Discussão sobre incidentes de treinamento de resgate

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Discussão sobre incidentes de treinamento de resgate
BOLETIM DE SEGURANÇA SBS21.2 DA IRATA
Discussão sobre incidentes de treinamento de resgate
N.º de lançamento
Data de lançamento
Publicador
Estado
2.
BS21 parte 2
28 de julho de 2011
Comitê de Saúde e Segurança da IRATA
Conjunto de vários incidentes de treinamento de
resgate
Seleção de dispositivos de backup para utilização de duas pessoas
2.1
A função de um dispositivo de backup é impedir uma queda ou lesão caso ocorra
qualquer tipo de problema com o sistema do cabo de trabalho [ou seja, não apenas falha do
cabo principal].
2.1.2As secções 2.7.1 e 2.7.7 do ICOP da IRATA estipulam que antes de cada trabalho
os usuários devem selecionar o equipamento mais apropriado, avaliar a probabilidade de uso
inadequado antevisto e implementar medidas de controle apropriadas. Isto é aplicável
sobretudo se o equipamento se destinar a ser utilizado de modo diferente do fim para o qual
foi concebido ou diferente dos testes incluídos no padrão com o qual foi testado. O senso
comum sugere que o fator que se sobrepõe a todos os outros é que o equipamento tem se
ser adequado ao fim a que se destina.
2.1.3Os dispositivos utilizados como backup têm de cumprir diferentes padrões
"industriais". Por exemplo:

EN 353-2 [padrão de proteção contra quedas], por exemplo ISC Rocker, Petzl ASAP,
Komet Stick & Run

EN12841 tipo A [Sistema de acesso por corda – dispositivos de ajuste de cordas]
2.1.4A secção 2.7.7.2 do ICOP indica: “Quando os dispositivos de backup são testados
dinamicamente de acordo com os padrões, os testes representam uma queda livre (vertical).
Em certas circunstâncias, uma descida descontrolada pode não ser uma queda livre, e o
dispositivo de backup poderá não ser ativado…os dispositivos de backup devem ser
selecionados pelo respetivo desempenho tendo em conta que caso ocorra uma descida
descontrolada em todos os ângulos esta será prevenida ou minimizada”.
2.1.5A secção 2.7.1.3.4 do ICOP também indica: “O simples fato de um equipamento não
declarar conformidade com um padrão em particular não significa que este equipamento é
inadequado para utilização”.
2.2
Shunt Petzl [EN 567 Braçadeira para corda – padrão de “alpinismo” para utilização
recreativa]
2.2.1Normalmente, deve ser consultado o website do fabricante e as informações
destinadas ao usuário do equipamento. Contudo, as informações fornecidas com um Shunt
não refletem a utilização como dispositivo de backup no acesso por corda.
2.2.2O website da IRATA www.irata.org contém Orientações para Shunts (janeiro de 2008
e agosto de 2009) na secção “Avisos de Segurança” e uma declaração dos especialistas da
Petzl sobre a utilização de Shunts na secção "Informações Técnicas".
http://www.irata.org/irata_technicians.htm
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t: +44 (0)1420 471619  f: +44 (0)1420 471611  www.irata.org
CEO: Roderick Dymott  Secretário: John G Fairley FIAM
IRATA é uma Empresa Limitada por Garantias Registrada em Inglaterra sob o N.º: 3426704 N.º de Registro de IVA: 529 0111 77
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2.2.3Os testes realizados numa workshop de avaliação mostraram que, em condições
extremas, neste caso a queda de uma massa de aço de 200 kg em cima de um talabarte
(rabo de vaca) de 1 metro que estava conectado a um Shunt situado imediatamente abaixo
do nó de ancoragem [fator de queda 1], o Shunt deslizou 5 metros até ao solo sem redução
de velocidade. Quando repetido com um nó a meio da corda, o Shunt se soltou da corda.
Uma carga estática de 200 kg está próxima do limite de resistência ao deslize do Shunt. O
Shunt normalmente irá deslizar em valores ligeiramente mais elevados com uma corda de
diâmetro mais largo.
2.2.4Testes menos severos subseqüentes com manequins [mais comparáveis a um corpo
e menos severos do que uma maça de aço] de massa mais reduzida, por exemplo, 150 kg
com uma fator de queda menor, demonstraram que um Shunt consegue se travar após
deslizes de extensão variável. [Consulte http://www.youtube.com/watch?v=Jv-YCRb6xbI]
Contudo, a extensão de deslize irá variar consoante a massa real e da altura da queda de
um incidente em particular. Um resultado incerto com uma carga dinâmica de duas pessoas
coloca questões sobre a adequação do Shunt como dispositivo de backup adequado para
cargas de resgate.
2.2.5Em maio de 2009, a Petzl emitiu uma declaração especializada sobre a “utilização
contínua do shunt no acesso por corda profissional” indicando que este tipo de utilização
(backup para acesso por corda) não está abrangido pelas instruções genéricas emitidas.
[25.05.09 http://www.irata.org/irata_technicians.htm]. A Petzl afirmou que:
A utilização de um Shunt como dispositivo de backup para mais do que uma pessoa requer
uma consideração cuidada” e “a responsabilidade da utilização cabe ao usuário e ao
empregador”.
“Relembramos que nesta aplicação o Shunt não está abrangido pelos padrões EN 353-2 e
EN 12841”
2.2.6As orientações de 2008 sobre Shunts da IRATA
[http://www.irata.org/safety_notices.htm] indicam: "ATENÇÃO: Caso ocorra falha em um cabo
durante um resgate envolvendo duas pessoas, é provável que o Shunt deslize mais metros
se for usado do modo normal [ou seja, talabarte de backup frouxo [rabo de vaca] /fator de
queda aproximado 1]”.
“É uma boa prática minimizar sempre a folga no talabarte de backup mas especialmente
durante um resgate envolvendo duas pessoas". Reduza a distância de queda ao mínimo
possível mantendo uma folga mínima no talabarte de backup”.
2.2.7Boletim de Segurança 17 da IRATA indica: - Todos os utilizadores de Shunts devem
ser alertados durante o treinamento sobre os métodos de utilização e possível uso
inadequado, incluindo:
a)
diâmetro e configuração da corda do Shunt, por exemplo, comprimento, com/sem
nós na extremidade;
b)
comprimento/tipo do talabarte (rabo de vaca) e conexão ao arnês;
c)
método de operação escolhido e utilização com/sem luvas.
OBSERVAÇÃO O método de operação escolhido não deve impedir o funcionamento do
dispositivo de backup caso ocorra qualquer problema com o cabo de trabalho.
2.2.8A não libertação da corda do Shunt quando necessário é considerada uso
inadequado antevisto, Ref ICOP 2.7.7.5 e é uma questão separada do uso do Shunt para
cargas de resgate. Este problema potencial aplica-se ao uso com uma só pessoa e ao uso
com duas pessoas em uma situação de resgate.
2.2.9Foram efetuados testes em descidas com uma única pessoa na reunião da IRATA
na sede da Petzl para simular a falha de um cabo de trabalho incorporando um cabo de
segurança dinâmico adicional gerenciado por uma terceira pessoa com voluntários
experientes para verificar se a corda do Shunt seria libertada. Em 25% dos casos, a queda
foi suportada pelo cabo de segurança pois o Shunt não se libertou, embora a queda fosse
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esperada. Foi sugerido que o diâmetro e a configuração da corda do Shunt, o uso de luvas e
a forma como a corda foi segurada com determinados descensores, poderão ter influenciado
o resultado. Para ser eficaz em um incidente [se a corda do Shunt for segurada quando o
manípulo no descensor estiver sendo operado] o método de segurar a corda tem de ser tão
ligeiro que a libertação será uma ação involuntária.
2.3
Outros dispositivos de backup
2.3.1Os dispositivos, tal como o Petzl ASAP, que estão em conformidade com um padrão
industrial como o EN 12841 Tipo A são largamente utilizados em muitos países europeus
como é exigido pela respetiva legislação. O uso de ASAP para uma resgate envolvendo duas
pessoas está fora do âmbito do padrão EN 12841, mas a Petzl aprova o resgate de duas
pessoas desde que seja usado com um talabarte de absorção de energia Absorbica
http://www.petzl.com/en/node/10072).
2.3.2Os detratores do ASAP apontam para vários fatores, tais como o mecanismo
complexo e sugerem que este terá tendência para ter problemas com determinados tipos de
trabalho tal como pintura pulverizada ou jateamento, dificuldade de trabalho com o talabarte
curto. Contudo, os membros dos operadores europeus afirmam ter poucos problemas com
estes dispositivos de backup nestes tipos de utilização.
3.
Medidas de controlo no treinamento de resgate [ordenação aleatória].
3.1
Altura do resgate
3.1.1Alturas muito reduzidas [inferiores a 1,5 m para o descensor] – Usar para
treinamento inicial para obter a seqüência correta, ainda que seja provável que os backups
sejam ineficientes a esta altura. Por exemplo, pode ser da altura em pé até deitar a vítima
sobre o solo.
3.1.2Altura reduzida [cerca de 2 m para o descensor] – Uma vantagem que é fácil de
observar. Em operações perto do solo ou de outra estrutura, os usuários necessitam de
conhecer a “distância” requerida (consulte as informações do fabricante) e para minimizar
qualquer impacto potencial através dos vários meios que mantêm qualquer dispositivo de
backup em uma posição elevada.
3.1.3Altura intermédia [superior a 4,5 m] – Não é tão fácil de observar sem uma
plataforma adequada mas se a transferência da vítima for efetuada aqui [com verificações
prévias à descida], existe uma “distância de segurança" adequada e uma maior distância
para os dispositivos ou para o operador parar a descida. Existe maior possibilidade de lesões
sérias à medida que a altura aumenta, mas continua sendo problemático se ocorrer um
problema mais tarde a uma altura reduzida. Existe a opção de parar o exercício nos 2 metros
e separar o resgatador e a vítima.
3.1.4Cálculo para a distância de resgate com o ASAP e o Absorbica, ou seja, distensão
total do absorsor de energia (1,4 m), distância da conexão esternal até aos pés (1,5 m),
distância abaixo dos pés para evitar embater na obstrução (1 m). 1,4 m + 1,5 m + 1 m = 3,9
m de distância mínima necessária para uma pessoa. Durante um resgate, a “vítima”
normalmente fica pendurada abaixo do resgatador, por isso, é incluído 0,7 m extra em caso
de falha do talabarte de ancoragem curto (rabo de vaca), dando um total de 4,6 metros.
3.2
Supervisão do instrutor / avaliador
3.2.1As técnicas demonstradas têm de ser explícitas e devem ser efetuadas intervenções
imediatas logo que os trainees não sigam os procedimentos. A avaliação é mais difícil pois o
avaliador não quer intervir demasiado cedo.
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3.2.2Gerenciamento adequado da seqüência dos exercícios de treinamento /
proporção apropriada entre instrutores e trainees para ser possível observar e intervir.
3.2.3O instrutor e os outros trainees efetuam verificações dos colegas e das funções,
especialmente antes da descida, também durante o resgate da "vítima". Também deve ser
efetuado uma possível “amarração de solo" em cada resgate.
3.2.4O instrutor deve verificar se a distância do talabarte (rabo de vaca) ao Shunt [se for
utilizado um Shunt] está dentro do alcance do resgatador para evitar o bloqueio acidental no
cabo de segurança.
3.2.5O instrutor deve verificar se a folga no talabarte (rabo de vaca) é mínima se for
usado um Shunt.
3.2.6A “amarração de solo” é um controle adicional para impedir descidas descontroladas
e evitar confusão entre cordas, embora seja menos útil quando o cabo de trabalho passa por
um mosquetão de parada e é mantido elevado.
3.2.7O dispositivo de backup da vítima foi mantido conectado e foi gerenciado pela vítima
durante todo o exercício.
3.2.8Um nó de bloqueio a 2 metros no cabo de trabalho poderá ser eficaz mas é
questionável devido ao esticamento da corda e das potenciais forças de impacto elevadas e
necessita de “amarração de solo” para ser libertado.
3.3
Técnicas alternativas
3.3.1A operação alternada do descensor e do Shunt em um exercício de resgate é uma
opção e é muito utilizada durante o treinamento de descida com uma única pessoa. Sem um
bom controle do cabo de trabalho, a descida poderá não ser suave e resultará em um fator
de queda mais elevado para o dispositivo de backup sempre que este for baixado.
3.3.2Resgate utilizando dois descensores com várias opções:

ambos os descensores estão conectados à “vítima”;

ambos os descensores estão conectados ao “resgatador”;

um descensor / backup em cada pessoa e operados alternativamente em
incrementos de 300/400 mm – é adequado para descidas curtas e evita carregar o
equipamento com duas pessoas. Durante a opção acima, para a utilização de um
backup em uma terceira corda, o(s) dispositivo(s) de backup são deixados acima de
um ou de ambos os descensores.
3.4
Sistemas adicionais de proteção contra queda
3.4.1O cabo de segurança adicional é controlada por uma terceira pessoa.
Idealmente, “corda do topo”, mas menos satisfatória se os cabos de segurança extra
passarem por uma polia, devido ao esticamento da corda com uma carga de duas
pessoas a baixa altura.
3.4.2Considere a utilização de um descensor de velocidade controlada
[tipo de
frenagem centrífuga] com capacidade para duas pessoas.
3.4.3Os sistemas adicionais contra queda poderão ser inapropriados, a menos que sejam
aprovados pelo fabricante para cargas de duas pessoas e altura de segurança limitada.
3.5
Outros opções
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3.5.1Pavimento absorsor de impacto / colchões para minimizar as lesões se tudo o
mais falhar.
3.5.2Utilize cabos de trabalho e de segurança de cores diferentes para ajudar a não
confundir as cordas.
3.5.3Uma maior utilização de manequins irá minimizar o número de pessoas em situação
de risco mas é difícil de posicionar inicialmente.
3.5.4A utilização de um assento de suporte é recomendada para o "vítima", embora seja
necessário tomar cuidado para garantir uma carga adequada à transferir a carga para o
resgatador e a carga nas costuras do laço central do arnês.
3.5.5Sempre que possível, evite carregar duas pessoas no equipamento, por exemplo,
elevando ou baixando a vítima.
4.
Resumo das verificações operacionais padrão antes da descida
OBSERVAÇÃO Sempre que for possível, as verificações operacionais antes da descida
devem fazer parte da verificação do parceiro e do supervisor. Embora sejam específicos
deste incidente, os controles seguintes se aplicam à maioria dos sistemas de acesso por
corda.
4.1
Verificação prévia ao uso do equipamento: visual/táctil/funcional (consulte as
instruções do fabricante).
4.2
Para a descida inicial, sempre que possível conecte um talabarte de ancoragem
(rabo de vaca) a uma âncora durante um “teste de função/mini-abseil”, consulte (4.5) abaixo.
4.3
Conecte o dispositivo de backup ao cabo de segurança e mantenha-o em uma
posição elevada “sem mãos” até todas as verificações descritas abaixo ficarem concluídas.
a)
verifique se o mosquetão do dispositivo de backup está fechado corretamente.
b)
verifique a conexão correta e a orientação do dispositivo de backup no cabo de
segurança puxando para baixo no talabarte do dispositivo.
4.4
Conecte o descensor ao cabo de trabalho. Verifique que:
a)
o mosquetão do descensor está fechado corretamente com a abertura virada para o
usuário e apontando para baixo;
b)
o cabo de trabalho está enfiado no descensor como é ilustrado no descensor e/ou de
acordo com as informações fornecidas pelo fabricante;
c)
o fecho na placa lateral, caso exista, do descensor está totalmente fechado. Caso
contrário, verifique as instruções quanto à instalação correta do dispositivo no arnês ou na
âncora.
4.5
Efetue um teste de função / teste de descida / mini-abseil do seguinte modo:
a)
com o dispositivo numa posição elevada “sem mãos” ou com um talabarte de
ancoragem (rabo de vaca) conectado, desbloqueie o descensor segurando com
firmeza a corda de controle e efetue uma descida de 150-200 mm até o descensor estar
funcionando corretamente e ser possível efetuar uma descida controlada. Se um
talabarte de ancoragem (rabo de vaca) for usado para proteção, deve ser removido;
b)
em qualquer altura antes de iniciar uma descida, especialmente se tiver sido
retirado peso do descensor num local de trabalho, efetue o “teste de função/miniabseil" (ou seja, efetue uma descida de 150-200 mm com o dispositivo de backup em
uma posição elevada).
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