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ESTUDO BÍBLICO
Texto: Efésios 4.
Introdução
A carta de Paulo aos efésios foi escrita num período difícil da vida do
apóstolo. Ele estava em prisão domiciliar em Roma entre os anos 60-62,
aguardando o julgamento que seria feito pelo próprio imperador. Atos 28 dá-nos
mais informações sobre este período.
A carta em si é um documento dos mais importantes a falar sobre a Igreja. Em
linguagem técnica, essa carta fala muito sobre a eclesiologia de Paulo. Só para
termos uma noção, eis alguns pensamentos do apóstolo sobre a Igreja de Jesus
Cristo:
• A Igreja é a nova humanidade e Deus. Ela é a humanidade restaurada e
renovada pelo Senhor.
• A Igreja (ajuntamento dos santos) é a agência do reino onde o poder de
Deus se manifesta para transformar as pessoas de acordo com a vontade do
Senhor.
• A Igreja é o novo templo de Deus. Este templo não é feito de alvenaria, mas
sim de seres humanos, transformados pelo poder do Senhor.
• A Igreja é, portanto, um organismo vivo e dinâmico.
• A Igreja existe para servir à Trindade.
• A igreja vive num ambiente hostil, num contexto de mundo tenebroso, e tem
como inimigos os principados e as potestades, ou seja, os demônios.
• A Igreja é a noiva de Cristo que aguarda a vinda do seu amado.
Desenvolvimento.
Como acontece com a maioria absoluta das cartas paulinas, efésios também
é dividida em dois grandes blocos: (1) teórico doutrinário – cap. 1 a 3 - e (2)
ético/prático – cap. 4 a 6.
Dos capítulos 1 ao 3, o apóstolo Paulo vai falar basicamente do chamado,
vocação e salvação daqueles que crêem em Cristo Jesus:
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Os salvos são os escolhidos de Deus por meio de Cristo (Ef 1.4).
Os salvos são os predestinados em Cristo desde toda a eternidade (Ef 1.5,
11).
Os salvos tornam-se filhos adotivos de Deus Pai (Ef. 1.5)
Os salvos têm o Espírito Santo como o penhor, ou seja, a garantia da
salvação (Ef 1.13-14)
Os salvos são aqueles que ouviram a palavra da pregação que conduz a fé
em Cristo Jesus (Ef 1.12-13)
Toda a salvação é fruto exclusivo da graça de Deus (Ef 2.1-10).
Sem a graça e os méritos de Cristo, toda e qualquer religião ou religiosidade
humana é incapaz de reconciliar o ser humano com Deus Pai (Ef 2.11-22).
Dádiva das dádivas: os gentios também participam da bênção da salvação
em Cristo (Ef 3;1-13).
O apóstolo Paulo após ter discorrido sobre o chamado, vocação e salvação
dos que crêem, passa a doutrinar a Igreja quanto aos seus deveres práticos.
Basicamente, o salvo em Cristo Jesus precisa observar três princípios
cristãos práticos: (1) a unidade espiritual; (2) o serviço cristão e (3) a santidade de
vida.
(1) A Unidade Espiritual (Ef 4.1-6).
Para o apóstolo, nós não criamos a unidade. Não temos o poder de criar a
unidade cristã. No entanto, NÓS DEVEMOS PRESERVAR A UNIDADE DO
ESPÍRITO NO VÍNCULO DA PAZ (v. 3)
Desde Caim e Abel, a humanidade vive dividida. O pior inimigo do ser
humano tem sido ele mesmo. Violência, guerras e banho de sangue é, infelizmente,
a corrente natural experimentada pelo homem.
O século XX, século das descobertas, dos avanços tecnológicos, das
explorações cientificas, foi, concomitantemente, o século mais sangrento da história
da humanidade até agora. Calcula-se que aproximadamente 188 milhões de
pessoas tenham morrido em decorrência das guerras e conflitos bélicos neste
período.
Isso não é tudo. O século XX testemunhou uma explosão de novas Igrejas
cristãs ou evangélicas. Dividiu-se por causa da quantidade de água, de preferências
litúrgicas, por questões periféricas, não essenciais.
Mesmo dentro de nossas Igrejas, vivendo e convivendo com pessoas salvas,
temos dificuldades em nos relacionar. Por isso, alguém cunhou o seguinte ditado:
“viver com o irmão no céu, é a glória, aqui na terra, é outra história”.
Segundo o relato bíblico, a unidade é vital para a Igreja:
• O grande testemunho que damos em favor do Senhor Jesus evidencia-se
pela unidade cristã – Jo 17.20-21
• Casa dividida contra si mesma não subsiste –
• Quando há unidade e cooperação, não existem limites para aquilo que o ser
humano pode realizar – Gn 11.1ss.
Todavia, a unidade continua sendo uma obra divina. Somente o Senhor pode
fazer com que pessoas de diferentes classes sociais, sexualidade, línguas,
interesses e culturas possam viver como irmãos, como membros de uma mesma
família.
Paulo chama-nos atenção para aquelas realidades que podem gerar e
preservar a unidade no corpo de Cristo. Para ele, o próprio cristianismo fornece as
bases para a fomentação e preservação da unidade. Ele nos lembra que (vv 4-6):
• Há uma só Igreja.
• Há um só Espírito.
• Há uma só vocação para a salvação.
• Há um só Senhor.
• Há uma só fé
• Há um só batismo
• Há um só Deus e Pai.
O versículo 6 resume dizendo que Deus é sobre todos, age por meio de todos
e está em todos.
(2) o serviço cristão (Ef 4.7-16)
Paulo continua e agora fala sobre o serviço cristão. Fomos salmos não para
ficarmos “deitados em berço esplendido”, mas sim para sermos operosos e
cooperados de Deus em Seu reino.
Sempre há algo para ser feito pelo Senhor e Seu reino. Na verdade, falando
assim, podemos até dar a impressão que Deus precisa de mim e de você. ELE NÃO
PRECISA! Mas, por sua graça e misericórdia ele usa seus servos, homens e
mulheres para promover o Seu Reino e edificar e salvar vidas. Ele quer usar a mim e
a você para realizar a Sua obra.
Há muito que fazer aqui, ali e alhures. Há muito que realizar em todo o
planeta terra.
• Dos aproximadamente 6 bilhões de pessoas que vivem hoje no planeta terra,
apenas 2,1 bilhões professam o cristianismo. Dentro deste total, encontramse pessoas que professam a doutrina reencarnacionista, adoram imagens de
esculturas, acreditam na mediação dos mortos, entre outros erros terríveis.
• Quatro bilhões de pessoas não professam Jesus como Senhor e salvador de
suas vidas.
• No Brasil temos certa de 240 povos indígenas. Deste total, há
aproximadamente 200 línguas diferentes. A presença evangélica se faz sentir
em 110 tribos. Entretanto, cerca de 90 povos indígenas não possuem
trabalhos ou presença evangélica.
• No mundo, segundo a SIL (Sociedade internacional de lingüística) há 2664
línguas que ainda não possuem sequer uma palavra traduzida das
Escrituras.1
Você pode e deve servir ao Senhor, quer indo para uma cultura diferente,
quer ficando em sua terra. Deus pode e quer nos usar para manifestar sua vontade
nos grandes e pequenos problemas, nas grandes e pequenas questões da
humanidade.
Sobre os dons e o serviço cristão, Paulo ensina:
• Que eles são fruto da graça de Deus (Ef 4.7)
• Que eles são conseqüência da morte e ressurreição de Cristo (Ef 4.8-10).
• Que é o próprio Cristo quem concede os dons à sua Igreja (Ef 4.11).
• Que os dons foram dados para que cada crente seja aperfeiçoado e
desenvolva seu serviço e ajude na edificação da Igreja (Ef 4.12).
• Que os dons ajudam a Igreja a manter a unidade na fé e a alcançar a
maturidade cristã (v. 13-14)
(3) a santidade de vida (Ef 4.17-32)
Para completar, Paulo passa a falar sobre a importância de se viver em
novidade de vida, de viver de forma santa diante de Deus.
Temos não apenas a obrigação de preservar a unidade da fé no corpo de
Cristo e trabalhar na seara do Senhor; precisamos viver em santidade de vida diante
de Deus.
A salvação tem tempos. No passado, fomos eleitos e predestinados pelo
Senhor. No futuro seremos glorificados. No presente, além de acontecer o nosso
chamado e regeneração, somos também santificados.
1
Informações colhidas nos Sites da SIL International e Missão Além.
Paulo se preocupa com esse aspecto da vida da Igreja. Não somente ele,
mas os autores do Novo Testamento também.
• Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus – Mt 5.8.
• Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor –
Hb 12.14.
A salvação se manifesta não pelo quanto conhecemos intelectualmente da
Bíblia (Mt 4.1-11; Tg 2.19), mas sim pelo quanto obedecemos a Palavra de Deus (Mt
7.21) e nos submetemos a ela. Isso redunda em santidade de vida.
É por isso que Paulo inicia este trecho de Ef 4.17-32 exortando a “não mais
andarem como andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos” (v.
17).
Paulo fala sobre as marcas de uma pessoa que não vive segundo o querer de
Deus, mas sim de acordo com seus pensamentos e influencia mundanos:
• A pessoa tem a si mesmo como parâmetro de vida e não o Senhor e a Sua
Palavra (v. 17).
• A pessoa encontra-se endurecida em seu entendimento acerca de Deus e da
santidade por causa do pecado e por isso mesmo está distante de Deus (v.
18).
• A pessoa se entrega ao pecado e, com avidez, comete todo tipo de impureza
(v. 19).
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O cristão, pelo contrário:
Aprendeu outro estilo de vida (v. 20).
Foi instruído na verdade ensinada pelo próprio Cristo (v. 21)
Tem a intenção de se despojar, tirar a velha roupagem mundana e carnal (v.
22).
Se renova na mente e no espírito pela Palavra de Deus (v. 23)
Se reveste do novo homem, ou seja, dos valores, ensinos e práticas cristãs
(v. 24).
De modo prático, o cristão vive a santidade de vida e se preocupa em não
entristecer o Espírito Santo com atitudes inconvenientes. Ele vive a santidade
quando:
• Fala a verdade (v. 25)
• Pode ter raiva, mas não a acumula sobre si, pois sabe pedir perdão e sabe
perdoar (vv. 26-27).
• Não age erroneamente como antes agia (v. 28).
• Sua boca pronuncia bênçãos e fala o que convém para a edificação. Seu
linguajar não é chulo, de baixo calão e impróprio.
• Ele vive cheio de amor e perdão para com todos (Ef 4.32).
Conclusão
A salvação traz consigo conseqüências práticas para a fé. Paulo fala de três:
(1) A Unidade Espiritual (Ef 4.1-6).
(2) o serviço cristão (Ef 4.7-16)
(3) a santidade de vida (Ef 4.17-32)