CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
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CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Exp. 2 FONTE CHAVEADA PWM ABAIXADORA (BUCK) Objetivo: O objetivo desta experiência é demonstrar a operação de alguns componentes básicos de um sistema de controle de tensão de um conversor CC-CC. O princípio básico é o de uma fonte chaveada do tipo Buck com controle da tensão CC de saída através de um controlador PWM e com um sistema de proteção contra sobre corrente. Entre os elementos que fazem parte do aprendizado podemos destacar: a) b) c) d) e) f) A especificação de uma fonte CC não controlada para alta tensão (≈150V) A utilização de transistores bipolares em alta tensão. A utilização de um FET de potência. A utilização de um CI de controle PWM. A utilização de um controlador proporcional integral no controle da tensão. A utilização de um sistema de desligamento em caso de sobre correntes. BUS CC (155V ) C on tro al do r PI + - M odu al do r PW M A ut ado r de P o êt n c ai FET L R1 V re f= 5V + C V L P ro et ção V 2 R3 R4 C a rga R2 R p = 0 1, Figura 1 O diagrama de blocos da fonte é mostrado na figura 1 e é composto de uma controlador PWM (coração do sistema) que recebe o sinal de erro através de um controlador PI e ajusta a tensão média do PWM de modo a obter 5V (que é o valor de referência de tensão) sobre o resistor R2. O circuito opera de forma a manter esta tensão constante e reage para forçar esta condição toda vez que ocorre uma variação de tensão na carga, que pode ser 1 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques decorrente de variações da carga (regulação da carga) ou de variações da tensão de entrada (regulação da fonte). Operação do circuito: 1. A tensão gerada na saída da fonte. A tensão média na carga é definida pelo tempo TON do FET, que por sua vez é controlado pelo modulador PWM. A tensão CC de saída, na carga, é dada pela relação: Ton TON *155 T 0 com 0 1 onde α é o ciclo de serviço do recortador. Isso é mostrado na figura2: VCCsaída 1 T 155dt 155 * V T V PW M V ccsa dí a T on t T o ff Figura 2 2. O sinal de realimentação da fonte. O controle do período Ton do PWM é realizado pela realimentação negativa da tensão de saída alimentando um comparador (somador) que gera um sinal de erro para um controlador PWM. A relação entre a tensão de saída e e a tensão de referência de 5V é dada pela expressão: R R VCCsaida 1 2 5 R2 Vamos admitir que o resistor R1 seja de 1kΩ, então, se a tensão de alimentação da entrada for 110V, o que gera um barramento CC de aproximadamente 2 *110 155V ,para obtermos 100V na saída teremos que utilizar um resistor R1 de: V * R2 5 * R2 100 *1000 5 *1000 R1 CCsaida 19k 5 5 com capacidade de dissipar 0,5W. Caso você ache que é muita potência para controlar o circuito, aumente a resistência R2 para, por exemplo 3,3k, com isso a resistência R1 deverá ter: 2 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques VCCsaida * R2 5 * R2 100 * 3300 5 * 3300 62k 5 5 e deve dissipar 0,138W < ¼ W. R1 3. O controle de erro da fonte. O sinal de erro é aplicado a um controlador PI conforme mostra a figura 4 resultando em uma saída do tipo: R R 1 1 V2 ( s) F 1 5 V0 ( s) 1 F 1 RI sCF ( RI RF ) RI sCF RF Se admitirmos RF >> RI podemos simplificar a expressão acima para: R R R 1 1 1 V2 ( s) F 1 5 F 1 V2 ( s) 5 V0 ( s) F 1 RI sCF RF RI sCF RF RI sCF RF Note que (s) V2 (s) 5 é o erro de tensão, já que a referência de tensão é 5V. Podemos modificar a expressão acima de modo que ela tenha a forma: V0 ( s) RF RI sCF RF 1 s kI 1 s ( s) k p ( s) k p ( s) s s sCF RF onde: RF RI 1 kI kp Ganho da parte proporcional do controlador PI 1 Ganho da parte Integral do controlador PI RF C F Erro trabalhado pelo controlador PI (s) V2 (s) 5 A figura 3 mostra o controlador PI R V 2 I + V R 5V I 0 - + RF CF 1M Figura 3 Controlador PI da fonte. 4. A sintonização da fonte. Vamos admitir que a tensão PWM gerada pela fonte seja proporcional a tensão na saída do controlador PWM, ou seja: 3 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques VPWM k PWM *Vo e que a dinâmica da carga possa ser modlada pela seguinte equação abaixo, onde o elemento dominante é o indutor em série com a carga e para efeito dessa análise consideramos o capacitor apenas com um elemento armazenador de carga com nenhum efeito sobre a componente de PWM.: RL RL VL ( s ) VPWM ( s) k PWM * Vo ( s) RL sL RL sL Da expressão do controlador PI temos: RL RL RL s kI VL ( s ) VPWM ( s) k PWM * Vo ( s) k PWM * kp ( s) RL sL RL sL RL sL s Podemos aumentar a banda passante do sistema, e com isso o desempenho do mesmo, R 1 L, cancelando o pólo introduzido pelo filtro da carga, ou seja, fazendo k i RF C F L teremos: VL ( s) k p * k PWM * RL L k p * k PWM * RL / L s kI ( s) ( s) s s RL s L O que garante erro de regime zero na banda de operação da fonte. 4. A proteção do elemento de potência contra sobrecorrentes transitórias. A proteção da fonte funciona na base ON-OFF, ou seja, se for detectada uma condição de sobrecorrente, o modulador de PWM suspende a excitação do elemento de potência. Utilizamos um resistor de 0,1Ω como elemento sensor de corrente ligado a um comparador na forma mostrada na figura 4. A tensão de comparação do limite de sobrecorrente é obtida da relação: R4 Vlim_ SC 5 R3 R4 A tensão na entrada do comparador é dada por: V 0,1* I L Vlim_ SC Se V 0 Vcomp 0 O PWM fica habilitado. Se V 0 Vcomp 0 O PWM fica desligado. Se Vcomp > 0 o comparador desliga o modulador PWM. Assim, para a operação normal da fonte, é necessário que: Vlim_ SC ou I L 10 *Vlim_ SC IL 0,1 Vamos admitir que R4 = 4,7kΩ e R3 = 150Ω, então: 4 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques I L 10 * 150 * 5 I L 1,54 A 4700 150 R3 5V - + V V com p R4 + IL IL 0 1, Rp Figura 4 – Proteção contra sobrecorrentes 4. O atuador de potência Nosso atuador, ou dispositivo de controle de potência é um FET potência de canal P (IRF9630) com ID. = 6 A, VDSmax = 200V e RDS < 0,8Ω (typ = 0,55Ω). Em geral, os CIs de acionamento não são construídos para operar em altas tensões, e o CI de controle, que vamos utilizar, o TL494 é especificado para apenas 40V, assim temos que adaptá-lo para operar com um barramento de aproximadamente 155V. Para criar uma interface de tensão entre o elemento de controle e o atuador de potência, utilizamos um transistor PNP de baixa potência e alta tensão (2N3440) que opera com tensão VCEmax = 250V, IC Max = 1 A, 5W, hfemin = 25. A interface é mostrada na figura 5. + 155V S RI F 9630 R5 G L D R6 T L494 C R7 C a rga 2N 3440 R8 R p = 0 ,1 Figura 5 Considerando A tensão de acionamento do FET VGS = 15V e admitindo uma corrente de coletor de 10mA para o transistor 2N3440, teremos: 15 R5 1500 10.10 3 5 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques A potência deste resistor deverá ser: PR 5 15 2 0,15W 1 / 4W 1500 Para o resistor R6 teremos: R6 155 15 14k 10.10 3 com potência: (155 15) 2 1,4W 14000 Note que os cálculo realizados acima são conservadores, uma vez que no regime de chaveamento as potências serão proporcionais ao quadrado do ciclo de serviço, ou seja: VRx 2 2 PRx I Rx Rx Rx Nos casos acima 1 que é o valor máximo do ciclo de serviço. Admitindo que o CI opere com VCC = 40V, temos: V 2VBE 40 2 * 0,7 R7 CC R7 25 R7 96500 IC 10.10 3 h fe min PR 6 Usando um fator de segurança 2 dimensionamos R7 = 47kΩ. O resistor R8 tem a função de fixar o potencial do CI em zero nas condições em que o mesmo flutua, assim seu valor não tem outro elemento de criticalidade senão o efeito do consumo de energia. Com isso fixamos o valor do mesmo no mesmo valor de R7. R8 R7 47k 5. A alimentação do CI de controle. Não queremos montar um fonte de alimentação a parte para o CI de PWM assim teremos que alimentá-lo a partir da tensão de 155V. Isso é feito utilizando o circuito da figura 6. + 155V R9 V cc V z= 30V T L494 2N 3440 330 Admitindo uma corrente de 10mA para o CI e 5mA para o circuito de controle teremos: 6 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques R9 155 40 5,7k 20.10 3 Com dissipação de: (155 40) 2 PR 9 2,3W 5700 usaremos 5W. Os cálculos aqui realizados não são críticos. 6. Cálculo da freqüência de operação do PWM Em geral as fonte chaveadas operam com freqüências entre 20k e 50k. Pra não operarmos de modo muito apertado com excesso de dissipação do FET, vamos operar no limite mínimo. f fonte 20kHz O TL498 tem uma fórmula para cálculo de freqüência da por: 1,1 f fonte RC * CC Adotado o capacitor com CC = 1,2nF, então: 1,1 RC 46k 3 20.10 *1,2.10 9 usaremos 47kΩ, o que resulta em uma freqüência próxima a 20kHz. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS: 1. Utilizando um voltímetro eletrônico meça a tensão do barramento CC da rede retificada no ponto de medição designado como 1. O valor esperado da tensão neste ponto é 2 *110 Obs: CUIDADO PARA NÃO TOMAR CHOQUES ELÈTRICOS. 2. Com um osciloscópio de qualidade, verifique a tensão no ponto de medição 2. Quando esta tensão está em nível alto o transistor 2N3440 está cortado o que significa que o FET de potência também está cortado. Modifique a tensão de saída para 50V e 75V para verificar a variação do ciclo de serviço da fonte. 3. Com o multímetro meça a tensão do ponto de teste 3 verificando a tensão do circuito de alimentação do TL494, que deve ser próxima de 39V ou 40V. 4. Ainda com o multímetro verifique a tensão do ponto de teste 4 que deve ter 5,00V. Esta tensão é utilizada pelo CI como referência para a realimentação de tensão de saída que ajusta o ciclo PWM, assim como para o circuito de proteção contra sobrecorrentes. 5. Com o osciloscópio verifique a tensão dente de serra no ponto de teste 5, mude o jumper vermelho para verificar o aumento na freqüência de PWM (ela dobra), mas após a verificação volte com o jumper para a posição original para diminuir as perdas por chaveamento no FET de potência. 6. Ainda utilizando o osciloscópio HP, verifique a forma de onda no catodo do diodo rápido (ponto 6) observe que o diodo opera quando o FET de potência corta. Se você estiver utilizando duas pontas de prova NÃO USE DE FORMA ALGUMA DOIS TERRAS para evitar curtos circuitos indesejáveis que impedirão a continuação de seu experimento. 7. Verifique a forma de onda da tensão na carga (ponto de teste 7) verifique que o ripple é muito pequeno em toas as tensões fornecidas pela fonte. 8. Verifique a tensão do ponto 8. Veja se ela se aproxima de 5V. Por que isto ocorre? 7 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques 9. Para finalizar verifique com o osciloscópio a tensão no pino 9, você deverá observar uma tensão quadrada de 40V de pico e cujo ciclo de serviço varia para as tensões 25V, 50V e 75V. T Meça o valor de on para a três condições e verifique se: Vo 25V * 155 2 *110 e para T as outras tensões de saída. 10. Para terminar, com a chave em 75V, obtenha a corrente que passa pela carga e calcule a 75 potência dissipada no dissipador para o caso linear: Plinear (155 75) * . Repita este 122 cálculo para as outras tensões. 11. A próxima página contem um diagrama esquemático do controlador Buck PWM estudado. Veja o que você não entendeu e discuta com o professor. 8 60Hz - 110Vef 9 A 2 1 1 F A 1 F Bridge1 D ? C 0 7 2 4 3 0 0 V u C 2 R11 1 R10 M R 1 R12 9 K 1 1 R C n K 8 1 F 1 R13 4 K 7 k R15 1 K 6 5 1 1 7 3 2 1 4 5 6 T U L 3 G IN2+ IN2- CMPEN IN1- IN1+ DTC C R 4 N T T 9 D 4 CNTLO VREF 0,1 5 R14 V W C C C E E C 2 1 2 1 1 1 9 8 1 1 1 0 1 3 4 2 3 R 3 7 0 2N3440 3 DZ1 9 V Q 1 5 1 R W 0 6 k 4,7k R15 R 2N3440 4 R 1,5K 7 3 5 IRF9630 Q K 3 Q 1 3 R 2 5 W 4 K 1N4934 Diode D ? 10mH Iron Inductor L ? 3,3k R 6 R 2 2 1 k 1 Pol1 Cap C 0 ? 0 p F Imax=0,5A V C C UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES - ENGENHARIA ELÉTRICA Prof. José Roberto Marques