pares craneanos
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pares craneanos
pares craneanos 1º par craneano - nervo olfactivo O odor é captado pelos receptores da mucosa nasal seguindo depois pelos nervos olfactivos, bulbo olfactivo, tracto olfactivo, dividindo-se depois este último numa estria lateral dirigida à região uncal e giro hipocampal anterior e numa estria medial dirigida à região septal. A história clínica de uma alteração do olfacto passa por indagar sobre doença nasal prévia, infecção das vias aéreas superiores, traumatismo crânioencefálico, doenças sistémicas, nutrição e consumo de drogas. A avaliação clínica do olfacto passa por examinar cada narina isoladamente, começando pela que está supostamente alterada (substâncias como café, pasta de dentes ou sabão, poderão ser utilizadas; não usar substâncias irritativas como a amónia, tendo em conta que se iriam estimular terminações sensitivas da mucosa nasal inervadas pelo nervo trigémio, e logo não relacionadas com o odor). O olfacto raramente é pesquisado no exame neurológico, na medida em que o seu comprometimento não constitui uma queixa isolada frequente e por outro lado, quando acompanhado de outros sintomas e/ou sinais (ex. cefaleia, papiledema, alterações do comportamento e/ou cognitivas, bradicinésia, etc.), estes últimos dominam o quadro clínico. As alterações encontradas podem ser: Anósmia/hipósmia Uma ausência total/parcial de olfacto, normalmente acompanhada por alteração do gosto, pelo que um doente com queixa de disgeusia (perturbação do gosto), pode sim na verdade ter uma perturbação do olfacto. Pode não ser notada pelo próprio doente, principalmente se for unilateral. Por vezes está apenas comprometida a discriminação e não a detecção dos odores (nomeadamente em lesões do córtex prépiriforme). As quatro principais causas são a doença local nasal ou sinusal, infecções das vias aéreas superiores (normalmente promovem anósmia bilateral), traumatismo crânio-encefálico (principalmente quando impacto frontal, mesmo que não haja fractura etmoidal; associadamente poderão existir diabetes insípida e rinorráquia) e ideopática 9 A anósmia, quando unilateral, poderá presumir lesão do bulbo olfactivo (por exemplo, um meningioma da goteira olfactiva; será interessante referir que lesões do lobo temporal promovem normalmente alteração do olfacto ipsilateral, enquanto lesões do lobo frontal, principalmente se direito, poderão promover anósmia bilateral). Um tumor do bulbo olfactivo poderá ainda causar, devido à compressão directa do nervo óptico e hipertensão intracraniana, uma atrofia óptica ipsilateral e papiledema contralateral, respectivamente – Síndrome de Foster Kennedy. Existem ainda condições degenerativas onde o cheiro está efectivamente alterado, tais como Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer, Coreia de Huntington, Doença de Refsum, Esclerose Múltipla, etc., embora o seu comprometimento não domine o quadro clínico. Finalmente alterações metabólicas podem também originar anósmia ou hipósmia, tais como défices de vitamínicos (B12, B6, A), défice de zinco, assim como drogas (cocaína). Parósmia ou cacósmia Presumem um odor desagradável, sob a forma de ilusão (perversão de um estímulo olfactivo real) ou alucinação (percepção de um odor, sem que haja estímulo olfactivo real). São queixas frequentemente encontradas em doenças psiquiátricas. Raramente poderão constituir uma irritação local do bulbo ou um fenómeno cortical ictal, como é o caso de traumatismos crânio-encefálicos, tumores, migraine e epilepsia (os ataques uncinados, na epilepsia do lobo temporal, exibem uma aura olfactiva ou gustativa desagradável). Hiperósmia Mais rara que as variantes anteriores, presume um odor anormalmente notado como intenso. Ocorre, por exemplo, na migraine e na emése gravídica. Como considerações finais, há que realçar que embora a avaliação do nervo olfactivo não seja primordial no exame neurológico, o seu comprometimento poderá constituir um dos primeiros sinais ou sintomas de uma doença degenerativa. Por outro lado, ter sempre em mente a possibilidade de uma lesão ocupante de espaço quando a anósmia é unicamente unilateral. joão lemos 10