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Relatório
de gestão de riscos
170 Resumo executivo
174Exercício comprehensive assessment
do Banco Central Europeu
177 Princípios corporativos de
gestão e controle de riscos
179 Governança corporativa
da função de riscos
182 Modelo de gestão e controle de riscos
192 Ambiente de riscos
194 Risco de crédito
223 Risco de mercado de
negociação e estruturais
245 Risco de liquidez e financiamento
259 Risco operacional
268 Risco de conformidade,
conduta e reputacional
274 Risco de modelo
275 Gestão de capital e controle
do risco de capital
281 Anexo: Transparência EDTF
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RESUMO EXECUTIVO
Resumo executivo
Princípios de gestão e controle de risco do Grupo Santander
Group Wide Risk Management (GWRM): gestão de
riscos a partir de uma visão integrada em todos os
níveis da organização, alinhando de maneira eficiente
os objetivos estratégicos do negócio com um perfil de
riscos médio-baixo e estável.
Integração da cultura de riscos em toda a
organização, impulsionada pela administração, com
esquemas de remuneração em linha com o apetite de
riscos.
Capital regulatório
Independência da função de riscos em relação às
funções do negócio.
Poderes e atribuições com decisões colegiadas que
assegurem diferentes opiniões.
Formulação e acompanhamento do apetite, uso
da análise de cenários com modelos e parâmetros
avançados, estabelecendo um marco de controle,
reporte e escalonamento que identifique os riscos.
páginas de 275 a 280
CET1 fully loaded
Comprehensive Assessment
Evolução CET1 2014
9,70%
7,66%
páginas de 177 a 178
7,66%
7,33%
-4 p.b. -29 p.b.
64 p.b.
140 p.b.
O CET1 (Basel III fully loaded) está situado em um
nível de 9,7% após o aumento de capital de 7.500
milhões de euros realizado em 9 de janeiro de 2015
com o objetivo de apoiar os planos de crescimento
orgânico do Grupo.
O exercício de Comprehensive Assessment mostra a
resistência do balanço do Grupo:
• Ajuste não relevante (4 p.b. no CET1) do AQR, o
qual reflete classificação de riscos e coberturas
adequadas.
• Perda no CET1 de apenas 29 p.b. nas provas do
stress test, o menor impacto dentre os concorrentes
na zona do euro.
Dez ‘13 Ajuste Impacto DEZ ‘16
Fully
AQR
ST
Fully
Loaded
adverso Loaded
Dez ‘13
Fully
Loaded
2014
Impacto 2014
aumento proforma
Risco de liquidez e financiamento
páginas de 245 a 258
Índice créditos líquidos / depósitos total Grupo
115%
112%
113%
O Santander apresenta uma posição folgada de
liquidez, sustentada por sua força comercial e
modelo de subsidiárias autônomas, com peso
elevado de depósitos de clientes.
O índice de créditos/depósitos mantém-se em níveis
bastante confortáveis (113%).
Em um ambiente de mercado mais favorável,
com liquidez abundante a menor custo e maiores
recursos ao financiamento no atacado de médio e
longo prazo em 2014: 18 unidades emitindo em 15
países e 13 moedas.
DEZ 12
DEZ 13
DEZ 14
Observação: dados de 2012 e 2013, com perímetro homogêneo atual.
170
Cumprimento antecipado de requisitos regulatórios
e novo aumento da reserva de liquidez do Grupo,
atingindo 230.000 milhões de euros.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RESUMO EXECUTIVO
Melhoria do perfil de risco de crédito
páginas de 194 a 222
Risco de crédito a clientes por região
Mais de 80% do risco é de banco comercial.
%
Elevada diversificação geográfica e setorial.
Melhoria do perfil de risco.
Outros 18%
Espanha
23%
• Taxa de inadimplência do Grupo em 5,19%, redução
de 42% p.b. versus o ano passado, com destaque
para o Brasil (-59p.b.), Reino unido (-19p.b.) e
Espanha (-11p.b.).
• Índice de cobertura de 67%, com aumento de 2p.p.
versus o fechamento de 2013.
• Alocações no encerramento do exercício em 10.562
milhões de euros, com queda generalizada nas
grandes unidades.
• Custo do crédito em patamares de 1,43% (1,69% em
dezembro de 2013).
Estados Unidos 9%
Chile 4%
Brasil 11%
Portugal 3%
Reino Unido 32%
Principais números
Taxa de inadimplência e índice de cobertura
Entradas líquidas
%
Taxa de inadimplência
5,64
Índice de cobertura
%
17.596
67
62
5,19
Custo do crédito1
Milhões de euros
1,53
1,43
2013*
2014
9.652
2013*
2014
2013*
2014
2013*
2014
1. Custo do crédito = alocações para perdas com crédito doze meses / média das operações de crédito.
* Não inclui SCUSA.
Risco de mercado de negociação e estruturais
páginas de 223 a 244
Evolução do VaR 2012-2014
No VaR médio na atividade de
negociação BMG permanece em
níveis baixos devido ao foco no
serviço ao cliente e à diversificação
geográfica.
Milhões de euros. VaR a 99% com horizonte temporal de um dia
35
— VaR
— Média móvel 15 dias
— VaR médio 3 anos
30
Estrutura de balanço adequada
permite que as variações de taxa de
juros tenham um impacto reduzido
na margem e no valor dos recursos
próprios.
MÁX (25,5)
25
20
15
Níveis de cobertura do índice core
capital em torno de 100% versus
movimentos de taxas de câmbio.
10
DEZ 2014
OUT 2014
AGO 2014
ABR 2014
FEV 2014
DEZ 2013
OUT 2013
AGO 2013
JUN 2013
ABR 2013
FEV 2013
DEZ 2012
OUT 2012
AGO 2012
JUN 2012
ABR 2012
FEV 2012
DEZ 2011
JUN 2014
MÍN (8,2)
5
171
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
Ao longo deste Relatório de gestão são fornecidas informações abrangentes sobre os riscos enfrentados pelo Grupo, o modo pelo qual os
mesmos são administrados e de que maneira afetam a atividade e os
resultados do Grupo. Também são detalhadas as ações adotadas pela
Instituição para minimizar sua ocorrência e atenuar sua severidade.
Relatório de gestão, Relatório de auditoria e demonstrações anuais e
Relatório de relevância prudencial (IRP ou ‘Pilar III’). Nessa mesma linha
de promover a transparência, o IRP inclui um glossário de termos com
a terminologia básica de riscos utilizada nesta seção, bem como no
próprio IRP.
A seguir, de acordo com as melhores práticas de mercado, consta um
mapa de navegação que facilita acompanhar os principais temas tratados neste Relatório de gestão de risco por meio dos vários documentos
publicados pelo Grupo:
Em anexo ao final do Relatório de Gestão do Risco há uma tabela com
a localização das recomendações do EDTF (Enhanced Disclosure Task
Force, sob o Financial Stability Board) nas informações publicadas pelo
Grupo Santander.
172
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
Mapa de navegação de documentos do Grupo Santander com informações sobre gestão de riscos
Bloco
Pontos
Relatório
anual
Relatório de
auditoria e
demonstrações
anuais
Comprehensive
Assessment BCE
Princípios
corporativos
Governança
corporativa da
função de riscos
Exercício comprehensive assessment do Banco Central Europeu
Pág. 174
Nota 54.10
Seção 5
Princípios corporativos de gestão e controle de riscos
Pág. 177
Nota 54.1
Seção 5
Governança corporativa da função de riscos
Pág. 179
Nota 54.2
Seções 5 y 6
Pág. 182
Pág. 183
Pág. 183
Pág. 184
Pág. 187
Pág. 188
Pág. 188
Pág. 189
Pág. 190
Pág. 192
Pág. 194
Nota 54.3
Seção 13
Gestão de capital
e controle do
risco de capital
Mapa de riscos
Group Wide Risk Management (GWRM)
Risk Assessment
Apetite de risco e estrutura de limites
Análise de cenários
Planos de viabilidade e resolução (Living wills)
Reporting independente
Marco de controle Interno
Cultura de riscos
Ambiente de riscos
Introdução ao tratamento do risco de crédito
Principais números e evolução (mapa de risco, evolução, conciliação,
distribuição geográfica, segmentação, parâmetros de gestão)
Detalhamento das regiões com maior concentração:
Reino Unido, Espanha, Brasil
Outras ópticas de risco de crédito (risco de crédito por
atividades em mercados financeiros, risco de concentração,
risco-país, risco soberano e risco ambiental)
Ciclo de risco de crédito (pré-venda, venda e pós-venda)
Estudo do risco e processo de qualificação de crédito, planejamento
e estabelecimento de limites (análise de cenários)
Decisão sobre operações (técnicas de mitigação do risco de crédito)
Acompanhamento, medição e controle
Gestão de recuperações
Atividades sujeitas a risco de mercado e tipos de risco de mercado
Riscos de mercado de negociação
Principais números e evolução
Metodologias
Sistema de controle de limites
Riscos estruturais do balanço
Principais números e evolução
Metodologias
Sistema de controle de limites
Riscos de pensões, atuariais e fiduciários
Introdução ao tratamento do risco de liquidez e financiamento
Marco de gestão da liquidez - acompanhamento e controle do risco de
liquidez (modelo organizacional e de governança, análise de balanço e
medição do risco de liquides, gestão adaptada às necessidades do negócio)
Estratégia de financiamento e evolução da liquidez em 2014
Perspectivas de financiamento em 2015
Definição e objetivos Governança corporativa e modelo organizacional
Modelo, gestão e controle do risco operacional
(modelo de identificação, medição e avaliação do risco,
implantação do modelo, sistemas de informação
Evolução dos principais parâmetros. Medidas de
mitigação. Plano de continuidade do negócio
Outros aspectos do controle e acompanhamento do risco operacional
Definição e objetivo Governança corporativa e modelo organizacional
Modelo de apetite de risco e exercício de risk assessment regulatório
Modelo de gestão de risco (prevenção de lavagem de
dinheiro e financiamento do terrorismo, comercialização
de produtos e serviços, conduta nos mercados de capitais,
prevenção de riscos penais, relação com supervisores)
Risco de modelo
Novo marco regulatório
Capital econômico
Planejamento de capital e exercícios de estresse
Anexo:
Transparência EDTF
Tabela recomendações EDTF
Modelo de gestão e
controle de riscos
Ambiente de riscos
Risco de crédito
Risco de mercado
de negociação
e estruturais
Risco de liquidez
e financiamento
Risco Operacional
Risco de
conformidade,
conduta e
reputacional
Risco de modelo
IRP
(Pilar iii)
Seção 2
Pág. 194
Pág. 203
Nota 54.4
e outras notas
e informações
relacionadas
Seções 7 y 8
Nota 54.5
e outras notas
e informações
relacionadas
Seção 9
Nota 54.6
e outras notas
e informações
relacionadas
Seção 10
Nota 54.7
e outras notas
e informações
relacionadas
Seção 11
Seção 12
Pág. 269
Nota 54.8
e outras notas
e informações
relacionadas
Pág. 274
Pág. 277
Pág. 277
Pág. 279
Nota 54.9
Nota 54.10
e outras notas
e informações
relacionadas
Pág. 210
Pág. 218
Pág. 218
Pág. 219
Pág. 220
Pág. 222
Pág. 223
Pág. 224
Pág. 224
Pág. 234
Pág. 235
Pág. 236
Pág. 236
Pág. 240
Pág. 241
Pág. 241
Pág. 245
Pág. 246
Pág. 250
Pág. 258
Pág. 259
Pág. 260
Pág. 263
Pág. 266
Pág. 268
Pág. 269
Seções 2 y 5
Pág. 281
173
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
EXERCÍCIO COMPREHENSIVE ASSESSMENT DO BANCO CENTRAL EUROPEU
1. Exercício Comprehensive Assessment
do Banco Central Europeu
Avaliação global do BCE
Em outubro de 2013, teve início o exercício de avaliação global
do Banco Central Europeu com o objetivo de implementação
do Mecanismo Único de Supervisão a partir de 4 de novembro
de 2014. Nesse exercício, as instituições se submeteram a uma
avaliação do risco, uma análise da qualidade dos ativos e um teste
de resistência. Seu objetivo é elevar a transparência, controle e
credibilidade de maneira que os resultados reforcem a confiança
do setor privado na solvência dos bancos europeus e na qualidade
de seus balanços.
Participaram do exercício as instituições mais relevantes da UE,
isto é, todas aquelas que atendiam pelo menos a um dos seguintes critérios: (1) Ativos superiores a 30.000 milhões de euros; (2)
ativos superiores a 20% do PIB do país; (3) ser uma das 3 maiores
instituições de um Estado-Membro.
A avaliação global fundamentou-se em três pilares:
•Análise de Risco (Risk Assessment): avaliação prévia do modelo
de negócio e dos riscos mais relevantes, incluindo os riscos relacionados à liquiDec, alavancagem e financiamento. Foi levado
em conta o perfil de risco de cada instituição, sua relação com as
demais instituições e sua vulnerabilidade a fatores externos.
•Revisão da qualidade dos ativos (Asset Quality Review-AQR):
análise qualitativa e quantitativa das exposições de crédito e
mercado em Dezembro de 2013 (incluindo itens fora de balanço,
duvidosos, refinanciamentos e risco soberano). Seu objetivo
específico é avaliar se as provisões e avaliação de colaterais da
exposição ao crédito são adequadas, bem como a avaliação dos
instrumentos complexos e ativos de alto risco. Esse processo foi
estruturado em três fases:
• Seleção de carteiras: de acordo com a proposta de autoridades
nacionais, foram selecionadas carteiras a serem incluídas na
análise, cumprindo os critérios sobre cobertura estabelecidos
em nível nacional e de instituição.
174
•Execução: validação da integridade de dados, avaliação das garantias e recálculo das provisões e dos ativos ponderados por
risco.
•Verificação: análise da consistência para assegurar a comparabilidade dos resultados de todas as carteiras e de todos os
bancos em toda a União Europeia. Inclui as análises do controle
da qualidade, pautas e definições.
•Provas de resistência (Stress Test): exercício de análise sobre
a capacidade de suportar uma situação adversa por parte das
instituições. Foi realizada em colaboração com a EBA (European
Banking Authority).
O exercício estabeleceu um cenário básico e outro pessimista
com impacto sobre a evolução de um banco, incluindo seus riscos
(crédito, mercado, soberano, securitização e custo de financiamento), com um horizonte temporal de 3 anos (2014-2016), utilizando
como dados de partida os dados de encerramento de 2013 e ajustados pelo AQR. O cenário macroeconômico no cenário pessimista levou em conta alguns riscos sistêmicos para o setor bancário
como por exemplo um aumento nas taxas de juros dos títulos em
nível global, especialmente vinculados a economias emergentes
ou uma deterioração mais acentuada na qualidade dos ativos em
países com fundamentos mais fracos e setores financeiros vulneráveis.
O capital mínimo (CET1) foi estabelecido em 8% sob um cenário
básico e 5,5 em cenário pessimista, segundo a definição de (Basileia III (CRD IV/CRR) e seu calendário de introdução progressiva
(phase-in).
Os resultados do stress test baseiam-se nos cenários definidos
na metodologia e não são previsões do desempenho financeiro
nem de índices de capital. O stress test baseia-se na metodologia
comum desenhada pela EBA, a qual inclui hipóteses chave para
simplificar o exercício (por exemplo, um balanço estático, uma distribuição de dividendos similar à da média dos últimos três anos,
ajustes de avaliação na dívida pública).
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
EXERCÍCIO COMPREHENSIVE ASSESSMENT DO BANCO CENTRAL EUROPEU
Dados básicos stress test 2014 para o conjunto da união europeia (perímetro EBA)
Amostra
• 123 bancos
• 28 bilhões euros em ativos (70%
sistema bancário UE)
Impacto CET1 fully loaded
• AQR: -40 p.b.
• Cenário pessimista: -230 p.b.
• Total: -270 p.b.
Resultado da avaliação global do BCE
O resultado da Avaliação Global do BCE para o Banco Santander
deixou claro a qualidade das carteiras, a correta avaliação dos ativos e
provisões adequadas, bem como a soliDec de seu modelo de negócio
frente a cenários macroeconômicos adversos.
Quanto ao exercício de AQR ou de revisão da qualidade das carteiras, foram analisadas 16 grandes carteiras de crédito em sete países
de diversos segmentos (residencial, PMEs, corporativo) até superar
os 50% dos riscos de crédito. Além disso, revisamos procedimentos e
políticas, realizando amostragens e revisão de expedientes, avaliações
de imóveis e garantias, bem como as revisões dos modelos de avaliação da carteira de negociação.
Déficit de capital
• Máximo: 24.600 milhões de euros
• Atual: 9.500 milhões de euros (após as
medidas 2014)
No que se refere ao stress test, o Santander tem superado com folga
os cenários propostos, em especial o cenário pessimista, com ocorrência de probabilidade muito baixa.
No cenário básico, o Santander situa-se dentre as entidades que
mais geram capital no período (+161 p.b.), elevando o CET1 de 2016
atingindo 12%. Com o excesso de capital sobre o mínimo exigido na
análise (8%), fica próximo de 22.000 milhões de euros, dentre os mais
elevados do sistema.
No cenário pessimista, o Santander é o banco que apresenta o menor
impacto negativo dentre os grandes bancos europeus. Seu índice
CET1 2016 caiu para 143 p.b. atingindo 8,95%, o que representa um
excedente de 345 p.b. ou 19.456 milhões de euros sobre o mínimo
exigido (5,5%). Também se situa dentre os maiores do sistema.
O ajuste decorrente desta análise exaustiva foi irrelevante no CET1
(-4 p.b.), o menor impacto dentre os concorrentes e muito além da
média do sistema (-40 p.b.). Tudo isso reflete a correta avaliação e
classificação dos ativos, bem como um adequado nível de provisões
associadas a eles.
Além disso, em termos de ativos de nível 3 somos o Banco com menor
peso dentre os grandes bancos europeus (0,13% dos ativos totais), em
virtude da menor complexidade do balanço e de nosso modelo de
banco comercial.
175
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
EXERCÍCIO COMPREHENSIVE ASSESSMENT DO BANCO CENTRAL EUROPEU
Índice CET1 AQR (%)
Índice CET1 ST Básico (%)
+161 p.b.
10,38%
-4 p.b.
10,34%
Índice CET1 ST Pessimista (%)
11,99%
10,38%
10,38%
-143 p.b.
Índice CET1
ajustado Dez’16
Impacto
Índice CET1
Dez’13
Índice CET1
ajustado Dez’16
Impacto
Índice CET1
Dez’13
Índice CET1
ajustado Dez’13
Ajuste
Índice CET1
Dez’13
8,95%
Considerando a versão fully loaded do índice CET1, em outras
palavras, antecipando os impactos de Basileia III, os resultados
continuam sendo muito satisfatórios para o Grupo:
•No cenário básico, o Santander se situa como a segunda instituição que mais gerou capital no período (+291 p.b.) alcançando
um CET1 em 2016 de 10,57%, o que representa um excesso de capital sobre o mínimo requerido na análise de aproximadamente
14.000 milhões de euros.
•No cenário pessimista, o Santander é o Banco que menos impacto negativo apresentou dentre os grandes europeus em seu
índice CET1, com uma queda de apenas 33 p.b., atingindo 7,33%,
o que representa um superávit de 183 p.b. ou 10.320 milhões de
euros sobre o mínimo exigido (5,5%).
Índice CET1 fully loaded ST Básico (%)
Ajuste
Índice CET1
ajustado Dez’13
Índice CET1
Dez’13
Em resumo, os ajustes irrelevantes no AQR, os baixos impactos nos cenários contemplados nas provas de resistência e os
excedentes de capital alcançados refletem um comportamento
diferencial frente aos concorrentes e confirmam que o Grupo Santander opera com os níveis de capital adequados para seu modelo
de negócio e seu perfil de médio-baixo risco.
O exercício Comprehensive Assessment foi a última das provas de
resistência às quais o Grupo Santander foi submetido ao longo
da última crise econômica. Em todos eles ficou demonstrado que,
graças principalmente ao modelo de negócios e a diversificação
geográfica existente no Grupo, o Banco Santander continuaria
176
7,66%
-33 p.b.
7,33%
Índice CET1
ajustado Dez’16
7,66%
Impacto
7,62%
10,57%
Índice CET1
ajustado Dez’16
-4 p.b.
Impacto
7,66%
Índice CET1
Dez’13
+291 p.b.
Índice CET1 fully loaded ST Pessimista (%)
Índice CET1
Dez’13
Índice CET1 fully loaded AQR (%)
gerando lucro para seus acionistas e cumprindo os mais rigorosos
requisitos regulatórios frente aos cenários macroeconômicos mais
severos.
Além disso, os exercícios internos de resistência que o Banco realiza desde 2008 dentro de seu processo de autoavaliação do capital
(Pilar II) refletiram, igualmente, a capacidade do Grupo Santander
de fazer frente aos cenários mais difíceis, tanto em nível global,
como nas principais regiões onde está presente, sendo importante
notar que, em todos os casos e apesar da severidade da última
crise, a realidade foi menos severa que os cenários definidos (para
maiores detalhes, ver seção 12.3).
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
PRINCÍPIOS CORPORATIVOS DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
2. Princípios corporativos de
gestão e controle de riscos
A qualidade da gestão de risco constitui para o Grupo Santander
uma de suas características de identidade e, portanto, um eixo prioritário de ação. Em seus mais de 150 anos de trajetória, o Santander
desenvolveu uma combinação de prudência na gestão de riscos,
junto com o uso de técnicas avançadas que se mostraram decisivas
na obtenção recorrente e saudável de resultados econômicos e,
finalmente, de criação de valor para o acionista.
A política de riscos do Grupo Santander está voltada à manutenção
de um perfil médio-baixo e previsível para o conjunto de seus riscos,
sendo seu modelo de gestão de riscos um fator-chave para alcançar
os objetivos estratégicos do Grupo.
A conjuntura econômica durante os últimos anos colocou especialmente à prova os processos de identificação, avaliação, gestão
e controle de riscos. Nesse contexto, a gestão de riscos diferentes
mostrou um desempenho positivo comparativamente à evolução
do setor em tais mercados, o que, aliado à elevada diversificação
internacional dos negócios do Grupo, permitiu atingir resultados
globalmente satisfatórios. A experiência resultante do enfrentamento desse ambiente econômico adverso servirá para reafirmar os
princípios sobre os quais se baseia o modelo de gestão de riscos do
Grupo, assim como para melhorar os aspectos dos sistemas de gestão de riscos necessários para garantir sua contribuição adequada
aos resultados globais do Grupo.
A atividade de riscos é regida pelos princípios básicos a seguir, os
quais estão em linha com a estratégia e o modelo de negócio do
Grupo Santander e levam em conta as recomendações dos órgãos
de supervisão e reguladores e as melhores práticas de mercado.
•Uma cultura de riscos integrada em toda a organização. Compreende uma série de atitudes, valores, habilidades e pautas de
atuação frente aos riscos, que devem ser integrados em todos os
processos, incluídos aqueles de tomada de decisões de gestão
e de planejamento estratégico e de negócio. É desenvolvida por
meio do forte envolvimento da administração na gestão e
tomada de decisões sobre os riscos, sistemas de remuneração
alinhados com o apetite de riscos, processos de treinamento
em todos os níveis da organização, sólidos mecanismos de controle e um marco regulatório completo e detalhado das políticas
e processos de gestão e controle dos riscos.
•Independência da função de riscos, abrangendo todos os riscos e proporcionando uma adequada divisão entre as unidades
geradoras de risco e as unidades encarregadas de seu controle
e supervisão e contando com autoridade suficiente e o acesso
direto aos órgãos de direção e governança que tenham a responsabilidade pelo estabelecimento e supervisão da estratégia e das
políticas de riscos.
•A consideração total de todos os riscos como objetivo para a
adequada gestão e controle de riscos, incluindo tanto os originados direta como indiretamente (por exemplo, fornecedores
internos e externos). Considera-se essencial a capacidade de
elaborar uma visão superabrangente dos riscos assumidos,
entendendo as relações entre esses riscos e facilitando sua avaliação conjunta, sem prejuízo das diferenças de natureza, grau
de evolução e possibilidades reais de gestão e controle de cada
tipo de risco e adaptando a organização, processos, relatórios e
ferramentas às características de cada um.
177
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
PRINCÍPIOS CORPORATIVOS DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
•Um modelo organizacional e de governança que atribua a todos os riscos responsáveis por gestão e controle, preservando o
princípio de independência e com mecanismos de reporte claros
e coerentes, tanto em cada subsidiária do Grupo, como destas
com a corporação.
•A tomada de decisões é realizada por meio da delegação de poderes e atribuições a cada unidade gestora do risco, principalmente por meio de órgãos colegiados, o que é considerado um
instrumento eficaz para facilitar uma análise adequada e perspectivas diferentes a serem consideradas na gestão de riscos. O
processo de decisão inclui um contraste ordenado de opiniões,
de acordo com o possível impacto da decisão e a complexidade
dos fatores que podem afetá-lo.
•O Grupo promove o uso de instrumentos de gestão comuns
entre países, sem prejudicar sua adaptação à norma, exigências
de supervisão e grau de progresso de cada unidade.
•Esses instrumentos incluem a elaboração e monitoramento do
apetite de risco, pelo qual o Grupo determina a quantidade e
tipo de riscos que considera razoável assumir na execução de
sua estratégia de negócio e seu desenvolvimento em limites
objetivos, comparáveis e coerentes com o apetite de risco para
cada atividade relevante; a utilização de análises de cenários
e uma visão preventiva dos riscos nos processos de gestão,
usando modelos e parâmetros avançados e estabelecendo um
marco de controle, divulgação e escalonamento que permitam identificar e gerir os riscos sob diferentes perspectivas.
Além disso, os processos periódicos de identificação e avaliação de riscos (risk assessment) e os planos de contingência,
continuidade do negócio e viabilidade e resolução completam
os mecanismos de gestão essenciais os quais, juntamente com
os demais instrumentos e princípios citados, formam os componentes do programa de gestão integral dos riscos do Grupo
(group wide risk management).
Nas seções seguintes, desenvolvemos os componentes comuns a
todos os riscos, deixando para as seções finais a análise dos componentes e perfil de risco específico para cada tipo de risco.
178
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GOVERNANÇA CORPORATIVA DA FUNÇÃO DE RISCOS
3. Governança corporativa
da função de riscos
3.1. Estrutura da governança
corporativa de riscos
iii.As medidas previstas para minimizar o impacto dos riscos
identificados, no caso de se concretizarem.
O conselho de administração é o responsável pela aprovação das
políticas e estratégias gerais da Sociedade e, em especial, pela
política geral de riscos.
iv. Os sistemas de informação e controle interno, utilizados para
controlar e gerir os referidos riscos.
Além do comitê executivo, com foco maior em riscos, o conselho
conta com o comitê de supervisão de riscos, regulamentação e
conformidade.
Comitê de supervisão de riscos,
regulamentação e conformidade
•Dar assistência ao conselho no monitoramento da aplicação da
estratégia de riscos.
•Revisar sistematicamente as exposições com os principais clientes, setores econômicos de atividade, áreas geográficas e tipos
de risco.
Esse comitê tem como missão assessorar o conselho em matéria
de supervisão e controle de riscos, na definição das políticas de
riscos do Grupo, nas relações com as autoridades supervisoras e
em matéria de regulamentação e conformidade.
•Conhecer e avaliar as ferramentas de gestão, iniciativas de melhoria, evolução de projetos e qualquer outra atividade relevante,
relacionada com o controle de riscos, incluindo a política sobre
modelos internos de risco e sua validação interna.
Com a anuência da assembleia geral de 20141 e segundo proposta
do conselho, esse comitê foi criado, em linha com a diretiva europeia CRD IV e com as melhores práticas do mercado. É composto
por conselheiros externos ou não executivos, com uma representação majoritária de conselheiros independentes, e presidido por
um conselheiro independente.
•Apoiar e assessorar o conselho na relação com supervisores e
reguladores nos vários países em que o Grupo está presente.
As funções do comitê de supervisão de riscos, regulamentação e
conformidade são:
•Apoiar e assessorar o conselho na definição e avaliação das
políticas de riscos que afetam o Grupo na determinação da propensão ao risco e estratégia de riscos. Nas políticas de riscos do
Grupo, devem ser incluídas:
i. A identificação dos diversos tipos de risco enfrentados pelo
Grupo, incluindo financeiros, econômicos, passivos contingentes e outros fora do balanço.
ii. O estabelecimento do apetite de risco que o Grupo considere
aceitável.
•Supervisionar a conformidade com o código geral de conduta, os
manuais e procedimentos de prevenção de lavagem de dinheiro
e financiamento do terrorismo e, em geral, das regras de governança e do programa de conformidade da Sociedade, fazendo
as propostas necessárias para sua melhoria. Particularmente,
corresponde ao comitê o recebimento de informações e, se for o
caso, a emissão de relatórios sobre medidas disciplinares a membros da administração.
•Supervisionar a política e as regras de governança e conformidade do Grupo e, em particular, a adoção de ações e medidas que
resultem dos relatórios ou ações de inspeção das autoridades
administrativas de supervisão e controle.
•Dar prosseguimento e avaliar as propostas e novidades regulatórias resultantes da aplicação e possíveis consequências para o
Grupo.
1. O comitê de supervisão de riscos, regulamentação e conformidade fez sua primeira reunião no dia 23 de julho de 2014.
179
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GOVERNANÇA CORPORATIVA DA FUNÇÃO DE RISCOS
Comitê delegado de riscos (CDR)
Comitês básicos na gestão de riscos
O órgão com poderes delegados do conselho para a gestão de
riscos, tomando decisões no âmbito dos poderes delegados pelo
conselho para assegurar que o perfil de riscos do Grupo resultante
da estratégia de negócios esteja alinhado aos limites de apetite de
risco e políticas globais aprovadas pelo conselho. Dentre os poderes, o CDR aprova operações e estabelece políticas de riscos e
faz um acompanhamento do perfil de risco global, garantindo que
o Grupo conte com a estrutura, recursos e sistemas necessários
para fazer uma adequada gestão e controle de riscos.
O CDR delegou partes de seus poderem em comitês de riscos corporativos, estruturados por tipo de risco e atividade, o que facilita
um processo de escalonamento para tomada de decisões finais e
acompanhamento contínuo do perfil de riscos.
O CDR é presidido por um vice-presidente executivo, sendo
composto também por outros quatro conselheiros do Banco. Em
2014, o comitê delegado de riscos participou de 96 reuniões,
atestando a importância que o Grupo Santander dá a uma gestão adequada de seus riscos.
As principais responsabilidades desse comitê são:
•Resolver as operações além dos poderes delegados aos órgãos
inferiores, assim como os limites globais de pré-classificações
em favor de grupos econômicos ou em relação às exposições por
classes de riscos.
•Fornecer ao comitê de supervisão de riscos, regulamentação e
conformidade as informações necessárias para o cumprimento
das funções atribuídas por lei, pelos Estatutos e o presente
regimento, sem prejuízo da obrigação de manter o conselho de
administração totalmente informado de suas ações em matéria
de gestão de riscos.
Cada tipo de risco tem seu próprio esquema de comitês. O risco
de crédito é gerido por meio de comitês em função do segmento
do cliente e o risco de mercado é gerido a partir do comitê global
de riscos de mercado. Os riscos atuariais e de pensões são geridos
a partir do comitê de riscos de negócios globais.
Por sua vez, a gestão de risco operacional tem sido um eixo de atuação muito relevante durante 2014, avançando a participação das
primeiras linhas de defesa e potencializando a figura de coordenador de risco operacional dentro das primeiras linhas de defesa
corporativa. Esses coordenadores participam e apoiam ativamente
na gestão e controle desse risco. O esquema de governança definido conta com comitês de primeira linha, nos quais se tratam dos
temas mais relevantes em relação à gestão do risco operacional e
um comitê de controle (comitê corporativo de risco operacional).
Para maiores informações sobre a governança dos riscos de liquidez e conformidade, consultar as seções relativas a risco de liquidez e financiamento e risco de conformidade, conduta e reputacional neste mesmo relatório.
3.2. Modelo de responsabilidades na função
de riscos
•Fazer acompanhamento do perfil geral de riscos do Grupo composto por todos os aqueles detalhados no mapa de riscos (ver
seção 4.1 deste relatório).
Linhas de defesa
•Administrar as exposições com os vários clientes, setores econômicos de atividade, áreas geográficas e tipos de risco.
A primeira linha de defesa é constituída pelas unidades de negócio
e as áreas de suporte (incluindo as especializadas em riscos) as
quais, por sua atividade, originam a exposição de risco do Banco.
Essas unidades são responsáveis por gerir, acompanhar e reportar
adequadamente o risco gerado, o qual deve ajustar-se ao apetite
de riscos e aos distintos limites de gestão de risco autorizados.
Para atender sua função, a primeira linha de defesa deve dispor
dos meios para identificar, medir, gerir e reportar os riscos assumidos.
•Autorizar as ferramentas de gestão, iniciativas de melhora,
evolução de projetos e qualquer outra atividade relevante relacionada com o controle de riscos, incluindo a política de modelos
internos de risco e sua validação interna.
•Seguir, no âmbito de suas atividades, as indicações formuladas
pelas autoridades supervisoras no exercício de sua função.
•Zelar para que as ações do Grupo sejam condizentes com
o apetite de risco decidido anteriormente pelo conselho de
administração, com a assessoria do comitê de supervisão de
riscos, regulamentação e conformidade, e delegar a outros
comitês de hierarquia inferior ou diretores os poderes para a
assunção de riscos.
O Banco Santander segue um modelo de gestão e controle de
riscos baseado em três linhas de defesa.
A segunda linha de defesa é constituída por equipes de controle
e supervisão de riscos, incluindo a função de conformidade. Esta
linha zela pelo controle efetivo dos riscos e assegura que eles estejam sendo geridos de acordo com o nível de apetite definido.
A terceira linha de defesa é a auditoria interna e seu trabalho é a
última camada de controle existente no Grupo, avaliando periodicamente se as políticas, métodos e procedimentos estão adequados, além de comprovar sua efetiva implantação.
As três linhas de defesa contam com um nível de separação e
independência suficiente para não comprometer a efetividade do
esquema geral e atuam em coordenação a fim de maximizar sua
eficiência e potencializar sua efetividade.
Acima das linhas de defesa, os comitês do conselho e os comitês
executivos de riscos (ver detalhes na seção 3.1. - estrutura dos
comités) tanto em nível corporativo como nas unidades, encarregam-se da gestão e controle adequados dos riscos a partir do
escalão mais alto da organização.
180
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GOVERNANÇA CORPORATIVA DA FUNÇÃO DE RISCOS
Estrutura organizacional da função de riscos
O chief risk officer (CRO) é o responsável pela função de riscos e
se reporta ao vice-presidente executivo do Banco, que é membro
do conselho de administração e presidente do comitê delegado de
riscos.
O CRO, com um trabalho de assessoria e questionamento (challenge) para os executivos de linha, reporta-se de maneira independente ao comitê de riscos, regulamentação e conformidade e ao
conselho.
O modelo de gestão e controle de riscos é estruturado pelos seguintes eixos:
•Gestão especializada de riscos, que permite às unidades gerir o
risco criado por elas, de acordo com as políticas e limites estabelecidos.
•Controle dos riscos financeiros, não financeiros e transversais
(ver mapa de riscos na seção 4.1), verificando se a gestão e exposição por tipo de risco estão adequadas ao estabelecido pela
administração.
•O Group Wide Risk Management, o qual implica uma visão agregada e integral de riscos, avaliando o perfil global dos riscos da
instituição e supervisionando o enquadramento no apetite de
riscos e estrutura de limites estabelecidos pelo conselho, além
de controlar os sistemas de gestão e controle dos riscos para que
estejam adequados e em linha com os critérios mais exigentes e
melhores práticas observadas na indústria e/ou requeridas pelos
reguladores.
•Desenvolvimento em âmbito de riscos de normas, metodologias
e infraestrutura de informações.
•Planejamento e governança interna.
3.3. Relação do Grupo com as subsidiárias na
gestão de riscos
Respeito ao alinhamento das unidades com a corporação
O modelo de gestão e controle de riscos compartilha alguns
princípios básicos com todas as unidades do Grupo, por meio de
marcos corporativos.
Além desses princípios e fundamentos, cada unidade adapta sua
gestão de riscos à realidade local, sempre baseado nas políticas
e estruturas corporativas, o que permite reconhecer um modelo
de gestão de riscos no Grupo Santander.
Um dos pontos fortes desse modelo é a adoção das melhores
práticas que se desenvolvem em cada uma das unidades e mercados nos quais o Grupo atua. As divisões corporativas de risco
atuam como centralizadoras e transmissoras dessas práticas.
Sobre a estrutura dos comitês
Os órgãos de governança das unidades do Grupo são estruturados atendendo aos requisitos regulatórios e legais locais e à
dimensão e complexidade de cada unidade, sendo coerentes
com os da matriz, de acordo com o estabelecido no marco da governança interna, facilitando a comunicação, reporte e controle
efetivo.
Os órgãos de administração das subsidiárias, de acordo com o
marco de governança interna que o Grupo tem implementado,
contam com seu próprio modelo de poderes de riscos (quantitativos e qualitativos) devendo seguir os princípios de atuação
contidos nos modelos e marcos de referência desenvolvido em
níveis corporativos.
Com sua capacidade de visão integral e agregada de todos os riscos, a matriz reserva os poderes de validação e questionamento
das operações e políticas de gestão nas diferentes unidades, na
medida em que afetem o perfil de risco do Grupo.
•Validação interna dos modelos de risco de crédito, a fim de avaliar sua idoneidade tanto para fins de gestão como regulatórios.
O exercício de validação contempla a revisão dos fundamentos
teóricos do modelo, a qualidade dos dados utilizados para sua
construção e calibragem, o uso dado ao mesmo e o processo de
governança associado.
•Controle e coordenação de projetos regulatórios para supervisionar o desenho e implantação dos melhores padrões de gestão
de risco regulatório no Grupo e a conformidade com requisitos
regulatórios em todos os países de forma consistente e eficaz.
181
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
4. Modelo de gestão e
controle de riscos
O modelo de gestão e controle de riscos assegura a manutenção
do perfil de risco dentro dos níveis fixados pelo apetite de risco e
demais limites. Do mesmo modo, incorpora a adoção de medidas
corretivas e de mitigação necessárias para manter os níveis de
risco de acordo com os objetivos definidos.
A seguir estão detalhados os elementos que permitem uma
adequada gestão e controle de todos os riscos decorrentes da
atividade do Grupo Santander.
4.1. Mapa de riscos
A identificação e avaliação de todos os riscos é a pedra angular
para seu controle e gestão. O mapa de riscos cobre as principais
categorias às quais o Grupo Santander está exposto, atuais e/ou
potenciais mais significativas, facilitando essa identificação.
Riscos não
financeiros
Riscos
transversais
Risco
de crédito
Risco
operacional
Risco
de modelo
Risco
de mercado de
negociação
Risco
de conduta
Risco
reputacional
Risco
de liquidez
Risco de
conformidade
e legal
Risco
estratégico
Risco estrutural
de mercado
estruturais
Risco
de capital
Riscos Financeiros
•Risco de crédito: risco que pode ser decorrente do descumprimento das obrigações contratuais acordadas nas transações
financeiras.
182
•Risco de liquidez: risco de descumprimento das obrigações de
pagamento no prazo ou de fazê-lo a um custo excessivo.
•Risco estrutural de mercado: risco ocasionado pela gestão dos
diferentes itens do balanço, inclusive os relativos à suficiência de
recursos próprios e as decorrentes das atividades de seguros e
pensões.
Riscos não financeiros
•Risco operacional: risco de perdas decorrentes da inadequação
ou falha em procedimentos, de pessoas ou sistemas internos, ou
eventos externos.
•Risco de conduta: risco ocasionado por práticas inadequadas na
relação do Banco com seus clientes, o tratamento e os produtos
oferecidos ao cliente e sua adequação a cada cliente em particular.
Em seu primeiro nível, o mapa de riscos inclui:
Riscos
financeiros
•Risco de mercado de negociação: aquele incorrido em virtude
da possibilidade de mudanças nos fatores de mercado que afetam o valor das posições em carteiras de negociação.
•Risco de conformidade e legal: risco devido ao não cumprimento do marco legal, das normas internas e requisitos de reguladores e supervisores.
Riscos Transversais
•Risco de modelo: inclui as perdas originadas por decisões baseadas principalmente nos resultados de modelos, devido a erros na
concepção, aplicação ou utilização dos referidos modelos.
•Risco reputacional: o risco de danos na percepção do Banco por
parte da opinião pública, seus clientes, investidores ou qualquer
outra parte interessada.
•Risco estratégico: risco de que os resultados divirjam significativamente da estratégia ou plano de negócio da Instituição por
mudanças nas condições gerais do negócio e riscos associados
a decisões estratégicas. Inclui o risco de má implementação de
decisões ou falta de capacidade de resposta às mudanças no
ambiente de negócio.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
•Risco de capital: risco de que o Grupo ou alguma de suas sociedades não disponha da quantidade e/ou qualidade de recursos
próprios suficientes para cumprir os requisitos regulatórios
mínimos estabelecidos para operar como banco; atender as
expectativas do mercado em relação a sua solvência creditícia e
respaldar o crescimento dos negócios e as possibilidades estratégicas que surgem.
4.2. Group Wide Risk Management (GWRM)
O GWRM implica a identificação, avaliação, gestão adequada e
controle de todos os riscos, com uma visão total e integrada em
todos os níveis da organização. A implementação e gestão coordenada de todos os elementos que o compõem permitem uma avaliação contínua do perfil de riscos do Grupo, bem como sua gestão
global, melhorando as capacidades na gestão de riscos em todos
os níveis da organização.
O Grupo deu início ao programa Santander Advanced Risk Management para acelerar a implementação de seus projetos estratégicos
de melhoria da capacidade de gestão e controle de riscos, a fim de
posicionar o Grupo Santander como a melhor prática de mercado
no cenário financeiro atual.
O programa visa alcançar a excelência na gestão de riscos tanto
em nível Corporativo quanto local, mantendo sempre uma visão
com foco em fazer “mais e melhores” negócios.
O âmbito de aplicação do programa são todas as unidades do
Grupo, garantindo princípios homogêneos de gestão ante os diferentes ambientes regulatórios e competitivos.
Com o Advanced Risk Management, o Santander aspira ser um
best in class na gestão de riscos, alinhando de maneira eficiente os
objetivos estratégicos do negócio com um perfil de riscos médio-baixo e estável.
Os principais eixos de desenvolvimento do ARM são:
Agregação de dados
de risco e marco de
informação de riscos
Cultura de
riscos e
organização
Advanced Risk
Management
Identificação
e medição do
risco
Análise de
cenários e
stress test
Modelo de gestão
do risco
Apetite de risco
4.3. Risk Assessment
O Banco Santander, como parte de sua gestão rotineira de risco,
identifica e avalia os riscos financeiros e não financeiros aos quais
está exposto nas diversas regiões onde atua e que são inerentes à
sua atividade.
Em um processo de melhoria contínua e para dar uma visão mais
global e consistente a esse processo, o Banco Santander lançou no
final de 2014 um projeto corporativo de identificação e avaliação
de riscos, o Risk Identification & Assessment. Esse projeto nasceu
para aumentar a robustez e sistematicidade na identificação e avaliação de riscos no Grupo e busca complementar e somar outras
iniciativas trabalhadas até agora paralela e independentemente no
âmbito de risco operacional (questionários de autoavaliação de risco operacional, ver seção 9.2.2), de risco legal e de conformidade
(Risk assessment regulatório, ver seção 10.3) e de controle interno.
183
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
A metodologia Risk Identification & Assessment permite identificar
e avaliar os riscos residuais do Grupo por tipo de risco (de acordo
com a tipologia de riscos descrita na seção 4.1 deste relatório) por
segmento de negócio, por Unidade e em nível corporativo. Os riscos
residuais são avaliados tanto em condições reais como potenciais,
o que implica uma análise completa do risco ao qual o Banco está
sujeito no desenvolvimento de suas atividades.
responsáveis pela aprovação das respectivas propostas de apetite
de risco, uma vez que estas tenham sido validadas pelo Grupo.
Os resultados do exercício permitem identificar, tanto em nível
agregado como granular, os principais riscos do Banco, bem como
os pontos fracos nos controles implementados para mitigá-los.
Esses resultados são uma base e fonte de informações importantes
para outros elementos-chave na gestão de riscos, conforme detalhado no gráfico a seguir:
Modelo de negócio bancário e fundamentos do apetite de
risco
Capital Planning
& ICAAP
Controles,
Governança &
Reporting
Risk
Assessment
Planejamento
estratégico
Políticas de
gestão de riscos
Apetite de risco
4.4. Apetite de Risco e estrutura de limites
O apetite de risco é definido no Santander como a quantidade e
o tipo de risco que é considerado razoável assumir na execução
da sua estratégia de negócio, de modo que o Grupo possa manter
sua atividade normal frente à ocorrência de eventos inesperados.
Para tanto são considerados cenários severos, que possam ter um
impacto negativo sobre os níveis de capital, liquidez, rentabilidade
e/ou no preço de suas ações.
O conselho de administração é o órgão responsável pelo estabelecimento e atualização anual do apetite de risco da Instituição,
pelo acompanhamento do perfil de risco efetivo e pela garantia de
consistência entre ambos. O apetite de risco é formulado para o
Grupo todo, bem como para cada uma de suas principais unidades
de negócio, de acordo com uma metodologia corporativa adaptada às circunstâncias de cada unidade/mercado. No nível local,
os conselhos de administração das respectivas subsidiárias são os
184
A definição e estabelecimento do apetite de risco do Grupo Santander é consistente com sua cultura de risco e seu modelo de
negócio bancário sob a perspectiva do risco. Os principais elementos que definem o referido modelo de negócio e fundamentam o
apetite de risco do Grupo Santander são:
•Um perfil geral de risco médio-baixo e previsível baseado em um
modelo de negócios diversificado, centrado no banco de varejo
e com uma presença diversificada internacionalmente e com
participação de mercado relevante e um modelo de negócios de
banco de atacado que prima pela relação com a base de clientes
nos principais mercados do Grupo.
Cultura
de riscos
Modelos e
validação
Durante o exercício de 2014, a implementação local do apetite de
risco foi ampliada para praticamente todas as unidades do Grupo.
Além disso, foi empreendido um esforço para reforçar as capacidades de análises de cenários, dentre outras melhorias.
•Uma política estável e recorrente de geração de resultados e de
remuneração aos acionistas, sobre uma fonte de capital e liquidez e uma estratégia de diversificação eficaz de fontes e prazos.
•Uma estrutura societária com base em subsidiárias autônomas e
autossuficientes em termos de capital e de liquidez, minimizando
o uso de sociedades não operacionais ou instrumentais, e garantindo que nenhuma subsidiária apresente um perfil de risco que
possa comprometer a solvência do Grupo.
•Uma função de riscos independente e com uma intensa participação da Administração que garanta uma forte cultura de riscos
focada na proteção e na garantia da adequada rentabilidade do
capital.
•Um modelo de gestão que assegure uma visão global e inter-relacionada de todos os riscos, mediante um robusto ambiente de
controle e acompanhamento corporativo de riscos, com responsabilidades de alcance global: todos os riscos, todos os negócios,
todas as regiões.
•O foco no modelo de negócio nos produtos nos quais o Grupo
se considera suficientemente conhecedor e com capacidade de
gestão (sistemas, processos e recursos).
•O desenvolvimento de suas atividades com base em um modelo de
conduta que zele pelos interesses de seus clientes e acionistas.
•Uma disponibilidade adequada e suficiente de recursos humanos, sistemas e ferramentas necessárias que permitam garantir a
manutenção de um perfil de riscos compatível com o apetite de
riscos estabelecido, tanto em nível global como local.
•A aplicação de uma política de remuneração que contenha os
incentivos necessários para assegurar que os interesses individuais dos funcionários e diretores estejam alinhados com o marco
corporativo de apetite de riscos e que estes sejam condizentes
com a evolução dos resultados da Instituição no longo prazo.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
Princípios corporativos do apetite de risco
Estrutura de limites, monitoramento e controle
O apetite de risco no Grupo Santander é regido em todas as suas
entidades pelos seguintes princípios:
A elaboração do exercício de apetite de risco é anual e inclui
uma série de parâmetros e limites sobre os referidos parâmetros
(limites de apetite de risco ou statements) que expressam em
termos quantitativos e qualitativos a máxima exposição de risco
que cada entidade do Grupo e o Grupo em seu conjunto estejam
dispostos a assumir.
•Responsabilidade do conselho e da administração. O conselho
de administração da Instituição é o maior responsável pela fixação do apetite de risco e seu sustentáculo regulatório, bem como
pela supervisão de sua conformidade.
•Visão integral do risco (enterprise wide risk), contraste e
questionamento do perfil de risco. O apetite de risco deve
considerar todos os riscos significativos aos quais a Instituição
está exposta, facilitando uma visão agregada do perfil de risco
do Grupo por meio da utilização de parâmetros quantitativos e
indicadores qualitativos. Permite ao conselho e à administração
questionar e assimilar o perfil de risco atual e previsto nos planos
de negócio e estratégicos e sua coerência com os limites máximos de risco.
•Estimativa futura de riscos (forward looking view). O apetite
de risco deve considerar o perfil de risco desejável atualmente
e a médio prazo, levando em conta tanto as circunstâncias mais
prováveis com os cenários de estresse.
•Vinculação aos planos estratégicos e de negócio e integração
na gestão. O apetite de risco é uma referência no planejamento
estratégico e de negócio e se integra na gestão por meio de um
duplo enfoque bottom-up e top-down:
•Visão top-down: o conselho da Instituição deve liderar a fixação
do apetite de risco, zelando pela desagregação, distribuição e
translação dos limites agregados aos limites de gestão fixados
em nível de carteira, unidade ou linha de negócio.
•Visão bottom-up: o apetite de risco da Instituição deve surgir
da interação efetiva do conselho com a diretoria, a função de
riscos e os responsáveis pelas linhas e unidades de negócio.
O perfil de risco que se contrasta com os limites de apetite de
risco será determinado pela agregação das medições realizadas
em nível de carteira, unidade e linha de negócio.
•Coerência no apetite de risco das diversas unidades e linguagem de riscos comum em toda a organização. O apetite de risco de cada unidade do Grupo deve ser coerente com o definido
nas demais unidades e com o definido para o Grupo.
•Revisão periódica, verificação contínua e adaptação às melhores práticas e requisitos regulatórios. A avaliação do perfil
de risco da Instituição e sua verificação em relação às limitações
fixadas pelo apetite de risco deve ser um processo iterativo.
Devem ser estabelecidos os mecanismos adequados de acompanhamento e controle que asseguram a manutenção do perfil de
risco dentro dos níveis fixados, bem como a adoção das medidas
corretivas e mitigantes necessárias em caso de descumprimento.
O cumprimento dos limites de apetite de risco é objeto de monitoramento contínuo. As funções especializadas de controle
informam ao menos trimestralmente ao conselho e ao seu comitê especializado em riscos sobre a adequação do perfil com o
apetite de risco autorizado.
Os excessos e não conformidades ao apetite de risco são reportados pela função de controle de riscos aos órgãos de governança pertinentes. Sua apresentação é acompanhada de uma análise
de suas causas, uma estimativa do tempo em que vão permanecer e uma proposta de ações para corrigir os excessos quando o
órgão de governança correspondente julgar oportuno.
A vinculação dos limites de apetite de risco com os limites utilizados na gestão das unidades de negócio e das carteiras envolve
um elemento chave para atingir a efetividade do apetite de risco
como ferramenta de gestão de risco.
Assim, as políticas de gestão e a estrutura de limites utilizados
para gerir as diferentes tipologias e categorias de risco, descritas
em maiores detalhes nas seções 6.5.2 Planejamento e estabelecimento de limites, 7.2.3 e 7.3.3 Sistema de controle de limites
deste relatório, guardam uma relação direta com os princípios e
limites definidos no apetite de risco.
Dessa forma, as mudanças no apetite de risco se traduzem em
mudanças nos limites e controles utilizados na gestão de riscos
do Santander e cada uma das áreas de negócio e de riscos tem a
responsabilidade de verificar se os limites e controles utilizados
em sua gestão diária estão sendo fixados de maneira a cumprir
os limites de apetite de risco. A função de controle e supervisão
de riscos validará posteriormente essa avaliação, garantindo a
adequação dos limites de gestão ao apetite de risco.
Eixos do apetite de risco
O apetite de risco é expresso por meio de limites sobre parâmetros quantitativos e indicadores qualitativos que medem a exposição do perfil de risco da instituição por tipo, carteira, segmento
e linha de negócio, em condições atuais e também sob estresse.
Esses parâmetros e limites são classificados em cinco grandes eixos que definem o posicionamento que a administração do Grupo
deseja adotar ou manter no desenvolvimento de seu modelo de
negócio:
•A volatilidade que o Grupo está disposto a assumir na demonstração de resultados.
•A posição de solvência que o Grupo deseja manter.
•A posição de liquidez mínima que o Grupo queira dispor.
•Os níveis máximos de concentração que o Grupo considera
razoável assumir.
•Aspectos qualitativos e parâmetros complementares.
185
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
Eixos do apetite e principais parâmetros
Volatilidade de
resultados
• Perda máxima que o
Grupo está disposto
a assumir perante um
cenário de tensão ácido
Solvência
• Posição mínima de
capital que o Grupo está
disposto a assumir em um
cenário de tensão ácido
• Perdas máximas por
risco operacional (RO)
Liquidez
Concentração
• Posição mínima de
liquidez estrutural
• Concentração por
cliente individual
• Posição mínima de
horizontes de liquidez que
o Grupo está disposto
a assumir perante
diferentes cenários
de tensão ácidos
• Concentração por Top-N
• Concentração em
contrapartes não
Investment Grade
• Concentração setorial
• Concentração em
carteiras com perfil
de alta volatilidade
Volatilidade de resultados
O eixo de volatilidade determina o nível máximo de perdas em
potencial que a Instituição está disposta a assumir em condições
normais e de estresse, com o intuito de poder analisar a volatilidade da demonstração de resultados em ambientes de gestão sob
estresse e plausíveis.
Esses cenários de estresse afetam principalmente tanto as perdas
resultantes da exposição ao risco de crédito de carteiras de varejo
e atacado (considerando tanto a perda direta de crédito como
a redução da margem), como o potencial impacto desfavorável
decorrente da exposição ao risco de mercado. Depois de aplicar
esses impactos de crédito e de mercado aos resultados previstos,
no contexto do acompanhamento do apetite de risco, a Administração avalia se a margem resultante é suficiente para absorver os
impactos inesperados resultantes do risco operacional, de conformidade, conduta e reputacional e estabelece um índice máximo de
perdas líquidas por risco operacional sobre a margem bruta (para
o Grupo e para cada unidade). Seguindo as especificações de Basileia, estão incluídos números de perdas líquidas que possam advir
do risco de conformidade.
O horizonte de tempo para a materialização dos impactos negativos para todos os riscos considerados será três anos, em geral,
com um ano para o risco de mercado. Portanto, o apetite de risco
deve ser cumprido para cada um dos três anos seguintes.
Solvência
O Santander deseja operar com uma ampla base de capital que lhe
permita não somente estar em conformidade com os requisitos
regulatórios, como também dispor de um excedente razoável de
capital.
Além disso, o estabelecimento do apetite de risco do Santander leva
em conta o impacto inesperado de cenários de estresse sobre os
índices de solvência (CET1).
Essa abordagem de capital incluída no escopo do apetite de risco
é complementar e compatível com o objetivo de capital do Grupo
aprovado dentro do processo de planejamento de capital implementado no Grupo, estendendo-se a um período de três anos.
Aspectos
complementares
• Indicadores qualitativos
sobre riscos não
financeiros:
• Avaliação mínima do
estado da gestão do RO
• Indicador de risco de
conformidade, conduta
e reputacional
• Restrições qualitativas
de aplicação, peso elevado de depósitos de clientes, diversificação de
fontes de atacado, dependência reduzida no curto prazo, reserva de
liquidez suficiente) e é construído em torno de três pilares fundamentais: modelo de governança, análise de balanço e medição do risco
de liquidez, gestão adaptada às necessidades do negócio. Maiores
informações sobre o marco corporativo de gestão, seus princípios e
pilares fundamentais estão detalhadas no item 7. Risco de liquidez e
financiamento neste relatório.
O apetite de risco de liquidez do Santander estabelece objetivos exigentes de posição e horizontes de liquidez ante cenários de estresse
sistêmicos (locais e globais) e idiossincráticos. Além disso, é fixado um
limite sobre um índice de financiamento estrutural que estabelece uma
relação entre depósitos de clientes, recursos próprios e emissões a
médio e longo prazo com as necessidades estruturais de financiamento.
Concentração
O Santander deseja manter uma carteira de risco amplamente
diversificada do ponto de vista da sua exposição a grandes riscos,
a determinados mercados e a produtos específicos. Em primeira
instância, isso é possível em virtude da orientação do Santander
ao negócio de banco de varejo com uma elevada diversificação
internacional.
Risco de concentração: é medido usando os seguintes parâmetros para estabelecer limiares de apetite de risco como proporção
de recursos próprios ou de operações de crédito (em geral):
•Cliente (em proporção aos recursos próprios): a) exposição
individual líquida máxima a clientes corporativos (além disso, é
realizado um acompanhamento dos clientes com rating interno
inferior ao equivalente a grau de investimento e que superem
uma determinada exposição); (b) de exposição líquida agregada
máxima com os 20 maiores clientes corporativos do Grupo
(Top 20); (c) exposição líquida agregada máxima das exposições
consideradas como grandes riscos (clientes corporativos e financeiros); e (d) impacto máximo no lucro antes de impostos (BAI)
de baixa simultânea das cinco principais exposições corporativas
(jump to default Top 5).
Posição de Liquidez
•Setor: percentagens máximas da exposição da carteira de empresas de um setor econômico, em relação às operações de crédito
(tanto no total como para o segmento de empresas).
O Grupo Santander desenvolveu um modelo de financiamento baseado em subsidiárias autônomas que são responsáveis por atender
suas próprias necessidades de liquidez. Sob essa premissa, a gestão
de liquidez é realizada no nível de cada uma das subsidiárias dentro
de um marco corporativo de gestão que desenvolve seus princípios
básicos (descentralização, equilíbrio no médio e longo prazo de fontes
•Carteiras com perfil de alto risco (definidas como carteiras varejistas com uma percentagem de perda esperada que exceda um
determinado limiar): percentagens máximas de exposição a esse
tipo de carteiras na proporção das operações de crédito (nível
total e nível de varejo) e para diferentes unidades de negócio.
186
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
Aspectos qualitativos e demais parâmetros
complementares
Esse eixo busca delimitar exposições de risco de forma complementar aos eixos anteriores.
Nele estão contemplados limites de risco expressos tanto na
forma qualitativa (por exemplo a proibição de operações com produtos de mercado complexos) como expressos em outros parâmetros quantitativos (por exemplo indicadores de risco operacional)
de forma que seja possível controlar riscos relevantes não considerados nos eixos anteriores. Assim, no risco operacional está
incorporado um indicador qualitativo sobre o estado de gestão,
que é baseado nos resultados de diversos indicadores, dentre eles,
governança e gestão, conformidade orçamentária, qualidade dos
bancos de dados de eventos e questionários de autoavaliação sobre o ambiente de controle. Também foi incorporado um indicador
de risco de conformidade e reputacional resultante de uma matriz
de avaliação criada para esse fim.
4.5. Análise de cenários
O Banco realiza uma gestão avançada de riscos por meio da análise do impacto que os diferentes cenários do ambiente em que
o Banco opera poderiam provocar. Esses cenários são expressos
tanto em temos de variáveis macroeconômicas como em outras
variáveis que afetam a gestão.
A análise de cenários é uma ferramenta muito útil para a administração, já que permite testar a resistência do Banco frente a
ambientes ou cenários de estresse, assim como colocar em prática
conjuntos de medidas que diminuam o perfil de risco do banco
ante esses cenários. O objetivo é maximizar a estabilidade da demonstração de resultados e dos níveis de capital e liquidez.
Essa visão antecipada ou forward looking ajuda o Santander a
manter-se no seleto grupo de bancos internacionais que durante
todos os anos de crise geraram lucros e mantiveram sua política
de dividendos.
A robustez e consistência dos exercícios de análise de cenários
têm como base três pilares:
-O desenvolvimento de modelos matemáticos que estimem a
evolução futura de parâmetros (como, por exemplo, as perdas de
crédito), baseando-se tanto em informações históricas (interna do
Banco e externa do mercado) como em modelos de simulação.
-A inclusão da expertise e know how dos gestores de riscos no resultado do exercício, de forma a questionar e refinar o resultado
oferecido pelos modelos de análise de cenários.
-O back testing ou comparação do resultado dos modelos contra
os dados observados.
Aplicações da análise de cenários
• Usos regulatórios: nos quais são realizados exercícios de
estresse de cenários sob as diretrizes estabelecidas pelo regulador. Nesse grupo estão, por exemplo, as provas de resistência
(comprehensive assessment e stress test) solicitadas pelo Banco
Central Europeu em 2014 de acordo com a metodologia adotada
pela Autoridade Bancária Europeia (EBA). Para maiores detalhes,
consultar a seção 1 Exercício Comprehensive Assessment do
Banco Central Europeu.
•Exercícios internos de autoavaliação de capital (ICAAP) ou liquidez (ILAAP) nos quais embora o regulador possa impor certos
requisitos, o Banco desenvolve sua própria metodologia para
avaliar seus níveis de capital e liquidez frente a diferentes cenários de estresse. Essas ferramentas permitem o planejamento da
gestão de capital e liquidez.
•Apetite de riscos. Abrange parâmetros de stress sobre os quais
são estabelecidos os níveis máximos de perdas (ou de liquidez mínima) que o Banco não deseja ultrapassar. Esses exercícios estão
relacionados aos do ICAAP e liquidez, embora tenha frequências
distintas e apresentem diferentes níveis de granularidade. O
Banco continua trabalhando para melhorar o uso da análise de cenários no apetite de risco e assegurar uma relação adequada entre
esses parâmetros e aqueles utilizados na gestão diária de riscos.
Para maiores detalhes, consultar as seções 4.4. Apetite de risco e
estrutura de limites e 8. Risco de liquidez e financiamento deste
relatório.
•Gestão diária de riscos. A análise de cenário é utilizada em processos orçamentários de provisões e outros números do balanço
por tipo de risco, na geração de políticas comerciais de admissão
de risco, na análise global de riscos pela administração ou em
análises específicas sobre o perfil de atividades ou carteiras. Nas
seções de risco de crédito (seções 6.5.2. Planejamento e estabelecimento de limites), de mercado (7.2.1.6. e 7.2.2.3. Análise de
cenários) e liquidez (8.2.2. Análise de balanço e medição do risco)
há maiores detalhes.
Projeto corporativo de análise de cenários
Em resposta à crescente pressão regulatória e às necessidades
de gestão avançada de riscos, iniciou-se em 2014 um projeto de
desenvolvimento de uma sólida estrutura de análise de cenários
em nível corporativo; a expectativa é ampliar o projeto para as
principais unidades do Grupo ao longo de 2015. Esse projeto é
composto por três eixos principais:
•Ferramenta de análise de cenários: implantação de uma ferramenta avançada para realizar estimativas de perdas com maior
solidez e automatização da administração da informação, com
capacidade de agregar diferentes tipos de riscos e com um ambiente de execução multiusuário.
•Governança: revisão do sistema de governança dos exercícios
de análise de cenários para se adequar à crescente importância
desses cenários, ao aumento da pressão regulatória e às melhores práticas de mercado.
•Metodologias de estresse: elaboração de planos de desenvolvimento de modelos matemáticos de estresse avançados que
melhorem a capacidade de previsão do risco considerando as
capacidades de cálculo da organização.
187
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
4.6. Planos de viabilidade e
resolução (Living Wills)
O Grupo Santander foi a primeira das instituições financeiras internacionais consideradas globalmente sistêmicas pelo Financial Stability Board a apresentar (em 2010) a seu supervisor consolidado (na
época, Banco da Espanha) seu plano corporativo de viabilidade (cuja
parte mais relevante contempla as medidas que a instituição teria
para sair por si só de uma situação de crise muito severa).
Em 2014 a quinta versão do plano corporativo foi elaborada a esse
respeito. Da mesma forma como foi feito nas versões anteriores de
2010 a 2013, o Grupo apresentou no mês de julho o plano às autoridades competentes (em 2014 ao Colégio de Supervisores - Core
Supervisory College, diferentemente dos anos anteriores, quando,
por solicitação, era feito junto ao Crisis Management Group).
Esse plano é composto pelo plano corporativo (que compete ao
Banco Santander, S.A.) e aos planos individuais para as unidades locais mais importantes (Reino Unido, Brasil, México, Estados Unidos,
Alemanha, Argentina, Chile, Polônia e Portugal), cumprindo o compromisso firmado pelo Banco com as autoridades competentes em
2010. É importante mencionar os casos do Reino Unido, Alemanha
e Portugal, onde independentemente da obrigatoriedade de fazer
parte do plano corporativo, o seu desenvolvimento integral obedece também a iniciativas regulatórias locais.
A administração do Grupo está totalmente envolvida na elaboração
e acompanhamento periódico dos conteúdos dos planos, mediante
a constituição de comitês específicos de caráter técnico, assim
como pelo acompanhamento a nível institucional de forma a garantir que o conteúdo e estrutura dos documentos adaptem-se à legislação local e internacional em termos de gestão de crises, a qual se
encontra em desenvolvimento contínuo nos últimos anos.
A aprovação do plano corporativo é função do conselho de administração ou, no exercício de suas funções delegadas, do comitê executivo e do comitê delegado de riscos. Por sua vez, a aprovação dos
planos individuais é realizada nos órgãos locais e sempre de maneira
coordenada com o Grupo, já que é parte do plano corporativo.
Durante o ano de 2015 o Grupo continuará a introduzir melhorias
nos planos de viabilidade buscando adotar as evoluções observadas
no mercado nesse âmbito (em especial em relação à definição de
cenários, os indicadores de alerta precoce e em geral com a própria
estrutura dos documentos), bem como realizando as modificações
exigidas pelas autoridades competentes locais em cada caso.
No que diz respeito aos chamados planos de resolução, as autoridades competentes integrantes do Crisis Management Group (CMG)
chegaram um acordo em comum sobre a estratégia a seguir para
a resolução do Grupo que, dada a estrutura jurídica e de negócios
com a qual o Santander opera, é correspondente à chamada multiple point of entry (MPE), e firmaram também o respectivo acordo
de cooperação sobre resolução (Cooperation Agreement – COAG)
e desenvolveram os primeiros planos de resolução operacional para
as principais regiões (Espanha, Reino Unido e Brasil). O Grupo continua colaborando com as autoridades competentes na preparação
dos planos de resolução, prestando todas as informações detalhadas com caráter geral para a elaboração de tais planos conforme
solicitado por essas autoridades.
Excepcionalmente, nos EUA, a elaboração dos planos de resolução
compete às próprias instituições, o Grupo apresentou a segunda
versão dos planos de resolução locais (um para o conjunto das atividades do Grupo nos Estados Unidos de acordo com o regulamento
do FED e outro que abrange apenas o Santander Bank, como instituição tomadora de depósitos e sujeita à regulamentação do FDIC).
4.7. Reporting independente
Um dos principais elementos do modelo de gestão é o marco
de informação de riscos, com padrões que garantem uma visão
consolidada de todos os riscos e permitem a tomada de decisões
e ações necessárias pelo conselho de administração e pela administração.
Este marco está em evolução permanente com o objetivo de observar as melhores práticas do mercado. Nesse sentido, em 2014
o Santander lançou um projeto para garantir que a informação
de riscos para a administração incorpore os princípios básicos
definidos no Risk Data Aggregation2 , que são resumidos nos
seguintes eixos:
•Governança: estabelece uma governança para o ciclo de vida
dos dados e relatórios, assim como uma taxonomia dos mesmos.
•Arquitetura das bases de dados: garante a capacidade do
Banco de agregar todos os dados de riscos de modo confiável,
assegurando que sejam exatos, íntegros, completos, rastreáveis,
atualizados oportunamente, adaptáveis às necessidades e flexíveis. Cobre todos os riscos em função da relevância dos mesmos.
•Elaboração de relatórios de riscos para a administração: assegura que os relatórios tenham em conta os seguintes requisitos:
•Exaustividade: cobrir todos os aspectos relevantes dos
principais riscos na organização com a adequada ponderação
entre eles.
•Identificação de riscos emergentes: identificar riscos emergentes e fornecer informações no contexto de limites e apetite
de riscos.
•Orientação à tomada de decisões: recomendar ações sobre
riscos quando for necessário.
•Utilidade: com um equilíbrio adequado entre dados, análises e
comentários qualitativos. Quanto maior o nível de agregação,
maior o grau de comentários qualitativos.
•Parâmetros avançados: incorporar medidas forward-looking e
não somente informações históricas.
•Frequência: o conselho de administração e a diretoria devem
determinar os objetivos dos relatórios de riscos, bem como a
frequência de seu aumento em épocas de crises.
2. Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, “Principios para una eficaz agregación de datos sobre riesgos y presentación de informes de riesgos”.
188
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
4.8. Marco de Controle Interno
O modelo de gestão de riscos conta com um marco de controle
interno que garante o adequado controle de todos os riscos, proporcionando uma visão integral dos riscos. Esse controle é realizado em todas as unidades do Grupo e por cada tipo de risco, de
modo que se garanta que as exposições e o perfil global de riscos
do Grupo estejam dentro dos mandamentos estabelecidos pelo
conselho de administração e também pelos reguladores.
As principais funções que asseguram um controle de riscos efetivo são:
1. A supervisão e consolidação agregada de todos os riscos. Na
divisão de riscos, tanto em nível corporativo como em cada unidade, é realizada uma função de supervisão de todos os riscos
visando questionar (challenge) de forma independente da gestão e dos mecanismos de controle de riscos, atribuindo juízos de
valor e elementos para a tomada de decisões pela administração. Para isso, foi tomado como base um conjunto de relatórios
que incorporam uma avaliação agregada de todos os riscos. Para
maiores detalhes, ver seção 4.6. Reporting Independente deste
relatório.
2.A avaliação dos mecanismos de controle interno. Consiste
na revisão sistemática e periódica do conjunto de processos e
procedimentos necessários para o controle a fim de garantir sua
efetividade e vigência. Essa avaliação é feita anualmente e está
baseada nos princípios incluídos na lei Sarbanes Oxley.
3.Controle total e a validação interna dos riscos. A função de
controle integral é desempenhada, dentre outros, por meio suas
principais atividades:
•Verificar que os sistemas de gestão e controle dos diferentes
riscos inerentes à atividade de Grupo Santander estejam em conformidade com os critérios mais exigentes e as melhores práticas
observadas na indústria e/ou requeridas pelos reguladores.
•Supervisionar a adequada conformidade em tempo e forma do
conjunto de recomendações formuladas em matéria de controle e gestão de riscos a resultados de inspeções realizadas por
auditoria interna e pelos supervisores aos quais o Santander
esteja sujeito.
A função caracteriza-se por ter alcance global e corporativo,
abrangendo todos os riscos, negócios e regiões. A execução
dessa função tem como base uma metodologia desenvolvida
internamente e um conjunto de ferramentas que lhe dão
suporte, com o objetivo de sistematizar seu exercício ajustando-o às necessidades específicas do Santander. Isso permite
formalizar e tornar rastreável e objetiva a aplicação da referida
metodologia.
A função de validação interna de modelos de risco constitui
um apoio fundamental ao comitê delegado de riscos e para os
comitês locais e corporativos de riscos em suas responsabilidades de autorização do uso (gestão e regulatório) dos modelos
e sua revisão periódica.
Para tanto, uma unidade especializada da própria Instituição
com total independência, emite uma opinião técnica sobre a
adequação dos modelos internos para os fins utilizados, sejam de gestão interna e/ou de caráter regulatório (cálculo de
capital regulatório, níveis de provisões, etc.), com conclusões
sobre sua robustez, utilidade e efetividade.
A validação interna no Santander abrange todo o modelo usado na função de riscos, seja modelos de risco de crédito, mercado, operacional ou estrutural, bem como os de capital, tanto
econômico como regulatório. O alcance da validação inclui
não somente os aspectos mais teóricos ou metodológicos mas,
também, os sistemas tecnológicos e a qualidade dos dados que
fornecem e nos quais se apoia seu funcionamento efetivo e,
em geral, a todos os aspectos relevantes na gestão (controles,
reporting, usos, implicação da Administração, etc.).
A função tem caráter global e corporativo, com o objetivo de
assegurar uma homogeneidade em sua aplicação, atuando por
meio de cinco centros regionais localizados em Madri, Londres,
São Paulo, Boston e Wroclaw (Polônia). Esses centros têm plena
dependência funcional do centro corporativo, o que permite assegurar a uniformidade no desenvolvimento de suas atividades.
Dessa forma, é fornecida a aplicação de uma metodologia corporativa que conta com o suporte de uma série de ferramentas
desenvolvidas internamente no Grupo Santander, as quais proporcionam um marco corporativo robusto para sua aplicação em
todas as unidades do Grupo, automatizando certas verificações
para que as revisões sejam feitas de forma eficaz.
Destacamos que esse ambiente corporativo de validação interna do Grupo Santander está plenamente alinhado com os critérios sobre validação interna de modelos avançados publicados
por diferentes supervisores aplicáveis ao Grupo. Nessa linha,
mantém-se o critério de separação de funções entre as unidades
de validação e auditoria internas que, como última camada de
controle existente no Grupo, encarrega-se de revisar a metodologia, ferramentas e trabalhos realizados pela validação interna
e de opinar sobre seu grau de independência efetiva.
4.O controle por parte da função de conformidade de que os
riscos assumidos estejam dentro do marco legal, das normas
internas e dos requerimentos dos reguladores e supervisores.
Para maior detalhe ver apartado 10. Risco de conformidade,
conduta e reputacional deste capítulo.
5.A avaliação por parte de auditoria interna, como terceira linha
de defesa, proporciona uma revisão independente das duas
primeiras linhas de defesa, assegurando que as políticas, métodos e procedimentos sejam adequados e estejam integrados
na gestão.
A Auditoria Interna é uma função corporativa, permanente e
independente de qualquer outra função ou unidade do Grupo,
que tem como missão, a fim de propiciar segurança sobre tais
aspectos ao conselho de administração e à administração, contribuindo dessa maneira para a proteção da organização e sua
reputação, supervisionar:
•A qualidade e eficácia dos processos e sistemas de controle
interno, de gestão de todos os riscos e de governança.
•A conformidade com as normas aplicáveis.
•A confiabilidade e integridade das informações financeiras e
operacionais.
•Sua integridade patrimonial.
189
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
4.9. Cultura de riscos
A cultura de riscos do Grupo se concretiza nos princípios de responsabilidade, prudência e conformidade, ao considerar que todas
as unidades e funcionários (independentemente da função que desempenhem), são responsáveis por garantir que a Instituição não
apenas cumpra, mas também seja prudente e responsável em tudo
o que faz. Além disso, a cultura de riscos baseia-se nos princípios
do modelo de gestão de riscos do Santander, detalhados acima,
e é transmitida a todas as unidades de negócios e de gestão da
organização, apoiando-se, dentre outros, nos alicerces que serão
detalhados a seguir:
•Envolvimento da Administração no controle e gestão de
riscos, concretizado na aprovação, pelo Conselho de Administração, do apetite de riscos (para maiores detalhes, ver seção
4.4 sobre apetite de risco e estrutura de limites), dos marcos
corporativos que regulam a atividade de riscos e o marco de
governança interna, bem como a revisão periódica do perfil
de riscos do Grupo, as principais ameaças em potenciais e os
eventos relevantes ocorridos no Grupo e na indústria. Em 2014,
no âmbito do projeto risk data aggregation & risk reporting framework (RDA&RRF), foi revisado, dentre outros, o conjunto de
relatórios que permitem a revisão periódica e sistemática pela
Administração do perfil e estratégia de riscos da Instituição, dos
riscos emergentes e eventos de baixa probabilidade, porém de
grande impacto.
A alta frequência de reuniões desses órgãos corporativos de validação e acompanhamento dos riscos (duas vezes por semana no
caso do comitê delegado de riscos), permite garantir uma intensa
participação da Administração na gestão diária dos diferentes
riscos da Instituição e uma grande agilidade na identificação de
alertas, adoção de ações e resolução de operações. Isso permite
abordar diversos temas e sob diferentes perspectivas, facilitando
a transmissão clara de uma cultura de riscos pela Administração,
com exemplos concretos de tomada de decisão. Além disso, permite que os processos de escalonamento sejam eficientes e que
exista um incentivo para eles, bem como uma rápida transmissão
de informações entre as diferentes funções afetadas. Para maiores informações, consultar o capítulo 3. Governança Corporativa
da função de Riscos deste mesmo relatório.
•Independência das funções de controle de riscos, (riscos,
conformidade e auditoria interna), com autoridade suficiente e
acesso direto aos órgãos da administração. As referidas funções
de controle não se encontram condicionadas às linhas de negócio, participando ativamente na tomada de decisões relevantes
de risco.
•O Santander conta com um desenvolvimento regulatório adequado da atividade de riscos, por meio de marcos, modelos, políticas e procedimentos de atuação detalhados nos assuntos de
controle e gestão de riscos. Dentro do processo sistemático de
revisão e atualização da normativa de riscos, o conselho de administração aprovou a atualização completa dos marcos corporativos que regulamentam os riscos de crédito, mercado, estrutural,
liquidez, operacional e de informação de riscos, bem como o
marco geral de riscos. Esses documentos são considerados pelo
conselho e pela administração um instrumento para divulgar a
estratégia e fundamentos da gestão de riscos no Grupo, fortalecendo a cultura de riscos da Instituição, tendo sido acordados e
190
aprovados pelos conselhos das diferentes entidades do Grupo,
garantindo assim um modelo de ação em comum e um desenvolvimento do marco de governança corporativa interna para a
atividade de riscos.
•O Grupo dispõe de políticas específicas para os riscos de
conformidade, conduta e reputacional, dentre as quais se
destacam o código geral de conduta e de conduta em mercados
de valores, bem como o marco corporativo de comercialização
de produtos e serviços e o marco corporativo para a prevenção
de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. Também
existem canais de denúncia de atividades ilícitas e práticas inadequadas (whistleblowing channel) e diversos comitês nos quais
são analisados riscos e irregularidades e tomadas as medidas de
mitigação correspondentes.
Para maiores informações, consultar a seção 10. Risco de Conformidade, Conduta e Reputacional neste relatório.
•A consistência e o alinhamento entre apetite de risco, gestão
de riscos e a estratégia de negócio do Grupo são assegurados
por meio do processo orçamentário, da governança de aprovação de operações e limites quantitativos que estabelecem os
princípios de apetite de risco.
•Os principais riscos não são apenas analisados no momento
em que são originados ou quando surgem situações irregulares
no processo normal de recuperação, mas isso também é feito de
forma contínua para todos os clientes. Os sistemas de informação
e agregação de exposições que o Santander possui permitem realizar um acompanhamento diário das exposições relevantes, verificando a conformidade sistemática dos limites aprovados, além
de adotar, caso necessário, as medidas corretivas pertinentes.
•A política de remunerações e incentivos inclui variáveis de
desempenho que levam em conta a qualidade do risco e os
resultados do Grupo em longo prazo.
A política de remuneração dos conselheiros executivos e demais
membros da Administração do Banco está baseada no princípio
de que as remunerações sejam compatíveis com uma gestão
rigorosa dos riscos sem propiciar uma assunção inadequada dos
mesmos e que estejam alinhadas com os interesses dos acionistas, fomentando a criação de valor no longo prazo.
O Grupo identificou em 2014 aqueles que estavam sujeitos à
Capital Requirements Directive IV segundo os critérios destacados
pela European Banking Authority, aumentando significativamente
em comparação a 2013 o número de diretores cujas remunerações variáveis são objeto de diferimento e pagamento em ações.
Todos os grupos identificados estão sujeitos ao índice máximo
de remuneração variável estipulado pela diretiva, garantindo que
a remuneração fixa represente um percentual significativo da
remuneração total.
A metodologia para a determinação da remuneração variável dos
diretores do Grupo considera, além de parâmetros quantitativos
de resultados e gestão de capital, fatores que incorporam a
gestão de risco adequada, o nível de satisfação de clientes em
relação aos concorrentes e outros fatores relevantes de gestão.
O Grupo conta também com um comitê específico para a avaliação dos riscos nas remunerações, composto por executivos das
principais funções de controle (riscos, controle financeiro, gestão
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
MODELO DE GESTÃO E CONTROLE DE RISCOS
financeira, auditoria, conformidade e recursos humanos), levando em conta a qualidade dos resultados financeiros, os riscos e a
conformidade com as normas por meio de parâmetros e outros
fatores qualitativos utilizados para o cálculo da remuneração variável. Esse comitê também analisa os ajustes ex-post em relação
às cláusulas de diferimento e à liberação, no caso, dos valores de
remuneração variável diferidos.
Horas de treinamento
31.028
30.029
29.960
26.665
26.001
21.479
Para maiores informações, consultar o relatório do comitê de
remunerações do Grupo correspondente a 2014.
Existem também programas de desenvolvimento específicos na
área de riscos para os diretores corporativos de todo o Grupo e
uma estratégia de treinamento sobre riscos e de auditoria para
essas divisões por meio das escolas corporativas de riscos e de
auditoria, que contam com programas globais e locais e disseminam a cultura de prudência em riscos e controle no Grupo.
O Grupo conta com uma estratégia global de gestão de talentos
e planejamento de sucessão, a fim de garantir que possa contar
com o talento necessário para os cargos críticos e acelerar o
desenvolvimento dos diretores que estão na linha de sucessão
desses cargos. Essa estratégia abrange os principais níveis de
direção, inclusive as funções de controle.
2009
2010
2011
2012
2013
2014
A escola realiza o treinamento de profissionais de outros segmentos do negócio, em especial da área comercial, alinhando a exigência da gestão de riscos com os objetivos do negócio.
• Outros procedimentos nos quais se apoia a transmissão da
cultura de riscos são: a atividade de treinamento desenvolvida
pelas escolas de riscos, uma obediência rígida do pessoal aos
códigos gerais de conduta, acompanhamento de relatórios de supervisores e uma ação sistemática e independente dos serviços
de auditoria interna cujas recomendações são objeto de acompanhamento periódico para assegurar seu cumprimento.
Graças às estratégias e procedimentos aplicados para o desenvolvimento e suporte da cultura de riscos, o Grupo Santander está
comprometido totalmente com os indicadores da cultura de risco e
identificados pelo FSB em seu documento Guidance on supervisory
interaction with financial institutions on risk culture de abril de 2014.
Atividades de treinamento em riscos
O Santander conta com escolas de riscos, cujos objetivos são contribuir para a consolidação da cultura de gestão de riscos no Banco, e garantir o treinamento e desenvolvimento de todos os profissionais da área de riscos com critérios homogêneos, bem como a
participação em outras escolas para difundir a cultura de riscos em
seus diferentes aspectos práticos de aplicação nos negócios.
A escola corporativa de riscos a qual, durante o ano de 2014, ministrou um total de 30.029 horas de treinamento, compostas por 87
atividades a 9.254 assistentes do Grupo, é a base para potencializar
a liderança do Banco nesta matéria, reforçando continuamente as
capacidades dos diretores e profissionais da área de riscos.
Em 2014, o foco concentrou-se no risco operacional, desenvolvendo um programa de treinamento para todos os funcionários, que
incluiu ações de treinamento destinadas aos diversos níveis da
Instituição. Isso explica o aumento do público do Grupo em atividades da escola corporativa de riscos, com 9.254 participantes em
2014 frente a 3.778 registrados em 2013.
191
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
AMBIENTE DE RISCOS
5. Ambiente de riscos
Em virtude do ambiente em que o Grupo Santander atua, existem
diferentes riscos potenciais que podem afetar o desenvolvimento
de seu negócio e o cumprimento de seus objetivos estratégicos.
A divisão de riscos identifica e avalia esses riscos e os apresenta
periodicamente à administração e ao conselho de administração
para análise, os quais tomam medidas oportunas para mitigá-los e
controlá-los. As principais fontes de risco são:
•Ambiente macroeconômico: em 31 de dezembro de 2014 as
principais fontes de incerteza macroeconômica que afetavam os
mercados nos quais o Banco Santander atua são:
•A desaceleração do crescimento na Europa
•O ajuste na economia chinesa, que pode impactar tanto os
mercados emergentes quanto os desenvolvidos
•A mudança de cenário de taxas de juros nos Estados Unidos
e sua possível repercussão nos mercados emergentes (flight to
quality)
•A evolução do preço das matérias-primas e seu possível impacto nas várias economias
O modelo de negócios do Banco Santander, baseado na diversificação geográfica e em um banco de clientes, fortalece a estabilidade
dos resultados ante as incertezas macroeconômicas, assegurando
um perfil de risco médio- baixo.
Por meio de técnicas de análises de cenários e provas de estresse,
o Banco analisa a provável evolução dos indicadores macroeconômicos e seu impacto sobre a demonstração de resultados, capital
e liquidez. A referida análise é incorporada na gestão de riscos nos
exercícios de planejamento de capital (seção 12.3), de apetite de
risco (seção 4.4) e de gestão dos diversos tipos de risco (seção 6.5.2
em crédito, 7.2.1.6 em mercado e 8.2.2 em liquidez).
•Ambiente competitivo: nos últimos anos, a indústria financeira
vem passando por um processo de reestruturação e consolidação que pode perdurar nos próximos anos. Esses movimentos
alteram o ambiente competitivo, e por isso a administração do
Banco faz um acompanhamento contínuo desse ambiente, a fim
de revisar o plano de negócios e estratégico do Banco. A divisão
de riscos controla que as mudanças de plano sejam compatíveis
com os limites de apetite de risco.
•Ambiente regulatório: nos últimos anos, foi implementado para
a indústria financeira um ambiente regulatório mais exigente em
capital e liquidez, bem como um maior foco de supervisão sobre
processos de gestão de risco e de negócios.
Nessa linha, em 4 de novembro de 2014 entrou em vigor o Mecanismo Único de Supervisão. Anteriormente, no decorrer do ano,
o Banco Central Europeu realizou em coordenação com a Autoridade Bancária Europeia um exercício de avaliação global a fim
de elevar a transparência, o controle e a credibilidade dos bancos
europeus (ver maiores detalhes em na seção 1 deste capítulo).
Esse contexto marcará o ambiente regulatório dos próximos meses, destacando os seguintes aspectos:
•A entrada em vigor das equipes conjuntas de supervisão (em
sua sigla em inglês, JST, joint supervisory teams), compostas
por pessoal das autoridades competentes nacionais e do Banco
Central Europeu.
•A harmonização progressiva de critérios, conceitos, procedimentos de autorização, etc., buscando uma homogeneização
que iguale a regulamentação e a supervisão pertinentes às
instituições na Europa.
•Na mesma linha, destaca-se a supervisão de todo o banco
europeu sob uma metodologia comum: o processo de revisão e
avaliação pelo supervisor (SREP).
•A relevância das relações que se estabelecem entre o MUS e o
restante dos supervisores nos países onde o Grupo está presente é realizada por meio dos colégios supervisores e a assinatura de memorandos de entendimento (MoU) com os mesmos.
192
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
AMBIENTE DE RISCOS
O Banco dá a máxima prioridade a essas questões e realiza o acompanhamento permanente das mudanças no marco regulatório, o
que permite uma rápida adaptação às novas exigências. Para tanto,
o Grupo está reforçando suas equipes em todos os âmbitos de sua
atividade, a fim de estar em conformidade com os requisitos dos
órgãos supervisores.
•Dentro do risco operacional está o cyber risk ou risco de sofrer
ataques de terceiros via sistemas de informação do Banco, o que
pode alterar a integridade das informações ou do desenvolvimento normal das operações. Nos últimos anos, o Banco tem reforçado continuamente seu sistema de segurança da informação
ante ameaças potenciais (maiores detalhes na seção 9).
O Grupo possui um mecanismo de coordenação, guiado e respaldado pelo conselho e pela administração das diversas áreas e regiões,
a fim de assegurar uma resposta coerente em nível de Grupo e de
implementar as melhores práticas na gestão de projetos com impacto regulatório.
•Risco de conduta: nos últimos anos, é possível observar um
crescente endurecimento do ambiente regulatório quanto ao
atendimento que as instituições financeiras devem oferecer aos
clientes. Essas mudanças regulatórias e de aplicação de normas
podem trazer um impacto para os bancos, tanto por processos
judiciais ou sanções como pelas mudanças necessárias em processos e estruturas que devem ser implementadas para cumprir
com novos padrões.
Destacamos, dentre outros, os projetos corporativos para um
ajuste a:
•Os requisitos da norma de capitais de Basileia que foi transposta na maioria dos países donde o Grupo opera, especialmente
na Europa por meio da CRR/CRD IV.
•Os padrões internacionais sobre agregação das informações de
riscos risk data aggregation (RDA).
•A regra Volcker nos EUA, que limita as operações por conta
própria que o banco pode realizar.
•A diretiva europeia MIFID II para proteção dos investidores,
que reforça os requisitos relacionados ao funcionamento dos
mercados de capitais e a comercialização de produtos financeiros.
O Banco Santander está reforçando o controle desse risco e implementou um plano global de melhoria na comercialização de
produtos de investimento e análise dos custos incorridos (pagos ou aprovisionados) em virtude de compensações a clientes
e sanções.
•Seguindo as recomendações regulatórias referentes a governança corporativa, o conselho de administração acordou com a
nomeação de um vice-presidente executivo ao qual se reporta
a função de conformidade.
Para maiores informações, consultar a seção sobre Risco de
Conformidade, Conduta e Reputacional neste relatório.
•Riscos não financeiros e transversais: (operacional, conduta,
reputacional, estratégico, etc.): esses riscos estão adquirindo
cada vez mais relevância pela atenção que recebem dos reguladores e supervisores, que os veem como um reflexo da maneira
de atuar do banco frente a seus “stakeholders” (funcionários,
clientes, acionistas, investidores, e agentes sociais). Na indústria
destacam-se particularmente:
193
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
6. Risco de crédito
6.0. Organização da seção
Depois de uma introdução ao conceito de risco de crédito e
da segmentação que o Grupo utiliza para seu tratamento, são
apresentados os principais números para 2014, bem como sua
evolução. [páginas 194-202]
Posteriormente, destacamos as principais regiões com maior
concentração, detalhando as características mais relevantes sob
o ponto de vista de risco de crédito. [pág. 203-210]
A seguir, são apresentados os aspectos qualitativos e quantitativos sob outras ópticas de risco de crédito, incluindo
informações sobre mercados financeiros, risco de concentração,
risco-país, risco soberano e risco ambiental. [pág. 210-217]
•O segmento de PMEs, empresas e instituições inclui as pessoas
jurídicas e as pessoas físicas que possuem atividade empresarial.
Também inclui instituições do setor público em geral e instituições do setor privado sem fins lucrativos.
•O segmento de Banco de Atacado Global – BMG é composto
por clientes corporativos, instituições financeiras e soberanos,
em uma lista fechada revisada anualmente. Essa lista é determinada em função de uma análise completa da empresa (negócio,
países onde atua, tipos de produto que utiliza, volume de receitas que representa para o banco, antiguidade do relacionamento
com o cliente, etc).
O gráfico a seguir mostra a distribuição do risco de crédito em
função do modelo de gestão.
Por fim, há uma descrição do ciclo de risco de crédito no Grupo
Santander, com a explicação detalhada das diversas etapas que
fazem parte das fazes de pré-venda, venda e pós-venda, bem
como os principais parâmetros de gestão de risco de crédito.
[pág. 218-222].
6.1 Introdução ao tratamento
do risco de crédito
BMG
16%
Pessoas Físicas
57%
PMEs, empresas
e instituições
27%
O risco de crédito é originado pela possibilidade de perdas decorrentes do não cumprimento total ou parcial das obrigações
financeiras contraídas com o Grupo por parte de seus clientes ou
contrapartes.
O perfil do Grupo Santander é de atuação principalmente no varejo,
sendo 84% do risco total gerado pelo negócio de banco comercial.
Sob o ponto de vista de gestão do risco de crédito, a segmentação
tem como base a distinção entre três tipos de clientes:
6.2 Principais números e evolução
•O segmento de pessoas físicas inclui todas as pessoas físicas,
com exceção daquelas que possuem uma atividade empresarial.
Esse segmento, por sua vez, divide-se em subsegmentos por
níveis de renda, o que permite uma gestão de risco adequada ao
tipo de cliente.
194
6.2.1. Mapa global do risco de crédito em 2014
O quadro a seguir detalha o mapa global de risco de crédito, expresso em valores nominais (com exceção da exposição em derivativos e contratos de recompra (repos), que são expressos em risco
equivalente de crédito), ao qual o Grupo estava exposto em 31 de
dezembro de 2014.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Exposição bruta a risco de crédito classificado por pessoa jurídica
Milhões de euros. Dados de 31 de dezembro de 2014
Crédito a clientes
Disposto
Europa continental
1
Crédito a instituições
Disponível
Disposto
2
Disponível
Renda Fixa
Derivativos
e Contratos
de recompra
3
Soberana
Privada
REC 4
Total
308.089
65.637
19.892
2.353
48.726
12.183
23.671
480.551
Espanha
198.175
53.326
14.506
2.219
37.256
7.713
20.032
333.227
Alemanha
30.896
592
1.191
-
-
233
18
32.929
26.411
4.377
862
104
5.637
3.616
2.748
43.754
52.608
7.342
3.333
30
5.833
622
873
70.641
Reino Unido
250.921
42.153
28.633
-
6.078
6.883
14.501
349.169
América Latina
Portugal
Outros
156.587
43.986
21.397
19
25.283
6.152
11.035
264.459
Brasil
86.892
30.594
12.344
18
17.892
4.940
7.851
160.532
Chile
33.291
7.460
1.360
0
1.396
844
1.733
46.084
México
27.198
5.685
4.395
-
4.621
341
1.399
43.639
Outros
9.206
248
3.298
-
1.374
27
52
14.204
73.664
28.709
7.319
69
5.159
8.038
800
123.758
351
30
68
-
-
2
-
450
789.613
180.515
77.308
2.440
85.246
33.258
50.007
1.218.387
% s/Total
64,8%
14,8%
6,3%
0,2%
7,0%
2,7%
4,1%
100,0%
Variação sobre
dez/13
10,9%
16,7%
-17,9%
28,5%
46,3%
9,8%
-14,4%
9,8%
Estados Unidos
Resto do mundo
Total Grupo
Evolução da exposição bruta ao risco de crédito
Milhões de euros
2014
2013
2012
Var.s/13
Europa continental
480.551
473.267
540.435
1,5%
-11,1%
Espanha
333.227
327.900
396.474
1,6%
-16,0%
32.929
33.481
40.659
-1,6%
-19,0%
Alemanha
Var.s/12
Portugal
43.754
41.013
39.243
6,7%
11,5%
Outros
70.641
70.872
64.059
-0,3%
10,3%
Reino Unido
349.169
320.571
344.413
8,9%
1,4%
América Latina
264.459
241.592
266.304
9,5%
-0,7%
Brasil
160.532
141.119
163.915
13,8%
-2,1%
Chile
46.084
44.147
46.722
4,4%
-1,4%
México
43.639
39.066
37.836
11,7%
15,3%
Outros
14.204
17.260
17.832
-17,7%
-20,3%
123.758
73.945
79.707
67,4%
55,3%
450
265
539
69,9%
-16,4%
1.218.387
1.109.640
1.231.398
9,8%
-1,1%
Estados Unidos
Resto do mundo
Total Grupo
1. Os saldos dispostos com clientes incluem riscos contingentes (detalhes no Relatório de Auditoria e Demonstrações Anuais1, nota 35) e excluem contratos de recompra
(1.639 milhões de euros) e outros ativos financeiros de crédito a clientes (12.832 milhões de euros).
2. Saldos com instituições de crédito e bancos centrais incluem riscos contingentes e excluem contratos de recompra, carteira de negociação e outros ativos financeiros.
3. O total da renda fixa exclui carteira de negociação.
4. REC (Risco Equivalente de Crédito: Valor líquido de reposição mais o máximo valor potencial. Inclui atenuantes).
A exposição bruta (crédito a clientes, entidades, renda fixa, derivativos e contratos de recompra) a risco de crédito em 2014 chegou
a 1.218.387 milhões de euros. A predominância é do crédito a clientes e instituições financeiras (em conjunto, 86% do total).
O risco está diversificado entre as principais regiões geográficas
onde o Grupo está presente: Europa continental, com 39%, Reino
Unido, 29%, América Latina, 22% e Estados Unidos, 10%.
Durante o ano de 2014, a exposição ao risco de crédito apresentou
um aumento de 9,8%, principalmente em virtude do efeito conjunto do aumento do crédito no Reino Unido, Brasil, EUA e Espanha.
Sem levar em consideração o efeito da taxa de câmbio das moedas
frente ao euro, o aumento da exposição em 2014 seria de 5%.
195
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Em 2014 ocorreram diferentes alterações no perímetro da exposição bruta ao risco de crédito do Grupo, destacando a incorporação do SCUSA, bem como as aquisições da carteira da GE Nordics
e FECI (Financiera El Corte Inglés) no âmbito do Santander Consumer Finance. A carteira SCUSA passou a ser integrada globalmente no Grupo, com uma taxa de cobertura de 296%. A principal
linha de negócio do SCUSA é o financiamento de automóveis, com
diferenciação entre core auto (empréstimos gerados por intermediários) e Chrysler Capital (operações concedidas por meio de
concessionárias Chrysler e financiamento de frotas comerciais).
Com a aquisição da GE Nordics, consolidou-se a aposta no crescimento do negócio de financiamento ao consumo direto na Europa
setentrional, incorporando uma carteira a qual, em dezembro de
2014, apresenta uma taxa de cobertura de 82%. Com o acordo
para o FECI é possível aumentar a base de clientes com potencial
de crescimento, sendo sua taxa de cobertura de 109%.
6.2.2. Evolução dos números em 2014
A seguir, são apresentados os principais números relacionados ao
risco de crédito com origem em atividade com clientes:
Principais números do risco de crédito com origem na atividade com clientes*
Datos a 31 de dezembro
Risco de crédito com clientes (2)
(milhões de euros)
Inadimplência
(milhões de euros)
Índice de inadimplência
(%)
2014
2013
2012
2014
2013
2012
2014
2013
2012
Europa continental
308.205
312.167
332.261
27.514
28.496
20.904
8,93
9,13
6,29
Espanha
Santander Consumer Finance1
Portugal
Polônia
Reino Unido
América Latina
Brasil
México
Chile
Argentina
Estados Unidos
Porto Rico
Santander Bank
SC USA
Total Grupo
182.974
63.654
25.588
18.920
256.337
167.065
90.572
27.893
33.514
5.703
72.477
3.871
45.825
22.782
804.084
189.783
58.628
26.810
18.101
235.627
146.956
79.216
24.024
31.645
5.283
44.372
4.023
40.349
—
738.558
210.536
59.387
28.188
10.601
254.066
155.846
89.142
22.038
32.697
5.378
49.245
4.567
44.678
—
793.448
13.512
3.067
2.275
1.405
4.590
7.767
4.572
1.071
1.999
92
1.838
288
647
903
41.709
14.223
2.351
2.177
1.419
4.663
7.342
4.469
878
1.872
75
1.151
253
898
—
41.652
8.093
2.315
1.849
500
5.202
8.369
6.113
428
1.691
92
1.351
326
1.025
—
36.061
7,38
4,82
8,89
7,42
1,79
4,65
5,05
3,84
5,97
1,61
2,54
7,45
1,41
3,97
5,19
7,49
4,01
8,12
7,84
1,98
5,00
5,64
3,66
5,91
1,42
2,60
6,29
2,23
—
5,64
3,84
3,90
6,56
4,72
2,05
5,37
6,86
1,94
5,17
1,71
2,74
7,14
2,29
—
4,54
Taxa de cobertura
(%)
Europa continental
Espanha
Santander Consumer Finance1
Portugal
Polônia
Reino Unido
América Latina
Brasil
México
Chile
Argentina
Estados Unidos
Porto Rico
Santander Bank
SC USA
Total Grupo
Alocação específica líquida
de ASR3 (milhões de euros)
2014
2013
2012
2014
2013
2012
2014
2013
2012
57,2
45,5
100,1
51,8
60,3
41,9
84,7
95,4
86,1
52,4
143,3
192,8
55,6
109,4
296,2
67,2
57,3
44,0
105,3
50,0
61,8
41,6
85,4
95,1
97,5
51,1
140,4
86,6
61,6
93,6
—
61,7
73,0
50,0
109,5
53,1
68,0
44,1
87,5
90,2
157,3
57,7
143,3
95,3
62,0
105,9
—
72,4
2.880
1.745
544
124
186
332
5.119
3.682
756
521
121
2.233
55
26
2.152
10.562
3.603
2.411
565
192
167
580
6.435
4.894
801
597
119
43
48
(5)
—
10.863
4.104
2.473
753
393
112
806
7.300
6.124
466
573
108
345
81
265
—
12.640
1,02
1,06
0,90
0,50
1,04
0,14
3,56
4,84
2,98
1,75
2,54
3,45
1,43
0,06
10,76
1,43
1,23
1,38
0,96
0,73
1,01
0,24
4,43
6,34
3,47
1,92
2,12
0,00
1,13
(0,01)
—
1,53
3,16
1,34
1,27
1,40
1,00
0,30
4,93
7,38
2,23
1,90
2,05
0,72
1,80
0,61
—
2,38
* Em 2013 não inclui SCUSA.
1. SCF inclui GE Nordics nos dados de 2014.
2. Inclui créditos brutos a clientes, avais e cartas de crédito.
3. Ativos em Suspenso Recuperados (1.336 milhões de euros).
4. Custo do crédito = alocações para perdas com crédito doze meses / média das operações de crédito.
196
Custo do crédito
(% s/risco)4
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Em 2014, o risco de crédito com clientes aumentou 9%. O crescimento foi generalizado, exceto na Espanha (ainda levando em
conta apenas o crédito a clientes, este teve um ligeiro aumento),
Portugal e Porto Rico. Esses níveis de investimento, junto a uma
inadimplência de 41.709 milhões de euros (-1,4% em relação a
2013), reduzem a taxa de inadimplência do Grupo para 5,19% (-45
p.b. em relação a 2013).
Para a cobertura dessa inadimplência, o Grupo contabilizou alocações para perdas com crédito de 10.562 milhões de euros (-3%
frente a 2013), depois da dedução de recuperação de baixas. Essa
redução concretiza-se em uma queda no custo do crédito para
1,43%, representando 10 p.b. a menos que no ano anterior.
Os fundos totais para perdas com crédito chegam a 28.046
milhões de euros, colocando o índice de cobertura do Grupo em
67%. É importante levar em consideração que o índice é afetado
para baixo pelo peso das carteiras hipotecárias (especialmente
no Reino Unido e na Espanha), as quais, por contarem com garantias, requerem provisões menores no balanço.
Conciliação dos principais números
Na demonstração financeira consolidada, está detalhada a carteira
de créditos a clientes, tanto bruta como líquida de fundos. O risco
de crédito inclui também o risco de exposição fora do balanço e os
derivativos. A tabela a seguir mostra a relação entre os conceitos
que compõem esses números.
Valores em milhões de euros
RISCO DE CRÉDITO
COM CLIENTES
804.084*
Disposto a clientes
789.613**
Detalhamento 1
Contratos de recompra, outros ativos fin.
14.471
Operações de crédito (Crédito a clientes)
Detalhamento 2
Risco de Exposição Fora do Balanço
41.980
762.104
OPERAÇÕES DE
CRÉDITO (CRÉDITO A
CLIENTES)
SEÇÃO
‘RISCO DE CRÉDITO’
* Tabela ‘‘Principais
Números’’
** Tabela “Exposição
Bruta ao Risco de
Crédito”
762.104
Ajuste Risco País e Outros
(176)
CRÉDITOS A CLIENTES
(BRUTO)
761.928
Empréstimos e recebíveis
750.036
Fundos
(27.217)
Valor
justo
2.921
8.971
2.921
8.971
BALANÇO DO CAPÍTULO
‘RELATÓRIO FINANCEIRO
CONSOLIDADO’’
Ativos: Operações de crédito:
CRÉDITOS A CLIENTES
722.819
CRÉDITOS A CLIENTES
(NETO)
Carteira de
negociação
734.711
197
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Distribuição geográfica e segmentação
Atendendo à segmentação descrita anteriormente, a distribuição
geográfica e a situação da carteira são apresentadas nos gráficos
a seguir:
Milhões de euros
Total
Resto
18%
762.375
757.387
Espanha
23%
696.906
Normal
Duvidoso
Estados Unidos
9%
Total
Chile
4%
Portugal
3%
Reino Unido
32%
804.084
Brasil
11%
Pessoa Física
Resto
16%
36.061
41.652
41.709
2012
2013
2014
448.708
Espanha
16%
393.822
436.612
Normal
Estados Unidos
8%
Brasil
7%
Total
Chile
4%
Duvidoso
454.094
Portugal
4%
Reino Unido
45%
18.327
16.688
17.482
2012
2013
2014
PMEs, empresas e instituições
Resto
22%
199.657
Espanha
29%
189.608
187.510
Normal
Duvidoso
Total
220.526
Estados Unidos
12%
Brasil
12%
Chile
5%
Portugal
3%
16.489
Reino Unido
17%
2012
22.058
20.869
2013
2014
Banco de Atacado Global
Resto
18%
Espanha
36%
119.071
126.107
115.574
Normal
Estados Unidos
8%
Chile
3%
Portugal
1%
Reino Unido
11%
198
Duvidoso
Total
129.464
Brasil
23%
1.245
2.906
3.357
2012
2013
2014
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
A seguir, os comentários sobre os principais números por região
geográfica:
•Europa continental
•Na Espanha3, a taxa de inadimplência situa-se em 7,38% (-11 p.b.
que em 2013), apesar da redução do denominador, e devido à evolução favorável da inadimplência, principalmente em empresas. O
índice de cobertura subiu para 46%.
•Portugal encerra o ano com um aumento na taxa de inadimplência de 8,89%. O índice foi parcialmente afetado pela queda nas
operações de crédito, em linha com o processo de desalavancagem do sistema financeiro. O índice de cobertura subiu 2 p.p. no
ano, atingindo 52%.
•Na Polônia, a inadimplência caiu para 7,42% (-42 p.b. em relação a
2013), normalizando depois da alta registrada no exercício anterior
após a integração do Kredyt Bank. O índice de cobertura ficou em
60%.
•No Santander Consumer, a taxa de inadimplência após a ampliação do perímetro situa-se em 4,82%, com bom desempenho geral
das carteiras em todos os países. O índice de cobertura está em
100%.
•O Reino Unido4 reduziu seu índice de inadimplência, que atingiu
1,79% (-19 p.b. no ano), devido ao bom comportamento em geral em
todos os segmentos, em especial em retail, onde se destaca a evolução da carteira hipotecária. O índice de cobertura, por sua vez, subiu
para 42% (+3 p.p. versus 2013).
Carteira em situação normal: valores vencidos pendentes de
cobrança
Os valores vencidos pendentes de cobrança com antiguidade igual
ou inferior a três meses representam 0,42% do total de risco de
crédito com clientes. A tabela a seguir mostra o detalhamento em
31 de dezembro de 2014, classificado em função da antiguidade do
primeiro vencimento:
Evolução dos fundos para perdas com crédito de
acordo com os conceitos que os compõem
Milhões de euros. Dados de 31 de dezembro de 2014
Menos
de 1 mês
De 1 a 2
meses
De 2 a 3
meses
5
-
3
2.222
710
406
Aplicações no mercado aberto
Operações de crédito
Órgãos públicos
Outros setores privados
Instrumentos da dívida
Total
8
0
0
2.215
710
406
-
-
-
2.228
710
409
Carteira de devedores duvidosos e
alocações: evolução e detalhamento
A figura a seguir mostra a evolução dos saldos duvidosos pelos
conceitos que os compõem:
Evolução da inadimplência pelos conceitos
que a compõem
Milhões de euros
•No Brasil5, a taxa de inadimplência caiu para 5,05% (-59 p.b. versus
2013), com um comportamento positivo na maioria das carteiras. O
índice de cobertura do Grupo ficou em 95%.
41.652
2.232
9.652
41.709
(11.827)
•No Chile, houve um aumento na taxa de inadimplência, que chegou
a 5,97% (+6 p.b. no ano), apesar da redução do prêmio de risco da
carteira. O índice de cobertura atingiu 52% (+1,3 p.p. ante 2013).
Houve um crescimento de 6% nos investimentos.
•No México, a taxa de inadimplência cresceu, atingindo 3,84% (+18
p.b. no ano), afetada principalmente pelo aumento das exigências
regulatórias no sistema financeiro local e por um ambiente macroeconômico menos favorável que o previsto. O índice de cobertura
baixou para 86% (-11 p.p. em relação a 2013).
•Nos Estados Unidos, a taxa de inadimplência caiu para 2,54% (-6
p.b. no ano) e o índice de cobertura subiu, chegando em 193% (+106
p.p. desde 2013).
•No Santander Bank, o índice de inadimplência está em 1,41% (-82
p.b.), em virtude do bom comportamento das carteiras de retail e
Empresas, enquanto a cobertura subiu para 109%.
•Quanto ao SCUSA, o custo de crédito situa-se em 10,76%. A alta
rotatividade e a gestão ativa do crédito da unidade fizeram com
que a taxa de inadimplência ficasse em 3,97% e a cobertura subisse para 296%.
Inadimplência
2013
Entradas
líquidas
Perímetro
e taxa de
câmbio
Baixas
Inadimplência
2014
2012
2013
2014
32.006
36.061
41.652
16.538
17.596
9.652
(628)
743
497
Evolução 2012-2014
Inadimplência
(início do período)
Entradas líquidas
Perímetro
Variações cambiais
e outros
(491)
(2.122)
1.734
Baixas
(11.364)
(10.626)
(11.827)
Inadimplência
(final do período)
36.061
41.652
41.709
• Porto Rico, por sua vez, registrou um aumento na taxa de inadimplência, que chegou a 7,45%, enquanto a cobertura caiu para 56%.
3. Não inclui a atividade imobiliária descontinuada. Maiores detalhes na seção ‘6.3.2 Espanha’.
4.Maiores detalhes na seção ‘6.3.1 Reino Unido’.
5. Maiores detalhes na seção ‘6.3.3 Brasil.
199
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
•O principal objetivo deve ser a recuperação dos valores devidos,
reconhecendo o quanto antes as quantidades que, em cada caso,
sejam estimadas como irrecuperáveis.
Evolução dos fundos para perdas com crédito de
acordo com os conceitos que os compõem
Milhões de euros. Dados de 31 de dezembro de 2014
974
10.948
2.271
(11.827)
28.046
25.681
Determinado
coletivamente
6.262
Determinado
coletivamente
3.747
Fundos
2013
Alocação
específica
bruta e saneamentos
•Essa prática não deve envolver a concessão de financiamento
adicional, nem servir para refinanciar a dívida de outras instituições, nem será utilizada como instrumento de venda cruzada.
Determinado
individualmente
21.784
Determinado
individualmente
21.934
•São avaliadas todas as alternativas da repactuação e seus impactos, garantindo que os resultados desta última superem aos que
previsivelmente seriam obtidos no caso de não ser realizada.
Alocação Variações
coletiva cambiais
e outros
Baixas
Fundos
dezembro
2014
2012
2013
2014
Fundo (início do período)
19.531
26.111
25.681
Determinado coletivamente
4.058
4.319
3.747
Determinado individualmente
Evolução 2012-2014
15.474
21.793
21.934
Alocação bruta determinada
individualmente e saneamentos
19.508
12.335
10.948
Alocação
13.869
12.140
10.948
5.639
195
—
358
(212)
974
(1.939)
(1.928)
2.271
(11.347)
(10.626)
(11.827)
26.111
25.681
28.046
Saneamentos
Alocação determinada
coletivamente
Variações cambiais e outros
Baixas
Fundo (final do período)
Repactuação da carteira
Com o término da repactuação da carteira, é feita a referência aos
efeitos da gestão de riscos do Grupo ao conjunto de operações
nas quais o cliente apresentou, ou se prevê que possa apresentar, dificuldades financeiras para atender a suas obrigações de
pagamento nos termos contratuais vigentes e, por esse motivo,
realizou-se uma modificação, cancelamento e/ou inclusive formalização de uma nova operação.
O Grupo Santander conta com uma política detalhada de repactuação de dívidas de clientes que funciona como referência nas
diferentes transposições locais de todas as instituições financeiras
que fazem parte do Grupo, e que envolve os mesmos princípios
estabelecidos tanto na Circular do Banco da Espanha 6/2012,
como os critérios técnicos publicados em 2014 pela Autoridade
Bancária Europeia, desenvolvendo-os de forma mais granular em
função do nível de deterioração dos clientes.
Essa política estabelece critérios rigorosos de prudência na avaliação desses riscos:
•O uso dessa prática deve ser restrito, evitando ações que resultem em adiar o reconhecimento da perda de valor.
200
•Deve-se contemplar sempre a manutenção das garantias existentes e, se for possível, melhorá-las. As garantias eficazes podem
servir não apenas como atenuantes da severidade, mas também
podem reduzir a probabilidade de descumprimento.
•Para a classificação das operações repactuadas são aplicados critérios mais severos, os quais, com caráter prudencial, garantam o
restabelecimento da capacidade de pagamento do cliente, desde
o momento da repactuação e durante um período adequado de
tempo.
•Além disso, no caso dos clientes que têm um analista de riscos
designado, é de especial relevância a análise individualizada de
cada caso, tanto para sua correta identificação como para sua
classificação posterior, acompanhamento e constituição adequada de provisões.
Também são estabelecidos diversos critérios relacionados com
a determinação do perímetro de operações consideradas como
repactuação, mediante a definição de uma série detalhada de
indicadores objetivos que permitam identificar as situações de
dificuldade financeira.
Dessa forma, as operações que não estiverem classificadas como
duvidosas na data da repactuação, de forma geral são consideradas com dificuldades financeiras se em tal data estavam inadimplentes há mais de um mês. Em caso de não existir inadimplência
ou se esta for inferior a um mês, levam-se em conta outros indicadores, dentre os quais destacamos:
•Operações de clientes que já apresentem dificuldades com outras operações.
•Quando a modificação se faz necessária de forma prematura
sem que exista ainda uma experiência anterior e satisfatória com
o cliente.
•No caso em que as modificações necessárias envolvam a concessão de condições especiais, como no caso da necessidade de
ter que estabelecer uma carência temporária no pagamento ou
quando essas novas condições são consideradas mais favoráveis
para o cliente do que as concedidas em uma admissão normal.
•Solicitação de modificações sucessivas em intervalos de tempo
pouco razoáveis.
• De qualquer modo, uma vez realizada a modificação, se surgir
alguma irregularidade no pagamento durante um determinado
período de observação, embora não havendo outros sintomas,
a operação será considerada dentro do perímetro das repactuações (‘backtesting’).
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Uma vez determinado que os motivos que originaram a modificação refletem dificuldades financeiras, são diferenciados, para efeito de gestão, dois tipos de repactuação dependendo da situação
de gestão dessas operações em sua origem: repactuação ex-ante
quando a operação original encontrava-se em situação não duvidosa e repactuação ex-post quando se originava de uma situação
duvidosa.
repactuação de uma operação duvidosa não dá lugar a liberação
das provisões correspondentes.
Além disso, dentro das mesmas repactuações ex-post, diferenciam-se os tratamentos aplicáveis aos casos de deterioração avançada, cujas exigências e critérios de classificação são ainda mais
rígidos do que para as demais repactuações.
Milhões de euros
Depois de realizada a repactuação, no caso em que tais operações
devam continuar classificadas como risco duvidoso pelo não cumprimento, no momento da repactuação, dos requisitos regulatórios para sua reclassificação a outra categoria, devem cumprir um
calendário prudencial de pagamento contínuo para garantir uma
certeza razoável da recuperação na capacidade de pagamento.
Se acontecer qualquer não cumprimento (não técnico) dos pagamentos durante esse período, é reiniciado o calendário de pagamento citado anteriormente.
Passado esse período, dependendo da situação do cliente e das
características da operação (prazo e garantias apresentadas), a
operação deixa de ser considerada duvidosa, embora continue
sujeita a um período de comprovação na qual é realizado um
acompanhamento especial.
Esses acompanhamentos são mantidos enquanto não for cumprida uma série de requisitos, dentre os quais se destacam: permanecer em um período mínimo de observação, amortizar um percentual substancial dos valores pendentes e satisfazer os valores não
pagos no momento da repactuação.
Na repactuação de uma operação duvidosa, para todos os efeitos,
continuam sendo consideradas as datas de inadimplemento originais, independentemente do fato de a operação continuar em
dia com os pagamentos após a citada repactuação. Além disso, a
Com relação ao volume de repactuações, o total da carteira em 31
de dezembro de 2014 totalizou 56.703 milhões de euros (representando 7% sobre o total de risco de crédito com clientes do Grupo),
com o seguinte detalhamento6:
Risco
Não
duvidoso
Total
Repactuações
Duvidoso
Total
Valor
Valor
Valor
%
Cobertura
específica
s/ total
33.135
23.568
56.703
21%
Similar ao perímetro em relação a 2013, o nível de repactuações do
Grupo diminuiu 6% (- 3.229 milhões de euros), dando continuidade
à trajetória de redução do exercício anterior.
De acordo com o rating de crédito, 58% estão em situação adimplente. Destaque para o alto nível de garantias existentes (75%
contam com garantia real) e para a cobertura adequada mediante
provisões específicas (21% sobre o total da repactuação da carteira
e 45% sobre a carteira duvidosa).
Parâmetros de gestão7
Na gestão de risco de crédito, são utilizados parâmetros adicionais
aos citados em seções anteriores, dentre os quais se destacam a
VMG (variación de mora de gestión, ou variação de inadimplentes
geridos) e a perda esperada. Ambos permitem ao gestor ter uma
ideia completa sobre a evolução e as perspectivas futuras da carteira.
Diferentemente da inadimplência, a VMG faz referência ao total
da carteira com risco de perda em um período, independentemente da situação em que esta se encontre (duvidosa ou baixada). Isso
faz com que o parâmetro seja um driver principal no momento de
estabelecer medidas para a gestão da carteira.
6.Os números da carteira adimplente incluem a carteira em classificação normal e abaixo do padrão da circular 4/04 do Banco da Espanha. Para maiores detalhes, consultar a
nota 54 do Relatório de Auditoria e Demonstrações Anuais.
7. Para maiores detalhes sobre esses parâmetros, consultar a seção ‘6.5.5 Medição e controle’ nesta mesma seção.
201
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
A VMG é frequentemente considerada em relação ao investimento médio que a gera, dando lugar ao que se conhece como prêmio
de risco, cuja evolução pode ser observada a seguir.
Prêmio de risco (VMG/saldos médios)
% Dados a tipo de câmbio constante
7,09
2014
2013
2012
5,23
4,31
3,51
2,35
1,79
1,10
1,07
0,41
Grupo
A diferença da perda incorrida, usada pelo Grupo para a estimativa das provisões por perdas com crédito, a perda esperada é a
estimativa da perda econômica que ocorrerá durante o próximo
ano na carteira existente em um dado momento. Seu componente de projeção complementa a visão oferecida pela VMG no
momento de analisar a carteira e sua evolução.
A perda esperada reflete as características da carteira em relação
à exposição (EAD), probabilidade de default (PD) e severidade ou
recuperação depois de produzido o default (LGD).
0,28
0,01
Reino Unido
Brasil
O prêmio de risco no nível do Grupo mostra uma diminuição em
relação a 2013, em um contexto de crescimento das operações
de crédito.
0,16
Espanha
Na tabela a seguir é detalhada a distribuição da perda esperada
por segmentos em termos de EAD, PD e LGD. A título de exemplo, observa-se como considerar o LGD no parâmetro faz com
que as carteiras com garantia hipotecária geralmente originam
uma perda esperada menor, fruto da recuperação produzida no
caso de default por meio do imóvel hipotecado.
A perda esperada com clientes da carteira em situação normal
é de 1,01% (com queda em relação a 1,20% em 2013), sendo de
0,82% para o conjunto da exposição ao crédito do Grupo (0,98%
em 2013), o que permite falar em um perfil de risco de crédito
médio/baixo.
Segmentação da exposição a risco de crédito
Segmento
Dívida Soberana
EAD1
%
PD Média
LGD Média
Perda Esperada
150.890
14,3%
0,02%
46,90%
0,01%
Bancos e outras instituições financeiras
64.271
6,1%
0,32%
51,81%
0,17%
Setor Público
21.150
2,0%
1,87%
8,29%
0,16%
Corporativa
149.339
14,2%
0,61%
32,48%
0,20%
Pequenas e Médias Empresas
156.424
14,8%
3,15%
38,60%
1,22%
Hipotecária Pessoas Físicas
325.181
30,8%
2,60%
8,46%
0,22%
Consumo Pessoas Físicas
125.580
11,9%
6,59%
52,61%
3,47%
Cartões de Crédito Pessoas Físicas
42.499
4,0%
3,49%
63,58%
2,22%
Outros ativos
19.849
1,9%
3,05%
50,08%
1,52%
Nota clientes
820.173
77,7%
2,98%
33,73%
1,01%
1.055.182
100,0%
2,40%
34,28%
0,82%
2
Total
Dados de dezembro de 2014
1. Exclui ativos duvidosos.
2. Exclui dívida soberana, bancos e outras instituições financeiras e outros ativos.
202
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
6.3. Detalhamento das principais
regiões geográficas
A seguir, são descritas as carteiras das regiões onde o Grupo
Santander tem maior concentração de risco, a partir dos dados da
seção ‘6.2.2. Evolução dos números em 2014’.
Concentração Geográfica
%
8%
3%
2%
6.3.1.1. Visão geral da carteira
O risco de crédito com clientes no Reino Unido chega a 256.337
milhões de euros no final de dezembro de 2014, representando
32% do total do Grupo. A carteira do Santander UK é distribuída
por segmentos, de acordo com o gráfico a seguir:
5%
2%
4%
48%
Scotland
South East Inc London
Yorks And Humber
North
North West
Wales
South West
East Anglia
East Midlands
West Midlands
Northern Ireland
Other
Todas as propriedades são avaliadas de forma independente antes
da aprovação de cada nova operação, de acordo com os princípios
estabelecidos pelo Grupo para sua gestão de riscos.
%
Demais
Pessoas Físicas
3%
PMEs e
Empresas
15%
5%
10%
7%
6.3.1. Reino Unido
Segmentação da carteira
3% 4%
Hipotecas
Pessoas Físicas
82%
Para empréstimos hipotecários já concedidos em carteira, é realizada uma atualização trimestral do valor dos imóveis em garantia,
feita por uma agência independente, por meio de um sistema de
avaliação automática, de acordo com as práticas habituais do mercado e em conformidade com a legislação vigente.
Do ponto de vista do tipo de mutuários, a carteira possui a distribuição apresentada no gráfico a seguir:
Tipo de empréstimo da carteira hipotecária
Milhões de euros
6.3.1.2. Carteira hipotecária
Por sua relevância, não apenas para o Santander UK, mas também
para o conjunto das operações de crédito do Grupo, é preciso ressaltar a carteira de empréstimos hipotecários, cujo valor, no final
de dezembro de 2014, totaliza 193.048 milhões de euros.
Essa carteira é composta por operações de empréstimos hipotecários para aquisição ou reforma de imóveis residenciais, concedidos
tanto a novos clientes como aos já existentes, sempre com categoria de primeira hipoteca, já que não são originadas operações
que impliquem segundos ou sucessivos ônus sobre os imóveis
hipotecados.
O imóvel sobre o qual se constitui a garantia hipotecária tem
que estar sempre localizado dentro do território do Reino Unido,
independentemente do destino do financiamento, exceto no caso
de algumas operações pontuais realizadas na Ilha de Man. Existe
a possibilidade de concessão de empréstimos para a aquisição de
imóveis residenciais fora do Reino Unido, mas a garantia hipotecária deve ser, em todas as circunstâncias, constituída sobre uma
propriedade localizada no país.
Em termos geográficos, a exposição ao crédito é mais predominante na região Sul do país, e em especial, na região metropolitana
de Londres, onde se observa um comportamento mais estável dos
índices de preços de imóveis residenciais, mesmo durante os períodos de desaceleração econômica.
32.263
193.048
2%
4.110
5%
1.638
35%
67.981
25%
8.124
43%
83.061
47%
15.298
20%
37.895
22%
7.203
Stock
New Business
First-time buyers
1
Home movers
2
Re-mortgagers3
Buy to let4
1. First time buyer: Clientes que adquirem um imóvel residencial pela primeira vez.
2.Home mover: Clientes que trocam de imóvel residencial, com ou sem mudança da
instituição financeira que concede o empréstimo.
3.Remortgage: Clientes que transferem a hipoteca de outra instituição financeira.
4.Buy to let: Imóveis residenciais adquiridos com a finalidade de destinação a
aluguel.
Existem variedades de produtos com diferentes perfis de risco, todos sujeitos aos limites pertinentes das políticas de um mutuante
prime como é o Santander UK. A seguir, são apresentadas as características de alguns (o percentual que representam na carteira
de hipotecas do Reino Unido consta em parênteses):
• Interest only loans (41,1%)*: O cliente paga mensalmente os juros
e amortiza o capital no vencimento. É preciso que exista um
plano de pagamento apropriado, como um plano de previdência,
* Percentual calculado para empréstimos com o total ou algum componente de interest only.
203
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
fundos de investimento, etc. Trata-se de um produto habitual no
mercado britânico para o qual o Santander UK aplica políticas
restritivas, com o objetivo de minimizar os riscos inerentes ao
mesmo. Por exemplo: LTV máximo de 50%, pontos de corte mais
elevados no score de admissão ou a avaliação da capacidade de
pagamento, simulando a amortização de cotas de capital e juros
em vez de apenas juros.
•Flexible loans (14,2%): Esse tipo de empréstimos permite, por
contrato, que o cliente modifique os pagamentos mensais, ou
faça disposições adicionais de fundos até um limite pré-estabelecido, bem como dispor de valores que tenham sido pagos
anteriormente em nível acima desse limite.
•Buy to let (2,2%): Os empréstimos hipotecários do tipo buy to let
(compra de um imóvel com o propósito de destiná-lo a aluguel)
representam um percentual mínimo sobre o volume total da
carteira. A admissão esteve totalmente paralisada desde 2009
até 2013, quando foi reativada depois da melhoria das condições
do mercado, sendo aprovada usando políticas rígidas de risco.
Em 2014, representaram em torno de 5% do total da admissão
mensal.
A seguir, é apresentada a evolução das operações de crédito dessa
carteira durante os últimos três anos:
Evolução da carteira hipotecária
Milhões de euros
8,7%*
200.000
191.827
177.617
193.048
Evolução da taxa de inadimplência da carteira hipotecária
1,88%
1,85%
1,78%
1,69%
1,64%
1,68%
1,58%
1,51%
1,42%
1,33%
DEZ-13
MAR-14
JUN-14
Santander UK1
SET-14
DEZ-14
CML2
1. Dados do Santander UK de acordo com o valor dos casos.
2. Dados do CML de acordo com o volume de casos.
A redução da taxa de inadimplência é sustentada pelo comportamento dos atrasos no pagamento, que registrou uma melhoria
significativa, graças a um ambiente macroeconômico mais favorável, e também pelo aumento de saídas de inadimplência, motivado
pelas melhorias obtidas na eficiência das equipes de recuperações.
Desse modo, o valor dos créditos em atraso foi reduzido em 11,9%,
chegando a 3.162 milhões de euros, frente ao crescimento de 1,1%
observado em 2013.
Além disso, é necessário destacar o enfoque mais conservador
adotado na definição de inadimplência pelo Santander UK, em linha
com os critérios estabelecidos pelo Banco da Espanha e o Grupo
Santander, em relação ao padrão aplicado no mercado britânico.
Esse enfoque inclui a classificação do nível de dúvida nas seguintes
operações:
150.000
•Clientes com atrasos de pagamentos entre trinta e noventa dias
e que tenham sido declarados publicamente insolventes, por
meio de processo de bankruptcy, nos últimos dois anos.
100.000
50.000
0
2012
2013
DEZ-14
* Crescimento real, descontando o efeito da taxa de câmbio, é de 1,3%
Observa-se um discreto crescimento de 1,3% (descontando os efeitos
da taxa de câmbio) em dezembro de 2014, acompanhado de um
ambiente favoravelmente sustentado em parte no programa help to
buy impulsionado pelo governo. Esse programa permite aos compradores do primeiro imóvel residencial, e também aos que já são
proprietários, dentro de uma série de condições, adquirir um imóvel
apresentando como entrada mínima 5% de seu valor, e devendo obter
financiamento para o restante. O governo garante às instituições
financeiras mutuantes, em caso de depreciação da propriedade, até
15% de seu valor.
Durante 2014, como se pode observar no gráfico a seguir, a taxa de
inadimplência foi reduzida, passando de 1,88% em 2013 para 1,69% no
final do exercício, ligeiramente acima da existente para o conjunto do
setor, de acordo com os dados publicados pelo Council of Mortgage
Lenders (CML).
204
•Operações nas quais, depois de atingida a data de vencimento,
existe ainda um capital pendente de pagamento com antiguidade superior a noventa dias, mesmo que o cliente esteja em dia
com o pagamento de suas cotas mensais.
•Operações repactuadas que, de acordo com a política corporativa, sejam consideradas como “acordos de pagamento” e que em
virtude disso foram classificadas como duvidosas.
Excluindo esses conceitos, não considerados para os efeitos do
cálculo da taxa de inadimplência no mercado britânico e sob os
quais estão classificadas as operações inadimplentes no final de
dezembro de 2014, no valor de 419 milhões de euros, a taxa de inadimplência da carteira hipotecária chegaria a 1,42%, muito inferior
à citada anteriormente, de 1,64% e muito próxima à publicada pelo
Council of Mortgage Lenders.
As políticas rígidas de crédito mencionadas anteriormente limitam o
loan to value máximo em 90% para os empréstimos que amortizam
juros e capital, e em 50% para os que amortizam juros de forma
periódica, e o capital no vencimento. A aplicação dessas políticas
permitiu situar o LTV médio simples da carteira em 47,2% e o LTV
médio ponderado em 42,8%. A proporção da carteira com loan to
value superior a 100% foi reduzida a 2,4% em comparação a 4,4%
em 2013.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Os gráficos a seguir mostram o detalhamento em termos de LTV
para o stock da carteira hipotecária residencial e a distribuição em
termos da percentual de comprometimento da renda (income multiple) da nova produção de 2014:
Loan to value
(média 47,2%)1
79,8%
67,1%
Segmentos carteira pmes e empresas
Moradias
Populares
20,6%
Income multiple
(média 2,9)2
5,9%
Nessas carteiras, estão incluídos os subsegmentos a seguir:
PMEs
36,6%
20,0%
14,3%
SGB&M
24,0%
12,9%
Empresas
18,8%
< 75%
75-90%
> 90%
< = 2,5
> 2,5-3
> 3,0
1. L oan to value: Relação entre o valor do empréstimo e o valor de avaliação do bem
hipotecado. Baseado em índices.
2. Income multiple: Relação entre o valor total original da hipoteca e a receita bruta
anual do cliente declarado na solicitação.
As políticas vigentes de risco de crédito proíbem explicitamente os
empréstimos considerados como de alto risco (hipotecas subprime),
com estabelecimento de requisitos rígidos a respeito da qualidade
do crédito, tanto das operações como dos clientes. A título de
exemplo, a partir de 2009, não se permite a admissão de empréstimos hipotecários com loan to value superior a 100%.
Um indicador adicional do bom comportamento da carteira é o volume reduzido de propriedades retomadas, que chegou a 75 milhões
de euros em dezembro de 2014, menos de 0,1% do total da exposição hipotecária. A eficiente gestão desses casos e a existência de
um mercado dinâmico para esse tipo de imóvel residencial, permite
sua venda em um curto período de tempo, cerca de 18 semanas em
média, contribuindo para os bons resultados obtidos.
6.3.1.3 PMES e empresas
Como demonstrado no gráfico com a segmentação da carteira no
início dessa seção, as operações de crédito das PME e empresas,
com um valor total de 47.674 milhões de euros, representam
15,4,1% do total existente no Santander UK.
PMEs: Nesse segmento estão incluídas as pequenas empresas
pertencentes às linhas de negócio de small business banking e
regional business centers. A operação de crédito total em setembro
totalizou 17.427 milhões de euros, com uma taxa de inadimplência
de 4,4% contra 5,9% no início do ano.
Empresas: Nesse segmento estão incluídas as empresas que têm
um analista de riscos designado. Abrange também as carteiras
consideradas não estratégicas, legacy e non-core. A operação de
crédito do exercício totalizou 8.978 milhões de euros, com uma
taxa de inadimplência de 3,1% contra 3,6% no início do ano.
SGBM: Inclui as empresas sob o modelo de gestão de riscos do
Banco de Atacado Global, o investimento em dezembro foi de
11.475 milhões de euros com uma inadimplência de 0,03%.
Social housing: Inclui as operações de crédito nas empresas dedicadas à construção, venda e aluguel de moradias populares. Esse
segmento conta com o apoio dos governos locais e central britânicos e não apresenta inadimplência. O total do investimento em
dezembro foi de 9.810 milhões de euros.
Em linha com o objetivo de tornar-se um banco de referência para
PMES e empresas, a concessão de crédito nas carteiras mais representativas desse segmento registrou um crescimento líquido em
torno de 6% em dezembro de 2014.
6.3.2. Espanha
6.3.2.1 Visão geral da carteira
O risco de crédito total (incluindo avais e cartas de crédito) na
Espanha (excluindo a unidade de atividade imobiliária descontinuada, comentada mais adiante), totaliza 182.974 milhões de euros
(23% do total do Grupo), mostrando um nível de diversificação
adequado, tanto em sua visão de produto como de segmento de
clientes.
O ano de 2014 representa o ponto de inflexão na tendência de
queda dos números relativos ao risco de crédito total, porém em
termos anuais apresenta ainda uma redução de 4%, o segundo
semestre já registra números moderados de crescimento, reflexo
da melhoria da situação econômica e das diversas estratégias adotadas na Instituição.
205
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Milhões de euros
Risco de
crédito total*
Hipotecas
casa própria
Risco de crédito
pessoas físicas
Empresas
Órgãos públicos
2014
2013
2012**
Var
14/13
Var
13/12
182.974
189.783
210.536
-4%
-10%
49.894
52.016
52.834
-4%
-2%
17.072
96.884
19.124
17.445
106.042
13.996
20.042
119.808
17.852
-2%
-9%
37%
-13%
-11%
-22%
A taxa de inadimplência das hipotecas concedidas para a aquisição
de imóveis residenciais ficou em 5,82%, 90 p.b. inferior a 2013, sustentada pelas entradas brutas em inadimplência 50% menores e
pela melhoria de parte das operações consideradas duvidosas em
junho de 2013 por razões subjetivas.
Taxas de inadimplência – hipotecas residenciais na Espanha
6,72%
5,82%
* Incluindo garantias e cartas de crédito.
** Para que a comparação com anos anteriores seja homogênea os dados de 2012
foram reelaborados a fim de igualar os perímetros.
2,58%
A taxa de inadimplência para a carteira total ficou em 7,38%, 11 p.b.
abaixo ao registrado no final de 2013. A queda no investimento
(aumentou a taxa de 26 p.b.) foi compensada pela melhoria no
número de inadimplência (que reduz a taxa em 37 p.b.). A referida melhoria deve-se, principalmente, à queda nas entradas em
inadimplência, 40% abaixo de 2013 e na melhoria de parte das
operações abaixo do padrão reclassificadas em junho de 2013 na
carteira hipotecária.
A taxa de cobertura aumentou 1 p.p. ficando em níveis de 45%,
depois da redução registrada em 2013 resultante da reclassificação
de operações abaixo do padrão.
50%
45%
44%
7,38%
3,84%
2012
2014
2013
Taxa de inadimplência
Índice de cobertura
Nas próximas seções são detalhadas as carteiras mais relevantes.
6.3.2.2 Carteira de crédito a famílias para
a aquisição de imóveis residenciais
O crédito concedido às famílias para aquisição de imóveis residenciais na Espanha ficou em 50.388 milhões de euros no fim de 2014,
representando 27% do risco de crédito total. Desse total, 99%
contam com garantia hipotecária.
Crédito a famílias para aquisição da casa própria*
Milhões de euros
•Todas as hipotecas pagam principal desde o primeiro dia da operação.
•O devedor responde com todo seu patrimônio, não somente com o
imóvel.
•Alta qualidade do colateral concentrada quase exclusivamente em
financiamento do primeiro imóvel residencial.
•O percentual de comprometimento médio da renda manteve-se
em 29%.
•73% da carteira tem um LTV inferior a 80% calculado como risco total sobre o valor da última avaliação disponível. Em 2014 foi iniciado
um processo de reavaliação que inclui praticamente a totalidade da
carteira hipotecária, em linha com os requisitos do supervisor.
Faixas de loan to value total*
Milhões de euros
Valor bruto com
garantia hipotecária
2014
2013
49.894
52.016
LTV < 40%
4.773
12.339
LTV entre 40% e 60%
9.566
16.105
LTV entre 60% e 80%
22.036
17.364
LTV entre 80% e 100%
10.985
5.392
2.535
815
2.903
3.496
85
273
223
634
2014
2013
52.879
Sem garantia hipotecária
493
863
Com garantia hipotecária
49.894
52.016
Dos quais, duvidosos
2.964
3.956
LTV < 40%
Dos quais, duvidosos
2014
A carteira de hipotecas para imóveis residenciais na Espanha apresenta características que mantêm seu perfil de risco em um nível
médio-baixo e com uma expectativa limitada de perda de valor
adicional:
50.388
Valor bruto
2013
•Há uma prática habitual de amortização antecipada, caso em que a
duração média da operação é muito inferior à contratual.
Taxa de inadimplência e índice de cobertura
7,49%
2012
LTV > 100%
Sem garantia hipotecária
61
461
LTV entre 40% e 60%
Com garantia hipotecária
2.903
3.495
LTV entre 60% e 80%
671
1.335
LTV entre 80% e 100%
681
931
1.242
323
* Não inclui na carteira hipotecária do Santander Consumer Espanha (2.555 milhões
de euros em 2014 com provisão para devedores duvidosos de 95 milhões de
euros).
LTV > 100%
* Não inclui Santander Consumer Espanha.
206
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Comprometimento
da renda %
individuais, aumentando o número de clientes com acompanhamento
contínuo.
Loan to value
%
Média 29,41%
5%
54,04%
23,72%
A carteira está amplamente diversificada, com mais de 192.000 clientes
ativos e sem concentrações significativas por setor de atividade.
10%
22%
19%
22,24%
44%
TE< 30%
LTV< 40%
30% < TE< 40%
LTV entre 40% e 60%
TE> 40%
LTV entre 60% e 80%
LTV entre 80% e 100%
LTV> 100%
Loan to value: percentual que envolve o risco total em relação ao valor da última
avaliação disponível.
Comprometimento da renda: relação entre as cotas anuais e as receitas líquidas do
cliente.
Apesar da situação econômica e sua deterioração progressiva nos
últimos anos, as medidas implementadas na admissão desde 2008
e uma mudança na demanda para melhores perfis permitem que
a evolução das “cosechas” (uma “cosecha” hipotecária é definida
como o conjunto de créditos concedidos durante um determinado
período, geralmente um ano) a partir de então apresente um bom
comportamento.
Vencimento de cosechas
Distribuição da carteira empresas
Indústrias de extração Outros serviços
1,3% sociais
Atividades
1,1%
administrativas
Outros
1,9%
1,8% Indústria
Agricultura, pecuária,
manufatureira
silvicultura e pesca
17,5%
2,0%
Hotelaria
4,5%
Comércio e
Informações e
manutenção
comunicações
13,7%
5,1%
Transporte e
armazenagem
Construção
5,9%
11%
Atividades
professionais,
Fornecimento Atividades
científicas e técnicas
imobiliárias
de energia
7,0%
9,0%
elétrica
Atividades financeiras 10,1%
e de seguros
8,0%
Durante 2014 a taxa de inadimplência dessa carteira ficou em
8,91%, afetada principalmente pela diminuição do investimento.
6.3.2.4 Atividade imobiliária descontinuada na Espanha
O Grupo administra as atividades imobiliárias descontinuadas
na Espanha8 em uma unidade específica, que abrange créditos
de clientes cuja atividade seja principalmente de incorporação
imobiliária e apresentam um modelo de gestão especializado, as
participações na Sareb9 e ativos retomados.
6,0%
Índice de inadimplência
5,0%
A estratégia do Grupo nos últimos anos tem se voltado para a redução desses ativos os quais, no final de 2014, chegaram um total
líquido de 8.114 milhões de euros, os quais representam em torno
de 3% dos ativos na Espanha e menos de 1% dos ativos do Grupo.
A composição da carteira é a seguinte:
2008
4,76%
4,0%
3,0%
2,0%
1,0%
0,0%
0
2014
0,3%
2011
1,20%
2012
2013 0,61%
0,14%
2009
1,14%
2010
0,84%
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Meses
•Os créditos líquidos foram 3.787 milhões de euros, com redução
de 1.948 milhão de euros em relação a dezembro de 2013 e com
uma cobertura de 54%.
•Os ativos retomados líquidos totalizaram 3.533 milhões de euros,
com uma cobertura de 55%.
•O valor das participações na Sareb subiu para 794 milhões de
euros.
6.3.2.3 Carteira empresas
O risco de crédito assumido diretamente com PMES e empresas,
96.884 milhões de euros, constitui o segmento mais importante dentro
das operações de crédito na Espanha, representando 53% do total.
94% da carteira correspondem a clientes que têm um analista designado o qual realiza um acompanhamento contínuo do cliente durante
todas as fases do ciclo de risco. Em 2014, no âmbito do projeto Santander Advance houve modificação no critério de clientes com analistas
8.Para maiores informações sobre a carteira imobiliária, consultar a nota 54 do Relatório de Auditoria e Demonstrações Anuais.
9.A partir de dezembro de 2014 a participação na Metrovacesa será consolidada por Integração Global.
207
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
A exposição bruta em créditos e retomados continua o caminho
iniciado há alguns anos e representa uma queda de 53,3% entre
2008 e 2014.
As coberturas, por tipo de imóveis que garantem os créditos e
ativos retomados, encontram-se a seguir:
Crédito
imobiliário
A tabela a seguir mostra a evolução e a classificação da carteira de
créditos e retomados:
2014
2013
Saldo
% Saldo
bruto Cobert. líquido
Saldo
% Saldo
bruto Cobert. líquido
8.276
54%
3.787
11.355
49%
5.735
102
0%
102
424
0%
424
b. Abaixo do
padrão
1.209
35%
784
2.815
36%
1.797
c. Duvidosos
6.965
58%
2.901
8.116
57%
3.514
2. Retomados
7.904
55%
3.533
7.990
55%
3.600
16.180
55%
7.320
19.345
52%
9.335
1. Crédito
a. Normal
TOTAL 1+2
Expos. Cober.
Edifícios
concluídos
Expos. Cober.
38%
2.269
43%
5.846
40%
130
49%
716
46%
846
47%
3.393
69%
4.864
62%
8.257
65%
1.176
61%
55
64%
1.231
61%
8.276
54%
7.904
55%
16.180
55%
Demais
Garantias
TOTAL
Expos. Cober.
Total
3.577
Incorporação
em
construção
Terra
Imóveis
retomados
Milhões de euros
6.3.3 Brasil
Milhões de euros
Desse modo, sob o perímetro de gestão da unidade de atividade
imobiliária, a exposição líquida sofreu queda de 22% em 2014.
9.335
5.735
-2.015
-1.948
Mix da carteira
%
7.320
3.787
-67
3.600
2013
Imóveis retomados
O risco de crédito do Brasil aumentou 90.572 milhões de euros,
representando 11,2% do total do Grupo Santander. Conta com
nível de diversificação adequado e um perfil predominantemente
varejista, com 51% do crédito destinado a pessoas físicas, financiamento ao consumo e PMEs.
3.533
Instituições
1,3%
Outros
1,6%
Pessoas físicas
27,2%
Corporativa
32,5%
Santander
Financiamentos
9,7%
2014
Créditos
Empresas
15,9%
PMEs
11,8%
* Santander Financiamentos: unidade especializada de financiamento ao consumo
(principalmente veículos).
Em 2014, registrou um crescimento (a taxa de câmbio constante)
de 13% em comparação com 7,1% do ano anterior. Esse crescimento está alinhado com a média dos bancos privados no Brasil.
208
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
A seguir encontra-se o detalhamento dos níveis de investimento e
crescimento dos principais segmentos.
Investimentos: segmentação
Milhões de euros. Taxa de câmbio no final de dezembro-2014
2014
2013
2012
14 / 13
13 / 12
12 / 11
24.635
23.230
21.734
6%
7%
11%
Hipotecas
6.919
5.060
3.860
37%
31%
24%
Consumo
10.506
11.676
11.947
-10%
-2%
8%
5.711
5.286
4.965
8%
6%
14%
Pessoas físicas
Cartões
1.499
1.207
962
24%
25%
-2%
Santander Financiamentos
Outros
8.742
8.976
9.302
-3%
-4%
-3%
PMEs e Grandes Empresas
54.547
45.057
41.164
21%
9%
13%
PMEs
10.679
11.137
11.477
-4%
-3%
20%
Empresas
14.415
11.940
10.496
21%
14%
4%
Corporativa
29.453
21.981
19.190
34%
15%
13%
O crescimento foi mais forte nos segmentos com um perfil de
risco mais conservador, em linha com a política do Banco de dar
mais peso a segmentos com melhor perfil de crédito na composição de sua carteira.
Desse modo, no segmento de pessoas físicas destaca-se o
crescimento da carteira hipotecária, que representa 28% do
investimento total em pessoas físicas contra 22% em 2013. No
segmento de pessoa jurídica, os maiores crescimentos foram
registrados nas carteiras de empresas e corporativa.
Por outro lado, o Banco deu continuidade em 2014 às medidas já
iniciadas há dois anos visando reforçar a qualidade da admissão,
o que se traduziu em uma melhoria sustentável nos indicadores
futuros em relação ao perfil dos novos créditos concedidos (cosechas). Nos gráficos a seguir são apresentados esses indicadores para as carteiras de pessoas físicas e PMEs, que concentram
62% da inadimplência e 76% das alocações da unidade.
Cosechas. Evolução do índice Over 30* em 3 meses da admissão de cada cosecha
Em base 100
Pessoas físicas
100
99
83
99
94
99
99
44
38
36
31
3T14
41
2T14
46
4T13
1T13
4T12
3T12
2T12
1T12
34
3T13
55
2T13
50
4T11
44
1T11
45
3T14
53
1T14
66
56
2T14
59
1T14
67
4T13
4T12
3T12
2T12
1T12
4T11
3T11
2T11
1T11
69
89
3T11
99
2T11
99
3T13
91
2T13
94
1T13
100
PMEs
* Valor total de operações com mais de 30 dias de atraso de pagamento.
209
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Como resultado das políticas mencionadas de melhoria na admissão e mudança de mix, foi registrada em 2014 uma queda de
59 p.b. na taxa de inadimplência que encerrou em 5,05% frente a
5,64% no exercício anterior.
O índice de cobertura da inadimplência no encerramento de 2014
era de 95%, o que indica um aumento de 33 p.b. versus 2013. O
melhor comportamento da carteira que repercute em menores
níveis de inadimplência explica a melhoria neste índice.
Índice de inadimplência
Taxa de cobertura
6,86% 6,90%
95,06% 95%
6,49%
6,12%
4T12
1T13
2T13
3T13
5,64% 5,74%
4T13
1T14
5,78% 5,64%
2T14
3T14
90%
5,05%
4T14
6.4. Outras perspectivas do risco de crédito
6.4.1 Risco de crédito por atividades
em mercados financeiros
Sob esse item é incorporado o risco de crédito gerado na atividade
de tesouraria com clientes, principalmente com instituições de
crédito. A operação é desenvolvida tanto por meio de produtos de
financiamento no mercado financeiro com diferentes instituições
financeiras como por meio de produtos com risco de contraparte
destinados a prestar serviços aos clientes do Grupo.
Segundo define o Capítulo Sexto da CRR (Regulamento (UE)
575/2013), o risco de crédito de contraparte é o risco de que o
cliente em uma operação possa incorrer em inadimplemento antes
da liquidação definitiva dos fluxos de caixa dessa operação. Isso
inclui os seguintes tipos de operação: instrumentos derivativos,
operações com compromisso de recompra, operações de empréstimo de valores ou matérias-primas, operações com liquidação
diferida e operações de financiamento das garantias.
Para medir a exposição são utilizadas duas metodologias, uma de
MtM (valor de reposição em derivativos ou montante disposto
nas linhas compromissadas), mais uma exposição potencial futura
(add-on) e outra, introduzida em meados de 2014 para algumas
regiões e produtos, a qual incorpora o cálculo de exposição pela
simulação de Montecarlo. Além disso, calcula-se também o capital
em risco ou perda inesperada, ou seja, a perda que, uma vez deduzida a perda esperada, constitui o capital econômico, líquido de
garantias e recuperação.
4T12
1T13
91%
2T13
92%
3T13
91%
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
Exposições no risco de contraparte
Ao final de 2014 a exposição total com critérios de gestão em
termos de valor de mercado positivo após a aplicação de acordos
de netting e colateral por atividades de risco de contraparte foi
de 17.260 milhões de euros (50.006 milhões de euros em termos
de exposição líquida) e se concentrou em contrapartes de grande
qualidade de crédito, de tal forma que se mantém um risco de contraparte de 75,2% com um rating igual ou superior a A-.
Além disso, no encerramento de 2014 foram registrados ajustes
de CVA (Credit Valuation Adjustment) em 785,6 milhões de euros
(-16,8%10 versus 2013 devido fundamentalmente à redução generalizada dos spreads de crédito durante 2014) e de DVA (Debt Valuation Adjustment) em 227,5 milhões de euros (-2,7%)11.
Em torno de 93% da operação de risco de contraparte em termos
nominais são com instituições financeiras e de contraparte central
(CCP na sigla em inglês) com as quais se opera quase totalmente
sob acordos de netting e colateral. O restante da operação com
clientes que não sejam instituições financeiras corresponde, em
termos gerais, a operações cuja finalidade é cobertura. Pontualmente poderiam ser realizadas operações com fins diferentes da
cobertura, sempre com clientes especializados.
Distribuição do risco de contraparte no rating
do cliente (em termos nominais)*
AAA
1,39%
AA
2,30%
A
71,52%
BBB
No fechamento dos mercados, as exposições são recalculadas,
ajustando as operações a seu novo horizonte temporal, a potencial
exposição futura é ajustada e se aplica medidas de mitigação (netting, colaterais, etc.), para que as exposições possam ser controladas diariamente contra os limites aprovados pela administração.
O controle do risco é realizado mediante um sistema integrado e
em tempo real que permite conhecer em cada momento o limite
de exposição disponível com qualquer contraparte, em qualquer
produto e prazo e em qualquer unidade do Grupo.
90%
95,39%
95%
20,84%
BB
3,91%
B
0,03%
OUTROS
0,02%
* Ratings baseados em equivalências entre rating interno e os das agências de
classificação de risco.
10. D
ados de 2013 recalculados para as contrapartes sem CDS listados para os quais desde 2014 são utilizados proxies de mercado, calculados por sua vez a partir do CDS em
função rating/setor/região da contraparte (para o dado publicado em 2013 para as referidas contrapartes eram utilizadas PD internas).
11. A definição e metodologia de cálculo do CVA e DVA encontram-se na seção 7.2.2.6.
210
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Risco de contraparte: distribuição por risco nominal e valor de mercado bruto*
Milhões de euros
2014
2013
Valor de Mercado
Nominal
CDS Proteção Comprada**
CDS Proteção Vendida
Total derivativos de crédito
Forwards Renda Variável
2012
Valor de Mercado
Positivo
Negativo
Nominal
38.094
60
769
31.565
658
48
69.659
717
817
Valor de Mercado
Positivo
Negativo
Nominal
Positivo
Negativo
45.968
86
38.675
763
887
52.332
476
680
89
42.697
453
84.642
849
333
976
95.030
930
1.013
1.055
117
17
2.125
76
20
4.630
338
132
Opções de Renda Variável
36.616
1.403
2.192
58.964
1.686
2.420
60.689
1.376
1.438
Spot Renda Variável
19.947
421
-
10.041
1.103
0
6.616
999
0
Swaps Renda Variável
Total derivativos renda variável
Forwards Renda Fixa
Opções Renda Fixa
472
-
701
685
-
265
88
0
266
58.089
1.941
2.910
71.814
2.865
2.705
72.022
2.713
1.835
3.905
3
124
3.089
1
0
4.855
5
4
423
4
0
-
0
0
0
0
0
Spot Renda Fixa
5.055
-
-
1.906
-
0
1.693
0
0
Total derivativos de renda fixa
9.383
8
124
4.995
1
0
6.548
5
4
Câmbios a Prazo e à Vista
151.172
3.633
2.828
101.216
2.594
1.504
105.089
1.380
1.342
Opções sobre Taxa de Câmbio
44.105
530
790
46.290
604
345
70.298
232
496
354
3
6
125
2
1
41
1
0
Swaps Taxas de Câmbio:
Outros Derivativos de Câmbio
458.555
14.771
15.549
411.603
9.738
8.530
418.930
9.617
9.550
Total derivativos de
taxa de câmbio
654.187
18.936
19.173
559.233
12.940
10.380
594.358
11.231
11.388
1.623
Asset swaps
Call Money Swaps
Estruturas de Taxas de Juros
Forwards Taxas de Juros - FRAs
IRS
Outros Derivativos
Taxas de Juros
Total derivativos de
taxa de juros
Matérias-Primas
Total derivativos de
matérias primas
22.617
999
1.749
22.594
901
1.634
22.322
870
264.723
1.228
1.150
235.981
698
608
215.404
673
1.011
23.491
2.215
2.940
37.398
1.997
2.553
6.640
2.180
2.339
171.207
13
63
117.011
16
18
304.041
41
49
2.899.760
95.654
94.624
2.711.552
58.164
54.774
2.038.235
81.091
77.005
218.167
4.357
3.728
230.735
3.870
3.456
251.526
4.255
3.726
3.599.966
104.466
104.253
3.355.272
65.648
63.043
2.838.168
89.109
85.752
1.020
243
112
1.363
265
78
1.871
308
104
1.020
243
112
1.363
265
78
1.871
308
104
TOTAL DERIVATIVOS
4.392.304
126.312
127.389
4.077.320
82.568
77.183
3.607.996
104.295
100.097
Contratos de recompra
166.047
3.871
5.524
152.105
9.933
7.439
123.784
2.453
3.315
Empréstimo de títulos
27.963
3.432
628
19.170
2.919
672
18.857
3.476
774
4.586.314
133.615
133.541
4.248.595
95.419
85.294
3.750.638
110.223
104.186
TOTAL RISCO DE
CONTRAPARTES
** Dados com critérios de gestão. Não incluem mercados organizados.
** Derivativos de crédito comprados incluem coberturas sobre empréstimos.
Risco de contraparte: exposição em termos de valor de mercado e risco
equivalente de crédito incluindo efeito de mitigação1
Milhões de euros
Valor de mercado efeito netting
2014
2013
2012
28.544
27.587
28.192
Colaterais recebidos
11.284
9.451
11.454
Valor de mercado com efeito
netting e colateral3
17.260
18.136
16.738
50.006
58.425
56.088
RECLíquido
4
2
1. Dados com critérios de gestão. Não incluem mercados organizados.
2. Valor de mercado utilizado para incluir os efeitos dos acordos atenuantes a fim de calcular a exposição por risco de contraparte.
3. Considerando a mitigação dos acordos de netting e quando o colateral recebido for deduzido.
4. REC /Risco Equivalente de Crédito: Valor líquido de reposição mais o máximo valor potencial, menos colateral recebido.
211
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Risco de contraparte: distribuição de nominais por vencimento*
Milhões de euros
Até 1 ano**
Até 5 anos
Até 10 anos
Mais de 10 anos
TOTAL
CDS Proteção Comprada***
37.852
72
0
170
38.094
CDS Proteção Vendida
31.565
0
0
0
31.565
69.417
72
0
170
69.659
1.055
0
0
0
1.055
Opções de Renda Variável
34.302
1.529
557
228
36.616
Spot Renda Variável
19.842
105
0
0
19.947
472
0
0
0
472
55.670
1.634
557
228
58.089
3.283
622
0
0
3.905
423
0
0
0
423
Total derivativos de crédito
Forwards Renda Variável
Swaps Renda Variável
Total derivativos renda variável
Forwards Renda Fixa
Opções Renda Fixa
Spot Renda Fixa
4.514
318
207
17
5.055
Total derivativos de renda fixa
8.219
940
207
17
9.383
Câmbios a prazo e à vista
147.542
3.574
56
1
151.172
Opções sobre Taxa de Câmbio
41.082
3.024
0
0
44.105
Outros Derivativos de Câmbio
345
9
0
0
354
427.937
17.900
9.422
3.296
458.555
616.905
24.507
9.478
3.298
654.187
21.310
315
777
215
22.617
262.828
1.650
175
69
264.723
Estruturas de Taxas de Juros
20.747
405
848
1.492
23.491
Forwards Taxas de Juros - FRAs
171.207
0
0
0
171.207
2.739.575
85.442
42.082
32.662
2.899.760
Swaps Taxas de Câmbio:
Total derivativos de taxa de câmbio
Asset swaps
Call Money Swaps
IRS
Outros Derivativos Taxas de Juros
Total derivativos de taxa de juros
202.853
8.346
6.578
390
218.167
3.418.520
96.158
50.459
34.829
3.599.966
823
197
0
0
1.020
Matérias-Primas
Total derivativos de
matérias primas
823
197
0
0
1.020
4.169.554
123.508
60.701
38.541
4.392.304
Contratos de recompra
165.947
100
0
0
166.047
Empréstimo de títulos
27.509
301
131
22
27.963
4.363.010
123.909
60.831
38.563
4.586.314
Total derivativos
TOTAL RISCO DE CONTRAPARTES
*
Dados com critérios de gestão. Não incluem mercados organizados.
** Na operação sob acordo de colateral é considerado como vencimento o prazo de reposição do colateral.
*** Derivativos de crédito comprados incluem coberturas sobre empréstimos.
A distribuição da operação de risco de contraparte em termos
nominais por tipo de cliente concentra-se principalmente em instituições financeiras (54%) e em câmaras de compensação (39%).
Risco de contraparte por tipo de cliente
IFI
54%
Empresas
2%
Soberano /
supranacional
2%
Corporativa/PF
3%
CCP
39%
212
Em relação à distribuição geográfica, 49% do valor nominal correspondem a contrapartes britânicas (cujo peso em relação ao total
explica-se pela crescente utilização de câmaras de compensação),
15% a contrapartes norte-americanas, 8% a espanholas, 8% a francesas e dentre os demais agrupamentos por países destacam-se o
restante da Europa (14%) e América Latina (4%).
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Distribuição do risco de contraparte em função
do canal de liquidação e tipo de produto*
Risco de contraparte por região
Nominal em milhões de euros
Latam Outros
França 4% 2%
8%
Bilateral
Espanha
8%
Resto Europa
14%
Reino Unido
49%
Estados Unidos
15%
Risco de contraparte, mercados organizados
e câmaras de compensação
As políticas do Grupo buscam antecipar-se na medida do possível
quanto à aplicação das medidas resultantes dos novos regulamentos relativos à operação de derivativos de balcão, contratos de
recompra e empréstimos de valores, tanto liquidadas por câmara
de compensação central ou para aquelas que permanecerem
bilaterais. Desse modo, nos últimos anos, foi implementada uma
padronização gradual da operação de derivativos de balcão para
realizar a liquidação e compensação de toda a operação da nova
contratação por meio de câmaras, conforme exigido pelas novas
normas, além do estímulo interno ao uso de sistemas de execução
eletrônica.
Quanto aos mercados organizados, dentro da gestão de risco de
contraparte, o risco de crédito não é considerado para esse tipo de
operação, sendo eliminado quando os mercados organizados atuam como contraparte nas operações, considerando que contam
com mecanismos que lhes permitem proteger sua posição financeira por meio de sistemas de depósitos e reposição de garantias e
processos que garantem a liquidez e transparência das transações.
A partir de 2014, com a entrada em vigor da nova CRD IV (Diretiva
de Requisitos de Capital) e CRR (Regulamento de Requisitos de
Capital), que transpõem os princípios Basileia III, considera-se
o risco de crédito para esse tipo de operação a fim de calcular o
capital.
Nas tabelas a seguir podemos ver o peso que a operação liquidada por câmara obteve sobre o total do risco de contraparte em
dezembro de 2014 e a importante evolução apresentada por esse
tipo de operação desde 2012.
CCP**
Nominal
%
Nominal
%
Total
Derivativos
de crédito
67.895
97%
1.764
2,5%
69.659
Derivativos
renda variável
58.019
100%
70
0,1%
58.089
Derivativos
de renda fixa
9.368
99,8%
15
0,2%
9.383
Derivativos de
taxa de câmbio
653.702
99,9%
484
0,1%
654.187
Derivativos de
taxa de juros
1.860.694
51,7%
1.739.272 48,3%
3.599.966
Derivativos de
matérias-primas
1.020 100,0%
Contratos de
recompra
108.153
Empréstimo
de títulos
27.963 100,0%
Total geral
2.786.814
-
65,1%
60,8%
0,0%
1.020
57.894 34,9%
166.047
-
0,0%
27.963
1.799.499 39,2%
4.586.314
* Dados com critérios de gestão. Não incluem mercados organizados.
** Instituições de contraparte central ou CCP na sigla em inglês.
Distribuição do risco liquidado por
CCP por produto e evolução*
Nominal em milhões de euros
2014
2013
2012
1.764
949
-
Derivativos renda variável
70
111
138
Derivativos de renda fixa
15
1
33
484
616
988
1.739.272
1.290.496
669.750
-
-
-
57.894
55.435
63.875
-
46
34
1.799.499 1.347.653
734.817
Derivativos de crédito
Derivativos de taxa de câmbio
Derivativos de taxa de juros
Derivativos de matérias-primas
Contratos de Recompra
Empréstimo de títulos
Total geral
* Dados com critérios de gestão. Não incluem mercados organizados.
O Grupo administra de maneira ativa a operação não liquidada por
câmara tratando de otimizar seu volume, considerando os requisitos
de margens e capital impostos pelos novos regulamentos.
De modo geral, a operação com instituições financeiras é realizada
sob acordos de netting e colateral, e há um esforço contínuo para
que esse tipo de acordo abranja também o restante da operação.
Em geral, os contratos de colateral firmados pelo Grupo são bilaterais existindo poucas exceções principalmente com instituições
multilaterais e fundos de securitização.
O colateral recebido em função dos diversos de acordos de colateral
(CSA, OSLA, ISMA, GMRA, etc.) celebrados pelo Grupo totalizaram
11.284 milhões de euros (dos quais 9.643 milhões de euros correspondem a colateral recebido por operação de derivativos) constituído basicamente por dinheiro (92,9%), estando os demais tipos de
colateral sujeitos a rígidas políticas de qualidade em relação ao tipo
de emissor e seu rating, seniority da dívida e haircuts aplicados.
213
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Em termos geográficos, o colateral recebido é distribuído de acordo com o gráfico a seguir:
Colateral recebido. Distribuição geográfica
Em termos de nocional, a posição em CDS incorpora proteção comprada por 35.646 milhões de euros13 e proteção vendida por 31.556
milhões de euros.
Em 31 de dezembro de 2014, a sensibilidade da atividade de crédito
a aumentos de spreads de 1 ponto-base era de -1,5 milhão de euros,
ligeiramente superior a 2013, enquanto o VaR médio anual registrou
alta, chegando a 2,9 milhões de euros, superior ao observado em
2013 e 2012 (VaR médio de 2,1 e 2,9 milhões de euros, respectivamente).
México Resto
5% 2%
Chile
6%
Reino Unido
22%
6.4.2. Risco de concentração
O controle do risco de concentração constitui um elemento essencial de gestão. O Grupo realiza um acompanhamento contínuo
do grau de concentração das carteiras de risco de crédito sob
diferentes dimensões relevantes: por país, por setor e por grupo
de clientes.
Espanha
65%
Risco de crédito fora do balanço
Nesta seção incorporamos o risco fora do balanço correspondente
a compromissos de financiamento e garantia com clientes de
atacado, que totalizam 80.980 milhões de euros distribuídos nos
seguintes produtos:
Exposição fora do balanço
Em milhões de euros
O conselho de administração, por meio do apetite de risco, determina os níveis máximos de concentração, conforme detalhado
na seção 4.4 Apetite de risco e estrutura de limites. Em linha
com o apetite de risco, o comitê delegado de riscos estabelece as
políticas de risco e revisa os níveis de exposição apropriados para
a gestão adequada do grau de concentração das carteiras de risco
de crédito.
Vencimento
<1
ano
1-3
anos
3-5
anos
>5
anos
TOTAL
Financiamento*
10.103
10.310
29.673
2.434
52.520
Avais Técnicos
4.568
8.013
1.677
4.081
18.339
Avais Financeiros
e Comerciais
3.281
4.356
1.105
663
9.406
0
217
0
499
716
17.952
22.896
32.455
7.677
80.980
Produto
Comércio Exterior **
Total geral
* Inclui fundamentalmente linhas de créditos compromissadas bilaterais e
sindicadas.
** Inclui basicamente stand by letters of credit.
Atividade em derivativos de crédito
O Grupo Santander utiliza derivativos de crédito com a finalidade
de realizar coberturas por hedging de operações de crédito, negócios de clientes em mercados financeiros e dentro da operação de
trading. Apresenta uma dimensão menor em termos relativos a outros bancos com as mesmas características e além disso está sujeita
a um sólido ambiente de controles internos e de minimização de seu
risco operacional.
O risco dessa atividade é controlado por meio de um amplo conjunto de limites como Value at Risk (VaR)12, nominal por rating, sensibilidade ao spread por rating e nome, sensibilidade à taxa de recuperação e sensibilidade à correlação. Além disso, são fixados limites de
jump-to-default por nome, região geográfica, setor e liquidez.
Em termos geográficos o risco de crédito com clientes está diversificado nos principais mercados onde o Grupo está presente,
como se observa no gráfico a seguir.
Risco de crédito com clientes
Resto
18%
Espanha
23%
Estados Unidos
9%
Brasil
11%
Chile
4%
Portugal
3%
Reino Unido
32%
56% do risco de crédito do Grupo correspondem a clientes pessoas físicas, que por sua própria natureza representam um alto nível
de diversificação. Além disso, do ponto de vista setorial, a carteira
de crédito do Grupo está bem distribuída sem concentrações
relevantes em setores específicos. O gráfico a seguir apresenta a
distribuição setorial no final do ano.
12. A definição e metodologia de cálculo do VaR encontra-se na seção 7.2.2.1.
13. E
sse dado não inclui CDS por um valor de cerca de 1.760 milhões de nominal que cobrem empréstimos, visto que contabilmente são catalogados como garantias financeiras em vez de derivativos de crédito já que sua variação de valor não tem impacto sobre os resultados, tampouco sobre reservas a fim de evitar assimetrias contábeis.
214
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Diversificação setorial
Outras indústrias
manufatureiras 3%
Alimentação, bebidas
e tabaco 1%
Metalurgia de
transformação 1%
Outros serviços
sociais 2%
Outros intermediários
financeiros 2%
Órgãos Públicos sem
Admin. Central 2%
Prod. e distrib. elétrica,
gás e água 2%
Outros serviços
empresariais 3%
Transporte e
comunicações 3%
Construções e obras públicas
4%
Comércio e manutenção
5%
Atividade imobiliária
6%
Hotelaria 1%
Refino de
petróleo 1%
Resto <1% 6%
Pessoas
físicas
56%
O Grupo está sujeito à regulamentação sobre “Grandes Riscos”
contida na quarta parte da CCR (Regulamento (UE) No. 575/2013),
segundo a qual a exposição contraída por uma instituição em
relação a um cliente ou um grupo de clientes vinculados entre si
será considerada “grande exposição” quando seu valor for igual ou
superior a 10% de seu capital computável. Além disso, para limitar
as grandes exposições nenhuma instituição poderá assumir perante
um cliente ou grupo de clientes vinculados entre si uma exposição
cujo valor exceda 25% de seu capital admissível, depois de levar em
conta o efeito da redução do risco de crédito contido na norma.
No encerramento de dezembro de 2014, após aplicar técnicas de
mitigação do risco e a normativa aplicável aos grandes riscos, todos
os grupos declarados ficaram abaixo de 4,7% dos recursos próprios
computáveis, com exceção de uma instituição de contraparte central da EU que ficou em 7,3%.
Por outro lado, a exposição ao crédito regulatória com os 20 maiores grupos no âmbito de grandes riscos representava 5,5% do risco
de crédito disposto com clientes (investimento mais riscos de exposição fora do balanço). Quanto à exposição ao crédito regulatório
com instituições financeiras (IFIs), as 10 principais representavam
18.378 milhões de euros.
A divisão de riscos do Grupo colabora estreitamente com a divisão
financeira na gestão ativa das carteiras de crédito que, entre seus
eixos de atuação, contempla a redução da concentração das exposições mediante diversas técnicas, como a contratação de derivativos
de crédito de hedging ou operações de securitização, com o fim
último de otimizar a relação retorno-risco da carteira total.
6.4.3. Risco-país
O risco país é um componente do risco de crédito que incorpora
todos os empréstimos e recebíveis entre fronteiras (cross-border)
por circunstâncias diferentes do risco comercial habitual. Seus
elementos principais são o risco soberano, o risco de transferência
e os riscos restantes que possam afetar a atividade financeira
internacional (guerras, catástrofes naturais, crises de balança de
pagamentos, etc).
Em 31 de dezembro de 2014, a exposição suscetível de provisionar pelo risco país totalizava 176 milhões de euros (382 milhões
de euros em 2013). O fundo de cobertura no final do exercício de
2013 era de 22 milhões de euros, contra 47 milhões do período
anterior. Vale destacar que no decorrer de 2014 a Colômbia passou para o Grupo 2 em lugar de Grupo 3, segundo classificação
do Banco da Espanha14 .
Risco cross-border a provisionar
Milhões de euros
5.422
916
444
435
DEZ-07 DEZ-08 DEZ-09 DEZ-10
380
DEZ-11
342
382
DEZ-12 DEZ-13
176
DEZ-14
A exposição é moderada e mantém a tendência descendente dos
últimos anos, sendo a redução em 2014 mais pronunciada pelo
vencimento de operações. A única exceção foi em 2008, com um
aumento considerável em função da incorporação das transações
com clientes brasileiros em virtude da compra do ABN/Banco
Real. O referido aumento sofreu redução em 2009, com a reclassificação do Brasil no Grupo 2.
A exposição total ao risco país, independentemente de ser passível ou não de provisão, também é moderada. Com exceção dos países do Grupo 1 (considerados pelo Banco da Espanha como os de
menor risco15), a exposição individual por país não ultrapassa em
nenhum caso 1% do total dos ativos do Grupo Santander.
Os princípios de gestão de risco país continuaram obedecendo a
um critério de máxima prudência, assumindo-se o risco-país de
uma forma muito seletiva em operações claramente rentáveis para
o Grupo, e que reforçam a relação global com seus clientes.
6.4.4. Risco soberano e frente ao restante dos órgãos públicos
Como critério geral, o risco soberano no Grupo Santander é considerado aquele contraído por operações com o banco central (incluindo
o encaixe regulatório), o risco de emissão do Tesouro ou instituição
similar (carteira de dívida do Estado) e o derivado de operações com
instituições públicas com as seguintes características: seus fundos
são provenientes apenas da receita orçamentária do Estado, têm
reconhecimento legal de instituições diretamente integradas no setor
público e desenvolvem atividades sem caráter comercial.
Esse critério, empregado historicamente pelo Grupo Santander,
apresenta algumas diferenças com relação ao exigido pela European Banking Authority (EBA) para seus exercícios periódicos de estresse. As mais significativas são aquelas no qual o critério da EBA
14. Os tipos de países para cada grupo de risco estão definidos na circular nº 4/2004 do Banco da Espanha.
15. Nesse grupo estão incluídas as operações com obrigados finais residentes em países da União Europeia, Noruega, Suíça, Islândia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália
e Nova Zelândia.
215
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
não inclui o risco contraído com os bancos centrais, as exposições
mantidas em companhias de seguros, nem as exposições indiretas
por meio de garantias ou outros instrumentos. Por outro lado,
incluem os órgãos públicos em geral (incluindo locais e regionais)
e não apenas o setor público.
A exposição ao risco soberano (segundo critério aplicado no Grupo)
deriva-se principalmente das obrigações às quais estão sujeitas nossas subsidiárias bancárias quanto à constituição de determinados
depósitos nos respectivos bancos centrais, da constituição de depósitos com excedentes de liquidez e de carteiras de renda fixa mantidas dentro da estratégia de gestão do risco de juros estruturais do
balanço e em livros de negociação nas tesourarias. A ampla maioria
dessas exposições ocorrem em moeda local e são financiadas com
base nos depósitos captados junto a clientes de forma local, também denominados em moeda local.
A exposição ao risco soberano local, porém em moedas diferentes
à oficial do país de emissão é pouco relevante (8.663 milhões de
euros, 4,5% do total do risco soberano) e menos ainda é a exposição
em emissores soberanos não locais, que representam o risco cross-border16 (3.257 milhões de euros, 1,68% do risco soberano total).
Em geral, nos últimos anos a exposição total ao risco soberano manteve-se em níveis adequados para sustentar os motivos regulatórios
e estratégicos dessa carteira.
Além disso, a estratégia de investimento no risco soberano considera a qualidade do crédito de cada país ao estabelecer os limites
máximos de exposição. A tabela a seguir apresenta a percentagem
de exposição por nível de rating17.
Exposição por nível de rating
%
AAA
AA
31 dez.
2014
31 dez.
2013
31 dez.
2012
31 dez.
2011
29%
36%
34%
29%
4%
6%
3%
26%
A
28%
27%
29%
6%
BBB
32%
26%
31%
38%
7%
5%
4%
1%
Abaixo BBB
A distribuição da exposição soberana por nível de rating foi afetada pelas numerosas revisões de rating dos emissores soberanos
nos últimos anos, principalmente em países onde o Grupo atua
(Espanha, Portugal, Estados Unidos e Chile, etc.).
Se nos detivermos ao critério da EBA comentado anteriormente,
a exposição a órgãos públicos no final dos últimos três anos foi a
mostrada na tabela a seguir (dados em milhões de euros)18.
Em 2014, a exposição aumentou em 40%, principalmente devido
à aquisição de carteiras de renda fixa disponíveis para venda no
Brasil, Espanha e Portugal. A exposição ao risco soberano da Espanha (país onde o Grupo tem sede), na comparação com outras
instituições de perfil semelhante (peers), não é elevada em termos
de total de ativos (3,4% em dezembro de 2014).
A exposição soberana na América Latina é realizada quase totalmente em moeda local, sendo contabilizada nos registros locais e
com uma concentração em prazos curtos, de menor risco de juros
e maior liquidez.
Exposição ao risco soberano (critério EBA)
Milhões de euros
31 DEZ. 2014
Espanha
Portugal
Itália
Grécia
Irlanda
Restante da
zona do euro
Reino Unido
Polônia
Restante da
Europa
Estados Unidos
Brasil
México
Chile
Restante da
América
Restante do
mundo
Total
31 DEZ. 2013
Carteira
Negociação
e outros a Disponível
Valor Justo para venda
5.778
23.893
104
7.811
1.725
0
0
0
0
0
Operações de
crédito
15.098
589
0
0
0
Exposição
direta
líquida total
44.769
8.504
1.725
0
0
(1.070)
(613)
5
3
6.669
5.831
1
144
30
(1.066)
6.200
5.866
1.165
88
11.144
2.344
593
444
2.897
17.685
2.467
1.340
46
664
783
3.464
248
1.655
3.649
29.612
8.275
2.181
181
1.248
520
1.949
4.840
26.284
906
71.194
618
22.205
6.364
119.683
Carteira
Cartera
Negociación
Negociação Disponible
e outros
y otros
a Disponível
para la
Valor Justo
a VR para venda
venta
Espanha
4.359
21.144
Portugal
149
2.076
Italia
Itália
1.310
77
Grecia
Grécia
0
0
Irlanda
0
0
Resto zona
Restante
daeuro
(1.229)
67
zona
euro
(1.229)
67
Reinodo
Unido
(1.375)
3.777
Reino
Unido
(1.375)
3.777
Polonia
216
4.770
Polônia
2165
4.770
Resto Europa
117
Restante
da
Estados Unidos
519
2.089
Europa
5
117
Brasil
8.618
8.901
Estados Unidos
519
2.089
México
3.188
2.362
Brasil
8.618
8.901
Chile
(485)
1.037
México
3.188
2.362
Resto de América
268
619
Chile
(485)
1.037
Resto do mundo
5.219
596
Restante da
Total
20.762
47.632
América
268
619
Restante do
mundo
5.219
596
Total
20.762
47.632
Operações
Inversión
de
crediticia
crédito
12.864
583
0
0
0
0
0
0
0
43
43
0
63
0
223
63
2.145
223
534
2.145
663
534
148
17.268
663
Exposición
Exposição
directa
direta
líquida
neta total
38.367
2.807
1.386
0
0
(1.161)
(1.161)
2.402
2.402
5.030
5.030
122
2.671
122
17.743
2.671
7.695
17.743
1.086
7.695
1.550
1.086
5.964
85.661
1.550
148
17.268
5.964
85.661
16. Países que o Banco da Espanha não considera de baixo risco.
17. São empregados ratings internos.
18. Além disso, em 31 de dezembro de 2014, o Grupo matinha exposições diretas líquidas em derivativos cujo valor justo chegava a 1.028 milhões de euros, bem como a exposição indireta líquida em derivativos cujo valor justo totalizava 5 milhões de euros. Por outro lado, o Grupo Santander não tem nenhuma exposição em carteiras mantidas
até o vencimento.
216
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Risco soberano e frente aos demais órgãos públicos
Exposição direta líquida (critério EBA)
Milhões de euros
Outros
América Latina
Restante da
Europa
Espanha
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
DEZ-13
DEZ-14
6.4.5. Risco ambiental
A análise do risco ambiental das operações de crédito constitui um dos
aspectos principais do plano estratégico de responsabilidade social
corporativa, em linha com o compromisso do Grupo com a sustentabilidade. É desenvolvido sobre dois principais pilares:
•Princípios do Equador: uma iniciativa da Corporação Financeira
Internacional do Banco Mundial. Constitui um padrão internacional
para a análise das implicações sociais e ambientais das operações
de project finance e empréstimos corporativos com destino conhecido (empréstimos-ponte com repactuação prevista por meio de
31 DEZ. 2012
Espanha
Portugal
Itália
Grécia
Irlanda
Restante da
zona do euro
Reino Unido
Polônia
Restante da
Europa
Estados Unidos
Brasil
México
Chile
Restante da
América
Restante do
mundo
Total
•Para as operações de project finance com um valor igual ou
superior a 10 milhões de dólares, empréstimos corporativos
com destino conhecido para um projeto com valor igual ou superior a US$100 milhões, quando o montante emprestado pelo
Santander é igual ou superior a US$50 milhões, é necessário
o preenchimento de um questionário inicial, de caráter geral,
elaborado para estabelecer o risco do projeto em termos socioambientais (segundo categorias A, B e C, de maior a menor
risco, respectivamente) e o grau de conformidade da operação
em relação aos Princípios do Equador.
•Para os projetos classificados dentro das categorias de maior
risco (A e B), deve-se preencher um questionário mais extenso,
adaptado segundo o setor de atividade.
0
DEZ-12
project finance e financiamentos corporativos cujo destino seja a
construção ou a ampliação de um projeto concreto). A assunção
desses princípios implica o compromisso de avaliar e ter em conta o
risco social e ambiental e, portanto, conceder crédito apenas para os
projetos que podem provar a boa gestão dos seus impactos sociais
e ambientais. A metodologia encontra-se detalhada a seguir:
Carteira
Negociação
Opee outros a Disponível rações de
Valor Justo para venda
crédito
4.403
24.654
16.528
0
1.684
616
(71)
76
0
0
0
0
0
0
0
Exposição
direta
líquida total
45.586
2.299
4
0
0
• De acordo com a categoria e localização dos projetos é realizada uma auditoria socioambiental (efetuada por consultores
independentes). Além disso, o Banco ministra treinamento, no
âmbito socioambiental, para as equipes de risco e também para
os responsáveis do negócio em todas as áreas envolvidas. Em
2014 foi lançado um curso online sobre esse assunto, voltado a
mais de 2.500 profissionais do Grupo em todas as regiões.
Em 2014 foram analisados 79 projetos seguindo os Princípios do
Equador em um valor total de 35.911 milhões de euros.
•Ferramenta VIDA: implantada desde 2004, tem como principal
objetivo a avaliação do risco ambiental das empresas carteirizadas
no banco comercial na Espanha, tanto atuais como potenciais,
mediante um sistema que classifica em 7 níveis cada uma das empresas segundo o risco ambiental contraído. Em 2014, foi avaliado
um total de 45.384 clientes com essa ferramenta na Espanha, com
um risco total de 86.356 milhões de euros:
Classificação do risco ambiental
Milhões de euros
25.000
20.000
943
(2.628)
669
789
4.419
2.898
0
0
26
1.731
1.792
3.592
10
(101)
14.067
4.510
(293)
0
1.783
11.745
2.444
1.667
0
30
351
2.381
521
10
1.712
26.163
9.335
1.895
214
916
771
1.900
1.757
23.480
645
53.718
234
21.457
2.636
98.655
15.000
10.000
5.000
0
MB
B-
B+
M-
M+
A-
A+
Observação: Avaliação VIDA empresas na Espanha.
MB: muito baixo; B: baixo; M: médio; A: alto.
66% do risco ambiental é baixo ou muito baixo. Esse nível é inferior ao do ano passado, devido à incorporação do perímetro de
banco de atacado global.
217
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
6.5. Ciclo de risco de crédito
REALIMENTAÇÃO
O processo de gestão de risco de crédito consiste em identificar,
medir, analisar, controlar e decidir, conforme o caso, os riscos
incorridos pelas operações do Grupo. Durante o processo há
intervenção tanto das áreas de negócio e da Administração, como
das áreas de riscos.
O processo inclui o conselho de administração e o comitê delegado de riscos, os quais estabelecem as políticas e procedimentos de
riscos, os limites e delegações de poderes, e aprova e supervisiona
o marco de ação da função de riscos.
O ciclo de risco tem três fases distintas: pré-venda, venda e pósvenda. O processo se realimenta constantemente, incorporando
os resultados e conclusões da fase de pós-venda para o estudo de
risco e planejamento da pré-venda.
Venda
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.1. Estudo do risco e processo de qualificação de crédito
De maneira geral, o estudo do risco consiste em analisar a capacidade do cliente para honrar seus compromissos contratuais com o
Banco. Isso implica analisar a qualidade do crédito do cliente, suas
operações de risco, sua solvência e a rentabilidade ao obter autorização para o risco assumido.
Com esse objetivo, desde 1993 o Grupo usa modelos de qualificação de solvência de clientes, conhecidos como rating. Esses
mecanismos são utilizados no segmento de atacado (instituições
soberanas, financeiras e banco corporativo), como no resto das
empresas e instituições.
O rating é o resultado de um módulo quantitativo, com base em
índices do balanço ou variáveis macroeconômicas, que é complementado com parecer especializado dado pelo analista.
As qualificações dadas ao cliente são revisadas periodicamente,
incorporando a nova informação financeira disponível e a experiência no desenvolvimento do relacionamento bancário. A
periodicidade das revisões é incrementada no caso de clientes
que alcancem determinados níveis nos sistemas automáticos de
alerta e nos qualificados como de acompanhamento especial. Do
mesmo modo, também são revisadas as próprias ferramentas de
qualificação para poder ir ajustando a precisão da qualificação que
atribuem.
Frente ao uso do rating no âmbito atacadista e nas demais empresas e instituições no segmento pessoa física, predominam as técnicas de scoring, as quais, de forma geral, atribuem automaticamente a avaliação das operações que se apresentam, como explicado
na seção ‘Decisão sobre operações’.
218
Pós-Venda
CONTROLE
1. Estudo do risco e
processo de qualificação
de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento de
limites
• Análise de cenários
3.Decisão sobre
operações
• Mitigantes
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.2. Planejamento e estabelecimento de limites
Esta fase visa limitar, de forma eficiente e abrangente, os níveis de
risco assumido pelo Grupo.
Pós-Venda
CONTROLE
3.Decisão sobre
1.Estudo do risco
operações
e processo de
• Mitigantes
qualificação de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento
de limites
• Análise de cenários
Venda
O processo de planejamento de risco de crédito serve para estabelecer as premissas e limites no nível da carteira ou cliente dependendo o segmento ao qual fazemos referência.
REALIMENTAÇÃO
Pré-Venda
Pré-Venda
Assim, o planejamento e estabelecimento de limites são realizados
mediante os documentos acordados entre as áreas de negócio
e riscos e aprovados pelo comitê delegado de riscos ou comitês
delegados por este e no qual são determinados os resultados esperados do negócio em termos de risco e rentabilidade, bem como
os limites aos quais se deve sujeitar a referida atividade e a gestão
de riscos associada.
O planejamento é instrumentado mediante o Plano Estratégico
Comercial (PEC), assegurando a conjunção do plano de negócios,
da política de crédito com base no apetite de risco e dos meios necessários para a sua consecução. Serve de referência para todos os
negócios de banco comercial, sendo o comitê executivo de riscos
de cada entidade o órgão responsável pela aprovação e acompanhamento dos PECs.
Além disso, no âmbito de atacado e demais empresas e instituições, a análise é feita em nível de cliente. Quando ocorrem determinadas características, ao cliente é dado um limite individual
(pré-classificação).
Assim sendo, para os grandes grupos corporativos é utilizado um
modelo de pré-classificações baseado em um sistema de medição
e acompanhamento de capital econômico. O resultado da pré-qualificação é o nível máximo de risco que pode ser assumido com um
cliente ou Grupo em termos de quantidade ou prazo. Para o segmento de empresas é utilizado um modelo de pré-classificações
mais simplificado para os clientes que cumprem determinados
requisitos (alto conhecimento, rating, etc.).
Análise de cenários
Em linha com o descrito na seção 4.5 deste relatório, a análise
de cenários de risco de crédito permite à administração ter um
melhor entendimento da evolução previsível da carteira ante condições de mercado e conjuntura em mutação, e é uma ferramenta
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
fundamental para avaliar a suficiência das provisões constituídas
ante cenários de estresse.
Esses exercícios são feitos sobre todas as carteiras relevantes do
Grupo e são articulados nos seguintes marcos:
•Definição de cenários de referência (tanto em nível global como
para cada uma das unidades do Grupo).
•Determinação do valor dos parâmetros e métricas de risco (probabilidade de default, Perda em default, inadimplência, etc.), ante
os diversos cenários.
•Estimativa de perda esperada associada a cada um dos cenários
considerados e seu contraste com os níveis de provisão.
•Análise da evolução do perfil de risco de crédito em nível de carteira, segmento, unidade e em nível de Grupo ante os diversos
cenários e contra os exercícios anteriores.
Os modelos de simulação utilizados pelo Grupo utilizam dados de
um ciclo econômico completo para calibrar o comportamento dos
fatores de risco ante variações nas variáveis macroeconômicas.
Esses modelos são submetidos a processos de backtesting e recalibração periódicos para assegurar que eles reflitam corretamente
a relação entre variáveis macroeconômicas e os parâmetros de
riscos.
As projeções dos parâmetros de riscos e perdas, geralmente com
um horizonte temporal de três anos, são executadas sob diferentes cenários econômicos que incluem as principais variáveis
macroeconômicas (PIB, taxa de desemprego, preço de imóveis
residenciais, inflação, etc.).
Os cenários econômicos definidos são suportados em diferentes
níveis de estresse, do cenário central (básico), ou mais provavelmente para cenários econômicos mais ácidos que, embora mais
improváveis, podem ser possíveis.
Em geral, esses cenários são definidos pelo serviço de estudos do
Grupo Santander em coordenação com os serviços de estudos de
cada unidade e tendo como referência os dados publicados pelas
principais organizações internacionais.
Um cenário ácido (estresse) global é definido quando se descreve
uma situação de crise mundial e como isso afeta a cada um das
principais regiões onde o Grupo Santander está presente. Além
disso, é definido um cenário de estresse local que afeta de maneira isolada algumas das principais unidades do Grupo e com um
maior grau de acidez que o estresse global.
No Comitê delegado de riscos, a Administração do Grupo toma
conhecimento, propõe mudanças e aprova formalmente os sets a
de cenários definitivos a serem usados na execução do stress test
do Grupo.
REALIMENTAÇÃO
Pré-Venda
Venda
Pós-Venda
CONTROLE
1. Estudo do risco e
processo de qualificação
de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento
de limites
• Análise de cenários
3.Decisão sobre
operações
• Mitigantes
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.3. Decisão sobre operações
A fase de venda consiste o processo de tomada de decisão, que
visa à análise e resolução de operações, riscos de aprovação, sendo um pré-requisito antes de contratar qualquer risco de operação. Esse processo deve levar em conta as políticas definidas para
aprovação de operações e bem como o apetite de risco como e os
elementos da operação que são relevantes na busca de um equilíbrio entre risco e rentabilidade.
No âmbito de pessoas físicas, negócios e PMEs de menor faturamento, isso facilitará o gerenciamento de grandes volumes
de empréstimos e recebíveis com o uso de modelos de decisão
automáticos que qualificam o binômio cliente/operação. Com eles,
o investimento é classificado em grupos de risco homogêneos
de qualificação que o modelo atribui para a operação, com base
nas informações sobre as características da operação e as de seu
titular.
Como indicado acima, a fase prévia do estabelecimento de limites
pode seguir dois caminhos distintos, dando origem a diferentes
tipos de decisão no âmbito de empresas:
•Ser automática e consistir em verificar por parte do negócio se
a operação proposta se enquadra (em valor, produto, prazo e
outras condições) dentro dos limites autorizados segundo esta
pré-qualificação. Esse processo é geralmente aplicado para préclassificações corporativas.
•Requerer sempre autorização do analista, embora se encaixe em
valor, prazo e outras condições no limite pré-classificado. Este
processo aplica-se a pré-classificações de empresas do banco de
varejo.
Técnicas de mitigação de risco de crédito
O Grupo Santander aplica diferentes formas de redução do risco
de crédito com base, dentre outros fatores, no tipo de produto e
cliente. Como veremos abaixo, algumas são específicas para uma
determinada operação (por exemplo, garantias imobiliárias), enquanto outras se aplicam aos conjuntos de operações (por exemplo, netting e colateral).
Várias técnicas de mitigação podem ser agrupadas nas seguintes
categorias:
Determinação de um saldo líquido por contraparte
O conceito de netting refere-se à possibilidade de determinar um
saldo líquido entre as operações do mesmo tipo, sob a égide de
um contrato marco como o ISDA ou similar.
219
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
Consiste na agregação dos valores de mercado positivos e negativos das operações com derivativos que o Santander tem com uma
determinada contraparte, para que em caso de inadimplência, esta
deva (ou o Santander deverá, se o líquido for negativo) um único
valor líquido e não um conjunto de valores positivos ou negativos
correspondentes a cada operação que é fechada com ela.
Um aspecto importante dos acordo-marco é que envolvem uma
única obrigação legal que engloba todas as operações que abrange. Isso é fundamental quando se trata de poder compensar os riscos de todas as operações abrangidas pelo contrato com a mesma
contraparte.
Garantias reais
São bens que estão sujeitos ao cumprimento da obrigação garantida e que podem prestados não só pelos clientes, mas também por
um terceiro. Os bens ou direitos reais objeto de garantia podem
ser:
• Financeiros: dinheiro, depósitos de valores, ouro, etc.
• Não financeiros: imóveis (residenciais e estabelecimentos comerciais, etc.), outros bens móveis, etc.
Do ponto de vista da admissão de riscos, é exigido o mais alto
nível possível de garantias reais. Para o cálculo do capital regulatório, só são tomados em consideração aquelas que estão em
conformidade com os requisitos mínimos de qualidade descritos
nos acordos de Basileia.
Um caso muito importante de uma garantia financeira é o colateral. Colateral é um conjunto de instrumentos com valor econômico certo e liquidez elevada, que são depositados/transferidos por
uma contraparte em favor de outra para garantir / reduzir o risco
de crédito de contraparte que pode resultar de carteiras de derivativos com risco existentes entre elas.
A natureza dos acordos de colaterais é diversa, mas qualquer que
seja a forma concreta de colateralização, o objetivo final, como a
técnica de netting, é reduzir o risco de contraparte.
As operações sujeitas a acordos com colateral são medidas periodicamente (normalmente todos os dias) e sobre o saldo líquido
resultante desta avaliação, aplicam-se os parâmetros acordados
definidos no acordo de forma que se obtenha um valor de colateral (geralmente dinheiro ou títulos) a pagar ou receber da contraparte.
No que diz respeito às garantias imobiliárias, existem processos
de reavaliação periódicos, com base em valores reais de mercado
para diferentes tipos de imóveis, que atendam todos os requisitos
estabelecidos pelo órgão regulador.
Na aplicação de técnicas de mitigação estão os requisitos mínimos
estabelecidos no manual de políticas de gestão de riscos de crédito e que resumidamente consistem em monitorar:
• A segurança jurídica Deve ser examinada e verificada a todo o
momento a existência da possibilidade de exigir legalmente a
liquidação das garantias.
• A inexistência de correlação positiva significativa entre a contraparte e o valor da garantia.
• Documentação adequada de todas as garantias.
220
•A disponibilidade da documentação das metodologias utilizadas
para cada técnica de mitigação.
•O adequado acompanhamento e inspeção periódica das mesmas.
Garantias pessoais e derivativos de crédito
Esse tipo de garantia corresponde àquelas colocadas a um terceiro, dada a necessidade de responder pelas obrigações assumidas
por outro frente ao Grupo. Isso inclui, por exemplo, fianças, avais,
standby letters of credit, etc. Só se podem reconhecer, para efeitos
de cálculo de capital, as garantias prestadas por terceiros que
estejam em conformidade com as normas mínimas estabelecidas
pelo órgão supervisor.
Os derivativos de crédito são instrumentos financeiros cujo principal objetivo é cobrir o risco de crédito através da compra de proteção a um terceiro, para que o Banco transfira o risco do emitente
do subjacente. Os derivativos de crédito são instrumentos OTC
(over the counter), ou seja, são negociados em mercados de balcão.
Os hedges com derivativos de crédito, realizados principalmente
por meio de credit default swaps são contratados com instituições
financeiras de primeira linha.
As informações sobre técnicas de mitigação podem ser vistas na
seção ‘Técnicas de redução de risco de crédito’ do Relatório com
relevância prudencial (Pilar III). Também é possível consultar maiores detalhes sobre derivativos de crédito na seção ‘Atividade em
derivativos de crédito’ na seção ‘6.4.1 Risco de crédito por atividades em MMFF’ deste relatório.
REALIMENTAÇÃO
Pré-Venda
Venda
Pós-Venda
CONTROLE
1.Estudo do risco e
processo de qualificação
de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento
de limites
• Análise de cenários
3.Decisão sobre
operações
• Mitigantes
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.4. Acompanhamento
A função de acompanhamento é baseada em um processo de observação contínua, que permite detectar de forma antecipada variações que poderiam prejudicar qualidade creditícia dos clientes,
a fim de tomar providências para corrigir os desvios com impacto
negativo.
O acompanhamento baseia-se na segmentação de clientes e é
realizado por equipes de riscos dedicadas locais e globais, complementadas pelo trabalho de auditoria interna
A função se concretiza, dentre outras tarefas, na identificação e
monitoramento de empresas de vigilância especial, revisões de
ratings de clientes e monitoramento contínuo dos indicadores.
O sistema denominado empresas em vigilância especial (FEVE)
distingue quatro graus em função do nível de preocupação das
circunstâncias observadas (extinguir, afiançar, reduzir e seguir).
A inclusão de uma posição no FEVE não implica que se tenha
registrado inadimplências, mas sim a conveniência de adotar uma
política específica em relação a ela, determinando o responsável e
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
prazo em que deve ser realizado. Os clientes qualificados no FEVE
passam por revisões pelo menos semestralmente, sendo que para
os dois graus mais graves, a referida revisão deve ser trimestral. As
vias pelas quais uma empresa se qualifica para inclusão no FEVE
são o próprio trabalho de acompanhamento, revisão realizada
pela auditoria interna, decisão do gestor comercial que tutela a
empresa ou entrada em funcionamento do sistema estabelecido
de alarmes automáticos.
As revisões dos ratings atribuídos são feitas pelo menos anualmente, mas quando são detectadas fraquezas, ou em função do
próprio rating, são realizadas com uma maior periodicidade.
Para os riscos de pessoas físicas, negócios e PMEs de faturamento
menor, é realizada uma tarefa de acompanhamento dos principais
indicadores com o objetivo de detectar desvios no comportamento da carteira de crédito relação às previsões realizadas nos
programas de gestão de crédito.
Venda
Pós-Venda
CONTROLE
1.Estudo do risco e
processo de qualificação
de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento
de limites
• Análise de cenários
3.Decisão sobre
operações
• Mitigantes
É obtida como resultado do saldo final menos o saldo inicial de
inadimplência do período, mais as baixas do período menos os
ativos em suspenso recuperados no mesmo período.
A VMG e seus componentes desempenham um papel decisivo
como variáveis de rastreamento.
• PE (perda esperada) e capital
A perda esperada é a estimativa de perdas econômicas que ocorrerão durante o próximo ano da carteira existente em um determinado momento.
É um custo da atividade, e isso deve repercutir no preço das operações. Seu cálculo envolve essencialmente três parâmetros:
•EAD (exposure at default): montante máximo que pode ser perdido como resultado da falta de pagamento.
REALIMENTAÇÃO
Pré-Venda
É uma medida agregada em nível de carteira, que permite reação a
perdas de valor observadas na evolução da inadimplência.
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.5. Medição e controle
Além de acompanhar a qualidade de crédito dos clientes, o Grupo
Santander estabelece procedimentos de controle necessários para
analisar a carteira atual de risco de crédito e sua evolução, através
das diferentes fases desse tipo de risco.
A função é desenvolvida avaliando os riscos a partir de diferentes
perspectivas complementares entre si, estabelecendo como principais eixos o controle por região, áreas de negócio, modelos de
gestão, produtos etc., facilitando a detecção prematura de focos
de ação específicos bem como a elaboração de planos de ação
para corrigir eventuais perdas de valor.
Cada eixo de controle admite dois tipos de análise:
1.- Análise quantitativa e qualitativa da carteira
Na análise da carteira controla-se, de forma permanente e sistemática, a evolução do risco em relação a premissas, limites e
padrões de referência, avaliando os efeitos ante situações futuras,
tanto exógenas como aquelas provenientes de decisões estratégicas, com o fim de estabelecer medidas que situem o perfil e
volume da carteira de riscos dentro dos parâmetros fixados pelo
Grupo.
Na fase de controle de risco de crédito se usa, dentre outras e adicionalmente aos parâmetros tradicionais, os seguintes:
• VMG (variación de mora de gestión, ou
variação de inadimplentes geridos)
A VMG mede a variação na inadimplência durante um período,
descontando as baixas e considerando as recuperações.
•PD (probability of default): é a probabilidade de inadimplência de
um cliente durante o próximo ano.
•LGD (severidade ou loss given default): reflete a porcentagem de
exposição que não pode ser recuperada em caso de default Para
esse cálculo, são descontadas no momento do default as quantidades recuperadas ao longo de todo o processo de recuperação
e esse número é comparado percentualmente o com o montante
devido pelo cliente no momento.
São apresentados assim outros aspectos relevantes no risco das
operações como a quantificação das exposições fora do balanço
ou o percentual esperado de recuperações relacionadas às garantias existentes da operação e outras propriedades como tipo de
produto, prazo, etc.
Os parâmetros de risco também intervêm no cálculo do capital,
tanto econômico como regulatório. A integração na gestão de
parâmetros de capital é essencial para racionalizar o seu uso. Para
maiores detalhes, consultar a seção 12. Gestão de capital e controle o risco de capital deste Relatório de Gestão de risco.
2.- Avaliação dos processos de controle
Inclui a avaliação sistemática e regular dos procedimentos e metodologia, desenvolvida através de todo o ciclo de risco de crédito
para assegurar a sua eficácia e validade.
No ano de 2006, dentro do marco corporativo estabelecido no
Grupo para a conformidade com a Lei Sarbanes Oxley, foi estabelecida uma ferramenta corporativa na intranet do Grupo para
a documentação e certificação de todos os subprocessos, riscos
operacionais e controles que os minimizam. Nesse sentido, a divisão de riscos avalia anualmente a eficiência do controle interno de
suas atividades.
Por outro lado, a função de validação interna de riscos, dentro de
sua missão de supervisionar a qualidade da gestão de riscos do
Grupo, garante que os sistemas de gestão e de controle dos diferentes riscos inerentes à sua atividade cumprem com os critérios
mais exigentes e as melhores práticas observadas na indústria
e/ou exigidas pelos reguladores. Além disso, a auditoria interna
é responsável por garantir que as políticas, métodos e procedimentos são adequados, estão implementados efetivamente e são
regularmente revistos.
221
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CRÉDITO
REALIMENTAÇÃO
Pré-Venda
Venda
Pós-Venda
CONTROLE
1.Estudo do risco e
processo de qualificação
de crédito
2.Planejamento e
estabelecimento
de limites
• Análise de cenários
3.Decisão sobre
operações
• Mitigantes
4.Acompanhamento
5.Medição e controle
6.Gestão de recuperações
•Carteira deteriorada
e repactuada
6.5.6. Gestão de recuperações
A recuperação é uma função relevante no âmbito da gestão de
riscos do Grupo. Esta função é desenvolvida pela área de Recuperações e Saneamento de Ativos (DRSA), unidade criada em julho
de 2013 com o propósito de obter melhorias em eficiências no
processo de recuperação de ativos, e também desenvolver uma
estratégia global e um enfoque integral da gestão de recuperação.
O Grupo tem um modelo corporativo de gestão que estabelece
as diretrizes e orientações gerais aplicadas em diferentes países,
sempre considerando particularidades locais que a atividade de
recuperação requer, seja por seu ambiente econômico, seu modelo de negócio ou pela mistura de ambos. As Áreas de Recuperação
são áreas de negócio e gestão direta de clientes, já que este modelo corporativo tem um enfoque de negócio, cuja criação e valor
de maneira sustentável no tempo baseiam-se na gestão eficaz e
eficiente da cobrança, seja pela regularização de saldos em aberto
ou pela recuperação total.
O modelo de gestão da recuperação requer a coordenação adequada de todas as áreas de gestão (negócio de recuperações,
comerciais, tecnologia e operações, recursos humanos e riscos) e
está sujeito a uma revisão permanente e melhoria contínua dos
processos e metodologia de gestão que o sustentam, mediante
a aplicação das melhores práticas desenvolvidas nos diferentes
países.
Para realizar uma gestão adequada da recuperação a atuação é feita em quatro fases principais: irregularidade ou falta de pagamento no início, cobrança de dívidas em atraso, cobrança de empréstimos baixados e gestão de ativos retomados. Na verdade, o âmbito
de atuação da função de recuperação começa antes mesmo do
primeiro não-pagamento, quando o cliente apresenta sinais de
perda de valor e termina quando a dívida foi paga ou regularizada.
A função de recuperação tem como objetivo antecipar o evento de
não-conformidade e centra-se na gestão preventiva.
O ambiente macroeconômico afeta de forma direta na taxa de
inadimplência e atraso de pagamento dos clientes. Portanto, a
qualidade das carteiras é essencial para o desenvolvimento e
crescimento de nossos negócios em diferentes países, sendo um
foco especial e contínuo, as funções de recuperação e cobrança
de dívidas para garantir que essa qualidade esteja em todos os
momentos dentro dos níveis esperados.
As várias características de clientes tornam necessária uma segmentação para realizar uma gestão adequada de recuperação. A
222
gestão em massa para grandes grupos de clientes com produtos
e perfis semelhantes é feita através de processos com um elevado componente tecnológico, enquanto a gestão personalizada
destina-se a clientes que, por seu perfil, exigem a alocação de um
gerente específico e uma análise mais individualizada.
A atividade de recuperação está alinhada com a realidade social
e econômica dos diferentes países e foram usados, com adequados critérios de prudência, diferentes mecanismos de gestão de
acordo com sua idade, garantias e condições, garantindo sempre,
minimamente, a qualificação e provisão necessárias.
Dentro da função de recuperação tem tido especial ênfase a gestão dos mecanismos descritos acima para a gestão prematura, seguindo as políticas corporativas, considerando as diferentes realidades locais e com um acompanhamento de perto das produções,
estoques e desempenho dos mesmos. Essas políticas são revistas
e regularmente adaptadas a fim de refletir as melhores práticas de
gestão, bem como alterações regulatórias aplicáveis.
Além de ações destinadas a adaptar as operações à capacidade de
pagamento do cliente, merece menção especial a gestão da recuperação, onde se procura soluções alternativas aos meios legais
para a recuperação antecipada das dívidas.
Uma das maneiras de recuperar dívidas de clientes com grave
comprometimento de sua capacidade de pagamento, é a retomada (judicial ou dação em pagamento) de ativos imobiliários
que servem como garantia para as operações. Em regiões com
alta exposição ao risco imobiliário, como é o caso da Espanha, há
instrumentos de gestão de venda muito eficientes que permitem
maximizar a recuperação e reduzir o saldo de estoque em uma
taxa muito maior do que as demais instituições financeiras.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
7. Risco de mercado de
negociação e estruturais
7.0. Organização da seção
Em primeiro lugar, são descritas as atividades sujeitas a risco de
mercado, detalhando os diferentes tipos e fatores de risco.
A seguir, dedicamos uma seção a cada um dos tipos de risco de
mercado em função da finalidade do risco, distinguindo o risco
de mercado de negociação e riscos estruturais e, dentro desses
últimos, os riscos estruturais de balanço e os riscos de pensão,
atuariais e fiduciários.
Para cada tipo de risco, são detalhados os aspectos mais importantes, como os principais números e sua evolução no ano, as
metodologias e parâmetros empregados no Santander, bem como
os limites usados para seu controle.
7.1. Atividades sujeitas a risco de
mercado e tipos de risco de mercado
O perímetro de atividades sujeitas a risco de mercado abrange
as atividades financeiras nas quais se assume o risco patrimonial
como resultado de mudanças nos fatores de mercado. Aqui se
incluem tanto os riscos da atividade de negociação (trading) como
os riscos estruturais que também são afetados pelos movimentos
dos mercados.
Este risco surge da variação dos fatores de risco - taxa de juros,
taxas de inflação, taxa de câmbio, renda variável, spread de crédito,
preço de matérias-primas e volatilidade de cada um dos anteriores
bem como do risco de liquidez dos diversos produtos e mercados
nos quais o Grupo atua.
•O risco de taxa de juros é a possibilidade de que variações
nessas taxas possam afetar de modo negativo o valor de um instrumento financeiro, uma carteira ou o Grupo todo. Isso afeta,
entre outros, empréstimos, depósitos, títulos de dívida, a maioria
dos ativos e passivos das carteiras de negociação, bem como os
derivativos.
•O risco da taxa de inflação é a possibilidade de que variações
nessas taxas possam afetar de modo negativo o valor de um instrumento financeiro, uma carteira ou o Grupo todo. Isso afeta,
entre outros, empréstimos, títulos de dívida e derivativos, cuja
rentabilidade esteja vinculada a inflação ou a uma taxa de variação real.
•O risco da taxa de câmbio é definido como a sensibilidade do
valor da posição em moeda diferente da moeda base em um
potencial movimento das taxas de câmbio. Desta forma, uma
posição longa ou comprada em moeda estrangeira produzirá
uma perda caso essa moeda se desvalorize frente à moeda base.
Entre as posições afetadas por este risco estão os investimentos
em subsidiárias em moedas que não sejam o euro, bem como
empréstimos, valores mobiliários e derivativos denominados em
moeda estrangeira.
•O risco de renda variável é a sensibilidade do valor de posições
abertas em títulos de renda variável ante movimentos adversos
de seus preços de mercado ou nas expectativas de dividendos
futuros. Afeta, dentre outros instrumentos, posições em ações,
índices de renda variável, bônus conversíveis e derivativos sobre
subjacentes de renda variável (put, call, equity swaps, etc.).
• O risco de spread de crédito é o risco ou a sensibilidade do
valor das posições abertas em títulos de renda fixa ou em derivativos de crédito frente os movimentos nas curvas de spread de
crédito ou nas taxas de recuperação (TR) associadas a emitentes
e tipos de dívida concretos. O spread é um diferencial entre os
instrumentos financeiros negociados com uma margem sobre
outros instrumentos de referência, principalmente TIR de títulos
do governo e as taxas de juros interbancárias.
•O risco de preço das matérias-primas é o risco derivado do
efeito que as alterações potenciais têm nos preços das matérias-primas. A exposição do Grupo a esse risco não é relevante,
estando concentrada em operações de derivativos sobre matérias-primas com clientes.
•O risco de volatilidade é o risco ou a sensibilidade do valor da
carteira frente a alterações na volatilidade dos fatores de risco:
taxas de juros , taxas de câmbio, ações, spreads de crédito e matérias-primas. Os instrumentos financeiros que incorrem nesse
risco são os que têm a volatilidade como uma variável em seu
modelo de avaliação. O caso mais significativo é o das carteiras
de opções financeiras.
Todos esses riscos de mercados podem ser minimizados parcial ou
totalmente mediante o uso de derivativos como opções, futuros,
forwards e swaps.
223
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Além disso, existem outros tipos de riscos de mercado, cujo hedging é mais completo. São eles:
econômico do Grupo, mantendo certos níveis adequados
de liquidez e solvência. Os riscos são:
•Risco de correlação. É definido como a sensibilidade do valor da
carteira a mudanças na relação entre os fatores de risco (correlação), e são do mesmo tipo (por exemplo, entre duas taxas de
câmbio) ou de natureza diferente (por exemplo, entre um taxa de
juros e o preço de uma matéria-prima).
•Risco de juros estruturais: ocorre devido às defasagens
existentes nos vencimentos e reavaliação de todos os ativos e passivos do balanço.
•Risco de câmbio estrutural / hedging de resultados: risco de taxa de câmbio em consequência de que a moeda na
qual é realizado o investimento é diferente do euro, tanto
nas empresas consolidáveis como nas não consolidáveis
(taxa de câmbio estrutural). Além disso, também estão
incluídas neste item as posições de hedging de taxa de
câmbio de resultados futuros gerados em moedas diferentes do euro (hedging de resultados).
•Risco de liquidez de mercado. Risco de que uma entidade do
Grupo ou o Grupo todo seja incapaz de desfazer ou fechar uma
posição a tempo sem causar impacto no preço de mercado ou
no custo da operação. O risco de liquidez de mercado pode ser
causado pela redução do número de criadores de mercado ou
investidores institucionais, a execução de grandes volumes de
transações, a volatilidade dos mercados e aumenta com a concentração existente em determinados produtos e moedas.
•Risco de renda variável estrutural: estão incluídos neste
item os investimentos por meio de participações de capital
em companhias que não são consolidadas, financeiras e
não financeiras, bem como por carteiras disponíveis para
venda formadas por posições em renda variável.
•Risco de pagamentos antecipados ou cancelamento. Quando
em determinadas operações a relação contratual permite, explicita ou implicitamente, o cancelamento antecipado antes do
vencimento sem negociação, há o risco de que os fluxos de caixa
tenham que ser reinvestidos a uma taxa de juros possivelmente
inferior. Afeta principalmente os empréstimos ou títulos imobiliários.
b.2) Riscos de pensões e atuarial
•Risco de pensões: risco assumido pela instituição em relação aos compromissos de pensão com seus funcionários.
Reside na possibilidade de que o fundo não cubra esses
compromissos no período de pagamento do benefício e
que a rentabilidade obtida pela carteira não seja suficiente
e obrigue o Grupo a aumentar o nível de contribuições.
•Risco de garantia. Surge como consequência da participação
de uma instituição na garantia de uma colocação de títulos ou
outro tipo de dívida, assumindo o risco de passar a possuir parcialmente a emissão ou o empréstimo em consequência da não
colocação do total da mesma entre os potenciais compradores.
•Risco Atuarial: perdas inesperadas, consequência de um
aumento nos compromissos com os tomadores do seguro,
bem como perdas derivadas de um aumento na previsão
dos gastos.
Por outro lado, o risco de pensões, o risco atuarial e o risco
fiduciário também dependem dos movimentos nos fatores de
mercado, descritos mais adiante.
Em função da finalidade de risco, as atividades são segmentadas
da seguinte forma:
7.2. Riscos de mercado de negociação
a)Negociação: atividade de serviços financeiros a clientes e a
atividade de compra-venda e posicionamento em produtos de
renda fixa, renda variável e câmbio, principalmente. A divisão
BMG (banco de atacado global) é a principal responsável por
essa gestão.
7.2.1. Principais números e evolução
b)Riscos estruturais: fazemos distinção entre riscos do balanço e
dos riscos de pensões e atuarial:
7.2.1.1. Análise do VaR19
Em 2014, o Grupo Santander manteve sua estratégia de concentrar
sua atividade de negociação no negócio dos clientes, minimizando a
possibilidade de exposições de risco direcionais abertas em uma base
líquida. Isso se refletiu no Value at Risk (VaR), da carteira de negociação do Banco de Atacado Global, o qual evoluiu em torno da média
dos últimos três anos e encerrou 2014 em 10,5 milhões de euros20.
b.1)Riscos estruturais do balanço: riscos de mercado inerentes
ao balanço excluindo a carteira de negociação. As decisões
de gestão desses riscos são tomadas por meio dos comitês
ALCO de cada país, em coordenação com o comitê ALCO
do Grupo e são executadas pela divisão de gestão financeira. Com essa gestão, busca-se dar estabilidade e recorrência à margem financeira da atividade comercial e ao valor
O perfil de risco de negociação do Grupo manteve-se baixo em 2014,
em linha com os exercícios anteriores, devido ao fato de que a maior
parte das atividades está destinada a prestar serviços a seus clientes,
bem como à diversificação geográfica e por fator de risco.
19. Value at Risk. A definição e metodologia de cálculo do VaR encontra-se na seção 7.2.2.1.
20.Relativo à atividade de negociação em mercados financeiros de BMG (bando de atacado global). Além da atividade de negociação do BMG há outras posições classificadas contabilmente como negociação, sendo o VaR total de negociação desse perímetro contábil de 11,3 milhões de euros.
224
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Evolução do VaR 2012-2014
Milhões de euros VaR a 99% com horizonte temporal de um dia
35
— VaR
— Média móvel 15 dias
— VaR médio 3 anos
30
MÁX (25,5)
25
20
15
10
MÍN (8,2)
5
DEZ
2013
FEV
2014
ABR
2014
JUN
2014
AGO
2014
OUT
2014
DEZ
2014
Histograma de risco VaR
VaR a 99% com horizonte temporal de um dia
Número de dias (%) em cada faixa
15,6%
16,5%
13,9%
10,0%
14,7%
9,3%
8,4%
5,4%
4,6%
1,0% 0,8%
> 24,5
O histograma a seguir descreve a distribuição de frequências apresentada pelo risco medido em termos de VaR no período de 2012
a 2014. Pode-se observar o acúmulo de dias com níveis entre 9,5 e
21,5 milhões de euros (93%). Os valores acima de 21,5 milhões de
euros (2%) concentram-se em períodos afetados principalmente
por incrementos pontuais da volatilidade do Real e por conta da
crise soberana na zona do euro.
OUT
2013
23
O VaR médio em 2014, 16,9 milhões de euros, mostrou-se bastante similar ao assumido nos dois anos anteriores (17,4 milhões
de euros em 2013 e 14,9 milhões de euros em 2012), pela razão
já comentada da concentração da atividade em operações com
clientes.
AGO
2013
21,5
O VaR flutuou entre 8,2 e 23,8 milhões de euros em 2014. As
variações mais significativas estiveram vinculadas às mudanças
na exposição à taxa de câmbio na tesouraria do Brasil e à taxa de
juros e spread de crédito na Tesouraria da Espanha.
JUN
2013
20
ABR
2013
18,5
FEV
2013
17
DEZ
2012
15,5
OUT
2012
14
AGO
2012
12,5
JUN
2012
11
ABR
2012
< -9,5
FEV
2012
Número de dias (%)
DEZ
2011
VaR em milhões de euros
225
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Risco por fator
Para os três últimos anos, os valores médios e últimos, expressos em termos de VaR a 99%, assim como seus valores mínimos
e máximos e o expected shortfall (ES) de 97,5% 21 em 2014, são os
seguintes:
Estatísticas de VaR e Expected Shortfall por fator de risco22, 23
Milhões de euros VaR a 99% e ES a 97,5% com horizonte temporal de um dia
2014
ES
(97,5%)
VaR (99%)
Mínimo
Total de Negociação
Total
Europa
América Latina
Último
Último
VaR
VaR
Média
Último
Média
Último
8,2
16,9
23,8
10,5
11,4
17,4
13,1
14,9
18,5
(13,0)
(27,9)
(9,3)
(9,9)
(16,2)
(12,3)
(15,2)
(13,5)
8,1
14,2
22,2
10,5
11,7
12,7
8,5
11,8
12,0
Renda variável
1,1
2,7
8,9
1,8
1,3
5,6
4,7
7,0
7,1
Taxa de câmbio
1,3
3,5
10,2
2,9
2,8
5,4
4,7
5,0
3,5
Spread de crédito
4,2
9,3
15,9
4,6
5,3
9,6
7,2
6,1
9,1
Matérias-primas
0,1
0,3
0,5
0,1
0,2
0,3
0,3
0,4
0,3
Taxa de juros
Total
EUA e Ásia
Máximo
2012
(5,2)
Efeito diversificação
5,9
12,2
18,0
7,3
7,3
13,9
9,9
11,0
16,4
(1,9)
(9,2)
(22,8)
(5,5)
(5,8)
(14,1)
(9,0)
(12,9)
(9,9)
Taxa de juros
4,6
8,9
13,0
6,2
6,3
9,3
6,6
7,9
6,8
Renda variável
0,8
1,7
8,1
1,0
0,8
4,3
2,6
6,2
6,3
Taxa de câmbio
0,7
2,9
9,8
1,5
1,8
5,2
3,7
4,1
4,0
Spread de crédito
2,7
7,6
14,1
3,9
4,1
9,0
5,8
5,4
8,9
Matérias-primas
0,1
0,3
0,5
0,1
0,2
0,3
0,3
0,4
0,3
Total
6,3
12,3
26,7
9,8
10,1
11,1
6,9
10,1
8,9
Efeito diversificação
0,4
(3,5)
(12,2)
(12,2)
(3,7)
(5,3)
(6,7)
(6,4)
(3,8)
Taxa de juros
5,2
11,8
24,2
9,8
10,6
9,6
5,9
8,8
8,8
Renda variável
0,7
2,1
5,0
3,0
1,4
3,2
2,9
3,1
1,6
Taxa de câmbio
0,7
2,0
9,2
9,2
1,9
3,5
4,7
3,1
1,3
Total
0,4
0,7
1,6
0,7
0,9
0,8
0,5
0,9
0,8
Efeito diversificação
Atividades
Globais
Média
2013
Efeito diversificação
(0,1)
(0,3)
(1,0)
(0,2)
(0,7)
(0,4)
(0,2)
(0,5)
(0,3)
Taxa de juros
0,3
0,7
1,6
0,7
0,7
0,7
0,5
0,7
0,6
Renda variável
0,0
0,1
0,5
0,0
0,0
0,1
0,0
0,2
0,1
Taxa de câmbio
0,1
0,3
0,6
0,2
0,9
0,4
0,2
0,6
0,4
Total
1,6
2,3
9,0
1,9
2,2
1,5
2,0
2,7
1,2
Efeito diversificação
0,0
(0,6)
(3,4)
(0,6)
(0,5)
(0,3)
(0,5)
(0,6)
(0,3)
Taxa de juros
0,2
0,6
3,0
0,4
0,4
0,3
0,4
0,3
0,2
Spread de crédito
1,4
2,2
9,3
1,9
2,1
1,5
2,1
2,6
1,3
Taxa de câmbio
0,0
0,0
0,2
0,2
0,2
0,1
0,0
0,4
0,1
21. Na seção 7.2.2.2. detalha-se a definição desse parâmetro. Seguindo a recomendação do Comitê de Basileia em seu “Fundamental review of the trading book: A revised
market risk framework” (out-2013), o nível confiança de 97,5% representa aproximadamente um nível de risco similar ao captado pelo VaR com o nível de confiança de
99%.
22. VaR de Atividades Globais inclui operações não atribuídas a nenhuma região específica.
23. Na América Latina, nos Estados Unidos e na Ásia, os níveis de VaR dos fatores spread de crédito e matérias-primas não são mostrados separadamente por sua escassez
ou pouca importância.
226
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
A proximidade do expected shortfall ao VaR aponta que risco de
perdas altas de baixa probabilidade (tail risk) não é elevado, pelo
menos considerando a janela histórica dos últimos dois anos.
Em 2014, o VaR médio aumentou ligeiramente frente a 2013, 0,4
milhões de euros e, em comparação aos dados do final do ano, o
VaR teve queda de 2,5 milhões de euros. Por fator de risco, o VaR
médio aumentou na taxa de juros, enquanto diminuiu na taxa de
câmbio, renda variável e spread de crédito. Por área geográfica,
aumentou na América Latina e Atividades Globais e diminuiu na
Europa, Estados Unidos / Ásia.
7.2.1.2. Medidas de calibragem e contraste
As perdas reais podem diferir das previstas pelo VaR por razões
distintas, todas elas relacionadas com as limitações deste parâmetro
e que serão detalhadas mais à frente na seção de metodologias. Por
isso, o Grupo realiza regularmente análise e provas de contraste da
bondade do modelo de cálculo do VaR, com o objetivo de confirmar
sua confiabilidade.
A evolução do VaR por fator de risco seguiu uma tendência geral
de estabilidade nos últimos anos. Os saltos transitórios no VaR
dos diversos fatores explicam-se mais por aumentos transitórios
da volatilidade dos preços de mercado que por variações significativas nas posições.
A prova mais importante consiste nos exercícios de backtesting, analisados tanto em nível local como global seguindo em todos os casos
a mesma metodologia. O exercício de backtesting consiste em comparar as medições de VaR previstas, dado um certo nível de confiança
e horizonte temporal, com os resultados reais de perdas obtidos
durante um horizonte de tempo igual ao estabelecido. Isso permite
detectar anomalias no modelo de VaR da carteira em questão (por
exemplo, deficiências na parametrização dos modelos de avaliação de
certos instrumentos, proxies pouco adequados, etc.).
Histórico de VaR por fator de risco
No Santander são calculados e avaliados três tipos de backtesting:
Milhões de euros VaR a 99%, com horizonte temporal
de um dia (média móvel de 15 dias)
25
— VaR Taxa de Juros
— VaR Renda Variável
— VaR Taxa de Câmbio
20
•Backtesting “limpo”: o VaR diário é comparado com os resultados
obtidos sem levar em conta os resultados intradiários nem as
alterações nas posições da carteira. Esse método se opõe ao
método da correção dos modelos individuais usados para avaliar
e medir os riscos das diferentes posições.
— VaR Spread de Crédito
— VaR Commodities
15
•Backtesting sobre resultados completos: O VaR diário é comparado com os resultados líquidos do dia, incluindo os resultados das
operações intradiárias e aqueles gerados por comissões.
10
5
DEZ 2014
NOV 2014
JUL 2014
SET 2014
MAI 2014
JAN 2014
MAR 2014
NOV 2013
JUL 2013
SET 2013
MAI 2013
JAN 2013
MAR 2013
NOV 2012
JUL 2012
SET 2012
MAI 2012
MAR 2012
JAN 2012
0
Na tabela anexa, constam estatísticas comparativas do VaR frente
ao stressed VaR 24 para a atividade de negociação na Espanha e no
Brasil, cujas tesourarias experimentaram o maior VaR médio do
Grupo em 2014.
Estatísticas de Stressed VaR x VaR em 2014:
Tesourarias da Espanha e Brasil
Mín
Médio
VaR (99%)
3,2
7,1
12,9
Espanha Stressed
VaR (99%)
7,9
15,3
VaR (99%)
4,9
Stressed
VaR (99%)
6,0
Brasil
2013
Máx Último
Para o primeiro caso e a carteira total, em 2014 houve uma exceção
do Value at Earnings (VaE)25 a 99% (dias nos quais o lucro diário foi superior ao VaE) em 6 de junho, explicada principalmente pelo México,
pela queda das curvas soberanas e swap (nominal e indexada à inflação UDI), depois do recuo de 50 pontos-base da taxa oficial (até 3%)
por parte do Banco do México, não descontada pelo mercado.
Houve também uma exceção do VaR em 99% (dias nos quais a perda
foi superior ao VaR) em 16 de outubro, explicada principalmente pela
Espanha, devido à alta dos spreads de crédito na Europa e a queda dos
índices de renda variável.
Milhões de euros Stressed VaR e VaR a 99%,
com horizonte temporal de um dia
2014
•Backtesting sobre resultados completos sem margens (mark up’s)
nem comissões: o VaR diário é comparado com os resultados
líquidos do dia, incluindo os resultados das operações intradiárias, porém excluindo os gerados por margens e comissões. Esse
método destina-se a ter uma ideia do risco intradiário assumido
pelas tesourarias do Grupo.
Médio
Último
4,1
10,7
2,3
24,8
21,4
12,2
5,7
10,4
23,7
8,5
9,1
4,8
14,2
35,3
25,6
17,2
11,4
O número de exceções comportou-se conforme o esperado do modelo de cálculo de VaR, uma vez que trabalha com um nível de confiança
de 99% e o período de análise é de 1 ano (durante um longo período
de tempo, esperamos uma média de duas ou três exceções por ano).
24.Descrição na seção 7.2.2.2
25. A definição e metodologia de cálculo do VaE encontra-se na seção 7.2.2.1.
227
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Backtesting de carteiras de negociação: resultados diários x Valor em Risco (VaR) do dia anterior
Milhões de euros
— P&L Limpio
60
— VaE 99%
— VaE 95%
45
— VaR 99%
— VaR 95%
30
15
0
-15
7.2.1.3. Distribuição de riscos e resultados de gestão26
7.2.1.3.1. Distribuição geográfica
Na atividade de negociação, a contribuição média da América
Latina ao VaR total do Grupo em 2014 foi de 49,4%, contra uma
contribuição de 44,7% nos resultados econômicos. Por sua vez,
a Europa, com um peso de 48,6% no risco global, contribuiu com
49,1% em resultados. Em relação a anos anteriores, observa-se
uma homogeneização progressiva no perfil da atividade nas diferentes unidades do Grupo, com foco de forma generalizada no
serviço a clientes profissionais e institucionais.
A seguir, a contribuição geográfica ao total do Grupo em termos
percentuais, tanto em riscos, medidos em termos de VaR, como
em resultados, medidos em termos econômicos.
DEZ 2014
23 NOV 2014
6 OUT 2014
19 AGO 2014
2 JUL 2014
15 MAI 2014
28 MAR 2014
8 FEV 2014
22 DEZ 2013
4 NOV 2013
17 SET 2013
31 JUL 2013
13 JUN 2013
26 ABR 2013
9 MAR 2013
20 JAN 2013
3 DEZ 2012
16 OUT 2012
29 AGO 2012
12 JUL 2012
25 MAI 2012
7 ABR 2012
19 FEV 2012
-45
2 JAN 2012
-30
Binômio VaR – Resultado de Gestão:
Distribuição geográfica
VaR médio (a 99%, com horizonte temporal de 1 dia) e resultado de
gestão acumulado anual (milhões de euros), % sobre totais anuais
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
América Latina
Europa
EUA e Ásia
VaR médio
anual
2012
2013
2014
2012
2013
2014
Resultado de
gestão anual
VaR médio
anual
2012
2013
2014
2012
2013
2014
Resultado de
gestão anual
VaR médio
anual
2012
2013
2014
2012
2013
2014
Resultado de
gestão anual
VaR médio
anual
Resultado de
gestão anual
2012
2013
2014
2012
2013
2014
0%
Atividades
Globais
7.2.1.3.2. Distribuição temporal
No gráfico a seguir, apresentamos o perfil temporal da assunção
de risco, em termos de VaR, frente ao resultado ao longo de 2014.
Pode-se observar que o VaR médio manteve-se relativamente
estável, ainda que com certa trajetória descendente na segunda
metade do ano, enquanto os resultados evoluíram de maneira
mais irregular durante o ano, destacando de maneira positiva os
meses de janeiro e junho e, de forma menos positiva a partir do
mês de agosto.
26. Resultados em termos semelhantes à Margem Bruta (não incluem despesas operacionais; o financeiro seria o único custo).
228
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Distribuição temporal de riscos e resultados em 2014: percentuais sobre totais anuais
VaR (a 99%, com horizonte temporal de um dia) e resultado de gestão acumulado anual (milhões de euros), % sobre totais anuais
Resultado de gestão mensal
VaR médio mensal
15%
10%
5%
0%
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro Dezembro
O seguinte histograma de frequências detalha como se distribuíram os resultados econômicos diários em função de sua magnitude no período 2012-2014. Observa-se que em mais de 97% dos
dias com mercado aberto os rendimentos diários27 situaram-se em
um intervalo entre –15 e +15 milhões de euros.
7.2.1.4. Gestão de risco de derivativos
A atividade de derivativos está orientada principalmente à
comercialização de produtos de investimento e ao hedging de
riscos para clientes. A gestão está orientada para que o risco
líquido aberto seja o menor possível.
Histograma de frequências de resultados
de gestão diários (MtM)
Esse tipo de operações inclui tanto opções de renda variável
como de renda fixa e taxa de câmbio. As unidades de gestão
onde essas atividades foram realizadas principalmente são Espanha, Santander UK e em menor grau, Brasil e México.
Resultados diários de gestão “livres” de comissões
e operações intradia (milhões de euros)
36,3
No gráfico a seguir, mostramos a evolução do risco VaR Vega28
do negócio de derivativos nos três últimos anos. Observa-se que
flutuou em torno de uma média de 6 milhões de euros. Em geral,
os períodos com níveis de VaR mais elevados correspondem a
episódios de aumento significativo da volatilidade nos mercados.
A evolução experimentada pelo VaR Vega no segundo trimestre
de 2013 é consequência do aumento de volatilidade das curvas
de taxas de juros do euro e do dólar, que coincide com uma
estratégia de cobertura de operações com clientes de elevado
montante. Em 2014, o VaR Vega mostrou uma redução gradual
em função da maior tranquilidade dos mercados.
Número de dias (%) em cada faixa
28,0
15,9
10,1
1,0
0,5
15 A 20
>25
10 A 15
5 A 10
0A5
-5 A 0
1,8
-10 A -5
-25 A -20
0,6
-15 A -10
0,1
-20 A -15
0,1
< -25
5,3
Resultado de gestão diário (milhões de euros)
27. Rendimentos “limpos” de comissões e resultados derivados de operação intradia.
28. Entende-se pelo termo grego “Vega” a sensibilidade do valor de uma carteira frente a alterações no preço da volatilidade de mercado.
229
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Evolução de risco (VaR) do negócio de derivativos
Milhões de euros VaR vega a 99%, com horizonte temporal de um dia
24
22
— VaR Vega
— Media móvil 15 días
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
JAN 2012 ABR 2012
JUL 2012 OUT 2012 JAN 2013 ABR 2013
JUL 2013
OUT 2013 JAN 2014 ABR 2014 JUL 2014 OUT 2014 DEZ 2014
Quanto ao VaR Vega por fator de risco, em média, a exposição
esteve concentrada, nessa ordem, em taxa de juros, renda variável, taxa de câmbio e matérias-primas. Isso é mostrado na tabela
a seguir:
Derivativos financeiros. Risco (VaR) por fator de risco
Milhões de euros VaR a 99%, com horizonte temporal de um dia
2014
2013
2012
Mínimo
Médio
Máximo
Último
Médio
Último
Médio
Último
VaR Vega Total
1,7
3,3
4,7
2,7
8,0
4,5
6,8
6,5
Efeito diversificação
0,1
(2,1)
(8,4)
(2,6)
(3,8)
(2,7)
(3,0)
(3,4)
VaR taxa de Juros
1,2
2,4
4,3
1,7
6,6
4,1
2,3
2,8
VaR renda variável
0,5
1,8
3,6
2,0
3,4
1,8
6,5
5,5
VaR taxa de câmbio
0,0
1,2
7,2
1,6
1,7
1,3
0,7
1,3
VaR Matérias-Primas
0,0
0,0
0,1
0,1
0,1
0,1
0,3
0,2
Quanto à sua distribuição por unidade de negócio, a exposição
tem se concentrado, nesta mesma ordem, na Espanha, Santander
UK, México e Brasil.
Derivativos financeiros. Risco (VaR) por unidade
Milhões de euros VaR a 99%, com horizonte temporal de um dia
2014
2013
2012
Mínimo
Médio
Máximo
Último
Médio
Último
Médio
Último
1,7
3,3
4,7
2,7
8,0
4,5
6,8
6,5
Espanha
1,3
2,4
3,9
1,5
7,0
3,8
5,9
5,4
Santander UK
0,9
1,4
1,9
0,9
2,2
1,6
2,8
2,0
Brasil
0,3
0,8
7,2
0,7
1,2
0,9
1,0
2,8
México
0,6
0,9
1,7
1,3
1,2
1,2
0,7
0,6
VaR Vega Total
O risco médio em 2014, 3,3 milhões de euros, é baixo em relação
aos três últimos anos, pelos motivos citados anteriormente.
230
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
O Grupo Santander continua tendo uma exposição muito limitada
a instrumentos ou veículos estruturados complexos, reflexo da
manutenção de uma cultura de gestão na qual a prudência na
gestão de riscos constitui uma de suas principais características
de identidade. Especificamente, no fechamento de 2014 o Grupo
contava com:
•CDOs e CLOs: a posição continua sendo muito pouco significativa, 99 milhões de euros.
•Hedge Funds: a exposição total não é significativa (192 milhões de
euros no encerramento de dezembro de 2014) e é realizada em
grande parte através do financiamento aos referidos fundos (20
milhões), sendo o restante participação direta em carteiras ou
por meio de contrapartes por derivativos frente a hedge funds.
Essa exposição apresenta níveis baixos de loan-to-value, em
torno a 31% (colateral de 620 milhões de euros no fechamento
de dezembro). O risco com este tipo de contraparte é analisado
caso a caso, estabelecendo os percentuais de colateralização em
função das características e ativos de cada fundo.
Grupo, como a Sovereign em 2009. Todas essas posições eram
conhecidas no momento da compra, tendo sido devidamente
aprovisionadas. Desde a integração no Grupo, essas posições
apresentaram redução significativa, com o objetivo final de sua
eliminação do balanço.
A política do Santander em relação à aprovação de novas operações relacionadas a estes produtos continua sendo muito
prudente e conservadora, e está sujeita a uma estrita supervisão
por parte da Administração do Grupo. Antes de dar aprovação à
implementação de uma nova operacionalidade, produto ou subjacente, são feitas as verificações a seguir:
•A existência de um modelo de avaliação adequado para o acompanhamento do valor de cada exposição, mark-to-market, markto-model; ou mark-to-liquidity.
•A disponibilidade de dados observáveis no mercado (inputs) necessários para aplicar o referido modelo de avaliação.
Sempre que os dois pontos anteriores forem cumpridos:
•Conduits: não há exposição.
•Monolines: a exposição do Santander a empresas seguradoras de
bônus (denominadas monolines) era, em dezembro de 2014, de
137 milhões de euros29, referida principalmente à exposição indireta, 136 milhões de euros, em virtude da garantia prestada por
esse tipo de instituição a diversas operações de financiamento
ou securitização tradicional. A exposição nesse caso é ao doble
default, sendo os subjacentes primários de alta qualidade de crédito. O pequeno remanescente é exposição direta (por exemplo,
via compra de proteção de risco de não pagamento de alguma
dessas empresas seguradoras através de um credit default swap).
A exposição foi reduzida em 2% em relação a 2013.
Finalmente, pode-se afirmar que a exposição a esse tipo de
instrumento, resultado da operação habitual do Grupo, em
geral vem diminuindo desde 2014. Sua origem deve-se principalmente à integração de posições de instituições adquiridas pelo
•A disponibilidade de sistemas adequados e devidamente adaptados para o cálculo e acompanhamento diário dos resultados,
posições e riscos das novas operações planejadas.
•O grau de liquidez do produto ou subjacente, de modo a possibilitar seu hedging no momento oportuno.
7.2.1.5. Risco emissor nas carteiras de negociação
A atividade de negociação em risco de crédito concentra-se principalmente na Tesouraria da Espanha. É instrumentalizado via
posições em títulos e CDS (Credit Default Swaps) com prazos diferentes sobre referências corporativas e financeiras, assim como
em índices (Itraxx, CDX).
Na tabela anexa, apontamos as maiores posições ao final do ano
para a Espanha, distinguindo entre posições compradas (compra
de títulos ou venda de proteção via CDS) e posições vendidas
(venda de títulos ou compra de proteção via CDS).
Dados de 31 de dezembro de 2014. Milhões de euros
Maiores posições “longas”
(venda de proteção)
Maiores posições “curtas”
(compra de proteção)
Exposição em caso
de default (EAD)
% sobre
EAD total
Exposição em caso
de default (EAD)
% sobre
EAD total
1ª referência
213
5,5%
(48)
6,2%
2ª referência
129
3,3%
(27)
3,4%
3ª referência
128
3,3%
(26)
3,4%
4ª referência
97
2,5%
(24)
3,1%
5ª referência
Subtotal top 5
Total
85
2,2%
(19)
2,5%
651
16,9%
(144)
18,5%
3.848
100,0%
-775
100,0%
Observação: supõe-se recuperação nula (LCR = 0) no cálculo da EAD.
29. Não são consideradas como exposição as garantias prestadas por monolines em bônus emitidos por governos estaduais nos EUA (Municipal Bonds), que totalizaram, em
dezembro de 2014, 744 milhões de euros.
231
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
7.2.1.6. Análise de cenários
Durante 2014 foram calculados e analisados periodicamente (pelo
menos mensalmente) diferentes cenários de estresse em nível
local e global, sobre todas as carteiras de negociação e considerando os mesmos casos por fator de risco.
Cenário de volatilidade máxima (worst case)
Dedica-se atenção especial a esse cenário, combinando movimentos históricos dos fatores de risco com uma análise ad-hoc para
descartar combinações de variações muito improváveis (por exemplo, quedas fortes da bolsa, juntamente com uma desaceleração
da volatilidade). A título de variações, aplica-se uma volatilidade
histórica, equivalente a seis desvios típicos em uma distribuição
normal. O cenário está definido tomando para cada fator de risco
aquele movimento que representa uma perda potencial maior na
carteira, descartando as combinações mais improváveis em termos econômico-financeiros. No final do ano, tal cenário implicava,
para a carteira global, altas das curvas de taxas de juros, quedas
das bolsas, desvalorização de todas as moedas frente ao euro,
elevação dos spreads de crédito e movimentos desiguais de volatilidade. A tabela a seguir mostra os resultados desse cenário em 31
de dezembro de 2014.
Cenário de estresse: volatilidade máxima (worst case)
Milhões de euros 31-dez-14
Total de Negociação
Europa
Taxa de juros
Renda variável
Taxa de câmbio
Spread de crédito
Matérias-Primas
Total
(33,6)
(10,0)
(10,5)
(26,7)
(0,2)
(81,0)
(3,4)
(0,7)
(3,3)
(23,7)
(0,2)
(31,4)
América Latina
(27,9)
(9,3)
(4,6)
0,0
0,0
(41,8)
Estados Unidos
(1,3)
0,0
(2,1)
0,0
0,0
(3,5)
Atividades Globais
(0,8)
0,0
(0,5)
(3,0)
0,0
(4,3)
Ásia
(0,1)
0,0
(0,5)
0,0
0,0
(0,1)
Com o resultado da análise conclui-se que a deterioração econômica que o Grupo sofreria em suas carteiras de negociação (em
termos de resultado mark to market (MtM)), supondo que no mercado ocorram os movimentos de estresse definidos nesse cenário,
seria de 81,0 milhões de euros, prejuízo que estaria concentrado
na América Latina (nesta ordem, taxa de juros, renda variável e
taxa de câmbio) e Europa (concentrada basicamente em spreads de
crédito).
Outros cenários globais de stress test
“Crise Abrupta”: Cenário “ad hoc” com movimentos muito bruscos
nos mercados. Alta das curvas de taxas de juros, forte recuo das
bolsas, valorização expressiva do dólar frente a outras moedas,
elevação da volatilidade e dos spreads de crédito.
“Crise 11S”: Cenário histórico dos ataques de 11 de setembro de
2001, com impacto significativo nos mercados americano e mundial. Subdivide-se em dois cenários: I) perda máxima acumulada
até o pior momento da crise e II) perda máxima em um dia. Nos
dois casos, assumem-se quedas nas bolsas, recuo nas taxas de
juros nos mercados core e elevação nos emergentes e valorização
do dólar frente às outras moedas.
“Crise subprime”: Cenário histórico da crise que ocorreu no mercado depois da crise das hipotecas nos Estados Unidos. O objetivo
da análise é captar o impacto nos resultados da diminuição da
liquidez nos mercados. Os cenários têm dois horizontes temporais
distintos, 1 dia e 10 dias; nos dois casos, assumem-se quedas nas
232
bolsas, recuo nas taxas de juros nos mercados core e elevação nos
emergentes e valorização do dólar frente às outras moedas.
“Crise soberana”: Cenário histórico mais severo que o criado pelo
CEBS a instituições bancárias para medir a capacidade de choque
de mercado entre 15 de abril a 1 de setembro de 2010. Dado o âmbito internacional do Grupo, diferenciam-se 4 zonas geográficas
(Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia). São estabelecidas altas das curvas de taxas de juros, quedas das bolsas e de suas
volatilidades, incremento de spreads de crédito e desvalorização
do euro e das moedas da América Latina e valorização das moedas
asiáticas frente ao dólar.
Desde o mês de novembro de 2014, esse último cenário foi substituído pelo cenário pessimista proposto pela EBA no mês de
abril, em seu exercício de estresse “The EBA 2014 EU-Wide Stress
Test”, obtendo um resultado em 31 de dezembro de 2014 de 223,9
milhões de euros.
Mensalmente, é preparado um relatório de stress test consolidado, com as explicações das principais variações dos resultados
para os vários cenários e unidades. Além disso, estabeleceu-se
um mecanismo de alerta, de tal modo que, quando a perda de um
cenário é elevada em termos históricos e/ou de capital consumido
pela carteira em questão, o fato é comunicado ao responsável
pelo negócio.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Mostramos os resultados dos cenários globais para os três últimos
anos:
Resultados de stress test. Comparação de cenários 2012-2014 (médias anuais)
(em milhões de euros)
2012
2013
2014
200
100
0
-100
-200
-300
-400
-500
-600
Worst
case
Crise
Abrupta
Histórico
11S I
Histórico
11S II
Crise 07
08 1d
Crise 07
08 10d
Crise
soberana
7.2.1.7. Vinculação com os itens do balanço.
Outras medidas de risco alternativas
A seguir, mostramos os itens do balanço patrimonial consolidado
do Grupo, sujeitos a risco de mercado, distinguindo as posições
cujo principal parâmetro de risco é o VaR daqueles cujo acompanhamento é realizado com outros parâmetros. Destacamos os
itens sujeitos ao risco de mercado de negociação.
Relação de parâmetros de risco com os saldos do balanço patrimonial consolidado do Grupo
Milhões de euros 31-dez-14
Principal parâmetro
de risco de mercado
Ativos sujeitos a risco de mercado
Caixa e depósitos em bancos centrais
Carteira de negociação
Outros ativos financeiros avaliados pelo seu valor justo
Ativos financeiros disponíveis para venda
Participações
Derivativos de hedge
Empréstimos e recebíveis
Outros ativos financeiros1
Outros ativos não financeiros2
Passivos sujeitos a risco de mercado
Carteira de negociação
Outros passivos financeiros avaliados
pelo seu valor justo
Derivativos de hedge
Passivos financeiros avaliados pelo custo amortizado3
Provisões
Outros passivos financeiros
Patrimônio
Outros passivos não financeiros
Saldo no
balanço
VaR
Outras
1.266.296
69.428
148.888
42.673
115.250
3.471
7.346
781.635
35.798
61.807
1.266.296
109.792
196.351
147.012
41.993
7.346
178.805
109.249
1.069.945
69.428
1.876
680
115.250
3.471
781.635
35.798
61.807
1.087.491
543
62.317
7.255
961.083
15.376
10.113
89.714
10.646
62.301
7.255
-
16
961.083
15.376
10.113
89.714
10.646
Principal fator de risco para
o balanço em “Outras”
Taxa de juros
Taxas de juros, spread de crédito
Taxas de juros, spread de crédito
Taxa de juros, renda variável
Renda variável
Taxa de juros
Taxa de juros
Taxa de juros
Taxas de juros, spread de crédito
Taxas de juros, spread de crédito
Taxa de juros
Taxa de juros
Taxa de juros
1. Inclui: Ajustes relativos a Macrocoberturas, ativos não correntes em processo de venda, ativos por resseguro e contratos de seguros vinculados a pensões.
2. Inclui: Ativos intangíveis, ativos tangíveis e restante dos ativos.
3. justado por macrocoberturas.
233
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Pela atividade gerida com parâmetros diferentes do VaR, são
utilizadas medidas alternativas, principalmente sensibilidades aos
diferentes fatores de risco (taxas de juros, spread de crédito, etc.).
No caso da carteira de negociação, as securitizações e as exposições “nível III” (aquelas em que dados não observáveis de mercado
constituem inputs significativos em seus modelos internos de avaliação correspondentes) são excluídas da medição por VaR.
•O VaR é uma análise estática do risco da carteira, razão pela qual
a situação pode ser alterada significativamente ao longo do dia
seguinte, ainda que isso possa ocorrer com uma probabilidade
muito baixa.
Outras limitações têm origem no uso da metodologia de simulação histórica.
•Alta sensibilidade da janela histórica utilizada.
As securitizações são tratadas principalmente como se fossem
carteiras de risco de crédito (em termos de probabilidade de falta
de pagamento, taxa de recuperação, ...). Para as exposições “nível
III”, com pouca relevância no Grupo Santander (basicamente derivativos vinculados ao HPI - Home Price Index – na atividade de
mercados no Santander Reino Unido e carteira pouco significativa
de CDOs ilíquidos na atividade de mercados da matriz), assim
como em geral para os inputs de avaliação não observáveis no
mercado (correlação, dividendos, etc.), seguimos uma política muito conservadora, refletida tanto em ajustes de avaliação como de
sensibilidade.
7.2.2. Metodologias
7.2.2.1. Value at Risk (VaR)
A metodologia padrão aplicada durante o exercício de 2014 no
Grupo Santander para a atividade de negociação é o valor em
risco (VaR), que mede a perda máxima esperada com um nível
de confiança e um horizonte temporal determinados. É utilizado
como base o padrão de simulação histórica com um nível de confiança de 99% e um horizonte temporal de um dia, e são aplicados
ajustes estatísticos que permitem incorporar de forma eficaz e rápida os acontecimentos mais recentes que condicionam os níveis
de riscos assumidos. Especificamente, utiliza-se uma janela temporal de 2 anos, ou 520 dados diários, obtidos da data de referência
de cálculo do VaR recuando no tempo. São calculados diariamente
dois números, um aplicando um fator de queda exponencial que
dá menor peso às observações mais afastadas no tempo em vigor
e outra com pesos uniformes para todas as observações. O VaR
reportado é o maior dos dois.
Simultaneamente é calculado o Value at Earnings (VaE), que mede
o ganho máximo potencial com um nível de confiança e um horizonte temporal determinados, aplicando a mesma metodologia
que para o VaR.
Pela simulação histórica, o VaR apresenta muitas vantagens como
parâmetro de risco (resume em um único número o risco de mercado de uma carteira, tem como base movimentos do mercado
que realmente ocorreram sem necessidade de elaborar casos de
formas funcionais nem de correlação entre fatores de mercado,
etc.), porém também apresenta limitações.
Algumas limitações são intrínsecas ao parâmetro VaR em si, independentemente da metodologia empregada para seu cálculo,
dentre as quais se encontram:
•O cálculo do VaR está calibrado em relação a um nível de confiança determinado, não indicando os níveis de perdas possíveis
acima do mesmo.
•Incapacidade de captar eventos plausíveis de grande impacto
caso não ocorram na janela histórica utilizada.
•Existência de parâmetros de avaliação que não dispõem de
inputs de mercado (como correlações, dividendos e taxa de recuperação).
•Adaptação lenta a novas volatilidades e correlações, se os dados
mais recentes receberem o mesmo peso que os dados mais antigos.
Parte destas limitações é corrigida com o uso do stressed VaR e do
Expected Shortfall, o cálculo de um VaR com queda exponencial e
a aplicação de correções de ajustes de avaliação conservadores.
Além disso, conforme assinalado anteriormente, o Grupo realiza
regularmente análises e provas de contraste da bondade do modelo de cálculo do VaR (backtesting).
7.2.2.2. Stressed VaR (sVaR) e Expected Shortfall (ES)
Além do tradicional VaR, o Santander começou a calcular diariamente o stressed VaR para as principais carteiras. A metodologia
de cálculo é idêntica à utilizada no cálculo do VaR, com duas únicas exceções:
•Período histórico de observação dos fatores: no cálculo do
stressed VaR é utilizada uma janela de 250 dados, em vez de uma
janela de 520, como no cálculo do VaR. Além disso, não são os
últimos dados e sim um período contínuo de estresse relevante
para a carteira em questão; para sua determinação, para cada
carteira relevante, é analisado o histórico de um subconjunto de
fatores de risco de mercado escolhidos com base no critério especializado, em função das posições contábeis mais relevantes.
•Para a obtenção do stressed VaR, a diferença em relação ao cálculo do VaR é que não se aplica o máximo entre o percentil com
peso uniforme e o percentil com pesos exponenciais, mas sim
diretamente o percentil com peso uniforme.
Por outro lado, também calculamos o chamado Expected shortfall
(ES), para estimar o valor esperado da perda potencial quando
esta for maior que o nível fixado pelo VaR. O ES, em comparação
ao VaR, tem as vantagens de captar melhor o risco de perdas altas
de baixa probabilidade (tail risk) e de ser um parâmetro subaditivo30. No futuro próximo, o Comitê de Basileia recomenda a substituição do VaR por Expected shortfall como parâmetro de referência
para o cálculo do capital regulatório das carteiras de negociação31.
O Comitê considera que o nível de confiança de 97,5% representa
um nível de risco similar ao captado pelo VaR com o nível de confiança de 99%.
•Alguns produtos podem ser encontrados na carteira com um horizonte de liquidez maior frente ao especificado no modelo de VaR.
30. O subaditivo é uma das propriedades desejáveis que, segundo a literatura financeira, apresenta una métrica coerente de risco. Esta propriedade estabelece que f(a+b) seja
inferior ou igual a f(a)+f(b). Intuitivamente, supõem que quanto mais instrumentos ou fatores de risco tenha uma carteira menor risco apresentará pela vantagem da diversificação. O VaR não atende esta propriedade para certas distribuições, enquanto que o ES atende sempre.
31. Fundamental review of the trading book: A revised market risk framework (documento consultivo do Comitê de Basileia sobre supervisão bancária, outubro 2013).
234
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
7.2.2.3. Análise de cenários
Além do VaR, o Grupo utiliza outras medidas que permitem ter
um maior controle dos riscos em todos os mercados onde atua.
Dentro dessas medidas está a análise de cenários, que consiste
em definir alternativas do comportamento de diferentes variáveis
financeiras e obter o impacto nos resultados ao aplicá-los sobre as
atividades. Esses cenários podem replicar fatos ocorridos no passado (como crises) ou podem determinar alternativas plausíveis
que não se correspondem com eventos passados.
O impacto potencial nos resultados de aplicar diferentes cenários
de estresse é calculado e analisado periodicamente sobre todas as
carteiras de negociação e considerando os mesmos casos por fator de risco. São definidos no mínimo três tipos de cenários: plausíveis, severos e extremos, obtendo junto com o VaR um espectro
muito mais completo do perfil de riscos.
Além disso, foram estabelecidos certos níveis de alerta para os
cenários globais (triggers), em função dos resultados históricos dos
referidos cenários e do capital associado à carteira em questão.
Em caso de superar esses níveis de alerta o fato é comunicado aos
responsáveis pela gestão da carteira em questão, para que sejam
tomadas as medidas pertinentes. Além disso, os resultados dos
exercícios de estresse em nível global, bem como dos possíveis
excessos sobre os níveis de alerta marcados, são revisados regularmente e comunicados à Administração caso sejam considerados
pertinentes.
7.2.2.4. Análise de posições, sensibilidades e resultados
As posições são usadas para quantificar o volume líquido dos valores
de mercado das transações em carteira, agrupados por principal
fator de risco, considerando o delta dos futuros e opções que possam
existir. Todas as posições de risco podem ser expressas na moeda
base da unidade e na moeda de homogeneização da informação. As
mudanças nas posições são controladas diariamente com a finalidade
de detectar possíveis incidências que possam haver a fim de realizar
sua imediata correção.
crédito correspondentes. Os produtos controlados são basicamente bônus de renda fixa, tanto pública como privada, os derivativos
sobre bônus ( forwards, opções, etc.) e os derivativos de crédito
(credit default swaps, asset backed securities, etc.). O método de
cálculo do IRC baseia-se em medições diretas sobre as caudas da
distribuição de perdas ao percentil apropriado (99,9%), sobre um
horizonte temporal de um ano. É utilizada a metodologia de Monte Carlo, aplicando um milhão de simulações.
7.2.2.6. Credit Valuation Adjustment (CVA)
e Debt Valuation Adjustment (DVA)
O Grupo Santander incorpora o CVA e DVA no cálculo de seus
resultados das carteiras de negociação. O Credit Valuation Adjustment (CVA) é um ajuste da avaliação dos derivativos OTC
(Over the counter), resultado do risco associado à exposição ao
crédito assumido com cada contraparte.
O cálculo de CVA é feito levando em conta a exposição potencial
com cada contraparte em cada prazo futuro. O CVA para certas
contrapartes é igual à soma do CVA para todos os prazos. Para o
seu cálculo são levados em conta os seguintes inputs:
•Exposição antecipada: incluindo, para cada operação, o valor de
mercado atual (MtM), bem como o risco potencial futuro (Add-on)
de cada prazo. São levados em conta atenuantes como colaterais e
contratos de netting, bem como um fator de degradação temporal
para esses derivativos com pagamentos intermediários.
•Severidade: porcentagem de perda final assumida no evento de
crédito/não-pagamento da contraparte.
•Probabilidade de inadimplência /default: para os casos em que no
haja informação de mercado (curva de spread cotada mediante
CDS, etc.) são usados proxies gerados a partir de empresas com
CDS cotados do mesmo sector e rating externo que a contraparte.
•Curva dos fatores de desconto.
As medidas de sensibilidade de risco de mercado são as que estimam
a variação (sensibilidade) do valor de mercado de um instrumento ou
carteira frente a variações em cada um dos fatores de risco. A sensibilidade do valor de um instrumento frente a variações nos fatores
de mercado pode ser obtida por meio de aproximações analíticas por
derivações parciais ou mediante reavaliação total da carteira.
Por outro lado, a elaboração diária das demonstrações de resultados
é um excelente indicador de riscos, na medida em que permite identificar o impacto que as alterações nas variáveis financeiras tiveram nas
carteiras.
7.2.2.5. Atividade de derivativos e gestão de crédito
Vale destacar que o controle das atividades de derivativos e gestão de crédito, pelo seu caráter atípico, é realizado diariamente
com medidas específicas. No primeiro caso, são controladas as
sensibilidades aos movimentos de preço do subjacente (delta e
gama), da volatilidade (vega) e do tempo (theta). No segundo, é
feita a revisão sistemática de medidas como a sensibilidade ao
spread, jump-to-default, concentrações de posições por nível de
rating, etc.
O Debt Valuation Adjustment (DVA) é um ajuste para a avaliação
semelhante ao CVA, mas nesse caso em virtude do próprio risco
do Grupo Santander assumido por suas contrapartes em instrumentos derivativos OTC.
7.2.3. Sistema de controle de limites
O estabelecimento de limites de risco de mercado e de negociação
é concebido como um processo dinâmico que responde ao nível do
apetite de risco do Grupo Santander (descrito na seção ‘4.4 Apetite
de risco e estrutura de limites’ deste relatório). Esse processo faz parte do plano anual de limites, que é promovido pela Administração do
Grupo, envolvendo todas as entidades que o compõem.
Os limites de risco de mercado utilizados no Grupo Santander são
estabelecidos por diferentes parâmetros e cobrem todas as atividades
sujeitas a risco de mercado a partir de múltiplas perspectivas, usando
um critério conservador. Os principais são:
•Limites do VaR.
•Limites de posições equivalentes e/ou nominais.
Com relação ao risco de crédito inerente nas carteiras de negociação e em linha com as recomendações do Comitê de Supervisão
Bancária de Basileia e a norma vigente, um parâmetro adicional é
calculado, o incremental risk charge (IRC), com o objetivo de cobrir
o risco de descumprimento e de migração do rating que não está
adequadamente capturado no VaR, via variação dos spreads de
•Limites de sensibilidades a taxas de juros.
•Limites do vega.
235
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
•Limites de risco de entrega por posições vendidas em títulos
(renda fixa e variável)
7.3. Riscos estruturais de balanço32
•Limites voltados a restringir o volume de perdas efetivas ou proteger os resultados já gerados durante o período:
O perfil dos riscos de mercado inerentes no balanço do Grupo
Santander, em relação ao volume de ativos e de recursos próprios,
bem como a margem financeira orçada, mantiveram-se em níveis
baixos em 2014, em linha com exercícios anteriores.
•Loss trigger
•Stop loss
•Limites de crédito:
•Limite à exposição total.
•Limite ao jump to default por emissor.
•Outros.
•Limites para operações de originação
Esses limites gerais são complementados com outros sublimites
para ter uma estrutura de limites suficientemente granular que
permita a realização de um controle efetivo dos diferentes tipos
de fatores de risco de mercado de negociação sobre os quais se
mantém exposição. Desse modo, é realizado um acompanhamento diário das posições, tanto de cada unidade como globalmente,
desempenhando um controle exaustivo das mudanças produzidas
nas carteiras, com a finalidade de detectar as possíveis incidências
que possam ocorrer para sua correção imediata. Por outro lado,
a elaboração diária da demonstração de resultados pela divisão
de riscos é um excelente indicador dos riscos, na medida em que
permite identificar o impacto que as alterações nas variáveis financeiras tiveram nas carteiras.
São estabelecidas três categorias de limites em função de seu
âmbito de aprovação e de controle: limites de aprovação e controle globais, limites de aprovação global e controle local e limites
de aprovação e controle locais. Esses limites são solicitados pelo
responsável pela atividade de cada país/instituição atendendo a
particularidade do negócio e para a execução do orçamento estabelecido, procurando a consistência entre os limites e a relação
risco/retorno, e aprovados pelo órgão de riscos competente em
cada caso.
As unidades de negócio devem respeitar a todo momento o cumprimento dos limites aprovados. Caso um determinado limite seja
ultrapassado, os responsáveis pelo negócio local ficam obrigados
a explicar, por escrito no mesmo dia, os motivos do excesso e o
plano de ação para corrigir a situação, o que, em geral, pode consistir em reduzir a posição até entrar nos limites vigentes ou em
detalhar a estratégia que justifique um aumento nos mesmos.
Caso a situação de excesso mantenha-se sem resposta por parte
da unidade de negócios durante três dias, é solicitado aos responsáveis globais pelo negócio que exponham quais medidas serão
tomadas para o ajuste aos limites existentes. Se essa situação se
mantiver após dez dias do primeiro excesso, a diretoria de riscos é
informada para que tome uma decisão a respeito, podendo obrigar-se a pedir aos tomadores de risco a reduzir os níveis de risco
assumidos.
32. Inclui o total do balanço com exceção das carteiras de negociação.
33. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
236
7.3.1. Principais números e evolução
7.3.1.1. Risco de juros estruturais
7.3.1.1.1. Europa e Estados Unidos
Na Europa, os balanços principais (Matriz e Reino Unido) apresentam sensibilidades do valor econômico positivas ao aumento das
taxas de juros, dadas as expectativas de outras taxas a longo prazo
em função dos indicadores da evolução econômica, enquanto que
a curto prazo mantêm uma exposição de margem financeira muito
baixa. O balanço dos Estados Unidos tem sensibilidade positiva a
aumentos de taxas, tanto em curto como em longo prazo.
O nível de exposição em todos os países é moderado em relação à
estimativa anual e o valor dos recursos próprios.
Ao final de dezembro de 2014, o risco sobre a margem financeira
em 1 ano, medido como sensibilidade do mesmo frente a variações
paralelas de ± 100 pontos-base, estava concentrado nas curvas de
taxas de juros do dólar norte-americano com 67 milhões de euros
em risco a quedas de taxas (cenário de probabilidade muito baixa
na conjuntura atual). Vale mencionar também o risco frente a recuos de taxas na curva do zloty polonês, de 21 milhões de euros.
Sensibilidade da margem de intermediação
financeira (NIM)a 100 p.b.33
% sobre o total
Reino Unido
10,4%
Outros
2,2%
Matriz
37,2%
EUA
40,6%
Polônia
9,5%
Outros: SCF e Portugal.
Na mesma data, o risco sobre o valor econômico (medido como
sensibilidade do mesmo frente a variações paralelas de ± 100
pontos-base) mais relevante foi o da curva de juros do euro, com
2.149 milhões de euros com risco frente a quedas nas taxas. No
que diz respeito às curvas da libra esterlina e do dólar, o risco foi
de 865 e 343 milhões de euros, respectivamente, também contra
recuos nas taxas.
Conforme foi sinalizado anteriormente, esses cenários são muito
pouco prováveis nos dias de hoje.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Sensibilidade do valor económico (MVE) a 100 p.b.34
% sobre o total
EUA
11,2%
Outros
5,0%
Matriz
59,4%
Reino Unido
24,4%
Outros: Portugal, SCF e Polônia.
Nos quadros anexos, mostramos o detalhamento por prazo do
risco de juros do balanço mantido no Santander Matriz e no Santander Reino Unido em dezembro de 2014.
Matriz: Gap de reprecificação de taxas de juros35
Milhões de euros. 31-dez-14
Total
3 meses
1 ano
3 anos
5 anos
> 5 anos
Não sensível
Ativos
394.976
148.766
70.591
25.194
15.919
19.812
114.693
Passivo
431.401
166.111
63.114
59.981
30.499
40.457
71.238
36.425
21.971
(1.040)
13.849
2.087
(441)
0
0
4.626
6.437
(20.939)
(12.494)
(21.086)
43.455
Fora do balanço
Gap líquido
Santander UK: Gap de reprecificação de taxas de juros36
Milhões de euros. 31-dez-14
Total
3 meses
1 ano
1-3 anos
3-5 anos
> 5 anos
Não sensível
Ativos
324.674
193.356
30.189
49.580
23.806
7.192
20.551
Passivo
324.342
210.648
25.153
26.559
11.494
14.779
35.710
(332)
10.815
3.246
(512)
(7.603)
(6.280)
1
0
(6.477)
8.282
22.509
4.710
(13.867)
(15.158)
Fora do balanço
Gap líquido
Em geral, os gaps por prazos mantêm-se em níveis baixos em relação ao porte do balanço, com o objetivo de minimizar o risco de
juros.
7.3.1.1.2. América Latina
Os balanços em longo prazo estão posicionados para a queda de
taxas de juros pela desaceleração do crescimento econômico. No
curto prazo, a situação é bastante similar, exceto no caso do México, já que a curto prazo o país investe seu excesso de liquidez
em moeda local.
Durante 2014, o nível de exposição em todos os países foi
moderado em relação à estimativa anual e o valor dos recursos
próprios.
34. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
35. Gap agregado de todas as moedas no balanço da unidade do Santander Matriz, expresso em euros.
36. Gap agregado de todas as moedas no balanço da unidade do Santander UK, expresso em euros.
237
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
No encerramento do ano, o risco sobre a margem de intermediação financeira em 1 ano, medido como sensibilidade do risco
ante variações paralelas de ± 100 pontos-base, está concentrado em três países, Brasil (152 milhões de euros), México (55 milhões de euros) e Chile (33 milhões de euros), como se observa
no gráfico a seguir.
Quanto ao risco sobre o valor patrimonial, medido como sensibilidade do mesmo sobre variações paralelas de ± 100 pontos-base,
também está concentrado no Brasil (572 milhões de euros), Chile
(152 milhões de euros) e México (132 milhões de euros).
Sensibilidade do valor econômico (MVE)38
% sobre o total
Sensibilidade da margem de
intermediação financeira (NIM)37
Outros
6,6%
% sobre o total
México
14,4%
Outros
5,9%
Brasil
62,5%
Brasil
59,5%
México
21,5%
Chile
16,6%
Chile
13,0%
Outros: Argentina, Panamá, Peru, Porto Rico, Santander Overseas e Uruguai.
Outros: Argentina, Panamá, Peru, Porto Rico, Santander Overseas e Uruguai.
No quadro anexo, mostramos o detalhamento por prazo do risco
de juros do balanço mantido no Brasil em dezembro de 2014.
Brasil: Gap de reprecificação de taxas de juros39
Milhões de euros. 31-dez-14
Total
3 meses
1 ano
3 anos
5 anos
> 5 anos
Não sensível
Ativos
191.635
79.913
30.171
27.540
9.676
14.086
30.250
Passivo
191.635
119.076
10.640
12.014
7.288
6.603
36.015
Fora do balanço
0
(14.156)
12.975
(973)
1.517
637
1
Gap neto
0
(53.319)
32.505
14.553
3.905
8.120
(5.764)
7.3.1.1.3. VaR da taxa de juros estrutural do balanço
Além das sensibilidades aos movimentos das taxas de juros (não
apenas são avaliados movimentos de +/- 100 p.b., mas também +
/-25, + /-50, + /-75 para caracterizar melhor o risco nos países com
taxas muito baixas), o Santander usa outros métodos para acompanhar o risco de juros estruturais do balanço; dentre eles, a análise de
cenários e o cálculo de VaR, utilizando uma metodologia semelhante à usada para as carteiras de negociação.
37. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
38. Sensibilidade para o pior cenário entre +100 e -100 pontos-base.
39. Gap agregado de todas as moedas no balanço da unidade do Brasil, expresso em euros.
238
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Para os três últimos anos, os valores médios, mínimos, máximos e
últimos do VaR de risco de juros estruturais aparecem na seguinte
tabela:
Risco de juros estruturais do balanço (VaR)
Milhões de euros VaR a 99%, com horizonte temporal de um dia
2014
Mínimo
Médio
Máximo
Último
411,3
539,0
698,0
493,6
(109,2)
(160,4)
(236,2)
(148,7)
Europa e EUA
412,9
523,0
704,9
412,9
América Latina
107,6
176,4
229,4
229,4
VaR Taxa de Juros
Estrutural*
Efeito diversificação
* Inclui VaR por spread de crédito nas carteiras ALCO.
2013
Mínimo
Médio
Máximo
Último
VaR Taxa de Juros
Estrutural*
580,6
782,5
931,0
681,0
Efeito diversificação
(142,3)
(164,7)
(182,0)
(150,3)
Europa e EUA
607,7
792,5
922,0
670,0
América Latina
115,2
154,6
191,0
161,3
Máximo
Último
* Inclui VaR por spread de crédito nas carteiras ALCO.
2012
Mínimo
Médio
VaR Taxa de Juros
Estrutural*
361,7
446,4
525,7
517,5
Efeito diversificação
(78,1)
(124,4)
(168,1)
(144,9)
Europa e EUA
334,4
451,4
560,8
552,0
América Latina
105,5
119,5
133,0
110,3
* Inclui VaR por spread de crédito nas carteiras ALCO.
O risco de taxa de juros estrutural, medido em termos de VaR em
1 dia e a 99%, alcançou uma média de 539 milhões de euros em
2014. A contribuição dos balanços da Europa e Estados Unidos
para isso é significativamente maior que a da América Latina. Destacamos a elevada diversificação entre as duas áreas e a desaceleração do VaR na Europa e nos Estados Unidos, por estreitamentos
dos spreads soberanos, especialmente na Espanha e Portugal.
No fechamento de 2014, as maiores exposições de caráter permanente (com seu potencial impacto sobre o patrimônio) concentravam-se, na referida data, nesta ordem, em Reais, libras
esterlinas, dólares norte-americanos, pesos mexicanos, pesos
chilenos e zlotys poloneses. O Grupo faz hedging de parte
dessas posições em caráter permanente mediante instrumentos
financeiros derivativos de taxa de câmbio.
Além disso, a divisão de gestão financeira em nível consolidado
é responsável pela gestão do risco de câmbio nos resultados e
dividendos esperados do Grupo nas unidades cuja moeda base
seja diferente ao euro.
7.3.1.3. Risco de renda variável estrutural
O Santander mantém posições de renda variável em seu balanço
(banking book), além da carteira de negociação. Essas posições
são mantidas como carteiras disponíveis para venda (instrumentos de capital) ou como participações, de acordo com seu perfil
de menor ou maior tempo de permanência em carteira.
A carteira de renda variável do banking book no final de dezembro de 2014 estava diversificada em títulos de diferentes regiões,
sendo as principais Espanha, Brasil, Estados Unidos, Países Baixos e China. Em relação a setores, está principalmente investida
no setor de atividades financeiras e de seguros; outros setores
representados em menor proporção são o de atividades profissionais, científicas e técnicas, os órgãos públicos (pela participação na Sareb) e o mercado de energia e hotelaria.
As posições de renda variável estruturais estão expostas ao risco
de mercado. Para essas posições, são realizados cálculos de VaR
usando séries de preço de mercado para as ações listadas ou
proxies para títulos que não são listados. No final de dezembro
de 2014 o VaR de 99% em um dia foi de 208,5 milhões de euros
(235,3 e 281,4 milhões de euros no encerramento de dezembro
de 2013 e 2012, respectivamente).
7.3.1.4. VaR Estrutural
Em definitivo, com um parâmetro homogêneo como o VaR é
possível fazer um acompanhamento do risco de mercado total do
balanço, excluindo a atividade de negociação de banco de atacado
global (a evolução do VaR para essa atividade é abordada na seção
7.2.1.1), distinguindo entre renda fixa (considerando tanto taxa
de juros como spread de crédito para as carteiras ALCO), taxa de
câmbio e renda variável.
Em geral, é possível dizer que o VaR estrutural não é elevado em
termos do volume de ativos ou de recursos próprios do Grupo.
7.3.1.2. Risco de taxa de câmbio estrutural/ Hedging de
resultados
O risco de taxa de câmbio estrutural deriva das operações de
câmbio do Grupo, relacionado principalmente com os investimentos financeiros permanentes, os resultados e os hedges dos
referidos investimentos.
A gestão do risco de câmbio é dinâmica e busca limitar o impacto dos movimentos das taxas de câmbio sobre o índice core
capital .
239
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
VaR Estructural
Milhões de euros. VaR a 99%, com horizonte temporal de um dia
2014
VaR Estrutural
Efeito diversificação
2013
2012
Mínimo
Médio
Máximo
Último
Médio
Último
Médio
Último
597,3
718,6
814,2
809,8
857,6
733,9
593,1
659,0
(241,5)
(364,1)
(693,5)
(426,1)
(448,3)
(380,2)
(390,7)
(347,1)
VaR taxa de juros*
411,3
539,0
698,0
493,6
782,5
681,0
446,4
517,5
VaR taxa de câmbio
256,9
315,3
533,8
533,8
254,5
197,8
237,0
207,3
VaR renda variável:
170,6
228,4
275,8
208,5
269,0
235,3
300,4
281,4
* Inclui VaR por spread de crédito nas carteiras ALCO.
7.3.2. Metodologias
7.3.2.1. Risco de juros estruturais
O Grupo realiza análise de sensibilidade da margem de intermediação financeira e do valor patrimonial ante variações das taxas de juros. Essa sensibilidade está condicionada pelas defasagens entre as
datas de vencimento e de revisão das taxas de juros dos diferentes
itens do balanço.
Com base no posicionamento da taxa de juros no balanço, e considerando a situação e perspectivas do mercado, são acordadas as
medidas financeiras para adequar o referido posicionamento ao
desejado pelo Grupo. Essas medidas podem compreender desde a
tomada de posição em mercados até a definição das características
de taxa de juros dos produtos comerciais.
Os parâmetros usados pelo Grupo para o controle do risco de juros
nessas atividades são o gap de taxas de juros, as sensibilidades da
margem de intermediação financeira e do valor patrimonial a variações nos níveis de taxas de juros, a duração dos recursos próprios, o
valor em risco (VaR) para efeitos do cálculo de capital econômico.
7.3.2.1.1. Gap de taxas de juros em ativos e passivo
A análise de gaps de taxas de juros trata das defasagens entre os
prazos de reavaliação dos totais do patrimônio dentro dos itens,
tanto do balanço (ativos e passivo) como das contas de ordem (fora
do balanço). Proporciona uma representação básica da estrutura
do balanço e permite detectar concentrações de risco de juros nos
diversos prazos. É ainda uma ferramenta útil para as estimativas
de possíveis impactos de eventuais movimentos nas taxas de juros
sobre a margem de intermediação financeira e sobre o valor patrimonial da Instituição.
Todos os totais do balanço e fora do balanço devem ser detalhados
em seus fluxos e colocados no ponto de reprecificação/ vencimento.
No caso dos totais sem vencimento contratual, é utilizado um modelo
interno de análise e estimativa de suas durações e sensibilidades.
7.3.2.1.2. Sensibilidade da margem de
intermediação financeira (NIM)
A sensibilidade da margem de intermediação financeira mede a
variação nos acúmulos esperados para um prazo determinado (12
meses) ante um deslocamento da curva de taxas de juros.
Mede o risco de juros implícito no valor patrimonial (recursos próprios) sobre a base da incidência de uma variação das taxas de juros
nos valores atuais dos ativos e passivos financeiros.
7.3.2.1.4. Tratamento de passivos sem vencimento definido
No modelo corporativo, o volume total dos saldos de contas sem
vencimento se divide entre saldos estáveis e instáveis. A separação
é obtida a partir de um modelo que se baseia na relação entre os
saldos e suas próprias médias móveis.
A partir desse modelo simplificado é obtida a corrente de cash flows
mensais a partir dos quais são calculadas as sensibilidades NIM e MVE.
O modelo requer uma variedade de inputs, relacionados brevemente a seguir:
•Parâmetros próprios do produto.
•Parâmetros de comportamento do cliente (nesse caso é feita uma
combinação de análise de dados históricos e o bom-senso dos
especialistas do negócio).
•Dados de mercado.
•Dados históricos da própria carteira.
7.3.2.1.5. Tratamento do pagamento
antecipado de determinados ativos
Atualmente, a questão do pagamento antecipado tem impacto no
Grupo principalmente para as hipotecas a taxa fixa nas unidades
nas quais as curvas de taxas de juros relevantes para essa carteira
encontram-se em níveis baixos. Nessas unidades esse risco é modelado e além disso é possível aplicar com algumas modificações em
ativos sem vencimento definido (negócios de cartões de crédito e
similares).
As técnicas habituais utilizadas na avaliação de opções não podem
ser aplicadas diretamente devido à complexidade dos fatores que
determinam o pagamento antecipado dos devedores. Consequentemente, os modelos para avaliação de opções devem ser combinados
com modelos estatísticos empíricos que tenham o propósito de captar o comportamento do pagamento antecipado. Alguns dos fatores
que condicionam o referido comportamento são:
O cálculo da sensibilidade da margem de intermediação financeira é
realizado mediante a simulação da margem, tanto para um cenário
de movimento da curva de taxas como para a situação atual, sendo
a sensibilidade a diferença entre ambas as margens calculadas.
•Taxa de Juros: diferencial entre a taxa fixa da hipoteca e a taxa de
mercado sob a qual o bem poderia ser refinanciado, líquido de custos de cancelamento e abertura.
7.3.2.1.3. Sensibilidade do valor patrimonial (MVE)
A sensibilidade do valor patrimonial é uma medida complementar à
sensibilidade da margem de intermediação financeira.
•Seasoning: tendência de o pagamento antecipado ser baixo no
início do ciclo de vida do instrumento (assinatura do contrato) e a
crescer e se estabilizar no decorrer do tempo.
240
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
•Seasonality (sazonalidade): as amortizações ou cancelamentos antecipados costumam ocorrer em datas específicas.
7.4. Riscos de pensões, atuarial e fiduciário
•Burnout: tendência decrescente da velocidade do pagamento
antecipado conforme o vencimento do instrumento se aproxima, o
que inclui:
a)Age, define índices baixos de quitação antecipada.
Na gestão do risco dos fundos de pensão de funcionários com
benefício definido, o Grupo assume os riscos financeiros, de mercado, de crédito e de liquidez nos quais se incorre pelos ativos e
investimentos do fundo, bem como os riscos atuariais derivados
do passivo, as responsabilidades por pensões a seus funcionários.
b)Cash pooling, define como mais estáveis os empréstimos que
superaram vários ciclos de quedas nos juros. Ou seja, quando
uma carteira de crédito já passou por um ou mais ciclos de taxas
em baixa e, portanto, níveis altos de pagamento antecipado, os
créditos “sobreviventes” têm uma probabilidade de quitação
antecipada significativamente menor.
O objetivo do Grupo no âmbito de controle e gestão do risco de
pensões concentra-se na identificação, medição/avaliação, acompanhamento e monitoramento, controle, mitigação e comunicação
do risco em questão. A prioridade do Grupo é, portanto, identificar e eliminar fontes de risco, independentemente de terem ou
não ocasionado perdas.
c)Outros: mobilidade geográfica, fatores demográficos, sociais,
renda disponível, etc.
Por isso, na metodologia utilizada pelo Grupo Santander são estimadas anualmente as perdas conjuntas em ativos e passivos em
um cenário definido de estresse por mudanças nas taxas de juros
e taxas de desconto, inflação, bolsas e imóveis, além do risco de
crédito e operacional.
O conjunto de relações econométricas que tratam de captar o efeito
de todos esses fatores é a probabilidade de quitação antecipada de
um crédito ou de um pool de créditos e é conhecido como modelo
de pagamento antecipado.
7.3.2.1.6. Value at Risk (VaR)
Para a atividade de balanço e carteiras de investimento calcula-se
o valor em risco com o mesmo padrão que para negociação: simulação histórica com um nível de confiança de 99%, horizonte temporal de um dia e janela de tempo de 2 anos, ou 520 dados diários,
obtidos desde o fechamento de referência de cálculo do VaR no
decorrer do tempo.
7.3.2.2. Risco de taxa de câmbio estrutural
/ Hedging de resultados
O acompanhamento dessas atividades é realizado por meio de medidas de posição, VaR e resultados, com periodicidade diária.
7.3.2.3. Risco de renda variável estrutural
O acompanhamento dessas atividades é realizado por meio de medidas de posição, VaR e resultados, com periodicidade mensal.
7.3.3. Sistema de controle de limites
Como já mencionado para o risco de mercado de negociação, no
marco do plano de limites anual são estabelecidos os limites para
os riscos estruturais do balanço, respondendo ao nível de apetite de
risco do Grupo Santander.
7.4.1 Risco de pensões
Principais números
Os principais números relativos aos fundos de pensão de funcionários de contribuição definida são detalhados na nota 25 do
Relatório de auditoria e demonstrações anuais do Grupo, onde são
informados o detalhamento e a movimentação de provisões por
pensões, assim como as principais hipóteses utilizadas no cálculo
do risco atuarial e risco do fundo, incluindo variações de valor de
ativos e passivos e detalhes sobre as carteiras de investimento
atribuídas aos mesmos.
Desse modo, considera-se que o perfil de investimento da carteira
agregada dos fundos de pensão dos funcionários é correspondente a um perfil de risco baixo, estando aproximadamente 70%
do total da carteira investidos em ativos de renda fixa, conforme
detalhado a seguir:
Outros: alto risco* Monetários
3% 2%
Imóveis
Renda Fixa
9%
70%
Renda
Variável
16%
Os principais são:
•Risco de juros estruturais do balanço:
*Inclui posições de hedge fund, private equity e derivativos.
•Limite de sensibilidade da margem de intermediação financeira
em 1 ano.
•Limite de sensibilidade do valor patrimonial.
•Risco de taxa de câmbio estrutural:
•Posição líquida em cada moeda (para as posições de hedging de
resultados).
7.4.2. Risco Atuarial
O risco atuarial é produzido por mudanças biométricas sobre a esperança de vida dos segurados nos seguros de vida, por aumento
inesperado das indenizações previstas nesse tipo de seguros e, em
todos os casos, por mudanças não esperadas no comportamento
dos tomadores de seguro no exercício das opções previstas nos
contratos.
No caso de um excesso sobre um desses limites ou seus sublimites,
os responsáveis pela gestão de risco devem explicar os motivos e
apresentar o plano de ação para corrigi-lo.
241
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
Dessa forma, destacam-se os seguintes riscos atuariais:
7.4.3 Risco fiduciário
Risco de Passivo em Seguros de Vida: risco de perda no valor do
passivo dos seguros de vida, provocado por flutuações nos fatores
de risco que afetam esses passivos:
O risco fiduciário é decorrente da gestão e/ou administração, por
conta de clientes, produtos e ativos, e também quando se atua
como fideicomissário de terceiros. Basicamente, esse risco está associado às atividades relacionadas com os produtos de investimento
e proteção ligados às atividades de gestão de ativos e seguros.
i. Risco de mortalidade / longevidade: risco de perda por
movimentações no valor do passivo em consequência de
mudanças na estimativa das probabilidades de falecimento /
sobrevivência dos segurados.
ii. Risco de morbidade: risco de perda por movimentações no
valor do passivo em consequência de mudanças na estimativa
da probabilidade de invalidez / incapacitação dos segurados.
iii.Risco de resgate / queda: risco de perda por movimentações
no valor do passivo em consequência do cancelamento antecipado do contrato, de mudanças no exercício do direito de
resgate por parte dos tomadores, bem como das opções de
aportes extraordinários e/ou suspensão de aportes.
iv. Risco de despesas: risco de perda pela variação do valor do
passivo em consequência de desvios negativos das despesas
previstas.
v. Risco de Catástrofe: perdas provocadas pela ocorrência de
eventos catastróficos que aumentam o passivo de Vida da
instituição.
Risco de Passivo em Seguros Não Vida: risco de perda pela variação no valor do passivo dos seguros de não vida, provocado por
flutuações nos fatores de risco que afetam esses passivos:
i. Risco de Prêmio: perda decorrente da insuficiência de prêmios
para atender aos sinistros que possam acontecer no futuro.
ii. Risco de Reserva: perda decorrente da insuficiência das reservas
de sinistros, já incorridos mas não liquidados, inclusive despesas
de gestão desses sinistros.
iii. Risco de Catástrofe: perdas provocadas pela ocorrência de
eventos catastróficos que aumentam o passivo de Não Vida da
instituição.
Principais números
No caso do Grupo Santander, a atividade das companhias de Seguros
100% Grupo Santander estaria sujeita ao risco atuarial, sendo sua
atividade também impactada pelos demais riscos financeiros, não
financeiros e transversais, definidos para o Grupo.
Especificamente, o volume de ativos sob gestão para as empresas
em Espanha e Portugal 100% controladas pelo Santander subiu para
27.576 milhões de euros, dos quais 23.276 milhões são diretamente
sujeitos a compromissos com os tomadores segundo o detalhamento
a seguir:
•14.479 milhões de euros são compromissos garantidos (totalmente ou em parte) pelas próprias empresas.
•8.797 milhões de euros são compromissos nos quais os riscos são
assumidos pelos próprios tomadores.
242
Trata-se do risco incorrido quando se atua como fideicomissário
de terceiros ou como administrador de ativos para o benefício de
terceiros, onde a gestão ou administração indevida dos ativos possa
resultar em perdas para o cliente e o fiduciário pode ser responsabilizado por tais perdas, com o consequente impacto econômico e/ou
reputacional.
O risco fiduciário também poderá ser definido como perda potencial que pode ser provocada ante flutuações relevantes no valor das
carteiras administradas por parte do fiduciário para terceiros (fideicomitentes / beneficiários) e a imagem e reputação do fideicomisso.
Nesse sentido, existe uma relação entre os riscos fiduciários e o
risco de conduta, que é o risco ocasionado por práticas inadequadas
no relacionamento do Banco com seus clientes, o tratamento e os
produtos oferecidos ao cliente e sua adequação a cada cliente específico, bem como os riscos de conformidade e reputacionais.
O princípio orientador de todas as atividades e/ou negócios que implicam um risco fiduciário é o dever de atuação no melhor interesse
do cliente de “Cuidar do dinheiro dos clientes como se fosse nosso”.
Esse princípio exige a atuação sempre no interesse do cliente, de
acordo com suas orientações, instruções ou ordens.
Esse princípio fundamenta-se em pilares básicos para a gestão do
risco fiduciário e a defesa dos interesses dos clientes:
•Conhecimento do cliente: A gestão de riscos deve ser orientada
pelo conhecimento adequado, dentro da organização, da realidade e necessidades dos clientes atendidos. Esse conhecimento do
cliente abrange a adequação do produto oferecido aos clientes
nas atividades de gestão de ativos e seguros, garantindo que se
encaixe na política de comercialização de acordo com o perfil do
cliente.
•Cumprimento de mandatos: O processo de gestão de riscos
requer a análise e controle dos mandatos por meio da avaliação
periódica de seu cumprimento. O zelo pelo risco associado às
posições de clientes será exercido aplicando-se os mesmos princípios gerais empregados na análise e controle de riscos próprios
do Grupo.
•Transparência: Devem ser transmitidas ao cliente, de maneira
fiel e em termos compreensíveis, todas as informações relevantes relativas à gestão de suas posições, os riscos decorrentes das
mesmas e a evolução e resultados gerados por tais posições.
•Gestão de conflitos de interesse: É possível que surjam conflitos de interesses, potenciais ou efetivos, decorrentes da inter-relação entre a atividade de gestão e a de outras unidades de
negócios ou áreas do Grupo. Para evitar essas circunstâncias, em
todas as situações, a atuação deverá seguir os critérios estabelecidos pelo grupo, salvaguardando em todos os casos o interesse
do cliente, participantes, sócios e/ou segurados.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
•Acompanhamento e adaptação às normas: tanto de produtos
como das Sociedades Gestoras, visando oferecer sempre ao
cliente um serviço da mais alta qualidade e prevenir o risco regulatório.
Dessa forma, o principal componente do risco fiduciário está associado à gestão de ativos em nome de terceiros: gestão discricionária
de veículos e carteiras, realizada pelas instituições gestoras e companhias de seguros nas quais o Grupo tem participação acionária
e/ou com as quais existam acordos de distribuição, bem como das
atividades realizadas pelas unidades de private banking do Grupo,
que realizam serviços de assessoria e gestão discricionária de carteiras de clientes.
A norma impõe às sociedades gestoras e às que prestam serviços de
investimentos a terceiros a obrigação de agir sempre e salvaguardar,
em todas as situações, os interesses dos clientes.
Essa obrigação é estipulada no contrato de gestão ou mandato fiduciário, o qual determina as condições de atuação do fiduciário e seu
relacionamento com os clientes. A fim de garantir o cumprimento
do mandato outorgado pelos clientes, o risco é gerenciado a partir
dos diferentes vetores que podem afetar as carteiras e que são explicados mais à frente.
Para que o fiduciário possa realizar esses serviços, é preciso que, no
nível local, possua uma estrutura legal sujeita às exigências de seu
supervisor local. Também é necessário dispor dos meios técnicos
e humanos adequados, e que seja realizado o controle e acompanhamento dos riscos em uma unidade de riscos e conformidade
independente do negócio.
Os três vetores fundamentais no controle do risco fiduciário são:
•Os riscos financeiros, de mercado, de crédito e de liquidez, incorridos pelo investimento do patrimônio dos clientes em produtos
e instrumentos financeiros.
•O risco regulatório de conformidade com os limites estabelecidos pelas normas e o risco propriamente fiduciário, de cumprimento dos mandados de investimento, bem como da segurança
do circuito investidor.
•Importância do acompanhamento do resultado final dos investimentos tanto no que se refere à relação fiduciária com o
cliente que espera o melhor resultado como no que tange aos
concorrentes. Sempre com a finalidade de oferecer um produto
com a maior qualidade possível e sem deixar de considerar os
princípios de riscos do Grupo.
Modelo de gestão e controle
O negócio e as atividades de gestão de ativos do Grupo Santander
sofreram mudanças ao longo de 2014, após a reestruturação societária realizada no Santander Asset Management (SAM), veículo que
integra a atividade de gestão de ativos e o qual, segundo o acordo
de comercialização firmado, oferece uma ampla gama de produtos
de poupança e investimento que atendem as necessidades específi-
cas dos clientes, distribuídos pelas redes comerciais do Grupo e por
canais de distribuição externos.
A atividade de gestão de ativos pode se diferenciar em relação aos
ativos a gerir:
•Gestão mobiliária de fundos e sociedades de investimentos, carteiras de gestão discricionária e fundos de pensões, atualmente
desenvolvida pelo SAM e pelas equipes e veículos de gestão de
Private Banking dos países.
•Gestão de Private Equity, especializada na gestão de veículos de
Capital-Risco.
•Gestão Imobiliária, especializada na administração de produtos
de investimento imobiliário.
O Grupo Santander comercializa e faz a gestão desses ativos de
acordo com as normas e recomendações dos supervisores locais,
seguindo os padrões mínimos que assegurem o melhor interesse
de seus clientes.
A missão e objetivos do departamento de riscos fiduciários do
Grupo Santander resumem-se na admissão e monitoramento dos
riscos assumidos com clientes e negócios, participando nos processos de decisão sobre a admissão de novos produtos e os mandatos de gestão definidos e, posteriormente, o acompanhamento
todos os riscos fiduciários.
Para o cumprimento dessa missão a equipe de riscos fiduciários
desenvolve as seguintes funções:
•Definir o perfil de riscos dos novos produtos/carteiras/mandatos
e subjacentes, participando em seu processo de aprovação,
assim como aprovar as instituições que os gerenciam e administram.
•Identificar, conhecer, controlar, analisar e acompanhar os riscos
fiduciários de maneira global nos negócios de Private Banking,
Gestão de Ativos e Seguros.
•Colaborar na elaboração e definição de políticas de risco fiduciário: produtos, subjacentes e políticas de gestão.
•Difundir, implantar, colaborar na aplicação e monitorar a conformidade nas unidades locais e as políticas de riscos, procedimentos e qualquer outra norma aplicável em matéria de risco
fiduciário em cada uma das unidades de negócio.
•Elaborar as políticas de controle e acompanhamento do risco
fiduciário sobre produtos, carteiras, mandatos, subjacentes, garantindo tanto a visão de controle como a visão de gestão.
•Supervisionar o resultado dos processos de controle realizados,
fazendo propostas e recomendações de melhoria relativas ao
risco fiduciário.
•Criar e implantar ações minimizadoras dos riscos detectados.
243
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MERCADO DE NEGOCIAÇÃO E ESTRUTURAIS
A execução das funções mencionadas é estruturada nos âmbitos
corporativo e local da seguinte maneira:
No âmbito corporativo, a diretoria de riscos fiduciários encarregase de colaborar na elaboração e definição de políticas e procedimentos de riscos financeiros, conformidade e desempenho em
nível global; de difundir e colaborar em sua aplicação nas unidades
locais; de supervisionar os resultados dos processos de controle
realizados localmente e de implantar, quando necessário, as ações
minimizadoras dos riscos detectados.
No âmbito local, as diretorias de riscos locais deverão contar com
a estrutura e os recursos necessários para realizar sua atividade de
acordo com o descrito anteriormente, já que são as encarregadas
da execução dos diferentes controles estabelecidos, assumindo
a responsabilidade de informar os resultados dos mesmos a seus
interlocutores tanto em nível local (negócio, supervisão de riscos,
reguladores e supervisores, etc.) como em nível corporativo.
Principais parâmetros
Em 31 de dezembro de 2014, os clientes do Grupo Santander tinham
em suas carteiras 122.026 milhões de euros em fundos de investimento mobiliário e 19.127 milhões de euros em fundos de pensão, todos
eles geridos pelo Santander Asset Management, sociedade holding
participada pelo Grupo.
O perfil de risco do total dos referidos fundos de investimento e pensão é influenciado pela tipologia de ativos incorporados nos diversos
produtos, segundo o detalhamento a seguir.
Derivativos
financeiros
2,9%
Liquidez 1,8%
Ativos
imobiliários
0,0%
Renda Variável
7,0%
Renda Fixa
39,6%
Depósitos
7,6%
Repos
12,5%
Contratos de
recompra
28,5%
244
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
8. Risco de liquidez
e financiamento
8.0. Organização da seção
Após uma introdução ao conceito de risco de liquidez e de financiamento no Grupo Santander [pág. 245], é apresentado o marco
de gestão de liquidez estabelecido pelo Grupo, incluindo o acompanhamento e controle do risco de liquidez [pág. 246-250].
Posteriormente há uma referência à estratégia de financiamento
desenvolvida pelo Grupo e suas subsidiárias nos últimos anos
[pág. 250-253], com especial atenção para a evolução da liquidez
em 2014. Com relação ao último exercício, é mostrada a evolução
dos índices de gestão de liquidez e as tendências de negócios e de
mercados que levaram a isso [pág. 253-258).
Para finalizar, foi incluída uma descrição qualitativa das perspectivas em matéria de financiamento no próximo exercício para o
Grupo e suas principais áreas geográficas [pág. 258].
8.1. Introdução ao tratamento do
risco de liquidez e financiamento
•O Santander desenvolveu um modelo de financiamento baseado
em subsidiárias autônomas que são responsáveis por atender
suas próprias necessidades de liquidez.
•Essa estrutura permite que o Santander beneficie-se do modelo
de negócios de banco comercial para manter posições de liquidez folgadas em nível de Grupo e em suas principais unidades,
mesmo em situações de estresse dos mercados.
•Nos últimos anos, devido às mudanças econômicas e regulatórias decorrentes da crise econômica e financeira global, foi
necessário adaptar as estratégias de financiamento às novas
tendências do negócio comercial, às condições dos mercados e
aos novos requisitos regulatórios.
•Em 2014, em um melhor ambiente de mercado, o Santander continuou melhorando em aspectos concretos sobre uma posição de
liquidez muito confortável em nível de Grupo e de subsidiárias.
Tudo isso permite enfrentar 2015 com um bom começo, sem restrições ao crescimento.
Para o Banco Santander, a gestão de liquidez e de financiamento
sempre foi um elemento básico para o Grupo em sua estratégia de
negócios e um pilar fundamental, além do capital, que sustenta a
solidez do seu balanço.
A liquidez tem ganhado relevância em gestão bancária nos últimos anos por crescentes tensões nos mercados financeiros no
contexto de uma crise econômica global. Esse cenário colocou
em pauta a importância, para as instituições bancárias, de dispor
de estruturas adequadas de financiamento e de estratégias que
garantam a sua atividade de intermediação.
Durante esse período de estresse, o Grupo Santander tem tido
uma posição de liquidez adequada, superior a de seus pares, a
qual tem sido uma vantagem competitiva para desenvolver e
expandir a sua atividade em um ambiente difícil.
Hoje, em um cenário mais favorável para a liquidez, o Grupo
continua desfrutando da vantagem da solidez demonstrada perante o novo desafio de otimizar, em termos de custos, os altos
padrões de liquidez exigidos pelos reguladores, e também impulsionar o crescimento em regiões antes em desalavancagem.
Esta melhor posição alcançada por todo o Grupo foi apoiada
em um modelo descentralizado de financiamento composto por
subsidiárias autônomas e autossuficientes em termos de liquidez. Cada subsidiária é responsável por cobrir as necessidades
de liquidez decorrentes de sua atividade presente e futura, seja
por meio de depósitos de clientes captados em sua área de influência, seja por meio do recurso aos mercados por atacado onde
atua, dentro de uma gestão e supervisão coordenadas em nível
do Grupo.
É uma estrutura de financiamento que demonstrou sua maior eficácia em situações de alto estresse dos mercados, pois impede
que as dificuldades em uma área possam ser transferidas para
a capacidade de financiamento de outras áreas e, portanto, do
Grupo todo, situação que poderia ocorrer no caso de um modelo
centralizado de financiamento.
Além disso, no Grupo Santander essa estrutura de financiamento
beneficia-se das vantagens de dispor de um modelo de banco
comercial com presença relevante em dez mercados com grande
potencial, com foco no cliente de varejo e alta eficiência. Tudo
isso proporciona às subsidiárias uma grande capacidade de atrair
depósitos estáveis, bem como uma alta capacidade de emissão
em mercados atacadistas nesses países, geralmente em sua
própria moeda, apoiadas na força de sua franquia e em sua participação em um grupo líder.
245
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
8.2. Marco de gestão da liquidez –
Acompanhamento e controle do risco de liquidez
A gestão da liquidez estrutural busca financiar a atividade recorrente do Grupo em condições ótimas de prazo e custo, evitando
assumir riscos de liquidez indesejados.
No Santander, a gestão da liquidez está baseada nos seguintes
princípios:
• Modelo de liquidez descentralizado.
•As necessidades decorrentes da atividade no médio e longo prazo são financiadas por instrumentos de médio e longo prazo.
•Elevada participação dos depósitos captados junto a clientes,
decorrente de um balanço de natureza comercial.
•Diversificação de fontes de financiamento no atacado por:
instrumentos/investidores; mercados/moedas e prazos.
•Limite para lançar mão do financiamento no atacado a curto
prazo.
•Disponibilidade de uma reserva de liquidez suficiente, que
inclui a capacidade para desconto em bancos centrais para uso
em situações adversas.
8.2.1. Modelo organizacional e de governança
O processo de tomada de decisões relativo a todos os riscos estruturais, incluindo o risco de liquidez, é realizado através de comitês
de ativos e passivos (ALCO) locais em coordenação com o com o
ALCO global.
O ALCO Global é o órgão apoderado pelo conselho de administração do Banco Santander para coordenar a função de gestão de
ativos e passivos (ALM) em todo o Grupo, incluindo a gestão da
liquidez e do financiamento, realizada por meio dos ALCOs locais
e de acordo com o Marco Corporativo do ALM.
Esse órgão é presidido pela presidente do Banco e integrado por
um vice-presidente executivo (o qual é, por sua vez o presidente
do comitê delegado de riscos), o CEO, os diretores gerais financeiro e de riscos e alguns diretores gerais e responsáveis por determinadas unidades de análise e de negócio que realizam funções de
assessoria.
Segundo os princípios acima mencionados e o marco corporativo
do ALM, a organização da função de gestão da liquidez e o financiamento têm como apoio:
•O conselho de administração como responsável máximo pela
gestão do Grupo;
•Cumprimento dos requisitos regulatórios de liquidez exigidos
em nível de Grupo e de subsidiárias como novo condicionante de
gestão.
•Os comitês ALCO locais, os quais definem em cada momento o
posicionamento objetivo de liquidez e as estratégias que assegurem e/ou antecipem as necessidades de financiamento de seu
negócio, sempre dentro do apetite de risco fixado pelo conselho
e os requisitos regulatórios;
A aplicação efetiva desses princípios por todas as entidades que
constituem o Grupo exigiu o desenvolvimento de um marco único
de gestão construído em torno de três pilares principais:
•O ALCO global, responsável pela gestão de ALM da matriz, além
de coordenar e acompanhar a função nas demais unidades do
Grupo;
•Um sólido modelo organizacional e de governança, que garante
o envolvimento da Administração das subsidiárias na tomada de
decisão e a sua integração na estratégia global do Grupo.
•A área de gestão financeira, a qual administra o dia-a-dia por
meio de análises, propondo estratégias e executando as medidas
adotadas dentro do posicionamento definido pelos ALCOs;
•Uma análise do balanço e uma análise do risco de liquidez em
profundidade, que oferece suporte à tomada de decisão e seu
controle.
•A área de risco de mercado, encarregada do acompanhamento e
controle permanente da conformidade dos limites estabelecidos;
essa função de controle independente é concluída a posteriori
com as revisões periódicas realizadas pela Auditoria Interna;
•Uma gestão adaptada na prática para as necessidades de liquidez cada negócio.
•Tudo isso com apoio de uma área de operações independentes
que garante a integridade e a qualidade das informações utilizadas para a gestão e controle da liquidez.
Essa clara divisão de funções tradicionalmente estabelecida no
Grupo, entre a execução da gestão da liquidez (cuja responsabilidade é da área de gestão financeira) e seu acompanhamento
e controle (responsabilidade da área de riscos de mercado) tem
situado o Santander dentre as melhores práticas de governança da
função.
246
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Governança-Grupo Santander: Risco de liquidez e financiamento
Estrutura de decisão e funções
Divisão gestão financeira
Análise
Participação ativa
da Administração
Divisão gestão financeira
Propostas
Conselho de
administração
ALCO global
e ALCOs locais
Decisão
ALCO global
Divisão gestão financeira
Execução
ALCO local
ALCO local
ALCO local
Acompanhamento e
controle
Área riscos de mercado
e estruturais
O ALCO Global é o órgão apoderado pelo conselho para coordenar a função de ALM em todo o Grupo,
inclusive a gestão da liquidez e do financiamento.
Nos últimos anos, esse modelo de governança foi reforçado ao ser
integrado dentro de uma visão mais global dos riscos do Grupo
como é o marco de apetite de risco do Santander. Essa estrutura
permite atender à solicitação de reguladores e participantes do
mercado, em virtude da crise financeira, visando o fortalecimento
de sistemas de gestão e controle de riscos das instituições.
Em relação ao perfil e apetite de risco de liquidez, busca observar
a estratégia do Grupo no desenvolvimento de seus negócios, que
consiste em estruturar o balanço da maneira mais resistente possível a potenciais cenários de estresse de liquidez. Para tanto, são
articulados parâmetros do apetite que refletem a aplicação, em
nível individual, dos princípios do modelo de gestão do Grupo, com
níveis específicos para o índice de financiamento estrutural e de
horizontes mínimos de liquidez sob diferentes cenários de estresse,
conforme descrito nas próximas seções.
Nos próximos exercícios está prevista a ampliação dos parâmetros
utilizados no marco de apetite de riscos de liquidez com a incorporação dos parâmetros para os quais é realizado acompanhamento e
controle a partir da área de gestão financeira em nível de Grupo e
das principais unidades, sejam esses parâmetros regulatórios ou de
outro tipo.
8.2.2. Análise do balanço e medição do risco de liquidez
A tomada de decisões de financiamento e liquidez baseia-se em
uma compreensão em profundidade da situação atual do Grupo
(ambiente, estratégia, balanço e estado de liquidez), das necessidades futuras de liquidez das distintas unidades e negócios (projeção de liquidez), bem como do acesso e situação das fontes de
financiamento nos mercados atacadistas.
Seu objetivo é garantir que o Grupo mantenha os níveis adequados de liquidez para cobrir suas necessidades de financiamento
no curto e no longo prazo com fontes estáveis de financiamento,
otimizando o impacto do seu custo sobre a demonstração de
resultados.
Isso exige realizar um acompanhamento da estrutura dos balanços, a realização de projeções de liquidez em curto e médio prazo,
bem como o estabelecimento de parâmetros básicos.
Paralelamente, são realizadas diferentes análises de cenários onde
são consideradas as necessidades adicionais que poderiam surgir
ante diferentes eventos de características extremas, ainda que sua
probabilidade de ocorrência seja muito reduzida. Estas poderiam
afetar de forma diferente os diversos itens do balanço e/ou fontes
de financiamento (grau de renovação de financiamento atacadista,
nível de saída de depósitos, perda de valor de ativos líquidos...),
seja por condições dos mercados globais ou específicas do Grupo.
Análise do balanço e medição do risco de liquidez
1. Estratégia
do Grupo
2. Situação atual
de liquidez
Análise
de liquidez
5. Mercado de
financiamento
em condições
de estresse
3. Projeção do balanço
e necessidade
de liquidez
4. Balanço em condições
de estresse
Dos resultados destas análises dos balanços, projeções e resultados
de cenários, são obtidos os inputs para desenvolver os diferentes
planos de contingência para o Grupo, que, nesse caso, permitiriam
antecipar todo um espectro de possíveis conjunturas adversas.
Todas essas ações estão em linha com as práticas que estão sendo
impulsionadas para reforçar a liquidez das instituições financeiras
pelo Comitê de Basileia e pelos diferentes órgãos reguladores (na
União Europeia, a Autoridade Bancária Europeia). Seu objetivo é
definir uma estrutura de princípios e parâmetros que, em alguns
casos, já se encontram próximas à sua implantação e, em outros,
em estágios iniciais de desenvolvimento.
247
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Um maior detalhamento das medidas, parâmetros e análise utilizados pelo Grupo e subsidiárias na gestão e controle do risco de
liquidez é apresentado abaixo:
Metodologia para o acompanhamento
e controle do risco de liquidez
Os parâmetros de risco de liquidez do Grupo têm os seguintes
objetivos:
•Conseguir a maior eficácia na medição e controle do risco de
liquidez.
nessa análise foi definido um parâmetro, cujo objetivo é assegurar
a manutenção de ativos líquidos suficientes para alcançar um horizonte de liquidez mínimo sob a suposição de não-renovação dos
prazos de vencimento no atacado.
Os horizontes mínimos de liquidez são determinados de modo
corporativo e homogêneo para todas as unidades/países, os quais
devem calcular seu parâmetro de liquidez no atacado nas principais moedas em que operam.
•Oferecer suporte para a gestão financeira, para o qual as medidas são adaptadas de maneira a gerenciar a liquidez do Grupo.
Considerando as tensões dos mercados registradas durante os
anos de crise global, esse gap de liquidez no atacado tem sido
objeto de um acompanhamento especial na matriz e nas unidades
da zona do euro.
•Alinhar-se com os requisitos regulatórios oriundos da transposição de Basileia III na União Europeia, para evitar conflitos entre
limites e facilitar a gestão.
No final de 2014, todas as unidades encontram-se em uma posição
confortável nos horizontes estabelecidos corporativamente para
esse cenário.
•Servir como alerta inicial, antecipando potenciais situações de
risco através do acompanhamento de certos indicadores.
•Garantir a participação dos países. Os parâmetros são desenvolvidos a partir de conceitos comuns e homogêneos que afetam
a liquidez, mas são necessárias análise e adaptação por cada
unidade.
b) Posição estrutural líquida
O objetivo desse parâmetro é determinar a razoabilidade da estrutura de financiamento do balanço. O critério do Grupo é conseguir
que necessidades estruturais (atividade de crédito, ativos fixos,...),
sejam atendidas com uma combinação adequada de uma fonte de
atacado e uma base estável de clientes de varejo, aos quais se somam o capital e os demais ativos permanentes.
Os parâmetros básicos usados para o controle de risco de liquidez
são de dois tipos: de curto prazo e estruturais. A primeira categoria inclui basicamente o gap de liquidez e a segunda a posição
estrutural líquida do balanço. Como um elemento complementar
dos parâmetros acima, o Grupo desenvolve vários cenários de estresse. Abaixo estão descritos em detalhe esses três parâmetros:
Cada unidade elabora seu balanço de liquidez de acordo com as
características do seu negócio e o aborda para as várias fontes de
financiamento disponíveis. A recorrência do negócio que será financiado, a estabilidade das fontes de financiamento e a capacidade de
converter os ativos em líquidos são os fatores fundamentais considerados na determinação desse parâmetro.
a) Gap de liquidez
O gap de liquidez fornece informações sobre as possíveis entradas e
saídas de caixa, tanto contratuais como estimadas, pela aplicação de
hipóteses para um determinado período. São elaboradas em cada
uma das principais entidades e moedas nas quais o Grupo atua.
Na prática, cada subsidiária prepara seu balanço de liquidez (diferente do contábil), classificando os vários itens de ativos, passivos e
fora do balanço de acordo com sua natureza, para fins de liquidez.
Assim, é determinada sua estrutura de financiamento que deve
cumprir em todos os momentos com uma premissa fundamental: os
negócios básicos devem ser financiados com recursos estáveis e financiamento de médio e longo prazo. Tudo isso garante a solidez da
estrutura financeira da Instituição e a sustentabilidade dos planos
de negócio.
O gap fornece informações sobre as fontes e usos de fundos que
são esperados em períodos específicos de tempo, em relação à
totalidade dos itens do balanço e fora do balanço. Essa ferramenta
de análise é obtida considerando o líquido da estrutura de vencimentos e fluxos para cada intervalo de tempo estabelecido. Em
sua construção é integrada a liquidez disponível para enfrentar as
necessidades decorrentes dos vencimentos.
Na prática e considerando os diferentes comportamentos de um
mesmo item nas subsidiárias que compõem o Grupo Santander,
existem normas e critérios metodológicos comuns que permitem
uniformizar a construção dos perfis de risco de liquidez cada unidade, de modo que eles possam ser apresentados de uma forma
comparável para a Administração do Banco.
Nesse sentido, e tendo em conta que esta análise deve ser feita
em um nível individual por subsidiária para sua gestão autônoma,
uma visão consolidada das gaps de liquidez do Grupo tem uma
utilidade muito limitada para a gestão e entendimento do risco de
liquidez.
Dentro de diversas análises realizadas com base no gap de liquidez
vale destacar o referente ao financiamento no atacado. Com base
248
No encerramento de 2014, o Grupo apresentava uma estrutura de
liquidez de 153.000 milhões de euros, equivalente a 15% do passivo
líquido (ante 16% em 2013). Esse excedente é quase 5 vezes o existente no início da crise (33.000 milhões de euros e 4% do passivo
líquido em dezembro de 2008) após os esforços realizados ao longo
desses anos.
c) Análise de cenários
Como um elemento complementar dos parâmetros acima, o Grupo
desenvolve vários cenários de estresse. Seu principal objetivo é identificar os aspectos críticos em cada uma das possíveis crises e definir
as medidas de gestão mais adequadas para abordar cada uma das
situações avaliadas.
De modo geral, as unidades consideram três cenários em suas análises de liquidez: idiossincrático, sistêmico local e sistêmico global.
Eles representam a análise padrão mínima para todas as unidades do
Grupo para seu relatório para a Administração. Além disso, cada uma
das unidades desenvolve cenários ad-hoc, replicando crises históricas
significativas ou riscos de liquidez específicos de seu ambiente.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
As principais características dos três cenários básicos são:
Principais unidades e números do balanço
Milhares de milhões de euros. Dezembro 2014
•Crise idiossincrática: afeta apenas a instituição, mas não o seu
ambiente. Isso se reflete basicamente na captação no atacado e
nos depósitos no varejo, com diferentes percentagens de saída
de acordo com a gravidade definida.
Dentro dessa categoria é considerado como um cenário específico à crise que uma unidade local poderia sofrer como resultado
da crise da matriz, Banco Santander. Esse cenário foi especialmente relevante no exercício de 2012, diante de fortes tensões
registradas pelos mercados na Espanha e nos demais países
periféricos da Zona do Euro, situação essa totalmente superada
nos exercícios seguintes.
•Crise sistêmica local: um ataque dos mercados financeiros internacionais ao país no qual a unidade está localizada. Cada instituição será afetada com intensidade diferente, dependendo de
sua posição relativa no mercado local e a imagem de solidez que
apresenta. Dentre outros fatores que serão afetados nesse cenário estão as linhas de financiamento no atacado pelo fechamento
dos mercados, ou ativos líquidos associados com o país, os quais
registrariam fortes perdas de valor.
•Crise sistêmica global: nesse cenário destacam-se alguns dos
fatores já descritos nos parágrafos anteriores, com especial atenção para os aspectos mais sensíveis do ponto de vista do risco de
liquidez da unidade.
A definição de cenários e cálculo de parâmetros sob cada cenário
estão diretamente relacionadas com o processo de definição do
plano de contingência de liquidez sob responsabilidade da área de
gestão financeira.
No final de 2014 e em um cenário de possível crise sistêmica que
afete o financiamento atacadista das unidades sediadas na Espanha (conforme o cenário de 2012, acima mencionado), o Grupo
Santander manteria uma posição de liquidez adequada. Em particular, o parâmetro horizonte de liquidez no atacado da Espanha
(incluindo dentro das medidas de gap de liquidez) mostraria níveis
superiores aos mínimos estabelecidos, durante os quais a reserva
de liquidez cobriria todos vencimentos dos financiamentos no atacado, no caso de não serem renovados.
Além desses três parâmetros foi definida uma série de variáveis
internas e de mercado, como os indicadores de alerta antecipado
de possíveis crises, que também podem indicar sua natureza e
gravidade. Sua integração na gestão diária de liquidez permite
prever situações que afetem de modo negativo o risco de liquidez
do Grupo. Embora esses alertas apresentem diferenças por país e
instituição, com base em condições específicas, alguns parâmetros
usados são comuns no Grupo, como o nível dos CDS do Banco
Santander, a evolução dos depósitos ou a tendência das taxas oficiais dos bancos centrais.
8.2.3. Gestão adaptada às necessidades do negócio
Como já mencionado, a gestão de liquidez no Grupo Santander
é realizada no âmbito de subsidiárias e/ou unidades de negócios
a fim de financiar suas atividades recorrentes a prazos e preços
adequados. A seguir estão apresentados os principais números do
balanço relacionados ao negócio e seu financiamento nas grandes
unidades de negócio do Grupo:
Total
ativos
Créditos
Financiamento
líquidos* Depósitos**
M/LP***
Espanha
314,9
157,0
178,7
64,4
Portugal
41,6
23,2
24,0
2,7
Santander
Consumer Finance
71,5
60,4
30,8
13,3
Polônia
27,8
17,0
20,1
0,6
Reino Unido
354,2
251,2
202,3
67,4
Brasil
156,3
74,4
68,5
21,5
México
53,7
25,9
28,6
1,7
Chile
42,8
30,6
23,4
6,9
Argentina
EUA
Total Grupo
*
9,3
5,5
6,8
0,1
96,9
67,2
46,6
24,3
1.266,3
734,7
647,9
202,8
Crédito a clientes excluindo fundo de provisões para perdas com crédito.
** Inclui notas promissórias retail na Espanha.
*** Emissões de M/LP no mercado, securitizações e outros financiamentos
colateralizados no mercado e fundos tomados de linhas FHLB (Federal Home
Loan Banks). Todos por seu valor nominal.
Na prática e seguindo os princípios de financiamento mencionados
anteriormente, a gestão de liquidez nessas unidades consiste de:
•Elaborar anualmente o plano de liquidez partindo das necessidades de financiamento derivadas das premissas de cada negócio e
da metodologia descrita na seção anterior. A partir dessas necessidades de liquidez e tendo em conta certos limites prudenciais
para recorrer aos mercados de curto prazo, é estabelecido o
plano de emissões e securitizações para o exercício no nível de
cada subsidiária/ negócio global, tarefa que é realizada pela área
de gestão financeira.
•Realizar um acompanhamento ao longo do ano da evolução real
do balanço e das necessidades de financiamento das subsidiárias/
negócios, que possibilita as atualizações subsequentes do plano.
•Realizar um acompanhamento e gestão do cumprimento dos
índices regulatórios por parte das unidades, bem como monitorar o nível de ativos compromissados no financiamento de cada
unidade, tanto do ponto de vista estrutural como de seu componente de prazo mais curto.
•Manter uma presença ativa em um amplo conjunto de mercados
de financiamento no atacado, que permita sustentar uma estrutura adequada de emissões, diversificada por produtos com um
vencimento médio conservador.
A eficiência dessa gestão em nível de Grupo baseia-se na sua
aplicação em todas as subsidiárias. Em particular, cada subsidiária
faz o orçamento das necessidades de liquidez decorrentes da sua
atividade de intermediação e avalia sua própria capacidade de
recorrer aos mercados atacadistas para, sempre em coordenação
com o Grupo, estabelecer o plano de emissões e securitizações.
Tradicionalmente, as principais subsidiárias do Grupo apresentaram
uma situação de autossuficiência em relação ao seu financiamento
estrutural. A exceção é o Santander Consumer Finance (SCF), que
devido à sua natureza de especialista em financiamento do consumo basicamente por meio de consultores, precisa de apoio financeiro de outras unidades do Grupo, em especial da matriz.
249
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Esse apoio, realizado sempre a preço de mercado em função do
prazo e do rating interno da unidade tomadora, vem apresentando
uma tendência de redução sustentada em termos homogêneos
(desde os mais de 15.000 milhões de euros em 2009 até os menos
de 3.000 milhões em 2014, incluindo as posições híbridas de capital). Isso exigiu do SCF desenvolver estruturas internas de captação no varejo e atacado e abrir novos mercados de securitização,
o qual constitui um bom exemplo de gestão e desenvolvimento de
fontes de liquidez autônomas por parte das subsidiárias.
Em 2015, a incorporação de novas carteiras e unidades de negócio
(GE Money nos países nórdicos, joint-ventures com o Banque
PSA em onze países) exigirá a curto-prazo um apoio financeiro
maior das demais unidades do Grupo. A médio prazo, a maior
capacidade de financiamento no atacado do SCF e de acesso a
financiamento de longo prazo do Banco Central Europeu (TLTROs)
permitirão à unidade recuperar sua trajetória de redução dos últimos anos.
8.3. Estratégia de financiamento e
evolução da liquidez em 2014
8.3.1. Estratégia de financiamento
Nos últimos anos, a atividade de financiamento do Santander alcançou seu objetivo de financiar adequadamente a atividade recorrente
do Grupo em um cenário com maiores exigências. Seu ponto crucial, durante a crise econômica e financeira global, exigiu a gestão
de aumentos significativos no risco, o que se traduziu em níveis de
liquidez muito baixos em determinados prazos e a custos muito elevados. Condições de mercado que, após as intervenções dos bancos
centrais das principais economias, foram atenuando-se significativamente no decorrer de 2013 e principalmente em 2014.
Esse bom desempenho do Santander foi sustentado pela extensão
do modelo de gestão a todas as subsidiárias do Grupo, incluindo as
novas incorporações e, sobretudo, na adaptação da estratégia das
subsidiárias às crescentes exigências, tanto dos mercados como dos
reguladores. Essas exigências não foram homogêneas por mercados
e atingiram níveis de dificuldade e pressão muito maior em determinadas áreas, como os países periféricos da Europa.
De qualquer maneira, é possível extrair um conjunto de tendências
gerais implementadas pelas subsidiárias do Santander em suas
estratégias de financiamento e gestão da liquidez desde o início da
crise. São as seguintes:
•Forte geração de liquidez do negócio comercial pelo menor
crescimento do crédito e maior ênfase na captação de recursos de clientes.
Nos últimos anos, evolução dos créditos no Grupo tem sido
resultado da combinação de quedas nas unidades na Espanha e
Portugal, decorrentes da forte redução na alavancagem de suas
economias, com crescimentos nas demais regiões, seja pela expansão de unidades de negócios em desenvolvimento (Estados
Unidos, Alemanha, Polônia, empresas no Reino Unido), ou pelo
crescimento sustentado dos negócios em países emergentes
(América Latina). Em conjunto, desde dezembro de 2008, os
créditos líquidos do Grupo aumentaram em 108.000 milhões de
euros (+17%).
Ao mesmo tempo o foco pela liquidez durante a crise, juntamente com a capacidade de captação no varejo do Grupo por meio
de suas agências, permitiram um aumento de 227.000 milhões
euros em depósitos de clientes. Isso significa um aumento de
250
54% no saldo de dezembro de 2008 e mais do que o dobro do
aumento do saldo de créditos líquidos no mesmo período. Todas
as unidades comerciais tiveram aumento em seus depósitos, tanto as unidades em economias com desalavancagem, como aquelas em áreas de crescimento onde sua evolução acompanhou a
dos créditos.
A geração de liquidez foi especialmente intensa na Espanha,
perto de 100.000 milhões de euros desde dezembro de 2008. E
isso foi resultado do reflexo que a redução no endividamento do
setor privado durante a crise teve sobre os volumes de crédito e
também reflexo da forte captação de depósitos em um ambiente
que busca a segurança por parte dos poupadores. Sua combinação significou passar de um excesso de créditos sobre depósitos
em 2008 para o atual excedente de depósitos.
Em 2014, essas tendências sobre créditos e depósitos cessaram
no âmbito do Grupo. De um lado, a queda na desalavancagem
e a recuperação da produção nas economias mais afetadas pela
crise e, de outro lado, o foco na redução do custo do passivo em
mercados maduros com taxas de juros em mínimos históricos,
explicam que a diferença entre saldos de créditos e depósitos
deixou de apresentar redução, chegando a mostrar um ligeiro
aumento no ano.
• Manter níveis adequados e estáveis de financiamento no atacado de médio e longo prazo em nível de Grupo. Dessa forma,
no encerramento de 2014 este financiamento representa 21% do
balanço de liquidez, um nível semelhante ao dos últimos anos
(21% média em 2010-13), mas muito inferior aos 28% no encerramento de 2008, quando a liquidez no atacado, mais abundante e
com menor custo, ainda não havia sofrido as tensões da crise.
Após o endurecimento das condições dos mercados atacadistas,
o modelo de subsidiárias descentralizadas do Grupo, com programas de emissões e ratings próprios, contribuiu para manter
uma elevada de participação do Santander nos mercados atacadistas desenvolvidos mesmo em períodos de exigência máxima
como o biênio 2011-2012.
Nesse período, a capacidade emissora do Reino Unido, o relançamento da atividade dos grandes países latino-americanos e a
incorporação de novas unidades ao pool de emissões relevantes
do Grupo, tanto nos Estados Unidos (emissões de sua holding
e securitizações da unidade especializada de consumo) como
na Europa tiveram destaque. Também na Europa, o Santander
Consumer Finance estendeu sua atividade de emissões e securitização a novos mercados como países nórdicos, onde fez com
que suas unidades se tornassem pioneiras na securitização de
créditos sobre veículos e assentando as bases de seu autofinanciamento.
Em geral, essa atividade atacadista foi modulada em cada
unidade em função das exigências regulatórias, a geração de
fundos internos do negócio e as decisões de dispor de reservas
suficientes de liquidez. Um bom exemplo é a Espanha, onde,
apesar da elevada geração de liquidez do negócio já mencionada
e a capacidade de recorrer ao Banco Central Europeu, o Grupo
realizou uma política conservadora de emissões. Dessa forma, no
último quadriênio, sendo dois anos de tensão máxima e dois de
alívio, o Santander emitiu mais de 50.000 milhões de euros de
dívida de médio e longo-prazo, sustentado pela força da marca e
sua qualidade de crédito.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Amplo acesso a mercados atacadistas por meio de subsidiárias autônomas com programas de emissões e ratings próprios
Principais unidades emissoras
Financiamento M/LP captada
no mercado 2014*
SAN UK
Estados Unidos
SCF (8 unid)
Polônia
México
Área Dólar
27%
Área Euro
44%
Casa matriz
e Portugal
Brasil
Área Libra
29%
Chile
Argentina
* Inclui emissões, securitização e financiamentos estruturados.
• Assegurar um volume suficiente de ativos descontáveis nos
bancos centrais como parte da reserva de liquidez (conforme
definida na página 256 desta seção) ante situações de estresse
dos mercados de atacado.
Em particular, o Grupo elevou de forma significativa sua
capacidade total de desconto nos últimos anos, passando de
níveis próximos a 85.000 milhões de euros no encerramento
de 2008 para os cerca de 170.000 milhões de euros atuais. Em
dezembro de 2014, esse volume praticamente duplicou o gap
comercial (ou seja, a diferença entre créditos líquidos e depósitos) após a redução registrada no mesmo pelas dinâmicas de
negócio indicadas.
O aumento de volume descontável é resultado de uma estratégia coordenada em nível de Grupo durante a crise e executada
pelas subsidiárias para gerar ativos descontáveis para compensar a redução registrada no valor das garantias em decorrência
dos fortes rebaixamentos de rating no período, em especial
das dívidas soberanas e ativos relacionados. Boa parte dessa
capacidade total de desconto concentra-se nas unidades da
zona do euro após as medidas extraordinárias implementadas
pelo Banco Central Europeu (BCE) em 2011 e 2012 (basicamente, ampliação de colaterais e leilões de liquidez em três anos)
para garantir os níveis de liquidez na área.
Durante 2012 e frente às tensões nos mercados do euro, o Santander seguiu uma estratégia de prudência que consistia em
depositar nos próprios bancos centrais do Eurosistema a maior
parte dos fundos captados em leilões de três anos, como reserva de liquidez imediata, mantendo uma posição tomadora
líquida global muito limitada. A redução das tensões permitiu
ao Grupo em 2013 devolver ao BCE todos os fundos tomados
na Espanha em leilões de três anos, colocando sua dependência líquida ao final do ano em níveis mínimos de cinco anos,
concentrada basicamente em Portugal.
No último trimestre de 2014 e dentro da estratégia do BCE
para impulsionar o crédito e contribuir para uma recuperação
sustentada da Zona do Euro, as unidades do Grupo na área
(matriz, Portugal e SCF) recorreram a leilões de liquidez condicionada de longo-prazo (TLTRO) tomando o máximo de fundos
disponíveis (8.200 milhões de euros, no total). Esses fundos e
os que são obtidos em leilões sucessivos realizados trimestralmente no decorrer de 2015 e 2016 permitirão o financiamento
ao consumo das famílias e também investimentos em atividades empresariais.
Todos estes desdobramentos de negócios e mercados, com base
em um sólido modelo de gestão de liquidez, permitiram ao Santander desfrutar no momento de uma estrutura de financiamento
muito robusta, cujas características básicas são:
• Elevada participação dos depósitos captados junto a clientes,
decorrente de um balanço de natureza comercial.
Tais depósitos são a principal fonte de financiamento do Grupo.
Representam cerca de dois terços do passivo líquido do Grupo
(ou seja, do balanço de liquidez) e 88% dos créditos líquidos no
final de 2014.
Além disso, são recursos de grande estabilidade, dada sua origem principalmente de atividade com clientes de varejo (84%
dos depósitos do Grupo são provenientes dos bancos comerciais
e private banking, enquanto os 16% restantes correspondem a
grandes clientes corporativos e institucionais).
251
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Balanço de liquidez do Grupo Santander*
A seguir estão apresentados gráficos com a distribuição geográfica
dos créditos a clientes e do financiamento no atacado a curto e médio-prazo no Grupo, para fins de apreciação de sua semelhança.
% Dezembro 2014
Créditos líquidos
a clientes
Créditos a
clientes líquidos 74%
Financiamento no
atacado M/LP
Dezembro 2014
65% Depósitos
Dezembro 2014
Resto América
Latina
10%
Financiamento médio
21% e longo prazo
Ativos fixos
e outros 8%
Ativos
financeiros 18%
Patrimônio (9%)
12% e outros passivos (3%)
2% Financiamento cur. prazo
Ativos
Passivo
* Saldos para efeitos de gestão de liquidez: saldo total líquido de instrumentos
financeiros derivativos e saldos de interbancário.
• Financiamento atacadista diversificado com foco no médio e
longo prazo e com peso muito baixo do curto prazo.
O financiamento de médio e longo prazo no atacado representa 21%
do passivo líquido do Grupo e permite cobrir com folga o restante
dos créditos líquidos não financiados com os depósitos captados
junto a clientes (gap comercial).
Esse financiamento apresenta um equilíbrio adequado por instrumentos (e aproximadamente 1/3 dívida sênior, 1/3 securitização e estruturados com garantias, 1/4 cédulas e o restante são preferenciais
e subordinados) e também por mercados, de maneira que aqueles
com maior peso nas emissões são aqueles nos quais a atividade de
investimento é maior.
Zona
euro
33%
Brasil
10%
Estados
Unidos
9%
Resto América
Latina
4%
Brasil
11%
Estados
Unidos
12%
Zona
euro
38%
Resto
Europa
2%
Resto
Europa
4%
Reino Unido
34%
Reino
Unido
33%
A maior parte do financiamento no atacado de médio e longo
prazo é composta por emissões de dívida. Seu saldo em aberto
no mercado no final de 2014 situa-se em 140.000 milhões de
euros nominais e tem um perfil adequado de vencimentos, com
uma vida média de 3,5 anos.
Sua recente evolução reflete, por um lado, o impacto da depreciação do euro frente às principais moedas, e por outro, o fato
de ter recorrido mais aos mercados em 2014, com uma captação
superior aos vencimentos e amortizações do exercício. Abaixo
estão os detalhes por instrumento nos últimos três anos e seu
perfil de vencimento contratual.
Emissões de dívida de médio e longo prazo Grupo Santander
Milhões de euros
Evolução saldo em aberto em valor nominal
Dezembro 2014
Dezembro 2013
Dezembro 2012
Preferencial
7.340
4.376
4.765
Subordinada
8.360
10.030
11.004
Dívida sênior
68.457
60.195
69.916
Cédulas
56.189
58.188
67.468
140.346
132.789
153.152
Total*
Distribuição por vencimento contratual. Dezembro 2014*
0-1
mês
1-3
meses
3-6
meses
6-9
meses
9-12
meses
12-24
meses
2-5
anos
Mais de 5
anos
Total
Preferencial
0
0
0
0
0
0
0
7.340
7.340
Subordinada
0
0
0
0
152
1.682
3.352
3.173
8.360
Dívida sênior
1.470
4.066
7.092
2.931
6.313
16.808
21.386
8.392
68.457
Cédulas
2.842
5.549
2.250
894
2.389
9.303
15.478
17.484
56.189
Total*
4.312
9.615
9.342
3.825
8.854
27.793
40.216
36.388
140.346
* No caso de emissões com put a favor do detentor, considera-se o vencimento do put em lugar do vencimento contratual.
Observação: a totalidade da dívida sênior emitida pelas subsidiárias do Grupo não possui garantias adicionais.
252
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Além das emissões de dívida, o financiamento no atacado de
médio e longo prazo é complementado com as linhas dos Federal
Home Loan Banks nos Estados Unidos (aproximadamente 8.000
milhões de euros) e os recursos obtidos com as atividades de
securitização. Essas últimas incluem bônus de securitização colocados no mercado, financiamentos colateralizados e outros especiais por um valor total de aproximadamente 55.000 milhões de
euros e um vencimento médio superior a dois anos.
Esse comportamento, associado fundamentalmente a algumas
políticas monetárias mais flexíveis dos bancos centrais com
liquidez mais abundante e taxas de juros em mínimos históricos
(inclusive negativos na Zona do Euro para o deposit facility do
Banco Central Europeu), acabou acarretando em uma busca por
rentabilidade. Os avanços na união bancária europeia e a ideia
de que os riscos mais extremos ficaram para trás também tiveram grande influência.
O financiamento no atacado dos programas de emissão de
curto prazo é uma parte residual da estrutura financeira do
Grupo (representa cerca de 2% do passivo líquido), a qual está
associada às atividades de tesouraria e é coberta com folga por
ativos financeiros líquidos.
Na segunda metade do ano, houve uma correção e uma maior
diferenciação do risco segundo a natureza dos ativos e as perspectivas de cada economia, tudo isso condicionado pela revisão
para baixo das projeções de crescimento global, a finalização do
programa de compra de ativos nos EUA e a forte queda do preço
das matérias-primas (em especial do petróleo). Ainda assim, os
mercados continuaram a oferecer prazos longos e bons spreads
para os melhores riscos.
Em dezembro de 2014 seu saldo em aberto era de 21.400 milhões de euros, captados principalmente pela unidade do Reino
Unido e a matriz por meio de programas de emissão existentes:
vários programas de certificados de depósitos e títulos privados
(commercial papers) do Reino Unido, 49%; European Commercial
Paper, US Commercial Paper e programas domésticos da matriz,
22%; demais programas em outras unidades, 29%.
Em resumo, uma estrutura sólida de financiamento, estruturada
em um balanço basicamente comercial que permite ao Grupo Santander cobrir com folga suas necessidades estruturais de liquidez
(créditos e ativos fixos) com recursos permanentes estruturais
(depósitos, financiamento a médio e longo-prazo e patrimônio),
gerando um elevado excedente de liquidez estrutural.
8.3.2. Evolução da liquidez em 2014
Os aspectos-chave da evolução da liquidez para o Grupo no exercício foram:
•Índices confortáveis de liquidez, sustentados por uma atividade comercial equilibrada e em uma maior captação de médio a
longo-prazo no atacado (+44% em relação a 2013) que absorvem
o crescimento do crédito.
•Cumprimento antecipado dos índices regulatórios: no final de
2014, níveis de LCR acima de 100%, tanto em relação ao Grupo
como das subsidiárias, contra um mínimo de 60% exigido em
outubro de 2015.
•Elevada reserva de liquidez, reforçada em relação a 2013 em
termos de quantidade (227.000 milhões de euros) e em qualidade (45% do total são high quality liquid assets).
•Menor peso dos ativos compromissados em operações de financiamento estrutural de médio e longo prazo: em torno de 13%
do balanço ampliado do Grupo (critério da Autoridade Bancária
Europeia -EBA) no encerramento de 2014.
Do ponto de vista de condições financeiras, 2014 representou
uma nova melhoria nos mercados em comparação aos exercícios
anteriores. Os avanços ocorreram principalmente na primeira
metade do ano, quando, em um ambiente de recuperação, principalmente nas economias maduras, houve queda notável na
percepção global de risco, os índices das bolsas registraram altas
generalizadas e os prêmios de risco da dívida pública e privada
apresentaram queda substancial. Isso permitiu um acesso ainda
maior aos mercados de capitais, tanto para as instituições financeiras como para as grandes empresas, e uma menor pressão
competitiva pelos depósitos no varejo.
Nesse contexto, o Santander manteve uma posição folgada de
liquidez em 2014 que se reflete em quatro aspectos básicos:
i. Índices básicos de liquidez em níveis confortáveis
O quadro apresenta a evolução nos últimos anos dos parâmetros
básicos de acompanhamento da liquidez para o Grupo:
Parâmetros de acompanhamento. Grupo Santander
2008
2012
2013
2014
79%
75%
74%
74%
Índice créditos líquidos/
depósitos (LTD)
150%
113%
112%
113%
Depósitos de clientes, e
financiamento a médio
e longo prazo sobre
créditos líquidos
104%
117%
118%
116%
Financiamento no
atacado a curto prazo
sobre passivo líquido*
7%
2%
2%
2%
Excedente estrutural
de liquidez (% sobre
passivo líquido*)
4%
16%
16%
15%
Créditos sobre
ativos líquidos
*Saldos para efeitos de gestão de liquidez.
Observação: em 2012 e 2013 os depósitos de clientes incluem notas promissórias
do varejo na Espanha (excluídos do financiamento do atacado de CP). Os índices de
2012 e 2013 incluem o SCUSA por consideração global, de forma semelhante a 2014.
No final de 2014 e em relação ao exercício anterior, o Grupo Santander apresenta:
•Um índice estável de créditos sobre os ativos líquidos (total dos
ativos menos instrumentos financeiros derivativos e saldos interbancários) em 74%, reflexo da melhoria no crédito, após o final
da desalavancagem em mercados maduros. Seu nível elevado em
comparação aos concorrentes europeus reflete o caráter comercial do balanço do Grupo Santander.
•Ligeiro aumento do índice de créditos líquidos sobre depósitos
captados junto a clientes (índice LTD), chegando a 113% (112%
em 2013), dentro de níveis bastante confortáveis (inferiores a
120%). Essa evolução mostra a recuperação do crédito nos mercados maduros, tanto orgânica como inorgânica (incorporação
de negócios de consumo na Europa) e o maior foco na otimização do custo dos depósitos varejistas nos países com taxas de
juros baixas.
253
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
•Ligeira queda no índice que relaciona os depósitos captados junto a clientes mais o financiamento a médio e longo-prazo com os
créditos, e por razões semelhantes ao caso do LTD, considerando
que no Grupo o aumento da captação de recursos no atacado
também é inferior ao do crédito. Situa-se em 116% (118% em
2013), muito acima da média dos últimos anos (2008-13: 112%).
•A dependência do Grupo em relação ao financiamento de curto
prazo no atacado mantém-se reduzida. Seu índice, em torno de
2%, está em linha com os exercícios anteriores.
•Por fim, o excedente estrutural do Grupo (ou seja, o excesso de
recursos estruturais de financiamento - depósitos, financiamento
em médio e longo prazo e capital - em relação às necessidades
estruturais de liquidez - ativos fixos e créditos) continuou aumentando em 2014, atingindo um saldo médio de 158.000 milhões de euros, 8% acima do fechamento no exercício passado.
Em 31 de dezembro de 2014, o excedente estrutural ficou em
153.000 milhões de euros em base consolidada. O referido excedente é composto de ativos de renda fixa (151.000 milhões de
euros), de renda variável (14.000 milhões) e depósitos líquidos
interbancários em outras instituições de crédito e em bancos
centrais (9.000 milhões de euros), parcialmente compensados
pelo financiamento no atacado de curto prazo (21.000 milhões de
euros). Em termos relativos, seu volume total equivale a 15,4% do
passivo líquido do Grupo, em um patamar semelhante ao registrado em dezembro de 2013.
Em resumo, o Grupo Santander apresentou uma posição confortável de liquidez no encerramento de 2014, resultado da evolução
registrada pelas subsidiárias. Assim, apenas uma unidade (SCF)
aumentou consideravelmente seu LTD em relação a dezembro de
2013, por integrações de negócios. Não obstante, seu maior esforço em emissões e securitizações permite-lhe melhorar o índice de
depósitos e financiamento a médio e longo prazo sobre o crédito
líquido.
As demais unidades mantem-se estáveis ou melhoraram suas
posições de liquidez. Dentre as que mais melhoraram, destaca-se
Portugal que, junto a um processo de desalavancagem em fase
final, aproveitou o “flight to quality” para captar depósitos no varejo e ter acesso aos mercados, antecipando-se em relação a seus
concorrentes.
Abaixo é apresentado o detalhamento dos índices de liquidez mais
utilizados referentes às principais unidades de gestão do Santander em dezembro de 2014:
Principais unidades e índices de liquidez
% Dezembro 2014
Índice LTD
créditos
líquidos /
depósitos
Depósitos +
financiamento M/
LP sobre créditos
líquidos
Espanha
88%
155%
Portugal
97%
115%
Santander Consumer
Finance
196%
73%
84%
122%
Reino Unido
124%
107%
Brasil
109%
121%
México
90%
117%
Chile
131%
99%
Polônia
Argentina
81%
125%
Estados Unidos
144%
106%
Total Grupo
113%
116%
Observação: Inclui notas promissórias retail em depósitos na Espanha.
De forma geral, existem dois fatores-chave da evolução em 2014
da posição de liquidez do Grupo e de suas subsidiárias:
1. O aumento do gap comercial, depois de vários anos de quedas,
por perímetro e menor redução da alavancagem em mercados
maduros.
2.A intensificação da atividade de emissão, especialmente nas
unidades europeias, frente a uma situação mais favorável dos
mercados de atacado.
Em relação ao primeiro fator, o Grupo aumentou seu diferencial
entre créditos líquidos e depósitos em 13.500 milhões de euros.
Três grandes unidades explicam basicamente o aumento no diferencial: Reino Unido, Estados Unidos e o Santander Consumer
Finance.
As duas primeiras, geradoras de liquidez em anos anteriores devido à redução na alavancagem de suas economias, apresentam
crescimento no crédito em 2014 em ambientes onde há forte
recuperação. Por sua vez, o SCF também reflete a recuperação
do consumo na Europa, embora ainda um pouco fraca, e principalmente, as incorporações em seu perímetro de negócios na
Espanha e nos países nórdicos.
As demais unidades europeias maduras, como Espanha e Portugal, no momento apresentam os efeitos da desalavancagem sobre o crédito ainda que a um ritmo bem mais lento (na Espanha,
inclusive, há aumento se excluirmos as aquisições temporárias
de ativos).
Paralelamente, os depósitos nos mercados maduros continuam
a crescer, embora a um ritmo mais lento, em virtude do maior
foco na redução do custo do passivo, como principal alavanca
para recuperar a margem de juros em ambientes com taxas de
juros em níveis mínimos. Essa gestão traduz-se em aumentos nos
depósitos à vista e transferências de depósitos caros para fundos
de investimento, estratégias favorecidas pela melhoria dos mercados e uma menor concorrência pela poupança no varejo em
um ambiente com elevada liquidez no atacado.
254
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Nas unidades latino-americanas, o crescimento equilibrado do
conjunto de créditos e depósitos oculta pequenas diferenças
por país: aumentos do gap comercial no México e no Chile,
com cobertura adequada pela boa posição de início e o acesso
crescente aos mercados, em comparação à geração de liquidez
no Brasil e na Argentina, em ambientes econômicos de menor
crescimento.
O segundo fator chave é recorrer mais ao financiamento no
atacado de médio e longo prazo. Após a queda registrada em
2013 pelo excesso de liquidez gerado pelos negócios comerciais,
em 2014 as subsidiárias do Grupo, principalmente as europeias,
aproveitaram o alívio nos mercados e as injeções de liquidez dos
bancos centrais para aumentar esse volume. Em seu conjunto,
o total de financiamento captado pelo Grupo no médio e longo
prazos aumentou para 52.000 milhões de euros, 44% a mais que
no ano anterior.
Em termos de instrumentos, as emissões de renda fixa em médio
e longo prazo (dívida sênior, cédulas, subordinadas e preferenciais) foram as que mais aumentaram (70%), superando 38.000
milhões de euros, com um maior peso de dívida sênior frente a
cédulas (representa dois terços do total). A Espanha foi o maior
emissor, seguido pelo Reino Unido e pelas unidades do Santander Consumer Finance, concentrando dentre os três, 79% do
valor emitido.
Os outros 13.400 milhões de euros de financiamento no médio
e longo prazos correspondem às atividades relacionadas a securitizações e financiamentos com garantias, e mantiveram-se
estáveis em comparação com o exercício anterior. As unidades
especializadas em consumo nos EUA e na Europa concentram
90% do total.
Em termos de regiões geográficas, todas as unidades que operam em mercados maduros aumentaram sua captação no atacado, em linha com as tendências mencionadas. Já as latino-americanas reduziram-nas em um ambiente de mercados com muita
influência do encerramento do programa de compra de ativos do
Fed americano.
Reino Unido e Espanha registraram os maiores crescimentos. No
primeiro caso, em virtude da retomada do crescimento da carteira de crédito e a melhoria dos índices regulatórios que levaram a
mais do que o dobro das emissões de dívida sênior no longo-prazo (5 anos de vida média). No caso da matriz, em virtude das três
emissões de capital adicional de nível 1 (Additional Tier I) para
reforçar e otimizar os índices de capital do Grupo, e a emissão
de cédulas hipotecárias a prazo muito longo (10 e 20 anos), as
primeiras realizadas nesses prazos desde o início da crise em um
ambiente favorável de mercado.
Nos Estados Unidos, o SCUSA continuou aumentando sua
atividade securitizadora e a lançar mão de linhas “warehouse”
para financiar o forte crescimento de produções e carteira. O
Santander Consumer Finance, por sua vez, alcançou um novo
recorde de captação superando 7.600 milhões de euros (+24%
em relação a 2013), com maior peso da dívida sênior do que de
securitizações e financiamentos com garantias, o que já equivale
a 30% da produção do exercício.
Essas quatro unidades concentram 85% do financiamento de
médio e longo prazo obtido no exercício de 2014. A seguir está
detalhada sua distribuição por instrumento e região.
Financiamento a médio e longo prazo colocado
no mercado (emissões e securitizações)
Janeiro-Dezembro 2014
Distribuição por instrumentos
Securitizações e
financiamentos
com garantias
26%
Preferenciais
e Subordinadas
8%
Cédulas
15%
Dívida
sênior
51%
Distribuição por geografias
Resto
Europa
3%
Brasil
9%
Santander
Consumer
Finance
15%
Outros
América Latina
3%
Reino
Unido
29%
Estados Unidos
15%
Espanha
26%
Em resumo, o Grupo Santander mantém uma ampla capacidade de
acesso aos diferentes mercados onde atua, reforçada com a incorporação de novas unidades emissoras. Em 2014, foram realizadas
emissões e securitizações em 13 moedas, das quais participaram
18 emissores relevantes de 15 países, com vencimento médio de
aproximadamente 3,8 anos, ligeiramente superior ao exercício
passado.
ii. Cumprimento antecipado dos coeficientes regulatórios
Dentro de seu modelo de gestão de liquidez, o Grupo Santander
vem gerenciando nos últimos anos a implementação, acompanhamento e cumprimento antecipado dos novos requisitos de liquidez
estabelecidos pelos regulamentos financeiros internacionais.
LCR (Liquidity Coverage Ratio)
Em 2014, e depois da aprovação pelo Comitê de Basileia da definição final do índice de cobertura de liquidez de curto prazo, o
chamado LCR, foi emitido o ato delegado da Comissão Europeia
o qual, no âmbito da CRDIV, define os critérios de cálculo e implementação desse parâmetro na União Europeia. Em termos de
novidades, foi adiada sua implementação para outubro de 2015,
embora tenha se mantido o nível de conformidade inicial em 60%,
percentual que deve aumentar gradualmente até 100% em 2018.
A boa posição de partida na liquidez a curto prazo, aliada à gestão autônoma do índice em todas as grandes unidades, permitiram manter ao longo do ano níveis de conformidade superiores a
100%, tanto em termos consolidados como individual em todas
essas unidades.
NSFR (Net Stable Funding Ratio)
A definição final do coeficiente de financiamento estável líquido
foi aprovada pelo Comitê de Basileia em outubro de 2014, aguardando ainda sua adequação às normas locais. Esse índice será
exigível a partir de 1 de janeiro de 2018.
Em relação a esse índice, o Santander se beneficia de um elevado peso dos depósitos captados junto a clientes, que são mais
estáveis, de necessidades permanentes de liquidez devido às
atividades comerciais financiadas por instrumentos de médio e
longo prazo e de uma dependência limitada no curto prazo. Tudo
isso permite manter uma estrutura de liquidez equilibrada, o que
se reflete nos patamares do índice NSFR, os quais se situam, tanto
em nível de Grupo como para a maioria das subsidiárias, acima de
100% no fechamento de 2014.
255
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Em suma, a gestão e o modelo de liquidez permitem ao Santander
antecipar o cumprimento dos dois parâmetros regulatórios por
parte do Grupo e de suas principais subsidiárias, muito antes das
exigências legais.
iii. Elevada reserva de liquidez
O terceiro aspecto chave é o que reflete a posição folgada de liquidez do Grupo durante 2014.
A reserva de liquidez é o conjunto de ativos altamente líquidos
mantidos pelo Grupo e suas subsidiárias com a finalidade de servir
de recurso de última instância em situações de máximo estresse
de mercados, quando não é possível obter financiamento em prazos e preços adequados.
Consequentemente, nessa reserva, estão incluídos os depósitos
em bancos centrais e o caixa, a dívida pública não compromissada, a capacidade de desconto em bancos centrais, além dos
ativos financiáveis e linhas disponíveis em órgãos oficiais (como,
por exemplo, os Federal Home Loans Banks nos EUA). Tudo isso
representa um reforço à sólida posição de liquidez conferida pelo
modelo de negócios do Santander (diversificado, foco em banco
comercial, subsidiárias autônomas...) ao Grupo e suas subsidiárias.
Em 31 de dezembro de 2014, o Grupo Santander situou sua reserva
de liquidez em 230.000 milhões de euros, 15% acima de dezembro
de 2013 e 4% acima da média do exercício. Esse volume equivale
a 26% do financiamento alheio ao Grupo em termos líquidos, e
a mais de 100% do total do financiamento captado no atacado
(inclusive a curto, médio e longo prazo). A seguir, esse volume
é detalhado por tipo de ativos, de acordo com seu valor efetivo
(líquido de haircuts):
Reserva de liquidez
Valor efetivo (líquido de haircuts) em milhões de euros
31/12/2014
Média 2014
31/12/2013
Depósitos à vista
+ Depósitos em
bancos centrais
47.654
46.584
45.091
Dívida pública disponível
52.884
50.056
36.382
Desconto disponível
em bancos centrais
115.105
111.215
107.520
Ativos financiáveis e
linhas disponíveis
14.314
13.060
10.757
Reserva de liquidez
229.957
220.915
199.750
Observação: Em reserva de liquidez foram incluídos outros ativos de alta liquidez,
como carteiras de renda fixa e de renda variáveis cotadas.
Esse aumento quantitativo foi acompanhado por um aumento
qualitativo da reserva de liquidez do Grupo, decorrente da
evolução diferenciada por seus ativos. Assim, as duas primeiras
categorias (depósitos à vista + depósitos em bancos centrais +
dívida pública disponível), as de maior liquidez (ou “high quality
liquidity assets” na terminologia de Basileia como “primeira
linha de liquidez”), aumentaram acima da média. No ano houve
aumento de mais de 19.000 milhões de euros, elevando seu
peso para 44% das reservas totais no encerramento de exercício
(frente a 41% em 2013).
256
Destacamos também o aumento da capacidade de desconto
disponível nos bancos centrais ao longo de 2014, em linha com a
estratégia desenvolvida pelo Grupo e as subsidiárias nos últimos
anos. Depois de alcançar seu pico em setembro, houve uma queda
no último trimestre em consequência da utilização dos TLTRO
pelas unidades da zona do euro (matriz, Portugal, SCF), tendência
que continuará durante o próximo ano.
No detalhamento por principais subsidiárias e unidades de gestão,
todas aumentaram seus volumes de reserva de liquidez em termos
absolutos e relativos, garantindo níveis adequados de reserva. O
destaque foram os aumentos nos volumes registrados por SCF,
Portugal e Polônia, especialmente os dois primeiros, que encerraram o ano em níveis que praticamente dobraram as médias do
exercício de 2013.
Em relação a sua aplicação em potencial, as principais unidades
cobriram com sua reserva de liquidez pelo menos 75% do total de
financiamentos no atacado captados no encerramento de 2014,
com quatro unidades muito acima de 100% (Reino Unido, México,
Polônia e Portugal). Apenas duas, SCF e Chile, apresentam níveis
de cobertura inferiores porém confortáveis (34% e 62% respectivamente), que continuaram aumentando no decorrer do exercício.
Dentro da autonomia que o modelo de financiamento confere
às subsidiárias, cada uma mantem uma composição de ativos de
sua reserva de liquidez adequada às condições de seu negócio e
mercado (por exemplo, capacidade de mobilização de seus ativos,
lançar mão de linhas adicionais de desconto como nos EUA). ). A
maior parte dos ativos está denominada em moeda local do país,
por não terem restrições a seu uso.
iv. Oneração de ativos (asset encumbrance,
em terminologia internacional)
Por último, merece destaque o uso moderado de ativos pelo Grupo Santander como garantia às fontes de financiamento estrutural
do balanço.
Observando as diretrizes estabelecidas pela Autoridade Bancária
Europeia (EBA) em 2014, sob o conceito de oneração de ativos
(asset encumbrance) estão incluídos tanto os ativos no balanço
oferecidos como garantia em operações para obter liquidez, como
os ativos fora do balanço que foram recebidos e reutilizados com
propósito semelhante e também outros ativos associados a passivos por motivos que não sejam de financiamento.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
A seguir apresentamos o relatório das informações do Grupo Santander exigida pela EBA no encerramento do exercício de 2014:
Grupo Santander
Ativos onerados no balanço
Valor contábil dos
ativos onerados
Milhares de milhões de euros
Ativos
Valor justo dos
ativos onerados
Valor contábil dos
ativos não onerados
296,0
970,3
Créditos e empréstimos
186,3
692,1
Instrumentos de capital
7,4
7,4
84,2
84,2
Instrumentos da dívida
Outros ativos
18,1
Valor justo dos ativos
não onerados
11,4
11,4
92,2
92,2
174,7
Grupo Santander
Oneração de garantias recebidas
Milhares de milhões de euros
Garantias recebidas
Valor justo de garantias
recebidas oneradas ou
de dívida emitida pela
instituição onerada
Valor justo de garantias
recebidas ou de dívida
emitida pela própria
instituição disponíveis
para serem oneradas
57,5
37,4
Créditos e empréstimos
1,6
0,3
Instrumentos de capital
1,8
0,6
54,2
31,4
0,0
5,3
0,0
0,0
Instrumentos da dívida
Outras garantias recebidas
Instrumentos de dívida
emitida pela instituição
diferentes de cédulas
ou securitização
Grupo Santander
Ativos e garantias recebidas onerados e passivo relacionado
Milhares de milhões de euros
Passivo, passivo
contingente ou
empréstimo de
valores associados
aos ativos onerados
Ativos onerados e
garantias recebidas,
inclusive instrumentos
de dívida emitidos pela
instituição diferentes de
bônus garantidos ou de
securitização, oneradas
Total de fontes de oneração
(valor contábil)
291,7
353,5
Os ativos onerados no balanço somam 296,0 milhares de milhões
de euros, dos quais cerca de dois terços são empréstimos (hipotecas, corporativos, etc.). Por outro lado, os ativos onerados fora do
balanço totalizam 57,5 milhares de milhões e correspondem, na sua
maioria, a títulos da dívida recebidos em garantia em operações
de aquisição de ativos e que foram reutilizados. Entre as duas categorias, um total de 353,5 milhares de milhões de euros de ativos
onerados, os quais geraram um volume de passivos associados em
um total de 291,7 milhares de milhões.
Dentre eles cabe distinguir as diversas naturezas das fontes de
ônus, bem como seu papel no financiamento do Grupo:
No fechamento do exercício, o total de ativos onerados em operações de financiamento representa 26% do balanço ampliado do
Grupo, sob o critério EBA (total ativos mais garantias recebidas:
1.361 milhares de milhões de euros em dezembro de 2014).
•Os outros 50% correspondem a operações no mercado de curto
prazo (com vencimento médio inferior a 3 meses) ou a garantias
prestadas em operações com derivativos e cuja finalidade não
é financiar a atividade normal dos negócios, mas sim a gestão
eficiente da liquidez de curto prazo.
•50% dos ativos onerados correspondem a garantias dadas em
operações de financiamento de médio e longo prazo (com um
vencimento médio superior a 2 anos) para financiar a atividade
comercial do balanço. Isso situa o nível do ônus de ativos entendido como “estrutural” em 13% do balanço ampliado sob o
critério EBA.
257
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE LIQUIDEZ E FINANCIAMENTO
Por último, quanto ao exercício passado, apontar que o total de
ativos onerados mostra um aumento significativo, afetado por
mudanças de metodologia e de perímetro. Especificamente, a
ampliação da definição de ônus aplicada pela EBA e a consolidação
por integração global do Santander Consumer USA (unidade especializada no financiamento ao consumo e financiada praticamente
em sua totalidade por securitizações e linhas de crédito com
garantias) explicam mais de três quartos da variação. A isso somamos o aumento na dependência do financiamento em longo prazo
condicionada do Banco Central Europeu (TLTROs).
Dentre as demais unidades europeias, haverá destaque para a
crescente atividade de emissões e securitizações do Santander
Consumer Finance, sustentada pela robustez de seu negócio e
pela qualidade de seus ativos. Conforme já mencionado, em 2015
a consolidação de novas carteiras exigirá uma maior dependência
do resto do Grupo no curto prazo. No lado oposto, a Polônia, sem
vencimentos de emissões de atacado no mercado e com excesso
de depósitos sobre créditos, concentrará seu foco em manter essa
situação confortável ao mesmo tempo em que melhora a rentabilidade de seus depósitos.
No detalhamento, destacar que o volume de ativos onerados em
operações de financiamento de médio e longo prazo (“estrutural”)
mantiveram-se estáveis em perímetro homogêneo.
No Reino Unido, o bom andamento da atividade comercial e a
captação de clientes permitirá reforçar a base de depósitos como
fonte básica do crescimento do crédito. Entretanto, a situação
favorável dos mercados de atacado possibilitará otimizar as amplas posições tomadoras da unidade em médio e longo prazo. Por
outro lado, também com um crescimento equilibrado de créditos e
depósitos, os Estados Unidos também concentrarão sua atividade
na diversificação de suas fontes de financiamento no atacado,
tanto no Santander Bank como no SCUSA, o que contribuirá para
reduzir seu nível de alavancagem em relação aos passivos com
garantias.
8.4. Perspectivas de financiamento para 2015
O Grupo Santander inicia 2015 com uma situação folgada de liquidez em um ambiente mais favorável dos mercados pelas expectativas de recuperação e estabilidade, não isentas de riscos, e pelas
elevadas injeções de liquidez iniciadas pelo Banco Central Europeu
(BCE) via leilões e compras de dívida pública, que se prolongarão
até meados de 2016.
Com vencimentos a serem assumidos nos próximos trimestres,
pela redução do peso do curto prazo e uma dinâmica vital das
emissões de médio e longo prazo similar à observada há um ano, o
Grupo gerenciará essas necessidades em cada região juntamente
com as especificidades de cada negócio, incluindo a incorporação
de novas carteiras e negócios (principalmente o financiamento ao
consumo na Europa).
O cenário previsto de maior crescimento com taxas de juros baixas
irá gerar necessidades de liquidez em muitas unidades, tanto em
países maduros como emergentes, em alguns casos por recuperação do crédito e em outros pela rentabilização das posições do
passivo.
Para cobrir essas importantes necessidades comerciais, a maioria
das unidades contou com posições excedentes, com as quais
encerraram 2014. A isso se soma um amplo acesso a mercados de
atacado, o qual atualmente oferece prazos mais longos e menores
spreads do que nos anos anteriores, em especial na Europa, favorecidos pelos impulsos quantitativos do Banco Central Europeu.
Tudo isso permitirá às subsidiárias do Grupo manter estruturas de
liquidez adequadas a seus balanços.
A Espanha encaixa-se nesse padrão. Com um volume de depósitos
superior ao de créditos, prevemos recuperação moderada do
crédito depois de um longo período de redução da alavancagem,
uma vez que se mantenha o foco em otimizar o custo do passivo.
Isso poderia exigir o uso de parte do excesso existente, da liquidez
condicionada de longo prazo do BCE (TLTROs) e, se as condições
dos mercados em prazo e taxas mantiverem-se favoráveis, recorrer mais ao financiamento nos mercados de atacado.
Uma descrição similar poderia se aplicar à unidade em Portugal,
embora com certa defasagem versus a evolução na Espanha,
devido à menor intensidade de sua recuperação econômica e das
elevadas necessidades de desalavancagem no momento.
258
Na América Latina, da mesma forma que no exercício anterior, a
ênfase será mantida nos depósitos para financiar as atividades comerciais, ao mesmo tempo potencializando a emissão em alguns
mercados, em 2015 de atacado abertos nas grandes unidades do
Grupo.
Além disso, em nível de Grupo, o Santander dará continuidade
a seu plano de longo prazo de emitir passivos computáveis em
capital. Iniciado em 2014 com o objetivo de reforçar de maneira
eficiente os índices regulatórios, bem como aumentar sua capacidade total de absorção de perdas, esse plano de emissões pode
trazer novos requisitos ao mercado em 2015 sob as condições
adequadas.
Dentro desse marco geral, diversas unidades do Grupo aproveitaram as boas condições dos mercados no começo do exercício de
2015 para realizar emissões e securitizações a spreads muito ajustados, captando um volume superior a 4.000 milhões de euros
em janeiro. A isso se soma a liquidez procedente do aumento de
capital realizado pelo Grupo no mesmo mês, o que eleva a liquidez
total captada no mercado para mais de 11.500 milhões de euros.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
9. Risco Operacional
O Grupo Santander define o risco operacional (RO) como o risco de prejuízo devido à inadequação ou falha de procedimentos,
pessoas e sistemas internos ou a acontecimentos externos.
9.2. Modelo de gestão e controle
de risco operacional
9.2.1. Ciclo de gestão do risco operacional
A gestão do risco operacional no Grupo Santander é desenvolvida
atendendo aos seguintes elementos:
Para o cálculo do capital regulatório por risco operacional, o
Grupo Santander vem aplicando o método padrão previsto na
norma BIS II. Entretanto, durante o ano de 2014, o Grupo deu
início a um projeto de com vistas a evoluir para um enfoque de
modelos avançados (AMA), para o qual já conta com a maior
parte dos requisitos regulatórios exigidos. Cabe destacar, sob
qualquer hipótese, que a prioridade na gestão do risco operacional continua centrada em sua mitigação.
No Relatório de Relevância Prudencial/Pilar II, na seção 13, estão incluídas as informações relativas no cálculo das exigências
de recursos próprios por risco operacional.
Cálculo de
Capital
ão
aç
Gestão e
controle
RO
Com
un
ic
A prioridade do Grupo é, portanto, identificar e mitigar fontes
de risco, independentemente de terem ou não ocasionado perdas. A medição também contribui para o estabelecimento de
prioridades na gestão do risco operacional.
Ide
M ntif
Av edi ic
ali
a
Acompanhamen
perfil RO to
O objetivo do Grupo no âmbito de controle e gestão do risco
operacional se concentra na identificação, medição/avaliação,
monitoramento, controle, mitigação e comunicação do risco em
questão.
nto
ame
nej
a
l
P
ão
aç o
çã ção
O risco operacional é inerente a todos os produtos, atividades,
processos e sistemas e são gerados em todas as áreas de negócios e de suporte. Por esse motivo, todos os funcionários são
responsáveis por gerenciar e controlar os riscos operacionais
gerados em seu âmbito de atuação.
ção
tiga
Mi
9.1. Definição e objetivos
As diversas etapas do modelo de gestão e controle de risco operacional envolvem:
•Identificar o risco operacional inerente a todas as atividades,
produtos, processos e sistemas do Grupo.
•Definir o perfil objetivo de risco operacional, com especificação
das estratégias por unidade e horizonte temporal, por meio do
estabelecimento do apetite e tolerância de RO, do orçamento e
seu acompanhamento.
•Promover o envolvimento de todos os funcionários com a cultura
do risco operacional por meio de treinamento adequado em todos os âmbitos e níveis da organização.
•Medir e avaliar o risco operacional de forma objetiva, continuada
e coerente com os padrões regulatórios (Basileia, Banco da Espanha, etc.) e o setor.
•Realizar um acompanhamento contínuo das exposições de risco
operacional, implantar procedimentos de controle, melhorar o
conhecimento interno e minimizar as perdas.
259
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
•Estabelecer medidas de mitigação que eliminem ou minimizem o
risco operacional.
•Gerar relatórios periódicos sobre a exposição ao risco operacional, e seu nível de controle para a Administração e áreas/unidades do Grupo, bem como informar ao mercado e organismos
reguladores.
•Definir e implantar a metodologia necessária para estimar o cálculo de capital em termos de perda esperada e inesperada.
Para cada um dos processos chave indicados anteriormente, é
necessário:
•Definir e implantar sistemas que permitam vigiar e controlar as
exposições ao risco operacional, integrados na gestão diária do
Gripo, aproveitando a tecnologia existente e procurando a máxima automatização das aplicações.
•Definir e documentar as políticas para gestão e controle do
risco operacional, e implantar as metodologias e ferramentas
de gestão desse risco, de acordo com a normativa e as melhores
práticas.
O modelo de gestão e controle de risco operacional implantado
pelo Grupo Santander traz as seguintes vantagens:
•Promove o desenvolvimento de uma cultura de risco operacional.
•Permite uma gestão integral e eficaz do risco operacional (identificação, medição/avaliação, controle/mitigação, e informação).
•Melhora o conhecimento dos riscos operacionais, tanto reais
como potenciais, e sua atribuição às linhas de negócio e de suporte.
•As informações de risco operacional contribuem para melhorar os processos e controles, reduzir as perdas e a volatilidade
da receita.
•Facilita o estabelecimento de limites de apetite de risco operacional.
9.2.2. Modelo de identificação, medição e avaliação do risco
Para realizar a identificação, medição e avaliação do risco operacional, foi definido um conjunto de técnicas/ferramentas corporativas, quantitativas e qualitativas, as quais são combinadas para
realizar um diagnóstico a partir dos riscos identificados e obter
uma avaliação por meio da medição/avaliação da área/unidade.
A análise quantitativa desse risco é realizada fundamentalmente
por meio de ferramentas que registram e quantificam o nível de
perdas associadas a eventos de risco operacional.
•Base de dados interna de eventos, cujo objetivo é a captação
da totalidade dos eventos de risco operacional do Grupo. A
captação de sucessos relacionados com o risco operacional
não se restringe ao estabelecimento de limiares, isto é, não
são realizadas exclusões em função do valor, e contém tanto
eventos com impacto contábil (incluindo impactos positivos)
como não contábil.
260
Existem processos de conciliação contábil que garantem a qualidade das informações coletadas na base de dados. Os eventos
mais relevantes do Grupo e de cada unidade de risco operacional
são especialmente documentados e revisados.
•Base de dados externa de eventos, já que o Grupo Santander
participa de consórcios internacionais, como ORX (operational
risk exchange). Em 2014, foi reforçada a utilização de bases de
dados externas, que proporcionam informações quantitativas e
qualitativas, permitindo uma análise mais detalhada e estruturada de eventos relevantes ocorridos no setor.
•Análises de cenários de RO. É obtida a opinião especializada das
linhas de negócio e dos gestores de risco e controle, com o objetivo de identificar eventos potenciais de baixíssima probabilidade
de ocorrência mas que, por sua vez, podem trazer uma perda
muito elevada para a instituição. É avaliado o efeito potencial
para a Instituição e são identificados controles adicionais e medidas mitigadoras que reduzem a eventualidade de um elevado
impacto econômico.
Por um lado, e como parte relevante do processo de evolução
para modelos avançados (AMA), durante 2014 foi desenvolvida
uma metodologia corporativa de cenários, que foi implantada na
Espanha e no Brasil. Nesse sentido, o Reino Unido já vinha desenvolvendo cenários de risco operacional. Por outro lado, o Grupo
continua a participar no exercício liderado pelo consórcio ORX.
•Cálculo de capital por método padrão (ver seção correspondente
no Relatório com Relevância Prudencial/Pilar III).
As ferramentas definidas para a análise qualitativa objetivam
avaliar aspectos (cobertura/exposição) ligados a um perfil de risco,
permitindo com isso captar o ambiente de controle existente.
Essas ferramentas são, fundamentalmente:
•Mapa de processos e riscos e questionários de autoavaliação.
Uma avaliação adequada dos riscos, com base no critério especializado dos gestores, serve para obter uma visão qualitativa das
principais fontes de risco do Grupo, independentemente de tais
fontes terem se concretizado anteriormente.
As unidades do Grupo continuaram a avançar na realização
de exercícios de autoavaliação de riscos. Essa ferramenta fundamenta sua metodologia na estimativa de perda inerente e
residual e VaR qualitativo de acordo com o mapa de processos
e riscos. De forma concreta, os especialistas das diversas áreas
de negócio e suporte avaliam os riscos associados a seus processos e atividades estimando a frequência média de ocorrência
na materialização de riscos, bem como a severidade média. O
exercício também incorpora a avaliação de perda maior, avaliação do ambiente de controle e vinculação a risco reputacional e
regulatório. As informações obtidas são analisadas em nível local
e corporativo e estão integradas dentro da estratégia de redução
do risco operacional por meio de medidas para minimizar os
riscos mais relevantes.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
Durante o exercício de 2014, as áreas corporativas participaram
de um exercício piloto, com base em uma metodologia de oficinas com participação dos gestores de risco e dos coordenadores
de RO, com objetivo de melhorar a participação ativa da organização. O resultado obtido, em termos da perda inerente e residual para os riscos mais relevantes da área, permite uma melhoria
na percepção do risco das primeiras linhas de defesa em todos os
níveis (diretoria e de gestão).
•Sistema corporativo de indicadores de risco operacional, em
contínua evolução e em coordenação com a área de controle
interno. São estatísticas ou parâmetros de diversas categorias,
que proporcionam informações sobre a exposição ao risco de
uma entidade. Esses indicadores são revisados periodicamente
para alertar sobre mudanças que possam ser sinais de problemas com o risco.
•Recomendações de auditoria. Proporciona informações relevantes sobre o risco inerente devido a fatores internos e externos e
permite a identificação de fragilidades nos controles.
•Outros instrumentos específicos que permitem uma análise mais
detalhada do risco tecnológico como, por exemplo, o controle
das incidências críticas nos sistemas e eventos de segurança
cibernética.
9.2.3. Implantação do modelo e iniciativas
No momento atual, encontram-se incorporadas ao modelo praticamente a totalidade das unidades do Grupo, com alto grau de
homogeneidade. No entanto, o ritmo diferente de implantação,
fases, programações e a profundidade histórica das respectivas
bases de dados refletem-se em diferenças no nível de avanço entre os diversos países.
•Manutenção de um controle adequado sobre as atividades
realizadas por terceiros para fazer frente a possíveis situações
críticas.
•Fornecimento de informações adequadas sobre esse tipo de
risco.
•Desenvolvimento de uma metodologia para o cálculo de capital
com base em modelos de valor em risco (VaR), com um intervalo
de confiança de 99,9%.
Com relação à gestão do risco tecnológico, a função corporativa
continua a potencializar aspectos muito relevantes, como:
•Proteção e prevenção frente a ciber-ataques e em geral em
aspectos relacionados com a segurança dos sistemas de informação.
•Impulso aos planos de contingência e continuidade do negócio.
•Gestão do risco associado com o uso das tecnologias (desenvolvimento e manutenção de aplicações, desenho, implantação e
manutenção de plataformas tecnológicas, produção de processos informáticos, etc.).
Em 2013, após a aprovação de um marco corporativo de acordos
com terceiros e controle de fornecedores, aplicáveis a todas as
entidades do Grupo Santander, em 2014 trabalhamos na elaboração do modelo que desenvolve o referido marco e na evolução
das políticas de homologação de fornecedores, identificando em
detalhes os princípios reguladores das relações das entidades do
Grupo com esses fornecedores, desde o início até a rescisão, com
especial atenção aos seguintes itens:
Segundo indicado no ponto 9.1., o Grupo iniciou um projeto de
transformação a partir de um enfoque AMA. Durante 2014, foi
realizada uma análise da situação dos pilares do modelo de RO,
tanto na matriz como nas unidades mais relevantes e foi planejada
a implantação de uma série de ações com o objetivo de cobrir as
expectativas de gestão e regulatórias na gestão e controle do RO.
•A decisão de terceirizar novas atividades ou serviços.
As principais funções, atividades desenvolvidas e iniciativas globais adotadas têm por objetivo garantir a gestão eficaz do risco
operacional e se resumem em:
•O controle do serviço e as revisões periódicas dos acordos formalizados com fornecedores.
•A seleção do fornecedor.
•O estabelecimento dos direitos e obrigações de cada uma das
partes.
•A rescisão dos acordos estabelecidos.
•Definição e implantação do marco de risco operacional.
•Designação de coordenadores responsáveis pelo RO e criação de
departamentos de risco operacional nas unidades locais.
O Grupo está em processo de implantação do modelo, analisando
os processos atuais das entidades em matéria de controle de fornecedores, homogeneizando certos controles e verificando que se
cumpram os aspectos definidos no referido modelo.
•Treinamento e troca de experiências: comunicação de melhores
práticas dentro do Grupo.
•Impulso aos planos de mitigação: controle da implantação de
medidas corretivas e dos projetos em desenvolvimento.
•Definição de políticas e estruturas para minimizar os impactos
para o Grupo no caso de grandes desastres.
261
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
9.2.4. Sistema de informações de risco operacional
O Grupo conta com um sistema de informação corporativo, que
suporta as ferramentas de gestão de risco operacional e facilita as
funções e necessidades de informação e reporting tanto em nível
local como corporativo.
Esse sistema possui módulos para o registo de eventos, mapa de
riscos e avaliação, indicadores, mitigação e sistemas de reporting,
sendo aplicáveis a todas as entidades do Grupo.
A seguir, detalhamos as diferentes áreas cobertas por essa plataforma tecnológica atual:
Módulo de Administração
• Identificação de risco operacional
• Associação a processos, linhas de negócio e organização
• Administração dos dados estáticos
Eventos de risco operacional
Mapas de riscos e avaliação
Indicadores de risco operacional
• Registro de perdas, quase perdas e
recuperações
• Alta individual, em massa ou por
interface
• Workflow de captura e filtros de
qualidade
• Gestão de eventos multi-impacto
• Mapa de riscos e controles
• Avaliação de risco inerente e residual
• Estimativa de frequência e severidade
• Workflow de questionários
• Análise de cenários
• Alta de indicadores
• Captura individual, em massa ou por
interface
• Aplicação de metodologia de
normalização e agregação do Grupo
• Acompanhamento de indicadores e
fixação de limiares de alerta
Reporting
• Informações em nível de país corporativo
• Relatórios estáticos e dinâmicos
Mitigação
• Identificação de planos de mitigação
• Avaliação e acompanhamento dos planos de mitigação
Como parte da implantação de modelos avançados e considerando as sinergias que devem produzir em matéria de controle, o
Grupo está em processo de implantação de uma ferramenta GRC
(Governance, Risk and Compliance), que sustente de maneira integral não somente a gestão e o controle do risco operacional, mas
também as funções de controle interno e de conformidade.
262
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
9.3. Evolução dos principais parâmetros
Quanto às bases de dados de eventos e consolidando a informação total recebida, a evolução de prejuízos líquidos por categoria
de risco de Basileia nos três últimos exercícios está refletida no
gráfico a seguir:
Distribuição de prejuízos líquidos por categorias de risco operacional40
% s/total
2012
2013
2014
72,8%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
16,7%
10%
0%
6,9%
I - Fraude interna
2,0%
0,7%
0,6%
II - Fraude
externa
III - Práticas
trabalhistas,
saúde e segurança
ocupacional
IV - Práticas com
clientes, produtos
e de negócio
V - Danos a
ativos físicos
0,3%
VI - Interrupção
do negócio
e falhas em
sistemas
VII - Execução,
entrega e gestão
de processos
A evolução dos prejuízos por categoria mostra uma redução em
termos relativos das categorias de fraude externa e de execução,
entrega e gestão de processos, graças às medidas tomadas para sua
mitigação.
Há um aumento, relativamente ao restante das categorias, nas
respectivas práticas com clientes, produtos e negócios, incluindo
reclamações de clientes por problemas de comercialização, informações incompletas ou imprecisas sobre produtos. Entretanto,
apesar do incremento do peso relativo desta categoria, seu montante de prejuízos líquidos apresentou redução versus o exercício
anterior. Dentre os elementos mais relevantes, destacam-se os
processos judiciais no Brasil, assim como as indenizações a clientes no Reino Unido (Payment Protection Insurance). Destacamos
que, nesse último caso, as reclamações registradas pelo Grupo
correspondem a uma casuística generalizada no setor bancário
britânico, de forma que o volume de reclamações contra o Banco é
considerado proporcional à sua participação de mercado. Embora
esses eventos tenham sido suficientemente provisionados em
2011 pelo Grupo, as resoluções para os referidos clientes se mantiveram de acordo com o planejamento realizado pela unidade no
presente exercício.
Além disso e em virtude de uma falha judicial que representa uma
mudança na interpretação da lei, o Santander Consumer Alemanha
começou a devolver a seus clientes as comissões de gestão relativas
a crédito ao consumo. Esse evento afetou todo o setor de bancos
alemão, de forma generalizada.
40. De acordo com a prática local, as compensações a funcionários no Brasil são geridas como parte do custo de pessoal da Instituição sem prejuízo de seu tratamento segundo a
classificação aplicável no marco de risco operacional de Basileia, motivo pelo qual não foram incluídas.
263
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
No que se refere à evolução do número de eventos de risco operacional por categoria de Basileia nos três últimos exercícios:
Distribuição do número de eventos por categorias de risco operacional41
% s/total
2012
2013
2014
70%
60%
54,6%
50%
40%
30,2%
30%
20%
11,5%
10%
0,1%
0%
I - Fraude interna
II - Fraude
externa
III - Práticas
trabalhistas,
saúde e segurança
ocupacional
IV - Práticas com
clientes, produtos
e de negócio
9.4. Medidas de mitigação
V - Danos a
ativos físicos
VI - Interrupção
do negócio
e falhas em
sistemas
VII - Execução,
entrega e gestão
de processos
As medidas referidas se traduzem em planos de ação, distribuídos
nos seguintes âmbitos:
O Grupo dispõe de uma lista de medidas de mitigação (500 medidas ativas) estabelecidas em resposta às principais fontes de risco,
identificadas por meio de análises das ferramentas aplicadas à
gestão do risco operacional, assim como pelo modelo organizacional e de desenvolvimento e pela implantação preventiva de políticas e procedimentos de gestão e controle do risco tecnológico e
operacional.
Mitigação 2014 – Tipo de medida
%
Tecnologia
35,1%
A seguir apresentamos o percentual de medidas em função da
fonte ou ferramenta de gestão através da qual foi identificado o
risco que deve ser minimizado:
Transferências de riscos
0,3%
Treinamento e
comunicação
5,2%
Organização
6,5%
Mitigação 2014 – Fontes de origem
Processos
52,9%
%
Questionários de
auto-avaliação
17%
Política
preventiva*
46%
2,2%
1,4%
0,0%
Base de datos
de eventos
13%
KRIs 13%
Regulatório/
Auditoria
11%
* Dentro do conceito de política preventiva, estão incluídas as medidas procedentes
de Comitês corporativos ou locais, o plano de continuidade de negócio, treinamento de funcionários e melhoria contínua de controles estabelecidos.
As medidas de mitigação mais relevantes ficaram concentradas
na melhoria da segurança dos clientes em suas operações rotineiras, bem como na melhoria contínua dos processos e tecnologia e da gestão para venda de produtos e uma prestação de
serviços adequada.
Concretamente, e no que diz respeito à redução de fraudes, as
medidas específicas mais relevantes foram:
•Fraude eletrônica:
• Atualização do modelo de referência contra fraudes corporativas a fim de incorporar medidas de proteção específicas para
minimizar os novos padrões de fraude, bem como reforçar as
medidas já implementadas.
41. De acordo com a prática local, as compensações a funcionários no Brasil são geridas como parte do custo de pessoal da Instituição sem prejuízo de seu tratamento segundo a classificação aplicável no marco de risco operacional de Basileia, motivo pelo qual não foram incluídas.
264
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
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Política
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•Reforçar as soluções e serviços tecnológicos destinados a detectar e prevenir ciber-ataques e fugas de informação, bem como o
registro, correlação e gestão de eventos de segurança.
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•Avaliação da situação de cada entidade, quanto ao modelo interno de referência, com vistas a identificar possibilidades de melhoria e priorizar pontos de atuação relacionados a ciber-riscos.
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O Grupo desenvolveu um modelo interno de referência de cibersegurança, inspirado em normas internacionais (dentre outros, o
framework do NIST -National Institute of Standards and Technology
dos EUA). A implantação da estratégia de cibersegurança nas diferentes entidades do Grupo levou a iniciativas e linhas de atuação
diferentes, como:
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Estabelecer
modelo de
Gestão SGCN
Revisão e
Atualização
Medidas contra o ciber-risco
No ano de 2014 foi confirmada a tendência de aumento no número e no impacto de incidentes relacionados à cibersegurança, que
afetam todos os tipos de empresas e instituições, inclusive as do
setor financeiro. Essa situação, preocupante para as instituições e
reguladores, estimula a adoção de medidas preventivas para estarmos preparados ante ataques dessa natureza.
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O Grupo dispõe de um sistema de gestão de continuidade do
negócio (SGCN) para garantir a continuidade dos processos de negócio de suas entidades em caso de desastre ou incidente grave.
o
Em particular, destaca-se o projeto Trabalhar Bem, em desenvolvimento no Brasil a fim de proporcionar um melhor serviço aos
clientes do Banco e, com isso, reduzir o volume de incidências
e reclamações. Esse projeto incorpora várias linhas de atuação
voltadas a melhorar as práticas de comercialização e proteção ao
cliente: Influencia nas decisões de concepção dos produtos e serviços, análise e solução de causa-raiz das reclamações de clientes,
desenvolvimento de um esquema de gestão e acompanhamento
único de reclamações, além de melhoria nas redes de proteção nos
pontos de contato.
9.5. Plano de Continuidade do Negócio
Me
Por outro lado, no que se refere às medidas relativas a práticas
com clientes, produtos e de negócios, o Grupo Santander estabeleceu políticas corporativas de comercialização de produtos e
serviços, como descrevemos na seção 10.4. Modelo de gestão do
risco de conformidade, conduta e reputacional.
Por último, foi elaborado um programa global de segurança contra
o ciber-risco que dá cobertura às entidades do Grupo frente a
eventos dessa natureza.
o–
•Melhorias de segurança em caixas automáticos, dentre elas
detectores contra a falsificação de cartões (anti-skimming).
Além disso, a observação e estudo dos eventos ocorridos no setor
e em outras indústrias, sob uma perspectiva analítica, permitemnos atualizar e adaptar nossos modelos às ameaças emergentes.
M ed i çã
•Quanto às compras por internet, continuamos a implementar o
código de segurança (3DSecure) e mecanismos que permitam
adaptar a autenticação da operação segundo uma análise específica de risco.
Paralelamente, iniciamos ações para a atualização dos programas
de treinamento sobre o tema aos funcionários do Grupo, as quais
serão concretizadas em um novo curso na plataforma de e-learning
durante o próximo ano. Fazem parte do curso instruções precisas
de atuação e exemplos dos principais padrões de ataques cibernéticos e de fraudes eletrônicas perpetradas atualmente.
M od
•Aplicação de protocolos de validação mais robustos em cartões
nas operações de compra com cartão em estabelecimentos
comerciais.
•Colaboração com fóruns internacionais com o objetivo de identificar as melhores práticas e trocar informações sobre ameaças.
do
•Continuar com a implementação de cartões com chip (padrão
EMV), em linha com o calendário estabelecido pela indústria de
meios de pagamento para cada país e emitindo novos cartões
em algoritmos de codificação avançados que oferecem maior
proteção contra as atuais técnicas de clonagem.
•Participação nos “ciber-exercícios” promovidos pelo Instituto
Nacional de Cibersegurança, destinados a avaliar a resposta das
empresas ante esse tipo de incidentes.
ua
•Fraude no uso de cartões:
•Melhoria dos serviços de monitoramento da segurança (Security
Operations Center ou SOC) e ampliação do alcance.
tín
• Implementar medidas de proteção em novos canais/aplicativos,
como os mecanismos de autenticação robusta no banco móvel,
de modo que a operação por meio desses dispositivos tenha
um nível de segurança semelhante ao do banco via internet.
n
co
RELATÓRIO ANUAL 2014
Esse objetivo básico é concretizado da seguinte maneira:
•Minimizar os possíveis danos a pessoas e impactos financeiros
e de negócio desfavoráveis para o Grupo, decorrentes de uma
interrupção das operações normais dos negócios.
•Reduzir os efeitos operacionais de um desastre, disponibilizando
uma série de guias e procedimentos pré-definidos e flexíveis
para uso na retomada e recuperação dos processos.
•Retomar as operações de negócios e suas funções de suporte,
sensíveis ao tempo, garantindo a continuidade dos negócios, a
estabilidade dos lucros e o crescimento planejado.
265
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
•Restabelecer as operações de tecnologia e de suporte às operações do negócio, sensíveis ao tempo, no caso de não operacionalização das tecnologias existentes.
•Proteger a imagem pública e a confiança no Grupo Santander.
•Atender às obrigações do Grupo com seus funcionários, clientes,
acionistas e demais partes interessadas.
Em 2014, o Grupo continuou avançando na implantação e melhoria contínua de seu sistema de gestão de continuidade do negócio,
dando ênfase especial ao reforço dos controles para o acompanhamento dos planos de continuidade dos fornecedores que prestam
serviços considerados essenciais para o Banco.
9.6. Outros aspectos do controle e
acompanhamento do risco operacional
Análise e acompanhamento dos controles
nas operações de mercados
Devido à especificidade e complexidade dos mercados financeiros,
o Grupo está empenhado em uma melhoria contínua dos procedimentos de controle operacional para manter-se alinhado às
novas normas e boas práticas do mercado. Assim, durante o ano,
o modelo de controle desse negócio continuou a melhorar, com
especial ênfase sobre os seguintes pontos:
consolidadas de modo a obter uma visão global com as seguintes
características:
•Dois níveis de informação: um corporativo com informações consolidadas e outro individualizado para cada país/unidade.
•Difusão das melhores práticas entre os países/unidades do
Grupo Santander, obtidas mediante o estudo combinado dos
resultados derivados das análises qualitativas e quantitativas de
risco operacional.
Na prática, são elaboradas informações sobre os seguintes aspectos:
•Modelo de gestão de risco operacional no Grupo Santander e de
suas principais unidades e regiões.
•Perímetro de gestão do risco operacional.
•Acompanhamento dos parâmetros de apetite.
•Análise da base de dados interna sobre eventos e de eventos
externos relevantes.
•Análise dos riscos mais relevantes detectados por meio de diferentes fontes de informação, como (por exemplo) os exercícios
de autoavaliação de riscos operacionais e tecnológicos.
•Avaliação e análise de indicadores de risco.
•Análise da operação individual de cada operador da Tesouraria a
fim de detectar possíveis comportamentos anômalos.
•Implantação de uma nova ferramenta que permite estar em
conformidade com novas exigências em matéria de gravação e
controle de escutas de operações.
•Reforço dos controles sobre cancelamentos e modificações de
operações.
•Reforço dos controles sobre as contribuições de preços a índices
de mercado.
•Desenvolvimento de controles adicionais para a detecção e prevenção de operações irregulares.
•Desenvolvimento de controles adicionais de acessos a sistemas
de registro de operações de front-office (por exemplo, com a finalidade de detectar usuários compartilhados).
Além disso, o negócio está imerso em uma transformação global
que traz uma modernização das plataformas tecnológicas e dos
processos operacionais que incorpora um modelo de controle
robusto o qual permite reduzir o risco operacional associado à
atividade.
Informações corporativas
A função de risco operacional possui um sistema de informações
em gestão de risco operacional o qual disponibiliza os dados dos
principais elementos de risco do Grupo. As informações disponíveis de cada país/unidade no âmbito de risco operacional são
•Medidas mitigadoras /gestão ativa.
•Planos de continuidade do negócio e planos de contingência.
Essas informações servem de base para a conformidade com as
necessidades de reporting ao comitê delegado de riscos, comitê
de supervisão de riscos, regulamentação e conformidade, comitê
de risco operacional, à administração, reguladores, agências de
rating, etc.
Os seguros na gestão do risco operacional
O Grupo Santander considera os seguros um elemento-chave
na gestão do risco operacional. Em 2014, foram estabelecidas
diretrizes comuns de coordenação entre as diferentes funções envolvidas no ciclo de gestão dos seguros que mitigam o risco operacional, principalmente as áreas de seguros próprios e de controle
de risco operacional, mas também as diferentes áreas de gestão
de riscos de primeira linha.
Entre essas diretrizes, estão incorporadas as seguintes atividades:
•Identificação de todos os riscos no Grupo que possam ser objeto
de uma cobertura securitária, incluindo também a identificação
de novas coberturas securitárias sobre riscos já identificados no
mercado.
•Estabelecimento e implementação de critérios para quantificar
o risco segurável, tomando como base a análise de perdas e nos
cenários de perdas que permitam determinar o nível de exposição do Grupo a cada risco.
•Análise da cobertura disponível no mercado segurador, assim
como a elaboração preliminar das condições que melhor se ajustem às necessidades previamente identificadas e avaliadas.
266
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO OPERACIONAL
•Avaliação técnica do nível de proteção proporcionado pela apólice, custos e níveis de retenção assumidos pelo Grupo (franquias
e outros elementos a cargo do segurado), com o objetivo de
decidir sobre sua contratação.
•Negociação com provedores e alocação de acordo com os procedimentos estabelecidos para tal efeito pelo Grupo.
•Acompanhamento dos incidentes declarados nas apólices, assim
como os não declarados ou não recuperados por uma declaração
incorreta.
•Análise da adequação das apólices do Grupo aos riscos cobertos,
tomando as medidas oportunas de correção no que diz respeito
às deficiências detectadas.
•Colaboração estreita dos responsáveis locais de risco operacional com coordenadores locais de seguros, para reforçar a mitigação de risco operacional.
•Reuniões periódicas para informar sobre atividades concretas,
situação e projetos nas duas áreas.
•Participação ativa das duas áreas na mesa de sourcing global de
seguros, órgão técnico máximo no Grupo para a definição das
estratégias de cobertura e contratação de seguros.
267
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
10. Risco de conformidade,
conduta e reputacional
10.1. Definição e objetivo
O risco de conformidade é o risco de receber sanções, sejam elas
econômicas ou não, ou de ser objeto de outro tipo de medidas
disciplinares por parte de organismos de supervisão, em virtude
do descumprimento de leis, regulamentos, normas, padrões de
auto-regulação da organização e códigos de conduta aplicáveis à
atividade em questão.
O risco de conduta é o risco ocasionado por práticas inadequadas na relação do Banco com seus clientes, o tratamento e os
produtos oferecidos ao cliente e sua adequação a cada cliente
específico.
O risco reputacional é definido como o risco de danos na percepção do Banco por parte da opinião pública, seus clientes, investidores ou qualquer outra parte interessada.
O objetivo do Grupo em matéria de riscos de conformidade e
conduta inclui: (i) minimizar a probabilidade da ocorrência de
irregularidades; e (ii) que as eventuais irregularidades sejam
identificadas, comunicadas e solucionadas com rapidez. Quanto
ao risco reputacional, tendo em conta a diversidade de fontes
potenciais, o propósito da gestão é identificar essas fontes e
controlar de modo a reduzir a probabilidade de ocorrência e minimizar eventuais impactos.
10.2. Governança corporativa
e modelo organizacional
No exercício de sua função geral de supervisão, o conselho de
administração do Banco é responsável por aprovar a política
geral de riscos. No âmbito dos riscos de conformidade, conduta e
reputacional, o Conselho é o titular do Código Geral de Conduta
do Grupo, dos marcos de governança na prevenção de lavagem
de dinheiro e de financiamento do terrorismo, além da política de
comercialização de produtos e serviços.
O reporte da função de conformidade ao conselho de administração é feito: (i) de forma permanente e direta por meio de um
vice-presidente executivo do próprio conselho o qual supervisiona
a função de conformidade do Grupo Santander; e (ii) por meio do
relatório apresentado mensalmente ao comitê de supervisão de
268
riscos, regulamentação e conformidade. O referido comitê apoia
e assessora o conselho sobre a relação do Grupo com os órgãos
supervisores e reguladores dos diversos países onde o Grupo atua,
bem como a supervisão de códigos e normas de caráter interno.
Em 2015, o Conselho de Administração, em sua sessão de 16
de janeiro, decidiu nomear um vice-presidente executivo do
conselho do qual depende, de acordo com as recomendações
regulatórias a respeito de governança corporativa, para a função
de conformidade.
Além disso, com a finalidade de reforçar a relevância da função
de conformidade, o comitê executivo, em sua sessão de 2 de
fevereiro de 2015, concordou com a nomeação de uma diretora
geral como chief compliance officer.
Como órgãos colegiados com competências básicas nessa matéria, encontram-se os comitês corporativos de conformidade,
análise e resolução e de comercialização (estes dois últimos,
especializados em seus respectivos assuntos: prevenção de lavagem de dinheiro e comercialização de produtos e serviços), com
um alcance global (todas as regiões/ todos os negócios) e tem
sua réplica no nível local.
A partir da divisão de riscos é exercida uma supervisão do marco
de controle em matéria de conformidade, tanto a partir da área
de Controle Integral e Validação Interna de Riscos (CIVIR), no
exercício das suas funções de suporte ao comitê delegado de riscos, como da área de controle dos riscos não-financeiros, criada
em 2013.
O modelo organizacional articula-se em torno da área corporativa
de conformidade e risco reputacional, responsável pela gestão dos
riscos de conformidade, conduta e reputacional do Grupo. Dentro
da área enquadram-se o escritório corporativo de gestão de risco
de conformidade, o escritório corporativo de gestão de do risco de
conduta e a unidade corporativa de inteligência financeira (UCIF)
com competências no domínio da prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. Essa estrutura é replicada
em nível local e também nos negócios globais, tendo estabelecido
os devidos reportes funcionais à área corporativa.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
10.3. Modelo de apetite de risco e
exercício de risk assessment regulatório
O modelo de apetite de risco do Grupo, aplicável aos riscos de
conformidade e conduta, caracteriza-se pelos três elementos
seguintes:
•Parte de uma declaração expressa de apetite zero em matéria de
risco de conformidade e conduta.
•O objetivo do Grupo em sua gestão é minimizar a incidência do
risco de conformidade e conduta. Para isso, realiza um monitoramento sistemático por meio do indicador de risco de conformidade e conduta, resultante de matrizes de avaliação que são
preparadas para cada país.
•Realiza-se um monitoramento trimestral país por país quanto ao
nível de risco.
A matriz de avaliação é alimentada com dados das comunicações
recebidas mensalmente dos vários supervisores. A cada uma
dessas comunicações atribui-se uma pontuação, atentando ao
risco que representam quanto a: (i) custos por multas; (ii) custos
de reorganização de processos; e (iii) efeito sobre a marca e risco
reputacional. Essas avaliações são complementadas com as qualificações de auditoria interna em matéria de conformidade. Uma
ponderação é atribuída a cada unidade local dependendo de seu
lucro atribuído e volume de ativos, com a qual é possível obter
uma pontuação conjunta para o Grupo.
A área corporativa de conformidade realizou em 2014 um exercício
de avaliação de risco regulatório (risk assessment) com foco nos
principais países do Grupo. Esse exercício, que parte da identificação das obrigações regulatórias que afetam as unidades do Grupo,
baseia-se em uma avaliação do risco de cada obrigação, realizada
em duas fases: a primeira, do chamado risco inerente, que resulta
da própria atividade do negócio, e a segunda, residual, uma vez
tendo em conta o efeito dos controles.
Está previsto que esse exercício de risk assessment regulatório
complemente o modelo de apetite de risco, trazendo-lhe novos
parâmetros.
10.4. Modelo de gestão do risco
A principal responsabilidade da gestão de riscos de conformidade,
conduta e reputacional é dividida entre a função de conformidade e risco reputacional e as diferentes unidades de negócio e
suporte que realizam as atividades que dão origem ao risco. A
responsabilidade de levar adiante o desenvolvimento de políticas
homogêneas em todo o Grupo, estabelecer controles e executar o
acompanhamento e verificação de sua aplicação, bem como comunicar os incidentes, recai sobre a função de conformidade e risco
reputacional, a qual é igualmente responsável por assessorar a administração nesta matéria, promovendo uma cultura de conformidade, tudo isso no marco de um programa anual cuja efetividade é
avaliada periodicamente.
A partir da função de conformidade é feita diretamente a gestão
dos componentes básicos desses riscos (lavagem de dinheiro,
códigos de conduta, comercialização de produtos, etc.) e se zela
para que o resto seja devidamente atendido pela unidade correspondente do Grupo (responsável pelo financiamento, proteção
de dados, reclamações de clientes, etc.), tendo estabelecido para
tanto sistemas de controle e verificação adequados.
A correta execução do modelo de gestão do risco é supervisionada
pela área de controle integral e avaliação interna de riscos (CIVIR).
Além disso, dentro de suas funções, a auditoria interna realiza
provas e revisões necessárias para verificar a conformidade com as
normas e procedimentos estabelecidos no Grupo.
O elemento central do programa de conformidade do Grupo é o
Código Geral de Conduta. Esse código, que inclui os princípios éticos e normas de conduta que regem as ações de todos os funcionários do Grupo Santander, é complementado em determinadas
questões pelas normas contidas em códigos e manuais setoriais42.
Além disso, o código estabelece: i) as funções e responsabilidades
para a conformidade dos órgãos de governança e das diretorias
afetadas do Grupo; (ii) as regras que regem as consequências da
não-conformidade; e (iii) um canal para a formulação e processamento de comunicações de ações supostamente irregulares.
42. Fazem parte dos códigos e manuais setoriais o Manual de Prevenção de Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo, o Código de Conduta nos Mercados de
Valores, o Manual de Procedimentos para a Venda de Produtos Financeiros, o Código de Conduta para a Atividade de Análise, o Research Policy Manual, o Manual de
Conduta no Uso das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC), o Manual de Conduta na Gestão de Imóveis, o Manual de Conduta na Gestão de Compras, etc.
bem como as notas e circulares que abordam pontos específicos desses códigos e manuais, dentre os quais se destaca a circular corporativa sobre o programa corporativo
de prevenção da corrupção.
269
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
Cabe ao escritório corporativo de conformidade, sob a supervisão do comitê de supervisão de riscos, regulamentação e conformidade e do comitê de conformidade, zelar pela eficaz implantação do Código Geral de Conduta e observância ao mesmo.
Em relação aos códigos e manuais setoriais, o programa de
conformidade tem como foco, dentre outras, as seguintes áreas
operacionais:
•Prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.
O comitê de conformidade, presidido pelo quarto vice-presidente do Grupo, encarregado da função de conformidade, tem
competência em todas as matérias próprias da função de conformidade, sem prejuízo das atribuídas aos dois órgãos especializados existentes na área (comitê corporativo de comercialização
no que diz respeito à comercialização de produtos e serviços e
o comité de análise e resolução sobre prevenção da lavagem de
dinheiro e financiamento do terrorismo). O comitê é integrado
por representantes das áreas secretaria geral, riscos, recursos
humanos, organização e custos, tecnologia e operações, auditoria interna, gestão financeira e public policy.
Em 2014, o Comitê de Conformidade realizou quatro reuniões.
Para fins de gestão de riscos de conformidade, conduta e reputacional, a diretoria de conformidade do Grupo é responsável pelas
seguintes funções:
1. Implementar a aplicação do Código Geral de Conduta e dos
outros códigos aplicáveis e manuais setoriais do Grupo.
2.Supervisionar a atividade de treinamento sobre o programa de
conformidade que a diretoria de recursos humanos realizar.
3.Dirigir as investigações realizadas sobre a possível prática de
atos de não conformidade, pode solicitar a assistência da auditoria interna e propor sanções aplicáveis ao comitê de irregularidades.
4.Colaborar com a auditoria interna nas revisões periódicas por
ela realizadas no tocante à conformidade com o Código Geral
de Conduta e os códigos e manuais setoriais, sem prejuízo das
revisões periódicas feitas diretamente pela diretoria de conformidade, em matéria de conformidade regulatória.
5.Receber e processar as denúncias realizadas pelos funcionários
por meio do canal de denúncias.
6.Assessorar no esclarecimento das dúvidas que possam surgir na
aplicação dos códigos e manuais.
7.Elaborar um relatório anual sobre a aplicação do programa de
conformidade, a ser apresentado ao comitê de supervisão de
riscos, regulamentação e conformidade.
8.Informar periodicamente ao comitê de supervisão de riscos, regulamentação e conformidade e ao conselho de administração
sobre a execução da política de conformidade e a aplicação do
programa de conformidade.
9.Avaliar anualmente as alterações que devam ser introduzidas no
programa de conformidade, especialmente no caso de detecção
de áreas de risco não regulamentadas e procedimentos que possam ser melhorados; propor as referidas alterações ao comitê
de supervisão de riscos, regulamentação e conformidade.
270
•Comercialização de produtos e serviços.
•Conduta nos mercados de capitais.
•Prevenção de riscos criminais.
•Relação com reguladores e supervisores.
•Elaboração e divulgação da informação institucional do Grupo.
Prevenção de lavagem de dinheiro e
financiamento do terrorismo
Políticas
Na qualidade de organização socialmente responsável, o Grupo
Santander tem como objetivo estratégico contar com um sistema
avançado e eficaz de prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, permanentemente adaptado aos últimos
regulamentos internacionais e com capacidade de fazer frente às
novas técnicas desenvolvidas pelas organizações criminosas.
A função de prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento
do terrorismo é articulada com base em políticas que definem os
padrões mínimos a serem observados pelas unidades do Grupo
Santander, formuladas em conformidade com os princípios contidos nas 40 recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) e das obrigações e princípios da Diretiva 2005/60/
CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de outubro de
2005, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para
lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.
A política corporativa e as normas desenvolvidas são de cumprimento obrigatório em todas as unidades do Grupo Santander em
todo o mundo. Nesse sentido, deve-se entender por unidades
todos os bancos, sociedades, subsidiárias, departamentos ou
agências do Banco Santander, tanto na Espanha como no exterior
que, de acordo com seu estatuto legal, devem ser sujeitos à regulamentação em matéria de prevenção de lavagem de dinheiro e do
financiamento do terrorismo.
Governança e organização
No Grupo Santander, a organização da função de prevenção da
lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo apoia-se nos
seguintes órgãos: (i) conselho de administração, (ii) CAR (comitê
de análise e resolução) do Grupo, (iii) Unidade Corporativa de Inteligência Financeira, (iv) CARs locais (v) Unidades PBC/FT locais e
(vi) responsáveis pela prevenção em diversos níveis.
O conselho de administração aprova o marco de governança
interna em matéria de prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.
O CAR do Grupo Santander é um órgão colegiado de alcance
corporativo. O órgão é presidido pelo quarto vice-presidente do
Grupo, encarregado da função de conformidade, e composto por
representantes das divisões de riscos, auditoria interna, Banco
Comercial, Banco de Atacado Global, recursos humanos, organização e custos, tecnologia e operações, auditoria geral e controle
de gestão, Financiamento ao Consumo e secretaria geral, e define
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
as políticas e objetivos gerais e também formula as normas de
atuação dos diferentes órgãos e entidades do Grupo em matéria
de prevenção e coordenação dos mesmos.
Devido à separação entre a operação local da Espanha e o nível
corporativo, foi criado em 2014 um CAR local Espanha (anteriormente integrado no CAR corporativo), totalmente diferenciado do
CAR corporativo, assumindo as funções de um órgão de controle
interno PBC/FT com competências em nível local.
A Unidade Corporativa de Inteligência Financeira (UCIF) dirige,
supervisiona e coordena os sistemas de prevenção de lavagem de
dinheiro e do financiamento do terrorismo das subsidiárias, agências e áreas de negócio do Grupo Santander, requerendo a adoção
dos programas, medidas e melhorias necessárias.
Os CARs locais são os órgãos de controle interno, designados
para a prevenção de lavagem de dinheiro e do financiamento do
terrorismo, com competência em nível local, compostos por representantes dos departamentos envolvidos mais diretamente nessa
matéria.
As UPBCs locais são as unidades técnicas encarregadas de dirigir e
coordenar os sistemas e procedimentos de prevenção de lavagem
de dinheiro e financiamento do terrorismo nos países onde o Grupo está presente, assim como a investigação e a tramitação das
comunicações de operações suspeitas e os requisitos de informação às autoridades correspondentes.
Além disso, existem responsáveis pela prevenção da lavagem
de dinheiro e financiamento do terrorismo em quatro diferentes
níveis: área, unidade, agência e contas. Todos, individualmente,
têm como missão apoiar a UCIF e as UPBCs locais a partir de uma
posição de proximidade com os clientes e operações.
Em nível consolidado, um total de 954 profissionais desenvolvem
no Grupo Santander a função da prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo; desses, 83% o fazem com dedicação exclusiva, e atendem 149 unidades em 35 países.
O Grupo Santander estabeleceu, em todas as suas unidades e
áreas de negócio, sistemas corporativos baseados em aplicativos
de informática de exploração descentralizada, o que permite
apresentar para os escritórios de contas ou gerentes de relacionamento, diretamente, as operações e clientes que precisam ser analisados pelo seu risco. As ferramentas acima são complementadas
com outras, de utilização centralizada, exploradas pelas equipes
de analistas das unidades de prevenção, as quais, de acordo com
determinados perfis de risco e ao atingir o limiar de determinadas
pautas de comportamento operacional dos clientes, permitem
a análise, a identificação preventiva e acompanhamento da operação suscetível de estar vinculada à lavagem de dinheiro ou ao
financiamento do terrorismo.
O Banco Santander é membro fundador do chamado Grupo de
Wolfsberg, do qual é integrante junto com outros dez grandes
bancos internacionais. O objetivo do Grupo é o estabelecimento
de normas internacionais que permitam aumentar a eficácia dos
programas de prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento
do terrorismo na comunidade financeira. Nesse sentido, foram desenvolvidas diversas iniciativas que abordaram temas como a prevenção de lavagem de dinheiro nos bancos privados, correspon-
dentes bancários e financiamento do terrorismo, dentre outros. As
autoridades reguladoras e especialistas na área consideram que o
Grupo de Wolfsberg e seus princípios e diretrizes são um passo importante na luta para combater a lavagem de dinheiro, corrupção,
terrorismo e outros crimes graves.
Principais ações
Em 2014 foi analisado um total de 22,9 milhões de operações no
Grupo (27,6 milhões de operações em 2013) -tanto pelas redes
comerciais como pelas equipes de prevenção de lavagem de dinheiro sendo que mais de um milhão referindo-se às unidades da
Espanha.
A UCIF e os departamentos locais de prevenção realizaram revisões anuais em todas as unidades do Grupo no mundo.
Em 2014, foram revisadas 123 unidades (146 unidades em 2013), 11
na Espanha e o restante no exterior, com a emissão de relatórios
aos quais foram sugeridas as medidas a serem adotadas (recomendações) para melhorar ou fortalecer os sistemas. Em 2014,
foi estabelecido um total de 229 medidas a serem adotadas (201
em 2013), objeto de acompanhamento até sua completa e efetiva
implantação.
Ao longo do exercício de 2014, foram ministrados cursos de treinamento em matéria de prevenção de lavagem de dinheiro a um
total de 129.233 funcionários (108.592 em 2013).
Finalmente, muitas unidades foram submetidas a revisões periódicas por parte de auditores externos.
Principais indicadores de atividade
2014
TOTAL
Subsidiárias
revisadas
Expedientes
de
investigação
Comunicações
a autoridades
Empregados
treinados
123
79.978
23.844
129.233
* Subsidiárias revisadas pela UCIF e unidades locais de prevenção de lavagem de
dinheiro.
Comercialização de produtos e serviços
Políticas
No Grupo Santander, a gestão do risco que pode surgir de uma venda
inadequada de produtos ou de uma prestação de serviços incorreta
por parte do Grupo é realizada segundo o estabelecido no marco
corporativo de comercialização de produtos e serviços.
Esse marco corporativo tem por objetivo estabelecer um sistema
homogêneo na comercialização dos produtos e serviços no Grupo
Santander, a fim de minimizar a exposição do Grupo aos riscos decorrentes da comercialização, abrangendo todas as suas fases (admissão,
pré-venda, venda e acompanhamento).
Para adaptar o marco ao Banco Santander S.A. e as subsidiárias do
Grupo Santander, foi incorporado em seus respectivos conselhos de
administração, via adesão, e realizando as adaptações necessárias
para garantir o cumprimento dos requisitos regulatórios locais aplicáveis.
271
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
Governança e organização
A estrutura organizacional em matéria de gestão de risco que
possa surgir de uma comercialização inadequada de produtos ou
serviços baseia-se, tanto em nível corporativo como local, nos
comitês de comercialização, comitês de acompanhamento e nos
escritórios de gestão de risco de conduta.
O comitê corporativo de comercialização (CCC) é o órgão máximo
de decisão do Grupo em matéria de aprovação de produtos e
serviços. É presidido pelo quarto vice-presidente do Grupo, encarregado da função de conformidade e integrado por representantes
das divisões de riscos, gestão financeira, tecnologia e operações,
secretaria geral, auditoria geral e controle de gestão, auditoria
interna, banco comercial e banco de atacado global.
O CCC avalia a adequação do produto ou serviço ao marco onde
será comercializado, atentando principalmente para que:
•Cada produto ou serviço seja vendido por áreas comerciais qualificadas.
•Os clientes recebam informações necessárias e adequadas.
•O produto ou serviço esteja de acordo com o perfil do cliente.
•Que cada produto ou serviço destine-se ao mercado adequado,
não somente por razões de origem legal ou fiscal, mas em atenção à cultura financeira do mesmo.
•As exigências das políticas corporativas de comercialização e, em
geral, das normas internas ou externas aplicáveis, sejam cumpridas.
Principais ações
Durante o exercício de 2014 foram realizadas 12 reuniões do CCC
(12 em 2013 e 14 em 2012), nas quais foi analisado um total de 103
novos produtos/serviços. Além disso, foram apresentados para
aprovação ao escritório corporativo de gestão de risco de conduta
31 produtos/ serviços considerados “não novos” e foram resolvidas
135 consultas procedentes de diversas áreas e países.
O acompanhamento de produtos e serviços aprovados é feito localmente (comitê local de acompanhamento ou órgão local similar,
como o CLC), apresentando as conclusões em relatórios quadrimestrais à OCGRC.
Durante 2014, foram realizadas 41 reuniões do CCS (41 em 2013
e 44 em 2012), nas quais pendências foram solucionadas, com
análise de informações sobre o acompanhamento de produtos e
serviços das unidades do Grupo.
Conduta nos mercados de capitais
Política
As políticas estão expressas no Código de Conduta nos Mercados
de Valores (CCMV), complementadas, dentre outros, pelo Código
de Conduta para a Atividade de Análise, o Research Policy Manual
e o Procedimento para a Detecção, Análise e Comunicação de
Operações Suspeitas de Abuso de Mercado.
Governança e organização
A organização gira em torno do escritório corporativo de conformidade junto com as diretorias de conformidade locais e das
subsidiárias.
As funções da diretoria de conformidade em relação às normas de
conduta nos mercados de capitais são:
Por sua vez, em nível local, os comitês locais de comercialização
(CLC) aprovam produtos novos e canalizam para o CCC propostas
de validação para os mesmos.
1. Registrar e controlar as informações confidenciais conhecidas
e/ou geradas no Grupo.
Nos respectivos processos de aprovação, os comitês de comercialização atuam com um enfoque de riscos, sob a dupla perspectiva
banco/cliente.
2. Manter as listas de títulos afetados, das pessoas com acesso a
informações privilegiadas e monitorar as operações com esses
títulos.
O comitê corporativo de acompanhamento (CCS) é o órgão do
Grupo encarregado de tomar decisões em matéria de acompanhamento de produtos e serviços. É presidido pelo quarto vice-presidente do Grupo, encarregado da função de conformidade
e composto por representantes das divisões de auditoria interna,
secretaria geral, riscos e as áreas de negócio afetadas (com representação permanente do Banco Comercial). Realiza suas reuniões
semanalmente e nelas são levantadas e resolvidas questões específicas relacionadas com a comercialização de produtos e serviços
em todas as unidades do Grupo.
3. Monitorar as operações com títulos restritos de acordo com o
tipo de atividade, carteiras ou grupos nos quais a restrição seja
aplicável.
4. Receber e cuidar das comunicações e os pedidos de autorização de operações por conta própria.
5. Controlar as operações por conta própria das pessoas sujeitas
ao cumprimento dessa norma.
6. Gerenciar os descumprimentos do CCMV.
O departamento corporativo de gestão de risco de conduta
(OCGRR) tem como objetivo prestar aos órgãos de governança
pertinentes as informações necessárias para realizar: (i) uma análise correta do risco na validação do produto, sob uma perspectiva
dupla: impacto para o Banco e para o cliente; (ii) um acompanhamento dos produtos no decorrer de seu ciclo de vida.
Em nível local, há escritórios de gestão de risco de conduta responsáveis, dentre outras questões, por promover uma correta cultura de comercialização e zelar para que as funções de aprovação
e acompanhamento de produtos sejam desempenhadas em seu
respectivo âmbito local em linha com o marco corporativo.
272
7. Solucionar as dúvidas levantadas sobre o CCMV.
8. Registrar e solucionar conflitos de interesse e as situações que
possam dar origem a eles.
9. Avaliar e administrar os conflitos que possam surgir nas atividades de análise.
10. Manter os arquivos necessários para o controle do cumprimento das obrigações previstas no CCMV.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE CONFORMIDADE, CONDUTA E REPUTACIONAL
11. Manter contatos regulares com os reguladores.
12.Organizar o treinamento e, de modo geral, executar as ações
necessárias para a implementação do CCMV.
13.Analisar possíveis ações suspeitas de constituir abuso de mercado e, se for o caso, relatá-las às autoridades de supervisão.
Principais ações
O escritório corporativo de conformidade, em conjunto com as diretorias de conformidade locais e das subsidiárias, verifica se as obrigações expressas no CCMV são observadas pelos cerca de 12.000
funcionários do Grupo em todo o mundo, sujeitos a cumpri-las.
A unidade de investigação de abuso de mercado continua revisando
inúmeras operações que deram ensejo a comunicações à CNMV.
Além disso, este ano foi criada uma nova unidade de conformidade
de mercados, com um enfoque especializado no controle das operações em mercados de capitais.
Prevenção de riscos criminais
Outras ações
Em 2014 continuamos a executar outras atividades relacionadas à
conformidade com as normas (revisão da norma interna do Banco
com caráter prévio à sua publicação; controle de que as operações
realizadas com ações em tesouraria ajustem-se à norma interna
e externa, manutenção da seção de informações regulatórias da
web corporativa, revisão dos relatórios de recomendação de voto
nas assembleias preparados pelos principais consultores para essa
matéria, envio aos supervisores das informações regulatórias de
caráter periódico, etc.); e a colaboração em projetos corporativos
como a adequação do Grupo à norma americana Volcker Rule, a
negociação das ações do Santander nas bolsas de São Paulo (por
meio de BDRs) e de Varsóvia, além da implantação dos modelos
corporativos de proteção de dados e de prevenção de riscos penais, dentre outros.
As perdas incorridas pelo Grupo, decorrentes do risco de conformidade, conduta e reputacional estão incluídas na base de dados
de eventos administrada pela área corporativa de risco tecnológico e operacional (ACRO) do Grupo.
A diretoria de conformidade do Grupo também é responsável pela
gestão do modelo de prevenção de riscos criminais causadas pela
entrada em vigor da Lei Orgânica 5/2010, que introduziu a responsabilidade criminal das pessoas jurídicas por crimes cometidos por
conta e lucro das mesmas pelos administradores ou representantes e pelos funcionários em consequência da falta de controle.
Em 2014 recebemos a certificação AENOR do sistema de gestão
de riscos para a prevenção de delitos penais, cujo elemento fundamental é o canal de denúncias (whistleblowing channel).
No Grupo há 26 canais de denúncias e, em 2014, foram registradas
denúncias em seis desses canais, que dizem respeito aos da Alemanha, Brasil, EUA, Reino Unido, Polônia e Espanha.
Em 2014, o número total de denúncias recebidas por qualquer
meio foi superior a 400, as quais foram tratadas de acordo com os
procedimentos internos do Grupo. Os motivos mais comuns das
denúncias referem-se ao descumprimento da norma interna pelos
funcionários, seja por comportamentos inadequados ou por não
observar as políticas ou procedimentos do Grupo.
Relação com órgãos de supervisão e divulgação
de informações aos mercados
A diretoria de conformidade é responsável pelo acompanhamento
das solicitações de informações pelos órgãos reguladores e supervisores, tanto na Espanha como em outros países onde o Grupo
atua; pelo acompanhamento da implementação das medidas resultantes dos relatórios ou ações de fiscalizações dos aludidos órgãos
e a inspeção da forma como o Grupo divulga para os mercados as
informações institucionais, com transparência e de acordo com
os requisitos dos órgãos reguladores. Em cada reunião, o comitê
de supervisão de risco, regulamentação e conformidade (antes de
sua criação em junho de 2014, o comitê de auditoria) é informado
sobre os principais assuntos.
Durante o exercício de 2014, o Banco Santander publicou na Espanha 90 Fatos Relevantes, disponíveis para consulta no website do
Grupo e da CNMV.
273
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
RISCO DE MODELO
11. Risco de modelo
O uso de modelos na gestão do risco implica o surgimento de risco de modelo, entendido como as perdas originadas por decisões
baseadas principalmente nos resultados de modelos, devido a
erros na definição, aplicação ou utilização de tais modelos.
Esse risco é manifestado tanto no risco operacional (associado
com os erros nos dados, na construção, na implantação e no uso),
como de maneira implícita no risco associado com a atividade a
que dá suporte (seja risco de crédito, de mercado ou outro, devido
a dados, construção ou uso inadequados do modelo).
A extensão do uso de modelos a um amplo conjunto de atividades
faz com que seja necessário estabelecer uma série de ações e controles ao longo do ciclo de vida desses modelos para conhecer e
minimizar os riscos associados.
A gestão do risco de modelo é estruturada em três linhas de defesa, as quais são estruturadas da seguinte maneira:
•Primeira linha de defesa, composta pelos proprietários e desenvolvedores como geradores de exposição a esse risco.
•Segunda linha de defesa, constituída por equipes especializadas
no controle e supervisão de riscos e encarregados de complementar as funções de controle da primeira linha de defesa, questionando quando for oportuno suas abordagens e emitindo um
parecer sobre as mesmas.
•Terceira linha de defesa, constituída por Auditoria Interna.
O risco de modelo pode ser minimizado por meio de um ambiente
adequado de controle e gestão, isto é, por meio de uma série de
controles sobre o ciclo de vida do modelo. O ciclo abrange desde
a própria definição dos padrões empregados em seu desenvolvimento até o acompanhamento periódico e seu encerramento final.
274
Tem especial importância a fase de planejamento, na qual são
determinadas as prioridades de desenvolvimento e gestão dos
modelos. No momento de elaboração dos planos, são identificadas as necessidades que se deseja cobrir e é avaliada a relevância
do risco que implicam.
A extração e validação das informações, bem como o próprio
desenvolvimento do modelo também são duas fases fundamentais. No caso do desenvolvimento, é preciso estabelecer
pontos de controle que permitam verificar aspectos como a
adequação dos dados utilizados, a conformidade dos objetivos
com o que foi solicitado, a obediência da construção às pautas
estabelecidas e a viabilidade da implantação antes de o modelo
ser formalmente implantado, o que acontecerá depois de sua
aprovação formal.
Deve existir um processo de validação realizado por uma função
independente da que desenvolve o modelo a fim de controlar o
risco associado ao desenvolvimento de modelos. O alcance da
validação dependerá do tipo de modelo, da relevância e do tipo
de desenvolvimento aplicado.
Por fim, todo desenvolvimento, seja de um modelo novo ou uma
modificação de um já existente, ou o novo uso de um modelo,
deverá ser revisado e aprovado, de acordo com sua relevância,
pelo nível hierárquico estabelecido. Esse processo representa
o reconhecimento, por parte dos intervenientes, de que conhecem e estão cientes de todos os riscos associados ao uso do
modelo, bem como as diferentes premissas realizadas em sua
construção e as limitações existentes, de acordo com os usos
previstos do modelo.
Uma vez implantados, os modelos serão supervisionados periodicamente para comprovar seu uso para a finalidade para a qual foram aprovados e que continuam funcionando conforme esperado.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
12. Gestão de capital e
controle do risco de capital
A gestão de capital no Grupo é realizada de forma integral, buscando garantir a solvência da instituição, cumprir os requisitos
regulatórios e maximizar sua rentabilidade; é determinada pelos
objetivos estratégicos e o apetite de risco fixados pelo conselho
de administração. Com esse objetivo, é definida uma série de
políticas que constituem o enfoque dado pelo Grupo à gestão de
capital:
•Estabelecer um planejamento adequado de capital, que permita
cobrir as necessidades atuais e proporcione os recursos próprios
necessários para cobrir as necessidades dos planos de negócio,
as exigências regulatórias e os riscos associados em curto e médio prazo, mantendo o perfil de risco aprovado pelo conselho.
•Garantir que, frente a cenários de estresse, o Grupo e suas
instituições mantenham capital suficiente para cobrir as necessidades decorrentes do aumento dos riscos por deterioração das
condições macroeconômicas.
•Otimizar o uso do capital, por meio da alocação adequada do
mesmo entre os negócios, com base no retorno relativo sobre o
capital regulatório e econômico, considerando o apetite de risco,
seu crescimento e os objetivos estratégicos.
O Santander define o risco de capital como o risco de que o Grupo
ou uma de suas instituições tenha quantidade e/ou qualidade insuficiente de capital para atender as expectativas de seus stakeholders e de acordo com o planejamento estratégico. Destacamos os
seguintes objetivos:
•Cumprir com os objetivos internos de capital e solvência.
•Cumprir os requisitos regulatórios.
Posição de Solvência
O Grupo Santander mantem uma posição de solvência muito sólida e bastante acima dos níveis exigidos pelos órgãos reguladores.
Em 2014, o Grupo continuou reforçando seus principais índices de
capital para fazer frente ao difícil ambiente econômico e financeiro
e as novas exigências regulatórias.
Nas provas de resistência conduzidas pelo BCE para a indústria
financeira na Europa, o Banco Santander expôs a qualidade das
carteiras, a avaliação correta dos ativos e as provisões adequadas,
bem como a solidez de seu modelo de negócio ante cenários
macroeconômicos pessimistas (para maiores detalhes, ver seção 1
deste capítulo).
Em 9 de janeiro de 2015 o banco acabou realizando um aumento
de capital no valor de 7.500 milhões de euros. Com esse aumento,
o Banco atendeu o objetivo principal de poder sustentar o crescimento orgânico do negócio expandindo o crédito e a participação
em nossos principais mercados, acompanhando nossos clientes
em uma nova fase de crescimento da economia.
Após o aumento, o índice Common Equity Tier 1 fully loaded que
representa a cobertura dos riscos com o capital de máxima
qualidade e antecipando os impactos das normas Basileia III, foi
aumentado para 9,7% (8,3% antes do aumento) em linha com os
principais concorrentes. Se considerarmos também o modelo de
negócios do Grupo, caracterizado por sua alta diversificação geográfica, recorrência de seus resultados e resistência a ambientes
adversos, conforme demonstrado no exercício recente de estresse
na Europa, o Grupo foi classificado dentre os melhores padrões de
capital do setor.
O objetivo do Grupo é aumentar ainda mais o índice CET1 fully
loaded até situá-lo em torno de 10%-11% em 2017.
•Alinhar o plano estratégico do Banco com as expectativas de
capital de agentes externos (agências de rating, acionistas e investidores, clientes, supervisores, etc.).
•Dar respaldo ao crescimento dos negócios e as possibilidades
estratégicas que surjam.
275
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
A tabela a seguir representa os ativos ponderados pelo risco
(APRs), detalhado por tipo de risco e regiões principais.
Grupo Santander
Total APRs: 585.829
Valores em milhões de euros
Europa Continental
Total: 241.186
Crédito: 83%
Operacional: 9%
Mercado: 8%
Reino Unido
Total: 102.379
Crédito: 83%
Operacional: 9%
Mercado: 8%
América Latina
Total: 170.825
Crédito: 78%
Operacional: 18%
Mercado: 4%
Com relação o risco de crédito, o Grupo Santander continua com
seu plano de implantação do enfoque avançado de modelos internos (AIRB) da norma Basileia para praticamente a totalidade dos
bancos do Grupo, até chegar a uma porcentagem de exposição
líquida da carteira de crédito sob esses modelos superior a 90%.
O cumprimento desse objetivo no curto prazo está condicionado
também às aquisições de novas instituições bem como pela necessidade de coordenação entre supervisores dos processos de
validação dos modelos internos.
O Grupo está presente em regiões onde o marco legal entre supervisores é o mesmo da Europa por meio da Diretiva de Capital.
Entretanto, em outras jurisdições, o mesmo processo está sujeito
ao marco de colaboração entre o supervisor de origem e de destino, com legislações diferentes, o que na prática envolve a adaptação a critérios e calendários distintos para obter a autorização de
uso de modelos avançados em base consolidada.
Com esse objetivo, o Santander continuou durante 2014 com o
projeto de implantação gradual das plataformas tecnológicas e
desenvolvimentos metodológicos necessários que vão a permitir
a aplicação progressiva dos modelos internos avançados para o
cálculo de capital regulatório nas demais unidades do Grupo.
Atualmente, o Grupo conta com a autorização da agência de
supervisão para o uso de enfoques avançados para o cálculo dos
requisitos de capital regulatório por risco de crédito para a matriz
e principais entidades subsidiárias da Espanha, Reino Unido, Portugal, e determinadas carteiras na Alemanha, México, Brasil, Chile
e Estados Unidos. A estratégia de implantação da norma Basileia
no Grupo tem como foco obter o uso de modelos avançados nas
principais entidades da América e Europa. Durante 2014 o cálculo
dos requisitos mínimos de capital regulatório das seguintes carteiras, com um EAD total de aproximadamente 25.500 milhões,
passou de enfoque padrão para enfoque IRB avançado: carteiras
de consumo do SC Alemanha; empresas e cartões do SC Espanha;
governos estaduais e incorporadores do Santander México.
Quanto ao risco operacional, o Grupo Santander utiliza atualmente o enfoque padrão de cálculo de capital regulatório. Atualmente,
o Grupo encontra-se na fase avançada do projeto de evolução
para um enfoque de modelos avançados (AMA), levantando informações suficientes com base em seu próprio modelo de gestão.
276
Estados Unidos
Total: 71.203
Crédito: 87%
Operacional: 12%
Mercado: 1%
Outros
Total: 236
Crédito: 100%
Operacional: 0%
Mercado: 0%
Com relação aos demais riscos contemplados explicitamente
no Pilar I da norma Basileia, em risco de mercado foi recebida
autorização do uso do seu modelo interno para as atividades de
negociação da tesouraria na Espanha, Chile, Portugal e México,
continuando assim com o plano de implantação progressiva para
as demais unidades apresentado ao Banco da Espanha.
Índice de alavancagem
A norma CRD IV introduz um novo índice de alavancagem, o qual
não é sensível ao perfil de Risco das Instituições. É calculado como
o quociente entre o Tier 1 dividido por Exposição.
Essa exposição é calculada como a soma dos ativos totais mais
itens fora do balanço (principalmente avais, limites de crédito
concedidos e não utilizados e cartas de crédito). Sobre essa soma
foram feitas algumas correções técnicas, como substituir o valor
nos ativos dos derivativos e das operações de financiamento de
valores pelo EAD considerados para o cálculo dos ativos ponderados por risco e eliminar o valor de ativos considerados como
deduções de Tier 1. Além disso, os reguladores incorporaram algumas reduções de valor para itens fora do balanço de operações
relacionadas ao comércio.
No momento, não existe obrigação de cumprir o referido índice, o
qual deve ser publicado após 2015. Os órgãos supervisores tornaram pública a intenção de que seja obrigatório cumprir um índice
mínimo a partir de 2018, indicando 3% como mínimo de referência.
No final de dezembro de 2015, o índice de alavancagem de 4,5%
phase-in e em 3,7% fully-loaded. Considerando o aumento de capital de janeiro e refletindo a modificação do Regulamento (UE) Nº
575/2013 publicado em 17 de janeiro de 2015, o índice aumentaria
cerca de 1 p.p.
Para maiores informações sobre esse índice, consultar nosso Relatório com Relevância Prudencial (Pilar III) do exercício de 2014.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
12.1. Novo marco regulatório
Em 2014 entraram em vigor a normas conhecidas como Basileia III,
as quais estabelecem novos padrões mundiais de capital e liquidez
em instituições financeiras.
Do ponto de vista do capital, Basileia III redefine o que é considerado como capital disponível em instituições financeiras (incluindo
novas deduções e aumentando as exigências dos instrumentos de
capital computáveis), aumenta o capital mínimo obrigatório, exige
que as instituições financeiras trabalhem permanentemente com
excessos de capital (buffers de capital) e adiciona novos requisitos
aos riscos considerados.
O Grupo Santander endossa o objetivo final do regulador com
esse novo marco: proporcionar maior estabilidade e solidez ao sistema financeiro internacional. Nesse sentido, há anos o Banco colabora em estudos de impacto promovidos pelo Comitê de Basileia
e a Autoridade Bancária Europeia (EBA) e coordenados localmente
pelo Banco da Espanha a fim de calibrar as novas normas.
Na Europa, a nova norma foi introduzida por meio da diretiva
2013/36/UE, conhecida como “CRD IV”, e seu regulamento
575/2013 (“CRR”) que é diretamente aplicável em todos os estados
da UE (Single Rule Book). Além disso, essas normas são sujeitas
a desdobramentos regulatórios por parte da European Banking
Authority (EBA), alguns dos quais serão produzidos nos próximos
meses/anos.
O capital econômico é uma ferramenta fundamental para a gestão
interna e o desenvolvimento da estratégia do Grupo, tanto do ponto de vista da avaliação da solvência, como da gestão do risco das
carteiras e dos negócios.
Do ponto de vista da solvência, o Grupo usa seu modelo econômico
para o processo de autoavaliação de capital (PAC ou ICAAP, em inglês), no contexto do Pilar II da norma Basileia. Para tanto, é feito o
planejamento da evolução do negócio e das necessidades de capital
sob um cenário central e sob cenários alternativos de estresse. Nesse planejamento o, Grupo garante a manutenção de seus objetivos
de solvência mesmo em cenários econômicos desfavoráveis.
Também, os parâmetros de capital econômico permitem a avaliação
dos objetivos de rentabilidade/risco, fixação de preços das operações em função do risco, avaliação da viabilidade econômica de projetos, unidades ou linhas de negócios, com o objetivo de maximizar
a geração de valor para os acionistas.
Como medida homogênea de risco, o capital econômico permite
explicar a distribuição de risco em todo o Grupo, usando em um
parâmetro comparável atividades e tipos de risco diferentes.
O requisito por capital econômico em 31 de dezembro de 2014 chega a 66.785 milhões de euros o qual, comparado à base de capital
econômico disponível de 87.569 milhões, revela um excesso de
20.784 milhões.
A seguir detalhamento da base de capital econômico disponível:
Essa regulamentação entrou em vigor em 1º de janeiro de 2014,
sendo que muitas normas estão sujeitas a diferentes calendários
de implantação. Essa fase de transição de implementação afeta
principalmente a definição de recursos computáveis como capital
e termina no final de 2017, exceto a dedução por créditos tributários diferidos, cujo calendário é prolongado até 2023.
Na sequência da transposição jurídica na Europa, o Comitê de
Basileia continuou publicando normas complementares, algumas
deles como consulta pública, o que resultará em uma futura modificação da Norma CRD IV e seu regimento. O Grupo Santander
continuará apoiando os reguladores, com suas opiniões e com a
participação em estudos de impacto.
12.2. Capital Econômico
O capital econômico é o capital necessário, de acordo com um
modelo desenvolvido internamente, para suportar todos os riscos
da atividade, com um determinado nível de solvência. No caso do
Santander, o nível de solvência é determinado pelo rating objetivo
a longo prazo de AA-/A+, o qual envolve a aplicação de um nível de
confiança de 99,95% (superior aos 99,90% regulatórios) para calcular o capital necessário.
Como um complemento ao enfoque regulatório, o modelo de capital econômico do Santander inclui em sua medição todos os riscos
significativos incorridos em sua operação - portanto considera
riscos como concentração, juros estruturais, negócios, pensões e
outros que estão fora do âmbito do chamado Pilar 1 regulatório.
Além disso, o capital econômico incorpora o efeito da diversificação
a qual, no caso do Grupo Santander é fundamental para determinar
o perfil global de risco e solvência, pela natureza multinacional e
multinegócio das suas atividades.
Milhões de euros
Capital líquido e Prêmios de emissão
44.851
Reservas
46.227
Lucros retidos e ajustes de avaliação
(9.980)
Não controladores
6.663
Ganhos líquidos da carteira DPV
1.983
Dedução por pensões
(2.175)
Base do Capital Econômico Disponível
87.569
* Disponível para venda.
A principal diferença quanto ao CET1 regulatório tem origem no
tratamento do ágio e outros intangíveis, os quais consideramos
como um requisito mais de capital e não uma dedução do capital
disponível.
A distribuição das necessidades de capital econômico por tipo
de risco em 31 de dezembro de 2014 está mostrada no gráfico a
seguir:
Ativos tangíveis
2%
Negócio
5%
Operacional
5%
Outros
8%
Crédito
41%
Juros (ALM)
4%
Mercado
13%
Fundo de comércio
22%
277
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
A tabela a seguir reflete a distribuição do Capital Econômico por
tipos de risco e regiões do Grupo Santander em 31 de dezembro
de 2014.
Grupo Santander
Total requerimientos:
66.785
Valores em milhões de euros
Europa Continental
Reino Unido
América Latina
Estados Unidos
Centro corporativo
Todos os riscos: 16.898
Todos os riscos: 7.645
Todos os riscos: 13.498
Todos os riscos: 6.059
Todos os riscos: 22.685
Crédito: 64%
Operacional: 8%
Mercado: 10%
Outros: 18%
Crédito: 60%
Estrutural (pensões): 18%
Estrutural (juros): 4%
Operacional: 9%
Outros: 9%
Crédito: 61%
Estrutural (juros): 9%
Operacional: 6%
Mercado: 4%
Outros: 20%
Crédito: 61%
Operacional: 9%
Mercado: 5%
Estrutural (juros): 5%
Outros: 20%
Ágio: 65%
Estrutural (FX): 15%
Estrutural (juros): 3%
Mercado: 12%
Outros: 5%
A distribuição do capital econômico entre as principais áreas de
negócio reflete o caráter diversificado da atividade e risco do
Grupo. A Europa continental representa 26% do capital, a América Latina, incluindo o Brasil 20%, o Reino Unido 12% e os Estados
Unidos 9%.
CV = Lucro – (CE médio x custo de capital)
Fora das áreas operacionais, o Centro Corporativo assume, principalmente, o risco pelos ágios e o risco derivado da exposição
ao risco de câmbio estrutural (risco decorrente da manutenção
de participações em subsidiárias no exterior denominadas em
moedas diferentes do euro).
O Grupo Santander utiliza a metodologia RORAC em sua gestão
do risco desde 1993, com as seguintes finalidades:
A taxa mínima de rentabilidade sobre o capital que deve alcançar
uma operação é determinada pelo custo de capital, que é a remuneração mínima exigida por seus acionistas. Para esse cálculo, de
forma objetiva, acrescenta-se o prêmio que o acionista exige por
investir no Grupo à rentabilidade livre de risco. Esse prêmio dependerá essencialmente da maior ou menor volatilidade na cotação das ações do Banco Santander com relação à evolução do mercado. Em 2014, o custo de capital do Grupo foi de 11,59%. Além
de revisar anualmente o custo do capital do Grupo paralelamente
para fins de gestão interna, também é estimado um custo de capital local diferenciado para cada unidade de negócio, considerando
as características específicas de cada mercado, sob a filosofia de
subsidiárias autônomas em capital e liquidez, para avaliar se cada
negócio é capaz de geral valor de maneira individual.
•Cálculo do consumo de capital econômico e retorno sobre o
mesmo das unidades de negócio do Grupo, bem como de segmentos, carteiras ou clientes, com o fim de facilitar uma atribuição ótima do capital econômico.
Se uma operação ou carteira obtém uma rentabilidade positiva,
estará contribuindo para os lucros do Grupo, mas somente estará
criando valor para o acionista quando essa rentabilidade superar o
custo do capital.
•Estimativa do consumo de capital e RORAC das unidades de negócio do Grupo.
Durante 2014 o comportamento das unidades de negócio na
geração de valor foi desigual. Os resultados do Grupo e, consequentemente, os números de RORAC e criação de valor estão condicionados pela diferente evolução do ciclo econômico em várias
unidades do Grupo.
O benefício da diversificação contemplado no modelo de capital
econômico, incluindo tanto a diversificação intra-riscos (equivalente à geográfica) como inter-riscos, totaliza aproximadamente
30%.
RORAC e criação de valor
•Análise e fixação de preços no processo de tomada de decisões
sobre operações (admissão) e clientes (monitoramento).
A metodologia RORAC permite comparar, sobre bases homogêneas, o rendimento de operações, clientes, carteiras e negócios,
identificando os que obtêm uma rentabilidade ajustada a risco
superior ao custo de capital do Grupo, alinhando assim a gestão
do risco e do negócio com a intenção de maximizar a criação de
valor, objetivo último da administração do Grupo.
Igualmente, o Grupo avalia de forma periódica o nível e a evolução da criação de valor (CV) e a rentabilidade ajustada a risco
(RORAC) de suas principais unidades de negócio. A CV é o lucro
gerado acima do custo do capital econômico (CE) empregado, e
é calculado de acordo com a fórmula a seguir:
278
O lucro utilizado é obtido fazendo, no resultado contábil, os ajustes necessários para apresentar unicamente o resultado recorrente que cada unidade obtém no exercício da sua atividade.
O quadro a seguir apresenta o detalhamento de criação de valor e
RORAC 2014 para as principais áreas de negócio do Grupo:
Segmentos principais
RORAC
Criação
de valor
Europa continental
13,6%
358
Reino Unido
20,4%
634
América Latina
29,7%
2.401
Estados Unidos
Total unidades de negócio
19,5%
412
20,4%
3.805
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
12.3 Planejamento de capital e exercícios
de estresse
Os exercícios de estresse de capital ganharam importância
especial como ferramenta de avaliação dinâmica dos riscos e a
solvência dos bancos. Um novo modelo de avaliação, com base em
uma abordagem dinâmica (forward looking) tornou-se uma parte
fundamental da análise da solvência das instituições.
Ele é uma avaliação futura, baseada tanto em cenários macroeconômicos como idiossincráticos que sejam de baixa probabilidade,
mas plausíveis. Portanto, é necessário ter modelos de planejamento robustos, capazes de transferir os efeitos definidos nos
cenários previstos aos diferentes elementos que influenciam a
solvência da instituição.
O objetivo final dos exercícios de estresse de capital consiste na
realização de uma avaliação abrangente dos riscos e a solvência
das instituições, determinando possíveis requisitos de capital,
quando necessários, em caso de descumprimento, pelas instituições, dos objetivos de capital definidos, tanto regulatórios como
internos.
1
2
3
4
5
Cenários
macroeconômicos
Projeção do balanço e
demonstração de resultados
Projeção de requisitos
de capital
Análise de solvência
Plano de ação
Internamente, o Grupo Santander definiu um processo de estresse
e planejamento de capital não só para responder aos diferentes
exercícios regulatórios, mas como uma ferramenta-chave integrada na gestão e na estratégia do Banco.
O processo interno de estresse e planejamento de capital visa garantir a adequação do capital atual e futuro, mesmo ante a cenários
econômicos desfavoráveis, embora plausíveis. Para tanto, a partir da
situação inicial do Grupo (definida por suas demonstrações financeiras, sua base de capital, seus parâmetros de risco e seus índices
regulatórios), são estimados os resultados da instituição projetados
para diferentes ambientes de negócio (incluindo as recessões severas, bem como ambientes macroeconômicos “normais”) e obtêm-se
os índices de solvência do Grupo, projetados ao longo de um período geralmente de três anos.
O processo implementado oferece uma visão abrangente do capital
do Grupo para o horizonte de tempo analisado e em cada um dos
cenários definidos. Esta análise incorpora os parâmetros de capital
regulatório, capital econômico e capital disponível.
A estrutura do processo em vigor está demonstrada no gráfico a seguir:
Central e de recessão
Idiossincráticos com base nos riscos específicos da instituição
Horizonte plurianual
Projeção de volumes. Estratégia de negócio
Margens e custo de financiamento
Comissões e despesas operacionais
Choques de mercado e prejuízos operacionais
Perdas de crédito e alocações. Modelos de PD e LGD PIT
Consistentes com a projeção do balanço
Parâmetros de risco (PD, LGD e EAD)
Base de capital disponível Lucro e dividendos
Impactos normativos e regulatórios
Índices de capital e solvência
Conformidade dos objetivos de capital
Em caso de descumprimento de objetivos internos ou requisitos regulatórios
A estrutura apresentada facilita a realização do objetivo final
almejado pelo planejamento de capital, de se tornar um elemento
de importância estratégica para o Grupo que:
•Permite uma gestão integral do capital e inclui uma análise de
impactos específicos, facilitando a sua integração no planejamento estratégico do Grupo.
• Garante a solvência do capital, atual e futura, mesmo frente a
cenários econômicos pessimistas.
•Permite melhorar a eficiência no uso de capital.
•Suporta o desenho da estratégia de gestão de capital do Grupo.
•Facilita a comunicação com o mercado e supervisores.
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RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
GESTÃO DE CAPITAL E CONTROLE DO RISCO DE CAPITAL
Além disso, todo o processo é desenvolvido com o máximo de
envolvimento da Administração e sua estreita supervisão, bem
como em um contexto que garante que a governança seja idônea
e que todos os elementos que a compõem estão sujeitos a níveis
adequados de questionamento (challenge), revisão e análise.
Um dos elementos-chave para os exercícios de planejamento de
capital e análise de estresse, devido à sua especial relevância na
projeção da demonstração de resultados, sob os cenários pessimistas definidos, consiste no cálculo das provisões que serão
necessárias de acordo com esses cenários, produzidos principalmente para cobrir as perdas das carteiras de crédito. Em particular,
para o cálculo das provisões para perdas com crédito da carteira
de crédito, o Grupo Santander utiliza uma metodologia que garante que, a qualquer momento, há um nível de provisões que cobre
todas as perdas de crédito projetadas a partir de seus modelos
internos de perda esperada, com base nos parâmetros de exposição a default (EAD), probabilidade de default (PD) e severidade ou
recuperação caso ocorra o default (LGD).
Essa metodologia é amplamente aceita e é semelhante à utilizada
em exercícios de estresse anteriores (por exemplo, exercício de
estresse da EBA em 2011 e 2014 ou o teste de resistência do setor
bancário espanhol em 2012).
Finalmente, o processo de planejamento de capital e análise de estresse culmina com a análise de solvência sob diferentes cenários
projetados e ao longo do horizonte de tempo definido. Para avaliar
a suficiência de capital e garantir que o Grupo cumpra tanto os objetivos de capital definidos internamente como todos os requisitos
regulatórios.
Quantificação da suficiência de capital
Base de capital inicial
+
Lucro retido
1
+ Mudanças regulatórias 2
1
Políticas de
dividendos
Requisitos de capital - estresse
2
Mudanças
regulatórias
decorrentes de
Basileia III que
podem alterar tanto
a base de capital
como os requisitos
Requisitos de capital final
+ Mudanças regulatórias 2
Base de capital final
Em caso de não cumprimento dos objetivos de capital fixados,
será definido um plano de ação na medida necessária para poder
alcançar os mínimos de capital desejados. Essas medidas serão
analisadas e quantificadas como parte dos exercícios internos,
ainda que não seja necessário colocá-las em prática ao superar os
limiares mínimos de capital.
É importante observar que esse processo interno de estresse e
planejamento de capital é realizado de forma transversal em todo
o Grupo Santander e não apenas em nível consolidado, mas também em nível local nas diferentes unidades do Grupo que utilizam
o processo de estresse e planejamento de capital como ferramenta interna de gestão e para responder aos requisitos regulatórios
locais.
280
Durante a crise econômica recente, o Grupo Santander passou
por cinco testes de resistência (exercícios de estresse) nos quais
demonstrou sua força e solvência frente aos cenários macroeconômicos mais extremos e severos. Em todos eles ficou demonstrado que, graças principalmente ao modelo de negócios e a
diversificação geográfica existente no Grupo, o Banco Santander
iria continuar gerando lucro para seus acionistas e cumprindo os
mais rigorosos requisitos regulatórios.
No primeiro requisito (CEBS 2010), o Grupo foi a instituição com
menor impacto em seu índice de solvência, excetuando os bancos
que foram beneficiados pela não distribuição de dividendos. No
segundo requisito, implementado pelo EBA em 2011, o Santander
não apenas figurava no reduzido grupo de bancos que havia melhorado sua solvência no cenário de estresse, mas também foi a
instituição com maior patamar de lucros.
Nos exercícios de estresse realizados por Oliver Wyman para o
banco espanhol no ano de 2012 (top-down e posteriormente bottom-up), mais uma vez o Banco Santander demostrou sua solidez
para fazer frente com total solvência os cenários econômicos mais
extremos, sendo a única instituição que melhorou seu índice de
core capital, com um excesso de capital sobre o mínimo exigido
superior aos 25.000 milhões de euros.
Por último, no último exercício de estresse realizado em 2014
pelo Banco Central Europeu, em colaboração com a Autoridade
Bancária Europeia, conforme já citado anteriormente, o Grupo
Santander foi o banco com menor impacto de cenário pessimista
dentre seus concorrentes internacionais, com excesso de capital
de aproximadamente 20.000 milhões de euros sobre o mínimo
exigido. Novamente, esses resultados demonstram que o modelo
de negócios do Grupo Santander permite enfrentar com maior
solidez os cenários mais severos de crise internacional.
Conforme comentado anteriormente, além dos exercícios de estresse regulatórios, o Grupo Santander realiza anualmente, desde
2008, exercícios internos de resistência, dentro de seu processo
de autoavaliação de capital (Pilar II). Em todos eles ficou demonstrada, igualmente, a capacidade do Grupo Santander para fazer
frente aos cenários mais difíceis, tanto em nível global como nas
principais regiões onde o Grupo atua.
RELATÓRIO ANUAL 2014
RELATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS
ANEXO: TRANSPARÊNCIA EDTF
13. Anexo: Transparência EDTF
O Banco Santander vem mantendo tradicionalmente um compromisso claro com a transparência. Por conta disso, tem participado
ativamente no grupo de trabalho Enhanced Disclosure Task Force
(EDTF), promovido pelo Financial Stability Board (FSB), com a
finalidade de melhorar a qualidade e a comparabilidade das
informações de riscos fornecidas ao mercado pelas instituições
financeiras. Diversos estudos que analisaram o grau de adoção
das 32 recomendações elaboradas pelo EDTF em outubro de 2012
destacaram o Santander como uma das instituições que, em nível
mundial, estão na liderança em termos de aplicação prática dessa
iniciativa.
A seguir há uma há uma tabela com a localização das recomendações do EDTF com as informações publicadas pelo Grupo Santander.
Recomendações EDTF
Geral
Governança de
riscos, gestão de
riscos e modelo
de gestão
Capital e ativos
ponderados
pelo risco
Relatório Anual*
1 Índice com informações - riscos
Sumário Executivo
2 Terminologia e medidas de risco
4.1; 6.5; 7.1-7.4; 8.2
3 Principais riscos e emergentes
5
4 Novos índices regulatórios e planos de conformidade
1; 8.3; 12
5 Organização de gestão de riscos, processos e funções
3; 4.2;4.8; 8.2
6 Cultura de riscos e medidas internas
2;4.9
7 Riscos do modelo de negócio, gestão e apetite de risco
4; 12
8 Usos e processo de stress test
1; 4.4-4.5; 6.5; 7.2-7.3; 8.2; 12.3
9 Requisitos mínimos de capital (Pilar I)
12; Pilar III - 5.5
10 Componentes do capital regulatório e conciliação com o balanço
Pilar III - 3.2; 5.5
11 Detalhamento dos movimentos do capital regulatório
Pilar III - 5.5
12 Planejamento de capital
12.3; Pilar III - 5.6
13 Atividades de negócio e ativos ponderados pelo risco
12; Pilar III - 5.5
14 Requisitos de capital por método de cálculo e carteira
Pilar III - 5.5
15 Risco de crédito por carteiras
Pilar III - 5.5; 7.2-7.4
16 Fluxos de ativos ponderados por tipo de risco
Pilar III - 5.5
17 Backtesting de modelos (Pilar III)
Pilar III - 7.7; 7.9; 9.2
Liquidez
18 Necessidades de liquidez, gestão e reserva de liquidez
8.2; 8.3
19 Ativos compromissados e não compromissados
8.3
Financiamento
20 Vencimentos contratuais de ativos, passivos e saldos fora do balanço
8.3
Risco de
Mercado
Risco de crédito
Outros riscos
21 Plano de financiamento da instituição
8.3; 8.4
22 Conciliação do balanço com posições de negociação e não negociação
7.2
23 Fatores significativos de risco de mercado
7.1-7.3
24 Modelo de medição de risco de mercado
4.8; 7.2
25 Técnicas de gestão para medir e avaliar o risco de perda
7.2
26 Perfil de risco de crédito e conciliação da exposição com os itens do o balanço
6.2
27 Políticas para empréstimos com perda de valor e reestruturados
6.2
28 Conciliação do saldo com perda de valor e provisões para perdas com crédito
6.2
29 Risco de contraparte resultante de operações com derivativos
6.4
30 Técnicas de mitigação de risco de crédito
6.5
31 Outros riscos
9; 10; 11
32 Discussão de eventos de risco de domínio público relacionados com outros riscos
9; 10
* Localização das informações mencionadas em nível de capítulo ou itens do presente Relatório Anual. No caso das recomendações de Capital e ativos ponderados pelo risco, também
se encontram relacionadas a itens do Relatório com relevância prudencial (Pilar III).
* Além disso, no mapa de navegação constam as referências cruzadas das informações publicadas pelo Grupo (Relatório Anual, Pilar III, Relatório de Auditoria e Demonstrações Financeiras).
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