15 de Março.pmd - Diocese de Beja

Transcrição

15 de Março.pmd - Diocese de Beja
15 de Março de 2012
15
Março
2012
SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ
Diretor: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXXIV – N.º 4147
Nota Semanal
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º D.E.
DE00192009SNC/GSCCS
Preço 0,50 € c/ IVA
Sozinhos
em casa
A propósito da seca em Portugal
Relacionar-se e cultivar a relação
António Vitalino, Bispo de Beja
Estamos em tempo de Quaresma e a sofrer uma grande seca. Há muitas
semanas que a terra não recebe umas pingas de chuva. Os campos e
montados estão secos e o gado tem de ser alimentado com rações, o
que torna a produção agrícola difícil para a maioria dos agricultores. Já
se ouvem pedidos de subsídios da politica agrícola europeia. A ministra
já formulou o pedido, segundo alguns um pouco tarde. Não é a primeira
vez que isto acontece. Esperemos que a seca não seja tão prolongada e
calcinante como em 2005, apesar de presentemente a distribuição da
água do Alqueva já chegará a certas partes do território.
Mas não teremos outros recursos? Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva. Parece que os crentes
não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência
divina, mas somente na previdência de Bruxelas.
Página 5
“Portugal tem que ganhar
Homilia,
confiança para superar
momento privilegiado
a crise”
e de grande sentido pastoral
António Barreto
O sociólogo António Barreto reconhece que para sairmos da crise, a
única solução é “ganhar confiança
interna e externa e depois investir”.
António Barreto foi o primeiro
convidado, deste ano, das conferências quaresmais da cidade de
Coimbra, subordinadas ao tema
“Da crise à Esperança”, que se
realizam sempre às quintas-feiras.
Depois de ter feito um retrato social
do país ao longo de trintas anos,
depois da revolução de Abril, o
sociólogo reconheceu que “sem
investimento não há dinheiro e não
há hipótese de ultrapassarmos
estas dificuldades”. Ao longo de
décadas, Portugal acumulou défices, com quebras acentuadas na
indústria, perda da agricultura e das
actividades primárias, fazendo face
aos baixos salários praticados na
Ásia, à entrada dos países de Leste
na União Europeia (Polónia e da
Checoslováquia), próximas das
duas super potências europeias:
Alemanha e a França. Tudo isto
contribuiu para a situação económica do país que se tem vindo
agora a agravar com o desemprego.
Página 4
Longevidade:
condições e consequências
Página 3
“Quaresma uma provocação
à cultura
contemporânea”
João César das Neves
Página 4
D. António Marcelino
Em cada domingo há milhares de
pessoas a participar livremente na
celebração da Eucaristia e a ouvir a
pregação de quem a ela preside. A
maioria dos cristãos não teve outro
meio de formação e ainda hoje
muitos não têm a senão a homilia
de domingo. Quem participa regularmente na Eucaristia, no fim do
ano, tem mais de cinquenta momentos privilegiados de alimento e
fortalecimento da sua fé.
A diversidade das assembleias
dominicais constitui, em relação à
homilia, uma dificuldade para o
presidente. A comunicação tem de
ser simples e direta, compreensível
e clara, breve e orientada para a
vida. Tem de ser um momento de
reflexão para os que participam na
celebração, não para os ausentes.
Tem de ser uma manifestação de
vida a realizar-se e uma proposta a
dar sentido ao mistério que se
celebra e, ao mesmo tempo, ser
orientação clara para a vivência
cristã da semana que começa.
Página 3
Papa Bento XVI
“Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda, quer aos sofrimentos
físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser
assim na comunidade cristã”
“O nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e
problemas que fique surdo ao brado do pobre”
“Os católicos não devem ficar calados diante do mal e é de lamentar que
alguns prefiram por respeito humano ou mera comodidade adequar-se à
mentalidade comum”
(Da Mensagem para a Quaresma 2012)
Portugal é um país envelhecido,
com 128,6 idosos por cada cem
jovens. As famílias são mais pequenas, 2,8 pessoas por agregado
familiar. O interior está mais desertificado, com os residentes a
deslocarem-se para o litoral, concentrando-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Em
alguns concelhos, a percentagem
de lares constituídos por uma só
pessoa ultrapassa os 35%, com
maior expressão no interior centro
e no Sul, mas também em Lisboa.
Os habitantes com 65 ou mais anos
constituem 19% da população
portuguesa e 1,2 milhões vivem
com outras pessoas da mesma
idade ou mesmo sós. São 400 964
os que não têm ninguém por perto
numa urgência. São idosos os que
mais sofrem com o isolamento,
cidadãos que têm reformas baixas,
cuja única rede de suporte, para
muitos, é a segurança social. Ou
não têm família ou os familiares
vivem longe, mas também estão
limitados pelos fracos recursos
financeiros.
O apoio domiciliário e os centros
de dia acabam por ser a melhor
resposta para quem quer, e pode,
manter a ligação à sua residência.
O Alentejo e Lisboa são as duas
regiões em que se verificam as
percentagens mais elevadas de
pessoas com 65 ou mais anos que
vivem sós (22%)
RELIGIÃO
2 – Notícias de Beja
15 de Março de 2012
À laia de testamento espiritual (8)
IV Domingo da
Quaresma
O mistério de Deus uno e trino
Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
É admirável como a revelação deste
mistério se encontra patenteada
especialmente no IV Evangelho, na
Primeira Epístola de S. João, e na
Carta aos Hebreus.
Os Santos, especialmente os Doutores da Igreja, tiveram a graça de
meditar nele e até de o contemplar
com a graça divina. Que o Senhor
nos conceda graça semelhante,
para nossa alegria e sua glorificação,
certos de que isso acontecerá
quando entrarmos na visão beatífica de Deus face-a-face.
Como vimos, a razão humana, no
íntimo da sua consciência e pela
contemplação da Natureza criada,
é capaz de chegar à convicção e
mesmo à certeza da existência de
um Ser superior, a que chamamos
Deus. Mas só pode vislumbrar a
Sua essência e a vida graças à
Revelação.
O que podemos saber de Deus
Deus, que nos criou inteligentes e
livres, dignou-Se dar-nos a conhecer o mistério da sua essência e vida
íntima. Inicialmente, pela revelação
registada de forma implícita nas
páginas do A.T. Depois, mais
claramente por Jesus Cristo, em
termos quase familiares, ao alcance
de todos os que viessem a acreditar, deixando à Igreja a sua
tradução em linguagem teológica.
Jesus afirmou repetidamente que
era Filho do eterno Pai, sendo com
Ele “um só Deus”; por Ele foi
enviado à Terra para salvação da
Humanidade; uma vez regressado
ao Pai, com Ele enviou o Espírito
Santo, de Ambos procedente.
Assim, Pai, Filho e Espírito Santo
são um só Deus. Ao despedir-se
de nós, quando subiu ao Céu,
Jesus o afirmou explicitamente ao
instituir o Baptismo “em nome do
A reflexão da Igreja sobre o
mistério de Deus
O mistério de Deus é insondável.
Conta-se que Santo Agostinho,
quando numa praia meditava nele,
viu um rapazinho a deitar com uma
concha água do mar num pequeno
buraco na areia. Interrogado, o
rapazinho respondeu-lhe que era
mais fácil encher o buraco com toda
a água do mar do que ele entender
este mistério.
No seu tratado “De Trinitate”
sobre este mistério (editado em port.
pelas Paulinas, 2007), Santo Agostinho diz-nos que Deus “é” (existe
necessariamente), conhece-se a Si
mesmo, expressando-o numa “Palavra” (Verbum, Logos e, na linguagem de Jesus, “Filho” em que o Pai
Se revê), assegurando a sua unidade essencial por via de amor, a
que a revelação chama “Espírito
Santo” (espírito quer dizer ósculo
de amor, sopro de vida).
O Credo de
Niceia-Constantinopla
Por ocasião da heresia ariana, que
negava a divindade de Jesus, a
Igreja formulou este mistério, dito
da “Santíssima Trindade”, dizendo
que “Deus é um só, em três Pes-
soas distintas e iguais”. (Note-se
que o termo “pessoa”, em latim
persona, deve ser correctamente
entendido, evitando identificá-lo
com “indivíduo” autónomo, o que
levaria ao erro de pensar que há três
deuses).
Em ordem à catequese sobre o
mistério de Deus Uno e Trino, o
Magistério da Igreja formulou, nos
primeiros concílios ecuménicos
(séc. IV) o chamado Credo de
Niceia-Constantinopla, NicenoConstantinopla com o seguinte
esquema:
Ano B
18 de Março de 2012
I Leitura
2 Cr 36, 14-16.19-23
No tempo da Quaresma, a leitura do Antigo Testamento vai referindo os vários
passos da história da salvação, para melhor nos fazer compreender como toda
ela se encaminha para a Páscoa do Senhor, e como Deus salva os homens vindo
ao encontro deles, mesmo nos caminhos por eles tão mal andados. Hoje vemos
como os pagãos invadiram a Terra Santa, destruíram o templo e levaram cativo
o povo para Babilónia, por este povo ter abandonado o Senhor e imitado as
acções abomináveis dos pagãos. Mas, por fim, o próprio rei da Babilónia serviu
ao Senhor de instrumento de salvação em favor do seu povo, dando-lhe de novo
a liberdade e restituindo-o à terra que lhe havia sido tirada.
Leitura do Segundo Livro das Crónicas
- Creio em um só Deus Pai todo
poderoso, criador do Céu e da
Terra;
- Creio em Jesus Cristo, Filho
unigénito de Deus, por Quem tudo
foi criado e que pela nossa salvação Se fez Homem, nasceu da
Virgem Maria, morreu na cruz,
ressuscitou, subiu aos Céus e, na
sua glória, virá julgar os vivos e os
mortos:
- Creio no Espírito Santo, que
procede do Pai e do Filho, e nos
falou pelos profetas. E também na
Igreja Católica; no Baptismo para
remissão dos pecados; na ressurreição dos mortos; e na vida do
mundo que há de vir.
Ao longo da sua vida pública,
Jesus Cristo preparou a Igreja, que,
ao longo dos séculos, continuaria,
com a sua presença e a força do
Espírito Santo, a sua obra redentora.
A Igreja fá-lo especialmente pela
sua catequese e pela liturgia, como
veremos.
+ Manuel Franco Falcão,
Texto escrito em Dezembro de 2011
Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas
infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs, e profanaram o
templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém. O Senhor, Deus de seus
pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o
povo e a sua própria morada. Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam
as suas palavras e riam-se dos profetas, a tal ponto que deixou de haver remédio, perante
a indignação do Senhor contra o seu povo. Os caldeus incendiaram o templo de Deus,
demoliram as muralhas de Jerusalém, lançaram fo-go aos seus palácios e destruíram
todos os objectos preciosos. O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que
tinham escapado ao fio da espada; e foram escravos deles e de seus filhos, até que se
estabeleceu o reino dos persas. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de
Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo,
durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». No
primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor,
pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou
publicar, em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: «Assim
fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e Ele
próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de
Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo ponha-se a caminho e que Deus esteja
com ele».
Salmo Responsarial
Salmo 136 (137)
Refrão: Se eu não me lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha
língua.
II Leitura
Ef 2, 4-10
A leitura estabelece o contraste entre a situação de morte em que estávamos
por causa das nossas faltas e a salvação que Deus nos oferece em Cristo Jesus.
O Mistério Pascal que Jesus realizou passando, pela morte, à vida eterna,
vivêmo-lo agora nós, que somos membros de Cristo e com Ele morremos, com
Ele ressuscitámos, com Ele subimos para junto do Pai.
Leitura da Primeira Epístola de São Paulo aos Efésios
Textos pastorais de D. Manuel Falcão
Iluminação Teológica (2)
Ao olhar a situação concreta da
Diocese de Beja, ao presenciar o
viver do homem alentejano, surge
como luz, força e apelo “o testemunho que o Senhor dá de Si próprio
e que S. Lucas recolheu no seu
Evangelho - “É preciso que Eu vá
anunciar a Boa Nova do Reino de
Deus... Foi para isso que fui enviado” (Lc 4, 43) -, continuando nas
palavras do profeta Isaías, que Jesus
aplica a Si mesmo (Is 61, 1; Lc 4, 18):
“O Espírito do Senhor tomou posse
de Mim, por isso Me ungiu para levar
a Boa Nova aos pobres” (Cf. Ev.
Nunt., 6). Tal testemunho constitui
o objectivo de toda a acção pastoral
da Igreja, tanto universal como local.
Numa terra em que os homens
anseiam por caminhos de libertação,
é-nos grato proclamar que “este
Reino e esta Salvação, todos os
homens os podem receber por graça
e misericórdia; e, no entanto, cada
um dos homens deve consquistá-los
pela força - “os violentos apoderamse dele”, diz o Senhor (Lc 16,16) -,
pelo trabalho e pelo sofrimento, por
uma vida em conformidade com o
Evangelho, pela renúncia e pela cruz,
enfim, pelo espírito das bemaventuranças” (cf. Ev. Nunt., 10).
Esta Boa Nova é “a comunicação do
Mistério do Deus vivo” (Cat. Trad.),
é a revelação e realização do desígnio de salvação manifestado em
Jesus Cristo: no Seu Espírito, sermos
filhos de Deus, Seus herdeiros,
participantes da Sua própria vida,
sermos Família de Deus, membros do
Corpo de Cristo, que é a Igreja (cf.
Rom 8, 14-17; 4; Ef 1, 22-23).
É na Igreja e pela Igreja que a
salvação se realiza: na Igreja como
comunidade de fiéis, isto é, daqueles
que, pela fé, aderiram a Jesus Cristo
e n’Ele se tornaram filhos de Deus e
participantes da Sua dignidade real,
sacerdotal e profética, e pela Igreja
como sacramento universal de
salvação, com a missão de anunciar
o Evangelho que desperta para a fé,
santificar os homens e estabelecer o
Reino na terra. Quanto mais santa,
viva e apostólica for a Igreja-comunidade, tanto mais forte será a acção
missionária da Igreja-sacramento-desalvação, pois não se trata de duas
realidades distintas, mas de duas
dimensões da única Igreja de Jesus
Cristo.
A acção pastoral deve, pois, orientarse na dupla direcção do aprofundamento da vida de fé, esperança
e caridade, pessoal e comunitária dos
baptizados mais ou menos eclesialmente inseridos, e da evangelização
e iniciação cristã daqueles que, tendo
ou não sido admitidos ao baptismo,
ainda não acolheram, com um mínimo
de consciência, a graça e as exigências da vida cristã .
(Do Plano de Acção Pastoral
para 1981-86),
Irmãos: Deus, que é rico em misericórdia, pela grande caridade com que nos amou,
a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, restituiu-nos à vida
com Cristo – é pela graça que fostes salvos – e com Ele nos ressuscitou e com Ele
nos fez sentar nos Céus. Assim quis mostrar aos séculos futuros a abundante
riqueza da sua graça e da sua bondade para connosco, em Jesus Cristo. De facto, é
pela graça que fostes salvos, por meio da fé. A salvação não vem de vós: é dom de
Deus. Não se deve às obras: ninguém se pode gloriar. Na verdade, nós somos obra
de Deus, criados em Jesus Cristo, em vista das boas obras que Deus de antemão
preparou, como caminho que devemos seguir.
Evangelho
Jo 3, 4-10
A partir deste IV Domingo as leituras do Evangelho são tiradas de S. João,
tanto ao domingo como de semana. Hoje ela fala-nos da futura glorificação
de Jesus pela Cruz e Ressurreição. É este o próprio movimento do Mistério
Pascal, primeiro em Jesus, depois nos cristãos pela morte à vida, pela Cruz
à glória. A Quaresma é também o tempo apropriado para entendermos
melhor este caminho providencial de salvação, para depois celebrarmos a
Páscoa com mais fé, em acção de graças a Deus e ao Senhor Jesus Cristo.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente
no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que
acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu
Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha
a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado,
mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho
Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo
aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas
obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz,
para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.
OPINIÃO
15 de Março de 2012
Notícias de Beja – 3
Homilia, momento privilegiado
e de grande sentido pastoral
O Concílio faz uma especial recomendação em relação à homilia.
Considera-a “parte da própria
liturgia, pela qual, no decorrer do
ano litúrgico, são expostos os
mistérios da fé e as normas da vida
cristã a partir do texto sagrado, não
podendo ser omitida nos domingos
e nos dias santos de guarda”. As
leis da Igreja reforçam esta orientação e hoje a homilia dominical é
um dado adquirido e indiscutível.
Compreende-se esta preocupação
do Concílio, dado que a história
trazia, de bem longe, muitas falhas
neste campo. O Concílio Plenário
Português (1926) tornou obrigatória, para os párocos, a homilia
dominical. Sinal de que muitos a
não faziam. Ainda presenciei, na
década de trinta, como “menino do
coro”, este facto curioso. No
momento da homilia, os homens
saiam para o adro. A ouvir o padre
ficavam as mulheres. Não me recordaria deste quadro singular se não
me fosse dado ir à porta da sacristia,
a um sinal do padre, tocar uma
campainha para chamar, de novo,
os homens ao templo… Estes
admiravam, por altura da festa, o
sermão de um “distinto orador
sagrado”, não a pregação vulgar do
seu pároco. E, no Seminário, aconteceu assim comigo, fazíamos exercícios de oratória sagrada para
aprender a pregar do púlpito, mas
não nos ensinavam a catequizar ou
a estimular com a Palavra de Deus
a fé sincera, mas débil e pouco
esclarecida, do povo simples.
Em cada domingo há milhares de
pessoas a participar livremente na
celebração da Eucaristia e a ouvir a
pregação de quem a ela preside. A
maioria dos cristãos não teve outro
meio de formação e ainda hoje
muitos não têm a senão a homilia
de domingo. Quem participa regularmente na Eucaristia, no fim do
ano, tem mais de cinquenta momentos privilegiados de alimento e
fortalecimento da sua fé.
A diversidade das assembleias
dominicais constitui, em relação à
homilia, uma dificuldade para o
presidente. A comunicação tem de
ser simples e direta, compreensível
e clara, breve e orientada para a
vida. Tem de ser um momento de
reflexão para os que participam na
celebração, não para os ausentes.
Tem de ser uma manifestação de
vida a realizar-se e uma proposta a
dar sentido ao mistério que se
celebra e, ao mesmo tempo, ser
orientação clara para a vivência
cristã da semana que começa.
A seguir ao Concílio verificou-se
um cuidado especial na preparação
da homilia. Não faltaram padres a
prepará-la com a colaboração de um
pequeno grupo de paroquianos e a
respeitar os pontos orientadores:
relação com a Palavra proclamada,
com o Mistério que se celebra, com
a vida concreta das pessoas e da
comunidade. Padres a recorrer a
bons comentários bíblicos com a
preocupação de melhor captar o
sentido da Palavra de Deus, bem
como a prestar uma maior atenção
aos acontecimentos por todos
vividos, a nível local, social e
eclesial. Sempre com a preocupação de que o que se prega, seja
alimento espiritual para quem prega
e para quem escuta. O pregador é o
primeiro ouvinte e o povo percebe
bem quando assim é. Só ultimamente se tem dado maior espaço
ao silêncio depois da pregação.
Um casal de velhos e
o contentor que os
alberga
Será tempo vazio sempre que a
comunidade não for educada no
sentido de perceber o sentido e o
valor do silêncio na celebração
litúrgica.
Vêem-se, cada vez mais, presidentes da celebração a ler a homilia.
Pode justificar-se algumas vezes,
mas não sempre. A leitura empobrece a comunicação direta com
a assembleia, e esta comunicação é
um elemento importante na pregação. Em coerência com a eclesiologia conciliar, não cabem na
homilia nem saudações, nem distinções especiais. Na Eucaristia não
há senão “irmãos”. Se outros, por
vezes não crentes, estão por dever
de outra ordem, que o que se diz
também lhes faça bem. Talvez na
despedida e dada a bênção, se lhes
possa fazer uma saudação e referência, bem como ao acontecimento
que nesse dia lhes impôs uma
presença no templo. Quando se
aboliram os lugares especiais no
templo, tribunas e cadeiras com o
nome de quem as usava, ficou bem
claro o que queria o Concílio. Nem
todos o entenderam assim, e mais
se continua a copiar da vida civil
do que a dar sugestões que ajudariam esta a corrigir desvios que aí
se verificam.
António Marcelino
Bispo emérito de Aveiro
Prefiro dizer velhos. Idosos somos
todos. Ser velho marca uma referência
no tempo em relação a outros mais
novos, mas não só. Os velhos, pelo
que já viveram e fizeram, merecem
atenção, respeito, defesa, apoio, amor.
Os jornais deram-lhes honra de
fotografia na primeira página e as
televisões falaram deles na abertura dos
noticiários mais ouvidos. O senhor
José e a senhora Rosa tinham a sua
casa modesta, mas era a sua casa. Uma
nova autoestrada varreu-a e eles
tiveram de ser alojados, de urgência e
por dois meses, num contentor. Isto
passou-se em 2003. Continuam no
contentor. Ambos de canadianas e
olhar triste. A empresa faliu, a seguradora discute e negoceia tostões,
os responsáveis públicos calam-se.
Ora, a expropriação que os desalojou
foi a favor do bem público… Se não
fossem velhos, isto estaria ainda a
acontecer assim? Pobres dos pobres.
Os velhos são operados a destempo,
outros passam-lhes à frente. Tantas
vezes, em lugares que são de todos,
gente que deve servir, passa ao seu
lado e nem os olha. São velhos. Agora
há que dar lugar as novos. Aos mais
velhos também se lhes chama “maiores”, por exemplo em Espanha. E a
Bíblia chama-lhes “sábios”. Pobre
sociedade que não sabe respeitar e
apreciar os mais velhos, os deixa morrer
na solidão, lhes tira lugar na sociedade
que ajudaram a construir… Uma
sociedade que despreza os velhos,
nunca terá futuro. Quem olha para o
senhor José e para a senhora Rosa e
os tira do contentor? Quem?
A. M.
Longevidade: condições e consequências
Iniciamos a escrever este texto no
dia em que D. Eurico Nogueira –
arcebispo emérito de Braga – completa oitenta e nove anos de vida.
Nesta ocasião vem-nos à memória
outras grandes figuras da (nossa)
vida pública que também atingiram
uma razoável longevidade...
Mesmo que de forma breve como
que podemos interrogar-nos sobre
o crescente melhoramento da qualidade de vida, sobretudo, se tivermos em conta os longos anos de
existência... e a notória velhice –
com equilíbrio mental e emocional,
com alguma autonomia e sentido
de gratidão – de muitos dos
intervenientes.
Quais os fatores para a longevidade de alguns e a precoce
partida de outros... mesmo da
própria família? O que é que marca
a diferença entre uns e outros,
ontem como hoje? Haverá condições endógenas e exógenas para
esta distinção? Como tratar condignamente quem viveu agruras na
vida e vingou na idade? Como
serão os filhos e netos de amanhã,
quando agora veem os pais a
abandonarem – física, psicológica
e até espiritualmente – os seus
progenitores? Poderemos esperar
idêntica longevidade com tantas
preocupações sobre o presente e,
sobretudo, o futuro?
Diagnóstico... angustiado
Esteve, recentemente, em Portugal,
um professor catedrático inglês da
área da saúde pública, que, dirigindo-se a profissionais da saúde,
teceu algumas considerações sobre
a diferença de longevidade entre
certos países, dentro do próprio
país e até na mesma cidade, apontando algumas das causas e perspetivando umas tantas razões.
Citamos:
- A esperança média de vida de uma
mulher no Zimbabwe é de 42 anos
e a de uma japonesa é de 80 anos,
uma diferença de 42 anos; um
queniano morre em média aos 47
anos e um sueco pode chegar aos
82;
- Na cidade de Londres a diferença
entre o mais rico e o mais pobre dos
habitantes é de 17 anos;
- O aumento em 1% da taxa de
desemprego faz subir em 0,8% a taxa
de suicídios e 0,8% a de homicídios...
- O desemprego leva ao suicídio e a
matar outras pessoas;
- As mortes por acidentes de viação
descem 1,4%, circula-se menos
porque há menos dinheiro para a
gasolina;
- As maiores taxas de fumadores
encontram-se entre os mais pobres
e esta é uma causa objectiva que
está na origem de maior doença, o
cancro do pulmão.
Este mesmo especialista sugere
caminhos ou áreas principais que
podem e devem ser objecto de
acção política tendentes a esbater
estas diferenças: o desenvolvimento infantil, a educação e formação ao longo da vida, as condições de emprego, o rendimento,
a existência de locais saudáveis e
sustentáveis na comunidade e o
combate a factores como o tabagismo, o consumo de álcool, a
obesidade...
Situação dos mais velhos... ao nível
nacional
Entretanto, segundo dados da
Guarda nacional republicana, há
vinte e um mil velhos a viver
sozinhos ou isolados, em Portugal.
Estes dados foram recolhidos pela
‘operação censos senior’, que
decorreu, no âmbito daquela guarda até final do mês de Fevereiro
terminado.
Do ano passado para este ano
aumentaram os casos de velhos
isolados ou sozinhos em mais de
sete mil situações. Os distritos onde
se verificaram mais casos foram:
Bragança (2.442), Santarém (2.131),
Évora (2.037), Guarda (1.912),
Castelo Branco (1.810) e Viseu
(1.897)... portanto, localidades do
interior e em acentuada desertificação humana.
Embora possamos estar diante de
muitas pessoas com grande longevidade, vemo-las confrontadas
com um razoável abandono familiar,
social, político e (talvez) religioso.
Cresce, deste modo, a necessidade
em refletir sobre o futuro que
estamos a dar aos nossos mais
velhos... que amanhã seremos,
razoavelmente, nós.
Prognóstico... reservado
Se o diagnóstico era angustiado, o
prognóstico é muito reservado da
saúde psicológica deste país e,
talvez seja sem nos darmos conta,
se apresente com um futuro muito
sombrio... na contagem dos dias
que passam.
- Nem as tentativas de serem
criadas condições para que os
velhos vivam em lares – nalguns
casos serão quase um eufemismo
para o conceito dos asilos de
outrora! – confortáveis e com as
condições mínimas de sobrevivência... podem aligeirar as famílias
a sua responsabilidade para com os
seus ascendentes nem eximi-las das
regras mais básicas da gratidão.
- Num tempo em que a longevidade
– pelos mais elementares cuidados
para com os ‘nossos’ velhos – vai
ganhando foro de cidadania e por
consequência de novas regras de
vida, urge acompanhar esta nova
etapa da evolução da sociedade
com critérios onde a pessoa toda
seja tida em conta e não só a
dimensão físico-biológica, mas
também as vertentes de índole
psicológico, moral e espiritual.
- Torna-se fundamental dar aos mais
velhos – pois também nós, se Deus
quiser, para lá iremos – uma envolvência divina com gestos,
palavras e sinais, que traduzam
Deus presente, aconchegando-os
e acolhendo-os não na mortalha
fúnebre, mas na ternura do Pai por
Jesus Jesus Cristo no Espírito
Santo.
António Sílvio Couto
SOCIEDADE
4 – Notícias de Beja
Registado
Quaresma - uma provocação
à cultura contemporânea
A Quaresma é a maior provocação
que a Igreja católica faz à cultura
contemporânea. É verdade que a
defesa da virgindade e da temperança, a insistência na humildade e
caridade, a manifestação da hierarquia e obediência são traços
católicos incompreensíveis hoje em
dia, até por muitos cristãos. Mas o
jejum, oração e esmola da Quaresma, além de incorporarem tudo isso,
têm uma serenidade e inevitabilidade, uma presença e dignidade
ainda mais chocantes. A era que
gosta de celebrar o Natal e transformou a festa de Todos-os-Santos
no Halloween, não sabe o que fazer
da Quaresma.
É verdade que esta época também
não entende a Páscoa. Ao Natal
conseguiu reduzi-lo a cromo colorido, festa da família e solidariedade,
mas a Páscoa simplesmente desapareceu. O único rasto que permanece é o spring break, que as
legendas dos filmes insistem em
chamar “férias da Páscoa” e que
constitui uma espécie de visita de
estudo, mas sem estudo, só com
festas e bebedeiras. O imperador
Adriano construiu um templo de
Vénus em cima do Santo Sepulcro.
A cultura moderna põe uma orgia
sobre a Páscoa.
Além de ter eliminado do calendário,
o mundo não entende a lógica da
Páscoa. Como classificou Jesus
entre os mestres espirituais, perdeu
todo o sentido da Paixão. É verdade
que ainda lhe aprecia o dramatismo
cinematográfico e valoriza a nobreza do sacrifício inocente. Mas,
considerando-o ao níve de Spartacus ou Sócrates, não percebe
porque insistimos em celebrá-lo
todos os anos. Acima de tudo não
compreende a nossa sofreguidão
com a Páscoa, como se fôssemos
esfomeados diante de um banquete.
Sem entender que é disso mesmo
que se trata.
Mas, mesmo se entendesse a
Páscoa, a mentalidade contemporânea não conseguiria aceitar a
Quaresma. Se pudesse admitir que
a morte e ressurreição de Cristo nos
abriu as portas do Céu, não iria
compreender quarenta dias de
penitência para poder entrar nas
portas já abertas. Porque mesmo
que aceitasse a divindade de Cristo, nunca conseguiria vislumbrar a
humanidade de Cristo.
João César das Neves,
Economista
Professor da Universidade Católica
“A Ordem”, 08.03.2012
Teóloga Isabel Varanda preside a simpósio em Fátima
“O Deus de Jesus Cristo
está ao abandono pelos cristãos”
“O Deus de Jesus Cristo está ao
abandono; abandonado pelo mundo e abandonado pela sua família
mais chegada: os cristãos. A
própria Igreja de Jesus Cristo dá a
ideia, muitas vezes e de muitos
modos, de ter Deus ao abandono,
gastando as suas energias supostamente com as coisas de Deus,
mas esquecendo Deus”, afirma
Isabel Varanda, teóloga, docente e
investigadora da Faculdade de
Teologia-Braga, em entrevista à
Sala de Imprensa do Santuário de
Fátima. A docente foi escolhida
para presidir à organização do
simpósio teológico-pastoral agendado para o próximo mês de Junho,
em Fátima, que vai debater a
pergunta dirigida aos pastorinhos
há 95 anos “Quereis oferecer-vos
a Deus?”.
Instada a responder se aquela
chegará às gerações mais jovens,
Isabel Varanda considera que
“corre o risco de ficar sem resposta
num tempo de desapego, de esquecimento e de abandono de
Deus”. Aliás, completando a ideia
acima, a investigadora refere
considerar “que a Igreja de Jesus
Cristo está num processo de secularização de si mesma. Esta secularização da Igreja, sendo extraordinária fonte de dinamismo e de
incarnação, pode levar à diluição
da identidade da Igreja de Jesus
Cristo, por não ser suficientemente
cuidadora do seu fundamento e
por não estar suficientemente
atenta à possibilidade atrofia da sua
simensão celeste e escatológica”.
Quanto aos objectivos para o
simpósio, que vai decorrer de 15 a
17 de Junho, a responsável pela
sua organização indica esperar que
seja “mais uma ocasião de convergência das atenções para Fátima,
onde se reza, se canta, se chora, se
suplica em celebrações contínuas
de fé, mas também onde se desenvolve uma importante vertente de
investigação antropológica, de
rigoroso aprofundamento da mensagem de Fátima e de leitura contemporânea dos acontecimentos
que há quase um século revelaram
um céu novo sobre a Cova da Iria”.
15 de Março de 2012
Portugal tem que ganhar confiança
para superar a crise
O sociólogo António Barreto reconhece que para sairmos da crise, a
única solução é “ganhar confiança
interna e externa e depois investir”.
António Barreto foi o primeiro
convidado, deste ano, das conferências quaresmais da cidade de
Coimbra, subordinadas ao tema “Da
crise à Esperança”, que se realizam
sempre às quintas-feiras.
Depois de ter feito um retrato social
do país ao longo de trintas anos,
depois da revolução de Abril, o
sociólogo reconheceu que “sem
investimento não há dinheiro e não
há hipótese de ultrapassarmos estas
dificuldades”. Ao longo de décadas,
Portugal acumulou défices, com
quebras acentuadas na indústria,
perda da agricultura e das actividades primárias, fazendo face aos
baixos salários praticados na Ásia, à
entrada dos países de Leste na União
Europeia (Polónia e da Checoslováquia), próximas das duas super
potências europeias: Alemanha e a
França. Tudo isto contribuiu para a
situação económica do país que se
tem vindo agora a agravar com o
desemprego.
O sociólogo António Barreto concorda com o Presidente da República. Os números do desemprego
“assustam” e é necessário investir
para combater o flagelo. “Portugal
nunca teve nada que se parecesse
com uma dimensão destas, faz
lembrar o que se pensava que era só
em Espanha que se chegava aos 17%
e aos 20%”, disse o antigo ministro,
no Salão Polivalente da igreja de S.
José, em Coimbra.
O problema do desemprego “transformou-se na questão central do tempo
que vivemos” e, para inverter a tendência, é preciso investir, reforçou.
Para haver dinheiro para investir, frisa
Barreto, “é preciso confiança e fazer
o que é necessário durante um ano,
dois anos, três anos, metodicamente,
para ganharmos novamente a confiança dos investidores nacionais,
internacionais, privados e públicos”.
Para António Barreto, em Portugal,
“foi tudo muito rápido de mais”.
“Fizemos uma revolução, não vivemos nenhuma guerra civil e ao longo
de trinta anos, vivemos uma autêntica euforia. No meu tempo de
universidade, aqui em Coimbra,
éramos quatro mil, hoje são 400 mil
os estudantes, hoje temos muitos
mais reformados, pensionistas, etc.”
sem que calculássemos os prós e os
contras. “As coisas não foram sustentadas, não tiveram em conta uma
base de ética de trabalho e de responsabilidade”, sustentou perante um
auditório cheio. “E isto demora décadas
e anos a trabalhar”, rematou.
“Demos conta há cinco anos que isto
era muito mais frágil que aquilo que
julgávamos. E demos conta que o
Estado devia milhões… Fui condenado por todos os políticos
quando defendi uma auditoria às
contas portuguesas, mas no entanto, a troika veio pedir contas a
Portugal. Foi assim que descobrimos o enorme buraco na Madeira”,
realçou o antigo governante.
No que consiste ao estado social,
António Barreto não tem ilusões,
vamos ter propinas mais caras, taxas
moderadoras mais caras e passes
mais carros… não há alternativa
afirmou o conferencista ao afirmar
que “se não pouparmos aí, onde
vamos poupar?”. Mas, o sociólogo,
advertiu, que não deve ser negado a
assistência aos mais pobres, devem
existir mecanismos que evitem a
humilhação e favoreça a dignidade
humana.
Por fim, o sociólogo, defendeu uma
maior intervenção dos cidadãos na
acção social, naquilo que a Igreja faz
tão bem, que é visitar os doentes e
os presos aos domingos. “Devemos
todos contribuir para uma sociedade
mais humanizada”, mas para isso, os
políticos também “devem rectificar
as políticas” para se evitarem
desequilíbrios.
Miguel Cotrim
“Correio de Coimbra”, 08.03.2012
Capela Árvore
da Vida venceu
prémio
internacional de
arquitetura
“Um facto notório” e “uma referência no panorama das coisas
muito boas que se vêm fazendo no
contexto da arquitetura religiosa na
Arquidiocese de Braga e em Portugal”. É assim que reage o cónego
Joaquim Félix de Carvalho ao facto
de a Capela Árvore da Vida - um
espaço de oração criada no “coração” da comunidade do Seminário
Conciliar de Braga - ter sido eleita
como ícone internacional de arquitetura pelo site “ArchDaily” (www.
archdaily. com), um dos mais
visitados da especialidade.
DIOCESE
15 de Março de 2012
Nota Semanal
A propósito da seca em Portugal
Relacionar-se e cultivar a relação
Estamos em tempo de Quaresma e
a sofrer uma grande seca. Há muitas
semanas que a terra não recebe
umas pingas de chuva. Os campos
e montados estão secos e o gado
tem de ser alimentado com rações,
o que torna a produção agrícola
difícil para a maioria dos agricultores. Já se ouvem pedidos de
subsídios da politica agrícola
europeia. A ministra já formulou o
pedido, segundo alguns um pouco
tarde. Não é a primeira vez que isto
acontece. Esperemos que a seca
não seja tão prolongada e calcinante como em 2005, apesar de
presentemente a distribuição da
água do Alqueva já chegue a certas
partes do território.
Mas não teremos outros recursos?
Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a
graça da chuva. Parece que os
crentes não se fazem ouvir e a
maioria da população não acredita
na providência divina, mas somente
na previdência de Bruxelas.
Afinal as recomendações de Jesus
no evangelho e de Nossa Senhora
aos pastorinhos de Fátima, pedindo oração e sacrifícios pela
conversão dos pecadores e pela
paz no mundo não encontram eco
nos nossos ouvidos. Os europeus
não querem Deus e muito menos o
Deus revelado em Jesus Cristo, nem
na Constituição europeia nem nos
seus hábitos e comportamentos.
Mas tudo dependerá apenas da
natureza e do acaso, ou haverá a
possibilidade de alguma intervenção divina no percurso da nossa
história?
1. Pedi e dar-se-vos-á, batei e abrirse-vos-á
Jesus no Evangelho recomendanos para bater à porta e pedir. Ele
mesmo disso deu exemplo em relação ao Pai e, instado pelos discípulos, ensinou-lhes o Pai Nosso
como modelo de oração (Lc 11, 1
ss). Depois de na primeira parte se
invocar e louvar a Deus e o seu
Reino, na segunda parte fala-se da
nossa relação com este mundo e
os nossos semelhantes. Começase logo por pedir o pão nosso de
cada dia, o pão para todos e não
apenas para mim, para que todos
possamos viver dignamente. Mas
não basta repetir as palavras. É
preciso rezá-las, com frequência e
intensamente. Este pão não cai do
céu, mas sem a bênção do alto não
se multiplica, de modo a chegar para
todos.
A chuva é também uma expressão
dessa bênção. Algumas pessoas
ainda falam da ajuda de S. Pedro,
mas parece que com pouca convicção. Quem tem fé e acredita em
Deus como nos foi dado a conhecer
por Jesus Cristo, não pode ficar
mudo perante as necessidades dos
seus irmãos. Embora o primeiro
efeito da oração seja conformar a
nossa vontade com a de Deus e
adquirir uma confiança profunda no
poder de Deus e com isso despertar
energias e capacidades adormecidas, para enfrentar com serenidade as dificuldades e sofrimentos da vida. Isto não é resignação, mas reforço da capacidade
de superação dos obstáculos.
2. Tudo posso naquele que me
conforta
A oração cristã transforma a nossa
vida e contribui para fortalecer a
esperança própria e das pessoas
com quem vivemos. Na vida de
Jesus constatamos que ele se
recolhia e rezava até suar sangue
nos momentos mais importantes e
difíceis da vida. Antes de ser preso
no horto das oliveiras ela rezava ao
Pai, dizendo: Pai, se é possível,
afasta de mim este cálice. No
entanto não se faça a minha vontade, mas a tua (Lc 22, 42). Logo a
seguir ele vai ao encontro dos
inimigos e, sem resistência, entregase. Todos ficam surpreendidos
com a sua coragem e decisão. E S.
Paulo, depois de muitas tribulações
e perigos, escreve: tudo posso
naquele que me conforta (2 Cor 1,
4 ss). E ainda: Deus vem em auxílio
da nossa fraqueza (Rom 8, 28).
Outros testemunhos de pessoas do
nosso tempo poderíamos aqui
aduzir, por exemplo, o de S. Maximiliano Kolbe, que nos campos de
concentração nazi se entrega à
morte para salvar um pai de família
das câmaras de gás.
Os cristãos recebem os dons da fé,
da esperança e da caridade para
serem testemunhas credíveis diante
dos homens, num tempo em que a
humanidade parece desnorteada e
sem esperança. Somos chamados
e enviados a anunciar a boa nova,
a consolar os tristes, a fortalecer
os desanimados, pois sabemos em
quem pusemos a nossa esperança.
Mas este serviço ou ministério não
o conseguiremos desempenhar, se
não abrirmos o nosso coração e a
nossa boca num diálogo de amor,
de amizade e de confiança em Deus.
Isto é oração, história de amizade
com Deus, como diz Santa Teresa
de Jesus. Sem oração não conseguiremos desempenhar a nossa
missão e também nós próprios
desanimaremos. A Quaresma é
também tempo propício para, no
silêncio do nosso quarto, sem
televisão ou internet, exercitarmos
este diálogo.
Continuação de santa Quaresma.
† António Vitalino, Bispo de Beja
Notícias de Beja – 5
Adoração na igreja de
Santa Maria, em Beja
Sempre
para Ti,
Senhor
Mais uma vez os meus passos me
levaram à Igreja de Santa Maria em
Beja no sábado à noite.
Mais uma vez a emoção das noites
de Adoração invadiu de fé e ternura
o meu coração.
As emoções estiveram ao rubro. Foi
uma entrega completa e sincera que
cada um de nós, à sua maneira, fez
ao Senhor Jesus.
E os meus passos caminharam para
Ti Senhor.
Os sorrisos, as lágrimas, o prazer
de estar ali nesta noite elevaram as
nossas preces a Deus.
Fez-se silêncio, a oração encheu o
coração de todos de esperança e
confiança em Deus, as vozes
elevaram-se em cânticos de súplica
e fé.
Estamos na Quaresma, tempo de
fazer silêncio. Tempo de reflexão,
oração e mudança. Tempo de
agradecer.
E eu agradeço-Te por tudo o que
me deste Senhor.
Agradeço-Te Senhor pela Família
que me deste e que me ama. Agradeço-Te Senhor pelos Amigos que
estão sempre presentes, pelos
amores e desamores que me dão
força. Pelas crianças que me fazem
olhar os outros de maneira dife-
rente. Pela vontade de partilhar e
de abraçar o mundo.
Agradeço-Te Senhor pelo sol que
aquece o meu sorriso, pelos campos verdes salpicados de flores
coloridas e me dão vida, pelo
chilrear dos passarinhos que me
encanta, pela chuva calma que me
acalma, pela brisa suave da tarde,
pelas estrelas que brilham por aí…
e me fazem sonhar.
Agradeço-te Senhor pela amizade
dos Irmãozinhos que um dia encontrei e descobri.
Recordo há muitos anos atrás que,
pela mão da minha Mãe e da minha
Professora Primária, os meus passos me levaram a Ti Senhor. E eu
fiquei.
Recordo a minha juventude contigo. E eu gostei.
Sinto os Teus passos a guiar os
meus. E sou feliz.
Senhor, hoje peço-Te, nunca me
deixes só.
Bem hajam os Irmãozinhos de S.
Francisco de Assis por mais uma
noite repleta de oração e luz.
A vossa muito amiga
Ju
Queluz, 07 de Março de 2012
Ultreia Regional
em Mértola
O P. Marques de Sousa, Pároco do
Concelho de Mértola, nem queria
acreditar. Tinha posto na sala
pouco mais de 20 cadeiras e somaram 52 cursistas vindos de S.
André, Santiago do Cacém, Porto
Covo, Grândola, S. Domingos da
Serra, Minas do Lousal, Almodôvar, Beja, Cuba, Mina de S.
Domingos e da Paróquia anfitriã.
Foi no dia 6 do corrente mês de
Março.
A Presidente do Secretariado,
Maria Adélia Ferreira, congratulouse com tão grande assembleia. A
Reitora, Isabel Valente e a cursista
local Sebastiana Romana, a abrir,
fizeram uma evocação feliz e criativa
do Evangelho do 3º Domingo da
Quaresma, Ano B, a expressão dos
vendilhões do templo.
Depois da intervenção do casal
José e Fernanda Grosso, partilhando o seu itinerário familiar em
tempo de prova à luz da fé, foi a vez
de outras pinceladas de luz e
sombra nesta pintura diária que é a
vida do cristão.. A leitura dos
acontecimentos, a avaliação dos
factos, as saídas encontradas, a paz
experimentada são sinais de excelência da presença do terceiro
discípulo de Emaús no nosso
próprio peregrinar. A intervenção e
a ressonância do P. Marques de
Sousa com ecos da sua experiência
missionária em Angola no tempo da
guerra, calou bem fundo em todos
os presentes. Para finalizar, o P.
Aparício sublinhou o novo sacrifício que Jesus veio inaugurar com
a doação da própria vida e da sua
presença amorosa e providente na
história de todos e de cada um.
O ágape final prolongou e acentuou o grito ultreia, mais além de
Mértola, para levarmos o Evangelho a todo o Alentejo.
A. Aparício
PATRIMÓNIO
6 – Notícias de Beja
PEDRA ANGULAR
15 de Março de 2012
PÁGINA DO DEPARTAMENTO
DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA
Festival Terras Sem Sombra 2012 apresentado no CCB
Música com aromas, sabores e história
A Comissão Organizadora e o
Conselho de Curadores do Festival
deram a conhecer, em Lisboa, no
dia 14, a programação que se vai
estender de Março a Julho. O Teatro
Nacional de São Carlos colabora
activamente, assegurando a coprodução de três concertos.
Arranca a 24 de Março, em Sines, o
primeiro de seis concertos itinerantes do 8.º Festival Terras Sem
Sombra de Música Sacra. Este
projecto, realizado pelo Departamento do Património Histórico e
Artístico da Diocese de Beja em
parceria com as câmaras municipais
dos concelhos que ele percorre, temse vindo a evidenciar como o mais
importante, no género, ao nível
nacional. Uma ideia nascida em 2003
para imprimir nova vida aos monumentos religiosos do Alentejo, que
conta também com o empenhamento
de empresas, dos serviços regionais
do turismo, da Secretaria de Estado
da Cultura e do Teatro Nacional de
São Carlos – sem esquecer as
“forças vivas” do território, incluindo as famílias que abrem as suas
casas (entre as quais alguns dos mais
belos solares e palácios alentejanos)
para acolher tanto artistas como
espectadores.
À igreja matriz de Sines – paredesmeias com o castelo onde terá
nascido Vasco da Gama – aflui um
elenco composto por figuras maiores
da ópera europeia, com destaque
para a soprano María Bayo, a
mezzosoprano Maria José Montiel,
o tenor Alexandre Guerrero e o
barítono Damián del Castillo. Juntam-se-lhes os pianistas Marta
Zabaleta e Miguel Borges Coelho e
o Coro do Teatro Nacional de São
Carlos, sob a direcção do Giovanni
Andreoli (também maestro da Arena
de Verona), para uma execução
integral da impar Petite Messe
Solennelle, de Rossini. Nos meses
seguintes, até Julho, seguir-se-ão
Almodôvar, Beja, Grândola, Vila de
Frades e Castro Verde. Sempre com
a presença de nomes de peso – e
sempre em igrejas históricas, de
grande beleza e excelentes condições acústicas.
Na edição de 2012, o fio condutor do
Festival é a voz, adoptando como
mote a célebre expressão de Santo
Agostinho – “Com Voz Suave e Bem
Modulada” – que, segundo Paolo
Pinamonti, director artístico do
Terras sem Sombra, “desencadeou
uma ampla reflexão sobre o valor do
canto, os efeitos da música e os
prazeres que esta produz na alma do
homem”. Desde os primórdios da
música que o acto de cantar assume
uma dimensão mágica, vital, que
encontraria precisamente no âmbito
religioso um campo de expressão
privilegiado. O programa pensado
por Pinamonti revela alguns dos
FESTIVAL TERRAS SEM SOMBRA DE
MÚSICA SACRA 2012
PROGRAMA
24 Março | 21H30
Sines Igreja Matriz
Petite Messe Solennelle
GIOACHINO ROSSINI
Soprano María Bayo
Contralto María José Montiel
Tenor Alexandre Guerrero
Barítono Damián del Castillo
Pianos Marta Zabaleta/Miguel Borges Coelho
Harmónio Kodo Yamagishi
Direcção musical Giovanni Andreoli
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
A soprano María Bayo, uma das
maiores cantoras líricas da
actualidade
A mezzosoprano María José
Montiel, figura cimeira da ópera
europeia
seus aspectos mais intensos e mais
sugestivos, da polifonia do Renascimento à “opera seria” italiana e à
vanguarda artística actual. Estabelecer pontes entre as grandes páginas
da música do passado e a criação
contemporânea é uma prioridade.
Quando se comemoram os 250 anos
do nascimento de Marcos Portugal,
o FTSS prossegue, a 14 de Abril, com
um concerto de homenagem ao
insigne compositor. As surpresas
continuam nos responsórios místicos de Gesualdo da Venosa, a 5 de
Maio (Grândola). Esta edição promete ainda mais, anunciando já a
presença de estreias muito significativas em Portugal – o Coro Filarmónico da Câmara da Estónia, a 19
de Maio (Vila de Frades), e a interpretação, por Luís Miguel Cintra,
com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida por João Paulo
Santos, de Guzmán el Bueno, do
espanhol Tomás de Iriarte, a 9 de
Junho (Beja).
Não menos empolgante será o
concerto de encerramento: a primeira
audição contemporânea, a 23 deste
mês, na Basílica Real de Castro Verde,
de uma oratória sacra de Gaetano
Pugnani – La Betulia Liberata,
dedicada pelo autor à rainha D. Maria
I. Trata-se de uma estreia mundial
nos tempos modernos, que põe em
evidência o esforço feito pelo festival
para recuperar o património musicológico italiano e português, neste
caso um manuscrito da Biblioteca do
Palácio Nacional da Ajuda.
Os cenários dos concertos são as
“terras sem sombra do Alentejo”,
onde, como assinala José António
Falcão, director do Departamento do
Património da Diocese de Beja e
responsável pela organização deste
ciclo de eventos, “estão os locais
ideais para democratizar a música
erudita numa comunhão com o
património religioso e a natureza; a
música é a chave-mestra, mas, a par
dela, o festival explora todo o
potencial da região – gastronomia,
arte, biodiversidade –, promovendoo dentro e fora das nossas fronteiras”. E salienta: “já temos lugar
firme no circuito dos festivais
europeus de música sacra, mas agora
há que saber tirar o máximo partido
deste passaporte para se conhecer
muito do que Portugal possui de
melhor para partilhar.” Algo de que
o FTSS já deu largas provas, levando
a que a entidade turística regional
lhe atribuísse, em 2011, o Prémio
Turismo do Alentejo para o melhor
evento da região.
A aposta do FTSS num programa de
salvaguarda da biodiversidade que
corre em paralelo aos concertos
marcou, cedo, a diferença, tornandoo um conceito pioneiro, de certo
modo único, ao nível internacional,
como já reconheceram organismos
de referência da área, entre eles o
World Wildlife Found. Neste ano
serão desenvolvidas acções-piloto
de sensibilização ambiental, incluindo temas como a defesa da vida
selvagem na costa alentejana, a
preservação do saramugo, espécie
endémica da bacia do Guadiana e
uma das mais ameaçadas da Península Ibérica, a recente nomeação do
Sobreiro como Árvore Símbolo
Nacional e a candidatura do montado
de sobro a Património da Humanidade em 2013. Um festival de causas,
em que a música se cruza com os
aromas, os sabores e a história do
Alentejo, um dos territórios mais
preservados, na sua cultura e na sua
paisagem, de toda a Europa.
14 Abril | 21H30
Almodôvar Igreja Matriz
Luz da Luz
DOMENICO CIMAROSA, MARCOS PORTUGAL
Coro da Universidade de Aveiro
Direcção musical António Vassalo Lourenço
Orquestra Filarmonia das Beiras
21 Abril | 17H00
Beja Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres
Cum liquida voce et convenientissima modulatione
Conferência por Rui Vieira Nery (Universidade de Évora)
5 Maio | 21H30
Grândola Igreja Matriz
Do Instante ao Infinito
ARVO PÄRT, WOLFGANG RIHM, SALVATORE SCIARRINO
Direcção musical Paolo da Col
Ensemble Odechaton
19 Maio | 21H30
Vila de Frades (Vidigueira) Igreja Matriz
Vésperas
SERGUEI RACHMANINOV
Direcção musical Daniel Reuss
Coro Filarmónico de Câmara da Estónia
9 Junho | 21H30
Beja Castelo
Ó Nobre Liberdade!
ARNOLD SCHÖNBERG, TOMÁS DE IRIARTE
Voz recitante Luís Miguel Cintra
Direcção musical/piano João Paulo Santos
Orquestra Sinfónica Portuguesa
23 Junho | 21H30
Castro Verde Basílica Real
La Betulia liberata
GAETANO PUGNANI
Giuditta Raquel Alão
Ozia Carmen Romeu
Achior Mikeldi Atxalandabaso
Amital Marifé Nogales
Cabri Mário João Alves
Carmi Luís Rodrigues
Direcção musical Donato Renzetti
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Julho | 18H00
Entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra
Grândola Ermida de Nossa Senhora da Penha
REGIONAL
15 de Março de 2012
Notícias de Beja – 7
Comemorações Escutistas em Beja
Arciprestado de Moura - Quaresma 2012
84 anos de Escutismo
60.º aniversário da nomeação da 1.ª Junta regional de Beja
No passado domingo, dia 4 de
março, cerca de 300 escuteiros da
Região de Beja do CNE, Corpo
Nacional de Escutas – Escutismo
Católico Português, reuniram-se na
cidade de Beja, para comemorar
duas datas importantes da sua
história.
Em março de 1928, no antigo seminário de Serpa, o jovem Padre Abel
Varzim fundou o primeiro grupo de
escuteiros católicos da Região de
Beja e do Alentejo, o Grupo de
Escuteiros nº 38 do qual ele próprio
foi chefe. Passaram 84 anos.
Em março de 1952, D. José do
Patrocínio Dias, Bispo de Beja,
nomeou a primeira Junta Regional
de Beja e passaram 60 anos.
As comemorações destas duas
efemérides iniciaram-se com a
abertura de uma pequena exposição nos claustros do Seminário e
com um desfile pelas ruas da cidade
até à Sé catedral. Pelas 11 horas, o
senhor D. António Vitalino Dantas,
Bispo de Beja, com uma breve
oração, deu início ao desfile que
acompanhou a pé, tendo presidido,
depois, à missa de ação de graças.
À homilia, incitou os presentes,
nomeadamente os escuteiros à
escuta atenta da Palavra de Deus e
à prática da caridade; recordou os
valores do Escutismo e apelou a
sua vivência. No final da celebração, o senhor bispo congratulou-se com a reativação formal do
Agrupamento nº 641 de Beja e
entregou louvores regionais a
dirigentes que se têm distinguido
pela sua dedicação ao movimento
e condecorações a uma pioneira e
a uma caminheira pelo seu empenho e vivência da vida escutista.
Após o almoço, os lobitos e os
exploradores dirigiram-se à sede da
Cáritas Diocesana, para entregar o
produto da sua Boa Ação (B.A.)
coletiva: recolha de livros e brinquedos (lobitos), de alimentos e
produtos de higiene (exploradores).
Um outro grupo de exploradores
esteve na Mansão de S. José de
visita às idosas. Entretanto, dois
grupos de pioneiros dirigiram-se
para locais diferentes: um para a
Rua da Lavoura a fim de iniciar a
caiação de um muro e outro para
um jardim perto das Portas de
Mértola com o mesmo objetivo. A
Câmara Municipal de Beja forneceu
os materiais e eles deram a mão de
obra, e a sua boa vontade. No
circuito de manutenção e no parque
das merendas, um outro grupo de
exploradores procedeu à sua limpeza recolhendo lixo. Se um dos
deveres do escuteiro é praticar
diariamente uma Boa Ação, foi
muito gratificante a realização
destas Boas Ações coletivas,
procurando sempre “deixar o Mundo um pouco melhor”.
Pelas 17 horas, concentrados em
formatura no Seminário, foi a despedida. O Senhor bispo esteve
presente também na hora do adeus.
Sentiram os escuteiros com esta
presença a confiança e a esperança
que neles a Igreja de Beja deposita.
Com a comemoração destas datas,
a que se associaram antigos dirigentes do Agrupamento nº 129 de
Beja, de outros Agrupamentos e
das Guias de Portugal, bem como
antigos escuteiros de vários pontos
da Região, pretendem os responsáveis que seja “uma página de esperança no futuro, para as crianças e
para os jovens de hoje, e um voto de
confiança e de gratidão para todos
aqueles que trabalharam e continuam a trabalhar neste movimento”.
Corações ao alto!
A experiência pascal de Marcos!
Manhã de formação/Reflexão
Centro Paroquial de Moura
17.03.2012 - 10h00
Diácono Paulo Godinho
Dr. Rui Miguel Conduto
CARDIOLOGISTA
CONSULTAS:
Sábados
Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175
Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486
Quartas-Feiras
Cardio Luxor
Avenida da República, 101, 2.º A-C-D Lisboa - Tel.: 217 993 338
SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO
& FILHOS, LDA
António Mendonça
Chefe Regional de Beja
Coreanos na base de Beja
A Base Aérea n.º 11, em Beja, pode
vir a alojar uma escola de pilotos
militares sul-coreanos. O Ministério da defesa já confirmou a
existência de conversações com as
autoridades de Seul.
A Coreia do Sul pretende construir
em Portugal um centro de formação
para pilotos para o avião a jato supersónico T-50, produzido pela Indústria
Aeroespacial Coreana (KAI).
Uma fonte do Ministério da Defesa
sul-coreano revelou que as negociações com o Governo português
se iniciaram em 2011 e visam criar
condições para formar, durante três
décadas, 200 alunos por ano, num
investimento total de 202 milhões
de euros.
o major Paulo Mineiro, do gabinete
Sinos
Órgãos Clássicos Viscount | Rodgers | Roland
Relógios de Torre
Lampadários Electrónicos de Madeira e Metal
Máquinas de contagem de Dinheiro
Fabricantes e distribuidores em exclusividade para Portugal e Espanha
de comunicação da Força Aérea
Portuguesa (FAP), disse que numa
primeira fase a FAP desempenhou
o “papel de facilitador”, ao receber
os militares asiáticos, acompanhando-os no terreno. No entanto, neste
momento, o assunto está a ser
discutido ao nível dos ministérios
da Defesa e da Economia.
O Ministério da Defesa português
já confirmou os contactos e várias
visitas de militares sul-coreanos
quer à cidade, quer à BA11.
A instalação deste equipamento em
Beja trará para a região cerca de três
centenas de famílias, o que representará um impacto positivo na
economia local.
CD “AVE MUNDI GLORIA”
vai ser apresentado em Concerto em Aljustrel
O CD “Ave Mundi Gloria”, gravado pelo Coro do Carmo
de Beja para a vinda do Papa a Portugal e galardoado
com o Prémio Kerygma 2010, vai ser apresentado na
Igreja Matriz de Aljustrel no próximo sábado, dia 17 de
Março às 21h. Este Concerto do Coro do Carmo, que
se insere nas festas locais em honra de Nª Sª das Dores,
terá a participação do Grupo de Metais da Banda de
Aljustrel (que participou na gravação do CD) e conta
ainda com a colaboração da cantora lírica Ângela Silva
e de alguns instrumentistas que trabalham habitualmente com o Coro.
A. Cartageno
Rua Cidade do Porto - Ferreiros - 4705-084 Braga
Telefone 253 605 770 | Fax 253 605 779
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15
Março
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ÚLTIMA PÁGINA
15 de Março de 2012
Ditos e Feitos
Registado
Deste
Mundo
e do
Outro
Estudo sobre o aborto
1. Desde 2007 realizaram-se em Portugal mais de 80 mil abortos legais
“por opção da mulher”;
2. A reincidência do aborto tem vindo a aumentar consideravelmente.
Em 2010, houve 4600 repetições de aborto, das quais mil representaram
duas ou mais repetições;
3. As complicações do aborto legal para a mulher têm vindo a aumentar
todos os anos, registando-se mesmo uma morte em 2010 (facto que
não acontecia desde 1994);
4. A intensidade do aborto é maior nas mulheres mais instruídas, com
idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos;
5. Desde o primeiro ano da implementação da lei houve um aumento de
30% no número de abortos por ano (15 mil no primeiro ano e 19 mil nos
últimos anos);
6. Desde os anos 80, Portugal acumula um défice de 1.200.000
nascimentos, necessários para assegurar a renovação das gerações e
a sustentabilidade do País. Desde 2010 que esse défice não é
compensado pela emigração.
7. Os dados do aborto fornecidos pela Direcção Geral de Saúde têm
vindo a perder transparência e rigor: não há relatórios semestrais desde
2009 e a informação contida nos relatórios é menor desde 2007.
Governo saúda Igreja por trabalho
na área da saúde mental
O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde elogiou o
contributo dos institutos hospitalares no tratamento de doentes de
foro mental, reconhecendo que o Governo deve colaborar “melhor”
com estas instâncias católicas. “Nós necessitamos muito dos
institutos hospitaleiros e estamos cientes de que, de alguma forma,
nunca fomos capazes de estabelecer a melhor cooperação”, referiu
Fernando Leal da Costa, durante a abertura do 11.º Congresso Nacional
de Psiquiatria São João de Deus, em Lisboa.
Com o tema “Qualidade sem Saúde Mental - Cuidar com Saber e
Humanidade”, esta iniciativa conta com a organização das Irmãs
Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus em parceria com a Ordem
Hospitaleira de São João de Deus, duas instituições religiosas que,
segundo este representante do Governo, prestam um contributo
“primordial”, sobretudo num momento em que “a saúde mental dos
portugueses está a ser condicionada por um conjunto de problemas
sociais”.
Organizações católicas e sindicatos
por um “domingo sem trabalho”
Organizações católicas e sindicais da Europa estão a mobilizar-se pelo
fim das actividades produtivas e profissionais neste dia da semana,
promovendo várias acções de rua.
“Nestes tempos de crise económica e financeira, durante a qual cada
vez mais direitos económicos e sociais são colocados sob pressão, o
domingo livre do trabalho é uma demonstração clara e visível de que
as pessoas e as nossas sociedades não dependem apenas do trabalho
e da economia”, assinala a “Aliança Europeia pelo Domingo” (ESA Euopean Sunday Alliance).
O movimento engloba, entre outros, a Comissão dos Episcopados
Católicos da União Europeia (COMECE) e várias associações de
inspiração cristã.
As iniciativas visam sublinhar a importância do domingo como dia de
descanso, frisando que “apenas os serviços essenciais” deveriam
estar disponíveis.
A ESA pede que as leis e práticas comunitárias protejam mais “a saúde,
a segurança e a dignidade de todos”, permitindo “a reconciliação da
vida profissional com a familiar”.
Portugal tem 18 mil a viver em barracas
De acordo com os dados preliminares do Censos 2011, Portugal tem
6951 barracas, onde vivem 18 072 pessoas. De acordo com os dados
do Instituto Nacional de Estatística, Almada é o concelho do País
com mais barracas (310), seguido de Loures (220), Lisboa (219), Faro
(204), Vila Nova de Gaia (192), Sintra (185) e Seixal (181).
Fora das áreas da Grande Lisboa e Grande Porto, os concelhos onde
foram recenseadas mais barracas são Setúbal (157) e Loulé.
Alberto Batista
Igreja diz que começa a
faltar tempo para
extinguir feriados
A Igreja Católica portuguesa diz
que começa a faltar tempo para
extinguir dois feriados religiosos já
este ano. Em causa está o Corpo de
Deus, que se assinala a 7 de Junho.
Segundo Manuel Morujão, da
Conferência Episcopal Portuguesa
(CEP), “já foi manifestado à Santa
Sé que se for abdicado o Corpo de
Deus é preferível que não seja
suprimido este ano”.
O grande “problema”, segundo
Manuel Morujão, prende-se com o
facto de “haver já programações
religiosas e civis que seria complicado alterar a apenas 3 meses”.
D. António Montes Moreira, bispo
que lidera a delegação do Vaticano
na comissão partidária da Concordata, diz que é preferível extinguir o feriado só em 2013. “O Corpo
de Deus é daqui a três meses, não
faz sentido extingui-lo agora”, frisa.
Mais complicada parece estar a
decisão sobre o segundo feriado a
extinguir: o 1.º de Novembro ou o
15 de Agosto. Os bispos portugueses tinham sugerido o de
Agosto, mas a Santa Sé prefere
abdicar do feriado de Todos os
Santos.
“A nível litúrgico estão os dois dias
em igual patamar, o de solenidade”,
diz Manuel Morujão, que aponta
ainda para o peso do feriado de
Agosto a nível popular. “Há muitas
festas populares nesse dia, como a
Nossa Senhora do Monte, na
Madeira”, diz. Extinguindo o 1.º de
Novembro, o secretário da CEP diz
que “as celebrações podem ser
mudadas para o primeiro domingo
do mês”. Uma mudança que carece
de aprovação da Congregação do
Culto Divino.
“Passo-a-Rezar”
completou dois anos
O site “Passo-a-Rezar” completou
dois anos de existência no início
da Quaresma.
Este projecto, que nasceu associado à Companhia de Jesus (jesuítas), já terá atingido os quatro
milhões de visitas, contando ainda
com mais de 13 mil seguidores na
rede social “Facebook”.
Segundo o padre António Valério,
a média diária de “downloads”
situa-se na ordem dos “nove mil”,
que não correspondem a nove mil
ouvintes. “Temos conhecimento
de comunidades paroquiais, hospitais, escolas que usam o Passo-
a-Rezar. Por isso, o número total é
mais elevado”, acrescenta este
sacerdote jesuíta, atual coordenador do projeto, em declarações à
Rádio Renascença.
Aproveitando a comemoração do
segundo aniversário, foram apresentadas algumas novidades, sobretudo no que diz respeito ao
grafismo do site. Paralelamente ao
portal na internet, vão ser organizados alguns encontros para
aprofundar a oração.
Recorde-se que este projecto
nasceu inspirado no site irlandês
“Pray-as-you-go”, que disponibilizava propostas de oração em
formato “mp3”. o site português
permite aceder diariamente a 15
minutos de orações em formato
áudio, que podem ser ouvidos
directamente através do site www.
passo-a-rezar.net ou transferido
para o iPod ou outro leitor de “mp3”.
Os ficheiros contêm a leitura do
evangelho diária, acompanhada de
trechos musicais e propostas
concretas de meditação a partir da
Palavra de Deus.
200 mil sofrem de
depressão e mania
A doença bipolar é uma das doenças mentais mais comuns, consiste
numa perturbação do foro psiquiátrico, caracterizada por variações acentuadas do humor, com
crises repetidas de depressão e
“mania”.
Na fase depressiva, que é a “mais
comum e, simultaneamente, a mais
perigosa, uma vez que é aquela em
que se verifica uma maior taxa de
suicídio, o doente tem dificuldade
em ordenar os pensamentos e é
afectado por uma tristeza profunda
e cansaço permanente”.
Por contraste, na fase maníaca o
doente “sente-se autocofiante, não
dorme, tem a libido aumentada e a
tendência para o consumo excessivo de álcool ou drogas, o que
pode levar à perda do controlo
social”, explicou o psiquiatra José
Lara.
A doença bipolar, também conhecida como doença maníaco-depresiva, tende a manifestar-se no
pico da juventude, entre os 15 e os
25 anos, e afecta cerca de 200 mil
portugueses.
Ser católico
Para merecer o nome de católico não
basta cada um dizê-lo de si próprio
mas é preciso prová-lo com obras.
Assim:
- Ser católico implica acreditar em
Jesus Cristo e em tudo o que ele
ensinou;
- Ser católico impõe a obrigação de
defender corajosamente Jesus
Cristo;
- Ser católico exige que se repudie
tudo o que se opõe à Lei Divina e à
Lei Natural (aborto, divórcio, eutanásia, homossexualismo, etc.);
- Ser católico reclama o cumprimento dos Mandamentos de Deus e
da Igreja;
- Ser católico obriga a ser membro
activo da comunidade (participação
na eucaristia, no apostolado ou
pastoral sócio-caritativa);
- Ser católico proíbe dar o voto a
partidos e ideologias que não respeitam os valores atrás referidos.
Sabedoria popular
- Um chato nunca perde o seu
tempo. Perde o dos outros.
- Tudo na vida é passageiro,
excepto o motorista.
- Para evitar uma vida sedentária,
beba água.
- Se não tem pressa de morrer...
beba. A bebida mata lentamente.
- É melhor ficar calado e deixar que
pensem que é idiota... que abrir a
boca e demonstrá-lo.
- O amor é cego... mas o casamento
devolve a vista.
- A preguiça é a mãe de todos os
vícios. Como é mãe, temos que
respeitá-la.
- Você nasce sem pedir e morre sem
querer. A proveite o intervalo.
Bom humor
No tribunal o juiz pergunta: “-Porque
não devolveu a pulseira?”
“- Porque ela dizia: Tua para sempre”.
*
A primeira vez que fumei senti uma
grande dor nas orelhas...
- Dores nas orelhas!?
- Sim. Havia de ver a força com que
o meu pai as puxou.
*
- Senhor Doutor, se toco com um
dedo na perna dói-me, se toco com
um dedo na cabeça dói-me... que
será que tenho?
- Um dedo partido!
*
Dois meninos entram na urgência
do hospital. Ao serem atendidos,
um deles diz: - Doutor, eu estava
com uma bolinha na boca, distraime e engoli-a.
- Tens de ficar em observação,
responde o médico.
- E que se passa contigo? - perguntou o doutor ao outro menino.
- Eu sou o dono da bolinha!
A.B.

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