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PICUM TRIMESTRAL julho – setembro de 2013 FRONTEIRAS NAÇÕES UNIDAS DESENVOLVIMENTOS NA POLíTICA EUROPEIA DESENVOLVIMENTOS A NÍVEL NACIONAL CUIDADOS DE SAÚDE TRABALHO E CONDIÇÕES DE TRABALHO JUSTAS MULHERES INDOCUMENTADAS CRIANÇAS INDOCUMENTADAS E SUAS FAMÍLIAS DETENÇÃO E DEPORTAÇÃO PUBLICAÇÕES E OUTROS RECURSOS FRONTEIRAS ITÁLIA / Pedidos de reforma na política de migração da UE após a tragédia perto de Lampedusa A União Europeia tem sido pressionada a alterar as suas políticas de migração após um barco que vinha da Líbia com cerca de 500 migrantes, a maioria da Eritreia e Somália, ter virado perto da ilha de Lampedusa a 3 de outubro de 2013, deixando apenas 155 sobreviventes. As pessoas que morreram no incidente perto de Lampedusa receberam a cidadania italiana, enquanto que os sobreviventes foram colocados sob investigação e enfrentam multas que podem chegar aos 5.000€ por pessoa pela entrada irregular, segundo a lei italiana para “imigração clandestina”. Num encontro no Luxemburgo a 8 de outubro de 2013 a Comissária dos Assuntos Internos da UE, Cecilia Malmström, pediu aos ministros dos 28 estadosmembros que permitissem uma grande operação da Frontex, a agência de fronteiras da EU, “que envolvesse todo o Mediterrâneo, desde o Chipre até Espanha”. Entretanto, grupos de direitos humanos criticaram a UE pelo seu foco crescente na segurança fronteiriça que, de acordo com os mesmos, força mais migrantes a tomarem caminhos inseguros. Pediram que a UE revisse a sua política de cooperação com países terceiros no controlo da migração, os quais fecham os olhos aos abusos dos direitos humanos sofridos pelos migrantes, requerentes de asilo e refugiados nestes países. Milhares de migrantes chegaram às fronteiras do sul de Itália, sobretudo à Sicília e a Lampedusa, nos últimos meses, muitos deles vindos da Síria, Egipto ou Líbia. O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, tinha recordado o prícipio da solidariedade da UE em agosto de 2013, após vários incidentes terem levado à morte de centenas de migrantes no mar. Fontes: The Guardian, 8 de outubro de 2013; El País, 6 de outubro de 2013 Adnkronos, 11 de agosto de 2013 MALTA / Responsabilidades internacionais para com os migrantes salvos A 5 de agosto de 2013 a tripulação do petroleiro da Libéria, Salamis, salvou 102 migrantes náufragos. Por estar na rota de Malta, o capitão do navio quis desembarcar em Malta. Contudo, Malta recusou o desembarque, o que levou a um grande debate na UE acerca das responsabilidades humanitárias dos estados-membros. Apesar do pedido da Comissão Europeia para que Malta tomasse as medidas apropriadas e permitisse que o navio desembarcasse, o petroleiro foi recebido por Itália. O primeiro-ministro maltês, Muscat, declarou que tomaria novamente a mesma posição em caso de um cenário semelhante. Em julho de 2013, a Comissária para as Crianças, Helen D'Amato, condenou a política e a prática do “empurra” – evitando a chegada de migrantes irregulares – como sendo uma violação dos direitos das crianças e da não repulsão e expressou formalmente a sua preocupação ao ministro dos Assuntos Internos e Segurança Nacional. A Comissária expressou também as suas preocupações ao ministro da Saúde no que diz respeito às crianças desacompanhadas e às famílias com crianças detidas em Malta, apesar da política de não detenção de crianças. Fontes: EUROPA Press Release Rapid , 6 de agosto de 2013; Malta Today, 8 de agosto de 2013; Malta Independent, 13 de julho de 2013 RELATÓRIO / Novo relatório da Amnistia Internacional alerta para a situação dos migrantes e dos refugiados A 9 de julho de 2013 a Amnistia Internacional (AI) lançou em relatório intitulado "Fronteira Europa – Abuso dos direitos humanos na fronteira da Grécia com a Turquia” (“Frontier Europe - Human rights abuses on Greece's border with Turkey"), como parte da campanha “Grécia: Parem de colocar vidas em risco. Chega de empurrar!” ("Greece: Stop putting lives at risk. No more push backs!"). O relatório salienta que os migrantes e os refugiados que tentam chegar à UE pela Grécia estão a ser mandados de volta para a Turquia pela polícia e guarda costeira da fronteira grega. Eles são mandados de volta sem que se pondere as circuntâncias de cada pessoa. Esta prática coloca a vida das pessoas, incluindo crianças, em risco e vai contra a lei doméstica, internacional e da UE. O relatório completo está disponível aqui. Para fazer parte da campanha, clique aqui. Fonte: Amnesty International, 9 de julho de 2013. RELATÓRIO / Medidas e desafios aos direitos fundamentais na chegada de migrates pelo mar A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) lançou um relatório em agosto de 2013, intitulado “Solidariedade da UE e Frontex: desafios aos direitos fundamentais”, o qual analisa até que ponto os direitos fundamentais estão implementados durante a operação conjunta da UE e da Frontex no mar. O relatório está disponível aqui. NAÇÕES UNIDAS ONU / Diálogo de Alto Nível pede medidas de proteção para milhares de migrantes O Segundo Diálogo de Alto Nível da ONU sobre Migração e Desenvolvimento teve lugar em Nova Iorque a 3 e 4 de outubro de 2013. O diálogo de dois dias procurou identificar medidas concretas que fortifiquem a cooperação e aumentem os benefícios da migração internacional quer para os migrantes, quer para os países, enquanto reduz as suas implicações negativas. O diálogo tratou questões como a ligação entre migração e desenvolvimento sustentável, mobilidade laboral e condições de trabalho, bem como a situação de grupos particularmente vulneráveis, nomeadamente mulheres e crianças migrantes. A assembleia de 193 membros adotou uma declaração para trabalhar no sentido de uma agenda eficaz e inclusiva no que toca à migração internacional, que integra o desenvolvimento e respeita os direitos humanos, melhorando o desempenho de quadros e instituições já existentes. Além disso, a assembleia condenou o racismo e a discriminação de todos os migrantes. Para ver as sessões plenárias e o debate de mesa redonda do evento, por favor, clique aqui. A 15 de julho de 2013 a Assembleia Geral da ONU reuniu em Nova Iorque líderes e redes da sociedade civil de todo o mundo para apresentarem a sua experiência e recomendações aos governos em audiências interativas. Nas audiênciasforam abordadas particularmente as questões chave da agenda de cinco anos da sociedade civil: trabalho e mobilidade de migrantes, direitos e proteção de migrantes, desenvolvimento humano e diáspora e administração e parcerias na migração. Os discursos da audiência interativa estão disponíveis aqui. Para mais informações sobre o Diálogo de Alto Nível e o envolvimento da sociedade civil, clique aqui. Fonte: Press release, UN News Centre, 3 de outubro de 2013 ONU / Convenção sobre Trabalho Doméstico da OIT entra em vigor A Convenção sobre Trabalho Doméstico da Organização Internacional do Trabalho (N.º 189) entrou em vigor a 5 de setembro de 2013, extendendo os direitos básicos de trabalho a todos os trabalhadores domésticos. De acordo com o último relatório da OIT, intitulado “Domestic Workers Across the World” (“Trabalhadores Domésticos pelo mundo”), há cerca de 53 milhões de trabalhadores domésticos por todo o mundo, maioritariamente mulheres da Ásia e América Latina. Este número não inclui crianças trabalhadoras domésticas, que se estima serem perto de 10 milhões por todo o mundo. Até à data, dez países aprovaram a convenção. A convenção está atualmente em vigor no Uruguai, nas Filipinas e na Maurícia, e entrará em vigor nos restantes sete países um ano após a data atual de homologação. Fontes: International Labour Organisation, 5 de setembro de 2013; IDMW, 4 de setembro de 2013 ONU / Dia Internacional da Juventude celebrado sob o tema da migração O Dia Internacional da Juventude deste ano, realizado a 12 de agosto, foi celebrado sob o tema “Migração Jovem: Fazer Avançar o desenvolvimento”. De acordo com a ONU, houve 27 milhões de jovens migrantes internacionais em 2010. A observância de 2013 visou aumentar a consciência das oportunidades e riscos associados à migração jovem e envolver os jovens em discussões sobre as suas experiências de migração. Os stakeholders salientaram o potencial dos jovens migrantes para avançar com o desenvolvimento e com a mudança, mas também alertou para as fracas condições de trabalho e discriminação baseadas no género, etnia ou religião. Para ver o futuro Relatório Mundial da Juventude de 2013 da ONU, clique aqui. Fontes: UN Department of Economic and Social Affairs (DESA) Newsletter, Volume 17, No.08, agosto de 2013; Associated Press, 12 de agosto de 2013 DESENVOLVIMENTOS NA POLITICA EUROPEIA PARLAMENTO EUROPEU / Aprovado sistema de vigilância EUROSUR No dia 9 de outubro de 2013 o Parlamento Europeu adotou a proposta da Comissão para o estabelecimento do Sistema Europeu de Vigilância de Fronteiras (European Border Surveillance System) (EUROSUR). EUROSUR é um sistema paneuropeu de vigilância de fronteiras que tem três objectivos: reduzir o número de migrantes irregulares que entram na UE sem serem detetados, reduzir o número de mortes de migrantes irregulares salvando mais vidas no mar, e aumentar a segurança interna da UE no seu todo contribuindo para a prevenção do crime transfronteiriço. As operações serão executadas pelos estados-membros em cooperação com a Agência Europeia para a Gestão das Fronteiras Externas da União Europeia (Frontex). A Comissão Europeia e vários orgãos de comunicação social sublinharam que o EUROSUR pode prevenir futuras tragédias de mortes de migrantes no mar, como a que aconteceu perto de Lampedusa, Itália, a 3 de outubro de 2013, onde mais de 360 pessoas morreram. O EUROSUR está a ser planeado desde 2008 e os críticos afirmam que o seu objectivo não é melhorar as operações de resgate, mas sim proteger as fronteiras externas da UE para as tornar ainda mais impenetráveis. Fontes: European Commission, Press Release 9 de outubro de 2013; Deutsche Welle,11 de outubro 2013 COMISSÃO EUROPEIA / Comissária Malmström deixa aviso sobre retornos durante o Fórum de relocalização A Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström, sublinhou no Fórum de Relocalização, a 25 de setembro de 2013, que os retornos de refugiados e migrantes são ilegais e contrários ao princípio de não-reenvio, e que o acesso ao procedimento de asilo deve ser garantido pelos estados-membros da UE. O Fórum de Relocalização pretende discutir as atuais pressões e lições aprendidas e partilhar informação sobre os aspetos práticos da relocalização entre estados-membros da UE. O instrumento de relocalização poderá representar uma oportunidade para que os estadosmembros que têm poucos requerentes de asilo assumam mais responsabilidade dentro do sistema comum da UE. Fontes: Speech by Commissioner Cecilia Malmström, Fórum de relocalização, 25 de setembro de 2013; Malta Today, 26 de setembro de 2013 DESENVOLVIMENTOS A NÍVEL NACIONAL REINO UNIDO / Governo empenhado em reduzir a migração irregular Após os números do Relatório Trimestral de Estatísticas de Migração (Migration Statistics Quarterly Report) de agosto de 2013 terem mostrado um aumento da migração líquida no Reino Unido, responsáveis do governo anunciaram novos esforços para reduzir ainda mais a migração líquida. De acordo com Chris Bryant, o ministro sombra da imigração, a migração irregular está a "tornar-se cada vez pior, com menos pessoas a serem travadas na fronteira, com o aumento de evasões e a diminuição das deportações". Isto acontece após queixas legais contra a controversa campanha do Ministério do Interior do Reino Unido que tem como alvo os migrantes indocumentados em Londres que utilizam carrinhas com a mensagem 'vão para casa ou enfrentem a prisão' (ver newsletter PICUM de 22 de agosto de 2013), terem forçado o Ministério a retirar-se da campanha. Entretanto, o Ministério do interior levou a cabo três consultas sobre propostas recentes para travar os migrantes irregulares: a proposta que requer que os senhorios confirmem o estatuto de migrante dos seus inquilinos, o acesso à saúde para migrantes indocumentados e uma consulta sobre trabalho irregular. As consultas foram criticadas por grupos de direitos dos migrantes dada a escolha limitada de respostas que era oferecida no questionário. O primeiro ministro David Cameron rejeitou firmemente um esquema de amnistia proposto pelo deputado britânico Nadhim Zahawi para os cerca de 570 mil migrantes indocumentados que vivem no Reino Unido, e que pretendia ser politicamente vantajoso e convencer um grande número de Britânicos não-brancos de que o Partido Conservador é capaz de os representar. Fontes: BBC, 29 de agosto de 2013; The Guardian, 12 de agosto de 2013; The Huffington Post, 3 de julho de 2013 RELATÓRIO / Migração na Croácia e Macedónia Um novo relatório do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) intitulado 'Da porta traseira para a porta de entrada: rotas de migração forçada através da Macedónia e Croácia' (From back door to front door: Forced migration routes through Macedonia to Croatia), publicado a 29 de julho de 2013, explora as experiências de migrantes na Macedónia e na Croácia. O relatório mostra que ambos os países tendem a ser países de trânsito mais do que países de destino, com um aumento dos migrantes que atravessam essas regiões para chegar a países da UE e aí requererem asilo. No âmbito da recente adesão da Croácia à UE, espera-se que o número de migrantes continue a aumentar. Mas de acordo com o relatório, o sistema de asilo na Croácia opera já no limite da sua capacidade. O relatório estabelece uma série de recomendações chave, incluindo uma implementação adequada das regras de asilo da UE na Croácia, capacidades de processamento e níveis de cuidado melhorados, e uma política continuada da Croácia de se envolver no diálogo e de cooperar com as organizações da sociedade civil. RÚSSIA / Campos provisórios com mais de mil migrantes irregulares Após rondas policiais, milhares de migrantes irregulares, na maioria do Vietname, foram temporariamente detidos em campos provisórios na Rússia. De acordo com fontes noticiosas, um total de 2,400 pessoas foram detidas pela polícia de Moscovo no espaço de uma semana e os campos provisórios acolhem mais de mil pessoas. Em muitos casos, os empregadores confiscaram os passaportes dos migrantes, o que torna o processo mais longo e a sua permanência em detenção indefinida. Activistas de direitos humanos apelaram à investigação de casos de tráfico e trabalho forçado, em vez de apenas se perseguir os migrantes pela permanência irregular. Fonte: Ria Novosti, 4 de agosto de 2013; Al Jazeera, 15 de agosto de 2013 CUIDADOS DE SAÚDE BÉLGICA / Deportação de requerentes de asilo com SIDA O número de deportações de requerentes de asilo portadores de SIDA cujo pedido foi negado aumentou na Bélgica. O presidente do grupo socialista, Philippe Mahoux, solicitou à Secretária de Estado para o Asilo e a Migração, Maggie De Block, que providenciasse uma clarificação escrita sobre o assunto, uma vez que uma interrupção do tratamento antirretroviral poderia causar problemas de saúde sérios para os requerentes de asilo e migrantes afetados. Fonte: Le Soir, 30 de agosto de 2013 ESPANHA / Acesso a cuidados de saúde para migrantes indocumentados A Amnistia Internacional denunciou no dia 4 de julho de 2013 que 873,000 migrantes indocumentados em Espanha não possuem actualmente um cartão de seguro de saúde, como consequência das recentes emendas ao sistema de saúde espanhol. Com a reforma legal, os migrantes indocumentados só podem aceder a cuidados de saúde urgentes, serviços de gravidez e pós-parto. No entanto, esta lei está a ser aplicada de forma diferente entre as regiões autónomas espanholas. Por exemplo, nas Astúrias os migrantes indocumentados têm assistência garantida, enquanto na região de Madrid enfrentam grandes barreiras para aceder a cuidados de saúde. Várias ONG que trabalham sobre a questão informaram os órgãos governamentais competentes dos problemas contínuos que os migrantes enfrentam. Fontes: El Pais, 1 de setembro de 2013; El Mundo, 4 de julho de 2013 REINO UNIDO / Relatório da Medical Justice sobre mulheres grávidas em detenção A organização britânica Medical Justice (Justiça Médica) publicou recentemente o relatório ‘À espera da mudança: O caso do Fim da Detenção de Mulheres Imigrantes Grávidas’ (‘Expecting Change: The Case for Ending the Immigration Detention of Pregnant Women’), que analisa a história, política e legislação da detenção de mulheres imigrantes grávidas. O Ministério do Interior não tem um registo de quantas mulheres grávidas estão detidas, o que levanta questões sobre a eficácia da implementação da política de detenção de mulheres grávidas apenas em circunstâncias muito excepcionais. Fonte: Medical Justice, 20 de junho de 2013 TRABALHO E CONDIÇÕES DE TRABALHO JUSTAS GRÉCIA / Relatórios contínuos de exploração de trabalhadores migrantes irregulares A publicação de um relatório intitulado ‘Sonhámos com a Europa, mas acordámos como escravos em Megara’ (‘We dreamt of Europe but awoke as slaves in Megara’), no jornal grego Elftherotypia a 31 de agosto de 2013, onde são expostas as condições precárias que os trabalhadores migrantes enfrentam na cidade grega de Megara, levou a uma investigação aprofundada por um procurador. Uma das queixas mais sérias do relatório era relativa à comunidade paquistanesa em Megara. O chefe desta comunidade afirmou que há cerca de mil Paquistaneses em situação regular e 700 indocumentados a viver em galinheiros, a trabalhar até 15 horas por dia por pouco ou mesmo nenhum dinheiro. O grupo foi alegadamente vítima de um esquema massivo de tráfico liderado por um homem local que fez a falsa promessa de ajudar os seus amigos e parentes a obter visas, e privou-os dos seus rendimentos. Isto acontece após os disparos sobre 28 trabalhadores migrantes do Bangladesh durante uma disputa por causa de salários em atraso numa plantação de morangos em Manolada, na Grécia, a 17 de abril de 2013, o que também trouxe a público a situação de milhares de migrantes que trabalham essencialmente no sector agrícola (ver Boletim PICUM, 17 de maio de 2013). O governo Grego atribuiu uma autorização de residência apenas aos 35 migrantes feridos. Contudo, o Conselho Grego para os Refugiados (GCF) exige uma autorização de residência para os 150 trabalhadores migrantes envolvidos, bem como o reconhecimento de que o crime foi motivado por questões raciais. De acordo com os meios de comunicação gregos, a All-Workers Militant Front (PAME) e o Amaliada Labour Center, entre outros, exigiram a punição dos empregadores criminosos, apresentando uma queixa no Supremo Tribunal do país. Fontes: EnetEnglish, 5 de setembro de 2013; Elftherotypia, 31 de agosto de 2013; El País, 30 de junho 2013 MULHERES INDOCUMENTADAS TRÁFICO / Novo Guia sobre a experiência das mulheres vítimas de tráfico Mulher Fronteira (Mujer Frontera), uma rede de mulheres migrantes, muitas das quais foram vítimas de tráfico, publicou um novo guia sobre tráfico. O guia, disponível em inglês, francês e espanhol, oferece conselhos às vítimas, identifica os mecanismos de apoio existentes, analisa os principais instrumentos de política e resume a experiência das próprias mulheres. Para fazer o download, clique aqui. GLOBAL / Lançamento do website do Grupo de Trabalho sobre Mulheres e Migração Global O Grupo de Trabalho sobre Mulheres e Migração Global (WGMWG) foi estabelecido inicialmente pela Association of Women’s Rights in development (AWID) em abril de 2012. O Grupo de Trabalho pretende reforçar uma análise de género dentro do movimento global pelos direitos dos migrantes e é atualmente composto por organizações nacionais, regionais e globais. O WGMWG lançou um novo website e apresentou documento de estratégia do Women and Global Migration Caucus ao Diálogo de Alto Nível da ONU sobre Migração e Desenvolvimento. O documento está disponível em inglês, francês e espanhol. CRIANÇAS INDOCUMENTADAS E SUAS FAMÍLIAS RELATÓRIO / Implementação do Roteiro para Alcançar a Erradicação das piores Formas de Trabalho Infantil em 2016 A Organização Internacional do Trabalho publicou recentemente um manual de formação intitulado “Implementação do roteiro para Alcançar a Erradicação das piores Formas de Trabalho Infantil em 2016” (‘Implementing the Roadmap for Achieving the Elimination of the Worst Forms of Child Labour by 2016’). O manual fornece o conhecimento necessário, a capacidade e as ferramentas para os decisores políticos nacionais, profissionais e outras partes interessadas combaterem o trabalho infantil e menciona as crianças indocumentadas como vulneráveis ao trabalho infantil, exploração e tráfico. ESPANHA / O Tribunal Superior de Justiça afirma que a proteção da vida familiar dos imigrantes pode impedir a sua expulsão Num acórdão de 15 de março de 2013, o Tribunal Superior de Justiça de Madrid revogou a ordem de expulsão de um pai imigrante, por achar que o direito do seu filho “de estar e de crescer com, e de ser criado e educado pelos seus pais” é predominante. Embora a lei espanhola não declare expressamente que a expulsão de um imigrante possa estar condicionada à vida privada e familiar, o Tribunal decidiu que é possível deduzir este limite dos objetivos gerais perseguidos pela lei, assim sendo os imigrantes não podem ser expulsos, e que o Artigo 39º da Constituição Espanhola, que promove a proteção jurídica à vida familiar, é um princípio norteador do ordenamento jurídico espanhol, portanto, também aplicável às famílias imigrantes em casos de expulsão. Fonte: Colegio de Abogados de Madrid, 29 de maio de 2013 UE PARLAMENTO / Resolução sobre a situação de crianças desacompanhadas O parlamento Europeu (PE), aprovou uma resolução a 12 de setembro de 2012, que convida a UE a elaborar orientações estratégicas para utilização por todos os estados-membros para proteger melhor as crianças desacompanhadas. O relatório responde à revisão intercalar da Comissão sobre o seu plano de ação sobre os menores desacompanhados. As orientações estratégicas apelam aos estados-membros a proporcionar aos menores desacompanhados uma proteção adequada, independentemente do seu estatuto. Isso inclui acesso a apoio jurídico e psicológico, educação e serviços de saúde, bem como um alojamento estável, com quartos separados para adultos e crianças e nunca fechados em centros. Para ver a resolução e diretrizes, clique aqui. UE / Nova decisão de responsabilização dos estados-membros em relação ao pedido de asilo de menores não acompanhados O Tribunal de Justiça da União Europeia, no Luxemburgo, anunciou uma nova decisão no que diz respeito ao Regulamento de Dublin II em 6 de junho de 2013. Se um menor não acompanhado, tiver apresentado um pedido de asilo num estadomembro e, em seguida, se deslocar para outro estado-membro e apresentar novo pedido de asilo, o estado-membro responsável por analisar o pedido será aquele em que o menor esteja presente. A decisão segue-se à exigência de que todas as ações tomadas por parte das autoridades em relação às crianças deve ser sempre dentro do melhor interesse da crianças, o que significa que a transferência para outros estados-membros deve ser evitada. Press release Court of Justice of the European Union, 6 de junho de 2013 REINO UNIDO / O Tribunal reafirma o dever das autoridades locais darem apoio a crianças carentes com pedidos ou recursos pendentes Num julgamento recente, o Tribunal de Apelações reafirmou o dever estabelecido pela jurisprudência anterior (Birmingham City Council v Clue [2010] EWCA Civ 460), das autoridades locais darem apoio no alojamento e assistência a famílias com crianças que têm um pedido pendente ou um processo em recurso com as autoridades de imigração ou outro impedimento de regressar ao seu país de origem. O caso envolveu um casal nigeriano que residia de forma irregular no Reino Unido desde 2002 e que têm três filhos, todos nascidos no Reino Unido, com idades compreendidas entre os 2 e os 8 anos de idade. A Câmara Municipal concordou em disponibilizar alojamento para a família durante o processo de revisão judicial. O Tribunal considerou que a autarquia local não deveria ter retirado o apoio à família, quando lhe foi recusada a autorização de permanência, sem antes terem tido a oportunidade de exercer o seu direito de recorrer da decisão e proteger o direito à vida privada e familiar, dado o caso ser discutível e sem uma base de dados de evidência adequados. Lê o julgamento completo aqui. Fonte: Migrant Children's Project Newsletter, agosto de 2013 DETENÇÃO E DEPORTAÇÃO REINO UNIDO / Crianças continuam a ser detidas De acordo com dados do Ministério do Interior do Reino Unido, crianças menores de 18 anos continuam a ser detidas em vários centros de detenção de imigrantes adultos, dois anos após o governo de coligação ter anunciado que as detenções iriam parar. Dados recentes publicados pelo Ministério do Interior demonstram que o número de crianças imigrantes detidas quase duplicou, passando de 127 em 2011 para 242 em 2012. Um total de 444 crianças foram detidas desde 2010, apesar de várias declarações do governo de este ano proclamarem que a detenção de crianças já não existe no Reino Unido. Fonte: Children & Young People Now, 30 de julho de 2013; The Independent, 1 de setembro de 2013 EUA / Os custos económicos das detenções Em agosto de 2013, o Fórum Nacional de Imigração lançou “A Matemática da Detenção de Imigrantes” (”The Math of Immigration Detention”), um relatório que ilustra a poupança que o governo dos EUA poderia fazer se investisse mais em alternativas efetivas à detenção. De acordo com o relatório, o Immigration and Customs Enforcement (ICE) deteve um total de 429,247 imigrantes durante o ano de 2011 e gasta quase 2 mil milhões de dólares americanos cada ano na detenção de imigrantes. No entanto, se fossem introduzidas medidas alternativas para as detenções, estima-se que as despesas diminuiriam em 80%, o que equivale a uma poupança de 1.44 mil milhões de dólares americanos por ano. No entanto, o orçamento da Câmara dos Deputados (House of Representatives) para o ano fiscal de 2014 indica que a detenção de imigrantes vai subir para 5.6 milhões por dia, sendo que grande parte do dinheiro é para pagar as grandes corporações de prisões privadas responsáveis pelos centros de detenções. Fonte: The National Immigration Forum, 29 de agosto de 2013; The Huffington Post, 29 de agosto de 2013 SUÍÇA / Compensação para condições de detenção inadequadas Um tribunal em Genebra atribuiu recentemente uma compensação a um imigrante que tinha sido detido em condições que não conseguiam satisfazer as normas mínimas europeias. O autor da denúncia passou 24 dias numa cela de 23m² juntamente com outras cinco pessoas, ficando com menos de 4m² por pessoa, que é o mínimo exigido pelo Comité Europeu para a Prevenção da Tortura (European Committee for the Prevention of Torture). As condições também violam o Artigo 3º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH), no qual o CEDH, dependendo de circunstâncias envolventes, define que um espaço entre 3m² e 4m² pode levar a um tratamento desumano e/ou degradante. O tribunal de Genebra enfatizou que a falta de recursos não justifica condições de detenção impróprias e alertou para o facto de mais de 80 detidos terem tido que dormir no chão do centro de detenção. Fonte: Migration Policy Group ‘Migration News Sheet’, edição de julho de 2013 REINO UNIDO/ Inquérito de júri descobre que Jimmy Mubenga foi morto “ilegalmente” Um inquérito de júri no Reino Unido averiguou a 9 de Julho de 2013 que Jimmy Mubenga, um angolano que morreu durante a sua deportação de Londres para Angola, foi morto ilegalmente. O Sr. Mubenga morreu a 12 de Outubro de 2010 (Ver PICUM Bulletin – 7 de Dezembro 2010), 40 minutos após embarcar num voo da British Airways (BA) ao ser retido por três guardas G4S no seu assento de avião, com cinto e com as mãos algemadas atrás das costas. De acordo com os passageiros, o Sr. Mubenga gritava que não conseguia respirar, que estava a ser morto e pedia ajuda. Nenhum dos passageiros ou a tripulação da BA foi em seu auxílio. Os três guardas G4S, uma empresa de segurança privada, não foram considerados culpados. Fonte: The Guardian, 9 julho 2013 PUBLICAÇÕES E OUTROS RECURSOS ESTUDO / ‘Ilegal’ a palavra mais utilizada para descrever ‘imigrantes’ na imprensa britânica Para examinar o papel crítico no discurso sobre a imigração nos jornais britânicos e a influência da imprensa, o Observatório de Imigração da Universidade de Oxford (Migration Observatory of the University of Oxford) realizou um estudo dos 20 principais diários e semanários nacionais da Grã-Bretanha entre 2010 e 2012. Através de programadores e técnicas informáticas, o estudo identificou a terminologia de cerca de 58,000 peças escritas. ‘Ilegal’ foi a palavra mais utilizada para descrever ‘imigrantes’, enquanto ‘fracassado’ era a referência mais comum para ‘requerente de asilo’. A análise foca-se na descrição dos resultados, em vez de produzir conclusões sobre o debate de imigração. Para ler o estudo completo, clique aqui. Fonte: The Migration Observatory, agosto 2013
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