Os Ventos da História - Fundação Mário Soares

Os Ventos
da História
1961
Janeiro
Repressão da revolta dos camponeses da
Baixa do Cassange, em Angola, em protesto contra a violência exercida pela Cotonang
21 de Janeiro
Assalto ao paquete “Santa Maria” por um
grupo luso-espanhol liderado por Henrique Galvão
4 de Fevereiro
Militantes nacionalistas atacam, em
Luanda, a Casa de Reclusão Militar, o
Quartel da PSP e a Emissora Oficial de Angola. O Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA) reivindica essa iniciativa.
Fevereiro
Polícias e grupos de colonos armados atacam os muceques e matam indiscriminadamente
15 de Março
Início da rebelião no Norte de Angola dirigida pela UPA, (só a 17 serão publicadas as
primeiras notícias)
25 de Março
Carta do ministro da Defesa, general Botelho Moniz, a Salazar, em que preconiza
«imediatas reformas no plano interno»
27 de Março
Reunião dos altos comandos militares,
presidida pelo ministro da Defesa, onde se
coloca a hipótese de substituição do Governo
28 de Março
Constituição oficial em Angola de um
corpo de “voluntários civis” contra o “terrorismo”, vindo a ser posteriormente estruturada a “defesa civil” no Ultramar
31 de Março
Anunciada a prisão do vigário-geral da diocese de Luanda, cónego Manuel Mendes
das Neves, acusado de apoiar os movimentos de libertação
Abril
Prosseguem os combates em muitas localidades de Angola, para onde o governo
português envia continuadamente reforços militares e policiais, ao mesmo tempo
que é decretado o recolher obrigatório em
Luanda
Abril
Greve dos pescadores de Peniche e de
Matosinhos
O ano de 1961 constitui uma sucessão de acontecimentos que marcaram profundamente Portugal – na directa sequência do terramoto político que Humberto Delgado provocara em 1958. Também nas suas colónias muita coisa muda e assiste-se
à formação e consolidação de movimentos independentistas e à eclosão da luta armada em Angola.
5 de Abril
Encontro entre o Presidente da República
e o Ministro da Defesa, Botelho Moniz
13 de Abril
Tentativa de golpe de Estado para derrubar Salazar, dirigida pelo ministro da Defesa, Botelho Moniz. Remodelação governamental, assumindo Salazar a pasta da
Defesa em substituição de Botelho Moniz,
Mário Silva substitui Almeida Fernandes,
no Exército, e Adriano Moreira substitui
Vasco Lopes Alves, no Ultramar
14 de Abril
Declaração de Salazar na tomada de posse
dos novos membros do Governo: A explicação é Angola, andar rapidamente e
em força é o objectivo que vai pôr à
prova a nossa capacidade de decisão
18 de Abril
Criação, em Casablanca, da Conferência
das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP)
21 de Abril
A Assembleia Geral da ONU aprova a criação de uma comissão de inquérito à situação em Angola
Maio
Publicação, em Lisboa, do Programa para
a Democratização da República. Todos
os 62 subscritores são, de imediato, presos pela PIDE
4 de Maio
Nova remodelação governamental (Franco Nogueira substitui Marcelo Matias no
Ministério dos Negócios Estrangeiros)
Junho
Pedido de convocação urgente do Conselho de Segurança do ONU, por mais de 40
países afro-asiáticos, em face do agravamento da situação em Angola – vindo a
ser condenada a política governamental
portuguesa
17 de Junho
O ministro do Ultramar reabre o campo de
concentração do Tarrafal, agora apelidado
de Campo de Trabalho de Chão Bom
Junho
Fuga de Portugal para o estrangeiro de estudantes de diversas colónias, muitos dos
quais virão a desempenhar papel importante na luta nacionalista
29 de Junho
Criação dos Serviços de Centralização e
Coordenação de Informações em Angola
e Moçambique
30 de Junho
Salazar discursa em sessão extraordinária
da Assembleia Nacional: “”O Ultramar Português e a ONU”. No mesmo dia, primeiro
comunicado oficial das Forças Armadas,
referindo a morte de 50 militares entre 4
de Fevereiro e 30 de Junho em Angola.
Desenho intitulado "4 Février 1961 Luanda", de Viteix, 1982 Paris, 1984.