Cultos Escoteiros - Grupo Escoteiro do Mar Amigo Velho

Transcrição

Cultos Escoteiros - Grupo Escoteiro do Mar Amigo Velho
INDABA REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL
CULTOS ESCOTEIROS
Ricardo Menezes
Diretor Técnico
Grupo Escoteiro Caio Martins – 6º DF
Setembro de 2001
Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
CONTEÚDO
Introdução................................................................................................................ 3
Religião .................................................................................................................... 3
As grandes religiões ............................................................................................... 4
Hinduísmo.............................................................................................................................. 4
Judaísmo ............................................................................................................................... 4
Islamismo............................................................................................................................... 5
Budismo................................................................................................................................. 6
Religiões Afro-Brasileiras ...................................................................................................... 7
O Espiritismo ......................................................................................................................... 8
Cristianismo ........................................................................................................................... 8
O Protestantismo ............................................................................................................. 8
O Catolicismo................................................................................................................... 9
A Igreja Ortodoxa............................................................................................................. 9
Número de adeptos das principais religiões do mundo..................................... 10
O Culto Escoteiro .................................................................................................. 11
Situações Formais................................................................................................. 12
Idéias de B-P.......................................................................................................... 13
Algumas Orações .................................................................................................. 14
Oração Escoteira Mundial ................................................................................................... 14
Oração da Jornada .............................................................................................................. 14
Oração Gaélica.................................................................................................................... 14
Oração da Tranqüilidade ..................................................................................................... 14
Oração do Expedicionário ................................................................................................... 14
Oração do Alimento (antes da refeição).............................................................................. 14
Meu Senhor e Chefe............................................................................................................ 14
Anônima............................................................................................................................... 15
Oração de Francisco de Assis............................................................................................. 15
Alguns Textos para Reflexão................................................................................ 15
O Cachorrinho ..................................................................................................................... 15
Amor na Latinha de Leite..................................................................................................... 16
Mussa e Nagib..................................................................................................................... 16
Amigos ................................................................................................................................. 17
Os Gansos ........................................................................................................................... 18
Fila Indiana .......................................................................................................................... 19
Lenda Judaica ..................................................................................................................... 19
O Fazendeiro e o Cavalo..................................................................................................... 19
Sempre Há uma Saída ........................................................................................................ 19
A Janela ............................................................................................................................... 20
O Vaso Cheio ...................................................................................................................... 21
Carta do Chefe Indígena Seattle (1885).............................................................................. 21
Referências ............................................................................................................ 24
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Cultos Escoteiros
Introdução
“Demorei a compreender que Deus não é inimigo dos meus inimigos.
Deus sequer é inimigo de seus inimigos.” – Pastor Martin Niemöler
(1892-1984) Durante sua prisão em campo de concentração na
Segunda Guerra Mundial.
“A voz humana não pode ser ouvida até que tenha perdido o poder de
ferir.” – Mira Rostova, professora de artes cênicas do Teatro de Artes
de Moscou.
O Movimento Escoteiro, através do seu programa e método, procura ajudar o
jovem a crescer espiritualmente, principalmente na sociedade multicultural em que
vivemos e requer que seus membros "cumpram seus deveres para com Deus".
Todos os membros do Grupo devem ser estimulados a ter uma religião e
seguir fielmente seus preceitos. O ME auxilia seus membros a se desenvolverem em
suas próprias religiões e incentiva todos aqueles que não tem uma religião a buscar
uma que melhor atenda suas necessidades e expresse sua fé, em harmonia com
membros praticantes de outras religiões.
Religião
O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca
levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos – muitas
vezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajudam a compreender o
significado último de sua própria natureza. Mitos, superstições ou ritos mágicos que
as sociedades primitivas teceram em torno de uma existência sobrenatural, inatingível
pela razão, equivaleram à crença num ser superior e ao desejo de comunhão com ele,
nas primeiras formas de religião.
Religião (do latim religio, cognato de religare, "ligar", "apertar", "atar", com
referência a laços que unam o homem à divindade) é como o conjunto de relações
teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual se
rende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado. Assim, religião
constitui um corpo organizado de crenças que ultrapassam a realidade da ordem
natural e que tem por objeto o sagrado ou sobrenatural, sobre o qual elabora
sentimentos, pensamentos e ações.
Essa definição abrange tanto as religiões dos povos ditos primitivos quanto as
formas mais complexas de organização dos vários sistemas religiosos, embora variem
muito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. Apesar
dessa variedade e da universalidade do fenômeno no tempo e no espaço, as religiões
têm como característica comum o reconhecimento do sagrado (definição do filósofo e
teólogo alemão Rudolf Otto) e a dependência do homem de poderes supramundanos
(definição do teólogo alemão Friedrich Schleiermacher). A observância e a
experiência religiosas têm por objetivo prestar tributos e estabelecer formas de
submissão a esses poderes, nos quais está implícita a idéia da existência de ser ou
seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana.
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Cultos Escoteiros
As grandes religiões
Hinduísmo
Se você tiver algum jovem da fé Hindu em
sua Seção ou Grupo, você pode ter certeza que estará
em contato com eras remotas da história. O
Hinduísmo é a mais antiga das religões do mundo e,
por isso mesmo, é muito diferente da maioria das
demais. Por exemplo, não há um conjunto rígido de
crenças, embora o Hindu ore com profunda devoção
diante de seu Dharma ou espírito guia.
Para ser Hindu apenas duas coisas são
necessárias: buscar a verdade e não fazer o mal a
ninguém (não ajudar alguém necessitado é entendido
como fazer-lhe o mal). Para fazer essas duas coisas apropriadamente, o Hindu deve
preparar seu corpo e sua mente para ser capaz de realizá-las. Isso, aliás, tem muito a
ver com o Escotismo.
O Templo é o lugar sagrado do Hindu para orações, mas uma sala reservada
para isso ou uma barraca servem perfeitamente bem para orar e meditar. De fato, um
Hindu geralmente estará preparado para usar uma igreja ou outro lugar de adoração
para suas próprias devoções.
O símbolo Hindu é importante. Os Hindus não têm uma palavra para Deus,
como os Cristãos, os Muçulmanos e os Judeus. A essência de sua fé está na sílaba
AUM (o Símbolo) que descreve a relação do "Espírito" ou Brahman com o mundo:
"A" representa o poder de Deus para criar o universo; "U" representa o poder de Deus
para preservar o universo; e "M" representa o poder de Deus para dissolver o
universo.
Há dois conjuntos de escrituras sagradas, as "isruti" que são divinas e
sagradas; e as "smriti" que são um pouco menos. Há 1,000 cantos ou hinos. Os
Hindus acreditam que o grande espírito aparece de três formas: Brahma, Vishnu e
Shiva, usando diferentes disfarces, humanos ou animais. Eles também acreditam na
doutrina da reencarnação – que após esta vida nós nasceremos de novo em outro
corpo. A qualidade da vida de uma pessoa desta vez determina que tipo de corpo ela
terá na próxima.
A maioria dos Hindus é vegetariana, mas alguns gostam de frango e carneiro.
O consumo de carne bovina é estritamente proibido. Escoteiros Hindus são sempre
limpos e simpáticos e prontamente participam de cultos ecumênicos. Também
recebem com alegria outros escoteiros em seus Templos.
O principal festival Hindu é o Diwali, o festival das luzes, celebrado no final
de novembro.
Judaísmo
A religião judaica é monoteísta. Toda a vida depende de um único Deus e tudo
o que é bom vem Dele. O nome "Deus" é escrito nas letras IHVH, que em hebraico
quer dizer "eu sou quem sou". É lido como "Jeová" ou "Javé". Seu nome real é tão
sagrado que os judeus normalmente nem o pronunciam, substituindo-o por "o Senhor"
ou "o Nome".
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Cultos Escoteiros
Foi Jeová quem criou o mundo, e ensinou ao
homem como viver em função dos seus deveres,
seguindo somente a Deus, ajudando e respeitando seu
próximo.
Não há distinção entre a parte ética e a parte
religiosa da doutrina judaica. Tudo pertence à Lei de
Deus. Há 613 mandamentos, 248 afirmações e 365
proibições. Partem do princípio de "Amarás o teu
próximo como a ti mesmo".
A Bíblia é o livro sagrado dos judeus. Trata-se de
um conjunto de textos históricos, literários e religiosos. A Bíblia judaica equivale ao
Antigo Testamento, organizados em 24 livros divididos em três grupos: a Lei
("Torá"), Os Profetas ("Neviim") e os Escritos ("Ketuvin"). Também há o Talmude
("Estudo"), texto usado pelos rabinos em seus ensinamentos para orientar os fiéis em
situações concretas. (Contém leis, regras, preceitos morais, comentários, histórias e
lendas sobre "A Lei").
O principal motivo de não encontrarmos muitos jovens Judeus em nossas
reuniões aos sábados é porque este dia é sagrado para eles, o "Shabat": do por-do-sol
de sexta-feira até o por-do-sol de sábado nenhum trabalho pode ser feito e as famílias
se reúnem numa ceia na sexta-feira para dar boas-vindas ao Shabat e agradecer a Deus
pela providência.
Outras datas importantes são: o Ano-Novo (Rosh há-Shaná), o Dia do Perdão
ou Iom Kipur (dia da expiação), a Festa dos Tabernáculos - Sukot, a Festa da
Inauguração (Chanuká), a Páscoa (Pessach) e a Festa das Semanas (Shavuot).
Os Judeus só comem carne de animais ruminantes e de casco partido (carne de
gado, sim, de porco, não); aves, apenas as não predatórias; peixes apenas os que têm
escamas e barbatanas. Dos animais proibidos, nem leite nem ovos servem como
alimento. Toda comida feita de sangue é proibida (quando se abate um animal, retirase o máximo de sangue possível, sendo o restante retirado com água e sal). Não é
permitido comer derivados de carne e de leite numa mesma refeição. Frutas e
verduras são todas permitidas.
Os jovens prontamente participam de cultos e da maioria das atividades
escoteiras.
Islamismo
O termo Islam deriva da palavra “Salama” (estar em paz), e seu significado no
contexto religioso é a submissão voluntária à vontade de Deus. Os seguidores desta
religião são chamados de muçulmanos (aqueles que se
submetem a Deus).
Se você tiver algum jovem dessa religião em seu
Grupo, ele será seguidor de uma fé mundial de mais de
um bilhão de membros. E provavelmente será um
menino ou rapaz, porque raramente uma garota
muçulmana terá permissão para entrar no Escotismo –
pelo menos ainda não. O Islam é um estilo de vida. Os
muçulmanos são o povo do “Livro”, o “Quar’an”, ou
como dizemos: o Corão.
Há algumas raízes comuns com o Judaísmo. Os
árabes (muçulmanos) são chamados de descendentes de Ismael, filho de Hagar, serva
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Cultos Escoteiros
da mulher de Abraão. Os Judeus descendem de Isaac, filho de Sara, esposa de Abraão.
Portanto, Islamismo, Judaísmo e Cristianismo são muito entrelaçadas e embora
Judeus e Muçulmanos não aceitem Jesus como filho de Deus, os Muçulmanos o
aceitam como profeta.
A palavra árabe que designa o Deus Uno e Único é Allah, e não admite gênero
masculino ou feminino, e muito menos plural. Ele é o Senhor e Soberano do universo,
criador de todas as coisas, e nada existe que não seja por Sua vontade. Ele é o Criador
de todos os seres humanos. Ele é o Deus dos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, e
outros. O Islam acredita na Unicidade Absoluta de Deus e prescreve uma forma de
culto e de oração que não admite imagens ou símbolos. No Islam, as relações entre o
homem e o seu Criador são diretas e pessoais e dispensam qualquer intermediário.
Os escoteiros muçulmanos não terão dificuldade em participar do culto
religioso escoteiro, já que é Deus que é adorado.
O jovem muçulmano terá que saber de cor o Corão para cumprir seus deveres
para com Alah. Ele seguirá um conjunto de cinco obrigações religiosas, chamado de
“Os cinco Pilares”: o primeiro, testemunho de fé, de que Deus é único e das
revelações Dele a Maomé (que a paz e a bênção de Deus esteja sobre ele), seu último
mensageiro ou profeta; segundo, oração, que desde a idade de escoteiro terá que fazer
cinco vezes ao dia (e esse tempo deve lhe ser permitido, no Grupo ou em
acampamento); terceiro, jejum, durante o mês de Ramadan ele não poderá comer e
beber do nascer ao por-do-sol, para que os ricos experimentem a dor dos pobres;
quarto, “al zacat” envolve crescimento, caridade e purificação; e o quinto, se possível,
a peregrinação à Caaba que fica na cidade de Meca (Makkah).
No campo o jovem muçulmano comerá carne bovina, frango e carneiro, se
tiverem sido abatidos apropriadamente, mas jamais comerá porco. Peixe, cereais e
legumes serão apreciados.
O símbolo do Islamismo é a estrela de cinco pontas, representando os cinco
pilares, e o crescente, que lembra que o início do mês islâmico começa com cada lua
nova.
Budismo
Buda é uma palavra que significa “o esclarecido, o iluminado”. Este foi o
título conferido ao príncipe indiano Siddharta Gautama. Seu pai o criou no palácio,
com muito luxo e conforto, e não permitia de maneira nenhuma que ele tivesse
contato com as dificuldades da vida. Um certo dia, andando pela rua, viu alguns
camponeses arando a terra. Siddharta comoveu-se até as lágrimas com o peso do
trabalho dos homens e dos bois. Isso o fez resolver sair de casa e sofrer fome e dor
enquanto pensava num meio de eliminar o sofrimento do povo. Adotou um outro
estilo de vida. Começou a desprezar o egoísmo, a
ambição e o apego aos bens materiais. Passou a pregar
seus ideais junto aos indianos.
Sua filosofia era tão profunda que inaugurou um
novo estilo da vida, uma nova espiritualidade. Por isso
logo após a sua morte seus discípulos continuaram a
propagar estas idéias, surgindo assim uma nova
religião: o Budismo.
O budismo tornou-se uma das religiões mais
conhecidas e disseminadas por todo o mundo. Ele foi
introduzido na China através do comércio com a Índia
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durante a dinastia Han. De lá, espalhou-se pelo Japão e pelo resto do mundo.
Essa é uma religião difícil de explicar. Os Budistas acreditam que podem
passar do sofrimento humano para um estado de perfeição ou salvação chamado
“Nirvana”. Mas para conseguir isso leva muito tempo, na verdade, muitas vidas.
Quando alguém morre não significa que deixou de existir, simplesmente passam para
outro estado de existência, e nesse mundo nada é permanente – nem mesmo o tempo,
sendo apenas um fluxo contínuo de milissegundos.
É uma religião em que os adeptos devem seguir pela sua consciência, através
da qual são despertadas as verdades da própria existência humana. Esses princípios
estão nos ensinamentos ("Dharma") pelos quais nós procuramos pensar e viver.
O Budismo tem como símbolo um leme. Ele representa o ciclo de nascimentos
e mortes que o indivíduo põe em movimento pela sua sede de vida (“Tanha”) e a
natureza mutável do universo. O eixo da roda representa as três causas da dor: ódio,
ignorância e ambição. Os raios representam o caminho das oito virtudes.
Muito embora no Budismo não exista o conceito de Deus como uma entidade
criadora separada, o jovem Budista não terá dificuldade em participar de culto
religioso escoteiro porque sua fé o impede de ser contrário a essa idéia.
Muitos Budistas são vegetarianos, mas isso não é obrigatório.
Religiões Afro-Brasileiras
Vários cultos até hoje praticados no Brasil começaram na África, muito antes
do período da escravidão, onde basicamente predominavam três religiões:
Cristianismo, Islamismo e religiões tribais ou primais.
Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos. Por
isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus
cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar
as suas concepções através dos símbolos.
Os cultos afros inicialmente eram ritos de preservação cultural dos grupos
étnicos. No Brasil eles associam-se à vinda de escravos negros trazidos de lugares
como Nigéria, Benin e Togo. E também estão profundamente ligados à preservação
da cultura, da arte e da religião dos negros.
Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileiras
foram se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas
adotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos.
As religiões afro-brasileiras são extremamente musicais e culturamente ricas,
pois a dança tem papel muito importante nos rituais.
O Candomblé é o culto afro que mais preserva as origens africanas em sua
integridade, procurando evitar o sincretismo religioso.
Candomblé é uma palavra africana que significa dança. Propriamente, é uma
dança religiosa na qual se reza para os orixás. Esta dança é uma invocação praticada
por mulheres chamadas de sambas.
Todos os seguidores das religiões Afro-Brasileiras têm seu orixá. Acreditam
que todos os seres humanos nascem da Natureza, em um determinado dia, lugar e
hora sob o comando de um orixá, que é uma força da criação divina, manifestação de
Olorum, o criador de tudo (Deus). Ogum, Oxóssi, Xangô e Iansã são alguns orixás.
Já a Umbanda não crê em entidades tutelares de forças naturais. O
Umbandista crê em forças ou qualidades divinas que ao penetrarem no campo áurico
do planeta, sentem-se atraídas por determinados habitats da natureza. As entidades
cultuadas pela Umbanda, denominadas de Caboclos, Crianças, Pretos-Velhos, Exus e
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Cultos Escoteiros
Pomba-Giras, dentre outras, não são espíritos tutelares de forças naturais. São seres
comuns, que já viveram e estiveram encarnados, diferenciando-se pelo seu elevado
grau de espiritualização.
O jovem desta fé participa prontamente das atividades e cultos escoteiros e
não sofre restrições alimentares.
O Espiritismo
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina
filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com
os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem
dessas relações.
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação
dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.
O Espírita crê que a mediunidade, que permite a comunicação dos espíritos
com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer,
independentemente da religião ou da diretriz doutrinatária de vida que adote.
A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, entretanto a presença
dos jovens em cultos escoteiros é sempre plena e participativa.
Cristianismo
Em nosso país, sem dúvida, a grande maioria dos jovens
são Cristãos. O Cristianismo nasceu dos ensinamentos
de um Judeu, Jesus de Nazaré, há cerca de 2000 anos.
De lá para cá, formaram-se três grandes ramos: a Igreja
Católica, as Igrejas Protestantes e as Igrejas Ortodoxas.
Embora divirjam em importantes aspectos doutrinários,
essas três vertentes permanecem irmanadas por sua
crença no caráter divino da revelação de Jesus, na
existência de um Deus único em três pessoas, iguais em
natureza e dignidade, que criou o mundo do nada, e nos
princípios essenciais da cristandade: amor a Deus sobre
todas as coisas, traduzido necessariamente no amor ao próximo, e a fé na chegada do
reino de Deus.
Além disso, o Cristianismo em seu conjunto se distingue das demais religiões
monoteístas por ser a única que proclama a realidade de um homem-Deus, o próprio
Jesus, Deus ele mesmo, encarnado em forma humana para realizar a vinculação
mística e real de toda a humanidade com o Criador.
Os três ramos do cristianismo têm também um mesmo livro sagrado, a Bíblia,
e acrescentam ao Antigo Testamento judaico o Novo Testamento, que compreende os
Evangelhos e outros livros posteriores ao nascimento de Jesus.
O Protestantismo
Protestantismo é um termo empregado para designar um amplo espectro de
igrejas cristãs que, embora tão diferentes entre si como a Igreja Luterana e as
Testemunhas de Jeová, compartilham princípios fundamentais como o da salvação
pela graça de Deus mediante a fé, o reconhecimento da Bíblia como autoridade
suprema e o sacerdócio comum de todos os fiéis.
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O termo "protestante" tem origem no protesto de seis príncipes luteranos e 14
cidades alemãs em 19 de abril de 1529, quando foi revogada uma autorização para
que cada príncipe determinasse a religião de seu próprio território.
O Catolicismo
Desde o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563, a igreja cristã
subordinada à autoridade papal em Roma passou a denominar-se Católica Apostólica
Romana, em oposição às igrejas protestantes constituídas a partir da Reforma. Definese como una, santa, católica e apostólica e considera seu chefe como legítimo herdeiro
da cátedra do apóstolo Pedro, sagrado papa, segundo o Evangelho, pelo próprio Jesus.
O termo catolicismo tem o significado de universal, geral e verdadeiro.
A Igreja Ortodoxa
A denominação "ortodoxa" (isto é, de doutrina reta) tornou-se corrente,
mesmo entre católicos e protestantes, para designar as igrejas cristãs orientais que, em
1054, se separaram da igreja de Roma.
Chamam-se igrejas ortodoxas as que representam a fé historicamente
preservada pela cristandade oriental e se consideram depositárias da doutrina e dos
ritos originais dos padres apostólicos. Dividem-se em três grupos: a Igreja Ortodoxa
do Oriente, de origem bizantino-eslava, e que reúne o maior número de fiéis; as
igrejas orientais dos nestorianos e monofisistas, sem qualquer comunhão com as
demais; e as igrejas orientais que "retornaram a Roma", mas se mantiveram distintas
em rito e disciplina.
Quadro-resumo das principais divisões do Cristianismo
(em número de adeptos)
Católicos
Igreja Católica Apostólica Brasileira
Igreja Católica Apostólica Romana
Protestantes
Evangélicos
Igreja Adventista do Sétimo Dia
Igreja Anglicana
Igreja Batista
Igreja Calvinista
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Igreja Metodista
Igreja Presbiteriana
Evangélicos Pentecostais
Assembléia de Deus
Igreja Universal do Reino de Deus
Ortodoxos
Igreja Ortodoxa Oriental
Igrejas Orientais dos Nestorianos e Monofisistas
Demais Cristãos
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
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Cultos Escoteiros
Número de adeptos das principais religiões do mundo
Cristãos
Catolicos
Protestantes
Ortodoxos
Outros Cristãos
Muçulmanos
Hindus
Budistas
Judeus
Outras religiões
Não religiosos
Judeus
0,2%
1.059.210.000
396.867.000
218.537.700
325.385.300
1.320.000.000
900.000.000
360.000.000
14.000.000
586.000.000
840.000.000
Ortodoxos
3,6%
Muçulmanos
21,9%
Outros Cristãos
5,4%
Budistas
6,0%
Protestantes
6,6%
Outras religiões
9,7%
Catolicos
17,6%
Não religiosos
14,0%
Hindus
15,0%
Fonte: Adherents.com
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Cultos Escoteiros
O Culto Escoteiro
Quando o Grupo for composto por jovens de religiões diferentes, seus
Escotistas devem respeitá-las cuidando para que cada jovem observe seus deveres
religiosos. Os membros do Escotismo devem conhecer, de uma forma geral, as
religiões dos demais membros no sentido de promover uma convivência harmônica e
participativa. Nas atividades do Grupo os cultos e orações devem ser simples,
ecumênicas (para Cristãos de diversas denominações) ou inter-religiosas e de
assistência voluntária.
Vejamos inicialmente o que o Culto Escoteiro não é:
§
§
§
Não é missa nem culto de igreja ou de templo, nem é substituto deles;
Não é uma liturgia estruturada;
Não é uma oportunidade para o chefe escoteiro proferir “verdades” com
um pouco de Deus junto para dar mais efeito.
Com isso em mente, vejamos o que o Culto Escoteiro é (e não pode deixar de
ser nenhuma dessas coisas):
§
§
§
É um reconhecimento de Deus e Sua criação – e nós como parte dela,
expressado de tal forma que jovens de todas as religiões possam
compartilhar juntos;
É uma pausa em nossa atividade para se descobrir algo mais profundo e
mais permanente nas coisas que queremos alcançar, aprender ou desfrutar;
É uma resposta ao Criador pela dádiva da vida.
Isso quer dizer, então, que o Culto Escoteiro pode ser praticamente qualquer
coisa, desde um momento de silêncio, passando por uma frase simples, até um ritual
mais elaborado que contenha músicas, cantorias, leituras, histórias e preces. Embora
mais adiante haja algumas sugestões que podem ser usadas na montagem de Cultos
Escoteiros, não há, de fato, nenhuma forma “certa” de fazê-los.
Por exemplo, uma tropa de Sêniores poderá chegar até o topo de uma
montanha, após uma subida difícil ou especialmente desafiadora e, parando para
recuperar o fôlego e apreciar a vista, um deles diz, com sentimento, “Graças a Deus
que a gente conseguiu chegar até aqui...” e outros poderão responder “É isso aí...” (no
contexto, outra palavra para “amém”). Conscientemente ou não eles acabaram de
participar de um Culto Escoteiro, porque eles reconheceram tanto o que conquistaram
quanto o crescimento que obtiveram a partir dele. A glória de um pôr do sol, o raiar da
alvorada, o céu estrelado à noite e o sentimento de amizade ao redor das chamas de
um fogo de conselho são cenários absolutamente naturais para se pensar – às vezes
silenciosamente, às vezes em voz alta, sobre o poder que é o início e o fim de todas as
coisas, e nosso lugar, como humanos, na complexa ordem do universo. E isso é o
Culto Escoteiro, às vezes até sem a necessidade de mencionar Deus pelo nome,
deixando-o apenas implícito. A argumentação aqui é simples: o Culto Escoteiro, na
verdade, é uma experiência espiritual que acontece.
No entanto, às vezes, especialmente com os mais jovens, essa experiência
precisa ser enfatizada. Assim, uma atividade ou um jogo que demande mais esforço
físico, ou mental, ou de espírito de equipe ou de tolerância, pode, ali mesmo, ser
transformado em um Culto Escoteiro – com uma breve reflexão e um agradecimento a
Deus. Não há necessidade de hinos, leituras, etc.
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Cultos Escoteiros
Naturalmente haverá sempre lugar para Cultos Escoteiros mais elaborados,
com canções e leituras, uma vez que tenhamos reservado uma hora para Deus. Nessas
ocasiões poderá ser bom contar uma história de aventura ou de desafios vencidos, na
qual as pessoas envolvidas se apoiaram na fé (qualquer que ela seja) do Deus Criador
para atingirem seus objetivos; cantar uma ou duas canções que falem em
compartilhar, amar o próximo ou em servir; e, claro, as orações. Embora os mais
jovens vejam isso com dificuldade, as melhores orações sempre vêm deles. Um
lobinho que ore “Agradeço ao Senhor por ter me criado” acertou em cheio no
significado do Culto Escoteiro com um mínimo de palavras. Deve-se deixar que os
mais jovens façam suas próprias orações, talvez até criando um livro de orações da
Alcatéia ou da Tropa Escoteira, usando-o e atualizando-o anualmente. Nenhum chefe
adulto consegue, inteiramente, atingir a profundidade dos pensamentos dos jovens.
Você deve ter muito cuidado ao liderar um Culto Escoteiro, por mais simples
que seja, para que não repasse para os jovens o seu modo particular de adorar a Deus
nem as características de sua própria religião.
Em resumo, o Culto Escoteiro é uma experiência espiritual, sem necessidade
de formalismos nem rituais rigidamente estruturados.
LEMBRE-SE:
O Escotismo encoraja os escoteiros a terem uma religião e a
cumprirem suas obrigações ou deveres para com Deus, mas não
define o que é uma crença em Deus nem o que é ou o que
constitui uma religião. Como chefes escoteiros devemos ter
cuidado para não favorecer uma fé em detrimento de outra.
Durante a condução das atividades, devemos ficar atentos à
necessidade de encorajar todos os jovens a cresçerem em suas
próprias convicções religiosas. Lembre-se de que os chefes
escoteiros também têm este “dever” para com Deus.
Situações Formais
Em situações formais é recomendável que se planeje o Culto Escoteiro com
antecedência, e lhe dê uma estrutura. A estrutura mais útil é a mais simples: Ela
consiste de três elementos. O primeiro é uma introdução, que pode ser feita com ou
sem canções. O segundo elemento é a história. Há centenas de histórias que servem
muito bem para esse fim. Histórias sobre B-P, ou sobre aventuras ou desafios
modernos. Algo que possa ser ilustrado com alguma forma de participação dos
presentes é muito eficiente mas não é absolutamente essencial. Poderia ser um simples
trecho de livro – mas seria muito melhor se fosse recontado pelo orador sem recorrer à
leitura do livro! O terceiro elemento é a devoção. Nada complicado nem sofisticado,
apenas um apanhado de coisas que são eternas por natureza, tais como amor, beleza,
justiça, verdade e paz – e a ligação do lugar vital que os membros do Movimento
Escoteiro de todas as idades têm na conquista e preservação delas. É assim que nós
podemos cumprir com nossos deveres para com o Poder Criador (Deus) que é o
princípio e o fim de todas as coisas.
Sem dúvida, os melhores e mais eficientes Cultos Escoteiros são aqueles
preparados pelos próprios jovens. Portanto, é importante que eles tenham
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
oportunidade tanto de praticar a montagem de cultos quanto de participar deles. Para
isso, você poderá dar-lhes um tema e pedir para que a equipe o apresente da forma
que achar mais eficiente. Eles poderão aparecer com canções, algo para ler ou coisas
que você jamais sonharia, mas para eles (e entre eles) o efeito será melhor do que
qualquer coisa que você diga. Alguns temas que poderiam ser sugeridos:
§
§
§
§
Tomar conta do mundo que Deus criou e das pessoas que o habitam;
Trabalhar para a paz e a justiça para todos;
Fazer o melhor possível com aquilo que Deus nos deu;
Como lidar com ferimentos e deficiências
Claro que há temas mais óbvios tais como férias, escotismo, amizades,
aventuras, etc. Todos têm significado escoteiro. Você poderá talvez sugerir-lhes o
abstrato: amor, esperança, beleza, imaginação, desespero, tristeza, perdão... Ou atacar
de frente, e pedir-lhes que expressem em palavras, ou encenando, ou cantando, o que
eles entendem por Deus, a Criação, o Universo, ou até eles mesmos. O importante
aqui é que, formal ou informalmente, não tem que ser profissional – apenas honesto.
Nem tem que demorar meia hora, apenas o tempo suficiente para dizer o necessário.
Você terá uma agradável surpresa do que eles são capazes de fazer.
Idéias de B-P
“Para uma tropa aberta, ou para tropas no campo, acho que o Culto Escoteiro
deve ser aberto para todas as denominações e executado de tal forma a não ofender
ninguém. Não deve haver uma forma especial, mas deve ser pleno do espírito certo e
deve ser conduzido não de um ponto de vista eclesiástico qualquer, mas do ponto de
vista do jovem. Tudo aquilo que possa contribuir para a criação de uma atmosfera
artificial deve ser evitado. Não queremos um tipo de procissão de igreja imposta sobre
eles, mas uma elevação voluntária de seus espíritos, em decorrência dos rapazes
agradecerem o prazer da vida e um desejo da parte deles de buscar inspiração e força
para um amor maior e para o servir ao próximo.
Um Culto Escoteiro deve ter um efeito nos garotos tão grande quanto qualquer
serviço religioso em uma igreja, se na condução do Culto Escoteiros nos lembrarmos
que rapazes não são homens adultos, e se acompanharmos o passo dos mais jovens e
dos menos educados dos presentes. Entediar-se não é reverenciar, e o tédio não
produz religião.
Para interessar aos jovens, o Culto Escoteiro deve ser uma função alegre e
variada. Hinos curtos (três versos são, via de regra, bastantes – nunca mais que
quatro); orações compreensíveis; uma palestra dada por um homem que realmente
entenda os rapazes (mais uma conversa “caseira” do que propriamente uma palestra) e
que prendam a atenção, e durante a qual eles possam rir ou aplaudir, como o espírito
mandar, para que eles realmente se interessem por aquilo que é dito. Se um homem
não consegue colocar suas idéias para os garotos mais espertos em dez minutos ele
deve levar um tiro! Se ele não as tiver bem afiadas, melhor seria nem fazer o Culto
Escoteiro.”
Baden-Powell
Publicado em “The Scouter”
Novembro de 1928
(Tradução do autor)
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Cultos Escoteiros
Algumas Orações
Oração Escoteira Mundial
Oração da Tranqüilidade
Vamos cada um de nós agora fazer
uma oração silenciosa para nosso
irmão à nossa direita...
Para nosso irmão à nossa esquerda...
E agora para nossos irmãos escoteiros
ao redor do mundo.
Dá-me, Senhor, tranqüilidade para
aceitar aquilo que não posso mudar,
A coragem para mudar aquilo eu
posso,
E a sabedoria para distingüir um do
outro.
Tradicional
Oração do Expedicionário
Oração da Jornada
Senhor,
Ajuda-me a encontrar a força do velho
carvalho
Para que nenhum sucesso me
envaideça.
A felicidade da natureza
Para a solidão não me abater.
A liberdade da ave
Para seguir meu próprio caminho.
E a vontade do Expedicionário
Para seguir sempre à frente e servir ao
próximo.
Mestre do Universo,
Conceda-me a habilidade de ficar só;
Que seja hábito meu sair todos os dias
ao ar livre
Entre as árvores e a relva, entre todas
as coisas vivas.
E que lá eu possa ficar só, e fazer uma
oração,
Para falar com aquele a quem pertenço.
Que eu consiga expressar tudo que
sinto no meu coração,
E que todas as folhagens do campo
(Toda a relva, as árvores e plantas)
Acordem com minha chegada,
Para transmitir a força de suas vidas
para minha oração
Para que minha oração e minha fala
sejam uma,
Através da vida e do espírito de todas
as coisas que crescem,
Que são feitas únicas por suas forças
transcendentais.
Oração do Alimento (antes da
refeição)
Senhor,
Tu que dás a água aos campos,
A terra às plantas,
O fruto aos homens,
Abençoa este alimento
Para que sua força
Nos faça servir-te bem.
Rabino Nachman de Bratslav
(1722-1811)
Meu Senhor e Chefe
Meu Senhor e Chefe,
Que apesar de minhas fraquezas
Escolheu-me para Chefe e guardião
De meus irmãos escoteiros,
Faz com que minhas palavras e
exemplos
Iluminem seus caminhos
Na trilha da Tua Lei.
Oração Gaélica
Seja uma chama que brilha em frente a
mim,
Seja uma estrela guia acima de mim,
Seja uma trilha macia abaixo de mim,
E seja um pastor gentil atrás de mim,
Neste dia, nesta noite e para sempre.
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
Oração de Francisco de Assis
Que eu mostre a eles Tuas pegadas
divinas
Na natureza que criaste,
Ensinar-lhes aquilo que devo
E guiá-los de etapa em etapa
Até a Ti, meu Senhor
No acampamento do repouso e da
alegria
Onde armaste Tua barraca e a nossa
Para toda a eternidade.
Senhor, fazei-me um instrumento de
vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
onde houver ofensa, que eu leve o
perdão,
onde houver discórdia, que eu leve a
união,
onde houver dúvidas, que eu leve a fé,
onde houver erro, que eu leve a
verdade,
onde houver desespero, que eu leve a
esperança
onde houver tristeza, que eu leve
alegria,
onde houver trevas, que eu leve a luz.
Mestre, fazei que eu procure mais
consolar do que ser consolado,
compreender do que ser compreendido,
amar do que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
é morrendo que se vive para a vida
eterna
Anônima
Se for pra esquentar, que seja no sol;
Se for pra enganar, que seja o
estômago;
Se for pra chorar, que se chore de
alegria;
Se for pra mentir, que seja a idade;
Se for pra roubar, que se roube um
beijo;
Se for pra perder, que se perca o medo;
Se for pra cair, que seja na gandaia;
Se existir guerra, que seja de
travesseiros;
Se existir fome, que seja de amor;
Se for para ser feliz, que seja o tempo
todo!
Alguns Textos para Reflexão
"O que é que há com ele?"
O dono da loja explicou que o
veterinário tinha examinado e
descoberto que ele tinha um problema
na junta do quadril, sempre mancaria e
andaria devagar. O menino se animou
e disse:
"Esse é o cachorrinho que eu
quero comprar!"
O dono da loja respondeu:
"Não, você não vai querer
comprar esse. Se você realmente quiser
ficar com ele, eu lhe dou de presente."
O menino ficou transtornado e,
olhando bem na cara do dono da loja,
com o seu dedo apontado, disse:
"Eu não quero que você o dê
para mim. Aquele cachorrinho vale
O Cachorrinho
Diante de uma vitrine atrativa,
um menino pergunta o preço dos
filhotes à venda. "Entre 30 e 50
dólares", respondeu o dono da loja. O
menino puxou uns trocados do bolso e
disse:
"Eu só tenho 2,37 dólares, mas
eu posso ver os filhotes?"
O dono da loja sorriu e chamou
Lady, que veio correndo, seguida de
cinco bolinhas de pêlo. Um dos
cachorrinhos vinha mais atrás,
mancando de forma vísível.
Imediatamente o menino apontou
aquele cachorrinho e perguntou:
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
E o irmãozinho, dando um
grande gole exclama: 'como está
gostoso!'
'Agora eu', diz o mais velho. E
levando a latinha, já meio vazia, à
boca, não bebe nada.
'Agora você', 'Agora eu', 'Agora
você', 'Agora eu'...
E, depois de três, quatro, cinco
ou seis goles, o menorzinho, de cabelo
encaracolado, barrigudinho, com a
camisa de fora, esgota o leite todo... ele
sozinho.
Esse 'agora você', 'agora eu'
encheram-me os olhos de lágrimas...
E então, aconteceu algo que me
pareceu extraordinário. O mais velho
começou a cantar, a sambar, a jogar
futebol com a lata de leite. Estava
radiante, o estômago vazio, mas o
coração trasbordante de alegria. Pulava
com a naturalidade de quem não fez
nada de extraordinário, ou melhor, com
a naturalidade de quem está habituado
a fazer coisas extraordinárias sem darlhes maior importância.
Daquele moleque nós podemos
aprender a grande lição, 'quem dá é
mais feliz do que quem recebe.' É
assim que nós temos de amar.
Sacrificando-nos com tal naturalidade,
com tal elegância, com tal discrição,
que os outros nem sequer possam
agradecer-nos o serviço que nós lhe
prestamos.
tanto quanto qualquer um dos outros e
eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe
dou 2,37 dólares agora e 50 centavos
por mês, até completar o preço total."
O dono da loja contestou:
"Você não pode querer realmente
comprar este cachorrinho. Ele nunca
vai poder correr, pular e brincar com
você e com os outros cachorrinhos."
Aí, o menino abaixou e puxou a
perna esquerda da calça para cima,
mostrando a sua perna com um
aparelho para andar. Olhou bem para o
dono da loja e respondeu:
"Bom, eu também não corro
muito bem e o cachorrinho vai precisar
de alguém que entenda isso.”
Amor na Latinha de Leite
Dois irmãozinhos maltrapilhos,
provenientes da favela - um deles de
cinco anos e o outro de dez, iam
pedindo um pouco de comida pelas
casas da rua que beira o morro.
Estavam famintos: 'vai trabalhar e não
amole', ouvia-se detrás da porta; 'aqui
não há nada moleque...', dizia outro...
As múltiplas tentativas frustradas
entristeciam as crianças... Por fim, uma
senhora muito atenta disse-lhes: 'Vou
ver se tenho alguma coisa para vocês...
coitadinhos!' E voltou com uma latinha
de leite.
Que festa! Ambos se sentaram na
calçada. O menorzinho disse para o de
dez anos: 'você é mais velho, tome
primeiro...' e olhava para ele com seus
dentes brancos, a boca semi-aberta,
mexendo a ponta da língua.
Eu, como um tolo, contemplava a
cena... Se vocês vissem o mais velho
olhando de lado para o pequenino!
Leva a lata à boca e, fazendo gesto de
beber, aperta fortemente os lábios para
que por eles não penetre uma só gota
de leite. Depois, estendendo a lata, diz
ao irmão: 'Agora é sua vez. Só um
pouco.'
Mussa e Nagib
Dois amigos, Mussa e Nagib,
viajavam pelas extensas estradas que
circulam as tristes e sombrias
montanhas da Pérsia. Ambos se faziam
acompanhar de seus ajudantes, servos e
caravaneiros. Chegaram certa manhã,
às margens de um grande rio barrento e
impetuoso, em cujo seio, a morte
espreitava os mais afoitos e temerários.
Era preciso transpor a corrente
ameaçadora. Ao saltar de uma pedra o
jovem Mussa foi infeliz, falseando o
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
mandaste gravar na pedra, para
sempre, o feito heróico. E agora que
ele acaba de ofender-vos tão
gravemente, vos limitais a escrever na
areia incerta, o ato de covardia! A
primeira legenda, ó cheique, ficará
para sempre. Todos os que transitarem
por este sítio dela terão notícia. Esta
outra, porém, riscada no tapete de
areia, antes do cair da tarde, terá
desaparecido como um traço de
espumas entre as ondas buliçosas do
mar.
Respondeu Mussa:
- É que o benefício que recebi de
Nagib, permanecerá para sempre, em
meu coração. Mas a injúria... essa
negra injúria... escrevo-a na areia, com
um voto, para que, se apague e
desapareça mais depressa, das areias e
de minha lembrança. Assim é, meu
amigo! Aprende a gravar na pedra, os
favores que receberes, os benefícios
que te fizerem, as palavras de carinho,
simpatia e estímulo que ouvires.
Aprende, porém, a escrever na areia, as
injúrias, as ingratidões, as perfídias e
as ironias que te ferirem, pela estrada
agreste da vida. Aprende a gravar
assim, na pedra: aprende a escrever
assim, na areia... e serás feliz!.
pé, precipitou-se no torvelinho
espumante das águas em revolta. Teria
ali perecido, arrastado para o abismo,
se não fosse Nagib. Este, sem um
instante de hesitação, atirou-se à
correnteza e, lutando furiosamente,
conseguiu trazer a salvo o
companheiro de jornada.
Que fez Mussa?
Chamou, no mesmo instante, os
seus mais hábeis servos e ordenou-lhes
que gravassem na face mais lisa de
uma grande pedra, que perto se erguia,
esta legenda admirável:
"Viandante! Neste lugar, durante
uma jornada, Nagib salvou
heroicamente seu amigo Mussa".
Isto feito, prosseguiram com suas
caravanas, pelos intérminos caminhos
de Allah. Alguns meses depois, de
regresso às terras, novamente se viram
forçados a atravessar o mesmo rio,
naquele mesmo lugar perigoso e
trágico. E, como se sentissem
fatigados, resolveram repousar
algumas horas à sombra acolhedora da
laje, que ostentava bem no alto a
honrosa inscrição. Sentados na areia
clara, puseram-se a conversar. Eis que,
por um motivo fútil, surge, de repente,
grande desavença entre os dois
companheiros. Discordaram,
discutiram e Nagib, exaltado, num
ímpeto de cólera, esbofeteou
brutalmente o amigo.
Que fez Mussa?
Que farias tu, em seu lugar?
Mussa não revidou a ofensa.
Ergueu-se, e tomando tranqüilo o seu
bastão, escreveu na areia clara, ao pé
do negro rochedo:
"Viandante! Neste lugar, durante
uma jornada, Nagib, por motivo fútil,
injuriou gravemente o seu amigo
Mussa".
Surpreendido com o estranho
proceder, um dos ajudantes de Mussa
observou respeitoso:
- Senhor! Da primeira vez, para
exaltar a abnegação de Nagib,
Amigos
Numa aldeia vietnamita, um
orfanato dirigido por um grupo de
missionários foi atingido por um
bombardeio. Os missionários e duas
crianças tiveram morte imediata e as
restantes ficaram gravemente feridas.
Entre elas, uma menina de oito anos,
considerada em pior estado.
Era necessário chamar ajuda por
uma rádio e ao fim de algum tempo,
um médico e uma enfermeira da
Marinha dos EUA chegaram ao local.
Teriam que agir rapidamente, senão a
menina morreria devido aos
traumatismos e à perda de sangue. Era
urgente fazer uma transfusão, mas
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
Os Gansos
como? Após alguns testes rápidos,
puderam perceber que ninguém ali
possuía o sangue preciso. Reuniram
então as crianças e entre gesticulações,
arranhadas no idioma, tentavam
explicar o que estava acontecendo e
que precisariam de um voluntário para
doar o sangue. Depois de um silêncio
sepulcral, viu-se um braço magrinho
levantar-se timidamente. Era um
menino chamado Heng.
Ele foi preparado às pressas ao
lado da menina agonizante e
espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele
se mantinha quietinho e com o olhar
fixo no teto. Passado algum momento,
ele deixou escapar um soluço e tapou
o rosto com a mão que estava livre. O
médico lhe perguntou se estava doendo
e ele negou. Mas não demorou muito a
soluçar de novo, contendo as lágrimas.
O médico ficou preocupado e voltou a
lhe perguntar, e novamente ele negou.
Os soluços ocasionais deram
lugar a um choro silencioso mas
ininterrupto. Era evidente que alguma
coisas estava errada. Foi então que
apareceu uma enfermeira vietnamita
vinda de outra aldeia. O médico pediu
então que ela procurasse saber o que
estava acontecendo com Heng. Com a
voz meiga e doce, a enfermeira foi
conversando com ele e explicando
algumas coisas, e o rostinho do menino
foi se aliviando... minutos depois ele
estava novamente tranqüilo. A
enfermeira então explicou aos
americanos: "Ele pensou que ia morrer;
não tinha entendido direito o que vocês
disseram e estava achando que ia ter
que dar todo o seu sangue para a
menina não morrer."
O médico se aproximou dele e
com a ajuda da enfermeira perguntou:
- "Mas se era assim, porque
então você se ofereceu a doar seu
sangue?"
E o menino respondeu
simplesmente
- "Ela é minha amiga."
No outono, quando se vêem
bandos de gansos voando, formando
um grande V no céu, indaga-se o que a
ciência já descobriu sobre o porquê de
voarem desta forma. Sabe-se que
quando cada ave bate as asas, move o
ar para cima, ajudando a sustentar a
ave imediatamente de trás. Ao voar em
forma de V, o bando se beneficia de
pelo menos 71% a mais de força de
vôo do que uma ave voando sozinha.
Pessoas que têm a mesma
direção e sentido de comunidade
podem atingir seus objetivos de forma
mais rápida e fácil, pois viajam
beneficiando-se de um impulso mútuo.
Sempre que um ganso sai do
bando, sente subitamente o esforço e a
resistência necessários para continuar
voando sozinho. Rapidamente, ele
entra outra vez em formação para
aproveitar o deslocamento de ar
provocado pela ave que voa
imediatamente à sua frente.
Se tivéssemos o mesmo sentido
manter-nos-íamos em formação com os
que lideram o caminho para onde
tambem desejamos seguir.
Quando o ganso líder se cansa,
ele muda de posição dentro da
formação e outro ganso assume a
liderança.
Vale a pena nos revezarmos em
tarefas difíceis, e isto serve tanto para
as pessoas quanto para os gansos que
voam juntos.
Os gansos de trás gritam
encorajando os da frente para que
mantenham a velocidade.
Que mensagem passamos quando
ficamos atrás!
Finalmente quando um ganso
fica doente ou é ferido por um tiro e
cai, dois gansos saem de formação e o
acompanham para ajudá-lo e protegêlo. Ficam com ele até que consiga voar
novamente ou morra. Só então
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
O Fazendeiro e o Cavalo
levantam vôo sozinhos ou em outra
formação, a fim de alcançar seu bando.
Um fazendeiro, que lutava com
muitas dificuldades, possuía alguns
cavalos para ajudar nos trabalhos em
sua pequena fazenda. Um dia, seu
capataz veio trazer a notícia de que um
dos cavalos havia caído num velho
poço abandonado. O poço era muito
profundo e seria extremamente dificil
tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi
rapidamente até o local do acidente,
avaliou a situação certificando-se que o
animal não se machucara. Mas, pela
dificuldade e alto custo de retirá-lo do
fundo do poço, achou que não valeria
apena investir numa operação de
resgate. Tomou então a dificil decisão:
determinou ao capataz que sacrificasse
o animal, jogando terra no poço até
enterrá-lo ali mesmo.
E assim foi feito: os empregados,
comandados pelo capataz, começaram
a lançar terra para dentro do buraco de
forma a cobrir o cavalo... Mas, à
medida que a terra caía em seu dorso, o
animal sacudia e ela ia se acumulando
no fundo, possibilitando ao cavalo ir
subindo. Logo os homens perceberam
que o cavalo não se deixava enterrar,
mas, ao contrário, estava subindo à
medida que a terra enchia o poço, até
que finalmente conseguiu sair.
Sabendo do caso, o fazendeiro
ficou muito satisfeito e o cavalo viveu
ainda muitos anos servindo ao seu
dono na fazenda.
Fila Indiana
Os homens andam em fila
indiana,cada um levando uma sacola
na frente e outra atrás.
Na da frente colocamos nossas
virtudes. Na de trás nossos defeitos.
Durante a jornada pela vida
mantemos os olhos fixos nas virtudes
que temos.
Ao passo que reparamos nas
costas do companheiro que está adiante
os defeitos que ele tem.
Nos julgamos melhores que ele
sem perceber que a pessoa atrás de nós
está pensando a mesma coisa a nosso
respeito.
Lenda Judaica
Deus convidou um Rabino para
conhecer o céu e o inferno.
Ao abrirem a porta do inferno,
viram uma sala em cujo centro havia
um caldeirão onde se cozinhava uma
suculenta sopa.
Em volta dela, estavam sentadas
pessoas famintas e desesperadas. Cada
uma delas segurava uma colher com
cabo tão comprido que lhe permitia
alcançar o caldeirão, mas não suas
próprias bocas. O sofrimento era
imenso.
Em seguida, Deus levou o
Rabino para conhecer o céu.
Entraram em uma sala idêntica à
primeira: havia o mesmo caldeirão, as
pessoas em volta, as colheres de cabo
comprido. A diferença é que todos
estavam saciados.
-"Eu não compreendo", disse o
Rabino. "Por que aqui as pessoas estão
felizes, enquanto na outra sala morrem
de aflição, se é tudo igual?"
Deus sorriu e respondeu: -"Você
não percebeu? É porque aqui eles
aprenderam a alimentar uns aos outros.
Sempre Há uma Saída
Conta uma antiga lenda que na
Idade Média um homem muito
religioso foi injustamente acusado de
ter assassinado uma mulher.
Na verdade, o autor era pessoa
influente do reino e por isso, desde o
primeiro momento se procurou um
bode expiatório para acobertar o
verdadeiro assassino.
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Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
O homem foi levado a
julgamento, já temendo o resultado: a
forca. Ele sabia que tudo iria ser feito
para condená-lo e que teria poucas
chances de sair vivo desta história.
O juiz, que também estava
combinado para levar o pobre homem
à morte, simulou um julgamento justo,
fazendo uma proposta ao acusado que
provasse sua inocência.
Disse o juiz: - Sou de uma
profunda religiosidade e por isso vou
deixar sua sorte nas mãos do Senhor.
Vou escrever em um pedaço de papel a
palavra INOCENTE e noutro pedaço a
palavra CULPADO. Você sorteará um
dos papéis e aquele que sair será o
veredito. O Senhor decidirá seu
destino.
Sem que o acusado percebesse, o
juiz preparou os dois papéis, mas em
ambos escreveu CULPADO, de
maneira que, naquele instante, não
existia nenhuma chance do acusado se
livrar da forca. Não havia saída. Não
havia alternativas para o pobre homem.
O juiz colocou os dois papéis em
uma mesa e mandou o acusado
escolher um. O homem pensou alguns
segundos e, pressentindo a vibração,
aproximou-se confiante da mesa,
pegou um dos papéis e rapidamente
colocou-o na boca e o engoliu.
Os presentes ao julgamento
reagiram surpresos e indignados com a
atitude do homem.
- Mas o que você fez? E agora?
Como vamos saber qual seu veredito?
- E muito fácil, respondeu o
homem. Basta olhar o outro pedaço
que sobrou e saberemos que acabei
engolindo o seu contrario.
Imediatamente o homem foi
libertado.
Cultos Escoteiros
O cômodo era bem pequeno, e
nele havia uma janela que dava para o
mundo. Um dos homens tinha, como
parte do seu tratamento, permissão
para sentar-se na cama por uma hora
durante as tardes (algo a ver com a
drenagem de fluído de seus pulmões).
Sua cama ficava perto da janela. O
outro, contudo, tinha de passar todo o
seu tempo deitado de barriga para
cima.
Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela
era colocado em posição sentada, ele
passava o tempo descrevendo o que via
lá fora.
A janela aparentemente dava
para um parque onde havia um lago.
Havia patos e cisnes no lago, e as
crianças iam atirar-lhes pão e colocar
na água barcos de brinquedo. Jovens
namorados caminhavam de mãos dadas
entre as árvores, e havia flores, gramados e jogos de bola. E ao fundo, por
trás da fileira de árvores, avistava-se o
belo contorno dos prédios da cidade.
O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isso, apreciando
todos os minutos. Ouviu sobre como
uma criança quase caiu no lago, e sobre como as garotas estavam bonitas
em seus vestidos de verão.
As descrições do seu amigo
eventualmente o fizeram sentir que
quase podia ver o que estava acontecendo lá fora... Então, em uma bela
tarde, ocorreu-lhe um pensa-mento:
Por que o homem que ficava perto da
janela deveria ter todo o prazer de ver
o que estava acontecen-do? Por que ele
não podia ter essa chance? Sentiu-se
envergonhado, mas quanto mais tentava não pensar assim, mais queria uma
mudança. Faria qual-quer coisa!
Numa noite, enquanto olhava
para o teto, o outro homem subitamente acordou tossindo e sufocado,
suas mãos procurando o botão que
faria a enfermeira vir correndo. Mas
A Janela
Certa vez, dois homens, seriamente doentes, estavam na mesma
enfermaria de um grande hospital.
20
Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001
Cultos Escoteiros
- Qual o objetivo desta
demonstração?
Um jovem e brilhante aluno
levantou a mão e respondeu:
- Não importa quanto a "agenda"
da vida de alguém esteja cheia, ele
sempre conseguirá "espremer" dentro
mais coisas!
- Não, respondeu o mestre, o
ponto é o seguinte: A menos que você
coloque as pedras grandes em primeiro
lugar dentro do vaso, nunca mais as
conseguirá colocar lá dentro. As pedras
grandes são as coisas importantes de
sua vida: sua fé em Deus, a família,
seus amigos, seu crescimento pessoal e
profissional. Se você preencher sua
vida somente com coisas pequenas,
como demonstrei com os pedregulhos,
com a areia e a água, as coisas
realmente importantes, nunca terão
tempo nem espaço em suas vidas.
ele o observou sem se mover... mesmo
quando o som de respiração parou.
De manhã, a enfermeira encontrou o outro homem morto, e silenciosamente levou embora o seu corpo.
Logo que pareceu apropriado, o
homem perguntou se poderia ser
colocado na cama perto da janela.
Então colocaram-no lá, aconchegaramno sob as cobertas e fizeram com que
se sentisse bastante confortável. No
minuto em que saíram, ele apoiou-se
sobre um cotovelo, com dificuldade e
sentindo muita dor, e olhou para fora
da janela. Viu apenas um muro...
O Vaso Cheio
Um mestre Budista queria
demonstrar um conceito aos seus
alunos. Ele pegou um vaso de boca
larga e colocou algumas pedras dentro.
Então perguntou a classe:
- Está cheio?
Unanimente responderam:
- Sim!
O mestre então pegou um balde
de pedregulhos e virou dentro do vaso.
Os pequenos pedregulhos se alojaram
nos espaços entre as rochas grandes.
Então, perguntou aos alunos:
- E agora, está cheio?
Desta vez alguns hesitaram, mas
a maioria respondeu:
- Sim!
O mestre então levantou uma lata
de areia e começou a derramar a areia
dentro do vaso. A areia então
preencheu os espaços entre os
pedregulhos. Pela terceira vez o mestre
perguntou:
- Então, está cheio?
Agora, a maioria dos alunos
estava receosa, mas novamente muitos
responderam:
- Sim!
O mestre então mandou buscar
um jarro de água e jogou-a dentro do
vaso. A água saturou a areia. Neste
ponto, o mestre peguntou para a classe:
Carta do Chefe Indígena Seattle
(1885)
Trechos da resposta do cacique
Seattle, da tribo “Suwuamish” no
noroeste americano, ao Presidente
Americano F. Pierce, que tentava
comprar as suas terras.
"O ar é precioso para o homem
vermelho, pois todas as coisas
compartilham o mesmo sopro: o
animal, a árvore, o homem, todos
compartilham o mesmo sopro. Parece
que o homem branco não sente o ar
que respira. Como um homem
agonizante há vários dias, é insensível
ao [seu próprio] mau cheiro. (...)
"Portanto, vamos meditar sobre
sua oferta de comprar nossa terra. Se
nós a decidirmos aceitar, imporei uma
condição: O homem branco deve tratar
os animais desta terra como seus
irmãos.
"O que é o homem sem os
animais? Se os animais se fossem, o
homem morreria de uma grande
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iluminados pela força do Deus que os
trouxe a esta terra e por alguma razão
especial lhes deu o domínio sobre a
terra e sobre o homem vermelho. Esse
destino é um mistério para nós, pois
não compreendemos que todos os
búfalos sejam exterminados, os cavalos
bravios sejam todos domados, os
recantos secretos das florestas densa
impregnados do cheiro de muitos
homens, e a visão dos morros
obstruídas por fios que falam. Onde
está o arvoredo? Desapareceu. Onde
está a água? Desapareceu. É o final da
vida e o inicio da sobrevivência.
"Como é que se pode comprar ou
vender o céu, o calor da terra? Essa
idéia nos parece um pouco estranha. Se
não possuímos o frescor do ar e o
brilho da água, como é possível
comprá-los?
"Cada pedaço de terra é sagrado
para meu povo. Cada ramo brilhante de
um pinheiro, cada punhado de areia
das praias, a penumbra na floresta
densa, cada clareira e inseto a zumbir
são sagrados na memória e experiência
do meu povo. A seiva que percorre o
corpo das árvores carrega consigo as
lembranças do homem vermelho...
"Essa água brilhante que escorre
nos riachos e rios não é apenas água,
mas o sangue de nossos antepassados.
Se lhes vendermos a terra, vocês
devem lembrar-se de que ela é sagrada,
e devem ensinar às suas crianças que
ela é sagrada e que cada reflexo nas
águas límpidas dos lagos fala de
acontecimentos e lembranças da vida
do meu povo. O murmúrio das águas é
a voz dos meus ancestrais.
"Os rios são nossos irmãos,
saciam nossa sede. Os rios carregam
nossas canoas e alimentam nossas
crianças. Se lhes vendermos nossa
terra, vocês devem lembrar e ensinar
para seus filhos que os rios são nossos
irmãos e seus também. E, portanto,
vocês devem, dar aos rios a bondade
que dedicariam a qualquer irmão.
solidão de espírito. Pois o que ocorre
com os animais, breve acontece com o
homem. Há uma lição em tudo. Tudo
está ligado.
"Vocês devem ensinar às sua
crianças que o solo a seus pés é a cinza
de nossos avós. Para que respeitem a
terra, digam a seus filhos que ela foi
enriquecida com a vida de nosso povo.
Ensinem às suas crianças o que
ensinamos às nossas: que a terra é
nossa mãe. Tudo o que acontecer à
Terra, acontecerá também aos filhos da
terra. Se os homens cospem no solo,
estão cuspindo em si mesmos.
"Disto nós sabemos: a terra não
pertence ao homem; o homem é que
pertence à terra. Disto sabemos: todas
as coisas então ligadas como o sangue
que une uma família. Há uma ligação
em tudo.
"O que ocorre com a terra recairá
sobre os filhos da terra. O homem não
teceu o teia da vida: ele é
simplesmente um de seus fios. Tudo o
que fizermos ao tecido, fará o homem a
si mesmo.
"Mesmo o homem branco, cujo
Deus caminha e fala como ele de
amigo para amigo, não pode estar
isento do destino comum. É possível
que sejamos irmãos, apesar de tudo.
Veremos. De uma coisa estamos certos
(e o homem branco poderá vir a
descobrir um dia): Deus é um Só,
qualquer que seja o nome que lhe
dêem. Vocês podem pensar que O
possuem, como desejam possuir nossa
terra; mas não é possível. Ele é o Deus
do homem e sua compaixão é igual
para o homem branco e para o homem
vermelho. A terra lhe é preciosa e ferila é desprezar o seu Criador. Os
homens brancos também passarão;
talvez mais cedo do que todas as outras
tribos. Contaminem suas camas, e uma
noite serão sufocados pelos próprios
dejetos.
"Mas quando de sua desaparição,
vocês brilharão intensamente,
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"Sabemos que o homem branco
não compreende nossos costumes.
Uma porção de terra, para ele, tem o
mesmo significado que qualquer outra,
pois é um forasteiro que vem à noite e
extrai da terra tudo que necessita. A
terra, para ele, não é sua irmã, mas sua
inimiga e, quando ele a conquista,
extraindo dela o que deseja, prossegue
seu caminho. Deixa para tráz os
túmulos de seus antepassados e não se
incomoda. Rapta da terra aquilo que
seria de seus filhos e não se importa...
Seu apetite devorará a terra, deixando
somente um deserto.
"Eu não sei... nossos costumes
são diferentes dos seus. A visão de
suas cidades fere os olhos do homem
vermelho. Talvez porque o homem
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vermelho seja um selvagem e não
compreenda.
"Não há um lugar quieto nas
cidades do homem branco. Nenhum
lugar onde se possa ouvir o
desabrochar de folhas na primavera ou
o bater de asas de um inseto. Mas
talvez seja porque eu sou um selvagem
e não compreendo. O ruído parece
somente insultar os ouvidos. E o que
resta de um homem, se não pode ouvir
o choro solitário de uma ave ou o
debate dos sapos ao redor de uma
lagoa, à noite? Eu sou um homem
vermelho e não compreendo. O índio
prefere o suave murmúrio do vento
encrespando a face do lago, e o próprio
vento, limpo por uma chuva diurna ou
perfumado pelos pinheiros."
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Referências
Bibliográficas
POWELL, Baden – Lições da escola da vida, Editora Escoteira da UEB, 1986
POWELL, Baden – Guia do Chefe Escoteiro, Editora Escoteira da UEB, 1982
POWELL, Baden – Escotismo para rapazes, Editora Escoteira da UEB
UEB (ed.) – De lobinho a pioneiro, Editora Escoteira da UEB, 1995
UEB (ed.) – 3º Congresso escoteiro nacional – Documento base, 1997
UEB-SP (ed.) – Apostila do módulo P 06 G – Valores e Espiritualidade, 2001
Na Internet
Religiosidade – UEB Região São Paulo
www.ueb-sp.org.br/relig.htm
As Religiões
asreligioes.globo.com
Hieros
orbita.starmedia.com/~hyeros/
B-P Library
www.pinetreeweb.com/bp-library.htm
Scouting and Religion
usscouts.org/scoutduty/sd2gc05.html
MacScouter - Scout's Own Materials
www.macscouter.com/ScoutsOwn/
La oración y los scouts
www.scout.cl/akela/doc/oracion.htm
Adherents
www.adherents.com
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