15 de Março.pmd - Diocese de Beja
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15 de Março de 2012 15 Março 2012 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Diretor: ALBERTO GERALDES BATISTA Ano LXXXIV – N.º 4147 Nota Semanal PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS Preço 0,50 € c/ IVA Sozinhos em casa A propósito da seca em Portugal Relacionar-se e cultivar a relação António Vitalino, Bispo de Beja Estamos em tempo de Quaresma e a sofrer uma grande seca. Há muitas semanas que a terra não recebe umas pingas de chuva. Os campos e montados estão secos e o gado tem de ser alimentado com rações, o que torna a produção agrícola difícil para a maioria dos agricultores. Já se ouvem pedidos de subsídios da politica agrícola europeia. A ministra já formulou o pedido, segundo alguns um pouco tarde. Não é a primeira vez que isto acontece. Esperemos que a seca não seja tão prolongada e calcinante como em 2005, apesar de presentemente a distribuição da água do Alqueva já chegará a certas partes do território. Mas não teremos outros recursos? Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva. Parece que os crentes não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas. Página 5 “Portugal tem que ganhar Homilia, confiança para superar momento privilegiado a crise” e de grande sentido pastoral António Barreto O sociólogo António Barreto reconhece que para sairmos da crise, a única solução é “ganhar confiança interna e externa e depois investir”. António Barreto foi o primeiro convidado, deste ano, das conferências quaresmais da cidade de Coimbra, subordinadas ao tema “Da crise à Esperança”, que se realizam sempre às quintas-feiras. Depois de ter feito um retrato social do país ao longo de trintas anos, depois da revolução de Abril, o sociólogo reconheceu que “sem investimento não há dinheiro e não há hipótese de ultrapassarmos estas dificuldades”. Ao longo de décadas, Portugal acumulou défices, com quebras acentuadas na indústria, perda da agricultura e das actividades primárias, fazendo face aos baixos salários praticados na Ásia, à entrada dos países de Leste na União Europeia (Polónia e da Checoslováquia), próximas das duas super potências europeias: Alemanha e a França. Tudo isto contribuiu para a situação económica do país que se tem vindo agora a agravar com o desemprego. Página 4 Longevidade: condições e consequências Página 3 “Quaresma uma provocação à cultura contemporânea” João César das Neves Página 4 D. António Marcelino Em cada domingo há milhares de pessoas a participar livremente na celebração da Eucaristia e a ouvir a pregação de quem a ela preside. A maioria dos cristãos não teve outro meio de formação e ainda hoje muitos não têm a senão a homilia de domingo. Quem participa regularmente na Eucaristia, no fim do ano, tem mais de cinquenta momentos privilegiados de alimento e fortalecimento da sua fé. A diversidade das assembleias dominicais constitui, em relação à homilia, uma dificuldade para o presidente. A comunicação tem de ser simples e direta, compreensível e clara, breve e orientada para a vida. Tem de ser um momento de reflexão para os que participam na celebração, não para os ausentes. Tem de ser uma manifestação de vida a realizar-se e uma proposta a dar sentido ao mistério que se celebra e, ao mesmo tempo, ser orientação clara para a vivência cristã da semana que começa. Página 3 Papa Bento XVI “Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda, quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã” “O nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre” “Os católicos não devem ficar calados diante do mal e é de lamentar que alguns prefiram por respeito humano ou mera comodidade adequar-se à mentalidade comum” (Da Mensagem para a Quaresma 2012) Portugal é um país envelhecido, com 128,6 idosos por cada cem jovens. As famílias são mais pequenas, 2,8 pessoas por agregado familiar. O interior está mais desertificado, com os residentes a deslocarem-se para o litoral, concentrando-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Em alguns concelhos, a percentagem de lares constituídos por uma só pessoa ultrapassa os 35%, com maior expressão no interior centro e no Sul, mas também em Lisboa. Os habitantes com 65 ou mais anos constituem 19% da população portuguesa e 1,2 milhões vivem com outras pessoas da mesma idade ou mesmo sós. São 400 964 os que não têm ninguém por perto numa urgência. São idosos os que mais sofrem com o isolamento, cidadãos que têm reformas baixas, cuja única rede de suporte, para muitos, é a segurança social. Ou não têm família ou os familiares vivem longe, mas também estão limitados pelos fracos recursos financeiros. O apoio domiciliário e os centros de dia acabam por ser a melhor resposta para quem quer, e pode, manter a ligação à sua residência. O Alentejo e Lisboa são as duas regiões em que se verificam as percentagens mais elevadas de pessoas com 65 ou mais anos que vivem sós (22%) RELIGIÃO 2 – Notícias de Beja 15 de Março de 2012 À laia de testamento espiritual (8) IV Domingo da Quaresma O mistério de Deus uno e trino Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. É admirável como a revelação deste mistério se encontra patenteada especialmente no IV Evangelho, na Primeira Epístola de S. João, e na Carta aos Hebreus. Os Santos, especialmente os Doutores da Igreja, tiveram a graça de meditar nele e até de o contemplar com a graça divina. Que o Senhor nos conceda graça semelhante, para nossa alegria e sua glorificação, certos de que isso acontecerá quando entrarmos na visão beatífica de Deus face-a-face. Como vimos, a razão humana, no íntimo da sua consciência e pela contemplação da Natureza criada, é capaz de chegar à convicção e mesmo à certeza da existência de um Ser superior, a que chamamos Deus. Mas só pode vislumbrar a Sua essência e a vida graças à Revelação. O que podemos saber de Deus Deus, que nos criou inteligentes e livres, dignou-Se dar-nos a conhecer o mistério da sua essência e vida íntima. Inicialmente, pela revelação registada de forma implícita nas páginas do A.T. Depois, mais claramente por Jesus Cristo, em termos quase familiares, ao alcance de todos os que viessem a acreditar, deixando à Igreja a sua tradução em linguagem teológica. Jesus afirmou repetidamente que era Filho do eterno Pai, sendo com Ele “um só Deus”; por Ele foi enviado à Terra para salvação da Humanidade; uma vez regressado ao Pai, com Ele enviou o Espírito Santo, de Ambos procedente. Assim, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus. Ao despedir-se de nós, quando subiu ao Céu, Jesus o afirmou explicitamente ao instituir o Baptismo “em nome do A reflexão da Igreja sobre o mistério de Deus O mistério de Deus é insondável. Conta-se que Santo Agostinho, quando numa praia meditava nele, viu um rapazinho a deitar com uma concha água do mar num pequeno buraco na areia. Interrogado, o rapazinho respondeu-lhe que era mais fácil encher o buraco com toda a água do mar do que ele entender este mistério. No seu tratado “De Trinitate” sobre este mistério (editado em port. pelas Paulinas, 2007), Santo Agostinho diz-nos que Deus “é” (existe necessariamente), conhece-se a Si mesmo, expressando-o numa “Palavra” (Verbum, Logos e, na linguagem de Jesus, “Filho” em que o Pai Se revê), assegurando a sua unidade essencial por via de amor, a que a revelação chama “Espírito Santo” (espírito quer dizer ósculo de amor, sopro de vida). O Credo de Niceia-Constantinopla Por ocasião da heresia ariana, que negava a divindade de Jesus, a Igreja formulou este mistério, dito da “Santíssima Trindade”, dizendo que “Deus é um só, em três Pes- soas distintas e iguais”. (Note-se que o termo “pessoa”, em latim persona, deve ser correctamente entendido, evitando identificá-lo com “indivíduo” autónomo, o que levaria ao erro de pensar que há três deuses). Em ordem à catequese sobre o mistério de Deus Uno e Trino, o Magistério da Igreja formulou, nos primeiros concílios ecuménicos (séc. IV) o chamado Credo de Niceia-Constantinopla, NicenoConstantinopla com o seguinte esquema: Ano B 18 de Março de 2012 I Leitura 2 Cr 36, 14-16.19-23 No tempo da Quaresma, a leitura do Antigo Testamento vai referindo os vários passos da história da salvação, para melhor nos fazer compreender como toda ela se encaminha para a Páscoa do Senhor, e como Deus salva os homens vindo ao encontro deles, mesmo nos caminhos por eles tão mal andados. Hoje vemos como os pagãos invadiram a Terra Santa, destruíram o templo e levaram cativo o povo para Babilónia, por este povo ter abandonado o Senhor e imitado as acções abomináveis dos pagãos. Mas, por fim, o próprio rei da Babilónia serviu ao Senhor de instrumento de salvação em favor do seu povo, dando-lhe de novo a liberdade e restituindo-o à terra que lhe havia sido tirada. Leitura do Segundo Livro das Crónicas - Creio em um só Deus Pai todo poderoso, criador do Céu e da Terra; - Creio em Jesus Cristo, Filho unigénito de Deus, por Quem tudo foi criado e que pela nossa salvação Se fez Homem, nasceu da Virgem Maria, morreu na cruz, ressuscitou, subiu aos Céus e, na sua glória, virá julgar os vivos e os mortos: - Creio no Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, e nos falou pelos profetas. E também na Igreja Católica; no Baptismo para remissão dos pecados; na ressurreição dos mortos; e na vida do mundo que há de vir. Ao longo da sua vida pública, Jesus Cristo preparou a Igreja, que, ao longo dos séculos, continuaria, com a sua presença e a força do Espírito Santo, a sua obra redentora. A Igreja fá-lo especialmente pela sua catequese e pela liturgia, como veremos. + Manuel Franco Falcão, Texto escrito em Dezembro de 2011 Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada. Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante a indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém, lançaram fo-go aos seus palácios e destruíram todos os objectos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles e de seus filhos, até que se estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar, em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele». Salmo Responsarial Salmo 136 (137) Refrão: Se eu não me lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha língua. II Leitura Ef 2, 4-10 A leitura estabelece o contraste entre a situação de morte em que estávamos por causa das nossas faltas e a salvação que Deus nos oferece em Cristo Jesus. O Mistério Pascal que Jesus realizou passando, pela morte, à vida eterna, vivêmo-lo agora nós, que somos membros de Cristo e com Ele morremos, com Ele ressuscitámos, com Ele subimos para junto do Pai. Leitura da Primeira Epístola de São Paulo aos Efésios Textos pastorais de D. Manuel Falcão Iluminação Teológica (2) Ao olhar a situação concreta da Diocese de Beja, ao presenciar o viver do homem alentejano, surge como luz, força e apelo “o testemunho que o Senhor dá de Si próprio e que S. Lucas recolheu no seu Evangelho - “É preciso que Eu vá anunciar a Boa Nova do Reino de Deus... Foi para isso que fui enviado” (Lc 4, 43) -, continuando nas palavras do profeta Isaías, que Jesus aplica a Si mesmo (Is 61, 1; Lc 4, 18): “O Espírito do Senhor tomou posse de Mim, por isso Me ungiu para levar a Boa Nova aos pobres” (Cf. Ev. Nunt., 6). Tal testemunho constitui o objectivo de toda a acção pastoral da Igreja, tanto universal como local. Numa terra em que os homens anseiam por caminhos de libertação, é-nos grato proclamar que “este Reino e esta Salvação, todos os homens os podem receber por graça e misericórdia; e, no entanto, cada um dos homens deve consquistá-los pela força - “os violentos apoderamse dele”, diz o Senhor (Lc 16,16) -, pelo trabalho e pelo sofrimento, por uma vida em conformidade com o Evangelho, pela renúncia e pela cruz, enfim, pelo espírito das bemaventuranças” (cf. Ev. Nunt., 10). Esta Boa Nova é “a comunicação do Mistério do Deus vivo” (Cat. Trad.), é a revelação e realização do desígnio de salvação manifestado em Jesus Cristo: no Seu Espírito, sermos filhos de Deus, Seus herdeiros, participantes da Sua própria vida, sermos Família de Deus, membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja (cf. Rom 8, 14-17; 4; Ef 1, 22-23). É na Igreja e pela Igreja que a salvação se realiza: na Igreja como comunidade de fiéis, isto é, daqueles que, pela fé, aderiram a Jesus Cristo e n’Ele se tornaram filhos de Deus e participantes da Sua dignidade real, sacerdotal e profética, e pela Igreja como sacramento universal de salvação, com a missão de anunciar o Evangelho que desperta para a fé, santificar os homens e estabelecer o Reino na terra. Quanto mais santa, viva e apostólica for a Igreja-comunidade, tanto mais forte será a acção missionária da Igreja-sacramento-desalvação, pois não se trata de duas realidades distintas, mas de duas dimensões da única Igreja de Jesus Cristo. A acção pastoral deve, pois, orientarse na dupla direcção do aprofundamento da vida de fé, esperança e caridade, pessoal e comunitária dos baptizados mais ou menos eclesialmente inseridos, e da evangelização e iniciação cristã daqueles que, tendo ou não sido admitidos ao baptismo, ainda não acolheram, com um mínimo de consciência, a graça e as exigências da vida cristã . (Do Plano de Acção Pastoral para 1981-86), Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com que nos amou, a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, restituiu-nos à vida com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele nos ressuscitou e com Ele nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos séculos futuros a abundante riqueza da sua graça e da sua bondade para connosco, em Jesus Cristo. De facto, é pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação não vem de vós: é dom de Deus. Não se deve às obras: ninguém se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo, em vista das boas obras que Deus de antemão preparou, como caminho que devemos seguir. Evangelho Jo 3, 4-10 A partir deste IV Domingo as leituras do Evangelho são tiradas de S. João, tanto ao domingo como de semana. Hoje ela fala-nos da futura glorificação de Jesus pela Cruz e Ressurreição. É este o próprio movimento do Mistério Pascal, primeiro em Jesus, depois nos cristãos pela morte à vida, pela Cruz à glória. A Quaresma é também o tempo apropriado para entendermos melhor este caminho providencial de salvação, para depois celebrarmos a Páscoa com mais fé, em acção de graças a Deus e ao Senhor Jesus Cristo. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus. OPINIÃO 15 de Março de 2012 Notícias de Beja – 3 Homilia, momento privilegiado e de grande sentido pastoral O Concílio faz uma especial recomendação em relação à homilia. Considera-a “parte da própria liturgia, pela qual, no decorrer do ano litúrgico, são expostos os mistérios da fé e as normas da vida cristã a partir do texto sagrado, não podendo ser omitida nos domingos e nos dias santos de guarda”. As leis da Igreja reforçam esta orientação e hoje a homilia dominical é um dado adquirido e indiscutível. Compreende-se esta preocupação do Concílio, dado que a história trazia, de bem longe, muitas falhas neste campo. O Concílio Plenário Português (1926) tornou obrigatória, para os párocos, a homilia dominical. Sinal de que muitos a não faziam. Ainda presenciei, na década de trinta, como “menino do coro”, este facto curioso. No momento da homilia, os homens saiam para o adro. A ouvir o padre ficavam as mulheres. Não me recordaria deste quadro singular se não me fosse dado ir à porta da sacristia, a um sinal do padre, tocar uma campainha para chamar, de novo, os homens ao templo… Estes admiravam, por altura da festa, o sermão de um “distinto orador sagrado”, não a pregação vulgar do seu pároco. E, no Seminário, aconteceu assim comigo, fazíamos exercícios de oratória sagrada para aprender a pregar do púlpito, mas não nos ensinavam a catequizar ou a estimular com a Palavra de Deus a fé sincera, mas débil e pouco esclarecida, do povo simples. Em cada domingo há milhares de pessoas a participar livremente na celebração da Eucaristia e a ouvir a pregação de quem a ela preside. A maioria dos cristãos não teve outro meio de formação e ainda hoje muitos não têm a senão a homilia de domingo. Quem participa regularmente na Eucaristia, no fim do ano, tem mais de cinquenta momentos privilegiados de alimento e fortalecimento da sua fé. A diversidade das assembleias dominicais constitui, em relação à homilia, uma dificuldade para o presidente. A comunicação tem de ser simples e direta, compreensível e clara, breve e orientada para a vida. Tem de ser um momento de reflexão para os que participam na celebração, não para os ausentes. Tem de ser uma manifestação de vida a realizar-se e uma proposta a dar sentido ao mistério que se celebra e, ao mesmo tempo, ser orientação clara para a vivência cristã da semana que começa. A seguir ao Concílio verificou-se um cuidado especial na preparação da homilia. Não faltaram padres a prepará-la com a colaboração de um pequeno grupo de paroquianos e a respeitar os pontos orientadores: relação com a Palavra proclamada, com o Mistério que se celebra, com a vida concreta das pessoas e da comunidade. Padres a recorrer a bons comentários bíblicos com a preocupação de melhor captar o sentido da Palavra de Deus, bem como a prestar uma maior atenção aos acontecimentos por todos vividos, a nível local, social e eclesial. Sempre com a preocupação de que o que se prega, seja alimento espiritual para quem prega e para quem escuta. O pregador é o primeiro ouvinte e o povo percebe bem quando assim é. Só ultimamente se tem dado maior espaço ao silêncio depois da pregação. Um casal de velhos e o contentor que os alberga Será tempo vazio sempre que a comunidade não for educada no sentido de perceber o sentido e o valor do silêncio na celebração litúrgica. Vêem-se, cada vez mais, presidentes da celebração a ler a homilia. Pode justificar-se algumas vezes, mas não sempre. A leitura empobrece a comunicação direta com a assembleia, e esta comunicação é um elemento importante na pregação. Em coerência com a eclesiologia conciliar, não cabem na homilia nem saudações, nem distinções especiais. Na Eucaristia não há senão “irmãos”. Se outros, por vezes não crentes, estão por dever de outra ordem, que o que se diz também lhes faça bem. Talvez na despedida e dada a bênção, se lhes possa fazer uma saudação e referência, bem como ao acontecimento que nesse dia lhes impôs uma presença no templo. Quando se aboliram os lugares especiais no templo, tribunas e cadeiras com o nome de quem as usava, ficou bem claro o que queria o Concílio. Nem todos o entenderam assim, e mais se continua a copiar da vida civil do que a dar sugestões que ajudariam esta a corrigir desvios que aí se verificam. António Marcelino Bispo emérito de Aveiro Prefiro dizer velhos. Idosos somos todos. Ser velho marca uma referência no tempo em relação a outros mais novos, mas não só. Os velhos, pelo que já viveram e fizeram, merecem atenção, respeito, defesa, apoio, amor. Os jornais deram-lhes honra de fotografia na primeira página e as televisões falaram deles na abertura dos noticiários mais ouvidos. O senhor José e a senhora Rosa tinham a sua casa modesta, mas era a sua casa. Uma nova autoestrada varreu-a e eles tiveram de ser alojados, de urgência e por dois meses, num contentor. Isto passou-se em 2003. Continuam no contentor. Ambos de canadianas e olhar triste. A empresa faliu, a seguradora discute e negoceia tostões, os responsáveis públicos calam-se. Ora, a expropriação que os desalojou foi a favor do bem público… Se não fossem velhos, isto estaria ainda a acontecer assim? Pobres dos pobres. Os velhos são operados a destempo, outros passam-lhes à frente. Tantas vezes, em lugares que são de todos, gente que deve servir, passa ao seu lado e nem os olha. São velhos. Agora há que dar lugar as novos. Aos mais velhos também se lhes chama “maiores”, por exemplo em Espanha. E a Bíblia chama-lhes “sábios”. Pobre sociedade que não sabe respeitar e apreciar os mais velhos, os deixa morrer na solidão, lhes tira lugar na sociedade que ajudaram a construir… Uma sociedade que despreza os velhos, nunca terá futuro. Quem olha para o senhor José e para a senhora Rosa e os tira do contentor? Quem? A. M. Longevidade: condições e consequências Iniciamos a escrever este texto no dia em que D. Eurico Nogueira – arcebispo emérito de Braga – completa oitenta e nove anos de vida. Nesta ocasião vem-nos à memória outras grandes figuras da (nossa) vida pública que também atingiram uma razoável longevidade... Mesmo que de forma breve como que podemos interrogar-nos sobre o crescente melhoramento da qualidade de vida, sobretudo, se tivermos em conta os longos anos de existência... e a notória velhice – com equilíbrio mental e emocional, com alguma autonomia e sentido de gratidão – de muitos dos intervenientes. Quais os fatores para a longevidade de alguns e a precoce partida de outros... mesmo da própria família? O que é que marca a diferença entre uns e outros, ontem como hoje? Haverá condições endógenas e exógenas para esta distinção? Como tratar condignamente quem viveu agruras na vida e vingou na idade? Como serão os filhos e netos de amanhã, quando agora veem os pais a abandonarem – física, psicológica e até espiritualmente – os seus progenitores? Poderemos esperar idêntica longevidade com tantas preocupações sobre o presente e, sobretudo, o futuro? Diagnóstico... angustiado Esteve, recentemente, em Portugal, um professor catedrático inglês da área da saúde pública, que, dirigindo-se a profissionais da saúde, teceu algumas considerações sobre a diferença de longevidade entre certos países, dentro do próprio país e até na mesma cidade, apontando algumas das causas e perspetivando umas tantas razões. Citamos: - A esperança média de vida de uma mulher no Zimbabwe é de 42 anos e a de uma japonesa é de 80 anos, uma diferença de 42 anos; um queniano morre em média aos 47 anos e um sueco pode chegar aos 82; - Na cidade de Londres a diferença entre o mais rico e o mais pobre dos habitantes é de 17 anos; - O aumento em 1% da taxa de desemprego faz subir em 0,8% a taxa de suicídios e 0,8% a de homicídios... - O desemprego leva ao suicídio e a matar outras pessoas; - As mortes por acidentes de viação descem 1,4%, circula-se menos porque há menos dinheiro para a gasolina; - As maiores taxas de fumadores encontram-se entre os mais pobres e esta é uma causa objectiva que está na origem de maior doença, o cancro do pulmão. Este mesmo especialista sugere caminhos ou áreas principais que podem e devem ser objecto de acção política tendentes a esbater estas diferenças: o desenvolvimento infantil, a educação e formação ao longo da vida, as condições de emprego, o rendimento, a existência de locais saudáveis e sustentáveis na comunidade e o combate a factores como o tabagismo, o consumo de álcool, a obesidade... Situação dos mais velhos... ao nível nacional Entretanto, segundo dados da Guarda nacional republicana, há vinte e um mil velhos a viver sozinhos ou isolados, em Portugal. Estes dados foram recolhidos pela ‘operação censos senior’, que decorreu, no âmbito daquela guarda até final do mês de Fevereiro terminado. Do ano passado para este ano aumentaram os casos de velhos isolados ou sozinhos em mais de sete mil situações. Os distritos onde se verificaram mais casos foram: Bragança (2.442), Santarém (2.131), Évora (2.037), Guarda (1.912), Castelo Branco (1.810) e Viseu (1.897)... portanto, localidades do interior e em acentuada desertificação humana. Embora possamos estar diante de muitas pessoas com grande longevidade, vemo-las confrontadas com um razoável abandono familiar, social, político e (talvez) religioso. Cresce, deste modo, a necessidade em refletir sobre o futuro que estamos a dar aos nossos mais velhos... que amanhã seremos, razoavelmente, nós. Prognóstico... reservado Se o diagnóstico era angustiado, o prognóstico é muito reservado da saúde psicológica deste país e, talvez seja sem nos darmos conta, se apresente com um futuro muito sombrio... na contagem dos dias que passam. - Nem as tentativas de serem criadas condições para que os velhos vivam em lares – nalguns casos serão quase um eufemismo para o conceito dos asilos de outrora! – confortáveis e com as condições mínimas de sobrevivência... podem aligeirar as famílias a sua responsabilidade para com os seus ascendentes nem eximi-las das regras mais básicas da gratidão. - Num tempo em que a longevidade – pelos mais elementares cuidados para com os ‘nossos’ velhos – vai ganhando foro de cidadania e por consequência de novas regras de vida, urge acompanhar esta nova etapa da evolução da sociedade com critérios onde a pessoa toda seja tida em conta e não só a dimensão físico-biológica, mas também as vertentes de índole psicológico, moral e espiritual. - Torna-se fundamental dar aos mais velhos – pois também nós, se Deus quiser, para lá iremos – uma envolvência divina com gestos, palavras e sinais, que traduzam Deus presente, aconchegando-os e acolhendo-os não na mortalha fúnebre, mas na ternura do Pai por Jesus Jesus Cristo no Espírito Santo. António Sílvio Couto SOCIEDADE 4 – Notícias de Beja Registado Quaresma - uma provocação à cultura contemporânea A Quaresma é a maior provocação que a Igreja católica faz à cultura contemporânea. É verdade que a defesa da virgindade e da temperança, a insistência na humildade e caridade, a manifestação da hierarquia e obediência são traços católicos incompreensíveis hoje em dia, até por muitos cristãos. Mas o jejum, oração e esmola da Quaresma, além de incorporarem tudo isso, têm uma serenidade e inevitabilidade, uma presença e dignidade ainda mais chocantes. A era que gosta de celebrar o Natal e transformou a festa de Todos-os-Santos no Halloween, não sabe o que fazer da Quaresma. É verdade que esta época também não entende a Páscoa. Ao Natal conseguiu reduzi-lo a cromo colorido, festa da família e solidariedade, mas a Páscoa simplesmente desapareceu. O único rasto que permanece é o spring break, que as legendas dos filmes insistem em chamar “férias da Páscoa” e que constitui uma espécie de visita de estudo, mas sem estudo, só com festas e bebedeiras. O imperador Adriano construiu um templo de Vénus em cima do Santo Sepulcro. A cultura moderna põe uma orgia sobre a Páscoa. Além de ter eliminado do calendário, o mundo não entende a lógica da Páscoa. Como classificou Jesus entre os mestres espirituais, perdeu todo o sentido da Paixão. É verdade que ainda lhe aprecia o dramatismo cinematográfico e valoriza a nobreza do sacrifício inocente. Mas, considerando-o ao níve de Spartacus ou Sócrates, não percebe porque insistimos em celebrá-lo todos os anos. Acima de tudo não compreende a nossa sofreguidão com a Páscoa, como se fôssemos esfomeados diante de um banquete. Sem entender que é disso mesmo que se trata. Mas, mesmo se entendesse a Páscoa, a mentalidade contemporânea não conseguiria aceitar a Quaresma. Se pudesse admitir que a morte e ressurreição de Cristo nos abriu as portas do Céu, não iria compreender quarenta dias de penitência para poder entrar nas portas já abertas. Porque mesmo que aceitasse a divindade de Cristo, nunca conseguiria vislumbrar a humanidade de Cristo. João César das Neves, Economista Professor da Universidade Católica “A Ordem”, 08.03.2012 Teóloga Isabel Varanda preside a simpósio em Fátima “O Deus de Jesus Cristo está ao abandono pelos cristãos” “O Deus de Jesus Cristo está ao abandono; abandonado pelo mundo e abandonado pela sua família mais chegada: os cristãos. A própria Igreja de Jesus Cristo dá a ideia, muitas vezes e de muitos modos, de ter Deus ao abandono, gastando as suas energias supostamente com as coisas de Deus, mas esquecendo Deus”, afirma Isabel Varanda, teóloga, docente e investigadora da Faculdade de Teologia-Braga, em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima. A docente foi escolhida para presidir à organização do simpósio teológico-pastoral agendado para o próximo mês de Junho, em Fátima, que vai debater a pergunta dirigida aos pastorinhos há 95 anos “Quereis oferecer-vos a Deus?”. Instada a responder se aquela chegará às gerações mais jovens, Isabel Varanda considera que “corre o risco de ficar sem resposta num tempo de desapego, de esquecimento e de abandono de Deus”. Aliás, completando a ideia acima, a investigadora refere considerar “que a Igreja de Jesus Cristo está num processo de secularização de si mesma. Esta secularização da Igreja, sendo extraordinária fonte de dinamismo e de incarnação, pode levar à diluição da identidade da Igreja de Jesus Cristo, por não ser suficientemente cuidadora do seu fundamento e por não estar suficientemente atenta à possibilidade atrofia da sua simensão celeste e escatológica”. Quanto aos objectivos para o simpósio, que vai decorrer de 15 a 17 de Junho, a responsável pela sua organização indica esperar que seja “mais uma ocasião de convergência das atenções para Fátima, onde se reza, se canta, se chora, se suplica em celebrações contínuas de fé, mas também onde se desenvolve uma importante vertente de investigação antropológica, de rigoroso aprofundamento da mensagem de Fátima e de leitura contemporânea dos acontecimentos que há quase um século revelaram um céu novo sobre a Cova da Iria”. 15 de Março de 2012 Portugal tem que ganhar confiança para superar a crise O sociólogo António Barreto reconhece que para sairmos da crise, a única solução é “ganhar confiança interna e externa e depois investir”. António Barreto foi o primeiro convidado, deste ano, das conferências quaresmais da cidade de Coimbra, subordinadas ao tema “Da crise à Esperança”, que se realizam sempre às quintas-feiras. Depois de ter feito um retrato social do país ao longo de trintas anos, depois da revolução de Abril, o sociólogo reconheceu que “sem investimento não há dinheiro e não há hipótese de ultrapassarmos estas dificuldades”. Ao longo de décadas, Portugal acumulou défices, com quebras acentuadas na indústria, perda da agricultura e das actividades primárias, fazendo face aos baixos salários praticados na Ásia, à entrada dos países de Leste na União Europeia (Polónia e da Checoslováquia), próximas das duas super potências europeias: Alemanha e a França. Tudo isto contribuiu para a situação económica do país que se tem vindo agora a agravar com o desemprego. O sociólogo António Barreto concorda com o Presidente da República. Os números do desemprego “assustam” e é necessário investir para combater o flagelo. “Portugal nunca teve nada que se parecesse com uma dimensão destas, faz lembrar o que se pensava que era só em Espanha que se chegava aos 17% e aos 20%”, disse o antigo ministro, no Salão Polivalente da igreja de S. José, em Coimbra. O problema do desemprego “transformou-se na questão central do tempo que vivemos” e, para inverter a tendência, é preciso investir, reforçou. Para haver dinheiro para investir, frisa Barreto, “é preciso confiança e fazer o que é necessário durante um ano, dois anos, três anos, metodicamente, para ganharmos novamente a confiança dos investidores nacionais, internacionais, privados e públicos”. Para António Barreto, em Portugal, “foi tudo muito rápido de mais”. “Fizemos uma revolução, não vivemos nenhuma guerra civil e ao longo de trinta anos, vivemos uma autêntica euforia. No meu tempo de universidade, aqui em Coimbra, éramos quatro mil, hoje são 400 mil os estudantes, hoje temos muitos mais reformados, pensionistas, etc.” sem que calculássemos os prós e os contras. “As coisas não foram sustentadas, não tiveram em conta uma base de ética de trabalho e de responsabilidade”, sustentou perante um auditório cheio. “E isto demora décadas e anos a trabalhar”, rematou. “Demos conta há cinco anos que isto era muito mais frágil que aquilo que julgávamos. E demos conta que o Estado devia milhões… Fui condenado por todos os políticos quando defendi uma auditoria às contas portuguesas, mas no entanto, a troika veio pedir contas a Portugal. Foi assim que descobrimos o enorme buraco na Madeira”, realçou o antigo governante. No que consiste ao estado social, António Barreto não tem ilusões, vamos ter propinas mais caras, taxas moderadoras mais caras e passes mais carros… não há alternativa afirmou o conferencista ao afirmar que “se não pouparmos aí, onde vamos poupar?”. Mas, o sociólogo, advertiu, que não deve ser negado a assistência aos mais pobres, devem existir mecanismos que evitem a humilhação e favoreça a dignidade humana. Por fim, o sociólogo, defendeu uma maior intervenção dos cidadãos na acção social, naquilo que a Igreja faz tão bem, que é visitar os doentes e os presos aos domingos. “Devemos todos contribuir para uma sociedade mais humanizada”, mas para isso, os políticos também “devem rectificar as políticas” para se evitarem desequilíbrios. Miguel Cotrim “Correio de Coimbra”, 08.03.2012 Capela Árvore da Vida venceu prémio internacional de arquitetura “Um facto notório” e “uma referência no panorama das coisas muito boas que se vêm fazendo no contexto da arquitetura religiosa na Arquidiocese de Braga e em Portugal”. É assim que reage o cónego Joaquim Félix de Carvalho ao facto de a Capela Árvore da Vida - um espaço de oração criada no “coração” da comunidade do Seminário Conciliar de Braga - ter sido eleita como ícone internacional de arquitetura pelo site “ArchDaily” (www. archdaily. com), um dos mais visitados da especialidade. DIOCESE 15 de Março de 2012 Nota Semanal A propósito da seca em Portugal Relacionar-se e cultivar a relação Estamos em tempo de Quaresma e a sofrer uma grande seca. Há muitas semanas que a terra não recebe umas pingas de chuva. Os campos e montados estão secos e o gado tem de ser alimentado com rações, o que torna a produção agrícola difícil para a maioria dos agricultores. Já se ouvem pedidos de subsídios da politica agrícola europeia. A ministra já formulou o pedido, segundo alguns um pouco tarde. Não é a primeira vez que isto acontece. Esperemos que a seca não seja tão prolongada e calcinante como em 2005, apesar de presentemente a distribuição da água do Alqueva já chegue a certas partes do território. Mas não teremos outros recursos? Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva. Parece que os crentes não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas. Afinal as recomendações de Jesus no evangelho e de Nossa Senhora aos pastorinhos de Fátima, pedindo oração e sacrifícios pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo não encontram eco nos nossos ouvidos. Os europeus não querem Deus e muito menos o Deus revelado em Jesus Cristo, nem na Constituição europeia nem nos seus hábitos e comportamentos. Mas tudo dependerá apenas da natureza e do acaso, ou haverá a possibilidade de alguma intervenção divina no percurso da nossa história? 1. Pedi e dar-se-vos-á, batei e abrirse-vos-á Jesus no Evangelho recomendanos para bater à porta e pedir. Ele mesmo disso deu exemplo em relação ao Pai e, instado pelos discípulos, ensinou-lhes o Pai Nosso como modelo de oração (Lc 11, 1 ss). Depois de na primeira parte se invocar e louvar a Deus e o seu Reino, na segunda parte fala-se da nossa relação com este mundo e os nossos semelhantes. Começase logo por pedir o pão nosso de cada dia, o pão para todos e não apenas para mim, para que todos possamos viver dignamente. Mas não basta repetir as palavras. É preciso rezá-las, com frequência e intensamente. Este pão não cai do céu, mas sem a bênção do alto não se multiplica, de modo a chegar para todos. A chuva é também uma expressão dessa bênção. Algumas pessoas ainda falam da ajuda de S. Pedro, mas parece que com pouca convicção. Quem tem fé e acredita em Deus como nos foi dado a conhecer por Jesus Cristo, não pode ficar mudo perante as necessidades dos seus irmãos. Embora o primeiro efeito da oração seja conformar a nossa vontade com a de Deus e adquirir uma confiança profunda no poder de Deus e com isso despertar energias e capacidades adormecidas, para enfrentar com serenidade as dificuldades e sofrimentos da vida. Isto não é resignação, mas reforço da capacidade de superação dos obstáculos. 2. Tudo posso naquele que me conforta A oração cristã transforma a nossa vida e contribui para fortalecer a esperança própria e das pessoas com quem vivemos. Na vida de Jesus constatamos que ele se recolhia e rezava até suar sangue nos momentos mais importantes e difíceis da vida. Antes de ser preso no horto das oliveiras ela rezava ao Pai, dizendo: Pai, se é possível, afasta de mim este cálice. No entanto não se faça a minha vontade, mas a tua (Lc 22, 42). Logo a seguir ele vai ao encontro dos inimigos e, sem resistência, entregase. Todos ficam surpreendidos com a sua coragem e decisão. E S. Paulo, depois de muitas tribulações e perigos, escreve: tudo posso naquele que me conforta (2 Cor 1, 4 ss). E ainda: Deus vem em auxílio da nossa fraqueza (Rom 8, 28). Outros testemunhos de pessoas do nosso tempo poderíamos aqui aduzir, por exemplo, o de S. Maximiliano Kolbe, que nos campos de concentração nazi se entrega à morte para salvar um pai de família das câmaras de gás. Os cristãos recebem os dons da fé, da esperança e da caridade para serem testemunhas credíveis diante dos homens, num tempo em que a humanidade parece desnorteada e sem esperança. Somos chamados e enviados a anunciar a boa nova, a consolar os tristes, a fortalecer os desanimados, pois sabemos em quem pusemos a nossa esperança. Mas este serviço ou ministério não o conseguiremos desempenhar, se não abrirmos o nosso coração e a nossa boca num diálogo de amor, de amizade e de confiança em Deus. Isto é oração, história de amizade com Deus, como diz Santa Teresa de Jesus. Sem oração não conseguiremos desempenhar a nossa missão e também nós próprios desanimaremos. A Quaresma é também tempo propício para, no silêncio do nosso quarto, sem televisão ou internet, exercitarmos este diálogo. Continuação de santa Quaresma. † António Vitalino, Bispo de Beja Notícias de Beja – 5 Adoração na igreja de Santa Maria, em Beja Sempre para Ti, Senhor Mais uma vez os meus passos me levaram à Igreja de Santa Maria em Beja no sábado à noite. Mais uma vez a emoção das noites de Adoração invadiu de fé e ternura o meu coração. As emoções estiveram ao rubro. Foi uma entrega completa e sincera que cada um de nós, à sua maneira, fez ao Senhor Jesus. E os meus passos caminharam para Ti Senhor. Os sorrisos, as lágrimas, o prazer de estar ali nesta noite elevaram as nossas preces a Deus. Fez-se silêncio, a oração encheu o coração de todos de esperança e confiança em Deus, as vozes elevaram-se em cânticos de súplica e fé. Estamos na Quaresma, tempo de fazer silêncio. Tempo de reflexão, oração e mudança. Tempo de agradecer. E eu agradeço-Te por tudo o que me deste Senhor. Agradeço-Te Senhor pela Família que me deste e que me ama. Agradeço-Te Senhor pelos Amigos que estão sempre presentes, pelos amores e desamores que me dão força. Pelas crianças que me fazem olhar os outros de maneira dife- rente. Pela vontade de partilhar e de abraçar o mundo. Agradeço-Te Senhor pelo sol que aquece o meu sorriso, pelos campos verdes salpicados de flores coloridas e me dão vida, pelo chilrear dos passarinhos que me encanta, pela chuva calma que me acalma, pela brisa suave da tarde, pelas estrelas que brilham por aí… e me fazem sonhar. Agradeço-te Senhor pela amizade dos Irmãozinhos que um dia encontrei e descobri. Recordo há muitos anos atrás que, pela mão da minha Mãe e da minha Professora Primária, os meus passos me levaram a Ti Senhor. E eu fiquei. Recordo a minha juventude contigo. E eu gostei. Sinto os Teus passos a guiar os meus. E sou feliz. Senhor, hoje peço-Te, nunca me deixes só. Bem hajam os Irmãozinhos de S. Francisco de Assis por mais uma noite repleta de oração e luz. A vossa muito amiga Ju Queluz, 07 de Março de 2012 Ultreia Regional em Mértola O P. Marques de Sousa, Pároco do Concelho de Mértola, nem queria acreditar. Tinha posto na sala pouco mais de 20 cadeiras e somaram 52 cursistas vindos de S. André, Santiago do Cacém, Porto Covo, Grândola, S. Domingos da Serra, Minas do Lousal, Almodôvar, Beja, Cuba, Mina de S. Domingos e da Paróquia anfitriã. Foi no dia 6 do corrente mês de Março. A Presidente do Secretariado, Maria Adélia Ferreira, congratulouse com tão grande assembleia. A Reitora, Isabel Valente e a cursista local Sebastiana Romana, a abrir, fizeram uma evocação feliz e criativa do Evangelho do 3º Domingo da Quaresma, Ano B, a expressão dos vendilhões do templo. Depois da intervenção do casal José e Fernanda Grosso, partilhando o seu itinerário familiar em tempo de prova à luz da fé, foi a vez de outras pinceladas de luz e sombra nesta pintura diária que é a vida do cristão.. A leitura dos acontecimentos, a avaliação dos factos, as saídas encontradas, a paz experimentada são sinais de excelência da presença do terceiro discípulo de Emaús no nosso próprio peregrinar. A intervenção e a ressonância do P. Marques de Sousa com ecos da sua experiência missionária em Angola no tempo da guerra, calou bem fundo em todos os presentes. Para finalizar, o P. Aparício sublinhou o novo sacrifício que Jesus veio inaugurar com a doação da própria vida e da sua presença amorosa e providente na história de todos e de cada um. O ágape final prolongou e acentuou o grito ultreia, mais além de Mértola, para levarmos o Evangelho a todo o Alentejo. A. Aparício PATRIMÓNIO 6 – Notícias de Beja PEDRA ANGULAR 15 de Março de 2012 PÁGINA DO DEPARTAMENTO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA Festival Terras Sem Sombra 2012 apresentado no CCB Música com aromas, sabores e história A Comissão Organizadora e o Conselho de Curadores do Festival deram a conhecer, em Lisboa, no dia 14, a programação que se vai estender de Março a Julho. O Teatro Nacional de São Carlos colabora activamente, assegurando a coprodução de três concertos. Arranca a 24 de Março, em Sines, o primeiro de seis concertos itinerantes do 8.º Festival Terras Sem Sombra de Música Sacra. Este projecto, realizado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja em parceria com as câmaras municipais dos concelhos que ele percorre, temse vindo a evidenciar como o mais importante, no género, ao nível nacional. Uma ideia nascida em 2003 para imprimir nova vida aos monumentos religiosos do Alentejo, que conta também com o empenhamento de empresas, dos serviços regionais do turismo, da Secretaria de Estado da Cultura e do Teatro Nacional de São Carlos – sem esquecer as “forças vivas” do território, incluindo as famílias que abrem as suas casas (entre as quais alguns dos mais belos solares e palácios alentejanos) para acolher tanto artistas como espectadores. À igreja matriz de Sines – paredesmeias com o castelo onde terá nascido Vasco da Gama – aflui um elenco composto por figuras maiores da ópera europeia, com destaque para a soprano María Bayo, a mezzosoprano Maria José Montiel, o tenor Alexandre Guerrero e o barítono Damián del Castillo. Juntam-se-lhes os pianistas Marta Zabaleta e Miguel Borges Coelho e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, sob a direcção do Giovanni Andreoli (também maestro da Arena de Verona), para uma execução integral da impar Petite Messe Solennelle, de Rossini. Nos meses seguintes, até Julho, seguir-se-ão Almodôvar, Beja, Grândola, Vila de Frades e Castro Verde. Sempre com a presença de nomes de peso – e sempre em igrejas históricas, de grande beleza e excelentes condições acústicas. Na edição de 2012, o fio condutor do Festival é a voz, adoptando como mote a célebre expressão de Santo Agostinho – “Com Voz Suave e Bem Modulada” – que, segundo Paolo Pinamonti, director artístico do Terras sem Sombra, “desencadeou uma ampla reflexão sobre o valor do canto, os efeitos da música e os prazeres que esta produz na alma do homem”. Desde os primórdios da música que o acto de cantar assume uma dimensão mágica, vital, que encontraria precisamente no âmbito religioso um campo de expressão privilegiado. O programa pensado por Pinamonti revela alguns dos FESTIVAL TERRAS SEM SOMBRA DE MÚSICA SACRA 2012 PROGRAMA 24 Março | 21H30 Sines Igreja Matriz Petite Messe Solennelle GIOACHINO ROSSINI Soprano María Bayo Contralto María José Montiel Tenor Alexandre Guerrero Barítono Damián del Castillo Pianos Marta Zabaleta/Miguel Borges Coelho Harmónio Kodo Yamagishi Direcção musical Giovanni Andreoli Coro do Teatro Nacional de São Carlos A soprano María Bayo, uma das maiores cantoras líricas da actualidade A mezzosoprano María José Montiel, figura cimeira da ópera europeia seus aspectos mais intensos e mais sugestivos, da polifonia do Renascimento à “opera seria” italiana e à vanguarda artística actual. Estabelecer pontes entre as grandes páginas da música do passado e a criação contemporânea é uma prioridade. Quando se comemoram os 250 anos do nascimento de Marcos Portugal, o FTSS prossegue, a 14 de Abril, com um concerto de homenagem ao insigne compositor. As surpresas continuam nos responsórios místicos de Gesualdo da Venosa, a 5 de Maio (Grândola). Esta edição promete ainda mais, anunciando já a presença de estreias muito significativas em Portugal – o Coro Filarmónico da Câmara da Estónia, a 19 de Maio (Vila de Frades), e a interpretação, por Luís Miguel Cintra, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida por João Paulo Santos, de Guzmán el Bueno, do espanhol Tomás de Iriarte, a 9 de Junho (Beja). Não menos empolgante será o concerto de encerramento: a primeira audição contemporânea, a 23 deste mês, na Basílica Real de Castro Verde, de uma oratória sacra de Gaetano Pugnani – La Betulia Liberata, dedicada pelo autor à rainha D. Maria I. Trata-se de uma estreia mundial nos tempos modernos, que põe em evidência o esforço feito pelo festival para recuperar o património musicológico italiano e português, neste caso um manuscrito da Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda. Os cenários dos concertos são as “terras sem sombra do Alentejo”, onde, como assinala José António Falcão, director do Departamento do Património da Diocese de Beja e responsável pela organização deste ciclo de eventos, “estão os locais ideais para democratizar a música erudita numa comunhão com o património religioso e a natureza; a música é a chave-mestra, mas, a par dela, o festival explora todo o potencial da região – gastronomia, arte, biodiversidade –, promovendoo dentro e fora das nossas fronteiras”. E salienta: “já temos lugar firme no circuito dos festivais europeus de música sacra, mas agora há que saber tirar o máximo partido deste passaporte para se conhecer muito do que Portugal possui de melhor para partilhar.” Algo de que o FTSS já deu largas provas, levando a que a entidade turística regional lhe atribuísse, em 2011, o Prémio Turismo do Alentejo para o melhor evento da região. A aposta do FTSS num programa de salvaguarda da biodiversidade que corre em paralelo aos concertos marcou, cedo, a diferença, tornandoo um conceito pioneiro, de certo modo único, ao nível internacional, como já reconheceram organismos de referência da área, entre eles o World Wildlife Found. Neste ano serão desenvolvidas acções-piloto de sensibilização ambiental, incluindo temas como a defesa da vida selvagem na costa alentejana, a preservação do saramugo, espécie endémica da bacia do Guadiana e uma das mais ameaçadas da Península Ibérica, a recente nomeação do Sobreiro como Árvore Símbolo Nacional e a candidatura do montado de sobro a Património da Humanidade em 2013. Um festival de causas, em que a música se cruza com os aromas, os sabores e a história do Alentejo, um dos territórios mais preservados, na sua cultura e na sua paisagem, de toda a Europa. 14 Abril | 21H30 Almodôvar Igreja Matriz Luz da Luz DOMENICO CIMAROSA, MARCOS PORTUGAL Coro da Universidade de Aveiro Direcção musical António Vassalo Lourenço Orquestra Filarmonia das Beiras 21 Abril | 17H00 Beja Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres Cum liquida voce et convenientissima modulatione Conferência por Rui Vieira Nery (Universidade de Évora) 5 Maio | 21H30 Grândola Igreja Matriz Do Instante ao Infinito ARVO PÄRT, WOLFGANG RIHM, SALVATORE SCIARRINO Direcção musical Paolo da Col Ensemble Odechaton 19 Maio | 21H30 Vila de Frades (Vidigueira) Igreja Matriz Vésperas SERGUEI RACHMANINOV Direcção musical Daniel Reuss Coro Filarmónico de Câmara da Estónia 9 Junho | 21H30 Beja Castelo Ó Nobre Liberdade! ARNOLD SCHÖNBERG, TOMÁS DE IRIARTE Voz recitante Luís Miguel Cintra Direcção musical/piano João Paulo Santos Orquestra Sinfónica Portuguesa 23 Junho | 21H30 Castro Verde Basílica Real La Betulia liberata GAETANO PUGNANI Giuditta Raquel Alão Ozia Carmen Romeu Achior Mikeldi Atxalandabaso Amital Marifé Nogales Cabri Mário João Alves Carmi Luís Rodrigues Direcção musical Donato Renzetti Orquestra Sinfónica Portuguesa Julho | 18H00 Entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra Grândola Ermida de Nossa Senhora da Penha REGIONAL 15 de Março de 2012 Notícias de Beja – 7 Comemorações Escutistas em Beja Arciprestado de Moura - Quaresma 2012 84 anos de Escutismo 60.º aniversário da nomeação da 1.ª Junta regional de Beja No passado domingo, dia 4 de março, cerca de 300 escuteiros da Região de Beja do CNE, Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português, reuniram-se na cidade de Beja, para comemorar duas datas importantes da sua história. Em março de 1928, no antigo seminário de Serpa, o jovem Padre Abel Varzim fundou o primeiro grupo de escuteiros católicos da Região de Beja e do Alentejo, o Grupo de Escuteiros nº 38 do qual ele próprio foi chefe. Passaram 84 anos. Em março de 1952, D. José do Patrocínio Dias, Bispo de Beja, nomeou a primeira Junta Regional de Beja e passaram 60 anos. As comemorações destas duas efemérides iniciaram-se com a abertura de uma pequena exposição nos claustros do Seminário e com um desfile pelas ruas da cidade até à Sé catedral. Pelas 11 horas, o senhor D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja, com uma breve oração, deu início ao desfile que acompanhou a pé, tendo presidido, depois, à missa de ação de graças. À homilia, incitou os presentes, nomeadamente os escuteiros à escuta atenta da Palavra de Deus e à prática da caridade; recordou os valores do Escutismo e apelou a sua vivência. No final da celebração, o senhor bispo congratulou-se com a reativação formal do Agrupamento nº 641 de Beja e entregou louvores regionais a dirigentes que se têm distinguido pela sua dedicação ao movimento e condecorações a uma pioneira e a uma caminheira pelo seu empenho e vivência da vida escutista. Após o almoço, os lobitos e os exploradores dirigiram-se à sede da Cáritas Diocesana, para entregar o produto da sua Boa Ação (B.A.) coletiva: recolha de livros e brinquedos (lobitos), de alimentos e produtos de higiene (exploradores). Um outro grupo de exploradores esteve na Mansão de S. José de visita às idosas. Entretanto, dois grupos de pioneiros dirigiram-se para locais diferentes: um para a Rua da Lavoura a fim de iniciar a caiação de um muro e outro para um jardim perto das Portas de Mértola com o mesmo objetivo. A Câmara Municipal de Beja forneceu os materiais e eles deram a mão de obra, e a sua boa vontade. No circuito de manutenção e no parque das merendas, um outro grupo de exploradores procedeu à sua limpeza recolhendo lixo. Se um dos deveres do escuteiro é praticar diariamente uma Boa Ação, foi muito gratificante a realização destas Boas Ações coletivas, procurando sempre “deixar o Mundo um pouco melhor”. Pelas 17 horas, concentrados em formatura no Seminário, foi a despedida. O Senhor bispo esteve presente também na hora do adeus. Sentiram os escuteiros com esta presença a confiança e a esperança que neles a Igreja de Beja deposita. Com a comemoração destas datas, a que se associaram antigos dirigentes do Agrupamento nº 129 de Beja, de outros Agrupamentos e das Guias de Portugal, bem como antigos escuteiros de vários pontos da Região, pretendem os responsáveis que seja “uma página de esperança no futuro, para as crianças e para os jovens de hoje, e um voto de confiança e de gratidão para todos aqueles que trabalharam e continuam a trabalhar neste movimento”. Corações ao alto! A experiência pascal de Marcos! Manhã de formação/Reflexão Centro Paroquial de Moura 17.03.2012 - 10h00 Diácono Paulo Godinho Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras Cardio Luxor Avenida da República, 101, 2.º A-C-D Lisboa - Tel.: 217 993 338 SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA António Mendonça Chefe Regional de Beja Coreanos na base de Beja A Base Aérea n.º 11, em Beja, pode vir a alojar uma escola de pilotos militares sul-coreanos. O Ministério da defesa já confirmou a existência de conversações com as autoridades de Seul. A Coreia do Sul pretende construir em Portugal um centro de formação para pilotos para o avião a jato supersónico T-50, produzido pela Indústria Aeroespacial Coreana (KAI). Uma fonte do Ministério da Defesa sul-coreano revelou que as negociações com o Governo português se iniciaram em 2011 e visam criar condições para formar, durante três décadas, 200 alunos por ano, num investimento total de 202 milhões de euros. o major Paulo Mineiro, do gabinete Sinos Órgãos Clássicos Viscount | Rodgers | Roland Relógios de Torre Lampadários Electrónicos de Madeira e Metal Máquinas de contagem de Dinheiro Fabricantes e distribuidores em exclusividade para Portugal e Espanha de comunicação da Força Aérea Portuguesa (FAP), disse que numa primeira fase a FAP desempenhou o “papel de facilitador”, ao receber os militares asiáticos, acompanhando-os no terreno. No entanto, neste momento, o assunto está a ser discutido ao nível dos ministérios da Defesa e da Economia. O Ministério da Defesa português já confirmou os contactos e várias visitas de militares sul-coreanos quer à cidade, quer à BA11. A instalação deste equipamento em Beja trará para a região cerca de três centenas de famílias, o que representará um impacto positivo na economia local. CD “AVE MUNDI GLORIA” vai ser apresentado em Concerto em Aljustrel O CD “Ave Mundi Gloria”, gravado pelo Coro do Carmo de Beja para a vinda do Papa a Portugal e galardoado com o Prémio Kerygma 2010, vai ser apresentado na Igreja Matriz de Aljustrel no próximo sábado, dia 17 de Março às 21h. Este Concerto do Coro do Carmo, que se insere nas festas locais em honra de Nª Sª das Dores, terá a participação do Grupo de Metais da Banda de Aljustrel (que participou na gravação do CD) e conta ainda com a colaboração da cantora lírica Ângela Silva e de alguns instrumentistas que trabalham habitualmente com o Coro. A. Cartageno Rua Cidade do Porto - Ferreiros - 4705-084 Braga Telefone 253 605 770 | Fax 253 605 779 www.jeronimobraga.com.pt | [email protected] 15 Março P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Director: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Telef. 284 322 268 / Fax: 284 322 386 E-mail: [email protected] http://www.diocese-beja.pt Assinatura 27 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2012 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 15 de Março de 2012 Ditos e Feitos Registado Deste Mundo e do Outro Estudo sobre o aborto 1. Desde 2007 realizaram-se em Portugal mais de 80 mil abortos legais “por opção da mulher”; 2. A reincidência do aborto tem vindo a aumentar consideravelmente. Em 2010, houve 4600 repetições de aborto, das quais mil representaram duas ou mais repetições; 3. As complicações do aborto legal para a mulher têm vindo a aumentar todos os anos, registando-se mesmo uma morte em 2010 (facto que não acontecia desde 1994); 4. A intensidade do aborto é maior nas mulheres mais instruídas, com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos; 5. Desde o primeiro ano da implementação da lei houve um aumento de 30% no número de abortos por ano (15 mil no primeiro ano e 19 mil nos últimos anos); 6. Desde os anos 80, Portugal acumula um défice de 1.200.000 nascimentos, necessários para assegurar a renovação das gerações e a sustentabilidade do País. Desde 2010 que esse défice não é compensado pela emigração. 7. Os dados do aborto fornecidos pela Direcção Geral de Saúde têm vindo a perder transparência e rigor: não há relatórios semestrais desde 2009 e a informação contida nos relatórios é menor desde 2007. Governo saúda Igreja por trabalho na área da saúde mental O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde elogiou o contributo dos institutos hospitalares no tratamento de doentes de foro mental, reconhecendo que o Governo deve colaborar “melhor” com estas instâncias católicas. “Nós necessitamos muito dos institutos hospitaleiros e estamos cientes de que, de alguma forma, nunca fomos capazes de estabelecer a melhor cooperação”, referiu Fernando Leal da Costa, durante a abertura do 11.º Congresso Nacional de Psiquiatria São João de Deus, em Lisboa. Com o tema “Qualidade sem Saúde Mental - Cuidar com Saber e Humanidade”, esta iniciativa conta com a organização das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus em parceria com a Ordem Hospitaleira de São João de Deus, duas instituições religiosas que, segundo este representante do Governo, prestam um contributo “primordial”, sobretudo num momento em que “a saúde mental dos portugueses está a ser condicionada por um conjunto de problemas sociais”. Organizações católicas e sindicatos por um “domingo sem trabalho” Organizações católicas e sindicais da Europa estão a mobilizar-se pelo fim das actividades produtivas e profissionais neste dia da semana, promovendo várias acções de rua. “Nestes tempos de crise económica e financeira, durante a qual cada vez mais direitos económicos e sociais são colocados sob pressão, o domingo livre do trabalho é uma demonstração clara e visível de que as pessoas e as nossas sociedades não dependem apenas do trabalho e da economia”, assinala a “Aliança Europeia pelo Domingo” (ESA Euopean Sunday Alliance). O movimento engloba, entre outros, a Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) e várias associações de inspiração cristã. As iniciativas visam sublinhar a importância do domingo como dia de descanso, frisando que “apenas os serviços essenciais” deveriam estar disponíveis. A ESA pede que as leis e práticas comunitárias protejam mais “a saúde, a segurança e a dignidade de todos”, permitindo “a reconciliação da vida profissional com a familiar”. Portugal tem 18 mil a viver em barracas De acordo com os dados preliminares do Censos 2011, Portugal tem 6951 barracas, onde vivem 18 072 pessoas. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, Almada é o concelho do País com mais barracas (310), seguido de Loures (220), Lisboa (219), Faro (204), Vila Nova de Gaia (192), Sintra (185) e Seixal (181). Fora das áreas da Grande Lisboa e Grande Porto, os concelhos onde foram recenseadas mais barracas são Setúbal (157) e Loulé. Alberto Batista Igreja diz que começa a faltar tempo para extinguir feriados A Igreja Católica portuguesa diz que começa a faltar tempo para extinguir dois feriados religiosos já este ano. Em causa está o Corpo de Deus, que se assinala a 7 de Junho. Segundo Manuel Morujão, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “já foi manifestado à Santa Sé que se for abdicado o Corpo de Deus é preferível que não seja suprimido este ano”. O grande “problema”, segundo Manuel Morujão, prende-se com o facto de “haver já programações religiosas e civis que seria complicado alterar a apenas 3 meses”. D. António Montes Moreira, bispo que lidera a delegação do Vaticano na comissão partidária da Concordata, diz que é preferível extinguir o feriado só em 2013. “O Corpo de Deus é daqui a três meses, não faz sentido extingui-lo agora”, frisa. Mais complicada parece estar a decisão sobre o segundo feriado a extinguir: o 1.º de Novembro ou o 15 de Agosto. Os bispos portugueses tinham sugerido o de Agosto, mas a Santa Sé prefere abdicar do feriado de Todos os Santos. “A nível litúrgico estão os dois dias em igual patamar, o de solenidade”, diz Manuel Morujão, que aponta ainda para o peso do feriado de Agosto a nível popular. “Há muitas festas populares nesse dia, como a Nossa Senhora do Monte, na Madeira”, diz. Extinguindo o 1.º de Novembro, o secretário da CEP diz que “as celebrações podem ser mudadas para o primeiro domingo do mês”. Uma mudança que carece de aprovação da Congregação do Culto Divino. “Passo-a-Rezar” completou dois anos O site “Passo-a-Rezar” completou dois anos de existência no início da Quaresma. Este projecto, que nasceu associado à Companhia de Jesus (jesuítas), já terá atingido os quatro milhões de visitas, contando ainda com mais de 13 mil seguidores na rede social “Facebook”. Segundo o padre António Valério, a média diária de “downloads” situa-se na ordem dos “nove mil”, que não correspondem a nove mil ouvintes. “Temos conhecimento de comunidades paroquiais, hospitais, escolas que usam o Passo- a-Rezar. Por isso, o número total é mais elevado”, acrescenta este sacerdote jesuíta, atual coordenador do projeto, em declarações à Rádio Renascença. Aproveitando a comemoração do segundo aniversário, foram apresentadas algumas novidades, sobretudo no que diz respeito ao grafismo do site. Paralelamente ao portal na internet, vão ser organizados alguns encontros para aprofundar a oração. Recorde-se que este projecto nasceu inspirado no site irlandês “Pray-as-you-go”, que disponibilizava propostas de oração em formato “mp3”. o site português permite aceder diariamente a 15 minutos de orações em formato áudio, que podem ser ouvidos directamente através do site www. passo-a-rezar.net ou transferido para o iPod ou outro leitor de “mp3”. Os ficheiros contêm a leitura do evangelho diária, acompanhada de trechos musicais e propostas concretas de meditação a partir da Palavra de Deus. 200 mil sofrem de depressão e mania A doença bipolar é uma das doenças mentais mais comuns, consiste numa perturbação do foro psiquiátrico, caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e “mania”. Na fase depressiva, que é a “mais comum e, simultaneamente, a mais perigosa, uma vez que é aquela em que se verifica uma maior taxa de suicídio, o doente tem dificuldade em ordenar os pensamentos e é afectado por uma tristeza profunda e cansaço permanente”. Por contraste, na fase maníaca o doente “sente-se autocofiante, não dorme, tem a libido aumentada e a tendência para o consumo excessivo de álcool ou drogas, o que pode levar à perda do controlo social”, explicou o psiquiatra José Lara. A doença bipolar, também conhecida como doença maníaco-depresiva, tende a manifestar-se no pico da juventude, entre os 15 e os 25 anos, e afecta cerca de 200 mil portugueses. Ser católico Para merecer o nome de católico não basta cada um dizê-lo de si próprio mas é preciso prová-lo com obras. Assim: - Ser católico implica acreditar em Jesus Cristo e em tudo o que ele ensinou; - Ser católico impõe a obrigação de defender corajosamente Jesus Cristo; - Ser católico exige que se repudie tudo o que se opõe à Lei Divina e à Lei Natural (aborto, divórcio, eutanásia, homossexualismo, etc.); - Ser católico reclama o cumprimento dos Mandamentos de Deus e da Igreja; - Ser católico obriga a ser membro activo da comunidade (participação na eucaristia, no apostolado ou pastoral sócio-caritativa); - Ser católico proíbe dar o voto a partidos e ideologias que não respeitam os valores atrás referidos. Sabedoria popular - Um chato nunca perde o seu tempo. Perde o dos outros. - Tudo na vida é passageiro, excepto o motorista. - Para evitar uma vida sedentária, beba água. - Se não tem pressa de morrer... beba. A bebida mata lentamente. - É melhor ficar calado e deixar que pensem que é idiota... que abrir a boca e demonstrá-lo. - O amor é cego... mas o casamento devolve a vista. - A preguiça é a mãe de todos os vícios. Como é mãe, temos que respeitá-la. - Você nasce sem pedir e morre sem querer. A proveite o intervalo. Bom humor No tribunal o juiz pergunta: “-Porque não devolveu a pulseira?” “- Porque ela dizia: Tua para sempre”. * A primeira vez que fumei senti uma grande dor nas orelhas... - Dores nas orelhas!? - Sim. Havia de ver a força com que o meu pai as puxou. * - Senhor Doutor, se toco com um dedo na perna dói-me, se toco com um dedo na cabeça dói-me... que será que tenho? - Um dedo partido! * Dois meninos entram na urgência do hospital. Ao serem atendidos, um deles diz: - Doutor, eu estava com uma bolinha na boca, distraime e engoli-a. - Tens de ficar em observação, responde o médico. - E que se passa contigo? - perguntou o doutor ao outro menino. - Eu sou o dono da bolinha! A.B.