HÉLIO MAURÍCIO VIANA GONZAGA

Transcrição

HÉLIO MAURÍCIO VIANA GONZAGA
1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)
HÉLIO MAURÍCIO VIANA GONZAGA
RALEIO QUÍMICO DE CACHOS DE UVA DA CV. SUPERIOR SEEDLESS
COM O USO DE ÁCIDO GIBERÉLICO
JUAZEIRO – BA
2008
2
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG)
Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)
Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)
HÉLIO MAURÍCIO VIANA GONZAGA
RALEIO QUÍMICO DE CACHOS DE UVA DA CV. SUPERIOR SEEDLESS
COM O USO DE ÁCIDO GIBERÉLICO
Dissertação apresentada junto ao Programa de PósGraduação em Horticultura Irrigada da Universidade do
Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Horticultura Irrigada. Área de Concentração: Fitotecnia.
Orientador : Prof. D.Sc. Valtemir Gonçalves Ribeiro.
JUAZEIRO – BA
2008
3
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS
SOCIAIS - DTCS - UNEB
G635
Gonzaga, Hélio Maurício Viana
Raleio Químico de cachos de uva da cv. Superior
Seedless com o uso de ácido giberélico / Hélio Maurício
Viana Gonzaga – Juazeiro: UNEB / Departamento de
Tecnologia e Ciências Sociais, [s.n], 2008. xiv, 57 f. : il. ;
29,7 cm.
Orientador: Valtemir Gonçalves Ribeiro
Dissertação (Mestrado em Horticultura Irrigada) –
Universidade do Estado da Bahia, Departamento de
Tecnologia e Ciências Sociais.
1. Videira. 2. Uvas sem semente. 3. Vitis vinífera (L.). I.
Ribeiro, Valtemir Gonçalves. II. Universidade do Estado
da Bahia. Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais.
III. Título.
CDD 634.8
4
HÉLIO MAURÍCIO VIANA GONZAGA
RALEIO QUÍMICO DE CACHOS DE UVA DA CV. SUPERIOR SEEDLESS
COM O USO DE ÁCIDO GIBERÉLICO
Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação
Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia
(PPHI/UNEB/DTCS), como parte dos requisitos para a obtenção
do
título
de
Mestre
em
Horticultura
Irrigada.
Área
Concentração: Fitotecnia.
Aprovada em : 26/09/2008
________________________________________
Prof. D.Sc. Valtemir Gonçalves Ribeiro
Universidade do Estado da Bahia (DTCS / UNEB)
_________________________________________________
Pesq. D.Sc. José Egídio Flori
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
_________________________________________________
Pesq. D.Sc. Débora Costa Bastos
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
de
5
Aos meus pais, José Teles e Alzira
OFEREÇO
À Ana Paula, minha esposa
E Victória, minha filha
DEDICO
6
AGRADECIMENTOS
À Deus acima de tudo e todos, pois sem ele nada na vida seria possível.
Aos meus pais, José Teles Gonzaga e Alzira do Nascimento Viana
Gonzaga, pela dedicação, carinho e incentivo.
À minha esposa, Ana Paula Gonçalves Agra e à minha filha, Victória
Gonçalves Agra, pelo incentivo e apoio irrestritos.
À UNEB / DTCS pelo contínuo aprendizado.
Ao Professor Valtemir Gonçalves Ribeiro, pela orientação, apoio e
amizade.
Ao Professor Gilton Carlos Anísio de Albuquerque, pela coordenação na
análise econômica e amizade.
Aos professores e amigos, Manoel Abílio de Queiroz e João Domingos
Rodrigues, sem os quais provavelmente não teríamos aprovado o curso de
mestrado em Horticultura Irrigada, pela UNEB.
À Fazenda FruitFort Agrícola e em especial ao seu gerente, Voltaire Diaz
Medina, pela amizade, apoio e incentivo.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso do
trabalho
Aos meus amigos e,
À minha família.
7
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
9
LISTA DE TABELAS
10
RESUMO GERAL
11
GENERAL ABSTRACT
13
1.INTRODUÇÃO
15
2.REVISÃO DE LITERATURA
16
2.1.Origem geográfica e classificação botânica
16
2.2.Aspectos morfológicos
18
2.3.Considerações sobre a viticultura
19
2.4.‘Superior Seedless’
22
2.5.‘SO4’
23
2.6.Raleio químico
23
2.7.Biorreguladores e Fitorreguladores
24
2.8.Ácido Giberélico
24
3.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
26
OBJETIVO GERAL
30
CAPÍTULO I : Uso de ácido giberélico no raleio de cachos de uva da cv.
Superior Seedless, enxertada sobre o porta-enxerto ‘SO4’, cultivada na
região do Vale do Submédio São Francisco.
31
RESUMO
32
ABSTRACT
33
INTRODUÇÃO
34
MATERIAL E MÉTODOS
36
RESULTADOS E DISCUSSÃO
36
CONCLUSÕES
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
41
8
CAPÍTULO II : Análise técnico-econômica do raleio químico de cachos
de uva da cv. Superior Seedless, com o uso de ácido giberélico
44
RESUMO
45
ABSTRACT
46
INTRODUÇÃO
47
MATERIAL E MÉTODOS
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
48
CONCLUSÕES
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
53
CONCLUSÃO GERAL
54
ANEXOS
55
9
LISTA DE FIGURAS
1. Morfologia do cacho da videira.
5
2. Efeito de aplicações de GA3 a 0,5 e 6 mg.L-1, (da esquerda para
direita), respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior
Seedless.
24
3. Efeito de aplicações de GA3 a 2 e 4 mg.L-1 (da esquerda para
direita), respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior
Seedless.
26
4. Efeito de aplicações de GA3 a 6 e 8 mg.L-1 (da esquerda para
direita), respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior
Seedless.
26
5. Efeito de aplicações de GA3 (0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1)
sobre o número de bagas por cacho da cv. Superior Seedless.
34
10
LISTA DE TABELAS
1. Quadrados médios da análise de variância para comprimento médio
do cacho, engaço e “ombros” e densidade de bagas da cv. Superior
Seedless, em resposta a tratamentos com ácido giberélico.
22
2. Quadrados médios da análise de variância para massa da matéria
fresca de cacho e bagas, e diâmetro e comprimento de bagas da cv.
Superior Seedless, em resposta a tratamentos com ácido giberélico.
22
3. Efeito do ácido giberélico (GA3) sobre o comprimento de cacho,
engaço e “ombros”, e na densidade de bagas da cv. Superior
Seedless.
23
4. Efeito do ácido giberélico (GA3) sobre a massa da matéria fresca
de cachos e bagas, e diâmetro e comprimento de bagas da cv.
Superior Seedless.
25
5. Quadrado médio da análise de variância para número de bagas por
cacho da cv. Superior Seedless, em resposta a tratamentos com
ácido giberélico.
34
6. Comparação de custos entre o raleio manual e o raleio químico
de cachos da cv. Superior Seedless.
36
11
RESUMO GERAL
O Vale do São Francisco é a principal região exportadora de uvas do
País e, nos últimos anos, motivado principalmente pelas exportações de uvas
sem semente, esta região apresentou uma grande expansão de sua área
plantada, passando nos Estados de Pernambuco e Bahia de 8.023 ha em
2005 para 11.208 ha em 2007, um aumento de 39,7 % (IBGE, 2008). Nessa
região devido a rápida expansão da cultura os produtores vêm passando por
grande dificuldade em conseguir mão de obra em quantidade suficiente com
qualificação adequada, principalmente para as atividades de raleio manual de
bagas (pinicado e raleio), que consomem grande parte da mão de obra
utilizada na cultura. Paralelo a isso, surge também a necessidade urgente da
redução de custos na cultura visto que a desvalorização cambial e o aumento
freqüente dos principais insumos agrícolas e da mão de obra, que é reajustada
anualmente, podem tornar inviável a produção dessas uvas em um curto
espaço de tempo. Este trabalho teve como objetivo estudar os efeitos do ácido
giberélico no raleio químico de cachos de videira cv. Superior Seedless para
reduzir os tratos culturais com raleio manual de bagas, permitido assim uma
diminuição dos custos da mão de obra na cultura bem como uma melhoria na
qualidade das uvas. O experimento foi realizado em pomar comercial na
Fazenda Copa Fruit S.A., município de Petrolina-PE. O delineamento
experimental foi em blocos ao acaso, com sete tratamentos (GA3: 0,0, 0,5, 1,0,
2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1), quatro repetições e duas plantas por parcela. As
aplicações dos tratamentos foram realizadas em três fases, a primeira antes da
antese e a segunda e terceira com aproximadamente 25% e 80% de flores
abertas, respectivamente, utilizando-se um volume de calda de 2.000 litros/ha.
Os cachos foram colhidos com 60 dias após a poda e as características
avaliadas foram: comprimento médio de cacho, engaço e “ombros”; densidade
de bagas; massa da matéria fresca do cacho e das bagas; e diâmetro e
comprimento de bagas. Os melhores resultados para o raleio foram obtidos
com a concentração de 0,5 mg.L-1, que proporcionou uma densidade de 5,39
12
bagas/cm de cacho, contra 8,24 bagas/cm de cacho obtido pela testemunha.
Em relação à melhoria da qualidade de cachos e bagas, aplicações de GA3
acima de 2,0 mg.L-1, apesar de mostrarem eficiência no aumento do
comprimento de cachos, tiveram efeitos negativos na massa da matéria fresca
de cachos de bagas, inviabilizando os cachos comercialmente. A análise
econômica comparando o raleio convencional (manual) com o raleio químico
dos cachos indicou que este foi muito mais viável, com uma economia de
70,36% em relação ao raleio convencional, sobretudo, pela economia da mãode-obra.
13
GENERAL ABSTRACT
San Francisco Valley is the main exporting region of grapes in the
Country and, in recent years, motivated mainly for the exportations of seedless
grapes, this region presented a great expansion in his planted area, passing in
the state of Pernambuco and Bahia of 8.023 ha in 2005 for 11.208 ha in 2007,
a 39.7% increase (IBGE, 2008). In this region due the fast expansion of the
culture the producers come passing for great difficulty in obtaining hand of
workmanship in enough amount with adjusted qualification, mainly for the
activities of manual thinning of berries, that they consume great part of the hand
of workmanship used in the culture. Parallel to this, also appears the urgent
necessity of reduction of costs in the culture since the exchange depreciation
and the frequent increase of the main agricultural fertilizers and the hand of
workmanship, that is readjusted annually, can become impracticable the
production of these grapes in a short space of time. This research had the
objective to study the effect of gibberellic acid in the chemical thinning of
grapevine clusters to reduce the cultural treatments with manual thinning of
berries, thus allowed a reduction of the costs of the hand of workmanship in the
culture as well as an improvement in the quality of the grapes. The experiment
was carried through in commercial orchard in Copa Fruit Farm, Petrolina - PE
city. The experiment was arranged in a completely randomized design, with
seven treatments (GA3: 0.0, 0.5, 1.0, 2.0, 4.0, 6.0 and 8.0 mg.L-1), four
replications and two plants/plot. The applications of the treatments had been
carried through in three phases, the first one before the flower opening and
second and third with approximately 25% and 80% of flowers opened,
respectively, using a volume of 2.000 liters for hectare. The clusters had been
harvested with 60 days after pruning and the evaluated characteristics had
been: average length of cluster, stem and “shoulders”; density of berries/cm of
cluster; mass of fresh matter of the cluster and berries and diameter and length
of berries. The best one resulted for thinning had been gotten with the
14
concentration of
0.5 mg.L-1, that provided a density of 5.39 berries/cm of
cluster, against 8.24 berries/cm of cluster gotten for the witness. In relation to
the improvement in quality of clusters and berries, applications of GA3 above of
2.0 mg.L-1, although they will show efficiency in the increase of the length of the
cluster, had negative effect in the mass of fresh matter of clusters and berries,
making commercially impracticable the clusters. The economic analysis
comparing the conventional thinning with the chemical thinning of clusters
indicated that this was much more viable, with a economy of 70.36% in relation
to the conventional thinning, over all, for the economy of the man power.
15
1. INTRODUÇÃO
Em 2005 a área ocupada com vinhedos no mundo foi de 7,3 milhões de
hectares, com produção de 65,9 milhões de toneladas de uvas. A Espanha
possuía a maior área de cultivo com cerca de 949 mil hectares, seguida pela
França com 855 mil hectares e a Itália, com 800 mil hectares. O Brasil ocupa a
21ª posição, com cerca de 73.715 hectares (REGINA, 2006).
Entretanto, destacando-se as uvas para consumo in natura, a China
liderava a produção, com mais de 6 milhões de toneladas, seguida pela Turkia
(aproximadamente 1,8 milhão de toneladas), Itália (aproximadamente 1,7
milhão de toneladas), Chile (aproximadamente 1 milhão de toneladas) e
Estados Unidos (aproximadamente 800 mil de toneladas), (Anexo 1),
(FAS/USDA, 2006).
Em relação ao consumo também a China aparecia em primeiro com
aproximadamente 4,8 milhões de toneladas, seguida por Turkia (1,7 milhões),
Estados Unidos (1,1 milhões) e Itália (800 mil toneladas), (Anexo 2),
(FAS/USDA, 2006).
No contexto mundial, existe uma preferência absoluta por cultivares de
uvas de mesa sem sementes, podendo-se observar que a área cultivada no
Estado da Califórnia, nos Estados Unidos é de aproximadamente 77.000 ha
com uvas sem sementes, o que representa 85,6% da área de produção de
uvas de mesa nesta região. No Chile, a área está em torno de 35.000 ha, ou
seja, 70,5% da área cultivada com uvas de mesa naquele país (LEÃO, 1999).
O Vale do São Francisco é a principal região exportadora de uvas do País
e, nos últimos anos, motivado principalmente pelas exportações de uvas sem
sementes, esta região apresentou uma grande expansão de sua área plantada,
passando nos Estados de Pernambuco e Bahia de 8.023 ha em 2005 para
11.208 ha em 2007, um aumento de 39,7 % (IBGE, 2008).
Destaca-se nessa região principalmente a produção das cultivares
apirenas (sem sementes) como ‘Superior Seedless’, ‘Thompson Seedless’ e
‘Crimson Seedless’, que têm grande aceitação nos mercados europeu e
americano, principais destinos dessas uvas.
16
Devido a fatores como o recente aumento da área plantada e a
concentração do período de colheita (visando evitar o período chuvoso, que
inicia a partir do fim de Outubro e que foi responsável por grandes perdas
nesse setor nos últimos 03 anos), muitos produtores têm passado por grandes
dificuldades em conseguir mão-de-obra para a condução da cultura, tanto em
relação a quantidade quanto à qualificação das mesmas, principalmente para
as atividades de raleio manual de bagas (pinicado, despenca, raleio) que
consome grande parte da mão-de-obra utilizada anualmente.
Paralelamente ao crescente volume produzido pela região, os preços
recebidos pelos produtores por essas uvas vêm decrescendo ano a ano,
principalmente devido a desvalorização do dólar, pressionando os produtores
da região a buscarem alternativas para diminuir os custos, principalmente os da
mão-de-obra, que é o maior deles atualmente.
O uso de fitorreguladores como o ácido giberélico na viticultura também
tem sido muito comum com o objetivo de melhoria da qualidade dos cachos,
tanto no aumento do tamanho dos mesmos como no aumento do tamanho das
bagas, havendo, entretanto, poucos estudos quanto ao seu uso no raleio de
cachos.
Objetivou-se, com esse trabalho, estudar os efeitos do ácido giberélico no
raleio químico de cachos de videira cv. Superior Seedless, para reduzir os
tratos culturais com raleio manual de bagas e, permitir assim, aumentos na
rentabilidade do produtor, através da diminuição dos custos da mão de obra
bem como melhoria da qualidade das uvas.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Origem geográfica e classificação botânica
A videira é originária do árido Cáucaso, na Ásia, e é uma das frutíferas
mais antigas utilizadas na alimentação humana e a sua produção se distribui
por todo o mundo. Sua origem vem de 6.000 a.C. No Brasil, o cultivo da videira
começou em 1535, na Capitania de São Vicente trazida pelos portugueses
(CEAGESP, 2007). Segundo SOUZA (1996), a videira surgiu na atual
17
Groelândia, conforme comprovam os achados arqueológicos e, a partir daí, se
dispersou seguindo duas direções principais: uma américo-asiática e outra
euro-asiática.
A videira pertence ao gênero Vitis, único gênero com importância
econômica, social e histórica da família Vitaceae ou Ampelidaceae, da ordem
Rhamnales (LEÃO, 2001).
De acordo com LEÃO (2001), o germoplasma de Vitis está distribuído em
três centros de origem:
1) Centro Euroasiático: caracterizado por clima temperado, verão quente
e seco e inverno frio e úmido, do qual são originárias as espécies Vitis vinifera
e Vitis silvestris.
A espécie Vitis vinifera é a videira mais cultivada no mundo e, segundo a
bibliografia, teria surgido a partir do Cáucaso, região situada entre a Armênia e
a Pérsia (atual Irã) e se difundido por todo o mediterrâneo. A viticultura
européia está baseada em variedades desta espécie, considerando-se como
plantas com excelentes características para produção de vinhos de excelente
qualidade, consumo ‘in natura’ ou passas. O cultivo desta espécie no Brasil
concentra-se na região semi-árida do Nordeste pois estas variedades são mais
exigentes em relação ao clima e não toleram alta umidade relativa do ar e
intensas precipitações pluviométricas.
2) Centro Asiático: abrange regiões de clima muito diverso desde latitudes
entre 40 e 50º N até 10º S. Pela sua dimensão territorial e amplitude climática,
este centro é rico em espécies e em variabilidade genética. Entretanto, as suas
espécies são pouco conhecidas e raramente utilizadas.
3) Centro Americano: Aqui se encontram as variedades da espécie vitis
americanas, que ocupam vasto território a partir do Canadá, onde encontra-se
a Vitis riparia até a América Central, Colômbia e Equador onde está a Vitis
caribaea.
Este centro é importante não apenas pela sua riqueza genética como
também pela utilização de suas espécies tanto no melhoramento genético
como na produção comercial de uvas. Essas espécies predominam em área
cultivada no Brasil. São mais fáceis de se cultivar porque apresentam maior
18
rusticidade e resistência a doenças e pragas, tolerando melhor condições
climáticas com alta umidade relativa, como as que são encontradas na
tradicional zona de produção de uvas do Rio Grande do Sul.
2.2. Aspectos morfológicos
De acordo com CATALUÑA (1991), a videira é um arbusto
sarmentoso (de ramos longos, delgados e flexíveis) e trepador que se fixa a
tutores naturais ou artificiais através de suas gavinhas. Assim, na videira podese distinguir uma parte enterrada, formada por raízes, e outra parte aérea, na
qual se pode diferenciar o tronco, os braços, os sarmentos (que se mantém por
vários anos), as folhas, os frutos e as gavinhas (cuja vida útil não ultrapassa
um ano).
As espécies do gênero Vitis possuem flores com cálice reduzido. A corola
apresenta pétalas livres em sua base e soldadas no ápice, formando um
capulho ou caliptra que se desprende completamente durante a floração. O
estilete é curto. As folhas são palminérveas e geralmente lobuladas (LEÃO,
2001).
De acordo com DAMIÃO FILHO & MÔRO (2001), a videira apresenta
frutos carnosos, indeiscentes, do tipo baga, ou seja, que possuem o epicarpo
delgado e o mesocarpo e endocarpo carnosos (figura 1). Segundo MULLINS et
al. (1992), as bagas são compostas por pericarpos que apresentam-se
subdivididos em três partes principais: epicarpo ou película, mesocarpo ou
polpa e endocarpo que é a parte mais interna da polpa. A película das bagas é
constituída por tecido do colênquima. Sua importância está associada a
proteção do fruto e por seus tecidos constituintes terem uma elevada proporção
de substâncias responsáveis pela pigmentação, sabor e aroma. MULLINS et al.
(1992), afirmam que a polpa contém o suco ou mosto e constitui cerca de 90%
do peso do fruto. No interior da polpa, encontram-se as sementes ou
rudimentos de sementes, no caso de variedades apirenas.
Os frutos da videira, denominados bagas, estão reunidos em cachos
(Figura 1). Os cachos são formados pelo pedúnculo e ramificações que
correspondem ao engaço, em cujas extremidades, chamadas de pedicelos,
19
estão presas as bagas (KUHN et al., 1984; SOUZA, 1996). De acordo com
SOUZA (1996), os cachos variam quanto ao tamanho (muito pequenos –
menos que 150 g; pequenos – 151 a 250 g; médios – 251 a 800 g; grandes 801 a 1500 g e muito grandes - acima de 1500 g), forma (cônica, cilíndrica e
alada) e compacidade (muito compactos, moderadamente compactos, muito
cheios, soltos e muito soltos).
Figura 1. Morfologia do cacho da videira (CEAGESP, 2007)
2.3. Considerações sobre a viticultura
A imigração italiana em São Paulo e no Rio Grande do Sul, no final do
século XIX, deu um grande impulso à cultura. O consumidor pode saborear uva
o ano todo. Uma pesquisa sobre os hábitos de compra do consumidor de uva
feita pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(CEAGESP) mostrou que os consumidores procuram a uva nas gôndolas e que
a doçura da baga é a característica determinante da compra. A falta de
confiabilidade da uva é o principal gargalo do produto (CEAGESP, 2007).
São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco e
Bahia são grandes produtores. As melhores épocas de produção variam com
as características climáticas de cada região (CEAGESP, 2007).
20
A videira é uma das mais importantes espécies frutíferas cultivadas no
mundo. Segundo a FNP (2002) a viticultura apresentou no ano 2000 uma
produção mundial de 8.003.700 toneladas, onde a Turquia foi a maior
produtora com 3.500.000 toneladas (43,73%). A Itália veio em segundo lugar,
com 1.550.000 toneladas (19,37%), seguida pelo Chile com 935.000 toneladas
(11,68%). Em termos de consumo mundial (total de 3.816.320 toneladas), a
Turquia liderou, consumindo 1.700.250 toneladas (44,55%), a Itália 692.000
toneladas (18,13%) e, os EUA, 550.000 toneladas (14,41%) da fruta.
De acordo com a FNP (2005), no período de 2003/04 a produção mundial
de uva de mesa aumentou para 11.497.823 toneladas, sendo a China o maior
produtor, com 5.000.000 toneladas (43,49%), a Turquia com 1.750.000
toneladas (15,22%) e a Itália com 1.553.423 toneladas (13,51%). O consumo
mundial nesse período foi de 7.917.462 toneladas, onde os maiores
consumidores foram: China (3.800.000 toneladas, 48%), Turquia (1.582.600,
20%) e Estados Unidos (1.000.000, 12,63%).
No Brasil, em 2001, a produção foi de 1.001.253 toneladas de uva, sendo
as três maiores regiões produtoras : Sul, com 613.238 toneladas, onde o Rio
Grande do Sul se destacam com 498.104 toneladas (81,22% da produção do
Sul); Sudeste, com 226.580 toneladas onde, nessa região, São Paulo se
destacou, com 213.329 toneladas (94,15% da produção do Sudeste) e a região
Nordeste, com 161.435 toneladas, na qual Pernambuco produziu 95.700
toneladas (59,28% da produção do nordeste), (FNP, 2002).
Já em 2004, a produção brasileira de uva foi de 1.298.874 toneladas,
sendo que, a região Sul permaneceu como a maior produtora (826.348
toneladas, 63,62%), e o RS participou com 85,26% dessa produção. Em
seguida vieram a regiões Sudeste, com 238.634 toneladas (18,37%), tendo
São Paulo 94% dessa produção e Nordeste, com 233.892 toneladas (18%),
sendo que Pernambuco apresentou 64,41% da produção dessa região (FNP,
2005).
Em 2004, o valor mundial de exportação foi de 2.226.050 toneladas e o
Chile tornou-se o maior exportador (670.000 toneladas, 30,10%). A Itália
exportou 600.000 toneladas de uva (26,95%) e os EUA permaneceram em
21
terceiro lugar, com 300.000 toneladas, sendo 13,48% da produção mundial
(FNP, 2005).
Pode-se observar que, no contexto mundial houve considerável aumento
na produção de uva a partir de 2000 até 2003/04. Além disso, a China assumiu
a liderança tanto na produção como no consumo. O Brasil, apresentou
aumento na produção e consumo, no entanto, permaneceu com as mesmas
regiões em destaque.
O crescente interesse dos viticultores pela produção de uvas sem
sementes é uma conseqüência dos seguintes aspectos: seguir as tendências
de consumo do mercado internacional; buscar uma melhoria de qualidade, que
permita competir em igualdade de condições com importantes exportadores
mundiais como Estados Unidos, Chile e África do Sul e oferecer novas
alternativas de cultivares no mercado interno, especialmente em um contexto
de mercado globalizado, com a presença cada vez mais forte de cultivares de
uva sem sementes, procedentes principalmente do Chile (LEÃO, 1999).
O cultivo de uvas sem sementes é uma tendência cada vez mais evidente
entre os produtores do Pólo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina. Nessa região,
de onde ocorre cerca de 90 % das exportações brasileiras dessa fruta, a uva
sem semente já ocupa a maior área cultivada com variedades sem sementes
do país, cerca de 7.000 ha, com a grande maioria dessa área plantada com a
variedade Festival. A ampliação dos plantios tem mobilizado investimentos de
grandes, médios e pequenos produtores.
Segundo Leão (1999), as safras de uvas sem sementes ainda são
pequenas (20 t/ha/ano) se comparadas com as cultivares com semente, como
a Itália (50 t/ha/ano). Essa diferença, contudo, é compensada pela grande
preferência que os consumidores de mercados importantes, como o inglês,
manifestam com relação às variedades sem sementes. E, também, pelos
preços que têm alcançado com as exportações. Enquanto uma caixa de 4,5 kg
da variedade Itália alcança U$ 7,00, a caixa de 4,5 kg da uva sem semente
chega a U$ 14,00.
Segundo GAYET (1993), as uvas de mesa devem apresentar as
seguintes características para atender as exigências do mercado externo :
22
cachos com peso entre 300 a 1000 gramas e 20 cm de comprimento, formato
cônico e "ombros" desenvolvidos, coloração uniforme característica da
variedade, ausência de manchas de defensivos ou outros tipos de danos,
bagas com diâmetro superior a 22 mm para variedades com sementes e 18
mm para variedades sem sementes, de tamanho uniforme e engaços
resistentes, de coloração verde e sem defeitos.
Por outro lado, BLEINROTH (1993) indica que, segundo as normas
européias de classificação da uva para exportação, o tamanho mínimo de
cachos é de 150 gramas para variedades com bagas grandes e 100 gramas
para variedades com bagas pequenas, enquanto que para a exportação para
os Estados Unidos, o peso mínimo de cachos exigido é de 227 gramas.
2.4. ‘Superior Seedless’
Foi obtida através do cruzamento entre ‘Cardinal’ e uma seleção
desconhecida de uva sem sementes em programa de melhoramento genético
privado na Califórnia, sendo portanto, uma cultivar patenteada, da empresa
Sun World. Foi introduzida comercialmente nos Estados Unidos em 1971. Pode
ser conhecida em diversos países como ‘Sugraone’ e no Vale do São
Francisco como ‘Festival’ (LEÃO, 2001).
Apresenta excelentes características comerciais, não obstante sua
fertilidade de gemas ser baixa o que conduz à produtividades reduzidas. Outras
características indesejáveis desta variedade são a irregularidade de produção
entre as safras e a sensibilidade ao rachamento pedicelar das bagas durante a
ocorrência de chuvas. Os prejuízos causados pelo rachamento pedicelar e
desgrane das bagas têm sido minimizados pela proteção individual dos cachos
com plástico ou “chapéu-chinês” durante a fase de maturação.
A ‘Superior Seedless’ apresenta como grande vantagem diferencial, o
excelente diâmetro de bagas, superiores ao de outras variedades de uvas sem
sementes, que ainda pode ser elevado com o uso de reguladores de
crescimento. O teor de sólidos solúveis totais pode ser considerado muito bom,
nos dois ciclos, com média superior a 17º Brix , enquanto a acidez total dos
23
frutos é baixa, resultando em relação açúcares/acidez satisfatória. Apresentam
sabor neutro agradável e textura da polpa crocante e boa conservação póscolheita (LEÃO, 2001).
A excelente aceitação de ‘Superior Seedless’ no mercado externo, tem
consolidado esta como a mais importante variedade de uva sem sementes em
produção no Submédio São Francisco.
2.5. ‘SO4’
O porta-enxerto ‘SO4’ é uma variedade de híbridos de Teleki 4,
selecionada em Oppenheim, Alemanha. A introdução do ‘SO4’ no Brasil foi uma
iniciativa da estação experimental de Caxias do Sul, que o recebeu em 1961 da
França, mais precisamente da Escola Nacional de Agricultura de Montpellier. A
vantagem desse porta-enxerto é apresentar uma melhor maturação do lenho
em relação ao ‘5 BB’, fator determinante para um melhor enraizamento
(SOUZA, 1996).
Possui como características uma alta emissão de raízes e um ciclo
vegetativo de 239 dias. Além disso, confere alto vigor à copa da planta
enxertada, adiantando a maturação da uva, permitindo uma alta produtividade
da variedade copa e uma qualidade de produção regular, sendo recomendado
para cultivo em solos arenosos (GIOVANNINI, 1999).
2.6. Raleio Químico
No Brasil são praticamente inexistentes pesquisas sobre o raleio químico
de cachos de videira sendo que em outras culturas, como macieiras e
pessegueiros, essa é uma prática bastante utilizada. Em macieiras o raleio
químico está amplamente difundido em todas as regiões produtoras. Esta
técnica é de aplicação mais prática, rápida e econômica, quando comparada
com o raleio manual. Como o raleio químico é efetuado no início do
desenvolvimento das frutas, reduz a competição entre elas já neste período.
Assim, as frutas remanescentes serão de maior tamanho e as chances de
24
alternância na produção são reduzidas (EDGERTON, 1973; EBERT et al.,
1988; FAUST, 1989; ESPADA CARBÓ, 1994).
Em pessegueiros o raleio pode ser feito de forma manual ou com auxílio
de produtos químicos, entretanto, se for realizado manualmente necessita de
excessiva mão-de-obra em curto período de tempo, tornando-se uma prática
onerosa. O raleio químico de flores de pessegueiros, resulta em 20-30% de
acréscimo no tamanho dos frutos, quando comparado ao raleio manual
realizado 40-50 dias após a plena floração (BYERS, 1989).
O raleio de cachos de videiras implica em uma modificação na relação
entre a superfície foliar da planta e a quantidade de bagas, tornando-se uma
prática para regular a produção e melhorar a qualidade das uvas (DUMARTIN
et al., 1990; IACONO, 1991; YUSTE et al., 1997).
2.7. Biorreguladores e Fitorreguladores
Os biorreguladores são classificados como substâncias produzidas
naturalmente pelas plantas (hormônios) ou que são sintéticas, com fórmulas
semelhantes aos hormônios e que se ligam aos mesmos receptores e
interferem da mesma forma em sua fisiologia. Entre os fitorreguladores mais
utilizados nas videiras encontram-se o ácido giberélico. O ácido giberélico mais
utilizado é o GA3 que é elaborado através de um processo de fermentação
biológica (ALBUQUERQUE & DANTAS, 2004).
Fitorreguladores são as substâncias sintetizadas que possuem ações
similares aos grupos de hormônios vegetais conhecidos (CASTRO & VIEIRA,
2001)
2.8. Ácido Giberélico ( GA3 )
O ácido giberélico é o regulador de crescimento mais utilizado em
viticultura, visando principalmente ao aumento do tamanho e fixação das
bagas, à descompactação dos cachos e à eliminação de sementes (PIRES,
1998).
25
A ação da giberelina vem sendo intensivamente estudada em viticultura.
Aplicações efetuadas desde o aparecimento da inflorescência até o início da
maturação visam principalmente ao aumento da produção através do aumento
do peso dos cachos e das bagas e à obtenção de cachos medianamente soltos
(que dispensam a operação de desbaste e facilitam o controle de doenças).
Além disso, a aplicação do ácido giberélico pode acarretar no engrossamento
dos pedicelos e engaços e obtenção de frutos sem sementes, com diminuição
do ciclo da videira, antecipando-se o período de colheita (PEREIRA &
OLIVEIRA, 1976).
Em paises como Chile e Estados Unidos o mesmo também é
amplamente utilizado no raleio químico de cachos, o que proporciona cachos
menos compactos e com maior tamanho de bagas.
Segundo HASHIM (2007), muitas teorias foram propostas explicando o
mecanismo responsável pela indução de abscisão causada pelo GA3 em uvas
sem semente. As três teorias abaixo estão entre as mais aceitas:
Hipótese polinicida: Essa hipótese defende que o GA3 age como um
polinicida, interferindo na germinação do pólen ou no crescimento do tubo
polínico. Essa teoria foi proposta pelos primeiros pesquisadores na área que
mostraram que a viabilidade do pólen, tanto em uvas com semente como sem
semente, foram reduzidas pelo GA3. Esse conceito espalhou-se rapidamente
entre cientistas e produtores, e foi, no passado, a teoria mais aceita.
Entretanto, trabalhos no Chile e Califórnia na década passada mostraram que a
germinação do pólen não é reduzida por concentrações de GA3 normalmente
aplicadas comercialmente para o raleio de bagas.
Hipótese do balanço hormonal: Alguns pesquisadores têm sugerido
que o GA3 aplicado na floração altera o balanço hormonal natural ou endógeno
nas bagas, causando a abscisão de flores ou frutos. Essa teoria sugere que
uma relativa concentração hormonal, como por exemplo GA3 : Auxina ou GA3 :
Citocinina regula o pegamento de bagas. Os proponentes da hipótese
argumentam que níveis elevados de GA3 promovem o raleio (abscisão),
enquanto as citocininas e os inibidores de síntese de GA3 promovem o
pegamento. Visto que pouco é conhecido sobre como as concentrações de
26
vários hormônios na baga mudam durante o pegamento, evidências diretas que
dêem suporte a essa hipótese não estão ainda totalmente esclarecidas.
Hipótese da competição por nutrientes ou desenvolvimento: Essa
hipótese sugere que o GA3 induz a competição por nutrientes entre flores e
ramos, ou entre flores dentro do mesmo cacho. Uma versão dessa teoria é
baseada na idéia que o GA3 estimula o ápice do ramo a crescer e, desse
modo, desvia nutrientes do desenvolvimento das bagas para esses ápices. A
abscisão (raleio) é causada devido a redução na quantidade de nutrientes
disponíveis para o desenvolvimento das bagas. Outra versão dessa teoria
sugere que o GA3 estimula a competição por nutrientes entre as bagas dentro
do cacho pelo rápida estímulo da divisão celular e expansão no pegamento.
Fisiologicamente, bagas avançadas, ou bagas de inflorescências fortes,
tornariam-se drenos fortes ou usuárias desses nutrientes. Bagas mais fracas
ou bagas de inflorescências mais tardias seriam efetivamente incapazes de
competir com as anteriores e cairiam. Novamente, poucas informações diretas
para o suporte dessa teoria são disponíveis.
PIRES & MARTINS (2003), relatam que aplicações de GA3 no
florescimento induz menor pegamento de flores, dando como conseqüência
cachos mais soltos, visto que nessa fase, seu provável efeito é o de provocar
danos nos óvulos, sem interferir na fertilidade do pólen.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, T.C.S.; DANTAS, B.F, 2004. Uso de substâncias
orgânicas
na
produção
de
uvas
de
mesa.
Disponível
em:
http://www.cpatsa.embrapa.br/sistema_producao/spvideira/substancias.htm
Acesso em: Maio, 2007.
BLEINROTH, E. W. Normas para seleção e classificação da uva. In: Gorgatti
Netto, A.; Gayet, J.P.; Bleinroth, E.F.G.; Matallo, M.; Garcia, E.; Garcia, A.E.;
Ardito, E.F.G.; Bordin, M. Uvas para exportação, procedimentos de colheita e
pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI. (Série Publicações Técnicas Frupex, 2),
1993, 40p.
27
BYERS, R.E. Response of peach trees to bloom thinning. Acta Horticulturae,
Wageningen, n.254, p.125-133, 1989.
CASTRO, P.R.C.; VIEIRA, E.L. Aplicações de Reguladores Vegetais na
agricultura Tropical. Guaíba: Agropecuária, 2001. 132 p.
CATALUÑA, E. As uvas e os vinhos. São Paulo: Globo. São Paulo-SP, 3a ed.,
1991 (Coleção do agricultor, Vitivinicultura).
CEAGESP/uva. Disponível em: www.ceagesp.com.br Acesso em: Julho, 2007.
DAMIÃO FILHO, C.F.; MÔRO, F.V. Morfologia externa das espermatófitas.
FCAV/UNESP, Jaboticabal-SP, p.52, 2001.
DUMARTIN, P.; LEMOINE, B.; MARCORELLES, S. Les travaux en vert de la
vigne. Progrés Agricole et Viticole. v.107, n.6, 1990.
EBERT, A.; KREUZ, C.L.; ZAFFARI, G.R.; PETRI, J.L. Raleio de frutos em
macieira no alto vale do Rio do Peixe em Santa Catarina. Florianópolis:
EMPASC, 1988, 65p.
EDGERTON, L.J. Chemical thinning of flowers and fruit. In: KOZLOWSKI,
T.T. (Ed.). Shedding of plant parts. New York : Academic, p.435-474, 1973.
ESPADA CARBÓ, J.L. El aclareo químico: aplicación a flores y jóvenes frutos
de manzano. Hortofruticultura, Madrid, v.5, n.4, p.53-55, 1994.
FAS/USDA. Disponível em: http://www.fas.usda.gov/htp/Hort_Circular/2006/0406/Table%20Grape%20Situation%20and%20Outlook%202006.pdf Acesso em:
Jun. 2008
FAUST, M. Physiology of temperate zone fruit trees. New York: J. Wiley,
1989, 338p.
FNP Consultoria e Comércio, Anuário da agricultura brasileira. São Paulo,
2002.
FNP Consultoria e Comércio, Anuário da agricultura brasileira. São Paulo,
2005.
GAYET, J.P. Características das frutas de esportação. In: Gorgatti, Neto, A.;
Gayet, J.P.; Bleinroth, E.F.G.; Matallo, M.; Garcia, A.E.; Ardito, E.F.G.; Bordin,
M. Uvas para exportação, procedimentos de colheita e pós-colheita. Brasília:
EMBRAPA-SPI. (Série Publicações Técnicas Frupex, 2), 1993, 40p.
28
GIOVANNINI, E. Produção de uvas para vinho, suco e mesa. Porto Alegre:
Renascença, 1999, 364p.
HASHIM, J. Gibberellic acid for table grape production. Disponível em:
http://cekern.ucdavis.edu/newsletterfiles/From_the_Vine2702.pdf
Acesso em:
jun. 2007.
IÁCONO, F.; BERTAMINI, M.; PORRO, D.; STEFANINI, M. Rapporto tra i
livelli di variabilita della struttura vegeto-produttiva della vite e risultati
quanti-qualitativi del iradamento. Vignevini, v.10, p.49-54, 1991.
IBGE / indicadores. Disponível em: www.ibge.gov.br , acesso em Jun. 2008.
KUHN, G.B.; LOVATEL, J.L.; PREZOTTO, O.P.; RIVALDO, O.F. O cultivo da
videira: informações básicas. ed. 2, EMBRAPA/CNPUV, Bento Gonçalves-RS,
1984, 44p, (Circular Técnica-10).
LEÃO, P.C.S. Avaliação do comportamento fenológico e produtivo de seis
variedades de uva sem sementes no Vale do Rio São Francisco.
Jaboticabal, 1999, 124p. - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, (Dissertação Mestrado em Genética e
Melhoramento de Plantas).
LEÃO, P.C.S. O cultivo da uva. 8ª Semana Internacional da Fruticultura,
Floricultura e Agroindústria. FRUTAL, Fortaleza, Ceará, 2001
MULLINS, M.G.; BOUQUET, A.; WILLIAMS, L.E. Biology of the grapevine.
Cambridge University Press, 1992, 239 p.
PEREIRA, F.M.; OLIVEIRA, J.C. Ação da giberelina sobre cachos de cv. de
videira Patrícia. Científica, v.4, p.175-180, 1976.
PIRES, E.J.P.; Empregos de reguladores de crescimento em viticultura tropical.
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.19, n.194, p.40-43, 1998.
PIRES, E.J.P; MARTINS, F.P. Técnicas de cultivo. In: Pommer, C.V. UVA:
Tecnologia
de
Produção,
Pós-colheita, Mercado.
Porto
Alegre:
cinco
continentes, p.351-403, 2003.
REGINA, M.A. Viticultura, Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p.152,
2006.
SOUZA, J.S.I. de. Uvas para o Brasil. ed.2. FEALQ, Piracicaba-SP, 1996,
791p.
29
YUSTE, J.; RUBIO, J.; BAEZA, P.; LISSARRAGUE, J. Aclareo de racimos y
régimen hídrico: efectos en la producción, el desarrollo vegetativo y la calidad
del mosto de la variedad Tempranillo conducida en vaso. Viticultura enología
Profesional. v.50, 1997.
30
OBJETIVO GERAL
Avaliar os efeitos do ácido giberélico no raleio químico de cachos e na
qualidade de bagas de uva da cv. Superior Seedless, na região do Submédio
São Francisco, bem como a eficiência técnico-econômica dessa prática.
31
CAPÍTULO I
Uso de Ácido Giberélico no raleio de cachos de uva da cv. Superior
Seedless, enxertada sobre o porta-enxerto ‘SO4’, cultivada na região do
Vale do Submédio São Francisco1
1
Trabalho apresentado ao curso de Pós-graduação em Horticultura Irrigada, como prérequisito para a obtenção do Título de Mestre, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
32
Uso de Ácido Giberélico no raleio de cachos de uva da cv. Superior
Seedless, enxertada sobre o porta-enxerto ‘SO4’, cultivada na região do
Vale do Submédio São Francisco
Resumo: Com o objetivo de avaliar o efeito de concentrações de ácido
giberélico no raleio e melhoria da qualidade de cachos de uva da cv. Superior
Seedless, foi realizado este experimento em pomar comercial na Fazenda
Copa Fruit S.A., município de Petrolina-PE. O delineamento experimental foi
em blocos ao acaso, com sete tratamentos (GA3: 0,0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e
8,0 mg.L-1), quatro repetições e duas plantas por parcela. As aplicações dos
tratamentos foram realizadas em três fases, a primeira antes da antese e a
segunda e terceira com aproximadamente 25% e 80% de flores abertas,
respectivamente, utilizando-se um volume de calda de 2.000 litros/ha. Os
cachos foram colhidos com 60 dias após a poda e as características avaliadas
foram: comprimento médio de cacho, engaço e “ombros”; densidade de bagas;
massa da matéria fresca do cacho e bagas; e diâmetro e comprimento de
bagas. Os melhores resultados para o raleio foram obtidos com a concentração
de 0,5 mg.L-1, que proporcionou uma densidade de 5,39 bagas/cm de cacho,
contra 8,24 bagas/cm de cacho obtido pela testemunha. Em relação à melhoria
da qualidade de cachos e bagas, aplicações de GA3 acima de 2,0 mg.L-1,
apesar de mostrarem eficiência no aumento do comprimento de cachos,
tiveram efeitos negativos na massa da matéria fresca de cachos e bagas,
inviabilizando os cachos comercialmente.
Termos para indexação: Vitis vinífera (L.), uvas sem semente, produção
33
Use of Gibberellic Acid in thinning of clusters of the cv. Superior
Seedless, grafted on the rootstock ‘SO4', cultivated in the region of
Submédio São Francisco Valley
Abstract: With the objective to evaluate the effect of concentrations of
gibberellic acid in thinning and improvement quality in clusters of grapes cv.
Superior Seedless was carried through this experiment in commercial orchard
in Copa Fruit S.A. farm, Petrolina-PE city. The experiment was arranged in a
completely randomized design, with seven treatments (GA3: 0.0, 0.5, 1.0, 2.0,
4.0, 6.0 and 8.0 mg.L-1), four replications and two plants/plot. The applications
of the treatments had been carried through in three phases, the first one before
the flower opening and second and third with approximately 25% and 80% of
flowers opened, respectively, using a volume of 2.000 liters for hectare. The
clusters had been harvested with 60 days after pruning and the evaluated
characteristics had been: average length of cluster, stem and “shoulders”;
density of berries/cm of cluster; mass of fresh matter of the cluster and berries;
e diameter and length of berries. The best ones resulted for the thinning had
been gotten with the concentration of 0.5 mg.L-1, that provided a density of 5.39
berries/cm of cluster, against 8.24 berries/cm of cluster gotten for the witness.
In relation to the improvement of the quality of clusters and berries, applications
of GA3 above of 2.0 mg.L-1, although they will show efficiency in the increase of
the length of the cluster, had negative effect in the mass of fresh matter of
clusters and berries, making commercially impracticable the clusters.
Index Terms: Vitis vinífera (L.), seedless grapes, yield
34
Introdução
Em 2005 a área ocupada com vinhedos no mundo foi de 7,3 milhões de
hectares, com produção de 65,9 milhões de toneladas de uvas. A Espanha
possuía a maior área de cultivo (949 mil ha) seguida pela França (855 mil ha) e
Itália (800 mil ha). O Brasil ocupava a 21ª posição, com cerca de 73.715 ha
(REGINA, 2006).
No contexto mundial, existe uma preferência absoluta por cultivares de
uvas de mesa sem sementes, podendo-se observar que a área cultivada no
Estado da Califórnia, Estados Unidos, é de aproximadamente 77.000 ha com
uvas sem sementes, o que representa 85,6% da área de produção de uvas de
mesa nesta região. No Chile, a área está em torno de 35.000 ha, ou seja,
70,5% da área cultivada com uvas de mesa do país (LEÃO, 1999).
O Vale do São Francisco é a principal região exportadora de uvas do
Brasil e, nos últimos anos, motivado principalmente pelas exportações de uvas
sem sementes, a região apresentou uma grande expansão de sua área
plantada, passando no estado de Pernambuco de 4.952 ha para 6.471 ha,
entre os anos de 2005/2006, ou seja, um aumento de 30,67 % (REGINA,
2006).
Destaca-se nesta região principalmente a produção das cultivares
apirenas (sem sementes) como a ‘Superior Seedless’, ‘Thompson Seedless’ e
‘Crimson Seedless’, que têm grande aceitação nos mercados europeu e
americano, que são os principais destinos dessas uvas .
Devido a fatores como o recente aumento da área plantada e a
concentração do período de colheita no segundo semestre - visando evitar o
período chuvoso, que inicia a partir do final de outubro no pólo
Juazeiro/Petrolina, e que foi responsável por grandes perdas da produção nos
últimos três anos, muitos produtores têm passado por grandes dificuldades em
conseguir mão-de-obra qualificada e em quantidade, principalmente para as
atividades de raleio manual de bagas que consome grande parte da mão-deobra utilizada na cultura.
35
Paralelamente ao crescente volume de uva produzido na região, os
valores recebidos pelos produtores da região vêm decrescendo ano a ano,
pressionando os mesmos a buscarem alternativas para a diminuição dos
custos da produção, principalmente os da mão-de-obra, que em termos
percentuais correspondem à maior parte deles.
O uso do ácido giberélico na viticultura tem sido comum para maximizar o
comprimento de cachos e bagas, havendo, entretanto, poucos estudos no
Brasil quanto ao seu uso no raleio químico de cachos. Objetivou-se com o
presente trabalho estudar os efeitos do ácido giberélico no raleio químico de
cachos e na qualidade de bagas da cv. Superior Seedless.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em pomar comercial da Fazenda Copa
Fruit S.A., em Julho de 2007, no município de Petrolina-PE, coordenadas
geográficas de 9o 20' 01,53 S, 40o 40' 30,18 W, altitude de 400 m, precipitação
e temperatura médias de 400 mm e 26oC, respectivamente. A área
experimental foi formada por videiras da cv. Superior Seedless, com quatro
anos de idade, enxertadas sobre o porta-enxerto ‘SO4’, plantadas em
espaçamento de 3,5 m x 2,0 m (1428 pl./ha), conduzidas no sistema de latada
(Anexo 4). O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com
sete tratamentos (GA3: 0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1) e quatro
repetições, com duas plantas por parcela. Foram selecionadas plantas
contendo em média 20 varas, mantendo-se o índice agronômico de 42
cachos/planta (6 cachos/m2), sendo de cada parcela analisados quatro cachos.
O GA3 foi pulverizado em toda a área foliar da planta num volume
correspondente a 2.000 litros de calda/ha, em três aplicações: uma antes da
antese (07/07/07), e as duas seguintes com 25% e 80% de flores abertas
(12/07/07 e 16/07/07), correspondendo aos estádios fenológicos 17, 21 e 25 do
fenograma de EICHORN & LORENZ (1984), respectivamente.
As variáveis analisadas foram: comprimentos médios do cacho, engaço
e “ombros”, com um paquímetro digital; densidade de bagas/cm linear de cacho
36
(obtida pela relação: número médio de bagas/comprimento médio de cacho);
massa da matéria fresca do cacho e bagas, com uma balança de precisão;
diâmetro e comprimento de bagas, com um paquímetro digital (amostrando-se
aleatoriamente 50 bagas por cacho).
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os tratamentos com ácido giberélico apresentaram efeito significativo
para as
variáveis comprimento do cacho, densidade de bagas, massa da
matéria fresca do cacho e bagas, e diâmetro e comprimento de bagas (Tabelas
1 e 2).
Tabela 1. Quadrados médios da análise de variância para comprimento médio
do cacho, engaço e “ombros” e densidade de bagas da cv. Superior
Seedless, em resposta a tratamentos com ácido giberélico.
Causas de
G.L
Comprimento médio (mm)
Densidade
(bagas/cm linear de
Variação
cacho
engaço
"ombros"
cacho)
Tratamentos
Blocos
Resíduo
CV (%)
Média geral
6
3
18
15,815*
5,957
3,855
9,790
20,055
0,390ns
1,394
0,673
17,860
4,595
0,317ns
0,694
0,366
12,480
4,849
5,028*
0,825
0,930
14,330
6,730
Tabela 2. Quadrados médios da análise de variância para massa da matéria
fresca de cacho e bagas, e diâmetro e comprimento de bagas da cv.
Superior Seedless, em resposta a tratamentos com ácido giberélico.
Causas de
G.L Massa da matéria fresca
Diâmetro
Comprimento
Variação
cacho (g)
baga (g)
baga (mm)
Tratamentos 6
10620,712*
1,094*
0,139*
0,198*
Blocos
3
200,034
0,016
0,002
0,003
Resíduo
18
298,540
0,057
0,006
0,010
CV (%)
15,240
17,460
6,880
5,800
Média geral
113,394
1,378
1,164
1,760
37
O GA3 foi eficaz para o aumento do comprimento de cachos da cv.
Superior Seedless (Tabela 3), com destaque para a concentração de 6 mg.L-1
(23,72 cm) que promoveu um aumento de 5,88 cm em relação à testemunha
(17,84 cm).
Tabela 3. Efeito do ácido giberélico (GA3) sobre o comprimento de cacho,
engaço e “ombros”, e na densidade de bagas da cv. Superior
Seedless.
Densidade
Comprimento médio (cm)
(Bagas/cm
GA3
linear de
-1
(mg.L )
Cacho
Engaço
“Ombros”
cacho)
0
b
4,10
4,73
19,56 a b
4,73
4,52
5,39 a
1
18,55
b
4,48
4,46
6,45 a b
2
19,75 a b
4,57
5,11
6,69 a b
4
19,36 a b
5,12
5,17
6,66 a b
6
23,72 a
4,72
5,02
5,55 a
8
21,58 a b
4,47
4,94
8,14
0,5
17,84
8,24 b
b
C.V.(%)
9,79
17,86
12,48
14,33
Médias seguidas por letras distintas, dentro da mesma coluna, diferem entre
si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
PIRES & MARTINS (2003) salientam que aplicações de giberelina no
florescimento estimulam a divisão e crescimento celular, o que permite o
alongamento da ráquis e dos pedicelos. A principal hipótese para o mecanismo
de estimulação da expansão celular seria a hidrólise do amido por meio da
α-amilase gerada pelas giberelinas. Com isso, incrementa-se a produção de
açúcares e eleva-se a pressão osmótica do suco celular, com entrada de água
nas células e, conseqüentemente, sua expansão. Para as variáveis
comprimento do engaço e “ombros”, aplicações com GA3 não apresentaram
diferenças estatísticas significativas.
Observa-se ainda pela Tabela 3 que concentrações de GA3 a 0,5 e 6
mg.L-1 promoveram densidades de 5,39 e 5,55 bagas/cm linear de cacho,
38
respectivamente. No caso da aplicação a 0,5 mg.L-1, verifica-se que o resultado
obtido foi devido a uma diminuição no número de bagas por cacho; quanto à
concentração de 6 mg.L-1 de GA3, tal resultado esteve também associado aos
maiores comprimentos médios dos cachos (23,72 cm), acarretando assim, um
menor número de bagas por centímetro linear de cacho. Entretanto, a
concentração de 6 mg.L-1 provocou um maior surgimento de bagas miúdas,
muito provavelmente devido a uma menor taxa de fertilização dos óvulos
(Figura 2). PIRES & MARTINS (2003) associam os efeitos da giberelina em
provocar danos aos ovários, sem contudo intervir na viabilidade dos grãos de
pólen.
Figura 2. Efeito de aplicações de GA3 a 0,5 e 6 mg.L-1(da esquerda para
direita), respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior
Seedless.
REBOLLEDO (1992) em ensaio com a cv. Thompson Seedless, ao
aplicar GA3 em estádio fenológico de cachos de pré-floração, observou
39
igualmente efeitos positivos para a diminuição da densidade de bagas. MUÑOZ
(1987) verificou um menor pegamento de flores em trabalhos com a mesma
cultivar, utilizando a concentração de 10 mg.L-1 de GA3 em duas aplicações: a
primeira com 40% e a segunda com 80% a 90% de flores abertas. Tais efeitos
foram também verificados na cv. Isabel, após aplicações de ácido giberélico
antes e durante o florescimento (TONIETTO et al., 1983).
Observa-se pela Tabela 4 que com maiores concentrações de ácido
giberélico houve uma tendência de diminuição da massa da matéria fresca dos
cachos e bagas da cv. Superior Seedless.
Tabela 4. Efeito do ácido giberélico (GA3) sobre a massa da matéria fresca de
cachos e bagas, e diâmetro e comprimento de bagas da cv. Superior
Seedless.
Massa da matéria fresca
GA3
(mg.L-1)
Diâmetro
Comprimento
Cacho (g)
Baga (g)
0
188,55 a
1,72 ab
13,12 a
18,27 ab
0,5
138,21 bc
1,87 a
13,22 a
19,5 a
1
160,99 ab
1,95 a
13,47 a
19,9 a
2
107,54
1,42 bcd
11,97 ab
18,12 ab
4
84,86
de
1,23
11,17
17,85 ab
6
65,32
e
0,90
de
10,05
8
48,26
e
0,54
e
8,47
cd
Baga (mm)
cd
bc
cd
d
16,2
13,35
b
c
C.V.(%) 15,24
17,43
6,88
5,8
Médias seguidas por letras distintas, dentro da mesma coluna, diferem entre
si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Tal resposta se deu principalmente pelo excessivo número de bagas
miúdas obtidas com tratamentos com concentrações de 2, 4, 6 e 8 mg.L-1 de
GA3 (Figuras 3 e 4), sendo que bagas obtidas de inflorescências tratadas com 8
mg.L-1 de GA3 permaneceram com valores médios de 0,54g.
40
Figura 3. Efeito de aplicações de GA3 a 2 e 4 mg.L-1 (da esquerda para
direita), respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior
Seedless.
Figura 4. Efeito de aplicações de GA3 a 6 e 8 mg.L-1 (da esquerda para direita),
respectivamente, em cachos de uvas da cv. Superior Seedless.
41
Para diâmetro e comprimento de bagas, houve a tendência de
aplicações em torno de 2 mg.L-1 de GA3 não surtirem efeito, ficando seus
valores bem próximos aos da testemunha, havendo
decréscimos
de
crescimento das duas variáveis com o aumento das concentrações de ácido
giberélico. Diversos trabalhos indicam que efeitos positivos do ácido giberélico
para o aumento do crescimento de bagas ocorrem com aplicações feitas
próximas ao décimo quinto dia do pleno florescimento, encontrando-se as
bagas com 3 a 8 mm de diâmetro (BOTELHO et al., 2003; RIBEIRO &
SCARPARE FILHO, 2003; LEÃO et al., 2005). Assim sendo, pelos resultados
observados, há indicativos que aplicações com concentrações acima de 2
mg.L-1 de GA3, realizadas com 25% e 80% de flores abertas, não favorecem o
crescimento inicial de bagas da cv. Superior Seedless.
Conclusões
Pelos dados obtidos evidencia-se a possibilidade da utilização do ácido
giberélico no raleio de bagas de uvas cv. Superior Seedless, principalmente na
concentração de 0,5 mg.L-1 de GA3.
Aplicações de GA3 em altas concentrações têm efeito negativo no
crescimento inicial de bagas e no acúmulo de massa da matéria fresca de
cachos e bagas.
Concentrações de GA3 acima de 2 mg.L-1 não são recomendadas, pois
embora favoreçam um maior comprimento de cacho, promovendo assim a sua
descompactação, aumentam muito o número de bagas miúdas.
Tornam-se necessários mais estudos para o uso do ácido giberélico no
raleio químico de bagas da cv. Superior Seedless, a exemplo da sua
combinação sobre diferentes porta-enxertos.
Referências Bibliográficas
BOTELHO, R.V., PIRES, E.J.P. TERRA, M.M., CARVALHO, C.R.L. Efeitos do
thidiazuron e do ácido giberélico nas características dos cachos e bagas de
42
uvas ‘Niagara Rosada’ na região de Jundiaí-SP. Revista Brasileira de
Fruticultura, v. 25, n. 1, p. 96-99, 2003.
EICHORN, K.W.; LORENZ, D.H. Phaenologische Entwicklungsstadien Der
Rebe. European and Mediterrnean Plant Protection Organization, Paris,
v.14, n.2, p.295-298, 1984.
LEÃO, P.C.S. Avaliação do comportamento fenológico e produtivo de seis
variedades de uva sem sementes no Vale do Rio São Francisco. 1999, 124p.,
Dissertação de Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas, Faculdade
de
Ciências
Agrárias
e
Veterinárias, Universidade
Estadual
Paulista,
Jaboticabal, 1999.
LEÃO, P.C.S., SILVA, D.J., SILVA, E.E.G. Efeito do ácido giberélico, do
bioestimulante crop set e do Anelamento na produção e na qualidade da uva
‘Thompson Seedless’ no Vale do São Francisco. Revista Brasileira de
Fruticultura, v. 27, n. 3, p. 418-421, 2005.
MUÑOZ, I. El cultivo de la uva de mesa: algunos aspectos de manejo como
fatores de calidad. Santiago: Instituto de Investigaciones Agropecuárias –
Estacion Experimental La Platina, 1987. 36p.
PIRES, E.J.P.; MARTINS, F.P. Técnicas de cultivo. In: POMMER, C.V. (Ed.)
Uva: tecnologia de produção, pós-colheita, marcado. Porto Alegre: Cinco
Continentes, 2003. p.351-403.
REBOLLEDO, S. 1992. Efecto de La aplicación
de ácido giberélico, urea
fosfato, ethephon e putrecina em diferentes épocas de floración sobre la cuaja
em uva de mesa (Vitis vinifera L.), cv. Thompson Seedless. Tesis Ing.
Agrónomo . Universidad Católica de Chile, Faculdad de Agronomia. Santiago,
Chile. 69p.
REGINA, M.A. Viticultura, Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p.152,
2006.
RIBEIRO, V.G., SCARPARE FILHO, J.A. Fertilidade de gemas em cultivares de
uvas
apirênicas
tratadas
com
benziladenina
e
Agrotecnologia, Edição Especial, p.1516-1521, 2003.
cycocel.
Ciência
e
43
TONIETTO, J.; MIELE, A.; SILVEIRA JUNIOR, P. O ácido giberélico no
desenvolvimento de bagas sem sementes da uva ‘Isabel’. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 18, n. 4, p. 381-386, 1983.
44
CAPÍTULO II
Análise técnico-econômica do raleio químico de cachos de uva da
cv. Superior Seedless, com o uso de Ácido Giberélico 2
2
Trabalho apresentado ao curso de Pós-graduação em Horticultura Irrigada, como pré-requisito
para a obtenção do Título de Mestre, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
45
Análise técnico-econômica do raleio químico de cachos de uva da
cv. Superior Seedless, com o uso de Ácido Giberélico
Resumo - Com o objetivo de avaliar a eficiência técnico-econômica do raleio
químico em cachos de uva da cv. Superior Seedless, foi realizado este
experimento em pomar comercial na Fazenda Copa Fruit S.A., município de
Petrolina-PE. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com sete
tratamentos (GA3: 0,0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1), quatro repetições e
duas plantas por parcela. As aplicações dos tratamentos foram realizadas em
três fases, a primeira antes da antese e a segunda e terceira com
aproximadamente 25% e 80% de flores abertas, respectivamente, utilizando-se
um volume de calda de 2.000 litros/ha. Os cachos foram colhidos 60 dias após
a poda para determinar a fixação de frutos pelos efeitos dos tratamentos e para
dar subsídios à análise econômica dos dois sistemas de raleio: convencional
versus químico. As aplicações destinadas ao raleio químico mostraram-se
eficientes, obtendo-se os melhores resultados com a concentração de 0,5
mg.L-1 de GA3, que proporcionou uma quantidade de 105,62 bagas/cacho,
contra 146,48 bagas/cacho da testemunha. A análise técnico-econômica dos
dois sistemas de manejo indicou que o raleio químico foi muito mais viável,
com uma economia de 70,36% em relação ao raleio convencional, sobretudo,
pela economia da mão-de-obra.
Termos para indexação: Videira, uvas sem sementes, Vitis vinifera (L.)
46
Technician-economic analysis of the chemical thinning of clusters
of the cv. Superior Seedless, with the use of Gibberellic Acid
Abstract: With the objective to evaluate the technician-economic efficiency of
the chemical thinning in clusters of grape cv. Superior Seedless, was carried
through this experiment in commercial orchard in Copa Fruit S.A. farm,
Petrolina-PE city. The experiment was arranged in a completely randomized
design, with seven treatments (GA3: 0.0, 0.5, 1.0, 2.0, 4.0, 6.0 and 8.0 mg.L-1),
four replications and two plants/plot. The applications of the treatments had
been carried through in three phases, the first one before the flower opening
and second and third with approximately 25% and 80% of flowers opened,
respectively, using a volume of 2.000 liters for hectare. The clusters had been
harvested 60 days after the pruning to determine the setting of fruits for the
effect of the treatments and to give subsidies to the economic analysis of the
two systems of thinning: conventional versus chemical. The applications
destined to the chemical thinning had revealed efficient, getting the best ones
resulted with the concentration of 0.5 mg.L-1 of GA3, that provided to an amount
of 105.62 berries/cluster, against 146.48 berries/cluster of the witness. The
technician-economic analysis of the two systems of handling indicated that the
chemical thinning was much more viable, with a economy of 70.36% in relation
to the conventional thinning, over all, for the economy of the man power.
Index Terms: Grapevine, seedless grapes, Vitis vinifera (L.)
47
Introdução
A videira é uma das mais importantes espécies frutíferas cultivadas no
mundo e segundo o IBRAF (2007), a viticultura foi a atividade que mais gerou
receita em exportações para o Brasil nos últimos três anos, passando de
U$107.276.014, em 2005, para U$169.696.455, em 2007.
No Brasil, as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), localizadas no
Vale do Submédio São Francisco são as principais exportadoras de uvas de
mesa do País e, nos últimos anos, motivadas principalmente pelas exportações
de uvas sem sementes, apresentaram uma grande expansão da cultura, sendo
que o estado de Pernambuco apresentou aumentos na área plantada, entre os
anos de 2005 e 2006, da ordem de 30,67% (REGINA, 2006).
A rápida expansão dos cultivos tem trazido à tona a problemática relativa
ao uso intensivo de mão-de-obra por parte dos produtores, principalmente para
as atividades que exigem habilidades específicas, por conseguinte, a
necessidade de uma maior qualificação da mão-de-obra. Tal questão ocorre,
sobretudo, no raleio manual de bagas, indispensável à produção de frutos de
qualidade e que consome a maior parte da mão-de-obra utilizada anualmente
para condução da cultura.
Além disso, considerando que nos últimos anos houve uma redução
significativa dos preços alcançados pelas uvas sem semente, devido
principalmente a desvalorização cambial, concomitantemente com a elevação
dos preços dos principais insumos agrícolas (adubos, defensivos, etc.) e dos
níveis salariais no campo, a busca por tecnologias alternativas que favoreçam
a menor dependência de mão-de-obra qualificada para atividades específicas e
redução de custos têm sido consideradas como imperiosas pelos viticultores da
região.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência técnico-econômica do
raleio químico da cv. Superior Seedless enxertada sobre o porta-enxerto ‘SO4’,
na região do Vale de Submédio São Francisco, como forma de contribuir com
elementos informativos que poderão ser utilizados no processo decisório pelos
produtores na condução de seus pomares.
48
Material e Métodos
Para o estudo da eficiência técnico-econômica do raleio químico de
cachos de uva, conduziu-se um experimento em pomar comercial, situado na
Fazenda Copa Fruit S.A., em Julho de 2007, no município de Petrolina-PE. O
delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com sete
tratamentos (GA3 : 0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1), quatro repetições,
com duas plantas por parcela. A área experimental foi formada por videiras
'Superior Seedless', enxertadas sobre o porta-enxerto ‘SO4’, plantadas em
espaçamento de 3,5 m x 2,0 m, conduzidas no sistema de latada, com quatro
anos de idade. O GA3 foi pulverizado em toda a área foliar da planta num
volume correspondente a 2.000 litros de calda/ha, em três aplicações: uma
antes da antese, e as outras duas com 25% e 80% de flores abertas,
correspondendo às fases 17, 21 e 25 do fenograma de EICHORN & LORENZ
(1984), respectivamente.
De cada parcela foram selecionados quatro cachos representativos das
plantas para as análises. A característica avaliada foi o número médio de
bagas por cacho, determinado 60 dias após a poda, ou seja, depois do
pegamento definitivo de bagas. Os resultados foram submetidos à análise de
variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade.
Para estudo da eficiência econômica foi realizada uma comparação
direta entre os custos do raleio químico e raleio convencional (manual) utilizado
na região.
Resultados e Discussão
Os tratamentos com ácido giberélico apresentaram efeito significativo para
a variável número de bagas (Tabela 5).
49
Tabela 5. Quadrado médio da análise de variância para número de bagas por
cacho da cv. Superior Seedless, em resposta a tratamentos com
ácido giberélico.
Causas de Variação
G.L
QM
Tratamentos
6
1997,908*
Blocos
3
75,709
Resíduo
18
613,181
CV (%)
18,45
Média geral
134,230
Figura 5. Efeito de aplicações de GA3 (0, 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 mg.L-1)
sobre o número de bagas por cacho da cv. Superior Seedless
(médias seguidas por letras distintas, diferem entre si, pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade).
O efeito das concentrações de GA3 em relação ao número de bagas
pode ser verificado a partir da Figura 5, na qual se demonstra que a
concentração de 8 mg.L-1 de GA3 induziu a uma maior fixação de bagas da cv.
50
Superior Seedless (176,31 bagas/cacho), superando em valores relativos o
tratamento com ausência de ácido giberélico (146,48 bagas/cacho).
Segundo DOKOOZLIAN (1999), altas concentrações de GA3 aplicadas
durante o florescimento geralmente não produzem aborto, mas podem
aumentar significativamente o número de bagas miúdas ou partenocárpicas no
cacho. A menor quantidade de bagas foi obtida com a concentração de 0,5 mg
L-1 de GA3, (105,62 bagas/cacho). O resultado da ação do ácido giberélico na
redução do número de bagas da cv. Isabel foi observado por TONIETTO et al.
(1983), através de aplicações antes e durante o florescimento. Segundo os
autores, o ácido giberélico causa danos aos ovários, levando à abscisão das
flores.
De acordo com levantamentos realizados entre produtores da região do
Vale do São Francisco, cachos de uva da cv. Superior Seedless com boa
classificação comercial possuem em média aproximadamente 90 bagas, ou
seja, muito próximo ao obtido com a aplicação de 0,5 mg L-1 de GA3. Destacase, portanto, a necessidade de mão-de-obra suplementar para atividades de
repasse manual para uma melhor conformidade dos cachos.
Na tabela 6 encontram-se os dados referentes aos custos dos dois
sistemas estudados. Para o cálculo dos custos com mão-de-obra utilizaram-se
dados da SEAGRI (2005), que indicam a necessidade de 230 homens/dia
(H/D) para o raleio de cachos de plantas com quatro anos de formação. O valor
monetário de um homem/dia foi baseado no salário mínimo agrícola de R$
425,00, obtido em junho de 2007, junto à Delegacia Regional do Trabalho de
Petrolina (PE), sendo os encargos, segundo EMBRAPA (2007), de 78,3%,
excluídos os referentes ao SESI, SENAI e SEBRAE (3,1%).
Para o cálculo dos custos da aplicação mecanizada lançou-se mão de
dados fornecidos por empresas produtoras de uva da região, os quais indicam
que o tempo médio despendido para pulverização de um parreiral com área de
1 ha, com equipamento tipo Arbus 1000, é da ordem de 2 h, sendo o custo
unitário da hora máquina (H/M) de R$25,00 (EMBRAPA, 2005). O preço do
produto comercial aplicado (10% de GA3) foi baseado na média fornecida pelos
mercados especializados de insumos agrícolas de Petrolina e Juazeiro, em
51
Junho de 2007.
Tabela 6. Comparação de custos entre o raleio manual e o raleio químico de
cachos, para 1,0 hectare da cv. Superior Seedless.
Preço
Preço
Itens
Quant. Und.
unit. (R$) total (R$)
1. Raleio Manual
Mão de obra
230
H/D
30,36
6.982,80
Total
6.982,80
2.Raleio Quimico
Mão de obra
Tratorista
Pulverizações
Produto
Total
Diferença (R$)
61,6
0,75
6
30
H/D
H/D
H/M
g
30,36
42,86
25,00
0,57
1.870,39
32,15
150,00
17,10
2.069,64
4.913,16
Nota-se que mesmo utilizando mão-de-obra para o repasse manual de
bagas no raleio químico, houve uma economia bastante significativa, da ordem
de 70,36%, quando foram comparados os dois sistemas de manejo. Tal fato se
deve principalmente a redução drástica do uso da mão-de-obra para a
realização do raleio químico de cachos e ao baixo custo do produto comercial
utilizado.
Conclusões
O uso de raleio químico de cachos de uva, pelo uso de ácido giberélico,
demonstrou ser mais econômico que o manual, necessitando, entretanto, de
mão-de-obra complementar para uma melhor adequação da qualidade dos
cachos.
Tornam-se necessários mais estudos para o uso do raleio químico de
cachos na região, a exemplo da interação entre diferentes cultivares copas e
porta-enxertos, que poderiam acarretar maior ou menor vigor vegetativo à
copa, influenciando desta forma, a concentração do fitorregulador a ser
recomendada.
52
Referências Bibliograficas
DOKOOZLIAN, N. 1999. Plant growth regulator use for table grape production
in California. Department of Viticulture and Enology. University of California.
Davis. Pag 122-136.
EICHHORN, K.W.; LORENZ, D.H. Phaenologische Entwicklungsstadien Der
Rebe. European and Mediterrnean Plant Protection Organization, Paris,
v.14, n.2, p.295-298, 1984.
EMBRAPA, 2005. Uvas Sem Sementes Cultivares BRS Morena, BRS Clara e
BRS Linda. Disponível em:
http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/UvasSemSementes/custo.htm,
acesso em Jun. 2007.
EMBRAPA, 2007. Sistema de Produção de vinho moscatel espumante.
Disponível em:
http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/VinhoMoscatelEspumante/custos.ht
m, acesso em: Jun. 2007
IBRAF. Comparativo das exportações brasileiras de uvas frescas.
Disponível em:
http://www.ibraf.org.br/estatisticas/Exportação/Comparativo_das_Exportações_
Brasileiras_de_Frutas_frescas_2007-2006.pdf , acesso em Jun. 2007.
REGINA, M.A. Viticultura, Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p.152,
2006.
SEAGRI, 2005. Custos de produção e análise da rentabilidade da uva.
Disponivel em : http://www.sda.ce.gov.br/siga/cproducao/Uva.pdf, acesso em
Jun. 2007
TONIETTO, J.; MIELLE, A.; SILVEIRA JUNIOR, P. O ácido giberélico no
desenvolvimento de bagas sem sementes da uva ‘Isabel’. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 18, n. 4, p. 381-386, 1983.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem poucas pesquisas a respeito do raleio químico de cachos de
videiras no Brasil, tornando-se necessário mais estudos sobre o assunto, a
exemplo do que ocorre em outros países, para que se obtenham dados
consistentes a respeito dessa prática para as condições edafoclimáticas do
Vale do São Francisco.
É importante também conhecer a influência do vigor de diferentes
porta-enxertos e cultivares copas nessa prática, haja vista que existe uma
grande influência dos mesmos em relação às concentrações a serem
utilizadas, como é o caso da cv. Thompson Seedless cujas concentrações mais
eficientes ficam em torno dos 15 mg.L-1 (Chile e EUA), bastante diferentes da
melhor concentração verificada para a cv. Superior Seedless no presente
trabalho (0,5 mg.L-1 de GA3).
54
CONCLUSÃO GERAL
Pelos
resultados
obtidos
concluiu-se
que
existe
uma
grande
possibilidade da utilização do ácido giberélico para o raleio químico de cachos
da cv. Superior Seedless, principalmente na concentração de 0,5 mg.L-1 de
GA3.
O sistema de raleio químico de cachos, pelo uso de ácido giberélico,
demonstrou ser mais econômico que o manual, apesar da necessidade do uso
de mão-de-obra complementar para uma melhor adequação da qualidade dos
cachos.
Concentrações de GA3 acima de 2 mg.L-1 não são recomendadas para a
cv. Superior Seedless, pois embora favoreçam um maior comprimento de
cacho, promovendo assim a sua descompactação, aumentam muito o número
de bagas miúdas ou partenocárpicas.
55
ANEXOS
56
Anexo 1. Produção mundial de Uvas de Mesa (Milhões de toneladas)
Fonte : Foreign Agricultural Service (FAS) Attaché Annual Reports, USDA.
Anexo 3. Consumo mundial de Uvas de Mesa (Milhões de toneladas)
Fonte : Foreign Agricultural Service (FAS) Attaché Annual Reports, USDA.
57
Anexo 3. Produção nacional de Uvas (Toneladas)
Estado/Ano
2005
2006
2007
RIO GRANDE DO SUL
611.868
623.847
705.228
SÃO PAULO
231.680
195.357
193.023
PERNAMBUCO
150.827
155.783
170.326
BAHIA
90.988
89.738
120.654
PARANÁ
99.253
95.357
99.180
SANTA CATARINA
47.971
47.787
54.554
MINAS GERAIS
14.389
12.318
11.995
1.246.976
1.220.187
1.354.960
TOTAL
Fonte : IBGE, 2008
Anexo 4. Imagem de satélite da área experimental.
58
Anexo 5. Fenograma de Eichorn & Lorenz

Documentos relacionados