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REAVIVAMENTO PARA A MISSÃO
Marcelo E. C. Dias
A maior necessidade do mundo só pode ser suprida
quando Deus supre a nossa maior necessidade
e você e eu nos engajamos na Sua maior obra.
Imagem: © Gerd Altmann | Pixabay
pRIncÍpIos De cRescIMenTo
MAIOR
NECESSIDADE:
A
Por Marcelo Dias
H
istoricamente, os reavivamentos têm tido um impacto profundo sobre missões. Nessas ocasiões, milhares têm aceitado a Jesus. Mas os reavivamentos também têm contribuído para
a mobilização dos cristãos, colocando-os nos campos maduros para a colheita ao redor do
mundo.
Como parte do esforço contínuo de fielmente cumprir a missão de Deus, nos últimos
anos, a Igreja Adventista ressuscitou o tema do reavivamento e reforma1 em reconhecimento
do fato de que “a taxa de crescimento da Igreja simplesmente não está acompanhando o passo da crescente população mundial” e que “a menos que haja uma mudança dramática, não completaremos a tarefa
celestial nesta geração”.2
A Maior Necessidade da Igreja
Buscando o conselho do Espírito de Profecia
sobre a necessidade da Igreja nos dias que antecedem a segunda vinda de Jesus, uma citação tem se
destacado e se tornado a principal inspiração desse movimento. Um dos apelos mais incisivos de Ellen White por reavivamento e reforma foi publicado
na Review and Herald de 22 de março de 1887, com
o título “A Grande Necessidade da Igreja”. Esse artigo foi incluído no primeiro volume do livro “Mensagens Escolhidas”, nas páginas 121 a 128:
“Um reavivamento da verdadeira piedade entre
nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Importa haver diligente esforço
para obter a bênção do Senhor, não porque Deus
não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos
encontramos carecidos de preparo para recebê-la.
Nosso Pai celestial está mais disposto a dar Seu
Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais
terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos.
Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração, corresponder às condições estipuladas por Deus em Sua
promessa para conceder-nos Sua bênção.”3
A Minha Maior Necessidade
Alvejando a igreja coletivamente, Ellen White
usa linguagem inclusiva, escrevendo na primeira
pessoa do plural, sobre “a maior e mais urgente”
necessidade da igreja. Observa-se que a eficácia
de tal conselho, no entanto, é costumeiramente
reduzida pela chamada projeção psicológica. Esse
mecanismo de defesa projeta atributos pessoais
indesejados em outra pessoa ou grupo de pessoas.
Neste caso, alguns têm dificuldade em aplicar uma
compreensão inclusiva, se vendo como parte de
um grupo maior, portanto acreditando que o conselho se aplica somente a outras pessoas.
É interessante notar que dois anos depois, em
1889, com preocupação semelhante, Ellen G. White
relacionou a experiência da igreja com o Êxodo e indicou mais uma vez “a nossa maior necessidade”. Ela
declarou:
“Eles começaram a acusar o Senhor, e culpar Moisés por levá-los do Egito para o deserto; mas Deus
ordenou que prosseguissem, e quando seus pés tocaram as águas em obediência à Sua Palavra, o mar se
abriu perante eles e o atravessaram por terras secas.
Nossa maior necessidade hoje é um aumento de fé.” 4
Apesar de estar comentando sobre o povo de Israel como grupo, mais uma vez o conselho de Ellen
G. White nos ajuda a entender nossa maior necessidade e ainda identifica o elemento espiritual que
está no centro desse reavivamento: a fé.
Se continuarmos nessa linha de raciocínio, logo
teremos de admitir que a fé coletiva está diretamente
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relacionada com a combinação ou
soma da fé de cada pessoa que
pertence ao grupo. Ellen G. White,
em 1893, aborda a mesma questão
da perspectiva individual:
“Não esperemos por um
reavivamento na igreja, ou por
convicção especial, mas, reconhecendo nossa necessidade,
e sabendo que todo o Céu está
às nossas ordens, entreguemos
agora o nosso coração a Deus.
Decida hoje se dedicar a Ele,
não somente como uma congregação, mas como indivíduo.”5
Reavivamento Integral
Após utilizar uma visão microscópica para entender a essência do significado de reavivamento
no nível pessoal, seria igualmente
importante fazer o oposto e apresentar uma visão macroscópica do
mesmo conceito.
Quando consideramos o conceito de reavivamento, raramente o vemos descrito de forma integral. Em geral, é apresentado
incompleto e desequilibrando
para o lado da nutrição espiritual ou do evangelismo, que são a
essência e o propósito do reavivamento, respectivamente. Segundo o diagnóstico de Will Eva,
“em alguns círculos, à nutrição
espiritual é designada uma significância que não deixa espaço
para o evangelismo, enquanto
que em outros, evangelismo é
celebrado como uma atividade
superior à nutrição, e como uma
forma de ministério que é mais
representativa do cristianismo
real”6.
A consequência de pender
para um dos lados é a incompreensão sobre a própria essência
do reavivamento ou sobre o propósito natural dele. Na realidade, quem não entende o quanto
o reavivamento é dependente de
um relacionamento de fé pessoal e individual com Deus tem a
tendência de culpar outros pela
condição laodiceana da igreja ou
foco na pessoa 36
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propor alguma prescrição legalista para um reavivamento. Por
outro lado, quem não assimila o
exato propósito do reavivamento, se coloca num ciclo sem fim
de tentativas para tornar sua fé
real e significativa.
Claramente, esta é uma falsa
dicotomia, já que “no ministério
de Jesus, evangelismo e nutrição formam uma vestimenta
esplendidamente talhada sem
costuras”7. Jesus revelou uma
natureza divina que sempre foi
de nutrição e serviço e uma visão divina de criar um povo para
nutrir e servir neste mundo. Will
Eva acrescenta que:
“Quando a nutrição pastoral
é feita de forma sensível, com
desinteresse próprio, autenticidade e habilidade inspirados
pelo Espírito, criamos uma qualidade imensamente importante
de confiança nas pessoas. Por
causa dessa confiança, as pessoas se tornam definitivamente mais abertas para discernir
que aquilo que proclamamos é
imprescindível da sua atenção e
compromisso.” 8
Maior Necessidade do
A
Mundo
Uma declaração relacionada com as anteriores chama a
atenção. Em 1907, Ellen G. White
escreveu sobre outra “maior necessidade”:
“A maior necessidade do
mundo é um consagrado esforço
pela salvação das pessoas. Cristo deseja que a plenitude do Seu
poder fortaleça tanto o Seu povo
que através dele todo o mundo
seja envolvido com uma atmosfera de graça. Quando o Seu
povo decidir por uma entrega total a Deus, caminhando perante
Ele em humildade e fé, Ele executará através dele Seu propósito eterno, capacitando-os para
trabalhar
harmoniosamente,
dando ao mundo a verdade como
é em Jesus. Ele usará a todos,
homens, mulheres e crianças,
para fazer a luz brilhar no mundo, e chamar um povo que será
fiel aos Seus mandamentos.” 9
Assim como no caso da nossa
maior necessidade, a maior necessidade do mundo deveria ser
examinada no nível individual
com o objetivo de evitar generalização e falta de compromisso por
parte daqueles que aprendem a
respeito. Ellen G. White parece
sugerir que há uma necessidade
individual de compaixão:
“Quando você despreza aqueles que não parecem promissores e atraentes, você percebe
que está negligenciando as pessoas que Cristo está buscando?
No exato momento em que você
desiste, elas podem estar na
maior necessidade da sua compaixão. Em cada reunião de culto, há pessoas ansiando por descanso e paz. Elas podem parecer
estar vivendo descuidadamente,
mas não são insensíveis à influência do Espírito Santo. E muitas
podem ser ganhas para Cristo.”10
Sua Maior Obra
A conclusão parece óbvia.
Homens e mulheres experimentando um reavivamento da
sua fé tanto individual como coletivamente para o propósito de
glorificar a Deus através da proclamação das boas-novas num
ministério de compaixão - essa
é a maior obra. Ellen G. White,
quando descreve a comissão
divina de João Batista, chama
essa obra de “a maior já confiada a homens”11.
A exortação de Ellen G. White a respeito da reforma e reavivamento é tão relevante hoje
quanto no passado. A instrução
da mensageira do Senhor é clara e integral. Na página 124 do
livro “Mensagens Escolhidas”,
vol. 1, ela descreve o propósito
de tal reavivamento dando uma
perspectiva individual sobre a
maior obra:
“De todo membro da igreja pode irradiar firme luz para o mundo,
de modo que eles não sejam levados a indagar: Que faz esse povo mais
que os outros? Pode e deve haver uma retração da conformidade com
o mundo, um recúo de toda aparência do mal, de maneira que não seja
dada nenhuma ocasião aos contraditores. Não podemos escapar ao vitupério; ele virá; devemos, porém, ser muito cautelosos para não sermos acusados por nossos próprios pecados ou loucuras, mas por amor
de Cristo.”
A história do movimento missionário cristão dá evidências mais do
que suficientes de que um verdadeiro reavivamento está intimamente
ligado à missão. Um poderoso movimento de reavivamento na Alemanha, por volta de 1720, sob a liderança de Nicholas Von Zinzendorf, resultou no envio de mais de dois mil missionários para diversos campos
estrangeiros, num período de 150 anos. John Wesley e George Whitefield foram líderes de um despertamento na Grã-Bretanha do século
18. Além de milhares de conversos, muitas organizações foram estabelecidas para promover o trabalho missionário. O mesmo se repetiu
nos séculos XIX e XX nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
“Não seria um exagero caracterizar a história do movimento moderno
de missões como uma história de reavivamentos. Quando ocorre um
reavivamento genuíno, crentes são despertos para suas obrigações
evangelísticas e sociais. Os esforços missionários são fruto natural de
reavivamento.”12
Will Eva exorta quanto à compreensão da natureza integral da nossa
missão. Ele diz que é hora de se conscientizar de que:
“Se criarmos uma separação, qualquer separação no casamento
perfeito desses dois grandes princípios de ação cristã, tentando separar
aquilo que Deus uniu, danificaremos seriamente ambos, e acabaremos
por comprometer o divinamente designado ministério inclusivo da igreja
cristã como foi tão definitivamente modelado pelo próprio Jesus.”13
Essa compreensão integral está ilustrada na próxima página.
A experiência individual compõe a coletiva. O reavivamento espiritual
é completo pela expressão missionária que, por consequência, nutre a
espiritualidade. E assim as necessidades são supridas.
Quando os adventistas almejam por reavivamento não significa voltar
e viver num passado distante. O que se busca é dedicação, entrega e submissão à vontade de Deus conforme a exibida pela igreja apostólica e o
derramamento do Espírito Santo hoje para finalizarmos a obra amanhã.14
Um “cristão reavivado é um cristão que foi despertado para a missão”15.
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MAIOR
A
OBRA JÁ CONFIADA
A
HOMENS
Nossa maior necessidade
hoje é um aumento de fé.
POR DEUS
Eles podem estar na maior necessidade da sua compaixão.
Reavivamento e missão
A maior necessidade da
Igreja é um reavivamento
da verdadeira piedade.
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A maior necessidade do mundo é um esforço consagrado
para salvação das pessoas.
1 God’s Promised Gift: An urgent appeal for revival, reformation, discicleship, and evangelism, Documento do Concílio Anual,
votado em 11/10/2010, http://www.adventistreview.org/article.php?id=3823 (acessado em 14/2/2013).
2 Ibid.
3 WHITE, Ellen G., Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 121.
4 WHITE, Ellen G., The Service of Love, The Signs of the Times (21 de outubro de 1889), minha tradução.
5 WHITE, Ellen G., Seek Those Things Which are Above, The Signs of the Times (16 de janeiro de 1893).
6 EVA, Willmore D., Nurture Versus Evangelism, Ministry (julho 2003) https://ministrymagazine.org/archive/2003/July/nurture-versus-evangelism.html (acessado em 14/2/2013).
7 Ibid.
8 Ibid.
9 WHITE, Ellen G., A Call to Consecration, Review and Herald (21 de novembro de 1907), minha tradução.
10 WHITE, Ellen G., Christ’s Object Lessons (Washington, D.C.: Review and Herald, 1900), p. 191, minha tradução.
11 WHITE, Ellen G., O Desejado de Todas as Nações, p. 100.
12 Evangelical Dictionary of world Mission, Revival, Revivals, p. 832.
13 Eva.
14 BEACH, Bert B., The Appeal-and Peril-of Fundamentalism, Adventist Review (26 de novmebro de 2006) http://www.adventistreview.org/article.php?id=795 (acessado em 15/2/2013).
15 Evangelical Dictionary of world Mission, Revival, Revivals, p. 832.
MARCELO DIAS
O Pr. Marcelo Dias é professor de Teologia Prática no UNASP, campus Engenheiro Coelho, SP. Atuou como pastor tanto nos Estados Unidos como no Brasil. É formado
em Teologia e Administração de Empresas (concluiu o MBA em 2003), atualmente,
é doutorando (PhD) em Missiologia na Universidade Andrews, nos Estados Unidos.
Ele é casado com Ana Cláudia V. M. Dias, tem uma filha, Alissa Lauren.
Twitter: @mecdias
E-mail: [email protected]
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