Europa-Modernidad y Eurocentrismo segundo E. Dussel

Transcrição

Europa-Modernidad y Eurocentrismo segundo E. Dussel
“EUROPA-MODERNIDAD Y EUROCENTRISMO”
SEGUNDO E. DUSSEL
3 junho-2014-PSPE
S. STELLA ARAÚJO-OLIVERA
24-12-1934 nasceu em
La Paz, Mendoza (Arg.),
morou em Bs. Aires, e
retornou a Mendoza;
Esposo de Johanna, pai
de Enrique S (París) e
Susanne Chr (Maguncia),
2 netos.
Desde 1975 está exilado no
México (adotou a nacionalidade
mexicana, 2000).
Prof . Emérito da UAM e UNAM, Mx.
ETHOS DO AUTOR
2013- Reitor da UACM

FORMAÇÃO ACADÊMICA
Licenciado em Filosofia (Universidad Nacional
de Cuyo, Mendoza, Argentina),
 licenciado em Teologia em Paris y Münster
 Doutor em Filosofia pela Universidad
Complutense de Madrid,
 Doutor em Historia pela Sorbonne de Paris,
 Co-fundador do movimento “Filosofía de la
Liberación”


Recebeu doutorados Honoris Causa:
-em Freiburg (Suiza, 1981),
-na Universidad de San Andrés (La Paz, Bolivia,
1995)
-na Universidad de Buenos Aires (Argentina);

Recebeu o "Premio Libertador al Pensamiento
Crítico“ (Venezuela, 2010).

Investigador Nacional Emérito do SNI-2013
O jovem Dussel
 1943- militante da JAC, fundador Democracia
Cristã, luta no Movimento estudantil, integra o
grupo de terciários franciscanos;
 1953-57 estuda Filosofia, se gradua em Cuyo, Arg.;
 1954
é preso;
 1957-59 Viaja a Europa, defende o Doutorado em
Filosofia na Complutense de Madrid;
 1959-66 Viaja a Cercano Oriente- Israel, (trabalha
como marceneiro e pescador) vive em diferentes
cidades europeias;
 1961- estuda teologia e historia na Sorbona;
 1963 obteve uma bolsa para estudar em Maguncia
 1964 organiza com estudantes latino-americanos que
moravam na Europa, a SEMANA
LATINOAMERICANA;
 1965 - publica “Iberoamérica en la Historia Universal”
en la Revista de Occidente; durante 3 anos em Sevilla
estuda no el Archivo General de Indias;
 1966 como professor de filosofia e historia da cultura,
em Resistencia (Chaco, Arg.) escreve Hipótesis para
el estudio de Latinoamérica en la Historia Universal
(inédito), obra que adota uma visão hermenêutica de
Amerindia
 1967 –se doutora em Historia, realizou “un
proyecto de historia empírica de latinoamérica…”
 1967 retorna a Argentina, cursos na cátedra de
ética da U. Nacional de Cuyo, e em muitas
universidades latino-americanas;
 1968 publica “El dualismo en la antropología de la
cristiandad”; analisando a “colisão” de civilizações,
culturas, visões de mundo;
 1970- realiza significativas contribuições ao
pensamento religioso latino-americano,
particularmente na Teologia da libertação
 1973- Sofre atentado de bomba,

1974 publica América
latina: dependencia y
liberación,
 1975 se exilia no México;
 1976 Diálogo
intercontinental Sur-Sur
(Tanzânia)
 1977 publica Para una
ética de la liberación
latinoamericana; Filosofía
de la Liberación
INFLUENCIASepistemologicas
 Personalismo
fenomenológico
 Teoria da dependência
 Lévinas
“Todo esto me permitió
cambiar mi horizonte
categorial. Una
transformación difícil, dura,
exigente”
Anthropos, 1998, p 18
El último Dussel
 1989- começa o debate
com Apel e Habermas
 1998 Publica Ética de la
liberación en la época
de la globalización;
 2001 Publica Hacia una
Filosofía Política
Crítica;
 2005 -2010-Com E.
Mendieta e C.
Bohórquez coordena
EL PENSAMIENNTO
FILOSÓFICO
LATINOAMERICANO,
DEL CARIBE Y
“LATINO”, 1300-2000,
primeira enciclopédia
que reúne uma centena
de intelectuais
documentando o
quefazer filosófico do
continente desde 1300
hasta 2000;
 2007 Publica
Materiales para una
Política de la
Liberación;
 2007 Publica o 1º de 3
tomos sobre Política
de la liberación
 2009 Publica o 1º de 3
tomos sobre Política de la
liberación II
 2014 16 Tesis de economía
política: interpretación
filosófica
Saiba mais....
 Dussel: Autopercepción intelectual de um proceso
histórico, in: ANTHROPOS, 1998, pp.13-36
 Historia de vida: filósofo mendocino con
trayectoria internacional in:
http://bdigital.uncu.edu.ar/fichas.php?idobjeto=
736
 http://www.crefal.edu.mx/biblioteca_digital/CEDEAL
/acervo_digital/coleccion_crefal/no_seriados/enrique
_dussel/presentacion.html
 http://www.enriquedussel.com/

Dussel (2005, p 1): “Con mi viaje a Europa –en mi
caso en 1957, cruzando el Atlántico en barco-, nos
descubríamos ‘latinoamericanos’ o no ya
‘europeos’, desde que desembarcamos en Lisboa
o Barcelona. Las diferencias saltaban a la vista y
eran inocultables. Por ello, el problema cultural se
me presentó como obsesivo, humana, filosófica y
existencialmente: ‘¿Quiénes somos
culturalmente? ¿Cuál es nuestra identidad
histórica?’. No era una pregunta sobre la
posibilidad de describir objetivamente dicha
‘identidad’; era algo anterior. Era saber quién es
uno mismo como angustia existencial”.
MITO

Palavra de origem grego (μυθος) que nomeia
um tipo de narrativa de caráter simbólicoimagético relacionada a uma cultura, que
procura explicar e demonstrar, a origem das
coisas (do mundo; dos seres humanos; dos
animais; das doenças; dos objetos; das
práticas de caça, pesca, medicina -entre
outros-; do amor; das relações,
MODERNIDADE






COM O TERMO Modernidade denominamos:
Um período histórico de uma civilização, onde a razão é
crivo e filtro indispensável a todo entendimento;
Um conjunto de fenômenos sociais, culturais, político e
económicos
O resultado de uma série de eventos marcantes no
mundo ocidental e na sua área de influência.
Sendo assim, podemos dizer que é UM PROJETO, ou
seja, um estilo ou costume de vida ou organização
social= uma VISÃO DE MUNDO.
Como mostram Fiori, Petronilha G. e Silva, Dussel e
Freire, tem projetos que são capazes de pôr o ser
humano como mediação de outros seres humanos. São
meios e não fim em si próprio, são vistos como meios
(ponte) para um fim (funcional ao sistema)
EUROCENTRISMO
Eurocentrismo é uma doutrina que toma a cultura
europeia como paradigma, modelo histórico, e por
isso uma referência mundial para todas as
nações,= Europa e seus elementos culturais são o
padrão de civilização.
 Um exemplo : a divisão da Terra em hemisfério
ocidental e hemisfério oriental a partir do
Meridiano localizado em município na periferia de
Londres chamado de Greenwich.


O EUROCENTRISMO TAMBÉM FAZ PARTE DA
FORMA DE PENSAR (segundo FREIRE,
introjetado no dominado pelo discurso e a
prática do dominador) constitui o imaginário
social, modela uma ideologia e a naturaliza, e
por isso ele se instaura como pensamento
único e hegemónico, permeando nossa cultura,
nossa maneira de pensar e agir, de organizar
afetiva, economia, politica e
administrativamente a sociedade em todas as
suas dimensões (o público e o privado).
EUROPA-MODERNIDADE EUROCENTRISMO
IN: HACIA UMA FILOSOFÍA POLÍTICA CRÍTICA, BILBAO, Desclée DE Bouwer, 2001
1ª versão deste art. é de 1994 (2001; 2005)
 1ª parte do art. Dussel expõe a urdume
histórica para descontruir a pretendida ideia de
centralidade de Europa na história (paradigma
eurocêntrico fundado em Hegel)
“a diacronia unilinear Grécia-Roma-Europa é um
invento ideológico de fins do século XVIII romântico
alemão; é então uma manipulação conceitual
posterior do ‘modelo ariano’, racista”. (p 346/1)



Dussel, (2005, p1):
“…visión sustancialista de las culturas, sin fisuras,
cronológica del Este hacia el Oeste como lo exigía la
visión hegeliana de la historia universal”.
“Esta visão é duplamente falsa [..] faticamente não há
uma história mundial (mas histórias justapostas...) [...]
o lugar geopolítico impede-o de ser o ‘centro’ (p 349/3)
2ª parte do art. Conceitos de modernidade:
 “O primeiro deles é eurocêntrico, provinciano,
regional. A modernidade é uma emancipação,
uma ‘saída’ [Kant] da imaturidade por um esforço da
razão como processo crítico, que proporciona à
humanidade um novo desenvolvimento do ser
humano. Este processo ocorreria na Europa,
essencialmente no século XVIII. O tempo e o
espaço deste fenômeno são descritos por Hegel e
comentados por Habermas (1988: 27) em sua
conhecida obra sobre o tema –e são
unanimemente aceitos por toda a tradição
européia atual” (p350/4)


“Propomos uma segunda visão da “Modernidade”,
num sentido mundial, e consistiria em definir como
determinação fundamental do mundo moderno o
fato de ser (seus Estados, exércitos, economia,
filosofia, etc.) ‘centro’ da História Mundial. Ou seja,
empiricamente nunca houve História Mundial até
1492 (como data de início da operação do
‘Sistema-mundo’). Antes dessa data, os impérios
ou sistemas culturais coexistiam entre si. Apenas
com a expansão portuguesa desde o século XV,
que atinge o extremo oriente no século XVI, e com
o descobrimento da América hispânica, todo o
planeta se torna o ‘lugar’ de ‘uma só’ História
Mundial (Magalhães-Elcano realiza a
circunavegação da Terra em 1521)”.(p351/4)

“O Atlântico suplanta o Mediterrâneo. Para nós,
a ‘centralidade’ da Europa Latina na História
Mundial é o determinante fundamental da
Modernidade. Os demais determinantes vão
correndo em torno dele (a subjetividade
constituinte, a propriedade privada, a liberdade
contratual, etc.) são o resultado de um século e
meio de ‘Modernidade’: são efeito, e não ponto
de partida” (p 351/4
“A segunda etapa da “Modernidade”, a da
Revolução Industrial do século XVIII e da
Ilustração, aprofundam e ampliam o horizonte
cujo início está no século XV. A Inglaterra substitui
a Espanha como potência hegemônica até 1945,
e tem o comando da Europa Moderna e da
História Mundial (em especial desde o surgimento
do Imperialismo, por volta de 1870).
 Esta Europa Moderna, desde 1492, ‘centro’ da
História Mundial, constitui, pela primeira vez na
história, a todas as outras culturas como sua
‘periferia”. (p 351-52/4)

EUROPA CONSTITUI-SE A SI PRÓPRIA
COMO O "CENTRO" DO MUNDO

“A história universal vai do Oriente ao Ocidente. Europa
é absolutamente o fim da história universal [...] A
história universal é a disciplina da indómita vontade
natural dirigida à
universalidade e à liberdade
subjetiva" (Hegel, Filosofía de la historia universal).

“Trata-se –segundo Dussel- do ‘eurocentrismo’ -e seu
componente concomitante: a ‘falacia desarrollista’-
PREMISAS do PRO-JETO da
EUROPÉIA
 “A Ilustração (Aujklärung) é
mesma da humanidade de
imaturidade
culpável
Unmündigkeit)


MODERNIDADE
a saída por si
um estado de
(verschuldeten
[...] A preguiça e a cobardice são as causas
pelas que grande parte da humanidade
permanece gostosamente nesse estado de
imaturidade"
Kant (1784) Beántwortung der Frage: Was ist Aujklärung?
DIMENSÃO POLÍTICA
RELAÇÕES DE PODER INTER-NACIONAIS
PERIFERIA
60% população, consume 5.8%
bens
Europa
EEUU
CENTRO
20% humanidade
consume 82% bens
Elaborado pela autora , a partir de Dussel, 1995, p.146; 2001, p. 345- Araújo-Olivera,
2014. in: OLIVEIRA E AT, 2014

“A América Latina entra na Modernidade (muito
antes que a América do Norte) como a ‘outra face’,
dominada, explorada, encoberta”(p 354/6).

O mundo hegemônico põe-se a si mesmo como
totalidade de sentido e exerce domínio sobre os
outros “mundos”.

“O mesmo” elege-se a si mesmo como absoluto,
possui todos os meios (legalizados pela filosofia,
Kant, por ex.) para submeter o diferente, “o outro”.

3ª parte do art.: irracionalidade da modernidade:

“O ‘eurocentrismo’ da Modernidade é exatamente
a confusão entre a universalidade abstrata com a
mundialidade concreta10 hegemonizada pela
Europa como ‘centro’ [...] A Europa moderna,
desde 1492, usará a conquista da América Latina
(já que a América do Norte só entra no jogo no
século XVII) como trampolim para tirar uma
“vantagem comparativa” determinante com
relação a suas antigas culturas antagônicas
(turco-muçulmana, etc.). Sua superioridade será,
em grande medida, fruto da acumulação de
riqueza, conhecimentos, experiência, etc., que
acumulará desde a conquista da América Latina”.
(353-54/5

“O mito poderia ser assim descrito:
1. A civilização moderna autodescreve-se como
mais desenvolvida e superior (o que significa
sustentar inconscientemente uma posição
eurocêntrica).
 2. A superioridade obriga a desenvolver os mais
primitivos, bárbaros, rudes, como exigência moral.
 3. O caminho de tal processo educativo de
desenvolvimento deve ser aquele seguido pela
Europa (é, de fato, um desenvolvimento unilinear e
à européia o que determina, novamente de modo
inconsciente, a “falácia desenvolvimentista”).



4. Como o bárbaro se opõe ao processo civilizador, a
práxis moderna deve exercer em último caso a
violência, se necessário for, para destruir os
obstáculos dessa modernização (a guerra justa
colonial).
5. Esta dominação produz vítimas (de muitas e
variadas maneiras), violência que é interpretada como
um ato inevitável, e com o sentido quase-ritual de
sacrifício; o herói civilizador reveste a suas próprias
vítimas da condição de serem holocaustos de um
sacrifício salvador (o índio colonizado, o escravo
africano, a mulher, a destruição ecológica, etcetera).
6. Para o moderno, o bárbaro tem uma ‘culpa’ (por
opor-se ao processo civilizador) que permite à
‘Modernidade’ apresentar-se não apenas como
inocente mas como ‘emancipadora’ dessa ‘culpa’
de suas próprias vítimas.
 7. Por último, e pelo caráter ‘civilizatório’ da
‘Modernidade’, interpretam-se como inevitáveis os
sofrimentos ou sacrifícios (os custos) da
‘modernização’ dos outros povos ‘atrasados’
(imaturos)17, das outras raças escravizáveis, do
outro sexo por ser frágil, etcetera.


“Aos 500 anos do começo da Europa Moderna,
lemos no Relatório sobre o Desenvolvimento
Humano 1992 (UNDP, 1992: 35) das Nações
Unidas que os 20% mais ricos da Humanidade
(principalmente a Europa Ocidental, os Estados
Unidos e o Japão) consome 82% dos bens da
Terra, enquanto os 60% mais pobres (a ‘periferia’
histórica do ‘Sistema-Mundial’) consome 5,8%
desses bens. Uma concentração jamais
observada na história da humanidade! Uma
injustiça estrutural nunca imaginada em escala
mundial! E não é ela fruto da Modernidade ou do
Sistema mundial que a Europa ocidental criou?”
(358/8)

“Propomos, então, dois paradigmas contraditórios:
o da mera ‘Modernidade’ eurocêntrica, e o da
Modernidade subsumida de um horizonte
mundial, no qual cumpriu uma função ambígua
(de um lado como emancipação; e, de outro, como
mítica cultura da violência). A realização do
segundo paradigma é um processo de ‘TransModernidade’. Só o segundo paradigma inclui a
‘Modernidade/Alteridade’ mundial. Na obra de
Tzvetan Todorov, Nós e os outros (1991), o ‘nós’
corresponde aos europeus, e ‘os outros’ somos
nós, os povos do mundo periférico. A Modernidade
definiu-se como ‘emancipação’ no que diz respeito
ao ‘nós’, mas não percebeu seu caráter míticosacrificial com relação aos ‘outros”. (p 357/7)
Identificar as manifestações do efeitos da modernidade-eurocentrismo
em algumas destas dimensões
moradia
Sistema
prisional
prisional
comunicação
Sistema
escolar
Totalidade
Vigente
Sec. XXI
economia
lazer
saúde
Mercado de
trabalho
Campo
das artesmusical
Relações
interpessoais
raça
gênero
idade
Criançajovens
Adultosidosos
EUROCENTRISMO NA
CARTOGRAFIA
Dietrich, H. et al. El fin del capitalismo
global, Mx: Océano, 2000
DESCOLONIZAR A CARTOGRAFIA
Edgardo Lander (org)A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Colección Sur
Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005
EFEITOS DO EUROCENTRISMO
DIMENSÕES DA COLONIALIDADE
EPISTEMICA
ECONOMICA
Apropriação de terras,
exploração dos
recursos naturais, da
força de trabalho,
POLITICA
CONTROLE DO PODERAUTORIDADE
Do governo, do militar,
das instituições
CONTROLE DO
SABER
(conhecimento)
CONTROLE DO SER
Subjetividade: gênero,
raça, sexualidade, etc
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA









Dussel, Europa, modernidad y eurocentrismo, in DUSSEL.
Hacia una filosofía política crítica, 2001
Dussel. Transmodernidad e interculturalidad: (Interpretación
desde la Filosofía de la Liberación) 2005
Dussel. 1492 El encubrimiento del otro.1994
Dussel. Meditações anticartesianas sobre a origem do
antidiscurso filosófico da modernidade. In: Sousa Santos e
Meneses. Epistemologias do Sul, 2010
Dietrich. et al. El fin del capitalismo global, Mx: Océano, 2000
Hegel, Filosofía de la historia universal).
Kant. Beántwortung der Frage: Was ist Aujklärung? 1784
Lander (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e
ciências sociais. 2005
Quino. Toda Mafalda. s/d.