Untitled - Fiocruz

Transcrição

Untitled - Fiocruz
t'opyol"lil
Alda Ikiwr,
Alltollio Auguslo
(I 'I
11
Vid 1'"1'1 tI! I, '11111
!'tlSSOS
Direitos desta edição reservados ú
MAUAD Editora LIda.
Rua Joaquim Silva, 98, 5° andar
Lapa -
Rio de Janeiro -
Te!.: (21) 3479.7422 -
RJ -
CEP: 20241-110
Fax: (21) 3479.7400
www.mauad.com.br
em coedição com
FapeJj - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga, 118, 6° andar - Centro
CEP: 20020-000 - Rio de Janeiro - RJ
Te!.: (21) 3231.2929 - Fax: (21) 2533.4453
www.faperj.br
Projeto Gráfico:
Núcleo de ArtelMauad Editora
Agradecimentos ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
à Uerj, à Embrapa e à Faperj, pelos apoios recebidos.
Ctr-BRAslL.
SINDICATO
NACIONAL
CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
DOS EDITORES
DE LIVROS,
Ciência, civilização e república nos trópicos / [organizadores
Passos Videira]. - Rio de Janeiro: Mauad X : Faperj, 20 IO.
RJ.
Alda Heizer, Antonio Augusto
il.
Trabalhos apresentados no Seminário Ciência, Civilização e República nos Trópicos: 18891930, realizado em abril de 2008, na cidade do Rio de Janeiro
384p. ; l6cm x 23cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7478-324-6
1. Ciência - Brasil - História - Congressos. 2. Ciência e Estado - Brasil - Congressos. 3.
Brasil - História - República Velha, 1889-1930 - Congressos.
I. Heizer, Alda. lI. Videira,
Antonio Augusto Passos. m. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.
CDD: 509.81
CDU: 5(81)
o Museu
Paraense entre o Império e a República,
1866-1907
As primeiras décadas republicanas testemunharam
importantes transformações
no
cenário científico brasileiro. Novas instituições foram criadas pelo governo central e
por alguns governos estaduais, fortalecidos pelo pacto federativo. Outras foram extintas, refonnadas ou ampliadas, e há, ainda, aquelas que tiveram seus objetivos reorientados. Cientistas e intelectuais também começaram a refletir amiúde sobre a ciência e
a tecnologia no Brasil, valorizando
sua trajetória histórica, destacando sua utilidade
social e demandando maior apoio por parte dos governos.
Existem vários exemplos dessas transformações,
começando pela transferência do
Museu Nacional do Rio de Janeiro para a residência do Imperador deposto, o Palácio
da Boa Vista. Em dezembro de 1889, os administradores do museu solicitaram o prédio
de São Cristóvão ao novo governo, indeciso sobre o destino a dar para os despojos do
regime falido. Alegaram a falta de espaço para as coleções de história natural na antiga
sede, a soma avultada de recursos necessários para a construção de um novo edificio e a
localização adequada do palácio.! O governo logo cedeu o prédio e a mudança ocorreu
a partir de 1892. Independentemente
das questões técnicas que justificaram a trans-
ferência, o palácio imperial que se tomou museu pode nos dizer algo do lugar que as
ciências e a história ocupavam nos projetos políticos de alguns grupos republicanos.
Outras instituições cariocas foram beneficiadas de imediato pelo novo regime. O
Observatório Nacional ganhou "organização mais adequada a seus fins e nova orientação a seus trabalhos", além de "novos instrumentos mais modernos" (Morize, 1987, p.
124). Por sua vez, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro ganhou novo diretor. João BarCf. Acta da 155" Sessão do CD-MNRJ, em 10 de dezembro de 1889. Arquivo do Museu Nacional,
Registro de Atas e Deliberações do Conselho Administrativo do Museu Nacional, Livro n. 4, 1885-1893,
BR.MN.MN.CD.0.2.
1
bosa Rodrigues (1842-1909) foi nomeado em março de 1890, recebendo apoio político
conhecido pelas pesquisas sobre ofidismo (Benchimol e Teixeira, 1993; Almeida, 2003;
as coleções, desenvolver pesquisas e publicar livros e periódicos (Rodrigues, 1908). Con ,
Santos e Faria, 2003).
Esses exemplos mostram, claramente, que em pouco mais de dez anos e em alguns
tudo, a transferência de Barbosa Rodrigues de Manaus, onde dirigia o Museu Botânico
estados, o sistema federalista transformou significativamente
do Amazonas, para o Rio de Janeiro significou a extinção des~e museu, que não mereccu
meio da ampliação dos espaços e das políticas que permitiram a afirmação profissional
o apoio do governo local. Esse fato pode estar relacionado tanto com o perfil dos políticos
do cientista (mesmo que essa afirmação tenha ocorrido em prejuízo de outras práticas e
republicanos amazonenses, que não priorizaram os investimentos em instituições cientHl
saberes, como no caso da medicina). Em alguns casos, como no dos museus de história
cas, quanto com a figura polêmica de Barbosa Rodrigues e a atribulada criação do mllSCII,
natural, pode-se afirmar que houve uma desconcentração
que envolveu diretamente a família imperial (Lopes, 1997; Sá, 2001).
o fortalecimento de instituições localizadas fora da capital do país. O Museu Paulista
para executar obras estruturais, ampliar os passeios e recantos, reorganizar e incrementnl'
Um movimento inverso ao ocorrido no Amazonas pode ser observado em São Pau
10. Tal como no Rio de Janeiro, ali a República também transformou um símbolo .1111
o cenário científico por
científica com a criação ou
e o Museu Paraense passaram a dividir com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na
década de 1890, a liderança nas ciências naturais brasileiras (Lopes, 1997).
O argumento que defendo, contudo, não deve ser confundido com um tipo de his-
cional, o Palácio do Ipiranga, em museu científico. O "encontro do monumento à Indl'
pendência com a História Natural" (Alves, 2001, p. 69) já foi estudado tendo em vis!1I
tória positivista das ciências que classifica o regime imperial como "pré-científico"
a aproximação entre os projetos políticos republicanos, a ciência e a instrução públiclI,
o republicano como "científico", visão criticada por vários historiadores (Edler, 1992,
e
O Museu Paulista, fruto do discurso cientificizante das elites paulistanas, foi criado CIII
1999; Sanjad, 2001b; Almeida, 2003). Também não deve ser confundido com uma
1893 a partir da doação de uma coleção particular ao governo estadual. Seu primcil'o
tentativa de delimitação da origem de uma "ciência nacional" e autônoma, como de-
diretor, Hermann von Ihering (1850-1930), recebeu recursos suficientes para instalar o
fenderam Azevedo (1994), Stepan (1976) e Schwartzman (1979). Mas ele merece ser
museu no palácio, contratar equipe, formar coleções, desenvolver pesquisas e publictll
cotejado com um outro argumento, segundo o qual a ampliação e diversificação dos
um periódico (Alves, 2001; Lopes, 1997; Dantes, 1979-1980).
espaços institucionais no Brasil antecedem a República e são simultâneos à especiali-
No campo da higiene e da saúde, o governo federal passou a intervir fortemente, pl'ill
cipalmente no Rio de Janeiro, por meio de reformas urbanas, campanhas de vacinaçilo,
construção de hospitais, criação de instituições de pesquisa e órgãos burocráticos, Il1Udil11
ças que vêm sendo estudadas tendo em vista a articulação de médicos e bacteriologislll
zação científica e à introdução da ciência experimental no país (Dantes, 1988; Figueirôa, 1997; Lopes, 1997). O fenômeno seria, para ser mais preciso, perceptível a partir
da década de 1870, quando são criadas comissões geológicas, laboratórios, museus e
escolas superiores, bem como difundidas teorias evolucionistas,
doutrinas positivistas
digmas científicos diferentes e a necessidade de aparelhar o Estado para o enfrentanHllIl. I
e pesquisas experimentais.
Não discordo desse argumento, mas faço a ressalva de que essa diversificação ins-
das epidemias e doenças que grassavam em vários pontos do país (Benchim01 e Tcixuilll
titucional durante o Império precisa ser mais bem qualificada, distinguindo-a do ponto
1993; Hochman, 1998; Benchimol, 1999; Santos e Faria, 2003). O Instituto Soroteróph't1
de vista científico, geográfico e político. Por exemplo, se ela ocorreu no âmbito das
de Manguinhos (atual Oswaldo Cruz), criado em 1900, veio a se constituir como UI1Ido
ciências naturais, priorizadas durante o Império graças ao seu vínculo com a expansão econômica e com a imagem da Nação que se desejava firmar (Figueirôa, 1997;
com o poder político, o choque de gerações de médicos e higienistas formados em P/liII
principais paIos de produção de soros e fármacos, de ensino científico e de pesqllllill
Domingues, 1995), no âmbito das ciências da saúde o argumento é mais difícil de
biomédicas e biológicas do Brasil (Stepan, 1976; Benchimol, 1990).
sustentar. Por outro lado, se focarmos na distribuição geográfica das instituições cien-
Em São Paulo, o movimento higienista e de incentivo às pesquisas biológiclIs IIpl
cadas à saúde foi igualmente ativo. O estado foi o primeiro a implantar uma esll 11111111
burocrática apropriada para planejar e executar as reformas, o Scrviço Sanitório, 111'illdo
em 1892. Serviços auxiliares também foram implantlldos, cnl110 O Instituto BlIl'lllilo
lógico, que Adolpho Lutz (1855-1940) dirigiu P()f'qllillJ;OUI1I1H;
o IlIslillllO VlloIIHI/11
nico; o Laboratório dc Análises Qulmicils o IiI'Olllllltllt'I/.lt'liH;II o 1,IIhol'llfúdo 01111111111
c Farmacôutico.
Elll 1901,1111111
1I0VIIillsllllil,'l'Io /II'IIHI dlidll,
(11111111
1l1l111l11fl),
dirl/lldo pOl' VIIIII 111'11'/11
(
I H/I"
PI,'")
lilli
iI
III
111111111110
NOI'OIlIIl\plt
11
111111011
1I11t'ltlllldlllllllll
tíficas durante o Império, veremos que o Rio de Janeiro concentrou o maior número
dc instituições, assim como o governo central (muitas vezes personificado na própria
rigura do Imporador ou de membros da família imperial) foi o maior indutor da criação
de institllit,ll"lllHIlll'II<111
Corte.2 Por sua vez, as instituições criadas e mantidas pelos goVU1'1I0/'l
Pl'OVillt'!lilll,IIli\1\l do um número muito mais reduzido, não foram efetivamcntc
III1tI
IIII MIII11111
1 1\~tI. 1111 Iltll tI<l 1111 1 11111111 AIJII()()III <111 1\1111111 ( Illfti), <111 I.ll!lolll
(111 MII\IiIl (111 011111 Pllllo
11111/\1111
1\ ""IIH'"III.IOI(11111
I) II 1111
Iillpllllrllltllil~:t\lll\lllIlllr\l111r
II 1111
(lIl1llplillltl
(tli/")
( tll/b),
ganhasse novas atribuições e iniciasse, de fato, um programa de pesquisas identificado
implantadas ou tiveram uma atuação restrita por falta de apoio político e financeiro.3
Volto, portanto, ao marco republicano, afirmando sua importância para a transfor-
com a região onde se localizava (Sanjad, 2005).
mação do cenário científico brasileiro em razão do fortalecimento político e financeiro
dos estados. Evidentemente,
o apoio à ciência não foi homogêneo nos vários estados
A criação do Museu Paraense e
o patronato político durante o Império
brasileiros. Mais autonomia, mais recursos financeiros e uma ideologia que valorizava
o discurso científico (como algumas correntes positivistas) significaram, em alguns lugares, a criação ou reforma de museus, laboratórios, faculdades e escolas profissional i-
A criação do Museu Paraense ocorreu em meio à discussão local sobre a instrução
zantes. São Paulo possui os exemplos mais conhecidos,4 todos vinculados às demandas
pública e o potencial econômico dos recursos naturais da região amazônica. Desde
da dinâmica economia paulista e por vezes objetos de disputas de grupos políticos qu
a década de 1850, o governo provincial vinha ensaiando um maior apoio às ciências
buscavam espaço no novo regime (Santos, 1985; Figueirôa, 1997; Perecin, 2004).
naturais, processo liderado por professores do Liceu Paraense e pelo então Diretor da
POI'
sua vez, no Amazonas e no Rio Grande do Sul, para manter os exemplos nos estados
Repartição de Obras Públicas, matemático formado na Universidade de Coimbra, José
que experimentavam
Coelho da Gama e Abreu (1831-1906), barão do Marajó em 1881. Gama e Abreu as-
algum crescimento econômico, as políticas de incentivo à ciêncill
parecem ter sido bastante limitadas. Sobre esse último estado, um estudo das práticas d
sumiu a Repartição em 1855 e tomou para si a tarefa de reformar e ampliar o antigo
cura demonstrou que as características do positivismo gaúcho, que pregava a liberda I
jardim botânico colonial. Conseguiu recursos para transferi-lo de lugar, para aumentar
profissional e o ensino livre, dispensando a intervenção estatal na ciência e na educaçe o
as plantações e contratar nove jardineiros franceses (Sanjad, 2001a). Simultaneamente,
superior, impediram ali uma organização
sanitária fundamentada
científicos e jogaram médicos, médicos-positivistas
escreveu um relatório ao presidente da Província sugerindo a ampliação da biblioteca
em conhecimentos
e o governo em disputas por apoio
botânicas, zoológicas ou mineralógicas que existem na Província" e ao "recreio e ins-
e espaço profissional (Weber, 1997).
Não se trata, em conclusão, de fazer a oposição entre fases "metafisicas" e "posil
vas", "coloniais" ou "nacionais",
"pré-científicas"
pública e a criação de um museu de história natural, destinado "à coleção das riquezas
ou "científicas",
j.
e sim de procul'lll'
entender quais os mecanismos políticos e ideológicos dos grupos republicanos que pOH
sibilitaram (ou não) maior inserção das atividades científicas e dos próprios cientislas
na sociedade. Veremos, adiante, um estudo de caso realizado com o Museu Paraens ,
instituição provincial fundada em 1866, em Belém, e reformada em 1894. Suas pri 111
trução da população". Gama e Abreujustificou
"à especulação dos empreendedores,
enriquecer esta Província".
a formação de coleções como incentivo
e outros tantos canais de produção [que] venham
5
Em 1860, o presidente da província contratou o naturalista francês Louis-Jacques
Brunet, então Diretor do Gabinete de História Natural do Ginásio de Pernambuco, para
percorrer o rio Amazonas e alguns de seus afluentes. Ao justificar a contratação de Bru-
j
ras quatro décadas têm como pano de fundo a passagem do Império para a Repúbli 'li,
'net, o presidente afirmou que pretendia habilitar-se "com meios seguros de promover
quando ocorreram mudanças políticas que o posicionaram
[no Pará] a exploração de objetos pertencentes aos três reinos da Natureza, tão abun-
como uma das instituiç(
estaduais prioritárias em termos de aplicação de recursos financeiros e como importElIII\\
dantes aqui, e tão desconhecidos ao mesmo tempo" (Albuquerque, 1860, p. 51). Brunet
símbolo para a identidade das elites locais. Em outras palavras, a proclamação da R
faria uma coleção de objetos de história natural para o ginásio pernambucano,
111'1
para o
blica e o consequente sistema federalista implantado no Brasil podem ser considera 10
Museu Nacional e, ao mesmo tempo, foi encarregado de explorar e examinar alguns
como marcos fundamentais para a história do Museu Paraense, uma vez que perm iI i1'11111
produtos que pudessem diversificar a pauta de exportações paraenses.
que uma instituição provincial, fisicamente distante do centro político do país
As coleções que Brunet fonnava ao longo da viagem eram enviadas à Repartição
'111
então pouco valorizada pelo próprio governo da província do Pará, fosse requali"fi '1Idll,
de Obras Públicas, ou seja, para Gama e Abreu, que logo montou um pequeno mostruário de produtos que tinham potencial para a indústria e comércio (Amaral, 1861). Foi
com a intcnção dc aproveitar essas coleções que os deputados Joaquim José de Assis e
Joaquim P ·dro 'orr 'o tc Freitas - ambos lentes do Liceu Paraense - propuseram um
f 11I11I'1i1l1
11111
(1111'),
illllllil
11
artigo aditivo à Lei do Orçamento Provincial de 1862, estipulando em 600 mil réis o
montante necessário para a instalação de um "Museu de História Natural".6 O aditivo
foi aprovado, mas os recursos não foram aplicados por razões de economia.
7
o barão do Arary (depois Visconde), membro de uma das mais ricas e tradicionais
famílias paraenses, com raízes no século XVIII, cujo poder político e econômico vinha
se perpetuando de maneira incomum por meio de casamentos e alianças comerciais
Em resumo, na década de 1850 podem ser registradas algumas iniciativas 10caiR
(Batista, 2004). O barão era um entusiasta da agricultura, patrocinando e apoiando po-
que tiveram como objetivo incentivar as ciências naturais na capital do Pará. As pre-
liticamente iniciativas voltadas para a promoção de atividades científicas e da instrução
ocupações daqueles intelectuais e políticos oscilavam entre as necessárias melhorias
pública, como a contratação de Brunet, a reforma do jardim botânico e a criação da
na instrução pública e o desenvolvimento
escola rural. Sua "proteção" foi fundamental para a fundação do Museu Paraense. Ele
econômico por meio da agricultura e da in-
dustrialização de produtos nativos. A coleta, a conservação e a exposição dos produtos
e Ferreira Penna levaram a Sociedade Filomática para dentro do Palácio do Governo e
naturais da região poderiam, dentro dessa visão, contribuir para o progresso local e para
tomaram o assunto de utilidade pública. Mais ainda, buscaram apoio para o nascente
a civilização da província. Essas eram, naqueles anos, as senhas para entendermos o
lugar das ciências no debate entre políticos e intelectuais.8
museu no Partido Liberal, ao qual estavam vinculados. Não fosse assim, não seria pos-
Na década de 1860, um novo personagem entra em cena no jogo político para a ob-
Dos oito membros, quatro eram filiados ao Partido Liberal, incluindo o chefe do partido
tenção de apoio e de verbas públicas destinadas ao financiamento de atividades científi-
na época, Francisco Acácio Corrêa, casado com uma sobrinha do barão do Arary e ele
cas. No final de 1858, o mineiro Domingos Soares FerreiraPenna
mesmo nomeado barão (do Guamá) em 1880.
(1818-1888) assumiu
sível explicar a comissão que o barão nomeou para redigir os estatutos da Sociedade.
a Secretaria de Governo da Província do Grão-Pará, cargo que ocupou por nove anos .
No dia 20 de setembro de 1866, os estatutos da Associação Filomática foram pu-
que era central na administração da província, sobretudo na assessoria dos president s
blicados em jornaJ.9 Seus 28 artigos são bastante ilustrativos do entendimento que os
e na intermediação
políticos e intelectuais locais tinham de um museu de história natural, assim como da
destes com a Assembleia Provincial, a quem cabia a autorização
prévia para qualquer despesa do erário. Foi dessa posição que Ferreira Penna retomou
O
função e demanda que estabeleceram para a instituição. Os fins precípuos da Associa-
projeto do grupo liderado por Gama e Abreu e pelos lentes do Liceu Paraense, seguindo
ção eram a fundação e manutenção de um "Museu de história natural e de artefatos
as sugestões que Louis Agassiz (1807-1873) fizera em uma das conferências que deu
indígenas", que ganhou um nome similar ao do Liceu, "Museu Paraense" (art. 1°). A
em Belém, em 1865, quando então demonstrou "a conveniência da criação de um Mu-
instrução pública deveria ser a missão do museu, definido como um "estabelecimento
seu nesta cidade, lamentando não se encontrar aqui reunidos em um tal estabelecimento
tantos objetos úteis e interessantes" (Vellozo, 1867, p. 33).
para instrução popular". Nesse sentido, além da mostra de produtos naturais e objetos
Em julho de 1866, Ferreira Penna divulgou uma carta circular nos jornais convidando os interessados a comparecerem
a uma reunião que tinha como fim criar
UlTIiI
indígenas, o museu deveria "instituir lições" de geografia, hidrografia, etnografia, história do Brasil e do Pará, e "preleções sobre a história natural". Essas seriam as áreas
de atuação do museu, cujas atividades se concentrariam na formação e exposição de
"Sociedade Filomática", ou seja, uma sociedade de amigos ou amantes da ciência. 1\
acervos, na oferta de cursos e palestras e na montagem de uma biblioteca especializada
reunião se realizou no dia 2 de agosto de 1866, no salão principal do Palácio do Gov
naqueles assuntos.
no (Cunha, 1965). Presidia interinamente
'I'
a província Antônio Lacerda de Chermolll,
A reunião inaugural da Associação ocorreu no dia 6 de outubro, como de costume,
no Palácio do Govemo.IO Nessa ocasião, foi eleita a primeira comissão diretora. Ferreira Penna foi escolhido o presidente e Francisco Acácio Correa, o chefe do Partido Liberal, foi eleito secretário (Cunha, 1974). A primeira missão de ambos foi obter verbas do
governo, para a qual o apoio do presidente da província era fundamental. Isso ocorreu
com o barão de Arary e com o presidente seguinte, Pedro Leão Vellozo. Este concedeu,
cm março de 1867, sem a autorização prévia da Assembleia Provincial, uma quantia de
2:000$000 li r i para que a Associação Filomática pudesse "estabelecer nesta cidade
P ,ltll/lIll
tio
/111
10 MIIIIHII'IIIIIIII
11/111 ,IIIIh
t
/11/1111/11
111, q',i1IIf1.(
( 11111'1'1/1
Ir
I,
,ri
20
l.
18
I Ifl, Ali
,p. 2.
14,
2~r.
11,
(1111,111(I,
um museu de artigos da História Natural e de objetos pertencentes
aos indígenas". 11
sar da proteção dos presidentes, a tarefa não foi fácil, pois alguns deputados protesta-
Ao deixar o governo, Vellozo elogiou a ideia do museu, que merecia "o aplauso e todo
ram contra o que consideraram uma intervenção em assuntos específicos da Assembleia
o apoio dos homens de bem e de instrução", e lamentou que "espíritos incapazes d
produzir e apreciar o bem" estivessem tentando prejudicar uma iniciativa important
para o progresso e civilização da província. Pedia, assim, a "proteção mais ou menos
manifesta do governo [ao museu]" (Vellozo, 1867, p. 32).
Politicamente,
como já foi mencionado, o debate inicial sobre o Museu Paraens
Provincial: a aprovação prévia de despesas do erário. Como a verba inicial já havia sido
'
gasta, a solução encontrada foi disponibilizar
a mesma quantidade de recursos para
outros grupos interessados em atividades científicas, protegidos por outros políticos,
o que, na prática, significou a suspensão do apoio à Associação Filomática a partir de
1868.12 Ferreira Penna, desgostoso, deixou definitivamente a Secretaria de Governo no
que a divulgação
final de 1867 e rumou para o Amazonas como secretário de Gama e Abreu, nomeado
dos produtos naturais da província contribuiria para incentivar a agricultura e a divcr-
presidente daquela província. Em seguida, passaria quase um ano viajando pela região
sificação das exportações.
de Santarém e Óbidos a serviço do governo paraense.
tinha como pano de fundo o progresso econômico. Acreditava-se
Um museu seria o lugar ideal para essa divulgação, poi:4
poderia reunir em mostruários adequados ao estudo e atraentes aos visitantes todos os
Ao retornar a Be1ém, Ferreira Penna e um professor do Liceu Paraense, José Ferrei-
vegetais, minerais e animais de interesse para o comércio e a indústria. Essa questão
ra Cantão, solicitaram ao presidente a destinação de mais verbas ao Museu Paraense.
torna-se mais relevante se lembrarmos que os presidentes da província, os intelectuais
Estas foram aprovadas pela Assembleia Provincial com a justificativa de que o museu
e os naturalistas chamavam a atenção para o progressivo abandono dos produtos tradi-
"servirá de base a uma aula de história natural no Colégio Paraense [Liceu], onde fica
cionalmente cultivados e exportados pelo Pará. A maioria clamava contra as condiçõ s
já estabelecido o dito Museu" (Figueiredo,
de trabalho dos seringueiros e a excessiva dependência
tribuiu para que, em 1871, o museu imaginado pela Associação Filomática - em detri-
um único produto.
a contraste
da economia paraense sob r
entre o potencial econômico da província - baseado nll
1869, p. 17). E assim foi feito, o que con-
mento das iniciativas concorrentes - fosse oficializado como uma repartição pública, a
enorme quantidade de vegetais que poderiam ser explorados - e as rápidas mudança.
qual funcionaria por longos anos no pavimento térreo do Liceu. Mas isso viria a ocorrer
verificadas no interior da economia pela comercialização
somente depois que uma outra expedição científica aportasse em Belém, desta vez con-
do 1átex foi objeto de ácido.'
comentários do próprio Ferreira Penna (1864), confiante que era no caráter civilizadol
duzida por Charles Frederick Hartt (1840-1878).
da agricultura. Nesse sentido, um museu, ou melhor, uma exposição de produtos natll
Ferreira Penna foi grande colaborador de Hartt desde a expedição de 1870, enquanto
rais, na qual a ideia de "variedade" deveria aparecer como principal discurso, coaduna-
este se mostrou um dos mais ativos colaboradores do Museu Paraense. Hartt fonnou
va-se com os valores e as crenças que se desejava divulgar.
a museu
coleções, classificou e estudou as já existentes. Em 1871, então chefiando a segunda Ex-
também teria a função de manter na região "esses objetos continuamcnl
pedição Morgan, doou para o museu "diversos volumes, contendo produtos importantes"
remetidos uns como mimos, e outros vendidos para a Europa ou Estados Unidos, on<l
e, para a biblioteca, "uma boa porção de livros novos e muito estimados", trazidos espe-
vão enriquecer os museus públicos ou particulares" (Vellozo, 1867, p. 33). Tratava-s
cialmente dos Estados Unidos (Graça, 1871, p. 15-16).
de uma referência explícita a Agassiz, citado no relatório de Vellozo, cujas colcç
bendo dos professores do Liceu Paraense e a visibilidade que ganhou com as sucessivas
amazônicas ganharam fama no hemisfério norte. A remessa contínua de coleçõe
visitas de Hartt e de seus alunos contribuíram para que o presidente da província, Joaquim
estrangeiro e o desconhecimento
paru O
dos produtos locais seriam, segundo Vellozo, moti vo
suficientes para "criar entre nós um estabelecimento
o que é nosso, o que temos em casa.
a meio
onde se faça conhecer, ao mOIlOS,
de conseguir este fim é tão cômodo '()IIIO
a apoio
que o museu vinha rece-
Pires Machado Portella, decidisse instalar oficialmente o Museu Paraense e a Biblioteca
Pública - mais uma vez sem a autorização prévia da Assembleia Provincial.
A cerimônia de instalação foi realizada no dia 25 de março de 1871, aniversário da
simples: é dar o governo pleno apoio à Associação Filomática para que esta pOSSIId \
Constituição. Na "mais bela festa literária" do Pará, como definiu o vice-presidente
senvolver largamente a instituição útil que se incumbiu de fl.lI1dar"(ibid., p. 3 ).
Abel Graça, compareceram as altas autoridades da província, o bispo, o corpo docente
Esse período inicial foi marcado, portanto, pelas t ntativlIH d obt r rccursos rt'1I 11
discente do Liceu Paraense.
a museu
foi aberto com "uma boa coleção de serpentes"
cos para a instalação do museu, que nasccu do ini 'illtivlI <I illl 'I' 'tllois r '1IIIido,' \111
uma organizaçã.o independentc, mas qll
stllv Illl b 1111 po 11' 01111(/0:4
110 I OV
1110.
P
P rA 1868, Titulo 3, Capo 2°, artigo 18°, § 12°. Jornal do
b II( fi I 1(101 P r ta lei foi o Club ci nlifico, fund d
11111111111/1 ,[.1 moI ri
r, B I m,1
n v,18 7,
e "uma excelente coleção de minerais da Europa", ambas pertencentes à Repartição das
da biblioteca, já existente, mediante uma gratificação como "encarregado" do museu. A
Obras Públicas. 1. B. Steere, aluno de Hartt que viajava pelo Amazonas, enviou "vários
possibilidade de construção de um imóvel próprio também não foi discutida, bem como
objetos, prometendo remeter dos diversos pontos, em que se achar, todas as duplicatas
os investimentos necessários à montagem de exposições, coleções e laboratórios.
que for obtendo". Anunciava-se para breve, ainda, a chegada de uma outra coleção ge- '
ológica, em preparação no Museu Nacional do Rio de Janeiro (Graça, 1871, p. 16).
A parcimônia nos investimentos do museu não pode, entretanto, ser atribuída apenas
à Assembleia Provincial. Na verdade, aqueles recursos não foram discutidos porque não
O museu surgia, assim, sob grandes expectativas, tendo sido saudado com entusias-
foram solicitados pelo presidente da província. Isso nos leva a crer que a estratégia de
mo pelo vice-presidente: "O Museu Paraense é o estabelecimento mais importante, qu
Ferreira Penna para fazer aprovar o museu foi reduzir ao máximo as despesas com a sua
mais poderosa influência tem de exercer para o desenvolvimento
das sciencias nesta
instalação, tomando o assunto de menor interesse nas discussõesda Assembleia - o fórum
de ensino superior; é
legítimo para discussões políticas sobre os projetos governamentais. Vale ressaltar que,
o centro a que se hão acolher no Pará os estudos da ciência da natureza" (Graça, 1871,
desde o início, a Assembleia Provincial não foi o ponto de partida para a criação do Mu-
província. O Museu é o primeiro núcleo de um estabelecimento
p. 15-16). Com base nesses argumentos, a Assembleia Provincial aprovou os recursos
seu Paraense. Pelo contrário, o órgão legislativo viu-se constantemente instado a legiti-
empregados e também o regulamento provisório escrito por Ferreira Penna, decretado
mar as iniciativas dos presidentes, aprovando leis a posteriori. Esse procedimento exigiu
que os interessados no museu justificassem constantemente a utilidade da instituição,
por Machado Portella no dia 15 de abril de 1871.
De acordo com o novo regulamento, o museu abriria com três seções (Mineralogia
e Geologia; Botânica e Zoologia; e Ciências Físicas) e posteriormente
seria ampliado
bem como buscassem a cada novo presidente e a cada nova legislatura o apoio necessário
para obter recursos públicos e aprovar leis e regulamentos, geralmente deficientes e mal
com a criação de mais três: Agricultura; Arqueologia; Numismática, Artes Liberais
dimensionados. Quando a conjuntura política mudou e as relações pessoais falharam,
Artes Mecânicas. Cada seção teria um diretor, os quais formariam o Conselho Adminis-
ficou evidente a insustentabilidade de um museu personificado em Ferreira Penna.
trativo juntamente com o diretor-geral. Pode-se inferir, ainda, que o caráter pedagógi '()
O patronato que permitiu a criação do museu não foi capaz de manter o apoio à
do museu foi mantido no novo regulamento, pois um artigo determinava que, em cadll
instituição. A rotatividade dos presidentes da província, geralmente nascidos em outras
semana, um dos membros do Conselho ministrasse uma "lição pública" relacionada 1\
paragens e com frequência ignorantes da correlação de forças políticas locais, cedo
seção sob sua responsabilidade.
frustrou os planos de Ferreira Penna para o Museu Paraense. Em meados de 1872, o
O museu imaginado por Ferreira Penna era grandioso. Seis seções englobavam
mil
de dez ramos científicos diferentes, se considerarmos que na seção de Ciências Físi
i
[I,
diretor do museu se envolveu em uma polêmica com um presidente recém-empossado,
o barão de Villa da Barra (Sanjad, 2005). Este, desconhecendo a lei que criou o museu,
estavam incluídas as matérias prediletas do intelectual, como geografia e hidrogratill.
de 1871, e a que o reestruturou, em 1872, criando novos cargos (inclusive o de diretor)
Se compararmos
e dobrando o orçamento, demitiu Ferreira Penna da biblioteca para nomear um prote-
esse museu com o projetado pela extinta Associação FilomáliclI,'1
verificaremos uma significativa ampliação de atividades, assim como a substituição dll
gido seu - poucos dias antes de a nova lei (1872) entrar em vigor. Automaticamente,
etnografia pela arqueologia e o desaparecimento
o demitiu também do museu (cuja direção ainda estava unida à da biblioteca), mas só
da história, Contudo, essa estru(UI I
contrasta com o orçamento estipulado para a instituição, de apenas 4:000$000 anuais,ll
veio a saber disso após a irada reação de Ferreira Penna. A correspondência
e com o pessoal contratado, um porteiro e um servente, O projeto de lei aprovado p I,
bos terminou com uma troca de insultos pelos jornais, sendo perceptível uma profunda
Assembleia não criou cargos remunerados de preparadores (taxidermistas), natural isl11•
insatisfação do intelectual mineiro com o sistema político que fragilizava as instituições
diretores de seções e sequer o de diretor-geral.J5 Este iria acumular o cargo de dir
locais. Para Ferreira Penna, o barão nada mais era do que um "sargento político que a
101
entre am-
Corte Ministerial nos enviara como uma de suas capacidades em disponibilidade".
16
Esse episódio, acrescido do fato de o museu ter sido criado à revelia da Assembleia,
provocou o cancelamento dos investimentos no museu e a revisão da lei de 1872, jo-
gando a instituição numa espécie de inércia que durou até 1889, quando foi finalmente
Pelo documento, Chermont autorizava o diretor da Instrução Pública a reorganizar
1889). Por sua vez, Ferreira Penna desligou-se
o museu, tornando nula a lei anterior que o extinguia. Também autorizava a mudança
da instituição (salvo por um breve período, em 1882-1884, quando o barão do Mara-
da instituição para o prédio da antiga Escola Prática, que funcionava vizinha ao Liceu
jó e o então presidente conseguiram convencê-Io a reassumir a direção), passando a '
Paraense, criava o cargo de "ajudante do encarregado" e aumentava os vencimentos do
dedicar-se aos estudos arqueológicos, etnográficos e históricos, bem como às coleta~
para o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
encarregado-preparador,
extinta pela Assembleia (Pernambuco,
equiparando-os aos dos professores do Liceu. Três dias depois,
o novo diretor do museu, Ernesto de Sá Acton, já estava empossado. Sua primeira tarefa
O Museu Paraense, embora criado na lei e com algum acervo e mobiliário, não
foi realizar "um inventário circunstanciado dos objetos pertencentes ao mesmo Museu,
chegou a ser efetivamente instalado e estruturado. Acéfalo e sem proteção política n
dividindo-o em móveis e utensílios e artefatos próprios ao Museu", além de providenciar
partir de 1872, seus recursos financeiros foram escassos, sempre reduzidos ao mínimo
a relação dos "objetos completamente imprestáveis ou inservíveis" (ibid., p. 221 ).l7
necessário para pagar o porteiro do prédio. Com exceção de Ferreira Penna, não tev
Apurado o que havia restado do antigo museu, Verissimo criou um novo regulamento
pessoal científico contratado e não desenvolveu pesquisas, ou seja, foram discrepantes
para a instituição, estipulando suas funções da seguinte maneira: "Fica reorganizado o
os planos traçados pelos idealizadores do museu e o que foi efetivamente realizado pelo
Museu Paraense, com o fim de proporcionar os meios de estudar as ciências naturais pela
governo provincial, mais preocupado com as formalidades jurídicas, com a construção
de luxuosos edificios e outras obras de infraestrutura.
tas dos produtos do Estado, o proveito que deles podem tirar a indústria e o comércio"
exposição de produtos animais, vegetais e minerais, e de conhecer, pelas amostras expos(Decretos ..., 1894, p. 197). Vemos, assim, que o museu manteve uma função pragmática,
vinculada não apenas à instrução pública, mas também ao desenvolvimento do comércio
e da indústria. Essa justificação social não era estranha aos demais museus do século XIX,
Foi esse cenário que mudou após a proclamação da República. No início de 1890.
José Veríssimo Dias de Mattos (1857-1916) foi nomeado diretor de Instrução Públi
mas permanecia, no novo regulamento, a distância que separava o projeto do museu das
condições criadas para sua execução, tal como aconteceu durante o Império.
'li
pela Junta Governativa, liderada por Justo Leite Chermont, filho do barão do Arary (n
Por exemplo, Veríssimo criou seis seções no museu: I" Anatomia comparada e zoo-
primeiro "protetor" do Museu Paraense). Amigo e parceiro intelectual de Ferreira P 11
logia; 2" Botânica e agricultura; 3" Mineralogia e geologia; 4" Numismática, arqueologia
na desde o início da década de 1880, Veríssimo ressuscitou o Museu Paraense e lhe d 'li
e etnologia; 5" Industrial, "compreendendo
uma nova função na administração estadual, ligada a um projeto pedagógico que tinllll
mineral, próprias a serem usadas nas diversas indústrias"; 6" Comercial, "compreendendo
como fim "reformar o povo" por meio do cultivo das ciências, das artes e dos valor'
os produtos do Estado, utilizados por seu comércio" (Decretos ..., 1894, p. 198). Ape-
cívicos. Esse projeto estava conectado, a um só tempo, com as ideias que Veríssill1ti
sar dessa dimensão e da complexidade de tantas áreas de conhecimento, somente quatro
as substâncias de origem animal, vegetal ou
nutria sobre educação, bem como com as ambições políticas dos primeiros governanlt
funcionários foram previstos: o diretor, que deveria acumular a função de taxidermista;
republicanos do Pará, empenhados em construir, sobre os vestígios do Império
nova sociedade (Sanjad, 2005).
um amanuense; um ajudante do diretor; e um porteiro, que deveria acumular a função
Em maio de 1890, o novo regulamento
1111111
de servente. Na prática, ao diretor cabiam todas as tarefas do museu, desde a coleta dos
da instrução pública classificou o MlI. (lU
Paraense e a Biblioteca como instituições dedicadas à "educação popular", ficando soil
a fiscalização e a superintendência
da Diretoria-Geral.
Em setembro, um decreto di \I
nova organização ao "Museu Público do Estado". O decreto considerava "a conv 11111
cia de reorganizar o Museu Paraense, a fim de que não fiquem em pura perda a~ d
!li
sas feitas com os artefatos que lá existem e ainda pod m H r aproveitado. '; e I1llltiJ~I /I
a "utilidade da existência daquele estabcl im nto 1111
('lIpllll1ll '0 )rMi 'a d lInlll"
n
como a nossa, convenientement
(;\ 'tos ..., I H9 , p. 71, 7'~).
próprill pOI'10 i
Itldll
di!
11i Idll pr'o<lllto<111
1111111'(
'I ,"
espécimes até a sua montagem na exposição, sem falar do trabalho administrativo, o que
já tornava previsíveis as dificuldades que limitariam o funcionamento da instituição.
No dia 13 de maio de 1891, durante as comemorações
abolição da escravatura,!
8
do terceiro aniversário da
ocorreu a solenidade de "restauração" do museu, na qual Ve-
ríssimo fez um discurso contundente. O intelectual iniciou louvando Chermont por não ter
qualquer outro elemento necessário ao seu conhecimento" (Veríssimo, 1894, p. 7). Po-
"esquecido", no seu interesse pela instrução popular, de ''um estabelecimento que, havendo
demos afirmar que, por meio do museu, Veríssimo recuperava um projeto cientHico e
custado à antiga província do Pará, somas não mesquinhas, quase veio a desaparecer com-
instalava um projeto pedagógico.
pletamente após uma vida inglóría, obscura e inútil". Os responsáveis por esse estado do"
Esse projeto, no qual o Museu Paraense era apenas um dos elementos, já estava
museu, segundo Veríssimo, foram a "mal avisada economia" e a "ridícula parcimônia" das
implantado em meados de 1891. Nessa ocasião, as mais importantes instituições cduca-
administrações da província, e também o "erro" de confiarem a instituição a "indivíduos por
cionais e culturais do estado já tinham seu funcionamento regulado por novo estatuto.
via de regra escassamente habilitados" para dirigi-Ia (Veríssimo, 1894, p. 5).
estavam sendo equipadas e passavam por obras e melhorias diversas. Essa reforma,
No novo regime, prometia Veríssimo, o museu e a biblioteca teriam "meios sufi-
contudo, deve ser entendida no seu conjunto. Pensados como engrenagens de um mos-
cientes" e seriam "capazmente dirigidos". Essa era uma obrigação da "capital política
mo relógio, cada instituição, cada escola, cada professor, cada livro, cumpriria uma
de um estado fadado a ser, sem o mínimo preconceito nativista o digo, um dos mais
função específica no sistema montado na Diretoria de Instrução Pública. O fim último
importantes da União brasileira"; e também da "capital geográfica da mais bela, da
era "reformar o povo", incutindo-lhe as noções básicas de civilidade e de patriotismo
mais ricamente dotada região da América do Sul: a Amazônia" (ibid., p. 6). O governo
que deveriam estar no cerne do novo regime. Reforma política e reforma cultural se-
imperial surgia, assim, como o malfeitor que manteve a educação na província en I
riam, para Veríssimo, indissociáveis.
enquanto a cidade de Belém - conduzi da pela mão republicann
Veríssimo permaneceu pouco tempo no governo, deixando Belém em razão de dis-
- aparecia como a cidade ideal para um museu de ciências, pelo seu '~usto prestígio"
níveis depreciativos,
sensões políticas, pouco antes de o primeiro governador eleito do Pará, Lauro Sodré
e pela sua localização: "( ...) à capital desta região impõe-se como um dever de
(1858-1944), tomar posse, em junho de 1891. Este, contudo, corroborou a reforma
Stlll
civilização (...) a manutenção de um Museu que recolha, guarde, conserve e exponha ti
efetuada por Veríssimo, não alterando, na sua essência, as transformações
atenção e ao estudo dos naturais e dos forasteiros as incalculáveis riquezas que em os
três reinos da natureza ela possui" (ibid.).
na Diretoria da Instrução Pública. Em alguns aspectos, como nas ações assistenciais
É neste ponto que a influência de Ferreira Penna sobre Veríssimo toma-se relevant
por fortes princípios positivistas, que justificavam, com base no argumento de que era
e na educação técnica, Sodré até mesmo ampliou a reforma. Sua gestão foi marcada
A amizade de ambos, os interesses comuns, as ideias que defendiam, ganharam evidên
necessário "incorporar
cia com a morte de Ferreira Penna, no início de 1888. Veríssimo, como amigo dilcto,
campos da educação, cultura e assistência social (Sanjad, 2005).
escreveu o necrológio lamentando a morte obscura do "mais profundo sabedor da goo
operadas
o proletariado"
à sociedade, todas as iniciativas voltadas aos
Outra característica da gestão de Sodré foi o crescimento exponencial da arrecadação
grafia da Amazônia" (Veríssimo, 1888). Também herdou os manuscritos do intelectulIl
estadual, decorrente da reforma tributária promovida pelo pacto federativo, da alta veri-
mineiro, publicando-os
ficada na cotação internacional da borracha e da abertura de novas frentes de exploração,
em jornais e revistas.
19
Nesse sentido, Veríssimo pode ser con
siderado o elo principal entre o "museu imperial" e o "museu republicano",
herdeiro
como o Acre (Santos, 1980; Silva, 1996). Para ilustrar as perspectivas econômicas da
intelectual do próprio Ferreira Penna, em quem sempre reconhecera o "verdadeiro fun
dador" do museu (Veríssimo, 1895, p. 57). Nesse sentido, o museu "restaurado" devcl'i
dar continuidade às investigações iniciadas vinte anos antes.
época, basta citar que entre 1889 e 1891, quando Sodré assumiu o poder, a arrecadação
I
Para isso, ele precisaria do apoio do governo e de "uma coleção e um rep Silú
rio, sistematicamente
disposto e cientificamente
classificado". Mas, como "elom nlll
da instrução popular", também deveria "falar a linguagem pedagógica",
estadual cresceu 50%. E entre 1891 e 1896, período que corresponde ao mandato de
Sodré, cresceu a uma extraordinária cifra de 100%, sendo 82% do total provenientes do
imposto de exportações, antes drenado pelo governo central (Silva, 1996, p. 208).
A maior parte dos recursos, durante o governo de Sodré, foi aplicada na rubrica
ou scja, tillli I
"Educação". Foram feitos investimentos maciços em instituições educacionais, cultu-
de ser uma "elo quente lição de coisas", dar "uma noção exata, clara e precisa d' t'lIdll
rais e assistenciais, dentre elas o Museu Paraense. Insatisfeito com a baixa visitação e
coisa exposta e da classe a que pertence, o seu nome, a sua utilidade, a sua ori!
o pequeno dcscnvolvimento
'!lI (lIl
do museu,20 mesmo após sua "restauração", Sodré decidiu,
em 1893, contratar um naturalista de renome para proceder a uma nova reforma na
instituição. O escolhido foi o zoólogo suíço Emílio Goe1di (1859-1917),
Em linhas gerais, o novo Regulamento já estipulava um programa de trabalho, que
contactado
tinha por base, como expresso no artigo 1°, a formação de coleções, a publicação de
por intermédio de Veríssimo, que já estava no Rio de Janeiro. Goeldi havia se desligado
trabalhos originais e as conferências públicas. As coleções deveriam ser o núcleo do
há pouco tempo do Museu Nacional, onde trabalhava desde 1884, e aceitou o convite, •.
museu, a partir do qual as investigações
desde que lhe fossem dados autonomia e total apoio por parte do governador. Estes não
científica dos funcionários deveria ser divulgada nas publicações do próprio museu, o
faltaram na longa gestão de Goeldi, que durou 13 anos, pois o museu ganhara atribui·
"Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia" e as "Memórias do Museu
ções nobres para os ideários republicano e positivista. Ao contrário de Ferreira Penna,
Paraense". E as conferências públicas seriam "um dos melhores meios de pôr o Museu
quando Goeldi assumiu a direção do museu, essa instituição ocupava posição central
em contato com o público e patentear a sua vitalidade" (Regulamento ..., 1894, p. 25).
em um programa de governo.
seriam realizadas. Por sua vez, a produção
Quando Goeldi deixou o Museu Paraense, em 1907, a instituição havia sofrido com-
A partir de junho de 1894, Goeldi operou a transformação do Museu Paraense em
pleta transformação em relação ao museu do período imperial. A relativa autonomia e
termos do perfil institucional e da infraestrutura. Com relação ao perfil, Goeldi priorizoll
estabilidade que o museu gozou nas duas primeiras décadas da República, além de con-
as ciências naturais (zoologia, botânica e geociências), sobretudo os estudos taxonômi·
trastar vivamente com a trajetória da instituição durante o Império, permitiram aos seus
cos e evolucionistas
pesquisadores desenvolver investigações em diversos ramos da ciência, em quantidade
(Gualtieri, 2001; Sanjad, 2006b). Para isso, estruturou a equip
do museu em três carreiras: científica, técnica (taxidermistas, herboristas e aprendizefl)
e qualidade inéditas no Norte do país, além de projetar a instituição em redes científicas
e administrativa.
nacionais e internacionais.
Para a primeira (científica), exigiu a pós-graduação
candidatos na Suíça-germânica,
e selecionou os
Alemanha e Áustria. Para a segunda carreira (técnica),
exigiu dos taxidermistas a especialização em ateliês e instituições da Europa Centnd,
mas dos herboristas o critério parece ter sido apenas o conhecimento
Quanto à carreira administrativa,
da flora local,
incluía, além dos secretários, contínuos e porteirofl,
os funcionários do jardim zoológico e do horto botânico que inaugurou em agosto li
1895 (Regulamento ..., 1894).
Cabe, por fim, um comentário sobre a inserção do Museu Paraense na sociedade
local, para além dos divertimentos públicos no jardim zoológico. Estudos recentes têm
demonstrado a forte interação entre demandas políticas, econômicas e científicas no
Museu Paraense. Essa interação pode ser observada, por exemplo, por meio do envolvimento de Goeldi e de outros pesquisadores
no Contestado Franco-Brasileiro
(1895-
1900), o episódio final da disputa secular pela maior parte da antiga Guiana Brasileira;
A infraestrutura montada por Goeldi incluiu espaços públicos, profissionais e do
nos debates sobre a etiologia e profilaxia da febre amarela; e no esforço do governo
mésticos. Os públicos eram as exposições do acervo, o auditório, a biblioteca, o zooló
local para reverter a crise na exportação de látex, já previsível em 1902 (Sanjad, 2005,
gico e o horto já mencionados. Os profissionais, com acesso restrito aos funcionáriON
2003a, 2003b).
da instituição, eram os laboratórios de cada seção, as oficinas taxidérmicas, as reserVlI
técnicas, a tipografia, o laboratório fotográfico e as áreas para manejo de animais e
pI'O
dução de alimentos. Os espaços domésticos eram as residências dos funcionários,
sideram a instituição, nesse período, orientada por uma visão universalista da ciência
qll \
por exigência do diretor moravam dentro da instituição, tal como uma "colônia ci 111
fica", como ele mesmo denominou (Goeldi, 1897, p. 14). Esse complexo foi conslruldll
ao longo da gestão de Goeldi e exigiu investimentos
obtidos mediante argumentos que valorizavam
crescentes do governo estadll/d,
o museu como símbolo do pro r
11
material do Pará e como instrumento para a propaganda do estado e para a in:>lnl~' 11
do povo. São particularmente
relevantes os índices de visitação do Museu Par'l nN
período, de longe os maiores do país, utilizados por Gocldi para legitimar so iHlm
os investimentos na instituição (Sanjad, 2005, 200 u),2'
11 I
1Ii\
Esses exemplos são relevantes, uma vez que muitos historiadores e sociólogos conou voltada para a chamada "ciência europeia", isto é, desconectada
gionais (Schwartzman,
1979; Schwarcz,
das questões re-
1993). Pelo contrário, afirmo que Goeldi e
outros cientistas do Museu Paraense foram bastante receptivos às demandas do Estado,
condição fundamental para a permanência do apoio político ao museu. Aqueles exemplos revelam uma instituição integrada à sociedade local, um diretor identificado com
as questões nacionais e uma agenda científica permeável às contingências políticas.
Também revelam uma instituição multifacetada, com distintas - mas associadas - frentes de atuação, incluindo a manutenção de um parque zoobotânico e de exposições; a
investi 'açl
O
.j
1I1Hica;a fonnação e o intercâmbio de coleções; e o desenvolvimento
hojt d lIominaríamos "aplicados",
Rllldo ljli
inf'orlllll,'l ( (1111 I
\i o
di
1'1111111
Iilll
1\
1i
no sentido de municiar o Estado de
I'11,i, pllro a consolidaçã.o do tcrritório nacional c para a rcsolu111
I I ('Ol\
ll1iCON,
Nesse sentido, a construção institucional do Museu Paraense permite abordar a re-
AMARAL, A. T. Relatório do Exmo. Sem. Angelo Thomaz do Amaral, presidente da Provincia do Gram-Pará ao Exmo. Vice-Presidente Olyntho José Meira por occasião de passarlhe a administração da mesma. Pará: Typ. de Santos & Irmãos, 1861.
lação entre ciência e política no país de maneira um pouco mais complexa. Meu estudo
de caso mostrou que o sistema federalista e os republicanos que assumiram a administração do estado do Pará (nem sempre positivistas, como Veríssimo) foram fundamen-
<.
tais para a requalificação do Museu Paraense no final do século XIX. Compartilho da
ideia de que o ambiente político dos primeiros anos da República alçou as instituições
culturais e educacionais,
assim como os monumentos
e prédios públicos, à condição
de símbolos do novo regime, na expectativa de criar uma imagem de modemidade c
obter o apoio da população (Carvalho, 1990). Nesse contexto, o Museu Paraense foi
reformado, ganhou nova sede e encetou um programa de investigações que teve autonomia, mas que também estava próximo das demandas do Estado. Assim, concluo quc
AZEVEDO, F. Introdução. In: AZEVEDO, F. (org.). As Ciências no Brasil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1994. p. 13-53.
BATISTA, L. M. Muito além dos seringais: elites, fortunas e hierarquias no Grão-Pará, c.
1850-c. 1870. Rio de Janeiro, 2004. Dissertação em História (Mestrado) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.
BENCHIMOL, J. L. Dos micróbios aos mosquitos. Febre amarela e a revolução pasteuriana
no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/Editora UFRJ, 1999.
Manguinhos, do sonho à vida. A ciência na bene époque. Rio de Janeiro: Casa de
Oswa1do Cruz, 1990.
___
as atividades do Museu Paraense não podem ser dissociadas do panorama político o
o
econômico mais amplo, uma vez que a instituição carregava consigo o duplo caráter do
BENCHIMOL,1.
instância política e científica.
L.; TEIXEIRA, L. A. Cobras, lagartos e outros bichos. Uma história
comparada dos institutos Oswa1do Cruz e Butantã. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.
Ao associarem ciência e política na instituição, Goeldi e os primeiros govemantcs
republicanos do Pará consolidaram as bases que permitiram a sobrevivência do muscu
ao longo do século XX, isto é, criaram as condições para sua visibilidade tanto no meio
científico quanto no político (Maio et a!., 2005). Foi esse trânsito entre as duas esferaN
que permaneceu atuante nas sucessivas reformas pelas quais o Museu Paraense passOIl
ao longo do século, particularmente
nas décadas de 1930 e de 1950, quando foi novfI-
mente requalificado tendo em vista o con11ecimento científico sobre a Amazônia c
(l
CARVALHO, J. M. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras: a
política imperia!. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
A/armação das almas. O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
___
o
COLLECÇÃO das Leis e dos Actos do Governo da Província do Gram-Pará. Tomo XXXIV.
Armo de 1872. Pará: Typ. do Diário do Gram-Pará, 1872.
COLLECÇÃO das Leis da Província do Gram-Pará. Tomo XXv. Armo de 1863. Pará: Typ.
de Frederico Carlos Rhossard, 1864.
papel da ciência no futuro da região.
___
ACTOS do Governo Provisório do Estado do Pará. 1890. Be1ém: Typ. do Diário Oficilll,
1893.
O Centenário do Museu Paraense Emílio Goe1di. II - Os fundamentos e evolução
histórica. A Província do Pará. Belém, 20 de outubro de 1965.
o
DANTES, M. A. Fases da implantação da Ciência no Brasil. Quipu, v. 5, n. 2, p. 265-276,
1988.
12 de maio de 1860. Pará: Typ. Commercial, 1860.
___
ALMANACH Administrativo, Mercantil, Industrial e Noticioso da Província elo Parli plll
o Armo de 1871. Anno Terceiro. Pará: Car10s Seidl & Cia., 1871.
ALMEIDA, M. República dos invisíveis: Emílio Riba~, Mi 'l'obiolo ria C aliei Púl li 'li
São Paulo (1898-1917). Bragança Pauli~l:a: ~dUAf~00"
ALVES, A. M. 1\. O Ipil'onf!'
I~93·19
. S. o
'{JI'o{ll'imlo,
Plllllo: 1IIIIIIllllilllN,
00 I,
('j
11(,11,
polll
1'11 l
pod
1': () Mil,
11
I'
I
(\111
1111 /111,
Tomo XXIII. AmlO de 1861. Pará: Typ. de Frederieo Carlos Rhossard, 1862.
CUNHA, O. R. 108° aniversário do Museu Paraense Emílio Goe1di. Síntese de sua história.
Revista de Cultura do Pará, Be1ém, ano 4, n. 16 e 17, p. 151-173, 1974.
___
ALBUQUERQUE, A. C. S. Relatório que o Exmo. Sem. Dr. Antonio Coelho de Sá '1\1
buquerque, Presidente da Província do Pará, apresentou ao Exmo. Sr. Vice-Presidente I I,
FabioA1exandrino de Carvalho Reis, ao passar-lhe a administração da mesma provín 'ia '111
o
o
Institutos de Pesquisa Científica no Brasil. In: FERRI, M. G.; MOTOYAMA, S.
(ed.). História das ciências no Brasil. São Paulo: EPU-Edusp, 1979-1980.
V.
2, p. 341-380.
DECRETOS do Governo Republicano do Estado do Pará. 1891. Belém: Typ. do Diário
Oficial, 1894.
D M IN lU Ili-l, 11. M. 8.
• 11 lIgri 'til"llll 1111 IlIIi
I
Noflll,
Llllillt
I ('
11111
i'ncia: um caso de política. As relações entre as ciências natllrais
rio. il Paulo, 1995. Tese (Doutorado) - Faculdad de Pil _
1111111111111,
\Jlliv
I'Nidlld'
d S o Puulo, 199 .
111111
EDLER, F. A constituição da medicina tropical no Brasil oitocentista: da c1imatologia à parasitologia médica. Rio de Janeiro: 1999. Tese (Doutorado em Medicina Social) - Instituto
de Medicina Social, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 1999.
___
o
As reformas do ensino médico e a profissionalização da Medicina na Corte do Rio ,.
de Janeiro, 1854-1884. São Paulo, 1992. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1992.
FIGUEIREDO, 1. B. C. Relatório com que o Excellentissimo Senhor Presidente da Provín·
cia Conselheiro José Bento da Cunha Figueiredo entregou à administração da Província do
Gram-Pará ao Excellentissimo Senhor 2° Vice-Presidente Coronel Miguel Antonio Pinto
Guimarães em 16 de maio de 1869. Pará: Typ. do Diário do Gram-Pará, 1869.
PERECIN, M. T. G. Os passos do saber: A Escola Agrícola Prática Luiz de Queiroz, O
esforço para implantar o Ensino T6cnico de Segundo Grau na Agricultura, 1891-1911. São
Paulo: Edusp, 2004.
PERNAMBUCO, M. 1. A. Relatório com que o Exm. Sr. Dr. Miguel José d' Almeida Pernambuco, Presidente da Província do Pará, passou a administração da mesma ao Vice-Presidente da Província, Exm. Senr. Dr. João Polycarpo dos Santos Campos em 18 de março de
1889. Pará: Typ. de A. Fructuoso da Costa, 1889.
REGULAMENTO do Museu Paraense, Boletim do Museu Paraense de História Natural e
Etnografia, Belém, V. 1, n. 1, p. 22-27, 1894.
1875-1934. São Paulo: Hucitec, 1997.
RIZZINI, I. O cidadão polido e o selvagem bruto. A educação dos meninos desvalidos na
Amazônia Imperial. Rio de Janeiro, 2004. Tese (Doutorado) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio dc Janeiro, 2004.
FIGUEIRÔA, S. As ciências geológicas no Brasil: uma História Social e Institucional,
GOELDI, E. Relatório apresentado pelo Director do Museu Paraense ao SI. DI. LaUTOSo-
RODRIGUES, J. B. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Uma lembrança do 1° centenário.
dré, Governador do Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense de História Natural ('
1808-1908. Rio de Janeiro: Officinas da "Renascença", 1908.
Etnografia, Belém,
SÁ, M. R. O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda
metade do século XIX. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, V. 8 (suplemento), p. 899924,2001.
V.
2, n. 1, p. 1-27, 1897.
GRAÇA, A. Relatório apresentado à Assembléa Legislativa Provincial na segunda seSSlO
da 17a Legislatura, pelo Dr. Abel Graça, Presidente da Província. Pará: Typ. do Diário do
Gram-Pará, 1871.
GUALTIERI, R. C. E. Evolucionismo e ciência no Brasil- Museus, pesquisadores e ins
tituições, 1870-1915. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em História) - Departamento d
SANJAD, N. A "simpatia do povo" pelo Museu Paraense: raízes históricas. Musas, Revista
Brasileira de Museus e Museologia, Rio de Janeiro, V. 2, n. 2, p. 171-174, 2006a.
Emílio Goeldi (1859-1917) e a institucionalização das ciências naturais na Amazônia. Revista Brasileira de Inovação, V. 5, p. 455-477, 2006b.
___
História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo,
2001.
A coruja de Minerva: o Museu Paraense entre o Império e a República, 18661907. Rio de Janeiro, 2005. Tese (Doutorado) - Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Instituto
___
HOCHMAN, G. A era do saneamento. As bases da política de saúde pública no Brasil.
,11
Paulo: Hucitec, 1998.
110
___
século XIX. São Paulo: Hucitec, 1997.
MAIO, M. C.; SANJAD, N.; DRUMMüND,
J. A. Entre o global e o local: a pesqui,
I
2005.
MATTOS, I. R. O tempo saquarema. A formação do Estado Imperial. 4. ed. Rio de Jan iro:
Access, 1999.
MORIZE, H. Observatório astronômico. Um século de história (1827-1927). Rio dc
PENNA, D. S. F. Obras completas de Domingos Soar
I ~64,
.i'
1'('''''('//'(11'('17I1{/.
Bc1611l:
011,
1110
V.
O To ·a17lil'l.l'o IInrtpll. R
'1Ir10S l{hosHllr<!,
Ifllório
"Da abominável profissão de vampiros": Emílio Goeldi e "Os Mosquitos no Pará"
V. 10, n. I, p. 85-111,
do S
('I
(til
o di'
1"11 11\' I, I' 11'(1;',
2003a.
Jacques Huber e a botânica amazônica: notas preliminares para uma biografia intelectual. In: JARDIM, M. et aI. (org.). Livro de Resumos. 54° Congresso Nacional de Botânica, Belém, SBBIMPEG/Embrapa,jul. 2003b. p. 13-18.
___
o
. Nos Jardins de São José: uma história do Jardim Botânico do Grão-Pará, 17961873. Campinas, 2001. Dissertação (Mestrado em Geociências) - Instituto de Geociências,
Universidade Estadual de Campinas, 2001a.
.11111
ro: Mast/Salamandra, 1987.
Estadual de Cultura, 1973.2
o
(1905). História, Ciências, Saúde, Manguinhos, Rio de Janeiro,
científica na Amazônia do século XX. Ciência & Ambiente, Santa Maria, v. 31, p. 147-1óil,
_.
o
Oswaldo Cruz, 2005.
LOPES, M. M. O Brasil descobre a pesquisa cientijica. Os museus e as ciências naturais
ri'O
o
p, d 111(1<1
Bcla Adormecida entre a vigília e o sono: uma leitura da historiografia do Museu
Par'lcns linillio io Idi, 1894-2000. In: FAULHABER, P.; TOLEDO, P. M. (org.). Conhec!1I/{'1I1() (' /illllll'
" I: IIi lórill da ciência na Amazônia. Brasília: Paralelo 15; Belém: MPEG,
O() I 11, p, 1I \ I I
___
o
SANTOS, L. A. C.; FARIA, L. R. A reforma sanitária no Brasil: Ecos da Primeira República. Bragança Paulista: Edusf, 2003.
SANTOS, M. C. L. Escola Politécnica (1894-1984). São Paulo: Imprensa Oficial do Estado/Imesp, 1985.
,.
SANTOS, R. História econômica da Amazônia (1800-1920). São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 1980.
SCHELBAUER, A. R. Idéias que não se realizam. O debate sobre a educação do povo no
Brasil de 1870 a 1914. Maringá: Eduem, 1998.
SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no
Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SCHWARTZMAN, S. Formação da comunidade científica no Brasil. São Paulo: Nacional;
Rio de Janeiro: Finep, 1979.
SILVA, M. F. F. Do regional ao nacional: Pará (1850/1914). São Paulo, 1996. (Doutorado
em História) - Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1996.
STEPAN, N. Gênese e evolução da ciência brasileira. Rio de Janeiro: Artenova, 1976.
VELLOZO, P. L. Relatorio com que o Excellentissimo Senhor Presidente da Província, DI'.
Pedro Leão Vellozo, passou a administração da mesma ao Excellentissimo Senhor 10 VicePresidente, Barão do Arary, no dia 9 de abril de 1867. Pará: Typ. de Frederico Rhossard,
1867.
VERÍSSIMO, J. D. S. Ferreira Penna - Notícia sobre a sua vida e trabalhos. Boletim dI)
Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, Belém, v. 1, n. 2, p. 57-74,1895.
___
o
Discurso pronunciado por José Verissimo, Director Geral da Instrucção Pública,
perante o Governador do Estado, Capitão-Tenente Bacelar Pinto Guedes, por occasião do
se inaugurar o museu, restaurado em 13 de maio de 1891. Boletim do Museu Paraense c/e
História Natural e Ethnographia, Belém,
___
o
V.
1, n. 1, p. 5-8, 1894.
Necrológio de D. S. Ferreira Penna, proferido a 6 de janeiro de 1888. A Provinc/II
do Pará, Belém, 8 jan. 1888.
WEBER, B. T. As artes de curar: medicina, religião, magia e positivismo na RepúbliclI
Rio-Grandense, 1889-1928. Campinas, 1997. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual d
Campinas, 1997.

Documentos relacionados