Apostila de Pintura Básica

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Apostila de Pintura Básica
Apostila de Pintura Básica
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Uma Palavrinha Antes de
Mais Nada…
Se você está lendo isso aqui, então provavelmente você se
inscreveu num dos meus cursos de pintura, adquiriu este
material digitalmente ou achou uma boa idéia parar, dar um
oi, e levar uma apostila em algum evento onde a gente se
encontrou.
Seja com for, meu muito obrigado!
O que eu quero abordar aqui é basicamente uma forma mais
estruturada do mesmo conteúdo que você consegue achar no
meu blog – www.evilfluffycreatures.com. Essa apostila é
escrita tendo em mente quem vai jogar qualquer tipo de jogo
que demanda que modelos sejam pintados pelo jogador e
não sabe como começar, ou que queira variar as suas
habilidades.
Ela não é melhor nem pior que nenhum outro método, e os
resultados conseguidos não serão melhores nem piores que
meus nobres amigos nesse hobby. É apenas meu estilo, e eu
achei legal de compartilhar ele com quem estiver
interessado. Eu ficaria muito feliz se você usasse o que eu falo
aqui para misturar com mais conhecimento ainda e voltar
com algo legal para que eu possa aprender também.
Antes de tudo - e principalmente - eis a coisa mais importante
que você deve saber: Pintar é fácil SIM.
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E vou mais além: É legal pra caramba. Basta você saber
para onde se direcionar.
Eu espero que ao final dessa apostila você tenha percebido
que eu vou passar o menor tempo possível te explicando
como aplicar três técnicas BEM básicas que serão
responsáveis por 90% da sua produção, e em todo o resto
tentando te mostrar que o que te importa no final são as suas
idéias.
Por causa disso, eu quero me demorar atiçando sua
criatividade e não te explicando como executar um blending
carpado de cores pastéis em sol bemol. Isso é uma
ferramenta fria. Um conjunto de atalhos bobos e sem graça
nenhuma. Saber seguir a receita do bolo não te faz ser um
bom cozinheiro, mas o intuito deste material não é te
ensinar a fazer arroz com feijão. Eu quero te incitar a misturar
batata frita com bolacha recheada, sorverte de morango com
bife, e café com guaraná só porque você pode. Quero te
fazer anotar seus resultados, e criar o SEU conjunto de
ferramentas, pra que um dia, quem sabe, você esteja
passando esta mensagem adiante do seu ponto de vista.
A qualidade do seu trabalho é proporcional a sua
empolgação. Todo o resto é automático.
-
Marlon Dopker
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Onde Estamos nos
Metendo
Primeiramente
Embora eu seja um ávido jogador de Warhammer 40k, essa
apostila não é direcionada para jogadores desse jogo
apenas. Quero que tudo o que eu falar aqui seja interpretado
como uma ferramenta viável para que você pinte seu
Warmachine, o Hordes, o Flames of War, Modelos para a sua
aventura de RPG, ou mesmo ajude com o projeto de
Educação Artística do seus filhos. É óbvio que jogadores de
tabuleiro e de Wargaming em geral serão mais afetados
diretamente pelas fotos, e pelos exemplos, mas por favor
MESMO: Essa é uma apostila que fala de pinturas de
modelo, e não um curso para se pintar apenas para este ou
aquele jogo.
Filosofando: O Modelo
Um modelo é qualquer mídia que usamos para representar
alguma outra coisa: Tanques de Guerra de brinquedo para
representar uma batalha da Segunda Guerra Mundial, um
papel rabiscado para representar sua vizinhança, botões
num tabuleiro de War para soldados, ou um demônio de
20cm para representar uma manifestação caótica em um
futuro distante. Seja então numa mesa de jogo, seja na sua
estante, seja na passarela:
Modelo é a representação de um conjunto finito de
características de alguma coisa ou um ideal, em algum
lugar.
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Sendo assim, é importante dizer que um modelo NUNCA terá
a obrigação de representar o todo da realidade que o
inspirou. E desse modo, é comum que modelos criados para
pintura manual tomem certas liberdades estéticas como
exagero de medidas, cores berrantes, ou armas que não
existem (ou não tem como existir na nossa realidade chata do
dia a dia), onde cada escolha dessas têm um fim específico:
Ser mais fácil de chegar com um pincel em algum lugar – tipo
nos olhos - ser mais amigável/aprazível visualmente, ou
simplesmente representar um mundo de ficção que de outra
maneira não poderia ser feito.
É bem comum encontrarmos
críticas por aí dizendo que
“Tal modelo é cabeçudo
demais”, “esse avião não tem
como voar”, ou ainda “Isso
nunca poderia existir”. Te
digo
que
sim,
esse
provavelmente foi o intuito
original:
Te
ajudar
a
enxergar alguma coisa, ou
simplesmente ser legal. Porque sim. Afinal de contas, todo
mundo já viu The Avengers no cinema, e eu não vejo
ninguém reclamando que o filme é ruim porque O Robert
Downey Jr usa uma armadura que não tem como existir.
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Materiais de criação de Modelos
Se modelos são representações de alguém ou alguma coisa,
então existem diversas materiais e formas de colocar o que
povoa a imaginação dos criadores na nossa mesa de jogo. Os
mais comuns que nós podemos encontrar nessa indústria
vital para aqueles que não esculpem suas próprias peças e
para os jogos e modelos mais famosos são:
Metal: Talvez o primeiro material a ser produzido e
comercializado em grande escala pelas empresas mais
famosas. Na sua maioria, é uma liga de metal mole, chamada
de Pewter. Basicamente, estanho misturado todo tipo de latão
barato, podendo ou não ter chumbo na composição.
O modelo de metal geralmente é pesado, e exige todo um
trabalho adicional de preparação de suas peças, como a
colocação de pinos estruturais (afinal, metal não cola fácil),
limpeza, e camadas de primes de tintas. Há quem diga que
ele é capaz de segurar mais detalhes, o que eu
particularmente não acredito muito. Concordo, sim, que é
um material viável, apreciado, e conhecido, mas que eu
também creio que – até por sinal dos tempos – vem sendo
paulatinamente trocado por opções mais amigáveis para o
usuário final, sem perda de detalhes ou de qualidade. Muito
pelo contário.
Resina de Petróleo: A Resina é um material que fica com
um pé no metal, e um pé no plástico: Reage muito bem a
colas de cianoacrilato (tipo Super Bonder), e portanto é bem
mais fácil de montar. Porém, é quebradiça. Não dobra muito
bem, e não é muito tolerante à modificações, como cortes e
perfurações.
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A parte boa da resina é conseguir segurar uma quantidade
brutal de detalhes, apenas variável de acordo com a receita
que ela é preparada. Quanto melhor refinada, melhor ela
penetra nos moldes, e acaba capturando mais detalhes das
suas matrizes.
A parte ruim, é que resina é tóxica, e não deve ser
manipulada sem algum equipamento de segurança como
luvas ou mascaras, principalmente por causa do pó, ou partes
mais finas podem se soltar. Uma vez inalado, esse pó pode
causar problemas sérios a sua saúde, então nada de lixar
essa coisa sem o equipamento adequado, mocinho(a)!
Felizmente, uma vez pintada, e corretamente envernizada, a
resina se torna inerte, e não oferece maiores problemas.
Apenas não coma.
Plástico: A miniatura de plástico é sem dúvida hoje em dia a
mais aceita pelo grande publico, e com boa razão: Atóxica,
fácil de limpar, consegue segurar uma quantidade muito boa
de detalhes, e reage muito bem as colas simples. Ainda por
cima, é no plástico que podemos realizar a maior quantidade
de conversões legais por um motivo bem interessante: A
maior parte das empresas que produz em plástico realiza um
trabalho inteligente de segmentação de cada parte em CAD,
e produz essas peças de modo que elas ocupem pouco
espaço de embalagem. Sendo assim, um modelo de plástico
é “mais dividido” que do que nas outras mídias de
modelagem, e acaba fazendo com que sempre sobre esta ou
aquela parte legal que podemos aproveitar em outros
projetos. Sem contar que o plástico é bom para cortar, furar,
dobrar...
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Enfim, eu adoro a miniatura de plástico. Ela consegue
concentrar muitas das partes boas das outras mídias, sem
abrir mão e oferecer as partes ruins, e sim: É bem provável
que você conhece alguém que prefere outra mídia. No meu
caso, essa é minha escolha do coração, e sempre que
possível, prefiro plásticos.
Plástico é atóxico, fácil de trabalhar, e depois de pintado, fica incrível.
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Materiais de Trabalho
Sua oficina/Quarto da bagunça deve ter alguns materiais à
sua disposição para podemos pintar os modelos
adequadamente. Independente de marca, cor, tamanho,
credo, ou religião, esta lista é a que eu considero básica, e
uso no meu dia a dia, mas a sua milhagem pode variar.
Estilete Fino: também chamado de X-Acto Blade, ou Estilete
de desenho técnico, é essencialmente uma faca de precisão,
que corta papel, plástico, e é capaz de realizar verdadeiras
cirurgias em modelos de plástico e alguns metais mais
moles.
O estilete fino é geralmente o primeiro momento que você
vê que nesse hobby a qualidade custa dinheiro. Seu estilete
vai gastar e quebrar com o tempo. Viva com isso. Então é
muito melhor gastar num que vai te atender bem pelo tempo
que ele vive, do que um que vai quebrar cedo e só te trazer
dor de cabeça.
Colas: Colas são suas amigas.É com elas que você vai passar
a maior parte do tempo de montagem dos modelos, então é
bom saber o que cada uma faz, e no que eles podem ser
utilizadas:
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PVA: Nossa cola branca de escola. Atóxica, solúvel em água
e baratíssima. Quando seca e curada, cria uma película firme
transparente que é adequada para unir papéis, cartões, e
madeiras mais fracas. Ela não serve para montar modelos,
é muito fraca para segurar dois pedaços de lata ou de
plástico, mas é perfeita para toda a parte artística de bases,
preparação de massa de modelagem, e na criação de
camadas de proteção.
Cianoacrilato: Nossa velha conhecida Super Bonder. Essa é
uma cola de uso geral, e funciona mais ou menos bem em
todo o tipo de material. Funciona basicamente unindo duas
partes quaisquer de material, e segurar isso junto tão bem
quanto o material dela uma vez curado conseguir. Isso quer
dizer que a super bonder só é tão forte quanto o material
que ela é feita, e portanto peças pesadas de metal podem (e
vão!) descolar mais cedo ou mais tarde, ao passo que
plásticos ou resinas podem se comportar melhor.
A pior parte dessas colas é que enquanto elas curam, elas
soltam vapores, e esses quando batem em qualquer material
deixam uma névoa branca ruim de tirar, então eu recomendo
que você use esse tipo de cola apenas no momento da
montagem, uma vez que qualquer esbrabnquiçamento pode
ser resolvido com a pintura depois.
Cola Plástica: Como o próprio nome já diz, serve para unir
dois pedaços de plástico firme juntos. Excelente para se
trabalhar com miniuaturas mais atuais. Diferente da
Cianoacrilato, ela não simplesmente une duas metades com
uma camada curada, mas efetivamente DERRETE os contatos
entre as duas peças e SOLDA tudo junto, fazendo uma junta
muito forte. Também não deixa nenhum tipo de resíduo. É um
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pouco cara, mas rende muito, e é muito recomendada,
principalmente se seus modelos forem do material adequado
(tipo qualquer coisa da Games Workshop por exemplo)
Cola Epóxi: The Final Boss. A mãe
das Colas, a bomba atômica da
união. Essa cola é basicamente
durepoxi líquido. Misturamos dois
componentes, e deixamos agir
unindo duas peças. Uma vez
curado, o que a Epoxi uniu, o
homem não separa.
O grande problema dela é que ela
é grossa, e não serve muito para
trabalho fino. Porém, é uma ótima opção para quem trabalha
com muito modelo de metal. Ou simplesmente só perdeu a
noção, e quer ter certeza absoluta que a parte A colou na
parte B. Para sempre.
Alicates de Corte: Basicamente um bom alicate para morder
as cartelas de plástico e retirar as peças das embalagens.
Para esse tipo de trabalho, um alicate de cutícula da sua mãe
já faz um excelente trabalho. Já caso você queira ou precise
trabalhar com arame, então é interessante ter um adequado,
e mais forte.
Plataforma de Corte: Você não quer seu estilete riscando a
sua mesa, e nesse caso, uma plataforma de corte A3 vai te
fazer maravilhas, e também te servir como proteção contra
respingos de tinta.
Luz: Não tem como pintar o que não se enxerga, então é
muito importante trabalhar em algum lugar onde haja uma
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boa fonte de luz. Caso isso não seja possível, considere a
compra de um abajur ou luminária técnica. Eu prefiro de luz
amarela e quente, mas o certo mesmo é conseguir um
ambiente onde tenhamos luz fria e quente incidindo no
modelo, justamente para valorizarmos todos os reflexos de
cor por igual.
Pincéis: Obviamente, para podermos aplicar a tinta em cada
miniatura, e vamos dedicar todo um capítulo sobre eles, e
quais devem ser comprados, muito embora seja inevitável
que você acabe com uma dúzia deles.
Tintas: A outra parte óbvia são as tintas que precisamos, e
aqui eu quero dedicar um outro capítulo todo pra isso.
Como você pode ter notado, tudo fica muito numeroso, muito
rápido, e espaço e organização podem ser um problema. O
que eu recomendo é dedicar um espaço no guarda roupa
apenas para guardar tudo, caso você more num apartamento.
Bem arrumadinho dá pra se virar, e não fica na visão, e nem
atrapalha ninguém. Caso você more em casa, então é sempre
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legal aproveitar a empolgação para comprar uma bela mesa
de trabalho.
Limpeza e Cuidados Também São Importantes!
Outra coisa que é importante de dizer é: Pintar e trabalhar
com modelo suja, mancha, as vezes fede, e em 100% dos
casos isso será um problema para mães, esposas, filhos,
bichos de estimação, e seja lá mais quem more com você.
Então, antes de começar, pense sempre que os modelos
podem ser seus, mas o ambiente é de todos, e portanto desde
já pense em começar criando hábitos simples:

Proteja seus móveis de qualquer coisa que seca, ou
mancha

Cuidado com rebarbas voando depois de usar o
alicate, principalmente com crianças e animais em
casa.

Não comece se você não for terminar o passo que
mais suja numa sentada para não deixar nada pra trás.

E lembre-se: Se é um problema pros outros,
provavelmente não será um hobby seu por muito
tempo.
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Conhecendo
Tintas
as
Suas
É conhecendo as tintas que vamos usar que podemos criar
coisas mais legais daqui um tempo. Sendo bem direto:
Uma tinta é uma MISTURA colorida que seca.
Entender COMO essa mistura é feita te ajuda pra caramba e
basicamente temos duas partes para nos preocupar:
Pigmento: O composto que de fato dá a cor a tinta.
Normalmente, vem de dois jeitos:

Em pó: Micro partículas coloridas misturadas ao veículo
e ao aglutinante são envasadas e vendidas. Essa é a forma
mais comum de tinta, por ser mais barata. É com essa tinta
que podemos obter um bom drybrush.

Líquido: A cor da tinta é obtida quando misturamos
pignmento líquido forte na mistura. É essa a tinta que
você quer para misturas e degradês, pois a mistura
molhada ocorre mais naturalmente nesse tipo de
pigmentação. Contudo, o drybrush fica mais difícil
(porém não impossível), e em muitas vezes feio.
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Veículo: O composto que mistura o pigmento e permite o
envase e aplicação.

Óleo: A tinta a óleo existe desde os tempos e embora sua
formulação tenha mudado, a idéia sempre foi a mesma –
É pigmento misturado com algum óleo, formando uma
pasta bem viscosa que pode ser diluída até a morte da
estrelas e do tempo, cada vez com uma composição mais
branda na cor.
A idéia dessa tinta é não secar rapidamente, e permitir
transições sutis entre as cores e brincadeiras com a
textura, obtendo efeitos de acordo com a pincelada do
artista. São tintas conhecidíssimas, com preços nas mais
diversas faixas, mas secam muito lentamente, e podem
não ser indicadas para o nosso tipo de trabalho.
Acrílico: A tinta mais famosa do nosso mundo modelista.
Uma tinta acrílica é muitas vezes solúvel (ou seja é
diluída) em água, e apresenta pigmentação em pó. Seca
muito rápido, é barata e não tóxica, o que faz com que ela
seja o melhor pé de boi no meio de tantas opções.
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A tinta acrílica com base em água tem um
comportamento extremamente dependente do tempo
e das condições climáticas, contudo. Em dias secos,
ela vai secar no pincel no meio do seu trabalho, e isso é
ruim. Em dias úmidos, precisará de toda uma noite para
realmente assentar e curar, e isso também é ruim! As
vezes, nessas horas ter um secador de cabelo ajuda
muito.
Esmalte: Tintas de altíssima pigmentação que reagem
bem em quase todo o tipo de material, mas que podem
ser ruins de lidar por serem diluíveis apenas com
compostos “não amigáveis para a família” como
esmaltes, e varsol. É ótima, mas pouco prática para
assuntos mais comedidos. É, porém, um composto de
qualidade alta, muito utilizado no plastimodelismo, e que
definitivamente tem uso e lugar para modelistas
experientes, que sabem como usar esse tipo nas horas
corretas pois tem um acabamento lindo, e é capaz de
prover cores e efeitos que seriam muito difíceis de
conseguir com veículos como água ou óleo,
especialmente para brilhos e acabamentos perolizados,
ou tintas automotivas. Geralmnente, aplicada com
aerógrafo.
PARA ESTA APOSTILA, vamos considerar que estamos
sempre usando tintas acrílicas, solúveis em água. Sempre.
100% dos casos. Por que? Porque é mais fácil de achar, mais
barato, e as marcas mais famosas desse hobby são
exatamente desse tipo. Beleza? Beleza.
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Qual Marca?
Talvez a pergunta que eu mais ouço seja: Qual marca
comprar? Devemos iniciar com uma marca importada e cara,
ou nos aventurar em território nacional, e procurarmos bons
resultados em casa? Em primeiro lugar, é importante
entendermos uma coisa: Produto vagabundo garante
resultado vagabundo.
Na prática, uma tinta de qualidade inferior vem com baixa
pigmentação (ou seja, pouca mistura de cor por veículo), o
que dá uma impressão que você comprou muita tinta, mas na
verdade você vai precisar de mais demãos para cobrir uma
mesma área. Portanto, tinta fuleira dá mais trabalho para
pintar, e o acúmulo de camadas eventualmente começa a
esconder detalhes nos modelos.
Com isso entendido, eis o que eu acho:
Tintas Nacionais
Toda tinta nacional é
relativamente barata
e fácil de achar.
Marcas como Corfix
ou Acrilex vendem
em
qualquer
papelaria, e é muito
simples
acharmos
uma lojinha que
venda o catálogo
todo, custando coisa de dois, três reais por potinho. A
quantidade que vem também não é nada mal, e um potinho
dessas tintas vai te render meses de trabalho.
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Contudo, a pigmentação delas é bem ruinzinha. Isso quer
dizer que você vai sofrer um bocado para cobrir uma área
adequadamente com essas cores. Também, os metálicos
possuem um pigmento cujo grão é enorme, e as vezes visível
a olho nú, dando um aspecto de purpurina chique ao invés
de metal de verdade.
Isso quer dizer que eu não gosto de tinta nacional? Não, pelo
contrário. Entendendo o que elas são, até onde elas vão, eu
consigo ver que o lugar delas é no treino, e na construção
de experiência. Por exemplo, com prática, você VAI fazer
um bom trabalho.
O que me ajudou muito no começo é que eu sou um
transtornado obsessivo, e quando eu decidi que pintar
modelos seria uma boa idéia, sem nem saber como se
pegava num pincel, eu estoquei 60 cores de Corfix variadas
em casa, e fui usando. As vezes eu me dava bem, as vezes
elas não cobriam nada, mas até que eu me sentisse “apto” a
trocar de marca (e justificar gastar 3x mais pela mesma coisa
pra mim mesmo!), eu devo ter me demorado uns bons um
ano e meio, pra dois pintando, e nesse tempo no mínimo elas
serviram pra que eu pudesse ver o quanto tempo eu queria
investir a mais nisso. Isso não quer dizer de maneira
nenhuma que o seu investimento incial deva ser alto, mas sim
que eu posso dizer com conhecimento de causa que sim, a
tinta nacional serve bem, desde que você entenda as suas
limitações e saiba contorna-las.
No fim, elas servem sim. Elas são uma solução decente para
quem quer começar rapidamente, ou está com o orçamento
apertado. É possível obtermos bons resultados SIM,e é um
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erro riscar elas da lista rapidamente, principalmente para
quem está começando agora.
E as Importadas?
Aqui a coisa muda de figura, e é essencialmente um jogo de
Volei Profissional: Todo mundo é bom, e a qualidade é
medida em quem é “menos bom” em algum fundamento
para que você possa decidir o que você quer, e quanto você
quer pagar.
De maneira geral, as tintas importadas podem ser entendidas
como tintas especializadas para o Hobby, e que de fato foram
criadas e pensadas para esta realidade. A pigmentação delas
é fantástica (ou no mínimo muito melhor que as nacionais), a
gama de cores muito boa, e os metálicos realmente se
comportam como o nome diz.
As mais famosas marcas do mercado são:
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Citadel
Da toda poderosa Games Workshop, a linha Citadel para
modelos existe quase a mais de 25 anos, e nesse meio tempo
entre linhas boas e não tão boas, elas sempre foram
consistentemente conhecidas por ter uma qualidade top em
muitos aspectos.
Particularmente eu gosto demais dos metais da Citadel, com
menções honrosas para os metais frios. Também os tons frios
como Roxos, Cinzas e Azuis são sensacionais, cobrindo muito
bem. É uma linha completamente voltada para o Hobbista,
tendo seu catálogo dividido por efeito e técnica: Tintas para
Basecoat, Tintas para Wash, Drybrush e Especiais, deixando
tudo muito claro e bem explicado.
Seu ponto fraco é ser uma linha cara, e difícil de trazer para
o Brasil sem incorrer em algum imposto (justo ou injusto).
Além disso, em comparação com as outras marcas, é a opção
que menos vende tinta no potinho. 10ml apenas, e portanto
seu custo-benefício fica um pouco impactado. Há também
quem reclame que o potinho com o tempo desgasta, e deixa
entrar ar, fazendo sua preciosa tinta ressecar.
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Vallejo
Essa é uma linha de tintas espanhola que é muito conhecida
no meio hobbista, onde seu lema é vender tintas de grande
qualidade, numa quantidade bem razoável, a preço justo.
O custo/benefício de um potinho de Vallejo é sensacional, e
uma garrafinha dessas vai te render por meses a fio. A tinta
dilui bem em água, mistura bem com qualquer uma delas, e
tem uma pigmentação muito boa. Alguns vermelhos
demandam mais passadas, e via de regra é sempre bom usar
um primer, mas sem dúvida você estará adquirindo um
produto Premium, com um acabamento muito bonito, por um
preço que eu julgo justo pela qualidade.
De maneira similar a Citadel, a Vallejo requer alguma
manutenção básica nos potinhos pro caso de você ficar um
tempo sem usar – essa tinta decanta, e tende a separar seu
pigmento do veículo com o tempo, ressecando a parte grossa
da tinta em baixo, então mantenha a saúde do seu potinho:
Agite bem antes de usar!
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Formula P3
A principal característica dessas tintas é, diferentemente das
Citadel e Vallejo, ter pigmento líquido. Na prática, isso
significa que essa tinta permite que você trabalhe melhor
com algumas técnicas do que a tinta por pigmento em pó,
como diluições, e criações de washes a partir de qualquer
cor e mistura. Também, não tenho notado muita manutenção
– muito difícil ver ressecamento, ou separação dos
componentes.
A Formula P3 é conhecida também por ter um sistema de
coloração que eu acho muito interessante: A maioria das
cores estão divididas entre um tom base, e um tom Highlight,
que se complementam perfeitamente, e podem ser usados
para brilhos e detalhamento sem medo que as cores não
combinem.
Uma tinta P3 tem um aspecto ligeiramente mais diluído do
que as anteriores, e é excelente para trabalhos finos, ou
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aplicações mais pacienciosas de gradientes e misturas de
tom no modelo. É direcionada para um estilo de pintura –
com camadas sequenciais de cores, construção lenta, e
progressiva dos tons, e tudo isso para se obter um efeito final
muito bonito, a custa do tempo que você precisa dedicar.
Pela própria formulação dela ser diferente, algumas técnicas
acabam não sendo indicadas para ser usadas com ela, como
por exemplo o Drybrush. Não é algo impossível de se fazer,
e um pintor experiente vai conseguir se virar.
O que vai na minha coleção então?
De modo geral, eu misturo de tudo um pouco, e gosto de ter
um pouco de cada linha, inclusive das Nacionais, que eu uso
para cenários, e trabalhos não tão finos, onde a tinta precisa
render, como mesas de jogo, onde você pode usar uma tinta
de qualidade inferior fazer o trabalho em larga escala,
enquanto você salva suas outras tintas boas para trabalhos
mais nobres com modelos.
Escolher a tinta certa depende de balanço e bom senso, e ter
essa mentalidade de misturar as linhas para obter o melhor
resultado de nenhuma maneira vai te colocar num
caminho ruim. Muito pelo contrário: Só vai te possibilitar
conhecer mais cores, aplicações, e consequentemente ter
mais idéias, o que no fim das contas é o objetivo principal.
A mensagem no final acaba sendo: Tinta boa é a tinta que
te atende. Embora as opções importadas sejam feitas tendo
esse tipo de aplicação em mente, e por isso vão oferecer uma
melhor qualidade final, as tintas nacionais são possíveis de
serem usadas, e principalmente para quem ainda está
aprendendo será o melhor custo X benefício possível até que
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você possa ver onde seu calo aperta, e onde mora a sua
necessidade.
Secagem
Se formos considerar que estamos trabalhando com a tinta
acrílica a base de água, então a secagem merece uma
discussão um pouco mais dedicada: Esse tipo de tinta
basicamente seca em contato com o ar, e isso acontece mais
ou menos rapidamente de acordo com a umidade. Em dias
bons (tempo seco, quente, férias, dinheiro no bolso, e uma
música da sua preferência tocando), a tinta em poucos
minutos já vai estar numa consistência pastosa, e em outros
poucos minutos além vai estar seca ao toque. Isso facilita
nosso ritimo de produção, mas demanda alguns cuidados.
A dica é: O tempo de secagem é controlado pelo tanto de ar
que você deixa entrar em contato com o pote de tinta e com
o modelo: Deixe o potinho aberto, e dia após dia a tinta vai
ficando com consistência mais grossa, o que não é nada
desejável, então tome especial cuidado com potinhos com a
tampa dobrável, onde é fácil esquecermos abertos, e sem
querer acabar por perder um pote todo depois de uma
semana. Isso é verdade para as tintas Citadel, e P3, que tem
por característica esse envasamento. Já as Vallejo vêm em
bisnagas do tipo conta-gotas, e tem como grande vantagem
serem muito difíceis de secar sem uso, uma vez que quase
nunca entram em contato direto com o ar. Em contrapartida,
uma tinta Vallejo demanda que você use um pires, ou
qualquer superfície de mistura para que você possa ir
depositando o produto a medida que for usando. Esse tipo de
envase, porém, é conhecido por decantar os componentes
da tinta, e precisa ser bem agitado antes do uso, para que
tudo se misture adequadamente.
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Pincéis
Se as tintas são o motivo de porque estamos tendo esse curso,
então os pincéis serão nossas principais ferramentas de
trabalho.
Pare de Frescura
Um pincel é um palito com pelos mais caros ou mais baratos
na ponta. Você coloca tinta nos pelos do pincel, e espalha a
tinta em alguma superfície. Fim. Não tem nada além disso.
É ÓBVIO que existe pincel vagabundo, e existe pincel muito
bom, feito com a fina manta dourada dos Suricatos Russos
(que nunca embaraçam), mas na nossa realidade, a verdade
é:
Pincéis estragam.
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Estaremos trabalhando com técnicas que não terão a
mínima dó do seu material, e não tem porque eu te
recomendar o pincel mais caro do mundo para algo
agressivo como um drybrush. O que precisamos de verdade
é ter um pincel que a gente possa pagar, e que ponha a tinha
onde precisa.
Do mesmo modo, não adianta usar um pincel de cinco Reais
pra querer aplicar uma linha extremamente fina de
detalhamento final em uma armadura do tamanho da unha do
seu dedo mindinho, e não achar que vai borrar. Vamos
calibrar nossas expectativas adequadamente: Assim como
as suas tintas, a escolha do pincel adequado é muito mais
uma questão de bom senso entre a sua necessidade e o
seu orçamento.
Minha regra geral é: Se o pincel tem uma ponta que fecha
depois de limpo, então ele é um bom pincel.
Ponta?
Sim. Ponta é a forma que o pincel
adquire uma vez que seus pelos
foram limpos e secos. É por ela que
a tinta entra em contato com a
miniatura. Normalmente, um pincel
maior e mais macio tem uma ponta
redonda e larga, enquanto que pincéis de precisão
apresentam uma ponta fina, que te permite chegar nos
detalhes das miniaturas, e manter seu controle, sem borrões.
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Em outras palavras, você não quer gastar dinheiro pra ficar
com isso aqui:
E o motivo é bem simples: Pense qual é a precisão de um
pincel desses, e como as áreas previamente pintadas serão
borradas. Então nem tanto nem tão pouco – guarde seus
pincéis caros para o trabalho mais fino, e pincéis mais
baratos vão para serviços de mais impacto que vamos
discutir mais pra frente.
Seja como for, você não precisa de muitos pincéis.
Recapitulando:
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Em tamanho quase real, para sua conveniência.
Um pincel tamanho 000 para detalhe fino: E esse carinha
é uma desgraça. Muito fino, muito pequeno, e especialmente
útil para quem está começando agora, e quando precisamos
ter certeza de que não vamos borrar nada. Até por ser
pequeno e fraco, é normal que ele comece a entortar e
envergar com o tempo. Quando isso acontecer, troque.
Um pincel tamanho 2 para detalhes: Com o tempo é esse
pincel que vai ser seu maior companheiro. Prefira um pincel
2 de cerdas moles, e que tenha uma ponta muito fina. Com a
precisão treinada, e com o tempo, você vai notar que ele
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consegue ser tão preciso como um 000, mas guarda mais
tinta dentro dele, te fazendo ganhar tempo.
Um pincel tamanho 8-10 para basecoat: De tamanho
considerável, esse pincel vai ser o seu cavalo de trabalho, e
é com ele que você vai aplicar cores únicas em áreas
grandes. Prefira as cerdas moles para que a marca das
cerdas não se fixem no modelo.
Um pincel tamanho 8-10 mole para wash: Pode ser igual
ao anterior, mas esse nós usamos apenas para wash. Mais
detalhes em breve.
Um pincel de cabeça quadrada para Drybrush: Esse é o
pobre diabo que vai ser trocado a cada 15 dias. O Drybrush
é uma técnica cavala, mas muito efeitiva, que como efeito
colateral, arregaça com qualquer pincel do mundo. Então
seja esperto: Não pague muito pelo brinquedo que mais
quebra.
Limpando Pincéis
Tinta acrílica a base de água é limpa com água.
Simples, não? Então, sempre que for pintar, mantenha um
potinho de água do seu lado, e uma toalha, ou papel toalha
ou papel higiênico, ou um pano seco limpo para secar os
pincéis. Lembre-se sempre que essa nossa tinta seca rápido,
e você não quer tinta seca nos seus pincéis. É muito difícil
restaurá-los as suas pontas originais depois que a tinta
(especialmente a metálica, que é bem granulosa), seca, e
deforma tudo.
Uma estação de trabalho feliz por fim, tem uma cara parecida
com isso aqui:
29
E essa foto foi propositalmente mostrando uma caixa de pizza
como base, um pote de castanha como pote de água e meia
garrafa de plástico como porta pincel por um ótimo motivo:
Pintar não requer frescura. Apenas que você se mantenha
no seu objetivo, e não suje seus móveis.
Existe ainda uma dica para secar o pincel adequadamente, e
você deve fazer isso sempre que for trocar de tinta: Agite,
Bata e Puxe, ou ABP:
Agite: O pincel no pote de água para retirar a tinta.
Para os casados: O potencial de sujeira nessa hora é alto, e possui um risco perene
de tinta aguada colorida sair voando, e manchar alguma coisa. Não se empolgue.
30
Bata: O pincel na borda do copo.
Puxe: Coloque o pincel no papel e puxe-o para trás,
torcendo ele pelo cabo, num movimento circular. Isso vai
fechar as cerdas novamente, e refazer a ponta:
Por fim: Não Seja Mão de Vaca!
Um pincel ruim é diretamente responsável por um resultado
ruim. Se o seu pincel estiver ruim, impreciso, ou seco,
troque!
31
Engatando a Segunda
Marcha
Já Gastei algumas páginas dessa apostila basicamente te
apresentando material, e pintar que é bom ainda não
aconteceu. Hora de mudar isso. Tudo o que eu fiz até agora
foi te apresentar um basicão para que justamente você
continue desse ponto em diante já com algum material
comprado, ou pelo menos com a lista daquilo que você quer
usar daqui pra frente, e isso é ótimo. Porém, mais importante
do que isso, é desse ponto em diante que eu quero enfatizar
uma coisa: Pelo amor de Deus, seja criativo.
É ótimo pegar um kit novo e pintá-lo a perfeição, e tudo bem
se você gosta de como o estúdio fez, e você quer ter um
modelo igualzinho ao da caixa. Porém SEMPRE considere a
segunda opção – Seu estilo. E, no meu entendimento de
mundo, é isso o que deve ser mais importante.
Pintar modelos tem tudo a ver com um Hobby de criação,
e não com um treinamento da Xerox. Para tentar praticar
isso com você, daqui pra frente você vai encontrar alguns
exercícios. Não que priorizem o certo e o errado de
determinada técnica, mas que lançam algumas perguntas
que eu me fiz em um momento ou outro, e que eu julgo que
foram importantes para que eu tenha uma forma de pintar de
tal maneira que quem pega um modelo que eu fiz diga: “Esse
é do Dopker por causa desses detalhes”, entende?
32
De novo: A idéia não é ensinar como eu faço, mas mostrar
como eu entendi essa coisa toda pra você ache o seu
caminho.
Iniciando os Trabalhos
Preparando um Modelo
Comprar o modelo, esperar um bilhão de dias, ficar com a
encomenda parada na receita, questionar suas escolhas nas
eleições, ter tudo encaminhado pro correio, que vai estar em
greve e vai atrasar seu pacote, para que só depois ele
chegue amassado, para que possamos então tirar tudo da
caixa rezando pra que nada tenha quebrado é apenas o
primeiro passo. Para que a nossa nova aquisição esteja
pronta para ser pintada, primeiro devemos preparar o
modelo. A forma como fazemos isso, e por uma série de
razões, tem a ver com os processos de fabricação que já
discutimos.
Linhas de Molde
Modelos são feitos em sua maioria injetando o material
fundido num molde de duas partes. Ao secar, e ter o molde
retirado, linhas ao longo da junção dos moldes pode ser bem
33
evidentes. Chamamos isso de linha de molde. Retirar esses
moldes é primordial. Caso contrário, estaremos dando
destaque a um detalhe que não é do modelo, e que vai ficar
bem aparente, levando a um resultado ruim bem rápido.
Existe um método rápido para removermos as linhas de
molde: Basta rasparmos a linha ao longo do sentido dela com
o estilete, num processo conhecido lá fora como Scraping.
Posicione a lâmina do estilete num ângulo dos seus 15º, e
puxe através da linha, assentando o defeito. É jeito. Não
força – Se você se empolgar, vai estragar a peça, então não
ponha tanta pressão. Manipular adequadamente também é
importante, e ajuda bastante fazer isso com o modelo ainda
desmontado para que você tenha controle total dos ângulos
que você quer usar o estilete:
34
Ter o estilete alinhado nessa hora ajuda muito e te permite
chegar em detalhes bem profundos, sem estragar outros
detalhes da peça.
É claro que existem outras formas que você pode tentar:
Para modelos de metal, ainda é usual fazer o processo com
limas de precisão, uma vez que o material é mais resistente,
ou mesmo um Dremel, se você estiver se sentindo mais
machão.
Óleos e Outras Melecas
Não é anormal que a fábrica use algum agente de
desprendimento na peça para que esta se solte do molde,
especialmente em modelos de resina, e isso significa que as
vezes eles ainda vem empapados com essa química. Na
prática significa que se não fizermos nada, nossas tintas não
vão aderir direito.
35
Para resolver é fácil. Dê um bom banho na peça com água e
sabão, de preferência com uma escova de dentes velha pra
ajudar a limpar os cantinhos, e seque bem.
36
Bolhas
As vezes a injeção no molde pode criar bolhas de ar no
modelo. Se esse é o seu infeliz caso, primeiro avalie o
tamanho da bolha: É suficientemente pequena a ponto de não
atrapalhar? Então basta um pequeno pingo de cola de cola
tipo bonder dentro, e deixe secar. Reboco instantâneo.
Note as bolhas principalmente na tabarda no meio das pernas.
Agora se seu modelo está com uma falha mais grave, você
pode tentar duas opções: A primeira é entrar em contato com
o fabricante e pedir uma reposição – A Privateer Press têm
um sistema automatizado pra isso, e funciona muito bem! – ou
você morde a língua, e usa a oportunidade pra criar algo em
cima com Durepoxi ou Greenstuff, afinal, a gente nunca sabe
quando a inspiração vai bater.
37
Pintar Montado, ou Montar Pintado?
Na ocasião do fim do mundo por desastre nuclear, duas
coisas vão sobreviver: Baratas, e este debate. Uns vão te
dizer que montar tudo te permite esconder todos os
remendos e pontos de cola com a pintura – o que eu
concordo, e outros dizem que pintar cada peça para depois
montar é melhor, pois podemos ter mais acesso para
detalhes que um modelo montado não deixaria – o que eu
também acho válido.
Minha opinião é: Se for para ter um serviço bem feito no
final, faça o que achar melhor.
O Prime
Outro objeto de muita discussão - Prime (ou “primar um
modelo” em português macarrônico) é simplesmente aplicar
uma camada de preparação na peça que vai aderir no
material-base, e servir de superfície ótima para a tinta da sua
escolha. E por sí só, isso é um conceito incrivelmente
simples.
Os problemas começam quando as pessoas confundem
Prime com uma primeira camada de cor base. Branca, ou
preta, e isso não tem nada a ver: Prime nada mais é do que
um passo de preparação para a sua tinta aderir onde
deve, e não é qualquer spray que é um prime adequado.
38
1- Isso não é um prime. É uma tinta.
Porque não é todo spray que funciona? Porque o prime tem
uma característica não invasiva: Depois de aplicado, ele
cura na forma de uma camada finíssima, que não esconde
detalhes da peça. Ao utilizar um spray qualquer, corremos o
risco de pintar o modelo todo com uma cor grossa, que vai
esconder detalhes finos do modelo, e ainda vai deixar ele
fedendo por dias. Por exemplo, não faça isso:
39
Os detalhes dessa miniatura já eram. Você conseguiria pintar os olhos dela? E os
detalhes do torso da armadura?
Aplicado corretamente, um Prime não esconde detalhes,
retrai para os recessos, e cria uma superfície de aderência
para sua tinta. Note que até a grade da máscara do Space
Mairne – que tem MILIMETROS de tamanho foi preservada
corretamente:
40
Tá bom, bonzão: Que Primer que eu tenho que
usar então?
Aqui no Brasil, eu indico duas marcas. A
primeira é o Acrilex Primer para Metais,
PET e Vidro branco:
Esse produto é bem legal porque
primeiramente não faz muita sujeira, por
ser aplicado com o pincel e não com o
spray. Segundo porque ele custa bem
baratinho, e rende bastante.
Um aspecto negativo dele é que talvez ele demande mais de
uma passada na peça para cobrir tudo adquadamente, e
portanto pode ser uma boa idéia você querer diluir tudo na
razão de uma parte de primer para uma de água, apenas para
ter certeza que nenhum detalhe raso da peça será escondido.
Recomendo esse primer principalmente se seu esquema de
cor for claro, ou tiver um acabamento mais brilhante.
41
Outro produto nacional bem legal é o Primer
de Uso Geral Cinza Rápido da Colorgin.
Por se tratar de um spray, ele suja um bocado,
então não use ele na sala da sua casa. Porém,
ele é bem ágil de trabalhar e te permite fazer
o prime num batalhão todo em minutos.
Possui um acabemento e retração muito bons,
e é especialmente indicado para quem ainda
possui muitos modelos de metal, pois ele
adere muito bem e faz o serviço de aderência
na tinta de forma muito boa.
Claro, existem ainda os Primers importados,
e de maneira semelhante às tintas, têm a
vantagem de ser especialmente desenhados para este
hobby, o que os coloca num patamar superior de qualidade
em relação ao nacional. Contudo, são caros, e
principalmente s srpays são muito difíceis de importar pro
Brasil. Minha recomendação
nessa área é o Citadel Imperial
Primer, que é vendido no
mesmo potinho de tinta da
Citadel, é aplicado com pincel,
e cabe em qualquer compra que
você for fazer sem custar muito.
Sem dúvida alguma tem a melhor retração que eu já
trabalhei, seca rápido, não fede, e adere muito bem tanto em
plásticos quanto em metais.
42
Pintando Finalmente! –
Ou Quase Isso
Nossos modelos estão preparados, nossa estação de pintura
pronta, você conhece as tintas, as crianças estão no colégio.
Agora vai!
Quase.
Primeiramente eu queria recomendar dois exercícios, e elas
tem a ver com ter efetivamente a primeira prática na pintura.
Pode parecer idiota, mas é com eles, tendo o primeiro
contato que você vai ver como na verdade as coisas se
somam e reagem juntas.
Exercício #1: Pintando a cartela (sprue)
Esse exercício é super simples, e basicamente consiste a
pintar qualquer cor, na cartela de suporte das peças do
modelo. Logicamente depois de ter tirado os bits do modelo
de lá.
O objetivo disso é fazer você entender quais tintas reagem
bem com o seu material. Comece com uma tinta roxa forte e
depois pinte outra área com um branco, ou com um
vermelho. Note que algumas demandam mais passadas,
outras cobrem a área totalmente sem nenhum esforço.
Depois disso, experimente aplicar depois de uma camada de
prime. O que mudou? O que ficou mais fácil? Existem tintas
que te permitem pular a parte do prime? Existem tintas que
te OBRIGAM a fazer prime?
43
Observe também o tempo de secagem entre as demãos, e
procure entender a consistência da tinta. Você consegue
trabalhar assim? Você gostaria de diluir a tinta? Quanto? O
que você ganharia com isso? O que você perderia?
Anote suas observações:
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Exercício #2: Melhorando a sua precisão
Pegue uma folha de papel e uma cor a sua escolha. Com o
pincel 000 ou o 2 para detalhes, coloque um pouco de tinta
no pincel, e trace uma linha reta no papel.
Das duas uma: Ou você fez uma linha reta, mas demorando
bastante, quase babando, ou a sua linha ficou tudo menos
reta. Isso é normal e não tem porque ficar envergonhado.
Veja: Pintar é um exercício, e como qualquer um deles, vai
demandar prática muscular. Se você nunca fez uma linha reta
com um pincel, dificilmente vai conseguir pintar sem borrar
logo mais, e acredite em mim: Vale muito mais a pena você
se demorar um pouquinho mais e praticar isso, do que
borrar uma pintura legal depois.
Além disso, esse exercício vai te permitir verificar QUANTO
de tinta você gosta de carregar no seu pincel, e quanto ele é
capaz de aguentar sem secar no meio do caminho. Você
também pode praticar a limpeza do pincel, como segurar, e
observar como a tinta seca, e em quanto tempo ela fica num
ponto legal para se trabalhar com outras cores em volta.
Então, tendo tudo isso em mente, trace linhas retas (ou quase
isso), na folha toda, frente e verso. Observe espaçamento e
sentido. Tente ser organizado, e ao final produzir um
resultado que seja visualmente agradável.
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Anote suas observações:
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Se você conseguiu, parabéns. Agora eu deixo você
continuar! ☺
46
3 Regras Básicas da
Pintura
Não importa qual linha de produtos você utilize, ou que
técnicas você use para chegar no seu objetivo. O que nunca
vai mudar é que um modelo nada mais é do que um conjunto
de relevos. Ou ainda, é um livro de colorir 3D.
Em razão disso, a menos que você de fato queira um efeito
sem profundidade, não podemos simplesmente aplicar uma
cor diferente em cada região, e achar que o modelo está
pronto. Ora, se ele é algo tridimensional, então as suas cores
reagem de acordo com os seus relevos naturais! Olhe pra sua
camiseta agora, e veja como a cor dela altera sutilmente em
relação a parte que recebe a luz, e a parte onde ela se dobra.
Pintar o modelo então tem muito a ver com realçar as
partes certas da forma certa, e criar uma composição que
capture a atenção de quem olha.
O que eu quero mostrar nessa apostila é justamente 3 formas
de realçar as cores de modo que a aparência final siga essas
3 regras que eu considero as mais importantes numa pintura:


Tridimensionalidade: Não existe visão e senso de
espaço sem sombra e sem luz na natureza. Então, seu
modelo deve conter algum nível de profundidade, que
obviamente será aprimorado com a sua prática e com o
tempo.
Interessante de qualquer ângulo: Se voce pegar um
modelo e olhar ele sobre qualquer ângulo ele deve parecer
47
interessante e bem acabado. A maioria das bases dos
modelos são redondas, o que sugerem que eles giram em
jogo, ou em exposições. Toda figura é obviamente
tridimensional, e criar uma pose interessante é basicamente
brincar com os bits. Minha dica é imaginar que cada bit tem
um sentido (as retas vermelhas). Quando você for colar,
ocupe ao menos dois planos de maneira generosa. Nada de
braços levantados em poses monótonas. É um desafio. Se
você faz demais, todo modelo vai parecer uma franga
depenada, e se você não faz, o exército carece de variação,
e fica com cara de peça de jogo de tabuleiro.

Tesão!: Sério. Você pode ser o melhor pintor do mundo.
Se você fizer de cabeça quente, ou sem vontade vai
refletir na qualidade final do seu trabalho. Ou faz com
vontade, ou nem começe naquele dia.
Transpareça na sua peça a gana que você tem de fazer
um bom trabalho. É impressionante a diferença e a
qualidade final que um pintor iniciante tem se ele faz com
vontade em relação a um veterano mais calejado que fez de
qualquer jeito.
Nessa apostila, essas regras são, finalmente:

Tridimensionalidade: Vou falar sobre 3 Técnicas de
Pintura mega fáceis, que vão te dar um resultado muito
bom.

Interessante de qualquer ângulo: Exercícios de
Criatividade.
48

Tesão: Se você não sabe o que te move, não sou eu que
vou dizer. Mas eu sugiro que você comece ouvindo “Stay
Frosty” do Van Halen com a letra do lado.
O Basecoat
Expandindo no que eu disse acima, podemos resumir
qualquer modelo do mundo como um apanhado de relevos.
Ou seja: Ele tem partes mais altas, mais baixas, e a cor
padrão que aquela área deve ter.
O basecoat é a técnica mais simples, mas também a mais
responsável por um resultado decente. Aplicar um basecoat
é simplesmente decidir a cor que uma área vai ter, molhar
seu pincel com tinta, e cobrir aquela área toda. Supondo que
teremos uma área vermelha, o basecoat efetivamente faz isso
aqui no modelo:
Simples, não? Escolha uma área, aplique a cor. Deixe secar.
Fim da história.
49
Godofredo
Para ilustrar melhor, vamos usar as técnicas que eu quero
abordar aqui para pintar um modelo do começo ao fim. É
meu prazer então lhes apresentar Godofredo:
Godofredo é um Chaos Space Marine de Warhammer 40k, e
que mede uns 3cm de altura, o que nos dá uma idéia do tanto
de detalhe que temos para trabalhar nessa peça.
E isso é o que se espera de um modelo de qualidade: Que
ele traga uma quantidade safada de monstruosa de grande.
Primeiro porque um belo modelo é a soma dos seus detalhes,
50
segundo que quanto mais camadas e espaços para se colocar
cor, mais dinamismo visual conseguiremos criar.
Fazendo o Basecoat no Godofredo
Pois bem, Godofredo já está pronto, limpo e montado com
cola plástica, com o prime aplicado esperando apenas a
pintura começar. Como eu disse, o passo inicial é o basecoat,
e com ele, eu vou aplicar a primeira camada de cor no
modelo. Para ser condizente com meu esquema de pintura,
vou então aplicar no modelo todo uma camada de Metálico
escuro, um chumbo:
51
“Por que você pintou o modelo todo” – Deve ser a sua
pergunta? Simplesmente porque a armadura baixa dele
toda é dessa cor. Notou como ele tem duas camadas de
armadura? Uma baixa, e uma decorativa, cheia de relevos?
Essa segunda camada vai receber outra cor posteriormente,
e não tem problema que ela seja suja agora. De modo que é
bem mais fácil começar a pintura “de dentro pra fora do
modelo”, ou seja: Começando pelas camadas mais internas,
nunca iremos borrar as camadas mais externas.
Finalizada a aplicação do metálico, vamos deixar a tinta
secar, e partir para a próxima técnica.
Mas como tudo, o Basecoat tem lá seus
problemas
Um basecoat correto leva em consideração que você
entende sobre a tinta que você está usando, caso contrário
ele pode na verdade deixar a peça mais feia com camadas
grossas que escondem detalhes, ou camadas insuficientes
que não cobrem corretamente. E é por isso que eu dediquei
toda uma parte dessa apostila para te explicar, ou pelo
menos citar, como as tintas funcionam ou quais escolher.
Tintas ruins, ou grossas demais vão esconder detalhes, e
prejudicar seu efeito final, enquanto que tintas diluídas
demais vão pouco fazer por você te fazendo perder tempo.
Testar as suas ferramentas para que você pegue seus
requerimentos, e desenvolver o seu gosto de preparo das
tintas, e taxas de diluição é um trabalho que DEVE ser feito
antes, e apenas por você. Por sinal, é uma boa hora de voltar
e fazer os dois primeiros exercícios se você ainda não fez.
Safado.
52
O Wash
A segunda técnica básica é aquela que de fato aplica as
sombras do modelo, ou ainda a “camada negativa” se você
quiser soar como um cara chato. O nome dessa técnica é
Wash e basicamente consiste em aplicar um basecoat de
tinta diluída, num tom mais escuro que a do basecoat na
mesma área. Essa tinta idealmente escorre para as partes
baixas do modelo, e se acumula. criando esse efeito aqui:
O Wash então é o responsável por escurecer a área de um
modelo preservando a cor do basecoat nas camadas mais
externas, e isso é bem importante! Um Wash jamais pode
interferir (muito) naquilo que já pintamos previamente, ou
não haveria porque fazer o passo anterior.
53
E como preparar um Wash?
Se você lembra da composição de uma tinta, então temos
uma mistura de veículo + cor. Simplesmente diluir a tinta com
água pode não dar muito certo, pois a água não
necessariamente vai reagir com os ingredientes de maneira
adequada. Além disso, água da torneira tem tensão
superficial, que faz com que a aplicação escorra, suje sua
mesa, e não pare no modelo. Existem então algumas dicas
para termos um bom Wash:

Tinta Acrílica com água e algo mais: Ao aplicarmos
uma mistura de uma parte de tinta pra uma Medium
Acrílico (acha fácinho!) e cinco de água mantemos os
pigmentos da tinta em suspensão para fazer com que ela
fique mais diluída e entre nos recessos do modelo

Usar tinta a óleo: Combinação clássica do
plastimodelismo, consiste em preparar o Wash diluindo
uma parte de tinta a óleo para dez de ecossolv, criando
uma mistura bem poderosa, e barata. Uma bisnaga de
tinta vai te render litros de wash.

Comprar Pronto: AH, VÁ! Mas é verdade! Os Washes
prontos são tão caros quanto qualquer tinta importada,
mas são feitos justamente para que você não se aborreça.
Eles vem em várias cores, e muitas empresas se dedicam
a produzir wash de qualidade. Meus favoritos são a linha
Shade da Citadel, e os Washes da Army Painter: O
Strong Tone, e o Dark Tone.
54
Fazendo o Wash do Godofredo
Para entendermos o que vamos fazer, veja essa foto aqui:
O esquema de cor
que eu utilizo no
meu exército pouco
difere disso. Gosto
da combinação de
tons
metalizados
acompanhado
de
tecidos, ou uma
terceira
cor
de
quebra
qualquer
como
roxos
e
vermelhos.
Seja
como
for,
precisamos pensar
em
como
dar
veracidade ao nosso
trabalho,
e
fatalmente para isso
pegamos fotos e nos
inspiramos em referências visuais para conseguir o efeito
desejado. Por exemplo, essa armadura medieval aqui.
Podemos isolar duas cores – Um prateado/metal, e um
dourado para detalhamento, e olhando dessa maneira, tudo
nos leva a crer que fazer algo similar na pintura de modelos
é tão simples quanto pegar duas cores parecidas e
simplesmente pintar nos lugares certos, não é mesmo? Mas,
55
não é bem assim não. Com um olho mais clínico, preste
atenção em como a luz incide no modelo:
As partes que eu
destaquei são
basicamente as
luzes (verde) e as
sombras (amarelo)
naturais que são
criadas pela
exposição nesta
cena. Pintar o
modelo tem então
muito a ver não
apenas em colocar a
cor certa, mas
saber decompô-la
em seções de
modo que a figura
finalizada tenha
um aspecto que dá
pra acreditar que
aquilo está vivo, e inserido no mundo de jogo.
Com essa explicação, fica bem fácil de dizer que: O Wash
nada mais é do que o passo que cria as seções amarelas
da miniatura.
Aplicar um wash é bem fácil também: Simplesmente
“lave” o modelo na área que vai receber o efeito com uma
porção generosa da tinta, e deixe que ela se acumule nos
recessos da peça.
56
O Wash deve ser aplicado com um pincel macio, de
preferência dedicado apenas para isso, e sua ponta pode
ser bem aberta, justamente para abranger a miniatira toda,
e ser bem generoso:
Note como o wash vai cleareando a medida que ele "estica" por ser bem diluído.
O wash é uma técnica bagunceira, e deve ser bem
controlado e diluído, senão ele vai vazar para áreas que já
foram previamente pintadas, estragando assim o seu
trabalho, então tenha cuidado. Teste muito bem suas
diluições, e as quantidades que você gosta de trabalhar.
Outra dica boa é usar washes mais abrangentes e pesados
como esse que eu vou fazer agora nos estágios iniciais,
extamente para não termos que nos preocupar com borrões
e nem com correções delicadas.
No Godofredo agora, vamos então aplicar um wash preto,
que foi a cor que a foto mostrou que é criada como sombra
do prateado nas áreas que eu demarquei de amarelo na foto
modelo que eu estou usando.
57
Percebeu como essa tinta diluída escorre para os cantos da
miniatura, ressaltando ainda mais os relevos, e criando essa
impressão de profundidade? Note também que a técnica
ainda preserva a cor do basecoat nas suas partes mais altas,
exatamente como na foto da armadura. A cor continua com
o prateado original, mas agora possuímos a sombra que
caracterizam as placas sobrepostas, ou mesmo o ambiente
que ela está inserida.
58
Exercício #3
Vimos então que o Wash não deve alterar a cor de uma
miniatura, mas sim complementá-la, e para isso, usar uma
referência visual como uma foto ou um filme para entender
como a cor é decomposta e se espalha no modelo é muito
legal. Anote aqui então que combinações de cor para wash
vão destacar o basecoat baseado nas suas observações de
fotos e filmes. Pra ajudar, armaduras e capas. Aproveite
também, e anote os tempos de secagem para cada mistira
que você descobriu.
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59
Tridimensionalidade: O
Highlight
Se o wash é o responsável direto pela camada negativa, é o
highlight que é responsável por fazer os brilhos nas camadas
mais altas e mais aparentes dos modelos, ou ainda na
imagem anterior:
Ou seja, é uma terceira decomposição da cor de início,
onde usamos um tom mais claro para realçar os pontos mais
aparentes, e com isso criar contraste com o wash do passo
anterior. De outro modo, Os Highlights são as linhas
verdes no nosso modelo.
60
Existe basicamente duas maneiras de se colocar highlight
numa miniatura, e elas são usadas de acordo com o pedaço
do modelo em que queremos atacar: O Layering, e o
Drybrush,
e
ambas
devem
ser
compreendidas
adequadamente para que possamos criar em cima dessas
ferramentas.
O Drybrush
Exatamente o que você está pensando: Aplicação de tinta
com um pincel seco. Usamos essa técnica para de maneira
similar ao wash, não interferir no basecoat da miniatura e
concentrar um novo tom de tinta nos relevos mais aparentes
de um modelo. O Drybrush é uma técnica rápida de ser
aplicada, que garante efeitos muito bons, mas que demanda
alguma prática antes de sairmos aplicando em tudo.
Também, devemos atentar que ele faz bastante bagunça, e
deve ser usada com cuidado pra não interferir onde já foi
pintado.
Para fazermos um bom Drybrush, devemos trabalhar com um
tom mais claro do que aquele que escolhemos por ser o
padrão do modelo. Com isso, podemos também entender
que a cor do basecoat acaba por formar o meio-tom da
miniatura, enquanto que o wash forma a sua camada
negativa. Sendo o Drybrush uma técnica de highlight, nesse
passo esaremos trabalhando na camada positva da peça.
61
Drybrushando no Godofredo
Um Drybrush é basicamente o ato de se colocar tinta no
pincel:
Limpá-lo, retirando a tinta num papel toalha, até ele secar:
62
Para então “espanar” esse pó concentrado de tinta na nossa
miniatura.
Olha que efeito legal conseguimos dar nessa armadura
efetivamente quase sem nenhum esforço! Nesse momento, a
cor principal do modelo já conta com pelo menos 3 tons de
cores, separados em camadas de meio tom, negativo e
positivo, que juntas trabalham em harmonia para dar a
impressão que esta armadura está de fato sob incidência de
luz daquele mundo que o modelo está inserido.
63
É óbvio que o trabalho não acaba por aqui, e ainda temos
muitos detalhes para mostrar, mas não saia daqui sem antes
entender como o Drybrush é poderoso:

É capaz de colocar brilhos e destaques em peças
quase que imediatamente

É rápido e fácil de aplicar

Funciona com qualquer cor.
Nessa hora é importante dizer como o tipo da tinta
influencia bastante: As tintas de pigmento em pó facilitam o
uso dessa técnica, pois as partículas são muito mais
facilmente “espanáveis” do que numa tinta de pigmento
líquido. Porém, essas serão imprescindíveis na próxima e
última técnica básica que eu quero mostrar.
64
Exercício #4: Praticando Drybrush
Parece fácil, mas não é. O pulo do gato do Drybrush é que é
menos tinta no pincel do que você imagina. É preferível que
você aplique várias passadas de drybrush numa mesma
seção do que uma forte demais, ou com o pincel seco de
menos, e arruinar seu trabalho.
Desse modo, pratique o drybrush e anote suas considerações
aqui nas linhas dessa seção. Preste especial atenção em:

Como o pincel sai danificado

Facilidade de aplicação

Dificuldade de controle, e borrões em outras seções

Quando aplicar
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O Layering
Essa é a segunda forma de se construir o highlight, ou seja, a
camada positiva de um modelo.
Enquanto que o Drybrush é uma técnica rápida, homogênea,
rápida, e até bruta, o Layering é completo oposto disso. Ele
consiste em criar transições de cores sutis em toda a peça,
com degradês, ou mesmo um acabamento mais limpo.
No Layering, ao invés de espanarmos um pincel com pó de
tinta seco em alguma área, pintamos camada sobre camada
de tinta cada vez mais clara, migrando em direção para
algum ponto da miniatura. Por exemplo, nesses detalhes
dourados, primeiramente eu fiz um basecoat com um ouro
mais apagado, e demarquei com wash:
Em seguida, apliquei mais basecoats com dourados cada vez
mais amarelos, mas ocupando cada vez menos área,
concentrando as passadas do pincel apenas em relevos mais
aparentes, ainda deixando a cor debaixo aparecer. O
segredo está nesse detalhe – não se trata de cobrir
completamete a camada anterior, mas sim deixar ela
aparecer apenas nos pontos menos claros. Onde a luz incidir
mais, aí sim, troque pela tinta mais clara.
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O segredo é justamente ir construindo as transições aos
poucos, dando um efeito colorido muito sutil e de muito bom
gosto, especialmente bonito nos metais.
É nessa hora que as tintas de pigmentação líquida
desempenham um papel muito legal, pois elas diluem sem
muita separação de seus componentes. Controlando a
diluição, e brincando com o tempo de secagem para misturar
as tintas diretamente no modelo para criar um degradê sutil,
temos o que chamamos de wet blending, ou mistura úmida.
Após uma última camada de ouro dourado ainda mais claro,
essas áreas ficam assim:
Note como o dourado parece verossímil e não podemos
idenficar onde uma tinta começa e outra termina. Ao final, o
Layering quando propriamente feito deve dar a impressão
de que tudo se trata do mesmo material.
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E no Godofredo?
No nosso modelo de teste, basicamente já temos toda a
armadura mais baixa dele pintada com as técnicas
anteriores. O Layering daqui pra frente é uma boa idéia
porque o drybrush apesar de possível vai fatalmente sujar
alguma área que já está pronta. Então, vamos adicionar mais
detalhes usando essa técnica, primeiramente com o basecoat
de um meio tom bronze e outro laranja em partes adjacentes:
Por fim, vou aplicar o layering, que nada mais é do que um
basecoat, por cima de cada uma dessas duas cores-base que
eu usei, mas mais claras. Para aplicar, basicamente
sobreponha uma cor na outra, mas tendo certeza que um
pouco da camada anterior ainda pode ser vista,
concentrando a nova tinta nos pontos mais altos e mais
evidentes da peça. Basicamente o que você quer é isso:
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Deixando com esse aspecto final:
Perceba que a diferença é sutil, mas notável.
Conseguimos mais definição em arestas e cantos. Pra te
ajudar, eis a mesma foto, mas com demarcação de onde eu
apliquei a tinta mais clara. Note que é pouca quantidade
mesmo, mas que ajuda a fazer toda a diferença:
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O layering no final acaba por ser uma forma de se fazer
highlight que oferece resultados mais sutis, controlados e
bem acabados que o Drybrush, e fica especialmente bonito
em áreas onde os detalhes são finos, ou como no Godofredo,
partes onde a decoração precisa ser bem evidente.
A parte ruim do Layering é que ele demanda paciência, e
muito mais controle do pincel e da tinta do que o Drybrush,
pois exige que você tenha controle total de onde você quer
chegar, e do objetivo que você deseja alcançar.
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Para ajudar a ficar mais claro, eis mais alguns exemplos:
Layering: Perceba a sutileza na transição de cor conseguida
apenas por controlar a diluição da tinta na água, e misturando
as intercessões, camada após camada, partindo do
vermelho, e chegando até um laranja sensacional:
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Drybrush: Dois tons de cinza – um para basecoat e outro
para Drybrush é tudo o que você precisa para ter uma
pedra bem convincente:
Finalizando
Highlight é gosto. É a quantidade de sal, e o ponto da sua
carne. Uns vão preferir o Drybrush, outros vão preferir o
Layering, e isso também vai ter muito a ver com o estilo da
miniatura que você está pintando – modelos mais orgânicos,
cheios de veias e tecidos muscular vão se beneficiar mais de
um Drybrush para evidenciar esses detalhes, enquanto que
miniaturas com mais espaços lisos, brilhos e efeitos mágicos
podem gostar mais do aspecto “limpo” que o layering te
permite obter.
Seja lá qual for a sua preferência, é importante conhecer e
aplicar ambos para então decidir qual é a melhor hora de
usar cada um deles.
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Exercício #5: Pintando Pedras Preciosas
Esse é um efeito decorativo muito bonito que pode ser
conseguido com as duas técnicas de highlight que vimos.
Uma gema, uma pedra preciosa é com certeza um tema muito
recorrente em modelos de fantasia, e finalizam qualquer bom
trabalho de pintura:
E de verdade, não tem segredo algum em saber fazer. Sejá
lá qual for a cor, basta você saber decompor onde vão as suas
tintas:
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Anote aqui então quais foram as suas preferências: Foi mais
fácil fazer através de layering, ou drybrush? Quais foram suas
dificuldades? Qual a diferença visual entre as duas técnicas?
Houve alguma diluição de tinta? Quais as tintas que você
gostou de trabalhar?
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Engatando a Terceira
Marcha
Finalizamos aqui duas noções básicas de pintura que vão te
acompanhar em qualquer modelo que você for fazer:

Um modelo deve ser interessante de onde quer se se olhe

Ele pode ser inteiramente pintado apenas sabendo
decompor suas cores em: Basecoat, Wash e Drybrush.
Prefira os tons médios – nem os mais escuros, nem os
mais claros para fazer seu basecoat. Isso vai fazer com
que a aplicação do wash e do highlight seja mais
evidente.
De maneira muito grosseira, podemos resumir pintura de
modelos apenas nesses dois tópicos. Logicamente, aliado ao
seu gosto e sua prática para que você possa desenvolver suas
idéias adequadamente. Praticando o que eu te disse até
agora, você basicamente vai saber tudo o que você precisa.
O que te falta agora é tesão.
Veja: É ótimo pintar um modelo. É ótimo quebrar tudo em
passos básicos e com isso fazer algo que pareça muito legal.
Mas é melhor ainda quando você pega essas técnicas bobas
e a partir delas faz algo ainda mais sensacional.
É hora de começar a construir o seu estilo prórpio.
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Definindo um Esquema
de Cor
O seu maior inimigo é: Sem tesão você não pinta. Se você não
vê progresso, você gera desculpa. Com desculpas, a pintura
vai ficando pra trás, e quando você for ver, você gastou
dinheiro a toa.
A saída pra isso é planejamento inteligente.
Planejar COMO a sua miniatura vai parecer na sua cabeça
antes dela ser pintada é ótimo. Pensar previamente nas cores
que você quer é um passo básico para que você não gaste
dinheiro com tintas e pincéis que você não precisa, ou ainda
termine um modelo achando que fez um péssimo trabalho.
Planejar o seu esquema de cores tem TUDO a ver com pintar
não mais rápido, mas sim de forma esperta. Segue aqui a
minha receitinha para que você compre as coisas certas para
a pintura perfeita:
Primeiro: O que eu vou pintar?
O que te motiva? É um exército de Warhammer com
quinhentos modelos, ou um único Dragão que você comprou
numa loja pra decorar a sua mesa?
Se estamos falando de vários modelos, como num exército de
Wargame, então provavelmente queremos ter todos
pintados para jogarmos numa mesa legal, e para isso
precisamos planejar nossas sessões de pintura para que não
desistamos do trabalho depois do terceiro bonequinho no
meio de quinhentos e trinta. Do mesmo modo, se estamos
falando de um modelo único, precisamos pensar de maneira
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inteligente a fim de não perdermos o interesse sem antes
acabar o projeto.
Segundo: Achando a combinação certa de cores
É meu grande prazer poder te apresentar a roda de
combinações de cor, ou círculo cromático:
O círculo cromático é composto por doze cores: as três
primárias, as secundárias e as seis terciárias. Este
instrumento é utilizado na hora de compor ilustrações
coloridas, é uma guia rápida com a qual podemos identificar
facilmente as cores complementares, as análogas, as meiocomplementares, e outras combinações harmônicas
possíveis. Isso é essencial para criarmos a característica mais
importante num modelo pequeno: Contraste. Sem ele, a
miniatura estará fadada a não aparecer adequadamente – se
não destacarmos suas muitas seções com cores que se
complementam, não estaremos mostrando tudo o que é
possível na nossa peça.
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Para trabalharmos com a Roda, comece com a pergunta
básica: Qual é a cor predominante do meu exército? E
então encontre ela na roda. Com isso, basta agora olharmos
todas as combinações que conseguimos criando arranjos de
duas ou mais cores, sempre equidistantes:
Estes arranjos sempre vão te dar combinações mais ou
menos contrastantes de cor, mas que sempre vão
harmonzar corretamente. Essas três ou quatro cores
resultantes serão seus Basecoats. Simples assim.
Exemplo: Se eu quiser um esquema de cor cujo VERMELHO
é a cor predominante, eis os outros basecoats que eu posso
utilizar (images do color.adobe.com, que é basicamente a
roda interativa):
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Tendo o vermelho como base, e dividindo o nosso esquema para ter quatro cores,
ficamos com o amarelo, laranja, roxo e azul como combinações possíveis.
Terceiro: Quebre os Washes
Lembra que eu falei que é uma boa idéia que nossos
Basecoats sejam um tom médio da cor que escolhemos? Isso
acontece porque dessa maneira podemos fazer um wash
correspondente daquela cor apenas escolhendo uma
variação mais escura da cor predominante.
A partir dos nossos três ou quatro Basecoats iniciais, nosso
esquema de cor vermelho então vai poder usar os seguintes
Washes, bastando variar o vermelho para um tom mais
escuro:
Washes preto, sepia, marrom, roxo e azul são facilmente encontrados em sites de
wargaming.
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E agora cabe a você decidir se você prefere comprar esses
washes prontos, fazer a mistura com tinta a óleo, ou a partir
dos seus acrílicos de pigmento líquido. Você já deve ter uma
idéia da sua preferência se você já trabalhou em todos os
exercícios até agora.
Quinto: Quebre os Highlights
Da mesma maneira que o Wash vai te encontrar as variações
escuras de cada basecoat, definir os Highlights é
basicamente achar uma tinta mais clara que o seu basecoat
que combine bem para fazermos os efeitos do modelo. No
nosso exemplo:
Tudo o que você deve fazer agora é achar qual é a cor na sua liha favorita que mais
se aproxima dos resultados mostrados.
Ou seja: Para fazermos um esquema de cor que tem o
vermelho como predominante, e mais quatro cores básicas
(um modelo complexo!), precisamos comprar (ou misturar
com branco ou preto nos basecoats para obter) 30 cores!
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Usando esse esquema de cor num projeto por exemplo:
Note que claramente, o vermelho é a cor predominante e as
outras basecoats geradas pelo sistema são usadas para
detalhes, ou quebrar a monotonia, com uma capa roxa por
exemplo.
Sexto: Defina seu plano de ataque
Por fim, é hora de finalmente preparar a sua miniatura
limpando, retirando as linhas de molde e montando. Nesse
momento, é quando definimos qual é a área e a técnica que
cada cor vai contribuir. Coloque numa tabela:
Parte
Armadura
Capa
Armadura
Armadura
Detalhes da
Armadura
Cor
Vermelho Padrão
Roxo Padrão
Vermelho Escuro
Laranja
Bronze
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Técnica
Basecoat
Basecoat
Wash
Drybrush
Basecoat
Sétimo: Linha de Produção.
Pintar é rápido. Você não precisa trabalhar muito, e sim
trabalhar direito.
No passo seis, definimos quais áreas vão receber cada cor, e
com qual técnica. Agora, vamos adicionar mais uma coluna
na nossa tabela, e definir o DIA em que vamos aplicar cada
passo.
Parte
Armadura
Capa
Armadura
Armadura
Detalhes da
Armadura
Cor
Vermelho
Padrão
Roxo Padrão
Vermelho
Escuro
Laranja
Bronze
Técnica
Basecoat
Dia
Segunda
Basecoat
Wash
Segunda
Terça
Drybrush
Basecoat
Quarta
Quinta
Ou seja, você se organiza pra cada dia da semana, dedicar
uma horinha, duas para usar apenas UMA técnica em todos
os modelos, apressando as coisas. Dessa maneira, você não
vai trabalhar muito e ainda assim vai estar produzindo um
MONTE de trabalho, quem sabe no prazo de uma semana
mostrando um serviço totalmente bem feito.
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Recapitulando

Decida o que você quer pintar e vá atrás dos modelos

Decida qual será a cor predominante do modelo

Encontre as combinações dessa cor dividindo a Roda de
Cores em partes iguais. Esses serão seus basecoats.

A partir dos basecoats, decida quais serão os tons mais
escuros das mesmas cores para obter seus washes.

A partir dos basecoats, decida quais serão os tons mais
claros das mesmas cores para obter seus highlights.

Analisando o modelo, defina qual área recebe qual cor,
e com qual técnica. Faça uma tabela se isso te ajudar.

Com a tabela pronta, defina qual dia você vai fazer cada
passo, para todos os modelos que terão o mesmo
esquema de cor.
E é só isso. Pintar um exército inteiro em pouco tempo
requer MUITO mais planejamento do que execução real e
muito comprometimento de tempo que você imagina.
Esse é meu processo favorito de criação de esquemas de cor,
e eu espero que eu final desse capítulo você fique tão
obcecado em analisar a roda de cores, e viajar na maionese
quanto eu. Boa caça de combinações!
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Detalhamento
Esse cara se chama Marco Pierre White e ele é foda.
Esse cara revoluicionou a cozinha moderna, e ainda
ENSINOU Gordom Ramsey e Jamie Oliver a cozinhar.
É dele a frase: “Perfeição é um monte de pequenos
detalhes feitos da maneira correta”.
Pra pintura de modelos, isso é um mantra.
Veja – Essa apostila não vai exigir nem esperar que você
ganha um torneio de pintura ao final da sua leitura. Não é
isso. Mas ela tem tudo a ver com quebrar o trabalho
complicado em passos menores e mais gerenciáveis.
Para tanto, ainda é importante que falemos de detalhamento
nos nossos modelos.
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Vamos trazer o Godofredo novamente para darmos uma boa
olhada nele. E wlw está bem pintado, mas ainda não está
totalmente pronto. E isso é bem subjetivo: Vai ter um dia que
você vai pegar tua mini na mão, e achar que ela ainda não
rendeu tudo o que poderia.
Nessa hora a gente começa a inventar sarna pra se coçar.
No caso do Godofredo, eu deixei alguns detalhes de fora da
explicação básica de propósito: Olhos e base, e quero
mexer neles agora.
Os olhos são o primeiro ponto de contato com a miniatura, e
isso é instintivo – Nosso cérebro está condicionado a
procurar os olhos antes de mais nada, e se ele não encontra
nenhuma resposta visual, acabamos tendo a sensação de
coisa inacabada. Independente da técnica aqui, o ponto é:
Os detalhes na miniatura que dão o destaque de um bom
trabalho, e as vezes por mais difíceis que eles possam
parecer se ser pintados, é importante deixarmos tudo
destacado adequadamente. No caso do Godofredo, vou fazer
isso com um basecoat de tinta azul-gelo nos olhos do
capacete:
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E um Wash de tinta turquesa.
Pronto. É outro modelo, não acha?
DETALHES: Eles fazem a diferença.
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Da mesma maneira, temos a base do modelo, que precisa de
atenção: Ela não foi feita pra ser negligenciada, e deve
complementar o modelo. Para tanto, vamos colocar um
terreno gramado. Primeiro, cola branca:
E grama. Aqui, uma grama sintética da Citadel chamada de
Static Grass, mas funciona com areia, serragem ou o que
mais você queira usar:
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Aplicamos no modelo salpicando como quem salga um bife.
Ainda com a cola fresca, adicionamos mato alto:
Para então FINALMENTE termos o nosso estimado
Godofredo finalizado!
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Claro que: O que é um bom basing para mim pode não ser
para você, e para um modelo desses, pode ser do seu
interesse querer criar algo como uma rua, uma floresta, ou
mesmo uma base mas abstrata. Seja como for, o importante é
pensar que a base é a moldura da miniatura, e deve ser
tratada como um complemento de um belo trabalho:
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Palavras Finais
Se você chegou até essa seção, saiba que eu não espero que
você saia pronto para pintar sua obra prima. Não agora.
Essa é uma apostila de FOMENTO.
A cem páginas atrás eu entendo que você nada sabia das
técnicas envolvidas e em quanto trabalho (prazeiroso!) uma
miniatura pode nos dar. Basta a gente dimensionar o quanto
queremos nos dedicar, e por isso o que eu quero que
aconteça daqui pra frente é que você saia a caça de mais
material, mais prática, mais oportunidades de pintar e
praticar. Cultive sua criatividade sempre. Ela é o bem mais
precioso do artista de modelos, e não a sua técnica.2
Que essas cem páginas sejam o trampolim que te permita
escrever o seu material no futuro, ou manter o seu blog, e
quem sabe me encontrar numa mesa de jogo um dia desses.
E se no final você chegou aqui com mais dúvidas do que
certezas, entenda: Esse é o caminho certo. Se essa apostila
serviu para que você ache uma forma de fazer bonito fazendo
tudo ao contrário do que eu te falei, então eu ainda assim
acho que eu consegui cumprir meu objetivo.
No futuro, dependendo da aceitação e da procura, mais
apostilas virão, dessa vez concentradas em outros aspectos
mais avançados do Hobby como conversões, e grandes
projetos. Até lá, quando for possível, tudo o que eu peço é:
Se esse material te fez diferença, me deixe saber. Eu vou
adorar aprender com você!
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Material de Apoio: Roda
de Cores
91
Material de Apoio:
Tabela de Planejamento
de Esquema de Cores
Parte
Cor
Técnica
92
Dia
Agradecimentos
Primeiramente para minha esposa, que não só aguentou a
barra para que eu pudesse finalizar esse projeto, como
ajudou e me apoiou nas horas que eu pensei em desistir – eu
APAGUEI o arquivo com meia apostila escrita a meses atrás
por puro mind fart e se não fosse ela, eu não teria feito tudo
de novo. Ela é sensacional, e é bom que isso fique registrado.
Em segundo lugar, pro meu filho, que nem saber segurar um
pincel sabe ainda, mas já me inspira de maneiras que eu
acho que ele nunca nem vai saber como.
Em seguida pelo Van Halen e por Doctor Who. Porque enfim
são Van Halen, e Doctor Who, oras.
E finalmente, e mais importante: A você que apostou no
material, e segue me apoiando no blog, nos comentários, e
nas mesas de jogo por aí. Como sempre e mais do que nunca:
No que eu puder ajudar, é só perguntar!
E ao Van Halen e a Doctor Who de novo, porque afinal de
contas... Van Halen e Doctor Who. Com isso não se brinca.
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