos responsáveis pela flexão
do ombro (deltóide anterior, peitoral maior –
porção
superior,
supraespinhoso
e
coracobraquial). O movimento é realizado até
uma flexão de aproximadamente 80° graus para
manter a estabilização das escápulas. Durante o
retorno, os músculos flexores do ombro atuam
excentricamente determinando o equilíbrio das
ações musculares e, conseqüentemente, a
harmonia do movimento. Os músculos grande
dorsal, redondo maior, deltóide posterior e
tríceps agem de forma concêntrica, porém em
pequena intensidade, ajudando juntamente com
os músculos flexores a controlarem o
movimento no seu retorno. Assim como a
análise anterior haverá uma contração
isométrica dos músculos da articulação do
cotovelo, punho e dedos para a estabilização do
membro superior necessária ao exercício.
16
PUSH DOWN
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Cadeira com 2 molas e uma caixa
(combo) atrás do equipamento
para alunos iniciantes que serve de
apoio para os membros inferiores.
OBJETIVOS:
Fortalecimento dos membros
superiores;
Estabilização da cintura escapular
e pélvica.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O aluno posiciona-se em decúbito
ventral na cadeira com os braços para fora e
ombros em rotação interna ou braços para
dentro com antebraços em pronação. Realiza o
exercício, estabilizando a cintura escapular com
extensão de cotovelos e a partir daí, flexiona e
estende os cotovelos para fora ou para dentro
(apoios) sem desestabilizar a cintura escapular.
Atenção no alongamento axial e na contração
dos estabilizadores do quadril (beijinho). Para
os alunos iniciantes, pode-se colocar uma caixa
atrás da cadeira para sustentar as pernas. Na
realização do exercício sem a caixa, deve-se
retirar uma mola para manter o equilíbrio.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A posição inicial do exercício dar-se a
partir de uma rotação interna dos membros
superiores, extensão dos cotovelos e punhos,
empurrando a barra e posição neutra de coluna.
A estabilização da cintura escapular exigida no
exercício é devido a contração isométrica dos
músculos trapézio inferior, serrátil anterior e
peitoral menor rebaixando as escápulas e
protraindo respectivamente. O músculo
subescapular desempenha um importante papel
na manutenção da rotação interna durante o
exercício, mantendo a cabeça do úmero dentro
da fossa glenóide e resistindo ao desvio para
cima da cabeça umeral quando outros músculos
estão em atividade 6. O movimento de flexão
dos cotovelos ocorre pela contração excêntrica
do tríceps, evitando que a barra suba sem
controle pela força das molas, enquanto que o
movimento de empurrar a barra para baixo
estendendo os cotovelos é realizado pela
contração concêntrica do tríceps e excêntrica
dos músculos flexores, principalmente o
braquial e braquiorradial. O movimento de
abdução dos ombros em torno de 50 a 60 graus
acontece secundário à posição de rotação
interna dos membros superiores associada à
flexão dos cotovelos e é mantida e sustentada
pela contração do supra-espinhoso e deltóide
médio. O retorno a posição inicial do ombro
ocorrerá pela ação do tríceps estendendo os
cotovelos, já explicado anteriormente. Tal
exercício também pode ser executado com o
antebraço em pronação isolando o tríceps que
estará agindo concentricamente na extensão e
excentricamente na flexão sem movimento da
articulação do ombro.
ELEVADOR DE BRAÇOS (APOIO EM PÉ)
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Cadeira com 2 molas em cima ou
no meio, dependendo da força
muscular de cada aluno. A barra
de mão deve ser regulada de
acordo com à altura do aluno para
não haver compensações.
OBJETIVOS:
Depressão (encaixe) das escápulas
e alinhamento de extremidades
superiores;
Fortalecimento
de
membros
superiores.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O aluno deve subir na cadeira
segurando as barras laterais e depois posicionar
os pés na barra que podem estar paralelos ou em
17
rotação externa na ½ ponta. As escápulas devem
estar bem posicionadas sem elevar os ombros
durante todo o exercício. O exercício é realizado
descendo a barra de pé flexionando os cotovelos
e depois subindo a barra estendendo os
cotovelos. Deve-se solicitar a estabilização do
quadril através do “beijinho”. O corpo do aluno
permanece em uma diagonal à frente. O
exercício pode ser feito tanto de frente para a
cadeira com também de costas.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
O exercício inicia-se com a contração
isométrica dos músculos estabilizadores das
escápulas (rombóides, trapézio inferior)
impedindo a elevação dos ombros durante o
exercício, e assim, preparando os outros grupos
musculares
para
sua
atividade
sem
compensações. O principal músculo em
atividade será o tríceps que realizará uma
contração excêntrica durante a flexão dos braços
e uma contração concêntrica na extensão dos
braços, executando um apoio em pé, tendo a
gravidade como resistência e as molas como
assistência na flexão dos cotovelos. Os
músculos
flexores
do
cotovelo
terão
participação apenas no controle do movimento,
trabalhando excentricamente durante a extensão
dos cotovelos. O exercício pode ser realizado de
frente ou de costas para a cadeira, sendo que a
atividade muscular é a mesma em ambos os
exercícios. A única diferença é que de trás para
cadeira a alavanca do movimento será maior.
BRAÇO NA BARRA DA TORRE
UNILATERAL
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Trapézio ou Wall com 2 molas
curtas e grossas, em cima,
sustentando a barra da torre.
OBJETIVOS:
Estabilização de cintura escapular;
Mobilização
de
membros
superiores;
Ênfase no fortalecimento de
trapézio inferior.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo posiciona-se sentado de
lado para a barra da torre com as pernas
pendentes para fora do aparelho ou dobradas. O
braço sustenta a barra com encaixe das
escápulas e cotovelos na diagonal, obedecendo
ao alinhamento ósseo, mão na frente do
cotovelo e cotovelo na frente do ombro. O
antebraço está na posição intermediária entre a
pronação e a supinação. O exercício é iniciado
durante
a
expiração,
acionando
os
estabilizadores da cintura escapular (“asinha”),
flexionando e estendendo o ombro e cotovelo
sem elevar os ombros. É solicitada a atenção no
alongamento axial e na contração dos
abdominais profundos (“sorriso”) durante a
realização do movimento.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A
posição
inicial
é
de
aproximadamente 140° graus de flexão de
ombro associado a uma leve abdução
horizontal. Os cotovelos são flexionados à
aproximadamente 60° a 70° graus para manter o
encaixe escapular, antes mesmo de iniciar o
movimento. A execução do exercício acontece
tracionando a barra para baixo através da
contração isotônica dos músculos flexores do
braço, peitoral maior, deltóide anterior, a cabeça
longa do bíceps e coracobraquial. As fibras
médias do deltóide trabalham estaticamente
devido à posição de leve abdução do ombro
contra a resistência. Juntamente com a flexão do
braço, ocorre também uma flexão do cotovelo
propiciada principalmente pela ação do
braquiorradial que é mais significativa quando o
antebraço está a meio do caminho entre a
pronação e a supinação (palastanga, p. 85), não
isolando, porém, a ação do bíceps e braquial
importantes flexores da articulação do cotovelo.
Todos os músculos flexores do braço e cotovelo
trabalham excentricamente no retorno do
movimento, controlando-o.
Os músculos estabilizadores da cintura
escapular, trapézio inferior, rombóides e serrátil
anterior trabalham estaticamente impedindo que
a escápula aduza e eleve durante o exercício.
O grau da ADM do exercício
dependerá da FM de cada aluno. O importante é
estar dissociando o membro superior na
flexão/extensão sem desestabilizar a escápula.
18
juntamente com os músculos deltóide anterior e
coracobraquial.
Deve-se manter atento ao controle do
power house (“sorriso e beijinho”) para
proteção da coluna devido à realização da
extensão que lhe é imposta, e para estabilização
dos punhos que é feita isometricamente pelos
músculos desta articulação.
REVISÃO ANATÔMICA DO MEMBRO
INFERIOR
FLYNG EAGLE – VOÔ DA ÁGUIA
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Trapézio, Wall ou no chão com 2 molas finas
leves ou 2 molas longas para os alunos mais
condicionados.
OBJETIVOS:
Fortalecimento de trícpes, grande
dorsal e romboídes;
Mobilização
de
coluna
e
fortalecimento dos paravertebrais;
Controle do “power house”.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O aluno posiciona-se em decúbito
ventral de frente para as molas entrelaçando as 2
alças de coxas, presas nas molas, nas mãos.
Começa o exercício com os braços alongados à
frente formando um “V” e leve extensão de
coluna. Vai puxando as molas para os lados e
para trás, mantendo o encaixe das escápulas e
estendendo um pouco mais a coluna. Retorna
controlando o movimento e mantendo a
extensão da coluna até os ombros
desencaixarem. Acionar o centro de força e
estabilizadores do quadril (“beijinho”), evitando
que as pernas elevem.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
O movimento se inicia com uma
contração isotônica de trapézio médio e inferior
para rebaixamento das escápulas e do grande
dorsal para estabilização de tronco, já que é
realizada uma pequena extensão da coluna.
Posteriormente, essa musculatura agirá de forma
isométrica durante o exercício para manutenção
da postura até que se retorne a posição inicial.
Os braços realizam uma abdução horizontal a
partir de uma flexão de 90° graus pelo trabalho
concêntrico do supraespinhoso e deltóide
médio. Associa-se a este movimento uma leve
extensão com adução pela ação de grupos
musculares que agem de forma isotônica,
complementando a amplitude de movimento do
exercício (deltóide posterior e cabeça longa do
bíceps na extensão, peitoral maior e redondo
maior na adução). Ao retornar os braços para a
posição inicial, todos estes músculos atuam de
forma excêntrica, freiando o movimento,
QUADRIL
O quadril é uma articulação sinovial do tipo
esferóide, por tanto, capaz de realizar
movimentos em todos os planos. A cabeça do
fêmur é dois terços de uma esfera, e o acetábulo
é um hemisfério com três chanfraduras unidas
em um ponto por ligamentos. Um labrum
fibrocartilaginoso triangular rodeia o bordo do
acetábulo e envolve substancialmente a cabeça
do fêmur aumentando a coaptação e estabilidade
articular. Na posição quadrúpede, onde os
quadris estão fletidos, ligeiramente abduzidos e
rodados externamente, as superfícies da cabeça
do fêmur são completamente cobertas pelo
acetábulo. A cápsula articular é uma estrutura
forte fixada no rebordo externo do acetábulo,
revestindo o colo do fêmur como um tubo, e
com fixações distais ao longo da linha
trocanteriana anteriormente e imediatamente
acima da crista trocanteriana posteriormente.
figura 1: articulação do quadril
vista anterior
fonte: Gray
19
figura 2: abdutores de quadril e flexores de
joelho. Vista posterior. Fonte Gray
Figura 4: adutores do quadril. Vista anterior.
Fonte: Gray
JOELHO
figura 3: flexores de quadril e extensores de
joelho. Vista anterior. Fonte: Gray
O joelho é uma articulação complexa com três
ossos: fêmur, tíbia e patela. Possui dois graus de
liberdade de movimento: flexão-extensão e
rotação axial, três superfícies que se articulam:
articulação tibiofemural medial, tibiofemural
lateral e patelofemural, as quais estão limitadas
por uma cápsula articular comum fixada
imediatamente acima dos côndilos femorais e
abaixo dos côndilos tibiais. Retináculos e
ligamentos reforçam e tornam-se partes
integrantes da cápsula. O tendão proximal do
músculo poplíteo perfura a cápsula para fixar-se
no côndilo femoral lateral. O músculo
semimembranoso forma parte do ligamento
poplíteo obliquo e emite fibras para o ligamento
colateral medial bem como para sua grande
fixação óssea. Estes são alguns exemplos das
complexas conexões passivas entre os meniscos,
ligamentos, retináculos, ossos, músculos e
cápsula.
Articulação Patelofemoral: a patela é um osso
sesamóide assentado dentro da cápsula para
articular-se com a superfície anterior e distal em
forma de sela dos côndilos femorais (superfícies
trocleares). A superfície articular da patela
possui uma crista vertical e proeminente
dividindo as facetas articulares em medial e
lateral. As funções da patela são: aumentar o
torque do músculo quadríceps aumentando o
braço de força da alavanca; oferecer proteção
20
óssea às superfícies articulares distais quando o
joelho é fletido; diminuir pressão e distribuir
forças sobre o fêmur; prevenir forças de
compressão lesivas para flexão de joelhos
contra resistência.
Temos ainda os meniscos que são
fibrocartilagens que servem para aumentar a
congruência, absorver e distribuir os impactos
das articulações tibiofemorais.
TORNOZELO E PÉ
Articulação Talocrural
É uma articulação em dobradiça com um grau
de liberdade de movimento(flexo-extensão). A
tróclea do talo possui uma superfície superior
para sustentação do peso que se articula com a
extremidade distal da tíbia e possui superfícies
medial e lateral que se articulam com o maléolo
medial da tíbia e o maléolo lateral da fíbula. A
tíbia e a fíbula são unidas pelos ligamentos
talofibulares anterior e inferior. Assim os
maléolos formam um encaixe forte para a
tróclea do talo em forma de cunha.
Figura 5: flexores dorsais e extensores dos
dedos. Vista anterior
Fonte: Gray
Articulação Tibiofibulares:
A tíbia e a fíbula são firmemente conectadas nas
articulações tibiofibulares superior e inferior
pela membrana interóssea que é classificada
como sindesmose. Os movimentos nestas
articulações são de poucos graus, mas essenciais
para os movimentos normais de dorsiflexão e
flexão plantar.
Os ossos do pé são classificados em
três segmentos: o retropé (talo e calcâneo), o
mediopé (navicular, cuboide e os três
cuneiformes) e o antepé (metatarsianos e
falanges). Estes ossos associados formam três
arcos: arco longitudinal medial, lateral e
transverso.
PLIÉ UNILATERAL NAS CORDINHAS
(REFORMER)
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
A partir de uma flexão de quadril de 50 graus,
sustentada isometricamente pelos extensores do
quadril durante todo o movimento, faz-se
abdução bilateral do quadril. Uma perna associa
esta abdução a uma flexão de joelho gradativa e
21
sincronizada com a outra perna, permitindo o
equilíbrio de tensão entre as cordas. Durante a
evolução do exercício, os adutores trabalham
excentricamente durante a abdução já que os
membros estão sob a tensão das molas, evitando
um exagero da amplitude do movimento.
Na volta, solicita-se força concêntrica dos
adutores para atingir a posição inicial e extensão
do joelho com concentricidade do quadríceps.
Pelo constante estado de rotação externa de
quadril durante o exercício, os vastos mediais
encontram-se em maior tensão que os laterais.
Foi observado que esta variação de MMII nas
cordas, é a de menor solicitação de ísquiostibiais.
ARCO DE ISQUIOS TIBIAIS
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Paralelo: A partir da posição inicial, tem-se uma
ação mais efetiva de ísquios tibiais sobre o
quadríceps. Com o evoluir do exercício, ocorre
uma inversão na predominância da ação
muscular justificada pela necessidade de vencer
a força da gravidade, e dar manutenção a
extensão de joelho. Existe também a ação da
musculatura responsável pela flexão plantar,
evitando a perda de contato dos pés nas alças.
Na volta do movimento à posição inicial,
observa-se uma regressão respeitando todas as
fases já descritas, mas agora numa ordem
inversa.
Em rotação externa: Nesta posição, percebe-se
um aumento na solicitação do quadríceps já a
partir da posição inicial, pois se tem uma maior
instabilidade no que diz respeito à flexão de
joelhos. Durante o movimento, a ação do glúteo
máximo aumenta enquanto aumentar a
resistência para extensão de quadril. Quanto ao
desenvolvimento do exercício para os outros
músculos (quadríceps e ísquios-tibiais), segue a
mesma descrição.
Círculos: Para este movimento associamos as
ações supracitadas a uma ação de abdutores
(apenas a contração necessária para direcionar o
movimento) e adutores, alternado-se a
predominância de ação e sincronizando com o
movimento de extensão e flexão de quadril, para
permitir a formação da imagem do exercício.
SÉRIE DE PLIÉS / PÉS NA BARRA
(REFORMER)
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Reformer com no mínimo 2 molas
pesadas, podendo aumentar o peso
para pessoas em boa forma.
Obs.: Quanto mais molas, maior a pressão nos
ombros, tornando o exercício pouco
ergonômico.
Barra baixa
OBJETIVOS:
Estabilização da cintura pélvica
com dissociação do quadril
Mobilização de MMII
Fortalecimento de MMII
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Posição inicial: decúbito dorsal e
tríplice flexão de membros inferiores, com o
apoio na barra passível de variação entre
metatarsos e calcanhar, respeitando as
curvaturas fisiológicas da coluna e com braços
estendidos ao longo do corpo e apoiados na
cama.
Os pés podem ser colocados em
paralelo ou rotação externa juntos ou separados.
A execução do exercício dar-se-á com o
empurrar do carrinho até o limite de extensão
ativa do quadril e joelho, voltando-se então a
posição inicial.É importante atentar-se ao
alinhamento dos maléolos. Em paralelo
separado, o segundo metatarso deve estar
alinhado com a patela e com a crista ilíaca. Em
rotação externa, o ângulo de abertura dos pés
22
acompanha o ângulo de rotação do quadril,
estabelecendo uma relação de alinhamento dos
joelhos com os ombros (em posição inicial “in
box”).
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Neste exercício, por termos a
associação da extensão de quadril e joelho,
consegue-se uma ação simultânea da
musculatura extensora e flexora de quadril e
joelho, antagonistas, porém com focos
diferentes por não estarem atuando na mesma
articulação.
Partindo da posição inicial para a
extensão, estão agindo o quadríceps na extensão
dos joelhos, os ísquios tibiais na extensão do
quadril, o tríceps sural e os flexores plantares
(com o apoio nos metatarsos) e os flexores
dorsais do pé (com o apoio nos calcanhares).
Na volta do carrinho, tem-se uma contração
excêntrica da musculatura agonista da extensão
do quadril e joelho.
Quando o exercício é feito com apoio
no calcanhar, deve-se manter uma flexão dorsal
para evitar que o pé transcenda a barra
bruscamente causando um acidente. Já com o
apoio no metatarso, pode-se associar a flexão
plantar
potencializando
a
ação
dos
gastrocnêmios. Quando em flexão dorsal,
associa-se esta ação ao alongamento(no final do
movimento).
Variações cinesiológicas ligadas a posição:
Pés paralelos e juntos: há um
predomínio do vasto lateral sobre o
medial.
Pés paralelos e separados: é a mais
estável e ergonômica, diminuindo o gasto
energético.
Pés em rotação externa juntos: o
vasto medial perde gradativamente a
tonicidade quão maior for a extensão.
Tem-se ainda uma ativação de adutores
para manter a posição estável, sem
exacerbar esta rotação.
Pés em rotação externa separados:
permite uma maior amplitude de
movimento da coxofemoral, devido ao
ângulo de partida da articulação talocrural no exercício ser maior.
SÉRIE DE PLIÉS NO WALL
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
É imprescindível a colocação da
faixa de segurança para a execução
deste exercício.
Duas molas longas e amarelas têm
resistência razoável. São posicionadas
da parte inferior do equipamento para a
barra.
OBJETIVOS
Estabilização da cintura pélvica
com dissociação do quadril
Mobilização de MMII
Fortalecimento de MMII
Alongamento da cadeia posterior
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Em decúbito dorsal, flexão de 60º a 90º
de quadril (quanto maior este ângulo, mais se
exigirá do alongamento posterior), braços ao
longo do corpo, e apoio dos pés na barra
podendo utilizar-se das mesmas variações dos
pliés no reformer.
A partir desta posição, faz-se uma
flexão de quadril e joelhos, este até 90º
facilitando o retorno à posição inicial.
23
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
As variações na posição dos pés levam aos
mesmos efeitos cinesiológicos dos pliés no
reformer, mas deve-se considerar que neste
exercício, o ângulo inicial de flexão de quadril
de 90º confere uma insuficiência passiva do
glúteo máximo (importante extensor do quadril)
durante todo o exercício. Outro ponto relevante
é que esta posição dificulta a chegada do sangue
às extremidades distais inferiores, logo, tem-se
uma fadiga muscular com um menor número de
repetições.
CASTRO ALVES NA CADEIRA
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Duas molas curtas e grossas, com
maior carga quando presas nos ganchos
superiores.
Barras laterais de metal com pegadores
para dar apoio aos MMSS, ajudando a
elevar o corpo (usada por iniciantes).
OBJETIVOS:
Estabilização dinâmica
Fortalecimento de MMII
Equilíbrio e controle motor
Alinhamento das extremidades
inferiores
Dissociação do quadril
Alongamento axial
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
Um pé apoiado próximo ao limite posterior do
assento da cadeira, com flexão de quadril,
joelho e tornozelo e o outro pé com o contato no
metatarso em flexão plantar, apoiado na barra
em extensão de joelho. O ângulo inicial é de
aproximadamente 80 graus de flexão de joelho
na perna da frente. O centro de gravidade,
inicialmente, incide mais posteriormente.
Durante a elevação do corpo o eixo de
gravidade é transferido gradativamente para a
perna da frente, potencializando a ação
muscular dos extensores do joelho, que chega à
atingir um ângulo de aproximadamente 150
graus. Na volta, a barra não chega ao solo,
evitando ângulo de flexão e esforço excessivo
do membro apoiado no assento.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
Quando o eixo de gravidade se desloca
anteriormente, potencializa a ação muscular dos
extensores de quadril e joelho na perna apoiada
no assento, principalmente do músculo
quadríceps. No retorno inverte-se o tipo de
contração no que diz respeito a concentricidade
e excentricidade.
É um exercício onde o treino proprioceptivo é
bastante valorizado para manter o equilíbrio não
do membro inferior apoiado no assento, mas de
todo o corpo, já que o desequilíbrio está contido
no exercício principalmente por n ter o apoio de
mãos. Isso confere um controle de tronco,
cinturas pélvica e escapular protegendo-o da
inversão ou eversão de tornozelo, com ativação
dos músculos podais e arcos da musculatura
intrínseca do pé. Também mantém o equilíbrio
de contração entre os vastos mediais e laterais
do quadríceps, para um melhor deslizamento da
patela na articulação do joelho. O assoalho
pélvico precisa estar bem contraído para
otimizar o movimento do corpo deixando muito
mais harmônico.
SÉRIE DE ADUTORES E ABDUTORES
NA PLATAFORMA
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO:
Barra desmontada para fora com
superfície da cama de apoio livre.
24
Plataforma encaixada na cama e presa pelos
parafusos, com área maior voltada para fora.
Uma mola pesada ou duas médias para
série de abdutores (mola agindo com
resistência para empurrar o carrinho).
Uma mola leve ou nenhuma mola para
série de adutores (pouca assistência
para retornar o carrinho).
OBJETIVOS:
Alongamento axial
Contração dos abdominais profundos e
assoalho pélvico
Fortalecimento de adutores, abdutores
e glúteos.
DESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO:
O indivíduo apóia primeiro os pés na plataforma
(por questões de segurança), em seguida
apoiando o pé no carrinho, colocando o corpo
de lado em relação ao comprimento da cama e
MMII alinhados. Pode ser feito ajoelhado, em
pé com o corpo alongado ou em flexão de
quadril e joelhos e mãos apoiadas na coxa com
tronco alongado. O carrinho desliza e volta com
controle até encostar. O corpo se move
harmonicamente para deslocar o centro de
gravidade durante o exercício.
ANÁLISE CINESIOLÓGICA:
O movimento de abdução do quadril em pé com
corpo alongado ocorre com a ativação de quatro
músculos, são estes: glúteo médio (maior
músculo lateral), glúteo mínimo, tensor da
fáscia lata e as fibras superiores do glúteo
máximo. São músculos relativamente pequenos
que produzirem um grande torque, e mesmo
possuindo uma área de secção transversal muito
menor do que a dos adutores, desfrutam de uma
vantagem de alavancagem nas suas estruturas.
Esta posição inicial privilegia a contração
desses músculos, já que estão em situação
neutra e é em alongamento que tem o máximo
poder de torque. Logo, no evoluir do exercício
(empurrando mais o carrinho), vão perdendo a
força gradativamente já que suas inserções se
aproximam.
São músculos que estabilizam a pelve
lateralmente, os abdutores do quadril contralateral, por isso exige-se uma contração
isométrica máxima bilateral durante todo o
movimento.
No movimento de adução, cinco músculos
contraem-se em grupo, simultaneamente e sem
predominância. São estes: Adutores magno,
longo e curto, grácil e pectíneo, excentricamente
para empurrar o carrinho(quase sem carga ou
sem carga alguma) e concentricamente para
trazê-lo.
Conclusão
O presente estudo aponta a necessidade do
conhecimento sobre a análise anatômica e
cinesiológica dos exercícios de Pilates. Todavia,
pela presença de poucos estudos e mínimas
discussões sobre a técnica de Pilates, este
trabalho de revisão da literatura apresenta-se
com limitações, sendo necessário utilizar-se de
outros materiais que retratem a ação da
musculatura
explanada
nos
exercícios
propostos. A palpação e o toque durante a
execução da técnica foi utilizada para o
enriquecimento do trabalho desejado. O ideal
seria a utilização do biofeedback para analisar
de forma mais precisa e fidedigna a ação
muscular. Porém, devido ao alto custo do
equipamento não foi possível concretizar o
objetivo inicial do estudo, sendo esta a principal
limitação do trabalho.
Novos estudos sobre este assunto devem
ser elaborados no sentido de melhorar e
aperfeiçoar a qualificação dos profissionais
envolvidos nesta técnica tanto de forma
preventiva, reabilitativa e de condicionamento
físico.
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Publicação Informal, Salvado, 2005.
__________ Móludo Intermediário I – apostila do curso
de formação em Pilates do Atelier do Corpo Salvador/BA. Publicação Informal, Salvado, 2005.
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formação em Pilates do Atelier do Corpo - Salvador/BA.
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