banda southborder
Transcrição
banda southborder
CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 144 ACTAS DO SEMINÁRIO 2014 CEAMA O Banco de Dados Internacional Sobre Fortificações e o sistema fortificado luso-espanhol na fronteira sul do Brasil no século XVIII Roberto Tonera* RESUMO: Fortificações brasileiras no mapa. No Sul do Brasil, durante o século XVIII, as fronteiras disputadas entre Portugal e Espanha foram muito flexíveis. Neste período, para além do que definiam os tratados diplomáticos, a posse de fato de um território se dava pela sua ocupação efetiva (princípio uti possidetis), o que ocorria principalmente por meio da construção de fortificações, seguida do estabelecimento de núcleos de povoamento. A expansão dos domínios portugueses em direção ao Rio da Prata, com a fundação da Colônia do Sacramento em 1680, primeira linha fronteiriça, foi facilitada pela lacuna deixada pela omissão dos castelhanos no povoamento da banda oriental do Rio Uruguai. Um segundo momento nessa disputa territorial vai ocorrer a partir da fundação de Rio Grande, em 1737, segunda linha fronteiriça, que se manterá em disputa até 1777. Esses limites geográficos foram complementados com uma espécie de fronteira recuada representada pelas fortificações da Ilha de Santa Catarina, fundamentais no apoio logístico a Rio Grande e Sacramento. O mapa do Sul do Brasil será de fato definido e consolidado apenas em 1801, com a incorporação definitiva das missões jesuítas e a fixação dos limites meridionais no Chuí. A compreensão de todo esse processo implica no estudo não apenas das fortificações remanescentes, mas também daquelas já desaparecidas, estendendo também a abrangência geográfica de nossa abordagem para além das fronteiras atuais do Brasil. O estudo de temática tão ampla e diversificada pode ser extremamente favorecido pelo uso de ferramentas digitais de gestão de conteúdo, como o Banco de Dados Internacional Sobre Fortificações, que é uma plataforma virtual específica sobre patrimônio fortificado, construída de forma compartilhada e colaborativa, disponível gratuitamente na internet (www.fortalezas.org). A função dessa base de dados unificada é sistematizar conteúdos sobre fortificações existentes ou já desaparecidas, dispersos em vários acervos e países, atuando como uma ferramenta de suporte a várias ações complementares entre si: pesquisa e estudo, inventário e documentação, divulgação e difusão, educação patrimonial, valorização cultural e turística, e gestão compartilhada de experiências nas áreas de conservação e restauração. Além de contribuir para socializar o acesso à informação, esta base de dados pretende incentivar a criação de uma comunidade virtual de pesquisadores, permitindo uma efetiva representatividade do universo das fortificações em escala internacional. Palavras-chaves: fortificações; fronteira Sul do Brasil; sistema fortificado luso-espanhol; banco de dados internacional. APRESENTAÇÃO: Primeiramente gostaria de agradecer à Câmara Municipal de Almeida e ao organizador desse evento, meu amigo João Campos, pelo convite e a oportunidade de apresentar o Banco de Dados Internacional Sobre Fortificações, uma plataforma digital temática sobre o patrimônio fortificado em nível mundial, que criamos, desenvolvemos e vimos coordenando desde 1996 na Universidade Federal de Santa Catarina. Trata-se de uma base de dados pública e gratuita, disponível na internet no endereço www.fortalezas.org e alimentada de forma compartilhada e colaborativa por pesquisadores e instituições de diversos países. De forma preliminar vou apresentar um rápido panorama sobre as fortificações fronteiriças construídas a serviço da Espanha e Portugal no sul do continente americano, conteúdo que já integra a base de dados, e assim desta forma CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 145 145 demonstrar as potencialidades dessa plataforma digital. O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 15 mil quilômetros de fronteiras terrestres e um litoral com cerca 9 mil quilômetros de extensão. Ao longo de sua história essas fronteiras foram definidas por um verdadeiro cordão composto por centenas de fortificações defensivas, quase todas de origem portuguesa, havendo algumas estruturas erigidas sob as bandeiras de outras nacionalidades como Espanha, Holanda, Reino Unido e França, e que praticamente desenharam o atual mapa do país. No Sul do Brasil, durante o século XVIII, as fronteiras disputadas entre Portugal e Espanha foram muito flexíveis. Neste período, muito além do que definiam os tratados diplomáticos (Tordesilhas, Madrid, Santo Ildefonso, entre outros), a posse de fato de um território se dava pela sua ocupação efetiva (princípio uti possidetis), o que ocorria principalmente por meio da construção de fortificações, seguida do estabelecimento de núcleos de povoamento. Fortificações no Sul do Brasil, no Uruguai / Mar da Prata no mapa. A expansão dos domínios portugueses em direção ao Rio da Prata, com a fundação da Colônia do Sacramento em 1680, primeira linha fronteiriça nessa região, construída na margem oposta do Rio Uruguai, bem em frente a Buenos Aires (atual Argentina), foi facilitada pela lacuna deixada pela omissão dos castelhanos no povoamento da banda oriental do Rio Uruguai. Basta lembrar que entre Sacramento e Laguna (em Santa Catarina) não havia ocorrido nenhuma ocupação regular espanhola até a fundação de Montevidéu por volta de 1724. Um segundo momento nessa disputa territorial vai ocorrer a partir da fundação de Rio Grande, em 1737, segunda linha fronteiriça, que se manterá em disputa até 1777. O Forte de São Miguel e a Fortaleza de Santa Teresa, próximos ao rio Chuí, inicialmente projetados por portugueses e depois tomados e ampliados pelos espanhóis (hoje em território uruguaio, na divisa com o Brasil) funcionavam como uma espécie de posto avançado de Rio Grande. Esses limites geográficos eram complementados com o que podemos denominar de uma fronteira recuada, representada pelas fortificações da Ilha de Santa Catarina, fundamentais no apoio logístico a Rio Grande e Sacramento. O mapa do Sul do Brasil será de fato definido e consolidado apenas em 1801, com a CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 146 CEAMA 146 No fin da página: Fortalezas de Santa Teresa e de São Miguel (Uruguai). Montevideo. Plano da península de 1783. Colônia do Sacramento Forte de Nossa Senhora de Buenos Aires incorporação definitiva das missões jesuíticas no noroeste do Rio Grande do Sul e a fixação dos limites meridionais do país ao norte do rio Chuí. Essas disputas pelas fronteiras do sul resultaram na construção de um dos maiores sistemas defensivos erguidos no Brasil e que se torna ainda mais expressivo quando consideramos neste contexto as fortificações do lado uruguaio. A compreensão de todo esse processo implica no estudo não apenas das fortificações hoje remanescentes, mas também daquelas já desaparecidas, estendendo também a abrangência geográfica de nossa abordagem para além das fronteiras atuais do Brasil. Como entender o sistema defensivo de Santa Catarina, por exemplo, sem contextualizá-lo no âmbito mais amplo dos conflitos pela posse do sul do continente americano, e sem levar em conta mais de 40 estruturas de defesa erguidas no Rio Grande do Sul, todas praticamente desaparecidas. De forma similar, há também a necessidade de estudar o conjunto de fortificações além das atuais fronteiras nacionais, para englobar nessa análise particular as fortificações hoje no Uruguai, algumas com projetos originais elaborados por engenheiros portugueses, localizadas em um território que em épocas alternadas esteve em mãos portuguesas, espanholas e brasileiras, até a efetiva independência uruguaia ocorrida no início do século XIX. Em nível mundial mais amplo, não se pode desconsiderar ainda a necessidade de estudo das similaridades existentes entre as fortificações uruguaias e brasileiras, bem como entre essas e aquelas construídas em outros domínios, erguidas sob os mesmos postulados construtivos ou projetadas por engenheiros militares de diversas nacionalidades que serviram a ambas as coroas ibéricas e atuaram no velho e no novo mundo. O estudo de temática tão ampla e diversificada pode ser extremamente favorecido pelo uso de ferramentas digitais de gestão de conteúdo, CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 147 147 Planta do Forte do Arroio de Rio Grande. Forte da Trindade / construido na margem meriodional do Rio Grande pelos Castelhanos. como o Banco de Dados Internacional Sobre Fortificações, que é uma base de dados unificada internacionalmente, disponível em três idiomas (português, inglês e espanhol) e específica sobre patrimônio fortificado. Trata-se de uma plataforma virtual de cooperação transnacional construída de forma compartilhada e colaborativa, disponível gratuitamente na internet (www.fortalezas.org). A função dessa base de dados é sistematizar conteúdos dispersos em vários acervos e países sobre as fortificações existentes ou já desaparecidas, atuando como uma ferramenta de suporte a várias ações complementares entre si: CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 148 CEAMA 148 Forte da Villa de São Pedro Forte de Santa Tecla. Fortaleza Jesus, Maria e José do Rio Pardo. Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim. CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 149 149 pesquisa e estudo dessas fortificações, inventário e documentação, divulgação e difusão, educação patrimonial, valorização cultural e turística dos monumentos remanescentes, e gestão compartilhada de experiências nas áreas de conservação e restauração desse patrimônio fortificado. Além de sistematizar conteúdos (textos, iconografias, cartografia, fotografias, vídeos, entre outras mídias) sobre as fortificações propriamente ditas, a base de dados disponibiliza ainda: notas biográficas sobre os engenheiros militares e sobre diversos outros personagens históricos da vida cotidiana das fortificações; bibliografias com conteúdo integral, relacionadas aos monumentos, à história militar, aos armamentos, compartilhando artigos científicos, relatórios de pesquisa arqueológica, livros, periódicos, dissertações, teses doutorais, além de documentos históricos de fontes primárias. A base de dados conta ainda com glossário técnico ilustrado de termos referentes à arquitetura militar e à vida castrense; linha do tempo com a contextualização dos acontecimentos de relevância nacional e internacional ocorridos ao longo da história das fortificações, entre outros conteúdos temáticos. A vantagem desse sistema informatizado sobre outros suportes tradicionais está exatamente em poder tratar as fortificações dentro desta perspectiva holística, abrangente e seletiva, reunindo e sistematizando em um único repositório uma enorme gama de documentos e informações antes dispersos em uma infinidade de fontes não intercambiáveis, além de poder comparar e recuperar rapidamente dados objetivos sobre as fortificações por meio de mais de duas dezenas de quesitos combinados e para- metrizados de pesquisa. Essa base de dados, portanto, não se configura em um simples visualizador de conteúdos, mas é sim uma ferramenta efetiva de trabalho, voltada ao estudo, à documentação, à difusão, à valorização e à gestão do patrimônio fortificado. Além de contribuir para socializar o acesso à informação, o que já é tarefa das mais imprescindíveis, o Banco de Dados Internacional Sobre Fortalezas de São José e de Santo Antônio. Fortificações portuguesas no mapa. CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 150 CEAMA 150 Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. uma efetiva representatividade do universo das fortificações em escala internacional. Neste momento, buscamos difundir a utilização desta ferramenta digital, ampliar o processo de construção de uma comunidade virtual internacional dedicada às fortificações e, por meio desta plataforma informatizada, contribuir para o estudo e a valorização do patrimônio fortificado de Almeida. Estes são os principais objetivos de nossa participação neste seminário. Fortificações pretende democratizar a construção do conhecimento, incentivando a criação de uma comunidade virtual focada na preservação do patrimônio fortificado remanescente, bem como, comprometida com o resgate da memória das fortificações em todos os tempos. O processo de ampliação permanente de conteúdos desta base de dados ocorre através da espontânea participação dos pesquisadores e instituições por meio de um simples acesso à internet a partir de cada uma de suas cidades, permitindo desta forma Fortificações portuguesas no mapa. *Roberto Tonera Arquiteto da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC/Brasil (1985), com especialização em Engenharia Civil (2002), sendo responsável técnico pelas fortalezas gerenciadas pela UFSC. Também atuou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1992-1996). Criador e coordenador do Projeto Fortalezas Multimídia (1995), é autor do CD-ROM Fortalezas Multimídia (2001) e coautor do livro As Defesas da Ilha de Santa Catarina e Rio Grande de São Pedro em 1786 (2011). Atualmente coordena o projeto Banco de Dados Internacional sobre Fortificações: www.fortalezas.org Praça-Forte de Almeida. CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 151 MINUTES OF THE SEMINAR 2014 The International Database on Fortifications and the Portuguese -Spanish fortified system in the southern border of Brazil in the 18th century Roberto Tonera* ABSTRACT: "The international data base on fortifications and the luso-spanish fortified system in the South border of Brazil in the 18th century" In southern Brazil, during the eighteenth century, the disputed border between Portugal and Spain were very flexible. In this period, apart from what defined the diplomatic treaties,the possession of a territory was granted by its effective occupation (uti possidetis principle), which occur mainly through the construction of fortifications, followed by the establishment of centers of population. The expansion of the Portuguese dominions towards the Plata River, with the founding of Colonia del Sacramento in 1680, the first boundary line, was facilitated by the gap left by the failure of the Castilians in the colonization of Eastern Band of the Uruguay River. A second moment in this territorial dispute will occur from the founding of Rio Grande in 1737, the second boundary line, which will remain in dispute until 1777. Such geographical boundaries were complemented with a kind of receding frontier represented by the fortifications of the Island of Santa Catarina, fundamental for the logistical support in Rio Grande and Sacramento. The map of southern Brazil is in fact defined and consolidated only in 1801, with the ultimate embodiment of the Jesuit missions and the setting of the southern limits at Chuí. The understanding of this process involves the study not only of the remaining fortifications, but also those already missing, also expanding the geographical scope of our approach beyond current borders of Brazil. The study of such a broad and diverse subject can be extremely favored by the use of digital content management tools, such as the International Database on Fortifications, which is a specific virtual platform on fortified heritage, built and shared collaboratively and freely available in the internet (www.fortalezas.org). The function of this unified database is to systematize contentson already existing or missing fortifications scattered in various collections and countries, acting as a support tool to several complementary actions among themselves, research and study, and inventory documentation, dissemination and distribution, education heritage, cultural and tourism development, management and shared experiences in the areas of conservation and restoration. Besides contributing to socialize access to information, this database aims to encourage the creation of a virtual community of researchers, enabling an effective representation of the universe of fortifications on an international scale. PRESENTATION: First of all, I would like to thank the City Hall of Almeida and the organizer of this event, my friend João Campos, for the invitation and the opportunity to present the International Database on Fortifications, a digital thematic platform on fortified heritage worldwide we have been creating developing and coordinating since 1996 at the Federal University of Santa Catarina. This is a public database, free of charge, available online at www.fortalezas.org, fuelled in a sharing and collaborative environment by researchers and institutions from different countries. Preliminarily, I will present a quick overview of the border fortifications built under the service of Spain and Portugal in the South American continent, a content that is already part of the database, and, consequently, I will also demonstrate the potential of this digital platform. Brazil is a country with continent-like dimensions, with more than 15 thousand kilometres of land borders and a coast stretching for approximately 9 thousand kilometres. Throughout its history these borders were defined by a true cord composed of hundreds of defensive fortifications, almost entirely of Portuguese origin, with some structures erected under the flags of other countries, such as Spain, the Netherlands, the United Kingdom and France, and such constructions practically designed the current map of the country. In the south of Brazil, during the eighteenth century, the borders disputed between Portugal and Spain were very flexible. In this period, much beyond what was defined in the diplomatic treaties (Tordesillas, Madrid, San Ildefonso, etc.), the concrete possession of a territory was given for its effective occupation (uti possidetis principle), which occurred mainly through the construction fortifications, followed by the establishment of settlements. The expansion of the Portuguese dominions towards the River Plate, with the founding of Colonia del Sacramento in 1680, the first boundary line in this region, built on the opposite bank of the Uruguay River, right in front of Buenos Aires (current Argentina), was facilitated by the omission of the Castilians in the settlement of the eastern band of the Uruguay River. One only needs to have in mind that, between Sacramento and Laguna (Santa Catarina), no regular Spanish occupation had taken place until the foundation of Montevideo around 1724. A second moment in this territorial dispute will happen due to the foundation of Rio Grande, in 1737, the second boundary line, which will be disputed until 1777. The Fort of São Miguel and the Fortress of Santa Forte oeste da praia de Fora. CEAMA Revista 12_Maquetación 1 14/07/15 08:33 Página 152 CEAMA 152 Teresa, near the River Chuí, initially projected by the Portuguese and afterwards taken up and expanded by the Spanish (today in Uruguayan territory, on the border with Brazil) functioned as a kind of outpost to Rio Grande. These geographical boundaries were complemented by what one may call a “fall-back” border, represented by the fortifications of the island of Santa Catarina, fundamental for the logistical support to Rio Grande and Sacramento. The map of the South of Brazil will be defined and consolidated, in fact, only in 1801, with the definitive incorporation of the Jesuit missions in the northwest of Rio Grande do Sul and the establishment of the southern limits of the country to the north of the river Chui. These disputes over the southern borders resulted in the construction of one of the greatest defensive systems ever built in Brazil and it becomes even more significant when, in this context, the fortifications on the Uruguayan side are also taken into account. The understanding of this entire process involves the study not only of the fortifications that still remain today, but also of those already gone, also expanding the geographical scope of this approach beyond the current borders of Brazil. One cannot understand the defensive system of Santa Catarina, for example, without contextualizing it within the broader scope of the conflicts over the possession of the south of the continent and without regarding more than 40 defensive structures erected in Rio Grande do Sul, almost all missing. Similarly, one also needs to study the set of fortifications beyond the current national borders, in order to encompass, in that particular analysis, today’s fortifications in Uruguay, some of which with original projects elaborated by Portuguese engineers, located in a territory that, in alternate times, was in Portuguese, Spanish and Brazilian hands, until the effective Uruguayan independence, which occurred in the early nineteenth century. On a wider and global scope, one cannot disregard the need to study the similarities between the Uruguayan and the Brazilian fortifications and between these and those built in other areas, constructed according to the same constructive postulates or designed by military engineers of different nationalities who served both Iberian crowns and worked in the old and the new world. The study of such an ample and diversified subject could be extremely facilitated by using digital content management tools, as the International Database on Fortifications, which is an internationally unified database, available in three languages (Portuguese, English and Spanish), specifically on fortified heritage. This is a transnational virtual cooperation platform, fuelled in a sharing and collaborative environment, free of charge and available online at www.fortalezas.org. The function of this database is to systematize content scattered in various collections and countries of existing and absent fortifications, acting as a tool supporting several complementary actions: research and study of these fortifications, inventory and documentation, promotion and distribution, education on heritage, cultural and tourism valorisation of the monuments that still exist, and shared management of experiences in the conservation and restoration of fortified heritage. Apart from systematizing contents (texts, iconography, cartography, photographs, videos, and other media) on the actual fortifications, the database also provides: biographical notes on the military engineers and many other historical characters linked to the everyday life of fortifications; bibliographies, with full content, related to monuments, military history and weapons, by sharing scientific articles, archaeological research reports, books, periodicals, dissertations, doctoral theses, as well as historical documents of primary sources. The database also has a technical illustrated glossary of terms related to military architecture and military life; a timeline with a contextualization of major national and international events occurring throughout the history of the fortifications, as well as other content. The advantage of this computerized system over other traditional media is exactly its ability to process fortifications within this holistic, comprehensive and selective perspective, gathering and organizing in a single repository a huge range of documents and information previously dispersed in a multitude of non-interchangeable sources, as well to compare and quickly recover objective data on fortifications through more than two dozen combined questions and parameterized search. This database, therefore, is not a simple tool for viewing content, but rather an effective tool of work, devoted to the study, documentation, dissemination, exploitation and management of fortified heritage. Apart from contributing towards the democratization of the access to information, which, in itself, is already one of the most essential tasks, the International Database on Fortifications wants to democratize the construction of knowledge, encouraging the creation of a virtual community focused on the preservation of the remaining fortified heritage and committed to the recovery of memory of the fortifications from all times. The process for the permanent expansion of the contents of this database occurs through the spontaneous participation of researchers and institutions through a simple internet connection from each of their cities, thus enabling an effective representative of the universe of fortifications on an international scale. At this moment, we seek to spread the use of this digital tool, expand the process of building an international virtual community dedicated to the fortifications and, through this computerized platform, contribute to the study and appreciation of the fortified heritage of Almeida. These are the main objectives of our participation in this seminar.