A_078 - UNESP : Campus de Presidente Prudente
Transcrição
A_078 - UNESP : Campus de Presidente Prudente
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. p.559-564. TRANSPORTE INTERMODAL DE CARGAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) ELIANA EDÉRLE DIAS CHAVES (1) PAULO CÉSAR LIMA SEGANTINE (2) (1) Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE Faculdade de Engenharia de Presidente Prudente - FEPP [email protected] (2) Universidade de São Paulo - USP Escola de Engenharia de São Carlos – EESC [email protected] RESUMO - O desenvolvimento sócio-econômico de uma nação tem ligação estreita com nível de sofisticação de seus sistemas de transportes. O incentivo a prática da intermodalidade no transporte de cargas é uma das metas prioritárias do governo federal brasileiro, visando o aumento da produtividade, redução de perdas com a movimentação, maior segurança e por conseqüência resultados positivos ao país. Neste artigo foram apresentados os conceitos relativos aos terminais intermodais de cargas, o modelo conceitual dos mesmos e a situação atual do intermodalismo no Brasil com a concepção do Programa Brasil em Ação do Ministério dos Transportes. Os sistemas de informação geográfica foram apresentados como ferramentas poderosas na gestão de sistemas de transportes, com ênfase em sistemas de transportes intermodais, por intermédio de pesquisas realizadas no Brasil e exterior. ABSTRACT - The socioeconomic development of a nation has a narrow connection with the level of sophistication of its transportation systems. The incentive to the practice of intermodalism in the transportation freight is one of the federal government's goals priorities seeking the increase of the productivity, reduction of losses with the movement, larger safety and for consequence positive results to the country. In this article the relative concepts were presented to the intermodal freight terminals, the conceptual model of the same ones and the current situation of intermodalism in Brazil with conception Programa Brasil em Ação from the Minister of Transportation. The Geographic Information Systems were presented as powerful tools in the administration of transportation systems through researches accomplished in Brazil and exterior. 1 INTRODUÇÃO É consagrada a importância dos Transportes em nosso cotidiano, bem como dos estudos envolvendo a implantação de novos sistemas ou a otimização dos já implantados, cada vez mais necessários e freqüentes. O crescimento do setor agrícola em nosso país está relacionado com os Sistemas de Transportes que possam atender de maneira satisfatória a demanda por transporte de cargas existente. Mundialmente, de acordo com CAIXETA FILHO (1995), do custo final de um produto cerca de 15% é parte destinada ao transporte do mesmo nos países desenvolvidos. No Brasil, esta participação pode atingir até 30%. A modalidade de transporte de carga mais utilizada no Brasil é o transporte rodoviário, com cerca 60% das operações efetuadas por este modo, restando 20% por ferrovias e 20% por hidrovias, justificada pelas dificuldades que as outras categorias enfrentam em atender com eficiência as demandas cada vez maiores das áreas mais remotas do país. E.Chaves; P. Segantine No entanto, há por parte do governo brasileiro, interesse e altos investimentos em projetos que incentivem e priorizem a utilização de outros modos como ferroviário e hidroviário, integrados entre si, efetivando a prática intermodal de transporte de cargas, como no Programa Brasil em Ação, conforme www.transportes.gov.br (1999), no âmbito do Ministério dos Transportes, que enfoca quatro grandes itens: o estimulo à prática da intermodalidade; a integração com os países do continente; a descentralização da malha federal e a privatização da operação dos serviços de transportes. O Estado de São Paulo, segundo www.geipot.gov.br (1999), destaca-se como expressivo mercado produtor e consumidor, com concentração da movimentação de cargas em direção à grande São Paulo e ao Porto de Santos, tanto para a exportação como importação. Na região de Presidente Prudente, encontrase o Terminal Intermodal de Presidente Epitácio, parte integrante do Corredor Sudeste, mantém interface com o Corredor Mercosul, e considerado meta prioritária, enquanto terminal intermodal, pelo Programa Brasil em Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. Ação junto ao Ministério dos Transportes, portanto, tornase um objeto de investigação relevante na área científica. Nos terminais intermodais são desenvolvidas atividades complexas em função da diversidade de modos de transportes, tipos de cargas e procedimentos adotados em cada situação. Os Sistemas de Informação Geográfica são considerados ferramentas poderosas na gestão de terminais intermodais. O conhecimento da infra-estrutura, dos modelos conceituais e tecnologias envolvendo o planejamento e gestão de terminais intermodais são o escopo deste artigo. 2 OBJETIVOS O presente artigo tem por objetivos: apresentar a importância da intermodalidade nos transportes de cargas como indutora de uma movimentação de cargas racional, segura e economicamente viável; mostrar a complexidade da infra-estrutura e gerenciamento de terminais intermodais pelas definições dos tipos de terminais e de cargas existentes; e relatar projetos comprovando a eficiência dos Sistemas de Informação Geográfica na gestão de Sistemas de Transportes Intermodais de cargas. 3 TRANSPORTE INTERMODAL DE CARGAS 3.1 DEFINIÇÕES Transporte intermodal é a combinação de dois ou mais modos visando à movimentação de cargas de uma origem a um destino, quando são combinadas as vantagens de cada modo, conforme MIDDENDORF (1998). Para o autor, o conceito de intermodalismo era comparado freqüentemente com de conteinerização ou com de terminal de transbordo. Enquanto conteinerização é uma inovação tecnológica que facilitou muito o uso de intermodalismo para uma grande variedade de bens, o intermodalismo é um conceito mais amplo. Acontece sempre que dois ou mais modos de transporte se relacionam com a finalidade de transportar cargas diretamente ou por intermédio de armazenamento. De acordo com FELD apud MIDDENDORF (1998) é "uma visão de holística de transporte na qual modos individuais trabalham juntos em um mesmo terminal proporcionando ao usuário escolher serviços melhores e onde as características e planos de ação de todos os modos são considerados em um único modo”. O envolvimento dos governos federais e estaduais com o intermodalismo mudou drasticamente nos últimos dez anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, em 1991 foram feitas exigências pelo governo federal no sentido de aumentar a movimentação eficiente de cargas e melhorias de acesso a portos, aeroportos, facilidades de terminais intermodais e otimização de rotas de distribuição de cargas. No Brasil, uma das metas do programa Brasil em Ação é o incentivo a prática de intermodalismo no E.Chaves; P. Segantine transporte de cargas, como pode ser visto em www.transportes.gov.br . ROMANO et al. (1994) relatam que o intermodalismo consiste na movimentação de cargas através de dois ou mais modos de transportes, integrados em suas infraestruturas viárias e condições operacionais que possibilitem a movimentação continuada, indivisível da unidade de carga. A Lei No. 9611, de 19 de fevereiro de 1998, define que Transporte multimodal de cargas é aquele que regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal. Na mesma lei, têm-se as seguintes definições: transporte multimodal de cargas: nacional - quando os pontos de embarque e de destino estiverem situados no território nacional; internacional - quando o ponto de embarque ou de destino estiver situado fora do território nacional. 3.2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DE TERMINAIS INTERMODAIS DE CARGAS As características físicas e outros atributos de terminais intermodais de cargas variam muito, como por exemplo, em tamanho, complexidade e funcionalidade. Alguns terminais são relativamente pequenos e simples, sem infra-estrutura e equipamentos sofisticados, enquanto outros mais complexos envolvem uma quantia considerável de infra-estrutura, como prédios, áreas de armazenagem. Na classificação de terminais intermodais MIDDENDORF (1998) relata que as características imprescindíveis são: quais os pares de modos são conectados no terminal diretamente ou indiretamente, os tipos de carga, os tipos de transferências para as quais o terminal foi projetado (armazenamento direto, em curto prazo, ou armazenamento em longo prazo), se o terminal é público ou privado e se uso do terminal está aberto ou restrito a usuários específicos. Em relação aos tipos de modos empregados o autor relaciona terminais conectando modos rodoviários, ferroviários, hidroviários, aeroviários e dutos com as combinações possíveis em cada terminal. Quanto ao tipo de carga, várias classificações são sugeridas, como pode ser visto na Figura 1, conforme MIDDENDORF (1998). Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. de terminais, sendo necessária à criação de bancos de dados de terminais intermodais que auxiliem na gestão das atividades complexas e peculiares em terminais intermodais. Para tanto, faz-se necessário, inicialmente, uma simplificação dos elementos chaves dos terminais, e as conexões entre os mesmo. Cargas Conteinerizadas Carga geral Não Conteinerizadas carga a granel carga líquida madeira carvão petróleo papel grãos produtos químico aço minerais líquidos veículos cimento outros outros H = rodovia R = Ferrovia W = Hidrovia Figura 2 – Ligações MIDDENDORF, 1998) Figura 1 – Tipologia das cargas de Terminais Intermodais (adaptado de MIDDENDORF, 1998) Ainda, quanto ao tipo de transferência de modo, o autor ressalta que, às vezes a transferência de um modo para outro não é feita diretamente. Equipamentos tais como elevadores, esteiras rolantes, terminais de consolidação e de desconsolidação, etc. são necessários. Assim, os terminais intermodais são classificados por: terminais de transferência direta, terminais de transferência com armazenagem de curto prazo, terminais com armazenagem de longo prazo. Na classificação quanto à disponibilidade tem-se que o terminal é público ou privado e se uso do terminal está aberto ou restrito a usuários específicos. Como exemplos de tipos comuns de terminais intermodais tem-se: terminais TOFC/COFC (Trailer-onflatcar/container-on-flatcar), Auto Terminais, Terminais de transbordo de cargas não conteinerizadas entre veículos rodoviários e ferroviários, Terminais de transbordo rodo-ferroviário, Terminais de carga líquida, Terminais graneleiros, Terminais Intermodais Hidroviários. 3.3 MODELO CONCEITUAL DE TERMINAIS INTERMODAIS No item 3.2, foram apresentadas as características principais e os terminais típicos existentes. Pode-se concluir que há uma grande diversidade de cargas e tipos E.Chaves; P. Segantine C = carvão F = fertilizantes M = madeira intermodais (adaptado de Um exemplo extraído de MIDDENDORF (1998) ilustra claramente a simplificação proposta acima. A Figura 2 mostra esquematicamente o funcionamento interno de um terminal intermodal, representado por uma caixa de fluxos de entrada e saída. No exemplo, o terminal recebe carvão pela ferrovia e o deixa pela hidrovia. Ainda, recebe fertilizantes por hidrovia, que deixam o terminal pela rodovia e ferrovia. Finalmente, a madeira chega ao terminal por rodovia e sai pela ferrovia. O que acontece dentro do terminal é representado pelas linhas tracejadas (transbordo de cargas, por exemplo). Assim, toda atividade neste terminal acontece por três modos de transporte e três tipos de cargas que podem ser representados através de quatro conectores ou ligações. Um conector intermodal é definido por um par de modos e os tipos de cargas associados a cada um dos modos, bem como por ter a propriedade de indicar a direção da transferência de modo, podendo esta direção ser unidirecional ou bidirecional. Os conectores intermodais são abstrações poderosas, pois mostram a essência do processo, representando o tempo, espaço, equipamentos e processos que envolveram a transferência direta ou indireta de cargas entre dois modos de transporte. No exemplo, este processo acontece no interior do terminal, que por sua vez, está conectado a outros terminais ou ao destino final da carga. Esse conjunto de nós (terminais) e ligações entre origem e destino de cargas designam-se redes de transportes. Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. O recurso matemático usado para representar as redes de transporte é de grafos, que são um conjunto de nós e ligações. A teoria de grafos em geral, não impõe qualquer estrutura espacial ou geométrica. Porém, as redes em Transportes representam feições espaciais, que devem, no mínimo, estar localizadas espacialmente por suas coordenadas. rodovia hidrovia ferrovia Figura 3 – Ligação de redes modais num terminal intermodal (adaptado de MIDDENDORF, 1998) A Figura 3, apresentada acima mostra o terminal do exemplo, e suas proximidades e as ligações com a rodovia, ferrovia e hidrovia, que devem ter as coordenadas especificadas, de preferência em um mesmo sistema, possibilitando análises e simulações que contribuam para a melhoria do desempenho do terminal. O modelo conceitual descrito neste tópico revela dois componentes essenciais na elaboração de uma base de dados de terminais intermodais: a localização do terminal e a definição de nós e ligações intermodais. 4 TRANSPORTE INTERMODAL DE CARGAS NO BRASIL A intermodalidade nos transportes é estimulada no Brasil em projetos arrojados como o Programa Brasil em Ação, no Ministério dos Transportes, concebido em 1996, que visa também a integração com os países do continente, a descentralização da malha federal e a privatização da operação dos serviços de transportes. O intuito do programa é a adequação do sistema viário as demandas originadas pelas movimentações atuais e futuras de cargas. O Programa, conforme www.transportes.gov.br contempla 15 projetos na área de transportes, sob a responsabilidade do Ministério dos Transportes e implantados, na sua maioria, até o final de 1998, E.Chaves; P. Segantine mobilizando recursos públicos da ordem de R$ 8,12 bilhões. Conforme mencionado neste trabalho, caso se verifiquem, em 2015, as premissas do crescimento econômico do Brasil e de seus parceiros comerciais no mundo, e sejam implementados os projetos selecionados pela ordem de prioridade, alterações significativas deverão ocorrer na matriz de transporte em relação à situação existente no ano-base de 1996, quando o transporte rodoviário apresentava participação expressiva de 64% em relação às demais modalidades de transportes. De acordo com essas premissas, e na hipótese da simulação otimizada segundo as alocações do modelo utilizado pelo GEIPOT, nota-se que, próximo a 2015, deverá ocorrer uma predominância da ferrovia no transporte dos produtos analisados, que responderá por 74,2% da movimentação total de cargas, ficando a rodovia com 13,7%, a hidrovia com 6,1% e a navegação de cabotagem com 6%. Considera-se, também, que será implantada até o período, a figura do Operador de Transporte Multimodal (OTM), cuja função principal é o recebimento dos bens a serem transportados, inclusive coleta, unitização, desunitização, armazenagem, movimentação e entrega ao destinatário final. Como continuidade do Programa serão analisados os corredores estratégicos de desenvolvimento, eixos que propiciam negócios, por intermédio de investimentos e do estabelecimento de mercados produtores e consumidores e suas rotas modais e multimodais. Os ganhos diretos estimados com a implantação e desenvolvimento deste programa vislumbram a diminuição de perdas na movimentação de safras agrícolas e de danos as mercadorias, aumento de produtividade e de segurança no transporte. Ganhos indiretos são previstos quanto aos impactos sociais causados sobre a comunidade das áreas de influência do programa, tais como, aumento de renda, acesso à instrução. 4.1 O Terminal Intermodal de Presidente Epitácio, no contexto do Sistema Tietê-Paraná e dos Corredores Estratégicos de Desenvolvimento. O Corredor Mercosul, um dos Corredores Estratégicos de Desenvolvimento atendidos pelo Programa Brasil em Ação abrange o Corredor Sudeste, que é integrado pelo Sistema Tietê-Paraná, onde está localizado o Terminal Intermodal de Presidente Epitácio, com área de influência direta no noroeste do estado de São Paulo e o sudeste de Mato Grosso do Sul. Além de benéfica à produção agrícola de toda a região na área de sua influência, a Hidrovia Tietê-Paraná também é importante para o escoamento de produtos minerais, combustíveis e fertilizantes. Quanto aos custos do frete pela hidrovia, o benefício alcançado foi à redução de US$ 55.00/t entre São Paulo e Buenos Aires em relação a outros modais. Influenciando a qualidade de vida de mais de 200 municípios, o Sistema Tietê-Paraná é objeto de estudos, Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. como no Projeto SIGEST/STP - Sistema Integrado de Gestão do Sistema Tietê-Paraná, um sistema de gestão de informações do patrimônio natural e infra-estrutural. Como parte integrante deste sistema, O Porto de Presidente Epitácio, foi construído em 1960, com a função de porto hidroviário objetivando a interligação do trecho do Rio Paraná, entre Guaira (PR) e Jupiá (entre SP e MS). Em 1998 a Malha Paulista, antiga Fepasa foi privatizada e está sob concessão do consórcio formado principalmente pela Vale do Rio Doce e fundos de pensão Previ e Funcef, por 30 anos. O porto atualmente é administrado pelas Ferrovias Bandeirante S.A. (Ferroban), está localizado na margem esquerda do rio Paraná, no município de Presidente Epitácio (SP), junto à divisa com Mato Grosso do Sul, tendo os seguintes acessos: • RODOVIÁRIO – Pelas SP-270/BR-267 e SP270/BR-374, • FERROVIÁRIO – Pela Unidade Regional Botucatu (UR 2), • FLUVIAL – Pelo rio Paraná. Com a inserção do Porto de Presidente Epitácio no Programa Brasil em Ação e transformação do mesmo em Terminal Intermodal de Presidente Epitácio, foram observadas alterações significativas na sua infra-estrutura e equipamentos, visando à adaptação a esta nova realidade. O porto fluvial de Presidente Epitácio, especializado até então em granel, movimentou em 2000, no cais público 91.037t de carga e fora do cais 821.301t, que responderam, respectivamente, por 10% e 90% do total do porto, 912.338t. Certamente, o interesse por estudos onde sejam investigados as características físicas e o funcionamento de terminais intermodais, como o de Presidente Epitácio, aumentará substancialmente, dada a sua importância no cenário nacional e internacional. 5 TRANSPORTES E SISTEMAS INFORMAÇÃO GEOGRAFICA (SIG-T) DE São apresentados a seguir, projetos que consolidam a utilização dos Sistemas de Informação Geográfica como ferramentas poderosas na gestão de sistemas de transportes. DANTAS et al. (1996) dividiram as aplicações de SIG em Transportes em quatro áreas de abordagem: Operação, Planejamento, Gestão, Revisão e Crítica. Os autores designaram que a área de Operação trata de questões de Transporte de Carga, Transporte Rodoviário, Engenharia de Tráfego e Transporte Coletivo Urbano (TCU). Nesta área, KRISHNAN & HANCOCK (1998) relatam que uma limitação importante no planejamento de transportes de cargas tem sido a escassez de dados, aliada a complexidade do transporte de cargas e ao grande número de expedidores, organizações, transportadores e dispositivos de cargas. A partir de um Levantamento de Fluxo de Mercadorias, realizado pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos e Bureau de Censo, foi elaborada uma E.Chaves; P. Segantine base de dados com os fluxos de mercadorias entre estados, classificadas pelo tipo de carga e modo de transporte, utilizando o TRANSCAD, inicialmente em Massachusetts, nas rodovias principais e expandindo-se posteriormente. Concluiu-se que, uso de SIG no planejamento de transportes fornece subsídios para o entendimento da distribuição espacial do fluxo de mercadorias. No Planejamento, os projetos se concentram em TCU, definição de Zonas de Análise de Tráfego (ZAT), Transporte de Carga e Transporte Regional. São relatadas aqui, as pesquisas de SILVA & MOTTA (1995) desenvolvida junto ao Departamento de Transportes da EESC-USP, visando avaliar o sistema de transporte público da cidade de São José do Rio Pardo (SP), utilizando o software TransCAD, de VIVIANI & SÓRIA (1995) que analisam o uso de SIG em um processo de gerência de vias não pavimentadas e de ZAMBON et al. (2001), relatando a análise através de um SIG-T do impacto do transporte na avaliação de alternativas de geração termoelétrica. Na mesma área, SILVA (2001) descreve a utilização no planejamento do transporte aéreo de passageiros. A Gestão tem seus trabalhos centrados na criação de base de dados, como em ROCKLIFFE et al. (1998), que descreve o desenvolvimento de base de dados para estudos de fluxo de cargas na Austrália. BRYDIA et al. (1998) dissertam que os sistemas de transportes inteligentes dispostos em áreas urbanas nos Estados Unidos produzem uma vasta quantidade de dados, pois os detectores de veículos coletam constantemente, velocidades, volumes, linhas de ocupação. Através dos TMCs (Transportation Management Centers), estes dados são armazenados, analisados e os resultados são colocados à disposição de usuários diversificados, que pretendam usá-los na adaptação de estratégias, avaliação de desempenho de sistemas ou tomada de decisão em investimentos futuros na área de transportes. É citado o sistema de dados ITS DataLink, onde são armazenados, acessados, analisados e apresentados dados do TRANSGUIDE Center in San Antonio, Texas. Na área de Revisão e Crítica analisa-se o potencial, as exigências básicas e as deficiências no uso do SIG apresentados com detalhes em KELLEY & STEENBURG (1996) descrevendo que, as operações com contêineres em terminais intermodais dependem de três fatores: identificação, localização e designação de tarefas. Muitas ferramentas são disponíveis que na designação e destino dos contêineres, tais como programas computacionais projetados para administrar a localização do contêiner, disposição e roteamento num terminal. Porém, estes software dependem de identificações manuais da localização dos mesmos. Propõe então, a integração de Equipamentos de identificação (AEI) e tecnologia DGPS, assim, operadores dos terminais podem receber a identificação automática do contêiner. Quanto à aplicação de SIG ao transporte intermodal de cargas, MAKKER & GOULIAS (1998) relatam que, com o funcionamento efetivo de terminais intermodais nos estados americanos houve a necessidade de desenvolver Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. modelos de fluxo de tráfego de caminhões capazes de predizer o tráfego nas rodovias. A metodologia usada é a mesma dos Sistemas de Planejamento de Transportes Urbanos, basicamente através de previsão de geração de viagens em uma determinada área. Os modelos apresentam a distribuição das viagens por meio de um modelo de gravidade usando tempo de viagem por impedância. Finalmente, foram criadas as Zonas de Análises de Tráfego (TAZs), baseados em censos existentes e os resultados obtidos permitiram a modelagem do tráfego de caminhões em rodovias estaduais e federais na Pennsylvania. O projeto foi desenvolvido pelo Centre County, com o software TRANSCAD. Finalizando, um estudo realizado por ALAM & FEKPE (1998) descrevendo a aplicação de SIG na análise de dados no corredor de transportes de cargas que conecta os portos de Seattle e Tacoma, rota dos principais centros comerciais entre o oeste americano e a costa leste. Dados como: facilidades e centros de gerações de viagens, tipo e modal de veículos, fluxo de mercadorias, fluxo de tráfego e comparações de tempo de viagens foram coletados e armazenados. A partir de tais informações foram gerados mapas de facilidades intermodais, principais rodovias que servem a área, ferrovias, peso bruto dos veículos que trafegam no corredor, distribuição dos tipos de veículos ao longo do corredor, fluxo, tempo de viagens e distribuição das mesmas, permitindo o entendimento do desempenho do sistema, que permitiram mudanças substanciais em várias regras e regulamentações no controle de movimento de cargas. 6 CONCLUSÕES A intermodalidade nos transportes de cargas é praticada em países desenvolvidos e já é realidade no Brasil. Sistemas que auxiliem no planejamento e gestão de Terminais Intermodais de cargas tem sido objeto de pesquisas e projetos na área. Os Sistemas de Informação Geográfica, através dos exemplos relatados, mostram-se ferramentas eficazes na implementação e manutenção de terminais intermodais. Estudos futuros, nos quais sejam aproveitadas novas potencialidades do SIG em transportes intermodais devem ser realizados, já que, no Brasil trata-se de um assunto pouco explorado. CAIXETA FILHO, J.V. Logística e Transporte. In: Fórum CARGILL de debates, II. Fundação Cargill, 1995. Corredores estratégicos de www.transportes.gov.br (1999). desenvolvimento, DANTAS, A.S.; TACO, P.W.G.; YAMASHITA, Y. Sistemas de Informação Geográfica em Transportes: o estudo do estado da arte. In: CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES, X., Brasília, 1996. Anais. Brasília, ANPET, v.1, p.213-222. GEIPOT – Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, www.geipot.gov.br (1999). KELLEY, K.; STEENBURG, E.V. Equipment Location Systems: Providing Intermodal Terminal Highway Access to Economic Activity Centers. Transportation Research Circular 459 TRB, p.211-28, 1996. KRISHNAN, V.; HANCOCK, K.L. Highway freight flow assignment in Massachusetts using Geographic Information Systems. Transportation Research Record, V. 1625, p156-64, 1998. MAKKER, J.T.; GOULIAS, K.G. Truck traffic prediction using quick response freight model under different degrees of geographic resolution. Transportation Research Record, V. 1625, p118-23, 1998. MIDDENDORF, D.P. Intermodal Terminal Database. 1998. ROCKLIFFE, N. et al. Developing database of nationwide freight flows for Austrália. Transportation Research Record, V. 1625, p124-30, 1998. ROMANO, A.M. et al. A intermodalidade dos transportes. FATEC-JH, 1994. SILVA, A.N.R.; MOTTA, S.H.S. Avaliação do desempenho de um sistema de transporte público urbano com o auxílio de um software para sistemas de informação geográfica. In: CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES, IX., São Carlos, 1995. Anais. São Carlos, ANPET. v.3, p.1154-60. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALAM, M.; FEKPE, E. Application of Geographic Information Systems techonology in freight data analysis. Transportation Research Record, V. 1625, p173-83, 1998. BRYDIA, R.E.; TURNER, S.M.; EISELE, W.L.; LIU, J.C. Development of intelligent transportation system data management. Transportation Research Circular 459 TRB, p.124-30, 1998. E.Chaves; P. Segantine SILVA, W. P. Geoprocessamento no planejamento do transporte aéreo de passageiros. In: GISBRASIL, 2001. VIVIANI, E.; SÓRIA, M.H.A. Aplicação de um SIG no desenvolvimento de sistema de gerência de vias nãopavimentadas. In: CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES, IX., São Carlos, 1995. Anais. São Carlos, ANPET. v.3, p.1148-53. ZAMBON, K.L. et al. Uma análise através de um SIG-T do impacto do transporte na avaliação de alternativas de geração termoelétrica. In: GISBRASIL, 2001.