tratamentos de superfícies pintura em peças de plástico

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tratamentos de superfícies pintura em peças de plástico
do Brasil
TRATAMENTOS DE
SUPERFÍCIES
PINTURA EM
PEÇAS DE PLÁSTICO
do Brasil
Curso de formação em plásticos, seus processos de
transformação e técnicas de acabamento.
Índice
1. Introdução
2. A Tinta
2.1. Os aglutinantes.
2.2. A secagem.
3. Gamas de Pintura
4. Propriedades da tinta
4.1
Preparação da mistura: propriedades físicas.
4.2
Características de aplicação da tinta.
4.3
Realização do serviço: propriedades mecânicas e químicas.
4.4
Provas do controle de qualidade.
5. Técnicas de preparado dos suportes
5.1
Limpeza das peças.
5.1.1 Desengordurar com solventes.
5.1.2 Desengordurar alcalina
5.1.3 Desengordurar ácida.
5.2 Tratamentos de superfície de aderência Plástico / Tinta.
5.2.1
Flamejado. Tratamento com chama.
5.2.2
Tratamento por radiação UVA.
5.2.3
Tratamento por plasma.
5.3
Preparação das proteções
6. Técnicas de aplicação da tinta.
6.1
A tinta com pistola.
6.1.1. Pistolas pneumáticas.
6.1.2. Outras técnicas com pistola.
6.2
Outras técnicas de aplicação.
7. Pintura de diferentes tipos de plásticos.
7.1.
Pintura de espumas de poliuretano (PUR)
7.1.1. Pintura de espumas de poliuretano dentro do molde IMC.
7.1.2. Pintura de espumas de poliuretano fora do molde.
7.2.
Pintura de poliéster termo-endurecido (SMC) (BMC)
7.3.
Pintura de PC/PBT PC/ABS (bayblend)
7.4.
Pintura de Poliamida. (PA)
7.5.
Pintura de Acrilonitrilo Butadieno Estireno (ABS)
7.6.
Pintura de polipropileno.
8.
Pintura de diferentes tipos de plástico.
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1.
Introdução
A decoração de materiais plásticos por meio de tintas na atualidade constitui
uma operação vital no acabamento de numerosas peças de plástico. Entende-se
por pintura todo revestimento de peças modeladas em plástico por questões de
aspeto e funcionalidade. De forma geral, pode-se dizer que as tintas permitem
decorar, proteger contra rachaduras e envelhecimento e também permitem
melhorar as características da superfície protegida.
A pintura das peças de material plástico permite segundo os casos:
™ Obter um aspeto e brilho de superfície, similar ao metal.
™ Harmonizar e homogeneizar a cor e o brilho de diferentes peças modeladas,
como peças modeladas a partir de diferentes materiais e que formam parte de
um conjunto comum, como o painel de controle de um carro.
™ Harmonizar a cor das peças plásticas com
carroceria de lata, como no caso dos pára-choques.
a
cor
das
peças
da
™ Ocultar falhas de modelagem em peças injetadas com forma complexa.
™ Melhorar o envelhecimento das peças de material plástico quando estão
expostas ao exterior, protegendo-as da luz e dos agentes externos.
™ Aumentar a resistência aos riscos das peças com uma película de tinta
resistente.
™ Obter diferentes qualidades de superfície ao tato e aspectos particulares.
Os materiais que costumam ser submetidos a tratamentos de pintura podem
ser termoplásticos e também os termo-endurecíveis em todas as suas variedades.
Podem pintar-se desde polipropilenos, polimetacrilatos, poliamidas até compostos
de poliéster e fibra de vidro ou poliuretanos. Cada um deles, mediante técnicas
diferentes, devido a diversas dificuldades que têm alguns desses polímeros de
serem pintados.
2.-
A Tinta
Uma tinta é uma mistura mais ou menos complexa de diferentes compostos
em cuja formulação encontram-se:
™ Aglutinantes: resina, polímeros em dissolução que conferem à tinta a maior
parte de suas características.
™ Corantes ou pigmentos; em forma de pó são envolvidos pela resina (líquida) e
são os encarregados de proporcionar a cor da peça.
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™ Cargas: em forma de pó também são recobertas pela resina, encarregando-se
de melhorar as propriedades físicas, condicionando também o aspecto final.
™ Solventes: são os encarregados de regular a viscosidade do produto ao método
de aplicação.
™ Aditivos: Conferem propriedades ausentes na resina, e em muitos casos são
compatíveis com os componentes da tinta. Conferem propriedades umectantes
entre o pigmento e o produto.
™ Ceras: melhoram o tato e orientam as partículas metálicas como o alumínio.
™ Silicones: em alguns casos, melhoram as propriedades de superfície como o
tato e a ausência de aspereza.
Uma fórmula, que contenha estes compostos, forma uma suspensão dos
pigmentos e cargas (pó) na resina, com a qual são insolúveis, estando por sua vez
em solução com um solvente. Esta mistura, após a sua aplicação e endurecimento,
forma uma película de tinta fosca que pode ser apagada, sem brilho ou brilhante.
2.1.
Os aglutinantes (ou resinas)
Os aglutinantes são resinas termoplásticas ou termo-endurecíveis. As diferentes
características das tintas, propriedades e âmbitos de aplicabilidade distinguem-se pela
natureza dos aglutinantes utilizados na sua preparação. Estes aglutinantes podem ser:
Acrílicos, poliésteres saturados, vinílicos, celulósicos, acrilatos, aminoplastos, epóxidos
poliuretanos, etc.
A escolha do aglutinante pode vir a ser influenciada por:
™ O tipo de suporte plástico: termoplástico ou termo-endurecível sobre o qual será
aplicada a tinta.
™ A lista de condições que irão influenciar a escolha do tipo de revestimento de
superfície dependendo das características desejadas para a peça, como resistência a
riscos, aspecto estético ou resistência aos raios ultravioletas. Além do mais, o preço
de custo também pode influenciar na escolha do aglutinante.
A diferença mais importante entre os aglutinantes é o tipo de camada de tinta que
forma sobre o suporte plástico. Isto vem diferenciado pelo tipo de secagem a qual são
submetidos cada um deles e que influencia na formação da película de tinta.
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2.2.- A secagem
A secagem da camada de tinta é a passagem do estado líquido para o sólido pelo
aumento da viscosidade progressiva até o estado duro. O sistema de secagem depende
do tipo de aglutinante. A secagem pode ser de tipo físico, químico ou misto. A seqüência
de pintura estará condicionada pelo tipo de secagem.
™ Secagem física: A película de tinta é formada pela evaporação do solvente,
originando o aumento da viscosidade da película de tinta. Os aglutinantes que
costumam receber este tratamento são os de tipo termoplástico, tintas
celulósicas, acrílicas, ou poliésteres saturados.
™ Secagem química: A película de tinta é formada pelo aumento da viscosidade
causada pela ação de determinados agentes que provocam a polimerização do
aglutinante, ou seja, o endurecimento da capa de tinta. Os aglutinantes, neste
caso, são os de tipo termo-endurecíveis como poliuretanos e epóxidos. Os
agentes que atuam neste processo são:
™ Oxigênio do ar: Provocando-se a polimerização da resina por oxidação.
™ Calor: A polimerização é dada pela reação química acelerada pelo calor.
™ Agentes químicos: Neste caso trata-se de tintas bicomponentes, que
misturadas reagem quimicamente, sendo a reação acelerada pelo calor.
Estes agentes químicos são, na realidade, os catalisadores.
Podem ser percebidas diferentes fases na secagem da tinta aplicada sobre uma
peça de plástico:
™ Ponto de gelidificação ou viscosidade: é o tempo que uma tinta necessita, após da sua
aplicação, para passar do estado líquido para o pastoso momento no qual já não pinga
mais.
™ Fora do pó: é o tempo que demora a película de tinta em não reter o pó na sua
superfície.
™ Seco de manipulação: é o tempo que demora a película de tinta antes de ser
manipulada com precaução.
™ Secagem completa: é o tempo que demora a película de tinta em fazer possível a
manipulação sem necessidade de precauções especiais, endurecimento progressivo e
completo.
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3.
Gamas de Pintura
Os diferentes revestimentos ou camadas que se adicionam sobre o polímero
formam o que acostuma-se chamar gama de Pintura. Estas camadas podem ser
classificadas em diferentes categorias:
.
Camadas de superfície ou de colocação de massa: destinadas a ocultar as
irregularidades da superfície das peças, aplicadas geralmente sobre polímeros termoendurecíveis.
.
Camadas de imprimação: garantem a aderência da tinta ao polímero ou permitem
pintar este com processos adaptados à chapa ou lâmina (impressão construtora).
Geralmente são a base de poliolefinas, podendo evitar-se o flamejado em algumas
classes de polipropileno.
. Aprestos: são o suporte perfeito para uma camada de acabamento e em alguns casos
melhoram a aderência. No geral, a sua função é proteger o material polimérico de
agressões externas de tipo mecânico ou químico. Também melhoram o poder de
cobertura da camada de acabamento. Existem aprestos formados por poliésteres
saturados.
.
Acabamentos: fala-se de lacas ou esmaltes, bases metalizantes ou vernizes. Estes
componentes dão o aspeto e a cor final da peça, oferecendo também proteção frente a
agentes externos.
-
As bases metalizantes podem ser fabricadas à base de poliéster saturado e
micropartículas de alumínio; às vezes, também adicionam-se outros compostos
como a mica.
-
As lacas ou esmaltes podem ser de tipo acrílico com secagem física, epoxi,
bicomponentes de endurecimento por policondensação (reticulação) ou
também bicomponentes poliuretanos com secagem química.
-
Os vernizes podem ser do tipo acrilatos polimerizáveis por ultravioletas ou
bicomponentes poliuretanos (polioles + acrilato + isocianato) de secagem
química.
Alguns exemplos de gamas de pintura e composição das diferentes camadas no setor
automotivo seriam dadas por:
-
Revestimentos interiores: laca acrílica.
Pára-choques de polipropileno: imprimação de poliolefinas base metálica de
poliéster insaturado
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-
Spoiler de ABS:
-
Calota de PA:
laca de poliéster insaturado
verniz em bicomponente PUR
primer em bicomponente PUR
laca em bicomponente PUR
base de poliéster monocomponente
verniz em bicomponente.
base em bicomponente PUR
verniz em bicomponente PUR
Portões traseiros de BMC: primer condutor em poliéster saturado
Estes exemplos são meramente ilustrativos, já que a fórmula usada na elaboração
de uma tinta é muito complexa, podendo conter mais de quinze componentes e a
aplicação sucessiva de cada uma das camadas varia de uns processos produtivos
a outros, dependo das instalações.
4. Propriedades da Tinta
Uma tinta caracteriza-se por um conjunto de propriedades de grande importância,
como são as propriedades físicas no momento da preparação da mistura, as suas
características na hora de ser aplicada, e as propriedades de tipo mecânico e
químico toda vez que a peça está em serviço.
4.1.
Preparação da mistura: propriedades físicas
A preparação da mistura está determinada por três fases fundamentalmente: o
empastamento, a pré-mistura e a mistura propriamente dita.
- Empastamento: mistura por chacoalho dos diferentes componentes que se deseja moer,
geralmente resina, pigmentos, cargas e aditivos. Os aditivos que são incorporados neste
processo são os responsáveis por igualar a tensão superficial entre a resina e o pigmento,
para assim conseguir uma pasta homogênea.
- Pré-mistura: nesta fase, são esperadas duas funções importantes, dispersar o pigmento
no sólido-base e obter o tamanho de partícula adequado. Este processo realiza-se em um
moinho onde são introduzidos os agentes dispersivos, que geralmente são bolas de vidro
ou aço, cujo tamanho será definido pelo tipo de resina, pigmento utilizado e tipo de carga.
O tamanho de partícula obtido será dado pela velocidade do moinho, pelo tipo de bola
utilizado, e pelo tempo de moenda.
- Mistura: é o passo seguinte à moenda. A pasta ou material obtido é introduzida no reator
onde realiza-se a mistura, além do mais, introduzem-se neste novos elementos que
constituirão a tinta definitiva.
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As propriedades físicas de uma tinta são os parâmetros importantes no
desenvolvimento da mesma e são determinados no momento de realizar a mistura dos
diferentes componentes. A seguir, enumeram-se as mais importantes:
4.2.
-
Densidade: relação da massa de um determinado volume com a massa do
mesmo volume de água.
-
Viscosidade: velocidade de fluxo de um volume determinado através de um
orifício calibrado. Com o aumento da temperatura, diminui a viscosidade.
-
Finura: a finura da trituração dos pigmentos condiciona o brilho, o poder de
recobrir e o poder de coloração.
-
Resistência à sedimentação: aptidão das partículas sólidas para ficar em
suspensão no verniz.
-
Poder de recobrir: condiciona a cor fosca da tinta. Pode-se medir aplicando a
tinta sobre um papel preto e branco e, no momento em que não aparecerem
contrastes, teremos obtido a espessura da cobertura.
-
Extrato seco, em peso: porcentagem em peso de materiais não voláteis.
-
Aspeto: O fator mais importante é o tamanho de partícula, sendo também
importantes a limpeza e a transparência em vernizes incolores.
-
Tato: o aspecto táctil depende também do tamanho da partícula, porém, há
também outros fatores de relevante importância como a incorporação de certos
aditivos cuja única função é conferir o ótimo tato na finalização da pintura.
-
Brilho: depende da resina ou família de resinas que se utilizem e também do
índice de absorção de óleo das cargas e pigmentos.
-
Cor: é analisada mediante medidores de cor (colorimetrias) em relação ao
padrão de cores. A utilização dos diversos pigmentos e as suas combinações
dará a obtenção das cores apropriadas. Um parâmetro também de vital
importância na cor da tinta é o tamanho da partícula. Para obter um controle
simples da cor da tinta é importante fixar um dos parâmetros. Usualmente, fixase o tamanho de partícula, de forma tal que possa obter o aspeto adequado e
também procuram-se as combinações entre a gama de pigmentos.
Características de aplicação da tinta.
No momento de aplicar a tinta sobre a peça de plástico, esta deve ter uma série de
características bem definidas, igualmente bem definidos devem estar os parâmetros do
processo de aplicação.
Taxa de Diluição: é o índice de diluente necessário para obter a viscosidade de
aplicação de um produto. Normalmente mede-se com CF4 a 20º C (Copo Ford 4,
indicando o número do diâmetro de saída, sendo o copo de 100 cm3)
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Secagem por oxidação: após a evaporação dos solventes, o oxigênio dissolve-se
através da película de tinta, permitindo o endurecimento da mesma. Se a camada for fina,
o resultado, neste caso, será bom, já que camadas grosas secarão mal, podendo
provocar defeitos superficiais como rugas, fendas ou escamas.
Secagem por estufa: o tempo de exposição à estufa dependerá da composição da
camada de tinta aplicada. Antes da estufa, deve permitir-se um tempo para a evaporação
dos solventes. Depois da exposição à estufa e resfriamento, a camada de tinta está
perfeitamente seca e dura.
Espessura da camada seca: as propriedades da camada de tinta dependem
sempre da espessura da mesma. A comparação entre dois produtos tão somente pode
fazer-se com uma espessura idêntica, por isso, é importante o controle da espessura da
camada.
- Período de segunda camada: tempo no qual pode-se aplicar um acabamento sobre um
apresto ou sobre uma segunda camada sem perigo de diluição da primeira.
4.3.-
Realização do serviço: propriedades mecânicas e químicas
Para garantir a qualidade e durabilidade da tinta aplicada, é necessário que esta
tenha determinadas características de tipo químico e mecânico principalmente que
permitam que a peça possua alguns mínimos parâmetros frente às agressões externas.
Entre os parâmetros mais importantes a serem controlados, encontram-se: dureza da
camada de tinta, aderência, resistência às batidas (deformação brutal), resistência ao
embutido (deformação lenta), dobra (fendas no sentido das dobras), resistência a riscos,
resistência à intempérie e resistência aos agentes químicos.
4.4
Provas de controle de qualidade
Dentro dos laboratórios de qualidade, efetua-se uma série de provas que permitem
garantir e melhorar a qualidade das peças plásticas pintadas, mediante a análise de todos
os parâmetros e propriedades, características físicas, mecânicas ou químicas que foram
mencionadas anteriormente.
Controle da aderência da camada de tinta. O controle da camada de tinta obtém-se
com o teste de aderência. Risca-se a peça pintada com um pente normalizado e aplica-se
uma fita sobre a superfície riscada. Após de ter sido retirado o adesivo, obtém-se a
qualidade da aderência, calculando a porcentagem de superfície descolada. Este teste
também recebe o nome de descascado.
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Espessura da camada de tinta. O meio para obter este valor é o micrômetro,
também podem obter-se valores de espessuras da camada de tinta mediante
microscópios eletrônicos.
Dureza da superfície: Um método tradicional é o pêndulo de Persoz, também o
uso de um porta lápis com pontas de diferentes durezas em escala, podendo dar um
excelente valor da dureza superficial da camada de tinta.
Colorimetria ou Medição da cor. A espectrocolorimetria permite um preciso
controle das cores da camada de tinta mediante a comparação de desvio dos padrões de
cor entregues pelo fabricante de automóveis.
Escamado. As resistências das tintas também medem-se por provas de
gravilhonagem e granalhagem ( granulação ). Estas provas caracterizam a aptidão do par
suporte – tinta para resistir ao impacto de projéteis de pequena dimensão.
Envelhecimento climático. Estuda-se a evolução das diferentes propriedades
da camada de tinta como a cor, o brilho, o aspecto e a aderência depois de submeter a
peça a variações de tipo climático: variação de temperaturas e grau de umidade. Para
isto, as peças são colocadas em recintos climáticos programáveis que simularão
condições adversas.
Provas de manchas: Permitem avaliar o comportamento da tinta frente aos
agentes químicos. A mancha consiste em manchar a peça com um algodão molhado no
agente químico e depois avaliar a evolução da dureza da superfície.
5.
Técnicas de preparado dos suportes
Ë necessário, na maior parte dos materiais a serem pintados, efetuar uma
preparação prévia destes materiais ou suportes antes de realizar o processo de pintura.
Concretamente falando, algumas classes de materiais plásticos são muito difíceis de
pintar, já que a aderência entre plástico & tinta é muito baixa. Para minimizar este
problema, é necessário que os suportes a serem pintados, sejam submetidos a um ou
vários tratamentos de superfície, cujo objetivo será permitir a aderência da tinta sem
alterar as prestações do material plástico. Os tratamentos que se utilizam de forma geral
e dependendo dos tipos de materiais ou instalações são :
Tratamentos de desengordurar: utilizados para conseguir uma perfeita limpeza da
peça a ser pintada. Entretanto, é necessário que a peça, antes do tratamento, esteja
limpa superficialmente, já que em algumas ocasiões ou zonas da peça o tratamento não é
completamente eficaz, ficando restos de sujeira ou pó , que danificam ostensivamente o
aspecto final da peça. Também é importante considerar que o desengordurar não
eliminará elementos que estejam aderidos à peça, como acontece em alguns casos
quando a peça é lixada e depois flamejada, as pequenas farpas provenientes do
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lixamento ficam soldadas à peça e as mesmas não serão removidas, produzindo ao final
do processo peças pintadas imperfeitas.
- Tratamento de superfície para permitir a aderência plástico / tinta.
- Preparação das proteções: evita que certas partes da peça não sejam pintadas durante
a operação de pintura. Nem todas as peças necessitam destas proteções.
5. 1.
Limpeza das peças
Como regra geral, as peças de plástico obtidas por injeção contem agentes de
fluxo e desenforme. Ao mesmo tempo, podem estar sujas de pó, graxa, suor, fazendo-se
necessária uma limpeza das mesmas. As operações de limpeza das peças podem ser
efetuadas por meio de três tipos diferentes de tratamento, que são mencionados a seguir.
Um problema generalizado é a atração de partículas de pó, devido às
características eletro-estáticas dos materiais plásticos. O pó é um elemento muito
prejudicial para os processos de pintura e pequenas quantidades destas partículas de pó
podem produzir imperfeições, que diminuem a qualidade da peça, dando lugar a
impurezas. Portanto, é importante prestar especial atenção à limpeza da peça, mesmo
entre os mais escondidos cantos, onde os tratamentos de desengordurar têm dificuldade
de chegar. Portanto, é de vital importância efetuar uma limpeza minuciosa de tipo manual
das peças a serem pintadas antes de passar para os tratamentos físicos ou químicos.
5. 1. 1.-
Desengordurar com solventes
A aplicação de solventes sobre a peça para sua limpeza é um sistema pouco utilizado,
que pode ser realizado mediante dois métodos diferentes:
Com pano: esta operação pode ser mais penalizante do que eficaz se é realizada de
forma incompleta , podendo-se estender em toda a peça uma poluição que em princípio
era local.
- Com solvente em fase vapor: tratamento rigoroso e eficaz a uns 48 ºC, que apresenta
o inconveniente do uso de produtos voláteis.
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5.1. 2. – Desengraxe alcalino
Este método é o mais usado. É feito por aspersão de água alcalina e combina um
efeito mecânico de arraste com efeito químico não agressivo perante os suportes.
Normalmente um desengordurar do tipo alcalino supõe uma série de fases que se
realizam dentro da instalação de pintura:
•
•
•
•
•
Uma fase de desengordurar a 60º – 70º C.
Duas fases de clareamento em água industrial a frio.
Um clareamento em água desionizada reciclada.
Um sopro.
Colocação na estufa de 80º a 100º C entre 5 a 10 minutos.
5.1. 3. – Desengraxe Ácido
É utilizado em novos materiais quando o desengordurar alcalino não é eficaz
devido aos agentes de desenforme utilizados, o método de operação é o mais similar ao
de um desengordurar do tipo alcalino. Aqui os agentes químicos utilizados serão de tipo
ácido. O emprego deste método, embora mais eficaz que o alcalino, não é generalizado,
pois os ácidos empregados são capazes de atacar determinados materiais e o processo
em si é delicado já que o ácido se consome em reação e a salinidade do banho não é
estável.
5.2. – Tratamentos de superfície de aderência plástico/tinta
A aderência da camada de tinta sobre o suporte plástico será muito influenciada
pelo tipo de material de que se trate. O peso molecular e a tensão superficial do polímero
tratado são fatores de importância na qualidade da aderência da tinta. Um aumento da
tensão superficial, ou energia de superfície, aumentará a umectabilidade da tinta sobre o
polímero, isto fará que aumente a força de aderência entre o polímero e a tinta, o que não
implica que um polímero com alta tensão superficial tenha boa aderência, porém, significa
que, aumentando a tensão superficial, aumenta a aderência. Por outro lado, a existência
de grupos funcionais na superfície a ser pintada faz com que aumente a força de
aderência, porque os enlaces formados entre o suporte e a tinta serão de tipo co-valente,
contando com o oxigênio como ponto de união, muito mais fortes que os enlaces devido
às forças de Van der Waals de fácil eliminação que ocorreriam de outra maneira,
realmente este é o ponto diretamente mais importante para se obter uma boa aderência.
O polipropileno é um material que apresenta graves problemas de aderência e sobre o
qual não se pode pintar diretamente depois do desengordurar se se deseja obter a
aderência adequada. O polipropileno é um polímero que não possui grupos funcionais.
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Polímero
Tensão superficial (dinas / cm2)
PP (polipropileno
PE (polietileno)
PS (poliestireno)
ABS (Acrilo Butadieno estireno)
PVC rígido (cloreto de polivinila)
PET (polietileno tereftalato)
PA 66 (poliamida 66)
PC (policarbonato)
PES (polieter sulfonado)
29
31
38
39
41
41
46
47
50
Os tratamentos superficiais que permitem melhorar a aderência da tinta sobre o
suporte plástico buscam o aumento da tensão superficial e sobre tudo o aparecimento de
grupos funcionais, grupos reativos na superfície do polímero que permitam a criação de
enlaces químicos mais fortes. Variando de composição do material ou as condições de
elaboração também se melhorará a qualidade da aderência.
O polipropileno, pela grande importância e peso que está adquirindo na indústria
automotiva, é o material mais pesquisado e sobre o qual se tem desenhado complexos
sistemas, em alguns casos, de tratamentos prévios que melhorem a aderência da tinta ao
suporte.
Principalmente, há três processos que podem ser utilizados em suportes de
polipropileno:
-
Tratamento com chama ou flamejado.
Tratamento por radiação UVA.
Tratamento por plasma.
5.2.1.- Flamejado. Tratamento com chama
É a solução mais comum e mais antiga, o método consiste em varrer com uma
chama a superfície a ser pintada.. O tratamento com chama é ineficaz se os parâmetros
não forem cuidadosamente fixados, podendo chegar a danificar a superfície plástica. O
sucesso do processo está em obter a concentração de radicais suficientes na superfície
do polímero para que conduza a uma boa aderência. Através da aplicação da chama,
consegue-se uma combustão das camadas de superfície da peça e uma posterior reação
de oxidação dos radicais das novas camadas expostas na superfície. Os parâmetros mais
importantes no processo de flamejado são:
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-
A riqueza da chama, relação de gás e pressão de ar. O gás utilizado
geralmente é uma mistura de propano – ar sendo a relação estequiométrica 1:
1 a mais adequada, posto que a concentração de radicais [OH] na combustão é
maior e também porque são os responsáveis pela oxidação da superfície. É
realmente o parâmetro mais importante de cujo correto ajuste dependerá o
grau de aderência obtido.
-
A velocidade de varredura: fixa o tempo de exposição à chama e o número de
passagens. O tempo de exposição é o parâmetro que indica o número de
radicais [OH] recebidos pela superfície plástica. O tempo de exposição por
cada passagem depende da velocidade de passagem da peça e do diâmetro
do queimador. O tempo total será dado pelo total de passagens. Deste tempo
total dependerá o grau de reação de radicais alcançado e, portanto, a
quantidade e o tipo de radicais na superfície da peça, que darão uma maior ou
menor aderência.
O aumento destes radicais na superfície do suporte plástico faz aumentar a polaridade e,
portanto, a sua capacidade para ser pintado corretamente. O mecanismo de formação
destes radicais é produzido por cisões ou rompimentos da cadeia, secção ou série, onde
o hidrogênio terciário separa-se da cadeia, sendo ocupada sua vaga pelo oxigênio.
Portanto, este processo, de fato, é um mecanismo de oxidação.
A distância da chama à peça. Na medida em que a distância que separa o
queimador da superfície da amostra aumenta, a concentração em radicais [ OH ] diminui,
tendo isto incidência direta na eficácia do tratamento.
A temperatura alcançada pela superfície da peça durante seu contato com a chama
é a origem da diminuição da polaridade superficial e, portanto, da força de aderência
possível. Para um mesmo tempo de exposição, consegue-se maior polaridade realizando
várias passagens do queimador, posto que a superfície plástica terá recebido a mesma
concentração de [ OH ], mas a temperatura conseguida por ela terá sido menor.
Em geral, o processo de flamejado é um processo difícil, já que a exposição à
chama deve ser em toda a superfície da peça equivalente para conseguir uma aderência
na superfície toda de características análogas. A utilização de um robot permite garantir
um flamejado de qualidade. Para peças complexas e para garantir a aderência nas
superfícies de difícil aceso, completa-se o tratamento com a aplicação de imprimações de
aderência que, nestes casos, são complementos do flamejado, sendo esta operação
também de tipo complexo.
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5.2.2 -
Tratamento por radiação UVA
O tratamento de imprimação por ultravioletas (UVA) tem a vantagem de poder
realizar-se de forma continuada. Sobre a peça tratada tão somente é modificada a
composição do material plástico na camada superficial até um máximo de 0,0002 mm,
não sendo as camadas inferiores modificadas. O tratamento, geralmente, realiza-se em
três fases:
™
Aplicação de uma imprimação transparente muito fina sobre a superfície da peça.
Sendo este um produto com conteúdos em sólidos muito baixo (3 – 5 %), a aplicação
realiza-se por médio de pulverização aerográfica ou por imersão, até chegar a uma
espessura de película de 3 a 5 mm. Na realidade, o que está sendo aplicado à peça é
uma solução fotoativante, composta por um ativador e um solvente que pode ser do tipo
acetona ou xilol.
™
Evaporação do excesso de solvente e difusão do ativador na massa do suporte
plástico. Depois de haver-se evaporado o excesso de solvente, é obtida uma rede
fechada entre o ativador e a fase plástica.
™
Irradiação UVA sobre a peça. Esta irradiação realiza-se por meio de lâmpadas de
radiação ultravioleta de uma potência de entre
80 – 100 W/cm2, situadas de forma tal que a radiação alcance de forma efetiva toda a
superfície da peça. O tempo de exposição pode variar em função do número de lâmpadas
e da velocidade da corrente, mas oscila entre 1 e 1.5 minutos. A radiação provoca uma
reação fotoquímica entre o fotoativador e o polímero, chamada em alguns casos reação
de reticulação, ficando a superfície quimicamente ativada.
Depois desta reticulação, o suporte plástico está preparado para receber a
camada de tinta, chegando-se a obter muitos bons resultados com respeito à aderência.
A escolha do solvente é importante, sendo o xilol um dos mais efetivos, tal como
demostra o gráfico experimental 5.2. Outros parâmetros importantes na eficácia do
processo são o número e o ângulo de radiação das lâmpadas, posto que a radiação para
obter uma boa qualidade no tratamento deve chegar por igual à toda superfície. A
longitude de onda mais comumente usada, dentro do espectro ultravioleta, é 200 – 400
mm.
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5.2.3.- Tratamento por plasma
Este método consiste em criar uma atmosfera ou plasma de moléculas de gás que
oxidam a superfície do polímero. A mistura de gás em geral está composta principalmente
por uns 20 % de ar e uns 80 % de oxigênio, embora outros gases também possam
participar no processo, como o hélio, óxidos nítricos ou tetra flurometanos. A este gás é
acrescentada uma quantidade de energia adicional, por meio de um gerador de alta
freqüência (categoria ou classe entre 13-27 kHz), que faz com que seja ionizado,
carregado eletricamente, dando como resultado o plasma. Na composição do plasma,
percebe-se que é um gás ionizado, extremamente reativo, que contém elétrons, íons,
espécies neutrais e vários níveis de excitação. Já que a maior parte deste gás é oxigênio
(que além do mais é a base do tratamento, uma vez que os radicais de oxigênio serão os
que atacarão a superfície plástica), a reação que se produz em maior medida é a
seguinte:
O2 + e- + alta freqüência à O . +O . +eO tratamento realiza-se situando as peças dentre de uma câmara de vácuo,
estabelecendo baixa pressão e excitando eletricamente o ambiente para ionizar o gás e
formar o plasma.
Os radicais oxigênio (O.), são os que atacam a superfície plástica dando lugar aos
grupos carbônicos ( [-C-OH], [- C-O ] e [ -C-OOR] ) que serão capazes de interagir com
as resinas componentes das tintas, conseguindo-se muitos bons resultados de aderência.
Por exemplo, no caso do polipropileno, mediante tratamento com plasma aumenta-se a
energia superficial das 29 dinas / cm2 habituais até 73 dinas / cm2 em alguns poucos
segundos, permitindo que possa ser pintado posteriormente de forma direta com uma
tinta bicomponente.
5.3.-
Preparação das proteções
Quando as peças são pintadas parcialmente, é conveniente realizar uma proteção
das peças ocultando as parte que não devam aparecer pintadas. Uma das técnicas
utilizadas é o mascaramento ou disfarce, processo prévio aos anteriores.
O mascaramento ou disfarce é realizado mediante fitas adesivas, que são retiradas
depois de pintada a peça. Estas operações são delicadas e custosas e para elas tenham
uma boa realização, devem ser contempladas no desenho original da peça, já que caso
contrário, poderia resultar altamente complicada a colocação do elemento adesivo. Em
alguns casos, esta operação é eliminada mediante o desenho da peça original em duas
partes separadas que são encaixadas depois da pintura de uma delas.
do Brasil
6.-
Técnicas de aplicação da tinta
A qualidade do revestimento de superfície e a decoração da peça dependem da
técnica de aplicação utilizada. O método mais empregado é a projeção mediante pistola.
Outras técnicas importantes como a eletrostática estão começando a adquirir importância
na indústria.
6.1.-
A tinta com pistola
A técnica empregada depende do tipo de pistola utilizada e nem sempre as
funções desta estão em consonância com a complexidade que apresenta a peça, sendo
necessário utilizar cada uma delas para a aplicação para as quais foram criadas. Na
realidade, a pistola é o ponto chave do sistema de acabamento. A pistola encarrega-se de
atomizar a tinta ou materiais pulverizáveis e de aplicá-los sobre o suporte.
6.1.1.- Pistolas Pneumáticas
Existem principalmente duas classes de pistolas pneumáticas, as de sucção sob
pressão e as de alimentação do produto sob pressão. Dentro destas, a mistura pode ser
externa ou interna, ou de passagem contínua ou descontínua ou interrompida. A pistola
pneumática mistura o ar e a tinta e se encarrega de pulverizá-los contra o suporte. O
rendimento obtido é por volta de 30 %.
™ Pistola de sucção. É uma pistola na qual uma corrente de ar comprimido cria um
vácuo no tubo de ar, produzindo uma ação de sifão. A pressão atmosférica sobre o
material na caneca (recipiente que contém a tinta ) de sucção empurra o material para
o tubo de ar da pistola. A tampa da caneca tem orifícios de respiração. Este tipo de
pistola é utilizado com bandejas ou vasilhas de pouca capacidade, sendo estas
incorporadas à pistola como demostra a seguinte figura.
Costumam ser utilizadas para tarefas que necessitam de muitas cores e pequenas
quantidades de material. Identificam-se facilmente porque o bico ou bocal prolonga-se
além da superfície do tubo de ar.
™ Pistola de alimentação por pressão. Neste tipo de pistola, o bico ou bocal de fluído
está no mesmo nível da superfície do tubo de ar e com isso não se cria vácuo algum.
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O fluído é empurrado até o tubo de ar pela pressão que efetua sobre o material contido na
caneca remota, no tanque ou na bomba. Este sistema é utilizado quando se empregam
grandes quantidades de material, quando o material é demasiado pesado para ser
sugado de um recipiente ou quando é requerida uma rápida aplicação.
™
Pistolas de passagem contínua: Uma pistola pulverizadora de passagem contínua
não tem válvula de ar. O ar passa continuamente através da pistola. Costuma usar-se
com pequenos compressores de capacidade e pressão limitadas os quais não possuem
dispositivos para controlar a pressão. A passagem do fluído é controlada pelo gatilho.
™
Pistola de passagem descontínua ou interrompida. Este tipo de pistola possui uma
válvula pneumática que fecha o fluxo de ar no momento em que o gatilho é segurado,
sendo este que controla o fluxo de ar e o líquido. É usado em compressores que possuem
dispositivos para controlar a pressão.
™
Pistola de mistura externa. Este tipo de pistola mistura e atomiza o ar e o fluído fora
do tubo de ar. Pode ser utilizado para a aplicação de todo tipo de material e ele é
conveniente para a pulverização de tintas de secagem rápida, como as lacas. Em geral,
conseguem-se acabamentos de grande qualidade.
™ Pistola de pintura interna. Este tipo de pistola mistura o ar e o líquido dentro do
casquilho de ar antes de expulsá-los. Costuma-se utilizá-los quando existe ar à baixa
pressão em quantidade pequena ou quando se pulveriza com materiais de secagem
lenta.
6.1.2- Outras técnicas com pistola
™
Pistola airless - Esta pistola conta com um cano de baixa pressão e a liberação
da tinta cria a pulverização.
™
Pistola eletrostática - A tinta é carregada eletricamente antes de ser colocada
regularmente sobre o objeto. Obtém-se um rendimento de 90 %.
6.2.-
Outras técnicas de aplicação
™
Imersão: Consiste em dar um banho na peça a ser pintada e deixá-la pingar
antes da secagem. Costuma-se utilizar no tratamento de carrocerias de carros.
™
Eletroforese (cataforese): Esta técnica é utilizada na proteção anti-corrosão e
principalmente em corpos ocos pela facilidade de aplicação.
do Brasil
™
Flow Coating. A peça a ser tratada passa por vários itens de aplicação de tinta
.Depois, dentro de um túnel de ar saturado de vapores de solventes, permite-se que a
peça pingue e que também se estenda a camada de tinta. É utilizado em peças que
não têm exigências de aspecto.
™
Eletrostática. Instalações automáticas baseadas nesta técnica de aplicação
começam a adquirir importância dentro das técnicas mais modernas e confiáveis. A
peça plástica deve receber um flash primeiro tipo condutor como primeira camada,
após ter passado pelas diferentes seções de preparação do suporte. Nas camadas
sucessivas, a tinta é carregada eletricamente na cabeça de atomização de pistola. A
ponta ou cabeça de atomização é um dispositivo que gira a grande velocidade (1000 a
40000 RPM) e que atomiza e pulveriza finalmente a tinta ao mesmo tempo que a
recarrega. A camada primeira condutora atrai esta tinta por diferença de potencial do
campo elétrico criado, não produzindo em momento algum projeção da pintura da
peça. Deste modo, obtém-se uma boa qualidade de cobertura, uma boa deposição da
tinta sobre a peça, diminuindo os problemas de defeitos superficiais e, portanto, as
reoperações a se realizarem ao final da linha de produção. Também melhora-se
mediante uso deste sistema a aderência plástico / tinta, assim como a capacidade de
produção das instalações onde é aplicada. Em peças de geometria complicada, um
acabamento final de tipo manual poderia ser necessário para garantir uma qualidade
adequada. Consegue-se uma alta eficiência de materiais, sendo além do mais,
cômoda a mudança de cor já que a cabeça ou ponta atomizadora praticamente não
fica manchada com a cor usada em cada aplicação. Na atualidade, existem poucas
instalações que utilizam esta técnica, sendo os resultados até agora excelentes. É
importante destacar que o uso desta técnica pode ir acompanhado pela robotização
completa das instalações, permitindo obter um maior proveito desta técnica,
alcançando uma maior qualidade no produto final.
7.-
Pintura de diferentes tipos de plásticos
Dentro dos materiais plásticos que podem ser pintados, tanto os termoplásticos quanto os
termoindurecíveis, merece especial atenção concentrar-se nos que possuem um uso mais
comum como elemento pintado. São: espumas de poliuretano, poliéster, fusões de
PC/PBT e PC/ABS, poliamidas, ABS e polipropileno, não sendo estes os únicos capazes
de serem pintados.
7.1. – Pintura de espumas de poliuretano ( PUR ou PU)
Para pintar as espumas flexíveis de poliuretano, deve recorrer-se a produtos de alta
elasticidade. As tintas mais comuns são as baseadas em poliésteres ou acrilatos
hidroxilados que reagem com os isocianatos componentes do poliuretano, para permitir a
formação de películas flexíveis que se aderem perfeitamente à superfície da espuma. Um
dos problemas que normalmente aparecem nas peças fabricadas com este material é a
existência de poros dificilmente ocultáveis com a pintura. Para resolver este problema,
desenvolveu-se o método de pintura no molde IMC (In Mould Coating). Embora o método
de pintura fora do molde também seja muito utilizado.
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7.1.1.- Pintura de espumas de poliuretano dentro do molde IMC
Muito utilizado nos processos RIM (Reaction Injection Moulding) método usado para
a modelagem de direções de automóveis, por exemplo. Sobre o interior do molde quente
(40–45ºC), pulveriza-se o agente desenformante e a continuação aplica-se a camada de
tinta. Após um tempo de espera de 30 – 60 segundos, introduzem-se no molde os
elementos constituintes da reação e efetua-se a espumação. Transcorrido o tempo de
reação (dependendo do tamanho da peça), abre-se o molde e retira-se a peça já pintada.
No caso de peças exteriores do automóvel que tenham que ser pintadas na cor da
carroceria, este método é utilizado para dar uma camada de imprimação. Com este
sistema, são evitados os poros típicos destas espumas.
7.1. 2 . – Pintura de espumas de poliuretano fora do molde
O processo aplicado nos elementos de carroceria PUR-RIM consta de uma camada de
imprimação e outra de acabamento.
A camada de imprimação deve ter uma boa aderência e uma boa cobertura no que
diz respeito aos defeitos superficiais. Em alguns casos, dependendo dos poros, é
necessário dar várias demãos de camadas de tinta, até eliminá-los completamente. Além
disso, deve ter uma secagem rápida e um lixamento fácil. Estas camadas de imprimação
são secadas em um forno durante 30 – 40 minutos a uns 90º C.
As camadas de acabamento costumam ser sistemas de dois componentes,
baseados em resinas de poliéster altamente elásticas combinadas com isocianatos
alifaliticos (sólidos à luz). As coberturas obtidas são de grande flexibilidade na categoria
de 120 % em lacas transparentes e de 100 % em lacas pigmentadas. Não sendo
necessária tanta elasticidade, pode-se recorrer as combinações de acrilatos mais duros
que encurtarão os tempos de secagem e diminuirão a elasticidade.
7.2.-
Pintura de poliéster termoendurecível (SMC, BMC)
Este material termo endurecivél carateriza-se pela sua rigidez e resistência à
temperatura. Em peças da cor da carroceria, aplica-se uma imprimação condutora dentro
do molde (IMC) ou fora dele, de forma tal que a peça possa ser pintada conjuntamente
com o resto do carro nas instalações do construtor. Geralmente, é necessário colocar
massa na peça nas zonas que possuam poros.
No caso da peça possuir uma cor diferente à da cor da carroceria, costuma-se
utilizar uma tinta de poliuretano de dois componentes que apresente uma boa aderência
ao poliéster .
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7.3. – Pintura de PC/PBT e PC/ABS ( bayblend )
A aplicação sobre peças fabricadas com PC/PBT é determinada pela sensibilidade
deste material aos solventes como hidrocarbonetos aromáticos, éteres e acetonas que
podem chegar a produzir rachaduras por acumulação de tensões. Aplica-se normalmente
um sistema de tinta flexível baseado em poliéster – acrilato e isocianato alifático.
Costuma-se recorrer a uma camada de imprimação para cobrir defeitos superficiais e para
melhorar o tom como seria no caso em que a peça tivesse um acabamento metalizado
semelhante ao da carroceria.
O PC/ABS (bayblend) possui caraterísticas similares ao anterior, mas com a diferença de
que é mais fácil de ser atacado pelos solventes e, portanto, faz-se imprescindível o uso de
uma imprimação aderência que não tenha solventes agressivos, evitando assim o
rompimento por tensões.
7.4.- Pintura de poliamida ( PA)
Este polímero tem boa resistência à temperatura assim como também aos
solventes. O problema deste material encontra-se em sua capacidade para absorver a
umidade do ambiente. Ë por este motivo que se aconselha a utilização de uma camada
de imprimação aderência, evitando assim que com o tempo, a camada de tinta, que no
começo tinha uma boa aderência, chegue a sair ou descascar. Pode-se usar uma
imprimação baseada em poliéster/melamina secada a 140º C, que pode ser condutora no
caso da peça ser pintada na cadeia de pintura da carroceria. Para o acabamento, pode
usar-se uma tinta de poliuretano de dois componentes semi-rígida, baseada na
combinação de acrilatos e isocianato alifático.
7.5.-
Pintura de Acrilonitrilo Butadieno Estireno (ABS)
O ABS é um polímero estável dimensionalmente até 80º C. Sendo atacado por
determinados solventes, como hidrocarburos aromáticos, éteres e acetonas, podem
produzir rachaduras. É aconselhável efetuar uma imprimação baseada em solventes
fracos e polares como álcoois, e glicoles. Como tinta de acabamento, pode usar-se uma
de dois componentes semirígidos.
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7.6. – Pintura de polipropileno ( PP )
O polipropileno, como foi comentado anteriormente, é um polímero com baixa
afinidade por sistemas convencionais de pintura e fraca resistência à intempérie. A
capacidade de pintura do polipropileno está condicionada pelo tipo. A melhor ou pior
capacidade de pintura do polipropileno encontra-se na cristalinidade superficial e na
adição de cargas e elastômeros.
O grau de cristalinidade pode ser induzido na superfície do polímero por meio de
agentes nucleantes. Comprovado experimentalmente que, aumentando a cristalinidade na
superfície, aumenta a tensão superficial com o qual aumenta a força de aderência.
A adição de cargas minerais (talco, fibra de vidro, mica) provoca um aumento da
cristalinidade superficial e, portanto, aumenta a tensão da superfície.
O uso de misturas de PP com EPDM melhora consideravelmente a força de
aderência devido a diversas causas:
™ O EPDM devido a seu caráter amorfo tem uma mobilidade de corrente muito maior do
que o PP cristalino, fomentando desta forma os fenômenos de difusão entre as duas
fases que estão em contato na superfície.
™ O EPDM é mais sensível do que o PP aos solventes orgânicos, sendo desta forma
mais facilmente atacado por estes.
™ O EPDM é mais permeável aos gases e ao oxigênio fator este muito importante no
caso em que a peça possa ser flamejada, processo no qual será quebrada a barreira
de superfície do polipropileno.
É importante que a distribuição do EPDM seja homogênea, para que estas
propriedades possam cumprir-se de forma constante em toda a superfície da peça, não
produzindo problemas pontuais. Estas propriedades aumentam consideravelmente
quando a carga de EPDM é superior de 30%.
O polipropileno é um material que normalmente deverá ser tratado antes de ser
pintado, como já foi mencionado, por qualquer um dos métodos de tratamento prévio de
superfície para permitir a aderência plástico / tinta.
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8.–
Principio de uma cadeia de pintura de pára-choques de polipropileno
Um pára-choque é pintado no tom da carroceria, dependendo das versões, pode
levar duas camadas de laca, uma base metálica e um verniz de superfície.
Antes de entrar na cadeia de pintura, o pára-choque será mascarado ou coberto para
proteger as superfícies que não devem ser pintadas. Depois, o pára-choque mascarado
será carregado na linha de produção e, mediante o transportador de cadeia, será
submetido a todas as fases do processo.
Em primeiro lugar, efetua-se o desengordurar da peça para garantir a completa limpeza
da mesma. Depois de um processo de secagem, o pára-choque entra na cabine de
flamejado, lembrando que o flamejado é a oxidação superficial da peça para permitir a
aderência entre a tinta e o plástico. A cabine de flamejado pode contar com um carrossel
de flamejado ou com diferentes postos para flamejado robotizado. Depois do flamejado, a
peça entra nas cabines de pintura propriamente ditas. Na primeira cabine, a peça
receberá uma camada de imprimação, um flash primeiro (segundo os casos), que
garantirá a aderência. Depois, a peça passará por uma zona de evaporação de solventes
(SAS) para limitar os solventes liberados pela camada de tinta e evitar que se formem
bolhas ou escamas. Depois, a peça receberá a camada de cor ou base metálica na
segunda cabine e, finalmente, um verniz transparente na terceira cabine para dar o brilho
final ao produto. Depois de cada uma das cabines de pintura, há uma zona de SAS. Dali,
a peça passará para o forno de secagem onde será permitida a secagem completa da
tinta. Finalmente, as peças são descarregadas da corrente e são controladas uma a uma
enquanto é realizado o desmascaramento se for necessário.
Adaptado por Professor Daniel F Rossi
Abril de 2008

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