A GESTAO DE CUSTOS E A FUNCAO DE APREDIZAGEM

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A GESTAO DE CUSTOS E A FUNCAO DE APREDIZAGEM
A GESTÃO DE CUSTOS E A FUNÇÃO DE APREDIZAGEM
Airton Martins
Segundo RODRIGUES e MONTAÑÉS (2000; p.227), estudo da teoria da função
de aprendizagem nos ajuda a resolver um conjunto de problemas que se tem delineado ao
se falar da mão-de-obra, de forma primordial, quando se aplicam novos processos de
produção, principalmente quando são processos muito complexos, caracterizados por um
alto grau de especialização.
O aprendizado humano, considerando-o como um fato muito importante e
significativo, porque à medida que realiza uma mesma atividade um número maior de
vezes, menor será o tempo empregado em sua realização, já que o aprendizado representa
um papel primordial. Esta idéia advém da conclusão de uma série de estudos empíricos,
realizados sobre os custos históricos, onde se enunciou uma regra que dizia que, à medida
que as unidades produzidas se duplicam, o tempo médio calculado unitário se reduz numa
determinada porcentagem.
A curva de aprendizagem expressa a relação existente entre as horas de mão-deobra direta requeridas por unidade de produto e o número de unidades produzidas.
Baseia-se na existência de uma redução percentual constante no consumo de mão-de-obra
por unidade de produto, à medida que o volume de produção total aumenta, ou seja,
relaciona dois fatores básicos como o tempo empregado para a fabricação de cada
unidade e o número de unidades produzidas. Se partirmos da utilização dos custos
unitários, a curva de aprendizagem pode se pode expressar, sob o ponto de vista
matemático, da seguinte forma:
onde:
Y = A x Xn
Y = são as horas de mão-de-obra utilizadas para produzir a unidade X, ou seja, custo de
mão-de-obra da unidade X.
A = é o custo da primeira unidade, ou seja, o número de horas de trabalho humano
requerida para a produção da primeira unidade.
X = número de unidades produzidas.
n = índice de aprendizagem.
Este índice de aprendizagem, segundo RODRIGUES e MONTAÑÉS (2000;
p.227), se considera que é igual ao logaritmo da taxa de aprendizagem dividido pelo
logaritmo de dois. E a taxa de aprendizagem será considerada como o coeficiente que nos
mede a velocidade da aprendizagem, e vamos expressar como γ. Conforme
RODRIGUES e MONTAÑÉS (2000; p.228),O estudo deste coeficiente se pode realizar
utilizando distintos tipos de volumes de produção, mas o mais habitual é considerar uma
situação particular de duplicidade no volume de produção, dada a constatação empírica
comprovada da existência de uma economia de mão-de-obra empregada, a quantidades
constantes, cada vez que se duplica a produção.
Portanto, conforme RODRIGUES e MONTAÑÉS (2000; p.228), este coeficiente
vai nos medir a relação entre o consumo unitário de mão-de-obra antes e depois de
duplicar-se as quantidades de produção. Utiliza-se então, as seguintes variáveis:
γ = coeficiente de aprendizagem.
Po = consumo de mão-de-obra por unidade de produto quando existe um volume
de produção X.
P2 = consumo de mão-de-obra unitário para um volume de produção 2X.
Portanto, o coeficiente de aprendizagem ou a taxa de aprendizagem será
determinada como:
γ = P2 / Po
Po pode ser considerado, também , como o tempo médio por unidade produzida
que se obtém como o coeficiente entre o custo de mão-de-obra (medido em horas de
mão-de-obra requerida) e o número de unidades produzidas:
Po = CMO / X
e onde CMO indica o custo da mão-de-obra.
A partir do coeficiente de aprendizagem
sucessivas de produção:
γ, vamos considerar duplicações
P2 = Po x γ
P4 = P2 x γ = Po x γ2
P8 = P4 x γ = P2 x γ = Po x γ3
Em função desta relação que se estabeleceu, vemos que o custo unitário de
produzir X unidades é igual ao custo de produzir somente uma delas, multiplicando pela
taxa de aprendizagem elevada ao número de vezes que se duplicou a produção. Disto
então se desprende uma relação do tipo potencial entre as horas de mão-de-obra aplicadas
na produção e o volume de produção.
Se expressarmos esta relação em termos gerais, teremos:
Px = Po x Xn
Sendo n uma constante que terá caráter negativo, em função de que quando se duplica a
produção, diminuem as horas de mão-de-obra aplicadas na mesma, como conseqüência
da aprendizagem. Portanto:
P2X = Po x 2xn
Efetuando a relação anterior teremos que:
P2X / Po = 2 xn
Se no primeiro membro da equação anterior o denominamos γ, ou seja,
coeficiente de aprendizagem, a relação anterior se estabelece:
γ = 2n
A partir desta expressão podemos determinar o Índice de Aprendizagem,
aplicando logaritmos:
n = log γ / log 2
sendo n uma constante para cada função de aprendizagem, definida pelo coeficiente de
aprendizagem.
Conforme RODRIGUES e MONTAÑÉS (2000; p.229), se estabelece então, uma
relação decrescente entre o número de unidades produzidas e as horas de mão-de-obra
empregadas na produção. Esta função de aprendizagem pode ser empregada para a
determinação dos custos totais de mão-de-obra projetadas para o exercício e, ao mesmo
tempo, para a determinação do número total de horas necessárias para a produção total,
integrando a equação anterior. Isso é um fator importante para a gestão dos custos de
pessoal e pode servir para analisar as variações com relação ao consumo total de mão-deobra.
A curva de aprendizagem também pode ser empregada para o estudo da
produtividade, convertendo-se, neste caso, em uma relação crescente entre a
produtividade e o volume de produção. A implicação da função de aprendizagem nos
custos de mão-de-obra supõe uma redução do custo marginal da produção, à medida que
esta aumenta, haverá uma melhora no tempo de produzir uma unidade adicional.
DIFICULDADES NA GESTÃO DE CUSTOS
Dificuldades aparecem todas as vezes que se busca melhorar os resultados, mas
elas devem ser vistas como ponto de partida para uma reflexão mais minuciosa e como
oportunidade de aprendizagem.
Várias reflexões são feitas sobre as dificuldades detectadas no momento da
implantação de sistemas de gestão de custos nas organizações. Essas dificuldades, em
algumas situações, podem ser decorrentes de questões de abrangência conceitual,
envolvendo desde o entendimento do conceito de custo e uma visão gerencial acerca
deste, até a compreensão das características dos diversos métodos disponíveis. Em outras
vezes, o que se dá é uma falta de clareza quanto a definição dos objetivos a serem
alcançados com o sistema de custos e à sua correta adequação às estratégias genéricas da
empresa. Por fim, podem ocorrer também, obstáculos internos que surgem no momento
da implantação do sistema de custos na organização.
A implantação da gestão de custos nas organizações é acompanhada das seguintes
dificuldades:
-
a barreira da cultura organizacional, do tipo: “Sempre fizemos dessa forma”, ou
mesmo, “será que vale a pena?”;
-
a prioridade dada a outras áreas, como vendas, operacional, administrativo,
financeiro, e contabilidade, ficando custos geralmente em última instância no
planejamento diário;
-
compreensão do conceito real de custos, que deverá ser revestido de uma
abordagem mais profunda, indexada ao uso de recursos;
-
a absorção de custos sob a ótica de uma revisão gerencial de um sistema
processador de informações;
-
falta de apoio da alta direção da empresa.
A trajetória estratégica escolhida pela organização terá influência decisiva na
definição e desenvolvimento do sistema de custos a ser implantado. A forma como a
empresa está estruturada, no tocante à organização, constitui-se também num fator que
favorecerá ou dificultará a interação dos setores, refletindo no sucesso ou ineficiência do
sistema de custos. O nível tecnológico e recursos de informática utilizados pela
organização também poderão oferecer alguma resistência, em função de adequações e
reformulações que se mostrem necessárias com a introdução do sistema. A intensidade
com que tais questões se manifestam não é uniforme, apresentando diferenças conforme a
qualificação de seu quadro gerencial, o estágio de maturidade da empresa entre outras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. Inclui o ABC. 7.ed. São Paulo: Atlas,
2000.
RODRÍGUEZ, Carlos Mallo; MONTAÑÉS, Maria Ângela Jiménez, Contabilidad de
Costes. Ediciones Pirámide (Grupo Anaya S. A.) 2000. Madrid – Espanha.
LINS, Luiz S.; SILVA, Raimundo Nonato Sousa. Gestão Empresarial com Ênfase em
Custos. São Paulo : Pioneira Thomson Learning, 2005.

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