Internacional

Transcrição

Internacional
PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE
O SETOR ELÉTRICO
RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:
INTERNACIONAL
MARÇO DE 2012
Nivalde J. de Castro
Kamaiaji de Souza Castor
ÍNDICE
SUMÁRIO.................................................................................................................................................................................3
1-INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA...................................................................................................................................... 5
2-Conjuntura energética na América Latina.......................................................................................................... 6
2.1- ARGENTINA............................................................................................................................................................6
2.2- BOLÍVIA .................................................................................................................................................................... 7
2.3- CHILE ......................................................................................................................................................................... 8
2.4 – COLÔMBIA..............................................................................................................................................................9
2.5 – PARAGUAI............................................................................................................................................................ 10
2.6- PERU........................................................................................................................................................................ 10
2.7 – URUGUAI .............................................................................................................................................................. 11
3. Energia no mundo....................................................................................................................................................... 13
3.1- ESPANHA .............................................................................................................................................................. 13
3.2 – EUA.......................................................................................................................................................................... 14
3.3- JAPÃO...................................................................................................................................................................... 15
Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos
Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro.
2
SUMÁRIO
Em março as questões energéticas mais uma vez estiveram em pauta nas agendas de
discussão dos principais países. De fato, a situação do setor em cada região reflete o cenário
econômico e as perspectivas para o futuro.
Neste sentido, diversos países da América Latina se mostram cada vez mais
empenhados em projetos de expansão de sua infraestrutura e em assegurar estabilidade
institucional com o objetivo de atrair investimentos externos produtivos. A Espanha, por outro
lado, assim como toda a zona do euro, ainda mostra grandes dificuldades e o seu setor
energético as evidencia, principalmente com a questão do déficit tarifário. Os EUA, por sua vez,
se mantêm como economia importante para o restante do mundo e sua recuperação se faz
necessária para diversas empresas energéticas multinacionais. A China, por sua vez, mostra-se
cada vez mais atuante como credor internacional, ao promover a expansão de investimentos
para além de suas fronteiras. Dentro deste contexto, as empresas chinesas sistematicamente
formalizam acordos em território estrangeiro seja com organizações nacionais ou mesmo com
governos.
Em termos específicos, neste relatório do mês de março abordam-se as questões
referentes à integração energética como o Acordo Energético Peru- Brasil e as discussões
ambientais que novamente ganharam destaque assim como os acordos de empresas chinesas
nos EUA com grandes players do mercado de energia nuclear.
Na América Latina, a Argentina ainda enfrenta as dificuldades crônicas de seu setor
energético, sobretudo, em relação à importação de combustíveis que acabam comprometendo
o saldo comercial do país. Outro destaque importante foi os esforços sistemáticos do governo
boliviano junto a representantes de empresas multinacionais do ramo de hidrocarbonetos no
sentido de recuperar a credibilidade e assegurar a estabilidade institucional De fato, o país
mais do que nunca busca por novos investimentos estrangeiros que possibilitem estimular a
economia. A Colômbia, por sua vez, anunciou que pretende em pouco tempo se tornar um dos
principais exportadores de energia da região ao aumentar sua capacidade de geração.
3
Por fim, ganhou destaque também as dificuldades no abastecimento energético do
Japão. Há grande preocupação, principalmente no verão que se aproxima, em relação à
capacidade do país em suprir a demanda energética com grande parte de sua geração nuclear
desativada. O reflexo mais imediato até o momento ocorre nas importações de combustíveis
que determinaram um déficit de19 bilhões de dólares
4
1-INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA
Neste mês de março, as questões de integração energética ganharam destaque com as
discussões em torno do Acordo Energético Peru-Brasil com o qual se pretende construir
centrais hidroelétricas na Amazônia peruana além de linhas de transmissão. Nos termos do
acordo, o convênio teria 50 anos de vigência e as concessões 30 anos, com cinco adicionais.
São 15 os projetos de hidroelétricas com potencial de exportação ao Brasil. Contudo, cinco
foram priorizadas pelas empresas brasileiras: Inambari (Madre de Dios), Paquitzapango
(Junín), Tambo 40 (Junín), Tambo 60 (Junín) e Mainiqui 1 (Cusco), que em conjunto têm um
custo estimado de US$ 12 bilhões.
Na Europa, por sua vez, foi anunciada a criação da DNV Kema Energia por noruegueses
e holandeses. A nova corporação vai atuar no ramo de consultoria e certificação dentro dos
setores de energia limpa, sustentabilidade, geração de energia, transmissão e distribuição. A
formação da empresa foi possível após a DNV adquirir 74,3% das ações da Kema. A Aliander,
que detém 25,4% e a Cogas (0,3%) completam a estrutura acionária da nova companhia. Os
serviços da DNV Kema Energia cobrirão toda a cadeia produtiva de energia, desde a fonte até o
usuário final, incluindo a energia eólica, captura e armazenamento de carbono, comércio de
carbono, eficiência energética, geração de energia, transmissão e distribuição, certificação,
inspeção, e teste relacionados à energia.
Por fim, a China, ao manter a sua estratégia de internacionalização de investimentos,
anunciou por meio da China Power a ratificação de um acordo com a empresa norteamericana Duke Energy Corporation para cooperação na tecnologia de energia nuclear. Este
acordo ocorreu logo após Duke Energy ter consolidado outro com a Guangdong Nuclear Power
Group, para cooperar em investimentos e operações de plantas nucleares na China.
5
2-Conjuntura energética na América Latina
2.1-ARGENTINA
Em março, a Argentina passou a negociar a troca de biodiesel por GNL, por conta da
escassez de dólares e o alto custo das impostações de combustíveis. O projeto consiste
basicamente em mudar os termos de pagamentos de importações de gás por via marítima
negociando descontos e oferecendo em troca biodiesel feito de óleo de soja, em vez de
dinheiro. A contração do saldo comercial do país, em parte devido às importações crescentes
do setor de energia, forçou o governo a determinar que a estatal de energia Enarsa limite os
gastos em dólares. A situação torna-se bastante complexa principalmente por conta das
perspectivas de aumento dos volumes de importação de GNL neste ano.
Em um cenário de grandes dificuldades, os residentes do país das regiões mais afetadas
pelo corte de subsídios estatais verificaram neste mês um incremento de até 300% nas contas
de luz. De acordo com o disposto pelo Governo, desde 1 de janeiro, 280.000 clientes de
distintos bairros perderam totalmente os subsídios.
Diante das perspectivas negativas acerca da economia do país, por conta dos ajustes
fiscais e cortes de custeio em diversas áreas, a Argentina passa a se empenhar na tentativa de
atrair investimentos estrangeiros, principalmente brasileiros para atenuar a situação
econômica. Neste sentido, o governo federal, por meio da presidenta Cristina Kirchner,
destacou que quer mais investimentos da Petrobras no país. Como se sabe, o interesse
brasileiro está nas jazidas de gás não convencional na zona da Patagônia. De fato, a estatal tem
uma importância significativa no país, sendo responsável pela produção de cerca de 7% do
petróleo e 9% do gás no país. Em vista disso, o governo avalia que a empresa tem capacidade
suficiente para aumentar seus investimentos produtivos.
6
2.2-BOLÍVIA
Neste mês de março, a Bolívia anunciou que recebeu US$ 447 milhões por conta de
pagamentos de Royalties e Participação e Imposto Direto aos Hidrocarbonetos (IDH)
correspondentes ao último trimestre de 2011 e janeiro de 2012. Segundo os dados, a cobrança
pela comercialização dos hidrocarbonetos supera em 48% a alcançada no igual período de
2011. Os pagamentos tributários do setor obedecem à maior demanda de volumes de gás
natural da Argentina e do Brasil, assim como o ajuste trimestral dos preços de exportação do
energético em função da cotação do petróleo internacional de referência (WTI).
Em relação aos investimentos, o governo do país procurou mais uma vez sinalizar a
segurança institucional fortemente abalada no cenário internacional após as nacionalizações
de empresas do setor hidrocarboneto. Neste sentido, o governo se reuniu com executivos das
petrolíferas Petrobras, Repsol, British Gas e a francesa Total para analisar os incentivos que os
permitam aumentar a produção de hidrocarbonetos. A iniciativa repousa no déficit na
produção de hidrocarbonetos líquidos apesar da grande produção de gás natural do país. O
governo também estuda modificar o preço do barril do petróleo no mercado interno que está
congelado há vários anos em 27 dólares o barril.
Todo o esforço das autoridades do país em busca da credibilidade parece demonstrar
resultados. Neste mês, pelo menos 12 empresas petroleiras operadoras de origem canadense,
colombiana e americana manifestaram seus interesses de aprofundar a informação
hidrocarbonífera e a estrutura legal para investir na Bolívia, segundo informações locais. A
maioria das companhias interessadas na Bolívia já opera ou se encontra desenvolvendo
atividades prévias na exploração e produção de petróleo na Colômbia.
A questão do fornecimento de gás também ganhou destaque no país, principalmente,
com a empresa Jindal Steel Bolivia (JSB) destacando as dificuldades de se concretizar projetos
por conta da insegurança em relação ao fornecimento de gás. De fato, trata-se de uma
dificuldade que frequentemente é destacada por diversas empresas em setores estratégicos,
como, por exemplo, o siderúrgico.
7
2.3-CHILE
Neste mês, o Ministério de Energia do país anunciou que as tarifas vigentes no mês de
dezembro 2011 tiveram uma queda média de 7,8% para os clientes regulados residênciais do
Sistema Interconectado Central (SIC). As variações no SIC respondem a indexação de preços
de longo prazo, produto da modificação da fórmula de indexação dos contratos de
fornecimento licitados dos processos 2008/01, os quais representam aproximadamente 27%
da energia fornecida. Para o Sistema Interconectado do Norte Grande (SING) os valores de
fixação apresentam um ata média de 5,3% na conta para o cliente residencial
No âmbito dos custos, a secretaria de Energia do país projetou que os custos marginais
da energia no Sistema Interconectado Central (SIC) poderão baixar cerca 50% em 2015 e
situar-se entre US$80 e US$90 por MWh. A autoridade fez essa projeção tomando por base um
cenário de hidrologia favorável e a entrada em operações das centrais de carvão Santa María I
(342 MW, da Colbún) e Bocamina II (350 MW, da Endesa Chile).
A questão das perspectivas de investimentos também foi destaque com a Besalco
apresentando projeto "Central Hidroeléctrica Los Hierros II, Obras de Generación y
Transmisión" para avaliação ambiental. O montante inicialmente previsto no projeto é de
US$16 milhões. O empreendimento prevê gerar 5,1 MW assim como a construção de meios de
transmissão e uma subestação de 110 KV.
Em termos de organização industrial, em março, o mercado elétrico chileno sofreu uma
modificação com a maior geradora elétrica, Endesa, anunciando que, no marco de um processo
de reorganização societária, fusionará as filiais Ingendesa, Compañía Eléctrica San Isidro S.A.,
Empresa Eléctrica Pangue S.A., Central Eléctrica Tarapacá S.A., Inversiones Endesa Norte S.A.
Enigesa e Endesa Eco. A Endesa Chile assegurou que "não haverá um efeito econômico
financeiro relevante nos resultados da companhia".
Ainda neste mês, a termelétrica da MPX sofreu com um processo de suspensão da
licença ambiental que havia sido dada a empresa. O empreendimento apresenta 2,2GW de
potência e está orçado em US$4,4 bilhões. Em nota divulgada, a MPX reiterou “que o projeto
cumpre plenamente todas as normativas ambientais vigentes" e garante que "irá recorrer da
decisão ao Supremo Tribunal do Chile no intuito de demonstrar, através dos argumentos
8
legais e ambientais apropriados, que a aprovação da CEA para a licença ambiental de Castilla
cumpre todos os requisitos constitucionais". A empresa também diz que o projeto foi o
primeiro a ser aprovado dentro dos novos padrões de emissões estabelecidos pelo governo
chileno, "equivalentes às mais exigentes regras e restrições europeias".
2.4 – COLÔMBIA
Em março, a Colômbia, por meio do Ministério de Minas e Energia do país, anunciou
que uma das metas mais importantes é a de converter a Colômbia em um grande exportador
de energia na região. Segundo a entidade, a capacidade de geração do país tem aumentado
significativamente. Somente em 2011 a capacidade chegou a 14,4 MW, em comparação com
2010, quando o valor era de 13,6 MW. Em 2011, as vendas externas de energia quase que
duplicaram e chegou a 1.500 GW, o que significa um aumento de 93,5% frente a 2010. Para a
Venezuela foram vendidos 1.500 GW e para o Equador 240 GW.
Por outro lado, quase quatro anos após o país liberar o sistema de leilões para a
geração de energia os analistas começam a ver com preocupação o andamento que registram
vários projetos. Um informativo da comissão de bolsa Correval chama a atenção para a
incerteza que se pode estar gestando sobre os preços futuros da energia, principalmente pelos
atrasos de vários dos programas de energia firme nesse ano, e cujo inicio está contemplada
para 2014 e 2015. De acordo com o documento, apesar de ser necessário contar com um plano
de expansão que permita que estas centrais cubram as expectativas de demanda futuras, as
principais iniciativas contempladas no plano de expansão contam com um significativo atraso.
Em relação ao abastecimento, o país sofreu com o risco de racionamento em Bogotá,
por conta das dificuldades em torno da obtenção da licença ambiental da companhia Empresas
Públicas de Medellín (EPM), encarregada da execução da linha de conexão Nueva Esperanza.
Segundo a companhia, a obra foi contrata desde o ano de 2010, no entanto até agora não existe
a liberação para a realização da obra. A obra já esta atrasada em um ano e não existe um prazo
concreto para a sua realização. Segundo especialistas a obra pode ser postergada até 2014
sem que haja problemas para a cidade.
9
2.5 – PARAGUAI
Neste mês, a Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) confirmou que no dia 5 de
março foi alcançada a máxima histórica de consumo de energia no Paraguai, quando às 21:50
se registrou um uso de 2.173 MW de energia elétrica. Este consumo de 2.173 MW representa
um incremento de 12,3 % com relação ao mesmo período do ano passado.
Ainda neste mês, no marco da Reunião Anual de Governadores do BID, o Ministério de
Fazenda paraguaio anunciou reunião com Banco Europeu de Investimento (BEI) para avaliar
possíveis operações. Entre as operações com o BEI se encontra o projeto da Administração
Nacional de Eletricidade (ANDE) e, neste sentido, se tem previsto um encontro no próximo 16
de abril para a analise do projeto da Segunda Linha de Transmissão de 500 kV (YacyretáAyolas-Villa Hayes). O financiamento previsto pelo BEI é de US$ 100 milhões, já que a outra
parte (50%) será financiada por organismos externos.
2.6-PERU
Em março, o Comitê de Operação Econômica do Sistema Interconectado Nacional
(COES) anunciou que o atual nível de reserva energética não assegura uma “posição muito
cômoda para o país” em termos de segurança energética. Segundo a entidade, estas
dificuldades poderão prolongar-se até a segunda metade de 2013, quando entrarão em
operação os novos projetos de transmissão, atualmente atrasados por conta da Lei de Consulta
Previa e pela aprovação ambiental.
Neste sentido, o Ministério de Energia e Minas autorizou o COES a efetuar a
redistribuição de gás natural até 31 de março, aplicando os critérios dispostos no artigo 4° do
Decreto Legislativo N° 1041, para reduzir os riscos de racionamento de eletricidade do
Sistema Elétrico Interconectado Nacional (SEIN). O artigo determina que em períodos de
congestão de fornecimento de gás natural, declarados pelo MEM, os geradores poderão
redistribuir entre eles de maneira eficiente. Os geradores poderão acordar com os usuários
industriais de gás natural a resignação da capacidade de transporte para fins de geração
elétrica.
10
Em relação aos investimentos, o Ministério de Energia e Minas anunciou que os
investimentos em geração de eletricidade superarão os US$5 bilhões até o ano de 2016 e sua
execução permitirá gerar 4.3 GW aproximadamente, atendendo desta forma a demanda de
eletricidade de acordo ao crescimento econômico do Peru. Há alguns meses que as empresas
mineradoras advertiram o risco do país ficar sem energia devido a falta de planejamento em
longo prazo no sistema elétrico do país. A demanda de energia elétrica do setor industrial
representa 55% do consumo total e se prevê um crescimento de 10% anual. Segundo a
Direção Geral de Eletricidade (DGE) do MEM, do total da energia planejada, 1.4 Gw serão
provenientes de centrais hidroelétricas novas, 1.37 Gw em centrais térmicas a gás natural de
ciclo combinado, 0.8 Gw de reserva fria e 0.6 Gw em energias renováveis.
O país ainda anunciou que a produção total de energia elétrica a nível nacional foi de
3.222 Gwh durante fevereiro do presente ano, maior em 7,8 % em relação ao mesmo mês do
ano anterior, informou o Ministério de Energia e Minas (MEM). A venda de eletricidade ao
cliente final a nível nacional aumentou 7,8% em relação a fevereiro de 2011; e se distribuiu ao
mercado regulado 1.550 Gwh, 7,4% mais do que no mesmo mês de 2011. O governo ainda
anunciou que chegou a marca de 89,2% dos domicílios com cobertura de energia elétrica. Esta
porcentagem representa um incremento de 1,8% em relação ao similar trimestre (outubro,
novembro e dezembro) de 2010. Na área urbana, o aceso a este serviço foi de 98,8%. Na área
rural se registrou 60,8%, o que representa um incremento de 0,7%, com relação ao último
trimestre do ano de 2010.
2.7 – URUGUAI
Neste mês, a principal empresa do setor elétrico do país, a UTE anunciou que prevê
reduzir em US$ 400 milhões o custo de abastecimento da demanda elétrica em 2015, uma vez
que almeja diminuir a dependência do petróleo com a incorporação de energias renováveis
como a eólica e a biomassa. Em 2015 a UTE tem previsto somar uma potência instalada de
energia eólica de 1.200 MW, 200 MW de biomassa e outros 500 MW com a construção de uma
nova central de ciclo combinado. As autoridades da UTE projetam um custo de abastecimento
da demanda para 2012 de US$ 953 milhões. Com a diversificação da matriz atual, o custo da
demanda seria de US$ 550 milhões.
11
Ainda em março, o governo anunciou que tem identificados 130.000 domicílios que
poderão reduzir 20% do seu consumo de energia com a instalação de coletores solares. Neste
mês, o Executivo lançou um Plano Solar que inclui um subsídio de $ 4.200. Se o consumo for
entre 400 kWh e 700 kWh poderá economizar entre US$ 205 e US$ 570 por ano instalando um
coletor solar para o aquecimento da água. Durante o primeiro ano a UTE descontará $ 350 por
mês de sua fatura ($ 4.200 anuais). Com este incentivo, o Poder Executivo pretende
aprofundar a cultura da eficiência energética, em um momento onde os custos de geração para
a UTE crescem sistematicamente.
12
3. Energia no mundo
3.1-ESPANHA
Neste mês de março, o leilão realizado entre as elétricas para fixar o custo de geração e
distribuição da energia fechou com uma queda de preços de 7%, Estes custos supõem 50% do
total da fatura que pagam a grande maioria dos usuários. Essa redução não se traduzirá numa
queda sobre a tarifa do consumidor, já que o executivo será obrigado a reajustar a tarifa
depois da sentença divulgada pelo supremo. Essa decisão é fruto do questionamento por parte
das empresas elétricas no que diz respeito ao congelamento de algumas partes da tarifa.
De fato, a questão das tarifas é extremamente importante para o país em um momento
de corte de subsídios. Assim, há perspectivas de que o governo espanhol autorize um aumento
das taxas de energia elétrica de até 7 % para os consumidores. O corte nos subsídios aos
distribuidores poderia reduzir o crescente déficit da Espanha em cerca de 500 milhões de
euros por ano, segundo relatos da mídia local. Em vista disso, o governo tenta levar adiante
um plano de austeridade para se afastar da crise de dívida da zona do euro. Os subsídios mais
baixos afetariam Iberdrola, Gás Natural Fenosa e Endesa e outras empresas menores.
A questão nuclear no país também voltou a ser discutida, principalmente em relação
aos custos que se incorrem ao se optar por este tipo de energia. Assim sendo, Eduardo Montes,
presidente da patronal elétrica Unesa, afirmou que somente nos anos em que o preço do
mercado elétrico é muito alto os reatores são realmente competitivos. Na opinião do
representante, construir uma nuclear é muito cara (5 bilhões se não houver atrasos e sobrecustos). Contudo, uma vez recuperada o investimento, sua operação é barata, porque o custe
do combustível é uma parte pequena. Por isso existe um grande lobby para que se aumente a
vida útil dessas centrais nucleares. Em todo caso, os desdobramentos destas discussões
envolvem diversas opiniões e os rumos do país no que diz respeito à matriz energética ainda
precisa ser discutido.
13
3.2 – EUA
Neste mês, a Arpa-E (Agência de Projetos Avançados em Energia) realizou um
congresso exibindo mais de 250 programas de pesquisa em energia que estão na fase de
transição entre a experimentação e o mercado. Todos têm como meta oferecer alternativas aos
combustíveis fósseis. Comandada pelo cientista de materiais Arun Majumdar, a Arpa-E vem
tentado, desde 2009, fomentar ideias na área. Os projetos em questão evidenciam a
preocupação norte-americana no ramo tecnológico de energias alternativas.
Ainda neste mês, o grupo espanhol Gamesa fechou a venda de quatro parques eólicos
nos Estados Unidos para a canadense Algonquin Power por cerca de US$900 milhões. As
usinas, que somam 480MW de potência instalada, estão em diferentes etapas de construção,
sendo que 80MW já estão em funcionamento. Apesar de comprados pela empresa canadense,
as usinas ainda utilizarão equipamentos da Gamesa, o que representará para a espanhola a
venda de 240 turbinas de 2MW. O comissionamento das usinas deve ser completado neste
ano: serão 80MW em Iowa, 50MW na Pensilvânia, 150MW no Texas e 200MW em Illinois.
Além de fornecer as máquinas, a Gamesa também será responsável pela operação e
manutenção dos parques por 20 anos.
A GE também teve destaque no mercado norte-americano. A empresa anunciou que vai
fornecer turbinas e geradores para substituir os antigos equipamentos da térmica a gás
natural Thomas C. Ferguson, na cidade de Marble Falls, no Texas (EUA). O contrato prevê a
entrega de dois sistemas turbina-gerador 7FA, assim como a instalação, comissionamento e
assistência técnica para Fluor Corporation, companhia responsável pelo contrato EPC da
usina. Segundo a GE, os novos equipamentos produzirão mais energia com menos combustível
e consumo de água. A nova usina de 540 MW irá substituir a termelétrica de 420 MW e 37
anos que atualmente opera no local. A companhia de utilidade pública Lower Colorado River
Authority irá operar a nova UTE Thomas C. Ferguson.
O país ainda anunciou que dobrou a capacidade solar fotovoltaica em 2011, com um
aumento de 109%, para 1.855 MW na comparação com 2010. A capacidade instalada da
indústria da energia solar americana estabeleceu um recorde em 2011, mais que dobrou a sua
capacidade em relação a 2010, quando era de 887 MW. As informações foram divulgadas pela
Associação de Indústrias da Energia Solar (SEIA).
14
3.3- JAPÃO
Em março, um consórcio formado por diversas empresas e a Universidade de Tókio
anunciou que pretende desenvolver um projeto experimental de parque eólico offshore
flutuante a ser instalado na costa de Fukushima. O empreendimento prevê a instalação de
aerogeradores e de uma subestação flutuante, com início de implantação previsto para este
ano. A primeira etapa consiste em uma máquina de 2MW, uma subestação em 66 kV e um cabo
subaquático. Na segunda fase, entre 2013 e 2015, serão colocadas no local duas turbinas de
7MW. As máquinas ficarão a uma distância entre 20 e 40 quilômetros da costa, a uma
profundidade entre 100 e 150 metros, e cada turbina testará uma tecnologia diferente de
plataforma flutuante.
A questão energética ainda é assunto recorrente para a economia japonesa. De fato, um
ano após a pior tragédia natural da história do Japão, a busca por novas fontes de energia é a
principal tarefa de casa para autoridades e pesquisadores japoneses. O governo que tinha
planos de aumentar a utilização da energia nuclear em até 50% precisa rapidamente de novas
alternativas, principalmente por conta dos fortes incrementos das importações de
combustíveis, que perfizeram um déficit de 19 bilhões de dólares.
Os problemas japoneses podem ainda piorar com a possibilidade de um verão sem
energia oriunda de fontes nucleares principalmente com o desligamento de um dos reatores
restantes para manutenção no dia 26. Especialistas dizem que as empresas terão que suportar
um fardo custoso e que limites obrigatórios para o uso de energia podem ser necessários para
evitar apagões. A Tokyo Electric Power, operadora da planta de Fukushima, desligará seu
último reator em operação, a unidade número 6 na planta de Kashiwazaki Kariwa. O único
reator restante em funcionamento, o Hokkaido Electric Tomari número 3, está programado
para sair de linha em 5 de maio para manutenção. O governo estimou que o Japão possa
enfrentar uma escassez de energia de 9,2 % neste verão, ou de 16,6 milhões de KW, se todos
os reatores nucleares forem desligados e se medidas não forem tomadas.
15

Documentos relacionados

Internacional

Internacional PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO

Leia mais