Boletim - no 010 - Dez.2015
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Boletim - no 010 - Dez.2015
Boletim Informativo Dezembro 2015 Natal … mais emocional, menos tecnológico Destaque deste mês: Como todos os anos, chega o Natal, época que nos desperta, motiva, leva-nos a refletir ou também O Natal aproxima-se com os sons das badaladas dos sinos, as árvores nos faz ficar tristes. O Natal é de todas as épocas do ano a que nos cria maior alteração emocional, quer positiva, enfeitadas e as montras bem iluminadas. Anuncia-se mais uma celebração cristã, mas que tem vindo a perder o seu espirito inicial de simplicidade e humildade simbolizada no nascimento do deus menino num quer negativa, pela importância modesto Hoje, tudo é promovido dada à família ou porque pode pelo comércio e pelo apelo ser vista como uma fase de tran- ao sição ou de mudança para uma consumo, cada Neste boletim, o tema da nossa mais no Nos últimos anos, temos ção da tecnologia em detrimento assistido das emoções. Fazemos um apelo a um grande avanço da tecnologia e que para que neste Natal dê mais domina as nossas vidas. atenção à parte emocional e ao Assim, relacionamento com os outros. O substituímos as cartas e postais natalícios nosso segundo tema é o teste- pela troca de SMS, emails, munho de alguém que manifesta facebook, etc. Será que sintomas de depressão com a podemos aproximação do Natal. Como ter- blema psicológico moderno que vez individualismo. capa é sobre o excesso de utiliza- compras compulsivas. É um pro- numa sociedade que se centra vida melhor. ceiro tema, falamos sobre as estábulo. humanizar um pouco a utilização dessas tecnologias? Em que medida essa troca de mensagens de felicitação contribuem para a felicidade dos outros no dia de Natal? se caracteriza por um excesso de A felicidade está nas nossas mãos e devemos ter determinação para preocupações e desejos relacio- transformar os momentos difíceis numa fase de transição para uma vida nados com a aquisição de bens. melhor. As suas sugestões são de suma Neste Natal envie mensagens com conteúdo motivacional e de importância autoestima. Que as emoções do Natal se multipliquem por todo o Ano. para melhorarmos este boletim. Faça chegar-nos a sua opinião enviando para: [email protected] Dra. Elisabete Condesso Coordenadora do Boletim A PsicoAjuda deseja um Feliz Natal a todos os nossos pacientes e leitores deste boletim! PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 http://www.psicoajuda.pt Email: [email protected] Página 2 Por vezes, chega a depressão no Natal qualquer época do ano, é no Natal que a mesma se acentua. Há muitas causas para estas alterações do humor Com a aproximação do Natal, muitos portugueses e que podem evoluir para uma depressão muito apresentam sintomas depressivos – é a depressão maior. Geralmente, a depressão no Natal é de du- no Natal! ração breve, dura apenas algumas semanas e, em muitos casos, termina quando a pessoa retorna à vida quotidiana. Contudo, é necessário perceber os motivos que estão por detrás da depressão no Natal. Os Fatores que contribuem para este estado depressivo, são, geralmente, o aumento do stress, a fadiga, as expectativas não realizadas, a dificuldade em estar com a família, as lembranças de celebrações passadas com tristeza, a pressão social Imagem: Freepic/mokra para o consumo excessivo e a falta daqueles que já partiram e cuja saudade aumenta nesta época. Publicamos o testemunho de uma das nossas pacientes que vive a época natalícia de uma maneira diferente, em que sentimentos de desânimo, tristeza e desamparo se acentuam, pelo que apresenta um quadro de depressão no Natal. Testemunho de um paciente que sofre de depressão no Natal A depressão no Natal é comum durante o frenesi do Natal e Fim do Ano. O que para muita gente é a época mais feliz do ano, para outras é bem o contrário, em que sintomas depressivos se acentuam. “O Natal é uma época de alegria e esperança. Normalmente deveria ser assim. Mas, para mim, é uma época muito triste e acompanhada por sentimentos de solidão, desamparo e desânimo.” O Natal, para muitas pessoas, é o momento em que os encontros de família se transformam em momento tristes e difíceis de suportar, especialmente porque a pessoa encontra-se deprimida. Embora a depressão possa manifestar-se em “Nesta época, sinto, essencialmente, dor de cabeça, a incapacidade de dormir, agitação ou ansiedade, sentimento de culpa, redução da capacidade de concentração e diminuição do interesse nas atividades que noutras alturas me davam prazer.” A nossa paciente disse que a psicoterapia na PsicoAjuda foi muito importante, pois permitiu-lhe aprender a defender-se da depressão no Natal. Acrescentou que tentou minimizar as expectativas e procurou transformar o Natal numa “festividade normal”. Para ela também foi importante ter evitado formular propósitos de mudanças excessivas para o próximo ano. “Ao longo destes anos aprendi o que não fazer. Não devo mudar muito os meus ritmos e, particularmente, os do sono, ou beber álcool em excesso, exagerar com a comida como compensação, ter expectativas irrealizáveis, focarme no que não tenho e lamentar o passado. Devo, sim, fazer planos para o futuro, mas realísticas e concretos.” PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 http://www.psicoajuda.pt Email: [email protected] Página 3 Assim, a nossa paciente aconselha a quem passa Na presença de um quadro sociopsicológico fra- pelo mesmo a deixar de lado projetos “exagera- gilizado as pessoas têm alguma dificuldade em dos”. Deve, sim, propor-se objetivos realistas, or- distinguir o acessório do relevante. Neste contex- ganizar bem o tempo, definir prioridades, fazer to, serão as pessoas capazes de se impor a si um plano e segui-lo. mesmas os limites dos seus gastos? Que outras estratégias, além da compra, poderão elas definir para lidar com as suas emoções negativas, de modo a obter satisfação? Como presente de Natal, a nossa paciente deixa ainda um conselho para os leitores deste artigo: “Se te sentes deprimida, triste e desanimada, procura apoio Psicológico porque ajuda-te de verdade a compreender os teus sentimentos e dá-te as ferramentas para lidares com as situações da melhor maneira possível.” Compras compulsivas é um transtorno psi- Agradeço a esta paciente por ter partilhado o seu cológico testemunho. Nas festas natalícias ou datas comemorativas é normal que nós realizemos mais compras ou gastemos mais do que planeado. Pelo contrário, um Natal, época de compras comprador compulsivo apresenta esse comportamento ao longo do ano, manifestando, assim, o compulsivas? transtorno de compras compulsivas, ou onioma- Na atual sociedade moderna, de consumo massi- pações e desejos relacionados com a aquisição de vo, assiste-se ao apelo constante à aquisição de objetos e, por um comportamento caraterizado bens, sendo hoje possível realizar compras mes- pela incapacidade de controlar compras e gastos mo sem sair de casa, utilizando meios como o te- financeiros. lefone, televisão ou internet. Trata-se de um problema psicológico moderno, nia, que se caracteriza por um excesso de preocu- uma vez que vivemos numa sociedade materialista, marcada pelo estímulo ao consumo e pela facilidade de acesso ao crédito. Manifesta-se predominantemente no sexo feminino, aos 18 anos de idade, quando se obtém maior autonomia relativamente aos pais, mas a perceção do comportamento de compras como um problema ocorre mais tarde, por volta dos 30 anos. Os objetos preferidos entre as mulheres são roupas, malas, sapatos, perfumes, maquilhagem e PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 http://www.psicoajuda.pt Email: [email protected] Página 4 joias. É, pois, a impulsividade, o fator essencial do Este transtorno causa graves prejuízos pessoais, comportamento. De fato, verifica-se uma dificul- financeiros e familiares. Ocorre em pessoas com dade em interromper os comportamentos de impulsividade elevada, baixa autoestima, vulnera- compra, obtendo-se consequências danosas. bilidade a emoções negativas e suscetibilidade à Compras compulsivas, critérios de diag- influência sociocultural. O ato de comprar é vivido pelos pacientes como alívio para as emoções ne- nóstico gativas. O indivíduo sente um desejo irresistível Os critérios de diagnóstico para o transtorno do de comprar. Após a compra, que tinha como fun- comprar compulsivo são: ção a procura de prazer e alívio, o indivíduo passa 1) Preocupações, impulsos ou comportamentos envolvendo compras; a sentir-se culpado por não ter conseguido manter o controlo. Ou seja, a aquisição de bens materiais representa um conforto efémero e não resol- 2) Impulso irresistível de comprar, geralmente ve as angústias, as frustrações e muito menos a sem necessidade real; baixa autoestima. A pessoa apercebe-se da ina- 3) Comprar mais do que pode, comprar material desnecessário ou comprar por mais tempo do que o pretendido; 4) A preocupação com compras, os impulsos ou o ato de comprar, causam sofrimento marcante, consomem tempo significativo e interferem no funcionamento social e ocupacional ou resultam em problemas financeiros; dequação do seu comportamento e tende a esconder os seus gastos dos familiares e amigos. Compras compulsivas, tratamento recorrendo a psicoterapia É importante que este tipo de problemática seja tratada através de psicoterapia, já que o cerne que leva à compra é a falta de recursos para lidar com situações stressantes e angustiantes, sendo um refúgio que aumenta o evitamento de estratégias de confronto com as situações, de modo a serem resolvidas adaptativamente. Assim, num processo terapêutico, são detetadas as situações problema, as emoções resultantes, novas estratégias para lidar com elas e, além disso, aumentada a autoestima e o controlo dos impulsos de modo a que as decisões sejam devidamente ponderadas antes de um ato irrefletido. Assim, obtém-se o controlo da própria vida, uma maior segurança interna e mais ponderação, essenciais para lidar com as demandas exteriores de uma sociedade de consumo materialista. Dra. Elisabete Condesso Psicóloga e Psicoterapeuta PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 http://www.psicoajuda.pt Email: [email protected]