Avaliação Independente do Arpa: 2004
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Avaliação Independente do Arpa: 2004
AVA L I A Ç ÃO I ND EP E ND E NT E DO P R O J E T O A R PA ÁREAS PROTEGIDAS DA AMAZÔNIA FA S E 1 : 2 0 0 4 - 2 0 0 8 PAQUITA BATH ALIGNING VISIONS, LLC CONSULTORA INDEPENDENTE 27 DE FEVEREIRO DE 2009 Agradecimentos: Sou profundamente agradecida ao FUNBIO e a Adriana Moreira, do Banco Mundial, por me encarregarem da avaliação desse projeto ambicioso e globalmente relevante. Todas as pessoas listadas na Seção H.2 foram inacreditavelmente abertas ao compartilharem comigo seus sucessos e desafios. Elas contribuíram com opiniões e às vezes desafiaram algumas de minhas recomendações. Sua dedicação, por bases institucionais, ao ARPA e sua difícil tarefa de conservar com sucesso as áreas protegidas da Amazônia brasileira renderam-lhe minha admiração e a confiança de que este projeto continuará fazendo inovadores progressos na Fase 2. Paquita Bath Aligning Visions, LLC Tel: E-mail: Skype: URL: 530-587-3625 [email protected] aligningvisions www.aligningvisions.com SUMÁRIO Página A. UMA INTRODUÇ ÃO AO ARPA 2 B. SUMÁ RIO EXECUTIVO Principais Conquistas da Fase 1 Principais Desafios da Fase 1 Principais Recomendações para a Fase 2 3 4 6 7 C. CRIA R 18 MILHÕES DE HECTARE S DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – COMPONENTE 1 Identificar Áreas Prioritárias Recomendações para a Fase 2 Criar Decretos para o Estabelecimento de UCs Recomendações para a Fase 2 9 10 11 12 15 D. GERIR EFETIVAMENTE AS UC s DO ARPA – SUBCOMPONENTE 1.3 E COMPONENTE 2 Gerir e Consolidar as UCs do ARPA Sucessos no Estabelecimento da Gestão Efetiva de UCs Recomendações para a Gestão Efetiva de UCs na Fase 2 17 21 21 25 E. GARANTIR A SUSTENTABILIDADE FINANC EIRA A LONGO PRAZO DAS UCs DO AR PA – COMPONENTE 3 Estabelecer o Fundo Fiduciário ARPA Recomendações para a Fase 2 Desenvolver Mecanismos de Geração de Receita para a Sustentabilidade das UCs Recomendações para a Fase 2 32 34 36 37 39 F. ESTAB ELECE R UM SISTE MA DE MONITOR AMENTO E AVALIAÇÃO DA B IODIVER SIDADE – C OMPONE NTE 4 42 Desenvolver um Programa de Monitoramento e Avaliação 43 Recomendações para a Fase 2 46 G. COORDENAÇÃO E GERENC IAME NTO DO PROJETO – COMPONENTE 5 UCP – Coordenação e Gerenciamento do Projeto ICMBio – Coordenação e Gerenciamento do Projeto Secretarias Estaduais – Coordenação e Gerenciamento do Projeto FUNBIO – Coordenação e Gerenciamento do Projeto 47 50 52 54 56 H. ANEXOS H.1 H.2 H.3 H.4 60 62 68 71 Agenda para Avaliação Independente Lista de Participantes Entrevistados Acrônimos e Siglas Bibliografia Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 1 of 81 SEÇÃO A U M A I N T R O D U Ç Ã O A O A R PA DESCRIÇÃO SINTÉTICA DO PROJETO NA FASE 1 O Documento de Apreciação do Projeto (Project Appraisal Document – PAD) do Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environmental Facility Trust – GEF) descreve a necessidade de um Projeto de Áreas Protegidas na Amazônia (ARPA) expandir e consolidar o sistema de unidades de conservação (UCs) para sustentar a biodiversidade amazônica de forma expressiva e representativa, em 12% do bioma. Alicerçado na criação formal do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), em 2000, o projeto foi lançado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, por meio do Decreto nº 4326, de 8 de agosto de 2002. Os ambiciosos objetivos para um período de 10 anos (3 Fases) incluem o fortalecimento do sistema brasileiro de unidades de conservação na Amazônia, por meio de uma metodologia de 3 componentes: criação, gestão efetiva e sustentabilidade financeira. Este projeto foi particularmente estruturado para alcançar quatro objetivos na Fase 1:1 1. Criar 18 milhões de hectares de novas UCs (9 milhões de hectares de proteção integral e 9 milhões de hectares de uso sustentável) 2. Consolidar 7 milhões de hectares de UCs de proteção integral existentes e 9 milhões de hectares de UCs de proteção integral recém criadas 3. Estabelecer um fundo fiduciário de capitalização permanente (endowment fund - FAP) para sustentar os custos de manutenção das UCs 4. Estabelecer um sistema de monitoramento e avaliação da biodiversidade nas UCs e em níveis regionais O ARPA é um programa do governo brasileiro, implementado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Para alcançar os quatro objetivos supracitados, o governo buscou um arranjo inovador que inclui a atuação de uma organização não governamental – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) – na execução financeira do programa e de parceiros governamentais nas áreas onde há UCs estatais. A assistência técnica para o desenvolvimento de capacidades dos parceiros implementadores foi garantida pela Agência de Cooperação Alemã (Deutsche Gesellschaftfiir Technische Zusammenarbeit GmbH – GTZ) e pela WWF-Brasil. Quatro principais doadores contribuíram com aproximadamente US$81 milhões na Fase 1 do projeto: 1) GEF (Global Environmental Facility – Fundo Global para o Meio Ambiente); 2) KfW (Kreditanstalt fur Wiederaujbau – Banco Alemão de Desenvolvimento); 3) governo brasileiro; e 4) WWF-Brasil. Este forte compromisso de uma agência multilateral, uma agência bilateral, o governo anfitrião e uma organização não governamental é um bom indicador da importância global do ARPA e do interesse em se envolver diversos parceiros no desenvolvimento do projeto. 1 World Bank, Project Appraisal Document p 10. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 2 of 81 O dia 31 de dezembro de 2008 marcou o fim da Fase 1 para os investimentos do GEF, ainda que outros doadores mantenham suas contribuições para esta Fase durante o ano de 2009. Esta avaliação independente está sendo conduzida no fim da Fase 1 para auxiliar a rever as realizações do ARPA até o momento e a direcionar o apoio do GEF na Fase 2. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 3 of 81 SEÇ CÃ T IOO B N B SUMÁRIO EXECUTIVO AVA L I A Ç Ã O I N D E P E N D E N T E D A FA S E 1 D O A R PA PRINCIPAIS CONCLUSÕES O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) é o mais inovador e o mais bem sucedido projeto de fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) na Amazônia. Durante a Fase 1, o ARPA tem trabalhado na conservação de 32 milhões de hectares de Unidades de Conservação (UCs) federais e estaduais. Seus parceiros institucionais trabalham juntos para garantir que as UCs tanto de proteção integral quanto de uso sustentável sejam bem geridas no longo prazo. Os resultados da Fase 1 do ARPA (2002-2008) estão sintetizados abaixo: 2 Q UAD RO B . 1 : I N D I C A D O R E S D E P E RF O R M A N C E CH AV E D O GE F PA R A A FAS E 3 1 D O A R PA INDICADOR 23 ecorregiões na Amazônia brasileira analisadas para a identificação de novas áreas protegidas 18 milhões de hectares de novas UCs criados. (9 milhões de hectares de UCs de proteção integral e 9 milhões de hectares de UCs de uso sustentável) 7 milhões de hectares de UCs de proteção integral existentes e 3 milhões de hectares de novas UCs consolidadas e gerenciadas. Um endowment fund para sustentabilidade financeira de UCs de proteção integral AVALIAÇÃO 12/08 Definição abrangente e participativa de prioridades de ecorregiões para a identificação de novas UCs. Isso levou ao Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade brasileira, estabelecido por Decreto presidencial nº 5092 e Portaria do MMA nº 126 em maio de 2004. 43 novas UCs criadas, totalizando 23.981.642 ha. 13 UCs são de proteção integral, cobrindo 13.195.911 ha e 30 UCs são de uso sustentável, cobrindo 10.785.731 ha. 17 UCs de proteção integral existentes, totalizando 8,5 milhões de ha, estão sendo geridas no ARPA. Nenhuma dessas passou para a fase de consolidação até 12/08. O Fundo de Áreas Protegidas no FUNBIO foi estabelecido e capitalizado com US$23,4 milhões e com US$37,2 milhões aprovados. 2 A Fase 1 do ARPA foi desenhada para ocorrer de 2002 a 2006. Atrasos iniciais na implementação esteve associado a resultados promissores mostrados em 2008. 3 Essa lista foi obtida dos “Key Performance Indicators” do Project Appraisal Documento do GEF. World Bank, PAD p 2. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 4 of 81 existentes estabelecido e capitalizado com um mínimo de US$14,5 milhões. Projetos piloto para a sustentabilidade financeira de UCs implementados. Uma metodologia de monitoramento ambiental para UCs específica definida e implementada. Um Comitê de Programa, um Comitê de Mediação de Conflitos e duas unidades de coordenação do projeto (uma no MMA e outra no FUNBIO) criados e operando. Não foram implementados projetos piloto de geração de receita e a atenção foi voltada para os novos mercados financeiros. Os três mecanismos potenciais identificados são: compensação ambiental; loteria verde e pagamentos por seqüestro de carbono (por desmatamento evitado). Nenhuma metodologia de monitoramento está sendo utilizada no ARPA. Unidades de coordenação do projeto estão funcionando tanto no FUNBIO quanto no MMA. O Comitê de Programa (CP) já funcionou, mas não se reuniu no último ano, durante as substituições de funcionários do MMA. Outros comitês estratégicos de aconselhamento como o Comitê de Mediação e o Painel Científico nunca foram realmente iniciados. Por anos, acreditou-se que as UCs na Amazônia não poderiam ser efetivamente geridas, devido ao seu tamanho, a complicações logísticas e a numerosas ameaças na área.O ARPA provou que a criação e a gestão efetiva de UCs pode de fato ocorrer na Amazônia brasileira. O ARPA mostrou que as UCs podem ter um grande impacto na redução do desmatamento e na proteção da biodiversidade, assim como na garantia dos direitos das populações locais. O projeto ainda mostra que parcerias público-privadas podem propor soluções para grandes gargalos administrativos e burocráticos, criando capacidade operacional para efetivamente apoiar as equipes da base. PRINCIPAIS CONQUISTAS DA FASE 1 O ARPA superou as expectativas na maioria dos benchmarks da Fase 1. Também ganhou uma série de admiradores ao longo dos anos. Como um deles coloca: “A vantagem particular do ARPA é a qualidade do produto, começando pelas UCs em si mesmas, a coalizão de parceiros envolvidos, os métodos inovadores que têm sido usados para financiamento e gestão, e o fascínio por esta última grande fronteira.”4 Sucessos que merecem atenção particular incluem: 1. 23 milhões de hectares de novas Unidades de Conservação criados. O ARPA superou as ambiciosas expectativas iniciais de 18 milhões de ha, criando mais de 23 milhões de hectares de novas UCs em toda Amazônia. Foram criadas 43 novas UCs, sendo 4 Putney. p 6. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 5 of 81 13 de proteção integral, cobrindo 13.195.911 ha, e 30 de uso sustentável, cobrindo 10.785.731 ha. G R Á F I CO B. 1 : H E C TA R E S CO N S E RVAD O S P O R AN O N A FA S E 1 D O A R PA 7,000,000 6,000,000 5,000,000 Hectares 4,000,000 3,000,000 Sustainable Use 2,000,000 Strict Protection 1,000,000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Years 2. Arranjos institucionais público-privados foram essenciais para o sucesso. Contribuições de um grupo extraordinariamente diverso de parceiros institucionais foram carros chefe do sucesso do ARPA. Da liderança programática do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ao forte papel de executor financeiro de uma organização não governamental (FUNBIO), ao ativo envolvimento dos doadores, da sociedade civil, das agências estaduais, e dos provedores nacionais e internacionais de assistência técnica, o ARPA uniu forças e compromissos de muitas organizações. Ainda que haja muitas dificuldades na comunicação e no gerenciamento de um grande programa, com tantos parceiros, o sucesso não poderia ter sido alcançado por nenhuma dessas instituições operando independentemente. 3. Inovações administrativas tornaram possível a gestão efetiva nas bases. Uma série de sistemas muito impressionantes acessados pela internet foi desenvolvida para acompanhar o status da gestão das UCs (SisARPA) e para permitir que os parceiros acompanhassem as solicitações de procurement e outros itens financeiros (CEREBRO). Parte dessas inovações é a muito elogiada “conta vinculada” ou “conta conjunta”, que permite direcionar os fluxos de recursos do FUNBIO para os gestores de UC. Esse sistema evita problemas normalmente inerentes à burocracia governamental e ainda garante uma imediata prestação de contas e uma estrutura eficiente de recibos e documentação. Uma vez que muitos outros projetos ambientais na Amazônia gerenciados pelas agências governamentais não foram capazes de empregar os recursos no campo de forma regular e sustentada,5 o mecanismo da conta vinculada é considerado uma contribuição fundamental para o sucesso do ARPA. Diferentemente de muitos outros programas, 92% dos fundos do GEF foram gastos6 – em grande parte graças à inovação administrativa. 5 Esse problema foi levantado em muitas entrevistas no MMA, com os entrevistados mencionando especificamente outros programas financiados pelo GEF como o Corredores Ecológicos, que tem tido muito mais dificuldade em garantir que os recursos sejam gastos no local, de uma forma confiável e replicável, para oferecer apoio consistente às UCs locais. 6 FUNBIO – comunicação particular em 13 de fevereiro de 2009. Relatos finais são antecipados para serem submetidos em abril de 2009. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 6 of 81 4. O Fundo fiduciário ARPA foi criado e captalizado. A capitalização do Fundo ARPA (trust fund) foi bem sucedida graças ao comprometimento dos maiores doadores e ao apelo por doações para a gestão de UCs no longo prazo. Até então, US$23,4 milhões foram recebidos dos maiores doadores, GEF e WWF-Brasil, com US$37,2 milhões comprometidos. Uma doação de €10 milhões do KfW está aguardando a aprovação do Senado brasileiro para ser depositado no Fundo. PRINCIPAIS DESAFIOS DA FASE 1 Um conjunto de desafios que surgiram durante a Fase 1 do ARPA deverão ser superados na Fase 2. Embora uma análise mais detalhada seja fornecida no relatório completo, desafios criticamente importantes são mencionados abaixo. 1) O Componente de Monitoramento e Avaliação falhou em atingir seus objetivos. O desenvolvimento de indicadores de efetividade replicáveis nas diferentes UCs em tempo e custo aceitáveis é uma prioridade do ARPA. Infelizmente, na Fase 1, o ICMBio foi incapaz de produzir qualquer relatório que respondesse perguntas estratégicas relevantes para os gestores das UCs. Ele também falhou em desenvolver dados de sensoriamento remoto que poderiam ao menos medir a eficiência das UCs em reduzir o desmatamento. 2) Contratos de consultoria e compras tiveram custo alto e mostraram-se pouco eficientes em muitos casos, devido a exigências financeiras dos doadores e padrões do MMA (ou falta de), que não acompanham a realidade de negócios na Amazônia. Entrevistados relataram numerosos casos de atrasos de dois anos na entrega de bens não apropriados ao ambiente amazônico. Os exemplos citados incluem produtos como motores de barco de alta potência que eram rapidamente danificados nos rios amazônicos, sem possibilidade de reparo local e com peças indisponíveis. Os projetos de infraestrutura – sem um guia claro do MMA – também atrasaram em sua implementação, dadas as licitações extremamente altas. Os requisitos de contratos por licitação nacional resultam em contratos de custos muito elevados – que não necessariamente significam alta qualidade. Mais importante: os requisitos de licitação geraram atrasos e dores de cabeça para os gestores de UC ao invés de serem uma ferramenta para aumentar a efetividade. Esse aspecto do ARPA comprometeu sua excelente reputação no campo. 3) Os Comitês de Aconselhamento do ARPA não foram utilizados em seu potencial. O desenho original do programa propôs uma série de comitês consultivos que aumentariam o acompanhamento estratégico e o apoio da sociedade civil ao ARPA. Alguns destes nunca se reuniram (p.ex. Comitê de Mediação), outros se reuniram uma ou duas vezes, mas nunca foram realmente usados (p. exe. Comitê Científico), e o mais importante – o Comitê de Programa – teve um importante papel, mas foi desativado no ano passado. A Unidade de Coordenação do Programa (UCP) do MMA é responsável por essa função e deve alocar equipes e priorizar a importância de se ter um acompanhamento estratégico para fortalecer o ARPA. 4) É necessário o aprimoramento dos relatórios financeiros para o acompanhamento estratégico. O impressionante sistema CÉREBRO, que permite que todos os parceiros do ARPA acompanhem as solicitações de compras e vejam os gastos, não foi desenhado para um Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 7 of 81 relatório efetivo na Fase 1. Os parceiros concordaram sobre os relatórios necessários e o CÉREBRO 2 deve ser lançado em junho de 2009. PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES PARA A FASE 2 O contexto político e econômico que contribuiu para o sucesso na Fase 1 mudou, demandando novas estratégias na Fase 2. Compromissos recentes do Presidente Lula em reduzir o desmatamento em 72% até 2017 criaram oportunidades para investimentos de países do Norte para ajudar a pagar os benefícios ambientais de técnicas de manejo florestal mais sustentáveis.7 Enquanto a filantropia privada deve diminuir durante esse difícil período econômico, há mais recursos internacionais sendo comprometidos pelo REDD e por mecanismos de compensação ambiental, que buscam programas efetivos garantindo a conservação da Amazônia. A importância desse bioma em prover serviços ambientais para o Brasil e para o mundo nunca esteve tão evidente, criando novas oportunidades financeiras para o ARPA na Fase 2. Nesse contexto, o projeto deve reforçar estratégias chave que o tornaram bem sucedido até hoje e aumentar sua habilidade de exibir resultados mensuráveis transparentes. 1) Ampliação das metas de criação O sucesso do Componente 1 na criação de novas UCs superou todas as expectativas na Fase 1 do ARPA. O plano inicial para o programa, em suas três fases, era a criação de novas unidades de conservação, totalizando 50.000.000 de hectares, um objetivo inacreditavelmente ambicioso. Dado o sucesso da meta de criação na fase 1, alcançando quase 24.000.000 hectares, esta avaliação sustenta a possibilidade de ampliação do escopo do ARPA para apoio à criação de 60.000.000 de hectares, ao longo das três fases do projeto. 2) Desenvolver uma parceria imediata com capacidade de sensoriamento remoto para Monitoramento e Avaliação (M&A) Dado o insucesso do componente de M&A durante a Fase 1, os financiamentos deveriam ser redirecionados. Há uma necessidade imediata em se atentar para as áreas de entorno das UCs do ARPA e para a habilidade das UCs em reduzir as taxas de desmatamento, tanto dentro quanto em seu entorno. A capacidade de sensoriamento remoto é necessária. A IMAZON e/ou o INPE deveriam ser avaliados como potenciais parceiros estratégicos para o ARPA na Fase 2, de forma a garantir os dados necessários para as decisões estratégicas da gestão das UCs. 3) 7 Incentivar os parceiros do governo brasileiro (federais e estaduais) a realizarem contribuições significativas para o Fundo fiduciário e a ajudarem a conduzir novos financiamentos para o ARPA. A capitalização do Fundo contou até o momento com pequeno empenho dos parceiros governamentais federais e estaduais. Uma vez que o ARPA é um dos melhores, senão o melhor, programa atualmente gerenciado pelo MMA, as entidades governamentais deveriam ser estimuladas a apoiar ativamente seus objetivos de longo prazo. Além disso, as novas fontes de financiamento mais prováveis são os fundos de compensação ambiental e os fundos do mercado voluntário de carbono. Ambas vão requerer apoio governamental estadual e federal para serem conduzidas às UCs do ARPA e ao Fundo fiduciário. The Guardian Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 8 of 81 4) Definir um teto para os financiamentos operacionais do ARPA, para que as UCs acessem o FAP. Ainda que grande parte do desenho original do ARPA tenha provado ser extremamente eficiente, há um incentivo perverso no sistema atual para a consolidação de UCs. Existem UCs bem geridas que atendem aos critérios de consolidação para acessar o Fundo. No entanto, elas preferem continuar utilizando os recursos para investimento, que garantem maior flexibilidade em tipos de gastos e, segundo as perspectivas dos gestores de UC, mais financiamento. Assim, UCs bem geridas não têm incentivos para acessar o FAP. Da mesma forma, as UCs mal geridas, com pífios resultados de conservação ou comprometimento político, podem continuar recebendo recursos de investimento. Limites devem ser estabelecidos tanto para o total de anos no Programa ARPA quanto para o total de recursos de investimento por UC. Um sistema em três níveis é sugerido para que as UCs bem geridas continuem a subir a “escada” de acesso ao Fundo, enquanto as UCs mal geridas não avançam. 5) Re-energizar os comitês que foram propostos no desenho original do projeto. O ARPA tem grande apoio entre os brasileiros comprometidos com o desenvolvimento sustentável e a conservação. Os comitês proporcionam uma forma de o ARPA utilizar esse apoio com conhecimentos adicionais e recomendações estratégicas. Criar equipes para os comitês e lidar com personalidades políticas leva tempo, mas é um papel chave que a UCP deveria assumir. O Comitê de Programa (CP) deve ser revitalizado imediatamente e deveria assumir um papel estratégico na maior parte das decisões da Fase 2, não apenas na aprovação anual do POA. Adicionalmente, o Painel Científico de Aconselhamento, o Comitê de Mediação de Conflito e alguns grupos de trabalho (p.ex. o Grupo de Trabalho de infraestrutura) devem ser reconstituídos e ter mandatos e prazos. A UCP deve criar um equipe efetiva para assumir esse papel na Fase 2. 6) Aumentar o teto da conta vinculada por UC e incorporar bens de baixo custo. A conta vinculada é a maior realização do Programa ARPA, para acelerar a conservação in situ. Nos últimos anos ficou provada a efetividade da conta: foram desenvolvidos sistemas transparentes; os funcionários das UCs foram capazes de realizar seus trabalhos de maneira muito mais eficiente; as comunidades locais foram beneficiadas pelos gastos das UCs nos municípios; e os doadores tiveram tempo de ver a efetividade do programa. Dado o sucesso da conta nos últimos anos, a inflação e os custos de atividades – principalmente nas UCs mais afastadas –, o teto da conta por UC deveria ser elevado para R$20.000,00. Conjuntamente, seria necessário oferecer uma linha adicional de crédito por meio da conta para bens de baixo custo, permitindo aos funcionários locais comprar suprimentos e equipamentos quando necessário, ao invés de terem que esperar de 12 a 24 meses. Isso também propicia produtos apropriados para a região, com garantias de lojas locais e a possibilidade de encontrar peças e serviços de reparo na região. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 9 of 81 SEÇÃO C C R I A R 1 8 M I L H Õ E S D E H E C TA R E S D E N OVA S U NI DA D E S D E C O N S E RVA Ç Ã O SUBCOMPONENTES 1.1 E 1.2 Principais Conclusões O ARPA superou todas as expectativas na criação de novas Unidades de Conservação na Amazônia. O projeto ultrapassou suas próprias e ambiciosas expectativas, transformando 23.981.642 hectares em 43 novas UCs, uma grande conquista para a conservação da diversidade biológica na Amazônia. O projeto dobrou a área da Amazônia brasileira sob proteção integral – de 3,2% (12 milhões de ha) no início do projeto8 para mais de 25 milhões de ha atualmente. O acréscimo de mais 10 milhões de ha de UCs de uso sustentável vai ao encontro de duas necessidades sociais do Brasil: conservar a biodiversidade e prover melhores condições de vida para os moradores tradicionais das florestas. Q UAD RO C . 1 P RO D U TO S C H AV E D O S U B CO M P O N E N T E 1 . 1 E 1 . 2 N A FA S E 1 D O A RPA 9 PRODUTO Criação de 18 milhões de hectares de novas UCs 9 milhões de hectares de UCs de proteção integral; 9 milhões de hectares de UCs de uso sustentável. Estudos de backup e análises (documentos), incluindo mapas poligonais, monitoramento biológico rápido, e outros. 8 9 AVALIAÇÃO 08/12 O ARPA criou 43 novas UCs em 23.981.642 hectares durante a Fase 1. 13.195.911 hectares em 13 UCs de proteção integral. 10.785.731 hectares em 30 UCs de uso sustentável. Seminários regionais, pesquisas comissionadas, dados compilados por numerosas organizações, imagens de satélite atualizadas e dados científicos geraram o Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Brasileira, estabelecido por Decreto presidencial nº 5092 e Portaria do MMA nº 126, de maio de 2004. World Bank, Project Appraisal Document (PAD) p 6. Os produtos do projeto para a Fase1 estão na Descrição Detalhada do Projeto, no Anexo 2 do PAD. Os produtos são organizados por componentes – essa avaliação transferiu os resultados do subcomponente 1.3 para a Seção D. World Bank, PAD. p 56. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 10 of 81 E F I CI Ê N CI A O custo total do Subcomponente 1.1 e 1.2 foi de aproximadamente R$15,4 milhões10, com fundos de todos os principais doadores do ARPA (GEF, MMA, WWF-Brasil, e KfW) na Fase 1. Isso equivale a 19% dos custos operacionais do ARPA, sem incluir o Fundo Fiduciário. Dada a importância extremamente alta da criação dessas UCs, os custos e as altas despesas nesse componente parecem razoáveis. Competências administrativas para o melhor gerenciamento de consultorias de alto custo, que afetaram o Componente 1.2, estão recomendadas na Seção G. 1.1 IDENTIFICAR ÁREAS PRIORITÁRIAS H I ST Ó RIC O DO SUB C O M PO NE NT E 1.1 A implementação do Subcomponente 1.1 foi gerenciada fundamentalmente pela UCP/MMA, com envolvimento de um grande número de parceiros. Propósito: identificar áreas prioritárias em 23 ecoregiões: Coletar dados biológicos, sociais e econômicos na região amazônica para utilizar na seleção de áreas a serem transformadas em UCs. A coleta de dados empregou informações existentes, bancos de dados e imagens atualizadas de satélite.11 IM P LE ME NTAÇ ÃO D O S UB C O MP O NE NT E 1. 1 NA FASE 1 Um impressionante esforço de planejamento realizado em várias instâncias entre 2002 e 2006 envolveu muitos stakeholders, organizações não governamentais, acadêmicos e agências estaduais e municipais no estabelecimento de prioridades para o ARPA, o que contribuiu para expandir a área conservada de 4 para 12%.12 A UCP ficou responsável pelo exercício de priorização, organizando seminários regionais, incorporando dados de numerosas organizações e se encarregando de análises sobre os principais fatores de ameaça e maiores alvos da biodiversidade em cada estado amazônico. Como especificado no PAD (Project Appraisal Document), a coleta de dados utilizou informações existentes, bancos de dados, e imagens atualizadas de satélite. Seus esforços estavam alinhados com um trabalho já realizado pelo MMA por meio do PROBIO, que focava não apenas a biodiversidade, mas as oportunidades de uso sustentável de recursos na Amazônia.13 A filosofia de se equilibrar as necessidades econômicas e sociais com a manutenção da diversidade biológica teve um importante papel no processo de planejamento do MMA e levou ao engajamento de muitos representantes da sociedade civil, assim como biólogos e ONGs ambientalistas. Muitos produtos resultaram desse esforço: um mapa de revisão do estado das áreas protegidas e dos territórios indígenas na Amazônia em 2007, 14 uma Portaria do MMA nesse mesmo ano 10 Valores financeiros fornecidos pelo Funbio “compon x donor” - 12/08. World Bank, PAD, p 13. 12 Funbio, Programa Áreas Protegidas da Amazônia - ARPA 13 MMA-ARPA Áreas Prioritarias para a Conservação, p 1 (Apresentação do Secretário Executivo do MMA, Capobianco). 14 ARPA, Amazônia Brasileira, mapa doado pelo Instituto SocioAmbiental 11 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 11 of 81 conferindo prioridade a tais áreas, e importantes guias para o MMA, para os estados e para a equipe do ARPA, uma vez que a criação de muitas UCs passava a ser proposta. O processo também enfatizou a demanda e a disponibilidade de terras para UCs de uso sustentável. A demanda – e vontade política – de criação de UCs de uso sustentável mostrou-se presente em cerca de duas vezes mais terras do que as identificadas para a proteção integral.15 Este foi um componente extremamente bem sucedido do ARPA, que recebe críticas de alguns participantes, mas obviamente contribuiu para alguns de seus melhores resultados.. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A A I DE NT IF IC AÇ ÃO DE ÁR E AS PR IO R IT ÁR I A S NA FASE 2 Dado o compromisso do ARPA no longo prazo em criar mais de 50 milhões de ha de novas UCs, a importância estratégica da atualização dos dados para esse componente vai se manter na Fase 2. As seguintes recomendações são para considerações adicionais no desenho da Fase 2. 1) Continuar a investir fortemente nessa atividade. Com as atuais mudanças na Amazônia, a necessidade de se manter atualizado tanto em relação ao tamanho das áreas remanescentes quanto em relação à representatividade ecológica no ARPA e no SNUC continua sendo uma prioridade para o Subcomponente 1.1 da Fase 2. Como o ARPA deve alcançar e superar seus objetivos de criar 50.000.000 de hectares de novas áreas protegidas, ele precisará utilizar a melhor Ciência disponível para embasar a criação de UCs no restante do projeto. 2) Engajamento do Painel Científico e o Comitê de Programa (CP) nesse subcomponente. No curso do ARPA esses importantes comitês perderam força, embora fossem partes relevantes para o sucesso inicial do projeto. O POA de 2005 discutiu a necessidade de envolvimento do Painel Científico, mas essa recomendação não foi adequadamente implementada.16 A UCP deveria garantir a reativação imediata desses painéis, com uma clara revisão de suas funções estratégicas. Ronaldo Weigand, por exemplo, foi contratado para preparar a nova Estratégia de Conservação e Investimento, baseada em estudos atualizados de representatividade biológica, lacunas e ameaças. Esse é o tipo de produto do ARPA que seria beneficiado por forte revisão e embasamento científico. 3) Tornar mais explícitos e avaliar diferentemente o peso dos fatores de identificação das áreas prioritárias. Como as ameaças na Amazônia continuam a crescer, a conservação da biodiversidade torna-se mais complicada e maior importância deve ser conferida à definição das áreas prioritárias. O Painel Científico deve estar envolvido para avaliar questões como: Insubstituibilidade Mosaicos Conectividade e isolamento de potenciais UCs. Diante das altas taxas de desmatamento e degradação com dispersão populacional na Amazônia e da decisão de se criar e apoiar UCs maiores que 100.000 ha no ARPA – a menor tem 30.643 ha – pergunta-se: a Fase 2 não deveria enfatizar mosaicos e uma maior conectividade para reduzir os riscos de se chegar a ilhas isoladas de conservação na Amazônia no futuro? 15 MMA-ARPA, “Áreas Prioritiarias …” Tabela 2 “Áreas por Tipo de Ação Prioritária” 97 UCs mais de 434 milhões de ha recomendados para o uso sustentável, em oposição às 44 UCs totalizando mais de 207 milhões de ha de proteção integral. 16 Cabral, Relatório Final Sobre Diagnóstico.. p 13. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 12 of 81 Novas abordagens científicas como a recente análise do WWF-Brasil sobre a representatividade ecológica na Amazônia, que sobrepõe ecorregiões e tipos de vegetação para assegurar representações repetidas.17 Essas novas abordagens podem ajudar a conduzir a Fase 2 do ARPA a proteger tipos de cobertura vegetal não adequadamente representadas no atual sistema de UCs. 1.2 CRIAR DECRETOS ESTABELECIMENTO DE UCs PARA O H I ST Ó RIC O DO SUB C O M PO NE NT E 1.2 A implementação do Subcomponente 1.2 foi gerenciada principalmente pela UCP e pelo ICMBio para as áreas de conservação federais e pelas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente para as áreas estaduais. Propósito: “A realização de estudos, consultorias e propostas de criação de novas áreas protegidas. Esses estudos incluirão diagnósticos ambientais e sociais realizados localmente, assim como diagnósticos fundiários. Todos os conflitos sociais identificados nos diagnósticos seriam reportados ao Comitê de Mediação de Conflitos. As propostas seriam discutidas em consultas locais e, uma vez aceitas, o Decreto poderia ser submetido à aprovação e publicação”. 18 O ARPA financiou os estudos supracitados e os processos de divulgação em apoio aos cinco tipos de UCs em dois grupos de categorias: Unidades de Conservação de proteção integral (Categorias I-II da IUCN): 1. Parques Nacionais, Estaduais e Municipais 2. Reservas Biológicas 3. Estações Ecológicas Unidades de Conservação de uso sustentável (Categoria VI da IUCN): 4. Reservas Extrativistas 5. Reservas de Desenvolvimento Sustentável IM P LE ME NTAÇ ÃO D O S UB C O MP O NE NT E 1. 2 NA FASE 1 Acreditava-se inicialmente que seriam estabelecidas 10 novas UCs durante a Fase 1, cobrindo 18 milhões de ha19 e abrangendo um pequeno número de UCs muito extensas, relativamente isoladas, de proteção integral, como as Montanhas do Tumucumaque (3.867.000 ha) ou a Estação Ecológica da Terra do Meio (3.373.131 ha). No entanto, surgiram demandas para o ARPA considerar um grupo muito mais diverso de UCs. Às populações amazônicas interessava o estabelecimento de UCs de uso sustentável, e este é o imperativo de proteção nas áreas do “Arco de Fogo”, onde as pressões de desmatamento são mais fortes e o ARPA precisava envolver governos estaduais como stakeholders. A inclusão dessas prioridades tornou-se um fator extremamente importante na rápida escalada de criação de UCs sob a tutela do ARPA. Ademais, isso conduziu a uma maior flexibilidade do tamanho das UCs apoiadas pelo 17 WWF-Brasil, Impacto p 1. World Bank, PAD, p 13. 19 World Bank, PAD p 13. 18 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 13 of 81 ARPA, permitindo a criação de oito UCs de 100.000 ha, não contempladas no plano inicial do projeto. Por fim, o trabalho do Secretário-Executivo do MMA, João Paulo Ribeiro Capobianco, negociando e promovendo ativamente a inclusão de muitas novas áreas, foi mencionado em entrevistas como um importante fator para o sucesso desse subcomponente. Essa abordagem pragmática e responsiva desviou o ARPA de um foco restrito de priorização de áreas de grande biodiversidade e baixa ameaça para o desenvolvimento de um portfólio que respondesse às necessidades e aspirações sociais na Amazônia. O resultado foi um programa com um portfólio mais arriscado no que tange à perspectiva da biodiversidade, porém mais rico em oportunidade de influenciar a evolução a longo prazo dos programas de conservação, mostrando resultados significativos em áreas de grande pressão antrópica. Q UAD RO C . 2 U C s C RI A DAS N O PRO J E TO A RPA Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 TOTAIS Tipo Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável Proteção Integral Uso Sustentável TOTAL de UCs Nº de UCs 1 1 2 4 2 3 0 2 1 3 4 9 3 4 0 1 0 3 13 30 43 Hectares 59.010 179.602 422.701 516.158 3.974.399 1.055.060 0 1.220.695 693.975 2.328.960 4.677.148 1.761.925 3.368.677 1.561.295 0 477.042 0 1.684.990 13.195.911 10.785.731 23.981.642 A Tabela C.2 ilustra as diferenças de tamanho entre as áreas médias das UCs de uso sustentável (359.524 ha) e as de proteção integral (maiores que 1 milhão de ha). De acordo com pesquisas sobre áreas protegidas, as maiores UCs de proteção integral tendem a estar mais distantes das pressões antrópicas, demonstrando um maior potencial de conservação da biodiversidade no longo prazo.20 Reservas menores são estabelecidas mais perto das populações humanas e sofrem normalmente com grandes pressões de caça e com outras ameaças que resultam no declínio de espécies. Uma importante contribuição da Fase 1 para a conservação da biodiversidade foi o estabelecimento de UCs de uso sustentável em regiões adjacentes às UCs de proteção integral, 20 Naughton-Treves et.al., p 225. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 14 of 81 garantindo boas áreas de amortecimento dentro de mosaicos maiores. A tabela ainda ressalta a grande atividade do projeto durante o período de 2005-2006, o ápice da Fase 1. A Tabela falha em mostrar as preparações já iniciadas para a criação de novas UCs em 2009. Há 20 áreas adicionais sendo propostas (em torno de 7 milhões de ha), das quais três estão em processo de avaliação e consulta pública, e estão avançadas no processo de implementação.21 Assim, a Fase 1 obteve alguns “ganhos antecipados” para a Fase 2. Outra clara prioridade nas UCs do ARPA é regularizar as reivindicações por posse de terra, atentando para todos os residentes da área, revendo suas reivindicações, definindo as fronteiras das UCs, estabelecendo políticas apropriadas de reassentamento, etc. Com o objetivo de esclarecer a metodologia desse processo, o ARPA contratou dois consultores para desenvolver um “roteiro”, ou um “guia”, baseado em parte na experiência do ARPA em aperfeiçoar esse processo no sistema brasileiro de UCs.22 Existem poucos exemplos de regularização completa, em que os donos da terra aceitam a compensação23 e retiram suas reivindicações por terras dentro das fronteiras das UCs. Dessa forma a Fase 2 deveria garantir maiores níveis de atividade nessa área. Quatro justificativas adicionais para a importância desse subcomponente foram levantadas nos últimos seis anos: O ARPA é exemplo do importante papel das UCs na redução do desmatamento e no seqüestro de carbono na Amazônia. Uma vez que o mundo busca proteger a Amazônia como um sumidouro fundamental de carbono, este projeto é um relevante demonstrativo dos tipos de mecanismos requeridos para ser bem sucedido. Um recente estudo sobre a Amazônia indicou que “até 2050, a expansão das áreas protegidas criadas entre 2003-07 reduziria 272.000 km² (27.2 milhões de ha) de desmatamento, evitando assim a emissão de 3.3±1.1 gigatoneladas de carbono (GT C), dos quais 0,4 GT C são atribuídos a 13 UCs consolidadas com o apoio do ARPA. Incluindo mais 127.000 km² (12,7 million ha) de novas áreas protegidas do ARPA consolidadas em 2008, o programa seria responsável por reduzir as emissões em um total de 1,4 GT C (ou 5,1 GT de CO2) até 2050.” 24 Decretar UCs em terras devolutas reduz o desmatamento. Aproximadamente 12% da região amazônica, anteriormente ao ARPA, eram de “terras não reivindicadas do governo”. Esta terra é almejada por grileiros e especuladores, buscando torná-las propriedade privadas, e pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que atua realocando pessoas carentes de terra e de emprego. As UCs recentemente decretadas, entretanto, atraem menos colonizadores, já que os títulos de terra são registrados no processo de criação das UCs. Com isso, é menos provável que novos colonizadores invistam seu tempo e energia ali, pois são incapazes de comprovar seu direito à terra. Como indica um estudo do WWF-Brasil: “baseado em análises históricas de taxas de desmatamento de 2002-07 numa região de 520 áreas protegidas, e nas áreas de borda de 0-10 km, 10-20 km e >20 km de distância, concluímos que a ARPA, Relatório de Atividades 07-08 p 6. MMA, Roteiro Metodológico Para Implantação do Plano de Consolidação de Unidades de Conservação 23 O avaliador ouviu de uma série de UCs onde a compensação foi oferecida e não aceita – levando as decisões para salas de tribunais. Em um caso no Mato Grosso, o financiamento de uma reserva legal foi aplicado na compra de uma fazenda local sem dono – os fundos das reservas legais e compensações ambientais poderiam ser importantes aqui. 24 Soares-Filho et. al., p 1. 21 22 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 15 of 81 probabilidade de desmatamento foi de 7 a 11 vezes menor dentro das áreas protegidas do que fora delas, aumentando progressivamente nas zonas mais distantes.”25 Agir agora é fundamental. O crescimento e a dispersão atual das populações na Amazônia requerem proteção das áreas o mais breve possível. Menos áreas, menores e mais degradadas serão disponibilizadas no futuro, e os custos só tendem a aumentar conforme a fronteira agrícola e as interfaces urbanas se movam para perto de potenciais áreas protegidas. Envolver os governos estaduais é um investimento estratégico. O ARPA envolveu cinco governos de estado (Mato Grosso, Acre, Tocantins, Rondônia e Amazonas) na criação e gestão de suas UCs, e incrementou a infraestrutura utilizada para atender as Unidades. Outros estados trabalharam com o governo federal (em diferentes níveis de comprometimento) para criar novas áreas protegidas e UCs de uso sustentável. O esforço do ARPA em institucionalizar a vontade política e aumentar o apoio para os objetivos conservacionistas como parte do mandato dos governos de estado foi uma importante contribuição para aumentar a capacidade desses estados na Amazônia. Em suma, esse subcomponente foi um grande sucesso, não apenas em números e hectares, mas como uma importante contribuição para a missão do ARPA de conservar a biodiversidade. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A C R IAÇ ÃO DE DE C RETO S PAR A O ESTAB E LE C IM ENTO DE UC s NA FAS E 2 O grande sucesso desse subcomponente demanda uma abordagem não-intervencionista. Contudo a situação é dramaticamente diferente na Fase 2. Além disso, muitas recomendações feitas no PAD original devem ser reafirmadas e revitalizadas na Fase 2. 1) Influência do apoio do ARPA para criação de UCs. Apesar de ser argumentado por alguns implementadores do ARPA que os investimentos da Fase 2 deveriam ser voltados para melhorar a capacidade de gestão das UCs ao invés da criação de mais UCs, a necessidade e a oportunidade política de criar UCs não deveriam ser ignoradas. Se os investimentos para a Fase 2 são motivo de preocupação, uma abordagem alternativa poderia ser considerada. Durante a Fase 1, foi acordado que todas as novas UCs criadas com apoio do ARPA teriam automaticamente suas gestões apoiadas. Entretanto, o ARPA tem o potencial de prover apoio para a criação de um grande número de UCs com menor custo e de forma relativamente mais rápida. O ARPA pode disponibilizar aos governos federal e estadual os dados do Subcomponente 1.1 e buscar financiamentos para o Subcomponente 1.2 para auxiliar a criação de novas UCs e mosaicos na Fase 2 que sustentem objetivos do governo brasileiro e dos estados interessados. Como será discutido na Seção D, a decisão de quais dessas UCs recentemente criadas receberão o financiamento para gestão pode se basear em critérios separados. Recentes negociações para a Fase 2 levantaram a idéia de se aumentar o apoio do ARPA para atingir a criação de 60.000.000 hectares de novas áreas protegidas. Fortes investimentos nesse componente poderiam tornar realidade esse plano extremamente ambicioso. 25 Ibid p 1. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 16 of 81 1) Revitalizar o Painel Científico e o Comitê de Programa (CP) nesse subcomponente. O Painel Científico de Aconselhamento pode ajudar a estabelecer critérios para a criação de UCs, o que reforça as idéias do Subcomponente 1.1, como a criação de mosaicos. Ele também poderia ajudar a estabelecer critérios mínimos para o investimento na criação de UCs, revisando considerações como: Manter o tamanho das UCs acima de 100.000 ha. O ARPA patrocinou UCs com extensão de 30.643 ha (Reserva Extrativista Maracanã) até 3.8 milhões de ha (Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque). O PAD indicava a preferência por UCs com mais de 100.000 ha, com a expectativa de que populações geneticamente viáveis de espécies de ampla distribuição estariam seguras.26 UCs menores de uso sustentável enfrentam grandes desafios na conservação da biodiversidade, particularmente no que tange à adequada movimentação das espécies, aos processos ecossistêmicos como os ciclos de enchentes, e à regeneração de perdas em larga escala como em casos de incêndios, etc. A fragmentação da paisagem e o isolamento ecológico são grandes ameaças no contexto amazônico atual. No entanto, essas áreas protegidas menores salvaguardam a biodiversidade em um maior número de ecorregiões, abrigando freqüentemente espécies endêmicas e ameaçadas. Pesquisas indicam, contudo, que as áreas protegidas menores que 10.000 ha são geralmente incapazes de cessar a perda de espécies no longo prazo.27 O planejamento de UCs de uso sustentável de pelo menos 10.000 ha, com áreas restritas (no take zones) ou núcleos de conservação (core conservation áreas), poderia ser um requisito mínimo. Dessa forma, essas áreas poderiam ser respeitadas por sua capacidade em garantir o uso sustentável, mantendo as espécies e os serviços ecológicos. Estabelecer diretrizes políticas. Da mesma forma, o Comitê de Programa (CP) pode rever e aprovar critérios políticos adicionais mínimos para a autorização do financiamento do subcomponente 1.2, como a de manter a política atual de não sobrepor as áreas declaradas territórios indígenas, comprometidas pelo Estado para novas UCs, etc. (Há mais recomendações para o engajamento do Comitê de Mediação de Conflitos em locais selecionados para a gestão do ARPA na Seção D). 3) Encadear as etapas para a criação de UCs. O ARPA passa atualmente por cinco etapas para criar uma nova UC, mas sem uma seqüência definida. Processo de consulta pública Diagnóstico da situação fundiária Avaliação ambiental Avaliação sócio-econômica Decreto legal Relatórios do Mato Grosso e de Rondônia indicam que é perigoso começar um processo de consulta pública sem antes documentar a situação fundiária. Acredita-se que assim como a criação de áreas protegidas tende a desencorajar novos assentamentos, no período imediatamente anterior à declaração legal ocorre justamente o efeito oposto. Na expectativa de que uma área será declarada UC, colonizadores e especuladores podem se fixar ali, sendo contados como residentes locais e obtendo vantagem em relação a moradores permanentes no reassentamento ou nos acordos de compensação. Ainda que nenhuma pesquisa científica sobre esse fenômeno seja citada, o cuidado de dois estados ressalta que um encadeamento de 26 27 World Bank, PAD p 7. Terborgh J, pp. 15–35. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 17 of 81 etapas que garanta uma avaliação adequada sobre a situação ambiental e fundiária antes das consultas públicas pode resultar em menos conflitos e mais UCs ecologicamente intactas. O sucesso do Componente 1 em criar novas áreas protegidas superou todas as expectativas da Fase 1 do ARPA. O plano original para as três fases do projeto era criar 50.000.000 de hectares de novas áreas de conservação – um objetivo inacreditavelmente ambicioso. Dado o sucesso em criar 24.000.000 de hectares na Fase 1, essa avaliação sustenta a idéia de se aumentar o escopo do ARPA para apoiar a criação de 60.000.000 de hectares ao longo do projeto. O Subcomponente 1.3 é um componente gerencial e é discutido na Seção D. A recomendação é de que as atividades gerenciais sejam agrupadas em um componente para uma maior eficiência na administração e na relatoria do projeto. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 18 of 81 SEÇÃO D Á R E A S P R O T E G I D A S D O A R PA E F E T I VA M E N T E G E R I DA S SUBCOMPONENTE 1.3 E COMPONENTE 2 O ARPA apóia tanto parte das atividades para o estabelecimento de um manejo básico em novas UCs (Componente 1.3) quanto a consolidação da gestão em 17 UCs estabelecidas (p.ex. UCs de proteção integral criadas antes de 2000), que são orçados no Componente 2. Como muitas questões são recorrentes no estabelecimento das práticas de manejo, esta seção liga os Componentes 1.3 e 2 para evitar se tornar repetitiva. N O T A E X P L I C A TI V A : PRINCIPAIS CONCLUSÕES A experiência do ICMBio em estabelecer um manejo básico com presença efetiva de pessoas na ponta provou-se mais bem sucedida no ARPA do que em qualquer outro programa gerenciado pelo MMA na Amazônia. A capacidade dos estados também foi fortalecida nas UCs estaduais do ARPA. Como 10 novas UCs foram previstas no desenho original do projeto, mas 43 foram criadas e estão tendo as capacidades básicas de gestão instaladas, esse é um progresso excepcional! Além disso, 17 UCs de proteção integral criadas antes de 2000 foram incluídas no Subcomponente 2.1 para receberem financiamento do ARPA para sua gestão – um acréscimo de 8,5 milhões de ha. Portanto, ao todo o ARPA está garantindo apoio à gestão de 60 UCs, cobrindo 32 milhões de hectares. Q UAD RO D. 1 P RO D U TO S C H AV E PA R A O S U B CO M P O N E N T E 1 . 3 E CO M PO N E N TE 2 N A FA S E 1 D O A RPA 28 PRODUTO AVALIAÇÃO 12/08 29 1.3 Desenvolvimento de 14 planos básicos de proteção para novas UCs. 10 UCs recentemente estabelecidas têm sólidos planos básicos de proteção, a partir de 2008 apoio financeiro a 37 UCs.30 1.3 Conclusão de atividades in loco em 10 UCs, incluindo infraestrutura 37 UCs estão sendo apoiadas, das quais 11 alcançaram alto nível de efetividade – 4 UCs 28 Enquanto há muitas áreas para as quais o PAD define objetivos, a lista olha para a “Detailed Project Description” do Anexo 2 do PAD. World Bank, PAD. p 56 for 1.3 outputs p 60 for Component 2 outputs. 29 As medidas para os produtos chave foram obtidas do Relatório de Atividades 2007-2008. As atividades são baseadas nas descrições de cada gestor de UC dos avanços nas capacidades de gestão. O sistema de acompanhamento usou valores percentuais para determinar se a UC alcançou os critérios de gestão. 30 ARPA, Relatório de Atividades 2007-2008, p 20. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 19 of 81 31 32 básica, equipamentos, pessoal e demarcação. de proteção integral e 7 UCs de uso sustentável.31 2.1 Nove planos de manejo de UCs em implementação aprovados. Dez UCs de proteção integral tiveram seus planos de manejo finalizados e aprovados e mais duas finalizaram seus planos.32 2.1 11 planos de manejo em elaboração. Muitos planos estão em andamento, mas esta avaliação e aquelas de outros consultores levantam preocupação sobre a eficácia de alguns desses planos. Recomendações são feitas para acelerar a atuação de um grupo de trabalho da UCP em aprimorar o modelo utilizado atualmente para o desenvolvimento de planos de manejo. A Seção G também recomenda mudanças em procurement para permitir a contratação de uma gama maior de profissionais qualificados. 2.1 12 UCs federais de proteção integral e três UCs municipais/estaduais de proteção integral equipadas e com infraestrutura básica instalada. Poucas UCs de proteção integral tiveram a infraestrutura instalada e o equipamento obtido nos níveis estabelecidos. Entretanto, o processo de instalação de infraestrutura é extremamente caro e demanda muito tempo. Recomendações são feitas para acelerar a instalação de infraestrutura – fundamentando-se em modelos básicos – e a habilidade para contratar operários locais. 2.1 Um sistema de revisão do gerenciamento organizado no IBAMA e nas áreas protegidas. A UCP obteve êxito ao desenvolver o SisARPA, um sistema transparente baseado na internet que revê os indicadores de gestão da UC. É acessado pela UCP, pelo ICMBio, pelos gestores de UCs e por todos os parceiros do ARPA. 2.3 Coordenação interinstitucional aprimorada e tangível e participação comunitária no nível das UCs por meio de um forte programa de manejo das zonas de amortecimento. A conta vinculada é chave para envolver conselhos locais no apoio às UCs e cobrir os custos dos membros voluntários do conselho para comparecerem às reuniões. Além disso, 12 pequenas subvenções foram garantidas aos grupos comunitários em seis UCs de proteção integral para auxiliar no manejo das áreas de amortecimento e no desenvolvimento de capacidades. 2.3 Coordenação interinstitucional aprimorada e demonstração da 11 das 17 UCs apoiadas nesse subcomponente estabeleceram conselhos Ibid p 14 Ibid p 23. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 20 of 81 participação das comunidades de entorno das UCs. consultivos locais, sendo nove considerados ativamente engajados segundo critérios estabelecidos.33 Além dos produtos citados, o PAD (Project Appraisal Document)34 também determinou que “7 milhões de hectares de UCs de proteção integral existentes e três milhões de hectares de novas UCs de proteção integral também seriam consolidadas e geridas.” O programa está desenvolvendo efetivamente capacidades de gestão nessas áreas e algumas UCs estão alcançando critérios iniciais. A Fase 1 mostrou que os critérios de consolidação são executáveis.35 O desenvolvimento de ferramentas operacionais efetivas na Fase 1 destacou o ARPA como um programa que garante a gestão na ponta. Quatro iniciativas que merecem menção especial, dado seu impacto no sucesso do gerenciamento do ARPA até o momento: O MMA e os governos estaduais estão contratando funcionários para as UCs, provendo o ingrediente básico para a gestão efetiva – pessoal nas pontas; O dinheiro chega diretamente aos gestores de UC por meio da conta vinculada. O planejamento financeiro, a execução e o acompanhamento das UCs estão disponíveis para todos os parceiros do ARPA por meio do CÉREBRO, um sistema de gestão financeira acessado pela internet gerenciado pelo FUNBIO. Existem sistemas em vigor que contribuem para os avanços de uma gestão mais efetiva. O sistema SisARPA baseado na internet e gerenciado pela UCP/MMA acompanha a eficiência da gestão das UCs no ciclo criação – implementação – consolidação e contribui com o CÉREBRO para produzir planos operacionais anuais; e Co-gestão, ou gestão compartilhada, tem sido estabelecida com grupos de comunidades locais, contribuindo para a sustentabilidade das UCs no longo prazo. Esses quatros processos superaram antigos obstáculos, permitindo uma gestão mais efetiva das UCs na Amazônia. Esse é um grande feito do qual o governo brasileiro e os parceiros do ARPA deveriam se orgulhar. Existem UCs bem geridas com resultados nas bases mensuráveis e equipes efetivas e motivadas – um passo nos inúmeros níveis de evolução. Enquanto as UCs do ARPA são invejadas na Amazônia por contarem com recursos, um grande número de funcionários e altos níveis de eficiência operacional, há obstáculos que devem ser transpostos na Fase 2. Duas questões principais afetam a habilidade de as UCs alcançarem os critérios de consolidação: 1) O ARPA mostra no seu desenho um incentivo perverso que deve ser revisto. A suposição de que os gestores das UCs mais bem geridas querem que estas sejam consolidadas é errônea. Há uma série de UCs de proteção integral que conta com apoio político, recursos financeiros, sólido gerenciamento, infraestrutura e resultados de conservação in situ para atingir os critérios de consolidação. Mas elas não estão interessadas em serem consolidadas, pois vão perder o financiamento se forem transferidas para o FAP, que cobre apenas custos recorrentes. Dadas as “regras do jogo”, o ARPA penaliza as mais bem preparadas UCs, disponibilizando-lhes menos recursos através do FAP e continua a prover altos níveis de apoio às UCs que não 33 Ibid, p 24-25. World Bank, PAD p. 2. 35 UCP, Relatório de Actividades 07-08. p. 21 34 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 21 of 81 produzem resultados eficazes. Isso deve ser invertido e o ICMBio e as agências estaduais com equipes excepcionais e grandes realizações nas UCs deveriam ser recompensadas. 2) Muitas UCs ainda não alcançaram os critérios de efetividade de manejo básico e vão continuar a encontrar obstáculos em seus esforços para alcançar a consolidação devido aos contínuos gargalos. Gargalos para o manejo efetivo discutidos nessa seção incluem: Parcerias com agências de fiscalização; Falta de Planos de Manejo de UCs orientados para resultados; Projetos de infraestrutura muito caros e demorados; e Incapacidade de contratar trabalhadores locais para os serviços necessários. Além disso, dada a escala do ARPA e a grande quantidade de trabalho sendo empreendida pelos funcionários das UCs, são necessários aprimoramentos administrativos. Os planos anuais devem ser aprovados de uma maneira conveniente, regras de aquisição (procurement) devem ser flexibilizadas para bens de preço baixo, e o teto financeiro para a conta vinculada por UC deveria aumentar. Essas questões administrativas são discutidas mais a frente no Componente 5 (Seção G) juntamente com preocupações adicionais sobre a estruturação das equipes de funcionários do MMA e do estados. E F I CI Ê N CI A O custo total do Subcomponente 1.3 e do Componente 2 para gerenciar 60 UCs foi de R$41,8 milhões, com fundos fornecidos por todos os maiores doadores do ARPA (GEF, MMA, WWFBrasil, e KfW) na Fase 1.36 Isso equivale a 50% dos custos operacionais do ARPA,sem incluir o FAP. Nesse valor também não está contabilizada a maior parte da contribuição do governo brasileiro para o projeto que é em forma de pessoal para as UCs. Dadas as despesas do estabelecimento de capacidades de gestão nessa imensa rede de UCs, os custos e a alta taxa de gastos nesse componente parecem razoáveis. Recomendações são feitas na Seção G para manter custos mais razoáveis para equipamentos, planos de manejo e projetos de infraestrutura, permitindo gastos mais efetivos e eficientes em nível local. 36 Planilha do FUNBIO “compon donante.xls”. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 22 of 81 Gestão e Consolidação das UCs do ARPA H I ST Ó RIC O DO SUB C O M PO NE NT E 1.3 E C O MP O NE NT E 2 A implementação do Subcomponente 1.3 e do Componente 2 foi coordenada principalmente pela UCP e pelo ICMBio/ MMA para as UCs federais, e pelas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente para as UCs estaduais , com exceção do Subcomponente 2.3, que foi conduzido pelo FUNBIO. Para as UCs estabelecidas no ARPA, assim como as UCs de proteção integral existentes estabelecidas antes de 2000 selecionadas, a gestão na prática inclui:37 A demarcação e a regularização da terra, incluindo avaliação fundiária, pesquisas básicas, pesquisa sobre infraestrutura privada e mapeamento. Um plano detalhado sobre aquisição de terras será estruturado e os fundos governamentais serão usados para financiar a compra de terras onde for necessário. Atividades de proteção básica infraestrutura, equipamentos e equipe mínima, para garantir atividades de proteção e a sensibilização e participação comunitária na elaboração e implementação dos planos de manejo. Elaboração e implementação de planos de manejo para as UCs, consolidadas no âmbito do projeto. Participação comunitária no estabelecimento e consolidação de UCs. As atividades incluirão o estabelecimento e a operação de conselhos de UCs, parcerias com ONGs para a gestão das áreas protegidas e subprojetos comunitários. Programas de treinamento para fortalecer a gestão administrativa, financeira e ambiental de UCs. Os seguintes subcomponentes, ainda que gerenciados separadamente, têm estratégias sobrepostas nos seus sistemas operacionais. 1.3 Concebido para apoiar a capacidade de gestão básica em todas as novas UCs do ARPA (p.ex 43 novas UCs totalizando 12 milhões de ha) 2.1 Concebido para prover melhor apoio à gestão de UCs de proteção integral existentes estabelecidas antes de 2000, contribuindo para alcançarem a consolidação. 17 UCs foram selecionadas, totalizando mais de 8,5 milhões de ha. 2.2 Não iniciado na Fase 1. Foi desenhado para as UCs do subcomponente 1.3 que estão prontas para a consolidação, mas nenhuma delas alcançou os critérios até o momento. 2.3 Prevê apoio a projetos comunitários. 2.4 Treinamento e capacitação para atender os objetivos acima. S UC E SS O S N O E STAB E LEC I ME NTO DA G E ST ÃO E F ET I VA DE U C s AL O C AÇ ÃO DE P ES S OAL PAR A A S U C s DO AR PA Um dos passos mais importantes para a evolução de um parque no papel para uma UC respeitada é a presença de equipe local. Contratação de pessoal é uma das maiores contribuições do governo federal e dos governos estaduais. O apoio financeiro do ARPA à gestão é fornecido 37 World Bank, Project Appraisal Document (PAD) p 14. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 23 of 81 a UCs que tenham um mínimo de dois profissionais em uma UC de proteção integral e um profissional e um representante comunitário em uma UC de uso sustentável.38 Das 43 UCs estabelecidas no ARPA, apenas uma ainda deve receber financiamento regular para o Componente 1.3 (Parque Nacional do Rio Novo), devido à falta de pessoal do ICMBio.39 O compromisso do MMA e dos governos estaduais com o ARPA é evidenciado por seu engajamento em nomear pessoal para as UCs. A idéia é que toda UC terá por fim um contingente mínimo de cinco pessoas para ser elegível ao financiamento para o FAP como área consolidada.40 A equipe média no ARPA é de dois profissionais por UC – um grande ganho de acordo com todos os observadores da Amazônia, com pessoal e financiamento ainda menos adequados nas UCs não apoiadas pelo ARPA. D I A G R A M A D . 1 T O T A L D E P E S S O A L A L O C A D O P A R A A S U C s 41 90 80 70 # of Staff 60 50 Staff on Site/Municipality Staff in Regional Office Staff in other municipality 40 30 20 10 0 Newly created ARPA sites - 1.3 Established sites - 2.1 By Component O diagrama D.1 indica que o total de funcionários trabalhando diretamente nas UCs criadas no âmbito do ARPA: Subcomponente 1.3 é de 127 pessoas para 43 novas UCs criadas ou uma média de 2.9 pessoas/UC – ou 1 funcionário /190.000 ha. Como pode ser visto no gráfico acima, há uma grande flexibilidade na distribuição dos funcionários – com a maioria situada na UC ou em comunidade próxima. Alguns funcionários estão situados em cidades maiores quando grande parte do seu trabalho se concentra na articulação com outras agências governamentais ou a cidade é destino comum de viagem/mercado para as comunidades longínquas. Alguns gestores permanecem em cidades consideradas pólos regionais, por sua comodidade, e então viajam pela região e pelas comunidades rurais de baixa renda. O quadro de funcionários não é efetivo quando a maioria do pessoal está centralizado (p.ex. capitais dos estados) e não tem presença World Bank, Missão de Revisão de Meio Termo. Pt 27 on p 6. Comunicação pessoal – UCP on 1/5/08. Daniela de Oliveira. 40 World Bank, Missão de Revisão de Meio Termo, Pt 26 on p 6. 41 ARPA, Relatório de Atividades pp 66-76. Síntese desses números na Tabela D.1 38 39 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 24 of 81 física na UC. Isso é mais notado no Mato Grosso, que tem poucos funcionários estaduais designados para as UCs42 e há um alto nível de rotatividade entre esses funcionários. Nesses casos, não há presença contínua ou acompanhamento com as comunidades locais e a eficácia é questionável. Para UCs de proteção integral estabelecidas há mais tempo no Componente 2.1 há uma média de cinco pessoas por UC (17 UCs) e uma média de uma pessoa por 88.500 ha. Uma porcentagem muito maior de funcionários está situada no local, com equipes que se revezam entre a permanência na UC e períodos nas cidades.. No âmbito dos estados, o comprometimento das equipes com a gestão das áreas protegidas é variável. O quadro de funcionários da SEMA do Mato Grosso e da SEDAM de Rondônia indicam os acordos com o ARPA como críticos para obterem compromissos do estado para alocação de equipes nos parques estaduais. Ambos os estados reconhecem que as UCs estaduais que não fazem parte do ARPA têm pouco ou nenhum pessoal alocado. Nenhum desses estados criou carreiras profissionais e ainda usam indicações políticas para montar o quadro de funcionários das UCs. Por outro lado, os estados do Amazonas e do Tocantins alocaram as unidades com pessoal profissionalizado, e estão usando o ARPA para desenvolver suas capacidades profissionais e fazer importantes investimentos na gestão local. Comentários informais de muitos entrevistados indicam que o pessoal novo ou transferido do ICMBio solicita ser alocado nas UCs do ARPA e que a estabilidade nessas UCs é marcadamente maior. A razão dessa percepção é de que o ARPA é o único projeto de larga escala que garante financiamento regular para os gestores de UCs. Esses fundos operacionais permitem que os gestores patrulhem a área, encontrem-se com as comunidades locais, avancem no processo de regularização da terra, cubram as despesas com os conselhos comunitários, e implementem muitas atividades centrais como a demarcação das fronteiras da UC. Funcionários de UCs atendidas pelo ARPA indicam ser mais satisfeitos e efetivos em seu trabalho. Ainda que os registros dos Recursos Humanos do MMA não estivessem disponíveis para verificar os pedidos de transferência, entrevistas com funcionários federais e estaduais freqüentemente mencionava as UCs do ARPA como os melhores destinos na Amazônia. Por fim, ocorreu durante a Fase 1 treinamento substancial de pessoal, o que consistiu numa grande diferença para novos gestores de UCs e funcionários que tinham uma pequena experiência anterior. WWF-Brasil e GTZ forneceram um impressionante apoio técnico e treinamento como parte dos seus compromissos com o ARPA. Alguns desses treinamentos devem ser adotados pelo MMA na Fase 2 para institucionalizar o compromisso com desenvolvimento de equipes e beneficiar o sistema de UCs de uma forma geral. O DI NH EI RO C H EG A AO S G E STO RE S DE UC s A decisão de maior alcance da Missão de Supervisão de março de 2004 foi permitir ao FUNBIO o estabelecimento de uma conta conjunta – a famosa conta vinculada – que permite a operacionalização de dinheiro diretamente pelos gestores de UCs, conforme sua necessidade. Esses fundos cobrem transporte, combustível, suprimentos básicos, contratam barqueiros, reuniões de conselhos, etc. – as atividades diárias que permitem que as equipes das UCs as gerenciem adequadamente. Uma conta bancária é aberta para cada UC do ARPA, requerendo duas assinaturas. O desembolso bancário está diretamente ligado ao recebimento de recibos formais, e é limitado a quantias relativamente pequenas de dinheiro (R$10.000,00) num fundo 42 ARPA, Relatório de Atividades 2007-2008, pp 68-69 e entrevistas. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 25 of 81 rotativo. Assim que os recibos são fornecidos por um item aprovado no Plano Anual, um depósito adicional de R$10.000,00 é feito. As equipes do ARPA mostram-se impressionadas com quão bem esse sistema funciona e quão rápido o FUNBIO fornece o desembolso (normalmente em 24 a 48 horas). A conta também paga por serviços ocasionais de barqueiros, cozinheiros, etc. – um boom nas economias locais e na reputação das UCs. Ademais, os membros dos conselhos das comunidades locais são reembolsados por suas despesas de viagem – tornando a participação nos conselhos locais muito mais atraente e os encontros muito mais efetivos. Os entrevistados descrevem a conta vinculada em tons reverenciadores: “Eu prefiro receber R$100.000,00 do ARPA do que R$1.000.000,00 do estado, pois eu sei que chegarei realmente a usar os fundos.” Os funcionários do ICMBio e dos governos estaduais relatam que não há NENHUM outro programa tão eficiente em gastar os fundos na gestão de UCs na Amazônia. UM S I ST EMA EF ET IVO SU ST E NTA A G E ST ÃO DE UC s Uma excelente contribuição do MMA foi o desenvolvimento do SisARPA, um sistema acessado por internet, que usa a ferramenta do WWF Traking Tool/FAUC (Ferramenta de Avaliação de Unidades de Conservação) para monitorar o movimento das UCs na consolidação. O MMA adaptou o Traking Tool do WWF para criar o sistema FAUC, que indica o status de cada UC no ciclo criação-implementação-consolidação. Os gestores de UC atualizam o banco de dados com sua avaliação de quão avançada a UC encontra-se. Esse sistema está disponível para todos os gestores do ARPA e dessa forma corresponde a uma grande parte da institucionalização do conhecimento – e é essencial para ajudar novos gestores a entender o que está acontecendo em suas UCs. O sistema FAUC também é usado para confeccionar os planos operacionais anuais (POAs). Um benefício adicional é que as informações sobre posse de terra são automaticamente ligadas a um amplo censo/ banco de dados de registro de terras. O maior problema com o sistema nesse ponto é que o servidor é lento, tornando o acesso do campo – ou até da UCP – complicado e às vezes frustrante. Outro sistema inovador para a Amazônia é o estabelecimento dos POAs para cada UC. O POA é fundamental para acelerar a prestação de contas e para a capacidade de gerenciamento, estruturando planos anuais detalhados para as UCs. O POA é a base da prestação de contas acelerada e da capacidade de gestão, estruturando planos anuais para a UC, desenvolvendo orçamentos detalhados e aprovando financiamentos com tetos orçamentários. Em geral o Comitê de Programa do ARPA aprova o POA para o ano seguinte, dando ao FUNBIO e à UCP orientações para assistir as UCs na implementação de seus planos. Os POAs também garantem um guia para as equipes de apoio do ARPA saberem o que focar. Para o FUNBIO, o POA garante um guia orçamentário, permitindo que custos e equipamentos e outras linhas de solicitações caminhem. Para a UCP, os POAs proporcionam uma noção agregada das prioridades dos gestores de UCs e é onde a UCP pode melhor acrescentar valor estratégico. Ainda que sejam incluídas a seguir recomendações de aprimoramentos, o fato de esses sistemas estarem estabelecidos e funcionando é a maior força do projeto. Um último avanço constatado é o sistema financeiro acessado por internet – Cérebro – ligado ao POA e gerenciado pelo FUNBIO. Todos os parceiros do ARPA podem acessar os gastos e ver em que estágio um processo de aquisição está e qual é o próximo passo a ser dado. Esses avanços administrativos estão diretamente ligados às parcerias público-privadas do ARPA, que têm permitido a evolução de sistemas mais flexíveis e empresariais. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 26 of 81 C O N SE LH O S C O MU N IT ÁR IO S DE G EST ÃO S ÃO EF ET I VAM ENT E AP O I ADO S C O M O S F U ND O S A RPA Co-gestão, ou manejo compartilhado, é base para a sustentabilidade de UCs no longo prazo, no SNUC. Para as UCs de proteção integral, o propósito de se integrar as comunidades locais é avançar os objetivos de conservação. Nesse caso, a natureza da participação é consultiva. Para as UCs de uso sustentável, o conselho tem autoridade de tomada de decisão e, dessa forma, o debate sobre o equilíbrio entre oportunidades de crescimento econômico e uso sustentável dos recursos naturais é central nas deliberações comunitárias. Os gestores de UCs do ARPA trabalham com as comunidades locais para envolvê-las nas discussões sobre o futuro da UC e contam com representantes eleitos para os conselhos de gestão da UC. Um indicador chave da efetividade da gestão da UC é o estabelecimento desses conselhos. Quatorze UCs já estabeleceram formalmente conselhos, enquanto 23 outras UCs estão avançando nesse objetivo.43 Vistos como uma parceria entre os órgãos gestores das UCs e as comunidades locais, os ideais por trás desses conselhos são impressionantemente democráticos e participativos. Sua implementação, entretanto, esbarra em questões realistas como objetivos politicamente conflituosos para a UC, falta de educação e liderança em muitas comunidades, obrigações penosas para os voluntários, rivalidades entre comunidades e dificuldades de logística para viajar pelas muito extensas UCs, com uma infraestrutura mínima para comparecer às reuniões. Para ajudar a superar alguns obstáculos locais, o ARPA, por meio da conta vinculada, oferece reembolso pelos gastos com as diárias e com a viagem, para os membros do conselho comparecerem às reuniões e participarem das decisões de gestão das UCs.44 Funcionários entrevistados atestam que sem a possibilidade de subsidiar as reuniões e cobrir os gastos de viagem haveria muito menos interesse em participar dos conselhos e garantir uma freqüência mínima seria mais complicado. O ARPA permite uma perspectiva mais profissional às reuniões, formando habilidades de liderança nos membros do conselho e aumentando seu prestígio nas comunidades. Alguns funcionários do ICMBio entrevistados receberam algum treinamento para aprenderem mais técnicas de participação para conduzirem reuniões comunitárias mais produtivas. Ainda que os níveis de proficiência variem, há alguns resultados excelentes oriundos de uma série de conselhos que vêm instruindo os membros da comunidade sobre decisões de uso sustentável de recursos e explicam o trabalho e os objetivos da UC para as comunidades.45 Há um esforço crescente em se utilizar ferramentas de comunicação visuais e de fácil compreensão, que retratam a realidade das UCs e das comunidades locais. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A A G E ST ÃO E F ET IVA DE UC s NA FA SE 2 Ainda que muito esteja indo bem, há resultados irregulares entre as UCs e gargalos – mesmo para as UCs mais bem geridas – que têm trazido dificuldades para o sistema. Essas tensões apenas aumentarão com o crescimento do número de UCs e tornar-se-ão problemas mais exarcebados na Fase 2, a menos que sejam discutidos e resolvidos. Esta seção levanta cinco questões chave e ARPA, Relatório de Atividades 2007-2008. p 19. Almeida da Silva pp. 2 -3 e entrevistas. 45 Um documento particularmente útil é Gomes, Criacão do Conselho Deliberativo, que documenta os processos usados na Reserva Extrativista de Cazumbá-Iracema. 43 44 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 27 of 81 recomenda situar a gestão sob um componente ao invés de dividi-la em dois (1.3 e 2), para tornar a supervisão financeira, as explicações e as comparações mais simples. 1) ESTABELECER TETOS FINANCEIROS NOS FINANCIAMENTOS TOTAIS DO ARPA QUE RECOMPENSEM BONS DESEMPENHOS Durante a Fase 1, o ARPA forneceu substanciais financiamentos operacionais (recursos de investimento) com um teto anual estabelecido em cada POA, por UC. Contudo, não há um limite definido do número de anos que a UC pode receber os fundos operacionais, nem um teto dos fundos totais que podem ser recebidos. Assim, nenhuma UC quer usar os fundos do FAP, que são restritos para os custos recorrentes, enquanto os fundos operacionais são mais flexíveis. Como parte do planejamento da Fase 2, é fundamental se lidar com essa situação de modo que as UCs bem geridas sejam recompensadas e o FAP esteja disponível para aquelas que mostraram um bom trabalho nos resultados da conservação. Uma proposta é pensar a evolução da gestão como uma hierarquia em três níveis, com tetos financeiros e critérios de desempenho para cada nível que deve ser alcançado antes de se atingir o próximo. Nível 1: Manejo básico realizado. Com um foco semelhante ao do Componente 1.3 da Fase 1, mas com um limite de três anos e um teto orçamentário definido. Além dos critérios que já existem para os financiamentos do ARPA (equipe mínima, etc.) estabelecer um requisito de que em três anos a UC, seja de proteção integral seja de uso sustentável, mostre resultados interessantes da conservação da biodiversidade. A forma mais fácil de se mensurar isso seria a utilização de dados de sensoriamento remoto para corroborar a redução do desmatamento nas áreas de proteção integral (veja Seção F) e a conservação evidente do núcleo das áreas restritas (no-take zones) assim como o manejo florestal (solely licensed deforestation) nas áreas de uso sustentável. Os critérios mais críticos serão os das equipes e do plano de manejo, que efetivamente guiam as ações estratégicas de gestão para reduzir as ameaças na UC. Todo o apoio por meio da conta vinculada seria garantido, assim como recursos para alugar espaços necessários, para equipamentos, e apoio à elaboração dos planos de manejo. Três anos é o período recomendado para nomear uma equipe, desenvolver o plano de manejo, trabalhar efetivamente com as comunidades locais e começar a apresentar dados de tendências dos resultados mensuráveis. Nivel 2: Manejo efetivo realizado. Aquelas UCs que mostrarem sinais de evolução nos primeiros três anos poderão passar para o Nivel 2, semelhante ao Componente 2.1 da Fase 1. Este terá um novo teto, que inclua os fundos operacionais da Classe 1, mais “obras” (a hipótese é de que após três anos de atividades haverá uma noção melhor do lugar mais indicado para a localização da sede/escritório, assim como de que tipos de instalações seriam realmente necessários). Novamente, resultados comparativos seriam necessários para mostrar os reais avanços na consolidação da UC. Para a Classe 2 seriam necessários pelo menos dois anos para construir a infraestrutura apropriada, mas dada a necessidade de se continuar a incorporar pessoal à equipe, três anos talvez sejam suficientes. Classe 3: Consolidada. As UCs que mais uma vez alcançarem os critérios estabelecidos passam a receber os fundos do FAP. Essas UCs que receberam apoio operacional durante os seis anos anteriores tiveram a oportunidade de realizar grandes investimentos para tornaremse consolidadas, e passam a receber financiamentos do FAP para os gastos recorrentes. O FUNBIO está analisando os gastos até o momento para determinar algumas projeções como a de com que freqüência equipamentos novos são necessários por UC na Amazônia, na expectativa de que parte da substituição de equipamentos possa ser incorporada ao FAP, tornando-o ainda mais responsivo às necessidade das UCs. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 28 of 81 A proposta acima difere substancialmente da Fase 1, permitindo falhas, e reconhece que algumas UCs do ARPA vão malograr e não avançarão para o próximo nível. Ela ainda estabelece tetos financeiros e temporais – tornando a transição para o FAP um movimento positivo. Critérios mais seletivos também servem para abrir caminho para outras UCs, já que o ARPA está na confortável posição de poder escolher qual UC receberá apoio para gestão. Ela também serve para limitar o FAP para as UCs que estão produzindo resultados na conservação e, por extensão, obtêm o necessário apoio político de seus órgãos gestores. 2) ASSEGURAR PARCERIAS MAIS FORTES COM AGÊNCIAS DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL Um grande destaque do sucesso das ações de conservação é a presença, ou falta de, capacidade de fiscalização para atingir as ameaças chave. Os gestores de UC e os funcionários gastam boa parte do seu tempo instruindo os membros da comunidade local sobre as leis ambientais, estabelecendo acordos apropriados de utilização com as comunidades e instituindo acordos legais para os níveis de caça, autorizações de desmatamento, etc. com os conselhos. Quando esses acordos são violados – por residentes ou pessoas de fora da região – os funcionários podem denunciar os crimes ambientais, mas não realizam prisões ou aplicam multas por ações ilegais de caça, fogo, etc. Em muitos casos, as populações locais também denunciam os crimes, já que sua subsistência é ameaçada por caçadores e pescadores comerciais, mineradores ou cortes ilegais de madeira. Uma vez que crimes ambientais são relatados recorrentemente, os funcionários da UC tentam obter vigilantes. Curiosamente, esse processo difere de estado para estado, e até para localidade, sendo que os vigilantes podem ser unidades policiais locais, polícia ambiental especial, ou até contratados privados. O que está claro é que deve haver fiscalização ou não há educação, gestão compartilhada ou advertências que tenham efeito. O ARPA não tem essa relação como um critério chave na aceitação de novas UCs para consolidação, porém isso é constantemente mencionado pelos funcionários das UCs como um grande impedimento à sua capacidade de reduzir as ameaças da região. 3) APRIMORAR O DESENVOLVIMENTO DOS PLANOS DE MANEJO PARA AS UCs. O Brasil reconhece a necessidade dos planos de manejo em cada área protegida (Lei 9.985/ 2000), mas há uma série de diretrizes diferentes para o desenvolvimento dos planos de manejo nos níveis federal e estadual. Ainda que poucos planos satisfatórios tenham sido desenvolvidos nas UCs do ARPA,46 ficou claro para a equipe que muitos planos da Fase 1:47 Levaram períodos inacreditavelmente longos de pesquisa e redação. (Maria Olatz Cases Vega documentou cinco áreas protegidas que levaram mais de três anos para terminar seus planos de manejo);48 Tiveram custos muito mais elevados do que o aceitável ou do que é encontrado em outros países. Os Termos de Referência freqüentemente conduziram licitações nacionais 46 Vasconcellos Seção 3.2 aponta um Plano de Manejo bem sucedido desenvolvido em 18 meses para o Rio Trombetas. 47 Olatz Cases, p 5 e reiterado em entrevistas com funcionários da UCP e do FUNBIO. 48 Ibid p 13. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 29 of 81 com grandes equipes com pouco controle sobre o número de viagens de campo, qualificações profissionais, ou orientações sobre informações críticas necessárias;49 Apresentaram um alto grau de detalhamento técnico que foi irrelevante para a priorização ou direcionamento das atividades de gestão; Realizaram pequenas análises das comunidades de fora da UC, falhando na compreensão de como estas viam e utilizavam a UC; e Não foram utilizados pelos funcionários da UC dada a falta de correlação entre o Plano de Manejo finalizado e os planos operacionais anuais (POAs) submetidos pela equipe.50 Esses sérios problemas têm constrangido as UCs no avanço das suas capacidades de gestão. Os modelos atuais do ICMBio devem ser mais flexíveis para permitir diretrizes mais claras e acelerar a gestão na prática nas áreas do ARPA. As recomendações de Olatz Cases, particularmente sobre as perspectivas de Manejo Adaptativo são muito relevantes para a Fase 2.51 Reconhecendo que nós nunca entenderemos toda a complexidade biológica de uma área protegida, os planos de manejo devem ser simplificados para fornecer orientações para a gestão e para reduzir as ameaças conhecidas – eles não devem ser pesquisas ecológicas exaustivas. Ela continua essa recomendação com a proposta de se utilizar a ferramenta do “Plano de Ação para a Conservação” (Conservation Action Plan - CAP) da organização The Nature Conservancy. O CAP (também conhecido pela WWF, pela The Nature Conservancy e por muitas outras organizações conservacionistas como Open Standard for the Practice of Conservation) fornece guias úteis e diretos para o desenvolvimento de planos efetivos de manejo.52 DI AG R AM A D. 2 P LA N EJAM ENTO DE AÇ Ã O DE C O N SE RVAÇ ÃO E M 10 PAS SO S Ibid, p 11. Vasconcellos, Seção 3.2. 51 Olatz Cases, p 24. 52 Parcerias para Atividades de Conservação. 49 50 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 30 of 81 Instituindo uma clara metodologia orientadora de atividades de gestão como o CAP, o ARPA pode exibir a utilidade de planos de manejo efetivos no MMA – uma grande contribuição para o SNUC. Outra possibilidade é utilizar um tipo de intervenção da GTZ – Gestão para Resultados (GPR) – , estruturada para auxiliar os gestores de UCs no desenvolvimento das habilidades necessárias e na elevação do nível dos resultados. Esse programa piloto, baseado nos “Programas Nacionais de Qualidade Baldridge” (Baldridge National Quality Programs), foi lançado em sete UCs de proteção integral do ARPA para desenvolver mais resultados orientados para objetivos e estratégias. Ele recebeu boas avaliações dos participantes. Um investimento em PGR, CAP ou outro processo demandará um quadro de funcionários treinados pela UCP nesses processos para auxiliar na revisão e expedição de planos efetivos de manejo. A provisão de treinamento e assistência técnica deverá ser dinamizada em 60 UCs (e mais na Fase 2) e fortemente ressaltada na avaliação do progresso das UCs em alcançar objetivos realistas de conservação e uso sustentável. Essa decisão deveria ser tomada rapidamente na Fase 2, com orientações apropriadas de campo – e as sugestões da Seção G deveriam ser atacadas para permitir a contratação de consultores altamente qualificados, geralmente baseada nas regras de procurement e nos padrões do ICMBio. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 31 of 81 4) RETOMAR OU TERMINAR OS PRO JETOS DE INFRAESTRUTURA DAS UCs DO ARPA Pouquíssimos projetos de infraestrutura foram aprovados até o momento.53 Solicitações de construção de instalações têm custos muito elevados, com poucas das despesas beneficiando as comunidades locais. Nos piores casos, arquitetos de fora da região propõem instalações de alto custo construídas por empresas não familiarizadas com a realidade amazônica. Diante do grande tempo gasto e dos aborrecimentos para concepção de instalações únicas, recomenda-se o desenho de um protótipo padrão. O estado de Rondônia conta com três protótipos a serem selecionados para os parques estaduais – um modelo mais básico, um modelo com mais cômodos para reuniões comunitárias e um maior de duas instalações, que pode abrigar muitos pesquisadores e eventos de treinamento. O ARPA deveria seguir esse exemplo e criar alguns protótipos que atendam aos requisitos de engenharia, respondam à realidade amazônica e que possam ser construídos com o máximo de materiais e empregados locais. Em proposta semelhante, a GTZ está buscando plantas pré-fabricadas que poderiam ser adquiridas pelos processos de procurement e transportadas conforme a necessidade. Diretrizes mais flexíveis para o financiamento de projetos de infraestrutura que incentivem projetos localmente sustentáveis acelerariam significativamente as construções na Fase 2, aproximariam as comunidades locais e criariam projetos adequados à realidade local que podem ser mantidos. Foi formado um grupo de trabalho no ARPA (GT-Obras), mas ele não manteve encontros regulares e precisa ser revitalizado com objetivos claros e agenda antes de se gastar mais tempo ou dinheiro em projetos de infraestrutura. Se nenhuma solução for encontrada, o componente de infraestrutura do ARPA deveria ser interrompido, não constituindo um crédito do programa, tendo gerado muitas dores de cabeça e expectativas irreais para os funcionários das UCs, e levado a gastos injustificáveis e ineficazes. Ainda que tal recomendação soe desagradável, há outras formas de se resolver as necessidades dos funcionários das UCs caso um programa bem sucedido de infraestrutura não puder ser desenvolvido. Para necessidades de curto prazo, aluguéis baratos de instalações e casas nas comunidades estão disponíveis. Há também exemplos de UCs, como a de Guajará-Mirim, que usou os recursos da conta vinculada para manutenção e reforma de uma antiga instalação. Muitas UCs ainda realizam as reuniões do conselho no maior centro municipal – minimizando a necessidade de construir infraestrutura com grandes instalações para reuniões. 5) DESENVOLVER A CAPACIDADE OPERACIONAL DE CONTRATAR TRABALHADORES LOCAIS Um empecilho administrativo referente à legislação trabalhista brasileira surgiu durante a Fase 1, e que teve impacto na eficiência da gestão das UCs. A equipe da UC não pode contratar indivíduos para tarefas recorrentes (p.ex., barqueiro para transportar regularmente o pessoal da UC para diferentes áreas), já que isso pode violar a legislação trabalhista, caso o indivíduo seja contratado por um período maior de três meses. Assim, os gestores da UC devem constantemente trocar de barqueiros, cozinheiros, faxineiros, etc. Um resultado inesperado, além dos aborrecimentos administrativos, é que a manutenção dos barcos, etc. é mais problemática quando ninguém é diretamente responsável pelas atividades de manutenção regulares. E esses trabalhos são essenciais para o funcionamento efetivo das 53 ARPA, Relatório de Atividades 2007-2008. pp 16-17. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 32 of 81 UCs – o funcionário deve poder visitar e permanecer nas comunidades locais. Além disso, a renda é um grande apoio à reputação das UCs entre os moradores locais. A proposta, mencionada por muitos entrevistados, é treinar os membros da comunidade para estabelecer cooperativas ou microempresas que por vezes podem ser contratadas pelos gestores da UC ou outros, conforme a necessidade de trabalho como: Transporte de pessoas e bens Trabalhos manuais – limpeza de tratores, fixação de placas, manutenção das construções Construção – implementação das instalações da UC Limpeza/cozinha – atendendo aos convidados da UC Com uma classificação oficial de negócios, moradores locais podem ser contratados numa base mais permanente, sem violar as leis trabalhistas. Tão relevante, a formação comercial garante que os membros da comunidade se adaptem a novas oportunidades econômicas como o turismo, o extrativismo sustentável de alimentos e materiais, e outras idéias que podem surgir. Por fim, trata-se de uma solução que usa a força dos parceiros para alcançar as necessidades do ARPA e para promover oportunidades de desenvolvimento econômico nas comunidades locais. Os gestores de UC conhecem os contratados responsáveis e o FUNBIO e a conta vinculada têm a possibilidade de pagar diretamente as cooperativas e microempresas. Existem também agências brasileiras especializadas no desenvolvimento de microempresas na Amazônia, como o SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o qual o FUNBIO poderia se aproximar para contribuir nesse processo. Assim como os doadores mostraram grande flexibilidade ao aprovar a conta vinculada, essa aproximação promete uma forma mais eficiente de gerenciar o ARPA, melhorar as relações com as comunidades locais, e permitir uma atuação em maior escala (apoiar registro oficial de negócios) que aprofundaria o desenvolvimento econômico da comunidade. Na tentativa de identificar fundos para gerenciar esta nova recomendação, uma série de pessoas propôs transferir o financiamento do Subcomponente 2.3 para essa tarefa. Esse é um fundo para geração de renda local gerenciado pelo FUNBIO. Ele mostrou pouca atividade em seus primeiros anos e enfrentou rotatividade na equipe. No fim de 2007, entretanto, houve a idéia de auxiliar as comunidades do entorno das UCs de proteção integral. Essa abordagem é coerente com o que postulam muitos acadêmicos, de que os conservacionistas devem promover uma agenda ambiental fora dos parques: “Áreas protegidas mantêm-se como nossa maior esperança de conservar trechos substanciais de habitats, mas apenas nos últimos anos algumas delas passaram a promover uma melhor administração ambiental na região do entorno.”54 Em 2008, 12 projetos como de agricultura familiar, formação de lideranças, formação de viveiros para plantio de mudas nativas e outros projetos de melhoria de qualidade de vida/geração de renda foram iniciados no entorno de seis UCs. De acordo com a Missão de dezembro de 2007, os critérios elegíveis serão ampliados na Fase 2 para que esse tipo de projeto seja empreendido em todas as UCs do ARPA, tornando-os parte potencialmente importante do Programa.55 A nova perspectiva tem sido bem trabalhada e tem fortes apoiadores na equipe do projeto. Entretanto, o ARPA deve tomar a difícil decisão sobre em que componentes continuará investindo. A necessidade de contratar prestadores locais de serviços é urgente para a gestão 54 55 Naughton p 239. World Bank, Missão Dezembro de 2007, p 7. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 33 of 81 efetiva na Fase 2. Tal estratégia no 2.3, ainda que ressaltando importantes questões – como subsistência econômica – levanta uma série de questões de longo prazo: A equipe de gestão da UC não está engajada nas atividades desse subcomponente – ele é gerenciado pelo FUNBIO. Com isso, quando as comunidades percebem que o financiamento tem origem diferente, fica demonstrada a influência potencialmente menor da UC na gestão nessas iniciativas. Não há parâmetros estruturados para os 12 grupos aprenderem uns com os outros. Sendo tantos os meios de geração de renda financiados, para envolver as comunidades locais o ARPA também perde a oportunidade de aprender e compartilhar informações de forma sistematizada A utilização dessa abordagem numa escala maior requer um grande aumento nos fundos operacionais do ARPA para poder alcançar todas as UCs. Surge, assim, a questão de se abranger todas as comunidades – um empreendimento extremamente ambicioso, até maior que os ambiciosos objetivos do ARPA. Programas de desenvolvimento econômico das comunidades precisam de tempo para serem empreendidos. Quatro anos de apoio são considerados necessários pelo gerente do projeto. A literatura de desenvolvimento comunitário indica que são exigidos investimentos de duas vezes essa duração. O gerente do projeto considera relevante a continuidade do financiamento de projetos piloto que começaram bem e estão alcançando seus benchmarks. Isso poderia ser considerado para a Fase 2 como uma contribuição adicional de aprendizado do ARPA para o SNUC, mas seria dependente de fluxos de recursos. Nesse período o FUNBIO poderia se aproximar do SEBRAE e de outros fomentadores de microempresas e verificar se a idéia de aumentar a criação de microempresas tem sentido no avanço dos objetivos do ARPA e no apoio à subsistência econômica das comunidades de uma forma relativamente racional. O sucesso dos Componentes 1.3 e 2, particularmente no difícil contexto amazônico, representa um avanço substancial na capacidade de gerenciamento do MMA e dos estados. A fundamentação nos sucessos e a discussão dos gargalos existentes levará a mais avanços significativos na Fase 2. Além das questões levantadas acima, há restrições de políticas administrativas e enquadramento de funcionários, que impactam diretamente a gestão das UCs. Questões administrativas como políticas de nomeação de funcionários, tetos para a conta vinculada e gargalos de procurement são discutidos na Seção G. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 34 of 81 SEÇÃO E GARANTIR A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DAS ÁREAS PROTEGIDAS DO ARPA NO LONGO PRAZO COMPONENTE3 Principais Conclusões O FUNBIO liderou a responsabilidade de implementação desse componente e da administração do Fundo de Áreas Protegidas (FAP) do ARPA. O estabelecimento de um Fundo Fiduciário, o FAP, associado ao grande sucesso no progresso de sua capitalização, merece o reconhecimento desse componente como bem sucedido na Fase 1. Q UAD RO E . 1 P RO D U TO S C H AV E PA R A O C O M PO N E N T E 3 DA FA S E 1 D O AR PA PRODUTO Tornar operacional (criar) e capitalizar um fundo para áreas protegidas Implementar um arranjo institucional com o FUNBIO para administrar o endowment fund para áreas protegidas Estudos e subprojetos para geração de renda implementados Estudos para o estabelecimento de um endowment fund para UCs de uso sustentável concluídos Estatégias de recuperação dos gastos e programas implementados em UCs selecionadas 56 57 56 AVALIAÇÃO 12/08 A capitalização foi a prioridade na Fase 1. Até o momento US$23,4 milhões foram recebidos dos principais doadores GEF e WWFBrasil, com US$37,2 milhões comprometidos. O FUNBIO administrou efetivamente o Fundo Fiduciário durante a Fase 1. Recursos doados internacionalmente são alocados com um gestor de ativos e mantidos em dólares. Entre 2004 e 2008 obtevese uma média de 14% de retorno sobre a inflação, incluindo as perdas de 2008. 57 Auditorias independentes do FUNBIO são realizadas anualmente. Pesquisas indicaram maior potencial de transferências financeiras nas compensações ambientais, loteria verde e fundos de carbono por desmatamento evitado. Nenhum subprojeto foi iniciado. Um estudo de 2004 (Fuschetti e Perl) indicou a necessidade de um fundo de US$240 milhões. Esse estudo requer uma atualização dado o número de UCs de uso sustentável sendo criadas. Os parceiros do ARPA estão trabalhando para garantir a capitalização do Fundo e identificar fontes adicionais para gerenciar a sustentabilidade das UCs no longo prazo. Projetos-pilotos de geração de renda em UCs individuais foram dependem de estudos préviso. Voltou-se atenção para a análise de novos mecanismos financeiros. Os três pontos determinados como de maior interesse para o ARPA são: Compensação ambiental, World Bank, PAD. p 63. FUNBIO, “Apropriação – FAP (no exterior) em US$.” Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 35 of 81 Cinco acordos de concessão de UCs finalizados para a implementação de mecanismos financeiros Estrutura legal de apoio ao gerenciamento administrativo e financeiro das UCs aprimorado Loteria Verde e Fundo de carbono. Nenhum acordo de concessão foi finalizado. Concessões como taxas de entrada nas UCs, ecoturismo, etc. são possíveis em certas UCs, mas a análise indica que essa medida tem baixa exeqüibilidade como um sistema. Aprimoramentos administrativos foram mencionados nos Componentes 1 e 2. Em relação ao fortalecimento do aparato legal do Fundo, Grau Neto foi contratado para revisar a situação legal do ARPA e do FUNBIO, e fez recomendações para os tipos de acordo com o governo que seriam necessários para a captação de diferetens fontes de recursos, como os oriundos da compensação ambiental. Os principais doadores do ARPA, com exceção do governo brasileiro, mostraram sérios compromissos com o Fundo fiduciário. A crise financeira global, que representou um grande golpe no valor das ações do FAP (perda de 7,81% em 2008 descontando inflação), foi compensada em grande parte com o fortalecimento do dólar.58 Contribuições atuais dos doadores principais e de outros filantrópicos não serão mais tão efetivas na Fase 2, devido às mudanças das condições globais e ao aumento do número de UCs incluídas no programa. Os mecanismos financeiros estudados no Subcomponente 3.2 têm grande potencial de contribuírem para a sustentabilidade financeira das UCs do ARPA. Desenvolver esse mix de diversificados mecanismos financeiros é prioridade para a Fase 2. Entretanto, as opções financeiras preferidas, como compensação ambiental, vão requerer um engajamento muito maior do governo brasileiro e dos governos estaduais nesse componente na Fase 2. E F I CI Ê N CI A O custo operacional total do Componente 3 foi de R$889.016, apenas 1% do orçamento total do ARPA, sendo que a maior parte foi utilizada no subcomponente 3.2 – pesquisas sobre futuras fontes para sustentabilidade financeira. Comissões para os gestores do fundo no Componente 3.1 foram pagas com a receita gerada por doações. O financiamento operacional do Componente 3 foi gerenciado pelo FUNBIO e pago pelo GEF. Ainda que muitos doadores realizem grandes contribuições financeiras para o Fundo, como mostrado no Quadro E.2, apenas o GEF sustenta os aspectos operacionais do Componente 3. Contudo, a eficiência no longo prazo deve ser observada, já que os custos administrativos do FUNBIO para executar o ARPA estão incluídos no Componente 5. Esses custos serão transferidos para o fundo (endowment) uma vez que os outros componentes estiverem concluídos. Se o FUNBIO puder simplificar a administração, como recomendado na Seção G, com regras menos rígidas de aquisição e utilização da “conta vinculada”, a administração no longo prazo do FAP pode ser realizada com baixíssimas despesas. O FUNBIO fixou um objetivo de 12%, que seria uma taxa bem aceitável para a administração de um Fundo fiduciário.59 58 ARPA, Relatório de Actividades 2007-2008. p 34. Refere-se até o fim de 2008 – obviamente as quebras nas bolsas continuarão a impactar o FAP. 59 Discussão com Fábio Leite – 23/2/09 no escritório do FUNBIO. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 36 of 81 ESTABELECER O FUNDO FIDUCIÁRIO ARPA SUBCOMPONENTE 3.1 H I ST Ó RIC O DO SUB C O M PO NE NT E 3 .1 O ARPA se compromete a prover apoio financeiro de longo prazo a UCs que estão consolidadas, o que significa que elas têm sistemas efetivos de gestão estabelecidos que podem ser verificados e comparados com critérios definidos pelos parceiros do ARPA. No ARPA, o financiamento da consolidação de UCs de proteção integral corresponde ao financiamento dos gastos recorrentes das atividades de conservação, sendo que o MMA/Estado continua a pagar pela equipe contratada e pelos serviços de infra-estrutura básica. Reconhecendo que os financiamentos do GEF e de outros dos principais doadores devem diminuir ao longo do tempo, a sustentabilidade financeira das UCs tem sido buscada por meio de dois subcomponentes: 3.1 3.2 Estabelecimento do Fundo ARPA ou FAP (Fundo de Áreas Protegidas), um fundo fiduciário de capitalização permanente estruturado para beneficiar UCs de proteção integral – e agora incorporando UCs de uso sustentável; e Realização de estudos e subprojetos voltados para a definição e teste de mecanismos apropriados de geração de receita para a sustentabilidade financeira das UCs. O Fundo ARPA é gerenciado pelo FUNBIO e a capitalização de pelo menos US$29 milhões60 tem sido a prioridade durante a Fase 1. IM P LE ME NTAÇ ÃO D O S UB C O MP O NE NT E 3.1 NA FASE 1 Todos os principais doadores cumpriram seus compromissos de capitalização para a Fase 1, com a WWF-Brasil excedendo seu compromisso de US$5 milhões em US$2 milhões. O objetivo do PAD de US$29 milhões foi alcançado, embora os financiamentos do governo alemão estejam aguardando a aprovação do Senado brasileiro para serem transferidos para a conta do ARPA. Os depósitos até o momento funcionam como contribuição inicial para o fundo fiduciário necessário para a sustentabilidade das UCs de proteção integral do ARPA, estimado em pelo menos US$240 milhões.61 Agora também foram definidos critérios para as UCs de uso sustentável, ainda que o comprometimento financeiro para seu apoio no longo prazo seja mínimo. Vale notar que na Fase 1 não havia expectativa de contribuição do governo brasileiro para o Fundo, tampouco dos governos estaduais. 60 61 World Bank, PAD p 31. Fuschetti and Perl, p 1. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 37 of 81 Q UAD RO E . 2 : C O M P RO M I S S O S E I N V E S T I M E N TO S N O F U N D O A R PA D U R AN T E A FA S E 1 62 GEF 3 WWF Brasil Governo alemão* O Boticário^ Natura^ Recursos Prometidos US$ $14.500.000 $7.782.204 $13.000.000 $1.000.000 $1.000.000 Total * ^ US$37.282,204 Recursos Investidos US$ $14.500.000 $7.782.204 0 $600.000 $600.000 US$23.482.204 O governo alemão comprometeu-se com €10.000.000. Essa é uma estimativa de valor de16/01/09, com taxa de câmbio de €1/US$1,30. A transferência final requer a aprovação do Senado brasileiro. Natura e O Boticário são duas companhias privadas que firmaram um compromisso plurianual com o FAP. Seus depósitos foram em Reais, que são mantidos em uma conta brasileira do FAP separada. O FUNBIO estabeleceu efetivamente o Fundo fiduciário ARPA durante a Fase 1, conforme os requisitos do Banco Mundial.63 Os fundos doados podem ser reservados, geridos em fundos separados ou conjuntos, e são gastos de acordo com planos operacionais aprovados anualmente pelo doador. O FUNBIO é gerenciado por um Conselho Governamental ativo e todos os fundos são situados com um gestor de ativos. Durante a Fase 1, o portfólio teve uma boa performance em relação aos índices de referência no período de 2005-2007. Considerando a inflação, o portfólio retornou 1,57% em 2005, 11,8% em 2006, e 10, 28% em 2007.64 Em 2008, e com a crise no mercado de ações nesse ano, o FUNBIO transferiu sua conta do AIG para o Itaú Luxemburgo. As perdas nos seus papéis foram de mais de 18% devido à queda no mercado de ações. No entanto, o fortalecimento do Dólar americano em relação ao Real propiciou uma recuperação de 19%.65 Assim como endowments no mundo todo, os membros do conselho do FUNBIO e gestores de finanças continuam a rever cuidadosamente seu portfólio de investimentos e sua estratégia de crescimento no longo prazo dado o cenário econômico atual. Existem planos em articulação – incluindo o ARPA Trust Fund Prospectus – para melhorar significativamente a capitalização do Fundo na Fase 2. Muitos doadores bilaterais e multilaterais considerarão atraente a força de um fundo fiduciário. Contudo, já há indicações da hesitação de algumas fundações privadas em investirem diante da crise financeira – e sempre há outras demandas para as doações filantrópicas de dólares. Assim, mostrar o Fundo como um meio transparente e independente de vagarosamente desembolsar os recursos oriundos do mercado de carbono e de compensação ambiental de grandes projetos de infra-estrutura talvez seja um modelo mais atraente para os doadores e corporações na Fase 2. FUNBIO, FAP Capitalização em $US para a Fase 1 do ARPA WWF - FUNBIO, ARPA Trust Fund Prospectus. p 13 64 FUNBIO, “Apropriação – FAP (no exterior) $US.” 2004-2008. 65 ARPA, Relatório de Actividades 2007-2008. p 34. 62 63 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 38 of 81 REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A O F U N DO FID UC IÁRIO AR PA NA FAS E 2 1) Comprometer financiamento do FAP apenas quando os critérios de consolidação operacional tenham sido alcançados, os resultados da conservação estejam claros, e as UCs tenham concluído sua elegibilidade para o apoio operacional do ARPA (veja Seção D Recomendação 1). O programa, na Fase 2, deve eliminar o “incentivo perverso” em que as UCs mais bem geridas resistem em passar para o FAP. Os gestores de UC preocupam-se com o fato de que terão recursos menos flexíveis disponíveis, sendo que não há um limite de tempo e recursos para o apoio operacional do ARPA. Simultaneamente, o mecanismo deveria excluir UCs que não atendem aos critérios de elegibilidade do FAP. Estabelecer padrões mais altos garante uma maior percepção de segurança aos doadores e prioriza o acesso de UCs bem geridas às fontes de financiamento. Antes de comprometer financiamentos do FAP a UCs na Fase2, esse sistema precisa de aperfeiçoamentos substanciais. Outra recomendação a ser considerada é a inclusão de reposição de equipamentos nas despesas permitidas do FAP – haverá grande necessidade de reposição/manutenção/modernização dos equipamentos. 2) Assegurar que parceiros governamentais brasileiros (federais e estaduais) realizem contribuições substanciais ao FAP. O ARPA é um programa do governo brasileiro. O FAP é o melhor mecanismo estabelecido até o momento de assegurar o financiamento de longo prazo de UCs individuais. O governo brasileiro não efetuou nenhuma contribuição financeira para o Fundo, tampouco iniciou esforços de captação de recursos – em acentuado contraste com outros Fundos fiduciários no hemisfério. Entrevistas com a equipe do MMA indicaram a perplexidade do governo em investir em um fundo gerido privadamente. Porém os resultados falam por si mesmos, uma vez que os entrevistados reconhecem que nenhum outro fundo governamental brasileiro tem o histórico de recursos gastos diretamente nos parques. Os papéis do governo brasileiro e dos governos estaduais na garantia da sustentabilidade financeira das UCs através do FAP devem ser mais fortes na Fase 2. Os governos – tanto federal quanto estaduais – têm grandes oportunidades de conduzir substanciais investimentos globais de carbono, como do Fundo Amazônico, e de compensações ambientais para o FAP, já que o ARPA é um projeto em consonância com os objetivos governamentais e dos doadores. 3) Atualizar o Plano de Capitalização Os esforços bem sucedidos do ARPA de auxiliar a criação de muitas novas UCs, particularmente as de uso sustentável, não foram previstos no desenho inicial do Fundo. O plano de capitalização de 2004 de Fuschetti e Perl, que começou abordando essas questões, carece de refinamentos uma vez que espera-se que o número de novas UCs continue crescendo na Fase 2.66 UCs de uso sustentável demandam as mesmas oportunidades de financiamentos de longo prazo que as de proteção integral, mas elas são atualmente planejadas para receberem uma quantia menor dos recursos disponíveis.67 A atual racionalidade de que orçamentos menores são destinados às UCs de uso sustentável – em grande parte compromissos voluntários de comunidades locais – é uma hipótese não confirmada e uma abordagem mais conservadora é recomendada. 66 67 Cabral, p. 12 na revisão de médio prazo, também sustentou a necessidade de uma análise adicional do impacto de tantas reservas de uso sustentável na capacidade financeira e no orçamento do Fundo fiduciário ARPA. O Missão de Revisão de Médio prazo do Banco Mundial em 01/06 também levantou essa questão nos Pontos 62 e 63. WWF – FUNBIO, ARPA Trust Fund Prospectus. Projeções estimadas são de US$165.000/ano para UCs de proteção integral e US$50.000/ano para UCs de uso sustentável. p 5. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 39 of 81 Há uma série de recomendações concretas para a priorização de áreas, determinação de tetos para os gastos, etc.68, mas os parceiros ainda devem atualizar as necessidades de capitalização. A boa notícia é que com os dados sobre as despesas do ARPA dos últimos seis anos, o FUNBIO tem sólidos registros financeiros que podem servir de base para projetar as necessidades de gastos das UCs. Outro ponto que deve ser incorporado a essa projeção é a necessidade de compras de reposição/manutenção de equipamentos para as UCs. Mais uma vez a experiência do ARPA está ajudando a prover uma base de referência para se saber, por exemplo, com que freqüência motores de barco e outros equipamentos precisam ser substituídos, um investimento que deveria ser considerado no FAP, e é de interesse de uma série de doadores. 4) Sustentar as principais recomendações do estudo do Spergel. Um recente avaliação independente do Fundo levantou uma série de questões sobre a governança futura que estão sendo revisadas por um grupo de trabalho parceiro na preparação para a Fase 2.69 Quatro claras recomendações que foram feitas são sustentadas nessa avaliação:70 a. Fortalecer o papel da sociedade civil na governança do FAP b. Obter uma significativa contribuição em dinheiro para o FAP do governo brasileiro; c. Alocar para o FAP pagamentos internacionais voluntários por REDD e outros serviços ambientais que são garantidos pelas áreas protegidas do ARPA; e d. Definir alvos claros de captação de recursos, estratégias e ações para o FUNBIO (e/ou outra organização) executar o FAP, Esta avaliação sustenta as recomendações supracitadas, mas prioriza as recomendações b e c, devido à necessidade de um maior nível de integração e comprometimento do governo brasileiro com o FAP. DESENVOLVER MECANISMOS DE GERAÇÃO DE RECEITA PARA A SUSTENTABILIDADE DE UCs SUBCOMPONENTE 3.2 H I ST Ó RIC O DO SUB C O M PO NE NT E 3 . 2 Durante o planejamento da Fase1, esperava-se que todas as UCs desenvolvessem um plano de sustentabilidade financeira, visando em parte parcerias de geração de receita através de concessões privadas. Esperava-se desenvolver dez projetos piloto com essa perspectiva. Esperava-se que as UCs de proteção integral tivessem propostas de sustentabilidade financeira (através dos Planos de Sustentabilidade) como parte dos critérios de consolidação.71 Tal idéia foi, entretanto, modificada depois de se observar a pequena exeqüibilidade de idéias de ecoturismo, acordos de concessão, e taxas de entradas nos parques na Amazônia. A equipe do ARPA está agora mais focada na identificação de oportunidades de financiamento de múltiplas UCs. World Bank, Missão de Revisão de Meio Termo pt 63. Spergel, o Relatório Preliminar do FAP levanta questões sobre a governança no longo prazo do fundo uma vez que o projeto ARPA está no fim e provê uma série de opções que necessitam de uma revisão legal e uma discussão entre os parceiros. 70 Ibid p 5. 71 WWF-Funbio, ARPA Trust Fund Prospectus p 5. 68 69 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 40 of 81 IM P LE ME NTAÇ ÃO D O S UB C O MP EN ENT E 3. 2 NA FASE 1 Após uma série de dificuldades iniciais, o FUNBIO redirecionou seus esforços do Subcomponente 3.2 para buscar oportunidades de financiamento mais amplas, como compensações ambientais, créditos por desmatamento evitado, e mitigação. Dada a crescente atenção internacional para as mudanças climáticas, o importante papel da fixação de carbono da floresta e os grandes projetos de desenvolvimento sendo empreendidos na Amazônia, emergem novas oportunidades com as compensações ambientais e recursos oriundos do carbono. Essas perspectivas têm grande potencial de sustentar áreas protegidas – os pagamentos de compensação ambiental de apenas um dos atuais projetos estão na ordem de R$40 – 61 milhões.72 Portanto, o Subcomponente 3.2 mudou drasticamente durante a Fase 1, de um plano para geração de receita baseado nas UCs individuais para a pesquisa de outras formas de pagamentos e transferências financeiras que poderiam sustentar grande número de UCs do ARPA. Enquanto essa transição ocorria, no final da Fase 1, o FUNBIO reunia os parceiros do ARPA para determinar novas prioridades, geriu três consultorias para análises sobre fontes de recurso, e identificava três principais oportunidades para o financiamento imediato dos projetos do ARPA: 1. Compensação ambiental 2. Fundos de carbono por desmatamento evitado 3. Fundos de loteria verde Recursos lotéricos serão os mais difíceis de vingar, sendo que há muitos setores da sociedade que podem disputam esses fundos. Grau Neto ainda levanta dúvidas sobre a viabilidade política de se ter acesso a fundos lotéricos, embora a situação legal para tanto esteja em ordem.73 Uma vez que as outras duas opções beneficiam legalmente as florestas em pé, elas têm uma grade chance de sustentar o sistema de UCs do ARPA no curto prazo e com menos competição por outros interessados. Tanto a compensação ambiental quanto os recursos de carbono requerem altos níveis de apoio político das agências federais e estaduais na capitalização de fundos fiduciários e fundos diretos de gestão de longo prazo de UCs na Amazônia. Compensação ambiental A compensação ambiental é vista pela equipe do ARPA como a melhor opção, ainda que novos pagamentos estejam suspensos até que o MMA desenvolva um sistema mais apropriado de se valorar a compensação.74 A Lei 9.985/00, que instituiu o SNUC, determina o pagamento de compensação ambiental para projetos com significativo impacto e esses pagamentos são destinados à gestão das UCs. Diante do número de grandes projetos na Amazônia, e das oportunidades como o engajamento do Banco Mundial na IIRSA e no ARPA, deveria haver oportunidades de apoio a UCs com fundos de compensação ambiental. Uma oportunidade imediata está sendo explorada com a instalação da Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira. A Madeira Energia S.A está trabalhando com o FUNBIO para rever oportunidades de possíveis investimentos para contribuir com a conservação de áreas protegidas, sobretudo nas áreas próximas à concessão. 72 Madeira Energia. S.A. “Proposta para um modelo inovador para aplicação dos recursos provenientes da compensação ambiental da AHE Santo Antônio”. p 3. 73 Grau Neto, Werner, “Relatorio Final” p 2. Available through FUNBIO. 74 Spergel p 36 referindo-se à determinação da Suprema Corte de abril de 2008, que suspendeu os pagamentos de compensação até que o MMA possa medir os impactos específicos de novos projetos de infra-estrutura. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 41 of 81 A compensação ambiental é obrigatoriamente destinada às UCs diretamente impactadas pelo projeto de infra-estrutura, mas também para a mesma bacia hidrográfica ou o bioma, com ênfase nas UCs de proteção integral. Porém, como tem sido discutido com a Madeira Energia S.A., se recursos suficientes estiverem disponíveis, outras UCs mais distantes do impacto poderiam também se beneficiar. Os recursos ainda podem ser destinados a operações imediatas como também a um financimento de longo prazo como o FAP, garantindo benefícios da conservação ao longo do tempo. Esses tipos de oportunidades deveriam ser o foco das atividades do Componente 3 por todos os parceiros do ARPA na Fase 2. Créditos de Carbono Há grandes oportunidades de utilização de créditos de carbono no contexto pós- Quioto, que deve incorporar créditos de carbono para a floresta em pé. O mercado de carbono tem o potencial de transformar a maneira como as florestas tropicais são valoradas, modificando incentivos perversos à degradação, o que beneficiará as populações locais e/ou fortalecerá a capacidade de fiscalização. O mercado de carbono gera atualmente US$30 bilhões por ano e acredita-se que alcançará o nível de US$ 100 bilhões ou mais.75 Isso significa que há potencial para fontes suficientes e sustentáveis de financiamento, influenciando significativamente não apenas as UCs do ARPA, mas as questões mais amplas referentes ao desmatamento na Amazônia. Manter as florestas tropicais em pé permite que governos, corporações e instituições financeiras atuem imediatamente na redução de emissões de gases estufa enquanto também estão preservando áreas de grande importância para a biodiversidade. Essa é uma grande oportunidade de se obter financiamentos suficientes para gerar benefícios econômicos para a proteção dos ambientes naturais que, associado aos custos notavelmente crescentes da destruição de habitats, supere os agentes econômicos do desmatamento. O ARPA obviamente lidera esse processo, demonstrando possibilidades de se manter a floresta em pé. Os altos e baixos das negociações para o acordo de Copenhagen uniu-se à posição do governo brasileiro contrária ao financiamento por REDD, restringindo a habilidade do ARPA em lançar projetos pilotos. Atualmente os estados do Amazonas e do Acre lideram o início de um diálogo sobre futuras atividades de REDD e percebem que há numerosas oportunidades de avanço no mercado de carbono. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A M EC AN IS MO S D E G E R AÇ Ã O D E R EC EITA NA FAS E 2 O clima econômico e ambiental global tem mudado drasticamente enquanto o ARPA passa para a Fase 2. Ainda que a filantropia privada deva declinar nesse período econômico, há mais recursos internacionais sendo destinados ao REDD e mecanismos de compensação ambiental buscam programas eficazes que garantam a conservação amazônica. Nos últimos 30 anos, os países em desenvolvimento expandiram rapidamente seus sistemas de áreas protegidas, percebendo a perda sem precedentes de biodiversidade global, as altas taxas de desmatamento de florestas tropicais, e os objetivos globais de se aumentar a estabilidade ambiental numa era de crescente inquietação com os impactos humanos no planeta. As preocupações globais foram acompanhadas por um aumento na disponibilidade de recursos de 75 Schwartzman et al, 2007, Getting REDD Right p 5. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 42 of 81 fundações privadas e programas de assistência bilateral e multilateral a países em desenvolvimento para estabelecerem áreas protegidas. Essas tendências foram fortalecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, pela Convenção da Diversidade Biológica, e hoje pelas negociações do Protocolo do Quioto para se incluírem os créditos de carbono por desmatamento evitado. Ademais, o que era crescentemente aparente em 2002, durante a estruturação do ARPA, é ainda mais evidente hoje. A Amazônia goza de um papel excepcionalmente importante para o futuro do aquecimento global. As florestas tropicais são os maiores depósitos de carbono, e após o carvão e o petróleo, são a terceira maior fonte de emissões de carbono – contribuindo com cerca de 18% das emissões atuais.76 Quando se incluem as emissões pelo desflorestamento juntas às emissões industriais, o Brasil é o quarto maior emissor mundial, bem atrás dos EUA, da China e do Japão.77 A importância da Amazônia na garantia de serviços ecológicos para o Brasil e para o mundo nunca esteve tão clara. Dessa forma, novos financiamentos poderão estar disponíveis para o ARPA na Fase 2, ainda que menos de fontes filantrópicas e mais de investidores que precisam mensurar resultados claros para seus investimentos. 1) Utilizar o Fundo ARPA para gerenciar financiamentos de compensações ambientais direcionadas a UCs específicas. Um grande gargalo no financiamento efetivo de compensações refere-se aos seus desembolsos (execução) para a conservação. O governo tem um pobre histórico de utilização dos recursos para a conservação por meio da Caixa Econômica ou outros corpos governamentais.78 A transparência do Fundo ARPA e a comprovada habilidade do FUNBIO em obter financiamentos para esse objetivo contribui para aumentar o interesse dos parceiros comerciais. O arranjo público-privado do ARPA pode ser usada para uma estratéguia efetiva para a execução dos recursos da compensação ambiental para o SNUC.79 2) Incentivar doações do Mercado voluntário de carbono para o FAP Doações como do Fundo Amazônico, que apóiam o desmatamento evitado, poderiam ser uma das principais contribuições para o FAP. Há enormes possibilidades de se associar o sucesso do ARPA à necessidade de o governo mostrar progresso na redução do desmatamento e na gestão de um fundo transparente. 3) Incentivar algumas UCs do ARPA bem geridas a tornarem-se projetos piloto de REDD O ARPA, como um líder internacional nos esforços de conservação, tem a oportunidade de escolher algumas UCs para projetos piloto de REDD (Reduced Emissions from Deforestation and Degradation), valorando essas áreas de floresta tropical e quantificando reduções verificáveis de desmatamento e de emissão de gases estufa. Ainda que a política do governo federal não apóie o REDD, alguns governos estaduais, como o do Amazonas, estão aprovando leis sobre mudanças climáticas e desenvolvendo políticas para gerir os fundos do REDD e garantir a implementação de projetos pilotos.80 Haverá uma série de questões técnicas e legais para lançar os projetos de seqüestro de carbono nas UCs do ARPA – mas muitas são questões com as quais o ARPA vem lidando há seis anos. Exemplos da experiência do ARPA incluem: 76 Stern 77 Instituto Socioambiental p 370. Ibid p 37. 79 This hope is also supported by Frickmann Young in his analysis of the future of environmental compensation funds. 80 Amazonas, Centro Estadual de Mudanças Climáticas 78 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 43 of 81 Esclarecimento de posse da terra; Utilização de princípios fundamentais de justiça social e integridade ambiental, como os compreendidos pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), e apoio à geração de renda para as populações locais dependentes dos recursos da floresta; Envolvimento de populações locais nas negociações; Questões que desafiarão o ARPA e também o lançarão como projeto inovador na conservação mundial incluem: Gerenciamento de responsabilidades em caso de fracasso de projeto ou baixo retorno de créditos; Desenvolvimento da capacidade de medir os créditos de carbono sobre a floresta segundo um modelo razoável; Mensuração do desmatamento em nível nacional segundo um modelo razoável. Os parceiros do ARPA, como a WWF-Brasil, já estão construindo capacidades para ajudar a lançar projetos pilotos de seqüestro de carbono com governos estaduais e poderiam atuar como importantes colaboradores nesse aspecto.81 Os documentos técnicos fornecidos ao FUNBIO para investigar a viabilidades desse mecanismo indica um grande potencial, que está associado à necessidade de se obter apoio dos parceiros governamentais.82 Há grande possibilidade de que projetos piloto REDD sejam financiados por mecanismos do mercado voluntário de carbono no curto prazo. 4) Apontar uma contrapartida no MMA para o Componente 3. Na Fase 1 o governo brasileiro não demonstrou grande participação no Componente 3 e, portanto, não há contrapartida estabelecida para trabalhar com o FUNBIO e outros parceiros do ARPA. Dada a importância desse componente daqui para frente, a necessidade de um forte apoio político do MMA para a sustentabilidade financeira, e dada a abrangente coordenação esperada, é altamente recomendado que o Ministério aponte um membro da diretoria para trabalhar com os parceiros do ARPA no Componente3. O ARPA proporciona uma comprovada demonstração de como a floresta pode ser mantida em pé na Amazônia. Mecanismos financeiros estão disponíveis e a importância da Amazônia brasileira para a saúde ambiental global está instituída. A Fase 2 será o teste de como os parceiros do ARPA conseguirão mobilizar recursos financeiros para criar uma forma inovadora e permanente de manutenção da floresta e conservação da biodiversidade amazônica, baseada na capacidade já estabelecida do ARPA. 81 82 Soares-Filho et al. Cabral, Atividades sobre Prospeccão, p 6. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 44 of 81 SEÇÃO F E S TA B E L E C E R U M S I S T E M A D E M O N I T O R A M E N TO E AVA L I A Ç Ã O DA B I O DI V E R S I DA D E NA S U C s E N O S NÍVEIS REGIONAIS COMPONENTE 4 PRINCIPAIS CONCLUSÕES Um projeto do tamanho e da relevância do ARPA certamente demanda um esforço de avaliação sobre se suas estratégias e atividades estão avançando em direção ao objetivo. Os resultados do monitoramento e da avaliação (M&A) resultantes até o momento, geridos pelo ICMBio, são desapontadores e propiciam pouca ajuda na determinação de quão efetivo o ARPA se mostra em alcançar seus objetivos. Q UAD RO F. 1 : P RO D U TO S C H AV E PA R A O C O M PO N E N T E 4 DA FA S E 1 D O A R PA 83 PRODUTO Um sistema de monitoramento e avaliação nos níveis regional e das UCs, incluindo a implementação completa em cinco UCs existentes. Metodologias de treinamento e desenvolvimento de manuais aplicadas. AVALIAÇÃO 12/08 Foram desenvolvidos protocolos de padronização de dados entre as UCs. Foram realizados trabalhos de campo em seis UCs. Foram instaladas algumas estações de monitoramento para coleta de dados. Poucos dados comparáveis estão disponíveis e não há capacidade para utilizar os dados gerados nas tomadas de decisão no ARPA. Nenhum sistema replicável, com razoável custo-benefício, de monitoramento foi desenvolvido. Foram realizados seis cursos de monitoramento para padronizar os métodos de pesquisa. Apesar de ter sido justificada a necessidade de se produzir um grupo de protocolos complexos e de abrangência nacional, não foi desenvolvido um sistema de M&A para o ARPA.84 Não foi gerada nenhuma metodologia replicável nos seis projetos pilotos que seja aplicável em termos de 83 84 Basedo nos produtos indicados no Anexo 2 do “Detailed Project Description”. World Bank, Project Appraisal Document (PAD). p 65. Grande parte das informações dessa seção foram fornecidas pelo ICMBio, em seu relatório “Sistema de Monitoramento Ambiental Para Unidades De Conservação – Simbio”. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 45 of 81 tempo e custo. Não há disponível nenhum relatório que responda a perguntas sobre ameaças, gestão, ou prioridades entre as UCs, etc. Não foi utilizado o sensoriamento remoto e não foram firmadas parcerias para monitorar regiões específicas do ARPA. Potenciais benefícios de longo prazo da criação de protocolos poderiam servir ao ICMBio e até mesmo ao SNUC e ao ARPA. Os relatórios devem ainda ser publicados – o que se espera para abril de 2009 – portanto nenhuma avaliação foi possível. E F I CI Ê N CI A O ICMBio gastou R$2 milhões dos financiamentos do GEF nesse componente, ou cerca de 2,5% do total do orçamento operacional do ARPA. Os financiamentos substanciais de contrapartida do governo brasileiro foram investidos na manutenção da equipe do ICMBio, na reunião de uma série de parceiros governamentais, e na cobertura dos gastos com muitos pesquisadores. Não há relatórios financeiros que indiquem quanto foi fornecido pelo governo. Isso seria um investimento do GEF de custo relativamente baixo para apoiar um esforço mais amplo de M&A. Entretanto, o ICMBio não avançou no seu sistema SIMBIO com outros financiamentos em outras regiões geográficas, como foi inicialmente proposto. Até o momento os investimentos não foram capazes de garantir qualquer capacidade real de monitoramento e avaliação para o ARPA. Dessa forma, a eficiência deve ser considerada baixa. A equipe relata uma forte inflexibilidade dos financiamentos, o que afetou a eficiência nesse caso. Os problemas parecem estar calcados em duas questões que devem ser abordadas na Fase 2: 1) O FUNBIO foi autorizado a instituir uma conta vinculada para a equipe das UCs, mas não para as equipes do ICMBio localizadas em Brasília. Com isso, o FUNBIO permitiu que as equipes situadas em Brasília viajassem por conta das UCs quando estivessem trabalhando em UCs específica. Mas a equipe do ICMBio baseada em Brasília precisará de um acesso mais simples aos financiamentos para a implementação do projeto na Fase 2. 2) Cerca de 50% do orçamento para M&A foi utilizado em equipamentos (estações de monitoramento, etc.).85 A compra de bens requer procedimentos bastante rigorosos de procurement, o que gera muitos atrasos na obtenção do equipamento. Essas duas questões são discutidas nas recomendações administrativas da Seção G. DESENVOLVER UM PROGRAMA DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO H I ST Ó RIC O DO C O M PO NE NT E 4 No intuito de assegurar maior objetividade e capacitar o MMA, o PAD determinou que: “No MMA, uma Unidade de Monitoramento e Avaliação (M&A) do projeto independente da Unidade de Coordenação do Projeto será instituída. Essa unidade ficará responsável por monitorar e avaliar o projeto tecnicamente.”86 Essa unidade tornou-se parte do ICMBio em 2007. Seu objetivo era “Estabelecer um sistema de monitoramento e avaliação da biodiversidade 85 86 ICMBio, p 27. World Bank, PAD p. 23 Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 46 of 81 nas UCs e no nível regional.”87 Certamente deveria haver uma ligação entre o componente de M&A e a gestão: “O sistema de M&A foi desenhado para fornecer advertências sobre as áreas protegidas, permitindo a realização de ações de mitigação. Os indicadores refletem o projeto como um todo. O programa assistiria e guiaria o desenvolvimento das atividades permitidas dentro dos parques e das reservas."88 IM P LE ME NTAÇ ÃO D O C O MP O NE NT E 4 NA FASE 1 Duas decisões estratégicas foram tomadas no início do desenho do projeto que posteriormente falharam em responder às necessidades do ARPA: 1) Investir os fundos do ARPA no desenvolvimento de capacidades do MMA para criar um programa de M&A que poderia atuar em função de todo SNUC. Baseando-se em um programa do início dos anos 1990 chamado Sistema de Monitoramento Ambiental para Unidades de Conservação – SIMBIO, a idéia era desenvolver protocolos que permitissem a comparação de dados em um amplo espectro de UCs ao invés de criar protocolos separados para projetos diferentes. 2) Investir numa ampla gama de elementos de monitoramento, como mudanças climáticas, recursos hídricos, dados socioambientais, e diversidade de espécies. A equipe mostrou grande esforço para desenvolver protocolos e dados de um número de áreas importantes. Originalmente, os projetos pilotos de monitoramento foram implementados em cinco UCs de proteção integral do ARPA. Em 2005 foi selecionada uma série de indicadores de biodiversidade para estudos de base. De 2006 a 2008 foram realizados inventários, estudos ecológicos e pesquisas. Muitos dos resultados relatados são censos de populações de espécies chave. Outras pesquisas foram feitas sobre qualidade/turbidez/temperatura da água etc., e estações automáticas de precipitação foram instaladas em duas UCs. Com o aumento do número de UCs de uso sustentável no projeto, foi adicionada uma linha de pesquisa sócio-econômica e a Resex do Amazonas Lago Capanã Grande foi incluída como a 6ª área piloto. Foi desenvolvida uma metodologia similar para os dados sócio-ambientais. Um grande encontro de diversos grupos de colaboradores resultou na definição de indicadores sócioambientais discutidos em seguida com as comunidades locais na Resex. Cinco grupos de consultores/ grupos de pesquisa desenvolveram conjuntos de dados nessa reserva. Para reunir dados e grupos de pesquisa, o programa de M&A focou as parcerias. Por exemplo, uma parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA) nas áreas piloto do ARPA garantiu o monitoramento da precipitação, das taxas de fluxo de água, e fixou padrões de monitoramento da qualidade da água. Foram estabelecidos protocolos para coleta de dados e foram realizados programas de treinamento para envolver os pesquisadores, os gestores de UC, e em alguns casos as populações locais no apoio ao programa de monitoramento. Foi acordada também uma atuação em conjunto com o Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A realização de parcerias e a colaboração de pesquisadores de fora do programa são os maiores destaques desse Componente. 87 88 Ibid p 10. World Bank, PAD p. 36. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 47 of 81 Ainda que os objetivos do ARPA para o Componente 4 não tenham sido atingidos, três resultados podem ser atribuídos aos investimentos do GEF: 1. Um grupo diverso de pesquisadores concordou sobre protocolos de monitoramento da biodiversidade, que serão lançados para os parceiros do ARPA em abril de 2009. 2. As UCs do ARPA têm sido ativamente utilizadas para pesquisas acadêmicas, governamentais e de organizações não governamentais. Foram incentivados projetos executados por outras instituições como a ANA, 3. na qualidade das águas, ou o INPE, nas mudanças climáticas. Ainda que não haja nenhuma medida global da efetividade das áreas protegidas, dados os diferentes objetivos das UCs, há um número de melhores práticas nas quais se basear. E a equipe se esforçou para seguí-las, tentando desenvolver indicadores em muitas áreas e com muitos parceiros. No entanto, eles falharam em obter um conjunto de indicadores replicáveis nas UCs, em termos de tempo e custo-benefício, que possam responder às perguntas estratégicas relevantes para os gestores das UCs. Por fim, uma das áreas mais promissoras do M&A do ARPA é o sensoriamento remoto, que pode monitorar as fronteiras das UCs, incursões, e tendências de desmatamento. Um forte indicador do sucesso do ARPA é a habilidade das UCs em diminuírem a conversão das florestas. Essa medida também é importante para os futuros esforços do governo brasileiro em fixar novos compromissos com a redução do desmatamento e para os interesses da comunidade internacional nos indicadores do aquecimento global. Como afirma Naughton-Treves et al, “evitar o desmatamento não é a prova final dos parques; a biodiversidade pode ser seriamente comprometida com ameaças invisíveis , como a caça. Mas a floresta intacta é um importante sinal de que as áreas protegidas estão mostrando resultados substanciais na mudança de uso da terra.”89 Uma série de parcerias foi lançada entre 2005 e 2006 do Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA, mas falharam em produzir os resultados desejados. Outro esforço de estabelecer relação com um sistema estadual também falhou. Em 2007 termos de referência foram reunidos para contratar uma empresa privada para desenvolver a capacidade interna do ICMBio em sensoriamento remoto, mas em função de aspectos financeiros, esse contrato não foi firmado. O componente 4 falhou em estabelecer parcerias necessárias para o ARPA ter acesso aos dados de sensoriamento remoto. Ainda que os esforços de monitoramento e avaliação desse Componente tenham feito poucos avanços, houve outros esforços de se empreender o monitoramento e a avaliação no programa – fora do orçamento utilizado para o Componente 4. As missões anuais de avaliação conduzidas pelas principais agências doadoras foram fundamentais em apontar correções e garantirem que o ARPA continuasse seguindo seu curso. O SisARPA e o uso de Tracking Tools e de FAUC – mencionado na Seção D – proporcionam outro meio de avaliar como o ARPA está caminhando. O programa de treinamento – Gestão por Resultados, apoiado pela GTZ – contribui ativamente para a participação das equipes das UCs na mensuração dos reais resultados da conservação. Por fim, o estado do Amazonas desenvolveu um protocolo de M&A que inclui indicadores explícitos como a habilidade de apreender pessoas cometendo crime ambiental.90 O estado de Rondônia obtém regularmente informação sobre seus hot spots, através do INPE, para acompanhar e responder aos incêndios. Nenhum desses sistemas foi desenvolvido para alcançar os objetivos desse componente, mas todos se mostraram promissores em alcançá-los no futuro. 89 90 Naughton-Treves et. al. p 232. Amazonas, “Indicadores de Efectividade..” p 20. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 48 of 81 R E CO M EN DA ÇÕ E S PA R A O MO N I TO R A M EN TO E A AVAL I AÇ Ã O NA FA S E 2 O curso atual ARPA mostra pouca perspectiva de que será garantido o monitoramento do projeto. Assim, o financiamento para esse componente deveria ser transferido para outra instituição parceira com um mandato mais claro de M&A. As necessidade imediatas para a Fase 2 incluem: 1) Estabelecer uma parceria com uma instituição respeitada que tenha o know-how de sensoriamento remoto. Não há necessidade de se desenvolver essa capacidade no ICMBio. Além disso, levaria muito tempo. Devido ao grande potencial da compensação ambiental, do REDD e de outras fontes de recurso, há também a possibilidade de se ter dados gerados fora do ICMBio com a objetividade e neutralidade que o desenho original do PAD defendia. Organizações como a IMAZON e/ou o INPE devem ser avaliadas como potenciais parceiros na rede do ARPA. 2) Envolver ativamente o Painel Científico Independente para rever o trabalho do ARPA nos componentes 1, 2 e 4. A UCP precisa ter uma equipe adequada para gerenciar eficientemente esses painéis aconselhadores. Eles devem fazer as conexões entre o que os parques precisam para avaliar a conservação e o uso sustentável e como o programa de M&A evolui – uma parte deixada de lado na Fase 1. 3) Assegurar o financiamento da Fase 2 para o M&A de uma série de doadores. O forte engajamento dos doadores do ARPA é uma das razões do sucesso do projeto. A assistência técnica da GTZ e da WWF e as atividades de treinamento ajudam a desenvolver as capacidades para a implementação dos componentes do ARPA. Entretanto, como o financiamento para esse componente tem origem em apenas um doador – GEF –, não houve treinamento, capacitação ou outras intervenções – para prejuízo do projeto. Como o ARPA é um projeto inovador de relevância global, uma vez que um programa básico de M&A esteja funcionando, poderá ser concebida uma noção de longo prazo de como o ARPA contribuiria para o conhecimento científico mundial. Duas idéias de como um projeto desse tamanho e escopo poderia ser relevante estão indicadas abaixo. Mas elas não deveriam ser iniciadas enquanto não houvesse sérios progressos nas recomendações feitas anteriormente, com informações em M&A chegando regularmente aos gestores. O sensoriamento remoto é uma prioridade, mas trabalhos de campo também devem ser realizados. Um grande avanço para o ARPA seria ter estudos para integrar análises de imagens quantitativas de satélite com mapas de campo com as ameaças invisíveis às áreas protegidas, como a caça. Os poucos estudos já realizados nesse sentido tendem a confirmar que os padrões de desmatamento fornecem uma visão conservadora do alcance das atividades humanas nas áreas protegidas91, e nenhuma questão garantiria melhor compreensão para a gestão efetiva das áreas protegidas. Uma preocupação científica global é a falta de bons dados que mostrem o valor econômico tangível das UCs. Dada a importância do ARPA em escala global, uma parceria com grupos 91 Naughton-Treves et al. p 238. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 49 of 81 que mensurassem o capital natural e identificassem efetivamente os custos da compensação ambiental, etc. teria grande importância para o Brasil e para as populações locais. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 50 of 81 SEÇÃO G COORDENAÇÃO E GERENCIAMENTO DO PROJETO COMPONENTE 5 PRINCIPAIS CONCLUSÕES Essa seção oferece uma avaliação mais detalhada da habilidade geral de gerenciamento programático dos gerentes do ARPA – UCP, ICMBio, Instituições estaduais (OEMAS) e FUNBIO. Q UAD RO G . 1 : P RO D U T O S C H AV E PA R A O CO M P O N E N TE 5 DA FA S E 1 92 PRODUTO Uma Unidade de Coordenação do Projeto (UCP) operando de acordo com o Manual Operacional do Projeto (MOP) AVALIAÇÃO 12/08 A UCP tem operado no MMA durante a Fase 1 utilizando quarto manuais operacionais detalhados. A força da equipe variou ao longo do tempo, mas atualmente conta com um diretor e cinco funcionários e tem relação contratual para secretariado e administração financeira. As parcerias institucionais do ARPA e a coordenação do projeto foram além da simples criação da UCP. A complexa relação é mais bem representada abaixo:93 92 93 Basedo nos produtos indicados no Anexo 2 do Detailed Project Description. World Bank, PAD. p 65. FUNBIO, “Proposta para o ARPA ser parceiro do ICMBio na aplicação de recursos da Compensação Ambiental”. p 4. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 51 of 81 Esse inovador arranjo institucional público-privado foi um dos responsáveis por grande parte do sucesso do ARPA. Ainda que o ARPA tenha, certamente, seus altos e baixos no gerenciamento e nas parcerias como um todo, ele teve um início muito sólido. O prolongado e cuidadoso planejamento que discutiu o desenho do projeto, os princípios condutores,94 a elaboração de quatro manuais operacionais para ajudar a elucidar a implementação, e a óbvia dedicação das equipes das diferentes organizações parceiras tiveram todos sua importância. Doadores, agências governamentais (federais e estaduais), provedores de assistência técnica (GTZ e WWF-Brasil), e organizações não governamentais (FUNBIO e grupos locais como a SOS Amazônia); todos tiveram equipes extremamente dedicadas que não apenas se superam constantemente, mas contribuíra para o sucesso do ARPA. Importam-se profundamente com a biodiversidade e com as comunidades locais afetadas pelo projeto. Muitos consideram os esforços extras e as longas horas de trabalho como parte do privilégio de poder atuar em um projeto que faz uma grande diferença na prática. O ARPA também ajudou a desenvolver capacidades em cada uma das principais instituições. O ápice do ARPA na Fase 1 foi o período de 2005-2006, quando um enorme número de objetivos de conservação foi alcançado. As atividades foram extremamente afetadas em 2007 pela reestruturação do IBAMA para criar o ICMBio e pela subseqüente greve de funcionários. Uma equipe renovada emergiu em 2008, com muitos funcionários novos e atualizados. Houve também um impasse entre os parceiros sobre projeções financeiras quando a Fase 1 começou a chegar ao fim, os fundos mostraram-se restritos pela primeira vez, e a capacidade de relatório do CÉREBRO mostrou-se inadequada para garantir um robusto acompanhamento financeiro. Entretanto, revisando-se o escopo do projeto na Fase 1 e o número de conquistas atribuíveis às sinergias entre as diferentes organizações parceiras, os arranjos institucionais devem ser considerados um grande sucesso. Questões que prejudicaram o arranjo institucional e estão sendo encaminhadas atualmente ou estão em negociação para a Fase 2 incluem: 1) Rotatividade de quadro de funcionários – particularmente nos cargos do ICMBio e da UCP; 2) Pobres relatórios financeiros do FUNBIO no CÉREBRO 1; 3) Uso inconsistente dos grupos de trabalho e comitês aconselhadores. A Fase 2 é uma oportunidade de avançar com os resultados anteriores e utilizar as diversas competências e habilidades das diferentes organizações parceiras para criar tipos de sinergias que permitam o avanço do ARPA na conservação in situ. E F I CI Ê N CI A Um total de R$22,8 milhões ou 27% dos fundos do ARPA foram gastos nesse componente.95 Grande parte foi gasta pela UCP ou pelo FUNBIO em programas de treinamento, desenvolvimento de softwares, publicações, materiais promocionais, e funcionários para gerenciar os processos administrativos. Os custos de administração do FUNBIO para gerenciar a execução financeira e os processos de procurement foram calculados por cada POA (Plano Operacional Anual) no Quadro G.2. As vezes que o POA realmente funcionou vão de dois 94 95 Os Princípios do ARPA – detalhados em ARPA, MOP 1, pp 22-23 fornecem claras diretrizes para os funcionários nas decisões estratégicas. Os calculus foram baseado na planilha “compenente x donante.xls” fornecida pelo FUNBIO. Esses reflexos do POA na Fase 1 não serão concluídos até abril de2009 – então isso será melhor estimado no lançamento do relatório. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 52 of 81 meses, no POA 2008, a 20 meses, no POA 2007. Dessa forma, os números variam bastante. Contudo, uma comparação com os custos administrativos do FUNBIO nos mesmos períodos transmitem uma idéia geral da eficiência. Q UAD RO G . 2 : F U N B I O – C U S TO S A D M I N I S TR A T IVO S PA R A A E X E C U Ç Ã O D O A RPA 96 POA Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fase 1 Total Custos Gastos do ARPA % Administrativa administrativos do em Reais por POA FUNBIO em ano Reais 1.112.085 2.255.432 3.448.740 3.540.986 6.749.419 1.946.217 1.865.224 5.473.120 24.664.563 23.073.256 26.908.481 8.565.796 60% 41% 14% 15% 25% 23% 19.052.879 90.550.440 21% A equipe ARPA do FUNBIO foi relativamente pequena (menos de oito membros) em 20032004 e a maior parte das despesas mostradas para o período foram para o planejamento e para as reuniões entre os vários parceiros no lançamento do ARPA. Havendo poucos gastos de campo, os custos iniciais caíram excessivamente sobre o FUNBIO. Assim que o programa tornou-se realmente operacional na prática e começou a crescer, o FUNBIO aumentou seu quadro de funcionários para o ARPA para aproximadamente 20 pessoas. Nos POAs de 2005 e 2006, o FUNBIO alcançou taxas administrativas bastante aceitáveis – menos de 20%, gastando parte substancial dos fundos no campo. Desde 2007, a administração do FUNBIO foi mais alta que 20%, uma taxa normalmente considerada limite para fins não lucrativos. No POA de 2007, o FUNBIO tomou a decisão de manter seu quadro principal de funcionários mesmo quando os gastos com o ARPA caíram devido à greve dos funcionários do ICMBio. Concordou-se que esses fatores estavam além do controle do FUNBIO e demitir a equipe para depois ter que recontratar e recapacitar não fazia sentido e diminuía a capacidade total do ARPA. Uma vez que não estava claro o tempo que a greve levaria para se solucionada, essa decisão teve sentido estratégico. É muito cedo para proferir grandes conclusões sobre 2008, já que o POA esteve ativo por apenas poucos meses, mas projeções antecipadas indicam que o FUNBIO deve realizar ajustes. Espera-se que os gastos totais do programa sejam mais baixos nesse POA, já que a Fase 1 está chegando ao fim. Diferente da greve do ICMBio, esse é um desafio que deveria ser encarado igualmente por todos os parceiros. Assim, os gastos administrativos deveriam baixar nesse período. O objetivo do FUNBIO para o final da Fase 2 é chegar a 12% e as recomendações dessa seção devem ajudá-lo a alcançar esse objetivo. 96 Custos administrativos organizados no POA por Daniela Leite, do FUNBIO, e comparados às despesas total por POA, da planilha do FUNBIO “compon x donor.xls”. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 53 of 81 UCP - COORDENAÇÃO E GERENCIAMENTO DO PROJETO A UCP é o principal coordenador programático do projeto. Ela realizou um impressionante trabalho nos últimos seis anos da implementação do ARPA em uma série de áreas. O excelente trabalho de gerenciamento do projeto que merece menção especial inclui: O gerenciamento do processo de criação de mapas do Subcomponente 1.1; O desenvolvimento de ferramentas efetivas para a gestão das UCs, como o FAUC e o SisARPA; O estabelecimento de relações próximas com os programas nas bases – os funcionários das bases ressaltam seu respeito pela equipe da UCP e sentem que eles tentam atender rapidamente às suas necessidades; O trabalho com quadro de funcionário das bases para aprimorar o POA ou planos anuais e avançar o processo de planejamento, analisando e respondendo ativamente às solicitações. A produção regular de materiais sobre o ARPA para compartilhar os aprendizados desse programa com o SNUC e com o mundo. Um pequeno, porém importante, progresso no gerenciamento do programa foi a realocação física da equipe da UCP para que ela compartilhasse das mesmas instalações que a Secretaria de Biodiversidade e Floresta – seu departamento supervisor. Isso aumentou enormemente a comunicação entre a UCP e a estrutura mais ampla do MMA. Os funcionários descrevem o ARPA como um programa inovador – de vanguarda – no MMA e a UCP atraiu e manteve empregados competentes e dedicados durante a Fase 1. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A A UC P NA FASE 2 As áreas que a UCP deve focar mais na Fase 2 incluem: 1) Gerenciamento de Conselhos de Aconselhamento. Uma recomendação particularmente forte é convocar o CP mais regularmente e demandar seu conselho na resolução dos gargalos e dilemas do ARPA, assim como na revisão de prioridades financeiras e gastos; 2) Apoio aos Grupos de Trabalho com prazos claros definidos, fornecendo produtos sólidos para superar os gargalos e aprimorar a eficiência nas áreas como modelos dos Planos de Manejo e protótipos para projetos de infraestrutura; 3) Garantia de acompanhamento financeiro do projeto como um todo para comparar as prioridades de gastos de diferentes escalas, como parte do seu panorama estratégico de responsabilidades.97 Essa responsabilidade tornar-se-á muito mais simples com o CÉREBRO 2 fornecendo relatórios mais confiáveis; 4) Continuidade na defesa do ARPA dentro do MMA – garantia de sólidos contatos entre as equipes parceiras e avanço nos diferentes componentes com apoio político dentro do MMA e do governo brasileiro. Políticos mais antigos mostram-se muito resistentes em relação aos papéis dos parceiros/doadores, embora nenhum deles possa apontar um projeto mais eficiente em captar recursos para as UCs. A equipe da UCP pode continuar ajudando a aumentar o reconhecimento do ARPA pelo governo brasileiro como um dos seus mais efetivos programas de conservação, em parte devido ao inovador arranjo institucional. 97 De acordo com o Manual Operacional 1, a UCP é responsável por “Monitorar a execução do Projeto, segundo a matriz lógica do Projeto ARPA (Anexo 1-1).” Deve ficar claro que isso significa uma revisão financeira. ARPA, MOP 1, p 36. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 54 of 81 Um apoio adicional à UCP será necessário na Fase 2 para esta continuar a liderar o projeto, e para ter mais tempo para investir nas quatro áreas acima. Idéias para as negociações da Fase 2 incluem: 1) Mais funcionários que não sejam temporários nomeados para a UCP O governo brasileiro preencheu a maior parte dos cargos centrais na UCP e no ICMBio com empregados temporários que podem trabalhar por um máximo de quatro anos. A vantagem é que as pessoas contratadas por esse processo tendem a ser extremamente qualificadas e dedicadas. A desvantagem é que a maior parte da equipe da UCP e um quadro de pessoas experientes nas funções centrais do ICMBio serão substituídos em 2009 – criando uma fuga de cérebros e muitos impasses para o lançamento da Fase 2 do ARPA. Parte da profissionalização do sistema significa garantir pessoal permanente nas funções centrais de apoio como é o caso da UCP. 2) Uma nomeação adicional de funcionário – com habilidades políticas – para convocar e reunir os comitês aconselhadores A falta de envolvimento dos comitês consultivos, particularmente o CP, nos últimos 18 meses é a maior falha no gerenciamento do ARPA pela UCP, e está certamente relacionada à escassez e rotatividade de funcionários no cargo de diretor. Membros da sociedade civil desses comitês advogam apropriadamente por uma atuação mais efetiva ,98 mas leva tempo e comprometimento para organizar reuniões, gerenciar correspondência regular, e definir agendas. Da mesma forma, o PAD propôs um Comitê de Mediação de Conflitos para gerenciar disputas inevitáveis por terra na criação da UC, um elemento do projeto não implementado na Fase 1. Um artigo de consultoria (Pasca) detalha um arcabouço para o desenvolvimento de um Comitê de Mediação de Conflitos para lidar com as terras indígenas. Por fim, essa avaliação também encoraja a revitalização do Painel Científico de Aconselhamento nos Componentes 1 a 4. 3) Melhorar o tempo do processo de aprovação do POA O Plano Operacional Anual (POA) merece reconhecimento como uma grande ferramenta de planejamento. No entanto, leva-se atualmente muito tempo para o POA ser aprovado por vários parceiros e finalmente pelo CP. O POA de um dado ano geralmente é iniciado com 10 meses de atraso! Esse é um problema para todos os parceiros – todos que atuam na revisão e no acompanhamento temporal do POA –, mas a UCP que lidera esse processo e estabelece os prazos. Atrasos têm grandes implicações nas bases, incluindo: Perda de credibilidade entre as comunidades locais se as atividades foram prometidas; Perda de ocasião para realizar as atividades (as atividades do POA são programadas para períodos estabelecidos de tempo. Em muitas regiões da Amazônia há períodos em que não se pode acessar certas áreas/comunidades por barco ou estrada, que estão fechadas em partes do ano); e Inabilidade de progredir rapidamente com os Conselhos, que garantem a participação das comunidades locais em decisões chave. Uma recomendação das bases para melhorar esse processo é criar um sistema em dois níveis. Os gestores de UC sentem que mais de 70% dos pedidos incluídos no POA são obtidos a tempo e sem grandes controvérsias. Eles acreditam que esses 70% deveriam ser aprovados rapidamente para que possam avançar no tempo apropriado. Apenas as UCs que tenham atrasado em suas submissões ou tenham um item com um orçamento muito alto como uma Avaliação Ecológica Rápida de custo muito elevado ou um projeto de infraestrutura, que 98 Durigan. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 55 of 81 demandam um tempo maior de revisão e atrasam o processo como um todo. Assim, um sistema de dois níveis é recomendado para passar rapidamente pelas decisões mais fáceis e criar um incentivo para os gestores das UCs que estão dentro do prazo e dos parâmetros do orçamento. ICMBio – COORDENAÇÃO E GERENCIAMENTO DO PROJETO A criação do ICMBio em 2007 foi uma importante declaração do governo brasileiro da importância de se profissionalizar a gestão no SNUC. Como discutido na Seção D, o ICMBio cria as equipes das UCs federais. Ele conta com duas divisões diferentes, que apóiam sucessivamente UCs de proteção integral e de uso sustentável. Os funcionários do ICMBio foram contratados por sistema de concurso, atraindo jovens profissionais formados em ensino superior. Como mencionado na Seção D, esse sistema constitui um dos maiores sucessos na efetividade do ARPA, já que as UCs têm equipes criadas e grande parte desse pessoal mostra-se extremamente dedicada e eficiente. O ICMBio também realizou um grande trabalho em limitar as indicações políticas. Eles deveriam ser parabenizados pelos esforços até o momento e incentivados a continuar realizando concursos transparentes ou outros tipos de processo seletivo para aumentar a probabilidade de criação de equipes comprometidas e qualificadas. O ICMBio é ainda uma instituição muito nova – criada apenas em 2007. Portanto, há grandes expectativas que ele possa aumentar significativamente sua capacidade em melhor apoiar as equipes em campo. Nesse ponto, a atual reestruturação, uma renovação de altas posições em Brasília, e tensões no campo sobre empregos/propriedades/escritórios do ICMBio-IBAMA têm restringido altos níveis de eficiência. Adicionalmente, a rotatividade de funcionários – e as numerosas responsabilidades do quadro central que têm parte do seu tempo designado para o ARPA – transmite uma idéia de poucas pessoas realmente engajadas no apoio central ao projeto Isso limita a visibilidade do ARPA em Brasília e deve minimizar sua compreensão dentro da comunidade mais ampla do ICMBio. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A O IC MB IO NA FASE 2 As seguintes recomendações são designadas para melhor apoiar o quadro de funcionários do ICMBio no campo e continuar a desenvolver as capacidades do ICMBio ao longo do tempo. Ainda que essa nova instituição tenha realizado grandes progressos, uma maior atenção para as questões mais amplas do sistema de recursos humanos ajudaria a aprimorar o ARPA e o SNUC. 1) Criar novas descrições de cargos consistentes com a profissionalização do ICMBio. Não há a descrição do cargo “gestor de UC” no sistema de classificação de pessoal do governo brasileiro. Todos são “analistas ambientais” – um campo que atrai jovens biólogos/ecologistas com background de pesquisa e pouca experiência em gestão, definição de orçamento ou atuação comunitária. Isso aumenta o nível de rotatividade, já que muitos não se ajustam aos seus locais de trabalho ou funções. Além disso, não há a descrição do trabalho de “guarda de parque”, que permitiria a contratação de moradores locais que conheçam a área, comunicam-se com as comunidades e podem desempenhar funções como fixar placas, patrulhar a área, pilotar barcos, documentar ameaças, etc. com baixos custos, maior estabilidade e fortes laços com as comunidades. Os funcionários recomendam mudanças na seleção para esses empregos para uma forma Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 56 of 81 semelhante à que são escolhidos os bombeiros – descrições dos empregos e processos seletivos competitivos que não requeiram altos níveis de preparação acadêmica, mas grande bagagem de conhecimento local e motivação. Funcionários locais também sugerem que esse tipo de função provar-se-ia muito mais útil à gestão efetiva do que mais analistas ambientais. 2) Oferecer incentivos de emprego e diferenças salariais para os difíceis postos da Amazônia. Empregos no setor de recursos naturais na Amazônia são notoriamente difíceis. Muitos funcionários querem mudar assim que possível para ambientes físicos e sociais menos complicados. Alguns recém contratados assumem um posto na Amazônia apenas para entrar para o serviço público e serem transferidos para outras regiões do país em poucos meses. Uma recomendação é garantir incentivos salariais para a permanência de períodos mais longos na região – p.ex. um aumento após um ano e outro depois de quatro anos. Mas para que isso funcione, possibilidades de transferência deveriam ser oferecidas de forma regular – assim essas pessoas podem escolher permanecer, sabendo que terão a chance de serem transferidos após passarem longos períodos na Amazônia. A possibilidade de mudança oferecida no final de 2008 levou muitos candidatos do ARPA a serem transferidos – alguns com medo de que se não se candidatassem agora talvez não fossem capazes de se mudar por muito mais anos. A determinação de outros incentivos, como dias de folga após incursões de campo muito longas para aqueles que escolhem trabalhar em condições mais árduas poderia ajudar a atrair – e manter – candidatos mais qualificados na região amazônica. 3) Garantir equipe de apoio às UCs. Quando o ICMBio foi separado do IBAMA, em 2007, as equipes de apoio administrativo ficaram com o IBAMA. Assim, as equipes administrativas como secretários, administradores financeiros, etc. não estão disponíveis para a maioria dos gestores de UC. Essa imprevista repercussão da separação institucional tem causado muito estresse no campo, já que qualificados gestores de UC gastam muito tempo em formulários administrativos básicos. Cargos administrativos de nível mais baixo são outros empregos que podem ser voltados para as populações locais – melhorando as relações nas bases. O ARPA reconhece a importância de cargos de apoio e permite isso por meio do critério de cinco funcionários exigidos para a consolidação da UC. Apoio administrativo foi consistentemente requerido por funcionários do campo, além da importância de se ter outro profissional designado para a UC. 4) Estabelecer 2-3 objetivos concretos de gerenciamento de dados de recursos humanos para ajudar o ICMBio a desenvolver capacidade de base para compartilhar o conhecimento. Os serviços de gerenciamento de dados do ICMBio são fracos e alguns pontos centrais devem ser postos em pauta para ajudar essa jovem instituição a atuar mais energicamente. O ICMBio carece de sistemas básicos e tecnologicamente simples como uma base de dados acessível de empregados nomeados e habilidades ou um sistema padrão de emails para todos os empregados. Essas lacunas são indícios de inércia burocrática na tentativa de profissionalizar o ICMBio. Funcionários de campo ficam isolados sem esse tipo de ferramentas, e não conseguem identificar pessoas ou criar redes com aquelas com interesses e problemas semelhantes. O compartilhamento de aprendizados dentro do ARPA e de outras redes requer a elaboração de sistemas básicos de gerenciamento de dados. 5) Melhorar a transparência para os parceiros do ARPA. O governo brasileiro falhou em garantir um claro registro financeiro de sua contribuição para o ARPA. A maioria dos parceiros estima que o governo tenha contribuído com mais do que anuncia para os parceiros. Mas a fraca divulgação dos registros financeiros prejudica a possibilidade de conhecimento do verdadeiro custo da gestão efetiva de UCs, o crédito adequado do Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 57 of 81 governo, ou o esclarecimento sobre as necessidades de captação de fundos para investimentos adicionais do ARPA com novos doadores. 6) Formular, com doadores e com o FUNBIO, diretrizes para o uso da conta vinculada pelo quadro central de funcionários. A conta vinculada foi criada para apoiar transações operacionais mais simples pelos gestores de UC. Como mencionado na Seção F, esse sistema não tem sido acessado tão facilmente pelos funcionários do ICMBio centralmente situados. Eles precisam acessar o POA de uma UC para viajar – o que limita viagens importantes e necessidades de despesas. Esclarecer essa situação seria útil para tais funcionários e deve fortalecer serviços de apoio ao planejamento de UCs federais. 7) Pensar no problema da segurança antes de grandes investimentos em equipamento/infraestrutura. Essa recomendação se aplica às agências estaduais. Uma série de discussões com gestores de UCs gerou comentários sobre vigilância patrimonial – forças de segurança que vigiam prédios, sedes de associações e equipamentos. Quando não há funcionários regularmente nas instalações, muitas agências brasileiras e companhias contratam serviços de vigilância. Alguns funcionários de UC confessam terem comprado mobilha e outros bens pelo ARPA, mas ainda não os entregaram por causa da falta de segurança. Em outra situação, um bom barco foi comprado, mas ninguém sabia onde ele poderia ser guardado de forma segura. A segurança tende a ser muito cara e muitas UCs desistiram da idéia de contratar firmas de segurança porque as áreas são muito isoladas para permitirem rondas regulares a uma taxa razoável. A recomendação é que antes de grandes investimentos em equipamentos ou instalações, os gestores de UCs (estaduais e federais) pensem em questões de segurança e tenham uma solução com custo razoável. ESTADOS – COORDENAÇÃO E GERENCIAMENTO DO PROJETO Nos sistemas políticos brasileiros, os estados têm grande autonomia e força. As UCs estaduais são geridas pelas Secretarias Estaduais, que são parceiros igualitários do ARPA. Como mencionado na Seção D, uma série de estados está gerindo UCs no sistema do ARPA, como Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. O ARPA está comprometido com a ajuda no desenvolvimento da capacidade do ICMBio e das agências estaduais gerirem UCs. Parte desse compromisso é reflexo de acordos formais e apoio que permite a continuada profissionalização dessas agências. Tecnicamente, o ARPA pode também apoiar UCs municipais, mas nenhuma participou do sistema na Fase 1. Ainda que uma detalhada apreciação das agências estaduais não tenha sido incluída nesta avaliação, uma série de entrevistas foi tomada. Muitas das agências relataram níveis mais altos de quadro de funcionários nas áreas do ARPA e forte apoio político para cumprir as obrigações do programa. Além disso, ficou claro que as secretarias estaduais de diferentes estados comprometem-se em níveis muito diferentes com o escopo e enquadramento de funcionários nas atividades de suas UCs. O Amazonas tem uma “política de floresta em pé” que levou a um rápido aumento nos hectares conservados das UCs do estado (7 mil hectares em 2002, 16,5 mil em 2008 e expectativas de 20 mil em 2010). Eles têm um competitivo processo seletivo com mais de 600 candidatos para 20 vagas. Ver esse tipo de profissionalização e claro Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 58 of 81 comprometimento político de um parceiro estadual do ARPA é recompensador e atestado da importância do apoio do ARPA para as UCs estaduais. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A AS AG Ê NC I AS E S TAD UAI S NA FA SE 2 1) ACELERAR ESFORÇOS DE PROFISSIONALIZAR QUADRO DO GOVERNO Indicações de emprego não competitivas. Como em todos os países, o Brasil utiliza garantia de emprego como pagamento político a pessoas que ajudaram a regulamentar uma lei ou que são amigas de uma dada figura política. Enquanto o ICMBio limitou drasticamente as indicações políticas, esse não foi o caso de todas as secretarias estaduais. Ainda que as qualificações dos empregados estaduais variem, a institucionalização da gestão de parques como uma carreira profissional nas instituições estaduais mostra-se bastante tênue em muitos estados amazônicos. O Amazonas está desenvolvendo um corpo profissional no seu Centro Estadual de Unidades de Conservação e iniciou processos competitivos de contratação. Em Mato Grosso, passos têm sido dados para a criação de um quadro profissional nas áreas protegidas, mas as vagas são preenchidas por pessoas relativamente desqualificadas e são altas as taxas de rotatividade. Existe um movimento atualmente para documentar as características profissionais necessárias e um decreto do governador permitirá um processo competitivo de contratação. O ARPA precisa de apoio desses esforços em estados como Mato Grosso e Rondônia, que ainda não desenvolveram padrões profissionais. 2) Aumentar o compromisso político com as UCs do ARPA nos estados. Até então, a seleção de UCs do ARPA esteve principalmente baseada em fatores ecológicos discutidos no subcomponente 1.1. No entanto, o compromisso político com a área de proteção natural é essencial ou a UC vai fracassar – especialmente no período inicial de criação e antes da gestão efetiva. Parece que alguns estados têm se destacado em relação a outros no que tange às fronteiras das UCs e ao apoio à sua proteção. Estados que enfrentam problemas de posse de terra, oferecendo incentivos aos donos de terra que respeitarem o Código Florestal brasileiro e protegerem suas Reservas Legais e Áreas de Proteção Permanente99, e que apóiam o cumprimento da lei para os crimes ambientais, estão garantindo um importante apoio às UCs estaduais. Estas serão muito menos prováveis de serem povoadas e desmatadas que as dos estados que não assumem esse compromisso. Uma definição mínima de compromissos para assegurar o respeito ao processo de regularização da terra inclui o uso de serviços de vigilância dentro e no entorno da UC, que poderia ser considerado um requisito básico de entrada para as UCs do ARPA. 99 O Código Florestal de 1965 permite a expansão da fronteira agrícola, mas obriga os donos de terra a: Manter uma Área de Preservação Permanente de vegetação natural ao longo dos cursos d´água (p.ex. mata ciliar), planícies alagáveis, nascentes, e superfícies inclinadas para evitar a erosão e proteger os recursos hídricos brasileiros; e Criar Reservas Legais mantendo uma percentagem da terra em forma de floresta nativa para evitar o desmatamento total e assegurar os serviços ambientais. Alguns estados têm se destacado no estabelecimento de normas, permitindo a compensação (incluindo a compensação pela utilização da reserva legal para comprar terras privadas dentro das UCs), e exigindo comprovação de confiança antes de empréstimos agrícolas, etc. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 59 of 81 FUNBIO – COODENAÇÃO E GERENCIAMENTO DO PROJETO O FUNBIO é o executor financeiro do ARPA, assim como o coordenador principal do Fundo de Áreas Protegidas no Componente 3 e do subcomponente 2.3. Ele trouxe um grande inovação e transparência financeira para o projeto, que permitiu um alto nível de gastos – 92% na Fase 1100, um grande progresso em relação a outros programas financiados internacionalmente e gerenciados pelo MMA. O excelente trabalho de gerenciamento inclui: Criação da conta vinculada; Transparência para analisar status de procurement e outros itens do CÉREBRO; Rápida resposta às solicitações e demanda do campo – particularmente com a conta; Treinamento para pessoal do ICMBio e outros funcionários na legislação brasileira e nos requisitos de gerenciamento financeiro dos doadores; Manutenção de uma relação íntima com os programas no campo – funcionários da base ressaltam seu respeito à equipe do FUNBIO, que busca responder prontamente às suas necessidades e lança transparentemente os processos no CÉREBRO. REC O ME NDAÇ Õ E S PAR A O F U NB IO NA FASE 2 As recomendações seguintes são para aumentar a eficiência financeira e a transparência para a Fase 2, que podem ser trabalhadas durante o processo de negociação. 1) Melhorar significativamente a capacidade de relatório do CÉREBRO Um dos maiores problemas para o FUNBIO, particularmente evidente com o início da restrição de financiamentos em 2008, foi obter bons relatórios de gerenciamento do CÉREBRO. Isso é necessário para que cada UC veja seus gastos atuais e orçamento, e é especialmente importante para que a UCP assuma a tarefa de Acompanhamento Financeiro do projeto – essencial para a definição de prioridades na Fase 2. A falta de relatórios simples é um problema conhecido e os parceiros têm trabalhado juntos para definir suas necessidades. Suas demandas estão sendo incorporadas em uma nova versão, o CÉREBRO 2, que deve ser lançado em junho de 2009. O relatório efetivo do CÉREBRO 2 é fundamental e novas tentativas são necessárias para garantir que a UCP, o CP, os doadores e todos os parceiros do ARPA conheçam efetivamente o estado financeiro do projeto e das UCs individuais. Se a decisão pelo estabelecimento de tetos financeiros em cada UC como parte da prática do ARPA for tomada, a necessidade do acompanhamento bem sucedido torna-se ainda mais evidente para os gestores de UC. 2) Negociar com os doadores Regras de Procurement mais flexíveis Uma área em que o FUNBIO é recorrentemente criticado – mas na qual ele vem fazendo um trabalho impressionante – é a de procurement. A questão tem mais a ver com os regulamentos dos doadores do que com a capacidade do FUNBIO. As atividades de procurement tendem a levar muito tempo, já que os bens devem ser comprados em lotes, por meio de processos nacionais de licitação. Isso tende a levar a lances apenas de grandes 100 FUNBIO – comunicação particular em 13 de fevereiro de 2009. Relatos finais são antecipados para serem submetidos em abril de 2009. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 60 of 81 empresas, com a estrutura administrativa para lidar com a papelada – independente do seu conhecimento sobre as condições amazônicas ou dos custos em termos de tempo e despesas do transporte, etc. O processo atual leva a casos como: Um caso “bem sucedido”. Uma UC do Mato Grosso precisava de 50m de fita em carretel para medir suas fronteiras. Seguindo os procedimentos, eles consultaram os preços locais, determinaram que custava R$350, e fizeram a solicitação de financiamento no POA de 2006. O FUNBIO, baseado nas regras do doador/MOP, uniu todos os pedidos de fita em carretel e abriu licitação nacional para saber quem ofereceria os itens pelo preço mais baixo. Eles tiveram sucesso e poderia eventualmente comprar as fitas para todas as UCs requerentes por R$80 a unidade, uma grande economia. Entretanto, a transação levou dois anos – atrasando irracionalmente as atividades no campo. Ela também demandou uma grande quantidade de tempo de equipes administrativas e R$50,00 de taxa de correio expresso para Cuiabá. Enquanto nesse caso uma economia de gastos foi alcançada, o atraso de dois anos, os altos custos administrativos e – mais importante – os longos atrasos nas ações efetivas no campo tornam mesmo o sucesso do caso questionável. Um caso “mal sucedido”. Uma licitação nacional importante para a compra de novos motores de barco foi ganha pela Mercure. Esses maravilhosos e potentes motores de barco foram enviados a muitas UCs. Mas, infelizmente, os entrevistados das UCs relataram que os motores deram uma série de dores de cabeça – quebrando rapidamente nas difíceis correntes dos rios da Amazônia, sem acesso em algumas partes ou a instalações locais de reparo. Além disso, motores mais baratos estão disponíveis localmente, sem longos atrasos ou altos custos de entrega. Estes não são tão potentes, mas são muito mais confiáveis em rios locais. Ainda, as garantias são asseguradas localmente,os motores têm manutenção simplificada, os barqueiros locais sabem como lidar com eles e as peças estão disponíveis. Uma questão adicional é que a Fase 1 teve alguma eficácia em procurement, mas principalmente graças à maior flexibilidade garantida por um dos doadores – WWF-Brasil – para pedidos específicos e para bens abaixo de US$1.000. Se a WWF-Brasil contribuir com uma percentagem menor para o orçamento do ARPA e nenhuma mudança for instituída nos requisitos de procurement dos doadores, os atrasos nas compras serão ainda piores na Fase 2. Muitas opções estão disponíveis para os doadores criarem regras mais flexíveis, mantendo ao mesmo tempo sua opção por economia de gastos e transparência. Idéias como permitir cotação por internet para substituir a necessidade de realizar numerosas licitações formais aceleraria significativamente o processo. Um passo maior seria criar a categoria de compra de equipamento de pequena escala ou bens que podem ser comprados com a conta vinculada uma vez aprovados no POA. Atualmente os bens são considerados equipment assets, assim até compras de pequena escala, como facas de acampamento, devem passar pelo oneroso processo de procurement. Um novo MOP poderia ser posto em prática para comprar abaixo de certa quantia (recomendado R$20.000). As vantagens incluem: Evitar longos atrasos; Minimizar custos administrativos; Gastar dinheiro nas comunidades locais; Conferir aos gestores de UC o controle sobre o nível de qualidade dos bens necessários; e Manter transparência, recebimentos e eficiência administrativa. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 61 of 81 3) Negociação com doadores para flexibilizar as Regras de Contratação Processos complexos que requerem consultores experientes, como Avaliações Ecológicas Rápidas e Planos de Manejo, são mais garantidos com a contratação por registro como pessoa jurídica. Ainda que seja possível contratar consultores individuais como pessoas físicas – com regras mais simples –, é difícil reunir uma equipe dessa forma, já que não há coordenador claro, redator, apoio administrativo, etc. As exigências de se contratar grupos comerciais têm custos muito altos no processo de licitação nacional. Como afirmado por uma equipe estadual, “Nós faremos todo o possível para evitar contratar pelo ARPA, já que isso só resultará em atrasos e numa quantidade horrenda de papelada.” Pequenos negociadores – normalmente com expertise biológica – não podem lidar com as complexas e administrativamente complicadas licitações de pessoa jurídica. Dessa forma, o FUNBIO freqüentemente obtém lances muito altos para projetos que não têm a melhor equipe e são gerenciados por empresas mais interessadas na manutenção de custos elevados do que em melhores planos de conservação. Um grupo do Mato Grosso gastou 18 meses tentando contratar uma equipe de Avaliação Ecológica Rápida, incluindo vôo para o Rio para avaliar os candidatos finais, uma vez que o FUNBIO empreendeu licitações nacionais. Os lances resultantes mostraram-se tão altos que a avaliação não foi aprovada e seus esforços em gerar os dados necessários para a criação de novas UCs foram interrompidos. Uma repercussão secundária, porém ainda importante, é a de que as empresas estabelecem uma relação ruim com o FUNBIO depois que gastam grande tempo respondendo às licitações – e não são contratadas ou o tempo limite se estende. O FUNBIO deveria defender regras de procurement mais simples e transparentes para permitir maior flexibilidade na contratação de profissionais de conservação em empresas menores. Em relação aos Planos de Manejo, como mencionado na Seção D, parte do problema diz respeito aos pobres modelos de termos de referência fornecidos pelo ICMBio, que precisam ser mudados. 4) Fazer auditorias esporádicas no sistema ARPA Reconhecendo que tem sido solicitado dos doadores maior flexibilidade nas regras de procurement e da conta vinculada, maiores esforços podem ser necessários para garantir financiamento de gastos apropriado e minimizar os riscos. Duas formas potenciais de abordagem são: O FUNBIO organiza a visita de equipes do ARPA a UCs e verifica as finanças. Esta poderia ser uma oportunidade de aprendizado para a equipe do ARPA, que inclui parte do FUNBIO, doadores, a UCP e os funcionários da UC. Uma das vantagens de incluir outros funcionários de UC é que eles podem conhecer processos administrativos apropriados e inapropriados e podem ainda compartilhar melhores práticas em problemas solucionados. Contratar uma empresa independente para realizar revistas ocasionais seguindo as diretrizes do ARPA. 5) Definir expectativas das despesas gerais do FUNBIO O FUNBIO provou sua capacidade em gerenciar os altos níveis de gastos do programa a uma taxa administrativa razoável (14-15% em 2005-2006). Ele perde eficiência quando os gastos do ARPA como um todo declinam e seu quadro de funcionários permanece constante. O fim da Fase 1 do financiamento do GEF gerou certa tensão em todo o ARPA, levando a cortes nos POAs das UCs. Como o FUNBIO pretende atingir a taxa de 12% nos custos administrativos antes do fim da Fase 2 do ARPA, ele precisa de ajuda na projeção total de custos (o processo do POA pode fazer isso, mas apenas se aprovado no tempo Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 62 of 81 determinado), e na manutenção dos custos administrativos baixos (recomendações para facilitar a regulamentação de procurement seriam de grande ajuda aqui). O FUNBIO, assim como os demais parceiros, precisará fazer cortes no ano de 2009 para manter seus custos administrativos alinhados com o declínio mais amplo de gastos projetado até que a Fase 2 tenha sido integralmente iniciada. Apesar de terminar essa avaliação independente com algumas fortes recomendações para os parceiros, o arranjo institucional como um todo foi extraordinariamente bem sucedido. As relações público-privadas ressaltaram as virtudes e fragilidades dos vários parceiros – mas as virtudes dominaram de uma forma geral. A habilidade de vários parceiros em apoiar as atividades das UCs no campo é única no contexto da Amazônia e dos parceiros do ARPA, que devem ficar bastante orgulhosos de suas conquistas. Além disso, todos os parceiros mostraram a capacidade de superar as fragilidades – apoiando um ao outro e tornando-se mais fortes ao longo do processo. Esse foi o fator secreto de sucesso na Fase 1 – e deve ser levado para a Fase 2. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 63 of 81 A NE XO H. 1 A G E N D A PA R A A A V A L I A Ç Ã O INDEPENDENTE DATA RE U NI ÃO 8-9 de dezembro de 2008 FUNBIO 10 de dezembro de 2008 Worldwide Fund For Nature – WWF-Brasil LO C A L Rio de Janeiro Brasília Banco Mundial Agência De Cooperação Técnica Alemã – GTZ 11 de dezembro de 2008 Banco Alemão de Desenvolvimento - KFW 12 de dezembro de 2008 Ministério do Meio Ambiente – MMA ♦ Secretaria Executiva - Secex ♦ Unidade de Coordenação do Programa - UCP ♦ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio: ♦ Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral –DIPI ♦ Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentavel- DIUSP 15 de dezembro de 2008 Consultores da Nave Terra 16 de dezembro de 2008 Ministério do Meio Ambiente - MMA ♦ Departamento de Áreas Protegidas – DAP ♦ Secretaria de Biodiversidade E Florestas – SBF ♦ Unidade de Coordenação do Programa - UCP 17 de dezembro de 2008 Ministério do Meio Ambiente - MMA : ♦ Deptº de Gestão Estratégica - DGE ♦ Assessoria de Assuntos Internacionais ♦ Unidade de Coordenação do Programa – UCP Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 64 of 81 DATA REUNIÃO 18-19 de dezembro de 2008 SEMA Mato Grosso Cuiabá ♦ Secretaria do Estado ♦ Superintendencia Biodiversidade ♦ Coordinação de Unidades de Conservação 20 -21 de dezembro de 2008 FUNBIO Dez 2008-Jan 2009 Pesquisa e registro – Aligning Visions 2 de fevereiro de 2009 Brasília WWF-Brasil LOCAL Rio de Janeiro Califórnia COPAM/DIPI/ICMBio Unidade de Coordenação Do Programa - UCP 3 de fevereiro de 2009 Seminário Técnico Zoneamento e Planejamento 4 de fevereiro de 2009 SOS Amazônia 5 – 6 de fevereiro de 2009 RESEX Cazumbá Iracema 9 de fevereiro de 2009 SDS/CEUC Amazonas Manaus 10 – 12 de fevereiro de 2009 REBIO Uatumã Balbina 14 -18 de fevereiro de 2009 SEDAM, Rondônia Porto Velho 20 de fevereiro de 2009 FUNBIO Fim de fevereiro Pesquisa e registro – Aligning Visions Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Rio Branco Rio de Janeiro California Page 65 of 81 A NE XO H. 2 L I S TA D E PA R T I C I PA N T E S E N T R E V I S TA D O S D U R A N T E A AVA L I A Ç Ã O I N D E P E N D E N T E DO N OADO R E S DO AR PA NOME INSTITUIÇÃO CARGO Adriana Moreira Banco Mundial Especialista ambiental Jens Ochtrop KfW Diretor de Programas Manejo de Recursos Naturais Fernando Vasconcelos de Araujo WWF-Brasil Gestor de programa de Áreas Protegidas, apoio ao ARPA Matt Perl WWF-EUA Diretor de Gestão Guilherme Brandão MMA Diretor do Departamento de Gestão Estratégica Fernando Lyrio Silva MMA Chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais Maria Cecília Wey de Brito MMA/SBF Diretora Secretaria de Biodiversidade e Florestas Nazaré Soares MMA/SECEX Coordenadora do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais. Maurício Mercadante MMA/SBF Assesor Luis Henrique Daldegam SEMA, Mato Grosso Secretaria do Estado, SEMA Domingos Macedo CEUC Centro Estadual de Unidades de Conservação, Amazonas Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 66 of 81 Cletho Muniz de Brito SEDAM, Rondônia Secretário de Estado do Desenvolvimento Ambiental EX E C UTO R E S DO AR PA DO G OVE R NO FE DER AL NOME INSTITUIÇÃO CARGO Anael Aymorê Jacob UCP Coordenador, UCP Rejane Freitas de Andrade UCP Apoio administrativo Ana Paula Magalhães UCP Apoio administrativo Daniela de Oliveira UCP Técnica Especializada Tatiany Pereira UCP Técnica Especializada Katia Adriana Souza UCP Analista Ambiental Eduardo Trazzi UCP Analista Ambiental Patricia Vingnolli UCP Apoio administrativo Zita Muller Ex ARPA Worked in UCP til 2006 ICMBio/DIPI Coordenação Geral Katia Cury ICMBio/COBAM Técnica Arlindo Gomes ICMBio Gerente RESEX Cazumba Iracema Lilian Hangue ICMBio/ DIPI Ponto Focal ARPA Andre Martis ICMBio/DIUSP Ponto Focal ARPA Allan Razera ICMBio/COBAM Analista Ambiental Luciana Ribas ICMBio/DIUSP Ponto Focal ARPA Iran Sotero ICMBio/DIPI Ponto Focal ARPA Maria Iolita Bampi I Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 67 of 81 EX E C UTO R E S DO AR PA DE G O VE R NO S E STA D UAI S NOME INSTITUIÇÃO CARGO Eliani Fachim SEMA Mato Grosso Superintende de Biodiversidade Margarida Coelho SEMA Mato Grosso Ponto Focal ARPA Elder Monteiro Antunes SEMA Mato Grosso Analista Ambiental Katia Moser Borges de Oliveira SEMA Mato Grosso Analista Ambiental Vera Noriko Kuroyanagi SEMA Mato Grosso Analista Ambiental Eliani Mezzalira Pena SEMA Mato Grosso Analista Ambiental Henrique Santiago Alberto CEUC, Amazonas Chefe Deptº Pesquisas Francisco Aldemar da Silva Cruz CEUC, Amazonas Chefe Deptº Populações Trad. Rosa Maria Conceicão Ribeiro CEUC, Amazonas Chefe Admin Financeira Regina Pinheiro Cerdeira CEUC, Amazonas Coordenadora Voluntarios Gino Machado de Oliveira NATURATINS Ponto Focal, ARPA Marcus Lemgruber Porto SEDAM, Rondônia Ponto Focal, ARPA Raimundo Dimas Lima SEDAM, Rondônia Chefe, PE Corumbiara Austino Malaquires de Silva Mirim SEDAM, Rondônia Chefe, PE Guajara Juciley Gomes SEDAM, Rondônia Tecnica Rosário Almeida SEDAM, Rondônia Analista Ambiental Jose Moreira Zecao SEDAM, Rondônia Tecnico, Corumbiara Renato Berwenger da Silva SEDAM, Rondônia Eng Florestal Eleiney de Brito Silva SEDAM, Rondônia Técnico Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 68 of 81 PARC E I RO S PRI VADO S AD M IN IST R ADO RE S D O AR PA NOME INSTITUIÇÃO CARGO Pedro Leitão FUNBIO Secretário Geral Fabio Leite FUNBIO Gestor da Unidade de Programas Daniela Leite FUNBIO Gerente do Programa ARPA Marina Kahn FUNBIO Coordenadora do subcomponente 2.3 Marina Machado FUNBIO Coordenadora Financeira Bernadette Lameira FUNBIO Coordenadora de Procurement Natalia Prado Lopes Paz FUNBIO Assistente da Gerência do ARPA Mary Teixeira FUNBIO Assistente da Gerência do ARPA Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 69 of 81 FORNECEDORES DE ASSISTÊNCIA T ÉCNICA AO ARPA NOME INSTITUIÇÃO CARGO Mary Allegretti Consultorias Socioambientais Antropóloga Roberto Antonelli Filho Consultor Consultor Rogério Bittencourt Cabral Nexucs Consultor Silvia Brilhante SOS Amazônia Diretora Aldeci Cerqueira Maia Conselho Diretivo RESEX Ex-Presidente RESEX Cazumba Iracema Andreas Gettkant GTZ Coordenador de Reservas Naturais e Uso Sustentável de Recursos Greg Love WWF-EUA Funcionário de Programa par ao ARPA Lêda Luz GTZ Programa de Florestas Tropicais Francisco de Oliveira Filho WWF-Brasil Coordenador do Programa Áreas Protegidas e Apoio ao ARPA Cleani Paraíso Marques Nexucs Consultora Marcos Reis Araújo Nexucs Consultor Johannes Scholl Tropicais GTZ Programa Florestas Ronaldo Weigand, Jr Nave Terra Diretor e ex Diretor da UCP Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 70 of 81 PART IC I PANT ES NA G EST ÃO PO R R E SU LTADO S NOME UNIDADE DE CO NSERVAÇ ÃO INSTITUIÇÃO Alessandro Marcuzzi Mariana Macedo Leitão Parque Nacional do Jaú ICMBio Giovanna Palazzi Igor Matos Soares Tatiana Alves Parque Nacional de Anavilhanas ICMBio Christoph Bernhard Jaster Marcela de Marins Cassandra Pereira de Oliveira PN Montanhas do Tumucumaque ICMBio Mirian Magalhães Lucatelli Patricia Ribeiro Salgado Pina Reserva Biológica Lago Piratuba ICMBio Ricardo Motta Pires Kelly Bonach Parque Nacional Cabo Orange ICMBio Gino Machado de Oliveira Warley Carlos Rodrigues Lindomar José Wilke Parque Estadual do Cantão Carlos Augusto de Alencar José Risonei Assis da Silva Antônio de Almeida Correia Jr Reserva Biológica Rio Trombet Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 NATURATINS ICMBio Page 71 of 81 A NE XO H. 3 ACRÔNIMOS E SIGLAS ARPA Áreas Protegidas da Amazônia - Program de Áreas Protegidas da Amazônia. Um programa com múltiplos parceiros e doadores estruturado para expandir e consolidar o sistema de ares protegidas no Brasil para sustentar a biodiversidade amazônica de uma maneira significativa e representativa. A Fase 1 deu-se de 2002 a 2008. CAP Plano de Ação para a Conservação (Conservation Action Planning) – Metodologia desenvolvida pela organização The Nature Conservancy (TNC) e adaptada para o uso de 11 grandes organizações ambientais como Open Standard for the Pratice of Conservation (Conservationmeasures.org). CDB Convenção da Diversidade Biológica CER Redução de Emissões Certificada (Certified Emission Reductions) – usada nas negociações da CQNUMC (UNFCC) e mais amplamente conhecida como “créditos de carbono” em que cada unidade é equivalente a uma medida de dióxido de carbono ou um gás estufa equivalente. Cérebro Um sistema financeiro baseado na internet desenvolvido pelo FUNBIO que permite que todos os parceiros ARPA acompanhem como estão planejados os gastos ou o que tem sido realizado em onde os itens estão em andamento. Conta Vinculada Uma conta conjunta criada pelo FUNBIO que permite que o financiamento chegue diretamente às UCs do ARPA. O processo é transparente e tem uma conta bancária próxima de cada UC, permitindo que até R$10.000 estejam disponíveis para as atividades correntes aprovadas no plano anual. O fundo rotativo é reabastecido uma vez que os recibos sejam aprovados. COP Conferência das Partes (Conference of the Parties) – o mais alto corpo de tomada de decisões das partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas. Encontra-se anualmente para negociar os próximo passos nos acordos internacionais. CP Comitê de Programa – o comitê de vigilância que revisa anualmente os objetivos de planos do ARPA. É constituído de membros de todos os parceiros implementadores e da WWF-Brasil representando os doadores privados. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 72 of 81 DIPI Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral – Este departamento é parte do ICMBio, que por sua vez é parte do Ministério do Meio Ambiente do Brasil e um parceiro implementador do ARPA; DIUSP Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Este departamento é parte do ICMBio do MMA e constitui um parceiro implementador do ARPA. FAP Fundo Áreas Protegidas ou ARPA Trust Fund ou Fundo ARPA. Trata-se de um endowment fund estabelecido no FUNBIO para cobrir os custos recorrentes da UCs consolidadas no ARPA. FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Trata-se de uma associação civil sem fins lucrativos responsável pelo gerenciamento do fundo para o ARPA, estruturando o FAP, e controlando a execução dos Componentes 2.3 e 3. GEF Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environmental Facility) – Uma parceria global que une 178 países, instituições internacionais, organizações não governamentais, e o setor privado para tratar das questões ambientais globais e apoiar as iniciativas nacionais de desenvolvimento sustentável. É um grande apoiador financeiro do ARPA e gerido nesse caso pelo Banco Mundial. GTZ Agência Alemã de Cooperação Técnica (Deutsche Gesellschaftfur Technische Zusammenarbeit). Provê apoio técnico ao projeto ARPA. IBAMA Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Uma grande agência executora dentro do MMA que foca mais exclusivamente o cumprimento da legislação ambiental. ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Uma grande agência federal gestora no MMA criada em 2007 para assumir a responsabilidade de garantir a conservação ambiental em todo país, incluindo as áreas do ARPA. IIRSA Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sudamericana – Estabelecida em 2000 por 12 países sul-americanos, tem mais de 335 projetos de infraestrutura, dos quais muitos estão na Amazônia. INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Agência governamental responsável pelo reassentamento de populações sem terra em regiões da Amazônia, garantindo-lhes terra e oportunidade de geração de renda. Essa agência utiliza terras governamentais não ocupadas como parte de uma política brasileira de popular a Amazônia e melhorar a qualidade devida dessas populações. IPCC Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change) – Um corpo científico patrocinado pela ONU que avalia os riscos das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas. KfW Banco Alemão de Desenvolvimento (Kreditanstalt fur Wiederaujbau )Maior contribuidor financeiro para o ARPA. M&A Monitoramento e Avaliação – É parte do Componente 4 do ARPA Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 73 of 81 MMA Ministério do Meio Ambiente. ONG Organização Não Governamental – organizações privadas designadas a alcançar necessidades sociais específicas. Normalmente referida como “Terceiro Setor”, são no Brasil importantes críticos e parceiros implementadores de programas governamentais. PAD Documento de Apreciação do Projeto (Project Appraisal Document) – Escrito pelo Banco Mundial para esclarecer concessões e empréstimos. O PAD do ARPA foi escrito em 2002. REDD Emissões Reduzidas do Desmatamento e da Degradação (Reduced Emissions from Deforestation and Degradation). Veja REDD-ONU. SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas – Supervisiona a UCP, que é o corpo coordenador para a implementação do ARPA no governo federal. SECEX Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente SIMBIO Sistema de Monitoramento Ambiental Para Unidades De Conservação – Um sistema de monitoramento e avaliação que foi usado de base para o Componente 4 do ARPA. SisARPA Um sistema baseado na internet gerenciado pela UCP/MMA para acompanhar a eficiência da gestão das UCs em relação a padrões estabelecidos na implementação – ciclo de consolidação. Está disponível a todos os parceiros do ARPA e gestões de unidades. SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Foi decretado em 2002 pela Lei nº 9.985 para propiciar um claro guia legal para a conservação de áreas de todo o Brasil. UC Unidade de Conservação - Refere-se a todos os tipos de ares protegidas, incluindo as de Proteção Integral e Uso Sustentável. UCP Unidade de Coordenação do Programa – O maior corpo executor do ARPA no MMA. Esse grupo abriga a equipe que coordena a implementação do programa pelo governo federal. WWF Fundo Global para a Natureza (Worldwide Fund for Nature) – Constitui uma rede global de conservação sem fins lucrativos. A WWF é o maior doador financeiro do ARPA e a WWF-Brasil também conta com uma grande equipe dedicada a apoiar tecnicamente o programa. Referências aos membros da rede são feitas da seguinte forma: WWF-Brasil, WWFEUA, etc. Independent Evaluation of ARPA Phase 1 AligningVisions.com – March 2009 Page 74 of 81 A NE XO H. 4 BIBLIOGRAFIA DOCUMENTOS REFERENCIADOS DURANTE A AVALIAÇÃO INDEPENDENTE Almeida da Silva, Maria do Rozario, “Gestão Participativa: Licôes Aprendidas com o Parque Estadual de Guajará Mirim em Rondônia. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental. Porto Velho. ARPA, “Amazônia Brasileira 2007.” Mapa confeccionado pelo Instituto Socioambiental e pelo Programa Areas Protegidas da Amazônia – ARPA. Representações de áreas de conservação na Amazônia Legal. Junho, 2007. 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