Declarações do LXVIII Capítulo Geral

Transcrição

Declarações do LXVIII Capítulo Geral
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
“A FAMILIA DE S. JOÃO
DE DEUS AO SERVIÇO DA
HOSPITALIDADE”
PROGRAMAÇÃO
DO SEXÉNIO 2012-2018
ORDEM HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE DEUS
FATIMA, 22 DE OUTUBRO – 9 DE NOVEMBRO 2012
1
FICHA TÉCNICA
TÍTULO:
Declarações do LXVIII Capítulo Geral s Programação do Sexénio 2012-2018
AUTOR:
Cúria Geral da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus
TIRAGEM:
150 exemplares
IMPRESSÃO E ACABAMENTO:
Clássica, Artes Gráficas SA
DEPÓSITO LEGAL:
000000/13
ISBN:
010101010101011
EDIÇÃO:
Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira
de S. João de Deus
Rua S. Tomás de Aquino, 20
1600-871 Lisboa
www.isjd.pt
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5
DECLARAÇÕES DO LXVIII
CAPÍTULO GERAL
1.
DISCURSO DE ABERTURA E RELATÓRIO
DO SUPERIOR GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Ir. Donatus Forkan, O.H.
Superior Geral
ANEXO 1
A CONGREGAÇÃO DOS IRMÃOZINHOS DO BOM PASTOR . . . . . . . . 61
ANEXO 2
COMISSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
ANEXO 3
CARTAS E CIRCLULARES DO SUPERIOR GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
ANEXO 4
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
ANEXO 5
ATIVIDADES ASSISTENCIAIS DA ORDEM EM 2011 . . . . . . . . . . . . . . . 78
2.
INSTRUMENTUM LABORIS LXVIII CAPÍTULO GERAL . . . . . . . . . 81
“A Família de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade”
3.
DOCUMENTO DO GRUPO DE JOVENS
IRMÃOS E COLABORADORES AO CAPÍTULO GERAL . . . . . . . . . . . 125
4.
MENSAGEM DOS COLABORADORES QUE
PARTICIPARAM
NO CAPÍTULO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.
DISCURSO
DE ENCERRAMENTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO
2012-2018
6.
CARTA DE APRESENTAÇÃO DA
PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012-2018
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
153
Ir. Jesús Etayo
Superior Geral
7.
LINHAS DE AÇÃO E PRIORIDADES
DO LXVIII CAPÍTULO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
8.
PROGRAMAÇÃO DO SEXÉNIO 2012 – 2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
APRESENTAÇÃO
De 22 de outubro a 9 de novembro de 2012, a Ordem celebrou em
Fátima (Portugal) o seu LXVIII Capítulo Geral, sob o lema “A Família
de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade”. Foram 130, os
participantes: 79 Irmãos e 20 Colaboradores participaram por direito;
os restantes eram pessoas convidaram, além da equipa da Secretaria
e dos intérpretes. Merece destaque o facto de, pela primeira vez, os
Colaboradores terem participado por direito no Capítulo Geral, nos
termos do artigo n.º 120 dos nossos Estatutos Gerais: um por cada
Província, Vice-província e Delegação Geral.
Realizado na terra natal do nosso Fundador, S. João de Deus, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, o Capítulo foi uma maravilhosa
experiência de fraternidade, universalidade e hospitalidade, manifestada de forma significativa na preparação e no acolhimento que nos
foi dispensado pelos Irmãos e Colaboradores da Província de Portugal,
aos quais uma vez mais agradecemos cordialmente.
Um aspeto significativo do Capítulo foi o facto de nele terem participado, como convidados, os Irmãozinhos do Bom Pastor. Trata-se de
uma congregação fundada pelo Ir. Mathias Barre+, um ex-Irmão de
S. João de Deus, que está presente em vários países, principalmente
no Canadá e nos Estados Unidos. Tendo solicitado a sua fusão com
a Ordem, o Capítulo Geral acolheu com muita alegria este pedido
e, ao mesmo tempo, decidiu abrir o processo para a fusão. Vivemos
momentos muito emocionantes nesse sentido e cinco Irmãozinhos do
Bom Pastor participaram na nossa assembleia capitular.
As Declarações que agora apresentamos recolhem os documentos e
os momentos fundamentais vividas durante o Capítulo Geral, bem
como outros documentos sobre a programação do Governo Geral para
o novo mandato de seis anos:
ρ Discurso de abertura do Capítulo, pelo Superior Geral.
ρ Instrumentum laboris do Capítulo Geral.
ρ Documento dos Jovens Hospitaleiros ao Capítulo Geral.
ρ Declaração dos Colaboradores participantes no Capítulo Geral.
5
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ Linhas de ação e Prioridades para o novo sexénio.
ρ Discurso de encerramento do Capítulo, pelo novo Superior Geral.
ρ Programação do sexénio 2012-2018.
Todos estes documentos e declarações recolhem o resultado do Capítulo Geral nas suas diferentes fases: preparação, realização e projeção
de futuro. Convido todas as Províncias, Vice-província e Delegações
Gerais, bem como todos os Irmãos e Colaboradores e toda a Família
de S. João de Deus, a estudá-los cuidadosamente. Neles se projetam
as ideias e as linhas de futuro da nossa Instituição. Devem servir ao
mesmo tempo de referência para a vida de toda a Ordem, assim como
para a preparação, desenvolvimento e programação dos próximos
Capítulos Provinciais, que se realizarão em 2014 e, finalmente, para
os próximos seis anos. De particular relevância neste sentido é o
Documento Final, intitulado “Linhas de ação e prioridades para o novo
sexénio”.
Pareceu-nos apropriado incluir neste documento de Declarações o
Instrumentum laboris, isto é, o documento de trabalho do Capítulo, pois,
em geral, foi muito apreciado pelos membros do Capítulo e recolhe
muitas ideias e propostas que podem ser válidas e úteis para toda a
Ordem. De facto, muitas das linhas de ação e prioridades para o novo
sexénio são inspiradas por esse documento.
Um momento estimulante e muito importante para o Capítulo foi a
presença do grupo de Jovens Hospitaleiros, Irmãos e Colaboradores.
Incluímos a comunicação por eles apresentada, assim como a que
foi elaborada pelo grupo de Colaboradores que participaram e apresentaram o seu testemunho, o seu compromisso e a sua fidelidade
relativamente à Ordem e ao seu futuro.
Desejo agradecer a todos os Irmãos e Colaboradores que participaram na fase de preparação do Capítulo Geral, através de encontros e
reuniões dos Grupos de Hospitalidade que, por sugestão do Superior
Geral, Ir. Donatus Forkan, se encontraram para estudar o Instrumentum
laboris e apresentar as suas ideias e propostas ao Capítulo. Dessa forma,
o acontecimento vivido em Fátima foi apoiado e sustentado por toda
a Família Hospitaleira de S. João de Deus.
6
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Começamos um novo sexénio que nos levará até ao ano de 2018. A
realidade da vida social, económica, eclesial e religiosa apresenta-nos
novos desafios que temos de enfrentar. Devemos enfrentá-los com
determinação, esperança e coragem. A fidelidade e o chamamento do
Senhor e da Igreja a continuar a manter viva a Hospitalidade de S. João
de Deus no mundo, é a prioridade essencial que temos de ter presente
e de tornar possível todos os dias com o compromisso de todos aqueles
que formam a Família de S. João de Deus. Para isso, não nos faltará a
ajuda e o apoio de Deus, de Nossa Senhora do Patrocínio e do nosso
Fundador, S. João de Deus.
Ir. Jesús Etayo
Superior Geral
7
1.
DISCURSO DE ABERTURA E
RELATÓRIO DO SUPERIOR GERAL
Ir. Donatus Forkan, O.H.
Superior Geral
1. PREÂMBULO
É para mim um grande prazer e um privilégio saudar cada um
de vós, vindos de todo o mundo até aqui para participar no LXVIII
Capítulo Geral da nossa Ordem. Quer aqui estejamos por direito,
em virtude do ofício que desempenhamos, quer por eleição ou por
convite, esta nossa presença é uma expressão de colegialidade e da
responsabilidade que temos de avaliar, orientar e proteger a missão
da nossa Instituição.1
Gostaria de dirigir uma calorosa e fraterna saudação especial
de boas-vindas aos Irmãos da Congregação dos Irmãozinhos do
Bom Pastor, que nos acompanharão ao longo do Capítulo. Temos
connosco o Ir. Justin Howson, Superior Geral, e os Conselheiros Gerais:
Ir. Alphonsus Brown, Ir. Raphael Mieszala, Ir. Richard Macphee e Ir.
Charles Searson. Após um período de discernimento, no seu Capítulo
Geral realizado em junho deste ano, decidiram por unanimidade
prosseguir com um processo que, no final, conduzirá à fusão com
a nossa Ordem. Estamos agora num processo que terminará, após
um período de três anos, com a plena integração quando os Irmãos,
individualmente, derem por fim o seu parecer favorável a esta decisão
histórica. Em anexo a este relatório, podem ler um breve historial da
Congregação dos Irmãozinhos do Bom Pastor.2
Estamos reunidos em Capítulo numa altura em que o mundo, a
Igreja e a nossa Ordem enfrentam desafios sem precedentes. Estamos
a atravessar um período de crise da fé, da cultura, da economia, da
vocação, da liderança e da confiança na autoridade, como nunca
antes aconteceu numa escala global, até hoje. Como consequência, as
pessoas perderam a esperança, a orientação e um sentido da presença
de Deus nas suas vidas. A própria Igreja tornou-se demasiado tímida
e tão politicamente correta que receia exprimir claramente o seu
pensamento sobre questões que afetam a vida da sociedade. Parece
1
2
Const. 82.
Ver Apêndice, 1.
11
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ter dificuldade em encontrar uma linguagem para falar às pessoas
de hoje sobre o Deus de Jesus e a realidade das suas vidas. Porque
alguns membros da Igreja falharam gravemente ficando envolvidos
no escândalo de abusos; pela falta de integridade de alguns dos seus
líderes, a Igreja perdeu credibilidade e tornou-se agora, em consequência disso, irrelevante na vida de muitas pessoas. Também nós,
como Igreja que somos, como religiosos, tornámo-nos irrelevantes
em muitas partes do mundo.
É inteiramente adequado, portanto, reunirmo-nos aqui, em Fátima,
junto do Santuário da Nossa Mãe Santíssima, para procurar o seu
conselho maternal e pedir a sua intercessão pela nossa Igreja, para
o nosso mundo e para a nossa Ordem, neste momento histórico, um
momento cheio de dificuldades e desafios. Foi aqui, em Fátima, que
Nossa Senhora apareceu a três crianças – Lúcia dos Santos e seus
primos Jacinta e Francisco Marto – a 13 de maio de 1917, e várias outras
vezes nos seis meses seguintes.
Oremos: Maria, nossa mãe celestial e Rainha de hospitalidade,
nós, teus filhos, colocamos sob os teus cuidados as nossas
apreensões e preocupações pelo nosso mundo, pela nossa Igreja
e pela nossa Família Hospitaleira. Pedimos-te que intercedas
por nós, para que durante estes dias de Capítulo, como fizeste
tu, também as nossas mentes e os nossos corações estejam
abertos à agradável presença do Espírito Santo que orienta as
nossas deliberações, os nossos colóquios e as nossas resoluções.
Estamos reunidos aqui, em Portugal, como uma família – a Família
de S. João de Deus. É bom lembrar que a primeira vez que João voltou
a Montemor-o-Novo, depois de muitos anos de exílio em Espanha, o
seu regresso a casa tingiu-se de tristeza misturada com sentimentos
de culpa e remorso. Foi uma experiência muito triste para João que,
sem dúvida, o fez chegar a um ponto em que começou a colocar-se
questões muito sérias sobre a sua vida. Começou a ver-se a si mesmo
e ao mundo de uma forma diferente e nova. Dado que somos a Família
de João de Deus e João está presente aqui connosco, podemos considerar
12
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
esta ocasião como um segundo regresso de João à sua casa! Assim,
esta é uma ocasião feliz e alegre, para João e para nós! Temos muito
a compartilhar com João, a celebrar juntamente com ele e, com ele,
planificar o futuro da sua Família e a obra que ele nos legou.
Então, oremos: Irmão João, pedimos-te que permaneças junto
de nós durante estes dias de Capítulo enquanto avaliamos o
que fizemos nos últimos anos. Pelo que foi feito bem, estejamos
verdadeiramente gratos. Pedimos perdão pelas vezes que não
conseguimos viver segundo as expectativas que tinhas sobre
nós e pelas vezes que não conseguimos ser Hospitalidade para
os outros da maneira que nos mostraste. Durante este tempo,
juntos, ajuda-nos a manter a missão, as necessidades da Igreja
e as necessidades dos doentes pobres, dos nossos irmãos e irmãs
necessitados, à frente do nosso pensamento, da nossa oração
e da nossa planificação para o futuro.
2. PALAVRAS DE AGRADECIMENTO
Muito trabalho foi dedicado à preparação do Capítulo, a nível
local, aqui, em Portugal, ao nível da Cúria Geral e no mundo inteiro,
em todas as Províncias. Quero agradecer a cada um e a todos aqueles
que estiveram envolvidos neste trabalho altamente desafiador, mas
necessário e muito importante. Os membros da Comissão Internacional merecem uma menção especial pelo trabalho realizado na
preparação do Instrumentum Laboris, que servirá de base para os nossos
debates, ajudando a manter-nos centrados em determinados temas
e questões importantes que o Capítulo precisa de discutir, discernir,
ponderar, relativamente aos quais deverá depois concordar sobre um
plano de ação que indicará a direção ou servirá de orientação para o
futuro. A Província Portuguesa, o Superior Provincial, Ir. José Augusto
Gaspar Louro, e a sua equipa, fizeram um excelente trabalho a nível
local, pelo que agradeço sinceramente a todos eles. À medida que o
Capítulo entra no seu ritmo, o importante papel dos facilitadores,
oradores, secretários e intérpretes tornar-se-á evidente: agradeço
13
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
antecipadamente a cada um por se tornar disponível para servir
desta maneira.
Finalmente, desejo neste momento agradecer aos membros do
Conselho Geral, incluindo os do Conselho Alargado, que partilharam
o trabalho de governar, animar e guiar a nossa Ordem nos últimos seis
anos. Vivemos um período da história que continua a fazer parte de
uma mudança de época e de crises na sociedade, na Igreja e na nossa
Ordem, com consequências graves para a nossa Ordem e a sua missão
que não deixarão de afetar as nossas vidas nos próximos anos e de
influenciar o modo de viver e exercer o nosso ministério no futuro.
Além dos relatórios escritos que serão apresentados ao Capítulo
pelos Conselheiros Gerais e outros relatores, vamos mostrar um vídeo,
intitulado Caminhar com S. João de Deus pelo caminho da renovação que
traça a história da renovação na Ordem nos últimos 50 anos, ou seja,
desde o Concílio Vaticano II. Apesar das óbvias limitações devido à
grande variedade e profundidade do tema, à notável distribuição
geográfica em todo o mundo em muitas realidades diferentes, temos
no entanto demonstrado como a Hospitalidade à maneira de João de
Deus está a ser vivida nos dias de hoje. O vídeo mostra também por
quem está a ser exercida a missão da Ordem e algumas das novas
expressões de hospitalidade que estão a mudar a vida das pessoas.
Necessariamente, vão surgir dúvidas acerca do futuro, por exemplo: Como podemos assegurar que as obras hospitaleiras da Ordem
continuem a realizar a missão da Igreja? O Colaborador é corresponsável com o Irmão pela missão: quais as consequências em termos de
seleção e formação dos Hospitaleiros, quer religiosos quer leigos? Num
cenário tão vasto e em tão rápida mudança, qual o papel do Irmão?
Como preparar os Hospitaleiros para compreender e assumir as suas
respetivas funções, para trabalhar em harmonia como parceiros na
missão numa situação de constantes mudanças?
14
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
3. MINISTÉRIO DE SERVIÇO
No início do nosso mandato, em 2006, o Definitório Geral passou
uma semana em Granada, na presença de S. João de Deus, para rezar,
refletir e concordar um programa para o nosso trabalho nos seis anos
seguintes. Todos os anos seguintes, exceto um, reunimo-nos em janeiro
numa comunidade da Ordem, nalgum lugar na Europa, para conhecermos de perto a realidade da respetiva Província. Considerámos
também que era importante passar algum tempo juntos para orar e
avaliar o trabalho por nós realizado ao longo do ano que terminara e
programar o do próximo que tínhamos pela frente.
Cada Conselheiro ficou responsável por uma área de responsabilidade e sobre ela irá apresentar um relatório ao Capítulo. Este ano,
voltámos novamente a Granada para estar com João de Deus e dar-lhe
graças. Fizemos uma avaliação do nosso ministério de serviço a nível
do Governo Geral e analisámos este importante evento eclesial, o
nosso Capítulo Geral, além de outros assuntos que mereceram a nossa
atenção naquela altura.
O Definitório Geral reconheceu a importância de estarmos
conscientes daquilo que está a acontecer na realidade concreta das
Províncias e também de termos uma visão informada sobre essa realidade, assim como acompanhar e apoiar as Províncias em momentos
difíceis. A partir destas considerações, o Definitório Geral convidou
os seguintes seis Colaboradores a serem membros de um Conselho
Geral Alargado:
ρ Rina Monteverdi, da Província Lombardo-Véneta;
ρ Deidre Reece, da Província da Europa Ocidental;
ρ Susana Queiroga, da Província Portuguesa;
ρ George Kammerlocher, da Província Francesa;
ρ Adolf Inzinger, da Província Austríaca, e
ρ Xavier Pomés, da Província de Aragão.
A presença de Colaboradores no Conselho Geral foi uma grande
ajuda, por exemplo, na América Latina, o trabalho do Dr. Pomes
15
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
foi extremamente útil e muitíssimo importante. Muitas Províncias
constituíram desde então um Conselho Provincial Alargado segundo
o exemplo e pelas mesmas razões do Governo Geral. No início do nosso
mandato instituímos também seis comissões, e outras duas foram
criadas para a preparação do Capítulo Geral especial de 2009 e deste
Capítulo Geral de 2012.3
ATIVIDADES DO SEXÉNIO 2006-2012
Obviamente, não é possível fornecer todos os detalhes do que aconteceu em cada situação, nos últimos seis anos. O que me proponho
fazer, portanto, e o mesmo farão os Conselheiros Gerais, com os seus
relatórios, é destacar determinados eventos que consideramos terem
mais importância. Na sessão aberta, os membros do Conselho Geral e
eu próprio estaremos à disposição para esclarecer pontos e responder
às perguntas que qualquer membro do Capítulo nos queira colocar.
O vídeo integra o relatório no sentido dos esforços envidados para
apresentar uma visão panorâmica audiovisual global da Ordem no
mundo. Juntamente com os relatórios escritos, o vídeo fornecerá ao
Capítulo um retrato o mais completo possível da Ordem e da sua missão,
hoje. Num certo sentido, contudo, é como olhar para uma sala cheia
de gente pelo buraco da fechadura; a visão de cada um encontra-se
limitada pelo tempo e pelo espaço. No entanto, temos intenção de
sermos o mais possível transparentes e responsáveis.
O CAPÍTULO GERAL EXTRAORDINÁRIO DE 2009
O Capítulo Geral Extraordinário foi um grande evento eclesial e
da Ordem. Foi celebrado em Guadalajara, no México, de 9 a 21 de
novembro de 2009. O tema desse Capítulo foi: “Na Igreja e no mundo
ao serviço da Hospitalidade – Ler o futuro através dos olhos de Deus.” A
maioria de vós esteve presente nesse Capítulo Geral extraordinário.
Parece-me útil, contudo, recordar algumas resoluções então aprovadas:
3
Ver Apêndice 2 com lista das comissões e suas funções.
16
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
O Capítulo foi convocado para aprovar a revisão dos Estatutos Gerais
da Ordem Hospitaleira, preparada por uma Comissão Internacional.
A atualização e revisão dos nossos Estatutos Gerais foram consideradas
necessárias para os tornar mais flexíveis numa época de mudança,
adaptando-os às necessidades do apostolado e à vida dos Irmãos.
Os Estatutos Gerais revistos foram aprovados conforme foram
apresentados pelo Presidente da Comissão, Ir. Jesus Etayo, com algumas
alterações. Uma decisão verdadeiramente histórica foi a aprovação
por parte do Capítulo de uma secção dos Estatutos dedicada aos Colaboradores, intitulada “Os Colaboradores na Ordem”. Este foi o reconhecimento do papel insubstituível que os Colaboradores desempenham
na realidade de hoje para darmos continuidade ao trabalho quotidiano
de S. João do Deus. E não apenas isso, pois muitos Colaboradores detêm
agora grandes responsabilidades quanto à realização da missão da Hospitalidade. Ao passo que sucessivos Capítulos Gerais reconheceram e
afirmaram o papel indispensável que os Colaboradores desempenham
na missão da Ordem, pela primeira vez foram incluídos nos nossos
Estatutos Gerais artigos relacionados especificamente com os Colaboradores.4 A inserção do segundo capítulo nos Estatutos, intitulado “Os
Colaboradores na Ordem, “apresenta uma nova visão da Ordem, como
Família de S. João Deus, na qual acolhemos a possibilidade de partilhar
o nosso carisma, a nossa espiritualidade e a missão, reconhecendo os
seus dons e talentos”.5
Hospitalidade baseada na responsabilidade
Uma resolução importante do Capítulo extraordinário diz respeito
à Hospitalidade baseada na responsabilidade para todos aqueles que vêm
aos nossos centros, especialmente as crianças. A resolução tem por
objetivo a prestação de serviços de qualidade aos utentes de todas as
idades e condições, num ambiente seguro, de acordo com o carisma da
hospitalidade, as tradições da Ordem e o exemplo de S. João de Deus. A
finalidade da existência de um protocolo desta natureza consiste em
4
5
Donatus Forkan, Superior Geral, Discurso de encerramento do Capítulo.
Estatutos Gerais, 20b.
17
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
garantir que todas as pessoas que se dirigem aos serviços da Ordem
são assistidas num ambiente de confiança e segurança.
O capítulo suscitou uma discussão muito interessante e abrangente
sobre o assunto, após uma apresentação do Dr. Patrick Walsh. Emergiu
que algumas Províncias já tinham protocolos e procedimentos que
obedeciam às diretrizes estabelecidas pelas Conferências Episcopais
e Conferências de Religiosos, pela legislação civil e pelas leis laborais
dos respetivos países. Noutras partes da Ordem, porém, não existiam
procedimentos nem protocolos dessa natureza.
Após o Capítulo, o Governo Geral confiou à Comissão Geral de Bioética
a tarefa da elaboração de políticas e procedimentos de acordo com
a resolução do Capítulo. A Comissão trabalhou durante um ano na
preparação de um protocolo que definiu orientações para a elaboração
de políticas para cuidar e proteger as crianças, assim como adultos
vulneráveis e idosos contra abusos de qualquer espécie – de ordem
sexual, física, psicológica, moral e espiritual – nos serviços e centros
da Ordem Hospitaleira. Destina-se também a proteger todos os que
trabalham nos nossos centros e serviços.
Mais tarde, um protocolo intitulado «Hospitalidade baseada na
responsabilidade», frequentemente referido sob a designação de
«Protocolo de abuso», foi publicado no nosso sítio na Internet.
Uma cópia foi enviada a todos os Provinciais da Ordem, no dia 2 de
dezembro de 2011, com uma carta do Superior Geral. Para auxiliar
as Províncias na elaboração de políticas e procedimentos próprios,
foi anexado, como exemplo, um documento da Província da Europa
Ocidental, intitulado “Políticas e procedimentos para gerir acusações
de alegados casos de abuso contra membros do pessoal,6 incluindo,
obviamente, também os Irmãos.
6
Carta circular de 2 de dezembro de 2010 (N. Prot. PG. 113/2010).
18
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
O ANO DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS
A celebração do Ano da Família de S. João de Deus foi aprovada pelo
Capítulo Geral extraordinário com grande entusiasmo e a sua primeira
celebração decorreu desde o dia 8 de março de 2011 até à mesma data
do ano seguinte, com duas finalidades: em primeiro lugar, promover
o estilo de vida do Irmão de S. João de Deus como uma opção válida para
qualquer jovem no momento de decidir o seu projeto de vida futura;
em segundo lugar, mostrar que todos os Hospitaleiros – Irmãos e
Colaboradores, em conjunto, unidos na mesma missão – formam a
Família de S. João de Deus.
O conceito de Família libertou novas energias, alargou os horizontes de possibilidades para a missão e gerou um novo sentido de
pertença nos seguidores de João de Deus. Graças às atividades em que
as pessoas se envolveram ao longo desse ano, tenho a sensação de
que há agora uma maior consciência da natureza da Ordem e da sua
missão de hospitalidade em todo o mundo. Além disso, acredito que
as pessoas consideram hoje muito atraente a ideia de uma família e
João-de-Deus-hospitalidade. A ideia de “família” evoca imediatamente
algo mais do que simples relações funcionais ou uma mera convergência de interesses. A família é, por natureza, uma comunidade baseada na
confiança mútua, no apoio recíproco e num sincero respeito. Numa família
autêntica não predomina o mais forte; pelo contrário, os seus membros
mais fracos, devido precisamente à sua própria fraqueza, são os mais bem
acolhidos e servidos”.7
Na minha opinião, essas características, e outras, conforme
disse o Papa João Paulo II, definem a Família de S. João de Deus, como
eu a entendo: uma Comunidade onde existe confiança mútua,
apoio, generosidade, abertura, respeito sincero, hospitalidade
e unidade na missão. Todas estas caraterísticas ligam-se muito bem
com a atitude que João de Deus tinha no seu relacionamento com
Angulo e as outras pessoas que partilharam com ele a sua vida e o
7
João Paulo II, Discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, 5 de outubro de 1995.
19
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
seu ministério.8 O conceito de família denota abertura, acolhimento,
uma atitude sem preconceitos e um pluralismo com um profundo
sentido de comunidade e de comunhão. As pessoas identificam-se
imediatamente e exprimem um sentimento de pertença à Família de
S. João de Deus. Há uma sensação de se estar em casa, mesmo quanto
os seus membros pertencem a diferentes tradições de fé. Os cristãos,
alguns dos quais podem estar a experimentar dificuldades com a
Igreja hierárquica, e pessoas que não aderem a qualquer tradição de fé
particular, sentem que são aceites na família de S. João de Deus e que
a sua contribuição para a missão é valorizada e apreciada. Além disso,
ser evangelizadores e, portanto, a coisa certa a fazer, ser acolhedores
e atrativos para aqueles que partilham a nossa filosofia e os nossos
valores, abre imensas possibilidades para a missão. Uma frase usada
por São Paulo e que S. João de Deus tornou própria encoraja-nesse
sentido, “ E não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo
colheremos, se não tivermos esmorecido.”9
4. OUTRAS ATIVIDADES
Os Capítulos Provinciais de 2007 e 2010 foram realizados em conformidade com as Constituições e os Estatutos Gerais da Ordem. Presidi
pessoalmente a todos os Capítulos de 2007, assistido pelos Conselheiros
Gerais com responsabilidade pelas respetivas Província, mas a presidência dos Capítulos de 2010 foi partilhada entre os Conselheiros e eu.
Pode-se dizer que os Capítulos foram bem preparados e realizados de
forma séria, mas fraterna e cordial. A ajuda exterior, disponível em
quase todos os casos, assegurou o bom funcionamento dos Capítulos.
Na maioria dos Capítulos, mais uma vez, registou-se a participação de
um número cada vez maior de Colaboradores na parte relativa à missão
da Ordem. Isso garantiu uma análise aprofundada da situação na
Província e nos centros, em termos de missão, da situação económica,
com metas reais e alcançáveis concordadas para o período seguinte.
8
9
FORKAN, Donatus, Superior Geral, Carta circular, 27 de maio de 2012 (n. Prot
PG-062-2012).
Gl 6,9.
20
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
A visita canónica geral a toda a Ordem também foi realizada durante
o período de seis anos, por mim ou por um Conselheiro Geral responsável pela respetiva Região. Em todos os casos o Visitador foi
calorosamente recebido e teve toda a cooperação a nível das Províncias,
das comunidades e dos centros. Geralmente, o Visitador efetuou uma
visita de cortesia às autoridades civis e religiosas locais para reforçar
as relações e o diálogo. Tais visitas foram muito apreciadas por todos os
interessados e consideradas como um elemento importante da visita.
Durante o sexénio, conforme planeado, realizámos dois encontros
com os superiores maiores, os vice-provinciais, os delegados gerais e
provinciais e os delegados provinciais: isso foi importante para consolidar um sentido de colegialidade, partilhar experiências, identificar
questões e desafios comuns e, quando possível, encontrar respostas
de comum acordo.
No mundo globalizado em que vivemos, as Conferências Regionais
assumiram uma importância acrescida. Além do papel de liderança que
os Colaboradores desempenham na prestação de serviços da Ordem,
em todas as regiões, o valor do encontro pessoal em tais reuniões
nunca será suficientemente enfatizado. Em termos de formação, É
importante criar laços pessoais e desenvolver um sentido de pertença
à Família de S. João de Deus.
As Conferências Regionais foram realizadas em duas ocasiões: para a
Europa, em Los Molinos (Espanha), e na Irlanda; para a América, em
Guadalajara (México) e em Luján (Argentina); para a África, ambas
em Age-Nyive (Togo); para a região da Ásia-Pacífico, no Vietname e
na Índia. As conferências foram bem preparadas e bem-sucedidas em
termos de aumento da motivação e criação de laços com um sentido
de pertença à mesma Família de S. João de Deus.
5. FORMAÇÃO DOS HOSPITALEIROS
A formação é sempre uma preocupação e, portanto, um elemento
importante em tudo o que é realizado na Cúria Geral. Dado que os
21
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Colaboradores são agora corresponsáveis com os Irmãos pela missão
da Ordem, o Capítulo Geral realizado em Roma, em 2006, incentivou cada Província a criar uma Escola de Hospitalidade para dar aos
Colaboradores a necessária formação e preparação para que possam
identificar-se com S. João do Deus, a cuja obra dão continuidade. O
estudo da história da Ordem Hospitaleira, fundada por João, bem como
da filosofia e dos valores que sustentam a missão da hospitalidade,
são uma preparação essencial para garantir a integridade da missão
de hospitalidade no futuro.
O Governo Geral organizou a primeira Escola de Hospitalidade internacional em Granada, em 2009. Os Irmãos e Colaboradores com mais
tempo de serviço de toda a Ordem participaram num curso, que durou
cinco dias, depois do qual fizeram uma avaliação muito positiva do
mesmo.
Em resposta a solicitações das Províncias, o Governo Geral criou
uma Comissão Internacional para elaborar um manual que servisse de
guia para a formação dos Colaboradores. Esse manual foi publicado em
2012, com o título: A Formação dos Colaboradores: Guia para a Formação
na Filosofia e nos Valores da Ordem. Espera-se que este tão esperado
manual ajude as Províncias a organizar cursos e ações de formação
para os Colaboradores e, nalgumas fases de tais ações, participarão
certamente também alguns Irmãos jovens, sublinhando os critérios
fundamentais e os valores que motivam todos os Hospitaleiros na
realização da missão da hospitalidade à maneira de S. João de Deus.
Como forma de ajudar na preparação para a profissão solene,10
foram realizados quatro cursos. Partindo da convicção de que a formação recebida durante o noviciado é absolutamente insuficiente como
preparação de um Irmão para o seu futuro ministério como Hospitaleiro de S. João de Deus, foi construída e inaugurada uma casa de
formação em Nairobi, no Quénia, em 2008. Também as outras Regiões
deveriam considerar esta realidade tendo em conta a necessidade e a
10
Para mais detalhes, ver o Relatório do Ir. Jesús Etayo.
22
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
urgência da questão. Em Nairobi, até hoje, dezanove Irmãos da África
concluíram o curso de teologia, com dois anos de duração, e curso de
espiritualidade, na Universidade de Taganza, dos Carmelitas; outros
oito Irmãos encontram-se a frequentar o segundo ano e sete estão
no primeiro ano. Atualmente, os Irmãos vivem numa casa alugada.
A Cúria Geral adquiriu um terreno na região e está em construção
uma casa comunitária, com 25 quartos e os equipamentos habituais
de que de uma comunidade religiosa necessita.
6. CAMINHO DA RENOVAÇÃO
O processo de renovação em curso ocupou um lugar central no
trabalho do Governo Geral. Para promover esse processo escrevi
uma série de Cartas circulares, a principal das quais tinha por título:
“O rosto mutável da Ordem”, ou “O rosto da Ordem em mudança”. Escrevi
também cartas circulares dirigidas só aos Irmãos sobre o tema da renovação
e uma série de outras cartas.11
Além das Cartas circulares, a Cúria Geral organizou diversos cursos e
eventos, nomeadamente:
ρ No início do nosso mandato, um encontro das três comunidades de
Roma para delinear o programa para o nosso mandato e explicar algumas das mudanças que estavam a ser implementadas,
por exemplo, o Ir. Jesus Etayo, Conselheiro Geral, ficaria com a
responsabilidade sobre as três comunidades e trabalharia com
os superiores locais na animação da vida dos Irmãos; o Ir. Rudolf
Knopp, Conselheiro Geral, além de ser Vice-Presidente executivo do
Hospital da Ilha Tiberina, ficaria responsável pelos Colaboradores
que dependem diretamente da Cúria Geral. A fundamentação para
a nomeação de um diretor leigo do Hospital de São João Calibita,
na ilha Tiberina, foi apresentada nesse encontro. Dado que era
a primeira vez que se realizava essa consulta, foi necessário dar
algumas explicações aos Irmãos.
11
Ver lista de Cartas circulares e temas, como apêndice 3.
23
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ Um curso para formadores, em todas as quatro Regiões – África,
América, Europa e Ásia-Pacífico – organizado pela Cúria Geral.
ρ Um curso para os Provinciais da Europa sobre a renovação da vida do
Irmão de S. João de Deus, realizado na Cúria Geral, em março de 2011;
ρ Uma conferência internacional sobre a Pastoral, organizada por uma
Comissão Internacional e realizada em Roma, em novembro de
2011.
ρ Um curso sobre patrocínio (“sponsorização”), organizado na Cúria
Geral para Irmãos e Colaboradores de toda a Europa, em 2011,
tendo em vista a formação de uma pessoa jurídica pública (PJP).
ρ Um curso sobre a promoção das vocações na Europa, realizado em
janeiro de 2012, na Cúria Geral.
ρ Em março de 2012, um encontro exploratório de dois dias na Cúria
Geral, com o Definitório Geral dos Irmãozinhos do Bom Pastor e
a Ordem Hospitaleira de S. João do Deus.
ρ Um encontro de dois dias de 30 jovens Hospitaleiros para preparar
uma Declaração para este Capítulo Geral, realizado na Cúria
Geral, em abril de 2012.
Além de quanto referido até aqui, o Superior Geral e os membros do
Conselho Geral apresentaram comunicações sobre o tema da renovação
e outras questões relevantes nas Conferências Regionais e nas outras
reuniões de Irmãos e Colaboradores organizadas pelas Províncias.
7. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)
Foram disponibilizados métodos modernos de comunicação,
aproveitados para facilitar e melhorar a partilha de informação e a
comunicação entre a Cúria Geral e a Família de S. João de Deus em
todo o mundo e entre as pessoas.
ρ Um vídeo acompanhou a Circular sobre a renovação, intitulado;
“O Rosto mutável da Ordem”.
ρ Um outro vídeo sobre a Família de S. João de Deus foi lançado em
2011.
24
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
ρ Foram publicados na plataforma YouTube diversos vídeos, nomeadamente, sobre o Ano do voluntariado na Europa e o Ano da Família
de S. João de Deus.
ρ Foi produzido o vídeo para este Capítulo, “Caminhando com S. João
de Deus no caminho da renovação”.
ρ O programa Skype foi amplamente utilizado para uma comunicação mais personalizada;
ρ O sítio da Cúria Geral na Internet foi regularmente atualizado,
publicando eventos atuais e importantes, bem como e informações
de caráter local e internacional.
Durante o sexénio, além das Cartas circulares do Superior Geral, a
Cúria Geral publicou os seguintes documentos:
ρ Novos Estatutos Gerais – 2010.
ρ Protocolo sobre Abusos – 2010.
ρ Ética de João de Deus – 2012.
ρ Carta de Identidade: Manual do Utilizador – 2012.
ρ A Pastoral segundo S. João de Deus – 2012.
ρ Formação dos Colaboradores – 2012.
ρ Gestão Carismática – 2012.
ρ Revisão dos capítulos 4 e 5 da Carta de Identidade – 2012.
8. COMUNIDADES DEPENDENTES DO GOVERNO
GERAL
A Comunidade e o Hospital da Ilha Tiberina, a Comunidade da
Farmácia do Vaticano e a Comunidade na Cúria Geral dependem
diretamente do Superior Geral. Todas elas são “comunidades internacionais”, com toda a riqueza e os desafios que isso implica. O Ir.
Jesus Etayo, segundo Conselheiro Geral, foi designado para colaborar
com os respetivos Superiores na animação e formação contínua
das três comunidades. Foram realizados retiros mensais, foi feita
a visita canónica geral às três comunidades e aos serviços delas
dependentes e foram regularmente implementados programas de
formação permanente. Os dias de festa, jubileus, profissões e outros
25
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
eventos dos Irmãos foram comemorados em conjunto na Cúria Geral.
O retiro anual é da responsabilidade de cada Irmão, individualmente,
e muitos organizaram-se para realizar os seus exercícios espirituais
quando regressavam às suas Províncias para passar férias; alguns
outros optaram por participar no retiro organizado pela Província
Lombardo-Véneta.
Comunidade da ilha Tiberina e Hospital de S. João Calibita.12
O Superior Geral é o presidente do Hospital de S. João Calibita e
o Ir. Rudolf Knopp, primeiro Conselheiro Geral, é o vice-presidente
executivo. De acordo com a prática comum na Ordem atualmente,
logo depois do Capítulo Geral de 2006 foi tomada a decisão de nomear
um diretor leigo para o Hospital da Ilha do Tibre. Foi uma decisão
importante, embora difícil, pois durante mais de 400 anos da sua
história o hospital teve sempre um Irmão como responsável.
Esta foi uma decisão muito importante, por três motivos:
ρ Em primeiro lugar, a política da Ordem prevê a nomeação da pessoa melhor preparada para dirigir e orientar os nossos ministérios
hospitaleiros, quer se trate de um Irmão, quer de um Colaborador.
ρ Em segundo lugar, esta nomeação permitiu que o Superior se dedicasse à tarefa de animador da Comunidade, além de desempenhar
outras funções dentro do mesmo Hospital. O atual Superior, Ir.
Benigno Ramos, que vem da Província Castelhana, por exemplo,
é responsável pelo Serviço de Bioética e Assistência Pastoral no
Hospital, trabalhando muito de perto com o Diretor, Dr. Carlo M.
Cellucci, apoiando-o.
ρ Em terceiro lugar, no espírito do Concílio Vaticano II, partilha-se
a responsabilidade pela missão da Ordem com um leigo ao mais
alto nível.
Um relatório separado sobre o Hospital da Ilha Tiberina foi elaborado
pelo Ir. Rudolf e pelo Dr. Carlo Cellucci, diretor do Hospital. Gostaria
apenas de reconhecer aqui o árduo trabalho realizado com diligência
12
Para uma informação mais detalhada remete-se para o relatório apresentado ao
Capítulo pelo Diretor do Hospital. Dr. Carlo M. Cellucci.
26
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
e serenidade pelo Ir. Rudolf, pelo Dr. Cellucci e pelo Ir. Benigno e sua
equipa durante a crise económica em curso. Deve-se à sua atitude e
trabalho em equipa o facto de o Hospital ter continuado a funcionar.
Infelizmente, como todos nós aqui presentes sabemos muito bem,
esta é uma história que está a ser repetida em toda a Europa e no
mundo. Lamentavelmente, alguns hospitais tiveram de encerrar e,
noutros lugares, tornou-se necessário reduzir serviços e despedir
Colaboradores. E é graças a todos os interessados e ao seu sentido
do dever e de sacrifício que outros serviços não foram suprimidos, o
que teria implicado o despedimento de Colaboradores. É com grande
tristeza que se toma a decisão inevitável de fechar um hospital ou
reduzir serviços. Tal decisão pode ser nalgumas circunstâncias a única
opção possível a fim de se continuar a prestar um serviço aos pobres
e aos doentes, mas o drama do desemprego que se segue, com o seu
impacto desastroso sobre as famílias, faz com que esta seja sempre
uma decisão muito dolorosa.
A comunidade da Farmácia do Vaticano e Outros serviços prestados à Santa Sé
Tal como acontece com as outras duas comunidades em Roma,
também esta comunidade é formada por Irmãos de diversas partes da
Ordem. Superior da Comunidade e diretor da Farmácia é o Ir. Raphael
Cenizo Ramirez, da Província da Andaluzia. A Ordem, juntamente
com o Governatorato do Vaticano, administra e dirige a Farmácia do
Vaticano. Trata-se de uma farmácia extraordinariamente procurada,
que atende diariamente mais de 2000 utentes. Graças aos serviços
prestados, a Ordem tem a este respeito uma reputação muito boa
no Vaticano, em Roma e no mundo. A razão deste último pormenor
é o facto de muitos Núncios apostólicos manterem contatos com a
Farmácia quando visitam Roma e também noutras ocasiões. Ao todo,
mais de 80 funcionários – Irmãos e Colaboradores – estão ao serviço
da Farmácia. Além da farmácia, os Irmãos fazem parte da equipa de
primeiros socorros durante as audiências públicas do Santo Padre.
Um dos Irmãos integra também uma equipa mais especializada que
está ao serviço do Santo Padre.
27
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
O Ir. James Buitrago, da Província Colombiana, foi recentemente
nomeado para trabalhar no Conselho Pontifício da Pastoral da Saúde,
no Vaticano. Agradecemos ao Ir. James e à Província Colombiana a
disponibilidade demonstrada e o sacrifício implícito nesta decisão. A
nomeação do Ir. James para trabalhar no Vaticano é outra expressão
da disponibilidade e vontade da Ordem para servir a Igreja e, em
particular, a Santa Sé, de todas as formas possíveis.
A Comunidade da Sagrada Família e do Hospital de Nazaré
A Cúria Geral, as Províncias Lombardo-Véneta e Polaca são
solidariamente responsáveis pela Fundação Nazaré. O Hospital da
Sagrada Família é gerido pela Província Lombardo-Véneta. Existem
duas comunidades religiosas que trabalham no Hospital – as Irmãs
da Caridade (Holy Child Mary) e os Irmãos de S. João de Deus da Província Polaca. O diretor do Hospital é um Colaborador da Itália, o Dr.
Giuseppe Fraizzoli.
Pelo conhecimento que temos da situação no Médio Oriente, pode-se
apreciar a importância do Hospital da Sagrada Família, em Nazaré.
Como lugar de contacto e encontro entre os diversos grupos da região,
é um testemunho vivo daquilo que constitui o núcleo da mensagem de
Jesus. Claramente, o carisma da hospitalidade, tal como ela é expressa
todos os dias no Hospital é um maravilhoso exemplo de ecumenismo,
de reconciliação e de pluralismo. Poder-se-ia dizer que é promotor
de paz através da prática médica. A hospitalidade vivida desta forma
é a imagem de marca da mensagem cristã.
Gostaria de agradecer aos membros das comunidades de Irmãs, Irmãos
e Colaboradores, bem como às Províncias Polaca e Lombardo-Véneta,
pelo testemunho que dão de Cristo e do seu ministério de cura na
terra santificada pela sua presença, pelo seu ministério e pela sua
morte e ressurreição.
Um trabalho bem feito
Quatro Irmãos de S. João de Deus regressaram às suas respetivas
Províncias neste sexénio, depois de servirem a Ordem e/ou a Santa
Sé durante muitos anos. O primeiro foi o Ir. Fabian Hynes, diretor da
28
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Farmácia do Vaticano durante mais de meio século. Fabian trabalhou
durante seis pontificados e desenvolveu os serviços prestados pela
Farmácia desde quando ela era uma espécie de “drogaria” de uma
pequena cidade até se tornar numa das farmácias mais prestigiadas
e modernas do mundo.
O segundo Irmão a regressar à sua Província de Aragão foi Mons.
José Luís Redrado, após 25 anos de serviço como Secretário do Conselho
Pontifício para Pastoral da Saúde. Chamado a Roma pelo ex-Superior
Geral, Ir. Pierluigi Marchesi, o Ir. José Luís trabalhou em estreita
colaboração com o Cardeal Angelini no desenvolvimento dos serviços
do Dicastério que se estende atualmente a todo o mundo católico,
ajudando a preparar a celebração do Dia Mundial do Doente, conferências internacionais de grande impacto, no Vaticano, além de uma
grande variedade de outras atividades. Mons. José Luís terminou o seu
serviço nesse cargo no dia 19 de março de 2011 e atualmente é capelão
no Hospital da Ordem, em Saragoça (Espanha), em cuja Comunidade
se integrou.
O terceiro Irmão que voltou à sua Província, em 2006, foi o Ir.
Félix Lizaso, também da Província de Aragão, que serviu durante
muitos anos a Ordem, como Postulador Geral. Profundamente convicto da santidade da vida de muitos Irmãos, defendeu as suas causas
com determinação, o que levou muitos deles a serem beatificados
ou canonizados durante o seu mandato como Postulador. Recordo
a beatificação e canonização dos Irmãos Ricardo Pampuri, Bento
Menni e a canonização dos Beatos João Grande e João de Ávila, que
foi diretor espiritual de S. João de Deus. Setenta e dois Irmãos espanhóis e colombianos mártires, assim como os Irmãos Olallo Valdés
e Eustáquio Kugler, também foram beatificados. Antes de terminar
o seu mandato, o Ir. Felix apresentou à Congregação para as Causas
dos Santos a Positio (documentação) de outros 24 Irmãos martirizados
em Espanha, e também eles serão beatificados em outubro de 2013.
Também o Ir. Geminiano Corradini, da Província LombardoVéneta, que exerceu o seu serviço como Superior e diretor
29
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
respetivamente da Comunidade da Ilha Tiberina e do Hospital de São
João Calibita, regressou à sua Província. O Ir. Geminiano foi o primeiro
a exercer o cargo de Superior da Ilha Tiberina sem ser diretor. Isso foi
muito importante quando o Dr. Cellucci foi nomeado primeiro diretor
leigo do Hospital. O Ir. Geminiano assumiu a nova forma de exercer
o seu cargo com grande sensibilidade e, pela forma como o fez, deu
um testemunho claro do que é a essência da vocação do Irmão de S.
João de Deus: disponibilidade e flexibilidade, tendo sempre a missão
global como ponto central de tudo o que fazemos como Irmãos. O Ir.
Geminiano regressou à sua Província em 2010.
Quero agradecer a todos os Irmãos cujos nomes referi, pela sua dedicação altruísta aos mais altos ideais da vocação do Irmão de S. João de
Deus. Dado que os Irmãos de S. João de Deus não vão para a reforma,
desejo a cada um deles um ministério agradável e cheio de significado,
que continuem a gozar de boa saúde e tenham paz interior.
Chamados para a Casa do Pai
As nossas comunidades em Roma sofreram a perda de três Hospitaleiros nos últimos anos. A morte chegou pacificamente ao Hospital
da Ilha Tiberina, no dia 29 de julho de 2010, levando consigo o Ir. Massimino ZERBI, após uma longa luta contra o cancro. O Ir. Massimino,
sacerdote da Ordem, pertencia à Província Lombardo-Véneto. Ele fez
parte da Comunidade da Ilha Tiberina durante muitos anos e trabalhou
como capelão no Hospital. A sua boa disposição hospitaleira e gentil
significava que fosse procurado como confessor pelos doentes e por
outros. Que possa descansar na paz de Cristo.
O Ir. Michelangelo Mucci faleceu no dia 15 de setembro de 2011, após
breve doença e pouco tempo depois de ter celebrado as bodas de prata
da sua profissão religiosa. Obviamente, a morte do Ir. Michelangelo
causou uma grande tristeza na sua família e nos membros da Província da América Latina Meridional – especialmente no seu país, a
Argentina. Este Irmão trabalhou no Hospital da Ilha Tiberina durante
vários anos antes de ser transferido para a Comunidade da Farmácia
do Vaticano, onde se encontrava quando veio a falecer. Rezemos para
que o Ir. Michelangelo viva agora na felicidade do céu.
30
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Ficámos igualmente tristes com a morte prematura do Dr. Gian
Carlo Carucci, diretor da Farmácia do Vaticano, que faleceu na
véspera do Natal de 2010. Gian Carlo tinha trabalhado durante
muitos anos na Farmácia do Vaticano com o Ir. Fabian e foi nomeado
diretor quando o Ir. Fabian regressou à sua Província. O Dr. Carucci
deixou a sua esposa e dois filhos, um dos quais trabalha também na
Farmácia do Vaticano.
Um outro Colaborador que faleceu em 2010 foi o Sr. Maurizio
Mancini, que era a “voz da hospitalidade” para muitos em todo o
mundo, pois trabalhou na receção da Cúria Geral durante muitos
anos. Era uma pessoa gentil e gostava muito de desporto. Também
ele deixou a sua esposa e dois filhos.
Senhor, nós Vos agradecemos a vida, os dons e a dedicação que
estes três Hospitaleiros deram à obra de S. João de Deus. Que
eles possam agora receber a justa recompensa pelo seu trabalho
e a felicidade eterna convosco, no céu. Amém.
9. REESTRUTURAÇÃO DA ORDEM
Com o passar do tempo, o aumento da atividade dos Hospitaleiros e a
diminuição do número de Irmãos nalgumas regiões do mundo onde a
Ordem está presente, foi considerada necessária uma reestruturação
de algumas entidades. Uma proposta neste sentido, apresentada no
Capítulo Geral de 2006, foi muito debatida em vários Capítulos e
encontros. O objetivo da reestruturação era o de fornecer um suporte
às pequenas comunidades e reforçar os laços de amizade entre os
Colaboradores numa perspetiva mais abrangente de Família de S.
João de Deus.
A Europa foi o cenário que testemunhou a alteração das fronteiras de
alguns países após as duas Guerras Mundiais. Essa nova configuração
dos estados implicou muitas vezes a separação de algumas comunidades das suas Províncias ou, noutros casos, deixou-as isoladas e em
situações muito difíceis. Houve perseguição, supressão de obras e
comunidades nossas e alguns Irmãos desapareceram, outros morreram
31
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
em campos de concentração e na prisão e, além disso, outros foram
forçados a viver isolados, separados das suas comunidades. Depois da
II Guerra Mundial e, por fim, após a queda do comunismo na Europa do
Leste, os Irmãos começaram a reagrupar-se e a formar comunidades
e, progressivamente, a reconquistar ou reclamar alguns dos hospitais
que haviam sido confiscados sob diferentes regimes. As Províncias
europeias da “Europa livre” continuaram a apoiar as comunidades
nesses tempos e situações difíceis, de diversas maneiras, mas de
forma secreta.
Compreensivelmente, não foi fácil a decisão tomada por Comunidades
e alguns Irmãos individualmente de entrar num processo que implicaria o desaparecimento das próprias Províncias ou Delegações, passando
a fazer parte de uma outra. No entanto, após uma ponderada reflexão
sobre a realidade da situação e com o olhar virado para o futuro, todos
os Irmão sem exceção estiveram envolvidos neste processo. Foi uma
experiência humilhante ver homens que já tinham sofrido tanto
colocar a Ordem e a sua missão acima dos seus próprios sentimentos
pessoais. O amor dessas pessoas pela Ordem e o seu profundo desejo
de a ver continuar a contribuir ativamente para a ação evangelizadora
da Igreja fizeram com que, em todos os casos, o resultado fosse uma
experiência positiva.
As entidades reestruturadas foram as seguintes – unindo-se a uma
Província já existente ou constituindo uma Província:
ρ A Delegação Geral da Renânia uniu-se à Província da Baviera.
ρ As comunidades da Boémia-Morávia uniram-se à Província
Austríaca.
ρ A Delegação Geral da Silésia uniu-se à Província Polaca;
ρ A Delegação Provincial do Japão (Província da Baviera) uniu-se
à Província Coreana.
ρ As Províncias da Irlanda e do Reino Unido agruparam-se para
formar a nova Província da Europa Ocidental de S. João de Deus [#e
West European Province of Saint John of God], que está presente em
diferentes jurisdições – Irlanda, Reino Unido, Malawi, New Jersey,
e estabeleceram uma relação de geminação com a Zâmbia Central.
32
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
ρ As comunidades e obras da Ordem na África formaram uma só
Província, com cinco Delegações provinciais. Esta organização,
porém, não vingou e o Definitório Geral criou duas novas entidades: a Província de S. Agostinho, que compreende as comunidades e
obras apostólicas presentes no Gana, Libéria, Quénia, Serra Leoa,
Camarões, Moçambique, Senegal e Zâmbia, e a Vice-Província de S.
Ricardo Pampuri, abrangendo as comunidades e obras apostólicas
no Benim e no Togo.
ρ Existe um Noviciado Interprovincial no Togo.
ρ Como já disse, um recente desenvolvimento é a abertura de uma
nova casa de formação Interprovincial em Nairobi, no Quénia.
ρ Devido a certas dificuldades que estão a ser sentidas pela Província
do México e América Central, o Definitório Geral, para acompanhar mais de perto a realidade e dar apoio à liderança, tomou a
decisão de alterar o estatuto desta entidade, transformando a
Província numa Delegação Geral. O novo Delegado Geral, Ir. Adolfo
Alalula, pertence à Província da América Latina Setentrional.
ρ Foi aprovado um Noviciado único para toda a América Latina,
situado na Colômbia.
ρ A pedido da Província Portuguesa, foi aberto um Noviciado no
Brasil para os candidatos provenientes do Brasil, de Portugal e
de Timor-Leste.
ρ Em fevereiro deste ano (2012), a Província Francesa transferiu
oficialmente a Comunidade de Pamplemous, na Ilha Maurício, e
os seus serviços para a Província da Índia. A Província Francesa
tinha aberto um Lar de Idosos na ilha, há 30 anos.
10. FORMAÇÃO DE UMA PESSOA JURÍDICA
PÚBLICA (PJP)
Uma ocasião memorável para a Ordem foi a aprovação, em 6 de
julho de 2012, pela Congregação para os institutos de vida consagrada e as
sociedades de vida apostólica do pedido apresentado pelo Superior Geral,
solicitando que os serviços de S. João do Deus pertencentes à Província
33
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
da Europa Ocidental fossem constituídos numa nova Pessoa jurídica
pública (PJP) no âmbito da Igreja.
O novo Diretor executivo do Grupo (CEO) destes serviços, ou ministérios,
hospitaleiros de S. João de Deus é um Colaborador de longa data, o senhor
John Pepper. A nomeação de um Colaborador para o mais alto cargo de
responsabilidade desta instituição da nossa Ordem representa uma
viragem na nossa história. O senhor Pepper responde aos membros de
uma nova entidade, o Conselho Alargado de Província, que é nomeado
pelo Superior Geral e pelo seu Conselho. Não se trata, na minha
opinião, de nenhum acidente de percurso nem de uma reação ao
cenário em mudança relativamente à vida dos Irmãos, mas, antes,
do resultado do processo de renovação no qual, sob a orientação do
Espírito Santo, a Ordem e a Província se comprometeram há quase 50
anos. A atribuição aos leigos de um papel proeminente de liderança
com responsabilidade pela missão da Igreja foi uma das indicações
do Concílio Vaticano II, cabendo obviamente a sua concretização nas
diferentes situações à liderança da Igreja e aos institutos religiosos,
procurando interpretar os sinais dos tempos.
A visão do Concílio Vaticano para o povo de Deus pode ser extraída
dos seus vários documentos – por exemplo, Lumen Gentium, Gaudium
et Spes, e os documentos pós-conciliares Christifideles Laici e Vita
Consecrata – nos quais os religiosos são incentivados a partilhar o
seu carisma com os leigos. Foi tomada a decisão de formar uma PJP
(depois de também terem sido consideradas outras opções) para
garantir que a missão apostólica da Hospitalidade segundo o estilo de S.
João de Deus continue no futuro a ser uma obra da Igreja. Esta decisão
terá obviamente consequências para as gerações futuras, não apenas
para a Ordem Hospitaleira de S. João do Deus, mas igualmente para
a Igreja em si.
11. GEMINAÇÃO E COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL
A geminação e outras formas de cooperação entre centros e
serviços da Ordem na Europa com serviços similares dos países em
34
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
desenvolvimento é um processo contínuo reciprocamente enriquecedor e uma admirável expressão de Hospitalidade. Esta forma de
assistência fornece segurança, educação, formação permanente e
apoio moral nalgumas situações verdadeiramente difíceis. Embora
a Europa esteja a enfrentar restrições económicas, desemprego e
outros desafios sem precedentes relacionados com a dura realidade
financeira atual, é importante encontrar uma maneira de continuar
a apoiar os Irmãos na África e noutros locais que também enfrentam
grandes necessidades.
12. É NECESSÁRIO PROSSEGUIR COM UMA
SÉRIA REESTRUTURAÇÃO
O processo de reestruturação deve continuar, pois as nossas
comunidades religiosas continuam a diminuir em número e tamanho, ao mesmo tempo que continua a aumentar a média etária dos
Irmãos. Há Províncias que precisam agora de trabalhar no sentido
de fusão ou de algum tipo de agrupamento. A Ordem é conhecida em
todos os países onde estamos presentes, mas a divisão que temos em
Províncias religiosas é algo que só tem sentido para os Irmãos. Os
responsáveis políticos e de governo e a própria sociedade civil, em
geral, não entendem e não têm interesse nenhum em ouvir falar das
nossas divisões e estruturas internas. Esta forma de organização é um
vestígio de uma época em que viajar era difícil, até mesmo perigoso,
quando as comunicações eram extremamente lentas e praticamente
nunca havia mudanças.
No mundo de hoje, não é possível continuar a manter uma estrutura
ultrapassada ao mesmo tempo que nos esforçamos por apostar no
crescimento, em exercermos influência e na integridade da missão à
luz da nossa tradição hospitaleira. No interesse da missão e do futuro
da Ordem, precisamos de maximizar as nossas forças, de unir as nossas
energias e a experiência enquanto ainda temos tempo para exercer
algum controle sobre o nosso destino. Caso contrário, os eventos irão
superar-nos, as decisões sobre a nossa vida e a nossa atividade serão
tomadas por outros que podem não estar interessados na Igreja nem
35
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
na sua missão de evangelização. Corremos o risco, que é muito real,
de nos tornarmos irrelevantes e de os nossos serviços se tornarem
obsoletos. Na realidade, a Igreja e os religiosos já são vistos como
irrelevantes nalguns países.
É necessário, por conseguinte, prestar muita atenção para discernir
o tipo de estrutura mais adequada para nós, que esteja em sintonia
com a era atual da comunicação social, na qual a comunicação é
instantânea, as viagens são fáceis e as pessoas exigem, esperam e têm
direito a um serviço de qualidade. Já não é evangélico argumentar:
“Mas... sempre fizemos desta forma!” Temos de ser criativos e usar a
imaginação relativamente à forma como queremos ser governados e
ao tipo de estrutura capaz de garantir, na medida em que isso está ao
nosso alcance, que o carisma da hospitalidade, tal como foi vivido por
João de Deus e por nós no passado, continua a fazer parte do ministério
de cura da Igreja e a ser um instrumento de evangelização.
13. MOMENTOS DE GRANDE ALEGRIA
As beatificações de dois nossos Irmãos – Olallo Valdés, em 2008, e
Eustáquio Kugler, em 2009 – foram momentos de intensa renovação
espiritual e alegria para os membros da Família de S. João de Deus em
todo o mundo. Como acontece com cada beatificação e canonização, a
destes dois Irmãos de S. João de Deus foi uma bênção maravilhosa para
a Igreja local e universal, bem como para a nossa Ordem. Ambos os
Irmãos, pela sua fidelidade a Cristo, à Igreja e à sua vocação como
Irmãos Hospitaleiros, em situações muito diferentes, mas todas extremamente difíceis, são modelos e servem de inspiração para nós. Todos
aqueles que tiveram o privilégio de participar nessas cerimónias de
beatificação, hão de conservar a sua memória como um tesouro para
o resto da sua vida.
Penso que é inteiramente oportuno agradecer ao Postulador
Geral, Ir. Felix Lizaso, pelo seu esforço incansável em promover as
causas desses dois Irmãos. O Ir. Felix recebeu também a colaboração
preciosa do Prof. Luisandro Canestrini, membro agregado da Ordem.
36
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
As Províncias que acolheram as cerimónias de beatificação – México/
América Central e Baviera, respetivamente – fizeram um trabalho
excelente, em colaboração com a Igreja local e as autoridades civis,
na preparação e organização de eventos que decorreram por ocasião
das cerimónias de beatificação propriamente ditas.
Além do que já referi, teremos a alegria de testemunhar a beatificação
do Ir. Maurício Iñiguez de Herédia e 23 seus companheiros, em outubro
de 2013. Estes Irmãos, como os 71 Irmãos beatificados em 1992, foram
martirizados durante a guerra civil espanhola. Deste último grupo de
mártires, 23 são de Espanha e um é de Cuba. Gostaria mais uma vez
de reconhecer o trabalho do Ir. Felix que, antes de terminar o ofício
de Postulador, preparou e apresentou à Congregação dos Santos a
Positio, ou seja, documentação relativa a estes Irmãos.
Entretanto, o atual Postulador Geral, Ir. Elia Tribaldi, deu continuidade ao processo para a beatificação dos mártires espanhóis.
Juntamente com o Assistente do Postulador, senhor Denis Moran, o Ir.
Elia trabalhou na preparação e promoção da causa do Irmão William
Gagnon, membro da Província do Canadá, que morreu no Vietname,
onde trabalhou como missionário durante muitos anos. É uma graça
ulterior para a Ordem, especialmente para as Províncias do Canadá
e do Vietname, que a Positio sobre as virtudes heroicas do Ir. William
seja entregue aos consultores teológicos no primeiro semestre de
2014. A causa do Ir. Fortunatus .anhauser, da Província Indiana, que
introduziu a Ordem na Índia e é o fundador das Irmãs da Caridade de
S. João de Deus, está na fase inicial e é ativamente promovida pelo Ir.
Elia e pelas Irmãs.
Estas importantes etapas para o reconhecimento oficial da santidade
de muitos dos nossos Irmãos são mais uma confirmação do poder da
hospitalidade de S. João de Deus para conduzir à santidade pessoal,
testemunhando aquilo que é essencial na mensagem do Evangelho.
Um outro momento histórico e feliz foi o dia 16 de abril de 2007.
Nessa data, o Hospital ORIGINÁRIO de S. João do Deus, em Granada, foi
oficialmente devolvido à Ordem durante uma cerimónia que decorreu
37
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
na Biblioteca do Hospital. Um grande número de autoridades civis
e religiosas marcaram presença no evento que mereceu uma ampla
cobertura por parte dos meios de comunicação.
O Hospital estava em construção quando João do Deus morreu. Dado
que João foi muito provavelmente pelo menos consultado, se é que não
fez mesmo parte da “Comissão executiva”, parece-me legítimo supor
que em termos de planta e estrutura, João terá intervindo com algumas
indicações. Neste sentido, pode-se dizer que os valores e a filosofia de
João de Deus fazem parte dos alicerces do Hospital de Granada.
O Santo Padre, Papa Bento XVI visitou, no dia 20 de agosto de 2011, no
Instituto de San José, que pertence à Ordem, nos arredores de Madrid,
durante a Jornada Mundial da Juventude. Foi um encontro único
entre o Santo Padre e um grupo de pessoas assistidas pelos serviços
Hospitaleiros. No discurso aí proferido, o Santo Padre afirmou que a
presença de pessoas com deficiência “desperta nos nossos corações,
frequentemente endurecidos, uma ternura que nos abre à salvação”.13
Durante o encontro, foi um estudante de 20 anos, com deficiência
auditiva profunda, quem dirigiu palavras de saudação ao Santo Padre.
E recordou que, ao nascer, não se esperava que ele sobrevivesse, mas
o amor e os esforços constantes dos seus pais foram essenciais para
garantir um futuro para ele.
O Superior da Comunidade, Ir. Rafael Martinez Martinez, um Colaborador e eu próprio demos as boas-vindas à chegada do Santo Padre.
Ao concluir a cerimónia, Bento XVI assinou o Livro de visitas. Tive o
prazer de oferecer ao Santo Padre um exemplar da obra sobre a Herança
artística e cultural da Ordem associada à figura de S. João de Deus.14 O
Santo Padre disse-me que S. João de Deus foi um dos grandes santos
da Igreja Católica.
13
14
O discurso integral encontra-se em anexo – Apêndice 4.
Publicado em 2006, pela Cúria Geral.
38
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
15. FUNDAÇÕES RECENTES
Apesar da redução do número de Irmãos, as Províncias têm excogitado
formas novas e imaginativas para sustentar projetos em novos lugares
ou para levar, pela primeira vez, a hospitalidade de João do Deus a
novas terras. Vou referir algumas:
ρ Fundação Millennium, na China. O Capítulo Geral do ano 2000,
realizado em Granada, decidiu comemorar o Grande Jubileu
fazendo uma fundação na China. A Província da Coreia aceitou
assumir a responsabilidade de levar a cabo a primeira fundação
da Ordem na China nos tempos modernos e abriu um hospital
para doentes terminais, com cancro. O Hospício de Yanbian foi
inaugurado com a entrada do primeiro doente, no dia 7 de fevereiro de 2006.
ρ Posteriormente, a Ordem recebeu um pedido do governo local de
Yangzi, na província de Jilin, para abrir uma unidade de cuidados
de saúde e tratamento de pessoas com a doença de Alzheimer. Este
projeto pôde ser concretizado graças a uma resposta generosa
das Províncias ao apelo anual do Superior Geral e a uma recolha
de fundos efetuada pelo Hospital da Ilha Tiberina, em Roma.
A estrutura, que dispõe de 23 lugares, foi inaugurada no início
deste ano, está cheia, e há já futuros utentes em lista de espera.
A universidade local envia os seus alunos para formação em
cuidados paliativos neste centro, que é considerado de excelência.
ρ Irmãos da Coreia e do Vietname e duas Irmãs da Coreia formam
a presença religiosa da Ordem na China: dão um testemunho
silencioso, mas muito vivo e poderoso, daquilo que constitui o
núcleo da mensagem do Evangelho através da fidelidade à sua
consagração religiosa e ao compromisso assumido com a missão
de Hospitalidade que vivem segundo o estilo e o espírito de S. João
de Deus.
ρ A Ordem voltou à Croácia depois de uma ausência de quase
cem anos, com a abertura de um moderno hospital psiquiátrico
e uma unidade de cuidados paliativos. A iniciativa é da Província
39
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Lombardo-Véneta, que destinou dois dos seus Irmãos para trabalharem no Hospital, auxiliados por algumas religiosas locais.
ρ A Província Portuguesa abriu uma missão em Timor-Leste,
onde uma nova clínica psiquiátrica foi inaugurada em 2011. Os
dois Irmãos missionários recebem uma colaboração maravilhosa
de voluntários de Portugal. Realizam também um programa para
pessoas com tuberculose e estão envolvidos noutras iniciativas e
atividades de carater social. O Ir. Vítor Lameiras foi recentemente
homenageado pelo governo português, que lhe conferiu a ordem
do mérito em reconhecimento pelos serviços prestados ao povo
de Timor-Leste.
ρ Os dois primeiros noviços de Timor-Leste fizeram a sua primeira
profissão religiosa, a 2 de fevereiro de 2012, e encontram-se agora
em Díli, a capital, continuando a sua formação. Há alguns noviços
de Timor-Leste no Noviciado, no Brasil, e vários postulantes e
candidatos prosseguem a sua formação religiosa em Timor-Leste.
ρ A Província Francesa fez uma fundação em Madagáscar e está
atualmente em curso a construção de uma clínica psiquiátrica
moderna. Os primeiros noviços deste país fizeram a sua primeira
profissão religiosa, em fevereiro de 2012. Alguns noviços e vários
postulantes e candidatos encontram-se em formação.
ρ O Escritório da Ordem junto das instituições europeias, em
Bruxelas, não sendo propriamente uma Fundação, no sentido
usual da palavra utilizada pela Ordem, é uma novidade muito
significativa. O Ir. Rudolf fornecerá mais detalhes no seu relatório
sobre este projeto.
16. REFLEXÃO
Em termos de missão
Tendo experimentado a vida da Ordem, em geral, nos últimos
seis anos, percorrendo as Províncias em diferentes situações,
especialmente durante as visitas canónicas, os capítulos, as visitas
fraternas e as conferências regionais, e tendo em conta as informações recebidas das Províncias, além dos contactos regulares com os
40
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Superiores Provinciais e, pessoalmente, com os Irmãos, bem como,
ocasionalmente, com alguns Colaboradores, desejo agora apresentar
a minha avaliação do estado da Ordem neste momento.
Julgo que todos concordarão comigo, tendo em conta este relatório
relativamente breve e a partir do próprio conhecimento que cada um
tem da Ordem, que existe uma sensação de intensa atividade nos cinco
continentes em que a Ordem se encontra. O número de pessoas pobres,
doentes e necessitadas que são assistidas numa grande variedade de
formas continua a aumentar.15 Mesmo com toda a diligência exercida
pelos serviços do Economato Geral que, com a colaboração das Províncias, tem a responsabilidade de recolher e publicar as estatísticas, elas
dão-nos apenas uma representação limitada do volume de atividades
realizadas por toda a Ordem; mas, mesmo tendo em conta apenas
as estatísticas, o resultado é impressionante! É fantástico observar
a criatividade e a sinergia com que se procuram novas formas de
expressão da hospitalidade à maneira de S. João de Deus! Transparecem
a identificação estreita e a compreensão do carisma da hospitalidade
por parte dos membros da Família de S. João de Deus. Daí resultam
uma sensibilidade excecional pelas necessidades das pessoas e uma
vontade de responder de maneira semelhante a João de Deus às suas
necessidades. Considero que essa é a chave para compreender a razão
por que, nos últimos anos, se verificou uma grande expansão de
serviços, com um aumento na variedade de programas, modelos de
cuidados e de outras formas de procurar responder às necessidades
das pessoas.
A obra de S. João de Deus continua em ritmo acelerado, em geral –
pois, como em qualquer outra situação da vida, há exceções – e pode-se
dizer que os nossos hospitais nunca tiveram uma taxa de ocupação tão
alta. Os nossos lares para idosos e pessoas necessitadas têm listas de
espera, todos os lugares das nossas oficinas de trabalho são frequentados por pessoas com deficiência, continuam a ser implementados os
programas individualizados para pessoas com deficiência, funcionam
15
Ver estatísticas mais recentes – Apêndice 5.
41
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
os albergues noturnos, são servidas “refeições sobre rodas” (ou seja,
refeições entregues aos lares de pessoas frágeis e idosas, e a outras
pessoas necessitadas, geralmente por voluntários, incluindo também
alguns Irmãos), existem supermercados especiais para ajudar famílias
em necessidade, programas para imigrantes, programas de segurança
alimentar... e a lista poderia continuar. Na minha opinião, todo este
incremento de atividades, ou seja, de serviços, programas e ajuda
de todo o tipo oferecidos a pessoas pobres e necessitadas, é fruto do
processo de renovação.
Anos de busca e reflexão sobre quem somos, como instituto religioso
de Irmãos na Igreja, procurando uma nova forma de compreender a
nossa missão no mundo no final do séc. XX e início do séc. XXI, feznos voltar atrás, seguindo as indicações do Concílio Vaticano II, até às
calçadas, ruas e praças de Granada, onde nos encontrámos novamente
com o Pai dos pobres, João Cidade. É verdade que, para muitos dos
seguidores de João, essa foi uma peregrinação virtual; mas, para
todos os que participaram no processo, o resultado foi a redescoberta
de João de Deus, do homem e da sua missão. Por outras palavras,
começámos a ver João sob uma luz diferente. Acabámos também por
compreender e apreciar o dom da hospitalidade que João recebeu de
Deus para a sua Igreja e o seu povo. Esta nova realidade representou
uma viragem que orientou e moldou a forma como a hospitalidade
começou a ser expressa em todas as situações em que a Ordem está
presente. Começámos a falar de uma “nova hospitalidade”. A expressão
“nova evangelização”, da qual derivou a ideia de “nova hospitalidade”,
foi popularizada na Encíclica do Papa Paulo VI, A evangelização no
mundo moderno, e retomada pelo Papa João Paulo II, na sua Encíclica
Redemptoris Missio.16
Do mesmo modo que a evangelização, também a hospitalidade joandeína, em sentido mais amplo, não é nova, mas a maneira na qual ela
começou a ser expressa expandiu-se a partir da década de 1980 do
séc. XX até às fronteiras dos países onde a Ordem estava presente, e
16
Retomando o tema da «Nova evangelização» do Papa João Paulo II na Redemptoris
Missio, 1990.12.07.
42
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
continua a difundir-se ainda hoje. Depois de séculos nos quais serviu
suficientemente bem para nos vermos como homens chamados a atuar
em hospitais, a Ordem está a redescobrir a realidade essencial, isto é,
que a nossa vocação não se limita a ser uma vocação para cuidar dos
doentes, mas é uma vocação para responder ao sofrimento humano,
seja qual for a forma em que ele se manifeste.17
A Hospitalidade começou a ser expressa numa grande variedade de
maneiras como resposta a novas necessidades médicas e sociais ainda
sem resposta, e os novos conhecimentos científicos que surgiram
mudaram a forma como certas condições sociais e clínicas começaram a ser compreendidas e tratadas. O que daí resultou em termos
de atualização, de refinamento de programas e prestação de novos
serviços pode ser considerado, com razão, radical, comparado com a
maneira como a hospitalidade foi vivida e se manifestou durante mais
de 400 anos. Em tudo isto, João foi a nossa inspiração, a bússola e o
guia – por outras palavras, a nossa “estrela polar”. Claramente, tudo
isto é obra do Espírito Santo.
Em termos da vida dos Irmãos
Esta mudança na compreensão da missão da Ordem teve enormes
implicações na vida dos Irmãos. Foi um desafio, revitalizante e, ao
mesmo tempo, desconcertante para alguns. Mas nós confiamos no
Espírito que nos conduz e orienta. Como disse o Beato Papa João
Paulo II, sempre que o Espírito intervém, deixa as pessoas atónitas.
Ele provoca eventos de surpreendente novidade; muda radicalmente
as pessoas e a história.18 Guiados, portanto, pelo Espírito, o processo
de renovação fez-nos sair de uma estrutura de tipo monástico e entrar
no mundo do sofrimento de uma forma nunca antes experimentada.
Começámos a redefinir o nosso lugar na Igreja como religiosos apostólicos ativos no meio da humanidade que sofre. As Constituições de
1927 declaravam: “Cuidamos dos doentes do sexo masculino nos nossos
17
18
Ir. Brian O’Donnell, Superior Geral, ao Capítulo Provincial (irlandês) de 1989.
João Paulo II, 30 de maio de 1998, vigília de Pentecostes.
43
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
próprios hospitais ou naqueles que nos forem confiados”.19 O serviço
às pessoas que sofrem é prestado gratuitamente pelos Irmãos como
resultado da sua consagração religiosa em hospitalidade, imitando
Jesus que se entregou por nós,20 que é também um sinal claro da vida
consagrada como dom.
Impelidos pelo amor de Deus,21 verificou-se uma mudança de paradigma que nos fez sair dos espaços do meio hospitalar de mosteiro e
entrar, por assim dizer, no mercado de sofrimento. Os muros que
nos separavam dos campos mais vastos do sofrimento, da dor e das
necessidades, foram derrubados. Encontramo-nos no meio de um
mundo, um mundo globalizado, de marginalização, estigmatização,
medo, pobreza desesperada e dominado por uma sensação de falta de
confiança que suscitou, a partir da Ordem, uma resposta segundo o
estilo de João de Deus. A nossa Família hospitaleira não foi apanhada
desprevenida e, claramente, a razão que permitiu à Ordem ser capaz
de responder como respondeu foram a intuição e a visão dos seus
líderes, envolvendo os Colaboradores.22
Várias coisas foram, porém, acontecendo ao mesmo tempo
a. O número de pessoas assistidas aumentou enormemente e
mudou também o lugar onde elas se encontram; nem todos
acorriam aos nossos hospitais e centros apresentando as suas
doenças, deficiências ou outras necessidades. Os Irmãos começaram a mover-se fora das instituições, numa abordagem que
foi “pioneira” nos países em desenvolvimento graças aos nossos
Irmãos missionários. Surgiram novas fundações com uma
tendência inerente para procurar as pessoas que se sentiam perdidas e que podiam, ou não, aceder aos sistemas governamentais
de saúde, onde eles existiam. Os Irmãos compreenderam então
que podiam não só prestar serviços móveis ou realizar consultas
externas em ambulatórios a pessoas doentes e necessitadas, mas
Constituições de 1927, cap. 1.1.
Ef 5, 2.
21
2Cor 5, 14.
22
Carta de Identidade, 1, 1.
19
20
44
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
deixaram-se também envolver em programas de prevenção e
iniciativas nos cuidados de saúde que foram, e são, “pioneiros”.
Em muitos casos, desenvolveram programas de proteção de
mães e crianças, programas de segurança de caráter alimentar
e no âmbito da nutrição, e isto para mencionar apenas alguns.
b. A fim de podermos acompanhar a nova forma de expressar
a hospitalidade que foi evoluindo, verificou-se um aumento
enorme do número de Colaboradores. Gradualmente, os Colaboradores começaram a assumir a responsabilidade pelos serviços
e implementaram novos programas.
c. Uma consequência inevitável de tudo isto foi a seguinte: ainda
que o número de jovens candidatos a entrar na nossa Ordem
se tivesse mantido constante nos valores de antes do Concílio
Vaticano II e durante o período de pico das vocações da década
de 1960, não teria havido mesmo assim Irmãos suficientes para
continuar a administrar e gerir os nossos centros e serviços como
tínhamos feito antes. Esta consideração é essencial para analisar o papel do Irmão, hoje e no futuro.
Não só aumentou o número de pessoas que procuram assistência, mas a maneira como a Ordem se abriu a outras áreas de
necessidade implicou que a complexidade dos serviços prestados
necessitasse de profissionais altamente qualificados e eficazes. A
exigência de proporcionar nos dias de hoje às pessoas cuidados
de saúde e uma assistência social ao nível das melhores práticas
é algo que é exigido pelo próprio carisma da hospitalidade. É
importante em termos da nossa missão que os serviços fornecidos aos utentes dos nossos centros sejam de alta qualidade e
sejam prestados segundo o espírito e a forma de S. João de Deus.
Infelizmente, em certos lugares os serviços prestados não correspondem ao elevado nível previsto e exigido pela hospitalidade
joandeína. Em algumas situações existem fatores atenuantes,
como a falta de recursos e/ou de pessoal profissionalmente
qualificado. Noutros lugares, porém, parece haver uma falta
de visão ou de uma verdadeira paixão pelos direitos e pela
dignidade da pessoa assistida. E isso nem sempre acontece
45
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
devido a carência de recursos, mas sim à falta daquele espírito
pioneiro que S. João do Deus e muitos seus seguidores demonstraram, com sacrifício, ao longo dos séculos. Não precisamos de
reinventar a roda; o que quero dizer com isto é que dificilmente
haverá uma área de cuidados de saúde ou de necessidades sociais
para as quais a Ordem não tenha desenvolvido competências
específicas nalgum lugar do mundo. Por isso, é importante, e
não é usual, procurar ajuda, o que pode ser feito sob a forma
de geminações, promovendo a troca de ideias, investindo na
educação e formação, tanto dos Hospitaleiros de primeira linha
como dos que desempenham cargos de liderança. Há lugares
onde existem condições semelhantes às que deram ao Ir. Pierluigi Marchesi a motivação para escrever o documento que se
tornou entretanto célebre, publicado no dia 8 de março de 1981,
intitulado Humanização.
d. Naturalmente, uma outra realidade é a contínua diminuição
do número de homens que queiram unir-se à nossa Ordem.
As nossas comunidades têm menos membros e a média etária
continua a aumentar. Isto tem consequências óbvias na forma
como oramos e na vida fraterna da Comunidade, assim como
também no papel dos Irmãos no ministério.
16. ALGUMAS CONCLUSÕES
O cenário que acabo de descrever precisa de ser compreendido
para nos abrirmos ao futuro com um sentido de missão. Afastar-nos
do modelo de “hospital mosteiro” e da maneira de pensar e de nos
vermos, tendo a “regra” como epicentro das nossas vidas, e passando a
considerar-nos em “missão”, foi um grande avanço na compreensão de
nós mesmos como religiosos apostólicos. Ao mesmo tempo, precisamos
ainda de recuperar o sentido da nossa vida religiosa e de reformulá-la,
como um chamamento à santidade, à intimidade com Deus, estando
ao serviço dos nossos irmãos que sofrem. É por isso que precisamos
de começar a ver-nos numa era pós-Vaticano II, com tudo o que isso
implica em termos do nosso lugar como Irmãos religiosos na Igreja,
46
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
do nosso papel de moldarmos o novo rosto da Ordem, da formação
dos Irmãos de hoje e de amanhã para serem protagonistas, líderes
na definição do futuro, e não para se porem de lado ou serem meros
seguidores. Há uma escassez de liderança religiosa na Igreja que
tenha visão, sonhos e paixão. Até certo ponto, isso também se reflete
na nossa Ordem.
Esta mudança na nossa compreensão e na maneira de viver e ajuda
serve mais uma vez a recordar que a vida consagrada não é apenas um
projeto humano, mas um dom gratuito do Espírito, que será sempre uma
parte importante da vida da Igreja. Com dois mil institutos religiosos
e mais de um milhão de homens e mulheres consagrados e totalmente
empenhados no seguimento radical de Cristo, não é de admirar que
a Igreja valorize tanto a vida religiosa, a qual representa um recurso
poderoso de que a Igreja dispõe para colocar ao serviço do Reino. Há
uma unidade intrínseca entre as dimensões carismática e hierárquica
da Igreja. No entanto, ao passo que tanto o carisma como a dimensão
hierárquica são dons do Espírito Santo à Igreja, é necessário que haja
uma tensão saudável entre os dois.
Na minha Carta circular dirigida aos Irmãos, afirmei que algo novo está
a surgir em termos de vida religiosa apostólica. Está a emergir uma
nova forma de vida religiosa ministerial, que é não-monástica.23 Esta é
uma questão complexa e não há uma orientação clara nem acordo entre
os teólogos e a hierarquia da Igreja relativamente ao desfecho desta
nova situação. Mas todos concordam que haverá menos religiosos,
que eles terão menos visibilidade quee serão mais velhos. Para mim, a
renovação em curso é a chave para o futuro e o futuro não é a simples
continuação do passado, mas sim o surgir de algo novo. Neste momento,
está nascendo uma nova maneira de viver a vida religiosa. A fim de
permitir que o novo possa emergir, temos a abandonar muitas formas
de pensar, sentir e agir que marcaram o passado. À semelhança de
alguns mamíferos, que se desfazem da própria pele para que uma
nova pele fresca possa surgir, assim também nós devemos pôr de
23
Ir.ª Sandra M. Schneiders (teóloga americana), O passado e o futuro da vida religiosa
ministerial.
47
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
parte as velhas formas monásticas de vida para permitir que surja
a nova vida religiosa ministerial. No passado, vivíamos totalmente a
forma monástica de vida, mas também vivíamos plenamente a forma
apostólica de vida ativa.24
O imperativo contido no dom da hospitalidade
A este respeito, meus caríssimos Irmãos, quero falar claramente
– tenho a responsabilidade de falar claramente, mesmo que seja
difícil. O que quero afirmar aqui é por amor ao extraordinário dom
da hospitalidade que Deus dá à sua Igreja e à sociedade por meio da
nossa Ordem. Faço-o plenamente consciente das dificuldades que
existem em determinadas situações devido aos recursos limitados,
especialmente quando se é dependente de governos locais ou centrais
que nem sempre dão o mesmo valor que nós damos às pessoas a quem
servimos. Essa é a luta que os Hospitaleiros sempre travaram ao
longo dos séculos e que irá continuar enquanto existirem seguidores
de João que sejam fiéis à sua visão. O meu único desejo aqui é ver o
carisma da hospitalidade ser vivido à maneira de João de Deus e de
tantos Hospitaleiros, ao longo dos séculos, para que os mais pobres, os
doentes e os nossos irmãos e irmãs necessitados possam apreender a
largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo
por eles,25 através da sua experiência de hospitalidade segundo o
estilo de S. João de Deus que eles receberam. Quando refletimos sobre
a jornada de João, em Granada, e vemos o que aconteceu quando João
se tornou hospitalidade para os outros à maneira do bom Samaritano:
toda a cidade se transformou, deixando de ser egoísta, violenta e
polarizada, e tornando-se num tipo de comunidade que cuida dos
seus membros mais fracos.
Às vezes, precisamos de ser mais assertivos
Conhecendo o poder do carisma da hospitalidade para transformar
individualmente os Hospitaleiros, como se evidencia pela vida e morte
24
25
Ver Carta Circular de 27 de maio de 2012.
Ef 3,18.
48
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
dos nossos Irmãos Santos e Beatos e pelo ambiente onde ele é vivido, por
exemplo, em Granada, mas também hoje em muitas partes do mundo
onde a hospitalidade João do Deus é vivida com entusiasmo, paixão,
criatividade e amor pelos membros da Família de S. João de Deus, sinto
uma grande pena ao ver que nalgumas partes há oportunidades que
são desperdiçadas. Não digo que isso aconteça voluntariamente, mas
talvez por falta de atenção, de reflexão, de assumir riscos, de desafiar
a status quo e talvez por faltar aquela paixão que dá origem a uma
determinação capaz de defender, com sacrifício e a todo o custo, os
direitos das pessoas pobres e marginalizadas.
Por vezes, temos de nos tornar impopulares e incómodos por falarmos
em nome dos pobres; somos chamados a ser a voz dos que não têm
voz, mesmo quando isso implica pormos em risco a nossa reputação e, por vezes, até a nossa vida. Na maioria dos casos, as pessoas
desesperadas gritam por socorro, mas ninguém as escuta. Algumas
recusam-se a ouvi-las temendo que o que ouvem imponha exigências
às quais não estão dispostas a responder. Do mesmo modo que as
autoridades judaicas quando Estêvão proclamava a palavra de Deus,
elas fecharam os ouvidos com as mãos.26 Às vezes, deixaram esfriar o
seu coração. E, contudo, “a presença de pessoas que sofrem desperta
frequentemente nos nossos corações endurecidos uma ternura que
nos abre à salvação”,27 afirmou o Santo Padre durante a sua visita ao
nosso Instituto, em Madrid.
A hospitalidade exige não só que sejamos defensores, mas também que
procuremos fazer com as pessoas ouçam – que as molestemos para
que elas façam aquilo que a sua responsabilidade cristã ou humana
as obriga a fazer, especialmente os políticos, os líderes da Igreja e os
governos. “A verdadeira medida da humanidade”, afirma o Papa Bento
XVI, “é essencialmente determinada em relação ao sofrimento e à
pessoa que sofre... Uma sociedade incapaz de aceitar os seus membros
que sofrem e que não consegue ajudar a partilhar o seu sofrimento e
a apoiá-los interiormente, através de “compaixão”, é uma sociedade
26
27
Ver Act 2, 9-11.
Papa Bento XVI, Jornadas Mundiais da Juventude, Madrid, 20 de agosto de 2011.
49
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
cruel e desumana”.28 Acho que, por natureza, como Irmãos, somos algo
relutantes em falar, preferimos recorrer a vias diplomáticas, manter
boas relações com as autoridades locais... e não há dúvida que, no
passado, essa atitude funcionou em muitos casos.
Mas... que dizer de hoje? Quando chegam os cortes, os primeiros a
sofrer são os pobres, os menos favorecidos e as pessoas que alguns
consideram de pouco valor ou menos válidas para a sociedade. Basta
pegar num jornal qualquer de hoje e não faltam exemplos disto.
Recordo-me de ler lido recentemente sobre um casal de idosos que
tinham de apoiar os seus filhos e os filhos dos seus filhos que estavam
desempregados. Às vezes, temos que fazer também nós como fez
João de Deus com o corpo do homem morto que encontrou na rua
Horno de la Marina: levar o sofrimento dos pobres ao conhecimento
de todos aqueles que têm recursos e autoridade para tomarem decisões, e repetir-lhes as palavras de João de Deus: “você tem tanta
responsabilidade como eu” para com estas pessoas. Por isso, vamos
trabalhar juntos para lhes dar a sua dignidade e a esperança num
futuro melhor. Deixamo-nos acomodar, tornamo-nos tão submissos
e tímidos quando se trata de erguer a voz em defesa dos direitos dos
pobres e dos marginalizados? Tornamo-nos politicamente corretos de
forma exagerada? Peço desculpa se alguém julga neste momento que
estou a falar da sua situação particular: não é minha intenção causar
embaraço a ninguém, especialmente àqueles – e são muitos – que se
encontram em situações desesperadas e procuram com grande esforço
ser verdadeiros filhos e filhas de João de Deus.
Gostaria de acrescentar agora que há outras razões válidas que
explicam por que alguns dos nossos hospitais bem geridos estão em
crise. Há influências externas que afetam negativamente as nossas
instituições. A crise económica globalizada, para referir apenas a mais
grave e atual, está a ter efeitos devastadores sobre muitas instituições
de saúde e sociais geridas por religiosos, incluindo a nossa. Como
escrevi na minha recente Carta circular, “Não neguemos o nosso apoio
28
Bento XVI, Spe Salvi, 38.
50
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
a quantos dirigem e administram os nossos centros nestes tempos
difíceis e incertos. Todos devemos trabalhar juntos para garantir que
a obra de João de Deus continua mesmo se for necessário fazer cortes
e com limitações em determinados serviços. Em muitos aspetos, esta
crise não tem precedentes; por isso, é importante que todos estejamos dispostos a fazer os sacrifícios necessários para salvaguardar a
qualidade dos serviços prestados aos utentes e garantir os postos de
trabalho”.29
Exige-se um novo pensamento com imaginação
Como disse acima, até há cerca de 40 anos, atuávamos num ambiente
compacto, independente, quase autónomo, ou seja, no “Hospital
mosteiro”, prestando serviços relativamente simples, mas valiosos,
às pessoas doentes e pobres. Os Irmãos detinham todo o controle e
realizava um serviço fantástico, com muito sacrifício pessoal, que
aceitavam voluntariamente como parte da sua vocação que os fazia
Irmãos de S. João de Deus. E, mesmo nesse contexto, os Irmãos foram
pioneiros em muitas áreas da saúde e da assistência social. Eis porque
a Ordem é tão estimada em muitos países.
Relativamente à missão, realizámos uma mudança radical nos lugares em que exercemos o nosso ministério, quanto ao tipo de serviços
prestados, com um fenomenal aumento do número de pessoas pobres,
doentes e necessitados que deles beneficiam. Não só mudámos nós, mas
também mudou a maneira como o hospital moderno é gerido. Estamos
a viver numa sociedade altamente competitiva, onde o hospital, sendo
governado por equipas, se tornou uma indústria financeiramente
lucrativa altamente especializada. O futuro dos serviços de saúde,
segundo o Dr. Crosby, diretor da American Hospital Association, é a
“obtenção de serviços de saúde por menos compradores mais amplamente organizados”. O hospital moderno é um estrutura bem gerida e
de alta tecnologia. Tendo em conta esta realidade, como podemos nós
ter impacto social nas áreas da saúde e da assistência social?
29
Carta circular de 30 de julho de 2012, Preâmbulo.
51
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Deixando de lado, por enquanto, a questão de saber se a Ordem tem ou
não futuro como gestora de grandes e complexos hospitais neste tipo
de ambiente – esta é uma questão destinada a continuar a ser objeto
de debate – a resposta seria, provavelmente, negativa Todos os indicadores apontam para o facto de os religiosos não estarem envolvidos
na gestão de grandes instituições, pelo menos não da mesma forma
que o fizeram no passado. Já há religiosos que estão a entregar, ou a
vender, as suas grandes instituições a outros organismos ou entidades.
Como disse antes, em vez de vender os nossos centros ou de os
entregar a outras entidades, a nossa Ordem optou por constituir as
suas obras apostólicas de uma Província, a Província de S. João do
Deus da Europa Ocidental, numa entidade de direito público (Pessoa
Jurídica Pública), chamada “Ministérios Hospitaleiros de S. João do Deus”.
Esta entidade tem a aprovação do Definitório Geral e da Congregação
para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica. As
cinquenta e três obras e ministérios que agora fazem parte da nova PJP
pertenciam antes à Província de S. João de Deus da Europa Ocidental.
Na correspondência relativa à aprovação, a Congregação afirma: “Este
pedido foi preparado com visão de futuro e cuidado. É evidente, com base nos
estatutos e outros documentos, que a Ordem, como entidade participante,
pretende manter uma relação positiva e de colaboração com os membros que
vão assumir as responsabilidades canônicas pelos ministérios hospitaleiros
de S. João do Deus, para a prossecução da missão de Jesus Cristo na Igreja,
ajudando os doentes e os necessitados, optando preferencialmente pelos
mais pobres.30
Futuramente, outras Províncias poderão desejar integrar esta recémcriada PJP ou criar o seu próprio tipo de estrutura para garantir a
continuação da obra de S. João de Deus como ministério da Igreja no
futuro. Obviamente, essas “novas” estruturas deverão obter a aprovação do Definitório Geral e, dependendo da respetiva tipologia, da
Congregação para os Religiosos. A Província da Oceânia, por exemplo,
30
Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica, Carta
de apresentação da aprovação, 20 de julho de 2012.
52
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
já aderiu a uma existente Pessoa Jurídica Pública, criada pelas Irmãs
de S. João de Deus.
Em geral, pode-se afirmar que, independentemente das mudanças
estruturais ou do estilo de vida que venham a ocorrer nos próximos
anos, os religiosos vão continuar a estar do lado dos pobres, envolvidos
em questões de justiça, em temas sociais e comunitários, na proteção do ambiente, trabalhando com os pobres e os marginalizados, e
defendendo-os. Os religiosos vão fazer isso a título individual, como
comunidades, a nível intercongregacional e, obviamente, com os
leigos e outras pessoas de boa vontade que partilhem as suas ideias.
17. É NECESSÁRIA UMA MUDANÇA RADICAL
A menos que haja uma mudança radical e filial na estrutura de
gestão, uma mudança na mentalidade de alguns Irmãos, uma mudança
de atitude em relação à modernidade e uma renovada paixão pela
missão, pela obra de S. João de Deus, se não houver tudo isso, a Ordem
deixará de estar presente nalguns países daqui a pouco tempo.
Gostaria de citar uma passagem de um livro escrito por uma socióloga
sobre modernidade e mudança, que me parece pertinente para a
situação em que nos encontramos hoje.
“A experiência da modernidade atravessa as fronteiras nacionais. Independentemente de onde ela ocorre, a modernização
tem certas consequências inevitáveis. Viver numa sociedade
moderna significa viver num mundo em constante mudança,
em que as forças da modernidade dissolveram antigas formas
de vida social (comunitárias), alteraram noções tradicionais
de trabalho, minaram hierarquias sociais, produziram novos
espaços sociais e transformaram as mundividências, os sons
e até o próprio sabor da vida quotidiana. A modernização
produz também a sua própria resposta. As sociedades em vias
de rápida modernização têm inevitavelmente os seus críticos:
pessoas que, por uma variedade de razões, se opõem à miríade
de alterações que acompanham esse processo. Rejeitando o
53
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
presente, estas pessoas recusam os tempos modernos, refugiamse muitas vezes num passado idealizado, sonhando com aquilo
que consideram ser uma maneira de viver mais simples e mais
pura”.31 As afirmações desta citação parecem-me relevantes
para a situação em que nos encontramos atualmente.
A menos que nos empenhemos seriamente no aggiornamento
pedido pelo Concílio Vaticano II, a decisão de mudar não nos pertencerá a nós: serão os outros a tomá-la por nós. Por isso, este Capítulo
Geral deve assumir uma mudança radical na forma como a Ordem é
estruturada e governada. Não pode ser uma ocupação, um negócio,
como de costume; estamos numa realidade caótica, totalmente secularizada, onde Deus, a religião e os religiosos estão a tornar-se cada
vez mais irrelevantes e, em alguns lugares, marginalizados. Velhos
hábitos, velhas atitudes, a mesma velha linguagem não provocarão a
mudança radical que o Concílio Vaticano II pediu e que o trabalho de
evangelização exige de nós hoje. Qual vai ser a nossa?
18. MOLDAR UM FUTURO DIFERENTE
É óbvio que os tempos em que vivemos atualmente não têm precedentes em termos de mudanças e desafios. Encontramo-nos a viver
depois do Concílio Vaticano II: quando ele se realizou, os Hospitaleiros
atuais, na sua maioria, ainda não tinham nascido ou eram muito
jovens. Não tinham experimentado o sentido de “autossuficiência”, em
termos de grandes comunidades capazes de gerir os nossos hospitais
e centros. Atualmente, os Irmãos são poucos, com idades avançadas e
pouca visibilidade social. Há o perigo, especialmente para os jovens
envolvidos em ativismo, de um enfraquecimento do sentido de comunidade e da vida espiritual. Um estilo de vida que não esteja solidamente
31
DELANEY, Jeane, St. Olaf and Carleton Colleges, Making Sense of Modernity: Changing
A$itudes toward the Immigrant and the Gaucho in Turn-of-the-Century Argentina.
54
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
alicerçado numa profunda vida de oração acabará inevitavelmente
por provocar uma “anemia evangélica” ou falta de fervor evangélico.32
Os nossos ministérios estão a ser prosseguidos hoje no espírito e na
forma de S. João de Deus pelos nossos Colaboradores. Trabalhámos
arduamente para que isso acontecesse; onde podemos verificar que
isso acontece, alegramo-nos e sentimo-nos felizes por isso. Visitemos
qualquer um dos nossos hospitais, centros, escolas especiais, albergues
noturnos, lares para idosos e veremos que em todos eles os Colaboradores, talvez alguns Irmãos já com bastante idade ou porventura
nenhum, é que são os protagonistas. E tudo é realizado na forma e no
espírito de S. João de Deus.
O papel dos Irmãos
Mas qual é, então, o papel do Irmão? – perguntam muitos. Como já
disse, o número de religiosos continuará a diminuir, alguns institutos
religiosos irão desaparecer, outros irão renovar-se e ser relançados
com o fervor do fundador. E continuam a surgir novos institutos e
outros movimentos leigos dentro da Igreja. Para encontrar a resposta à
pergunta – qual é o papel da vida religiosa, hoje e no futuro? –, precisamos
de retornar à Sagrada Escritura, precisamos de voltar à Palavra de
Deus, precisamos de voltar a Jesus. A nossa vocação como Irmãos
religiosos consiste em dar testemunho e partilhar a experiência de
Deus com os outros. As pessoas precisam de ouvir, estão sedentas de
conhecer o Deus de Jesus. É este o dom que temos para compartilhar.
Mas, para termos algo que valha a pena partilhar com os outros, é
necessário primeiro que nós mesmos sejamos homens de oração,
homens habituados a passar tempo com Deus em oração, como Jesus
e João de Deus nos mostraram. Os Irmãos precisam de mostrar fervor,
intensidade na oração, radicalidade evangélica e serviço missionário
intenso.33 Somos chamados a ser um novo tipo de Igreja, verdadeiramente
centrada na visão radical e perturbadora de Jesus... É esta a única maneira
Mons. Ricardo Ezzati, Arcebispo de Santiago do Chile, Discurso à 79ª Assembleia
semestral da União de Superiores Gerais, Roma, 23 de maio de 2012.
33
Ibidem.
32
55
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
de garantir um futuro de esperança.34 Deixemo-nos encorajar pelas
palavras que o Papa Bento XVI dirigiu aos Irmãos e às pessoas que se
dedicam à assistência aos doentes e aos necessitados, ao afirmar: “as
vossas vidas e o vosso serviço comprometido proclamam a grandeza
à qual todo o ser humano é chamado: mostrar compaixão e preocupação amorosa perante os que sofrem, como fez o próprio Deus. No
vosso nobre trabalho, ouvimos um eco das palavras encontradas no
evangelho: «Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes
meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40)”.35
Nisto consiste a nossa vocação: demonstrar um novo modelo de
Igreja, uma igreja que seja uma comunidade e cujos membros estejam
em comunhão uns com os outros e em comunhão com o mundo e com
tudo o que nele existe. Julgo que, no futuro, os Irmãos não estarão
em cargos administrativos ou de gestão, mas irão desempenhar o
papel de assessores, conselheiros, orientadores, companheiros dos
Colaboradores aos quais caberá desempenhar o papel principal de
liderança principal. Sendo uma parceria, seremos co-missionários;
é isto que define o relacionamento dentro da Família de S. João do
Deus. Os Irmãos estarão disponíveis para os Colaboradores que têm
responsabilidades em áreas específicas, por exemplo, na educação, na
formação permanente dos Colaboradores, e disponíveis para servir
em situações onde é importante a presença de um Irmão. Acima de
tudo, todos os Irmãos irão dar testemunho de Cristo compassivo ao
lado do irmão e irmã que está a sofrer por qualquer motivo. Será
este por excelência o lugar e será esta a vocação profética do Irmão
de S. João de Deus. Seguindo o exemplo do nosso fundador, o Irmão
deveria manifestar uma grande alegria, ser atencioso para com os
irmãos e irmãs mais desfavorecidos e sós, com preferência pelos mais
fracos, expressando a infinita misericórdia de Deus, com palavras de
esperança tranquilizadoras.36
Pinto, Philip, cfc, Conference Papers, Conferência dos Religiosos da Irlanda (CORI),
Comunicação de 7 de maio de 2011.
35
Bento XVI, Discurso no Instituto de San José, Madrid, agosto de 2012.
36
Ver Santo Agostinho, Carta 95, 1 – PL 33, 351-352.
34
56
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
A aresta de corte
O nosso lugar em termos de missão na Igreja, como Irmãos de S.
João de Deus, não é no centro, mas, sim, na vanguarda, na periferia, na
interface com a humanidade em todas as suas complexidades, disfuncionalidades e crueldades. O lugar do Irmão de João de Deus atual é no meio
da humanidade que sofre. Muitos religiosos têm de procurar estes
irmãos e irmãs; e nem precisamos de o fazer, pois muitos deles vêm
ter connosco. Encontrámo-los todos os dias nas salas de espera dos
hospitais, nos centros e serviços ou na Comunidade, ou na comunidade
mais vasta, quando nos abrimos às pessoas nas suas próprias casas,
em albergues noturnos, nos centros para imigrantes, nos serviços que
distribuem refeições aos pobres, e assim por diante.
Ocasionalmente, ouvimos perguntar: que irá o Irmão fazer, se não tiver
um cargo de chefia? Penso que Castro nos dá a resposta, dizendo-nos algo
sobre o qual convém que todos nós reflitamos. Ele afirma: “Ocupava-se
todo o dia em diversas obras de caridade, e, à noite, quando regressava a
casa, por mais cansado que viesse, nunca se recolhia sem primeiro visitar
todos os enfermos, um por um, e sem lhes perguntar como tinham passado,
como estavam, de que precisavam, e, com palavras muito amoráveis,
confortava-os, espiritual e corporalmente”.37 Quando estes Irmãos e
irmãs a sofrer se dirigem a nós, quem encontram? Um outro Jesus,
uma pessoa como João de Deus? Vejo possibilidades maravilhosas para
novas iniciativas em termos de ministério, não necessariamente de
natureza institucional. Existem muitos exemplos de Irmãos que já
estão a tomar iniciativas para estarem com os pobres e oferecerem
hospitalidade a uma comunidade mais vasta. É necessário incentivar
estas iniciativas e, se houver uma integração adequada dos Colaboradores na missão, isso liberta os Irmãos para fazerem outras coisas
além das que já referi – por exemplo, para se dedicarem a tempo
inteiro à promoção do nosso modo de vida na Igreja, de que há uma
necessidade muito grande.
37
CASTRO, Francisco de, História da vida e obras de S. João de Deus, Braga 1982, XIV, 2.
57
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Algo belo para partilhar
Nos dias de hoje, as pessoas precisam de experimentar a hospitalidade à maneira de João de Deus. Como podemos partilhar
isso com outras pessoas de uma forma nova? Os jovens de hoje estão
ansiosos e têm sede de espiritualidade. Acho que a espiritualidade
hospitaleira à maneira de S. João do Deus ajudaria a preencher um vazio
que muitos sentem nas suas vidas. Como fazer com que este “tesouro”
esteja disponível para os jovens e os menos jovens de hoje? Isso pode
servir como um fórum para uma “nova evangelização”. Em termos de
promoção do nosso modo de vida como Irmãos religiosos na Igreja,
afigura-se que as formas do passado estão ultrapassadas quando
selecionamos o melhor, o mais brilhante e o mais comprometido de
um laicado católico forte para a vida religiosa e para o sacerdócio. Um
primeiro passo na promoção de vocações nos dias de hoje pareceria
ser a evangelização e, a partir dela, alguns sentir-se-ão chamados para
o seguimento radical de Cristo, como Irmãos de João de Deus.
19. CONCLUSÃO
Referi-me a uma grande quantidade de assuntos e temas, cheios
de significado, com tantos motivos para uma celebração alegre. Destaquei também áreas onde vejo a necessidade de uma renovação
mais profunda, oportunidades de crescimento com a expansão da
sagrada missão da hospitalidade que nos foi confiada. Partilhei também
algumas preocupações que sinto devido a uma insuficiente perceção
que observei na maneira como a missão ou a obra de S. João de Deus
está a ser realizada. Não estou a imputar culpas, mas sim a apelar à
ajuda no sentido de um novo pensamento criativo, de novas estruturas
que irão proteger e relançar a missão da hospitalidade no futuro. A
parábola de odres novos para vinho novo aplica-se aqui; caso contrário,
o vinho novo que é a hospitalidade de João de Deus perder-se-á para
as gerações futuras,38 o que seria uma perda verdadeiramente grande
para a Igreja e para a humanidade que sofre.
38
Ver Mt 9, 14-17; Mac 2, 21-22; Lc 5, 33-39.
58
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Foram seis anos intensos, de muita atividade, mas também um
período muito agradável na minha vida. Não consigo encontrar palavras para expressar o grande privilégio que foi para mim ser chamado
a servir a Ordem como Superior Geral. Lembro-me de como me senti
inadequado e pobre no momento da minha eleição, há seis anos, e ainda
hoje sinto o mesmo, perante tão alta escolha e tamanha responsabilidade. Com essa perceção, desde o início coloquei o meu generalato sob
a proteção e a orientação de Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho, e
do nosso Pai, S. João de Deus. Senti a sua presença constante junto de
mim e senti-me seguro de que eles o iriam proteger e que as coisas
iriam funcionar da melhor forma relativamente à missão da Ordem, ou
em termos pessoais, mesmo se as minhas limitações eram evidentes.
Questões que eu era incapaz de resolver ou me sentia impreparado,
acabavam por encontrar a melhor solução. Tive total confiança na
presença e na orientação do Espírito Santo em todos os aspetos da
minha vida e do meu ministério. Passei a primeira hora de cada dia
em oração. Sei muito bem que esta é a única maneira em que posso
estar aberto ao que o Espírito de Deus quer de mim durante o dia que
acaba de começar. Com esta confiança, sabia que, independentemente
da gravidade e importância de cada desafio, o Espírito Santo me iria
orientar e ajudar em tudo, e nunca me abandonou – que o seu nome
possa ser sempre louvado e glorificado.
Temos uma equipa muito trabalhadora e cheia de boa vontade na
Cúria Geral – os Conselheiros Gerais e os Colaboradores dos diferentes
escritórios da Cúria, desempenharam um papel indispensável no
sentido de garantir que a Ordem fosse servida da melhor maneira
possível.
Aos Superiores das três comunidades, Ir. Innocenzo Fornaciari, Ir.
Benigno Ramos Rodriguez e Ir. Rafael Cenizo Ramirez, bem como às
comunidades da Cúria Geral, da Ilha Tiberina e do Vaticano, desejo
manifestar os meus sinceros agradecimentos. Ao Dr. Carlo M. Cellucci,
diretor do Hospital da Ilha Tiberina e à sua equipa, um sincero muito
obrigado pela sua dedicação, visão e empenhamento – especialmente
nos últimos tempos em que o hospital enfrenta tantos desafios. Mais
59
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
uma vez, dirijo uma palavra especial de apreço e agradecimento aos
membros da equipa da Cúria, sem a ajuda dos quais bem pouco se
poderia fazer: ao Secretário Geral, Ir. José Maria Chavarri; ao meu
secretário pessoal, Ir. Gian Carlo, ao senhor Klaus Mutschlechner, à
senhora Silvia Farina, ao Ir. Moisés Martín, ao senhor Pedro Cacciarelli,
à senhora Chiara Donati, ao senhor Augusto Fabbroni e ao senhor
Marco Ceccarini – todos trabalharam muito, verdadeiramente. E não
posso deixar de agradecer ao pessoal da nossa ótima e paciente agência,
que fielmente serve a Ordem com tão grande diligência e amor.
As minhas sinceras desculpas pelas minhas falhas, que são muitas,
e pelas quais peço perdão se, involuntariamente, ofendi ou magoei
alguém, de qualquer maneira. Peço também perdão se não consegui
cumprir o mandato que me foi confiado no Capítulo Geral de 2006 para
o melhor benefício da Ordem. Assumo totalmente a responsabilidade
pelas decisões tomadas e pelo modo como foi conduzido nos últimos
seis anos o trabalho de animação da Ordem. Se alguém ficou desiludido
porque não consegui guiar a nossa Ordem com maior clareza e precisão
no caminho da renovação, de acordo com o espírito e os ensinamentos
do Concílio Vaticano II, peço desculpa.
Agradeço a Deus todos os dias e rezo pelos maravilhosos Hospitaleiros que, diariamente, em todo o mundo, dão continuidade à obra de
S. João de Deus com grande empenho, apoiados por dezenas de milhares de benfeitores e amigos. Da mesma forma, e especialmente, peço
diariamente nas minhas orações que todos aqueles que se encontram
algum centro ou serviço de S. João de Deus experimentem, através da
forma como são servidos por seguidores de João, o grande amor que
Deus tem por eles e que essa experiência lhes dê coragem, esperança
e seja um catalisador para a mudança nas suas vidas, de acordo com
o plano que Deus tem para cada um.
Mais uma vez, obrigado pelo privilégio de servir a nossa amada Ordem
desta forma.
60
Anexo 1
A CONGREGAÇÃO DOS
IRMÃOZINHOS DO BOM PASTOR
(LITTLE BROTHERS OF THE GOOD SHEPHERD – LBGS)
ALGUNS FATOS HISTÓRICOS
Apresento aqui algumas breves informações relacionadas com a
Congregação e remeto aqueles que desejarem mais informações para
o site da Congregação: www.lbgs.org. A Congregação dos Irmãozinhos
do Bom Pastor (LBGS) é um Instituto de Irmãos religiosos de direito
pontifício, cujos membros professam os votos canónicos, públicos, de
castidade, pobreza e obediência. Os Irmãos vivem em comunidade, e
administram e gerem uma variedade de serviços sociais e ministérios
relacionados com a saúde destinados aos pobres e necessitados nos
Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Irlanda e Haiti.
O FUNDADOR DA CONGREGAÇÃO: IRMÃO MATHIAS
BARRETT
A Congregação foi fundada em 19 de janeiro de 1951, em Albuquerque,
no estado americano do Novo México, pelo Ir. Mathias Barre+, um
antigo Irmão de S. João do Deus que pertencia à Província Irlandesa.
O Irmão Ma+hias, figura carismática, encontrava-se em missão nos
EUA, tendo ido da Província Irlandesa, quando se sentiu chamado
a servir as pessoas mais pobres e abandonadas de uma forma que
não estava prevista na nossa legislação naquele tempo. Com alguma
relutância, o Ir. Ma+hias pediu dispensa dos votos religiosos a fim de
traduzir em prática a sua visão daquela forma de exercer o ministério.
Mesmo tendo sido dispensado de seus votos como Irmão de S. João
de Deus, o Ir. Mathias continuou a ser sempre um verdadeiro filho e
seguidor de S. João de Deus. E levou fielmente a cabo o seu sonho e a
sua visão de servir os mais pobres de entre os pobres da sociedade.
61
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
A inspiração original do Irmão Ma+hias era servir Jesus Cristo na
pessoa dos pobres, desamparados e de quem precisasse de ajuda. Esta
visão continua a motivar todos aqueles que partilham a vida, a missão
e o ministério dos Irmãozinhos do Bom Pastor. O espírito e o carisma
dos Irmãozinhos do Bom Pastor são idênticos aos da Ordem Hospitaleira
de S. João do Deus. Os Irmãos na Congregação são 27 e têm formas
de apostolado a “prosperar” por toda a América do Norte, em Haiti,
na Irlanda e na Inglaterra, financeiramente ativos graças a uma boa
gestão, ao apoio do governo, subsídios e à ajuda de benfeitores. Os
Irmãos são auxiliados no seu ministério por um grande número de
Colaboradores e voluntários.
LAÇOS ESTREITOS
Houve sempre uma estreita relação fraterna entre os Irmãozinhos
do Bom Pastor e os Irmãos de S. João do Deus nos Estados Unidos e,
especialmente, no Canadá. A Congregação foi afiliada à Ordem em 2008
e, desde então, os contatos têm-se intensificado entre os membros de
ambos os institutos. Posteriormente, o Superior Geral da Congregação,
Ir. Justin Howson, abordou o Ir. Donatus, Superior Geral, sobre a possibilidade de desenvolver laços mais próximos com a nossa Ordem. Os
contactos intensificaram-se ao longo dos anos e, ao olharem para a sua
realidade presente e futura como pequena congregação, colocou-se a
questão da possível “fusão”, ou agrupamento, dos Irmãozinhos do Bom
Pastor com os Irmãos de S. João de Deus.
Os Conselhos Gerais de ambos os institutos decidiram intensificar
os contactos entre os Irmãozinhos do Bom Pastor e os Irmãos de S. João
de Deus. Alguns nossos Irmãos participaram na assembleia geral da
Congregação, em 2011. No passado mês de novembro, alguns membros
do Definitório Geral dos Irmãozinhos do Bom Pastor e representantes
do nosso Definitório Geral, entre os quais, eu próprio, realizaram uma
reunião de dois dias, em Dublin. Partilhámos informações e ouvimos
a apresentação, por um membro do Conselho Geral, da experiência
das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus com as Irmãs de
Santo Agostinho, quando estas pediram para se unirem com as Irmãs
Hospitaleiras e do processo que conduziu à respetiva fusão.
62
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Houve depois uma reunião exploratória de dois dias, na Cúria Geral,
em Roma, em março deste ano, entre os Definitórios Gerais de ambos
os institutos. Nessa reunião participaram também representantes da
Província da Europa Ocidental e a Ir.ª Mary Wright, da Congregação
para os Institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica. Esse encontro teve caráter informativo e foi muito útil para
todos os participantes.
PRÓXIMAS ETAPAS DO PROCESSO
Posteriormente, os Irmãozinhos do Bom Pastor realizaram o seu Capítulo
Geral, em junho de 2012, e aprovaram uma resolução, por unanimidade, no sentido de iniciarem um processo que conduziria à “fusão”
com a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Alguns Irmãos da nossa
Ordem participaram nesse Capítulo dos Irmãozinhos do Bom Pastor,
como convidados, e mantiveram conversações relacionadas com a
nossa Ordem. O Secretário Geral, Ir. José Maria Chavarri, que representava o Superior Geral, respondeu a diversas questões relacionadas
com o direito canónico, os votos, etc., colocadas por alguns membros
do Capítulo. No dia 12 de agosto de 2012, todos os Irmãozinhos do Bom
Pastor (por unanimidade) assinaram um documento a declarar a própria vontade de se juntarem à Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
CONSULTA
Conforme prescrito pelo direito da Igreja, foi realizada uma “consulta”
aos Superiores Maiores da Ordem e houve aprovação unânime para
prosseguir com o processo.
Após este capítulo, será constituída uma Comissão mista para elaborar
um programa de alguns anos, que permitirá apoiar e facilitar a “plena
integração” dos Irmãozinhos do Bom Pastor na nossa Ordem. Para mais
informações, podem falar diretamente com os Irmãozinhos do Bom
Pastor presentes neste nosso Capítulo ou consultar o já referido site:
www.lbgs.org.
Ir. Donatus Forkan, O.H.
Superior Geral
63
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Irmãozinhos do Bom Pastor – Estatísticas
1. A Congregação
Número de Irmãos professos:
Noviços:
Associados:
29
1
1 (Postulante)
2. Pessoal: Funcionários/Voluntários
Ministérios do Bom Pastor
Toronto, Canadá
FUNCIONÁRIOS
VOLUNTÁRIOS
78
8.000
FUNCIONÁRIOS
VOLUNTÁRIOS
215
175
110
9
4.325
2
0
12
FUNCIONÁRIOS
VOLUNTÁRIOS
135
50
160
932
4.600
0
290
17.229
Centros do Bom Pastor
Hamilton, Canadá:
Centros do Bom Pastor sem fins de lucro
Centros do Bom Pastor:
Centro do Bom Pastor de Hamilton, Canadá:
Albuquerque, Novo México – e.u.a.
Centros de Saúde Camillus House
Miami, Flórida (EUA)
Centro de Saúde Casa S. Camilo
Quinta do Bom Pastor de Momence (EUA)
Total:
3 . Endereços das residências comunitárias e dos Centros
Albuquerque Novo México
ρ Villa Mathias – 901 Brothger Mathias Place – NW Albuquerque,
New Mexico 87102
ρ Good Shepherd Centre – 218 Iron Street – Albuquerque, New
Mexico 87102
64
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Haiti
ρ Sheepfold of the Good Shepherd – Demas 48, Rue Merisier et
Ortolan 10 – Port-au- PRINCE, P.O. Box 13490
Hamilton, Ontário
ρ Harbinson House – 26 Grant Avenue – Hamilton, Ontario L8N 2X5
ρ Brother Holiday Home – 2892 North Shore Drive – Dunville, Ontário
ρ Good Shepherd Centre, Administrative Offices – 143 Wentworth
Street – South Hamilton, Ontario L8N 2Z1
ρ Development Office – 10 Dekaware Street – Hamilton Ontario
ρ Good Shepherd Family Centre – 143 WentworthStreet – South
Hamilton, Ontário L8N 2Z1
ρ Emmanuel House – 90 Stinson Street – Hamilton, Ontário L8N 1S2
ρ Good Shepherd Mens Centre – 135 Mary Street – P.O. Box 1003 –
Hamilton, Ontário L8n 3RI
ρ Martha House – 30 Pearl Street North – Hamilton, Ontário L8R 2y8
ρ Mary’s Place – 30 Peral Street North – Hamilton, Ontário L8r 2y8
ρ Outreach Services for Women and Children – 30 Peral Street
North – Hamilton, Ontário, L8R 2y8
ρ Brennan House – 614 Kings Street East – Hamilton, Ontário,L8n 1E2
ρ Emmanuel Place (Good Shepherd Non Profit Houses) – 35 Akin
Avenue, Hamilton, Ontário L8M 3M8
ρ Good Shepherd Works – 35 Akin Avenue – Hamilton, Ontário
L8M 3M8
ρ Good Shepherd Family Services – 120 Cannon Street – Hamilton,
Ontário L8H 5W8
ρ Taylors Apartments – Locke Street – South Hamilton, Ontário
L8R 2B2
ρ Mathias Place – 369 Main Street West – Hamilton, Ontario,L8P 1k3
ρ Ken Sobel Apartments – 500 MacNab Street North 1st Floor –
Hamilton, Ontário,L8L 1L8
ρ Barre+ Centre for Crisis Support – 126-128 Emerld Street – South
Hamilton Ontário L8X2S8
ρ H.O.M.E.S. Program – 18 West Avenue – South Hamilton, Ontário
L8L 5B8
65
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ Mc Cinnty House – 131 Catherine Street – North Hamilton, Ontário L8R 115
ρ Angela’s Place Support Housing for young Parents – 320 Tragina
Avenue – North Hamilton, Ontário.
MIAMI (EUA)
ρ Visitation House – 680 N.E. 52nd Street – Miami, Florida 33137
ρ Camillus House/Camillus Health Concern Clinic – 336 N.W. – 5th
Street Miami – Florida 33128
ρ Good Shepherd Manor – 4129 North State Route 1-17 – P.O. Box
260 – Momence, Illinois, 60954
ρ Community Development Office – Good Shepherd Manor – 4129
North State Route 1-17 P.O. Box 736
TORONTO – Canadá
ρ Somerville House – 57 Winchester Street – Toronto, Ontário,
MAX IA8
ρ Good Shepherd Centre – 412 Queen Street East – Toronto, M5A IT3
ρ Good Shepherds Cares – 146 Parliament Street – Toronto, Ontario,
M5A 4H5 2ZIydenham Street Street Toronto, Ontário
ρ Barre+ House – 35-37 Sydenham Street – Toronto, Ontário M%A 4H5
ρ St. Joseph’s Residence, Brother Jospeh Dooley Apartments, 4th
Floor – 10 Tracy Street – Toronto, Ontário MsA 4 P2
ρ Good Shepherd Non Profit Home Br Joseph Dooley Aparts – 10
Tracy Street – Toronto, Ontario M5 A 4P
ρ Good Shepherd Non Profit Homes – Macneil House – 205 Gerrard
Street East – Toronto, Ontário M5A 2E7
ρ Good Shepherd Non-Profit Homes – H.O.S.T. Project Team, Suite
315 – 550 Queens Street – East Toronto, Ontario MSA IV2
Inglaterra
ρ Wolverhampton (Inglaterra)
ρ Montini House – 2 Richmond Rd – Wolverhampton – West
Midlands WV£ 9HY
Irlanda
ρ Good Shepherd Parochial House – Keenagh, Ballina, Co Mayo
– Irlanda
66
Anexo 2
COMISSÕES
COMISSÃO PARA A REVISÃO DOS ESTATUTOS GERAIS
O LXVI Capítulo Geral de 2006 aprovou uma proposta para que os
Estatutos Gerais da Ordem fossem revistos. O Definitório Geral formou
uma Comissão internacional para realizar este trabalho. O esboço
dos “Estatutos Gerais revistos” foi aprovado pelo Definitório Geral e
apresentado ao Capítulo Geral Extraordinário de 2009 para aprovação.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Jesús Etayo – Presidente
ρ Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário
ρ Ir. Rudolf Knopp
ρ Ir. Vincent Kochamkunel
ρ Ir. Victor Martín
ρ Ir. Fintan Brennan
ρ Ir. Alain-Samuel Jeancler
ρ Ir. Hubert Matusiewicz
ρ Ir. Salvino Zanon.
COMISSÃO GERAL DE BIOÉTICA
No LXVI Capítulo Geral, celebrado em outubro de 2006, em Roma, a
Ordem Hospitaleira considerou necessário continuar a incentivar com
maior convicção a atenção à Bioética em todas as suas obras, tendo
consciência da importância e da necessidade de formar Irmãos e Colaboradores nesta matéria, a fim de poder responder adequadamente às
questões éticas que nos são colocadas, cada vez mais frequentemente
e com maior complexidade. Para isso, a Ordem aprovou a criação de
uma Comissão Geral de Bioética (CGB) para promover a sensibilidades
ética dos nossos Irmãos e Colaboradores, nomeadamente através da
67
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
formação, além de favorecer a criação de Comissões de Bioética e de
nos comprometermos ativamente para aconselhar e coordenar, a nível
geral, todas as questões com ela relacionadas. Especificamente é esta
a tarefa confiada pelo Capítulo que constitui a missão e o objetivo
fundamental da CGB.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Jesus Etayo – Presidente.
ρ Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário.
ρ Ir. Elia Tripaldi
ρ Ir. John Conway
ρ Ir. Andres Sene
ρ Sra. Anna Plunke+
ρ Dr. Maria Teresa Iannone
ρ Dr. .omas Binsak
ρ Dr. Salvino Leone
ρ Dr. Juergen Wallner
ρ Dra. Silvia Oger.
COMISSÃO GERAL DE PASTORAL DA SAÚDE
A Comissão Geral de Pastoral da saúde foi instituída para cumprir a
decisão do Capítulo Geral de 2006, no sentido de incentivar e promover a evangelização e a pastoral em toda a Ordem segundo as novas
exigências da hospitalidade. A Comissão elaborou um Instrumentum
Laboris para o Encontro internacional da pastoral da Ordem, realizado
em Roma, de 7 a 12 de novembro de 2011.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Elia Tripaldi – Presidente.
ρ Ir. Gian Carlo Lapic – Secretário.
ρ Ir. Jesús Etayo
ρ Ir. Benigno Ramos
ρ Sra. Maureen McCabe
ρ Sr. Gianni Cervellera
ρ Sr. Ulrich Doblinger.
68
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
COMISSÃO EUROPA
A Comissão foi instituída para a Animação da Região Europa, com os
seguintes objetivos: Processo de renovação; Livro de Formação dos
Colaboradores; Definição dos Valores orientadores da Ordem; Gestão
carismática; Colaboração na investigação; Comissões interprovinciais;
Pastoral; Vocação e formação inicial; Pastoral da saúde e Bioética.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Rudolf Knopp – Presidente
ρ Ir. Jesus Etayo
ρ Ir. José Maria Bermejo, Madrid / Ir. Julian Sanchez Bravo, Sevilha
(Espanha)
ρ Ir. Krzystof Fronczak, Varsóvia / Ir. Eugeniusz Kret, Varsóvia
(Polónia)
ρ Ir. Giampietro Luzzato, Milão
ρ Ir. Laurence Kearns, Irlanda.
SUBCOMISSÃO – «MANUAL FORMAÇÃO DOS
COLABORADORES»
A Comissão tem tarefa da preparação do Livro de Formação dos Colaboradores da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
Membros da Comissão:
ρ Ir. José M. Bermejo/Ir. Julián Sánchez – Presidente
ρ Ir. Paul-Marie Taufana
ρ Dra. Giovanna D’Ari
ρ Sra. Bridget Doogan
ρ Dr. José María Galán
ρ Dr. Julio Vielva
ρ Ir. Eugeniuzs Kret.
SUBCOMISSÃO «GESTÃO CARISMÁTICA»
A tarefa desta subcomissão consiste em desenvolver um instrumento de pesquisa para medir a presença ou ausência de centros de
69
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
administração carismática na Ordem. Um pedido nesse sentido foi
apresentado ao Capítulo Geral de 2006.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Rudolf Knopp, Cúria Geral, Presidente
ρ Ir. Michel Angelo Varona, Espanha / Província de Castela
ρ Ir. Kristijan Sinkovic, Itália / Província Lombarda-Véneta
ρ Dr. Marek Krobicki, Polónia / Província Polaca
ρ Sra. Jane Mcevoy, Irlanda / Província Irlandesa
ρ Dr. Gerhard Rey, Alemanha.
SUBCOMISSÃO «RENOVAÇÃO DOS IRMÃOS» – EUROPA
Foi constituída com as seguintes finalidades:
Incentivar e promover a renovação da vida dos Irmãos e das comunidades da Ordem nas Províncias europeias, seguindo as indicações
do Concílio Vaticano II e os documentos fundamentais da Ordem.
Estabelecer o modelo e as linhas de orientação para o desenvolvimento
e implementação deste processo de renovação na Europa, a nível
provincial ou interprovincial.
Membros da Comissão:
ρ Ir. Jesús Etayo – Presidente
ρ Ir. Pascual Piles
ρ Ir. Massimo Villa
ρ Ir. Finnian Gallagher
ρ Ir. Eduard Bauer.
COMISSÃO «MANUAL DO UTILIZADOR DA CARTA DE
IDENTIDADE»
Foi constituída para elaborar um documento que intitulámos “Manual
do Utilizador da Carta de Identidade”, para facilitar a aplicação, no
plano prático, da Carta de Identidade da Ordem.
70
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Membros da Comissão:
ρ Ir. Gian Carlo Lapic – Coordenador
ρ Ir. Rudolf Knopp
ρ Ir. Jesús Etayo
ρ Dr. Carlo Maria Cellucci
ρ Dr. Giovanna D’Ari,
ρ Dr. Gianni Cervellera.
71
Anexo 3
CARTAS E CIRCLULARES
DO SUPERIOR GERAL
IR. DONATUS FORKAN, O.H.
2006
ρ Sede sempre hospitaleiros – Roma, 10 de novembro de 2006
ρ Festa do Patrocínio da Virgem Maria – Dublin, 18 de novembro
de 2006
ρ Mensagem de Natal – Roma, 1 de dezembro de 2006
ρ Convocação dos Capítulos Provinciais – Roma, 8 de dezembro
de 2006.
2007
ρ S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2007
ρ Páscoa 2007 – Roma, 8 de abril de 2007
ρ África – Para todos os Irmãos – Província de Nossa Senhora da
Misericórdia Delegação Geral de S. Ricardo Pampuri; S. Bento
Menni; Comunidade de S. João de Deus, Mzuzu – Roma, 26 de
abril de 2007
ρ Festa de Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho – Para todos:
Superiores Provinciais, Vice-Provinciais, Delegados Gerais e
Provinciais – Roma, 26 de abril de 2007
ρ Festa de São Pedro e São Paulo – 29 de junho de 2007
ρ Um ano depois do Capítulo Geral de 2006 – Bogotá, 10 de outubro
de 2007
ρ II centenário do nascimento de Frei João Maria Alfieri, 37.º Superior Geral da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (1807-1888)
ρ Festa do Patrocínio da Bem-aventurada Virgem Maria – Roma,
17 de novembro de 2007
ρ Natal de 2007 - Roma, 10 de dezembro de 2007.
72
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
2008
ρ Carta pastoral para toda a Ordem – Roma, 8 de fevereiro de 2008
ρ Apelo anual do Superior Geral – Roma, 23 de fevereiro de 2008
ρ Festa de S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2008
ρ Páscoa de 2008 – 23 de março de 2008
ρ Beatificação do Ir. Ollalo Valdés – 2 de maio de 2008
ρ Para toda a Ordem – Roma, 1 de agosto de 2008
ρ Carta circular – Roma, 1 de novembro de 2008
ρ A Virgem Maria, Padroeira da Ordem Hospitaleira de S. João de
Deus – Roma, 15 de novembro de 2008
ρ Natal de 2008 – 15 de Dezembro 2008.
2009
ρ Festa de S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2009
ρ Apelo anual do Superior Geral – Roma, 8 de março de 2009
ρ Páscoa de 2009 – 12 de bril 2009
ρ Beatificação do Ir. Eustáquio Kugler – Roma, 29 de abril de 2009
ρ Unificação das Províncias de Áustria e Boémia-Morávia – 25 de
maio 2009
ρ Festa da Natividade da Virgem Maria – Roma, 8 de setembro de
2009
ρ Missões: para toda a Ordem – Roma, 18 de outubro de 2009
ρ Festa da Bem-aventurada Virgem Maria, padroeira da Ordem
Hospitaleira de S. João de Deus – Roma, 21 de novembro de 2009
ρ Mensagem de Natal de 2009.
2010
ρ Valores da Ordem – 11 de fevereiro de 2010
ρ Apelo anual do Superior Geral – Roma, 8 de março de 2010
ρ Festa de S. João de Deus – Roma. 8 de março de 2010
ρ Páscoa de 2010 – Roma, 4 de abril de 2010
ρ Festa de Pentecostes – Roma, 23 de maio de 2010
ρ Festa da Assunção de Nossa Senhora ao céu – Roma, 15 de agosto
de 2010
ρ Assembleia de Superiores Maiores: Conclusão – Roma, 2 de
novembro de 2010
73
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ Festa do Patrocínio da Virgem Maria – Roma, 20 de novembro
de 2010
ρ Protocolo sobre abuso – 2 de dezembro de 2010
ρ Natal de 2010 – Roma, 15 de dezembro de 2010.
2011
ρ Festa de S. João de Deus – Roma, 8 de março de 2011
ρ Páscoa – Roma, 24 de abril de 2011
ρ Festa de Pentecostes – Roma, 12 de junho de 2011
ρ Capítulo Geral, daqui a um ano – Roma, 25 de outubro de 2011
ρ Festa do Patrocínio da Bem-aventurada Virgem Maria – Roma,
19 de novembro de 2011
ρ Natal – Roma, 15 de dezembro de 2011
ρ México: uma nova estrutura – Roma, 28 de dezembro de 2011.
2012
ρ Apelo anual do Superior Geral – 8 de março de 2012
ρ Ano da Família de S. João de Deus – Granada, 28 de Janeiro de 2012
ρ Páscoa – Roma, 8 de abril de 2012
ρ Festa de Pentecostes de 2012 – Roma, 27 de maio de 2012
ρ Alguns assuntos importantes: comunicação – 30 de julho., 2012.
ρ Carta aberta à Família Hospitaleira antes do Capítulo Geral – de
setembro de 2012.
74
Anexo 4
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
VIAGEM APOSTÓLICA A MADRID POR OCASIÃO
DA XXVI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
VISITA À FUNDAÇÃO INSTITUTO S. JOSÉ
20 DE AGOSTO DE 2011
Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid,
Queridos Irmãos no Episcopado,
Queridos sacerdotes e religiosos da Ordem Hospitaleira de S. João
de Deus,
Distintas Autoridades,
Queridos jovens, familiares e voluntários aqui presentes!
De coração vos agradeço a amável saudação e o cordial acolhimento
que me dispensastes.
Nesta noite, antes da Vigília de oração com os jovens de todo o mundo
que vieram a Madrid para participar nesta Jornada Mundial da Juventude, temos a ocasião de passar alguns momentos juntos e poder-vos
assim manifestar a solidariedade e o apreço do Papa por cada um de
vós, pelas vossas famílias e por todas as pessoas que vos acompanham
e cuidam nesta Fundação Instituto S. José.
A juventude, como recordei outras vezes, é a idade em que a vida se
revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas potencialidades,
incitando à busca de metas mais altas que deem sentido à mesma. Por
isso, quando o sofrimento assoma ao horizonte duma vida jovem,
ficamos desconcertados e talvez nos interroguemos: Poderá a vida
continuar a ser grande, quando irrompe nela o sofrimento? A este
respeito, escrevi na minha encíclica sobre a esperança cristã: «A
grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com
o sofrimento e com quem sofre. (...) Uma sociedade que não consegue
75
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido
mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Spe salvi,
38). Estas palavras refletem uma larga tradição de humanidade que
brota da oferta que Cristo faz de Si mesmo na Cruz por nós e pela
nossa redenção. Jesus e, seguindo os seus passos, a sua Mãe Dolorosa
e os santos são as testemunhas que nos ensinam a viver o drama do
sofrimento para o nosso bem e a salvação do mundo.
Estas testemunhas falam-nos, antes de mais nada, da dignidade de
cada vida humana, criada à imagem de Deus. Nenhuma aflição é
capaz de apagar esta efígie divina gravada no mais fundo do homem.
E não só: desde que o Filho de Deus quis abraçar livremente a dor e a
morte, a imagem de Deus é-nos oferecida também no rosto de quem
padece. Esta predileção especial do Senhor por quem sofre leva-nos
a contemplar o outro com olhos puros, para lhe dar, além das coisas
exteriores que precisa, aquele olhar de amor que necessita. Mas isso,
só é possível realizá-lo como fruto de um encontro pessoal com Cristo.
Bem conscientes disto sois vós, religiosos, familiares, profissionais
da saúde e voluntários que viveis e trabalhais diariamente com estes
jovens. A vossa vida e dedicação proclamam a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre, como o fez
o próprio Deus. E, no vosso maravilhoso trabalho, ressoam também
estas palavras evangélicas: «Sempre que fizestes isto a um destes
meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
Por outro lado, vós sois também testemunhas do bem imenso que constitui a vida destes jovens para quem está ao seu lado e para a humanidade
inteira. De maneira misteriosa mas muito real, a sua presença suscita
em nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que
nos abre à salvação. Sem dúvida, a vida destes jovens muda o coração
dos homens e, por isso, damos graças ao Senhor por tê-los conhecido.
Queridos amigos, a nossa sociedade – onde demasiadas vezes se põe
em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de
vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor.
Mais ainda, sois protagonistas desta civilização. E, como filhos da Igreja,
76
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
ofereceis ao Senhor as vossas vidas, com as suas penas e as suas alegrias,
colaborando com Ele e entrando, de algum modo, «a fazer parte do
tesouro de compaixão de que o género humano necessita» (Spe salvi, 40).
Com íntimo afecto e por intercessão de São José, de S. João de Deus
e de São Bento Menni, confio-vos de todo o coração a Deus nosso
Senhor: Seja Ele a vossa força e o vosso prémio. Como sinal do seu
amor, concedo-vos, a vós e a todos os vossos familiares e amigos, a
Bênção Apostólica.
Muito obrigado.
77
Anexo 5
ATIVIDADES ASSISTENCIAIS
DA ORDEM EM 2011
O levantamento estatístico das atividades assistenciais da Ordem podese considerar completo, embora ainda não definitivo, pois até ao fim
de julho alguns centros ainda não tinham preenchido o questionário,
não obstante repetidas solicitações para que o fizessem. Consequentemente, procedeu-se a um processamento rápido dos dados, mas
não foi possível fazer uma verificação rigorosa dos dados inseridos.
Num total de 334 estruturas presentes na Ordem, os dados elaborados referem-se aos 302 centros que forneceram informações.
ρ A atividade hospitaleira é desenvolvida por 79 estruturas que
registam um total de 15.259 lugares-cama, com quase 1 milhão
de utentes.
ρ Nas 46 estruturas relativas aos Serviços para pessoas com perturbações mentais foram referidos 9.774 lugares-cama, com
39.152 assistidos.
ρ Nas 65 estruturas dos Serviços para pessoas com deficiência,
o número de camas disponíveis indicado é de 4.963 unidades,
permitindo a assistência a 28.985 pessoas.
ρ Nas 40 estruturas relativas aos Serviços para idosos, o número
total de camas foi de 2.883 e as pessoas assistidas foram 4.178.
ρ Nas 32 estruturas dos Serviços socioassistenciais existiram
1.836 lugares-cama, distribuídos por pessoas com dificuldades
económicas (1.458), menores com dificuldades comportamentais
/ familiares (43), pessoas com problemas de dependência (138) e
casas de férias (197). O número total de assistidos foi de 82.000.
ρ A atividade global realizada pela Ordem, ou seja, o número total
de presenças e/ou prestações (dias de internamento, prestações
de ambulatório e fornecimento de serviços heterogéneos, tais
78
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
como a distribuição de produtos farmacêuticos e de ervanária,
distribuição de refeições, etc.), aponta para um total de 25.812.611
unidades.
ρ Todos os dias, portanto, os operadores da Ordem Hospitaleira
de S. João de Deus entram em contato com mais de 70 mil
pessoas, embora de modo muito diversificado (desde a assistência
médica especializada, ao fornecimento de refeições, à distribuição
de medicamentos).
ρ Os trabalhadores com contrato de trabalho e consultores
(excluindo os serviços prestados por empresas externas),
atingem globalmente o número de 49.430 unidades.
ρ Os nossos trabalhadores e funcionários são auxiliados por um
número muito consistente de voluntários, que atingem o número
de 7.006 unidades, 3.833 dos quais são voluntários dos Irmãos
de S. João de Deus e 3.173 pertencentes a outras associações de
voluntariado.
79
2.
INSTRUMENTUM LABORIS
LXVIII CAPÍTULO GERAL
“A Família de S. João de Deus
ao serviço da Hospitalidade”
Fátima, 22 outubro – 9 novembro de 2012
“O Capítulo Geral é a forma mais profunda de comunhão no
carisma da Ordem, e é o momento em que se manifesta de modo
especial a colegialidade Tem a suprema autoridade dentro da
Ordem e é, por isso, o principal responsável pela orientação do
nosso Instituto na realização da missão que lhe foi confiada
pelo Espírito Santo na Igreja”.
(Constituições da Ordem, 82a)
APRESENTAÇÃO
O presente documento foi elaborado pela Comissão Preparatória do
Capítulo Geral e aprovado pelo Definitório Geral, como documento
de trabalho para o próximo Capítulo. Procura captar a realidade da
Ordem e as suas ansiedades perante o futuro, manifestadas ao longo
dos últimos anos nos diferentes encontros regionais e internacionais,
bem como nos documentos e reflexões da Igreja e da Ordem. O tema A
Família de S. João de Deus funciona como fio condutor ao longo do texto,
tentando aprofundar, clarificar e procurar novos horizontes para o
futuro. Este documento não se destina a ser aprovado no Capítulo; o
seu objetivo consiste em facilitar a reflexão e o trabalho do mesmo.
Servirá também para o estudo e a preparação do Capítulo por parte de
toda a Família de S. João de Deus, a partir do qual ela poderá participar
nele e fazer-lhe chegar as suas ideias e propostas, através dos membros
que nele tomarem parte.
O texto divide-se em duas grandes secções que recolhem as diversas
áreas sobre as quais o Capítulo irá refletir e discernir. Cada uma delas
consta de três partes, a saber: 1) Definição do tema; 2) Propostas ao
Capítulo; 3) Documentos de apoio para estudo e aprofundamento do
tema.
Identidade da Família de S. João de Deus
A.1. Família de S. João de Deus
A.2. Estrutura da Família de S. João de Deus
A.3. Identidade dos Irmãos
A.4. Identidade dos Colaboradores
83
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
A.5. Pastoral vocacional e formação dos Irmãos
A.6. Formação dos Colaboradores
Missão da Família de S. João de Deus
B.1. Identidade e missão dos Centros da Ordem
B.2. Gestão carismática
B.3. Sustentabilidade económica dos Centros, Províncias e Regiões
da Ordem
B.4. Colaboração ad intra e ad extra (Networking).
A. IDENTIDADE DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE
DEUS
A.1. FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS
I. Definição
A obra de S. João de Deus foi realizada ao longo da história pelos Irmãos
e Colaboradores, certamente em proporções diferentes segundo os
tempos. Todos sabem que nos últimos 40 anos a participação dos
Colaboradores na missão da Ordem aumentou notavelmente, de tal
forma que falamos de Irmãos e Colaboradores unidos na missão.
Isso fez com que, de maneira informal, falássemos esporadicamente
entre nós de Família. Apesar disso, nos últimos anos, este conceito foi
ganhando espaço na Ordem e, inclusivamente, pouco a pouco, passou
a fazer parte dos nossos documentos.
Por fim, os Estatutos Gerais de 2009 deram uma primeira definição
da Família Hospitaleira de S. João de Deus, indicando diversos modos
de vinculação à mesma, nos seguintes termos: “Promovemos a visão da
Ordem como “família hospitaleira de S. João de Deus” e acolhemos, como
dom do espírito nos nossos tempos, a possibilidade de compartilhar o nosso
carisma, a espiritualidade e a missão com os Colaboradores, reconhecendo
as suas qualidades e os seus talentos” (EG 20), ...sabendo que “os Colaboradores podem estar vinculados ao carisma, à espiritualidade e à missão da
Ordem por um ou vários destes níveis: através do seu trabalho profissional
bem feito; através da sua adesão à missão da Ordem, a partir dos seus
84
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
valores humanos e/ou convicções religiosas; através do seu compromisso
de fé católica (EG 22).
Hoje não existe um conceito nem um tipo unívoco de família, quer do
ponto de vista cultural, quer social ou jurídico. Seguindo as palavras
de João Paulo II, poderíamos dizer que a Família de S. João de Deus se
caracteriza por ser uma comunidade na qual existem confiança e apoio
recíprocos, generosidade, abertura, respeito autêntico, hospitalidade,
e na qual todos são corresponsáveis pela missão.
Aquilo que nos dá identidade e nos une como Família na missão, que
é única, é o lugar central que ocupam S. João de Deus e o carisma
da Hospitalidade que ele recebeu de Deus e transmitiu aos seus
seguidores. João foi transformado para assumir o semblante do Deus
da Hospitalidade, o Bom Samaritano, até encarnar em si próprio a
Hospitalidade.
Nesta Família, os Irmãos ocupam um lugar fundamental como pessoas
que dedicam a sua vida de forma radical ao serviço da Hospitalidade e
assumem especialmente a responsabilidade de guardar e desenvolver
o dom recebido e de o transmitir aos Colaboradores.
Com o conceito de “Família de S. João de Deus” queremos promover
uma abertura para acolher os Colaboradores que desejam estar mais
profundamente unidos a nós para partilharem o nosso carisma, a nossa
espiritualidade e a nossa missão segundo o estilo de S. João de Deus.
Julgamos que este é o modo mais atual e eficaz para se continuar a
promover no futuro a missão da Igreja através da hospitalidade, de
acordo com o Evangelho e o carisma fundacional de S. João de Deus,
tendo em conta o Concilio Vaticano II, os ensinamentos e as exortações
dos Papas, assim como dos nossos Capítulos Gerais, dos nossos Superiores Maiores e também os que derivam da nossa própria experiência.
De facto, a Ordem está atualmente a realizar a missão com uma
extensão maior que nunca, graças à participação e aos contributos
do conjunto da Família de S. João de Deus, que apreciamos e celebramos, agradecendo ao Senhor pelo facto de o dom da hospitalidade,
iniciada por S. João de Deus, continuar vivo. Neste mesmo sentido
e de acordo com o nosso Fundador, as pessoas assistidas nas nossas
85
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
obras apostólicas, com a sua presença também fazem parte da Família
de S. João de Deus.
Fazer parte da Família de S. João de Deus tem para nós um duplo
significado: em sentido amplo, todos os Colaboradores podem fazer
parte dela, partilhando o espírito e a missão do projeto hospitaleiro
de S. João de Deus. Por outro lado, a Família deverá pensar em configurar-se e consolidar-se através das estruturas mais convenientes
que determinem os critérios de adesão pessoal e pertença â mesma,
assim como os compromissos, os direitos e os deveres de cada um
dos seus membros.
II. Propostas ao Capítulo
Acreditamos que o Capítulo Geral deveria dar um impulso à Família
de S. João de Deus, ajudando a clarificar e definir a sua identidade e
os critérios de pertença à nossa Família, bem outros aspetos, tanto
a nível funcional como jurídico. Para isso, propomos quanto segue:
1. A Ordem, constituída canonicamente, está aberta a partilhar
o carisma, a missão e a espiritualidade com os Colaboradores,
de diversos modos e com diferentes compromissos, incluindo
o que se manifesta através de um voto ou promessa. Sente-se
igualmente chamada a promover e impulsionar a Família Hospitaleira de S. João de Deus, da qual é a base e o centro aglutinador.
2. A missão e a obra desenvolvidas pela Ordem são realizadas
pela Família Hospitaleira de S. João de Deus, constituída pelos
Irmãos e pelos Colaboradores. A ela podem pertencer todos os
Colaboradores e pessoas de boa vontade, homens e mulheres
que, como seguidores de S. João de Deus se sintam corresponsáveis, juntamente com os Irmãos, pela missão.
3. Independentemente do ponto anterior, cada um vive a partir
da sua identidade própria, isto é, os Irmãos como religiosos,
consagrados na hospitalidade, e os Colaboradores como leigos, de
acordo com a sua consagração batismal. Existem Colaboradores
que podem fazer parte da nossa Família partindo de outras
motivações não exclusivamente cristãs ou religiosas.
86
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
4. Os centros e serviços assistenciais da Ordem serão administrados pela Família Hospitaleira de S. João de Deus, podendo
haver centros geridos apenas por religiosos e/ou centros geridos
apenas por Colaboradores, membros da mesma Família.
III. Documentos
1. Vita Consecrata, 1996, nº 54
2. João Paulo II, Mensagem à Assembleia Geral das Nações Unidas, 5
de outubro de 1995.
3. Estatutos Gerais da Ordem, 2009, artigos 20-22.
4. Irmãos e Colaboradores, unidos para servir e promover a vida, 1992,
nº 122-123.
5. Carta de Identidade da Ordem, 1999, 3.1.7.
6. Caminho de Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da Ordem, 2004, nº 33.
7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, 3.1; 3.5.1.
A.2. ESTRUTURA DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS
I. Definição
A Família de S. João de Deus corresponde a uma visão da Ordem que
abrange tanto os Irmãos como os Colaboradores na promoção da
missão de Hospitalidade.
Trata-se de uma estrutura na qual se apoia o carisma do Fundador, o
qual, desde o início da sua obra, quis partilhar com outras pessoas a
sua missão, envolvendo-as nela ativamente.
Nesta Família estabelecem-se laços e um sentido de pertença que
resultam do carisma da Hospitalidade de S. João de Deus, um dom
no qual podem participar os nossos Colaboradores, os quais podem
igualmente partilhar a nossa espiritualidade e a nossa missão.
A razão de ser desta Família de S. João de Deus é a Missão, para a qual a
nova visão da Ordem como Família pressupõe um conceito mais amplo
relativamente à forma canónica que a define, isto é, inclui todas as
pessoas que, embora com diferentes estatutos, participam na missão
da Ordem, sem esquecer as pessoas assistidas e as suas famílias.
87
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Não desejamos dar uma definição ajustada ou redutora desta Família, no entanto, devemos encontrar as modalidades para que sejam
escutadas as vozes de todos aqueles que fazem parte dela, de maneira
que tudo isso possa contribuir para a missão de Hospitalidade que
nos une, isto é, o serviço às pessoas às quais prestamos cuidados e
assistência: os doentes e todas as pessoas que se encontram numa
situação de necessidade.
O modo e o nível de participação na Família são diferentes: os Irmãos
são o núcleo propulsor, em virtude da sua consagração, ao passo que
os Colaboradores estão vinculados a ela em diferentes graus.
Falando concretamente das formas que a estrutura da Família de S.
João de Deus pode assumir, devemos precisar que estas se concretizam
nos dias de hoje, ou que poderiam concretizar-se no futuro, em dos
níveis, a saber:
1. Ao nível dos Centros e Serviços
A razão de ser das nossas estruturas é a missão que nos foi confiada
pela Igreja, ou seja, a evangelização através da Hospitalidade. Considerando este ponto fundamental, devemos pensar como garantir
que a estrutura dos nossos Centros e Serviços continue a assumir
fielmente a missão.
A nossa Ordem tem já uma experiencia neste campo, e continua a
mantê-la, uma vez que considera que em determinadas circunstâncias
a forma meramente canónica já não é a mais adequada. Exemplos
concretos são as Fundações, as SARL (sociedades anónimas de responsabilidade limitada) e as Associações.
2. Ao nível da Família na sua globalidade
A Família de S. João de Deus deseja encontrar uma estrutura que
acolha a todos os seus membros e defina a sua identidade e o seu
papel, assim como os seus direitos e deveres. Neste sentido, propomos
alguns exemplos concretos:
a. PJP (Pessoa Jurídica Pública). É uma forma canónica aprovada
pela Igreja, que permite dar continuidade à missão da Ordem
criando uma estrutura diferente, na qual podem participar
todos os membros da Família. Pode realizar-se em associação
88
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
com outras instituições (por ex., a Província da Oceânia), ou
como uma Instituição única (por ex., a Província da Europa
Ocidental). No último caso, pode-se prever que o Superior Geral
e o seu Conselho mantenham a capacidade decisória na PJP.
b. Movimento ou Associação. Falamos dos Colaboradores que desejam unir-se à Família de S. João de Deus de uma forma mais
próxima, tendo em vista levar por diante e promover a missão
da hospitalidade, segundo os valores e a filosofia da Ordem
Hospitaleira.
O Movimento da Hospitalidade de S. João de Deus é uma realidade que acolhe aqueles que aderem aos valores que animam a
Ordem, e não só os que pertencem à fé cristã. Pode assumir uma
forma canónica ou civil, conforme as circunstâncias. Terá que
contar com um Estatuto (ou Regulamento) que defina as suas
finalidades, as formas de participação, os direitos e deveres e o
modo de se relacionar com a Ordem.
Existem exemplos concretos noutras Ordens e Congregações, como
por exemplo os Cavaleiros de Malta, os Franciscanos, os Salesianos
ou os Focolarinos.
II. Propostas ao Capítulo
Apresentamos ao Capítulo Geral as seguintes propostas tendo em
vista promover novas estruturas que deem suporte à Família de S.
João de Deus.
1. Para que os Colaboradores possam participar de forma mais
comprometida e, assim, consolidar a Família Hospitaleira de S.
João de Deus, promovem-se em todas as Províncias da Ordem
associações, movimentos ou outros tipos de organizações, que
devem ser reconhecidos pela Ordem e pela Igreja, e, se necessário, pelas autoridades civis.
1.a Estas associações, ou movimentos, terão que fundamentarse no carisma e na espiritualidade de S. João de Deus, tendo
como único objetivo promover e prosseguir a missão evangelizadora da hospitalidade, segundo o estilo do Fundador.
89
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
2.
3.
4.
5.
90
Terão que estar vinculados à Ordem na forma e segundo o
modo que se estabeleça.
1.b Tais entes devem definir os critérios de adesão pessoal,
pertença e compromisso, assim como os deveres e os direitos
dos seus membros.
1.c O Governo Geral nomeará uma Comissão para elaborar um
projeto básico de Estatutos para a Família Hospitaleira de
S. João de Deus, isto é, para estas novas entidades e a forma
de elas se relacionarem com a Ordem.
Estruturar um órgão que permita às diferentes partes que
compõem a Família de S. João de Deus fazer sentir a sua voz
e confluir nas linhas programáticas que no futuro terão de
orientar a missão de Hospitalidade. Como se pode organizar?
Será organizado a nível das Províncias (como primeiro nível de
animação) ou pelo Governo Geral (a nível de toda a Ordem)? Ou
contará com ambos os níveis?
Vista a considerável autonomia da qual gozam atualmente
as Províncias da Ordem, e considerando a situação mundial
contingente na qual os nossos Centros e Serviços se tornam
cada vez mais complexos e, por conseguinte, requerem uma
maior intervenção por parte da Cúria Geral, poderíamos prever
a hipótese de estabelecer um tipo de relações diferentes entre
esta e as Províncias, reconhecendo uma maior capacidade de
ação à Curia Geral.
Pelo que diz respeito ao papel dos Irmãos na estrutura da Família, cabe-lhes a tarefa de a orientar com competência, dedicação
e visão de futuro, garantindo que todos os objetivos por ela
traçados para si mesma estejam em sintonia com os valores da
Ordem e, por conseguinte, em coerência com a consecução do
objetivo fundamental, que consiste na evangelização através
da misericórdia, da caridade e da hospitalidade. Por outras
palavras, devem ter a capacidade de animar a realidade em que
vivem e realizam a missão.
Na estrutura da Família de S. João de Deus, o papel dos Irmãos é
transversal, isto é, eles devem ser pontos de referência, capazes
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
de escutar, mas também de orientar as perspetivas que partilham com os Colaboradores.
6. Quanto ao papel dos Colaboradores, através do seu trabalho
profissional, bem feito e realizado com competência, estes
devem testemunhar os valores da Ordem. O seu trabalho no
âmbito do Centro ou da estrutura deve ser valorizado, porque
podem dar um grande contributo à Família, mesmo que tenham
uma bagagem diferente sob os pontos de vista cultural, religioso
ou espiritual.
7.
Na estrutura da Família de S. João de Deus, o papel dos Colaboradores consiste em oferecer o melhor serviço possível aos
doentes e a quantos se encontram em situações de necessidade,
contribuindo assim para a missão evangelizadora da Ordem e
para o diálogo intercultural e inter-religioso.
8. Considerar a possibilidade de o novo Governo Geral decidir que
o lugar de residência dos Conselheiros Gerais coincida com o
das áreas de responsabilidade que lhes forem confiadas.
Definir os critérios, necessidades e metodologias quando for oportuno
fundir Províncias.
III. Documentos
Vita consecrata, 1996. Nº 54.
Partir de Cristo, 2002. Nº 31.
Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos. 22, 90.
Declarações do LXVI Capítulo Geral, Roma 2006, IV, 2, C.
Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992.
Nº 63,122,123.
6. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 3.1.7; 5.3.2.5.
7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, cap. 3.
1.
2.
3.
4.
5.
A.3. IDENTIDADE DOS IRMÃOS
1. Definição
Somos uma Ordem religiosa de Irmãos chamados a encorajar, favorecer
e criar laços de fraternidade (cf. EG 1). A definição do carisma segundo
91
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
as nossas Constituições indica o aspeto central de nossa identidade
como religiosos hospitaleiros: “...em virtude deste dom [a hospitalidade],
somos consagrados pela ação do Espírito Santo, que nos torna participantes,
de maneira singular, do amor misericordioso do Pai. Esta experiência
transmite-nos atitudes de benevolência e de dedicação, torna-nos capazes
de cumprir a missão de anunciar e realizar o Reino de Deus entre os pobres
e os doentes; transforma a nossa existência e faz com que, através da nossa
vida, se torne manifesto o amor especial do Pai pelos mais fracos, que nós
procuramos salvar segundo o estilo de Jesus” (Const. 2b).
A construção desta identidade fundamenta-se em três pilares: consagração, comunidade, missão.
a) Somos consagrados em Hospitalidade:
Somos chamados a ser protagonistas do anúncio do Reino a partir da
nossa consagração vital à Igreja: “...o motivo da nossa existência na Igreja
é viver e manifestar o carisma da hospitalidade segundo o estilo de S. João
de Deus...” (Const. 1), “...com a profissão pública dos votos de castidade,
pobreza, obediência e hospitalidade” (Const 5c).
A hospitalidade integra e ilumina a nossa vida, sendo o ponto central
que nos ajuda a entender, interpretar e viver a nossa consagração.
Implica a entrega total a Deus e às pessoas doentes e vulneráveis, sendo
modelo de entrega e hospitalidade para toda a Família de S. João de
Deus, através da sua espiritualidade e da sua dedicação por inteiro ao
projeto de Hospitalidade iniciado por S. João de Deus.
b) Somos religiosos Irmãos chamados a viver em Comunidade
“A participação no mesmo carisma constitui-nos numa família na qual
celebramos a fé, nos sentimos e vivemos como Irmãos e cumprimos a missão
comum de servir os doentes e os necessitados” (Const. 26c). “A hospitalidade que recebemos como dom empenha-nos a viver a fraternidade com
simplicidade” (Const. 36b).
Todos os Irmãos somos chamados a construir a Comunidade como
espaço de comunhão de fé, de vida fraterna e de vida apostólica, procurando as formas adequadas e tendo em conta a realidade e o número
de Irmãos onde a Ordem se encontra presente. A Comunidade religiosa
92
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
é o espaço para viver e manifestar com alegria a nossa identidade, a
nossa consagração e o valor evangélico da fraternidade.
A Comunidade religiosa é o ponto de referência para toda a Família
de S. João de Deus, como uma “central elétrica espiritual” que, com
o seu exemplo, irradia os valores do Evangelho da Hospitalidade e é
capaz de irmanar e criar fraternidade. São células de fraternidade e
hospitalidade abertas a partilhar a sua espiritualidade e os seus dons
com os outros membros da Família de S. João de Deus e com as pessoas
doentes e necessitadas.
c) Somos testemunhas e profetas da missão da Hospitalidade
As nossas Constituições definem a missão da seguinte forma: “Encorajados pelo dom que recebemos, consagramo-nos a Deus e dedicamo-nos
ao serviço da Igreja na assistência aos doentes e aos necessitados, com
preferência pelos mais pobres. Deste modo, manifestamos que o Cristo
compassivo e misericordioso do Evangelho permanece vivo entre os homens,
e colaboramos com Ele na sua salvação” (Const 5).
Somos consagrados por inteiro à missão, como testemunhas e profetas,
anunciando, praticando e promovendo a Hospitalidade segundo o
estilo de S. João de Deus e em comunhão com todos os que formamos
a Família de S. João de Deus.
Nos dias de hoje, os Irmãos e as comunidades continuam a ter, na
missão que a Ordem desempena, uma importância fundamental. É
certo que, relativamente a outros tempos, mudaram as formas concretas, os modos e os papéis. Trata-se de uma exigência do processo
de renovação para o qual continuamos a ser chamados. A força dos
Irmãos e das comunidades consiste atualmente em oferecer uma
liderança de hospitalidade, um testemunho de entrega total e em
sermos acompanhantes dos Colaboradores, oferecendo-lhes com
simplicidade os valores próprios da nossa espiritualidade e do nosso
carisma. Os elementos que identificam e caracterizam o novo papel
do Irmão são os seguintes:
c.1) “Os Irmãos deverão ser guias ético-morais, tornar-se consciência crítica,
antecipação criadora e inovadora, e sinal profético da boa nova para os
93
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
pobres, os doentes e os necessitados de hoje, de todas as culturas e religiões”
(Carta de Identidade, 3.2.2).
ρ Guias ético-morais: o Guia é aquele que vai à frente, quem conhece o
caminho ou, pelo menos, aquele que o procura com determinação,
aquele que vive os valores e a filosofia da Ordem e o demonstra
com o seu exemplo. Aquele que promove e sabe trabalhar em
equipa. O companheiro dos Colaboradores. Aquele que está presente nos momentos difíceis para os outros. É o seu testemunho
que o torna líder e guia moral.
ρ Consciência crítica: aquele que observa e demonstra sensibilidade
pelos valores da hospitalidade e, perante isso, é crítico, nunca se
contentando com pouco mas, antes, procurando o máximo. Porém,
a sua crítica é construtiva, sendo o primeiro a a dar o exemplo
de trabalho, comprometendo-se nessa busca e mostrando a sua
sensibilidade com os factos. Vela para que a missão corresponda
aos valores da Ordem. Sem deixar de ser consciência crítica, sabe
mostrar o seu apoio e proximidade aos que exercem cargos de
responsabilidade.
ρ Antecipação criativa e inovadora: é aquele que procura e está
aberto às novidades que melhorem a qualidade assistencial e a
hospitalidade em geral. Valoriza o que é antigo, se for bom, mas
não se agarra apenas às tradições. Escuta, dá confiança às novas
propostas, procura e compromete-se com as respostas a dar às
novas necessidades, promovendo a humanização da assistência.
Preocupa-se com a sua formação pessoal, pastoral e profissional
(integral, sólida e permanente) e promove a dos outros Irmãos
e Colaboradores.
ρ Sinal profético da boa nova para todos: é consequência de tudo
quanto se disse acima. É uma testemunha do que vive, a hospitalidade. É um exemplo. Observa e escuta, pondera e partilha
para procurar o que é melhor. É crítico quando a hospitalidade
é traída, mas fá-lo sempre através do compromisso. Sempre
que é procurado, ou quando alguém precisa dele, está presente
e disponível. Faz tudo para fazer chegar aos doentes, pobres e
94
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
necessitados o amor, a misericórdia e a hospitalidade à maneira
de João de Deus.
c.2) “O papel do religioso deve ser como o do fermento no pão, dar testemunho
vivo do seguimento radical de Cristo e ser expressão clara do carisma que
recebeu, para cuja missão orienta e dispõe a sua vida” – (Cf. Donatus
Forkan, O rostro mutável da Ordem, 3.2.2).
Neste sentido, todos os religiosos têm sempre uma missão a desempenhar na Hospitalidade, independentemente da idade, da preparação
profissional e inclusivamente da doença.
c.3) “Os Irmãos devem construir um tecido comunitário novo, no qual a
condição de “proprietários” das obras fique equilibrado pela função de “animadores”, abrindo-se a uma partilha mais convicta e coerente com quantos
querem unir-se a eles com laços mais estreitos” (Carta de Identidade 8.2).
O título de propriedade é apenas um meio para a prática da Hospitalidade: não devemos torná-la num ponto de força. A relação com os
membros da Família de S. João de Deus não pode nem deve ser entendida em termos de luta pelo poder, mas como um apelo a trabalhar em
comunhão para um mesmo fim, a hospitalidade, partindo cada um da
própria realidade concreta.
Os Irmãos devem mostrar-se apaixonados pelo projeto de hospitalidade. O papel do Irmão não deve consistir em primeiro lugar
no exercício do poder, mas em animar, em criar influência, em
exercer influência ao seu redor, nos valores e na filosofia da Ordem.
A autoridade fundamental que nós, Irmãos, devemos mostrar perante
os outros, especialmente os Colaboradores, é a autoridade moral,
que se consegue e se adquire diariamente mediante o testemunho e
o exemplo, sabendo estar e ser verdadeiros ícones da hospitalidade.
II. Propostas ao Capítulo
A fim de reforçar e projetar a identidade do Irmão de S. João de Deus
nos dias de hoje e olhando para o futuro no âmbito da Família de S.
João de Deus, propomos ao Capítulo Geral:
95
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
1. Cuidar da vida espiritual dos Irmãos e das Comunidades e promovê-la de acordo com a espiritualidade da Ordem, como eixo
fundamental para alimentar a consagração em hospitalidade.
Para isso, é necessário impulsionar o conhecimento pessoal e
comunitário do documento Caminho da Hospitalidade segundo
o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da Ordem, que deverá
ser um documento de referência e de avaliação para os Irmãos
e para as Comunidades.
2. Promover e proporcionar espaços comunitários para os Irmãos
tendo como objetivo partilhar a oração, a leitura crente da vida
ou a lectio divina, temas de discernimento, revisão de vida e
correção fraterna.
3. Impulsionar, partindo do projeto comunitário, a criação de
espaços para partilhar com a Família de S. João de Deus a oração,
a celebração litúrgica e outros aspetos da vida comunitária.
4. Rever as atuais estruturas comunitárias, criando novas formas
de vida comunitária abertas à Família Hospitaleira, que garantam um número suficiente de membros e ajudem a fidelizar o
carisma e a promover a Família de S. João de Deus.
5. Cuidar da fraternidade como valor central da nossa missão
hospitaleira, da qual todos os Irmãos somos corresponsáveis,
e promovê-la.
6. Definir com os Superiores respetivos o projeto apostólico pessoal, de cada Irmão, e comunitário, de cada Comunidade, fazendo
com que os Irmãos estejam próximos dos doentes e das pessoas
por nós assistidas.
7. Impulsionar, na medida possível, a formação profissional e
pastoral de todos os Irmãos para facilitar o seu compromisso
de serviço e animação na missão de Hospitalidade.
8. Formar os Irmãos para desempenharem o novo papel que nos
é pedido nos dias de hoje, especialmente quanto à consciência
crítica e à integridade pessoal, para sermos guias morais, animadores, promotores e acompanhantes da expansão do carisma
da Hospitalidade.
96
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
9. Elaborar nos Centros e Serviços das Províncias e Delegações
projetos concretos nos quais os Irmãos possam desempenhar
o papel para o qual somos chamados nos dias de hoje.
10. Potenciar a presença de alguns Irmãos de cada Província ou
Delegação em projetos de assistência a novas necessidades.
III. Documentos
Vita consecrata, 1996, nº 42-47; 54; 60; 72; 83; 85-95.
Partir de Cristo, 2002, nº 12-13.
A vida fraterna em comunidade, 1994. Especialmente os capítulos 2 e 3.
Constituições da Ordem, 1984. Artigos 1; 2; 5; 26; 36.
Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigo 1.
Carta de Identidade da Ordem, 1999. Nº 3.2.2; 8.2.
Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009. Nº 3.2.
A.4. IDENTIDADE DOS COLABORADORES
I. Definição
A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus está a atravessar momentos
de grandes mudanças à medida que os Irmãos passam da condição de
proprietários e gestores dos Centros a adotar a nova estrutura que se
está a desenvolver e que denominamos “Família de S. João de Deus”, em
sintonia com quanto indicam os Estatutos Gerais da Ordem (EG, nº 20).
Esta mudança foi impulsionada por vários fatores, entre os quais
destacamos os seguintes:
ρ O apelo dirigido pelo Concilio Vaticano II aos leigos, incentivando-os a porem em ação a sua fé e a assumirem na Igreja a
responsabilidade pela gestão dos bens terrenos.
ρ O apelo dirigido pela Igreja aos Institutos de Vida Consagrada para
partilharem com os leigos o carisma, a missão e a espiritualidade
própria.
ρ O desejo da Ordem de assegurar que a missão, o património cultural e espiritual, os valores e, em geral, a filosofia, são a garantia
do futuro.
97
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ As exigências do direito civil e do direito canónico para assegurar
a continuidade do governo das instituições relacionadas com a
Igreja, como a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
Outros fatores que não podemos ignorar também fazem parte das
causas das mudanças mencionadas: a escassez de vocações, a redução
do número de Irmãos e o aumento da média das suas idades, assim
como o aumento do número de Colaboradores no desenvolvimento
da missão e nos cargos de direção e gestão.
João de Deus e o Carisma da Hospitalidade que ele recebeu de Deus e
legou aos seus seguidores são aquilo que nos confere a nossa identidade
e nos une como membros da Família de S. João de Deus numa missão
comum. Os Irmãos e Colaboradores, como membros dessa Família,
são corresponsáveis pela realização da missão de Hospitalidade.
Por conseguinte, e para além das características pessoais de cada
um, o ponto comum que identifica os Irmãos e Colaboradores como
membros da Família de S. João de Deus é a sua participação na missão
e no projeto evangélico de hospitalidade da Ordem de S. João de Deus.
Sem dúvida, existem entre os Colaboradores diversas motivações e
modos de participar que configuram e completam a identidade de cada
um, tendo em conta que pertencem a diferentes culturas e crenças
(Cf. Estatutos Gerais, nº 21-22).
a) Aqueles que se vinculam como leigos, partindo do seu compromisso
com a fé católica, que também partilham o dom da hospitalidade
e o plasmam a partir da sua identidade e do seu compromisso
com o projeto da Ordem, tanto a nível profissional como humano
e cristão. “Nos próprios hospitais e casas de saúde católicos, geridos
por pessoal religioso, torna-se cada vez mais numerosa e, por vezes,
até total e exclusiva a presença dos fiéis leigos, homens e mulheres:
eles mesmos, médicos, enfermeiros, operadores de saúde, voluntários,
são chamados a tornar-se a imagem viva de Cristo e da Sua Igreja
no amor para com os doentes e os que sofrem” (Christifideles Laici,
nº 53).
b) Os que se vinculam a partir de outras crenças religiosas ou com
outras motivações humanas e profissionais. Na medida em que
98
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
vivem e realizam o serviço às pessoas que assistem com amor
e dedicação, participam do Espírito de S. João de Deus. “Jesus
permite-nos descobrir um modo de comunhão e solidariedade entre
os homens, que vai para além da consciência e da confissão da
fé. Em sintonia com o evangelho de S. Mateus (cap. 25, 37-40), ...é
importante que continuem abertos a João de Deus, para imitarem o
estilo de serviço que ele soube infundir no hospital e que os seus Irmãos
herdaram... Nesta ótica, participam do carisma de João de
Deus, não só como possíveis beneficiários que podem encontrar
no testemunho da sua vida a manifestação da existência de Deus,
que se fez próximo do homem para lhe manifestar o seu amor,
mas como Colaboradores do projeto evangélico e hospitaleiro de
S. João de Deus na tarefa de tornar o mundo um “lar” em que todas
as pessoas se sintam irmãos. Na realidade, foi nisto que consistiu a
obra de Jesus e para este fim se orienta a ação do Espírito na Igreja”
(Cf. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida,
122-123, pág. 61/62).
Os Colaboradores oferecem à Família, além do seu trabalho e serviço,
as suas qualidades, as suas atitudes, os seus valores e as suas crenças,
que enriquecem o projeto da hospitalidade da Ordem, o qual é inclusivo
e integrador.
II. Propostas ao Capítulo
1. A fim de impulsionar e consolidar a identidade e a participação
dos Colaboradores na Família de S. João de Deus, propomos à
consideração do Capítulo Geral quanto segue:
τ Impulsionar o papel do Colaborador, de modo a ajudá-lo a consolidar a sua identidade dentro da Família de S. João de Deus, com
as seguintes características fundamentais:
τ Partilhar e promover o carisma e a cultura de hospitalidade da
Ordem (valores, princípios, ética, filosofia).
τ Partilhar com os Irmãos a responsabilidade pela hospitalidade,
sendo testemunhas dela.
99
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
τ Acolher e promover a missão e as características peculiares das
obras da Ordem Hospitaleira com um forte sentido de pertença
(aceitá-lo interiormente, sentir-se em sintonia com ele).
τ Assumir a animar ativamente o projeto da Ordem (Dirigentes).
τ Trabalhar com competência técnica (qualidade, excelência),
segundo os princípios da gestão carismática.
τ Espírito de grupo e capacidade de trabalho em equipa – capacidade
de diálogo e recetividade ao diálogo com os Irmãos e os demais
Colaboradores, baseado na confiança recíproca e na amizade.
τ Sentido de justiça, sinceridade e sensibilidade para com o próximo.
τ Espírito crítico e profético para defender a dignidade humana.
2. Avaliação dos Colaboradores: uma parte importante consiste na
avaliação do desempenho. Todos os Centros deveriam contar
com um sistema para proceder à avaliação dos seus Colaboradores, o que implica o respetivo processo de desenvolvimento
e acompanhamento. Tal avaliação não deveria tomar em consideração apenas o rendimento do Colaborador do ponto de vista
técnico o profissional, mas verificar também se ele atuou de
forma coerente com o facto de ser membro da Família de S. João
de Deus, como indicado no ponto 6.1.1 da Carta de Identidade
da Ordem.
3. Encontros internacionais: sugere-se a realização de 2 ou 3 encontros por ano, com a participação de representantes dos diferentes países ou regiões, tendo por finalidade:
τ Dialogar e avaliar a forma como os Centros, geridos cada vez mais
pelos Colaboradores, estão a realizar e a promover a Hospitalidade.
τ Dialogar e partilhar ideias, projetos, investigações e inovações sobre
a forma de realizar a missão de S. João de Deus em todo o mundo.
Este seria um bom método para sustentar a identidade da Família
de S. João de Deus. Seria possível recorrer também às tecnologias
de informação e comunicação para facilitar a realização de tais
reuniões.
4. Definitório Geral Alargado: a constituição do Definitório Geral
Alargado foi um primeiro passo para a integração e o reconhecimento do papel desempenhado pelos Colaboradores no
100
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Definitório Geral. Deveríamos pensar no modo de aproveitar
esta experiência noutros grupos, tanto a nível regional como
provincial.
5. Promover grupos de Irmãos e Colaboradores nas Províncias e Delegações, os quais, livremente e com a frequência considerada
oportuna, se encontrem para orar, refletir sobre a vida e a
missão da Família de S. João de Deus, bem como sobre a forma
de a partilharem.
III. Documentos
Christifideles laici, 1988. Nº 2; 15; 41; 53.
Vita consecrata, 1996. Nº 54.
Constituições da Ordem, 1984. Artigos 23ª; 46b; 51e.
Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Capítulo II.
Carta de Identidade da Ordem, 1999. 1.1; 1.2; 3.1.7; 3.2.2; 7.3.2.2;
cap. 8.
6. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992.
Capítulos 3 e 4.
7. Forkan, Donatus, O rosto mutável da Ordem, 2009. Pontos 2.3.3;
2.3.5; 3.1; 3.4
1.
2.
3.
4.
5.
A.5. PASTORAL VOCACIONAL E FORMAÇÃO DOS
IRMÃOS
I. Pastoral Vocacional
1. Definição
Chamamos pastoral vocacional ao conjunto de ações de informação,
convite e vivência de experiências com um ACOMPANHAMENTO
formado e apropriado para discernir o “chamamento a seguir a Jesus,
segundo o estilo de S. João de Deus” (LF, 2a) como consagrados.
A Igreja e a Ordem, especialmente nos dias de hoje, chama-nos a
promover a vocação para a vida consagrada em hospitalidade tornando
visível o sentido e o significado da mesma, com os meios necessários
e apropriados ao nosso alcance.
101
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Deve-se realizar a partir da pastoral juvenil, com os métodos, nas
formas e usando linguagens adequados às diversas culturas onde a
Ordem está presente. Apesar de alguns Irmãos realizarem de forma
mais concreta este serviço para a Ordem, todos os Irmãos e as Comunidades são chamados a ser membros ativos da pastoral vocacional,
com a oração e o testemunho jovial da nossa vida consagrada.
2. Propostas ao Capítulo
1. Tornar visível o seguimento de Jesus com radicalidade evangélica, através da vida religiosa hospitaleira, que se deve concretizar na vivência coerente das atitudes de hospitalidade:
acolhimento misericordioso, serviço e compromisso com as
causas dos mais necessitados.
2. Adaptar de maneira explícita a cada cultura, as indicações, critérios e afirmações do Libro de Formação da Ordem relativamente
à pastoral vocacional. Para isso, é necessário:
a. Saber claramente qual é a mensagem a transmitir aos Irmãos e
aos candidatos. Ser abertos, inclusivos e não confundir.
b. Dispor de meios e pessoas com tempo e formação para acompanhar.
c. Reforçar a vida dos Irmão e das Comunidades religiosas como
melhor testemunho da alegria da vocação.
d. Favorecer núcleos comunitários hospitaleiros abertos a jovens que
queiram partilhar a sua vida com Irmãos e com Colaboradores.
e. Integrar Colaboradores no trabalho e na promoção da pastoral
juvenil vocacional.
6. Dispor de um plano de pastoral vocacional escrito e que se possa
avaliar em termos de ações e resultados.
7. Incentivar os Colaboradores a assumir o projeto da hospitalidade
e os seus valores informando e partilhando espaços de reflexão,
oração e compromisso a partir da fé.
8. Envolver com o exemplo da própria vida toda a Família Hospitaleira na pastoral vocacional, pois dela depende o futuro da
vida consagrada na Ordem e a integração e corresponsabilidade
dos Colaboradores na mesma Família como impulsionadores da
Hospitalidade. Para isso, é necessário criar e fomentar um clima
102
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
laboral e de compromisso pessoal que favoreça as vocações dos
Colaboradores para a Hospitalidade.
II. Formação dos Irmãos
1. Definição
Entendemos por formação dos Irmãos o processo contínuo de inserção,
enriquecimento e desenvolvimento da personalidade e identidade do
Irmão de S. João de Deus, como pessoa crente e consagrada, procurando
alcançar a vivência profunda da vocação hospitaleira, tal como é proposto pelas nossas Constituições. Trata-se de um processo que nunca
termina e abrange fundamentalmente duas etapas: formação inicial,
até à profissão solene, e formação permanente, até ao fim da vida.
A formação dos Irmãos deve ter em vista manter um tom espiritual
e de autoridade moral que lhes permita serem consciência crítica,
fazerem denúncia profética, transmitirem o sentido de pertença e
atitudes evangélicas, tornando-se dessa forma ícones de hospitalidade.
Em grande parte, o futuro da vida dos Irmãos, das Comunidades e da
própria Ordem dependem do seu adequado processo formativo, o qual
deve ser, especialmente nos dias de hoje, integral e sólido em todos
os sentidos: pessoal e comunitário, humano e religioso, profissional
e pastoral.
2. Propostas ao Capítulo
Insistir para que os Irmãos vivam com profundidade e coerência o
processo/itinerário formativo ao longo da vida, como preparação e
desenvolvimento da consagração, seguindo as linhas propostas no
Libro de Formação da Ordem para a formação inicial, permanente e
formação de formadores. Para isso:
1. Viver com harmonia a nossa consagração a Deus e aos Irmãos
através da vivência da nossa missão – experiência de hospitalidade – proximidade às pessoas, contacto com o sofrimento...,
dando-lhe sentido com a personalização da vida de fé e da
espiritualidade da Ordem.
2. Disponibilizar os meios para que todos os Irmãos mantenham
e desenvolvam o sentido da sua vocação, atualizando os seus
103
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
compromissos humanos/espirituais e cuidando dos espaços
comunitários, como parte essencial do processo, para criar uma
rica personalidade e identidade de Irmão de S. João de Deus.
3. Identificar o Irmão de S. João de Deus do futuro pela sua coerência evangélica e por uma fé personalizada firme, capaz de
favorecer uma leitura crente da realidade, com uma personalidade hospitaleira que tenha uma forte sensibilidade em relação
às necessidades dos outros, o que se cultiva com o compromisso
fiel e permanente à oração pessoal e comunitária.
4. Organizar para a formação inicial dos religiosos formas de
colaboração entre as Províncias da Ordem e, nos casos em que
for possível, ponderar a possibilidade de aderir a projetos de
formação que prevejam um trabalho partilhado entre vários
institutos religiosos (EG 66,68).
5. Realizar em cada Província ou Delegação um programa de
formação permanente para os Irmãos, adaptado segundo as
necessidades dos mesmos, de acordo com quanto indicado pelos
Estatutos Gerais da Ordem (EG 89).
6. Manter um esforço permanente na atualização de conhecimentos e experiências de acompanhamento do sofrimento humano
e espiritual das pessoas.
7. Formar para poder dar respostas em âmbitos significativos
da missão dos Irmãos: Pastoral da Saúde, bioética, espaços de
assistência com maior vulnerabilidade, humanização da assistência, atenção ao utente, escola de hospitalidade, transmissão
dos valores e identidade da Ordem...
8. Dispor de um projeto e programa de promoção e atualização
de formadores a nível Interprovincial ou em cada Província,
Vice-província ou Delegação.
9. Identificar e formar Colaboradores os quais, juntamente com
os Irmãos, se corresponsabilizem pela formação dos religiosos.
10. Formar Irmãos e Colaboradores para harmonizar as exigências da gestão com a missão evangelizadora, superando o mais
possível as incoerências e ambiguidades, de modo a favorecer
o crescimento recíproco.
104
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
III. Documentos
1. Vita Consecrata, 1996. Nº 63-71.
2. Potissimum institutioni. A formação nos Institutos Religiosos, 1990.
3. Constituições da Ordem, 1984. Capítulo IV.
4. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Capítulo IV.
5. Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, 2000.
6. Mion, R. Pesquisa sobre o Estado da Formação na Ordem, 2006
A.6. FORMAÇÃO DOS COLABORADORES
I. Definição
De acordo com os sinais do nosso tempo, a missão da Ordem está a ser
realizada pela “Família de S. João de Deus”, da qual os Colaboradores
são parte essencial. Portanto, a formação dos Colaboradores é mais
importante do que nunca no mundo atual, para assegurar o seu
conhecimento da Ordem, da pessoa de S. João de Deus, dos valores, da
cultura e da filosofia em que se baseia a Ordem e a sua organização.
Um dos principais objetivos da formação é a integração das qualidades profissionais dos Colaboradores com os valores cristãos e de S.
João de Deus que caracterizam a nossa missão na Igreja, dedicada à
assistência dos doentes, necessitados e marginalizados. A formação
é algo mais do que mera informação: trata-se de um processo organizacional integrado que envolve todas as pessoas, de forma holística,
que requere a aprendizagem de novos conhecimentos e a experiência
vivencial e da cultura institucional; é um processo que dura toda a
vida. A formação deve promover nos Colaboradores, para além do seu
contrato laboral, a consciência de pertencerem à Família de S. João
de Deus e a sua disponibilidade para trabalhar segundo a filosofia e
os valores de S. João de Deus.
O programa de formação tem como objetivo dar a oportunidade aos
nossos Colaboradores de:
ρ Refletir sobre a filosofia, os valores e a espiritualidade de S. João
de Deus, cultivando-os nas suas próprias vidas.
105
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
ρ Estudar a identidade, a missão e os valores da Ordem Hospitaleira
de S. João de Deus.
ρ Renovar, cultivar e transmitir às gerações futuras a filosofia, os
valores e a espiritualidade da Ordem.
ρ Promover a integridade pessoal e corporativa através do modo de
viver os valores, a filosofia e a espiritualidade da Ordem.
Diretrizes para desenvolver estratégias de formação
Embora a palavra “Colaborador” se refira frequentemente aos leigos
que trabalham nos Centros e nos Serviços da Ordem, o termo inclui
também os Benfeitores e os Voluntários. Claramente, por razões
práticas, no momento de elaborar estratégias de tipo geral, devemos
considerar que a maioria absoluta das pessoas que irão participar
nos programas de formação é constituída por membros do quadro de
pessoal dos nossos Centros. No que diz respeito aos Voluntários, a sua
formação deverá ser integrada, dependendo do tempo de colaboração
como Voluntario e do nível de formação que se deseje alcançar.
O grupo do pessoal inclui vários níveis, dos quais indicamos seguidamente alguns:
ρ Primeiro nível: o Colaborador que deseja simplesmente ser um
bom profissional, compreendendo e respeitando a filosofia e os
valores da Ordem.
ρ Segundo nível: o Colaborador que deseja alcançar uma compreensão
mais profunda da filosofia e dos valores da Ordem, reconhecendo
a sua missão no mundo e desejando participar e empenhar-se
mais intensamente nela.
ρ Terceiro nível: o Colaborador que se sente muito identificado com
a Ordem, partilhando a sua filosofia e os seus valores e desejando
envolver-se o mais possível na sua missão de evangelização.
Etapas da formação
106
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
As etapas estão relacionadas com o grau de identificação da pessoa
com a missão da Ordem.
ρ Primeira etapa: dirigida a todos os Colaboradores quando iniciam
o seu trabalho num Centro da Ordem. Consiste em receber uma
iniciação/orientação de base sobre a estrutura da organização,
os valores, a filosofia e a cultura da Ordem.
ρ A segunda fase da primeira etapa é oferecida às pessoas desprovidas de conhecimentos sobre o cristianismo e sobre as estruturas
e normas da Igreja católica.
ρ Segunda etapa: trata-se de impulsionar um processo de formação
permanente para os Colaboradores a partir de um certo tempo
de presença na Ordem. Por exemplo, na Província da Europa
Ocidental, esta fase é implementada através de programas de
gestão e supervisão organizados pelo Departamento de Recursos
Humanos e pelo Programa Fundacional do Instituto (Escola) de
Hospitalidade.
ρ Terceira etapa: destina-se às pessoas que, através das suas ações
e das suas atitudes, se identificam como pessoas que assumiram
a filosofia e os valores da Ordem e demonstram qualidades de
liderança (desempenhando cargos de responsabilidade diretiva
na Instituição).
Programas de formação
A Escola da Hospitalidade, em coordenação com o Departamento
de Recursos Humanos da Província ou Delegação, deverá adotar as
estratégias necessárias, de acordo a sua realidade e as necessidades
concretas, tendo em conta o documento da Ordem “Formação Institucional”- Guia para a elaboração de programas de formação do ColaboradorTrabalhador. À guisa de exemplo, propomos o seguinte programa:
Primeira etapa:
1. História da Ordem:
2. Vida de S. João de Deus.
3. Missão e valores da Ordem.
4. Segunda fase da primeira etapa:
107
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
5. Panorama geral do cristianismo e da Igreja católica, adaptado
aos conhecimentos dos participantes.
Segunda etapa:
1. Desenvolvimento da história de S. João de Deus.
2. Aprofundamento da espiritualidade e dos valores da Ordem.
3. Documentação relevante da Ordem sobre os Colaboradores.
4. A Hospitalidade no mundo.
Terceira etapa:
1. Peregrinação à Granada de S. João de Deus (se não for possível,
uma apresentação virtual).
2. Documentação geral da Ordem:
Linhas de ação:
1. Um perfil claro da pessoa joandeína ideal.
2. Articulação de uma cultura ideal de cada Centro e de toda a
organização.
3. Reconhecimento de que o ambiente físico e social dos nossos
Centros é a primeira fonte de formação do nosso pessoal.
4. Avaliação periódica das estratégias de formação e exploração
de outras opções para realizar a formação.
5. Uma metodologia que se baseia na transmissão de conceitos e
na experiência vivencial da cultura e da filosofia da instituição.
6. Investimento em recursos para realizar uma formação eficaz
na Ordem, a todos os níveis.
7. Supervisão atenta das nossas estratégias para assegurar que
todos os aspetos da formação correspondem à herança que
recebemos de S. João de Deus, à nossa visão e missão, assim
como aos valores fundamentais da nossa organização.
8. Enunciação clara dos objetivos de cada “Escola da Hospitalidade”.
II. Propostas ao Capítulo
1. As Províncias e Delegações deverão estabelecer a “Escola da
Hospitalidade” como núcleo da sua formação e como meio para
transmitir a cultura, a filosofia e os valores da Ordem.
108
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
2. As Províncias e Delegações devem promover e organizar programas de formação eficazes através das Escolas da Hospitalidade.
Para isso, cada Província e Delegação deverá selecionar um
certo número de pessoas, incluindo alguns jovens hospitaleiros
e membros mais velhos ou reformados, para que participem e
assumam responsabilidade nesses programas.
3. Estabelecer critérios para a formação comum de Irmãos e Colaboradores baseada no documento “Formação Institucional”- Guia
para a elaboração de programas de formação do Colaborador-Trabalhador e no Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus.
4. Promover programas de formação conjunta para os Colaboradores a nível interprovincial e/ou regional.
5. Supervisionar, a partir da Cúria Geral, a implementação do
documento “Formação Institucional”- Guia para a elaboração de
programas de formação do Colaborador-Trabalhador.
III. Documentos
1. Christifideles laici, 1988. Nº 57-63
2. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos. 23; 24
3. Carta de Identidade da Ordem, 1999. Capítulo 6.
4. Irmãos e Colaboradores unidos para servir e promover a vida, 1992.
Nº 40
5. Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, 2000.
6. “Formação Institucional”- Guia para a elaboração de programas de
formação do Colaborador-Trabalhador. Ordem Hospitaleira de S.
João de Deus, 2012.
7. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009, 3.4.2; 3.5.1;
8. IV Conferência Regional de Europa, 2011. Propostas 13 e 14
B. MISSÃO DA FAMÍLIA DE S. JOÃO DE DEUS
B.1. IDENTIDADE E MISSÃO DOS CENTROS DA ORDEM
I. Definição
A identidade da Ordem e de cada um dos seus Centros e Serviços
e, portanto, a identidade da Família Hospitaleira, define-se pela
109
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Hospitalidade (cf. Const. 6), a qual é um dom do Espírito (carisma) que
nos leva a configurar-nos com o Cristo compassivo e misericordioso
do Evangelho (Const. 2a)... e mediante o qual mantemos viva no tempo
a presença misericordiosa de Jesus de Nazaré (Const. 2c).
Os princípios que fundamentam e exprimem a nossa identidade
encontram-se referidos nos artigos 48-50 dos Estatutos Gerais da
Ordem. O art. 50 afirma que a Hospitalidade é o valor original e nuclear
da Ordem do qual derivam todos os outros, e o Definitório Geral da
Ordem, a partir do valor Hospitalidade, definiu em 2010 os seguintes
valores que deles procedem: qualidade, respeito, responsabilidade e
espiritualidade.
As nossas Obras Apostólicas são e definem-se como Centros confessionais católicos (EG 49a) e a sua missão é a Hospitalidade, ou
seja, evangelizar o mundo da dor e do sofrimento, prestando uma
assistência integral às pessoas assistidas (cf. Carta Identidade, 1.3). Dito
de outra maneira, a missão dos Centros consiste em seguir as pegadas
de Jesus Cristo, Bom Samaritano (Lc 10,25), que passou pelo mundo
fazendo o bem a todos (At 10,38) e curando todo tipo de enfermidade e
tristeza (Mt 4,23), exatamente como fez S. João de Deus que se entregou
por completo ao serviço dos pobres e dos doentes (Const. 1). Esta é a
nossa forma de ser Igreja e de estar na Igreja.
A missão da Ordem adquire na atualidade uma grande extensão e
realiza-se mediante obras próprias e outras que lhe são confiadas.
Do mesmo modo, a missão abrange as pessoas assistidas nas referidas
obras e os seus familiares, e também toda a comunidade social onde
se inserem os Centros, os quais abrem cada vez mais as suas portas
à presença neles de representantes sociais da comunidade nas suas
diferentes dimensões.
Um elemento característico da nossa identidade é a fraternidade.
Por isso, somos chamados a estabelecer e renovar os nossos “laços de
fraternidade” (cf. Const. 36-40; EG 1; CI 3.1.6; Livro da Espiritualidade,
105). A comunhão requer uma forte identidade por parte dos membros
que a constituem, sob pena de a fraternidade se tornar um contentor
no qual se dilui a responsabilidade de cada um. Estabelecido este
fundamento, pode-se proceder a uma visão saudável do trabalho em
110
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
equipa. A fraternidade, antes de se manifestar em formas concretas de
ação, é uma dimensão interior que se nutre da cultura da participação
e colaboração.
A identidade das nossas Obras Apostólicas caracteriza-se sobretudo
pelo seu modelo de gestão e pelo seu modelo e estilo assistenciais, ambos
orientados para a sua missão, tal como foi por nós definido. O modelo
de gestão torna-se cada vez mais importante dada a complexidade
crescente que em geral se regista nos nossos Centros. O modelo de
gestão da Ordem é definido nas suas grandes linhas pela Carta de
Identidade e referido por nós com a expressão gestão carismática.
O modelo assistencial da Ordem deriva da sua missão e fundamentase na Hospitalidade, nos princípios e nos valores que a exprimem.
As suas características fundamentais são as seguintes: um esforço
permanente por prestar uma assistência integral e de qualidade, na
qual se conjuguem os melhores meios técnicos ao nosso alcance com a
assistência humanizada que toda a pessoa merece; a pessoa assistida
constitui o centro de interesse das nossas obras; a assistência espiritual e religiosa, o respeito e a defesa da dignidade e dos direitos dos
assistidos, especialmente dos mais vulneráveis; a atenção biográfica
e a promoção da ética e da bioética, de acordo com os princípios da
Igreja católica; a assistência, a promoção e o respeito dos nossos Colaboradores; o trabalho em equipa; a aposta na formação, na docência
e na investigação.
A sensibilidade em relação aos mais pobres e aos novos necessitados
ocupa um espaço privilegiado na nossa missão, do qual cada Centro
deve cuidar, estando sempre abertos, na medida do possível, a promover e colaborar em novos programas e projetos que tenham em
vista a assistência às pessoas mais vulneráveis.
A missão da Ordem e dos seus Centros num mundo globalizado promove a colaboração e as sinergias entre as Províncias e os Centros. De
modo especial, impulsiona a cooperação com as Províncias e os Centros
que atuam em países em desenvolvimento, através da organização,
coordenação e potenciamento adequados de todas as suas entidades.
111
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
II. Propostas ao Capítulo
A fim de consolidar a identidade dos Centros da Ordem, promover e
impulsionar a missão das Obras Apostólicas, apresentamos ao Capítulo
Geral as seguintes propostas e estratégias:
1. Os Centros da Ordem deverão ter regulamentos ou estatutos,
conhecidos por todos, nos quais se exprima com clareza a sua
identidade, a sua missão e os princípios e critérios do modelo e
estilo assistenciais, bem como do modelo de gestão carismática
2. Nos Centros onde não houver uma comunidade religiosa, a
identidade e a missão da Família de S. João de Deus, deverá ser
garantida predispondo para isso os instrumentos necessários.
3. Todas as obras apostólicas deverão dispor de um serviço de
assistência espiritual e religiosa, através de pessoas adequadamente formadas, com um plano de ação pastoral em sintonia
com as linhas e os critérios do Documento de Pastoral da Ordem.
4. A formação em ética e bioética deverá ser prosseguida, privilegiando-a em cada um dos nossos Centros, no qual deverá
ser criada uma Comissão de Ética, ou pelo menos um Grupo
de reflexão ética, de acordo com a realidade dos mesmos e em
coordenação com a Província.
5. As Províncias e os Centros deverão promover, formar e cuidar
do Voluntariado de S. João de Deus, como forma evangélica e
solidária de abrir a nossa Família a novos membros que se sintam
chamados a praticar e a viver a Hospitalidade de S. João de Deus.
6. A Família Hospitaleira de S. João de Deus está sempre aberta a
realizar novos projetos e a abrir centros e serviços, especialmente para as pessoas mais vulneráveis, desde que sejam necessários e viáveis do ponto de vista evangélico e organizacional,
de modo que sejam garantidas a nossa identidade e missão. Do
mesmo modo, estamos dispostos a encerrar aqueles que não
respeitem os critérios indicados.
7. Na medida do possível, as Províncias e os Centros deverão
realizar e impulsionar a docência e a investigação segundo os
critérios indicados na nossa Carta de Identidade, como uma
forma atual e necessária de levar por diante a nossa missão
112
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
evangelizadora, promovendo e estando sempre abertos ao
diálogo entre fé e ciência.
III. Documentos
1. Deus caritas est, 2005. Nº 20; 21; 25a; 31; 33; 40.
2. Constituições da Ordem, 1984. Artigos: 1; 2; 6; 36-40.
3. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 1; 23-25; 48-50; 53-54.
4. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 1,3; Capítulos 4, 5 e 6.
5. Forkan, D., O rosto mutável da Ordem, 2009. 3.4 e 3.5
6. Forkan, D., Carta circular: “Os valores da Ordem”, 2010
B.2. GESTÃO CARISMÁTICA
I. Definição
A Ordem baseia a gestão dos seus Centros e Serviços no carisma que
lhe foi legado por S. João de Deus, que designamos com a expressão
“carisma da Hospitalidade”.
O conceito subjacente à gestão carismática não é novo para nós. Em
definitivo, os fundamentos daquilo que definimos como nosso carisma
são os nossos princípios, os nossos valores e um estilo próprio que, de
forma mais específica, nos caracterizam e que sempre mantivemos
connosco. Não há dúvida que, para passar de um conceito ideal a uma
compreensão mais prática do que entendemos por gestão carismática,
devemos adotar algumas definições e pensar em avaliações e auditorias
oficiais. Deste modo, poderemos também comparar a gestão e atuação
dos nossos Centros com outras organizações de tipo social ou de saúde,
análogas à nossa, e fazer a distinção.
Os aspetos fundamentais da gestão carismática encontram-se expostos
na Carta de Identidade (5.3) e nos Estatutos Gerais da Ordem (50).
A Comissão Europa da Cúria Geral criou uma subcomissão, formada
por Irmãos e Colaboradores, para desenvolver uma ferramenta de
avaliação da gestão carismática que poderá ser utilizada em todos os
Centros e Serviços da Ordem e que se encontra no documento que em
breve será publicada: A Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de
S. João de Deus: Diretrizes para a avaliação e o progresso da nossa Missão
Apostólica.
113
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Esse documento define a gestão carismática da seguinte forma: “A
Ordem Hospitaleira baseia a gestão das suas Obras Apostólicas no
carisma que lhe foi legado por S. João de Deus, que denominamos
Carisma da Hospitalidade. Este tipo de gestão caracteriza-se pelo facto
de implementar os princípios e valores fundamentais que derivam
do carisma e que consideramos como o “metavalor” que completa a
nossa identidade na Igreja e na sociedade. Este sistema de princípios
e valores fundamenta-se nas Constituições e nos Estatutos Gerais e,
em termos práticos, exprime-se na Carta de Identidade da Ordem.
Todas as responsabilidades da gestão nos centros da Ordem devem
ater-se ao mesmo e promover o nosso sistema de princípios e valores”.
Como dissemos acima, o nosso carisma é constituído pelos nossos
princípios, valores e estilo próprio que nos caracterizam e que sempre
mantivemos. Do mesmo modo, devemos ter em conta que, como
instituição religiosa que somos, a “gestão” também faz parte do nosso
carisma, de maneira que a “questão carismática” deve e impregnar
os nossos estilos de gestão, com todas as características técnicas que
encontramos em qualquer organização, e que, como elas, prosseguem a
“excelência na gestão”, através da denominada “estratégia de melhoria
continua”.
A Ordem Hospitaleira, sendo uma organização corporativa com uma
missão a realizar, precisa de conhecer e aplicar a melhor maneira de
implementar e levar por diante a missão, mantendo ao mesmo tempo
as características da sua identidade. Por outras palavras, deve definir
o seu estilo de gestão, um estilo a que chamamos “gestão carismática”
e que se define pelo nível de identidade que caracteriza e integra a
gestão ordinária dos nossos Centros.
Em definitivo, gestão carismática significa simplesmente fazer bem
as coisas, de forma significativa, seguindo os princípios que justificam e
definem a nossa Instituição e a sua missão. Assim, podemos dizer que
há dois temas que, interrelacionando-se, constituem a essência da
gestão carismática, e que são:
1. 1. As características da identidade da Ordem Hospitaleira.
114
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
2. 2. A realização da missão segundo os princípios de excelência
na gestão da melhoria continua.
II. Propostas ao Capítulo
1. Plano estratégico: realizar por parte de todas as Províncias e
Delegações um plano estratégico geral que defina a missão e
os objetivos da Província no âmbito da missão geral da Ordem
Hospitaleira de S. João de Deus. Tal plano deve estabelecer metas
e objetivos viáveis e coerentes com a referida missão a realizar
dentro de um prazo concreto e deve ser aplicado de acordo com
a capacidade de cada Província para o desenvolver. Ao implementar o plano estratégico é vital maximizar a comunicação,
a participação e o diálogo com o maior número possível de
membros da Família de S. João de Deus, para que colaborem na
sua elaboração e o assumam como próprio quando estiver na
sua fase de desenvolvimento.
Um dos objetivos estratégicos deverá referir-se à introdução,
desenvolvimento e avaliação da gestão carismática nos Centros
e Serviços da Província.
2. Participação dos utentes dos nossos Centros: os princípios fundamentais que caracterizam os Centros e Serviços da Ordem
centram a nossa atenção na pessoa a quem servimos e referemse à nossa obrigação de defender os seus direitos. Nos Estatutos
Gerais da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus pode ler-se que
“promovemos e defendemos os direitos do doente e do necessitado,
tendo em conta a sua dignidade pessoal” (50).
Um elemento muito importante de alguns Centros e Serviços, em
especial dos que são responsáveis pela assistência clínica e social
no âmbito comunitário é o envolvimento cada vez maior das
pessoas que utilizam o Serviço na gestão do mesmo. Exemplos
de Centros e Serviços nos quais se verifica esta tendência são os
dedicados a pessoas com deficiência intelectual, pessoas idosas,
crianças doentes, pessoas sem-abrigo e outros. Os exemplos de
envolvimento dos utentes incluem grupos de defesa dos direitos
dos utentes, e a participação nas equipas de gestão, incluindo
115
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
a participação na seleção do pessoal. Tudo isso de acordo com
a realidade e as possibilidades de cada Centro.
Também se desenvolveram Conselhos de doentes e familiares
nos Hospitais de Agudos, cujo objetivo é que os doentes e os
seus familiares prestem assessoria ao hospital sobre temas que
incluem, embora não apenas, as relações entre os doentes e o
Centro, os Conselhos de revisão do funcionamento do Centro,
iniciativas para melhorar a qualidade, bem como a formação
do doente sobre temas de segurança e qualidade.
Considera-se sumamente importante que o Capítulo Geral
impulsione o envolvimento dos utentes na defesa e gestão
assistencial dos Centros e Serviços da Ordem, em conformidade
com as leis e normas de cada país, avaliando e verificando o nível
de satisfação dos utentes.
3. Colaboradores: cada Centro e Serviço da Ordem deve ter um plano
para desenvolver as competências profissionais dos Colaboradores, o seu desenvolvimento profissional e a sua integração no
Centro ou Serviço, de acordo com a sua visão, missão, filosofia,
os valores e o plano estratégico respetivos,
4. Pessoal diretivo (chefias): concordar os critérios e expectativas
mínimas para a nomeação de Colaboradores como membros
das Equipas de Direção ou dos Conselhos de Administração dos
Centros e Serviços da Ordem (Conferência Regional da Europa).
5. Meio ambiente: um dos elementos importantes da gestão carismática refere-se ao meio ambiente e à forma como nos relacionamos com o mesmo. Os Centros e Serviços da Ordem devem ter
em conta os efeitos das suas ações e decisões, não só no que diz
respeito ao próprio Centro ou Serviço, mas a toda a comunidade,
ao meio ambiente e à sociedade em geral.
Um dos objetivos do plano estratégico deve fazer referência à
responsabilidade e ao respeito que cada Centro deve ter relativamente à comunidade, à sociedade e ao meio ambiente.
III. Documentos
1. Constituições da Ordem, 1984. Art. 100
116
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
2. Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 50; 92a; 162a; Glossário
(gestão carismática).
3. Carta de Identidade da Ordem, 1999. 5.3.
4. A Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus:
Diretrizes para a avaliação e o desenvolvimento da nossa Missão
Apostólica (de 2012.
B.3. SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA DOS CENTROS, PROVÍNCIAS E REGIÕES – CRESCIMENTO
SUSTENTÁVEL
I. Definição
Não devemos considerar o tema da sustentabilidade unicamente nos
seus aspetos económicos, mas refletir também sobre como os valores
da Ordem – hospitalidade, qualidade, respeito, responsabilidade e
espiritualidade – se podem desenvolver de forma sustentável nas
nossas obras.
Durante a sua longa historia, a Ordem demostrou saber gerir, embora
com grandes esforços, numerosas obras em beneficio dos doentes,
assistidos e necessitados, conseguindo um resultado económico
sustentável. Isto constituía e continua a constituir uma premissa fundamental para o crescimento da Ordem e a realização do seu carisma.
Devido a uma multiplicidade de fatores sociais, políticos e organizacionais, muitas vezes é assaz difícil planificar o futuro de uma obra
com bases económicas sólidas. Embora o grande esforço realizado
por alguns Irmãos e Colaboradores que foram precursores se tenha
revelado indubitavelmente digno de louvor e indispensável, não
se deu prioridade, pelo menos em parte, a assegurar uma efetiva
sustentabilidade a nível estrutural.
Cabem-nos a tarefa e a obrigação de oferecermos aos doentes, aos
deficientes e a todas as pessoas que solicitam a nossa ajuda, os nossos
serviços da maneira mais estável e fiável possível. O mesmo se aplica
também aos nossos Colaboradores que, juntamente com as suas
famílias, necessitam de um trabalho garantido.
117
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Devemos ter presente que, atualmente, conseguimos gerir os nossos
Centros de maneira economicamente sustentável apenas nos sistemas
de segurança social e de saúde do primeiro, e, eventualmente, do
segundo mundos, graças a subvenções públicas, a seguros e donativos,
desde que haja uma boa gestão.
Portanto, devemos repensar e impulsionar a solidariedade internacional entre os Centros da Ordem sob uma nova luz (geminações). Este
processo pode contribuir, no Centro que oferece o apoio e no Centro
que o recebe, para uma identificação mais profunda dos Colaboradores
de ambos Centros geminados entre si e com a Ordem.
II. Propostas ao Capítulo: Sustentabilidade – Crescimento
– Solidariedade
1. Cada Centro tem a sua própria autonomia e é chamado a assegurar a sua independência económica. A Cúria Provincial pode,
de acordo com o Centro, oferecer ajuda a programas e projetos
sociais segundo o espírito da gestão carismática. No caso em
que um Centro não possa assegurar a própria sustentabilidade,
a Cúria Geral ou Provincial decidirá, se e como manter a sua
continuidade.
2. Um instrumento indispensável para alcançar um desenvolvimento sustentável consiste em definir com exatidão um plano
económico-financeiro. O seu fundamento consiste em alcançar
um resultado operativo pelo menos em equilíbrio, garantindo
as amortizações e os necessários investimentos. O plano económico-financeiro deveria prever um período possivelmente
longo (por exemplo, cinco anos). Desta forma, garantem-se ao
mesmo tempo a transparência e a responsabilidade.
3. Assegurando-se uma base como esta, o Centro pode prosseguir
o seu próprio crescimento através da expansão, participação ou
aquisição de outros centros numa determinada região, sempre
que isso contribua para melhorar a qualidade da assistência a
nível global.
4. Os Centros da Ordem que nos países industrializados conseguem atingir um desenvolvimento sustentável seguro devem
118
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
5.
6.
7.
8.
promover a solidariedade através da responsabilidade social
corporativa, tanto com os Centros dos países menos favorecidos
como com as necessidades ao seu redor. Uma premissa fundamental é que tal compromisso não prejudique o Centro na sua
essência e/ou a qualidade dos serviços que oferece.
Devemos comprometer-nos a convidar as pessoas à solidariedade e encorajá-las a serem generosas. Para esse fim, é necessário dirigir-nos diretamente aos potenciais doadores a nível local.
É necessário refletir sobre a forma de instituir um dispositivo
geral, ou uma estrutura jurídica, para angariar fundos a favor
de terceiros.
As estruturas que se dedicam à recolha de fundos (fundraising)
devem ter em conta nos seus projetos os custos fixos de gestão,
no caso em que as administrações públicas ou outras entidades
cubram apenas os investimentos iniciais.
A Ordem deve decidir quais os Centros que deseja manter e
apoiar de forma duradoura (por ex., Nazaré, China) e os que
devem ser fechados por razões carismáticas e/ou económicas.
A Cúria Geral estabelecerá os critérios para a manutenção dos
Centros que não são autossuficientes.
III. Documentos
1.
2.
3.
4.
Constituições da Ordem, 1984. Art. 100.
Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Nº 52.
Carta de Identidade da Ordem, 1999. 5.3.4.3; 5.3.5.3.
IV Conferência Regional da Europa, 2011
B.4. COLABORAÇÃO AD INTRA E AD EXTRA
(NETWORKING)
I. Definição
No Capítulo Geral de 2006 e em todos os encontros das Conferências
Regionais dos últimos anos foram destacadas a conveniência e a
necessidade de intensificar a colaboração interna entre as diferentes
119
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
entidades da Ordem, assim como com outras instituições – civis e da
Igreja (EG 52; 55).
A Ordem no seu conjunto possui ad intra um importante potencial de
recursos humanos e materiais, de conhecimento nos diversos campos
da assistência clínica e social, organização e gestão, assim como nos
campos da formação, docência e investigação, fruto da sua experiencia
e do seu rico património espiritual e cultural. Neste mundo globalizado
em que vivemos, somos chamados a globalizar a Hospitalidade, pondo
em comum e ao serviço da Ordem em todo o mundo as potencialidades
que a mesma detém (Const. 14c. EG 65; 122).
Nos últimos anos foram dados passos em frente e promovidas iniciativas que confirmam o que acabamos de dizer: Comissões interprovinciais e regionais, geminações, Escritório para as missões e a cooperação
internacional, Aliança de S. João de Deus para a angariação de fundos
(St. John of God Fundraising Alliance), Escritório da Ordem na Europa,
em Bruxelas, encontros sobre temas de formação, pastoral, bioética,
assistência, gestão e cooperação. Tudo isso nos faz ver a importância
de partilhar e trabalhar em comum, para continuarmos a crescer na
missão. Por isso, é necessário intensificar nos próximos anos este modo
de colaboração, em todos os níveis da Ordem, procurando encontrar
os modos e a metodologia mais apropriados.
Este modo de ser e de atuar dá-nos também a oportunidade de crescermos como Família de S. João de Deus, a partir da espiritualidade da
hospitalidade e da comunhão. Todos os membros da nossa Família têm
a possibilidade e são chamados a participar ativamente neste projeto
de colaboração, pondo à disposição e partilhando as suas capacidades,
o seu tempo e, afinal, a sua vida ou uma parte dela.
A Ordem possui igualmente uma rica tradição de colaboração ad
extra, isto é, com outras entidades de diversos tipos, quer eclesiais
quer civis, com o fim de promover o seu projeto de hospitalidade ao
serviço dos doentes e das pessoas mais vulneráveis. Existe para isso
um grande espaço de colaboração que torna possível a Hospitalidade
que recebemos de S. João de Deus (Const. 48d).
A Igreja convida-nos a colaborar com instituições eclesiais e são
contínuos os convites provenientes do mundo da vida consagrada
120
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
à colaboração intercongregacional (VC 52), bem como à colaboração
inter-religiosa (Const. 45e; 52, CI 5.3.6.5; 5.3.6.6). Neste campo, a Ordem
conta com experiências muito enriquecedoras, mas este é sem dúvida
um campo com muitas possibilidades para continuar a crescer.
Com entidades civis e, em muitos lugares, com as administrações
públicas de diversos tipos, a Ordem possui também uma grande
experiência que remonta aos primórdios da sua existência. De facto,
isso permitiu-lhe desenvolver e estender a missão. Sem dúvida, é
necessário estar vigilantes e, embora a Ordem seja aberta, em virtude
da sua filosofia, deve velar para que em qualquer acordo de colaboração
fiquem salvaguardados os valores e a filosofia da Instituição, conforme
indicado nos Estatutos Gerais (EG 49, 50).
Desta forma, a Família de S. João de Deus torna-se mais permeável e
visível no meio da Igreja e da sociedade a quem serve, com o único
objetivo de promover a hospitalidade evangélica de S. João de Deus,
servindo as pessoas necessitadas, afirmando a nossa identidade e
estando abertos à diversidade, especialmente em lugares onde a
presença da fé católica é minoritária. Ao mesmo tempo, a colaboração
com outras entidades exige de nós um esforço de transparência, de
formação e testemunho à maneira de S. João de Deus, assim como de
disponibilidade para assumirmos e nos integrarmos em projetos,
sobretudo assistenciais, sociais e eclesiais, por mais difíceis que eles
sejam.
II. Propostas ao Capítulo
A fim de continuar a promover a colaboração da Ordem ad intra e ad
extra apresentamos ao Capítulo Geral as seguintes propostas:
1. Impulsionar, a partir da Cúria Geral e das Cúrias Provinciais,
uma rede de colaboração e de alianças (networking) para pôr
em comum o património de conhecimentos e experiências da
Ordem em benefício dos diversos grupos de pessoas a quem
damos assistência (saúde mental, hospitais de agudos, idosos,
deficientes, etc.). Para isso, continuar a promover a colaboração
interna da Família de S. João de Deus através das Comissões
Interprovinciais e/ou Regionais, estabelecendo programas
121
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
2.
3.
4.
5.
122
concretos nos diversos níveis – formação, escola de hospitalidade, pastoral, bioética, gestão carismática, docência, investigação – bem como noutros temas concretos e específicos da
Família de S. João de Deus.
Continuar a desenvolver e a criar geminações entre as Províncias
e/ou Centros da Ordem em todo o mundo, através de contratos
de colaboração que promovam o intercâmbio de conhecimento
e recursos humanos e materiais em diversas áreas, tais como
a formação, a gestão, a atividade assistencial, a investigação, a
busca de recursos e outros.
Continuar a impulsionar o Escritório para as missões e a cooperação internacional e da Aliança de S. João de Deus para
a angariação de fundos (St. John of God Fundraising Alliance),
melhorando a informação, a coordenação e o trabalho em rede
dentro da Instituição.
Continuar a promover a cooperação internacional e a angariação
de fundos (Fundraising) de forma atualizada e profissional.
Para isso, estudar a possibilidade de criar organizações de
cooperação no âmbito provincial, ou do país, ou na região,
para se cruzarem depois num âmbito superior; respeitando
a identidade e a legislação respetivas, mas lançando-se numa
maior universalização da solidariedade, que permita trabalhar
os mesmos objetivos, inclusivamente através de uma plataforma
ou federação. Considerando a situação social atual, este é um
meio válido e promovido publicamente para a angariação de
fundos em beneficio de outros, quer a partir de uma estrutura
jurídica de fundação, quer de associação.
Elaborar anualmente, através do Escritório para as Missões e a
Cooperação Internacional (Cúria Geral), um boletim para a Família de S. João de Deus e para a sociedade em geral, informando
sobre os projetos mais significativos promovidos durante o ano e
de todos os recursos humanos e financeiros que a Ordem no seu
conjunto destinou à cooperação internacional. Para isso, será
necessário que todas as Províncias e Organizações da Ordem
enviem pontualmente a informação necessária à Curia Geral.
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
6. Participar e, se for caso disso, promover a colaboração da Ordem
com outras instituições da Igreja e outros Institutos de vida
consagrada nos âmbitos da pastoral, da formação e da assistência
nos âmbitos social e da saúde. Do mesmo modo, impulsionar a
colaboração inter-religiosa e o diálogo ecuménico com outras
entidades em projetos que favoreçam a missão da Ordem.
7. Continuar a estar abertos e impulsionar a colaboração com
as administrações públicas e com outras entidades civis nos
diversos âmbitos da nossa missão, salvaguardando sempre a
identidade, a filosofia e os valores da Ordem.
III. Documentos:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Catecismo da Igreja Católica, 1992. Nº 1939-1942.
Vita consecrata, 1996. Nº 52; 74; 101; 102.
Mutuae Relationis, 1978. Nº 18b.
Constituições da Ordem, 1984. Artigos 14c; 45e; 48d.
Estatutos Gerais da Ordem, 2009. Artigos 49; 50; 52; 55; 65; 122.
Carta de Identidade da Ordem, 1999. 4.5.1; 5.3.6.5; 5.3.6.6.
123
3.
DOCUMENTO DO GRUPO
DE JOVENS IRMÃOS E
COLABORADORES AO
CAPÍTULO GERAL
Estimados Irmãos e Colaboradores, membros da Família de S. João
de Deus convocados para o LXVIII Capítulo Geral da nossa Ordem
Hospitaleira:
A seu tempo, fomos convocados pelo atual Governo Geral para partilhar, debater e elaborar os nossos projetos, pensamentos, opiniões e
propostas tendo em vista o rumo futuro e o caminho de hospitalidade
pelo qual todos possamos continuar a caminhar fazendo assim parte
do projeto hospitaleiro comum.
Com a simplicidade de sermos apenas um grupo de Irmãos e Colaboradores no meio dos tantos outros jovens que hoje se comprometem
com o carisma de S. João de Deus, queremos fazer-vos chegar o fruto
do trabalho que realizámos, como resultado, em primeiro lugar, da
reflexão de cada um, individualmente, nos nossos locais de trabalho,
e, posteriormente, em conjunto, como grupo de 30 pessoas, em Roma.
Nestas linhas que vos dirigimos agora e em muitos outros contributos
que foram surgindo depois da primeira redação deste documento,
queremos transmitir-vos uma mensagem de esperança e confiança
no futuro deste projeto, que é de S. João de Deus e de todos nós.
Acreditamos nele, acreditamos que a nossa missão tem sentido e
atualidade, hoje mais do que nunca. Confiamos no amor de Deus e na
sua misericórdia para connosco e depositamos n’Ele todas as nossas
competências e aspirações.
Recebei-as por aquilo que são: sugestões, ideias, propostas e mesmo
sonhos de uma instituição viva como é a Ordem, com perspetivas de
futuro pela mão de S. João de Deus que nos recorda a todos: “E uma
vez que todos tendemos para o mesmo fim, embora cada um pelo
seu caminho, é bom que nos ajudemos uns aos outros.”
Assim, radicados na fé do Senhor da misericórdia e pela mão de Maria,
a sempre intacta, propomos quanto segue:
1. Avançar e dar passos em frente em tudo quanto se relaciona
com a comunicação interna e externa partilhada, quer ao nível
dos centros quer da vida hospitaleira, criando e potenciando
mecanismos que dominem as tecnologias atuais tendo em
vista um maior sentido de pertença por parte de todos. Além
disso, consideramos especialmente importante promover e
127
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
2.
3.
4.
5.
6.
128
impulsionar redes sociais, fóruns e espaços de encontro entre
Colaboradores e Irmãos para ajudar a progredir, tanto em termos
profissionais como de vivência do carisma em todas as suas
expressões, aproveitando especialmente as novas tecnologias
a partir de ligações concretas no alojadas no site da Ordem
na Internet, para partilhar quer conhecimentos e práticas
profissionais quer questões de vivência comunitária do carisma.
Sugerir e elevar a proposta a celebração e inauguração de um
Ano Vocacional Hospitaleiro ao nível de toda a Ordem e das
congregações afins – Irmãs Hospitaleiras e Irmãs de S. João de
Deus – como trabalho conjunto de caminho de futuro.
Consideramos necessário na nossa cultura atual otimizar os
recursos humanos a nível de organização interna apostando
firmemente na unificação de Províncias e/ou organismos
interprovinciais.
Continuar a reforçar e/ou criar canais concretos e operacionais
para o acolhimento e escuta das pessoas assistidas nos nossos
centros, como elementos integrados e quotidianos da dinâmica
e gestão dos mesmos.
Considerando Granada como o lugar de origem das nossas raízes
e princípios como Família, propomos a criação de um centro de
formação, aberto na sua composição a Irmãos e Colaboradores,
tendo como missão o acolhimento de peregrinos e ser um centro
de formação e de espiritualidade hospitaleiras, com um projeto
concreto elaborado para o efeito. Tal centro de formação ficaria
dependente da Cúria Geral.
Tornar possível e criar pequenas “células de hospitalidade” concretas, ao nível de centros ou Províncias, de assistência e serviço
às novas formas de pobreza ou em situações de necessidade e/ou
marginalização, que possam ser assistidas em termos holísticos
por Irmãos e Colaboradores, motivados e animados pelo estilo
de S. João de Deus. Criar uma Comissão que se ocupe das novas
formas de pobreza ou situações de necessidade e/ou marginalização, propondo soluções para os problemas emergentes.
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
7. Estabelecer protocolos concretos que facilitem tanto verdadeiras
geminações entre os centros como o intercâmbio de profissionais
por períodos de tempo específicos, a fim de favorecer o enriquecimento pessoal e das equipas, tendo em conta os aspetos
jurídicos necessários.
8. Constituir grupos de pastoral juvenil vocacional nas diferentes
áreas da Ordem no mundo, que se encarreguem, entre outras
coisas, de promover e dinamizar as diversas vocações para a
hospitalidade, especialmente para a vida religiosa como Irmãos
de S. João de Deus.
9. Potenciar a formação dos Colaboradores na hospitalidade, de
modo a ajudá-los a conhecer e a aprofundar o carisma da hospitalidade e a história da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
Confiando que o Espírito Santo vos acompanhe e ilumine durante
estes dias nos respetivos trabalhos, contai com a nossa proximidade,
assim como com a nossa oração e com o trabalho diário de cada um
de nós nos nossos lugares de origem.
Fraternalmente gratos,
Fátima, 26 de outubro de 2012.
129
4.
MENSAGEM DOS
COLABORADORES QUE
PARTICIPARAM
NO CAPÍTULO GERAL
Os Colaboradores participantes no LXVIII Capítulo Geral da
Ordem Hospitaleira de S. João de Deus querem dirigir umas
palavras aos Irmãos Capitulares
Queridos Irmãos:
Desde há mais de 25 anos que tendes vindo a promover a participação
dos Colaboradores na Missão da Hospitalidade da Ordem, abrindo-nos
as portas da vossa Família Religiosa para nos incluir a todos no vosso
próprio âmbito de Missão ao serviço dos doentes e dos necessitados,
como fez S. João de Deus, em Granada, no século XVI.
A aliança com os Colaboradores para servir e promover a vida foi
sucessivamente entendida pela Ordem como colaboração, para nos
unirmos numa mesma Missão, até se ir definindo numa relação mais
estreita que denominámos a Família de S. João de Deus, da qual sois o
núcleo inspirador, em virtude da vossa consagração religiosa e do
vosso testemunho comprometido. Convidais-nos a fazer parte desta
Família para que, como Colaboradores, incorporemos no serviço da
Hospitalidade, além de um contributo profissional, ou meramente
solidário, os princípios e os valores da Ordem que, depois de os assumirmos dão sentido e enriquecem o nosso trabalho.
Hoje, muitos Colaboradores, em várias partes do mundo, sentem-se
ligados à Missão de Hospitalidade a partir de diversas situações pessoais
e com diferentes ligações e compromissos. Desta forma, os Irmãos e
Colaboradores realizam o projeto que S. João de Deus faria hoje. Esta
diversidade abrangente, na qual todos temos um espaço para desenvolver a nossa dedicação, é em si mesma um sinal de Hospitalidade.
Consideramos a crescente corresponsabilidade entre Irmãos e Colaboradores para o serviço do ser humano mais vulnerável como um sinal
de confiança mútua que devemos reconhecer e da qual beneficiam
milhões de pessoas, nos cinco continentes do mundo. Apesar disso, o
exercício da mesma requer a integração de um ser, de uma maneira
de sentir e de agir segundo o estilo de S. João de Deus.
Por isso, consideramos que temos de continuar a reforçar e a aprofundar estes laços de colaboração e pedimos que continueis a transmitirnos a maneira de ser de João de Deus, especialmente nas circunstâncias
133
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
e lugares onde ainda não assumimos, como desejaríamos, a responsabilidade para a qual nos convidais.
Gostaríamos que se intensificasse a formação dos Colaboradores
nas Escolas de Hospitalidade, para que o nosso compromisso tenha
cada vez mais qualidade carismática e que, além disso, continuemos
juntos a estudar os critérios éticos, científicos, de gestão, pastorais e
de humanização que são hoje necessários para prestar o serviço aos
doentes e necessitados. Pensamos que o presente e o futuro da Ordem
estarão garantidos na medida em que formos capazes de manter esta
relação estreita.
Estamos preocupados com a diminuição do número de vocações
para a vida religiosa. Queremos estar unidos na oração com todos
vós para que o Espírito Santo faça surgir novas vocações na Ordem
Hospitaleira. Confiemos todos nas decisões tomadas neste Capítulo
Geral relativamente à Pastoral Vocacional, para que continuemos a
ter sempre Irmãos que sejam guias morais.
Contai connosco! Queremos dar continuidade ao projeto de S. João de
Deus. Queremos assumir cada vez com maior decisão a nossa parte de
responsabilidade em levar por diante, convosco, as Obras apostólicas
da Ordem, não só de um ponto de vista técnico, em termos de gestão,
ou científico, da assistência, mas também na perspetiva de traduzir
em prática os valores da Hospitalidade.
Ajudai-nos a superar as limitações e oferecei-nos o testemunho de
Hospitalidade que nos guie no sulco traçado por S. João de Deus.
Obrigado por estes dias de oração, de reflexão e de preocupações e
sonhos partilhados, em que o clima de fraternidade que vivemos serviu
para reforçar ainda mais os nossos laços. Entre outras coisas, pudemos
viver com entusiasmo e alegria o projeto de fusão com os Irmãozinhos
do Bom Pastor. Sem dúvida, o Irmão Matias, outro “louco por amor”,
e a sua obra serão para nós uma referência de Hospitalidade.
Obrigado por nos terdes permitido participar na construção de um
Projeto de Hospitalidade para o novo sexénio que em breve iniciaremos. Pensamos que este deve ser um caminho de:
ρ acolhimento indiscriminado a todas as pessoas em necessidade;
ρ internacionalização e solidariedade;
134
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
ρ abertura para dentro e para fora;
ρ envolvimento na participação dos jovens, Irmãos e Colaboradores;
ρ consolidação de estruturas de gestão, capazes de enfrentar o
futuro ao nível da Cúria Geral, das Províncias e dos Centros, a
partir das respetivas realidades concretas;
ρ complementaridade que permita aos Irmãos e Colaboradores
desenvolverem as suas respetivas funções específicas;
ρ comunhão, para que o projeto de S. João de Deus continue a
desenvolver-se e a atrair mais pessoas ao serviço dos doentes,
dos débeis e dos marginalizados.
Oxalá que, a partir da corresponsabilidade, articulemos juntos
programas de assistência integral, tornando-nos transmissores da
misericórdia de Deus, especialmente para aqueles que mais sofrem
e mais desesperam.
Obrigado ao Conselho Geral cessante funções, pelo esforço realizado
e pelos frutos alcançados. Exprimimos os nossos melhores votos ao
novo Conselho Geral recém-eleito e colocamo-nos à sua disposição.
A participação no Capítulo revelou-se, sem dúvida, uma experiência
muito estimulante e enriquecedora que nos impulsiona, como Família
de S. João de Deus, rumo ao futuro com um espírito renovado. O nossos
agradecimento também à Província de Portugal e ao seu Superior, Ir.
José Augusto, pelo excelente tratamento que nos reservou.
Que nossa Senhora de Fátima e S. João de Deus sejam intercedam
fielmente por nós e nos ajudem a realizar o nosso sonho compartilhado.
Muito obrigado e um abraço forte e fraterno.
Fátima (Portugal), 2 de novembro de 2012.
135
5.
DISCURSO
DE ENCERRAMENTO
Ir. Jesús Etayo
Superior Geral
9 de novembro de 2012
1. PREÂMBULO
Caríssimos Irmãos e Colaboradores da Família de S. João de Deus,
Caríssimo Irmão Geral e Irmãos do Bom Pastor:
Chegámos ao fim do nosso LXVIII Capítulo Geral, que celebrámos sob
o lema “A família de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade”, durante
três semanas, neste belo lugar de Portugal, junto ao Santuário de
Fátima, centro de peregrinação para tantos crentes do mundo inteiro
que desejam encontrar-se com a Mãe de Deus e com o próprio Deus.
Também nós viemos até aqui para pedir a sua intercessão e a do
nosso Pai, S. João de Deus, cuja imagem se ergue majestosa numa das
colunatas do Santuário, como um dos grandes santos do país.
A atmosfera que envolve o Santuário contribuiu para vivermos o
nosso Capítulo num clima de fé e de oração, necessária e fundamental
para o bom funcionamento do mesmo. Foi um bom Capítulo, no qual
o Espírito Santo, por nós tantas vezes invocado, se tornou presente,
orientando os seus trabalhos e, sobretudo, orientando o futuro da
nossa amada Ordem, que se prepara para enfrentar com realismo, fé
e esperança os desafios que o mundo, a Igreja e as pessoas que sofrem
nos colocam nos dias de hoje.
Quero agradecer a todos os Irmãos capitulares e a toda a Família de S.
João de Deus a confiança que depositaram na minha pessoa para liderar
a vida da nossa instituição como Superior Geral. Alguns fizeram-no
a partir do processo eletivo que o Capítulo viveu no tempo de discernimento destinado a esta finalidade e muitos outros, com expressões
de afeto, confiança e proximidade manifestadas de diversas formas,
através de mensagens, chamadas, correio eletrónico ou de viva voz,
aqui mesmo.
Assumo esta eleição com um grande sentimento e sentido de responsabilidade, pois todos conhecemos as dificuldades, mas, ao mesmo
tempo, com um forte sentimento de paz, porque, como disse, sentimos
a presença do Espírito do Senhor, e tenho a certeza de que Ele, que
me escolheu, estará sempre comigo e me guiará pelos caminhos
adequados. Assumo a eleição também como um serviço que o Senhor
139
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
e a Ordem me pedem, reconhecendo a minha pobreza e as minhas
limitações e estando bem consciente de que preciso do auxílio do
Senhor, da inspiração permanente de S. João de Deus, nosso Fundador,
e da ajuda de todos os Irmãos e Colaboradores para sermos capazes
de realizar a missão que me é confiada.
Agradeço também ao Capítulo pela confiança que depositou em mim
na escolha dos Irmãos que, juntamente comigo, terão a missão de
governar a Ordem. Especificamente, agradeço a cada um deles por
terem aceitado partilhar esta responsabilidade comigo. É, sem dúvida,
para todos nós também uma grande honra servir desta forma a nossa
Ordem.
2. FIÉIS A S. JOÃO DE DEUS
A sua inspiração e proximidade acompanharam-nos durante todo
este tempo e tenho a certeza que ele está satisfeito também com o
trabalho realizado e com as orientações que os seus filhos e a sua
Família aprovaram para continuar a tornar realidade o carisma e a
missão da Hospitalidade no nosso mundo, em constante mudança e
com diferentes contextos culturais.
A experiência da misericórdia de Deus que ele teve e viveu na sua
própria carne produziu no seu coração uma requintada sensibilidade
pelas pessoas que se encontravam em qualquer necessidade, até ao
ponto de ele se identificar com o Cristo pobre, fazendo-se pobre com
os pobres, os doentes e os necessitados. Temos muitos testemunhos
dele próprio, ou de quem o conhecia, que o atestam. Limito-me a
citar o seguinte: “Tão pobres e maltratados os vi que me despedaçaram
o coração: nus e cobertos de piolhos, com uns feixes de palha a servir-lhes
de cama. Socorri-os com o que pude, pois ia com pressa para falar com o
Mestre Ávila; mas não lhes dei como eu quisera”.1
Irmãos, hoje acontece a mesma coisa connosco. São tantas as necessidades de todo o tipo que nos chegam, aumentadas e agravadas hoje
em alguns lugares pela crise mundial que atravessamos, que não
1
1 DS, 15.
140
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
conseguimos dar resposta a todas elas. No entanto, à semelhança de
João de Deus, somos chamados a viver em profundidade a experiência
da misericórdia, ou da Hospitalidade de Deus para com cada um de
nós, para tornar possível um coração misericordioso, sensível, aberto e
acolhedor em relação a todos, especialmente àqueles que mais sofrem
e vivem em necessidade. Uma sensibilidade que não é sentimental,
mas de ordem espiritual, capaz de pôr em movimento todo o ser ao
ponto de sofrer quando não se pode ser ou fazer mais.
O presente e o futuro, do qual às vezes falamos muito, como se tivéssemos dúvidas, passa fundamentalmente por sermos fiéis ao espírito
do nosso Fundador, testemunhando perante o mundo o amor de
Deus cheio de misericórdia e ternura para com todas as pessoas,
especialmente as mais vulneráveis e necessitadas. Vivendo assim, S.
João de Deus abriu uma nova via para a santidade e iniciou sozinho
um projeto, criando em muito pouco tempo um movimento de hospitalidade que chega até aos nossos dias. Trata-se de um projeto de
Deus, impressionante, e que todos nós, os membros da Família de S.
João de Deus, somos chamados a viver com entusiasmo, esperança e
determinação.
Quero que S. João de Deus esteja sempre presente na minha vida como
guia e inspirador e especialmente que ilumine todas as decisões que
teremos de tomar, mas também para me ajudar a crescer na experiência do amor misericordioso de Deus e na sensibilidade do coração para
com os Irmãos, os Colaboradores, os doentes e todas as pessoas com
quem me encontrar. Convido-vos também a vós a viver identificados
com o espírito e a inspiração de S. João de Deus. “Se considerássemos
como é grande a misericórdia de Deus, nunca deixaríamos de fazer o bem
enquanto pudéssemos, pois, se nós dermos por amor aos pobres o que Ele
mesmo nos dá, Ele nos promete cem por um na Bem-aventurança. Oh,
abençoado lucro e usura!”2
2
1 DS, 13.
141
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
3. ANO DA FÉ E DA RENOVAÇÃO DA ORDEM
No dia 11 de outubro de 2011, o Santo Padre Bento XVI proclamou com
o Motu Proprio Porta fidei o Ano da Fé, que teve início a 11 de outubro
de 2012, data que assinala o cinquentenário da abertura do Concílio
Vaticano II, e que terminará a 24 de novembro de 2013, solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
O Ano da Fé representa um convite a uma autêntica e renovada conversão a Deus, único Salvador do mundo... Esperamos que este Ano
suscite em todo o crente a aspiração a professar a fé com plenitude
e renovada convicção, a confiança e esperança... Pela fé, homens e
mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver
na simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais
concretos da expectativa do Senhor que não tarda em chegar... Pela
fé, homens e mulheres de todas as idades, cujos nomes estão escritos
no Livro da Vida (cf. Ap 7,9; 13,8), confessaram ao longo dos séculos
a beleza de seguir o Senhor Jesus onde quer que fossem chamados a
dar testemunho do seu ser cristão: na família, na vida profissional,
na vida pública e no desempenho dos carismas e ministérios que lhes
eram confiados... O Ano da Fé será também uma boa oportunidade para
intensificar o testemunho da caridade... De facto,“a fé sem a caridade
não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à
mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente”.3
A Igreja oferece-nos uma grande oportunidade para aprofundarmos
e renovarmos a nossa fé, para crescermos na união com o mistério
de Cristo e, finalmente, para que a nossa vida espiritual de pessoas
consagradas e de leigos se fortaleça de modo que nos possamos tornar
testemunhas do amor misericordioso de Deus com simplicidade e
paixão evangélica.
O Ano da Fé é também um apelo a prosseguirmos e aprofundarmos a
renovação da nossa vida e de toda a Família Hospitaleira de S. João de
Deus. Trata-se de um processo iniciado há anos, mas que ainda não
terminou e que possivelmente não terá fim, porque a sua essência
3
Bento XVI, Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Porta Fidei, Roma, 11.10.2011,
nº 14.
142
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
consiste no crescimento espiritual constante, a partir da conversão
pessoal, a única que torna possível a verdadeira renovação, a autêntica
mudança de atitudes e comportamentos. É a única coisa capaz de
alimentar ideais, de entusiasmar, de apaixonar e de nos afastar de
atitudes de apatia, desânimo e fadiga, e de abrir-nos à esperança.
Irmãos e Colaboradores, temos pela frente a grande tarefa de continuar
a renovar as nossas vidas e a vida da nossa Instituição. Em continuidade com os anteriores Superiores Gerais e, especificamente, com
o Ir. Donatus Forkan, desejo continuar a promover a renovação da
Família Hospitaleira de S. João de Deus, nas suas formas e sobretudo
nos seus conteúdos, em fidelidade ao Evangelho, ao nosso Fundador,
S. João de Deus, à Igreja e às diferentes realidades sociais e culturais
em que nos encontramos inseridos.
4. A FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE
DEUS
O Capítulo Geral analisou e aprovou as linhas fundamentais para
continuar a trabalhar sobre a Família Hospitaleira de S. João de Deus.
A visão da Ordem como Família tinha sido aceite e foi aprovada pela
Ordem no Capítulo Geral anterior, realizado em Guadalajara (México),
em 2009, ficando incluída no número 20 dos Estatutos Gerais.
Trata-se de uma visão acertada, que esteve sempre presente entre
nós, e que agora queremos promover e incentivar abrindo as portas a
muitíssimas pessoas que diariamente se unem a nós para realizarmos a
missão da Hospitalidade. Formamos, portanto, um grande movimento,
unidos pela figura de S. João de Deus, pela missão, pela espiritualidade
e pelo carisma da Hospitalidade, capaz de gerar uma força evangélica
em favor dos doentes, dos pobres e dos necessitados.
Esta maneira de projetar o nosso futuro corresponde à tradição da
nossa Ordem e ao apelo que a Igreja nos faz no sentido de partilharmos o nosso carisma, a nossa missão e a nossa espiritualidade com
os leigos. Eles, como afirmou recentemente Bento XVI, “mais do que
143
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
meros Colaboradores, são corresponsáveis pela missão da Igreja e,
portanto, pela nossa missão hospitaleira.”4
É verdade, Irmãos e Colaboradores, que temos um longo caminho a
percorrer e muitas coisas a clarificar na vida da nossa Família hospitaleira de S. João de Deus. Vivemos numa época em que as mudanças
ocorrem tão rapidamente que não permitem consolidar as coisas.
Mas devemos ver isso como um processo, um caminho que temos de
continuar a percorrer e, certamente, ao seguirmos por esse caminho,
iremos encontrar as soluções e as justas e necessários clarificações.
Desejo agradecer a todos os Colaboradores da nossa Família, pelo seu
compromisso com a missão da Ordem e convidá-los a continuar a
identificar-se cada vez mais com os nossos princípios e valores, para
continuarmos a oferecer ao mundo o testemunho da hospitalidade.
Agradeço de modo muito especial a vós, Colaboradores que participastes neste Capítulo Geral, pelas vossas contribuições, pelo facto
de nos terdes dedicado inteiramente o vosso tempo, pelas vossas
declarações de apoio e, especialmente, pelo vosso compromisso,
carinho e proximidade com a Ordem.
5. UMA VIDA CONSAGRADA APAIXONADO POR
CRISTO, PELOS DOENTES E NECESSITADOS
Em S. João de Deus, nos nossos santos e beatos e em muitíssimos
Irmãos temos o exemplo claro de que uma vida consagrada, apaixonada por Cristo e pela humanidade que sofre, é a fonte da renovação,
da esperança para a nossa Ordem e da felicidade para cada um dos
Irmãos. É também a fonte e a base fundamental para uma pastoral
vocacional renovada.
Muitos deles começaram sozinhos e sem nada, mas a paixão e o poder
de Deus levaram-nos a criar ou a restaurar a Ordem. Eles foram
verdadeiras testemunhas e profetas que não passaram despercebidos,
antes pelo contrário.
4
Cf. Bento XVI, Mensagem ao Fórum Internacional da Ação Católica, Castel Gandolfo,
10.08.2012.
144
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
No final do Capítulo, quero dirigir um apelo a todos os Irmãos para
que sejam ousados, destemidos e corajosos, superando as dificuldades
e abrindo-se à esperança. Quero lançar um apelo a que procuremos
a felicidade da nossa vida, entregando-a inteiramente por amor a
Cristo aos pobres, aos doentes e aos necessitados. A vivermos com base
numa vida espiritual profunda e esmerada, uma vida de comunidade
fraterna e uma vida apostólica em que todos e cada um dos Irmãos
se sintam protagonistas ativos da hospitalidade, a partir do lugar ou
posição que ocupam, de acordo com a sua idade, o seu estado de saúde
e a sua preparação técnica e pastoral.
É necessário reforçar a vida fraterna em comunidade, com criatividade
e fidelidade, procurando, se necessário, novas formas, potenciando a
comunidade provincial, interprovincial e regional, mas garantindo
que cada Irmão tenha pelo menos uma comunidade de referência e
se sinta membro dela(s), partilhando aí a vida, a fé, a fraternidade e
a missão.
Nestes tempos de crise global, os religiosos e, por conseguinte, nós,
os Irmãos, somos chamados a assumir um estilo de vida coerente com
esta realidade. Esta situação deve afetar-nos e deve notar-se no nosso
estilo de vida que deve ser simples e austera, eliminando o supérfluo
e tornando-nos sensíveis e solidários com aqueles que, à nossa volta,
passam por necessidades.
Só assim, nós, os Irmãos, podemos realizar uma pastoral vocacional
capaz de atrair novas pessoas para o nosso Instituto, ao verem nele
pessoas cheias de entusiasmo e apaixonadas pela sua vocação. Neste
sentido, todos somos chamados a ser membros ativos da pastoral vocacional. Obviamente, será necessário ao mesmo tempo elaborar planos
adequados de pastoral vocacional juvenil através dos meios de comunicação e das pessoas necessárias, incluindo Irmãos e Colaboradores.
A formação inicial e a formação permanente são essenciais para o
futuro da nossa Ordem, para transmitir aos novos candidatos a paixão
pela vida consagrada hospitaleira e para renovar a de todos os Irmãos,
seja qual for a sua idade. Paralelamente à pastoral vocacional, estes
são desafios de primeira ordem que devemos enfrentar com muita
determinação.
145
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
6. ESTILO DE GOVERNO
É nosso desejo que o Governo Geral se desenvolva a partir do diálogo
e da colegialidade, embora reconhecendo a responsabilidade e a autoridade que lhe competem e, por vezes, terá de tomar decisões difíceis.
A animação da Ordem por Regiões é uma boa maneira de promover o
diálogo e a participação, além de ser uma forma adequada para lidar
de perto com a realidade de cada Região. Por isso, iremos continuar a
trabalhar por Regiões. Além do Conselho Geral, teremos o Conselho
Geral Alargado, ou um órgão semelhante, que se reunirá em Roma
pelo menos duas vezes por ano, e do qual farão parte o Ir. Jairo Enrique
Urueta, Superior Provincial da Colômbia, como Delegado Geral para a
Região da América Latina, e o Ir. Joseph Smith, da Província da Oceânia,
como Delegado Geral da Região da Ásia-Pacífico e das Províncias de
língua inglesa. Ambos residirão nas suas Províncias, onde farão a
animação das respetivas Regiões. Também o Ir. Pascal Ahodegnon,
Conselheiro Geral para a Região da África, passará uma boa parte do
tempo na sua Região.
Queremos que o diálogo com os Superiores Provinciais seja um instrumento adequado de governo. Por isso, além dos contatos pessoais
que possamos manter, realizaremos um Encontro anual com todos
os Provinciais para examinar a vida da Ordem, partilhar a vida das
Províncias, apresentar propostas e analisar diferentes situações da
Ordem.
Na Família Hospitaleira de S. João de Deus existe um potencial humano
rico, constituído por Irmãos e Colaboradores, com os quais queremos
contar para o bom governo da Ordem. Por isso, modo que solicitaremos
a ajuda e a participação concreta de Irmãos e Colaboradores coordenar
algumas áreas da animação e participar em diversos grupos de trabalho
que serão organizados a partir da Cúria Geral ou das Regiões.
Para desenvolver a missão do Governo Geral será necessário também
rever a organização da nossa Cúria Geral, dando seguimento à a proposta de reorganização que foi apresentada ao Capítulo. Na primeira
reunião de Provinciais apresentaremos uma proposta concreta para
apreciação.
146
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
7. IRMÃOS DO BOM PASTOR
Um verdadeiro presente para este Capítulo e para a Ordem foi a
recente notícia de que a Congregação Irmãozinhos do Bom Pastor
decidiu fundir-se com a nossa Ordem e fazer parte da nossa Família.
Foram muito importantes e significativos os momentos de apresentação do Fundador e da Congregação, que verdadeiramente nos
impressionou, assim como as palavras e os gestos do Irmão Geral,
Justin Howson.
O nosso Capítulo Geral também se manifestou positivamente para
que a fusão se verifique e não tenho dúvidas de que o Espírito Santo
está a incentivar este processo desde que os Irmãozinhos o iniciaram.
Temos muitos pontos em comum, tanto na missão como na espiritualidade, uma vez que o Fundador dos Irmãozinhos, Mathias Barre+,
tinha sido um Irmão religioso da Ordem de S. João de Deus. Assim,
estou confiante de que poderemos concluir com êxito o processo
que estamos a encetar. Para isso, já previmos o trabalho de duas
comissões formadas por Irmãos de ambas as instituições, as quais em
breve começarão o seu trabalho. Empregaremos o tempo necessário
para que tudo seja feito de forma correta e daremos oportunamente
informações sobre o andamento do processo.
8. AGRADECIMENTO AO IR. DONATUS FORKAN
Desejo sinceramente dirigir algumas palavras ao Ir. Donatus Forkan,
o nosso Superior Geral nos últimos seis anos. Desejo agradecer especialmente o seu grande amor à Ordem, manifestado todos os dias do
sexénio mediante uma dedicação e entrega sem limites e, acima de
tudo, no entusiasmo e na paixão com que viveu e vive a sua vida como
Irmão de S. João de Deus.
Agradeço-lhe a confiança que depôs em mim enquanto vivemos juntos,
um tempo durante o qual trabalhámos arduamente e sempre com a
preocupação de tomar decisões acertadas. Agradeço a sua convicção
e a sua determinação ao guiar os destinos da Ordem com um espírito
amigável e alegre, profundamente hospitaleiro, próprio de um filho
de S. João de Deus.
147
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Foram muitas as coisas que aprendi com o Ir. Donatus: a sua simplicidade, a sua amabilidade, a sua proximidade, a sua profundidade
espiritual, a sua abertura e capacidade de compreensão para com as
pessoas de culturas diferentes, a sua disponibilidade para acorrer onde
quer que fosse pedida a sua presença, e muitas outras que poderia
continuar a enumerar.
Obrigado, Ir. Donatus: o contributo que deu à Família Hospitaleira de
S. João de Deus foi um impulso muito importante para o presente e o
futuro da mesma. Os seus escritos, as suas reflexões e as suas ideias
continuarão a ser de grande valor para todos nós e, naturalmente,
continuaremos a contar com elas e consigo.
Formulo os melhores votos para si no futuro e não tenho a menor
dúvida que, com o mesmo espírito e compromisso de sempre, continuará a servir a nossa amada Ordem e, desde já, pessoalmente, vou
continuar a contar com a sua experiência e proximidade.
Obrigado também aos Irmãos Brian O’Donnell e Pascual Piles, exSuperiores Gerais da Ordem, pelo seu apoio, os seus conselhos e a
sua proximidade, com que espero poder continuar a contar no futuro.
9.
Agradecimento aos meus Irmãos do Conselho Geral
anterior
Quero agradecer muito encarecidamente aos meus Irmãos do Governo
e da Cúria Geral do sexénio que acaba de terminar: aos Irmãos Rudolf
Knopp, Vincent Kochamkunnel, Elia Tripaldi, Robert Chakana e Daniel
Márquez, bem como ao Ir. José María Chavarri, Secretário e Procurador
Geral, ao Ir. Gian Carlo Lapic, Secretário pessoal do Superior Geral,
ao Ir. Moisés Martin, Diretor do Departamento para as Missões e a
Cooperação Internacional, e ao Ir. Innocenzo Fornaciari, Superior da
Casa da Via della Noce+a.
Vivemos seis anos muito intensos e, em conjunto, unidos ao Ir. Donatus
Forkan, procurámos levar por diante a missão de governo e animação
da Ordem. Passámos momentos felizes e partilhámos também as
dificuldades próprias da nossa missão.
Formulo os melhores votos para os Irmãos que vão deixar a Cúria Geral
e que regressarão às suas Províncias e tenho a certeza de que, onde
148
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
quer que estejam, irão continuar a servir com dedicação e entusiasmo
a Ordem.
10. OBRIGADO AOS MEMBROS DO NOVO CONSELHO GERAL
Quero igualmente agradecer profundamente a disponibilidade e o
compromisso dos Irmãos que, juntamente comigo, compõem o Conselho Geral: os Irmãos Rudolf Knopp, Giampietro Luzzato; Benigno
Ramos e Pascal Ahodegnon. A responsabilidade é grande e o trabalho
também o será, mas assumimo-lo com espírito de serviço e com uma
grande esperança, que se fundamenta no Senhor e em S. João de Deus,
que nos hão de guiar todos os dias ao longo destes anos.
Ainda não terminou o Capítulo Geral e, portanto, há ainda muitas
coisas para concretizar, mas quero agradecer também aos Irmãos
Joseph Smith e Jairo Enrique Urueta, por terem aceitado a responsabilidade de partilharem com o Conselho Geral o governo e a animação
das Regiões que já referi. Agradeço também ao Ir. André Sene, do
Senegal, que pertence à Província de S. Agostinho, da África, pela sua
disponibilidade em aceitar o cargo de Secretário Geral.
Espero que possamos trabalhar em equipa e num clima de fraternidade
e confiança para o bem de toda a Família Hospitaleira de S. João de
Deus.
11. AGRADECIMENTOS
Neste momento dos agradecimentos, gostaria de os exprimir a todos
aqueles que participaram no Capítulo Geral, pelo seu apoio, a sua
proximidade e pelo intenso trabalho realizado durante estas três
semanas.
Concretamente, e esperando não esquecer ninguém, quero agradecer
especialmente à Província Portuguesa pela preparação e organização
do Capítulo: creio que o fizeram de um modo fantástico e nos deram
uma lição prática de hospitalidade, em todos os sentidos. Agradeço ao
Ir. José Augusto Gaspar Louro, Superior Provincial, e à sua equipa: foi
149
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
uma experiência que não esqueceremos. Peço-lhe, Ir. José Augusto, que
transmita os nossos agradecimentos a todos os Irmãos e Colaboradores
da Província e, de modo especial, aos Superiores e Diretores que nos
acolheram e nos homenagearam com presentes, almoços, jantares e
muitas outras coisas. As visitas aos centros e a outros locais foram
muito belas. Obrigado porque todos se desdobraram em atenções
para connosco.
Obrigado à equipa da Cúria Geral que preparou o Capítulo, àqueles
que fizeram parte da Comissão que preparou o Instrumentum laboris
e aos que se ocuparam da logística, documentação, etc., coordenados
pelo Ir. José Maria Chavarri.
Obrigado aos Irmãos que participaram nas diferentes Comissões
capitulares: a Comissão central de coordenação, a Comissão editorial,
a Comissão do bem-estar. Obrigado aos moderadores e aos secretários
dos grupos. Todos fizeram um grande esforço para que tudo funcionasse bem.
Obrigado ao Ir. Gian Carlo Lapic pelo serviço que realizou como
Secretário do Capítulo e obrigado à Comissão que supervisionou os
trabalhos do Capítulo Geral: foi certamente um trabalho difícil, mas
muito necessário.
O meu agradecimento especial dirige-se também aos Moderadores
do Capítulo – Susana Queiroga e Gianni Cervellera – que, com a sua
simpatia, serenidade, o seu trabalho e a sua sábia direção fizeram um
trabalho magnífico que muito contribuiu para o bom andamento do
Capítulo.
Obrigado a todo o grupo de intérpretes, da equipa da senhora Kathlenn
Elslander e às senhoras de língua coreana. Numa assembleia tão universal como esta, a falar tantas línguas diversas, a vossa colaboração e
o vosso trabalho foi fundamental para a realização do Capítulo. Muito
obrigado. Dirijo também o meu agradecimento e apreço à equipe
técnica, os senhores João Ascensão, Alexandre Torres, João Santos e
Nuno Barradas.
Um obrigado muito especial também aos membros da Secretaria do
Capítulo, que nos apoiaram permanentemente e fizeram um trabalho
magnífico: Silvia Farina, Klaus Mutschlechner e Mário da Rocha Ávila.
150
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Obrigado também ao nosso Colaborador Nuno Lopes que, além de ter
trabalhado muito na preparação do Capítulo, foi o nosso enfermeiro
para quem precisou de recorrer aos seus serviços durante a nossa
permanência em Fátima.
Agradeço ao Ir. José Maria Chávarri, que preparou o folheto da liturgia,
e ao Ir. Gian Carlo Lapic, que coordenou toda a liturgia. Agradeço
igualmente aos sacerdotes e bispos que presidiram à Eucaristia e aos
coros da Província da Irlanda e da Casa de Barcelos, que cantaram
muito bem e animaram a nossa liturgia.
Por fim, obrigado aos funcionários e às Irmãs da Casa que, durante
o Capítulo, nos acolheu em Fátima. Estivemos muito bem e todo o
pessoal esteve à nossa disposição, procurando proporcionar todo o
necessário para o bom desenvolvimento do Capítulo e o bem-estar
dos capitulares. Muito obrigado à Ir.ª Maria do Carmo, Superiora da
Comunidade.
12. CONCLUSÃO
O Capítulo foi uma experiência espiritual de universalidade e hospitalidade. Os desafios são muitos, mas contamos com a força do Senhor
e com a boa disponibilidade de toda a Família Hospitaleira de S. João
de Deus. Por isso, tenho a certeza de que podemos enfrentar o futuro
com esperança para que o projeto de Hospitalidade iniciado por S.
João de Deus continue vivo e se vá reforçando, em fidelidade à missão
que o Senhor e a Igreja nos confiam.
O Capítulo aprovou um documento de propostas para os próximos seis
anos que orientarão a missão do Governo Geral e de toda a Ordem. Uma
grande parte dessas propostas apontam para a continuação do trabalho
que desde há vários anos se tem vindo a realizar, aprofundando-o a
partir delas para alcançar objetivos mais amplos. Outras representam
para nós um apelo forte a trabalhar nalguns temas que consideramos
de extrema importância para a nossa instituição.
Não queremos olhar apenas para o nosso interior, pois a nossa missão
faz-nos estar sempre vigilantes para servir e cuidar das pessoas
doentes e necessitadas. Nestes tempos de crise, o Capítulo dirige-nos
151
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
também um apelo a sermos muito sensíveis às necessidades das pessoas mais vulneráveis do mundo atual, especialmente à nossa volta.
A solidariedade para com os mais necessitados e entre as várias Províncias e instituições da Ordem é uma forma concreta de manifestar a
comunhão e a hospitalidade. A este respeito, agradeço a solidariedade
do Capítulo e a generosidade que manifestou respondendo ao apelo
lançado para apoiar um projeto da Ordem em Timor-Leste. Foram
recebidos cem mil euros, o que é um bom resultado e exprime a
disponibilidade e a boa saúde que a nossa Família revela em matéria
de cooperação.
Irmãos e Colaboradores, chegámos ao fim do Capítulo e é hora de
cada uma regressar às suas Comunidades e Centros. Desejo-vos a
todos uma boa viagem de regresso. Levai convosco a boa experiência
vivida no Capítulo e transmiti-a aos outros Irmãos e Colaboradores.
Levai-lhes a saudação de todo o Capítulo, a minha pessoal e a do novo
Conselho Geral. Dizei-lhes que a Ordem encara o presente e o futuro
com esperança e otimismo e recordai-lhes que todos somos chamados
hoje a ser protagonistas na construção e no desenvolvimento diário
do projeto de S. João de Deus. Para isso, conto com todos os membros
da nossa querida Família Hospitaleira de S. João de Deus.
Que o Senhor, Pai misericordioso, Nossa Senhora de Fátima, nossa
Mãe, que nos acompanhou durante todo o Capítulo, o Arcanjo San
Rafael, nosso Irmão mais velho, S. João de Deus, nosso fundador e
inspirador, e todos os nossos santos e beatos nos acompanhem, nos
protejam, nos orientem e nos ajudem a todos durante o sexénio que
agora começamos. Obrigado.
152
6.
CARTA DE
APRESENTAÇÃO DA
PROGRAMAÇÃO DO
SEXÉNIO 2012-2018
Ir. Jesús Etayo
Superior Geral
A todos os membros da Família Hospitaleira de S. João de Deus
Passaram dois meses desde que terminou o LXVIII Capítulo Geral e,
durante este tempo, temos vindo a organizar e preparar o plano de
acção do Governo Geral para o novo sexénio, além de irmos resolvendo
os problemas habituais da vida da Ordem à medida que vão surgindo.
Por mandato do Capítulo Geral, nomeámos uma Comissão para a
elaboração do Documento Final do Capítulo, que denominámos ‘Linhas
de ação e prioridades do LXVIII Capítulo Geral, que foi depois aprovado
pelo Definitório Geral. Agradeço aos membros da Comissão a disponibilidade e o bom trabalho realizado.
Trata-se de um documento que deverá guiar e orientar a vida da
Família Hospitaleira de S. João de Deus nos próximos anos e constituir
a base para a programação do Governo Geral, das Províncias e de todas
as estruturas da Instituição. É um documento que tem em conta os
principais desafios que a Ordem tem de enfrentar nos próximos seis
anos e indica as prioridades e as propostas que nos ajudarão a realizar
a nossa missão. Baseando-nos nele, elaborámos a programação do
sexénio que agora apresentamos.
Quero agradecer a todos os membros da Ordem pela confiança que
depositaram na minha pessoa para desempenhar o cargo de Superior
Geral. Sei que são muitos os desafios e as dificuldades do tempo que
vivemos, mas assumo-o com entusiasmo, esperança e espírito de
serviço à Igreja e à Ordem. Estou consciente de que só com a ajuda
de Deus e de toda a Família Hospitaleira de S. João de Deus poderei
cumprir a missão que me foi confiada. De uma forma mais estreita,
agradeço aos Irmãos que aceitaram fazer parte do Governo Geral,
partilhando comigo as responsabilidades de animação e de governo
da Ordem.
1. ESCUTAR O ESPÍRITO DO SENHOR
Neste momento turbulento e de tantas mudanças que o nosso mundo
vive sob todos os pontos de vista, é essencial para começar um novo
período na vida da nossa Ordem pôr-nos à escuta do Espírito a fim de
descobrirmos o que o Senhor nos diz e, acima de tudo, aquilo que Ele
155
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
nos pede para permanecermos fiéis ao carisma e à missão de S. João
de Deus, nosso Fundador.
Nos primeiros capítulos do Livro do Apocalipse, o autor refere aquilo
que o Espírito diz às diversas Igrejas (Ap 2-3). Faz uma avaliação dos
aspetos positivos e das áreas de melhoria existentes em cada uma
delas, incentivando-as e orientando-as para que superem o que não
está correto aos olhos do Senhor.
Queremos começar a partir daqui,QQ escutando o Espírito do Senhor,
porque só Ele pode iluminar a nossa realidade e ajudar-nos a discernir
os caminhos que devemos percorrer para sermos fiéis à missão que
nos é confiada. Escutar o Espírito significa fazer uma leitura da vida à
luz da fé, da nossa Família Hospitaleira de S. João de Deus, de cada um
dos seus membros e de todas as suas estruturas. Como dizem alguns,
trata-se de fazer uma leitura crente da realidade da nossa vida.
Somente a partir do Espírito é possível renovar o entusiasmo pela
vocação e missão, vencendo rotinas, medos e atitudes passivas que
por vezes nos paralisam e nos fazem desanimar. Ele, que é o criador
e regenerador da vida, é também quem nos chama a viver e a renovar
todos os dias a hospitalidade, exatamente como a inspirou S. João de
Deus. É Ele que tem as chaves do futuro da Hospitalidade.
Ouvi-lo, portanto, é um chamamento e uma necessidade. Peço a toda
a Ordem que o façamos permanentemente, que ouçamos a sua voz e
a sigamos fielmente, através da oração, da reflexão, de encontros de
hospitalidade e do serviço aos doentes e às pessoas por nós assistidas.
O Capítulo Geral foi uma boa experiência de escuta e presença do Espírito do Senhor que nos indicou as linhas fundamentais que devemos
percorrer nos próximos anos.
2. APROVEITAI TODAS AS OCASIÕES PARA
SERDES HOSPITALEIROS
Manter vivo e atual o espírito e a missão da Hospitalidade que herdámos de S. João de Deus é a prioridade essencial que a nossa instituição
e todas as pessoas que a constituem devem manter sempre. Estamos
convictos disso. O sofrimento, a dor e a pobreza são uma realidade que
156
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
acompanha a humanidade e que está presente na vida das pessoas de
todos os tempos: “porque os pobres sempre os tereis convosco” (Mt 26, 11).
Têm rostos e nomes concretos e para eles somos chamados como bons
samaritanos para manifestarmos que “o Cristo compassivo e misericordioso do Evangelho permanece vivo entre os homens e colaborarmos desta
forma com Ele na sua salvação” (Const., 5a).
Apesar dos avanços da ciência e das tecnologias, que registaram
grandes progressos, embora estejam distribuídos de forma desigual,
as necessidades, o sofrimento, a doença, a fome e a miséria continuam
a atingir com muita força a humanidade nos dias de hoje. Além disso, a
crise mundial que vivemos está a tornar ainda mais grave esta situação,
mesmo em países que, até agora, gozavam de altos níveis de bem-estar.
O amor e a misericórdia de Deus para com todas as pessoas vulneráveis e que sofrem é um dom permanente que brota da sua própria
essência e continua a ser oferecido hoje a todos através da sua Igreja.
A Ordem e toda a Família de S. João de Deus, que fazem parte da
Igreja, continuam a ser chamadas pelo Espírito para mostrar o rosto
misericordioso e acolhedor do Senhor, por meio da Hospitalidade,
seguindo o exemplo de S. João de Deus, renovando as formas e os
métodos de lhe dar continuidade, de acordo com as necessidades dos
homens e as mulheres do mundo atual.
A missão da Hospitalidade continua a ser atual e sê-lo-á sempre. Mas
vai depender de nós mantê-la viva e atual de acordo com o espírito
e o ideal de S. João de Deus. Ela necessita de ser nova e de se renovar
todos os dias. E isso dependerá apenas da fidelidade à nossa vocação e
à nossa missão. Por isso, temos de ser corajosos e ousados para darmos
as respostas apropriadas que Deus quer para os nossos irmãos doentes,
pobres e necessitados.
Isso requer de nós um forte compromisso com a nossa missão. Devemos ser entusiastas e promotores da hospitalidade, liderando ou
acompanhando os projetos nos quais a Ordem realiza a sua missão e
promovendo outros projetos novos que respondam às novas necessidades, mesmo se nem sempre forem de grande envergadura.
No início deste novo sexénio, gostaria de lançar um apelo a toda
a Família Hospitaleira de S. João de Deus convidando-a a praticar
157
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
a Hospitalidade. Devemos certamente continuar a refletir sobre a
nossa vida e a nossa missão, mas, acima de tudo, é necessário um
compromisso permanente com a Hospitalidade. Não importa a grandeza nem o número, são sobretudo importantes a visibilidade, o
testemunho e a qualidade da mesma. Sob este aspeto, especialmente
nós, os Irmãos, temos que ser pioneiros e promotores, como convém
à nossa vocação. Sem a prática da hospitalidade, a nossa missão e a
nossa vocação perdem força, ficam na sombra e correm o risco de não
serem compreendidas e, portanto, de se perderem.
É esta a razão pela qual escolhi como lema para o meu mandato a
expressão de S. Paulo “Premurosi nell’ospitalità” (Rm 12,13: Aproveitai
todas as ocasiões para serdes hospitaleiros). Pertence à parte exortativa
da Carta e, por isso, não se trata apenas de reflexões ou sugestões,
mas de um imperativo, um apelo e um mandato. O significado da
expressão italiana (ser diligentes, atenciosos, na Hospitalidade), que
escolhi, confere-lhe um tom mais caloroso, no sentido que devem
brotar do nosso coração uma constante predisposição e sensibilidade
para nos apercebermos das necessidades daqueles que sofrem, para
os ajudarmos sem condições e praticarmos a hospitalidade, muito em
sintonia com a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25).
No documento “Linhas de Ação e Prioridades”, encontramos orientações
e propostas concretas para realizar a nossa missão de forma renovada
e atualizada, praticando a hospitalidade a partir do compromisso
concreto com as pessoas que sofrem, em muitos campos e projetos:
gestão carismática, escolas de hospitalidade, pastoral social e da saúde,
bioética, cooperação internacional, novas formas de pobreza.
3. A FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE
DEUS
O Espírito do Senhor vem guiando a Ordem desde o Concílio Vaticano
II no sentido de ela partilhar o carisma, a espiritualidade e a missão
com as pessoas que colaboram com os Irmãos no seu projeto de Hospitalidade. Atualmente, são muitos milhares de pessoas – funcionários,
voluntários, benfeitores e amigos – que se sentem identificadas com
158
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
este projeto, bem como com a identidade, os valores e princípios da
nossa instituição.
O Capítulo Geral reforça a visão da Ordem como Família Hospitaleira
de S. João de Deus, definida nos Estatutos Gerais de 2009. Juntamente
com os Irmãos, também os Colaboradores são membros ativos e
corresponsáveis pela nossa missão. Todos estamos conscientes de que
só graças a eles é possível levar por diante a missão da Ordem, com
tão grande expansão e dedicação.
A formação institucional dos Colaboradores, através das Escolas de
Hospitalidade, a participação nas responsabilidades ao nível da gestão,
o compromisso com a visão, a missão, os valores e os princípios de
Ordem, e muitos outros âmbitos de ação, são temas sobre os quais se
tem vindo a trabalhar desde há anos e que devem ser intensificados
no futuro, procurando sempre níveis mais elevados de participação
e compromisso.
Queremos que a nossa seja uma Família aberta, inclusiva, acolhedora, inspirada pelo carisma de S. João de Deus e ativa na prática da
Hospitalidade. Desejamos durante os próximos seis anos continuar
a promovê-la como um processo que nos permita ir crescendo e
encontrar formas e maneiras específicas de a organizar. Além disso,
temos também de continuar a pensar e a rever as estruturas da nossa
instituição, a fim de encontrar as mais adequadas para o futuro.
Desejamos que o movimento de Hospitalidade que existe hoje ao redor
da figura de S. João de Deus e que torna possível esta Família, não só
não se perca, mas que continue vivo e esteja devidamente organizado.
Queremos uma Família na qual as pessoas assistidas nos nossos centros
e as suas Famílias deverão também ocupar um lugar importante.
Resta muito a fazer, mas temos já uma longa tradição e desejo encorajar
a todos a fazer este processo de consolidação no futuro da Família Hospitaleira de S. João de Deus, para que ela possa continuar a moldar e a
garantir no futuro a Hospitalidade segundo o estilo do nosso Fundador.
159
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
4. PASTORAL VOCACIONAL, VIDA COMUNITÁRIA E ESPIRITUAL RENOVADA
É prioritário que nós, os Irmãos, vivamos a nossa vocação com entusiasmo e alegria. Que acreditemos em nós mesmos, baseando-nos no
dom de sermos chamados pelo Senhor a viver como consagrados. Disso
depende em grande parte o futuro da nossa vida e da nossa Ordem.
É isso o que esperam de nós a Igreja e todos os outros membros da
Família Hospitaleira de S. João de Deus.
Ser testemunhas da Hospitalidade, consagrando e oferecendo completamente a nossa vida ao projeto de Deus sobre nós, constitui o núcleo
essencial da nossa missão e do nosso papel, que visa, entre outras
coisas, animar e entusiasmar, em particular, aqueles que partilham
connosco a missão e, em geral, a Igreja inteira. Por isso, é importante
que nós, os Irmãos, cada um segundo as suas possibilidades, estejamos próximos dos doentes e dos nossos Colaboradores, que sejamos
criativos e promovamos novos projetos de hospitalidade, mesmo que
sejam pequenos, e que, no mínimo, os animemos e acompanhemos com
a nossa presença. Todos os Irmãos, se não existirem impedimentos
de força maior, devem dedicar tempo a estas tarefas, superando a
passividade e deixando de viver enclausurados ou ficando demasiado
distantes daqueles que são os destinatários da nossa missão. Convido
todos os Irmãos a participar, na medida possível, pelo menos num
projeto de serviço e assistência aos doentes mais necessitados, aos mais
pobres do seu ambiente, ou àqueles que estão a ser mais fortemente
atingidos pela crise global atual.
Para além das nossas dificuldades e limitações, o Senhor continua
a chamar-nos, provavelmente a partir das debilidades de cada um
de nós e da situação atual da nossa instituição, a viver com alegria a
vocação e a missão como Irmãos de S. João de Deus. O nosso Fundador
e muitos outros Irmãos, ao longo da História, são exemplos que nos
devem ajudar a renovar a nossa credibilidade e o nosso compromisso
para com a nossa consagração religiosa em hospitalidade.
A primeira condição para que isso seja possível é cultivarmos a nossa
vida espiritual, em sintonia com as nossas Constituições e o Livro da
160
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
Espiritualidade da Ordem. Na oração pessoal e comunitária, na leitura
diária da Palavra de Deus, na celebração da Eucaristia e dos outros
sacramentos e na leitura da nossa vida à luz da fé, encontraremos o
fundamento e a força para vivermos diariamente a nossa consagração.
Sem isso, a nossa vida corre o risco de se tornar estéril e de cairmos
na apatia e no desespero.
A vida em comunidade é um dos pilares da nossa consagração do qual
também devemos cuidar e que temos de renovar. Em muitos lugares,
o declínio do número de Irmãos está a conduzir à formação de comunidades com um número de Irmãos cada vez menor, por vezes mesmo
com um número insuficiente de Irmãos que podem pôr em perigo a
própria vocação. Temos de ser criativos e abertos a novas formas de
vida comunitária, mas garantindo sempre as condições mínimas que
facilitem e deem visibilidade à fraternidade. Sei que existem dificuldades, e não são poucas, especialmente em certos lugares; por isso,
convido todos a refletir e a discernir, escutando o Espírito do Senhor
de modo que sejam tomadas as decisões mais acertadas.
Não há dúvida que o futuro depende em grande parte da formação inicial e permanente dos Irmãos. Temos de dedicar-lhes muitas
energias e meios. Temos de superar a fadiga e a falta de planificação.
Precisamos de fortalecer e melhorar a escolha dos nossos formadores
para que orientem e acompanhem corretamente os nossos candidatos,
e temos de continuar a promover a formação ao longo da vida, dado
que ela constitui uma das bases da nossa renovação.
Estamos preocupados com a diminuição considerável de novas vocações e devemos dedicar todos os nossos esforços à promoção vocacional. Todos os Irmãos devem ser os primeiros agentes de pastoral
vocacional mediante o testemunho de uma consagração vivida com
entusiasmo e paixão. Desta forma, e vivendo com os critérios acima
referenciados, poderemos propor com garantias a nossa vocação a
outras pessoas. Além disso, será necessária uma planificação adequada
em cada Província, dedicando-lhe os melhores recursos, especialmente
humanos. Conforme ficou decidido no Capítulo Geral, dedicaremos o
ano de 2015 à pastoral vocacional hospitaleira.
161
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
No documento “Linhas de Ação e Prioridades”. são dadas algumas orientações sobre a vida dos Irmãos, que todos temos de assumir e com as
quais nos devemos comprometer. Os Superiores – Provinciais e Locais
– devem promovê-las a partir da sua responsabilidade, acompanhando
e apoiando os Irmãos mediante a animação, o diálogo e a avaliação.
Embora já tenha alguns anos, continua a ser um válido instrumento
de análise, reflexão e formação para todas estas questões o documento
intitulado “Estado de Formação na Ordem”, encomendado pela Ordem
ao Prof. Renato Mion, sdb, e à sua equipa, em 2006.
5. OS IRMÃOZINHOS DO BOM PASTOR
Com especial alegria e entusiasmo, o Capítulo Geral acolheu e aceitou
o pedido de fusão com a nossa Ordem apresentado pela Congregação
dos Irmãozinhos do Bom Pastor. Quem participou no Capítulo teve
a oportunidade de conhecer mais de perto a Congregação e vários
Irmãos, entre os quais ao Superior Geral, Ir. Justin Howson. Foi um
sinal de abertura e acolhimento da Congregação por parte da Ordem
e da Família Hospitaleira de S. João de Deus. Oportunamente todos
irão receber mais informações para poderem conhecer melhor tanto
a Congregação como o processo de fusão que estamos a iniciar e
que esperamos tenha a duração de três anos: para o efeito, já foram
constituídas diversas comissões de trabalho.
A Congregação dos Irmãozinhos do Bom Pastor foi fundada pelo Ir.
Mathias Barre+, que antes tinha sido Irmão de S. João de Deus, na
América do Norte. A sua missão coincide plenamente com a nossa e
é desenvolvida através de vários projetos de ação social. Estou certo
de que chegaremos a uma total integração e compreensão.
Convido toda a Ordem, e também a Congregação dos Irmãozinhos do
Bom Pastor, a viverem este processo com alegria e esperança, pedindo
ao Senhor pelo seu bom êxito, sabendo que um processo desta natureza
exige uma grande abertura por parte de todos os membros de ambas
as instituições, um processo no qual todos dão e todos recebem. Por
isso, é uma riqueza e um dom que o Senhor coloca diante de todos nós.
162
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
6. PROGRAMAÇÃO
Na programação que apresentamos a seguir incluímos os eventos
fundamentais e habituais para o novo sexénio que interessam a toda
a Ordem. Obviamente, haverá outros que iremos indicando, como,
por exemplo, a celebração do centenário da morte de S. Bento Menni,
em 2014.
Para nos adaptarmos s indicação dos novos Estatutos Gerais, que
implicaram uma mudança correspondente nas Constituições – realizar
os Capítulos Provinciais com periodicidade quadrienal – as datas para
a sua realização foram antecipadas alguns meses, quer em 2014 quer
em 2018, a fim de permitir o máximo tempo possível para a celebração
do Capítulo Geral, cuja celebração, por sua vez, adiámos para janeiro
de 2019. Estarei presente em todos os Capítulos Provinciais de 2014
e alguns de 2018 irão ser presididos por Irmãos Conselheiros Gerais.
Quanto às Visitas Canónicas, serão efetuadas nas datas agendadas.
Irei pessoalmente realizar algumas delas e, nas restantes, estarei
presente no seu encerramento. Apesar de as datas estarem fixadas, os
Superiores Provinciais deverão coordenar com o Irmão que efetuar a
Visita todos os detalhes, ficando disponíveis para, em casos pontuais
que se justifiquem, revermos e até mesmo alterarmos algumas delas,
se necessário.
Está prevista a realização, todos os anos, exceto no último, de uma
Assembleia dos Superiores Maiores, tendo em vista reforçar a colegialidade na animação e no governo da Ordem e, ao mesmo tempo,
rever, avaliar e promover o plano de ação do Governo Geral.
Para o novo sexénio, agendámos dois Cursos de preparação para
profissão solene, nos meses de setembro e outubro. Pensamos que,
prevendo-se a participação de um menor número de Irmãos, dois
sejam suficientes. No entanto, peço a todos os Superiores Provinciais
que velem para que, nos outros anos, os Irmãos que devam fazer a
profissão solene tenham o tempo e a preparação adequados, a nível
Provincial, Regional ou Interprovincial.
163
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
CONCLUSÃO
Termino esta apresentação da programação para o atual sexénio
sublinhando alguns pontos que considero fundamentais e que o documento “Linhas de Ação e Prioridades” desenvolve com maior amplitude
e especificidade. Trata-se daqueles aspetos sobre os quais acredito que
o Espírito do Senhor nos chama com especial atenção. De qualquer
forma, como disse, a atitude de escuta do Espírito para nos mantermos
fiéis à nossa vocação e à nossa missão deve ser permanente.
Iniciamos um novo sexénio, um novo período e, portanto, uma nova
possibilidade de continuar a renovar e a dar vida ao projeto da Hospitalidade iniciado por S. João de Deus. Neste sentido, é um novo
Pentecostes que o Senhor nos oferece: aproveitemo-lo, escutemos o
seu espírito e atuemos de acordo com as suas indicações.
Coloco este sexénio nas mãos do Senhor, nosso Pai Deus por meio da
Virgem Maria, Nossa Senhora do Patrocínio, de S. Rafael, nosso Irmão
mais velho, de S. João de Deus, nosso Fundador e dos nossos Irmãos
santos e beatos que nos precederam na Hospitalidade. Que eles nos
ajudem a renovar, fortalecer e praticar sempre a Hospitalidade.
Unidos sempre no Senhor e em S. João de Deus,
Ir. Jesus Etayo Superior Geral
Roma, 13 de janeiro de 2013
Festa do Batismo do Senhor.
164
7.
LINHAS DE AÇÃO
E PRIORIDADES
DO LXVIII
CAPÍTULO GERAL
I. INTRODUÇÃO
O LXVIII Capítulo Geral da Ordem realizado em Fátima (Portugal)
sob o lema: “A família de S. João de Deus ao serviço da Hospitalidade”,
estudou, analisou e projetou a realidade da Ordem perante o futuro. O
Governo Geral, de acordo com o mandato recebido do Capítulo e com
a ajuda de uma Comissão ad hoc, elaborou e aprovou este documento
intitulado Linhas de Ação e Prioridades, que agora apresentamos e que
constituirá o plano fundamental de trabalho para a animação do novo
Governo da Ordem.
As Linhas de ação fundamentais emanadas do Capítulo Geral, destinadas a enfrentar os desafios que a Ordem tem pela frente e a projetar
o seu futuro nos próximos anos, são as seguintes:
ρ É ajustada e adequada para a realidade presente e futura da nossa
instituição a visão da Ordem como Família Hospitaleira de S.
João de Deus, segundo quanto indicado pelos Estatutos Gerais da
Ordem, e deverá ser entendida como um processo que vá desenvolvendo progressivamente a sua estrutura e os seus conteúdos.
ρ Constitui uma prioridade manter vivo e atual o carisma e a missão
da Ordem, dedicando-se ao serviço dos pobres, dos doentes e dos
necessitados, de acordo com o espírito, os valores e a filosofia
que nos inspirou S. João de Deus. De modo especial, temos de ser
sensíveis às novas situações de pobreza existentes no mundo
derivadas da situação de crise, das desigualdades e situações de
injustiça, que têm rostos concretos nas pessoas mais vulneráveis
da nossa sociedade.
ρ É necessário prosseguir o processo de renovação da Ordem, tanto
da vida religiosa como da missão, processo para o qual a Igreja
continua a convidar-nos e que foi de modo especial impulsionado
no passado sexénio.
ρ É oportuno continuar a incentivar a vida espiritual e comunitária dos Irmãos, bem como a formação inicial e permanente dos
mesmos, a fim de fortalecer e promover a missão que a Igreja e a
Ordem nos pedem nos dias de hoje. O Capítulo deseja especialmente promover a vocação para a vida consagrada hospitaleira,
167
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
destinando a esse fim os recursos humanos e espirituais necessários. Da mesma forma, considera necessário promover a vocação
para a hospitalidade dos nossos Colaboradores.
ρ É preciso agradecer e valorizar a participação e a presença dos
Colaboradores, especialmente na missão da Ordem, como corresponsáveis por ela. Consideramos essencial promover a transmissão dos valores e a formação dos Colaboradores, bem como
continuar a desenvolver formas e modelos de corresponsabilidade
e participação no carisma, na missão e na espiritualidade da
Ordem.
ρ É fundamental e necessário para o futuro continuar a pensar
e a procurar novas abordagens relativamente às estruturas da
Ordem, a fim de assegurar a sua continuidade, a sua presença e
a sua missão.
II. A FAMÍLIA HOSPITALEIRA DE S. JOÃO DE
DEUS
A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, canonicamente reconhecida
pela Igreja e constituída pelos Irmãos, foi-se desenvolvendo ao longo
da sua história através da colaboração e do compromisso de muitas
pessoas. Esta realidade fez-nos progredir na conceção da Ordem como
Família Hospitaleira de S. João de Deus. Neste sentido, partilha com
Colaboradores o carisma, a missão e a espiritualidade, de acordo com
o número 20 dos Estatutos Gerais da Ordem.1
Em cada realidade da Ordem, segundo a cultura e o contexto próprios,
articulam-se diferentes fórmulas que tornam possível e exprimem a
maneira de ser e de viver da Família Hospitaleira de S. João de Deus.
Como Irmãos, promovemos a visão universal da Família Hospitaleira
de S. João de Deus, com todas as pessoas que se ligam à Ordem e se
1
A Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus transcende o âmbito dos Irmãos
que professaram na Ordem. Promovemos a visão da Ordem como “Família Hospitaleira de S. João de Deus” e acolhemos, como dom do Espírito nos nossos tempos, a
possibilidade de compartilhar o nosso carisma, a espiritualidade e a missão com os
Colaboradores, reconhecendo as suas qualidades e os seus talentos.
168
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
identificam com os nossos valores e com a filosofia da Ordem. Existem
diferentes graus de vinculação, como estabelece o número 22 dos
Estatutos Gerais.2
A nossa Família – Irmãos e Colaboradores –, definida no nº 21 dos
mesmos Estatutos Gerais,3 deseja tomar em particular consideração
aqueles que constituem o centro da nossa missão, ou seja, as pessoas
por nós assistidas e os seus familiares.
A Ordem promove a criação de movimentos e associações, regulamentados por estatutos, para os Colaboradores que partilham o carisma,
a espiritualidade e a missão da Ordem.
É possível tornar-se membro da Família Hospitaleira de S. João de
Deus através de uma adesão formal, ou informal, partindo do respeito
pelas tradições e culturas dos lugares onde a Ordem está presente.
O Governo Geral incentivará as Províncias a promoverem a criação
e o desenvolvimento da Família Hospitaleira S. João de Deus como
expressão do compromisso de hospitalidade para com as pessoas
doentes e necessitadas.
2
3
Os Colaboradores podem estar vinculados com o carisma, a espiritualidade e a missão
da Ordem por um ou vários destes níveis:
ρ através do seu trabalho profissional bem feito;
ρ da sua adesão à missão da Ordem, a partir dos seus valores humanos e/ou convicções religiosas;
ρ do seu compromisso de fé católica.
Para efeitos dos presentes Estatutos Gerais, os diferentes tipos de Colaboradores na
Ordem são:
a. Trabalhadores: pessoas que expressam a sua capacidade de serviço ao próximo
nas Obras Apostólicas da Ordem, com um contrato laboral.
b. Voluntários: pessoas que dedicam parte do seu ser, isto é, do seu tempo, de forma
generosa e desinteressada ao serviço da Ordem e das suas Obras Apostólicas.
c. Benfeitores: pessoas que ajudam económica, material e/ou espiritualmente a
Ordem.
d. Outros: pessoas que se vinculam de diferentes modos à Ordem, em conformidade
com os presentes Estatutos.
169
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
III. MISSÃO
A Família Hospitaleira de S. João de Deus tem como principal missão
oferecer o melhor serviço possível aos doentes e a quantos se encontram em necessidade, contribuindo assim para a evangelização e o
diálogo intercultural e inter-religioso, através da hospitalidade.
Para levar a cabo esta missão, a Ordem definiu os seguintes valores
que a identificam e quer promover: hospitalidade, qualidade, respeito,
responsabilidade e espiritualidade.
No contexto global e plural do nosso mundo, a Ordem aposta em
promover a transmissão destes valores através dos Irmãos e dos
Colaboradores, de modo a impregnar com eles o estilo da sua presença
e os seus modelos assistenciais.
Para realizar esta missão, o Capítulo enfatizou a necessidade de continuar a impulsionar e a desenvolver:
ρ a gestão carismática,
ρ as Escolas de Hospitalidade,
ρ a colaboração ad intra e ad extra (trabalho em rede).
Sublinhou ainda a necessidade de continuar a promover a identidade
da missão através das seguintes prioridades e propostas:
1. Cada Obra Apostólica deve contar com um serviço de assistência espiritual e religiosa, constituído por pessoas formadas
adequadamente. Tal serviço disporá de um plano de pastoral
de acordo com as diretrizes e os critérios do documento de
Pastoral da Ordem.4
2. Reforçar as Comissões de Ética e Bioética, Geral e Provinciais,
para que garantam a formação e uma tomada de decisões adequadas sobre as referidas questões, em toda a Ordem.
3. Promover a docência e a investigação, em conformidade com os
critérios da Carta de Identidade da Ordem, bem como o trabalho
em rede entre as várias Províncias, Regiões e Obras Apostólicas.
4. Dado que, desde as suas origens, a Ordem fez uma opção preferencial pelos mais pobres, é prioritário estabelecer novas formas
4
A Pastoral segundo o Estilo de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012.
170
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
de hospitalidade para responder às necessidades decorrentes
da atual crise económica e financeira, que gera novas formas
de pobreza.
5. Promover a presença de voluntários e benfeitores nas nossas
Obras Apostólicas. Criar em todas as Províncias, sempre que
possível, uma equipa responsável pela promoção e coordenação
do voluntariado.
III.1 GESTÃO CARISMÁTICA
A gestão nas Obras e Serviços da Ordem baseia-se no carisma e na
missão da Hospitalidade de S. João de Deus.
Trata-se de fazer as coisas bem feitas e de forma significativa, seguindo
os princípios que justificam e definem a nossa instituição e a sua
missão
Os Estatutos Gerias e a Carta de Identidade descrevem a missão que
lhe foi confiada bem como os critérios para a realizar adequadamente.
A implementação destes objetivos, que podem parecer algo abstratos,
deve ocorrer concretamente de acordo com os princípios de melhoria
contínua e serem verificados através de avaliações e auditorias.
Desta forma, deveria ser garantida uma evolução sustentável das
Obras segundo o espírito de S. João de Deus.
6. O documento sobre a gestão carismática na Ordem,5 deverá ser
implementado nos diversos serviços assistenciais, tendo em
conta a sua realidade e a situação específica e as diversas culturas. O programa informático de avaliação da gestão carismática
pode ser útil para este fim.
7. Os Irmãos e os Colaboradores devem ser formados e acompanhados na gestão carismática com base nos principais documentos
da Ordem.6
5
6
Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Guia para a avaliação e
melhoria da nossa missão apostólica, Cúria Geral, Roma 2012.
Carta de Identidade da Ordem, Cúria Geral, Roma 1999.
Gestão Carismática na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Guia para a avaliação e
melhoria da nossa Missão apostólica, Cúria Geral, Roma 2012.
171
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
8. Prestar uma atenção especial à voz dos nossos assistidos, a fim
de salvaguardar os seus direitos e melhorar a qualidade da nossa
oferta assistencial.
O projeto da Ordem pode ser implementado de forma sustentável em
favor dos doentes, das pessoas portadoras de deficiência e das pessoas
necessitadas se houver uma base económica sólida.
9. Para dinamizar a ação evangelizadora e garantir o seu desenvolvimento carismático, as Províncias e os Centros deverão
elaborar um plano estratégico que inclua as linhas de ação e a
cobertura financeira.
10. Antes de abrir uma nova Obra é necessário realizar um estudo
de viabilidade, verificando a respetiva necessidade, bem como
os recursos económicos e humanos disponíveis. Cada Obra
deverá elaborar e avaliar um plano financeiro de curto e longo
prazos, para avaliar a viabilidade da mesma.
11. A autonomia económica de algumas Obras sociais que a Ordem
mantém em lugares ou regiões mais desfavorecidos dificilmente
pode ser garantida. No entanto, deverá ser ponderado cuidadosamente o valor do testemunho carismático das mesmas.
12. O Capítulo reafirma o valor da esmola na tradição da Ordem. Por
conseguinte, incentiva as Províncias a promoverem a angariação
de fundos com metodologias atualizadas e solicita a quantos se
ocupam dessa tarefa que procedam de forma transparente e
responsável e prestem contas da sua gestão.
A Pastoral segundo o estilo de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012.
A Formação dos Colaboradores: Guia de Formação na Filosofia e nos Valores da Ordem,
Cúria Geral, Roma 2012.
FORKAN, D., O Rosto da Ordem em mudança, Carta Circular, Cúria Geral, Roma 2009.
LEONE, Salvino, A Ética em S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2012.
172
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
III.2 ESCOLAS DE HOSPITALIDADE
A formação em Hospitalidade deve levar-nos a uma dinâmica de
contínuo crescimento e aprofundamento dos conceitos, atitudes e
comportamentos que nos identificam como pessoas hospitaleiras.
As Escolas de Hospitalidade têm como objetivo promover a cultura e
a formação hospitaleira onde a Ordem está presente.
Esta formação, que inclui aspetos cognitivos e experienciais, é um
espaço comum para os Irmãos e Colaboradores no qual nos enriquecemos mutuamente e nos encorajamos a prosseguir o aprofundamento
nos valores e princípios7 que derivam da Hospitalidade. Esta formação
inclui elementos teóricos e práticos contidos no documento da Ordem
sobre a formação dos Colaboradores.8
13. Propõe-se efetuar uma avaliação do trabalho realizado pelas
atuais Escolas de Hospitalidade – avaliação da formação, dos
programas pedagógicos e da sua aplicação na prática da missão
– bem como promover a sua criação nas Províncias e Delegações
em que ainda não existem.
14. Estudar a viabilidade da criação de um Centro internacional de
formação e espiritualidade, para Irmãos e Colaboradores, por
exemplo em Granada, para promover o objetivo do que se tem
feito nas Escolas de Hospitalidade.
III.3 COLABORAÇÃO AD INTRA E AD EXTRA
(TRABALHO EM REDE)
O Capítulo tomou consciência das possibilidades oferecidas pela
possibilidade de partilha e colaboração como Ordem presente em todos
os continentes, para nos ajudarmos mutuamente no desenvolvimento
e promoção do carisma e da missão da Hospitalidade.
O Capítulo sublinhou a importância de continuar a progredir e a
promover os encontros e as Comissões por Regiões – África, América,
7
8
Cf. Estatutos Gerais, 50.
A Formação dos Colaboradores: Guia de Formação na filosofia e nos Valores da Ordem, Cúria
Geral, Roma 2012.
173
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Ásia-Pacífico e Europa – mantendo ao mesmo tempo a unidade e a
comunhão com toda a Ordem.
O Capítulo propõe os seguintes objetivos prioritários:
15. Melhorar o intercâmbio de conhecimentos e experiências acumulados pela Ordem ao longo da sua história, através do trabalho
em rede e utilizando as novas tecnologias de comunicação.
16. Promover as geminações entre Obras que realizam atividades
semelhantes para melhorar a missão, as práticas profissionais
e a formação.
17. Promover a colaboração com a administração pública, a fim de
colaborar na definição das políticas sociais e de saúde.
18. Solicitar financiamentos às administrações públicas e a outras
instituições para realizar projetos que favoreçam a assistência
às pessoas e aos grupos mais desfavorecidos.
19. Favorecer e estimular o intercâmbio de pessoas – Irmãos e
Colaboradores – que, pontualmente ou por um determinado
período de tempo, possam apoiar ou colaborar em projetos
de outras Províncias, assim como partilhar conhecimentos e
experiências.
20. Caberá ao Governo Geral, através do Departamento para as
Missões e a Cooperação Internacional:
a. promover e coordenar a solidariedade dentro da Ordem;
b. estabelecer fórmulas de colaboração económica viáveis que contribuam para a sustentabilidade e o desenvolvimento de todas
as obras;
c. recolher e publicar informações de todas as ações que forem realizadas ao nível da Ordem em matéria de cooperação.
IV. IRMÃOS
“O papel dos religiosos consiste em serem levedura no pão, ...
É necessário que deem um testemunho vivo do seu seguimento
radical de Jesus e manifestem claramente o dom especial, ou
174
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
carisma, que receberam, para cuja missão orientam e dispõem
a própria vida”.9
Em virtude do dom recebido e da sua consagração, os Irmãos são
depositários do carisma e têm o dever de o conservar e desenvolver
no tempo, transmitindo o espírito de S. João de Deus àqueles que
colaboram com eles.
O Capítulo sublinhou várias vezes ao longo das suas reflexões a necessidade de trabalhar no próximo sexénio na renovação da vida religiosa
e espiritual dos Irmãos, insistindo na importância da coerência entre
vida de oração e vida apostólica.
É, portanto, uma prioridade prestar especial atenção à promoção de
novas vocações, à qualidade da formação inicial e permanente dos Irmãos
e a um estilo de vida comunitária renovado, autêntico e coerente com
o que somos chamados a viver.
IV.1 PROMOÇÃO VOCACIONAL
21. Criar uma Comissão de pastoral vocacional, na Cúria Geral e
nas diversas Regiões da Ordem e incentivá-las a trabalhar em
rede envolvendo também os Colaboradores nas reflexões e
ações que realizarem.
22. Promover na Ordem um ano dedicado à pastoral vocacional
hospitaleira. Para isso, sugere-se que as Províncias, Delegações
e Comunidades colaborem com outras instituições da Igreja.
Deverão dispor dos meios necessários e adotar um estilo de
comunicação adaptado à linguagem de hoje.
23. Insistir na especificidade da vocação do Irmão de S. João de
Deus, isto é, a hospitalidade oferecida aos pobres e aos doentes.
9
FORKAN, Donatus, op. cit., 3.2.2.
175
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
IV.2 FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA
Toda a nossa formação, inicial e permanente, destina-se a responder às
necessidades da nossa missão e a viver a nossa consagração religiosa,
de acordo com quanto a Igreja nos pede nos dias de hoje.
24. Aplicar, em toda a parte, o documento de formação dos Irmãos,10
adaptando-o às realidades locais e culturais, bem como às circunstâncias atuais.
25. Integrar nos programas de formação os documentos recentes
publicados pela Ordem, especialmente sobre a Espiritualidade.11
Elaborar para toda a Ordem diretrizes destinadas a avaliar a
formação e a sua assimilação.
26. Garantir um bom nível de formação de formadores, prever a
atualização dos mesmos e realizar encontros regionais e/ou
interprovinciais.
27. Durante o período de votos temporários, ajudar os Irmãos a
perseverar na sua vocação identificando-se cada vez mais com
o carisma, a espiritualidade e a missão de S. João de Deus. Para
tal, devem ser disponibilizados os meios humanos e materiais
necessários, insistindo no acompanhamento pessoal.
28. Dar continuidade aos cursos de preparação para a profissão
solene ao nível da Ordem.
O Capítulo reafirmou a necessidade imperativa de definir programas
de formação permanente nas Províncias e Regiões, tal como especifica
o n.º 89 dos Estatutos Gerais:12
Projeto de Formação dos Irmãos de S. João de Deus, Cúria Geral, Roma 2000.
Caminho da Hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus. Espiritualidade da Ordem,
Cúria Geral, Roma 2004.
12
De acordo com o artigo 61 destes Estatutos Gerais, as Províncias devem ter um plano
de Formação Permanente.
As Comunidades incluirão o programa da Formação Permanente no seu Projeto
Comunitário.
Cada Irmão realizará de forma responsável e ativa o seu próprio plano de formação,
em sintonia com o da Comunidade e o da Província.
10
11
176
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
29. Continuar a promover o processo de renovação, insistindo na
vida espiritual dos Irmãos.
30. Organizar oficinas de trabalho (workshops) e encontros para
que os Irmãos assimilem os documentos recentes da Ordem.
IV.3 VIDA COMUNITÁRIA E ESPIRITUAL
RENOVADA
À luz da situação atual, o Capítulo reafirmou que os Irmãos e as
Comunidades são chamados a desempenhar um papel fundamental
na missão da Ordem e propõe os seguintes objetivos:
31. Velar e promover a vida comunitária de modo que permita a
renovação da vida espiritual dos Irmãos, o fortalecimento da
fraternidade, a revisão de vida, a correção fraterna e o aprofundamento da partilha da vida de fé.
32. Constituir formas alternativas de vida comunitária, incluindo
os Colaboradores que se sintam chamados a viver mais intensamente o carisma e a missão da Ordem, tal como previsto nos
números 26 e 28 dos Estatutos Gerais.13
V. IRMÃOZINHOS DO BOM PASTOR
A Ordem de S. João de Deus, no seu LXVIII Capítulo Geral, deu as
boas-vindas e aceitou o pedido dos Irmãozinhos do Bom Pastor no
sentido de unirem à nossa Ordem.
13
Estatutos Gerais, n.º 26: Os Colaboradores que se sintam chamados a uma participação
mais ativa no carisma, na espiritualidade e na missão da Ordem juntamente com os Irmãos,
podem constituir organizações ou movimentos nas Províncias.
Devem ter estatutos ou regulamentos próprios e protocolos de afiliação, aprovados pelo
Definitório Geral, sob proposta do Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho.
O Superior Geral e o seu Conselho coordenem as diversas iniciativas das organizações ou
movimentos criados nas Províncias.
Estatutos Gerais, n.º 28: As Províncias podem constituir Comunidades, de forma provisória
ou permanente, para compartilhar alguns aspetos da sua vida religiosa hospitaleira com
os Colaboradores. O Superior Provincial e o seu Conselho definam as normas que hão de
regular tais Comunidades.
177
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
O Capítulo encoraja todos os membros da Família Hospitaleira S. João
de Deus a considerarem a fusão de ambos os Institutos como algo
mutuamente enriquecedor.
O processo de preparação para alcançar a plena união completa deve
ser implementado com a máxima atenção.
VI. PROPOSTAS DIVERSAS
33. Que o próximo Capítulo Geral seja organizado em duas fases
distintas: a primeira, aberta aos Colaboradores e dedicada à
missão; a segunda, reservada aos Irmãos, para abordar os temas
da vida religiosa dos mesmos.
34. Para melhorar a animação e o governo da Ordem, o Capítulo
solicita ao novo Governo Geral que, na próxima Assembleia de
Superiores Maiores, apresente uma proposta para a reorganização da Cúria Geral.
178
8.
PROGRAMAÇÃO
DO SEXÉNIO
2012 – 2018
CALENDÁRIO DOS CAPÍTULOS PROVINCIAIS: 2014
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
13. - 19.
Capítulo Provincial da Província Austríaca
20. - 26.
Capítulo Provincial da Província da Europa Ocidental
27. - 2.02.
Capítulo Provincial da Província Indiana
3. - 9.
Capítulo Provincial da Província do Vietname
10. - 16.
Capítulo Provincial da Província da Oceânia
17. - 23.
Capítulo Provincial da Província da Coreia
24. - 2.03.
Capítulo Provincial da Província Lombardo-Veneta
10. - 16.
Capítulo Provincial da Província Baviera
17. - 23.
Capítulo Provincial da Província Romana
24. - 30.
Capítulo Provincial da Província Aragonesa
31.03. - 6.
Capítulo Provincial da Província de Castela
7. - 13.
Capítulo Provincial da Província Andaluza
28.04. - 4.
Capítulo Provincial da Província Portuguesa
5. - 11.
Capítulo Provincial da Província Polaca
12. - 18.
Capítulo Provincial da Província Africana
19. - 25.
Capítulo Provincial da Vice-Província do Benim-Togo
26. - 1.06.
Capítulo Provincial da Província Francesa
16. - 22.
Capítulo da Delegação do México, Cuba e América Central
23. - 29.
Capítulo da Delegação do Canadá
30. - 6.07
Capítulo Provincial da Província dos EUA
7. - 13.
Capítulo Provincial da Província Colombiana
14. - 20.
Capítulo Provincial da Província da América Latina
Setentrional
21. - 27.
Capítulo Provincial da Província da América Latina
Meridional
181
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
2. CALENDÁRIO DOS CAPÍTULOS PROVINCIAIS: 2018
Janeiro
15. - 21.
Capítulo Provincial da Província de Aragão
Capítulo Provincial da Província Indiana
22. - 28.
Capítulo Provincial da Província de Castela
Capítulo Provincial da Província do Vietname
29. - 4.02.
Capítulo Provincial da Província da Andaluzia
Capítulo Provincial da Província da Oceânia
5. - 11.
Capítulo Provincial da Província Romana
Capítulo Provincial da Província Coreana
12. - 18.
Capítulo Provincial da Província da Baviera
Capítulo Provincial da Província América Latina Meridional
19. - 25.
Capítulo Provincial da Província Austríaca
Capítulo Provincial da Província da América Latina
Setentrional
Fevereiro
26. - 4.03.
Março
Abril
182
Capitulo Província da Província da Europa Ocidental
Capítulo Provincial da Província Colombiana
5. - 11.
Capitulo Província da Província Lombardo-Véneta
Capítulo da Delegação do México, Cuba e América Central
12. - 18.
Capítulo Provincial da Província Polaca
Capítulo Provincial da Província dos EUA
19. - 25.
Capítulo Provincial da Província Portuguesa
Capítulo da Delegação do Canadá
9. - 15.
Capítulo Provincial da Província Africana
Capítulo Provincial da Província Francesa
16. - 22.
Capítulo da Vice-Província do Benim-Togo
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
3. VISITAS CANÓNICAS1
Ano 2013
Província Polaca (Nazaré): 18.03-19.05.
Ir. Rudolf Knopp
Encerramento:
20-26.05
Província da Coreia (China e Japão): 25.03-28.04.
Ir. Jesús Etayo
Província da Andaluzia: 01.04-26.05.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
29.05- 2.06
Província Francesa (Madagáscar): 03.06-21.07.
Ir. Giampietro Luzzato
Encerramento:
22-28.07
Província da América Latina Setentrional: 04.11-08.12.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
09-15.12
Província Romana (Delegação Provincial das Filipinas): 04.11-08.12. Encerramento:
Ir. Giampietro Luzzato
18-19.12
Ano 2015
Província Colombiana: 12-01-15.02.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
16-22.02
Província da Baviera: 12.01-15.03.
Ir. Rudolf Knopp
Encerramento:
16-22.03
Província da Europa Ocidental (Malawi e New Jersey): 27.04-7.06
Ir. Jesús Etayo e Ir. Rudolf Knopp
Província Africana de S. Agostinho: 29.06-30.08.
Ir. Pascal Ahodegnon
Encerramento:
12-18.10
Vice-Província Africana de S. Ricardo Pampuri: 01.9-27.09.
Ir. Pascal Ahodegnon
Encerramento:
05-11.10
Província dos Estados Unidos da América: 07.09-20.09.
Ir. Jesús Etayo e Ir. André Sène
Delegação Geral do Canadá: 22.09-27.09.
Ir. Jesús Etayo e Ir. André Sène
1
O Superior Geral estará presente no encerramento de todas as Visitas Canónicas que
não forem realizadas por ele próprio. Nessas, o encerramento terá lugar no final de
cada uma delas, segundo as datas indicadas.
183
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Ano 2016
Cúria Geral, Comunidade da Via della Noce+a: 11-17.04.
Ir. Jesús Etayo
Província da Oceânia (Papua Nova-Guiné): 11.04-15.05.
Ir. Rudolf Knopp e Ir. Pascal Ahodegnon
Encerramento:
16-22.05
Província de Castela: 18.04-05.06.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
06-12.06.
Comunidade da Farmácia do Vaticano: 25.04-1.05.
Ir. Jesús Etayo
Província Lombardo-Véneta: 2.05-12.06.
Ir. Giampietro Luzzato
Encerramento:
13-19.06
Delegação do México, Cuba e América Central: 05.09-09.10.
Ir. Jesús Etayo
Comunidade da Ilha Tiberina: 26.09-2.10.
Ir. Giampietro Luzzato
Encerramento:
13-14.10
Ano 2017
Província de Aragão: 16.01-05.03.
Ir. Jesús Etayo
Província Austríaca: 27.03-18.06.
Ir. Rudolf Knopp
Encerramento:
03-09.07
Província da América Latina Meridional: 24.04-21.05.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
22-28.05
Província Portuguesa: 24.04-28.05.
Ir. Giampietro Luzzato
Encerramento:
12-18.06
Delegação Provincial do Brasil: 29.05-11.06.
Ir. Benigno Ramos
Encerramento:
12-18.06
(em Portugal)
Província do Vietname: 29.05-18.06.
Ir. Pascal Ahodegnon
Encerramento:
19-25.06
Província Indiana: 04.09-01.10.
Ir. Pascal Ahodegnon
Encerramento:
02-08.10
184
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
4. ÁREAS GEOGRÁFICAS DE ANIMAÇÃO
Região Europa:
(Germania, Áustria, Polonia, Ocidental Europeia):
Ir. Rudolf Knopp
(Itália, França):
Ir. Giampietro Luzzato
(Espanha, Portugal):
Ir. Benigno Ramos
Região África:
Ir. Pascal Ahodegnon, Ir. André Sène
Região América Latina:
Ir. Jairo E. Urueta, Ir. Benigno Ramos
Região Ásia-Pacífico e Norteamerica:
Ir. Joseph Smith, Ir. Pascal Ahodegnon
185
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
5. ÁREAS DE ANIMAÇÃO E DE GOVERNO
Vida dos Irmãos, Pastoral Vocacional e Formação:
Ir. Benigno Ramos.
Animação das Comunidades da Cúria Geral:
Ir. Giampietro Luzzato.
Gestão Carismática, Economato, Património Cultural e Artístico,
Estatísticas e Administração, Escolas da Hospitalidade:
Ir. Rudolf Knopp.
Hospital da Ilha Tiberina:
Ir. Giampietro Luzzato.
Bioética:
Ir. José M. Bermejo e Ir. André Sène.
Pastoral social e daa Saúde:
Ir. Benigno Ramos e Ir. André Sène.
Postulador Geral:
Ir. Elia Tripaldi.
Missões e Cooperação Internacional:
Ir. Moisés Martín, Ir. Giampietro Luzzato,
Ir. Pascal Ahodegnon.
Comunicação e sítio web da Cúria Geral:
Ir. André Sène.
Procurador Geral:
Ir. André Sène.
Secretário Geral:
Ir. André Sène.
186
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
6. ASSEMBLEIAS DOS SUPERIORES MAIORES
Ano 2013: 14-20 de outubro
Ano 2014: 3-9 de novembro
Ano 2015: 26 de outubro – 1 de novembro
Ano 2016: 24-30 de outubro
Ano 2017: 23-29 de outubro
7. CONFERÊNCIAS REGIONAIS
Ano 2016:
África: 1-7 de fevereiro
Ásia: 15-21 de fevereiro
América: 29 de fevereiro-6 de março
Europa: 14-20 de março
8. LXIX CAPÍTULO GERAL
2019: 14 de janeiro-10 de fevereiro
9. CURSOS DE PREPARAÇÃO PARA A PROFISSÃO
SOLENE
2014: 1 de setembro-19 de outubro
2016: 29 de agosto-16 de outubro
187
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
10. ANO DAS VOCAÇÕES PARA A HOSPITALIDADE: 2015
O NOVO GOVERNO DA ORDEM
SUPERIOR GERAL:
Irmão Jesús ETAYO ARRONDO Sac.
Nasceu no dia 26 de maio de 1958, em Fustiñana, Navarra (Espanha),
onde recebeu o batismo, três dias após o seu nascimento, e a confirmação, em junho de 1966.
Vindo da Escola Apostólica de Saragoça, iniciou o Postulantado em
setembro de 1974, em Sant Boi de Llobregat (Barcelona). Entrou para
o Noviciado de Carabanchel Alto (Madrid) em setembro de 1975,
onde fez a profissão temporária, em 29 de setembro de 1977. Em 12
de outubro de 1983, emitiu a profissão solene e, em 21 de setembro de
1985, foi ordenado sacerdote, na sua terra natal.
Formou-se em Enfermagem, em Barcelona, concluindo o curso em
1980. Estudou Teologia, especializando-se na área da Vida Consagrada,
em Zaragoza e Madrid (1980-1988). Em Barcelona, realizou um curso
de pós-graduação em Pastoral da Saúde (2002) e obteve o Mestrado
Europeu de Bioética (2004), no Instituto Borja, de Barcelona, na
Universidade Ramón Llull.
Exerceu a hospitalidade como Formador na Escola Apostólica, como
responsável pelo Pré-postulantado, Mestre de Noviços e de Escolásticos. Trabalhou no campo da Pastoral Social e da Saúde com pessoas
afetadas por doenças do foro neurológico, com deficientes psíquicos
e idosos, em Madrid; atuou em realidades da marginalização, no
Albergue de Barcelona, e com imigrantes, em Sant Vicenç del Horts
(Barcelona); na área de Saúde Mental, em Sant Boi de Llobregat
(Barcelona) e num dos centros penitenciários de Barcelona.
188
“A FAMILIA DE S. JOÃO DE DEUS AO SERVIÇO DA HOSPITALIDADE”
No serviço de animação e governo da Província foi Conselheiro Provincial, Responsável pelas áreas de Pastoral Social e da Saúde, Bioética,
Voluntariado, Formação, Estilo de vida, em diferentes períodos, e como
Superior Provincial, de 1995 a 2001.
Participou em vários Capítulos Gerais; a 16 de outubro de 2006, no
LXVI Capítulo Geral, foi eleito 2º Conselheiro Geral, tendo-lhe sido
atribuída a tutela das áreas de Bioética e Formação de Irmãos, bem
como a das Províncias de Espanha, Portugal e França.
No dia 1 novembro de 2012, no LXVIII Capítulo Geral, realizado em
Fátima (Portugal), foi eleito Superior Geral da Ordem.
DEFINITÓRIO GERAL
Ir. Rudolf KNOPP
Nasceu em Kahl (Alemanha), no dia 18 de Janeiro de 1958, emitiu a
profissão temporário no dia 15 de Agosto de 1981 e a solene a 12 de
Outubro de 1986. Foi Superior Provincial desde 2001 até 2006. Foi
eleito Conselheiro Geral (1º) desde 2006 até 2012; reeleito em 2012.
Ir. Giampietro LUZZATO
Nasceu em Asolo, Itália, no dia 15 de Junho de 1950, emitiu a profissão
temporário no dia 20 de Outubro de 1968 e a solene a 8 Janeiro 1978.
Foi Superior Provincial desde 2007 até 2012.
Ir. Benigno RAMOS RODRIGUEZ, sac.
Nasceu em Manganeses de la Polvorosa (Zamora), Espanha, no dia 27
de Agosto de 1963, emitiu a profissão temporário no dia 25 de setembro
de 1983 e a solene a 1 de Abril de 1989. Ordenado sacerdote no dia 10
de setembro de 1994. Superior Ilha Tiberina desde 2010.
189
DECLARAÇÕES DO LXVIII CAPÍTULO GERAL
Ir. Pascal AHODEGNON
Nasceu em Savé (Zou), Benin, no dia 10 Abril de 1971, emitiu a profissão
temporário no dia 15 de Agosto de 1997 e a solene a 25 de maio de 2003.
CONSELHO GERAL ALARGADO
Ir. Jairo Enrique URUETA, Delegado Regional da América Latina
Nasceu em Barranquilla, Colômbia, no dia 17 de Julho de 1964, emitiu
a profissão temporário no dia 8 de Dezembro de 1995 e a solene a 8 de
Dezembro de 2000. Superior Provincial desde 2010.
Ir. Joseph SMITH, Delegado Regional Ásia-Pacífico e América do Norte
Nasceu em Newcastle, Austrália, no dia 5 Setembro de 1954, emitiu
a profissão temporário no dia 31 de Agosto de 1975 e a solene a 6 de
Setembro de 1981.
OUTROS CARGOS
PROCURADOR E SECRETÁRIO GERAL
Ir. André SÈNE, sac.
Nasceu em Peleo Serere (Senegal) no dia 15 Agosto de 1965. Emitiu a
profissão temporário no dia 15 Agosto de 1993 e a solene no dia 7 Agosto
de 1999. Ordenado sacerdote no dia 3 Julho de 2004.
POSTULADOR GENERAL
Ir. Elia TRIPALDI, sac.
Nasceu em Uggiano Montefusco – Taranto (Itália), no dia 4 de Maio
de 1939. Emitiu a profissão temporária no dia 13 de Outubro de 1957 e
a solene no dia 13 de Outubro de 1963. Ordenado sacerdote no dia 19
de Dezembro de 1970.
OFÍCIO MISSÕES E COOPERATION INTERNATIONAL
Ir. Moisés MARTÍN BOSCA
Nasceu em Valencia (Espanha) no dia 14 Junho de 1957. Emitiu a profissão temporário no dia 29 Setembro de 1979 e a solene no dia 15 de
Setembro de 1984.
190

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