tânia fator
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POTENCIAR CONSULTORES ASSOCIADOS PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICODRAMA ORGANIZACIONAL EM T&D TÂNIA FATOR PSICODRAMA PARA NÃO-PSICODRAMATISTAS: ENSINANDO PSICODRAMA EM SALAS DE PÓS-GRADUAÇÃO SÃO PAULO 2012 TÂNIA FATOR PSICODRAMA PARA NÃO-PSICODRAMATISTAS: ENSINANDO PSICODRAMA EM SALAS DE PÓS-GRADUAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do Título de Psicodramatista Nível I pela Federação Brasileira de Psicodrama – Febrap. Profª. Joceli Drummond – Orientadora SÃO PAULO 2012 2 TÂNIA FATOR PSICODRAMA PARA NÃO-PSICODRAMATISTAS: ENSINANDO PSICODRAMA EM SALAS DE PÓS-GRADUAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do grau de Psicodramatista Nível 2, tendo sido julgado pela Banca Examinadora formada pelos professores: ____________________________________________________________ Orientadora: Profª. Joceli Drummond ____________________________________________________________ Membro da Banca: Profª. Celina Dias Borges Sobreira ____________________________________________________________ Membro da Banca: Andréa Claudia de Souza São Paulo, de 3 de 2012 RESUMO Esse trabalho levantou alguns questionamentos sobre o ensino de Psicodrama nos cursos de pós-graduação de universidades paulistanas, principalmente, cursos que enfocam a área de gestão de pessoas nas organizações. A elaboração desse trabalho teve como ponto de partida a constatação de que o Psicodrama tem sido utilizado no campo organizacional desde meados do século XX e, no seu processo de desenvolvimento histórico, enquanto ciência aplicada, tem se dedicado à adequação espontânea dos indivíduos aos fins definidos por suas organizações, permitindo ações efetivas relacionadas a trabalhos em equipes, redução de conflitos, integração de profissionais às condições de trabalho, seleção de pessoas etc. Tal contribuição tem incentivado a existência de disciplinas relacionadas à aplicação do Psicodrama sócio-educativo no contexto organizacional. Mas, era preciso saber com qual intenção essas disciplinas psicodramáticas têm sido ensinadas nesses cursos? Qual tem sido seu conteúdo, quem tem sido seu professor e com que compromisso elas têm sido desenvolvidas? Também era preciso realizar uma reflexão crítica, moral e ética dessa prática educacional. Os resultados apurados por esse trabalho levaram a uma reflexão sobre a visão de mundo que estava na base do ensino do Psicodrama, e a partir dela, o questionamento das formas de compreender sua contribuição, suas limitações e suas implicações éticas, merecendo o cuidado e o rigor científico típicos dos grandes desafios da humanidade para sobreviver com dignidade. Nesse sentido, a apresentação dos resultados de uma pesquisa empírica sobre as percepções que os alunos de pós-graduação construíram a respeito do Psicodrama revelaram algumas pistas sobre essa problematização. Palavras-chave: Psicodrama, gestão de pessoas, ensino de pós-graduação, papel profissional. 4 I. INTRODUÇÃO A elaboração desse trabalho teve como ponto de partida a constatação de que o Psicodrama tem sido utilizado no campo organizacional desde meados do século XX e, que no seu processo de desenvolvimento histórico, enquanto ciência aplicada, tem se dedicado à adequação espontânea dos indivíduos e aos fins definidos por suas organizações, permitindo ações efetivas relacionadas a trabalhos em equipes, redução de conflitos, integração de profissionais às condições de trabalho, seleção de pessoas etc. Tal contribuição tem incentivado a existência de disciplinas relacionadas à aplicação do Psicodrama no contexto organizacional. Mas, era preciso saber com qual intenção essas disciplinas psicodramáticas têm sido ensinadas nesses cursos? Qual tem sido seu conteúdo, quem tem sido seu professor e com que compromisso elas têm sido desenvolvidas? Também era preciso realizar uma reflexão crítica, moral e ética dessa prática educacional. Por esses motivos é que esse trabalho pretendeu levantar alguns questionamentos sobre o ensino de Psicodrama nos cursos de pós-graduação de universidades paulistanas, principalmente, cursos que enfocavam a área de gestão de pessoas nas organizações. Para compreender-se o conceito de Psicodrama que se estava assumindo nesse trabalho, fazia-se necessário retomar o sentido da palavra “drama”: pois, por um lado, podia-se pensar em drama como sinônimo de vida, um estado do ser, como se fosse um conjunto de experiências vividas. Mas, por outro lado, podia-se pensar em drama como sinônimo de movimento, de ação, como se fosse um dos momentos da vida. Esta segunda idéia aproximava-se mais da concepção de Psicodrama, ao contrário do senso comum, que confundia (e continua confundindo) a ideia de drama com a idéia de tragédia, ou ainda, com o estado negativo de uma situação. Drama, tal qual se encontra nos dicionários, é uma transliteração do grego, que significa ação ou coisa feita. Assim, Psicodrama pode ser compreendido como uma transliteração de uma coisa feita à psique e com a psique - a psique em ação. O Psicodrama pode ser definido, pois, como “a ciência que explora ‘a verdade’ por métodos dramáticos” (MORENO, 1990, p. 61). Contudo, sempre é preciso fazer uma diferenciação entre o método psicodramático e sua fundamentação teórica. Historicamente, o Psicodrama enquanto 5 método terapêutico surgiu primeiro, como decorrência do teatro da espontaneidade e da ação terapêutica da dramatização, praticados por Moreno, em Viena, no início do século 20. Muito tempo depois, já nos EUA, é que Moreno foi sistematizando o corpo teórico subjacente ao seu método, ao que denominou de Teoria Socionômica, e que foi dividida em três grandes áreas de conhecimento: a Sociometria, a Sociodinâmica e a Sociatria. Entretanto, para fins literários, este trabalho manteve a terminologia “Psicodrama” como designação geral do projeto socionômico moreniano. Dessa forma, pode-se dizer que Psicodrama é uma metodologia específica e que, apesar de sustentada por conceitos teóricos diferentes, os quais convergem em uma visão antropológica vincular, estuda as condutas humanas entendidas como desenvolvimento de papéis (sempre em relação a seus contra-papéis ou papéis complementares). Esse procedimento visa especificamente à investigação das dificuldades e dos entraves ao desempenho livre, espontâneo, criativo e responsável de tais papéis (MENEGAZZO, 1995, p.173). “O papel é a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos” (MORENO, 1990, p.27). Os papéis são, segundo Moreno, os embriões e os precursores do “eu”, porque há neles um esforço para se agruparem, integrando-se em uma unidade existencial. Eles estão presentes desde o nascimento e, segundo Moreno, surgem antes da linguagem, pois as matrizes de ação são anteriores às matrizes verbais. Estes papéis carregam consigo as regras sociais, características e peculiaridades próprias da cultura em que se estruturam. Moreno considera que o homem encontra-se cindido entre os desejos de sua pessoa privada e a dimensão social dos papéis que desempenha no cotidiano. Dessa maneira, o homem moreniano é um ser social contextualizado em um momento em que desempenha seus papeis e constrói seus vínculos afetivos, portanto, a inter-relação histórica com os outros constitui seu eixo fundamental. Essa visão do Psicodrama leva a outro aspecto de destaque nesse trabalho que é o conceito de expansividade afetiva, por meio do qual se pode compreender a afetividade dos indivíduos e sua relação com o contexto organizacional onde desempenham seus papeis sociais. A expansividade afetiva é segundo Moreno, "... a energia afetiva que permite que um sujeito retenha o afeto de outros indivíduos durante um período de tempo dado." 6 (MORENO, 1972, p.63). Sua origem e permanência estão diretamente relacionadas com as redes sociométricas e a formação da identidade dos indivíduos; além do que, ela é influenciadora da espontaneidade e da criatividade, ajudando ou dificultando o desempenho dos papéis pertencentes a cada um desses indivíduos. É dessa maneira que este trabalho pretendeu investigar como os alunos de cursos de pós-graduação percebiam a importância do nível de expansividade afetiva ser desenvolvido ou aprimorado por meio de intervenções psicodramáticas em organizações empresariais. Duas eram as perguntas de investigação que se fez nele: é possível que o aluno de pós-graduação perceba a importância de melhorar o nível de expansividade afetiva de um indivíduo que trabalha em uma organização empresarial? E, é a intervenção psicodramática na sala de aula, uma forma adequada de desenvolvimento de pessoas para esta finalidade? A hipótese básica desse trabalho estava fundamentada na ideia que existe a possibilidade de despertar a percepção de alunos de pós-graduação para a importância de superar os conflitos existentes nos desempenhos dos papéis profissionais por meio de procedimentos psicodramáticos que facilitem a integração catártica, recolocando os indivíduos em seu projeto natural de existência, buscando sua liberdade, espontaneidade, criatividade e transformação evolutiva. II. A QUEM SERVE O PSICODRAMA? Jacob Levy Moreno (1889-1974), o criador do Psicodrama, era de família judia, originária da península ibérica, radicada na Romênia. Ele tinha cinco anos de idade quando sua família se fixou em Viena, onde mais tarde estudou Filosofia e Medicina. Desde muito cedo, Moreno dedicou-se a trabalhos experimentais, utilizando o teatro como metodologia e, discutindo problemas sociais com grupos de pessoas. Em 1921, fundou o "stegreiftheater" (teatro da espontaneidade) cujo objetivo era desenvolver a capacidade criadora e a espontaneidade do ser humano. Em 1923, ele descobriu a ação terapêutica da dramatização, fundando o teatro terapêutico. Em 1925, emigrou para os EUA, onde criou a psicoterapia de grupo, a sociometria e o Psicodrama público. Em 1934, Moreno publicou "Who shall survive?", reeditado em 1953 como título "Fundamentos de la sociometria", em Buenos Aires. Em 1942, fundou-se o 7 Instituto Moreno de Nova York - EUA e a Sociedade Americana de Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Daí para frente houve uma expansão mundial de suas teorias, para as quais criou um projeto amplo chamado de projeto socionômico, ou Socionomia. Para compreender-se o significado da palavra Socionomia, é necessário desmembrá-la em "sócio" - derivado do latim "socius", cujo significado é companheiro: e, "nomia" - derivado do grego "nomus”, que significa regra, lei, aquilo que regula. Assim, etimologicamente, o conceito carrega o sentido da própria definição que Moreno lhe dá como sistema teórico-prático: as leis do desenvolvimento social e das relações sociais. Com a Socionomia, Moreno pretendia verificar como a inter-relação indivíduogrupo se realizava, se cristalizava ou se transformava na realidade concreta, a partir de como era vivenciada por cada indivíduo no grupo. Para isto, a Socionomia foi sistematizada em três áreas de conhecimento: a sociometria, a sociodinâmica e a sociatria, de forma que a investigação e o investigador fossem ativos e dinâmicos, participando e se envolvendo com o fenômeno a ser conhecido. A sociometria foi sistematizada com a finalidade de "medir a intensidade e a expansão das correntes psicológicas, que se infiltram no seio das populações, através de uma investigação metódica acerca da organização e evolução dos grupos e da posição dos indivíduos nos mesmos”. (MORENO, 1990, p. 62) Fazem parte da Sociometria: o teste sociométrico, em suas diversas modalidades; o teste de expansividade afetiva, e o sociograma, que evidencia a estrutura grupal, suas congruências e incongruências, suas relações télicas e transferenciais. É dentro da sociometria que se encontra o conceito de rede sociométrica, que é uma dada organização de relações vinculares, resultante das inter-relações psicossociais dos indivíduos. Estes vínculos perceptuais e afetivos são motivados pelas escolhas, espontâneas ou não, baseados nos critérios dos indivíduos naquele momento. Assim, é possível ocorrerem vários tipos de configurações sociométricas, que são as figuras expressas pela situação pessoal de cada um e de todos os indivíduos pertencentes à rede. A Sociodinâmica pode ser entendida como a ligação entre a Sociometria e a Sociatria e seus principais métodos são os jogos de Papéis (Role-playing), que podem ser empregados na exploração dos vários vínculos grupais em que um indivíduo se encontra através de seus diversos papéis. A Sociatria tem a finalidade de realizar tratamentos dos sistemas sociais. Fazem parte dela: a psicoterapia de grupo, o Psicodrama e o sociodrama. Moreno afirmava que 8 com esses métodos de tratamento, poder-se-ia atingir a cura do social mais amplo da humanidade. O sociodrama, assim como o Psicodrama, é um método de intervenção e tratamento das relações sociais, entretanto há algumas diferenças entre eles no que tange ao foco do trabalho com o protagonista, pois no Psicodrama há um sentido estrito na investigação dos papéis do átomo social originário. Por átomo social pode-se entender o grupo de pessoas, reais ou imaginárias, percebido pelo indivíduo como seu grupo: por tele, pode-se entender a capacidade de se perceber, de forma objetiva, o que ocorre nas situações e o que se passa entre as pessoas (é uma empatia bilateral), ou ainda, é um conjunto de processos perceptivos, uma telesensibilidade. Ao contrário, a transferência é a patologia do fator tele, ou seja, é a causa de distorções ou equívocos nas relações interpessoais. Neste caso, não há possibilidade de ocorrer o "encontro", pois ele é essencialmente a experiência da relação télica (percepção mútua profunda). O conceito psicodramático se contrapõe à exclusividade da individualidade como forma de ação, por isso é basicamente uma abordagem grupal, que tem seu núcleo central nas relações estabelecidas na ação dramática. O drama explicitado no contexto dramático emerge da estrutura aberta do grupo e, representa o drama originado no contexto social. O protagonista, ou seja, o emergente do grupo coloca no palco a realidade e a fantasia, para poder posteriormente discriminá-las. A utilização das técnicas psicodramáticas possibilita aos indivíduos poderem perceber, por meio da ação, o real concretizado no aqui e agora do contexto dramático. Essa abertura perceptiva fornece uma ampliação de suas potencialidades de ação, entre as quais ele pode optar por uma. Assim, há um processo de escolha, subjacente à ação espontânea, o que permite um corte na repetição cega do passado. "O fundamento do Psicodrama é o princípio da espontaneidade criadora, a participação desinibida de todos os membros do grupo na produção dramática e na catarse ativa” (MORENO, 1974, P.38). Apesar das diferenciações técnicas e processuais que a fundamentação teórica socionômica pretende na prática esses procedimentos se interpõem e seguem as necessidades que o momento dramático exige. Sua realização se dá dentro de uma estrutura, que é a rigor tipicamente a do Psicodrama, composta por: três contextos, quatro etapas, quatro instrumentos e cinco técnicas básicas. Assim considera-se que, em uma sessão de Psicodrama, os indivíduos estão inseridos em três contextos diferentes: o 9 social, onde estão suas vinculações com a sociedade e a cultura onde vivem; o grupal, onde estão suas vinculações com os outros indivíduos dos grupos a que pertencem; e, o psicodramático, onde estão suas vinculações com os integrantes do momento terapêutico, no momento de sua existência. Desta forma, pode-se dizer que o indivíduo faz parte de uma realidade psicodramática, composta pelos três contextos ao mesmo tempo. Seu desenvolvimento se dá em quatro etapas: 1) aquecimento inespecífico, que é por onde o método se inicia, visando estabelecer o vínculo psicodramático e facilitar a emergência do protagonista; 2) aquecimento específico, que é a preparação da cena, do cenário e do clima trazido pelo protagonista para serem dramatizados, além dos personagens que serão representados pelos ego-auxiliares; 3) dramatização, que é a representação dos papéis "como se" fosse realidade, utilizando-se das técnicas básicas e alternativas, a fim de facilitar a espontaneidade, a relação télica e o encontro; 4) compartilhamento, que é a última etapa necessária ao compartilhar entre o grupo, das emoções e vivências, assim como, das catarses ocorridas na sessão. Toda a movimentação do Psicodrama se faz por meio de técnicas vivenciais de representação de papéis, das quais cinco são as mais básicas: o duplo, o espelho, a inversão de papéis, o solilóquio e a interpolação de resistências. Para a realização do Psicodrama também são necessários quatro instrumentos básicos: o diretor, que é o psicodramatista que conduz a sessão; o ego - auxiliar, que é alguém com o papel complementar do diretor dentro do grupo; o protagonista, que é o elemento emergente espontâneo que irá representar uma cena; e, a platéia, que é o grupo com quem o protagonista irá se relacionar. Como já foi dito, Moreno descobriu que há um processo catártico no Psicodrama e que o princípio comum produtor da catarse é a espontaneidade. Para ele, a catarse pode ser entendida como a movimentação télica existente entre dois ou mais indivíduos, quer dizer, aqueles conteúdos que estavam afastados da consciência, a partir da ação psicodramática vêm à tona e possibilitam a clareza de possibilidades existenciais para os participantes da sessão, quer seja individual ou em grupo. É esta integração que possibilita a formação da identidade ou sua rematrização. A espontaneidade, segundo Moreno, amplia o estado de consciência dos indivíduos, levando-os a um estado de co-inconsciente grupal, que só é possível a partir de relações télicas. É dessa maneira que acontece a emergência de um protagonista que, 10 naquele momento, manifesta o contexto psicodramático. Ele, protagonista, "traz a mente para fora", objetivando-a na dramatização, de tal forma que, os componentes subjetivos tornam-se diretamente visíveis, observáveis e mensuráveis. A partir dessa objetivação é que se dá a ressubjetivação, ou seja, a reintegração psicodinâmica. A dramatização possibilita uma realidade tangível, onde o psicodramatista possa participar, a fim de junto com o protagonista possibilitar o encontro. Segundo Moreno, o caráter transformador da ação espontânea é o que garante ao indivíduo a sua condição de criador, ou seja, é o que permite as modificações na sua relação com o mundo. O ato criador é antagônico à conserva cultural. Ele acontece no momento presente, no durante, e não no produto acabado. Ao preferir valorizar a obra acabada, o Homem esquece-se de observar as mudanças que ocorreram em si mesmo durante o processo de criação. O homem primitivo viveu e criou no momento mas logo que os momentos de criação passaram, ele mostrou-se muito mais fascinado pelo resultado dos atos criadores pretéritos: sua cuidadosa conservação e avaliação do seu valor, do que pela manutenção e continuação dos processos da própria criação.Pareceu-lhe ser um estágio mais elevado de cultura desprezar o momento, sua incerteza e desamparo e empenhar-se em obter conteúdos, proceder à sua seleção e idolatrá-los, lançando assim os alicerces de um novo tipo de civilização, a civilização da conserva (MORENO, 1974, p. 43). Nesta filosofia do ato criador, não há lugar para a diferença entre consciente e inconsciente, já que o inconsciente é um reservatório continuamente enchido e esvaziado pelos ‘indivíduos criadores’. Foi criado por eles e, portanto, pode ser desfeito e substituído. Assim podemos encontrar cinco características no ato criador: a espontaneidade, a sensação de surpresa ou de inesperado, a irrealidade, o atuar sui-generis e, a consubstanciação mimética. O agente criador encontra seu ponto de partida no estado de espontaneidade, que é uma entidade psicológica independente. Além disso, o ‘estado’ não surge automaticamente: não é preexistente. É produzido por um ato de vontade. Surge espontaneamente. Não é criado pela vontade consciente, que atua freqüentemente como barreira inibitória, mas por uma libertação que, de fato, é o livre surgimento da espontaneidade (MORENO, 1974, p. 86). 11 A espontaneidade e a criatividade para Moreno são fenômenos primários e positivos, ou seja, não são derivados de nenhum outro impulso. A espontaneidade é definida como “a resposta do indivíduo a uma nova situação, ou uma nova resposta a uma situação antiga, de modo adequado” (MORENO, 1974, p. 86). Deve-se atentar para o termo adequado que está aqui, nem com o sentido de adaptado e nem de ajustado, mas sim de integrado. Dar respostas de um modo integrado significa perceber claramente a si mesmo e a situação no aqui - agora, procurando transformar seus aspectos insatisfatórios. Quanto à gênese da espontaneidade, Moreno é favorável à idéia de que ela é um fator psicológico, ou como ele diz o fator “E” não é, estritamente, um fator hereditário nem, estritamente um fator ambiental. No atual estado das pesquisas biogenéticas e sociais, parece ser mais estimulante supor que, no âmbito da expressão individual, existe uma área independente entre a hereditariedade e o meio ambiente, influenciada, mas não determinada pela hereditariedade (genes) e pelas forças sociais (tele). O fator E teria a sua localização topográfica nessa área. É uma área de relativa liberdade e independência das determinações biológicas e sociais, uma área em que são formados novos atos combinatórios e permutações, escolhas e decisões, e da qual surge a inventiva e a criatividade humanas (MORENO, 1974, p.101). Entretanto, deve-se aqui fazer uma pontuação: a espontaneidade não é em si uma energia, não fica armazenada no indivíduo ou em algum reservatório inconsciente. A espontaneidade é variável dentre os indivíduos e dentre as situações do momento. Ela funciona como um catalisador psicológico. Para as situações novas, o indivíduo recorre à sua espontaneidade, dosando a quantidade necessária e adequada para a situação vivida. "A espontaneidade só funciona no momento de seu surgimento, assim como, falando metaforicamente, se acende uma luz numa sala e todas as suas partes se tornam claras. Quando se apaga a luz, a estrutura básica da sala continua sendo a mesma e, no entanto, desapareceu uma qualidade fundamental." (MORENO, 1974, p.136). Assim entendida, a espontaneidade surge no próprio ato do nascimento, quando para responder a uma situação nova (o parto) o bebê busca respostas novas e adequadas, porque sem elas é provável que não sobreviva. Daí para frente, o desenvolvimento da espontaneidade estará ligado ao desenvolvimento da pessoa. 12 As primeiras experiências da criança, quanto à sua formação, percepção e aprendizado emocional, relacionam-se estreitamente com o desenvolvimento da sua matriz de identidade, que é a placenta social da pessoa. Segundo a teoria de Moreno, isto se dá em duas etapas: l - fase da identidade total ou unidade e, 2 - a fase de se usar essa experiência para a inversão da identidade. Essa matriz sofre uma evolução e durante este processo evolutivo a criança vai sendo envolvida no emaranhado da rede de papéis sociais. O percurso da matriz é retomado a cada novo papel que o indivíduo desenvolve e, ao fazê-lo utiliza-se da experiência adquirida na aquisição de outros papéis semelhantes (efeito cacho). Dessa forma, a matriz de identidade evolui até uma matriz social, onde há mais independência e autonomia, sem, contudo ser abandonada. Ao contrário, a matriz de identidade fica internalizada, dando o tônus télico ou transferencial aos seus futuros átomos sociais. Moreno, em um de seus textos, faz um convite à humanidade para que viva um acontecimento especial, o encontro, que alguns podem experimentar eventual e repentinamente, mas que escapa a definições lógicas. Nele é essencial que esteja presente a relação télica, ou seja, que haja mútua disponibilidade de duas pessoas capazes de se colocarem uma no lugar da outra (capacidade de realizar a inversão de papéis). Os papéis carregam consigo as regras sociais, características e peculiaridades próprias da cultura em que se estruturam. Moreno considera que o homem encontra-se cindido entre os desejos de sua pessoa privada e a dimensão social dos papéis que desempenha no cotidiano. Segundo ele, os indivíduos têm três tipos fundamentais de papéis: os psicossomáticos, os sociais e os psicodramáticos. Nos dois primeiros, há apenas a reprodução da cultura em que o indivíduo está inserido, o que dá forma à conserva cultural. Porém, o próprio Moreno adverte: "a troca de antigas conservas culturais por novas não alteram a posição do homem em sua luta com as realidades do mundo que o cerca e não pode ajudar no desenvolvimento de uma sociedade humana na qual o homem tem que ser o verdadeiro senhor.” (MORENO, 1974, p.157). Ao longo do tempo a humanidade valorizou apenas uma etapa do ato criador, a obra pronta e terminada. O homem receoso dos riscos que teria de correr com o processo de espontaneidade e criatividade deixou-se iludir pela automação e pelo autoritarismo. No começo, as máquinas e as conservas culturais não ameaçavam o homem, porque eram poucas e estavam sob o seu controle. Mas, com o tempo, elas fizeram o seu trabalho e até melhor que ele, e então, o homem não teve tanto controle 13 sobre o processo industrial. Parece que ao tentar novas formas de governo e de sociedade, o Homem tentou mudar as relações de produção e distribuição, a fim de recuperar o seu status social. Contudo, parece que ainda não conseguiu fazê-lo. Moreno faz uma proposta para esta situação: a revolução criadora. Existe um modo, simples e claro, em que o homem pode lutar, não através de destruição, nem como parte da engrenagem social, mas, como indivíduo e criador, ou como uma associação de criadores. Ele tem de encontrar uma estratégia de criação que escape à traição da conservação e à concorrência do robô. Essa estratégia é a prática do ato criador, o homem como um instrumento de criação que muda continuamente os seus produtos. Apesar da espontaneidade não ser mais nova do que a humanidade, é nela que irá se sobrepor a transição para o refazer do próprio homem. É preciso lutar contra fantasmas: o da produção conservada. Se isso acontecer, ‘a sobrevivência do mais apto’, será substituída pela sobrevivência do criador. O homem terá escapado, sem abandonar coisa alguma do que a civilização da máquina produziu, para um Jardim do Éden (MORENO, 1990, p. 157). 1) A EXPANSIVIDADE AFETIVA Retomando o que já foi dito anteriormente sobre a expansividade afetiva dos indivíduos, ela é uma força de cunho afetivo por meio da qual um sujeito retém o vínculo com outros indivíduos durante certo período de tempo. Além do que ela é influenciadora da espontaneidade e criatividade, ajudando ou dificultando o desempenho dos papéis pertencentes a cada um desses indivíduos, o que sugere que ela está totalmente implicada na formação e funcionamento das suas identidades. Moreno propõe que com a espontaneidade todos os fenômenos psíquicos são novos e flexíveis, porque ela lhes confere a qualidade de momentaneidade. Mesmo reconhecendo a possibilidade de estruturas psíquicas estereotipadas, ele aponta a fluidez repetida do fator ‘E’, o que leva à existência criadora. "Por outras palavras, é devido à operação de um fator ‘E’ que pode ter lugar uma mudança na situação e que uma novidade é percebida pelo sujeito. Uma teoria do momento é inseparável de uma teoria da espontaneidade. Numa teoria do comportamento e da motivação humanos, o lugar central deve ser dado à espontaneidade." (MORENO, 1990, p. 61). 14 Por trás desse conceito de expansividade afetiva está a concepção de vínculo, que no Psicodrama é a unidade humana, e, portanto, é mais que uma relação, é uma interrelação afetivo-perceptual. Dessa forma não há como trabalhar com a individualidade, enquanto pólo singular de uma relação é preciso considerar-se a totalidade, não como uma simples soma de partes individuais, como uma unidade contextual. Tampouco o grupo humano está formado por unidades individuais; é o conjunto e a integração de cada um dos vínculos estabelecidos que palpitam dentro do mesmo grupo. Cada grupo é uma constelação afetiva composta por muitas unidades relacionais entretecidas umas às outras, formando como que uma rede. Falando de outro modo, assim como cada par ou díade é um átomo, cada grupo se comporta a maneira de uma molécula de humanidade, no interior do tecido social mais amplo. Essas constelações humanas se mantêm como tais precisamente porque estão em constante intercomunicação afetiva (MENEGAZZO, 1995, p. 217). Há um aspecto muito sério nesta postura, que convém discutir no âmbito organizacional: não se pode pensar ou estudar a pessoa separando-se as suas partes, nem tão pouco considerando a pessoa como imutável. As pessoas não estão como estão para sempre. Elas foram de um jeito, estão sendo assim e, provavelmente, serão de outro modo ainda. Seus processos psíquicos estão todos imbricados, desenvolvendo-se conjuntamente, não havendo nenhuma separação entre eles. Daí o trabalhador de uma organização precisar ser visto como uma unidade contextual. Se for concebido que as pessoas são seres integrais e que, não se podem separar suas funções psíquicas, sociais e vitais, então, é preciso estudar o seu processo de desenvolvimento, onde ação, emoção e pensamento não existem separadamente, mas articulados. Assim, as emoções que também têm função comunicativa e, tal qual a linguagem e a ação, possibilitam a tomada de posição dos indivíduos frente à realidade, devem ser estudadas. Entretanto, é preciso lembrar que há uma grande dificuldade na manifestação dos sentimentos (principalmente porque a fala é limitada para este fim), pois, o homem moderno perdeu a sua espontaneidade: falar de si, pensar sobre si mesmo e agir consigo tornaram-se dimensões alienadas. Apesar disso, o sentimento é uma informação sobre o significado das coisas para as pessoas e, seu estudo, através da expansividade afetiva, é um caminho para a investigação da consciência dos indivíduos. 15 Para estudar o conceito de expansividade afetiva, Moreno baseou-se na tese de que a expressão quantitativa dos sentimentos de simpatia ou antipatia pode ser facilmente medida. Além disso, afirmava que um indivíduo teria sua expansividade afetiva diferente de outro, porque as pessoas dispensam sua energia afetiva mais para quem se sentem espontaneamente atraídas, influenciando diretamente a organização de seu grupo. Por meio de seu estudo pode-se chegar ao processo vincular social dos indivíduos e de seus grupos, e a partir dele, à possibilidade da superação dos seus conflitos existenciais, ou seja, o resgate de sua espontaneidade, que no Psicodrama é o caminho da saúde. Esta expansividade afetiva tem sua origem no início da vida, como explica o próprio Moreno: "A família é a instituição social que mais contribui para desenvolver a sociabilidade do homem e para dar forma própria a sua necessidade de expansividade afetiva” (MORENO, 1972, p.72). No início da vida, a plasticidade do bebê recémnascido é virtualmente ilimitada, quer dizer que é maior que a de qualquer adulto. Mas, há um processo de influência do grupo familiar não somente sobre a qualidade dos interesses afetivos, mas também sobre a quantidade desses vínculos, quer dizer, sobre a expansividade dos mesmos. A dimensão familiar obriga a criança a concentrar sua atenção na elaboração de um número de relações sociais que se vinculam com seus pais e irmãos, contendo e canalizando sua sede de expansão e fazendo-a adquirir o hábito de contentar-se com esse número de relações. Quando a criança cresce, só consegue participar de um número de relações que aprendeu no início de sua vida, estabelecendo o quantum de relações afetivas um pouco acima ou abaixo dessa média. “Se ela tiver novos amigos ou inimigos, deixará de interessar-se por um número igual de amigos e inimigos antigos. Presumivelmente, seu equilíbrio não poderá manter-se acima de certo limite.” (MORENO, 1972, p.72). O teste de nível de expansividade afetiva foi realizado por Moreno pela primeira vez em uma escola de Hudson, perto de Nova York e descrito em seu livro "Fundamentos de la Sociometria", com objetivos psiquiátricos. Apesar de sua importância, na compreensão e transformação das relações indivíduo-sociedade e de sua aplicabilidade na pesquisa de fenômenos organizacionais como liderança e motivação no trabalho, o estudo da expansividade afetiva não tem sido encontrado na literatura especializada. 16 Outro aspecto relevante é o fato dele contribuir para a melhoria do desempenho profissional dos trabalhadores com os quais são realizadas as intervenções psicodramáticas, na intenção de facilitar a melhoria da qualidade de vida dos sujeitos, propiciando a reflexão sobre sua subjetividade e seu mundo. De outra maneira, saber "... o porquê das necessidades, de como as atividades vem sendo realizadas, ou seja, como as ações se encadeiam e que resultados são obtidos, tornando possível a todas as pessoas envolvidas recuperarem, através do pensamento e ação, da comunicação e cooperação entre elas, as suas histórias individual e social e, conseqüentemente, desenvolverem a consciência de si mesmas e de suas relações historicamente determinadas." (LANE, 1983, p.68). Há ainda outra relevância que precisa ser identificada: este conceito abre caminho para melhorar a qualidade da força de trabalho, sem, contudo, perder a razão e a verdade sobre as relações de produção. "Máquinas e corações podem funcionar em harmonia, sincronizando os batimentos pelo ritmo humano. Revalorizar o homem face à tecnologia, sem pieguice nem dogmatismo - eis a proposta para uma autêntica Renascença Organizacional.” (MOSCOVICI, 1988, p.118). III. CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS AO COTIDIANO PROFISSIONAL A iniciativa de aplicar as ciências psicossociais na compreensão dos problemas humanos da empresa surgiu nos EUA, com a Segunda Guerra Mundial, sendo que dois tipos de fatores impulsionaram essa iniciativa: um econômico, a crescente complexidade dos problemas sociais e empresariais; o outro, científico, o desenvolvimento das ciências nesse país. Entre os impulsionadores desta idéia pode-se destacar Kurt Lewin, psicólogo alemão emigrado para os EUA na década de 40 que, acreditava no valor instrumental das ciências do comportamento para a solução de problemas sociais (LEWIN, 1951). Na década de 50, a teoria e a prática de mudanças planejadas se desenvolveram notavelmente e começou a ser aplicada, especialmente nos EUA, em grandes organizações, que recorriam ao assessoramento de psicólogos sociais para maximizar a utilização de seus recursos humanos. Esse movimento intelectual representou uma mudança no papel do psicólogo social nesse país que se ampliou de uma postura basicamente acadêmica, para também, uma postura pragmática. Esse novo enfoque se insere no que se chama (planned organizational change) "mudança organizacional 17 planejada" (BENNIS, 1966, p. 96), que tem como característica fundamental a intervenção de um assessor externo ou um agente de mudança (habitualmente um psicólogo social) que ajuda a um cliente, com o qual estabelece uma relação de colaboração, a fim de aplicar conhecimentos científicos válidos à solução de problemas do cliente. Posteriormente, a difusão destas aplicações nas organizações deu lugar, na década de 60, a um conjunto de enfoques e técnicas que receberam o nome de Desenvolvimento Organizacional (Organizational Development) que é, nas palavras de Bennis (um de seus fundadores), "uma espécie de estratégia educacional", no sentido de pretender ajudar o cliente a aprender como abordar melhor seus problemas, "para elaborar uma mudança organizacional planejada” (BENNIS, 1969, p. 10). Esta série de aplicações das ciências psicossociais constitui uma entre tantas intervenções de assessores externos nas organizações. Baseadas nessas experiências e em investigações paralelas foram desenvolvidas teorias e práticas de intervenção psicológica a partir da década de 70 e que continuam sendo aplicadas até hoje nas empresas do mundo todo, inclusive no Brasil. Era dessa maneira que, nesse contexto, a globalização enquanto movimento socioeconômico estava tomando corpo. Ela não é um fenômeno recente, mas ao contrário, já era uma questão instrumental para a dominação cultural via revolução tecnológica. Ao mesmo tempo, essa época assistia ao surgimento de teorias que criticassem essas intervenções e denunciassem as relações injustas entre capital e trabalho presentes no cenário empresarial, que levam à impossibilidade de se atingir a integração social pela humanidade. O pensamento de Agnes Heller (1977) é um bom exemplo para ilustrar essa época. A autora é filósofa neo-marxista, atualmente com forte influência existencialista. Seus temas principais destacaram o cotidiano, as emoções e as necessidades como categorias de análise das relações sociais. O cotidiano, segundo Heller, pode ser entendido como o pano de fundo, o espaço empírico onde se dão as objetivações, que são as relações entre o universal e o particular, as formas de individuação da transformação social; segundo a autora ele pode ser encarado como um paradigma e uma categoria de análise dos indivíduos, enquanto questão ética, onde a alienação é o fator central. É, ainda, o lugar de vida do homem por inteiro, tanto da alienação, quanto da sua superação. 18 Quanto mais dinâmica é a sociedade, quanto mais casual é a relação do particular com o ambiente em que se encontra ao nascer (especialmente depois da chegada do capitalismo), tanto mais está obrigado o homem a por continuamente à prova sua capacidade vital, e isto para toda a vida, quanto menos pode dar por acabada a apropriação do mundo com a maioridade. O particular, quando muda de ambiente, de emprego, ou de ambiente social, se enfrenta continuamente com novas tarefas, deve aprender novos sistemas de uso, adequar-se a novos costumes. Ainda mais: vive ao mesmo tempo entre exigências diametralmente opostas, para o que deve elaborar modelos de comportamentos paralelos e alternativos. Resumindo, deve ser capaz de lutar durante toda a vida, dia após dia, contra a dureza do mundo (HELLER, 1977, p. 22). Como já foi dito, o universo das relações sociais nas empresas tem sido alvo de inúmeras pesquisas psicossociais, principalmente no final do século XX, por meio de investigações sobre quase todos os aspectos humanos contidos nas relações de trabalho em organizações empresariais. Vários tipos de profissionais têm sido chamados a fim de diagnosticar, explicar e, às vezes, transformar o comportamento das pessoas no desempenho de seus papéis profissionais; livros têm sido escritos em grande quantidade sobre o assunto; palestras e seminários têm sido organizados em todo o mundo, com a finalidade de entender, explicar e subsidiar intervenções nas relações organizacionais, com vários propósitos: mantê-las, questioná-las, transformá-las etc. Sabendo que muitas são as formas de intervir nas questões psicossociais, esses estudiosos das ciências sociais e humanas têm pesquisado as relações entre os indivíduos e os grupos, nos seus mais diferentes contextos. Muitos com propósitos de cura, outros com propósitos de ensino, outros ainda, com propósitos revolucionários. Como há várias abordagens teóricas utilizadas para essas intervenções sociopsicológicas, é possível verificar se há a possibilidade de algumas delas questionarem o sistema de valores estabelecido nas organizações empresariais, levando ao esclarecimento dos seus colaboradores e propondo alternativas de ação emancipadoras. Neste caminho, é que se sente a necessidade de identificar um corpo de conhecimentos científicos utilizáveis pelas ciências sociais e humanas, que facilite a aplicação de uma metodologia comprometida com a liberdade humana e com a superação de seus conflitos. Posturas como a de Jacob Levy Moreno (1889-1974), 19 criador do Psicodrama e de toda teoria socionômica, para quem o propósito da vida humana é o "encontro", que era por ele entendido como: um relacionamento marcante e transformador, de plena compreensão mútua; o que, em termos mais recentes, poderia ser compreendido como uma interação promotora de saúde. Assim também é para Agnes Heller, cuja teoria diz que a ação ética é a ação que leva a potencializar a substância humana, a manter a saúde humana, para quem existe a necessidade “... de uma forma existencial moral, na qual o indivíduo, jogado a uma situação, dotado de um relativo poder de escolha, delibera e, com tal ato, dá sentido a si mesmo e ao mundo, bem como aos outros indivíduos.” (HELLER, 1978 apud GRANJO, 1996, p.23). Neste sentido, o homem não deve ser tomado como meio, mas como fim. Sua intimidade pode ser analisada ou como um espaço e um tempo da alienação do "eu" ou, então, como uma esfera de emancipação social. É também na década de 70 que cresce a divulgação de outro tipo de produção de conhecimentos, que oriundos da Física, assim como da Matemática, começam a demonstrar uma nova ordem de coisas, fazendo com que a visão analítica, racional, lógica e impessoal seja reconhecida por muitos novos cientistas como questionável, e postulando que "tudo está em cada coisa e cada coisa está em tudo”. Essa nova visão de mundo “... convida a explorar algo além da aparência, por acreditar que os fenômenos manifestos não contêm todas as explicações por mais que sejam estudados em si. Transformação e fluxo então passam a ser os focos principais de atenção, uma vez que a ordem implicada gera e sustenta as formas mutáveis dos sistemas sociais”. (MOSCOVICI, 1988, p. 47) Além disso, leva à percepção de que, na realidade organizacional há processos ocultos que podem ser evidenciados a partir de qualquer um dos subsistemas que compõem essa unidade; já que de acordo com esta teoria holística, o que acontece numa das partes, também ocorre em sua totalidade, desde que não haja desconexão em sua rede de relações. É assim que se está entendendo as organizações empresariais: como uma rede psicossocial de sistemas pertencentes a uma rede de conexões chamada de sociedade. Internamente, essas organizações também são formadas por membros ligados em uma rede sociométrica. De outra maneira, poderíamos dizer que a organização é um todo simbólico que se representa em suas partes e que se refaz em suas relações. Semelhante postura pode-se encontrar em Heller: "Defino estrutura social como um conglomerado 20 de instituições reciprocamente interligadas e que se sustentam umas às outras (como subsistemas)” (HELLER, 1977, p. 120). Moreno também concordava com esta idéia quando escreveu que tinha alimentado a idéia de submeter as revoluções ao processo da experimentação. Com efeito, elas têm me parecido muito mais ricas em promessas, para o futuro da ciência, que a composição de grandes sistemas sociológicos ou a crítica acadêmica dos movimentos revolucionários. Pareceu-me que seria mais proveitoso fazer revoluções em pequenas escalas do que pretender subversões totais. Estas revoluções minúsculas permitiriam um estudo mais concentrado e mais penetrante: poder-se-ia observar os fenômenos como se eles estivessem sob um microscópio (MORENO, 1972, p.47). Assim vemos que, atualmente a grande maioria das intervenções psicológicas realizadas pelos cientistas sociais vem adotando uma variedade de formas, métodos e procedimentos, todos eles baseados em algum sistema de valores e com um grande objetivo a conquistar: a melhoria nas relações indivíduo-organização. O que é preciso estar atento é para quem define e para como define o que é melhoria. Segundo o modelo americano, Argyris (1973) caracteriza a intervenção psicológica como tendo três componentes: 1) a obtenção e a utilização de informação válida, a fim de que um cliente possa aprender com a ajuda do assessor externo; 2) a escolha de alternativas de ação deverá ser feita pelo cliente, seja qual for a forma que adote a intervenção; e, 3) o cliente deverá conservar a autonomia, de tal modo que se comprometa livremente com a alternativa escolhida (ARGYRIS, 1973, pp.15-20). Assim, entendida como um processo de influência social, a intervenção psicológica é uma categoria de poder, o poder baseado no saber técnico especializado. Por esta razão, as técnicas de intervenção psicológica são essencialmente procedimentos de levantamento de dados e de realimentação (feedback), a fim de que o cliente possa chegar a um melhor diagnóstico do problema e desenvolver um leque de alternativas que sirva de base para uma decisão, respeitando sua autonomia, e perceber a realidade tal como ela é, sendo o trabalho do psicólogo social, o de facilitar a abertura para a realidade, sem deixar de respeitar a constelação de relações interpessoais que constitui a trama básica da organização. 21 Essa abordagem (que está na prática da maioria dos consultores externos) sugere a continuidade do sistema de valores da sociedade capitalista burguesa. Tanto a organização quanto a sociedade em que ela está inserida não são questionadas. Os conhecimentos da Psicologia Social, neste caso, são utilizados para a elaboração de instrumentos e métodos que ajudem na maioria das vezes, a manter o "status quo". Há de várias partes um compromisso com a dominação e com o controle dos seres humanos. São seres, segundo Heller, individualizados como singulares particulares, alienados, que seguem normas e tem necessidades alienadas, ou seja, socialmente produzidas, seres da racionalidade em-si. É a cristalização e a conserva cultural que, segundo Moreno, são exigidas pela organização, diminuindo a espontaneidade através da padronização das ações e da uniformidade dos valores, a ponto de torná-los paradigmas inquestionáveis. O que há é um processo de indiferenciação, onde os indivíduos buscam uma saída, mas, não sabem como, pois estão com suas identidades comprometidas, sem conhecer nenhuma verdade sobre o futuro (aqui se pode falar de todos os trabalhadores, independentemente de suas categorias profissionais). Conseqüentemente, nas condições impostas pela sociedade moderna, os homens sentem-se bloqueados em suas ações, conservados culturalmente e impossibilitados de criar e transformar livremente suas condições de vida. O que acontece é que o próprio ato criativo e os resultados do processo de criação são cristalizados, transformando-se em conserva cultural. O excessivo valor dado às conservas culturais leva à perda da espontaneidade e diminuição do nível de expansividade afetiva, que são segundo Moreno, a possibilidade de renovação e de transformação da vida. Sabendo-se que, na sociedade industrial moderna, os papéis profissionais são os que ocupam a maior parte do tempo dos seres humanos, e que as pessoas passam mais tempo em seu contexto de trabalho do que em qualquer outro, fica claro que as organizações exercem grande influência em sua capacidade intelectual e cultural, e por isso é preciso facilitar o questionamento e a crítica dessas contextualidade profissional. Estes papéis profissionais não são desenvolvidos espontaneamente, como os outros papéis sociais, pois os indivíduos são colocados dentro destes papéis quando eles já estão pré-determinados pelas relações de produção, não havendo a possibilidade de seu desenvolvimento ser natural, partindo de uma matriz de identidade, das suas relações com o trabalho, como preconiza a teoria psicodramática. Não é o ser histórico que desempenha esses papéis, mas o imediatizado, não é o homem por inteiro, mas o 22 particular, suas significações não são suas, não procedem do senso comum. Dessa forma, não é o drama que se instala na vida do trabalhador, mas a tragédia. Há uma ambivalência dentro das organizações: de um lado, a necessidade dela sobreviver enquanto sistema, desconsiderando a humanidade e, de outro, que ela não consegue existir sem seus trabalhadores, e por isso, impõe a despersonalização, reprimindo a espontaneidade e, embotando o nível de expansividade afetiva desses indivíduos. Assim, o conflito que existe na relação do capital com o trabalho fica cristalizado a ponto de nem ser mais reconhecido como existente, o que atende às necessidades da sociedade capitalista industrial. “Para reproduzir a sociedade é necessário que os homens particulares se reproduzam a si mesmos como homens particulares. A vida cotidiana é um conjunto de atividades que caracterizam a reprodução dos homens particulares, os quais, por sua vez, criam a possibilidade da reprodução social.” (HELLER, 1977, p.19). Esses trabalhadores, de acordo com Heller são os sujeitos especializados, que estão em posição não-crítica da situação, impossibilitados de criar o que ela chama de "surplus cultural e surplus conhecido". Suas necessidades não são as necessidades humanas, mas sim, as necessidades criadas pela estrutura social e que não conseguem ser satisfeitas, são as necessidades radicais. "O surplus cultural é ainda hoje gerado no interior da vida cotidiana. Se absorvido pela objetivação para-si chamada ciência, tornase combustível da ciência revolucionária. Se absorvido pelas objetivações para-si concorrentes (arte, filosofia e religião), pode alimentar a crítica, seja de nossa estrutura social ou da visão dominante do mundo." (HELLER, 1977, p.133). Encontramos assim o trabalhador em um alienado cotidiano de produção, onde o seu mundo não é o mundo vivido, mas o mundo dado por aqueles que decidem como deve ser a produção, onde o indivíduo não pode ser espontâneo, onde não há beleza, nem bondade, nem verdade. Esse acaba sendo o espaço da objetificação, dessas formas de comportamento singulares, essas ações automatizadas, corriqueiras, mais ligadas à externalização e à coisificação. Onde fica difícil acontecerem mudanças, já que para elas existirem é preciso haver a superação do conflito entre a espontaneidade e a conserva cultural, entre o individual e o coletivo, entre o universal e o particular, gerando tensão entre elas e possibilitando a emergência de uma nova situação ou forma. Sem o parâmetro da alteridade, não se pode discutir liberdade nem autonomia. 23 Parece que Dejours (1992) também considerava esse fato quando escreveu que "o vivenciado e as condutas são fundamentalmente organizadas pelo sentido que os sujeitos atribuem á sua relação no trabalho." (DEJOURS, 1992, p.140). Na medida em que o indivíduo voltar seu olho para o processo social mais do que para o resultado final de seu trabalho; na medida em que reconhecer como o melhor momento, o momento presente, pois no cotidiano a delimitação do tempo é mais importante do que o espaço; na medida em que representar seus papéis profissionais nestas novas condições de crítica às relações dentro da organização; então, ele estará buscando a solução para o seu drama. É o próprio homem a possibilidade de criação e transformação, de liberdade da dominação, de felicidade. IV. PSICODRAMA NA PÓS-GRADUAÇÃO As mudanças apresentadas nos últimos tempos pelas organizações públicas, privadas ou sem fins lucrativos, em seus modelos de produção, têm sugerido que suas estruturas hierárquicas e suas relações internas de poder, de liderança e de comunicação também estão mudando. Associadas a isto, as constantes inovações tecnológicas e as transformações na sociedade estão forçando as pessoas, principalmente as que já têm carreira profissional, a buscarem novas respostas e novos conhecimentos que os reposicionem com essa realidade. Mais recentemente, estas transformações têm sido mais incisivas nas questões sociais, nas relações humanas e em todos os meios organizacionais, de forma que, aquele modelo linear e burocrático que era até então assumido pela maioria das organizações, está dando espaço ao surgimento de um modelo de estrutura organizacional mais complexo e mais instável, que exige o reconhecimento e a valorização do ser humano nesse cenário, principalmente pelo conjunto de competências e de conhecimentos que pode ser utilizado para estabelecer relações diferenciadas de poder no mercado global. Para atender a essa demanda, os sistemas de ensino superior e de educação corporativa estão sendo estimulados a produzir respostas imediatas às necessidades das organizações, que se veem obrigadas a investir grandes valores na capacitação de seus profissionais, pois que, seu maior desafio neste terceiro milênio é o de promover uma gestão baseada em competências e aprendizagem corporativa, como processo contínuo e 24 transformador de suas atividades produtivas e sociais (sempre com vistas no poder econômico). É dessa maneira que a oferta de programas de pós-graduação que desenvolvam competências pessoais e profissionais, bem como, a aprendizagem de equipes e da organização como um todo, tem surgido por todo o território nacional de forma vertiginosa. O mercado de trabalho anseia por profissionais especializados na área estratégica e reflexiva do conhecimento, que transcenda o tático e operacional, e que faça emergir uma atitude profissional mais espontânea e criativa, determinando a capacidade de refletir e agir de forma ampla e complexa. Assim, os cursos de pós-graduação pretendem trazer como proposta central o desenvolvimento das relações humanas e sociais que estão inseridas nesta rede organizacional, prevalecendo-se da experiência com que os professores tem atuado há anos. É dessa maneira que o Psicodrama participa como metodologia técnica e fundamentação teórica, fornecendo ferramentas para o profissional em suas estratégias organizacionais, mas também, permitindo uma compreensão das relações entre os conceitos psicodramáticos e as práticas mercadológicas. Apresentando uma leitura histórico-crítica da Socionomia, enquanto corpo organizado de conhecimentos e, fazendo um percurso por seus fundamentos e posteriores desenvolvimentos durante as aulas dos cursos de pós-graduação, o Psicodrama permite a construção de um olhar crítico em relação aos fenômenos abordados nos estudos organizacionais e de mercado, especificamente das áreas envolvidas com a gestão de pessoas. Para o desenvolvimento dessa leitura crítica, são revistas as concepções de homem que fundamentam a teoria psicodramática, centradas na espontaneidade criadora e na construção das diferentes formas de atuação organizacional, suas linguagens e seus diversos papeis sociais. Tudo isso com o objetivo de conhecer os fundamentos da visão psicodramática, a partir do conhecimento teórico e histórico e, possibilitar uma reflexão ética e estética, potencializadora da espontaneidade criadora. Enquanto metodologia de ensino superior, o Psicodrama precisa estar associado aos fundamentos epistemológicos da Andragogia, por ser a mesma considerada como a arte ou a ciência de orientar adultos a aprender. Ou seja, nos contextos sociais do ensino superior, a prática educativa deve estar voltada para o adulto, em contraposição as práticas da pedagogia, que são eminentemente voltadas para as crianças e os jovens 25 ainda em formação, visto que segundo a Andragogia, o adulto aprendiz usa como fonte de aprendizagem suas próprias experiências, pois o conhecimento vem da realidade, da escola e da vida (Romaña, 1986). De forma complementar, o Psicodrama oferece diversos recursos práticos para o educador e é extremamente coerente com o que há de mais moderno no pensamento pedagógico, pois atualmente as universidades têm a necessidade de implantar metodologias de ensino interativas, onde o aluno participe da construção do seu próprio conhecimento. Isto pode ser afirmado porque o Método Pedagógico Psicodramático, segundo Romaña (1986), é a “arte de perguntar, de situar o aluno diante de um problema a ser resolvido para que ele mesmo encontre a resposta adequada”. A associação do método de ensino psicodramático ao método de ensino dos adultos está na possibilidade do aluno entrar em contato com o conhecimento que ele já possui, no qual existe uma valorização do conhecimento já adquirido em outras experiências anteriores, fato que ocorre porque o aluno apropria-se do valor do seu conhecimento juntamente com os outros, dentro de um mesmo contexto cultural. Ainda baseando-se em Romaña (1985), é possível dizer que o método permite ao professor testar numa situação “viva” ou real, a validade do conhecimento que foi incorporado através da rotina educativa, das aulas expositivas, dos debates e dos trabalhos em grupos. Na concepção do Psicodrama Pedagógico, o conhecimento “é propriedade do aluno que se conhece, não deveria ser vivenciado como se pertencesse exclusivamente aos livros ou aos professores”; assim, o conhecimento deve ser algo construído, de forma interativa entre professor, aluno e contexto educacional, que são os três pilares do encontro com o conhecimento (Romaña, 1986). Isto quer dizer que, é na construção das significações sobre suas experiências educacionais que o aluno confere sentido ao seu conhecimento, atingindo níveis cada vez mais sutis de abstração e de generalização, de maneira que ocorra a identificação mais plena possível, entre aquilo que está sendo aprendido e aquele que está conhecendo. Outro aspecto relevante desse processo envolve a espontaneidade, que também é uma característica humana importante para que ocorram essas mudanças e comece a aquisição do conhecimento. Como já se falou neste trabalho, para Moreno (1972) a espontaneidade é entendida como a capacidade de dar respostas adequadas e originais às 26 situações e problemas que a vida nos apresenta, além de constituir-se como um fator que o ser humano tem para responder com criatividade aos desafios que ele experimenta. De outro modo, “ser espontâneo significa estar presente às situações, configuradas pelas relações afetivas e sociais, procurando transformar seus aspectos insatisfatórios” (GONÇALVES, 1988). Assim, a metodologia psicodramática aplicada ao ensino de pós-graduação pode ser entendida como a arte situar o aluno diante de um problema a ser resolvido para que ele encontre a resposta adequada, elaborando conceitos, a partir das experiências educacionais significativas, junto a um mestre, professor ou orientador, de forma a desenvolver sua expressividade na interação com seus papeis profissionais/complementares. Esse processo educacional pode ser realizado em situações concretas e precisas capazes de sensibilizar os grupos de alunos a elaborar mudanças, avaliando seu trabalho em equipe, e valorizando o aprendizado interacional e cooperativo. Ao mesmo tempo em que os alunos participantes incorporam essa metodologia psicodramática, eles constroem seus conhecimentos, pois, além de elaborar suas idéias, também elaboram suas imagens e representações mentais, o que faz ampliar sua experiência em relação ao espaço e ao tempo. V. COLETA DE DADOS Esse trabalho levantou alguns questionamentos sobre a prática psicodramática no ensino de pós-graduação nas universidades, principalmente, na área que enfoca a gestão de pessoas nas organizações. Seu referencial teórico destacou o aspecto de que o Psicodrama tem sido utilizado no campo organizacional desde meados do século XX e, no seu processo de desenvolvimento histórico, enquanto ciência aplicada, tem se dedicado à adequação espontânea dos indivíduos aos fins definidos por suas organizações, permitindo ações efetivas relacionadas a trabalhos em equipes, redução de conflitos, integração de profissionais às condições de trabalho, seleção de pessoas etc. Tal contribuição tem incentivado a existência de disciplinas relacionadas à aplicação do Psicodrama sócioeducativo no contexto organizacional. Mas, era preciso saber com qual intenção essas disciplinas psicodramáticas têm sido ensinadas nesses cursos? Qual tem sido seu conteúdo, como tem sido seus 27 professores e com que compromisso elas têm sido desenvolvidas? Também era preciso questionar se estava havendo alguma reflexão crítica sobre a perspectiva moral e ética nessa prática educacional? A pesquisa foi realizada durante um período de seis semanas, acompanhando o tempo determinado para a docência da disciplina envolvida com o trabalho, e sua realização foi estruturada da seguinte maneira: 1. Amostra Este estudo incluiu 54 universitários, homens e mulheres, cuja faixa etária variava entre 27 e 52 anos, graduados em diferentes áreas de formação, e profissionais empregados em diferentes atividades empresariais. Essas pessoas todas freqüentavam a mesma sala de aula, em 2010, numa disciplina chamada de Gestão estratégica de pessoas, de um curso de pós-graduação em Liderança e Gestão de pessoas e equipes, numa instituição de ensino superior particular da cidade de São Paulo. 2. Procedimentos Para que a pesquisa fosse realizada, foram planejados dois momentos diferentes de intervenção: primeiramente, foram realizadas 24 horas/aula da disciplina de Gestão estratégica de pessoas, para alunos de um curso de pós-graduação em Liderança e Gestão de pessoas e equipes; em segundo lugar, foram realizadas duas atividades de avaliação, uma de aprendizagem e outra de reação, ao final da última aula dessa mesma disciplina. Após aprovação da instituição de ensino, esses alunos foram convidados a participar da pesquisa sendo informados que o estudo fazia parte de um projeto maior relacionado à pesquisa sobre a identidade profissional do gestor de pessoas no Brasil. O estudo foi descrito inicialmente como investigação de atitudes, opiniões, comportamentos relacionados à prática profissional dos gestores de pessoas, para evitar algum viés na pesquisa sobre a metodologia psicodramática. Todos os estudantes aceitaram participar do estudo voluntariamente e foram informados de que as respostas seriam absolutamente confidenciais. Para tanto, os cadastros preenchidos foram identificados apenas com um número de protocolo, de modo a manter a confidencialidade. 28 A administração da metodologia psicodramática foi coletiva e conduzida pela pesquisadora autora desse texto e seu desenvolvimento se deu durante o tempo de permanência normal em sala de aula. 2.1. Desenvolvimento da disciplina O desenvolvimento da disciplina Gestão estratégica de pessoas aconteceu durante 24 horas/aula, distribuídas em 6 encontros semanais de 4 horas/aula cada um, e obedeceu ao plano de disciplina aprovado pela coordenação do curso cujo teor encontrase resumido abaixo: DISCIPLINA: Gestão Estratégica de Pessoas Ementa: Mudança e transformações; Tendência de Mudanças na Gestão de Pessoas das Organizações; Alinhamento da Gestão de Pessoas com a estratégia empresarial; Gestão das Relações Interpessoais. Objetivos: Refletir sobre o novo cenário de Gestão de Pessoas, conhecer as suas áreas estratégicas, reconhecer a importância do fator humano para utilizar os conhecimentos adquiridos na obtenção de resultados para a Organização. Metodologia aplicada em sala de aula: Durante as aulas foram desenvolvidas sessões de Psicodrama sócio-educativo, com fundamentação sugerida pelo Psicodrama pedagógico, conforme abordado nos capítulos anteriores deste trabalho. A utilização das técnicas clássicas psicodramáticas, de jogos dramáticos estruturados pela pesquisadora e de exercícios com objetos intermediários, compuseram as atividades docentes, sempre focalizando os questionamentos sugeridos pelo texto anteriormente, além de procurar atingir também os objetivos de emancipar os participantes quanto a sua auto-percepção e, simultaneamente, desenvolver seu papel profissional de gestores de pessoas nas organizações. 29 As intervenções psicodramáticas praticadas em salas de aula seguiram as sistematizações criadas por Moreno e por Romaña, entretanto, reforçaram a necessidade de se trabalhar dentro do campo dos papéis sociais secundários, e de não aceitar o aprofundamento das atividades para o campo dos papéis originários, pois dessa forma, estaria havendo uma invasão (ainda que solicitada pelo participante), em seu núcleo interno psicodinâmico (núcleo do eu), o que deveria ser reservados para futuros atendimentos psicoterapêuticos. Em outras palavras, não era recomendável que se fizesse terapia na sala de aula, pois as relações entre os alunos não permitiam a confidencialidade necessária e, nem sempre, respeitavam o contrato afetivo de grupo. Era preciso estar consciente desse contexto, pois o psicodramatista necessita ter clareza de quais são as condições em que irá desenvolver suas ações. (Esse trecho do texto merece destaque, pois nem sempre os leitores estarão familiarizados com as especificidades psicodramáticas). Assim, para realizar essas intervenções psicodramáticas foi necessário utilizar todo o referencial teórico psicodramático para desenvolver duas etapas principais: a préintervenção ou diagnóstico e, a intervenção psicodramática propriamente dita. Portanto, em cada um dos encontros de 4 horas/aula, se realizava o diagnóstico daquele grupo, como ele se encontrava naquele encontro e, em seguida, se iniciava com o aquecimento inespecífico, depois o específico, para a posterior dramatização e seu processamento. Na primeira etapa, eram diagnosticados o momento e a condição sócio-afetiva em que se encontravam os participantes, quanto a três aspectos básicos: a história de sua vida pessoal (fases das matrizes); seu cotidiano organizacional (papéis e redes); e seu clima de sala de aula (espontaneidade e expansividade afetiva). Na segunda etapa, eram apresentados ao grupo o conteúdo programado para aquele encontro, a fim de promover o aquecimento específico, utilizando-se para isso os argumentos do referencial moreniano que buscam, em última instância, a saúde social. Eram os próprios alunos que iam estabelecendo os critérios da intervenção, ou seja, o grupo ia “dizendo” qual era sua demanda, e a intervenção psicodramática era organizada de maneira a questionar as condições do momento, as origens das necessidades grupais, as escolhas de caminhos a percorrer e os objetivos que se gostaria de atingir. Em verdade não havia um tipo uniforme de intervenção psicodramática, havia a preocupação em manter-se fiel à base teórico-metodológica, mas sem ter um “script” pronto, ela ia variando em sua ação, pela influência da espontaneidade e da criatividade 30 do grupo, incluindo nesse grupo a professora. Era quase sempre uma construção em grupo, o que implicava em vários tipos de conseqüências, ou vários tipos de riscos, desde não se saber onde ia dar o trabalho, até no impasse entre a ética do psicodramatista e a dos outros participantes (por vezes, alguém sugeria aprofundar a análise psicológica de algum participante). Nessa segunda etapa, eram desenvolvidas as técnicas de dramatizações sugeridas pelo Psicodrama pedagógico: aproximação intuitiva e afetiva; aproximação racional ou conceitual; e aproximação funcional; para então, haver o compartilhamento entre os participantes. A fim de complementar essas informações sobre as atividades, há no final do trabalho, um quadro-resumo das atividades desenvolvidas nas quarta e quinta aulas de uma grupo de alunos de pós-graduação do curso de Liderança e Gestão de Pessoas e Equipes, tendo como tema central, o desenvolvimento do papel de líder (ver apêndice 1). 2.2. Desenvolvimento de atividades de avaliação Foram realizadas duas atividades de avaliação, uma de aprendizagem e outra de reação, ao final da última aula dessa mesma disciplina. A avaliação de aprendizagem consistiu na elaboração individual de um texto escrito a partir de uma analise crítica da situação em que se encontrava a organização na qual cada um deles trabalhava, destacando para isso, os conceitos aprendidos durante a aula, assim como, o quanto a metodologia psicodramática havia colaborado para que essa análise fosse possível e eficaz. Esse texto tinha também a finalidade de servir de trabalho parcial da disciplina. A avaliação de reação consistiu no desenvolvimento de um jogo psicodramático, com a utilização de objetos intermediários, em que os participantes discutiam e destacavam os pontos positivos e os pontos negativos da metodologia psicodramática desenvolvida para ensinar o conteúdo programado para a disciplina, incluindo a atuação da professora. 31 VI. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Os dados que foram analisados para esse trabalho, vieram das atividades de avaliação realizadas ao final da última aula, como também, das participações do grupo em classe durante a realização das aulas. Portanto, também foi realizada análise qualitativa das informações construídas nas etapas de processamento e compartilhamento das sessões psicodramáticas, fundamentando-se tal análise com as teorias e os conceitos trabalhados pela teoria psicodramática. Os participantes da pesquisa afirmaram que a utilização de técnicas e jogos psicodramáticos para conhecer e transformar o cotidiano das pessoas que trabalham em uma organização empresarial facilitou a expressão de pensamentos, sentimentos e ações dessas pessoas, possibilitando analisar a estrutura das suas objetivações, o que promoveu a ampliação de seu nível de expansividade afetiva, levando ao desvelar de sua identidade, sua consciência e suas necessidades. De acordo com os participantes, a intervenção psicodramática pressupõe uma observação participante do gestor de pessoas, já que para entrar na dinâmica interna das redes sociométricas ele tem que estar comprometido objetiva e subjetivamente com o processo, porque não é possível, no Psicodrama, ser um observador participante ingênuo. Neste panorama, o Psicodrama é uma abordagem percebida pelos participantes como compatível com a relação social em que eles foram inseridos, porque possui um corpo de conhecimentos teóricos e um conjunto de métodos e técnicas comprometidos com a liberdade dos seres humanos, acreditando que por meio do questionamento do mundo dos costumes estabelecidos, há a possibilidade de uma interação com a totalidade. Esse resultado é possível, pois, na cena dramática, o sujeito ganha consciência de si e do mundo e percebe que o nascimento de seus papéis profissionais não pode se dar sem sofrimento e conflito, mas que há sempre a possibilidade da espontaneidade criadora. Foi assim que os alunos do curso de pós-graduação em gestão de pessoas nas organizações perceberam os resultados: ao participar da investigação científica com embasamento na teoria socionômica, se depararam com o fato de que o nível de expansividade afetiva dos trabalhadores aumenta, desbloqueando sua espontaneidade, 32 pois não prioriza a produção e sim o trabalho. Isto tem feito com que os indivíduos reorganizem e reconsiderem suas relações com a organização e com a sociedade, sem ter que negá-las ou submeter-se a elas, mas transformando-as esclarecidamente. Essas percepções poderiam redefinir seus papeis de gestores de pessoas como o de profissionais que não pretendem controlar irresponsavelmente os trabalhadores e sim, ajudá-los a elaborar sua relação com o trabalho, a buscar sua essência, a catalisar a transformação do cotidiano até a melhoria da organização de seu trabalho, na integração de sua identidade com espontaneidade e criatividade. Como exemplo dessa experiência, vão aqui apresentadas, as sínteses das aulas de numero quatro e cinco com uma turma de pós-graduação: 4o e 5º. Encontros Objetivos integração entre os alunos desenvolvimento do papel profissional de líder identificar crenças e valores atuais na cultura organizacional despertar o auto-conhecimento e o conhecimento dos outros elaborar um plano de ação específico para remover barreiras no desempenho do papel profissional Diagnóstico grupal A partir dos dados analisados puderam ser levantadas algumas hipóteses quanto ao momento em que a classe estava vivendo: os alunos estavam passando por um momento de transformação cultural, de um modelo autoritário-dependente para um sistema mais participativo. Havia, portanto uma alternância na dinâmica do comportamento coletivo, ora com expectativas conservadoras, de centralização de responsabilidades e tarefas nos professores e coordenadores; ora, com perspectivas de crescimento, compromisso com suas responsabilidades e colaboração com novas ideias. Essa fase de mudança provocava insegurança e falta de confiança mútua, o que levava à falta de cooperação e falhas na comunicação. É com se houvesse uma confusão entre a segurança do velho esquema conhecido (ainda que totalmente insatisfatório) e a insegurança do novo sistema de aprendizagem, do qual não se tem certeza dos riscos. 33 Essa confusão gerava tensão e ansiedade, individualismo e isolamento, portanto, falta de espírito de equipe em alguns alunos; havia um núcleo de resistência (formado pelas pessoas que estavam com mais medo) e que emperravam o processo de desenvolvimento. Resultados participação ativa de todos os presentes no encontro, trazendo muitas contribuições e exemplos de situações vivenciadas no local de trabalho interesse e compromisso com os objetivos do grupo identificação de dificuldades de comunicação identificação de imaturidade profissional de alguns integrantes do grupo clareza quanto a condição de insegurança frente às pressões que veem recebendo em suas organizações empresariais clareza quanto a condição de indefinição de atitudes, frente às mudanças organizacionais que estão ocorrendo resistência à mudança, gerando tensão e ansiedade, individualismo e isolamento Por meio das atividades desenvolvidas nos encontros, do comportamento manifesto dos participantes, de suas verbalizações, e da observação direta, foi possível levantar que o grupo: - foi bastante participativo, trazendo muitas contribuições e exemplos de situações vivenciadas no local de trabalho; - expôs-se nas diferentes situações, deixando transparecer suas virtudes (interesse, compromisso, etc.) e deficiências (falhas de comunicação, imaturidade profissional de alguns elementos, etc.); - tem homogeneidade, composto por profissionais com expectativas semelhantes em relação ao trabalho; - não apresentou liderança inibitória, sendo que surgiram lideranças espontaneamente, decorrentes das situações vivenciadas em grupo, o que permitiu uma participação homogênea; 34 - possui elementos conflituosos, estando todos inseguros quanto às pressões que veem recebendo; - demonstrou coesão dentro dos objetivos a que este projeto se propôs. VI - CONCLUSÕES Moreno disse certa vez que, o Psicodrama é "a psique em ação" (Moreno, l984, p. 82). Os resultados apontam que é correto concordar com ele. O trabalho dos gestores de pessoas em organizações ao longo do tempo tem confirmado essa idéia. Com o Psicodrama, o cotidiano dos trabalhadores pode dar conta da tensão entre a alienação e sua superação, pois a prática psicodramática exige uma concepção de sujeito como ator e autor social, como indivíduo e sujeito. Nela o trabalhador pode ser aquele que modifica o ambiente, que tem unidade e que mantém o controle sobre o seu mundo vivido. Em outras palavras, há um novo caminho no processo de desfetichização desse ator, a ação espontânea e criativa de cada um e que leva à responsabilização de todos por todos. Foi dado ao homem, um poder natural que lhe oferece grandes possibilidades de triunfar em sua luta contra a máquina: este poder se acha ligado à expansividade afetiva de sua energia social espontânea, levada até um grau que, todavia, é desconhecido (MORENO, 1972, p. 198). Existe a probabilidade de que os indivíduos se mantenham no nível de expansividade afetiva ao qual aspiram, seguindo suas inclinações naturais e unindo-se espontaneamente aos grupos que os atraem, sem nenhuma determinação de transformálos ou levá-los a uma conduta "normal", mas respeitando a reorganização dos grupos a que fazem parte. Sua integração pode ocorrer cada vez que encontrarem seu lugar na coletividade, com regras e leis que respeitem as interações sociais e os interesses coletivos, permitam equilibrar as forças espontâneas sociais para um maior proveito da harmonia e da unidade geral. Assim, o trabalho sócio-educacional psicodramático é de fato o ato criador, característica natural humana, a possibilidade de sobrevivência. Ao recuperar a 35 espontaneidade e a criatividade, por meio da expansão da afetividade, o Homem estaria novamente diante da possibilidade da sua integração. Com certeza, há a possibilidade de se caminhar para esta nova ordem das coisas, de se dar um passo nesta direção: ao se ampliar a expansividade afetiva, a repressão da espontaneidade é diminuída ou até eliminada, e assim, é possível resgatar a espontaneidade dos membros da organização, o que levaria a relacionamentos sociais mais verdadeiros (télicos) e mais conscientes. É dessa maneira que se veria aproximar a superação do conflito capital-trabalho (mesmo sabendo que para isso necessita-se de mudanças em outras instâncias também), por meio da melhoria das relações entre o indivíduo e trabalho até uma reorganização mais próxima de sua rematrização psicodramática. Retomando para finalizar, pode-se dizer que o trabalho desenvolvido aqui teve como principal meta uma intervenção que encaminhasse esses problemas para a recuperação dos valores e da identidade de um grupo de alunos de pós-graduação, para o seu desenvolvimento pessoal e organizacional, integrando a classe tal qual uma equipe saudável, favorecendo experiências de cooperação e comunicação interpessoal. Segundo parecer dos próprios participantes, ao final o objetivo desta etapa foi alcançado quer dizer, o grupo não terminou esse trabalho com muita euforia, mas, esteve muito consciente do seu potencial e também de suas limitações. Por fim, pode-se afirmar que à medida que o indivíduo volta seus olhos para o processo social mais do que para o resultado final de seu trabalho; na medida em que reconhece como o melhor momento, o momento presente (pois no cotidiano a delimitação do tempo é mais importante do que o espaço); na medida em que representa seus papéis em novas condições de espontaneidade e criatividade, tecendo críticas saudáveis às relações dentro das organizações; então, ele está buscando a solução para o seu drama. Como disse Moreno, e com ele se concorda: é o próprio homem a possibilidade de criação e transformação, de liberdade da dominação, de felicidade. 36 VII. BIBLIOGRAFIA ARGYRIS, C. Intervention theory and method: a behavioral science view. Massachusetts: Addison-Whesley, 1973. BERMUDEZ, J.C.R. Introdução ao Psicodrama. São Paulo: Mestre Jou, 1980. BUSTOS, D. M. Psicoterapia Psicodramática. Buenos Aires: Paidós, 1975. DEJOURS, C. A loucura do trabalho. 5a. ed. 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APENDICE 1 CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM LIDERANÇA E GESTAO DE EQUIPES AULAS DE DESENVOLVIMENTO DO PAPEL DE LIDER 37 DPL 4ª. aula Tempo Etapa Apresentação 20` Aquecimento inespecífico 30` Aquecimento específico 20’ Dramatização 30’ Processament o 20’ INTERVALO Aquecimento especifico 20’ 10’ Dramatização 70’ Processament o 20’ Conteúdos mais importantes Atividades do professor Atividades dos alunos Materiais requeridos Metas Apresentação do RH e da R/S Justificativa e objetivos do módulo sobre lider Apresentação dos participantes e integração Levantamento das expectativas do grupo Expor Escutar e compreender Flipchart Proposta de prática da liderança Coordenar e comentar a atividade Jogo: nós, figuras e cores Peças do jogo Estabelecime nto de rapport Coordenar as atividades do jogo: nós, figuras e cores Comunicar suas expectativas quanto ao desenvolvimento de sua liderança Peças do jogo conceitos de líder e liderança Incentivar a percepção e a reflexão Realizar brainstorming Encenação de uma partida de futebol Participar do brainstorming Sucatas reflexao dos conceitos Flipchart Conceito de líder e liderança em grupo Recuperar os principais momentos Contextualiza r a organização Sintetizar as idéias Participar da exposição Flipchart Retomar os conceitos Jogo: identidade organizacional Participar da síntese Folhas coloridas e canetas Flip-chart Quem somos nessa organização? Fixar a folha de flipchart com os conceitos do grupo O que é lider? O que é liderança? principais momentos Identidade organizaciona l Síntese 38 Reconhecime nto de limites e do contexto PDL 5a. aula Tempo Etapa Conteúdos mais importantes Atividades do facilitador Atividades dos participante s Analisar cenas de filmes Materiais requerido s Metas Projector e dvd Reflexão sobre novas formas de liderança Aquecimento inespecífico 10’ Analise de praticas Incentivar a analise de cenas Aquecimento especifico 10’ Coordenar a atividade de comparação Comparar suas idéias atuais com as apresentadas nos filmes Folhas avulsas e canetas Abertura para o novo Dramatização 60’ Comparação entre seus conceitos atuais e os presentes nos filmes Autoconheciment o Analisando figuras Representar as figuras escolhidas Figuras Características da liderança INTERVALO Processament o 20’ 60’ Planejamento estratégico de liderança Separar grupos para P.E.L. Formulario de plano de ação Diretrizes e metas para o P.E.L. 40’ Apresentação dos grupos flipchart Integração dos 4 grupos 40’ Síntese final Estimular a apresentação dos grupos Sintetizar os trabalhos Elaborar um plano de ação estratégica de liderança Apresentar o P.E.L. Síntese final do workshop 39 Participar da síntese Encerrar