Monografia de Kelly Weire FINAL
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Monografia de Kelly Weire FINAL
1 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO KELLY WEIRES RODRIGUES SOARES AVELINO ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO NO TRÂNSITO NO ESTADO DE ALAGOAS MACEIÓ – AL 2013 2 KELLY WEIRES RODRIGUES SOARES AVELINO ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO NO TRÂNSITO NO ESTADO DE ALAGOAS Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-graduação “Lato sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho MACEIÓ – AL 2013 3 KELLY WEIRES RODRIGUES SOARES AVELINO ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO NO TRÂNSITO NO ESTADO DE ALAGOAS Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-graduação “Lato sensu” em Psicologia do Trânsito. APROVADO EM : ___/___/___ _______________________________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO ORIENTADOR _______________________________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA BANCA EXAMINADORA 4 AGRADECIMENTOS Aos professores e colegas que contribuíram sobremaneira em minha formação na Psicologia do Trânsito. A minha adorável irmã, Laiza Pâmela, que promoveu a minha aproximação com o tema. Ao meu amor, Alessandro Machado, pela constante disposição e suporte na trajetória da especialização. 5 “Os sonhos são rios que fluem ao deságüe; e neste longo caminho, existem ápices e declives, e em determinados momentos: pontos críticos em sua extensão, o curso parece se esgotar. E é nessa hora a qual recebe-se os afluentes! E muitas vezes não percebemos o tão quão próximos eles estão, e o quão podem mudar e enriquecer nossos cursos! Hoje, olho pra mim mesmo e vejo que findei meu percurso. Mas onde está o mar? Não há um mar... Pois no final do meu rio há um outro rio! E assim navego... Sempre a jusante. E para cessar esta mensagem: deixo aqui cunhado em tinta e papel, meu humilde agradecimento a todos os meus afluentes; e que os seus rios jamais alcancem o mar, pois quando chega-se a ele, é porque todos os sonhos terminaram...” (Vagner Oliveira Carvalho) 6 RESUMO Ao se pensar em mobilidade humana, a palavra trânsito traduz o sistema que viabiliza a possibilidade de ir e vir para cada individuo. E é neste espaço que diferentes interesses se comunicam. Na busca pelo atendimento às necessidades pessoais, conflitos de interesses podem surgir. Neste contexto, surgem as infrações de trânsito, representando o rompimento com a lei e ocasionando acidentes. O trabalho em questão, a partir do referencial teórico utilizado, teve como objetivo identificar os comportamentos de risco no trânsito com maior incidência no Trânsito do Estado de Alagoas, a partir das infrações mais cometidas no Estado, no primeiro semestre de 2011. Para tanto, realizou-se pesquisa documental, analisando o “Relatório de Infrações de Trânsito” – Ano 2011, divulgado pelo DETRAN-AL. O Estudo se caracteriza como exploratório-descritivo. Foram identificados os comportamentos de risco com maior incidência no Estado de Alagoas, bem como os comportamentos de risco relacionados aos acidentes de trânsito com e sem vítimas no referido Estado. As dez infrações mais cometidas respondem por 78,55% do total de infrações cometidas no período. Destas 10, 8 evidenciam comportamentos de risco potencialmente predisponentes a acidentes de trânsito, sendo as duas primeiras relacionadas ao excesso de velocidade. O estudo evidencia a necessidade de maior compreensão quanto aos comportamentos de risco no trânsito de Alagoas e a necessidade de estudos aprofundados sobre as especificidades locais para o desenvolvimento de ações coerentes com a realidade alagoana. Palavras-chave: Trânsito, Comportamento, Risco. 7 ABSTRACT The word Traffic translates the system which enables the possibility to come and go for each individual. It is in this space, that different interests communicate. In search for attending personal needs, conflicts of interests may arise. In this context, there are traffic violations, representing a break with the law and causing accidents. This work seeks to identify risk behaviors in traffic with higher incidence in the state of Alagoas, using as reference the traffic violations committed in the state. Therefore, conducted documentary research, analyzing the “Traffic Violations Report”-2011, published by DETRAN-AL. This study is characterized as exploratory-descriptive. The risk behaviors in traffic were identified, such the risk behavior involved in traffic accident with and without victms. The ten traffic violations most committed are responsible for 78,55% of traffic violations. Eight of these, show risk behaviors that predispose traffic accidents. This study shows the need for better understanding about risk behavior in the traffic of Alagoas. Key-words: Traffic, Behavior, Risk. 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Variáveis a serem analisadas.....................................................................21 Tabela 2: 10 Infrações mais cometidas......................................................................32 Tabela 3: 10 Infrações mais cometidas em acidentes de Trânsito com vítimas........35 Tabela 4: 10 Infrações mais cometidas em acidentes de Trânsito sem vítimas........37 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Ilustração de um Comportamento que resulta em excesso de velocidade.17 Figura 2: Mecanismos de Desengajamento Moral.....................................................25 Figura 3: Distribuição de infrações.............................................................................32 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 13 2.1 O Sistema Trânsito ................................................................................... 13 2.2 Comportamento de Risco no Trânsito ................................................... 14 2.2.1 O Condutor ............................................................................................ 19 2.2.2 Psicologia do Trânsito .......................................................................... 19 2.3 A Infração no Trânsito ............................................................................. 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 27 3.1. Ética .......................................................................................................... 27 3.2 Tipo de Pesquisa ...................................................................................... 27 3.2.1 Do ponto de vista da Natureza ............................................................. 27 3.2.2 Do ponto de vista da forma de abordagem do problema .................. 28 3.2.3 Do ponto de vista dos Objetivos .......................................................... 28 3.3. Universo da Pesquisa e Amostra ........................................................... 29 3.4 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................ 29 3.5 Procedimento para Coleta e Análise dos Dados ................................... 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 39 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 40 11 1 INTRODUÇÃO O Trânsito vem passando por extensas modificações ao longo dos anos. Muitas delas marcadas pela regulamentação, aumento considerável da frota de veículos circulantes, condições inadequadas das vias, sinalizações deficientes, desrespeito as normas de circulação dentre outras. O aumento do contingente populacional nas cidades e a facilidade para a aquisição de veículos automotores são alguns dos fatores que geram a aglomeração de veículos no sistema urbano. Esta é uma realidade cada vez mais presente no sistema trânsito brasileiro que acomete desde as pequenas cidades até os grandes centros urbanos. Embora se perceba uma relativa facilidade na locomoção das pessoas, podese verificar a existência de um descompasso entre o aumento da demanda de uso do sistema trânsito e o suporte para atendê-la. Neste contexto, pode-se mencionar a necessidade da educação para o trânsito, ainda incipiente no país, como um fator a ser desenvolvido. Outro fator de grande relevância é o crescente número de acidentes e o impacto gerado no âmbito pessoal, social, econômico entre outros, ressaltando a necessidade de compreensão das variáveis envolvidas. Dentre estas, os comportamentos humanos que colocam em risco os usuários do sistema trânsito, objeto de estudo deste trabalho. Desta forma, o presente estudo objetiva verificar a incidência dos comportamentos de risco no trânsito no Estado de Alagoas através da análise de documento publicado pelo DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito, do referido Estado. A identificação dos dados almejados permitirá a sugestão de medidas profiláticas, ações abrangentes e educativas, para uma intervenção junto a população de uma maneira geral, e especificamente, aos condutores do Estado de Alagoas, visando mitigar os comportamentos danosos e tendentes ao risco no trânsito. Ao dar visibilidade aos comportamentos de risco com maior incidência no Estado de Alagoas, a atuação conjunta entre Estado e comunidade pode oferecer medidas coerentes com a realidade local e proporcionar, em médio e longo prazo o alcance de um trânsito mais seguro. 12 Nos capítulos que se seguem, serão apresentados o referencial teórico e a metodologia utilizados, bem como os dados utilizados para análise e a discussão realizada sobre o tema. 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O Sistema Trânsito O Código de Trânsito Brasileiro – CTB define o trânsito como a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins diversos. Monteiro (2004) aborda que os participantes do trânsito possuem em comum 4 objetivos: acessibilidade,fluidez, segurança e qualidade de vida. Eles querem chegar a algum lugar (acessibilidade) o mais rápido possível (fluidez), mantendo a sua integridade física (segurança) e seu bem-estar físico, emocional e social (qualidade de vida) (MONTEIRO, 2004). E é a partir das distintas prioridades que os participantes apresentam que surgem os conflitos no trânsito, para a autora citada. É neste contexto que surge a regulamentação do trânsito, na busca pela normatização e padrões a serem seguidos, viabilizando o atendimento aos objetivos particulares e a preservação da segurança no espaço público, social. Em 2010, o Brasil conquistou o primeiro centenário da Legislação de Trânsito (BRASIL, 2010) e o surgimento de diferentes resoluções e portarias demonstram a necessidade de atualização do código para atender as demandas que surgem com as mudanças na sociedade. A segurança é considerada no Código de Trânsito, como um direito de todos, sendo dever dos órgãos e componentes do Sistema Nacional de Trânsito oferecer as condições e adotar as medidas necessárias para assegurar este direito. O artigo 5° do CTB versa sobre a finalidade do Sistema Nacional de Trânsito, que abrange o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos; formação, habilitação e reciclagem de condutores; educação; engenharia; operação do sistema viário; policiamento; fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. 14 A diversidade de fins exige a atuação de diferentes órgãos e entidades para atender a demanda de funcionamento do Sistema, conforme listado no artigo 7° do Código de Trânsito: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores; III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; V - a Polícia Rodoviária Federal; VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI. Tais entidades buscam conferir a segurança e atendimento às normas e leis de trânsito. Em relação aos componentes do Trânsito, Günther (2003) cita a afirmação de Rozestraten (1988) de que o trânsito consistiria em uma constelação de três eixos: o comportamento dos participantes do trânsito, a via e o veículo e acresce um quarto item, as regras e normas da sociedade. O presente trabalho dará ênfase aos eixos “comportamento” e “regras e normas”, uma vez que tratará dos comportamentos de risco no trânsito, relacionando-os às infrações. 2.2 Comportamento de Risco no Trânsito O comportamento de risco no trânsito tem sido, de modo crescente, objeto de estudo, na tentativa de compreender os fatores humanos que geram risco para o sistema trânsito. As infrações da legislação, cada vez mais recorrentes, e o número crescente de acidentes, são alguns dos fatores que preocupam as autoridades e principalmente os usuários do sistema, sejam condutores, passageiros ou pedestres. No Brasil, Colichio e Passos (2010) afirmam que os acidentes e violências correspondem a segunda principal causa de morte e, na faixa etária entre 5 e 39 anos, a primeira causa de morte, denunciando a relevância que a compreensão deste fenômeno assume. O dado apontado explicita o impacto na população 15 economicamente ativa, bem como os custos sociais e econômicos gerados para os envolvidos e para a população de uma maneira geral. Para citar como exemplo, o relatório executivo, realizado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, sobre os impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias do Brasil, publicado em 2006, informou que os gastos com os acidentes de trânsito, chegaram à cifra de 22 bilhões de reais (Ano base 2005), representando 1,2% do PIB brasileiro. Custos estes relacionados à saúde, veículos e perda da produção ocasionada por morte ou afastamento da atividade produtiva. É importante salientar que os acidentes de trânsito, neste trabalho, podem ser compreendidos como uma consequência direta dos comportamentos de risco manifestos, que podem estar associados ou não às condições inadequadas da via, do ambiente ou do veículo. Uma reflexão relevante abordada por Pinsky e Pavarino Filho (2007) ressalta a dificuldade que a denominação das mortes e ferimentos ocorridos no trânsito como “acidentes” gera, ou seja, seriam frutos do acaso, dificultando a discussão da problemática a partir de um viés que busque responsabilidades e providências. Embora as causas dos “acidentes” possam ser compreendidas como multifatoriais, ações de responsabilização podem e devem ser empreendidas. Polli et al (2010) ao citar Rozestraten (1988) abordam a existência de fatores humanos acidentogênicos que estariam ligados a processos básicos - referindo-se ao processo de tomada e processamento de informação, tomada de decisão, reação e feedback - , ligados a personalidade, referindo-se à propensão a acidentes, desajuste pessoal e social, estilo perceptivo e uso de veículo para fins secundários e ligados a fatores passageiros referindo-se a fadigo e uso de substâncias psicoativas. Em relação às causas dos acidentes, Panichi e Wagner (2006) ao citarem o trabalho de Rozestraten e Dotta (1996), afirmam que mais de 90% das causas dos acidentes estão associados a fatores humanos e apenas 10% estariam relacionadas às condições ambientais, da via ou do veículo. Tais dados corroboram com a necessidade de compreender os aspectos comportamentais relacionados ao risco no trânsito. Para Polli et al (2010), o desenvolvimento moral do individuo seria um dos fatores a influenciar o comportamento dos motoristas, uma vez que o nível de desenvolvimento moral exerceria influência sobre o julgamento que o individuo emite 16 nas diversas situações. Segundo os autores, cada nível de desenvolvimento é caracterizado por uma forma de julgamento ou escolhas sobre o modo de agir. Ao discutir as dimensões do fator humano que influenciam a segurança no tráfego, Bottesini (2010) apresenta o comportamento humano como aquilo que o motorista efetivamente faz ao volante, o que escolhe fazer com as habilidades que possui. Este comportamento seria influenciado por uma série de fatores, dentre os quais são destacados os fatores enfatizados por Evans (2004): estimativa de risco, normas sociais, mídia de massa e intervenções legislativas (BOTTESINI, NODARI, 2008; BOTTESINI, 2010). Para Bottesini e Nodari (2008) as estimativas de risco estariam relacionadas ao medo pelas possíveis consequências adversas. As normas sociais se refeririam às influências sofridas pelo individuo ao pertencer a uma determinada sociedade. A mídia de massa estaria relacionada aos efeitos que o enaltecimento da velocidade e direção irresponsável, fomentados pela mídia, gerariam aos comportamentos dos motoristas e as intervenções legislativas, relacionadas ao cumprimento das leis pelo quanto se percebe a fiscalização. Soares Júnior (2007) ao se embasar nos estudos de Reason et al, caracterizou o comportamento de risco no trânsito como aqueles em que as leis de trânsito são transgredidas, quando comportamentos agressivos são manifestos ou ainda quando erros ocorrem na condução do veículo. Da mesma forma, Marín e Queiroz (2000), ao citarem o trabalho de Parker (1995) expressaram a tipologia de comportamentos considerados aberrantes ao dirigir: os lapsos ou comportamentos de esquecimento; os erros de julgamento ou observação potencialmente perigosos para outros; e as transgressões, contravenções intencionais às práticas de seguridade no trânsito. Em relação às causas de tais comportamentos, Panichi e Wagner (2006, p. 160) afirmam que estes possuem causas multideterminadas e relacionadas à “influência de um contexto complexo de variáveis individuais, comportamentais, sociocognitivas, ambientais e sociais”. Neste aspecto, Thielen, Hartmann e Soares (2008), abordam a temática da percepção de risco sob o referencial da Psicologia, como uma das variáveis relacionadas ao comportamento de risco. Para tanto, realizam um breve resgate histórico sobre a trajetória das análises de risco e utilizam a teoria geral dos 17 sistemas para compreender o trânsito como um sistema que abarca três subsistemas, o Homem, o veículo e a via, assim como sugerido por Rozestraten (1988). Tais autores trazem uma contribuição interessante ao abordar o comportamento humano como um sistema permeado por fatores externos e internos que contribuiriam para a organização da percepção frente aos riscos que, por sua vez, orientariam o comportamento de prevenção de acidentes. A figura 1, extraída de Thielen, Hartmann e Soares (2008) explicita as variáveis relacionadas à manifestação do comportamento de risco “excesso de velocidade”, como exemplo. Figura 1: Ilustração de um comportamento que resulta em excesso de velocidade. Fonte: Thielen, Hartmann e Soares, 2008. Os autores afirmam que embora os fatores sejam expressos separadamente, encontram-se em interação e após as ponderações sobre o jogo de interações que envolvem as variáveis cognitivas, afetivas e dos possíveis resultados das ações que podem ser realizadas, o individuo opta por tomar a decisão que resulta em determinada ação. O sistema expresso, entretanto, poderia ser adaptado para outros comportamentos de risco, sendo a figura ilustrativa das interações entre os fatores internos e externos que quando processadas pelo individuo poderiam gerar diversos comportamentos de risco. 18 Os autores ressaltam ainda, ao citar Dotta (1973) que a percepção de riscos envolvidos no trânsito seria um fator importante que é mediado pelo contexto, e os acidentes de trânsito decorrem dos riscos que o ser humano aceita. Desta forma, se o risco não é percebido como tal, as decisões e comportamentos não seriam compatíveis com a segurança que a situação exige. Outra variável relacionada à manifestação de comportamentos de risco é a personalidade. Traços como agressividade, busca de sensações intensas, egocentrismo, hostilidade, impulsividade, intolerância à frustração, irresponsabilidade e labilidade emocional são citados na literatura como os mais relacionados à condução de risco (ARAÚJO, MALLOY-DINIZ, ROCHA, 2009; BARTHOLOMEU, 2008; PANICHI, WAGNER, 2006). Neste sentido, justifica-se a avaliação da personalidade como uma variável importante a ser considerada para que a CNH seja concedida ao futuro condutor. Em outra perspectiva, Günther (2003) afirma que três preditores poderiam estar associados à manifestação do comportamento no trânsito: (1) o grau de conhecimento sobre o trânsito, (2) a prática ou habilidade adquirida na condução do veículo e (3) atitude que o condutor manifesta no trânsito se relacionando a disposição pessoal para utilizar o conhecimento e a prática em benefício de um comportamento no trânsito que não gere riscos para os demais participantes. Entretanto o autor alerta sobre as contribuições da Psicologia Ambiental para a compreensão do trânsito, explicitando a prerrogativa da reciprocidade existente entre indivíduo e ambiente. No que se refere à Psicologia ambiental o autor aborda que os aspectos: ambiente físico, relações recíprocas entre individuo e ambiente e os aspectos socioculturais e normativos, são contemplados. Desta forma, no âmbito do trânsito, a compreensão dos antecedentes dos eventos ocorridos não poderiam se restringir a apenas um componente do tripé Homem-Veículo-Via, ou seja, dos aspectos subjetivos do participante, mas também da inserção do referido comportamento no contexto ambiental, no impacto deste sobre o ambiente e do ambiente sobre o comportamento (GÜNTHER, 2003). O alerta realizado pelo autor é de extrema relevância e a associação de estudos que contemplem as diversas variáveis associados aos eventos de trânsito devem ampliar a compreensão do trânsito enquanto fenômeno e enquanto sistema. Entretanto, este estudo buscou compreender a variável comportamento, especificamente os comportamentos de risco no trânsito, objetivando compreender 19 as variáveis relacionadas e identificar no Estado de Alagoas, quais os comportamentos de risco com maior incidência. 2.2.1 O Condutor Considerando o viés do condutor, o Código de Trânsito Brasileiro prevê uma série de requesitos e características mínimas necessárias para que o candidato à CNH - Carteira Nacional de Habilitação a obtenha. Neste aspecto, é exigido do candidato que realize curso preparatório e se submeta às avaliações exigidas, dentre estas a avaliação psicológica para dirigir. Nesta avaliação, aspectos como atenção, memória, raciocínio lógico e personalidade são avaliados com o intuito de verificar se o candidato apresenta condições para se tornar um condutor, não oferecendo maiores riscos à segurança no trânsito. Entretanto, ainda questiona-se a real capacidade de testes psicológicos em preverem comportamentos de risco. 2.2.2 Psicologia do Trânsito Historicamente, o desenvolvimento da Psicologia do Trânsito no Brasil se confunde com o desenvolvimento da Psicologia enquanto Ciência e Profissão. Neste sentido, autores como Silva (2008), Hoffman e Cruz (2003) podem ser citados. A partir destes pode-se verificar a presença marcante da avaliação psicológica enquanto elemento central de atuação do Psicólogo do Trânsito, avaliação esta marcada por inúmeras modificações ao longo do tempo, tais como legislações vigentes, público-alvo, instrumentos utilizados, ambientes especificados e variáveis analisadas. A testagem psicológica é o instrumental técnico, de uso do psicólogo, que através de testes específicos e padronizados, coleta dados do sujeito sob avaliação, no caso, o candidato à motorista. Dados estes que podem abranger diversas áreas do funcionamento psíquico do indivíduo. Anastasi (2000, p.18) define o teste psicológico como “uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento”. Padronizado, pois, implica na uniformidade de procedimento na aplicação e pontuação do mesmo. E este, ainda deve responder aos critérios de validade e fidedignidade. 20 O papel central assumido pela testagem psicológica na atuação do psicólogo do trânsito relaciona-se ao fato de ter associado a esta um caráter preditivo em relação ao comportamento do condutor, ou a possibilidade real de o mesmo colocar em risco a segurança dos demais usuários do sistema viário. Este seria um objetivo diretamente associado à avaliação, embora que até os dias de hoje ainda não se tenha verificado que a avaliação de aspectos psicológicos dos motoristas efetivamente contribua para a diminuição de acidentes ou infrações (SILVA & ALCHIERI, 2008). Neste sentido, Silva (2008) em pesquisa realizada no Rio Grande do Norte com o objetivo de identificar a preditividade dos instrumentos utilizados na avaliação psicológica constatou, mesmo com a impossibilidade de generalização, que “não se pode concluir com precisão que os altos ou baixos escores são bons critérios para definir que um motorista cometerá mais ou menos infrações de trânsito, nem que os motoristas com maiores escores nos testes cometem menos infração e vice-versa”. Em contrapartida, Dagostin (2006) afirma que nesta prática profissional os psicólogos contribuem para a mudança dos acidentes de trânsito. Em consonância, Rozestraten (1981), aborda que “uma análise detalhada da tarefa do condutor de veículos revela uma infinidade de fatores, cada um dos quais pode ser importante para evitar um acidente, merecendo portanto ser assunto de um estudo aprofundado”. Contudo, nos dias de hoje tais estudos ainda são restritos e avaliam poucas variáveis no âmbito do trânsito. Tal condição foi explicitada por Silva & Alchieri (2008) que constataram que entre as décadas de 1950 e os anos 2000 (Até 2006), apenas 15 artigos empíricos com o objetivo de avaliar as habilidades e inteligência de condutores foram publicados, evidenciando um campo de conhecimento frágil “em relação aos constructos e critérios de avaliação do comportamento”. São muitas as variáveis a serem consideradas no processo avaliativo, segundo o artigo 5° da Resolução 267 de 2008 do CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito. São elas: 21 Tabela 1: Variáveis a serem analisadas. VARIAVEIS SUB-VARIAVEIS Atenção Difusa ou Vigilância Atenção Tomada da Informação Atenção Concentrada ou Seletiva Atenção Distribuída Detecção Discriminação Identificação Orientação Espacial e Avaliação de Distância Conhecimento Cognitivo Processamento da Informação Identificação Significativa Inteligência Memória Julgamento ou Juízo Crítico “Capacidade de escolher dentre as várias possibilidades que são oferecidas no ambiente de Tomada de Decisão trânsito, o comportamento seguro para a situação que se apresenta”. “Comportamentos adequados às situações que deverão incluir complexo, Comportamento tempo coordenação de reação viso e simples e audio-motora, coordenação em quadros motores complexos, aprendizagem e memória motora”. “Capacidade para perceber quando suas ações no trânsito correspondem ou não ao que pretendia fazer”. “Equilíbrio entre os diversos aspectos emocionais Traços de Personalidade da personalidade”. Socialização Fonte: CONTRAN, 2008. Para contemplar este objetivo, o código de trânsito brasileiro, prescreve, ainda que os instrumentos a serem utilizados pelo psicólogo perito são as entrevistas 22 diretas e individuais, os testes psicológicos, as dinâmicas de grupo e a escuta e intervenções verbais. Em contrapartida, o mesmo código e os estudos existentes, não estabelecem critérios claros para a avaliação dos condutores, conforme Silva & Alchieri (2008). Estes autores questionam o fato de não haver esclarecimentos sobre o porquê destas variáveis e a sua relação direta com os acidentes e infrações. Mesmo assim, Dagostin (2006, p.76) afirma a necessidade pelo psicólogo perito de conhecer as condições psicológicas para dirigir, “definindo critérios adequados à aprovação ou não do candidato, com fins de preservar aqueles que circulam pelo sistema trânsito”. Ou seja, não há um perfil profissiográfico que balize a definição e aprovação do candidato à direção, tornando a ação profissional descontextualizada por não haver especificações das distintas categorias de motoristas. Muita atenção se dá à testagem psicológica, mas quando se aborda o termo avaliação psicológica se considera um processo de maior abrangência, que inclui a testagem, mas se utiliza de instrumentos adicionais como a observação do comportamento e entrevistas (DAGOSTIN, 2006). Noronha & Alchieri (2004, p.44) abordam que a avaliação psicológica (AP) é um exame de caráter compreensivo efetuado para responder questões específicas quanto ao funcionamento psíquico adaptado ou não de uma pessoa durante um período específico de tempo ou para predizer o funcionamento psicológico da pessoa no futuro. Logo a Avaliação Psicológica possui maior amplitude e proporciona a associação de fatores para que se chegue a um fim. No caso do trânsito, verificar a possibilidade de manifestação de comportamentos de risco para o trânsito e seus usuários. 2.3 A Infração no Trânsito O CTB - Código de Trânsito Brasileiro define a infração de trânsito como sendo a “inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do Trânsito” (2008, 23 p. 55). O capítulo XV do CTB versa sobre as infrações, classificando-as quanto à gravidade, à penalidade atribuída e possíveis medidas administrativas relacionadas. Para Neto (2009), o comportamento transgressivo, aqui expresso pela infração de trânsito, pode estar relacionado a fatores motivacionais ou situacionais, sendo necessário analisar tanto o agente da infração quanto a situação em que a mesma ocorre. Para citar, autores como Panichi e Wagner (2006) citam diferentes estudos que relacionam o aumento do risco de acidentes, entre a população jovem, a fatores situacionais como dia da semana, horário e presença de passageiros, indicando a influência dos pares ou grupo de iguais na manifestação de comportamentos de risco. Diferentes razões podem levar ao comportamento transgressor, segundo Neto (2009), como desconhecimento da legislação ou sinalização, imprudência e ainda, a necessidade em infringir regras sociais. Sendo esta uma variável a ser melhor compreendida. Ainda em relação à etiologia da infração, Rocha (2005) salienta a necessidade em realizar a devida distinção entre erros e violações, na medida em que estas estariam relacionadas à ações deliberadas, marcadas por fatores motivacionais e sociais, enquanto que os erros seriam violações não intencionais, relacionados ao processamento da informação pelo individuo. Neste contexto, Monteiro (2004) aborda que se um motorista comete um erro ou uma violação, ele o faz em função de uma ou mais das seguintes razões: (1) o ambiente físico permite que ele faça isso sem danificar o seu veículo e a si mesmo; (2) a fiscalização do cumprimento da norma não está sendo feita de forma adequada, ou seja, com observação contínua e rígido cumprimento das consequências prevista na lei; (3) o ambiente social do trânsito daquela sociedade não apenas permite, mas até incentiva este tipo de comportamento; e (4) algumas variáveis individuais (idade e um alto nível de agressividade, por exemplo) contribuem para este tipo de comportamento. Ou seja, para a autora o condutor teria a predisposição e a oportunidade para infringir as leis de trânsito. Ao trabalhar com grupos focais, Bottesini e Nodari (2008) identificaram que os motoristas entrevistados, em sua maioria atribuíam ao fator humano a maior responsabilidade pela ocorrência de acidentes. Dentre as causas mais citadas, os pesquisadores solicitaram aos participantes que elegessem três para 24 aprofundamento, sendo elencadas: no âmbito rodoviário, as ultrapassagens indevidas, excesso de velocidade/ desrespeito à distância de seguimento, e embriaguez, e no âmbito urbano: excesso de velocidade, avançar sinal vermelho de semáforo e realizar manobra sem sinalizar. Em relação aos motivos que levariam ao cometimento das infrações mencionadas, os motoristas relataram motivos abrangentes para a realização de infrações e específicos, relacionados a cada tipo de infração discutida no estudo. Os motivos abrangentes no âmbito rodoviário abarcariam a imprudência, o individualismo, a percepção de que o veículo seria uma extensão da própria residência, o excesso de confiança nas habilidades pessoais, a percepção de que o risco para o outro é maior do que o risco para si, a sensação de anonimato na direção e sensação de impunidade. Já em relação ao âmbito urbano os motivos foram relacionados à pressa, ao individualismo, ao estresse, irresponsabilidade, ao fato de considerar as necessidades pessoais mais urgentes que as dos outros e a sensação de impunidade. O estudo citado se mostra relevante na medida em que aborda diretamente as percepções dos motoristas quanto à atribuição de causalidade para o cometimento de infrações. Neto (2009) cita ainda, as estratégias utilizadas pelos infratores quando flagrados pelas autoridades, que podem assumir a culpa, negá-la ou ainda se utilizar de mecanismos como a justificativa, que pode assumir o caráter de redutor do desconforto interno, de desengajamento moral em que o condutor tenta amenizar o ato cometido e de manifestação da cultura brasileira. Neste contexto, o conceito de desengajamento moral pode ser melhor abordado. Iglesias (2008) aprofunda o conceito proposto por Bandura em 1977 e expressa que as pessoas podem encontrar justificativas para o cometimento de atos, considerados anti-sociais, sem se sentirem culpadas por tê-lo feito. Desta forma, o vocábulo desengajamento se insere na medida em que a pessoa se desprende dos padrões morais pessoais para cometer atos deliberadamente “transgressores”, sem a autocensura. Neto, Iglesias e Günther (2012) abordam o desengajamento moral para mostrar como as pessoas utilizam mecanismos psicológicos para transformar práticas transgressivas como algo socialmente aceitável. Ao citarem o modelo 25 teórico de Bandura, expressam que a conduta transgressora está pautada em 4 esquemas e são constituídos por oito mecanismos de desengajamento moral, conforme a figura 2. Figura 2: Mecanismos de Desengajamento Moral Fonte: Adaptado de Iglesias (2008). O primeiro esquema estaria relacionado à reconstrução da conduta do indivíduo, em que o mesmo, ao transgredir tenta transformar o ato infrator em algo positivo. Os mecanismos utilizados, neste esquema, seriam o de justificação moral (o individuo atribui um propósito que justifique a ação, por exemplo, avançar o sinal vermelho para ir socorrer alguém), linguagem eufemística (o transgressor busca atenuar a ação cometida a partir de um mascaramento da ação, como afirmar que falar rapidamente ao celular enquanto dirige, não tem problema) e comparação vantajosa (o individuo compara a gravidade de suas ações com atos explicitamente mais graves, atenuando o impacto ou consequências de suas ações, por exemplo: “avançar um sinal não é tão sério quando comparado a pessoas que nunca respeitam as leis de trânsito”) (IGLESIAS, 2008). O segundo esquema funcionaria como uma distorção do agente da ação, modificando a relação de causa e efeito existente entre o ato infrator e suas consequências. Os mecanismos relacionados a este esquema são os de difusão e deslocamento da responsabilidade. O primeiro relacionado ao compartilhamento da responsabilidade em que o infrator atenua o peso de suas ações ao justificar que todos a realizam (como estacionar em desacordo com a sinalização) e o segundo 26 marcado pela delegação de responsabilidade a terceiros em que aspectos como imposições externas, ou pressões sociais seriam os responsáveis pelas ações cometidas, como avançar o sinal pela pressão dos motoristas que estavam atrás (IGLESIAS, 2008; NETO, IGLESIAS, GÜNTHER, 2012). O terceiro esquema se define pela distorção das consequências e o mecanismo se constitui pela minimização do ato cometido, como “buzinar não machuca ninguém”. O quarto esquema, definido por Neto, Iglesias e Günther como a distorção da visão real da vítima abrange os mecanismos de desumanização e atribuição da culpa. No primeiro, retiram-se das pessoas suas qualidades humanas e no segundo, o infrator se percebe como sendo vítima da situação. Os mecanismos apresentados, segundo Iglesias (2008), podem ocorrer isolados ou em conjunto e servem ao transgressor na medida em que podem ser usados como justificativa para o ato infracional. Embora existam poucos estudos relacionando tais conceitos ao trânsito, a transposição destes esquemas e mecanismos parece ser viável, assim como exposto por Neto, Iglesias e Günther (2012) que identificaram a existência de uma correlação positiva entre o uso dos mecanismos citados e a frequência do cometimento de infrações. Desta forma, a infração, mesmo sendo um ato de desobediência às leis de trânsito, adquire um caráter de aceitação social, quando os próprios condutores se utilizam de justificativas para amenizar o impacto do ato transgressor e/ou delegam a terceiros a responsabilidade por suas ações. Dialogando com o objetivo deste trabalho, Bartholomeu (2008, p. 198) lista as condutas de risco no trânsito baseando-se nos tipos de infrações descritas no CTB – Código de Trânsito Brasileiro, seguindo uma perspectiva de comportamentos que caracterizam infrações. Neste trabalho, serão contempladas as infrações que podem ser claramente associadas aos comportamentos de risco, objetivando identificar quais os comportamentos de risco mais cometidos no Estado de Alagoas. O trabalho em questão se embasará nesta perspectiva, relacionando as infrações autuadas nos Estado de Alagoas com os comportamentos de risco expressos no trânsito. 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para Ander-Egg apud Lakatos (2002, p.15), a pesquisa pode ser definida como “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento” e para tanto se utiliza de um corpo de regras, diligências (HOUAISS, 2001, p. 1910), ou seja, de uma metodologia, para alcançar o seu objetivo. Neste aspecto, os conteúdos que se seguem perfazem a estruturação da pesquisa, bem como o caminho a ser seguido no trabalho em questão. 3.1. Ética Como a pesquisa em questão, utilizou-se de dados secundários, não houve necessidade de submissão do projeto de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, para atender à Resolução 196/96 do CNS-MS, assim como não foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por ter as informações obtidas através de documento público publicado pelo DETRAN-AL. 3.2 Tipo de Pesquisa 3.2.1 Do ponto de vista da Natureza Segundo Ander-Egg apud Lakatos (2002, p. 18), a pesquisa pode ser classificada em dois tipos, a pesquisa básica pura e a pesquisa aplicada. A primeira se caracteriza pela busca do progresso científico, ampliação de conhecimentos teóricos sem necessariamente existir a preocupação pela sua utilização na prática. O segundo, por sua vez, caracteriza-se pela aplicação dos seus resultados na solução de problemas que ocorrem na realidade. Desta forma, a pesquisa em questão pretende se situar enquanto pesquisa aplicada, uma vez que vai a realidade do trânsito alagoano para identificar os comportamentos de risco com maior incidência e possibilitando o desenvolvimento de medidas práticas para um problema real e de grande impacto para a comunidade. 28 3.2.2 Do ponto de vista da forma de abordagem do problema Quanto a abordagem do problema, a pesquisa pode se caracterizar como Qualitativa e Quantitativa. Segundo Richardson (1999, p. 70), “o método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas”, bem como, “representa, em principio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às inferências”. O mesmo autor caracteriza a pesquisa qualitativa “(...) como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos”. (1999, p.90) Na pesquisa, em questão, dados quantitativos são analisados fornecendo subsídios para análise das variáveis selecionadas, bem como o estabelecimento de comparações, cotejo entre as mesmas. Desta forma, pode-se afirmar que o método qualitativo é predominante na abordagem ao problema desta pesquisa. 3.2.3 Do ponto de vista dos Objetivos Para Andrade (2009, p. 114), a pesquisa quanto aos objetivos pode ser classificada em exploratória, descritiva e explicativa. A pesquisa exploratória se caracterizaria por um estudo preliminar ou preparatório para outra pesquisa. Na pesquisa descritiva, “os fatos são observados, registrados, analisados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”. Significando que os fenômenos são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador. Para Andrade, uma característica essencial da pesquisa descritiva é a técnica padronizada da coleta de dados, realizada principalmente através de questionários e da observação sistemática. Richardson (1999, p. 66) ao especificar o plano de pesquisa, delimita o uso do estudo descritivo quando se deseja descrever as características de um fenômeno. Para este autor (p. 71), “os estudos de natureza descritiva propõem-se a investigar o 29 „que é‟, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno como tal. Neste sentido, são considerados como objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo”. A pesquisa explicativa abrangeria a descritiva e em acréscimo, procuraria identificar os fatores determinantes dos fenômenos estudados, ou seja, suas causas. Esta modalidade teria como “... objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razão, o “porquê” das coisas” (ANDRADE, 2009, p. 114). Na medida em que se propõe a identificar os comportamentos de risco com maior incidência no trânsito do Estado de Alagoas, a pesquisa em questão se situa enquanto exploratória e descritiva. 3.3. Universo da Pesquisa e Amostra A pesquisa foi realizada no Estado de Alagoas, considerando as infrações cometidas no primeiro semestre de 2011, excetuando-se as infrações autuadas pela Polícia Rodoviária Federal. 3.4 Instrumento de Coleta de Dados Os procedimentos técnicos permitem a distinção entre a pesquisa de papel e a pesquisa de campo para Andrade (2009, p. 115). A pesquisa de papel estaria relacionada a coleta de dados em diferentes tipos de documentos e poderia ser documental e bibliográfica. A pesquisa em questão caracteriza-se como pesquisa de papel uma vez que objetiva o levantamento de informações, a partir de documento publicado pelo DETRAN-AL, que permitam identificar os comportamentos de risco no trânsito com maior incidência no referido Estado. A pesquisa bibliográfica se constitui enquanto fase inicial para o embasamento teórico sobre o tema deste trabalho. O documento eleito para análise foi o “Relatório de Infrações de Trânsito – Ano 2011”, referente ao primeiro semestre de 2011. O documento apresenta as infrações registradas por todos os órgãos autuadores de multas do Estado de Alagoas, excetuando-se as infrações aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal. 30 3.5 Procedimento para Coleta e Análise dos Dados Por se tratar de uma pesquisa documental, o trabalho se utilizou de dados já coletados pelo DETRAN-AL, referentes ao primeiro semestre de 2011. Desta forma, os dados foram analisados a partir de categorias existentes no próprio documento, relacionando as infrações listadas com os comportamentos de risco manifestos no trânsito. 31 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O “Relatório de Infrações de Trânsito – Ano 2011”, publicado pelo DETRANAL, apresenta os dados das infrações registradas pelos órgãos autuadores do Estado de Alagoas, excetuando-se as infrações aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal. No relatório constam as seguintes informações (DETRAN-AL, 2011): Número de infrações realizadas por mês; As 10 infrações mais cometidas; As 10 infrações mais cometidas em acidentes de trânsito com vítimas; As 10 infrações mais cometidas em acidentes de trânsito sem vítimas; Número de condutores habilitados segundo o sexo; A proporção de condutores habilitados segundo o sexo; Infrações por sexo e gravidade; Infrações por sexo e tipo; Índice de infrações cometidas de acordo com o sexo; Média de condutores infratores dentre os condutores cadastrados de acordo com o sexo. A partir da listagem de dados constantes no relatório, verifica-se a relevância das informações geradas. Em consonância aos objetivos da pesquisa, os dados referentes às infrações mais cometidas no total e às infrações mais cometidas em acidentes de trânsito com e sem vítimas, serão o objeto de discussão do presente trabalho. No primeiro semestre de 2011, foram autuadas no Estado de Alagoas 58.653 infrações. Destas, as 10 infrações mais cometidas, aproximadamente 78,55% do total, conforme gráfico abaixo. respondem por 32 Figura 3: Distribuição de Infrações. Fonte: Relatório de Infrações de Trânsito, DETRAN/AL. 2011. É importante destacar, que o relatório especifica apenas as 10 infrações mais cometidas, por isto a designação “Outras Infrações” para as infrações não especificadas no relatório. Segue abaixo, a listagem das 10 infrações mais cometidas no Estado de Alagoas. Tabela 2: 10 Infrações mais cometidas no Estado de Alagoas no 1°Semestre de 2011. INFRAÇÃO Transitar em velocidade QUANTIDADE superior à máxima 20148 superior à máxima 5712 Dirigir o veículo utilizando-se de fones nos 3278 permitida em até 20% Transitar em velocidade permitida em mais de 20% até 50% ouvidos conectados à aparelhagem sonora ou telefone Ultrapassar pela contramão outro veículo onde 2986 houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela Estacionar o veículo em locais e horários 2955 Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto 2930 proibidos pela sinalização de segurança 33 Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o da 2926 parada obrigatória Estacionar em desacordo com a regulamentação 1996 especificada pela sinalização Dirigir sem atenção ou sem os cuidados 1674 indispensáveis à segurança Dirigir veículos sem CNH ou Permissão 1468 Fonte: Tabela adaptada do Relatório de Infrações de Trânsito, DETRAN-AL, 2011. Seguindo a perspectiva de Bartholomeu (2008), são considerados comportamentos de risco, neste trabalho, os comportamentos que caracterizam infração de qualquer tipo, especificadas no Código de Trânsito Brasileiro, uma vez que as mesmas foram definidas visando à prevenção de acidentes. A partir dos dados expressos na tabela acima, pode-se verificar que entre as 10 principais infrações autuadas, 8 delas evidenciam comportamentos de risco potencialmente predisponentes a acidentes, excetuando-se as infrações relacionadas ao ato de estacionar em local e horário proibidos pela sinalização, e estacionar em desacordo com a regulamentação especificada na sinalização, não explicitando um comportamento direto de risco. As duas infrações mais cometidas referem-se ao excesso de velocidade, superando em 20% ou mais da velocidade máxima permitida na via. Neste aspecto, poder-se-ia citar o estudo realizado por Thielen et al (2008) que ao analisar depoimentos de condutores infratores, constaram que os mesmos ignoravam a indicação das placas de sinalização de velocidade. Diversas razões foram atribuídas para justificar tal comportamento, como falta de credibilidade nas autoridades que determinam o limite de velocidade da via, a capacidade pessoal em estabelecer um limite de velocidade aceitável para a via, a crença de que certos aparelhos de fiscalização estão posicionados com a intenção de multar e não de gerar segurança, entre outros. Os autores destacaram ainda o fenômeno de que o condutor utiliza a si como referência, ele seria o centro de regulamentação, no que se refere à velocidade, e o trânsito se converteria em um fenômeno individual, não mais um fenômeno público. 34 Neste aspecto, poder-se-ia cogitar a presença de uma distorção na percepção de risco, no que se refere a velocidade, e uma percepção disfuncional sobre o objetivo da sinalização e do bem-estar coletivo dos usuários do sistema trânsito. Polli et al (2010) ao relacionarem o nível de desenvolvimento moral entre motoristas infratores no Estado do PR, verificaram a partir das justificativas apresentadas ao comportamento de exceder o limite de velocidade que 75,51% das respostas caracterizavam-se no nível 1 de desenvolvimento de Kohlberg, ou seja, orientado para a punição e a obediência. Neste estágio, o individuo ainda não teria internalizado princípios morais e a consequência adquire maior importância. Logo, o comportamento adequado no trânsito estaria relacionado a percepção da presença de agentes de fiscalização. Embora não se possa transpor os achados encontrados para outras realidades, o estudo levanta dados relevantes, na medida em que verifica nas justificativas, indícios do desenvolvimento moral. Este seria um dado a ser investigado na realidade alagoana. A infração de “dirigir o veículo utilizando-se de fones nos ouvidos conectados à aparelhagem sonora ou telefone” evidencia um comportamento cada vez mais comum na realidade do trânsito, em que os condutores parecem minimizar o efeito negativo que a utilização de tais utensílios, durante o ato de conduzir, podem gerar no desvio da atenção, elemento imprescindível para a condução segura. Sendo esta variável um dos aspectos prioritários a serem avaliados para que o condutor adquira a sua habilitação. Autores como Bottesini e Nodari (2008) enfatizam a complexidade que o ato de dirigir encerra, já que engloba a realização de atividades simultâneas desde a operação do veículo até a estimativa de situações futuras. Os condutores parecem banalizar a complexidade que o ato de dirigir assume e suas implicações para a segurança pessoal e dos demais. As infrações “ultrapassar pela contramão outro veículo onde houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela”, “avançar o sinal vermelho do semáforo ou o da parada obrigatória”, “dirigir veículo sem CNH ou permissão” consideradas gravíssimas, “deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança”, considerada grave e “dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança” também figuram entre as 10 infrações mais cometidas. 35 Tais infrações preocupam pela gravidade e pela representatividade que assumem no montante de infrações, representando 20,44% das infrações e impactam negativamente para a seguridade no trânsito. Embora sejam dados relevantes, as causas para tais comportamentos podem ser variadas e ainda multideterminadas, impossibilitando extrapolações e maiores interpretações, uma vez que os dados disponibilizados no relatório são absolutos, não oferecendo dados adicionais. Entretanto são extremamente relevantes para alertar as autoridades locais e orientar ações educativas e possíveis campanhas de conscientização da população. Em relação às 10 infrações mais cometidas em acidentes de trânsito com vítimas, cinco chamam atenção pela intensidade da gravidade: “dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança”, “dirigir veículo sem CNH ou permissão”, “dirigir embriagado/drogado” e “utiliza-se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa”, classificadas como infrações gravíssimas. Tabela 3: 10 Infrações mais cometidas em acidentes de trânsito com Vítima. INFRAÇÃO Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis a segurança Conduzir veículo não registrado/Licenciado Dirigir veículo sem CNH ou Permissão Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório Dirigir com CNH vencida há mais de 30 dias Dirigir embriagado/drogado Entregar veículo a pessoa sem CNH ou permissão para dirigir Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa Deixar de prestar socorro a vítima de acidentes QUANTIDADE 301 149 77 56 20 18 11 11 8 36 Conduzir o veículo sem qualquer uma das placas de identificação 7 Fonte: Tabela adaptada do Relatório de Infrações de Trânsito, DETRAN/AL, 2011. Na tabela 3 foram destacados os comportamentos considerados diretamente relacionados ao risco, uma vez que constam infrações relacionadas à documentação necessária em desacordo com a regulamentação, infração relacionada ao efeito do comportamento de risco, como deixar de prestar socorro a vítimas e normas de circulação do veículo. Desta forma, as infrações destacadas estão relacionadas aos comportamentos de risco já fundamentados neste trabalho. Embora, em números absolutos, tais infrações sejam pouco representativas no total de infrações (58.653), verifica-se a relação direta com os acidentes de trânsito, em que vítimas são geradas. Poder-se-ia atribuir ao baixo número de infrações relacionadas aos acidentes com e sem vítimas (Tabelas 3 e 4) ao fato de que muitos acidentes não são notificados às autoridades, inviabilizando uma adequada responsabilização dos envolvidos. Neste aspecto, Neto, Iglesias e Günther (2012) ao citarem autores como Rozestraten e Yilmaz & Celik abordam o tema da subnotificação das infrações cometidas, uma vez que os dados oficiais não contemplam a sua integralidade. A principal infração relacionada a acidentes com e sem vítimas (Tabela 3 e 4), “dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis a segurança”, pode se relacionar com a referência realizada por Bottesini (2010) ao processo de automatização do processo de dirigir. Com o passar do tempo, o motorista adquire a capacidade de articular as ações motoras e processar as informações coletadas da via, entretanto, com a experiência, o condutor pode banalizar a manutenção de cuidados indispensáveis a partir da confiança em suas habilidades. Todavia, embora seja possível que esta variável influencie na manifestação de tal comportamento de risco, torna-se necessário, questionar a forma como a atenção, elemento tão indispensável à segurança no trânsito é avaliada e a relevância atribuída a este fator durante o processo de formação do condutor. Em relação às 10 infrações mais cometidas em acidentes de Trânsito sem vítimas, tabela 4, 8 infrações se repetem em relação à tabela 3, demonstrando uma notificação de infrações diretamente relacionadas aos acidentes com e sem vítimas: 37 1. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis a segurança; 2. Conduzir veículo não registrado ou licenciado; 3. Dirigir sem CNH ou Permissão; 4. Conduzir o veículo sem os documentos de porte obrigatório; 5. Dirigir com CNH vencida há mais de 30 dias; 6. Dirigir embriagado/drogado; 7. Utilizar veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa; e, 8. Conduzir veículo sem qualquer das placas de identificação. Retomando-se a discussão sobre a subnotificação das infrações, pode-se cogitar que, embora o dado seja relevante e indique a similaridade de comportamentos relacionados a acidentes, outras infrações não notificadas e comportamentos de risco adicionais estejam relacionados aos acidentes. Tabela 4: 10 Infrações mais cometidas em acidentes de trânsito sem Vítima. INFRAÇÃO Dirigir sem atenção ou sem os cuidados QUANTIDADE 1010 indispensáveis a segurança Conduzir veículo não registrado/Licenciado 364 Dirigir veículo sem CNH ou Permissão 204 Conduzir veículo sem os documentos de 134 porte obrigatório Dirigir embriagado/drogado 27 Dirigir com CNH vencida há mais de 30 dias 25 Utilizar-se de veículo para demonstrar ou 21 exibir manobra perigosa Conduzir o veículo sem qualquer uma das 20 placas de identificação Conduzir veículo com o lacre de identificação 14 violado/falsificado Conduzir Motocicleta, Motoneta e ciclomotor 13 sem capacete Fonte: Tabela adaptada do Relatório de Infrações de Trânsito, DETRAN/AL, 2011. 38 As mesmas quatro infrações relacionadas aos acidentes de trânsito com vítimas se repetem em uma maior proporção, evidenciando ainda mais a correlação entre as mesmas e a manifestação de acidentes. Acrescenta-se a isto, a infração de conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor sem capacete. Chama a atenção, o fato de as duas infrações mais cometidas no âmbito geral, relacionadas ao excesso de velocidade, não figurarem entre as infrações relacionadas aos acidentes. Neste aspecto Pinsky e Pavarino Filho (2007) abordam a fácil associação entre o abuso de velocidade e a ocorrência de acidentes de trânsito, uma vez que mesmo não sendo a única variável envolvida nos acidentes, potencializaria os danos causados. Informações adicionais enriqueceriam a análise dos dados publicados no Relatório de Infrações. Embora os dados por si já demonstrem os comportamentos de infração mais proeminentes no Estado de Alagoas, seria necessário a utilização de instrumentos adicionais para a compreensão das variáveis que levaram a tais infrações, características situacionais, entre outras. 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A mobilidade humana é uma necessidade intrínseca ao Homem. A locomoção, a liberdade de ir e vir fazem do trânsito um local de manifestação das necessidades individuais. Necessidades estas que podem entrar em conflito no conjunto de interações que o sistema Trânsito proporciona. Neste trabalho, procurou-se analisar um dos componentes passíveis de gerar conflito no trânsito, o comportamento de risco. Tais comportamentos foram descritos a partir das infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro. O estudo realizado identificou em documento publicado pelo DETRAN-AL, as infrações de trânsito com maior incidência no Estado de Alagoas e relacionou os comportamentos de risco, evidenciando comportamentos com maior predisposição à manifestação de acidentes. A relevância do estudo consistiu em dar visibilidade para a temática e alertar para a necessidade de estudos adicionais para a compreensão dos diversos fatores relacionados à manifestação dos comportamentos de risco no trânsito de Alagoas. Variáveis ambientais, do veículo ou da via, não foram contempladas neste estudo, restringindo o grau de entendimento sobre aspectos situacionais que poderiam estar envolvidos com o comportamento de infração. Desta forma, novos estudos são necessários. Ações conjuntas entre entidades públicas, órgãos governamentais e sociedade podem gerar as ferramentas necessárias para uma intervenção eficaz no Estado de Alagoas, com medidas setorizadas e aplicáveis as demandas particulares do Trânsito deste Estado. Ações preventivas podem ser empreendidas no intuito de mitigar o impacto dos comportamentos de risco para a sociedade e principalmente para os usuários do sistema. 40 REFERÊNCIAS ALAGOAS. Relatório de Infrações de Trânsito – Ano 2011.Alagoas: DETRAN, 2011. ANASTASI, Anne; URBINA, Susana. Testagem Psicológica. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 18. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009. ARAÚJO, M. 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