Processo: TC nº 72.000.854.09-99 Interessada: PREFEITURA DO
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TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Processo: Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TC nº 72.000.854.09-99 Interessada: PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Responsável: Prefeito GILBERTO KASSAB Assunto: Balanço Geral do Exercício de 2008 Relator: Conselheiro MAURÍCIO FARIA Egrégio Plenário 1- INTRODUÇÃO A presente sessão tem por objetivo a apreciação das Contas do Executivo Municipal, relativas ao exercício de 2008, com respaldo no artigo 71 da Constituição Federal e no artigo 48 da Lei Orgânica do Município de São Paulo, tendo por base a Prestação de Contas e o Balanço Geral da Prefeitura do Município de São Paulo, bem como o Relatório Anual de Fiscalização elaborado pelos técnicos da Subsecretaria de Fiscalização e Controle, o qual consolida os resultados de auditorias e exames realizados. Com essas considerações preliminares, passo a relatar a síntese dos principais pontos do trabalho produzido, com foco na gestão Orçamentária, Financeira e Patrimonial, bem como nos principais programas que refletem as Funções do Governo Municipal. 2 - PRESTAÇÃO DE CONTAS Os Balanços Orçamentário, Financeiro, Patrimonial e a Demonstração das Variações Patrimoniais foram apresentados com os dados da Administração Direta (Prefeitura, Câmara e Tribunal de Contas), da Administração Indireta (autarquias e fundações) e com a consolidação de ambos, tendo em vista a unificação orçamentária ocorrida a partir do Orçamento para 2007. 1 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ As análise revelaram que: 1) a Prestação de Contas e o Balanço Geral da Municipalidade foram encaminhados tempestivamente a esta Casa em 27/03/2009; 2) a Prefeitura cumpriu as exigências legais previstas nos artigos 8º, 9º §4º e 13 da Lei Complementar nº 101/00; 3) os Relatórios da Execução Orçamentária e da Gestão Fiscal foram publicados nos prazos exigidos pela referida Lei de Responsabilidade Fiscal e 4) a publicação relativa à Projeção Atuarial do Regime Próprio de Previdência Social1, a exemplo da publicação de 2007, não deu cumprimento à sua finalidade por não evidenciar a composição das receitas previdenciárias previstas, de modo a explicitar o grau de dependência do Regime em relação aos aportes suplementares da Prefeitura. 3 – PLANEJAMENTO Os exames realizados nas principais peças de planejamento da Municipalidade para 2009 - “Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)2 e Lei Orçamentária Anual (LOA)3 - revelaram que persistem irregularidades já destacadas em exercícios anteriores. O Relatório da Auditoria foi conclusivo no sentido de que a Lei de Diretrizes Orçamentárias apresenta deficiências enquanto instrumento de planejamento, e desconformidades com os pressupostos da Lei de Responsabilidade Fiscal, especialmente quanto aos seguintes aspectos: 1) indefinição de critério e forma para limitação de empenhos 2) ausência de normas para o controle de custos e avaliação de programas 3) falta de informações suficientes que permitam identificar os novos projetos e se os projetos em andamento estão sendo regularmente atendidos e 4) falta de indicação de metas e prioridades para 2009 em consonância com as metas estabelecidas no Plano Plurianual. Ademais, ressaltou-se que o projeto aprovado da LDO para 2009, sofreu vetos em dispositivos que conferiam maior transparência ao planejamento orçamentário, alguns dos quais, já constavam, inclusive, das leis de exercícios anteriores, como por exemplo, o veto ao artigo 10, o qual, com algumas inovações ao texto do correspondente artigo na lei anterior de nº 14.473 de 11 de julho de 2007, estabelecia que os projetos e atividades constantes do programa de trabalho dos órgãos e 1 Publicada às fls. 61 do D.O.C. de 30.01.09 TC 72.001.092.08.76 3 TC 72.002.295.08.99 2 2 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ unidades orçamentárias deveriam ser identificados e detalhados em conformidade com o disposto no § 8º do art. 137 da Lei Orgânica do Município de São Paulo. Em relação ao exame da Lei Orçamentária Anual, a conclusão foi no sentido de que a mesma, de igual forma, não contém as informações necessárias à verificação de sua efetiva compatibilidade com a legislação aplicável e demais peças de planejamento, principalmente, em razão de: 1) descrição genérica e imprecisa de projetos e atividades; 2) falta de demonstrativo dos efeitos da concessão de isenções e anistias; 3) falta de demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos das unidades com os objetivos e metas constantes da LDO e, por fim, 4) não realização de audiências públicas. Ressaltou-se, ainda, que a margem de 15% para remanejamentos e transferências entre rubricas dos valores aprovados no orçamento, acrescida das exclusões legais não incidentes nesse percentual4, determina a pouca efetividade da LOA, como instrumento de planejamento. Historicamente, tem-se observado que os remanejamentos sujeitos ao limite vêm ocorrendo muito abaixo do teto fixado, cerca de apenas 6% 4 Lei nº 14.871/08 Art. 8º. Ficam excluídos do limite estabelecido no art. 7º desta lei os créditos adicionais suplementares: I - abertos com recursos da Reserva de Contingência, em conformidade com o disposto no DecretoLei Federal nº 1.763, de 16 de janeiro de 1980; II - destinados a suprir insuficiências nas dotações referentes ao serviço da dívida pública; III - (VETADO) IV - destinados a suprir insuficiências nas dotações dos Fundos Especiais decorrentes do recebimento de recursos extraordinários; V - destinados a suprir insuficiências nas dotações de pessoal, autorizada a redistribuição prevista no art. 66, parágrafo único, da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964; VI - (VETADO) VII - destinados à transposição de recursos entre dotações das funções Educação, Assistência Social, Saúde e Habitação. § 1º. A abertura de créditos adicionais suplementares será feita mediante a edição de decretos do Poder Executivo, devidamente justificados. § 2º. Os recursos destinados ao pagamento do grupo de natureza de despesa de pessoal poderão ser remanejados para outras despesas, no último quadrimestre do exercício, desde que os eventos que subsidiaram a previsão da despesa de pessoal não se concretizem. Art. 9º. Fica o Poder Executivo, observadas as normas de controle e acompanhamento da execução orçamentária, com a finalidade de facilitar o cumprimento da programação aprovada nesta lei, autorizado a remanejar recursos, no âmbito de cada órgão, entre elementos do mesmo grupo de despesa e entre atividades e projetos de um mesmo programa, sem onerar o limite estabelecido no art. 7º desta lei. Parágrafo único. Fica a critério do Poder Executivo autorizar a abertura de créditos adicionais suplementares, mediante portaria dos respectivos Titulares dos Órgãos, exclusivamente para os casos em que o elemento de despesa a ser suplementado ou anulado seja da mesma atividade ou projeto, categoria econômica, grupo de despesa, modalidade de aplicação e fonte, devidamente justificado. 3 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 do total das despesas, o que evidencia um excesso de permissibilidade concedido na lei, sem contar, ainda, aquele conjunto de exceções que permite transferências entre determinadas dotações que, de forma quase ilimitada, podem fazer duplicar o valor das movimentações sujeitas ao limite de 15%. Também em 2008 essa situação foi verificada na execução orçamentária do Município, conforme demonstra o quadro seguinte: DISCRIMINAÇÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Despesa fixada para o exercício Limite previsto Valor limite (1 x 2) Movimentação orçamentária de transferências entre rubricas ( - ) Exclusões autorizadas no artigo 9° – Lei 14.658/07 Montante que onerou o limite (4 + 5) % que onerou o limite (6/1) % das movimentações permitidas pela LOA “Exclusões” (5/1) % total das movimentações entre rubricas sobre a despesa total (4/1) TOTAL CONSOLIDADO 25.284.792.148,00 15% 3.792.718.822,20 6.683.343.015,15 (5.610.870.962,16) 1.072.472.052,99 4,2% 22,2% 26,4% Finalizando este item, o Relatório técnico noticia que, no cumprimento da Emenda 30 à Lei Orgânica do Município, a Prefeitura publicou no DOC de 01.04.09 e divulgou em seu “sítio”, documento denominado Agenda 2012, segundo o qual a população poderá “monitorar a implementação de mais de 200 metas estabelecidas”, as quais, ao contrário do que se verifica na peça orçamentária, estão identificadas e individualizadas. Trata-se, pois, de um importante passo voltado para a transparência do planejamento e execução no orçamento dos compromissos assumidos pela Administração Municipal. No entanto, faz-se necessário que referido Plano de Metas seja consubstanciado no Plano Plurianual de 2010 a 2013, bem como nas Leis de Diretrizes e/ou Orçamentárias correspondentes aos períodos de sua vigência, evolução esta a ser acompanhada nos exercícios subseqüentes. 4 – GESTÃO ORÇAMENTÁRIA O Balanço Orçamentário da Administração Direta registrou previsão de arrecadação de receitas da ordem de R$ 23,5 bilhões no exercício de 2008, quando efetivamente houve realização no valor de R$ 22,3 bilhões. Por sua vez, as despesas previamente fixadas no valor de R$ 23,6 bilhões, foram executas no montante de R$ 21,0 bilhões. 4 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Assim, no confronto entre a receita realizada e a despesa executada acrescida das transferências financeiras efetuadas para as Autarquias Municipais no valor de R$ 1,6 bilhão, verificou-se que em 2008 a Prefeitura incorreu em um déficit da execução orçamentária de R$ 344,3 milhões. Receita O Relatório demonstra que a receita arrecadada, embora tenha sido inferior ao valor previsto, apresentou um acréscimo nominal de 14,2% em relação ao exercício de 2007, incremento este superior aos indicadores econômicos do período, quando o IPCA teve variação de 5,9%. Essa expansão gerou um ingresso de R$ 2,7 bilhões ao Tesouro Municipal, e decorreu, principalmente, da ampliação da arrecadação das seguintes receitas: ISS (17%), IPVA (11%), ICMS (18%) e ITBI (21,8%), em que pese a elevação da receita do IPTU ter sido de apenas (1,8%). A arrecadação do Município, nos quatro anos de gestão 2005/2008, vem apresentando um crescimento constante das principais receitas tributárias: 13% em 2005, 14% em 2006, 11% em 2007 e 14% em 2008, evidenciando, assim, a expressiva capacidade da Prefeitura para a captação dos seus recursos, como demonstra o seguinte quadro: RECEITAS 2004 ISS 2.592.542.001,78 3.143.383.522,45 4.082.429.259,39 4.777.610.223,07 5.599.100.748,95 ICMS 2.828.784.832,75 3.049.895.976,19 3.398.327.745,02 3.787.062.816,12 4.483.832.993,16 IPTU 2.121.682.422,95 2.351.602.431,00 2.645.953.739,27 2.862.007.304,53 2.913.648.360,81 IPVA 833.509.172,24 959.530.905,82 1.124.415.051,92 1.339.869.143,57 1.492.783.872,46 IRRF 518.028.601,93 550.141.147,59 610.270.501,98 707.503.617,88 842.429.747,67 ITBI Receita Aplicações Financeiras PMSP 257.910.291,42 309.320.017,94 425.655.522,62 580.062.710,39 706.246.962,03 62.389.887,10 294.352.010,24 419.518.947,87 390.225.290,12 422.087.676,97 Multas de Trânsito 328.012.454,65 350.587.217,69 391.023.087,04 391.460.926,80 385.788.569,65 9.542.859.664,82 11.008.813.228,92 13.097.593.855,11 14.835.802.032,48 16.845.918.931,70 TOTAL 2005 2006 2007 2008 Em relação queda de arrecadação do IPTU evidenciada no exercício, as justificativas apresentadas pela Secretaria de Finanças5 foram no sentido de que (a) tal imposto não se beneficia do crescimento da atividade econômica, tendo em vista que ele reflete os dados constantes da Planta Genérica de Valores, cuja última atualização ocorreu em 2002; (b) no exercício de 2007 a arrecadação foi atípica por conta dos Lançamentos avulsos decorrentes do processo de 5 Ofício GAB/SF nº 231/2009 5 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 recadastramento estabelecido pela Lei nº 14.089/2005; e (c) em decorrências dos abatimentos no IPTU vinculados ao programa da Nota Fiscal Eletrônica. Os técnicos entenderam acertada a previsão das receitas correntes, entretanto, apontaram insuficiências na arrecadação das receitas de capital, quando comparadas aos valores previstos no orçamento municipal, visto que, dos R$ 2,1 bilhões estimados, apenas R$ 769,9 milhões foram efetivamente arrecadados, a evidenciar um déficit de previsão da ordem de R$ 1,3 bilhão, decorrente, de insuficiências na captação de recursos relativos as seguintes receitas: Receitas TOTAL DAS RECEITAS DE CAPITAL Valor Orçado (A) 2.060.840.702,0 OPERAÇÕES DE CRÉDITO - Procentro-BID 143.846.333,00 ALIENAÇÃO DE BENS - Alienação de Outros Bens I ó i TRANSF. DE CAPITAL - SEHAB - CT CEF/Min. Cidades (Heliópolis/Pq.Fernanda/Cidade Azul) Valor Arrecadada (B) % B/A Insuficiência de Arrecadação 769.897.670,11 37,4 1.290.943.031,8 10.829.331,60 7,5 133.017.001,40 395.000.000,00 65.467,00 0,02 394.934.533,00 242.000.000,00 92.710.631,70 38,3 149.289.368,30 TRANSF. DE CONVÊNIOS - Convênio Jacú-Pêssego 100.000.000,00 - - 100.000.000,00 TRANSF. DE CONVÊNIOS-Convênio de Transportes FUNCOR 113.000.000,00 - - 113.000.000,00 TRANSF.DE CONVÊNIOS - CT/ CEF/ SEHAB/ Min. Cidades/ PAC Estadual/ Mananciais Lotes I a VIII 125.000.000,00 - - 125.000.000,00 Créditos Adicionais A Administração Municipal, Direta e Indireta, abriu e contabilizou regularmente créditos adicionais da ordem de R$ 6,7 bilhões no exercício, valor este equivalente a 26,4% do orçamento inicial consolidado, e 27,6% do orçamento executado (empenhado). Uma parcela desses créditos, no montante de R$ 1,53 bilhão, foi aberta com recursos provenientes do superávit financeiro apurado no exercício de 2007, os quais aumentaram o orçamento municipal consolidado para R$ 26,8 bilhões, enquanto que a outra parte decorreu da anulação de dotações, não alterando o valor total do orçamento. Verificou-se, também, que a abertura dos créditos adicionais respeitou o limite de 15% da despesa total fixada para o município, conforme determina o artigo 9º da Lei Orçamentária nº 14.658/07, visto que, após o abatimento das exclusões permitidas, referidos créditos alcançaram o valor de R$ 1,1 bilhão, equivalente a 4,2% do total autorizado. Despesa 6 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ No exercício de 2008, último ano do quadriênio da gestão, as despesas da Administração Direta alcançaram a cifra de R$ 22,6 bilhões, incluídas as transferências financeiras para as Autarquias e Fundações Municipais no valor de R$ 1,6 bilhão. O montante dos gastos refletiu um aumento de R$ 3,8 bilhões, ou seja, 20,4% sobre despesas executadas em 2007. Esse acréscimo equivale a mais que o triplo da inflação do período (5,9% medida pelo IPCA) e guarda relação com os aumentos verificados nas despesas dos Encargos Gerais do Município (15%) e nas seguintes Secretarias: Saúde (29%), Educação (13%), Transportes (33%) e Serviços (33%). Dentre as variações mais expressivas, destacam-se os seguintes acréscimos de despesa: • 26% nos gastos relativos à Remuneração dos Profissionais do Magistério (aumento de R$ 232 milhões); • 177% na construção de Unidades Educacionais de Ensino Fundamental (aumento de R$ 99 milhões); • 263% na atividade “Outras Dívidas” relacionada, principalmente, ao pagamento de fornecedores afetados pelo cancelamento de empenhos promovido pelo Decreto nº 45.664/04 (aumento de R$ 318 milhões); • 146% com a Operação e manutenção de Hospitais, Pronto Socorros e Ambulatórios, pela ampliação dos contratos de gestão (aumento de R$ 488 milhões); • 61% em Compensações Tarifárias dos Transportes Coletivos (aumento de R$ 238 milhões); • 41% na Concessão dos Serviços Divisíveis de Limpeza Urbana Coleta de Lixo (aumento R$ 192 milhões); • 23% nas despesas relacionadas com contratos e convênios firmados com terceiros (aumento de R$ 1,2 bilhão); e • 17% no Serviço da Dívida Pública – Refinanciamento (aumento de R$ 277 milhões) Transferências Financeiras Para suprir insuficiências orçamentárias das suas Autarquias e Fundações, a Prefeitura realizou transferências de recursos a estes Órgãos no montante de R$ 1,6 bilhão, do qual 55% foi destinado ao 7 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Instituto de Previdência Municipal, para compensar a insuficiência do Regime Próprio de Previdência Social, e 36% foi destinado à Autarquia Hospitalar Municipal. Os repasses de recursos para a Câmara Municipal de São Paulo e para este Tribunal de Contas foram efetuados por meio de empenhos, e não por transferências financeiras, em desacordo com o disposto na alínea “a”, item 2, art.1º da Portaria STN nº 339/016. Investimentos Foi observada uma evolução do aumento nos investimentos públicos do município no último triênio, com base nos seguintes dados: em 2006 foram empenhados para investimentos R$ 1,6 bilhão (acréscimo de 155% sobre 2005); em 2007, R$ 2,0 bilhões (aumento de 28% sobre 2006), e, em 2008, o empenho de R$ 2,4 bilhões refletiu um incremento de 22% sobre o exercício anterior. Esses investimentos representaram, em cada período, cerca de 10% da respectiva despesa total do município. No exercício em exame, os projetos que receberam os maiores investimentos foram: “Ações de Apoio Habitacional”, “Construção de Unidades Educacionais Integradas” e de “Ensino Fundamental”, e o projeto “Mananciais e Canalização de Córregos”. Resultado da Execução Orçamentária O Balanço Orçamentário de 2008 demonstrou que a Prefeitura incorreu em um déficit de R$ 344,0 milhões, revertendo a sequência superavitária observada nos exercícios de 2005 a 2007. 6 “Art. 1º Definir para os Estados, Distrito Federal e Municípios, os procedimentos relacionados aos registros decorrentes da execução orçamentária e financeira das despesas realizadas de forma descentralizada (em substituição às transferências intragovernamentais), observando-se os seguintes aspectos: 1- ORÇAMENTÁRIOS b) O empenho da despesa orçamentária será emitido somente pelo órgão ou entidade beneficiária da despesa, responsável pela aplicação dos recursos, ficando eliminado o empenho na modalidade de transferências intragovernamentais. 2- FINANCEIROS a) As transferências financeiras para atender as despesas da execução orçamentária referida no item 1.b anterior serão processadas por meio dos documentos financeiros usuais, sem a emissão de novo empenho;” 8 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Categoria Econômica Receitas Receitas Correntes Receitas de Capital Receitas Totais Despesas Despesas Correntes Despesas de Capital Despesa Total Transferências Resultado 2005 Realizadas 14.272.958.352,4 797.904.123,04 15.070.862.475,4 Empenhadas 12.859.571.420,4 1.009.355.107,66 13.868.926.528,1 1.201.935.947,36 Exercício 2006 2007 Realizadas Realizadas 16.793.066.242,0 18.683.381.249,2 353.795.080,63 411.358.056,00 17.146.861.322,6 19.094.739.305,2 Empenhadas Empenhadas 14.495.529.207,1 14.813.246.594,3 1.973.626.654,73 2.596.543.035,15 16.469.155.861,8 17.409.789.629,5 1.380.515.367,93 677.705.460,74 304.434.307,80 2008 Realizadas 21.506.951.031,2 769.897.670,11 22.276.848.701,3 Empenhadas 17.867.681.694,8 3.111.106.168,30 20.978.787.863,1 1.642.406.414,68 (344.345.576,49) Em R$ Cumprimento das Metas Fiscais Resultado Primário Embora em valores consolidados a arrecadação do município não tenha alcançado a previsão de R$ 25,3 bilhões para 2008, o contingenciamento de despesas adotado pela Administração foi suficiente para compensar a insuficiência de arrecadação de R$ 1,4 bilhão, cumprindo-se, portanto, o comando do artigo 9º da Lei de Responsabilidade Fiscal, vez que a Despesa Primária Total (R$ 21,7 bilhões) manteve-se abaixo do valor das Receitas Primárias (R$ 22,4 bilhões), refletindo um Resultado Primário de R$ 728,6 milhões, que superou a meta fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Despesas de Exercícios Anteriores Em 2008, a Prefeitura empenhou R$ 786,3 milhões na dotação “Despesas de Exercícios Anteriores - DEA”, distribuídos basicamente em: Precatórios Judiciais (R$ 159,8 milhões); Fornecedores do exercício de 2004 e anteriores (R$ 461,7 milhões) e demais despesas (R$ 164,8 milhões). Sobre as considerações da Auditoria quanto ao empenho em DEA no item “demais despesas”, houve destaque para o fato de que a Administração tem adotado um comportamento mais parcimonioso em relação à utilização das DEA nos dois últimos exercícios. Não obstante, foram ainda detectados vários casos de despesas que não se enquadram nas disposições do artigo 37 da Lei Federal nº 4.320/64, contrariando o regime de competência a que se submetem as despesas públicas. Sobre os outros dois grupos de despesa, os apontamentos da auditoria serão abordados em itens específicos, mais adiante. Resumo da Execução Orçamentária 9 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Em síntese, o Relatório Anual de Fiscalização evidencia que a execução orçamentária da Administração Direta do Município de São Paulo, em 2008, apresentou: 1) Insuficiência na Arrecadação Orçamentária de R$ 1,2 bilhão decorrente da arrecadação de R$ 22,3 bilhões, contra uma previsão de R$ 23,5 bilhões. 2) Economia Orçamentária da ordem de R$ 2,6 bilhões, resultante do empenhamento de despesas da ordem de R$ 21,0 bilhões, quando orçamentariamente estavam fixadas em R$ 23,6 bilhões. 3) Resultado da Execução, um déficit de R$ 344,3 milhões em razão do empenhamento de despesas no montante de R$ 21,0 bilhões e das transferências financeiras realizadas para as Autarquias Municipais no valor de R$ 1,6 bilhão, que somados ultrapassaram o valor das receitas arrecadadas em 2008 no valor de R$ 22,3 bilhões. 5 - GESTÃO FINANCEIRA O ingresso total de receitas orçamentárias e extra-orçamentárias – compreendendo estas últimas as entradas compensatórias de recursos que não ingressam de modo definitivo nos cofres públicos - alcançou o montante de R$ 44,6 bilhões, enquanto os desembolsos somaram a cifra de R$ 46,0 bilhões. Movimentação Financeira Ao final de 2008 a gestão financeira da Prefeitura demonstrou uma redução dos valores disponíveis em caixa da ordem de R$ 1,4 bilhão, decorrente da diferença causada pelo maior crescimento dos desembolsos (20,5%) em relação ao aumento dos ingressos (16,7%). Evolução das Disponibilidades A análise da evolução das disponibilidades, nos três últimos anos anteriores a 2008, evidenciou uma consistente geração de caixa, com base nos seguintes dados: em 2005 a média mensal foi de R$ 160 milhões; em 2006 foi de R$ 99 milhões e em 2007 foi de R$ 53,9 milhões. Todavia, no exercício em exame houve a inversão desse processo, de forma a reduzir o saldo inicial do caixa de R$ 4,1 bilhões para R$ 2,7 bilhões, o que reflete uma queda de 35,3% desse saldo. Aplicações Financeiras 10 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ O Balanço Financeiro da Prefeitura apresentou um saldo de R$ 2,6 bilhões de disponibilidades aplicadas no mercado financeiro, as quais propiciaram, em 2008, ingresso de receitas da ordem de R$ 575 milhões, representando um crescimento de 14,3% sobre os valores de 2007. Resultado Financeiro do Exercício A Prefeitura encerrou o exercício com um superávit financeiro de R$ 1,4 bilhão, tendo em vista que as disponibilidades e direitos realizáveis somaram R$ 4,0 bilhões, enquanto que as obrigações de curto prazo acumularam R$ 2,6 bilhões. Recursos disponíveis x Dívida de curto prazo – Artigo 42 da LRF Ao término do exercício em exame, os técnicos concluíram que havia suficiência de disponibilidades financeiras na Prefeitura, não indicando, portanto, qualquer transgressão às disposições do Art. 42 da LRF, considerando que, se fossem saldadas todas as obrigações de curto prazo, restaria ainda um saldo de caixa no valor de R$ 633 milhões. Tempestividade do Pagamento das Obrigações Os pagamentos das obrigações da Prefeitura, em regra, foram efetuados nos devidos prazos, com a ressalva, a exemplo do verificado em exercícios anteriores, dos Precatórios Judiciais vencidos, cuja maior parte deixou de ser paga no exercício em exame. 6 - GESTÃO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial da Prefeitura apresentou, ao final de 2008, um conjunto dos bens e direitos da ordem de R$ 53,0 bilhões. Por outro lado, as obrigações alcançaram a cifra de R$ 53,3 bilhões, resultando em um saldo patrimonial negativo de R$ 335,5 milhões. Ativo Financeiro Em 2008 os valores disponíveis sofreram uma redução de 22,1% em relação ao exercício anterior, finalizando o período com um saldo de R$ 4,0 bilhões. As principais reduções decorreram da movimentação da conta Bancos e Aplicações Financeiras, que, no conjunto, decresceu R$ 1,5 bilhão, em face da utilização dos recursos depositados nessas contas. Disponível 11 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ O grupo do Disponível, com saldo de R$ 2,7 bilhões, apresentou uma redução de 35,3% em relação ao saldo do exercício anterior. Nesse tópico a auditoria apurou diferenças da ordem de R$ 242,2 milhões entre os saldos contábeis e os saldos dos extratos bancários, que abrangem pendências de ajustes e conciliação que devem ser regularizadas. Não obstante, a Auditoria destacou fato que explica a maior parte da diferença apontada, o qual decorre do critério de reconhecimento das receitas de rendimentos de aplicações financeiras, as quais são contabilizadas pelo regime de caixa, apenas no momento do seu resgate, como foi verificado ao final de 2008, quando os bancos acumulavam R$ 267,7 milhões de rendimentos à disposição da Prefeitura. Realizável Esse grupo, representativo das dívidas de devedores públicos e particulares, apresentou um saldo contábil de R$ 1,4 bilhão no final de 2008, com crescimento de 28,2% em relação ao exercício de 2007, variação esta motivada, principalmente, pelo aumento de R$ 304,5 milhões do grupo de Devedores Públicos. A maior parte desse acréscimo, cerca de R$ 254,1 milhões, refere-se aos seqüestros de valores determinados por ordem judicial para quitação de precatórios, os quais têm remota possibilidade de recuperação mas que, todavia, vêm sendo lançados no realizável, e acumulavam o valor de R$ 738,9 milhões ao final do exercício. Ativo Permanente O Ativo Permanente do Município, composto pelos bens, créditos e valores cuja mobilização ou alienação dependem de autorização legislativa, alcançou em 2008 o montante de R$ 48,9 bilhões, sendo que sua maior parcela corresponde à Dívida Ativa do Município (cerca de 67% do grupo). Dívida Ativa A Dívida Ativa do Município, constituída principalmente por créditos de origem tributária, alcançou em 2008 o montante de R$ 32,8 bilhões, apresentando um incremento final de R$ 4,6 bilhões, correspondendo a um aumento de 16% sobre o saldo de 2007. Esse aumento decorreu, principalmente, da inscrição de novos créditos no valor de R$ 1,3 bilhão, da adição de juros e correção monetária no montante de R$ 4,7 bilhões, conjugado com a redução proveniente das cobranças efetuadas no valor de R$ 280,7 milhões (débitos integrais recebidos) e dos cancelamentos realizados no montante de R$ 1,1 bilhão (anistias, 12 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ decisões judiciais, ajustes e os recebimentos integrais dos valores avençados no programa REFIS e PPI). Exames realizados mostraram que a arrecadação decorrente da cobrança da Dívida Ativa apresentou um crescimento médio anual de 21% no período entre 2001 e 2006. Contudo, em 2007, mesmo com o reforço do Programa de Parcelamento Incentivado instituído pela Lei nº 14.129/06 e do REFIS, o montante arrecadado limitou-se ao valor de R$ 598 milhões, equivalente à respectiva arrecadação de 2006. Em 2008 não foi diferente. A captação de R$ 578,8 milhões não acompanhou o crescimento da Dívida, ao contrário, demonstrou uma redução da cobrança, em termos nominais. Em relação aos controles sobre a movimentação da Dívida Ativa, os técnicos constataram uma evolução positiva, visto que a diferença entre os valores cobrados e aqueles contabilizados, verificada em auditorias anteriores, diminuiu drasticamente, passando de R$ 1,98 milhão em 2007 para R$ 75,5 mil em 2008. Do mesmo modo, os valores gerados pelo Sistema SDA, estavam em consonância com os valores contabilizados. Constatou-se ainda a regularidade dos cancelamentos promovidos e o cumprimento da legislação alusiva a aplicação de juros e atualização monetária sobre os saldos da Dívida. Entretanto, a Auditoria ressaltou que persiste a questão do super dimensionamento do saldo da Dívida Ativa, que requer a constituição de uma provisão relativa aos créditos de recebimento incerto, de modo que sejam representados em conta redutiva do montante global da Dívida. No mesmo sentido devem prosseguir as ações para o saneamento dos créditos que efetivamente não mais representam valores a serem recebidos pela Municipalidade, decorrentes das imunidades, remissões ou isenções, a exemplo das medidas que vêm sendo adotadas em relação aos seguintes casos: • • • imunidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia (Súmula 724 do DTF, Processo Administrativo n° 2004.0.229.685-7); remissão e isenção do IPTU incidente sobre os imóveis de propriedade da COHAB/SP (Lei Municipal nº 13.657/03, Processo Administrativo n° 2005-0.162.604-9); remissão aos créditos tributários, constituídos ou não, inclusive os inscritos em Dívida Ativa, ajuizados ou não, referentes ao IPTU incidente sobre os imóveis inseridos em ZEIS e parcelados 13 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 • • Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ irregularmente (art. 27 da Lei Municipal nº 14.125/05, Processo Administrativo nº 2007.0.355.257-7); arquivamento de executivos fiscais relativos a falências de até R$10.000,00, por contribuinte, caso em que se presume seja a cobrança antieconômica (art. 4°, parágrafo único da Portaria n° 31/08PGM); autorização para a Procuradoria Geral do Município não ajuizar ações ou execuções fiscais de débitos de pequeno valor, de natureza tributária e não tributária (valores consolidados iguais ou inferiores a R$610,00 - seiscentos e dez reais), bem como a desistir das execuções fiscais relativas aos débitos no montante anteriormente mencionado. Cerca de 800.000 (oitocentos mil) executivos fiscais devem ser desajuizados pelos Departamentos Fiscal e Judicial (Lei Municipal nº 14.800, de 25.06.08). Passivo Financeiro Ao final de 2008, a Dívida de Curto Prazo era de R$ 2,6 bilhões, composta, principalmente, pelos saldos de Restos a Pagar e Serviço da Dívida Pública, os quais somavam o montante de R$ 1,9 bilhão e correspondiam a 72% do total das obrigações. Os técnicos ressaltaram a redução de 34% nos Restos a Pagar, que finalizaram o período com saldo de R$ 1,7 bilhão, devido, principalmente, aos cancelamentos efetuados em 2008. Restos a Pagar Os exames realizados pela Auditoria sobre os Restos a Pagar revelaram que, no geral, foi observada a legislação por ocasião da inscrição das notas de empenho do exercício de 2008. Cancelamento de empenhos e de saldo de Restos a Pagar Do mesmo modo, o exame dos cancelamentos de Restos não revelou impropriedades, com ressalvas à questão relativa ao cancelamento indevido de restos de exercícios anteriores devidos à SABESP, no valor de R$ 324,0 milhões, o qual, embora objeto de novação, não teve a formalização do correspondente ajuste e o registro contábil da nova situação. Dívidas de Curto Prazo Remanescentes de exercícios anteriores 14 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Além dos restos a pagar dos exercícios de 2004 e anteriores, registrados no Passivo Financeiro, a Prefeitura possui outras dívidas daquele período, provenientes do cancelamento de empenhos promovido pelo Decreto nº 45.664/04, de despesas realizadas sem empenho e do cancelamento de Restos a Pagar promovido pelo Decreto nº 46.872/05. Cabe recapitular que, com o objetivo de promover o pagamento das despesas dos exercícios de 2004 e anteriores, a Prefeitura editou, no início de 2005, a Portaria Intersecretarial nº 1/SGM/SF/SJ/ SEMPLA/2005, que, em resumo, determinou o pagamento das obrigações de valor até R$ 100 mil no próprio exercício de 2005, e o saldo dos débitos remanescentes em 7 parcelas anuais de igual valor, vencendo a primeira em 2006. Posteriormente, com a Lei nº 14.129/06, a Prefeitura apresentou alternativa para quitação desses débitos, mediante a realização de oferta pública de recursos a seus credores. Assim, foram abertas três ofertas públicas. A primeira realizada em 2006 contemplou 342 credores com créditos no valor de R$ 73,1 milhões. A segunda, publicada em março de 2007, foi cancelada devido à inclusão, por decisão judicial, de credor que não havia apresentado documentação de regularidade fiscal, e, a última, realizada no período de abril a outubro de 2008, ofereceu a possibilidade de quitação a todos os fornecedores enquadrados no parcelamento da portaria supracitada, atendendo, dessa forma, a qualquer fornecedor interessado em antecipar seus créditos, mediante adesão aos descontos fixados pela Municipalidade. Síntese dos Pagamentos efetuados e saldos pendentes. Embora não se tenha a definição do exato montante das obrigações remanescentes do exercício de 2005 e anteriores, segundo apontamentos do Relatório Anual de Fiscalização sobre as Contas do Executivo – exercício de 2007 (TC 72.000.815.08-56), estima-se um montante inicial da ordem de R$ 1,0 bilhão, composto por: em R$ milhões 15 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ 1) Somatória dos empenhos cancelados, conforme previsto na Portaria SF 014/2005.(Decreto nº 45.664/04) 588,0 2) Estimativa da Auditoria acerca de realização de despesas sem emissão da Nota de Empenho. 200,0 3) Cancelamento de Restos a Pagar promovido pelo Decreto nº 46.872/05 235,9 (=) Total inicial estimado 1.023,9 Essas obrigações, objeto da Portaria Intersecretarial nº 1/2005, têm sido pagas por meio de despesas de exercícios anteriores que, desde o ano de 2005 acumulou pagamentos no valor de R$ 894,8 milhões, dos quais, somente em 2008, foram pagos R$ 440,9 milhões, conforme apurado pela Auditoria com base em relatórios do Sistema NovoSeo. Segundo informações prestadas pela Secretaria de Finanças os pagamentos aos credores atingidos pelos cancelamentos de empenhos de 2004 e anteriores somaram R$ 904 milhões, valor que guarda compatibilidade com o apurado pela Auditoria no sistema NovoSEO. Entretanto, a Auditoria apurou em 12 Unidades Orçamentárias mais representativas, que, em março de 2009, havia ainda saldos pendentes daquelas obrigações no valor de R$ 197,0 milhões. Referido saldo apresenta-se em desacordo com a recomendação proferida por este Tribunal, no sentido de que esses débitos fossem quitados até o final de 2008. Nesse aspecto, os técnicos concluíram que “a questão deva ser ponderada considerando os esforços de pagamento realizados, notadamente no exercício de 2008, bem como a razoabilidade das justificativas para os valores em aberto. Destaque-se, ainda, que cerca de 81% do saldo pendente estimado (R$160 milhões) são devidos para empresas municipais”. Passivo Permanente O Balanço Patrimonial da Prefeitura apresentou, ao final do exercício, um Passivo Permanente da ordem de R$ 50,7 bilhões, valor este superior em 13,7% ao saldo final verificado em 2007. Tais obrigações, com exigibilidade superior a 12 meses, compreendem, principalmente, os empréstimos internos e externos (79%) e os precatórios judiciais (19%). Contratos de Empréstimos Internos e Externos 16 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Esses compromissos compõem a Dívida Fundada do Município, a qual, ao final de 2008, alcançou a cifra de R$ 40,2 bilhões, sendo a União a principal credora com direitos da ordem de R$ 38,5 bilhões. O total de pagamentos da Dívida Fundada em 2008 foi de R$ 2,4 bilhões, equivalente a 11,5% do total das despesas pagas pela Prefeitura no exercício. Destacou-se que, do referido valor, 88% refere-se a juros, e apenas 12% à amortização do principal. Ficou evidenciado que no exercício de 2008 não foram contratadas novas operações de crédito. Contrato de Refinanciamento com a União A Auditoria analisou o Contrato Particular de Refinanciamento da Dívida com a União e constatou expressivo crescimento em 2008 (15,2%) decorrente da correção monetária (R$ 3,7 bilhões), calculada com base no IGP-DI (variação de 11,2%), e da incorporação de juros (R$ 1,3 bilhão). Verificou-se a observância das cláusulas relativas ao prazo de pagamento, ao cálculo dos juros e da comissão do agente, bem como a sua conformidade com os valores informados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Limites da Dívida Pública No exercício 2008 os exames demonstraram que persiste a questão do endividamento do Município, vez que o montante da Dívida Consolidada Líquida, da ordem de R$ 42,4 bilhões, manteve-se acima dos limites exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal e Resolução 40 do Senado Federal, vez que sua relação com a Receita Corrente Líquida (RCL) foi de 204%, quando deveria ter alcançado, no máximo, o percentual de 159%, encontrando-se, portanto, fora da trajetória exigida pelo inciso II do art. 3º e 4º da Resolução nº 40/01 do Senado Federal7. 7 “Art.3º A dívida consolidada líquida dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ao final do décimo quinto exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano de publicação desta Resolução, não poderá exceder, respectivamente, a: [...] II - no caso dos municípios: a 1,2 (um inteiro e dois décimos) vezes a receita corrente líquida, definida na forma do art.2º. Parágrafo único. Após o prazo a que se refere o caput, a inobservância dos limites estabelecidos em seus incisos I e II sujeitará os entes da Federação às disposições do art. 31 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Art.4º No período compreendido entre a data da publicação desta Resolução e o final do décimo quinto exercício financeiro a que se refere o art. 3º, serão observadas as seguintes condições: I - O excedente em relação aos limites previstos no art. 3º apurado ao final do exercício do ano da publicação desta Resolução deverá ser reduzido, no mínimo, à proporção de 1/15 (um quinze avo) a cada exercício financeiro; II - para fins de acompanhamento da trajetória de ajuste dos limites de que trata o art. 3º, a relação entre o montante da dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida será apurada a cada quadrimestre civil e consignada no Relatório de Gestão Fiscal a que se refere o art. 54 da Lei Complementar nº 101, de 2000.” 17 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Por ocasião da publicação da Resolução 40, em 31/12/01, o Município de São Paulo possuía uma Dívida Consolidada Líquida da ordem de 193% de sua Receita Corrente Líquida anual. Essa dívida deveria ter sido reduzida, gradualmente, à razão de 6,67% anuais, equivalentes a um quinze avos ao ano, de forma que ao final de 15 anos estivesse limitada a 120% das receitas anuais. Não tem sido esse o comportamento verificado na trajetória da dívida do Município, visto que essa relação, no período compreendido entre 2001 e 2008, apresentou os seguintes percentuais: Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Trajetória de ajuste 193% 188% 183% 178% 174% 169% 164% 159% Trajetória verificada 193% 236% 246% 243% 221% 196% 190% 204% Observa-se que, além do comportamento da dívida não obedecer à trajetória de redução, em 2008 a relação Dívida/Receita evoluiu em sentido oposto, registrando um acréscimo de 7,5%, contrariando o percentual redutor de 6,67% ao ano, exigido no inciso I do artigo 4º da referida Resolução. Os técnicos destacaram que esse comportamento decorreu do acréscimo de 20,4% na Dívida Consolidada Líquida (R$ 7,1 bilhões), não acompanhado pelo aumento de 12% da Receita Corrente Líquida, em 2008. O aumento da dívida explica-se, principalmente, pela sua atualização monetária no valor de R$ 3,7 bilhões, pela incorporação de juros de R$ 1,3 bilhão, pela redução do saldo de suas disponibilidades no valor de R$ 1,4 bilhão (saldo este abatido do montante da Dívida Consolidada) e pela inscrição e atualização do valor de precatórios judiciais no valor de R$ 1,4 bilhão. Resultado Nominal 18 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Em consequência do expressivo crescimento da Dívida Fiscal Líquida da ordem de 7,1 bilhões, a meta de Resultado Nominal para o Município de São Paulo, consignada na Lei de Diretrizes Orçamentárias, com previsão de um aumento da mesma em até R$ 6,1 bilhões, foi superada no exercício de 2008, em dissonância à trajetória descendente apregoada pela Resolução nº 40/01 do Senado Federal e à conduta prevista no artigo 9º da LRF. Os técnicos esclareceram que um fator preponderante no aumento da dívida decorreu do acréscimo verificado na sua correção monetária, resultante da aplicação do IGPDI, o qual aumentou, de 6,6% em 2007, para 11,2% em 2008. Precatórios Judiciais Ao final de 2008, a dívida da Prefeitura decorrente de Sentenças Judiciais alcançou o montante de R$ 9,6 bilhões. Essas obrigações vêm apresentando um crescimento expressivo, visto que a partir de 2000 a elevação média anual foi da ordem de 22,7%. A principal causa desse crescimento é a baixa realização dos pagamentos devidos, com valores muito aquém dos acréscimos decorrentes da atualização monetária, dos juros e das inscrições anuais. Constatou-se que, a exemplo de exercícios anteriores, em 2008 os pagamentos efetuados no montante de R$ 417,6 milhões (incluídos os seqüestros por ordem judicial no valor R$ 254,1 milhões), corresponderam apenas a 37,3% dos novos valores inscritos na conta de Precatórios, no exercício. Quando se examina somente a parcela dos pagamentos realizados espontaneamente, verifica-se que o valor de R$ 163,5 milhões, corresponde apenas a 30% do valor de R$ 537,1 milhões, aprovado no orçamento municipal, ou seja, não se pagou nem mesmo o montante previsto orçamentariamente. O Relatório da Auditoria apontou a situação das principais categorias de precatórios, a saber: a) Precatórios parcelados Os Precatórios parcelados enquadrados no artigo 78 do ADCT e 2º do Decreto 40.705/018, com prazo para quitação integral até o final de 8 artigo 78 no ADCT, "Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data da promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos.” 19 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ 2010, não têm sido pagos, sendo que, ao final de 2008, restavam pendentes de pagamento da 4ª à 8ª parcelas, vencidas, respectivamente, nos exercícios de 2004 a 2008. b) Precatórios de natureza alimentícia As obrigações com precatórios de natureza alimentícia alcançaram o montante de R$ 4,25 bilhões em 31.12.08, representando um acréscimo de 42,5% sobre o exercício anterior, resultado, principalmente, das inscrições e atualizações do saldo contra os pagamentos realizados, equivalentes a apenas 3,6% do total devido. As obrigações pendentes correspondem a parte dos valores devidos em 2001 e à soma dos precatórios devidos dos últimos sete exercícios (2002 a 2008). c) Precatórios de pequeno valor No período de 2008 foram pagos R$ 11,2 milhões em sentenças classificadas nessa modalidade, onde a Auditoria observou valores quitados após o prazo legal de 90 dias, ocorrência que foi sendo reduzida no transcorrer do exercício. Da Regularidade da Contabilização A Auditoria constatou a regularidade da contabilização das ressalvando, entretanto, que não foi providenciada a precatórios que originaram seqüestros judiciais, e se resolvidos, bem como não foram incluídos nos saldos dos de pequeno valor parte dos empenhos inscritos em restos final do exercício. operações, baixa dos encontram precatórios a pagar no Da Eficácia dos Controles Os controles sobre os precatórios foram considerados adequados. Entretanto, a Auditoria ressaltou que os mesmos deverão ser melhorados com a implantação do Sistema Único de Gerenciamento, contratado junto à PRODAM em 2007, visando à integração dos departamentos encarregados dos precatórios (DESAP, JUD, FISC e PATR). Dívidas com o IPREM artigo 2º do Decreto nº 40.705/01 ”Observada a ordem cronológica de apresentação dos precatórios, a primeira prestação deverá ser paga, mediante depósito judicial, até 31 de dezembro de 2001, e as demais até o final dos exercícios orçamentários subseqüentes, à conta das dotações respectivas”. 20 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Em abril de 2008 foi assinado o Instrumento de Repactuação das dívidas da Prefeitura de São Paulo com o Instituto, estabelecendo que as obrigações devidas à Entidade até aquela data, no valor de R$ 1,19 bilhão, seriam amortizadas por meio de aportes financeiros para cobrir as insuficiências do Regime Próprio de Previdência, conforme previsão da Lei nº 13.973/05. Em decorrência, a Prefeitura promoveu os devidos pagamentos, inclusive com a quitação integral do saldo de R$ 205,5 milhões relativos aos empréstimos obtidos junto ao Instituto em 1998, reduzindo então sua dívida total, no final de 2008, ao saldo de R$ 491,3 milhões, a ser amortizado em 2009, por meio do mesmo procedimento. Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente – RELUZ No exercício de 2008 não houve liberação de recursos para o Programa, tendo em vista que permanece “sub judice” a pendência relativa à classificação de receita bancária auferida pela Prefeitura em setembro de 2005, contabilizada como Receita de Capital e, por conseguinte, não incluída no cálculo do teto de 13% previsto para os pagamentos do Contrato de Refinanciamento com a União. Parcelamento de débito - PASEP Em março de 2008 foi aprovado o pedido de parcelamento referente ao PASEP. Foram amortizados R$ 15 milhões durante o exercício, restando um saldo de R$ 87,7 milhões. Demonstração das Variações Patrimoniais Não obstante o destaque feito para os fatores que aumentaram o patrimônio, dentre eles o crescimento de 4,6 bilhões da Dívida Ativa e a redução de R$ 882,8 milhões da Dívida com o IPREM, em 2008 as variações do Patrimônio da Prefeitura culminaram em uma redução patrimonial da ordem de R$ 688,8 milhões, decorrente, principalmente, do aumento da Dívida Pública do Município no valor de R$ 4,8 bilhões e a expansão de R$1,9 bilhão referente a Precatórios Judiciais, além do expressivo aumento das despesas orçamentárias (20,5%), que superou o aumento das receitas orçamentárias (16,7%). Saldo Patrimonial O saldo patrimonial expressa a diferença entre o conjunto de bens e direitos reais da Entidade e o somatório de suas obrigações, que se altera anualmente em função dos resultados patrimoniais obtidos. Desta forma, o déficit patrimonial apurado na Administração Direta em 21 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ 2008 (R$ 688,8 milhões), deu causa a redução do saldo patrimonial para o valor negativo de R$ 335,5 milhões. 7 - DESPESAS COM PESSOAL O dispêndio consolidado do Município de São Paulo com o pagamento do funcionalismo em 2008 foi da ordem de R$ 7,4 bilhões. Considerando o período de 2004 a 2008, constatou-se que, enquanto a receita total do Município cresceu 82%, as despesas com pessoal aumentaram 39%. Em 2004 as despesas com o quadro de pessoal correspondiam a 41% da receita total da Prefeitura. Essa relação foi sendo reduzida paulatinamente, equivalendo em 2008 a 31% do total da receita. Os técnicos observaram que nos últimos cinco exercícios a quantidade de servidores ativos e inativos apresentou um crescimento de apenas 2%. Em relação à revisão anual e reajustes quadrimestrais dos vencimentos do funcionalismo, os técnicos constataram que foram observadas as disposições legais que regulam a matéria, à exceção da ausência de publicação dos demonstrativos da relação Despesa/Receita, relativos aos reajustes quadrimestrais de 2008. A Administração Municipal observou a repartição e o limite global de 60% da Receita Corrente Líquida – RCL, fixado para as despesas de pessoal dos Poderes Executivo e Legislativo, as quais representaram respectivamente, 34,1% e 1,3% da RCL, cumprindo, portanto, o disposto no artigo 19 e inciso III do artigo 20 da LRF. Não obstante, a Auditoria constatou que não foram incluídos os gastos com pessoal das empresas consideradas dependentes em 2008 (PRODAM, CET, COHAB e EMURB), infringindo o art. 1º, parágrafos 2º e 3º, I, b, da Lei de Responsabilidade Fiscal9. Porém, os técnicos observaram que mesmo com a inclusão desses gastos os limites seriam preservados. 8 - DESPESAS COM PUBLICIDADE 9 Lei Complementar 101/00 – Art. 1º [...] § 2º “As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo que nestes estão compreendidos: § 3º Nas referências: I – à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) [...] b as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes. 22 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Constatou-se uma forte redução desses gastos no ano de 2008, quando foram empenhados R$ 39,7 milhões, equivalentes a 59% do valor despendido em 2007. Essa redução guarda relação com a restrição imposta pela legislação eleitoral no período. O conteúdo das matérias publicitárias estava em consonância com o disposto na legislação vigente, ressalvada a utilização indevida da dotação “publicações de interesse do município” que abrigou gastos não relacionados com publicidade, no valor de R$ 4,9 milhões. Embora a Auditoria tenha constatado regularidade dos controles gerenciais dos gastos com publicidade, houve destaque quanto à impropriedade que persiste de exercícios anteriores relacionada ao acompanhamento da compatibilidade dos orçamentos apresentados pelas agências de publicidade com os preços do mercado, o que, no entanto, é objeto de análise em processos específicos10. 9 – MULTAS DE TRÂNSITO Os exames técnicos revelaram que houve atendimento ao artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro, uma vez que a Prefeitura aplicou R$ 429,2 milhões em despesas de sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito, em valor superior ao mínimo exigido para o exercício de 2008 (R$ 385,8 milhões). Em relação à parcela de R$ 19.289.428,48 devida ao FUNSET, a Prefeitura demonstrou ter repassado R$ 17.093.626,06, restando sem comprovação a importância de R$ 2.195.802,42, em desacordo com os termos do parágrafo único do artigo 320 da Lei Federal nº 9.503/97. Neste tópico, os técnicos apontaram deficiências nos controles, as quais serão objeto de determinação específica, oportunamente. 10 - EDUCAÇÃO 10 TC´s 72.003.525.07.00 e 72.003.524.07.39 23 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Gastos Legais Em 20/06/2007 foi promulgada a Lei Federal nº. 11.494 tendo como origem a Emenda Constitucional nº. 53/2006, que alterou o artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e definiu regras para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, em substituição ao antigo regime vigente até 2006. Este novo modelo foi previsto para vigorar até 31/12/2020, a ser implantado de forma gradual em três anos, quando então, o FUNDEB deverá estar implementado, compondo-se de 20% das receitas de impostos e transferências dos Estados e Municípios e uma parcela de complementação da União. As mudanças do FUNDEB, em relação ao FUNDEF, referem-se ao percentual, às fontes e ao montante de recursos que o compõem, além do seu âmbito de abrangência, no sentido de que o FUNDEF atendia apenas ao Ensino Fundamental (6/7 a 14 anos), e o FUNDEB, no caso do Município de São Paulo, atenderá também a Educação Infantil (0 a 5/6 anos), em cumprimento ao disposto no artigo 211, § 2º da Constituição Federal. Limites mínimos de gastos na Educação Segundo apurado pela Auditoria, no exercício de 2008 o Município de São Paulo aplicou o montante de R$ 4.531.811.568,00, ou 26,92% da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e educação infantil, cumprindo, assim, o percentual mínimo de 25% estabelecido no artigo 212 da Constituição Federal. Ao acrescer o valor aplicado na educação inclusiva, o montante passa a ser de R$ 5.321.077.146,00, ou 31,61% das receitas consideradas, atendendo, de igual forma, ao limite mínimo de 31% previsto no artigo 208 da Lei Orgânica do Município, em que pesem algumas divergências encontradas nos critérios utilizados pela Prefeitura. Um desses critérios diz respeito à apropriação, pela Prefeitura, do valor dos gastos com os inativos no percentual da Educação, cujo cálculo é feito por meio de rateio, proporcional ao percentual do valor que corresponde ao gasto realizado somente com os servidores ativos da 11Educação, em relação ao gasto total com os servidores da Prefeitura, e não pelo valor efetivo da despesa, cujo montante consta do relatório da folha de pagamentos da Secretaria Municipal da Gestão. 11 TC nº 72.002.292.08-09 24 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Outro fator destacado pelos técnicos refere-se ao próprio cômputo desses gastos na apuração do montante despendido com a Educação desde o exercício de 2001, em face do disposto no artigo 2º, IX, da Lei Municipal nº 13.245. Desde então, com o acolhimento deste Tribunal, as despesas com inativos do quadro da Educação têm sido consideradas na apuração do percentual mínimo de 25% aplicado na Educação, conforme artigo 212 da Constituição Federal. Sobre o tema, considerando as novas orientações da Portaria nº 559/07 da Secretaria do Tesouro Nacional, que disciplina e regulamenta a “prestação de contas” dos recursos da Educação, foi constituído Grupo de Estudos no âmbito do TCM, por determinação feita no julgamento das contas do exercício de 2007, para nova avaliação técnica e jurídica, tendo o parecer dos técnicos concluído pela necessidade de se rever a orientação anterior, de forma a se determinar a exclusão das despesas com os inativos da Educação do cômputo dos Gastos com a Manutenção e o Desenvolvimento do Ensino Municipal, considerando a interpretação conjunta dos artigos 37 e 40 da Constituição Federal, combinados com os artigos 70 e 71 da Lei nº. 9.394/96 e com o artigo 22 da Lei Federal nº 11.494/07. Para os técnicos, para fins de limite constitucional com manutenção e desenvolvimento do ensino, devem ser consideradas apenas as despesas destinadas à remuneração e ao aperfeiçoamento dos profissionais da Educação que exerçam cargo, emprego ou função na atividade de ensino, excluindo-se as despesas que envolvam gastos com inativos e pensionistas, pois a lei faz distinção entre as espécies de rendimento, ou seja, remuneração, proventos e pensões. Nesse sentido, apenas a contribuição patronal do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, referente ao pessoal ativo da área de Educação, deveria ser considerada para fins do limite constitucional, conforme prescrito na Portaria da STN. Tais estudos são objeto de análise em processo específico, ainda não objeto de deliberação pelo Plenário. Tomada de Contas: FUNDEB No exercício de 2008, a Prefeitura recebeu recursos do FUNDEB da ordem de R$ 1.739.872,325,00 que, acrescidos dos rendimentos das aplicações financeiras, totalizaram R$ 1.781.784.519,00. Destes, foram aplicados R$ 1.407.826,711,00 na remuneração dos profissionais do Magistério, representando 79,01% dos recursos do FUNDEB, superando-se assim, o mínimo de 60% previsto no artigo 60, inciso XII, do ADCT da Constituição Federal. 25 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Por outro lado, a Prefeitura contribuiu com a retenção de R$ 1.057.707.258,00 para o FUNDEB. Abatido esse montante do total dos recursos recebidos do Fundo, apurou-se um adicional da ordem de R$ 724.077.262,00. Desse adicional, permaneceu sem aplicação o montante de R$ 78.260.685,00, a ser aplicado durante o exercício de 2009 em despesas com o ensino fundamental e a educação infantil. Recursos Adicionais do FUNDEB de Exercícios Anteriores Em 2008 foi apurado o montante de R$ 160.419.556,00 como recursos adicionais do FUNDEB, não aplicados nos exercícios anteriores de 2006 e 2007. Desse montante, foram liquidados RS 126.726.949,00 e R$ 29.683.756,00 foram inscritos em restos a pagar não processados, restando, ainda pendente de aplicação para 2009, a importância de R$ 4.008.851,00. Função Educação A Lei Orçamentária nº 14.658/07 contemplou a função Educação com a fixação de recursos da ordem de R$ 5,1 bilhões para o exercício em exame, o que suplementados durante o ano, alcançaram o montante de R$ 5,5 bilhões. A Rede Municipal de Ensino prioriza a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, detendo uma reduzida participação no Nível Médio. Em 2008 compreendeu o contingente de 2.876 escolas, sendo 1.420 da rede direta e 1.456 da rede conveniada, comportando 1.043.057 alunos, dos quais 428 mil são da Educação Infantil e 610 mil do Ensino Fundamental. O quadro de pessoal da rede direta conta com 52.822 profissionais do magistério e 19.573 técnicos de apoio à área da educação. Quanto aos equipamentos escolares, houve, em 2008, acréscimo de unidades na Educação Infantil (14 na rede direta e 96 na conveniada) e de 52 novas unidades de Ensino Fundamental. Por outro lado, houve redução de 60 unidades do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos-MOVA. O gasto com a função Educação, embora efetuado por vários órgãos da Prefeitura, tem maior concentração na Secretaria Municipal de Educação. Em 2008 foram empenhados recursos da ordem de 5,1 bilhões, representando um acréscimo de 14,3% em relação ao exercício anterior. 26 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 As principais ações realizadas para atingir os objetivos propostos nos programas de governo podem ser melhor visualizadas na tabela abaixo, que demonstra os projetos e atividades com valores mais significativos em 2008: Movimentação dos recursos empenhados por Projeto/Atividade Em R$ Valor Empenhado Cód. Projeto / Atividade 2006 (A) 2007 (B) Var. % 2008 ( C) C/A C/B % s/ Total 2008 2858 Remuneração dos Profissionais do Magistério - EF 702.841.810 887.264.482 1.119.308.218 59,3 26,2 21,7 2842 513.610.754 496.019.842 604.245.245 17,6 21,8 11,7 2837 Operação e Manutenção do Ensino Fundamental Op. e Manut.Escolas Municipais de Educação Infantil 504.236.046 611.744.568 530.567.555 5,2 -13,3 10,3 2825 Convênios p/ Oper. e Manut.de CEIs e Creches 190.204.719 256.595.521 351.074.681 84,6 36,8 6,8 2856 Remuneração dos Profissionais do Magistério - CEI 6552 Administ. Programas Muni.de Alimentação 112.231.054 317.617.034 287.166.361 155,9 -9,6 5,6 2845 Op. e Manut.de Centros de Educação Infantil 326.380.260 439.113.063 273.136.505 -16,3 -37,8 5,3 1849 Construção de Unid.Educacionais Integradas 136.778.118 360.201.075 252.213.873 84,4 -30,0 4,9 6556 Programa Nacional de Alimentação Escolar - QESE 288.138.176 5,6 193.087.511 3,7 2851 Op. e Manut.Centros Educacionais Unificados 142.538.247 173.755.387 189.816.697 33,2 9,2 3,7 6166 Programa de Garantia de Renda Familiar Mínima 167.851.331 162.376.550 170.735.369 1,7 5,1 3,3 1431 Construção de Unid. Educacionais E. F. 9.058.181 56.035.158 155.388.656 1615,5 177,3 3 2855 Administração da Coordenadoria de Educação 91.712.888 95.580.479 110.945.798 21 16,1 2,1 2800 Administração da Secretaria Municipal de Educação 44.078.928 52.690.802 79.373.526 80,1 50,6 1,5 2170 Aquis. Materiais, Equip. e Serv. Informática e Com. 31.783.520 48.158.380 57.097.710 79,6 18,6 1,1 2848 Transporte do Escolar - EF 44.663.288 45.889.856 53.595.924 20 16,8 1 2847 Transporte do Escolar - EI 50.512.141 44.994.142 46.842.243 -7,3 4,1 0,9 2824 Apoio Didático-Pedagógico Educacional 6553 Prog. Nacional Alimentação Escolar - PNAE/FNDE 8404 Operação e Manutenção de Telecentros 2815 Fornecimento de Uniformes e Material Escolar - EF 46.063.551 31.167.345 46.989.728 41.189.682 0,9 32,2 -12,3 0,8 -37,8 -60,8 0,6 -27,7 0,4 34.851.651 50.313.325 79.875.736 31.300.364 0,7 6220 PROJOVEM 2830 Educação Tempo Integral - São Paulo é uma Escola 48.675.548 32.029.243 23.151.228 27.803.580 -52,4 2850 Fornecimento de Uniformes e Material Escolar - EI 27.022.238 39.083.715 13.807.955 -48,9 6558 Admin. Progr.de Alimentação Escolar p/ Creches 16.146.623 35.142.076 463.271.663 3.705.078.02 8 236.060.023 4.517.216.85 9 Outros Total 180.767.456 5.161.669.515 0,5 -61 39,3 -64,7 0,3 -100,0 0 -23,4 3,5 14,3 100,0 Fonte: Sistema de Execução Orçamentária - SEO e SDO Verifica-se que, excluindo as despesas com “Remuneração dos Profissionais do Magistério - EF e CEI (27,3%)”, as ações em que mais foram empenhados recursos se referem a “Operação e Manutenção de Escolas CEI, EMEI, EMEF e CEU (31%)” que envolve a remuneração do pessoal de apoio à educação, as pequenas manutenções dos imóveis, serviços de limpeza e vigilância, entre outros. Em seguida aparece a atividade de “Construção de Unidades Educacionais Integradas (CEU’s) e de Ensino Fundamental (7,9%)”. Também se destacam os “Convênios para Op. e Manut. de CEIs e Creches (6,8%)”, 27 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ que corresponde ao pagamento efetuado às conveniadas para operação de Centros de Educação Infantil. Recursos Vinculados Ao verificar a aplicabilidade dos recursos recebidos das transferências federais e estaduais, concluiu-se que os recursos foram aplicados no objeto de sua vinculação, porém foram detectadas falhas de controle, com alerta às Secretarias Municipais de Educação e Finanças, para que adotem medidas que inibam a ocorrência de diferenças entre os valores da movimentação das contas bancárias e o sistema NovoSEO, para os programas PNAE, PNAC e PNASI e à QESE (Quota Estadual e Municipal do Salário-Educação). Foi apontada pelos técnicos a necessidade de utilização mais efetiva dos recursos financeiros recebidos pela conta da Quota Estadual e Municipal do SalárioEducação-QESE para evitar a devolução de recursos não utilizados, fato que já foi objeto de recomendação no parecer relativo ao Relatório Anual de Fiscalização do exercício de 2007. Programas de Governo Apurou-se que, de 2005 a 2008, houve um aumento de 56% nos gastos com programas de governo classificados na função Educação. Esse aumento está refletido, principalmente, em investimentos nos seguintes programas: Educação Infantil (71%), Ensino Fundamental (78%), Programa de Alimentação Escolar (47%) e Educação IntegradaCEU’s (161%). Em 2008, os programas de maior destaque foram Educação Infantil e Ensino Fundamental, representando 30% e 37%, respectivamente, dos gastos na função Educação. Metas do Plano Plurianual Na análise do cumprimento das metas estabelecidas no Plano Plurianual verificou-se que, em boa parte, foram consideradas não atingidas, algumas por terem sido redimensionadas em face de novas situações (Ampliação do Tempo de Permanência do Aluno, Transporte Escolar, Fornecer Equipamentos para a Merenda Escolar e Fornecer Uniforme e Material Escolar). Nos programas Ensino Fundamental e Educação Infantil, das metas previstas, a maioria não foi realizada, inclusive quanto à construção de Unidades Educacionais para CEI, EMEI e EMEF, às reformas e ampliações e, também, em relação à própria conservação de equipamentos. Metas Ensino Fundamental Descrição da Meta Unidade de Medida Metas Físicas – 2008 28 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Previsto Realizado 23 20 524 476 717.000 676.124 Construir Escolas Municipais de Ensino Fundamental EMEFs construídas e equipadas Repassar recursos a Associações de Pais e Mestres de Escolas (APM) de Ensino Fundamental APMs atendidas Fornecer uniformes e material escolar a alunos do Ensino Fundamental Alunos atendidos Realizar serviços de conservação nos equipamentos do Ensino Fundamental (Subprefeituras) Equipamentos conservados 493 202* Fornecer equipamentos e utensílios para a merenda escolar do Ensino Fundamental Escolas atendidas 510 14 Prover o transporte de alunos do Ensino Fundamental Alunos transportados 52.400 39.243 Reformar, ampliar e adequar a acessibilidade de Escolas Municipais de Ensino Fundamental EMEFs reformadas, ampliadas e/ou adequadas 20 14 Operar o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE/FNDE) APMs atendidas 510 476 Operar e manter Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) EMEFs operadas e mantidas 493 493 Premiar alunos e escolas com coleção de livros (“Lei de Concessão de Bibliotecas- Prêmio”) Escolas atendidas 504 504 Construir Escolas Municipais de Ensino Fundamental para substituição de instalações EMEF construída e substituída 0 6 Metas Ensino Infantil Descrição de Meta Unidade de Medida Construir Escolas Municipais de Ensino Infantil para substituição de instalações EMEIs construídas e substituídas Realizar serviços de conservação nos equipamentos de Ensino Infantil (Subprefeituras) Equipamentos conservados Construir Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) Metas Físicas – 2008 Previsto Realizado 0 3 876 426* EMEIs construídas 36 15 Construir Centros de Educação Infantil para substituição de instalações CEIs construídos e substituídos 0 3 Construir Centros de Educação Infantil CEIs construídos 38 22 Fornecer equipamentos e utensílios para a merenda escolar da Educação Infantil EMEIs e CEIs atendidos 968 45 Prover o transporte de alunos da Educação Infantil Alunos transportados 56.000 40.483 Fornecer uniformes e material escolar a alunos de Educação Infantil Alunos atendidos 337.000 278.173 unif 334.844 mat Operar e manter Centros de Educação Infantil (CEI) CEIs operados e mantidos 350 350 Conceder bolsa-auxílio para mães de crianças de zero a um ano de idade (“Escola de Mães”) Auxílios concedidos 1.200 0 Operar e manter Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) EMEIs operadas e mantidas 526 526 Reformar e ampliar Escolas Municipais de Educação Infantil EMEIs reformadas e/ou ampliadas 10 1 Manter e ampliar convênios para operação e manutenção de Centros de Educação Infantil e creches Crianças/alunos atendidos 96.452 120.665 Repassar recursos a Associações de Pais e Mestres de Escolas (APM) de Ensino Infantil APMs atendidas 879 804 Reformar, ampliar e adequar a acessibilidade de Centros de Educação Infantil CEIs reformados, ampliados e/ou adequados 10 3 29 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Análise Operacional da Execução dos Programas A fim de fornecer uma visão geral da Educação, a análise operacional foi segmentada em três macro-temas, a saber: (a) Qualidade do Ensino, (b) Insumos e (c) Proteção Social. Passemos a eles. 1. Qualidade do Ensino: A auditoria apontou que, neste tópico, não se objetivou tratar de qualidade do ensino que é aferida pelos órgãos especializados, mas sim, apenas identificar as situações que apontam fatores que podem afetar ou interferir na proposição de oferecer Educação com Qualidade. a) Ensino Fundamental - Pessoal Civil Esta análise foi baseada na presença do professor em sala de aula. Verificou-se que, à época da auditoria, havia 3.510 professores em situação de afastamento, motivada, principalmente, por concessões de laudos médicos de readaptação funcional temporária ou definitiva. Dentre os professores regentes verificou-se que as faltas cometidas representavam em média 15,16% do total de aulas atribuídas, motivadas, principalmente, por abonos e licenças médicas. Concluiu-se que o motivo dos afastamentos e das ausências está amplamente atribuído a razões de saúde. b) Educação Infantil – Rede Conveniada No que tange à evolução da rede conveniada, os técnicos constataram que, no período de 2004 a 2008, houve uma ampliação de aproximadamente 60% no número de vagas, e, em termos financeiros, um crescimento da despesa de 165%, passando de R$ 132 milhões para R$ 351 milhões os gastos no setor. As 110 unidades educacionais acrescidas em 2008 geraram um aumento de 30.873 vagas na rede, em que pese restar ainda, uma demanda a ser atendida de 72.192 vagas, sendo 57.607 para creches e 14.585 para pré-escola. Apesar da evolução quantitativa observada, os dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação não fornecem elementos para atestar que a Educação Infantil está se desenvolvendo com qualidade, verificando-se falhas no planejamento e no acompanhamento e fiscalização das conveniadas, bem como a não instituição e mensuração de parâmetros de qualidade e indicadores de desempenho. 30 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ c) Avaliação do Aproveitamento Escolar O Sistema de Avaliação de Aproveitamento Escolar dos alunos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, denominado Prova São Paulo, criado pelas Leis nºs 14.063/05 e 14.650/07, foi regulamentado pelos decretos nºs 47.683/06 e 49.550/08. O ciclo foi iniciado em 2007, com avaliação das áreas de Língua Portuguesa e Matemática. A realização da prova ficou a cargo do Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento de Minas Gerais a um custo de R$ 7,76 milhões. A legislação prevê a divulgação dos resultados aos pais, alunos e a todos os educadores de cada Unidade Escolar, sendo que, segundo informação da auditoria, os resultados foram disponibilizados, por meio de Relatórios de Resultados, no sitio WWW.hpconsultores.com.br/arquivos/relacoesescala/coord13. A realização da Prova São Paulo em 2008 também ficou a cargo do Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento de Minas Gerais a um custo de R$ 5,24 milhões. Foram novamente avaliadas as áreas de Português e Matemática, não sendo atendidas a alternância de matérias nem a inclusão da prova de redação, na forma prevista na legislação. d) Indicadores de Desempenho: d.1) Censo Escolar O Censo Escolar de 2007 indicou que, nacionalmente, houve uma redução de 5,2% no número de alunos matriculados em relação a 2006, ocorrida, principalmente, no Ensino Fundamental (3,5%). No Município de São Paulo, comparando o início e o final de 2008, observou-se uma redução de 2,9% nas matrículas do Ensino Fundamental e um acréscimo de 7,8% na Educação Infantil. d.2) IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica O IDEB é um indicador de qualidade educacional elaborado pelo MECINEP que combina informações de desempenho em exames padronizados, prestados pelos alunos ao final das etapas correspondentes às 4ªs e 8ªs séries do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio, com informações sobre o rendimento escolar. A Rede Municipal de Ensino projetou para 2007 uma meta de 4,1 para esse indicador. O resultado alcançado na primeira etapa do Ensino Fundamental foi de 4,3, abaixo do índice observado na Rede Estadual de Ensino (4,7) e superior ao da Rede Pública Brasileira (4,0). 31 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ d.3) Prova Brasil/SAEB A Prova Brasil e o SAEB são exames padronizados, aplicados bienalmente, que avaliam as habilidades em Língua Portuguesa e Matemática dos estudantes das 4ªs e 8ªs séries do Ensino Fundamental, incluindo, no SAEB, a 3ª série do Ensino Médio. Ao final de 2007 a Rede Municipal de Ensino alcançou, em Língua Portuguesa, pontuação média de 227,2 pontos, tendo como pontuação mínima adequada a de 275,0. A Rede Estadual de São Paulo pontuou 231,6 e a Rede Pública Brasileira 228,9. Para a disciplina Matemática, a proficiência mínima adequada era de 300,0 pontos. A Rede Municipal de Ensino alcançou uma média de 237,6, situando-se abaixo da Rede Estadual de São Paulo, com 242,5 pontos, e da Rede Pública Nacional com 240,5 pontos. d.4) ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio O ENEM é uma avaliação de adesão voluntária, destinada aos alunos que já concluíram o Ensino Médio ou irão concluí-lo ao final do ano da realização do exame. O seu principal objetivo é avaliar o desempenho do aluno e foi pensado como uma modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso ao ensino superior. No ENEM realizado em 2007 (redação e prova objetiva), a Rede Municipal de Ensino apresentou um resultado de 50,424 pontos, situando-se acima da média nacional, de 47,816, e abaixo da média do Estado de São Paulo, de 50,519 pontos. d.5) Prova São Paulo 2007 A avaliação municipal denominada Prova São Paulo utiliza procedimentos metodológicos formais e científicos para coletar e sistematizar dados e produzir informações sobre o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental. Em 2007 foi realizada avaliação dos alunos de 2ª a 8ª séries, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. O resultado, divulgado em 2008, apresentou o seguintes dados: • Alunos da 2ª série: A proficiência média é de 50,3 pontos para as disciplinas Língua Portuguesa e Matemática. Do total dos alunos dessa etapa, 29,7% e 29,0% situaram-se abaixo da escala de 50,3 pontos, respectivamente; 32 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ • Alunos da 4ª série: Os alunos dessa etapa alcançaram na média 166,6 pontos em Língua Portuguesa e 173,9 em Matemática. Observou-se que 12,5% e 6,7% dos alunos, respectivamente, encontravam-se abaixo da pontuação mínima esperada para Língua Portuguesa e Matemática, de 125 pontos; • Alunos da 6ª série: A pontuação média dos alunos dessa série foi de 209,8 para Língua Portuguesa e 210,2 para Matemática. Os resultados demonstraram que, para a disciplina Matemática, todos os alunos alcançaram a pontuação mínima esperada de 125 pontos, no entanto, 0,7% dos alunos situaram-se abaixo dessa pontuação em Língua Portuguesa; • Alunos da 8ª série: Todos os alunos da oitava série obtiveram o nível mínimo esperado de 125% nas disciplinas avaliadas, sendo que, na média, foi auferida a proficiência de 240,0 para Língua Portuguesa e 247,8 para Matemática. Os resultados da Prova São Paulo 2008 estavam em fase de processamento, análise e interpretação, até a data da elaboração do Relatório Anual. 2. Insumos Neste tópico, que representa todas as despesas e investimentos com reforma e ampliação das unidades educacionais, limpeza, conservação e vigilância, aquisição de equipamentos etc., foi observado pela auditoria que, considerando a dimensão da Rede Municipal de Ensino, é necessário o planejamento, o acompanhamento e a fiscalização para atingir os fins propostos, caso contrário, o sistema educacional não consegue se desenvolver adequadamente. 3. Proteção Social Neste item encontramos um conjunto de ações e/ou problemas que, inicialmente, não tem relação direta com a escola/ensino, mas que, em virtude das carências sociais, passam a ter tratamento pelos gestores, consumindo, em 2008, 17% dos recursos destinados à Educação. Os exames mostraram que tais ações utilizam tempo precioso dos profissionais das escolas, que poderia estar sendo aplicado ao ensino, propriamente dito. Nesse sentido, a Administração prosseguiu adotando, em 2008, a diretriz de liberar as direções das escolas de tarefas relacionadas a esses programas, promovendo sua terceirização, com o mínimo de participação do pessoal das unidades escolares. São elas: 33 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ a) Programa Municipal de Alimentação Escolar O Programa Municipal de Alimentação Escolar, com o objetivo de suprir as necessidades nutricionais das crianças, jovens e adultos nele inseridos, é desenvolvido com recursos do orçamento da Secretaria Municipal de Gestão e de transferências governamentais federais, do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Merenda Escolar A Merenda Escolar pode ser preparada pelo Agente Escolar ou pode ser terceirizada, com a contratação de empresa que fornece os insumos, prepara as refeições na própria escola e as distribui. Para a terceirização da merenda foi elaborado o Edital do Pregão Presencial nº 73/2006/SMG, realizado em 2007, visando a contratação de empresa especializada para prestação de serviços de nutrição e alimentação escolar. Dessa licitação decorreram 6 contratos, ainda pendentes de julgamento por este Tribunal. Em 2008, a Auditoria realizou o acompanhamento da execução contratual de um desses contratos, cujo resultado revelou significativas falhas e impropriedades, tanto na execução quanto nos aditamentos, demonstrando fragilidade dos controles internos do Departamento de Merenda Escolar – DME, tais como, inexistência de critério de contagem da merenda distribuída, não cumprimento de parâmetros estabelecidos no edital, fornecimento de merenda a unidades sem cobertura contratual, dentre outros. Leve-Leite No início de 2008, a gestão do Programa já sofria as consequências das pendências apontadas no exercício anterior. Houve várias tentativas de aquisição do produto por meio de licitação desde então, mas diante das graves falhas detectadas nos editais, no processamento das licitações e nos contratos, a distribuição do produto com qualidade satisfatória foi garantida por meio de sucessivos contratos emergenciais, os quais estão sendo analisados em processos específicos, ainda pendentes de julgamento. Em agosto de 2008, constituiu-se um Grupo de Trabalho, por meio da Portaria Intersecretarial nº 005/SMG/SME/2008, com o objetivo de promover estudos e propor alternativas de reorganização e modernização das atividades pertinentes ao Programa, com 34 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ apresentação de relatório final. Em 2009, realizou-se licitação para contratação do fornecimento do leito, objeto de análise em processo específico. b) Material e Uniforme Escolar Em 2008, foi publicada pela Secretaria Municipal de Educação a Portaria nº 4081/08, trazendo regulamentação interna dos procedimentos para aquisição e distribuição dos Uniformes e Kit Escolares para os alunos da Rede Municipal de Ensino. Material Escolar As fiscalizações realizadas em 2007 mostraram que o processo de distribuição dos kits de material escolar demonstrou fragilidade no planejamento, no controle do recebimento, tanto em relação à ausência de verificação da qualidade do material recebido como na conferência da quantidade entregue e na evidenciação do efetivo recebimento no processo de pagamento. Em 2008, foi realizado unicamente o acompanhamento do edital do Pregão Presencial nº 93/2008, ainda não julgado por esta Corte, onde houve destaque para o fato de que não constavam justificativas para a escolha dos itens componentes de cada kit, contrariando determinação nº 43 do Relatório de Contas da PMSP do exercício de 2007. Observou-se, ainda, que a Secretaria Municipal de Educação não adotou providências visando corrigir as falhas apontadas por ocasião das entregas dos kits de material escolar. Uniformes Escolares Quanto ao fornecimento de uniforme escolar, as fiscalizações realizadas em 2008 demonstraram fragilidade no planejamento, implicando em entregas após o início do ano letivo e irregularidades na execução dos contratos, tanto pela falta de controle da qualidade e quantidade do material recebido, quanto pela falta de comprovação da sua efetiva entrega para fins de pagamento aos fornecedores. Ficou evidenciado que os problemas já detectados anteriormente, persistiam, levando a Secretaria Municipal de Educação a alterar em 2008 o modelo de contratação e distribuição dos uniformes. Por falhas ocorridas no Edital do Pregão n° 94/07 para contratação da empresa de logística, em 2008 foi utilizada a contratação emergencial. Para 2009, houve nova alteração na sistemática para a distribuição dos kits. O 35 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ próprio fornecedor fará o embalamento, transporte e entrega pessoal do material. c) Transporte Escolar O Programa de Transporte Escolar Municipal Gratuito – TEG foi instituído em 2001 e destina-se aos alunos regularmente matriculados nas Escolas Municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental e de Educação Especial, com prioridade aos alunos portadores de deficiências/necessidades educacionais especiais ou problemas crônicos de saúde que dificultem ou impeçam a locomoção A Auditoria constatou que, em 2008, o Programa transportou 81.385 alunos a um custo de R$ 100,4 milhões e foi operacionalizado de acordo com a finalidade proposta, porém não cumpriu a meta anual de 109.860 alunos, prevista no Plano Plurianual 2006/2009. Verificou-se que a redução do número de alunos está em consonância com as demais medidas adotadas pela SME, como a ampliação do número de vagas nas escolas, extinção do 3º turno diurno e a possibilidade de que os alunos estudem em UE´s próximas às suas residências. No entanto, ressaltou que o Programa necessita de aprimoramento em vários aspectos, com destaque para a fragilidade dos controles exercidos. d) Minha Biblioteca O Programa Minha Biblioteca foi criado em 2007 a partir de um convênio entre a Secretaria Municipal de Educação e a Câmara Brasileira do Livro. Com o objetivo de conquistar as crianças para o mundo da leitura, com conseqüente melhoria no aproveitamento escolar, o Programa consiste na distribuição de uma maleta contendo dois livros diferentes, para cada aluno do Ensino Fundamental. No ano seguinte cada aluno receberia mais dois livros, de modo que ao final da oitava série cada aluno teria dezesseis livros. A primeira etapa do Programa foi implantada em 2007, e atendeu os alunos de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental. Foram adquiridos 5.233 exemplares de cada um dos 107 títulos selecionados, totalizando R$ 5,4 milhões de reais. Da análise dos técnicos restou concluído que houve deficiências no planejamento do Programa, gerando alterações em sua execução e atrasos na entrega. Apenas cinco Diretorias Regionais de Ensino foram beneficiadas em 2007, com 107.089 kits entregues. As restantes receberam 156.323 kits no primeiro semestre de 2008. Houve sobra de 13.558 kits e 5.931 livros avulsos que estavam armazenados no almoxarifado da Secretaria Municipal da Educação. Constatou-se, ainda, que não foram formalizados os 36 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ devidos aditamentos ao Convênio, para adequar o Plano de Trabalho ao efetivamente realizado. e) Programa de Inclusão Digital – Telecentros Sob execução da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, o programa visa propiciar a inclusão digital por meio da manutenção de espaços de formação e capacitação da população, com recursos concentrados na atividade “Operação e Manutenção dos Telecentros”. Das 263 unidades previstas no contrato nº 18/SEPP/2006, firmado com o Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT, até abril de 2008, haviam sido implantadas 188, com empenho de recursos da ordem de R$ 18,7 milhões. Mediante convênio firmado com o Governo do Estado de São Paulo a Prefeitura recebeu 49 unidades do INFOCENTRO, programa de inclusão digital do Estado, elevando a quantidade de unidades implantadas para 237. Os técnicos observaram falhas administrativas no processo de implantação das unidades, cujos contratos principais estão sendo analisados em processos específicos, ainda não objeto de julgamento. 11 – SAÚDE Gastos Legais Em 2008 a Prefeitura cumpriu a exigência de aplicação mínima de recursos nas ações de saúde, fixada em 15% da receita dos impostos arrecadados, estabelecida pela Emenda Constitucional nº 29/00. Não obstante, houve destaque no Relatório para o fato de que, em que pese já ter sido objeto de Determinação deste Tribunal, no Parecer das Contas de 2007, persiste pela Administração o procedimento inadequado de contabilização dos gastos legais com a saúde, em dois aspectos: (a) não considerar para cálculo a soma das despesas efetivamente liquidadas, conforme art. 4º da Portaria nº 2.047/2002 do Ministério da Saúde; (b) inadequada forma de apropriação relativa aos recursos repassados para as instituições filantrópicas e organizações sociais, os quais são considerados integralmente aplicados na Saúde, a partir dos valores empenhados, e não por aqueles efetivamente liquidados pelas entidades, apurados nas prestações de contas. 37 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Esses procedimentos são tidos por inadequados por não assegurarem consistência quanto ao montante final efetivamente aplicado, apesar de, no exercício em exame, isso não ter sido suficiente para comprometer o cumprimento do gasto mínimo legalmente exigido nas ações de saúde, na medida em que se verificou o atendimento do mandamento legal, tanto pelo montante das despesas empenhadas, demonstradas pela Prefeitura no valor de R$ 3,3 bilhões (19,4% da receita específica de R$ 16,8 bilhões), como pelas despesas liquidadas, que apuradas pela Auditoria, somam 12 R$ 3,0 bilhões (17,8% da referida receita). Além das despesas com recursos próprios municipais, outros recursos provenientes de transferências da União e do Estado foram empenhados para atender projetos e programas específicos da Função Saúde, no valor de R$ 1,4 bilhão, em que pese tais valores não estejam associados ao dispêndio mínimo constitucional, totalizando no global R$ 4,7 bilhões. Analisando a execução orçamentária da Saúde em 2008, do total de recursos aplicados na Função Saúde o Tesouro Municipal contribuiu com 74,3%, sendo que o restante adveio de transferências federais (22,5%) e estaduais (0,9%). A análise da evolução dessa composição, nos últimos cinco anos, revela uma tendência de aumento significativo da participação dos recursos municipais em contrapartida à redução dos repasses federais, conforme demonstrado abaixo: Cód. 00 02 03 06 07 Fonte Tesouro Municipal Transferências Federais Transferências Estaduais Rec. Própr. da Adm. Indireta Receita Condicionada Total 2004 62,86 36,32 0,82 0,00 0,00 100,00 2005 67,50 30,97 1,53 0,00 0,00 100,00 2006 68,45 27,87 1,20 2,14 0,34 100,00 2007 69,63 27,27 0,17 2,37 0,56 100,00 2008 74,35 22,55 0,86 0,06 2,17 100,00 Os principais dispêndios são verificados com a Administração Geral no montante de 42% do orçamento da saúde (despesas com pessoal, manutenção predial e demais atividades meio); Assistência Hospitalar e Ambulatorial onerando 43% (despesas para os serviços próprios de atendimento hospitalar) e Atenção Básica, com 14% do orçamento, para os programas de gestão vinculados aos primeiros cuidados da saúde, executados pelos parceiros privados e pelas Unidades Básicas de Saúde. 12 Tabela 1 (fls.224) e Tabela 9 (fls. 232) do RAF/2008 38 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Do montante total aplicado, verifica-se que cerca de 97% são despesas correntes e apenas 3% são despesas de capital, as quais, vêm apresentando um pequeno crescimento nos últimos anos. Houve destaque também para o fato de que, entre 2004 e 2008, houve um acréscimo de 130% nas despesas relacionadas à terceirização dos serviços de saúde, quer seja por meio dos convênios ou dos contratos de gestão. Fundo Municipal de Saúde O Fundo Municipal de Saúde, previsto como elemento constitutivo do SUS no parágrafo 3º do art. 77 do ADCT CF/88 e, no âmbito municipal, pela Lei 13.563/03 e decreto regulamentador, não tem sido operacionalizado de acordo com o disposto nas legislações supra referidas, visto que o mesmo é contabilizado apenas pelas despesas, não demonstrando a movimentação das receitas vinculadas ao mesmo, que não são repassados previamente mediante depósito em conta corrente específica, como determina a Lei 4.320/64. Estrutura Organizacional da Saúde Os serviços de saúde são hierarquizados, ou seja, divididos em níveis de complexidade: (a) baixa: Atenção Básica – engloba conjunto de ações voltadas à promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes, em questões de menor complexidade, garantindo acesso à clínica médica e especialidades básicas (pediatria, obstetrícia e ginecologia); (b) média: Atenção Básica Ampliada – agregando as consultas especializadas em nível ambulatorial e o pronto atendimento e (c) alta: Gestão Plena – incluindo a presença de rede hospitalar estruturada. Os dois últimos níveis da pirâmide– Atenção Básica Ampliada e Gestão Plena – devem, assim, ser utilizados somente quando necessários, o que caracteriza o serviço primário de baixa complexidade, enquanto primeiro nível de atenção à saúde, como a “porta de entrada” do SUS, vez que a ele cabe proceder ao encaminhamento dos usuários para os atendimentos de média e alta complexidade. A responsabilidade pela oferta de serviços de saúde de Atenção Básica é de gestão municipal, com financiamento sob responsabilidade das três esferas de governo. O Município de São Paulo tem a Gestão Plena do Sistema desde julho de 2003, o que lhe confere, efetivamente, a gestão política formal da saúde sobre as redes de Atenção Básica e Hospitalar, mas que, não 39 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ obstante, não viabilizou na prática, até os dias de hoje, a plenitude da gestão da Regulação do Sistema em toda a rede hospitalar, restringindo-se esta, na prática, unicamente aos serviços e equipamentos próprios, conveniados, contratados (hospitais privados e beneficentes) e municipalizados, mas não aos hospitais estaduais, federal e privados. Tal fato mostra-se prejudicial ao Sistema de Saúde, vez que inviabiliza o poder direto do Secretário Municipal na efetiva regulação do sistema quanto ao controle sobre leitos vagos, agendamento de exames, etc., prejudicando o fluxo de referência e contra-referência entre os níveis de serviços da saúde no que diz respeito aos hospitais estaduais, federal e privados. Não obstante, a partir do momento em que o Município assumiu a gestão Plena, houve significativo acréscimo de unidades de assistência à saúde sob gestão municipal, contando em 2008 a rede SUS no Município de São Paulo, amplamente considerada, com 796 estabelecimentos de saúde, sendo 718 sob gestão municipal, e 78 estadual. A Secretaria Municipal de Saúde, na pessoa de seu Secretário, é responsável pela gestão do Sistema Único no Município de São Paulo, nos termos da Lei Federal 8.080/90, visando à implantação das políticas, programas e projetos, segundo as diretrizes traçadas. Integram a estrutura do SUS Municipal o Conselho Municipal de Saúde, o Gabinete do Secretário, a Autarquia Hospitalar e as Coordenadorias de Saúde. A Lei Municipal nº 14.669/08 alterou a estrutura e as atribuições das Autarquias Hospitalares Municipais Regionais. As Autarquias Regionais Norte e Centro-Oeste passaram, respectivamente, a denominar-se Autarquia Hospitalar Municipal e Autarquia Municipal de Serviços Auxiliares de Saúde, enquanto as demais foram extintas e incorporadas pela Autarquia Hospitalar Municipal. Como a Autarquia Municipal de Serviços Auxiliares de Saúde não foi implantada, a gestão atual da Rede Hospitalar Municipal (hospitais, pronto-socorros e pronto-atendimentos) está sob a responsabilidade administrativa da Autarquia Hospitalar Municipal, que tem unidade orçamentária própria, e se encontrava, em 2008, ainda subdividida em Coordenadorias Hospitalares da Saúde, situação esta alterada em 2009. Afora a rede hospitalar, todos os demais estabelecimentos e serviços que integram a organização da Rede Básica de Saúde (UBS´s, AMA´s, CAP´s, Ambulatórios de Especialidades, laboratórios, etc.), estão diretamente vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, distribuído-se 40 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ a gestão: (a) ou através das 5 Coordenadorias Regionais - Norte, Sul, Leste, Centro-Oeste e Sudeste (b) ou através de contratos de gestão firmados com instituições qualificadas como Organizações Sociais. Nova Modalidade de Gerenciamento A Prefeitura de São Paulo vem realizando uma mudança na prestação dos serviços de saúde sob sua responsabilidade institucional. A partir da Lei Municipal n.º 14.132/06, a Secretaria Municipal de Saúde tem firmado ajustes visando à gestão privada de serviços diversos da saúde. Ainda em 2008, firmou contratos de gestão com quatro instituições para gerir, cada uma, um hospital municipal, e outros 10 contratos de gestão para a execução de serviços vinculados à Atenção Básica, de forma a cobrir, cada um, uma microregião da cidade. Planejamento Neste item, o destaque feito pela Auditoria foi no sentido de que, ao longo dos últimos exercícios, este Tribunal tem questionado a SMS pela não elaboração dos instrumentos de planejamento exigidos no contexto do SUS, quais sejam, o Plano de Saúde, Programação Anual de Saúde, e o Relatório Anual de Gestão, nos termos da Portaria nº 3085/2006 do Ministério da Saúde, para melhor definição e planejamento das políticas públicas da Saúde. Ao final do exercício de 2008, houve apenas a divulgação do chamado “Plano Municipal para a Saúde”, por parte da SMS, sem que tal documento reflita substancialmente a ação de planejamento almejada, mas sim, apresentando-se à semelhança de um mero relatório de atividades realizadas ao final do exercício em exame. Controle Interno Os técnicos constataram que a Secretaria Municipal de Saúde não conta, ainda, com um Controle Interno eficaz que centralize as informações e consolide os resultados alcançados pelos programas de governo e emita relatórios gerenciais que permitam avaliações para tomada de decisões, deficiência esta que já foi objeto de reiteradas recomendações nos Relatórios das Contas do Executivo Municipal do exercício de 2006 e 2007. DESEMPENHO OPERACIONAL Estratégia de Saúde da Família 41 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ A principal ação voltada à Atenção Básica da Saúde desde a implantação do SUS, em nível federal, é o denominado “Programa de Saúde à Família” – PSF, iniciado como projeto piloto de estratégia de reorganização do modelo assistencial em 1994, para a promoção da saúde, alterando o sistema tradicional anterior de medicina curativa, para o modelo de prevenção de doenças, reabilitação e atenção integral à população. O atendimento do PSF é prestado na Unidade Básica de Saúde ou no domicílio, por profissionais que compõem as equipes de Saúde da Família (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde). A Unidade de Saúde da Família, dentro de sua esfera territorial, é responsável pelo cadastramento e o acompanhamento da população vinculada ao programa No exercício de 2008, o programa contou com 886 equipes, número que, embora superior ao registrado em 2007 (830 equipes), foi ainda inferior à meta de 1080 equipes, prevista no Plano Plurianual de Investimentos. No âmbito do Município de São Paulo, o PSF está sendo implementado por meio de convênios e contratos de gestão. Para a consecução das atividades no período, foi repassado às entidades parceiras executoras do Programa o montante de R$ 354,3 milhões pela sua rubrica própria (4111) - o que dá maior transparência à sua execução – além de outras verbas destinadas ao Programa por meio dos contratos de gestão. Quanto aos aspectos operacionais, em 2008 não houve uma avaliação específica do programa, mas sim, os trabalhos foram direcionados para a análise formal e acompanhamento dos convênios que executam tal programa, os quais serão objeto de julgamento fora do âmbito do processo de contas. Principais Programas Contábeis da Saúde Os técnicos apresentaram quatro principais programas municipais auditados, nos quais foram empenhados 56% do total de gastos da Função Saúde, abrangendo tanto a rede hospitalar quanto a atenção básica. Vejamos cada um deles. Programa Integralidade da Atenção A integralidade é um dos princípios basilares do SUS, de forma a incluir no conceito de saúde pública não só as ações curativas, mas também as de caráter preventivo, e está identificado no orçamento municipal 42 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 por este programa, que teve empenho total no exercício de R$ 1.588.426.277,21. Visa integrar as ações da saúde, alcançando atividades com vistas à promoção, proteção e recuperação da saúde, sendo executado em todas as unidades da rede municipal direta e indireta. A tabela abaixo evidencia uma evolução histórica dos gastos deste programa por projeto/atividade. Cód. 4111 Projeto/Atividade Operação e Manutenção de Unidades de Saúde, Vigilância e Dengue Oper./Manut.Unid.Hospitalares, P.S, /Atendimentos e Ambulatórios Contribuição ao Hospital Servidor Público Municipal – HSPM Oper.e Manut. Serv.de Atendimento Médico de Urgência - SAMU Administração do Material Hospitalar, Ambulatorial e Odontológico Operação e Manutenção do Programa Saúde da Família - PSF 4116 Contribuição a Autarquias Hospitalares 515.509.822,35 0,00 0,00 4117 Manutenção de Equipamentos de Saúde 7.351.922,54 7.637.955,47 5.350.770,74 4119 0,00 0,00 10.086,06 26.305.301,27 27.089.716,77 32.861.721,81 11.160.884,50 11.661.481,19 14.780.016,22 0,00 323.278,27 0,00 6933 Projeto Sentinela Gratificação de Municipalização e Agentes de Saúde Servidores Comissionados no Hospital Serv. Público Municipal - HSPM Convênio n° 035/2004 SMS/GRAACC P.A. n° 2204-0.266.797-7 - E 3656 Aditivo do Termo de Convênio 035/04 PMSP e o GRAACC - E 1142 540.000,00 0,00 0,00 9527 Implantação de UTI Adulto 4101 4103 4104 4105 4107 4120 4121 6922 Total 2006 2007 75.706.536,71 2008 96.198.373,25 140.311.872,69 309.399.728,03 453.903.562,53 943.848.101,86 48.000.000,00 0,00 0,00 3.018.979,77 8.017.394,75 12.518.491,52 35.219.926,97 49.144.384,62 88.005.942,54 350.448.727,80 322.575.742,19 350.739.273,77 0,00 309.952,00 0,00 1.382.661.829,9 4 976.861.841,04 1.588.426.277,21 Programa Fortalecimento da Assistência Este programa, que teve total empenhado no exercício de R$ 83.592.616,61, está vinculado às despesas com investimentos na saúde, seja relacionadas à construção de novas unidades ou aquisição de novos equipamentos. Dentre as ações deste programa, destaca-se em 2008 a construção e instalação dos hospitais do M’Boi Mirim e a ampliação e reforma dos Equipamentos de Saúde já existentes. A tabela abaixo evidencia uma evolução histórica dos gastos deste programa por projeto/atividade. Cód. Projeto/atividade 2007 2008 41.926,92 6.639.539,69 1.381.083,75 Ampliação e Reforma de Equipamentos 3101 de Saúde 13.999.831,85 33.552.495,5 7 44.914.189,1 9 3100 Construção de Equipamentos de Saúde 2006 43 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Aquisição de Equipamentos para 3104 Unidades de Saúde Construção e Instalação do HM M’Boi 3114 Mirim Construção e Instalação do HM de 3116 Cidade Tiradentes 7.144.391,70 9.253,31 12.856.082,8 7 32.426.158,12 25.802.470,5 2 24.441.260,8 0 35.780.822,18 203.119,16 - 4.871,09 66.206.878,2 5 83.592.616,6 1 Constr. de Centro Comunitário da UBS Jd. 9715 Vera Cruz - E 1143 Total 89.398.001,86 Programa SUS com Qualidade Aqui concentra-se a atividade de coordenação, integração e regulação do SUS, consistente no registro das despesas relacionadas aos pagamentos das prestadoras de serviços da rede hospitalar que atendem pacientes do SUS – basicamente os parceiros privados (entidades filantrópias e os hospitais privados contratualizados) apresentando empenho total no exercício de R$ 423.274.729,23. A tabela abaixo evidencia uma evolução histórica dos gastos deste programa por projeto/atividade. Cód. 4108 Projeto/atividade Apoio à Consolidação da participação Social no SUS – Municipal 4113 Coordenação de Integração e Regulação do Sistema de Saúde Total 2006 2007 2008 118.624,60 57.356,66 57.412,66 516.133.635,2 4 488.833.083,0 8 423.217.316,5 7 516.252.259,8 4 488.890.439,7 4 423.274.729,2 3 Programa Assistência Farmacêutica Este programa visa desenvolver as atividades ligadas à assistência farmacêutica, tais como seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição de medicamentos, etc., para a atenção básica, que, em 2008, apresentou empenho total de R$ 98.015.210,05, com despesas liquidadas de R$ 97.134.973,24. Quanto à regularidade do abastecimento, constatou-se que todos os medicamentos estavam disponíveis para utilização dos usuários em 100% da amostragem das Unidades inspecionadas, as quais estão sendo abastecidas quinzenalmente, fator tido como positivo pela Auditoria, por assegurar estoques adequados. Diante deste quadro, a 44 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 meta prevista do PPA – de abastecer 571 Unidades – foi atendida plenamente, ao que tudo indica. Segue abaixo o quadro histórico da evolução das despesas deste programa. Cód. 4106 4109 Projeto/atividade Operação da Assistência Farmacêutica Operação e Manut. das Farm. Populares Total 2006 47.894.157,00 805.668,43 48.699.825,43 2007 77.670.283,7 4 2008 97.134.973,2 4 803.143,62 78.473.427,3 6 880.236,81 98.015.210,0 5 Esta rubrica agrega também o programa das Farmácias Populares, mantido integralmente com recursos financeiros provenientes de transferências federais, estando a Administração Municipal responsável apenas pelos gastos com aluguel e manutenção das 16 Unidades em funcionamento. Principais programas de gestão da saúde no Município a) Atendimento Médico Ambulatorial – AMA - este projeto é um modelo de gestão da Assistência Médica Ambulatorial na Atenção Básica, criado para absorver a demanda dos usuários com quadros agudos, em situação de urgência/emergência de baixa e média complexidade, programa sobre o qual a Auditoria alcançou as seguintes constatações: • O Município superou a meta de implantação de 90 unidades de AMA’s prevista no Plano Plurianual até 2008, tendo sido implantadas 120 unidades ao final do exercício; • Das 30 AMA’s avaliadas, 22 apresentaram atendimento de pediatria abaixo da meta – 2.112 consultas/mês – causado, principalmente, pelo déficit de profissionais médicos nas unidades; • Com a migração dos pacientes de UBS para os serviços de AMA, a questão preventiva da saúde está sendo em parte preterida, implicando em riscos de doenças crônicas e tratamentos custosos; • O incremento nos gastos realizados com as AMA’s (que cresceu 356%) não refletiu, estatisticamente, em um proporcional aumento da oferta dos serviços (69% de acréscimo), o que pode demonstrar uma possível ineficiência na gestão dos serviços, uma vez que, de 2007 para 2008, os gastos triplicaram, enquanto que a produção (número de atendimentos registrados) apenas duplicou; 45 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 • Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Subsistem fragilidades no Controle Interno da administração dos convênios para os Atendimentos Médicos Ambulatoriais, já reiteradamente apontadas. b) AMA’s Especialidades Em 2008 foram inauguradas 5 AMA´s Especialidades que têm como diferencial, ao invés do atendimento emergencial/urgência, o agendamento prévio das seguintes especialidades: ortopedia, urologia, reumatologia, cirurgia vascular, endocrinologia, cardiologia e neurologia. Oferecem também exames especializados, tais como eletrocardiograma, Holter, teste ergométrico, ultrassonografia, dentre outros. Como a implantação desse programa foi inaugurada no segundo semestre, em ambulatórios especializados ou hospitais, não houve tempo suficiente para uma análise operacional de seu funcionamento. c) Medicamentos Essenciais para a Rede Básica e Central de Abastecimento de Materiais e Medicamentos Neste item, o apontamento foi no sentido de que houve avanços quanto à organização do processo de abastecimento e distribuição de medicamentos, materiais médico-hospitalares e odontológicos, refletindo em melhora a partir de duas ações básicas realizadas: o alinhamento entre a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) para a rede de Atenção Básica, e o desenvolvimento do procedimento de informatização do processo de logística dos medicamentos. d) Remédio em Casa Cuida este projeto da entrega domiciliar, via remessa postal, de medicamentos hipertensivos e hipoglicemiantes para um período de 90 dias, aos pacientes deles necessitados, visando garantir o acesso efetivo da população aos medicamentos padronizados. Até o final de 2008, 416 Unidades estavam aptas a realizar o cadastramento dos pacientes interessados no Programa, tendo sido cadastrados 114.810 pacientes, das 416.114 prescrições acumuladas no exercício. e) Tratamento do Diabetes e Automonitoramento Glicêmico O cadastramento de pacientes neste projeto teve início em 2005, 46 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ e viabiliza o acesso a itens padronizados, tais como aparelho glicosímetro, lancetas para coleta de sangue digital, tiras reagentes, etc. Atualmente, a distribuição destes insumos ocorre em apenas 75 unidades de referência, fator este tido como positivo vez que reflete um processo de racionalização da distribuição desses insumos. f) Oxigênio Domiciliar O Protocolo de Distribuição de Oxigênio Domiciliar contou com um aumento moderado de pacientes cadastrados, passando de 2.354 pacientes em 2007 para 2.606 até dezembro de 2008, inexistindo registros sobre a demanda total pelo serviço. g) Rede de Proteção à Mãe Paulistana Desde a sua implantação em 2006, este projeto contribuiu para a ampliação do acesso ao pré-natal, visto que em 2007 foram cadastradas 187 mil gestantes, número que evoluiu para 254 mil atendimentos em 2008. h) Aprendendo com Saúde Este projeto objetiva diagnosticar e intervir precocemente, incentivando a prática de hábitos saudáveis, e é realizado na própria rede municipal de ensino, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. O atendimento de escolares é feito por equipes multiprofissionais integradas, dentre outras especialidades, por pediatras, enfermeira e auxiliares, contratados por entidade parceira. i) Acompanhamento do Idoso Este projeto, implantado em 2006, tem por objetivo assistir a população idosa dependente e socialmente vulnerável, em suas necessidades diárias (consultas médicas, bancos, feira-livres e atividades sociais), e é realizado por meio de dois convênios, contando com 14 equipes que atendem cerca de 1.400 idosos, contingente este que corresponde apenas a 0,2% da população SUS dependente, nessa faixa etária. Após a análise dos projetos/atividades de maior relevância, houve, ainda, dentro da análise operacional da saúde, a apresentação de dados quantitativos da produção geral da rede de saúde municipal, com enfoque nos atendimentos dos ambulatórios, hospitais e serviços de imagem, incorporados ao Relatório da Auditoria a partir de 47 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ informações disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Saúde, sintetizados da seguinte forma: 1. Produção Ambulatorial (baixa complexidade) O Relatório da SMS aponta que a produção do Sistema Único de Saúde - SUS na Cidade de São Paulo, em 2007, foi de 13,7 milhões de consultas médicas básicas, elevando em mais de 1,8 milhão o total de consultas em relação ao ano anterior. Este aumento deve-se fundamentalmente à implantação das unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) que produziram no período, 3.748.098 consultas médicas de urgência na clínica básica, um incremento de 161% em relação a 2006 (1.435.016 consultas). Neste mesmo período, não houve alteração significativa do número de atendimentos nas UBS. 2. Produção Hospitalar (média e alta complexidade) Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, no ano de 2008 foram realizadas 585 mil internações hospitalares no SUS da capital. Deste total, 107 mil foram realizadas por serviços próprios da SMS, 116 mil em hospitais conveniados sob gestão municipal e 362 mil em hospitais sob gestão estadual. Os técnicos examinaram a evolução histórica dos indicadores da rede hospitalar municipal, com exceção dos hospitais Tiradentes e M´Boi Mirim, administrados por Contrato de Gestão, e obtiveram os seguintes resultados entre os exercícios de 2004 e 2008: • O número de atendimentos de urgência e emergência apresentou queda de 20% no período, finalizando 2008 com 2,4 milhões de atendimentos. Esse fato guarda relação com o surgimento das AMAs, que a partir de 2006, absorveram parte da demanda. • Do mesmo modo, o atendimento ambulatorial dos hospitais, com 293 mil consultas realizadas em 2008, apresentou redução de 14% em relação ao ano de 2004. A implantação das AMAs Especialidades contribuiu para essa tendência. • Em 2008 foram realizadas 38,4 mil cirurgias, representando um aumento de 6% em relação ao ano de 2004. • Dentre 12 hospitais municipais, 09 apresentaram queda na realização de partos (-29%) e três apresentaram aumento (+70%), resultando em uma queda média total de 10%. 48 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ • As taxas de mortalidade caíram em 07 hospitais, apresentando uma redução média total de 7,7%. Entretanto, em 05 hospitais observouse o aumento das taxas, onde se destaca o Hospital Benedito Montenegro com aumento em 32% de sua taxa de mortalidade. • O número de leitos nas unidades hospitalares seguiu uma linha decrescente, salvo algumas exceções. A explicação apontada para o fato decorre das constantes reformas realizadas no período. • A taxa de permanência média de 5,9 dias/ano por internação, verificada nos 14 hospitais analisados, foi considerada num patamar adequado, tendo presente os parâmetros SUS de 5,5 dias. • Verifica-se uma tendência geral de diminuição nas taxas de ocupação das unidades hospitalares. Em 10 hospitais a taxa média diminuiu 16%, e no geral a taxa média caiu 5% entre 2004 e 2008. 3. Serviços de exames de imagens O Relatório da Auditoria, ainda avaliando a prestação dos serviços pela AMPLUS em 2008, foi conclusivo no sentido da grave deficiência desses serviços, os quais não foram desempenhados de maneira eficiente, elencando as seguintes constatações: • Falta de controle periódico para garantir o cumprimento das diretrizes básicas do uso, posse e armazenamento de fontes de radiação ionizante. • Existência de demanda reprimida por exames, em especial mamografias e ultrassonografias, visto que estas foram realizadas em apenas 7,6% das mulheres SUS dependentes no Município. • Ausência de setor responsável pela gestão dos exames de imagem em sua globalidade, com processamento em sistema, falta de controle qualitativo dos serviços prestados e de médicos para a realização de exames ultrassonográficos. • Deficiência gerencial da SMS que inviabilizou a instalação de equipamento de ressonância magnética no Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, aparelho este que já se encontrava locado pela AMPLUS, contratada à época para a execução dos serviços de imagens. 49 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 • Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ A AMPLUS subcontratou empresas para a prestação dos serviços médicos e técnicos de imagem, sem que estas apresentassem a devida documentação quanto à capacidade técnica exigida. A contratação dos serviços de diagnóstico por imagens com a empresa AMPLUS foi encerrada em março 2009, passando tais serviços a ser realizado por Organizações Sociais mediante Contratos de Gestão, cujo desempenho só poderá ser objeto de análise no próximo exercício. Gestão privada dos Hospitais qualificados como OS Os exames realizados pela Auditoria nos serviços de saúde, executados através dos Contratos de Gestão, apontaram para falhas do controle que se configuram em riscos potenciais, em face de: • Falta de recursos humanos para a fiscalização da gestão financeira; • déficit de médicos nas unidades gerenciadas pelos contratos de gestão; • nas unidades de PSF, as visitas dos agentes comunitários estão abaixo do previsto e as metas de consultas médicas não estão sendo atingidas; • com relação aos hospitais, as metas de produção estabelecidas nos planos de trabalho dos contratos de gestão não estão sendo atingidas nos atendimentos de urgência/emergência e na realização de exames; • a Comissão de Acompanhamento e Fiscalização que tem como atribuição o acompanhamento da execução dos Contratos de Gestão, não está devidamente constituída infringindo o disposto no artigo 8º13 da Lei Municipal nº 14.132/06. 12 – TRANSPORTES A Cidade de São Paulo, em dados de 2008, apresenta uma população que ultrapassa 10 milhões de habitantes, uma frota próxima de 6,0 milhões de veículos e uma malha viária de aproximadamente 15.500 13 Art. 8º. Sem prejuízo do disposto no art. 7º-A desta lei, o Secretário Municipal ou a autoridade supervisora da área de atuação da entidade constituirá, ainda, Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da execução do contrato de gestão firmado com a organização social no âmbito de sua competência. (Nova Redação dada pela Lei Municipal nº. 14.664/08) 50 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ km. Nas ações vinculadas à Função Transportes, foram gastos no exercício R$ 1,8 bilhão, valor este 34% superior em relação a 2007. O maior volume de recursos foi destinado ao programa “Mobilidade e Acessibilidade Urbana”, que envolveu 82% dos gastos, os quais foram aplicados, principalmente, nas seguintes atividades: 1) gerenciamento dos transportes pela SPTrans (R$ 285 milhões) 2) compensações tarifárias nos transportes coletivos (R$ 630 milhões) e 3) nos serviços de engenharia de tráfego executados pela CET (R$ 364 milhões). Dentre os maiores dispêndios com investimentos, destacam-se os relacionados com as obras do METRO (R$ 275 milhões) e com a implantação do Corredor Expresso Tiradentes (R$ 74 milhões). Concessão e Permissão dos Serviços de Transporte Coletivo de Passageiros Os técnicos reiteraram os apontamentos consignados nos Relatórios de Contas de exercícios anteriores, em relação às irregularidades constadas nos procedimentos da Concessão e da Permissão dos serviços de transporte coletivo no âmbito do município, notadamente, quanto à descaracterização da concessão e dos critérios de remuneração dos operadores, além de irregularidades constatadas por ocasião dos acompanhamentos da execução dos respectivos contratos de concessão e termos de permissão, apurados em processos específicos. Remuneração dos Operadores do Sistema Após um ano de vigência da Portaria 069/07, que estabelecia até então a forma de remuneração dos operadores do Sistema de Transporte Coletivo, em 2008 houve a formalização entre a Secretaria Municipal de Transportes e as Concessionárias de um Termo de Aditamento cujo objeto foi o reajuste/reequilíbrio dos valores tarifários, que passou a vigorar a partir do mês de março. No que diz respeito aos contratos de permissão, também foi assinado em maio de 2008 um Termo de Aditamento, com o mesmo objetivo, reajustando as tarifas a partir de março/2008, de forma retroativa. Em relação à renovação da frota de veículos, os técnicos verificaram que a idade média máxima de 5 (cinco) anos vem sendo atendida, com o rejuvenescimento da frota, tanto pelas concessionárias como pelas 51 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ permissionárias. Entretanto, foi verificado ainda o descumprimento, por ambos os operadores, da idade máxima de fabricação dos veículos utilizados (10 anos para ônibus e 7 anos para microônibus). Indicadores Qualitativos - ANTP O Relatório apontou resultados da Pesquisa de Imagem dos Transportes na Região Metropolitana de São Paulo, realizada pela Associação Nacional de Transportes Públicos em 2008, que teve por objetivo conhecer o nível de satisfação dos usuários em relação aos serviços oferecidos pelas principais modalidades de transporte, revelando, em síntese, que: • Em todas as modalidades de transporte (Metrô, Trem, Ônibus e Microônibus) a satisfação do usuário situou-se num patamar inferior ao do ano anterior, com exceção aos ônibus que circulam no Corredor São Mateus/Jabaquara, que apresentaram recuperação ao parâmetro verificado em 2006; • O problema relacionado à demora da viagem devido ao trânsito, mais intensamente apontado pelos usuários como fator negativo, elevou-se de 84% para 88% . O segundo problema (demorar muito para passar) é também apontado pela grande maioria dos entrevistados (80%), e, quanto ao terceiro problema mais indicado (estar sempre lotado), com 77%, apresentou forte elevação em 2008; • Em relação ao transporte por meio de Microônibus, na Capital, o item mais preocupante diz respeito à má dirigibilidade pelos seus motoristas, indicado por 73% dos entrevistados. Em seguida aparecem os problemas “ter maior risco de acidente” (67%) e “tratarem muito mal o usuário” (64%); • Constatou-se que, em 2008, 37% dos entrevistados da Região Metropolitana passaram por mudanças na maneira de se deslocarem, as quais foram motivadas, principalmente, pelo tempo gasto no trânsito e pelas conduções lotadas. Indicadores Qualitativos - Nossa São Paulo Pesquisa realizada pela Organização Movimento Nossa São Paulo revelou que 52% da população não aprova a qualidade do transporte público oferecida na Capital e 61% reprovam o tempo médio de espera nos pontos de ônibus. Contudo, o maior grau de insatisfação, apontado 52 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 por 83% dos entrevistados, é com o trânsito da Capital, cujos reflexos impactam na qualidade dos transportes públicos. Demonstrativos Extracontábeis Transporte Coletivo do Sistema Municipal de Os balancetes do Sistema apresentados para exame da Auditoria evidenciaram diversas impropriedades, que impediram os técnicos de atestar se os valores apresentados representam adequadamente a posição financeira, patrimonial e o resultado das operações, além do fato de que têm tais demonstrativos sido utilizados como meros instrumentos de controle interno da SPTrans, não apresentando assinatura dos responsáveis. Sistema de Bilhetagem Eletrônica Avaliações da Auditoria revelaram uma evolução positiva do Sistema de Bilhetagem, o qual se apresenta maduro, com boa estabilidade e baixa ocorrência de falhas. Não obstante, ainda oferece oportunidades de melhoria vez que não existe um acompanhamento sistemático, objetivando a detecção, avaliação e tratamento de seus riscos. Sustentabilidade econômica do Sistema de Transporte Coletivo O Sistema Municipal de Transporte Coletivo apresentou em 2008 um aumento da dependência de subsídios públicos para o seu equilíbrio econômico-financeiro. Com base nos demonstrativos de Fundos e Usos elaborados pela SPTrans, verifica-se que, em 2008, a receita tarifária arrecadada de R$ 3,5 bilhões foi insuficiente para suportar o custo total apurado no Sistema, de R$ 4,5 bilhões, resultando em um déficit econômico de R$ 982,0 milhões, representativo de um aumento de 67% sobre o déficit apurado em 2007. Os contínuos e relevantes déficits financeiros do Sistema Municipal de Transporte Coletivo têm levado ao aumento constante de recursos públicos aplicados com a finalidade de equilibrar seu fluxo de caixa. Em 2008, grande parte do déficit foi coberto com repasses derivados da dotação “Compensações Tarifárias”, no valor de R$ 630,0 milhões, e com recursos oriundos da dotação “Gerenciamento de Transporte”, do orçamento da Prefeitura, que ingressam no Sistema por meio do contrato firmado com a SPTrans. A utilização desta última dotação é imprópria, segundo a Auditoria, por remunerar despesas relativas aos terminais de ônibus, comercialização, fiscalização e gerenciamento, caracterizando também, indiretamente, subsídio ao Sistema. 53 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Os técnicos apontaram, ainda, outras fontes de recursos que impropriamente foram utilizadas em 2008 para equilibrar as contas do Sistema, dentre as quais, ressaltaram os recursos correspondentes aos créditos eletrônicos do Bilhete Único - em poder do público por ainda não ter sido utilizado pelos usuários – no valor de R$ 274 milhões, aplicados antecipadamente em pagamentos de obrigações do Sistema. Corredores de Ônibus/ Terminais/ Estações de Transferência O Relatório revela que os 123 km de corredores em operação, complementados por mais 110 km em fase de projeto e de contratação, poderão alcançar 233 km de corredores no Município. Não obstante, esta extensão mostra-se aquém do planejamento efetuado para o novo Sistema de Transporte Coletivo de Passageiros na Cidade de São Paulo, que previu a implantação de 300 km, conforme Termo de Compromisso assinado em 31 de março de 2006, entre a Secretaria Municipal de Transportes e as Concessionárias. Do mesmo modo, os terminais de ônibus implantados, num total de 26, não atendem à previsão de 46 terminais que deveriam estar operando, entretanto, esta quantidade poderá ser alcançada se considerados os terminais em fase de projetos e os terminais do Expresso Celso Garcia. Quanto às estações de transferência, do total de 345 constantes do Termo de Compromisso, existem 08 estações implantadas e 47 em fase de projeto, resultado este que guarda relação com a implantação do Bilhete Único, que permite a integração do usuário em qualquer parada, reduzindo assim a importância da quantidade das estações inicialmente previstas. Serviços de Engenharia de Tráfego - Fluidez e Rodízio Segundo dados da CET e do DETRAN, verificou-se que, em 1996, antes da implantação do rodízio de veículos, o índice de lentidão médio diário era de 101 km. Em 2007 esse índice atingiu 109 km. Já no início de 2008, o índice de lentidão passou a bater recordes seguidos, com vários dias registrando média entre os picos da manhã e da tarde com mais de 200 km de extensão. Conforme informações do DETRAN, a média do crescimento percentual da frota entre 1998 e 2005 é de 1,5% ao ano. Porém, mais recentemente esse crescimento acelerou, em 2006 foi de 5,3%, em 2007 de 6,6% e em 2008 de 6,4%. 54 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Esse quadro exigiu da Administração Municipal considerar novas alternativas para o controle da demanda pelo uso do viário, dentre as quais, a implantação de restrições ao tráfego também para caminhões, estabelecidas a partir do mês de maio de 2008 pelo Decreto nº 49.487/08, medida esta que, segundo relato da CET, resultou no aumento da velocidade média da ordem de 34%, em quatro rotas pesquisadas. Não obstante, a média dos índices de congestionamento no segundo semestre de 2008, embora com melhora em relação ao início do ano, permaneceu alto, em torno de 102,8 Km de extensão, acima das médias que se verificava até 2005 (96 km). Pólos Geradores de Tráfego A Auditoria aponta que houve um aprimoramento dos principais procedimentos adotados para análise do impacto de empreendimentos de grande porte nas vias da Cidade, em especial quanto à redução do estoque de processos e o tempo médio de atendimento para a emissão de Certidões de Diretrizes. Entretanto, não há registro de monitoramento das várias etapas referentes ao Termo de Recebimento e Aceitação Definitiva, além da constatação da existência de grandes Pólos Geradores de Tráfego que, embora em funcionamento, apresentam pendências na realização de medidas mitigadoras propostas em Certidões de Diretrizes. Sinalização Viária Segundo relatório da CET, no ano de 2008 houve redução da execução da sinalização viária horizontal (pinturas e faixas) e da sinalização vertical (placas de disciplina de trânsito ou orientativas). Já a implantação de semáforos cresceu cerca de 26%, conforme demonstra o quadro seguinte: 55 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Período O 2004 Horizontal (pintura em m²) 120.954 Vertical (unidades) Semáforos (unidades) 13.933 1.923 2005 138.318 5.685 794 2006 392.584 14.582 1.495 2007 266.649 24.741 1.396 2008 211.181 20.358 1.765 Orçamento da CET aprovado pela Prefeitura foi praticamente 14% inferior ao solicitado pela Empresa. Os técnicos ressaltaram que o recente histórico de profundos cortes no orçamento da Empresa, levaram à redução da realização de alguns serviços importantes, aquém das quantidades desejadas. Exemplos desses cortes podem ser observados no seguinte quadro: Despesas Proposta CET (a) Aprovado PMSP (b) Realizado (c) % (b/a) Pessoal 299.363.785 285.689.105 285.194.920 Salários/Encargos 256.727.977 240.393.405 240.254.247 93,6 93,6 42.635.808 45.295.700 44.940.673 106,2 105,4 136.725.982 70.423.206 63.228.934 51,5 46,2 57.906.150 21.321.773 21.373.038 36,8 36,9 0 17.760.657 14.893.250 0,0 0,0 Educação de Trânsito 1.017.797 358.013 400.867 35,2 39,4 Radares 1.284.900 742.686 742.686 57,8 57,8 Guinchos 23.744.720 9.413.157 5.673.123 39,6 23,9 Serviços Operacionais 40.452.885 11.155.182 11.323.967 27,6 28,0 Manutenção frota 9.940.966 9.671.738 8.822.003 97,3 88,7 Treinamento 2.378.564 0 0 0,0 0,0 Desp. Administrativas 64.480.393 70.507.117 58.867.385 109,3 91,3 Despesas Financ./Trib. 25.942.484 18.908.339 23.087.608 72,9 89,0 Outras 38.537.909 51.598.778 35.779.777 133,9 92,8 Tributos 69.680.843 62.945.671 60.238.804 90,3 86,4 570.251.003 489.565.099 467.530.043 85,9 82,0 Benefícios Despesas Operacionais Sinalização Projetos Total 95,4 % (c/a) 95,3 56 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Fiscalização do trânsito Em 2008 houve um aumento de 12% na quantidade total de multas emitidas em relação a 2007. Das 4,7 milhões de autuações registradas, 16% foram impostas pela Polícia Militar, 44% pelos agentes “Marronzinhos” da CET e 40% por meio dos radares eletrônicos. A Auditoria constatou que o aumento médio anual no número de multas aplicadas, no último triênio, foi de 9,6% ao ano. Considerando que, segundo dados do DETRAN-SP, o aumento anual médio da frota em circulação no período foi de 6,1% ao ano e que, em 2008, houve uma queda no registro de multas por meio dos radares os técnicos atribuíram o aumento das autuações ao desempenho dos Agentes da CET e da Polícia Militar. Plano Plurianual 2006/2009 O Relatório destaca que o Plano Plurianual 2006/2009, instituído pela Lei nº 14.123 de 28 de dezembro de 2005, apresenta tendência de alto grau de não realização, em função da defasagem verificada entre as metas planejadas e aquelas executadas até 2008, mesmo considerando as ações em andamento. Exemplo dessa constatação é a situação verificada no programa “Mobilidade e Acessibilidade Urbana”, de expressiva importância para o trânsito da Cidade por envolver as principais ações da SMT, e que apresenta metas com índices de realização muito aquém da previsão, como se pode verificar no quadro abaixo: Descrição da Meta PPA – Previsão Realizado até 2008 SMT - Previsão para 2009 (2006 a 2009) Implantar, adequar e reformar terminais 95 terminais 9 17 Expandir as Centrais de Tráfego em Áreas 600 cruzamentos 0 0 Substituir os controles semafóricos convencionais por eletrônicos 2.500 controladores 179 221 Operar corredores viários padrão com sistema viário estratégico – (SVE). 1.941 quilômetros 0 0 108 estações 0 0 646.500 passageiros acrescidos p/dia 0 120.000 61 câmeras revitalizadas 0 289 30 veículos 0 0 690.000 passageiros acrescidos p/dia 0 0 Implantar estações de transferências Implantar terminais (Viabilizando o acréscimo de passageiros por dia) Revitalizar as centrais de controle de túneis Reformar trólebus Implantar outros corredores (Viabilizando o acréscimo de passageiros por dia) 57 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ A Secretaria Municipal de Transportes apresentou justificativas no sentido de que os baixos índices de realização estão relacionados à restrição de recursos orçamentários, à adoção de medidas substitutivas e a outras questões de ordem técnica. Retorna, assim, a questão da baixa efetividade do PPA como instrumento de planejamento. Entretanto, os técnicos observaram que eventuais alterações do Plano Plurianual devem ser efetivadas por meio de lei e que a inclusão de novos projetos, sem que sejam adequadamente atendidos aqueles em andamento, contraria ao princípio citado no artigo 45 da Lei de Responsabilidade Fiscal. 13 - GESTÃO AMBIENTAL A Função Gestão Ambiental no Município de São Paulo, de competência da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente SVMA, contou, em 2008, com recursos orçamentários da ordem de R$ 322,0 milhões, alocados principalmente no orçamento da SVMA (64%), no orçamento do Fundo Especial do Meio Ambiente – FEMA (18%) e no Fundo de Desenvolvimento Urbano – FUNDURB (17%). Desses recursos, apenas 60% foram empenhados em 2008 (cerca de R$ 193,0 milhões), evidenciando dificuldades na efetivação das atividades e projetos relacionados à Função, situação também verificada em 2007. No exercício de 2008 os investimentos na Gestão Ambiental somaram R$ 91,3 milhões, apresentando um aumento de 40% em relação aos investimentos efetuados no ano anterior, principalmente, em razão dos aumentos verificados nas rubricas “Parques Lineares” e “FEMA – Créditos de Carbono”. No principal programa da Função denominado “Proteção ao Meio Ambiente e Qualidade de Vida”, foram aplicados R$ 138,7 milhões, destinados, principalmente, às despesas de manutenção e conservação de Áreas Verdes e Fauna (28%), implantação de Áreas Verdes, Praças e Proteção de Mananciais (19%), implantação de Parques Lineares (26%) e despesas do FEMA - Créditos de Carbono (10%). Os resultados das análises sobre o desempenho operacional do Programa estão sinteticamente relatados nos tópicos a seguir. 58 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Termos de Compromisso Ambiental – TCA As edições das Portarias 026/SVMA e 036/SVMA, no exercício de 2008, trouxeram avanços consideráveis às rotinas de trabalho pertinentes aos Termos de Compromisso Ambiental, instrumento que, em síntese, é celebrado entre o Poder Público e pessoas físicas ou jurídicas, para estabelecer compensações ambientais nos casos de autorização prévia para supressão de espécies arbóreas. Não obstante, constatou-se que permanecem as deficiências no controle, acompanhamento e fiscalização dos referidos Termos, já objeto de Determinação deste Tribunal em exercícios anteriores, estando as principais abaixo sintetizados: • Arquivamento de processos sem o encerramento definitivo dos compromissos assumidos; • Conversões de compensações ambientais em serviços/obras que ainda estariam pendentes de definição; • Fragilidade da estrutura existente para a fiscalização e formalização dos TCA’s, visto que a equipe técnica disponível não consegue atender à crescente demanda desses trabalhos; • Embora tenha havido melhora na redução do estoque de TCA’s, ainda é elevado o número de processos pendentes; • Falta de um normativo intersecretarial que estabeleça atuação sincronizada entre os órgãos envolvidos com os procedimentos relativos aos TCA’s, no tratamento dos correspondentes Alvarás de Aprovação de Obras, Certificados de Conclusão / HABITE-SE, e Licenciamento Ambiental; • Elevado número de compensações ambientais convertidas em obras e serviços, que em muitos casos não guardam relação direta com a eliminação, redução ou recuperação do dano ambiental causado; e • Emissão de Certificados de Recebimento sem as evidências da efetiva realização dos correspondentes serviços objeto de compensações ambientais. Além do exposto, os técnicos ressaltaram que, tendo em vista a edição das Portarias nº 026/SVMA e 036/SVMA.G/2008, faz-se necessário o encaminhamento dos casos de manejos não autorizados 59 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ expressamente nos respectivos TCA’s, ao DECONT para investigação da ocorrência de crime ambiental, à luz da Lei Federal nº 9.605/1998, mesmo que a verificação da irregularidade tenha ocorrido antes da edição das referidas portarias e ainda que tenham sido aplicadas e recolhidas as sanções contratuais previstas nos respectivos TCA’s. Termos de Ajustamento de Conduta - TAC No âmbito do Município de São Paulo, o TAC é tratado pelo Decreto n° 42.833/03 e pelas Portarias supramencionadas, e tem por objetivo estabelecer a conversão de Multas Simples por agressões ao meio ambiente em Serviços de Preservação, Melhoria e Recuperação da Qualidade do Meio Ambiente. A Auditoria concluiu que a falta de estrutura suficiente de fiscalização do Departamento de Controle Ambiental – DECONT de SVMA é a principal causa da morosidade na apuração das infrações cometidas, e, por conseqüência, as ações de reparação de danos causados ao meio ambiente não acontecem na mesma proporção de sua ocorrência. As principais insuficiências apontadas sob esse aspecto estão relacionadas a: • Falta de funcionários e equipamentos para a execução de vistorias relativas às denúncias recebidas; • Pareceres técnicos emitidos sem memória de cálculo da quantidade de mudas para plantio compensatório, e sem análise do orçamento apresentado quanto à sua compatibilidade de preços com o mercado; • Atrasos no julgamento de autos de infração; • Aceite de forma indevida de requerimento de TAC formulado por infrator reincidente em período inferior a cinco anos; • Ocorrência de erros no cálculo do valor de multas. Inspeção Veicular O Programa de Inspeção e Manutenção dos Veículos em Uso no Município de São Paulo - I/M-SP, objeto do Contrato 34/SVMA/95 firmado pela Municipalidade com a empresa Controlar S/A. teve o início de suas operações no exercício de 2008, com a implantação e funcionamento do primeiro Centro de Inspeção, para fins de execução 60 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ das inspeções obrigatórias do Programa I/M-SP, porém restrita a veículos diesel e sujeita a ajustes e adaptações. Os exames realizados em 200814 nas atividades de inspeção veicular indicaram uma série de impropriedades, que, em síntese, revelam: • Falta de atendimento à disposição relativa à comprovação da capacidade técnica do profissional indicado, nos termos previstos no Edital da Concorrência 02/SVMA/95; • O Centro de Inspeção Jaguaré, que se encontrava em operação, não possuía projeto aprovado pela Municipalidade, existindo inclusive pendências relativas ao TAC nº 045/2003/SVMA, além do fato de que suas instalações físicas e procedimentos adotados estavam divergentes da proposta técnica apresentada pela Concessionária; • Ausência de justificativa do preço da tarifa da concessão, baseada em uma análise técnica, econômica e financeira, que demonstre seus parâmetros e justifique custos; • Pagamento de indenização à Empresa Controlar, no valor de R$ 937.033,63, relativo a 18.707 veículos inspecionados em 2008, procedimento este não previsto no instrumento contratual; • Falta de medição de ruídos por ausência de instalações apropriadas, o que, inclusive, deve implicar na proporcional redução do preço da tarifa; • Ocorrência de atrasos no cumprimento do cronograma de atividades de Implantação do Programa de Inspeção Veicular; • Desatualização do projeto do Programa de Inspeção considerado por ocasião da celebração do Contrato 34/SVMA/1995, em relação ao atual cenário tecnológico, ambiental e sócio-ambiental. Fiscalização Ambiental As ações, programas e atividades desenvolvidas pelo Departamento de Controle Ambiental - DECONT no controle da qualidade ambiental, segundo exames da Auditoria em processo específico15, carecem de aprimoramento. O Relatório aponta que a estrutura da fiscalização 14 15 TC nº 72.003.522.07-03 TC nº 72.002.440.08-96 61 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ ambiental não é adequada para atender a demanda de denúncias, e é também insuficiente para realização da fiscalização preventiva. O cadastramento e recebimento de multas processadas apresentam deficiências, visto que, nos primeiros nove meses de 2008, foram aplicadas e não pagas multas no valor de R$ 119,0 milhões, enquanto que as multas pagas naquele período somaram apenas a quantia de R$ 122,8 mil. Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - FEMA O planejamento para aplicação dos recursos do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – FEMA requer melhorias, visto que foram detectadas falhas na publicidade dos correspondentes planos anuais, bem como a falta de deliberação do Conselho do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CONFEMA sobre a aplicação de recursos provenientes da alienação dos Créditos de Carbono (Leilão 01/2008), além de indefinições na previsão de desembolsos mensais dos recursos destinados aos projetos financiados pelo Fundo. O Relatório aponta, ainda, uma tímida efetivação de projetos com recursos do FEMA, em face do empenhamento de apenas 24% do respectivo orçamento de 2008, e que os controles internos são precários, sendo necessária a implantação de procedimentos que possibilitem efetividade do controle da execução orçamentária, da arrecadação e da realização de despesas relativas ao Fundo, carências estas que serão abordadas, oportunamente, por ocasião das determinações do Voto. Reflorestamento Urbano O Programa “Arborização Urbana”, lançado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente em 2005, estabeleceu como meta o plantio de 211.200 árvores por ano. Segundo informações da SVMA, no período entre 2005 e 2008, foram plantadas 564.583 mudas de árvores na Cidade de São Paulo, conforme evidenciado no seguinte quadro: 62 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Tipo 2005 2006 2007 2008 Programa de Arborização SVMA 5.288 81.186 70.760 68.582 Subprefeituras 18.220 56.850 41.654 48.109 TCAs 13.316 29.567 36.583 30.634 Fornecimentos outros 1.031 973 23.991 27.739 - - - 10.100 37.855 168.576 172.988 185.164 Outras fontes (eventos, parcerias etc.) Total Conforme se observa, a quantidade de mudas plantadas vem crescendo a cada ano, não obstante, a meta prevista no programa ainda não ter sido alcançada. Manejo e Conservação de Parques O Relatório aponta que a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente incorre em falhas no acompanhamento e fiscalização dos serviços de manejo e conservação de parques, realizado por empresas contratadas, diante das diversas infringências e irregularidades constatadas na execução dos ajustes, as quais estão sendo tratadas em processos específicos16. Operação “Defesa das Águas” A Operação “Defesa das Águas” decorre do Convênio celebrado entre a Prefeitura do Município – (SVMA) e o Governo do Estado de São Paulo, em março de 2007, com vistas ao desenvolvimento de ações integradas nas áreas de proteção dos mananciais do Município, em especial quanto à execução de obras de despoluição das Represas Billings e Guarapiranga, bem como a urbanização e infra-estrutura em favelas daquela região. Como resultado de inspeção realizada17 acerca das atividades objeto do referido Convênio, a Auditoria constatou, em síntese, que: • 16 17 Há necessidade de que a SVMA e a SEHAB estabeleçam planos de ação, logística e diretrizes, com ações que se complementem e TCs nº 72.001.171.08-40; 72.002.725.07-55; 72.000.774.08-70 e 72.000.816.08-19. TC nº 72.002.141.08-15 63 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ viabilizem a liberação das áreas de mananciais, mediante a realocação da população local; • O processo de ocupação irregular horizontal avança nas áreas de mananciais, principalmente fora dos perímetros eleitos pelos Comitês de Coordenação como áreas prioritárias para a adoção das ações objeto da Operação “Defesa das Águas”; • Existe grande dificuldade por parte das equipes de fiscalização, seja a Guarda Ambiental ou os Agentes de Controle Ambiental, na exata identificação da localização e da propriedade dos loteamentos e imóveis irregulares; • Há necessidade de elaboração de procedimento escrito para as ações realizadas, contemplando as diversas etapas da instrução processual e o encadeamento seqüencial de suas fases, em complemento às disposições da Ordem Interna nº 03/08; • Há insuficiência de informações pelos integrantes dos Comitês de Coordenação Local, bem como de veículos e de profissionais com formação em assistência social, para melhor desempenho das ações e alcance dos resultados esperados; e • Por ser a questão jurídica um dos maiores entraves às desocupações nas áreas de mananciais, seria importante destacar equipe jurídica especializada para atuar junto aos Núcleos de Gestão Descentralizada da SVMA, de modo a reduzir os trâmites processuais. Os técnicos ressaltaram, ainda, que a Operação “Defesa da Águas”, por envolver um grande número de agentes municipais e estaduais, necessita que sua coordenação se mantenha ativa e estruturada, dando continuidade às atividades já realizadas, às reuniões periódicas, bem como definindo metas e objetivos globais, de curto e longo prazo, a serem desdobrados por todas as entidades e órgãos envolvidos. Plano Plurianual 2006/2009 Tendo por base informações constantes do Quadro de Acompanhamento do Plano Plurianual e nos documentos fornecidos pela SVMA, o Relatório registra, a exemplo de exercícios anteriores, que dentre as 34 metas fixadas para o triênio de 2006 a 2008, 12 metas foram atendidas, 15 não foram alcançadas, 3 não possuem evidências de realização lançadas, 3 não possuem definição de 64 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ unidade de medida e 1 possui unidade de medida incompatível. Diante desses dados, os técnicos avaliaram a execução orçamentária de 2008, relativa aos projetos e atividades correspondentes às metas fixadas para o período18, constatando que, apesar da ocorrência de reduções e congelamentos dos recursos inicialmente fixados, várias rubricas apresentaram, ao final do exercício, expressivos saldos não utilizados, descaracterizando, portanto, a hipótese de limitação de recursos. Noutro sentido, a Auditoria concluiu também não ser possível realizar uma aferição adequada do desempenho relativo ao cumprimento das metas, em razão da indefinição da totalidade dos serviços e obras a serem executados, bem como do uso de unidades de medida inadequadas, formulação de objetivos mal dimensionados ou até mesmo inexistentes, persistindo, portanto, a necessidade de mudanças e ajustes para viabilizar o efetivo cumprimento do Plano Plurianual e avaliação do desempenho operacional da SVMA. Por outro lado, com a implementação do Plano de Metas da Emenda 30 à LOM, a partir de 2009, deverá ocorrer a reconfiguração do PPA, a ser aprovado também no referido exercício. Indicadores Ambientais O uso de indicadores ambientais pelo Município de São Paulo passou a ser exigência legal inicialmente com a edição do Decreto nº 41.173/02, que regulamentou a Lei Municipal nº 13.155/01. Tais indicadores são utilizados para a elaboração anual do Diagnóstico Ambiental do Município, necessário à definição das diretrizes para aplicação dos recursos financeiros do Fundo Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – FEMA. Em 2006, o Município editou a Lei nº 14.173/06 que estabelece indicadores de desempenho relativos à qualidade dos serviços públicos no Município de São Paulo, dentre os quais figuram os indicadores de proteção ao meio ambiente. Segundo a Auditoria, esses indicadores ainda se encontram em fase de elaboração pelo Grupo de Trabalho Intersecretarial, criado pelo Decreto Municipal nº 47.972/06 e coordenado pela Secretaria Municipal de Gestão. Indicadores Sintéticos 18 TC nº 72.000.334.09-59 65 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Em 2006, a SVMA contratou a instituição Centro de Estudos da Metrópole – CEM, para a construção de um Índice Ambiental ou Indicador Sintético, visando subsidiar os tomadores de decisão e facilitar a comunicação com o público em geral. As análises extraíram um conjunto de cinco indicadores sintéticos que captam diferentes fatores que direta ou indiretamente interferem na sustentabilidade ambiental da metrópole. São eles: 1. Adensamento Vertical Os resultados demonstram que o padrão de ocupação da metrópole nas últimas décadas mostra-se pouco eficiente do ponto de vista da sustentabilidade da Cidade. Os maciços investimentos em infra-estrutura nos últimos cinqüenta anos, tanto na área central expandida como nos vetores sul e sudoeste, não estão, necessariamente, gerando maior adensamento populacional e, portanto, a grande maioria da população continua excluída dos benefícios desses investimentos públicos. Muitos dos distritos localizados nessas regiões se encontram com baixa ocupação ou subutilizados, em oposição a um grande número de distritos periféricos que apresentam ocupação horizontal expandida e elevadas densidades demográficas, reforçando a pressão sobre as áreas de importância ambiental e acentuando o padrão de exclusão social. 2. Precariedade Urbana Reflete uma dinâmica de ocupação do território urbano em que há um crescimento populacional expressivo em lugares de baixa legalidade da posse da terra e infra-estrutura urbana precária (cobertura de esgotamento sanitário), revelando as diferenças de qualidade de vida da população na Cidade nas áreas de importância ambiental. Este indicador, associado ao anterior, demonstra um quadro de restrição e escassez dos recursos naturais e de profunda desigualdade e exclusão socioambiental, para a maioria dos habitantes da Cidade. 3. Cobertura Vegetal Evidencia as áreas da Cidade com presença de cobertura 66 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ vegetal, incluindo vegetação nativa, que estão também associadas à existência de parques e/ou unidades de conservação, cujo domínio das áreas seja público. Neste sentido, este indicador permite também a identificação das áreas prestadoras de serviços ambientais, ainda que possam apresentar categorias distintas de serviços, de acordo com a localização, tamanho e estado de conservação. 4. Controle Ambiental Urbano Mostra as respostas da SVMA aos impactos ambientais causados pelas dinâmicas que atuam com maior intensidade nas áreas de urbanização consolidada. Por outras palavras, este indicador capta a atuação da Secretaria nas áreas mais sujeitas às transformações do espaço promovidas pelo mercado imobiliário, bem como a presença de demandas da população, formalizadas nas denúncias feitas ao DECONT. Os resultados de ações, como a Operação “Defesa das Águas”, demonstram que a atuação do Poder Público não deve ser homogênea para a Cidade como um todo, e que também não pode ser pautada apenas pelo aporte das demandas que chegam à SVMA. 5. Conservação da Biodiversidade É composto por quatro variáveis: número de registros de fauna por distrito; número de registros de flora por distrito; número de áreas por distrito destinadas à arborização; e proporção da área do distrito ocupada por parques municipais em projeto. Os resultados reforçam a importância da manutenção e da criação de áreas verdes públicas, destacando a relevância dos parques municipais, por abrigarem uma grande diversidade de espécies e por contribuírem para a atenuação dos efeitos da urbanização hoje incidentes, em especial as ilhas de calor e a maciça impermeabilização do solo. Os cinco indicadores sintéticos, supra apresentados, demonstram a existência de uma grande diversidade de condições ambientais e sociais da Cidade de São Paulo. Do ponto de vista do planejamento de políticas ambientais, esses resultados revelam que não é possível adotar uma intervenção única para toda a Cidade. Indicadores Ambientais - Observatório Cidadão Nossa São Paulo 67 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Segundo dados disponibilizados pela Organização não governamental “Movimento Nossa São Paulo”, a Auditoria consignou no Relatório dois indicadores que estão inseridos na área de competência da SVMA, a saber: Subprefeitura Subprefeitura Capela do Socorro 37,8% Campo Limpo 24,6% M’Boi Mirim 25,1% Ipiranga 14,5% Pirituba 34,6% Lapa 9,7% Itaquera 32,8% Penha 5,1% Perus 57,9% Vila Mariana 9,9% Jaçanã/Tremembé 62,9% Sé 6,5% Butantã 38,1% Aricanduva 5,3% Freguesia/Brasilândia 36,4% Jabaquara 6,9% São Mateus 22,3% Mooca 4,4% Santo Amaro 27,7% Vila Maria/Vila Guilherme 3,0% 6,3% Cidade Ademar 20,76 Guaianases Santana/Tucuruvi 27, 85 Vila Prudente/Sapopemba 3,58 Cidade Tiradentes 26,20 Ermelino Matarazzo 5,35 Pinheiros 18,45 São Miguel 4,38 Casa Verde/Cachoeirinha 24,04 Itaim Paulista 2,00 Áreas Verdes em relação à área da Subprefeitura Observa-se no indicador que o fator de desigualdade da proporção de áreas verdes entre as Subprefeituras é de 45,5 vezes. 14 – URBANISMO A função Urbanismo envolve atividades relacionadas à implantação e manutenção da infra-estrutura urbana e à prestação de serviços urbanos de utilização pública. 68 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ No exercício de 2008, o valor aprovado para essa função foi de R$ 3,3 bilhões, o que corresponde a 13,0% do orçamento consolidado da PMSP. Desse montante, foram empenhados R$ 3,1 bilhões, com maior destaque para a Secretaria Municipal de Serviços com 25,5%, as Subprefeituras Municipais com 29,7% e a Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano com 15,9% dos valores empenhados. O volume de recursos empenhado na função, comparando-se 2007 e 2008, representou um crescimento 21,2%, destinado, principalmente, aos programas Limpeza Pública (1,0 bilhão), Suporte Administrativo (R$ 615 milhões), Revitalização de Bairros (R$ 454 milhões) e Investimento Habitacional (437 milhões). Limpeza Pública Este programa consumiu o maior volume de recursos apresentando um crescimento de 34% de 2007 para 2008, e compreende os contratos de concessão (limpeza urbana, coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos) e os contratos de varrição (varrição de vias, pintura de guia, capinação, limpeza de favelas, coleta de entulho), que, juntos, absorveram 96% dos recursos aplicados ao programa. Os técnicos ressaltaram que as despesas com a concessão dos serviços divisíveis de limpeza urbana evoluíram 41% em relação a 2007, devido: (a) à retomada da aplicação dos reajustes que estavam congelados desde outubro de 2005; (b) ao pagamento de 70% das parcelas do Acerto de Contas; e (c) ao pagamento de despesas de exercícios anteriores. Quanto à execução desses serviços, reiteraramse apontamentos anteriores quanto à existência de falhas relativas ao cumprimento das cláusulas contratuais estabelecidas, demonstrando necessidade de aperfeiçoamento nos controles internos. Por derradeiro, observou-se que, das 11 metas previstas no Plano Plurianual 2006/2009 para a limpeza pública, não foram cumpridas as relativas à reciclagem de entulho, instalação e limpeza de papeleiras e implantação e operação de ecopontos. Investimento Habitacional Este programa foi o que mais evoluiu dentro da Função Urbanismo, comparando-se os exercícios de 2007 e 2008 (87%), em decorrência do início de obras relacionadas com novos contratos de urbanização de favelas, incluindo as despesas com desapropriação de áreas do entorno. 69 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Observou-se que o montante despendido no programa em 2008 (R$ 437 milhões), superou o valor estabelecido no Plano Plurianual 2006/2009 (281 milhões), o que comprova o efetivo cumprimento da meta estabelecida. A previsão inicial era atender a 13.000 famílias de baixa renda, sendo que, durante o exercício em exame, constatou-se 31 obras de Urbanização de Favelas em andamento, a beneficiar 78.663 famílias cadastradas desde 2004. Crédito de Carbono Os dois leilões realizados em 2008, vinculados aos Aterros Sanitários Bandeirantes e Sítio São João, de propriedade municipal, renderam à Municipalidade cerca de R$ 66 milhões. Não há previsão - nos contratos de concessão e seus respectivos Termos de Compromisso Ambiental – TCA, do equacionamento da repartição de potenciais de receita da venda de crédito de carbono em aterros sanitários, a serem futuramente implantados pelas duas concessionárias e em aterros sanitários de terceiros, questão, até o momento, objeto de análise em autos específicos. Indicadores de Desempenho Conforme consignado no relatório da Auditoria, não há estudos sobre a qualidade dos serviços de limpeza até o momento. O único indicador disponível - serviço denominado Alô Limpeza, vinculado ao Departamento de Limpeza Urbana – LIMPURB - consolida as reclamações e solicitações dos munícipes sobre os serviços prestados, sem aferição do aspecto qualitativo. 15 – INFRINGÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES DO EXERCÍCIO Os técnicos descreveram às fls. 422 a 441 do Relatório o conjunto de infringências e impropriedades detectadas, para as quais indicaram, quando cabível, propostas de recomendações. Todas as questões foram analisadas por minha assessoria e classificadas por critérios de relevância, de modo a serem abordadas no Voto e tratadas por meio de determinações ou recomendações aos responsáveis pelas respectivas áreas onde foram constatadas. 16 – SUGESTÕES DE MELHORIA 70 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Trata-se de uma inovação que a área técnica trouxe para o atual Relatório, consignando às fls. 442 a 447, uma série de sugestões de melhoria relacionadas a impropriedades verificadas e que, embora de menor relevância, são fundamentais para o aprimoramento da gestão municipal, seja em relação aos controles internos, ou quanto ao desempenho operacional das atividades ou programas auditados. 17 – DETERMINAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES O Relatório Anual de Fiscalização apresenta à fl. 448 um quadro demonstrativo da situação em que se encontram as Determinações e Recomendações proferidas por este Tribunal na apreciação das Contas do Executivo em exercícios anteriores a 2008, a saber: Resultado Atendidas Não atendidas Total Recomendações 16 22 Determinações 42 117 Total 58 139 % 29,4 70,6 38 159 197 100,0 A partir desse quadro, por determinação desta Relatoria, foi desenvolvido o reexame de cada Recomendação/Determinação nos autos do TC nº 72.002.783.08-32, que acompanha o Relatório Anual de Fiscalização, visando análise qualitativa das pendências existentes, de forma a evidenciar, na atualidade, eventuais pendências, cujo cumprimento pela Adminsitração não mais se mostra viável no mundo dos fatos, em face do tempo decorrido, com as devidas justificativas do corpo técnico. Tal iniciativa se deu considerando que, historicamente, observa-se uma evolução crescente do número de Determinações ou Recomendações pendentes de atendimento, fato que se explica, não só em razão do número de determinações atendidas por exercício ser, não raramente, inferior ao número de determinações proferidas, mas também por existir situações reincidentes em certos exercícios, para as quais são determinadas ações corretivas análogas àquelas proferidas anteriormente, gerando, de forma involuntária, acúmulo eventual de determinações acerca de um mesmo tema. Assim, buscando clarear a visualização dos temas que foram objeto de determinações e recomendações desta Corte em Exercícios Anteriores, ainda pendentes de cumprimento, foi realizado o agrupamento de quatro situações distintas, a saber: 71 TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ISO 9001 Folha Nº__________________ Proc. Nº__________________ Grupo 1 – Reincidentes em 2008. (fls. 102 a 107); Grupo 2 – Reincidentes em exercícios anteriores, exceto em 2008. (fls. 108 a 110); Grupo 3 – Não mais aplicáveis, acompanhadas dos respectivos motivos justificadores. (fls. 111 a 117); Grupo 4 - Demais Determinações/Recomendações pendentes, não relacionadas nos grupos anteriores, que deverão ser reiteradas. Com base nesse trabalho, portanto, está sendo Consolidado no Relatório Anual de Fiscalização de 2008, as Determinações ou Recomendações relacionadas no referido Grupo 4, de maneira que, dentre as 139 pendências anteriores, remanescerão as 83 situações alí descritas, a serem reiteradas e renumeradas ao final deste voto, sendo a diferença apurada e consignada nos grupos 1, 2 e 3, dada por prejudicada, diante das justificativas individualmente consignadas pelo corpo técnico no referido processo. DA INSTRUÇÃO DO PROCESSO Uma vez concluído o Relatório Anual de Fiscalização, foi dada ciência ao Excelentíssimo Sr. Prefeito GILBERTO KASSAB acerca das conclusões alcançadas. A Procuradoria da Fazenda Municipal, em minucioso Parecer acostado aos autos, trouxe as justificativas apresentadas pelo Executivo Municipal acerca de cada uma das Determinações pendentes, exaradas por esta Corte de Contas nos exercícios anteriores, e propugnou, ao final, pela aprovação das contas apresentadas. A Secretaria Geral, de igual forma, endossou as conclusões dos órgãos técnicos, propondo o acolhimento das contas em exame, com as determinações e recomendações constantes do Relatório Anual de Fiscalização do exercício de 2.008, além dos atos pendentes de apreciação e julgamento. É o Relatório. 72