AVALIAÇÃO DO SAL UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DOS XAMPUS
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AVALIAÇÃO DO SAL UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DOS XAMPUS
AVALIAÇÃO DO SAL UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DOS XAMPUS: UMA REVISÃO DA LITERATURA Marcus Vinícius Sousa Gomes1 Joyce Campelo Pires2 RESUMO O mercado estético cresce a cada dia e a todo o momento surge uma novidade cosmética. Diante disso as empresas procuram cada vez mais inovar em cosméticos com composições que prometem verdadeiros milagres, e com xampus não é diferente. O cabelo é considerado o cartão-postal da aparência e mantê-lo bonito é o desejo de todo o consumidor. É nesse contexto que surgiu o marketing a respeito do xampu sem sal, em que investiu-se em propagandas afirmando que produtos “sem sal” seriam de melhor qualidade. O Cloreto de sódio, sal utilizado, é um importante componente que serve principalmente para dar viscosidade para a preparação. O objetivo deste estudo é avaliar, por meio de uma revisão bibliográfica a influência deste componente na qualidade dos xampus comercializados. Palavras chaves: Xampus. Cloreto de Sódio. Espessante. 1 INTRODUÇÃO O mercado cosmético cresce cada vez mais no Brasil, em 2011, por exemplo, o setor de cuidados de higiene pessoal e cosméticos faturou cerca de R$29,4 bilhões, o que representa 1,7% do PIB brasileiro, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), e os produtos de higiene, hidratação e tratamento capilar estão entre os mais procurados por homens e mulheres. Ao longo da história, desde os tempos bíblicos, os cabelos foram alvo da fascinação de homens e mulheres. Símbolo de poder ao homem, em determinada época eles mostravam-se uma importante arma de sedução principalmente para a mulher. (PEYREFITTE, 1998) Eles estão presentes até mesmo nas expressões populares, afinal de contas quem nunca ficou de cabelos brancos quando estava preocupado? Ou arrancou os cabelos quando esteve furioso? Ou ainda ficou de cabelos em pé quando se sentiu horrorizado? Para Gossens (2004), são os cabelos que emolduram o rosto e, sem duvida, sua aparência é sempre notada. Quase todos dedicam grande atenção aos cabelos, e com razão: seu aspecto e sua forma podem transformar rapidamente a maneira de ser e alterar o estado de equilíbrio das pessoas. ____________________________ 1 Faculdades Integradas Ipiranga. Estudante do curso de Estética e Cosmética. E-mail: [email protected] 2 Faculdades Integradas Ipiranga. Estudante do curso de Estética e Cosmética, 2014. E-mail: [email protected] 2 Como a pele, para ser bonito o cabelo deve ser saudável e muito bem tratado, sendo cuidados tanto internamente, quanto externamente. Os cuidados internos estão diretamente ligados a uma alimentação equilibrada com proteínas, frutas, verduras, legumes, sem excesso de gordura (GOSSENS, 2004). Já os externos relacionam-se ao uso xampus e cosméticos capilares apropriados, evitando-se químicas agressivas, bem como receitas caseiras que podem danificar a estrutura dos fios (GOSSENS, 2004). O estágio atual em que se encontra a cosmetologia voltada para formulação de produtos para tratamento capilar é bastante avançado e complexo (GOMES, 1999). Como já foi citado, os cabelos são de uma preocupação constante para a estética de homens e mulheres. Através deles podemos ter indicativos de características peculiares como o estilo de vida de uma pessoa, o nível de cuidados pessoais, o seu estado de saúde, a autoestima do indivíduo, dentre outros detalhes. (GOMES, 1999) De acordo com Hernandez e Fresnel (2008), xampus são produtos destinados à limpeza do cabelo e couro cabeludo e devem deixar o cabelo solto, fácil de pentear e brilhante, não devem ser muito detergentes, não devem modificar o PH ácido do couro cabeludo e não devem irritar os olhos. MAINKAR (2000), afirma que para o desenvolvimento de novas formulações cosméticas é de extrema importância a avaliação de alguns parâmetros físico-químico do produto. Entre os principais parâmetros estão: o volume e estabilidade de espuma produzida, o PH e a viscosidade. Um bom xampu deve apresentar viscosidade adequada, e o PH destas formulações também devem ser adequados, de modo a preservar a saúde do fio do cabelo. Diante disso, surgem a cada dia novos produtos com a promessa de fornecer ao consumidor produtos que fazem verdadeiros “milagres”. É nesse cenário que a tendência dos Xampus sem sal tomou conta do mercado, e passou-se a usar cada vez mais produtos que não tivessem em sua composição o “temido sal”. (CALLEF et al, 2010) O “sal” presente em xampus é o cloreto de sódio, cujo seu objetivo é dar viscosidade à preparação através da interação de agentes tensoativos sem que se ultrapassem limites (COUTO, 2007). Porém há outras substâncias que são capazes de dar a mesma viscosidade ao produto. Dessa forma, o novo marketing das empresas prega que os xampus que não apresentam sal em sua composição são melhores, pois estão associados a uma maior preservação da estrutura do fio. 3 A discussão é grande e a indústria cosmética aproveita-se disso para vender e passar ao consumidor informações algumas vezes errôneas, aumentando assim o valor do seu produto no mercado. Levando-se em consideração as divergências sobre o uso de coreto de sódio em xampus, este estudo tem por objetivo fazer uma revisão da literatura a respeito dessa dúvida tão recorrente entre o público consumidor. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ANATOMIA CAPILAR O cabelo é uma formação epitelial córnea. Eles emergem a partir dos folículos pilosos presentes na derme, que apresenta outras estruturas como glândulas sudoríparas e sebáceas. (BARATA, 2003) Para Pruneiras (1994), o pelo, de modo geral, é uma estrutura queratínica morta, secretada pelo folículo piloso. O folículo piloso, formado pelo bulbo piloso onde encontramos a papila dérmica, produz sem cessar células que são empilhadas e queratinizadas, dando origem à haste pilar. As paredes do folículo são constituídas de duas bainhas concêntricas em torno desta haste. Assim constituídas, o folículo piloso se mostra semelhante a uma glândula holócrina cujo produto de secreção, sólido, é o pêlo. Para Façanha (2003), o cabelo é formado por três partes: haste ou caule, que é a parte visível do cabelo; raiz, parte interna do cabelo, localizada na derme e bulbo que é a parte por onde começa a formação do fio de cabelo. A figura 1 mostra a ultraestrutura da pele, incluindo seus anexos cutâneos como folículo piloso e glândulas sebáceas. Figura 1- Ultraestrutura da pele. Fonte: http://www.clinicadocabelo.com.br/imagens.html 4 A haste ou parte livre do pelo é constituída por células mortas queratinizadas, que estão dispostas em camadas. Ela é também dividida em três partes: cutícula (parte mais externa), córtex (parte intermediária) e medula (parte interna), conforme mostra a figura 2. (Hernandez, 2008). A cutícula é formada por células em plaquetas, encaixadas, dispostas ao longo do eixo longitudinal do pêlo. São translúcidas, sem pigmentos e totalmente queratinizadas. Parecem escamas que estão coesas mediante um cimento rico em ácidos aminados. (BARATA, 2003) Figura 2- Estrutura do fio de cabelo. Fonte: Google Imagens Por ser transparente, a cutícula, por sua função principal (proteção do córtex), deve-se manter sempre coesa na haste capilar, ou seja, fechadas para impedir que umidade e nutrientes saiam com maior facilidade de córtex. Enquanto no cabelo normal essas escamas estão justapostas ao eixo do cabelo, o mesmo não acontece no cabelo traumatizado, em que a sua superfície apresenta-se rugosa e com irregularidades ao longo do fio (BARATA, 2003). O córtex, a parte média do cabelo, é composto por células queratinizadas, em forma de fuso e perfeitamente ligadas umas as outras. A sua disposição estrutural e ainda a natureza química das suas fibras, permite modificações momentâneas ou permanentes. A queratina, que o compõe, possui ainda a particularidade de apresentar 5 carga negativa, o que permite reter, de certa forma, partículas de carga contrária (BARATA, 2003). É nessa região que estão dispostos grânulos de melanina que originam a cor do cabelo. Além de dar cor aos fios, é responsável pelas características de elasticidade, resistência. As transformações químicas permanentes, colorações, reflexos e entre outros, acontecem no córtex capilar alterando sua estrutura, sendo que estes procedimentos apresentam um PH alcalino, como por exemplo, alisamento e relaxamento com PH acima de 10. A medula está situada no centro da fibra capilar e sua presença ao longo do fio geralmente é descontínua ou ausente em alguns casos. Parece que as células que a compõe rapidamente degeneram, deixando espaço para bolhas de ar. Em humanos, o seu papel ainda é desconhecido, porém em alguns animais, esta estrutura alveolar parece possuir um papel essencial na termo-regulação (KOHLER, 2011). No cabelo saudável, como na figura 3, essa três camadas estão completamente unidas e seladas devido às proteínas, ceramidas e a gordura natural dos fios, formando uma espécie de cimento intercelular. Se houver deficiência desses componentes naturais, as escamas se abrem deixando a estrutura interna exposta e frágil. Os fios tornam-se sensíveis e podem se abrir no sentido do comprimento. Figura 3- Micrografia Eletrônica de Varredura da Haste de um cabelo saudável. Fonte: Ana Carolina Santos Nogueira Tonin (2008) afirma que em uma haste capilar saudável, o córtex encontra-se totalmente isolado do meio externo por várias camadas de células justapostas, as 6 cutículas. Assim como ocorre na pele, as cutículas sofrem um constante processo de agressão do meio ambiente, resultando em fragilização e consequentemente erosão da haste pilar. Práticas diárias como lavar, pentear, secar com toalha ou secador e passar as mãos nos cabelos também provocam o desgaste dos fios, tornando perceptível medida que ele cresce, apresentando características semelhantes aos tratados quimicamente. Além disso, de acordo com estudos de Nogueira (2003), há o envelhecimento da fibra resultante da radiação solar UVA-UVB, que acaba desvitalizando os cabelos devido aos radicais livres que se formam em decorrência da exposição a esta forma de energia. 2.2 COMPOSIÇÃO DOS XAMPUS De acordo com Barata (2003), um xampu é um produto cosmético apresentado sob a forma de líquido transparente ou opaco, de creme, ou espuma sob pressão e formulado a partir de substancias tensoativas, que apresentam propriedades molhantes, detergentes, emulsionantes e formadores de espuma. O xampu é uma preparação, que tem como função limpar os cabelos, deixando-os suaves, flexíveis, brilhantes e fáceis de pentear. As sujidades que devem ser eliminadas por um xampu são constituídas por corpos oleosos, restos queratínicos, derivados minerais ou orgânicos, poeiras depositadas, restos de produtos cosméticos, entre outros. (BARATA, 2003) O poder limpante do xampu geralmente está relacionado à sua capacidade para remover gordura, sujidades e matéria estranha tanto do cabelo quanto do couro cabeludo. A gordura aparece no cabelo sob a forma de sebo, composto basicamente por, 50% de glicerídeos, 20% de cera, 10% de esqualeno (um hidrocarboneto de fórmula C30H50) e 5% de ácidos graxos. (BARBOSA,1995) Ainda de acordo com Barbosa (1995), o sebo exerce algumas funções importantes, como revestir a cutícula (a camada mais externa do cabelo), prevenindo a perda de água do interior do fio capilar, a água tem uma função fundamental para manter o cabelo macio e brilhante. O revestimento também faz o cabelo parecer liso, além de prevenir o desenvolvimento de bactérias. O sebo é secretado pelas próprias glândulas sebáceas localizadas no couro cabeludo e age nas cutículas por capilaridade nos fios. No entanto, o mercado não busca apenas por um produto que faça limpeza dos fios, mas sim que agregue outros tratamentos deixando os fios bonitos e saudáveis, 7 sendo que, é obrigação das empresas levar em consideração o tipo de cabelo do seu público. De modo geral os componentes de um xampu são: A) Tensoativos O principal elemento na composição de um xampu é o surfactante, também chamado de tensoativo ou o detergente, que pode ser definido como molécula com uma porção apolar ou hidrófoba, a qual se liga aos lipídios do sebum e a outras impurezas, e uma porção polar ou hidrófila, que se liga à água, permitindo a remoção e o enxágue do material desejado. Há quatro categorias básicas de surfactantes: não iônicos, catiônicos aniônicos e anfotéros. Cada um desses grupos tem diferentes qualidades de limpeza do couro cabeludo e condicionamento dos fios. Tipicamente, muitos surfactantes são combinados em uma mesma fórmula para alcançar o resultado desejado (ABRAHAM et al, 2009). Para Mota (2007), os tensoativos são substâncias orgânicas que apresentam a propriedade de reduzir a tensão superficial da água e de outros líquidos utilizados como componentes básicos na elaboração de xampus. O autor ainda classifica os tensoativos da seguinte maneira: Não iônicos: possuem um radical hidrófobo e um hidrófilo. São considerados bons emulsionantes, umectantes ou solubilizantes. Ex.: Alcanolamidas de ácidos graxos. Catiônicos: apresentam em solução íons tensoativos positivos, o radical hidrófobo é um cátion. Possuem características bactericidas e antissépticas, sendo pois sua aplicação um complemento no tratamento dos cabelos. Aniônicos: radical ativo é um ânion. De todos os detergentes atualmente são os mais usados. Devem possuir de 12 a 16 carbonos, característica que proporciona um melhor poder detergente e espumante. Ex.: Lauril sulfato de sódio, Lauril éter sulfato de sódio, Lauril éter sulfato de trietanolamina. Anfóteros: são produtos que em meio ácido formam cátions positivos e em meio alcalino, ânions carregados negativamente. Ex.: Betaína (ácidos graxos clorados e a trimetilamina). Utilizados na preparação de shampoos não irritantes para as mucosas, como xampu infantil, ou associados a outros detergentes conferem ao produto final efeitos especiais. B) Sobreengordurantes 8 Para se evitar a retirada excessiva de gordura pelo tensoativo, utiliza-se os agentes engordurantes (MOTA, 2007). Os mais usados: óleo de rícino, lecitina de soja e derivados da lanolina. (HERNANDEZ;FRESNEL, 2008) C) Estabilizadores de espuma De acordo com Mota (2007), popularmente é aceito um xampu que apresente bom poder espumante, pois acredita-se que o efeito de limpeza encontra-se ligado ao poder espumante, o que na realidade não ocorre. Pôr exemplo os não iônicos com alto grau de etoxilação apresentam poder de limpeza bom, porém fraco poder espumante. A formação de espuma depende do pH da solução, do conteúdo em eletrólitos e da dureza da água. Pode-se melhorar ou estabilizar o poder espumante de um xampu pela adição de vários componentes, tais como carboximetilcelulose, fosfatos, alcanolamidas, etc. D) Agentes conservantes Esses agentes têm como finalidade evitar o aparecimento e desenvolvimento de microrganismos nas formulações dos xampus (fungos, fermentação, etc), que provocam alterações nas formulações, a curto e longo prazo, comprometendo os requisitos iniciais do produto. Ex.: Metil e propilparabenos (Nipagin e Nipazol). (BARATA, 2003; MOTA, 2007) E) Essências e Corantes O apelo de marketing é determinante para a elaboração de um produto que satisfaça as expectativas do consumidor, porém é bom lembrar que a presença destes produtos pode comprometer a qualidade do xampu, provocando alterações na transparência, viscosidade, estabilidade e cor final. (MOTA, 2007) F) Agentes espessantes O consumidor associa, normalmente, a qualidade de um xampu à sua viscosidade, mas na maioria dos casos, esse aspecto deriva de condições comerciais (BARATA, 2003). De acordo com Hernandez e Fresnel (2008), um xampu muito líquido é pouco prático e é preciso que tenha uma consistência suficiente firme. Os principais espessantes utilizados são: eletrólitos (NaCl, NH4Cl, etc), amidas, betaínas oleato de decila, polímeros, gomas, derivados da celulose, entre outros. 9 É neste momento que a polêmica sobre o uso de sal acontece. A maior parte da sujeira do cabelo adere na camada de sebo. Se o sebo puder ser removido, as partículas sólidas de sujeira também o serão. A água fria, por si só, não consegue dissolver gotículas de sebo (lipofílicas); na presença da micela do sabão ou do detergente sintético, contudo, a parte central apolar captura as gotículas de óleo, formando uma emulsão, pois as mesmas são solúveis no centro apolar. (BARBOSA,1995) Os detergentes sintéticos e os sabões envolvem em sua fabricação uma base forte (hidróxido de sódio ou de potássio), e isso faz com que suas formulações apresentem um pH (medida da acidez e basicidade de um material) acima de 7 (alcalino). Além disso, os sabões podem reagir com a água, fazendo com que também o meio se torne alcalino (BARBOSA, 1995). Ainda segundo Barbosa (1995), como o PH fisiológico da pele e seus anexos é ácido, devido à produção de ácidos graxos pelas glândulas sebáceas, o uso de determinados tipos de xampus pode produzir no pH do cabelo mudanças que promoverão alterações na estrutura capilar. 2.3 O CLORETO DE SÓDIO EM FORMULAÇÕES Cloreto de Sódio, cuja fórmula molecular é NaCl, é um sal que está presente na natureza e na água do mar. É essencial para os organismos biológicos, pois além de está presente na maioria dos tecidos e fluidos corporais, seus elementos desempenham um papel diverso e bastante importante em vários processos fisiológicos que incluem, por exemplo, o transporte de nutrientes e resíduos, e o balanço hídrico e de eletrólitos no organismo (DOMINGOS, 2010). O cloreto de sódio (NaCl) é o sal mais utilizado em preparações de xampus como componente para dar viscosidade, aspecto muito valorizado pelo consumidor na escolha do produto. As principais ações deste nas preparações é limpar e retirar os resíduos dos fios, fazer espuma, além de dar consistência (COUTO et al, 2007). O cloreto de sódio é um eletrólito que em meio aquoso libera íons negativos e positivos. O uso de eletrólitos é barato, eficiente, dissolve totalmente nas formulações e não se adere à haste capilar. Além disso, a quantidade desse componente em xampus é relativamente baixa, dissolvendo-se facilmente durante a lavagem dos cabelos. 10 O sal também pode ser obtido nas formulações através de uma reação química com um tensoativo chamado lauril sulfato de sódio ou o lauril éter sulfato de sódio. A grande maioria dos shampoos usa o como tensoativo, ou seja, embalagens que dizem não conter sal podem estar enganando o consumidor, pois por mais que não seja utilizado o sal como agente espessante, ele será um produto secundário desse tensoativo. 3 METODOLOGIA Este estudo consiste em uma revisão da literatura, onde foi realizado um levantamento teórico sobre os assuntos envolvidos na pesquisa. Inicialmente foram utilizadas fontes bibliográficas do acervo da biblioteca da Faculdade Integrada Ipiranga, baseando-se na checagem manual de referências literárias e capítulos de livros que estavam de acordo com o tema da pesquisa. Em seguida foram pesquisados artigos encontrados no banco de dados do Google Acadêmico, bem como disponíveis na rede Scielo e Science Direct. Os critérios de inclusão foram o ano de publicação (de 1998 a 2014), disponíveis em língua portuguesa, inglês e espanhol. Os riscos se limitam à utilização de dados desatualizados. Para os comandos de pesquisa foram utilizadas algumas palavras chaves como “Química Capilar”, “Espessantes” e “Cloreto de sódio em Xampus”. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Inúmeros estudos ao longo dos anos trataram dos cabelos unicamente do ponto de vista anatomo-fisiológico, no entanto poucos deram enfoque às alterações decorrentes da utilização de produtos estéticos que aparentemente não causariam dano algum. Este estudo propôs, por meio de uma revisão da literatura, avaliar a influência do sal utilizado em uma formulação tão comum, e muitas vezes de uso diário, como o xampu, tendo em vista o grande apelo de marketing acerca do xampu “livre” de sal. O primeiro ponto a se discutir é que não existe um xampu que seja totalmente livre de sal. Como já foi dito ao longo desse estudo, o sal presente em xampus é o cloreto de sódio (NaCl), utilizado como agente espessante, ou seja, dando mais viscosidade à grande parte das formulações cosméticas. Sem esse composto, a utilização dos xampus seria muito mais complicada, visto que, a formulação seria totalmente aguada. 11 Produtos que vendem a idéia de um xampu totalmente sem sal é falsa. Existem inúmeros componentes, e com as mais diversas funções, na sua formulação que apresentam tanto cloro quanto sódio em suas moléculas e que de uma forma ou de outra acabarão liberando esses compostos no preparado, como o caso do tensoativo chamado Lauril sulfato de sódio, presente nos rótulos da maioria dos xampus sejam eles “sem sal” ou não. Porém o cloreto de sódio não é o único agente espessante utilizado atualmente. Segundo estudo de Caleffi et al, ao analisar 13 formulações de xampus sem sal entre linhas comerciais e profissionais, observou-se a presença de ésteres de acido graxo (PEG), Cocamide DEA, derivados de gomas (Guarhydroxypropyltrimonium chloride) além de outros espessantes, cujas percentagens estão presentes no gráfico1. Gráfico 1- Comparativo entre os espessantes mais utilizados na substituição do cloreto de sódio na formulação de xampus. Fonte: Adaptado de Caleffi et al. Vale lembrar que alguns agentes espessantes alternativos são matérias-primas com custo mais elevado do que o cloreto de sódio, como consequência, o preço mercadológico dos xampus com esses agentes tende a ser maior se comparado aos que utilizam o cloreto de sódio. De acordo com Haag et al (2005), existe uma quantidade ótima de eletrólitos que são adicionados às formulações para dar viscosidade, ou seja, acrescentando quantidades crescentes de eletrólitos, a viscosidade aumenta até um máximo para determinada concentração de tensoativo, e depois tende a diminuir, perdendo sua viscosidade. Ainda de acordo com ela, concentração máxima de sal deve ser de 1% para que se evitem problemas à viscosidade da preparação. Estudos de Ferreira et al (2011) demonstram ainda que adição de sal em uma solução contendo estruturas miscelares faz com que elas se aglomerem formando uma estrutura cilíndrica, restringindo a sua movimentação e assim dando mais viscosidade à 12 solução. No entanto esse sistema pode ser quebrado se muito sal for adicionado, conforme mostra o gráfico 2. Gráfico 2- Relação entre viscosidade e concentração de sal. Fonte: Ferreira et al. Como é possível perceber, a concentração de sódio utilizado na formulação de xampus é muito pequena, tão pequena que é facilmente removida durante o processo de enxague com a água doce. Outro ponto importante é essa concentração não influencia no pH da preparação, já que preparações muito alcalinas tendem a danificar os fios. Segundo estudo de Zanata et al (2012), que avaliou por meio de microscopia eletrônica de varredura a integridade dos fios de cabelos tratados com xampus a base de cloreto de sódio e hidroxietilcelulose (outro agente espessante), não houveram diferenças significativas entre os dois tratamentos, mostrando mais uma vez que o sal não influência na qualidade dos xampus. Desta forma, a expressão “sem sal” presente em rótulos de xampus não passa de uma mera estratégia de marketing. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das informações expostas, podemos dizer que o sal utilizado em preparações de xampus não danificam as fibras capilares. A indústria cosmética utilizou esse marketing para estimular no público consumidor a cultura do xampu sem sal. No entanto, através deste estudo, que foi realizada por meio de uma revisão da literatura, constatou-se que isso não passa apenas de um mito. Por mais que uma preparação não utilize diretamente o cloreto de sódio como agente espessante, o mesmo pode ser obtido através de reações químicas como com 13 lauril sulfato de sódio, um tensoativo muito utilizado que possui uma ação de limpeza alta. A quantidade de cloreto de sódio usada é mínima e não se prende aos fios, além de ser facilmente removida durante o enxague dos cabelos. Sendo assim, o sal utilizado em xampus não danifica a estrutura os fios, sendo um componente muitas vezes essencial nas preparações por sua alta ação de limpeza e baixo custo. EVALUATION OF SALT USED FOR THE COMPOSITION OF SHAMPOOS: A REVIEW OF THE LITERATURE ABSTRACT The aesthetic market is growing every day and every moment arises a cosmetic novelty. Thus businesses are increasingly looking to innovate in cosmetic compositions that promise miracles, and shampoos is no different. Hair is considered picture-postcard appearance and keep it beautiful is the desire of every consumer. It is in this context that marketing has emerged about the shampoo without salt, it has invested in product advertisements stating that "no salt" would be of better quality. The sodium chloride salt used is an important component mainly serves to give viscosity to the preparation. The objective of this study is to evaluate, through a literature review on the influence of this component quality shampoos marketed. Keywords: Shampoos.Sodium Chloride. Thickener. REFERÊNCIAS ABRAHAM, L.S et al. Tratamentos Estéticos e Cuidados dos Cabelos: uma visão médica (parte 2). Surgical & Cosmetic Dermatology, 2009. 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