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Universidade de Rio Verde DESIGN EDITORIAL EASOCIAL LINGUAGEM JORNALÍSTICA DO JORNADESIGUALDADE E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O LISMO IMPRESSO PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ Eliane Gouveia de Morais Sanchez 1 Miriã Silva Santos Barros 2 Hugo Machado Sanchez 3 Resumo Abstract O Karatê é um esporte que apresenta grandes desafios em sua execução, movimentos coordenados e bruscos. O objetivo do presente estudo foi correlacionar as retrações das cadeias musculares, anterior e posterior, com as lesões causadas pelo karatê. A amostragem foi composta de 29 voluntários (16 mulheres e 13 homens), praticantes de Karatê na faixa etária compreendida entre 14 a 30 anos. Utilizou-se manobras para detectar o encurtamento da cadeia anterior e posterior e para detectar as mudanças nos posicionamentos angulares, empregou-se o goniômetro e a fita métrica. Através da análise estatística, verificou-se que o grupo com lesão apresentou menor mobilidade de quadril com maior retração na cadeia anterior, além disso, ao analisar de ambos os grupos foi detectado que eles apresentaram compensações musculares semelhantes em ambas as analises, ou seja, o corpo humano atua distribuindo as tensões musculares entre os segmentos corporais. A partir dos dados verifica-se que os praticantes apresentam desequilíbrios musculares, havendo associação da retração da cadeia posterior e anterior com as lesões nos praticantes de Karatê. Karate is a sport that presents great challenges in its implementation, coordinated and sudden movements. The aim of this study was to correlate the retractions of muscle, anterior and posterior chains, with injuries caused by karate. The sample consisted of 29 volunteers (16women and 13 men), practicing karate at the age between 14-30 years. Maneuvers was used to detect the shortening of the anterior and posterior chain and to detect changes in angular positions, we used the goniometer and tape measure. By statistical analysis it was found that the group with lesion had lower mobility with greater hip retraction in the previous chain, in addition, to analyze both groups was found that they had similar muscle compensation in both analyzes, that is, the human body operates by distributing the muscle tensions between the body segments. The data it appears that practitioners have muscle imbalances, no association of the retraction of the posterior and anterior chain with injuries in karate practitioners. Palavras-chave: karatê, músculo, lesão, cadeias musculares. 1 2 3 Keywords: karate, muscle, injury, muscle chains Mestre em Educação (Ênfase a docência superior) pela UFU. Contato: [email protected] Fisioterapeuta. Contato: [email protected] Mestre em Fisioterapia pelo UNITRI, professor na Universidade de Rio Verde – UniRV. Contato: [email protected] 68 REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ INTRODUÇÃO O Karatê tem suas raízes ligadas à Índia e chegou ao Japão na década de 1920 levado por Ginchin Funakoshi que ficou conhecido como pai do Karatê (FEDERAÇÃO PAULISTA DE KARATÊ-DO TRADICIONAL, 2014). Esta prática se difundiu pelo mundo a partir da segunda guerra mundial, a começar pelos Estados Unidos, quando ocupou parte do Japão (NAKAYAMA, 1996). As três modalidades mais comuns e mais praticadas são: o Kihon, que são a repetição de fundamentos, técnica e bases; o Kata, que se define por uma luta imaginária e o Kumite, sendo este o combate em si entre dois adversários (HASSEL, 1983). A base do princípio das cadeias musculares é considerar o sistema muscular de forma integrada a partir da organização dos grupos musculares em cadeias (AGUIAR, 1996). Postura é o estado de equilíbrio dos músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano de traumatismos. Quando há alterações posturais, o organismo se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia, desencadeando desequilíbrios musculares (BRACCIALLI; VILARTA, 2000). O arcabouço muscular do nosso corpo é organizado em cadeias musculares, as quais são divididas em cadeia estática mestra anterior, cadeia inspiratória, cadeia antero-interna do ombro, cadeia superior do ombro, cadeia anterior do braço, cadeia antero-interna do quadril, cadeia mestra estática posterior e cadeia lateral do quadril (MARQUES, 2005). A ação dos músculos que constituem as cadeias musculares é responsável pela manutenção do alinhamento postural, assim para avaliar a postura de forma global, é importante analisar o sistema muscular de forma integrada (DENYS-STRUYF, 1995). Qualquer alteração postural causará a retração de cadeias musculares posturais e vice-versa, e qualquer agressão nestas cadeias causará uma alteração de alinhamento ósseo porque os músculos trabalham em conjunto tanto para sua estática como para sua dinâmica, pois o sistema nervoso central (SNC) não atende o trabalho de um músculo isola- do ou em um único plano, mas sim, de forma tridimensional (SILVA, 2002). A estabilidade corporal, responsável pelo alinhamento do corpo, é diretamente ligada ao controle do SNC, pelo feedback sensorial das estruturas osteoligamentares e pelo controle da musculatura ativa. Logo, qualquer disfunção em um desses fatores vai promover instabilidade, a qual, de alguma forma será compensada pelo corpo e invariavelmente causará um desequilíbrio entre músculos (LIEBENSON; LARDNER, 1999). Desta forma, os músculos que são mais utilizados, seja em tarefas do dia-a-dia, seja por práticas esportivas, tornam-se mais fortes e mais encurtados e, por consequência, ocorrem enfraquecimento e estiramento dos músculos antagonistas (CHRISTENSEN, 2000). Os desequilíbrios ocorrem, basicamente, pelo desalinhamento postural, que por sua vez altera o posicionamento das estruturas ósseas e aproximam origens e inserções (encurtamentos) ou as afastam (alongamentos), promovendo sobrecargas excessivas nas estruturas articulares (cartilagem, ligamentos, meniscos, dentre outros), as quais podem causar lesões agudas ou crônico-degenerativas (KENDALL; KENDALL; WADSMORTH, 1995). A preparação física nos esportes de alto rendimento é cada vez mais enfatizada na atualidade, pois o atleta busca melhorar seu rendimento diariamente e é cobrado por isso constantemente. Existe a preocupação excessiva com o desenvolvimento de força e potência muscular e uma negligência aos exercícios de desenvolvimento da flexibilidade. Isso gera o desenvolvimento de posturas incorretas de treinamento, microtraumas por movimentos repetitivos, encurtamento muscular e fadiga precoce, favorecendo o aparecimento de lesões músculo-tendíneas e o consequente prejuízo na performance do atleta (ARAÚO; SILVA; CARNEVALI JUNIOR; PAULA LIMA, 2009). O desequilíbrio pode ser fator causador ou estar associado a diversos fatores, como: uso inadequado, repetição excessiva, má postura, postura antálgica, patologias articulares, patologias musculares, contraturas ou aderências, déficits neurológicos, desuso ou atrofia, prática indiscriminada de atividades esportivas, dentre outras (STOKES, 2000). REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 69 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre as retrações das cadeias musculares com as lesões na prática do Karatê. MATERIAIS E MÉTODOS Este estudo se trata de uma abordagem descritiva transversal. Participaram do estudo 23 voluntários praticantes de Karatê, com idade entre 14 e 30 anos, frequentadores de uma academia de Karatê, que assinaram (ou os responsáveis, se menores) o termo de consentimento livre e esclarecido após o trabalho ter sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Para participarem do estudo, os voluntários de ambos os sexos, obrigatoriamente teriam que ser praticantes de Karatê (frequência maior que 6 aulas mensais), com idade compreendida entre 14 a 30 anos. Foram excluídos da amostra os voluntários que não se encaixaram na facha etária, praticantes ocasionais de Karatê (frequência menor que 6 aulas mensais), que apresentaram traumas e fraturas não relacionados a prática do Karatê, aqueles que não aceitaram participar do estudo, e por fim aqueles que se negaram a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Inicialmente os voluntários responderam uma ficha de avaliação, na qual constava dados pessoais, tempo de prática do Karatê e questões relativas a presença de dor e lesões musculoesqueléticas. A partir destes dados eles foram elencados em dois grupos, denominados grupo com lesão e grupo sem lesão. Importante salientar que os voluntários foram avaliados com roupas de ginástica. Para avaliar o encurtamento da cadeia anterior o voluntário foi posicionado na posição anatômica, (mantendo os pés juntos e alinhados em vista lateral), com uma retificação da lordose lombar por meio de uma retroversão da pelve, que verticaliza o sacro. Feita a retroversão pélvica, observaram-se compensações geradas por este posicionamento da pelve, ou seja, a flexão realizada pelo joelho, com o eixo do goniômetro no epicôndilo lateral, braço fixo na tíbia e braço móvel no fêmur e a compensação no quadril demonstrada pelo fechamento do ângulo coxo-femoral, a qual foi quantificada com o eixo 70 REVISTA ONLINE UniRV/ do goniômetro no trocânter maior, braço fixo no fêmur e braço móvel acompanhando o movimento do tronco. Segundo Marques (2005), quanto maior foi o grau de flexão maior será o encurtamento desta cadeia. Com uma fita colada na parede, o voluntário permaneceu lateralmente à fita, alinhando o epicôndilo lateral do fêmur a ela e, ao realizar a retroversão do quadril mediu-se com a fita métrica a distância do epicôndilo lateral do joelho até fita demarcada na parede, sendo que quanto maior a distância deste ponto maior o encurtamento desta cadeia. Para avaliar o encurtamento da cadeia posterior o voluntário foi instruído a se inclinar anteriormente, ou seja, realizou uma flexão máxima de quadril, com os pés juntos e joelhos estendidos. A partir desta posição, foi verificado o ângulo coxofemoral por meio da goniometria, estando o braço fixo no fêmur, o eixo na articulação coxofemoral e braço móvel acompanhando o movimento do tronco, visto que este reflete a dificuldade em manter o ângulo coxofemoral fechado (próximo aos 90 graus). Outra analise feita desta cadeia, foi a quantificação da abertura do ângulo tíbio-társico com braço fixo do goniômetro localizado abaixo do maléolo lateral (paralelo ao solo), braço móvel localizado na fíbula e o eixo do goniômetro na articulação tíbio-társico, sendo que quanto maior a abertura deste ângulo maior compensação, demonstrando encurtamento da cadeia posterior. Para a verificação, com a fita métrica, da retração da cadeia posterior, o voluntário se posicionou lateralmente a fita (fixada na parede) alinhada com o trocânter maior, feito isso ele realizou a flexão máxima de quadril e então foi realizada a medida da distancia da fita até ao trocânter maior, sendo que quanto maior a distância que o voluntário apresentou maior será a retração desta cadeia. O teste estatístico utilizado para as comparações entre os grupos com lesão e sem lesão, das cadeias musculares, das horas semanais e do tempo de prática foi o Teste U da Mann Whitney, e na comparação entre os sexos foi utilizado o teste do Qui-quadrado, ambos com valor de significância postulado em 5% (p<0,05). Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ RESULTADOS Foram avaliados 29 voluntários, sendo que 18 compuseram o grupo sem lesão e 11 o grupo com lesão. Inicialmente foi aplicado o teste de Shapiro-wilks, o qual indicou a distribuição não-normal dos dados, feito isto foram feitas analises comparativas entre os grupos utilizando o teste estatístico Teste U da Mann Whitney e Qui-quadrado. A idade media dos grupos foi 17,5±2,96 anos no grupo sem lesão e 15,5±2,7 anos no grupo com lesão; estatisticamente não houve diferença de idade entre os grupos analisados (p = 0,11). O tempo de pratica e o número de horas semanais de treino podem ser fatores desencadeadores das lesões, neste caso o grupo sem lesão apresentou um tempo médio de prática de 4,68±2,97 anos e de 4,36±1,4 horas de treinos semanais, enquanto o grupo com lesão tinha uma média de 5,75±3,83 anos de prática e 4,5±1,64 horas de treino semanais. Em ambas as comparações não houve diferenças estatísticas para os dados analisados (p = 0,17 para anos de prática e p = 0,41 para horas semanais de treino). Na comparação entre os sexos através do teste do Qui-quadrado, não foi verificado diferença (p = 0,99) na ocorrência de lesão entre os sexos, ou seja, ambos os sexos se lesionaram com a mesma frequência. Dos 29 voluntários 5 apresentaram lesões musculares, 3 lesões no joelho e 3 lesões no tornozelo. Dos cinco que apresentaram lesões, 3 apresentaram distensão muscular em quadríceps e 2 apresentaram distensão muscular em isquiostibiais. A tabela 1 apresenta os valores obtidos nas avaliações da retração da cadeia anterior. De acordo com os dados apresentados nesta tabela pode-se verificar que o grupo com lesão apresentou maior retração desta cadeia refletida na mensuração feita por meio de goniometria do ângulo coxofemoral (p = 0,041), ou seja, o grupo que apresentou lesão apresentou-se com maior retração muscular anterior do quadril. Já na comparação com ponto chave no joelho, após a realização da retroversão do quadril verificou-se que não houve diferença estatística entre os grupos (p = 0,25), ou seja, a compensação da retração da cadeia anterior no joelho é igual entre os grupos. Por fim a comparação da retração na cadeia anterior feita por intermédio da medida da distância do côndilo à fita na parede também não apresentou diferença entre os grupos (p = 0,19), ou seja, a retração da cadeia anterior foi maior no grupo com lesão e tal achado pode ser encontrado na compensação pelo quadril. REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 71 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ Na tabela 2 são apresentados os valores obtidos nas avaliações da retração da cadeia posterior. Por meio da observação dos dados apresentados nesta tabela pode-se verificar que não houve diferença estatística entre os grupos nas medidas goniométrica do ângulo tibio-tarsico (p = 0,22) e na medida feita por intermédio com fita métrica da distância do trocânter maior até a demarcação da fita adesiva na parede (p = 0,21), todavia foi encontrada diferença estatística significante na avaliação goniométrica do ângulo coxofemoral (p = 0,04), ou seja, o grupo com lesão apresentou menor flexibilidade na articulação coxofemoral comparado ao grupo com lesão, refletindo desta forma, uma maior retração da cadeia posterior. Na comparação realizada no grupo com lesão feita para detectar diferença entre as cadeias anterior e posterior, pode-se verificar que não houve diferença estatística (p = 0,75), assim a retração é mostrou-se entre as cadeias. Considerando esta analise, pode-se considerar que as compensações são semelhantes em ambas as cadeias, ou seja, o corpo humano atua distribuindo as tensões musculares entre os segmentos corporais. musculares com as lesões no Karatê. Segundo Martins; Coan (2005), o padrão postural encontrado para os atletas do karatê seria: cabeça anteriorizada; elevação do ombro contralateral ao dominante; ombros protusos; convexidades escolióticas que abrangem a coluna dorsal e lombar; retificação da coluna dorsal; hiperlordose lombar; retroversão pélvica; rotação pélvica para o lado não dominante; desequilíbrio frontal pélvico com um dos lados mais elevado; flexibilidade normal dos paravertebrais com ângulo coxo-femoral a 90º quando na flexão total de tronco; ângulo tíbio-társico maior do que 90º devido à retração dos músculos posteriores do membro inferior; joelhos varos, rotados internamente e hiperextendidos e pés planos. Tais alterações posturais caracterizam retrações em músculos tanto da cadeia anterior como da cadeia posterior, conforme verificado no presente estudo. Alves (2005), ao analisar posturas de judocas, DISCUSSÃO A pratica de esportes deve ser sempre estimulada, todavia muitos deles podem ocasionar intercorrências aos praticantes, dentre elas destaca-se as lesões osteomusculares. Tais lesões são mais comuns em modalidades esportivas que geram contato corporal ou que se utilize de gestos corporais que exijam da tríade força-potência-flexibilidade. Dentre as varias modalidades esportivas, o presente estudo analisou a associação das retrações 72 REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ observou que posições adotadas no período de treinamento, movimentos repetitivos e dominância de membros podem repercutir em desequilíbrios estáticos, passíveis de identificação durante a realização da análise postural. Os dados apresentados revelam que a região mais acometida por desvios posturais foram os membros superiores, nos quais foram identificadas 32 alterações encontradas no plano frontal, em vista anterior. Assim como o Judô, o Karatê também é um esporte que apresenta movimentos repetitivos, em que normalmente são realizados movimentos bilaterais, objetivando o treinamento pareado das habilidades dos dois hemicorpos, todavia, apesar do presente estudo não ter tido como meta a análise de alterações posturais (BACK, 2006; BERTOMCELLO; SÁ,; CALAPODÓPOLUS; LEMOS, 2009) foi verificado que os voluntários apresentaram somente lesão nos membros inferiores, dado este que pode sugerir alterações posturais do esqueleto axial e dos membros inferiores. Tal afirmação é compartilhada por Neto Júnior, Pastre e Monteiro (2004), os quais afirmam que a repetição de atividades e movimentos, além do overtraining, provocam um processo de adaptação orgânica que resulta em efeitos deletérios para a coluna gerando também desequilíbrios musculares. Ainda dissertando acerca da influencia do Karatê na postura e consequentemente nas retrações das cadeias, Drzał-Grabiec; Truszczyńska (2014) realizou um estudo no qual comparou a postura de crianças praticantes de Karatê e verificou que as crianças praticantes de Karatê possuíam aumento da cifose torácica (cadeia anterior retraída) e da lordose lombar (retração das cadeias anterior e posterior), além de desnivelamento dos ombros. Tal resultado também vai ao encontro com os achados do presente estudo, visto que ambos encontraram indícios de retração das cadeias anterior e posterior nos praticantes de Karatê. De acordo com Filingeri et al. (2012) e Vando et al. (2013) os praticantes de karatê possuem um melhor controle das propriedades biomecânicas dos membros inferiores através de uma utilização mais frequente da articulação do tornozelo do que os não-atletas para manter a estabilidade necessária durantes os gestos realizados. Signoret; Parolina (2009) relataram após a avaliação postural de capoeiristas que 56,25% apresentaram hiperlordose lombar, 81,25% antiversão de quadril, 100% apresentaram hipercifose e protusão de ombro, antebraços pronados e escápula aladas, o que pode sugerir um encurtamento da cadeia anterior. Os praticantes de Karatê avaliados no presente estudo, além de apresentarem encurtamento da cadeia anterior, também revelaram retração da cadeia posterior. Contudo, é importante relatar que apesar de ambas as modalidades, tanto praticantes de Karatê quanto os capoeiristas, possuírem movimentos amplos, os gestos exigidos para o treino são totalmente diferentes, fato este que influencia na exigência musculoesquelética das modalidades e explica a diferença entre os estudos. Outra pesquisa que comprova o quão comum são alterações posturais em atletas é o de Farina et al. (2011) que encontrou em seu estudo avaliando a marcha atlética, aumento da lordose lombar em 70% dos atletas, anteversão da pelve em 80%, antepulsão da pelve e a cifose torácica, ambos com 90% e por último, a protração dos ombros observada em todos os analisados, indicando assim encurtamento da cadeia anterior. Ao realizar um estudo sobre a incidência das lesões, com a amostra de 142 futebolistas, Gonçalves (2000), verificou que a coxa é o local anatômica mais afetado por lesões musculares. Soares (2007) em seu estudo também constatou que a coxa e o joelho são as regiões onde mais ocorrem lesões. Já Massada (2000) observou que no futebol os isquiotibiais são os músculos que mais sofrem distensões musculares. No presente trabalho todas as lesões encontradas foram em quadríceps e isquiotibiais, sendo que dos cinco dos indivíduos que apresentaram lesões musculares, três apresentaram lesão na musculatura da anterior da coxa e dois apresentaram em isquiotibiais, porém com relação a diferença entre lesão de músculos anterior e posterior não houve diferença estatística porque o numero de voluntários foi muito pequeno para se determinar diferença estatística. A musculatura da coxa, tanto a musculatura an- REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 73 INFLUÊNCIA DAS RETRAÇÕES DAS CADEIAS MUSCULARES NAS LESÕES KARATÊ terior quanto posterior, é composta por músculos grandes e poderosos, os quais são responsáveis pelos movimentos potentes dos membros inferiores, dentre estes movimentos, o chute é comum aos praticantes de futebol e Karatê fato este que explica a semelhança dos resultados obtidos nos de Gonçalves (2000), Soares (2007), Massada (2000) e o presente estudo. Com relação a comparação das retrações musculares das cadeias anterior e posterior entre os sexos, o presente estudo não detectou nenhuma diferença, diferente do estudo de Pinho e Duarte (1995), ao observaram que os escolares do sexo masculino apresentaram maior incidência de retrações posturais do que os escolares do sexo feminino. Tal diferença de resultado é comum ao se analisar populações de diversas regiões, com diferentes idades e hábitos diários. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos pela análise estatística, pode-se concluir que os praticantes de Karatê com histórico de lesão apresentaram retrações tanto na cadeia anterior quanto na cadeia posterior, ambos demonstrados pelas compensações quantificadas nas avaliações. Pode-se concluir também que ambas as cadeias musculares possuíram retrações semelhantes, ou seja, nenhuma cadeia predominava sobre a outra, demonstrando a capacidade de adaptação do sistema musculoesquelético. Por fim pode-se concluir que o sexo, a idade, tempo de prática e horas semanais praticadas não influenciou no aparecimento de lesões. Por se tratar de um estudo descritivo de corte transversal é sugerido estudos longitudinais do tipo coorte com um maior numero de participantes para se determinar como as retrações das cadeias podem influenciar na ocorrência de lesões no decorrer do tempo. BIBLIOGRAFIA AGUIAR, A. P. Agressões posturais e qualidade de vida na construção civil: um estudo multi-casos. 1996. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/Santa Catarina. ALVES, L. S. Análise Postural da Equipe em Atletas de Judô da Equipe UNISUL. Tubarão: Universidade do Sul de Santa Catarina; 2005. ARAÚJO, J.D., SILVA, R.R., CARNEVALI JUNIOR, L.C., PAULA LIMA, W. A influência do fortalecimento e alongamento muscular no desequilíbrio entre músculos flexores e extensores do joelho em atletas de futebol de campo. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 3, n. 4, p. 339-350, 2009. BACK CM, Fisioterapia na escola: avaliação postural. 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