asmir-pb resumo da resenha das forças armadas 07 de março de

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asmir-pb resumo da resenha das forças armadas 07 de março de
ASMIR-PB
RESUMO DA RESENHA DAS FORÇAS ARMADAS
07 DE MARÇO DE 2012
ESTADÃO.COM.BR
AMORIM PEDE QUE MILITARES RESPEITEM AUTORIDADE
LEONENCIO NOSSA / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O ministro da Defesa, Celso Amorim, cobrou ontem de militares da reserva respeito à
autoridade civil. Em entrevista no Senado, ele considerou que os comunicados dos
clubes militares contra debates no governo sobre o regime militar desrespeitam a
legislação. "Não estou preocupado com questões de afronta. O importante é o respeito à
autoridade civil. Isso é parte da democracia. Da mesma maneira que respeitamos o
profissionalismo dos militares, respeitamos muito a lei", afirmou.
No mês passado, os clubes que reúnem oficiais da reserva das três Forças escreveram
comunicado conjunto com críticas à presidente Dilma Rousseff, por não reprimir as
ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres), que
deram declarações sobre crimes políticos ocorridos durante o regime militar (19641985).
Após encontro com Dilma, Amorim anunciou que os oficiais da reserva estariam
sujeitos aos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, conforme divulgou o
Estado. Foi o suficiente para o ministro ser bombardeado nos blogs e sites mantidos
pelo pessoal da reserva.
Um manifesto dos oficiais da reserva questionou a autoridade do ministro para interferir
nos clubes militares, que seriam entidades de caráter privado. O manifesto começou
com 98 assinaturas. Até ontem, mais de 500 oficiais já haviam aderido.
Na entrevista, Amorim disse acreditar no "profissionalismo" das Forças Armadas. "O
governo da presidenta Dilma tem dado demonstrações disso bem efetivas, recriando
condições de trabalho que estavam precárias."
Comissão da Verdade. Ele sugeriu ainda que os comunicados do pessoal da reserva
também afrontam o Congresso ao criticar a instalação da Comissão da Verdade, que
está sendo montada, a partir de uma lei aprovada pelos parlamentares, para analisar
violações de direitos humanos cometidas de 1946 a 1988. O ministro afirmou que há
muita "especulação infundada" no debate sobre os crimes da ditadura. "A Comissão da
Verdade é lei. Temos que respeitá-la."
FOLHA DE SÃO PAULO
Reconstrução de base antártica só começará daqui a dois anos
Ministro da Defesa estima que obra custará cerca de R$ 100 mi
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
A reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio no
último dia 25, deve custar cerca de R$ 100 milhões e começar só no início de 2014,
afirmou o ministro Celso Amorim (Defesa).
A estimativa foi apresentada ontem numa audiência pública no Senado para discutir o
futuro do Proantar (Programa Antártico Brasileiro). Embora tenha dito que seria
"leviano" falar em valores, Amorim citou a cifra com base no custo de estações polares
construídas recentemente por outros países.
Segundo o ministro, "se tudo correr muito bem, a construção da nova base só poderá
começar no verão de 2013-2014". O prazo se deve às condições da região, onde só é
possível operar com navios entre novembro e abril. No dia do incêndio, Amorim
estimara em nove meses o prazo de reconstrução.
O secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, almirante Marcos
José Ferreira, afirmou que a primeira fase da reconstrução começará neste ano e
demandará R$ 40 milhões.
Isso inclui a limpeza do sítio da estação (que se converteu em ameaça de contaminação
do frágil ecossistema), o uso do navio Almirante Maximiano como estação de pesquisas
(ele precisa receber laboratórios adicionais), acampamentos e o uso dos módulos de
química e meteorologia de Ferraz, que não foram atingidos pelo fogo. Os custos não
incluem a reposição de equipamentos.
Jefferson Simões, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da
Criosfera, estimou em R$ 10 milhões o prejuízo para cientistas. O Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação disse que reporá as perdas.
A segunda fase, que ainda não tem estimativa orçamentária, inclui o projeto da nova
estação, que precisa ser aprovado pelos 28 países-membros do Tratado da Antártida em
2013. Só então a construção pode ser iniciada.
Segundo Simões, a ciência antártica não parou só por causa do incêndio. "Oito projetos
estavam interrompidos por dificuldades logísticas."
O GLOBO
VELOCIDADE MÍNIMA
País cresceu 2,7% no ano passado contra 7,5% de 2010. Consumo impediu resultado
pior
Fabiana Ribeiro, Lucianne Carneiro, Henrique Gomes
DO PIBÃO AO PIBINHO
O ritmo de crescimento da economia brasileira despencou de 7,5% em 2010 para 2,7%
em 2011 - número abaixo das expectativas iniciais do governo e aquém da média
mundial (3,8%). No primeiro ano do governo de Dilma Rousseff, pesaram nessa
desaceleração as políticas do governo para conter a atividade e segurar uma já elevada
inflação - medidas que ainda foram turbinadas pelo enfraquecimento da economia
mundial. Diante de um cenário internacional de incertezas, foi, novamente, o mercado
interno que sustentou a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e
produtos produzidos no país) no ano passado. Já a indústria amargou um crescimento de
apenas 1,6%, bem diferente de 2010, com alta de 10,4%. Em valores, o PIB brasileiro
chegou a R$ 4,143 trilhões no ano passado. Para especialistas, 2012 promete ser um ano
melhor para o país, de recuperação da economia, com as estimativas apontando para um
PIB em torno de 3,5%. A expectativa, porém, está abaixo da meta do governo (de 4% a
4,5%).
- Desde 2008, vivemos uma conjuntura de incertezas no mundo e a economia brasileira
teve que se reorganizar nesse mundo de incertezas. A demanda interna tem sido o
sustentáculo do crescimento. Não dependemos tanto do setor externo - afirmou Roberto
Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, acrescentando que a indústria de
transformação foi o que mais inibiu o crescimento do país.
Para empurrar a economia, o governo - que havia começado a atual gestão, em fevereiro
de 2011, estimando um crescimento de 5% para o ano - já tem um arsenal de medidas
para tentar acelerar o PIB neste ano. A principal delas é corte na taxa de juros,
atualmente em 10,5%. Hoje o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar um
novo corte. Além disso, há mais oferta de crédito pelos bancos públicos e redução de
impostos para incentivar a morna economia brasileira.
- Espera-se ainda em 2012 um crescimento tímido. Consumo deve prosseguir aquecido,
com importação, mas a indústria deve ficar menos estocada. Não há pressão
inflacionária, um problema que o governo empurra para 2013. E o mercado de trabalho
permanece aquecido - disse Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação
Nacional do Comércio (CNC).
No quarto trimestre, confirmando a perda de fôlego, a economia cresceu 0,3% frente ao
trimestre anterior. Na comparação com o último trimestre de 2010, a alta foi de 1,4%. O
PIB per capita (PIB dividido pela população residente no país) atingiu R$ 21.252, numa
alta de 1,8% em relação ao ano anterior.
Pela ótica da produção, no ano passado, a agropecuária se destacou com alta de 3,9%.
Crescimento acima do PIB, mas de impacto reduzido: o setor pesa somente 5,5% na
economia brasileira. Já o PIB dos serviços - que responde por 67% do PIB - avançou
2,7% em 2011, influenciado pelos serviços de informação (4,9%) e intermediação
financeira e seguros (3,9%). Mas o comércio entra na conta do setor e, com crescimento
da população ocupada e massa real de salário, avançou 3,4%.
Sem ajuda de 2010, alta seria de 1%
A expansão moderada do PIB no fim de 2011 puxou para baixo o carregamento
estatístico para apenas 0,3% em 2012. Se o país não crescer nada neste ano, já está
garantida uma expansão de 0,3% no PIB. Pouco. Tanto que, para se chegar a uma taxa
superior a 3% em 2012, torna-se necessário crescer acima de 1% nos quatro trimestres
do ano. Para se ter uma ideia, este carregamento foi de 1,7% na passagem entre 2010 e
2011. Ou seja, a expansão unicamente de 2011 foi de 1%.
- Se a economia não tivesse crescido nada em 2011, a expansão do PIB teria sido de
1,7% pelo que veio de 2010 - disse Alessandra Ribeiro, da Tendências.
A indústria, por sua vez, apresentou o pior desempenho, variando somente 1,6% no ano
passado - embora seu segmento mais importante, a indústria de transformação, tenha
estagnado, com avanço de 0,1%. Já os segmentos de eletricidade e gás, água, esgoto
(3,8%), construção civil (3,6%) e extrativa mineral (3,2%) impediram um resultado
global mais anêmico.
- A indústria de transformação teve sistematicamente os piores desempenhos. Ela é o
núcleo central de uma economia, mas teve desempenhos diferenciados. Os segmentos
mais ligados ao resto do mundo caíram, enquanto aqueles com mais relação com o
Brasil não sofreram impacto - acrescentou Olinto.
Em um turbulento cenário mundial, as exportações brasileiras tiveram crescimento de
4,5% - quase metade da variação das importações (9,7%), o que ajuda a explicar o
aumento de consumo com baixa atividade industrial. Contribui para este quadro a
valorização do real entre 2010 e 2011: o câmbio anual variou de R$ 1,76 para R$ 1,67.
Em 2011, a contribuição da demanda interna para a economia foi de 3,4%, enquanto o
setor externo teve peso negativo de 0,7%. Em 2010, o panorama também era de
crescimento expressivo do mercado interno, com contribuição de 10,3%, enquanto o
setor externo registrou participação negativa de 2,7%.
Os números do IBGE apontam para o aumento da carga tributária. Enquanto o valor
adicionado do PIB cresceu 2,5% em 2011, os impostos sobre os produtos tiveram alta
de 4,3%. Segundo Olinto, essa expansão foi puxada pelas importações e pelo Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor de máquinas e equipamentos.
- A economia cresce e os impostos crescem um pouco mais. A formalização do trabalho
também contribuiu - disse Sergio Vale, da MB.
Potências aceitam negociações com o Irã
País promete dar acesso a base suspeita; presidente dos EUA defende 'postura
sóbria' e critica defensores de guerra
VIENA e TEERÃ. A promessa do livre acesso à base militar de Parchin - onde
suspeita-se que o Irã esteja pesquisando modelos de explosão aplicáveis a armas
atômicas - reabriu ontem as vias diplomáticas de negociação acerca do programa
nuclear iraniano. Em um anúncio feito pela chefe da diplomacia europeia, Catherine
Ashton, o grupo P5+1 (formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU, além da Alemanha) anunciou que aceitava uma proposta feita pelo
Irã para retomar as negociações, emperradas há um ano.
A data das conversas não foi marcada, mas a decisão serviu para acalmar os temores de
uma nova guerra no Golfo Pérsico - sobretudo num momento em que o premier
israelense, Benjamin Netanyahu, está nos Estados Unidos tentando convencer os
americanos de que a estratégia de sanções e diplomacia é infrutífera diante dos aiatolás.
Ontem, porém, na primeira entrevista coletiva do ano, o presidente Barack Obama
tratou de reforçar a defesa de uma "janela diplomática", num recado a seus opositores
dentro e fora dos EUA.
- Esse pessoal não tem uma série de responsabilidades (como eu). Eles não são o
comandante-em-chefe - disse Obama, acusando os republicanos de "bater tambores da
guerra". - Quando vejo a facilidade com que falam de guerra, lembro dos custos que
isso envolve, de enviar homens e mulheres para a batalha, o impacto em suas vidas, na
nossa segurança nacional e na nossa economia. Isso não é um jogo.
O presidente destacou sua preocupação com a produção de petróleo e a alta dos preços
de combustível no mundo e, num tom aparentemente mais decidido do que o do dia
anterior, quando se reunira com Netanyahu, prometeu adotar "postura sóbria" ao lidar
com o programa nuclear iraniano.
O discurso, porém, foi um tanto diferente do feito pelo secretário de Defesa, Leon
Panetta, diante do Aipac, o maior e mais conservador lobby judaico nos EUA.
- A ação militar é a última alternativa, quando todo o resto falhar - pontuou. - Mas não
se iludam; quando todo o resto falhar, nós vamos agir.
A retórica diplomática, porém, prevaleceu. Na Europa, diplomatas comemoraram a
retomada das negociações com Teerã - ainda que, desde 2003, diversas tentativas
tenham fracassado.
- Há algumas razões para crer que as conversas podem ser produtivas. A primeira é que
existe um comprometimento claro, por escrito, do Irã, disposto a falar da questão
nuclear; a segunda é a união da comunidade internacional; a terceira são as sanções afirmou um alto funcionário da União Europeia.
Parte do entusiasmo se deve à promessa de acesso de inspetores da Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) à base militar de Parchin, 30 quilômetros a
sudoeste de Teerã. A última visita ao complexo ocorreu em 2005 e, desde então,
suspeita-se que o Irã construiu uma grande câmara de contenção para conduzir testes de
explosivos - indicativos de que haveria, ali, esforços para desenvolver uma bomba
atômica, segundo um relatório da agência. No mês passado, a AIEA requisitou
autorização para entrar na base durante conversas de alto nível com o governo iraniano.
Em vão.
"Parchin é uma instalação militar e ter acesso a ela é um processo que consome muito
tempo, portanto, as visitas não podem ser permitidas frequentemente... Nós
permitiremos que a AIEA visite mais uma vez", afirmou, em um comunicado, a missão
diplomática do Irã em Viena.
Em fevereiro, o negociador-chefe iraniano para questões nucleares, Saeed Jalili, enviara
uma carta à UE oferecendo "novas iniciativas" para voltar à mesa de negociação. A
resposta formal foi enviada ontem pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton:
- Ofereci a retomada das conversas. Nosso maior objetivo continua sendo uma solução
de longo prazo, negociada, que restaure a confiança internacional no caráter pacífico do
programa nuclear iraniano, respeitando o direito do Irã ao uso pacífico da energia
nuclear.
Nas próximas semanas, uma série de encontros preparatórios deve ocorrer. Mas, as
conversas definitivas só terão lugar provavelmente em abril, após o Nowruz, o Ano
Novo persa, celebrado no próximo dia 21.
APÓS TOMBO DO PIB, CORTAR JUROS VIRA PRIORIDADE
Corte maior de juros agora vira prioridade
Incentivo ao setor produtivo também está entre opções para país crescer 4%.
Mercado aposta em redução da Selic de 0,5 a 0,75 ponto hoje
Martha Beck,
Gabriela Valentee
Vinicius Neder
do pibão ao pibinho
Brasília e RIO. O mercado aumentou as apostas em corte mais acentuado na taxa básica
de juros, a Selic, a ser anunciado hoje após a reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Cetral (BC), após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar
que o governo fará o necessário para a economia crescer 4% em 2012, desempenho
esperado pela presidente Dilma Rousseff. O arsenal de medidas para estimular o
crescimento inclui, além da queda maior nas taxas de juros, desonerações em segmentos
estratégicos do setor produtivo, incentivos para investimentos e ações para estimular o
crédito e o consumo das famílias.
- Sempre é possível criar estímulos que podem ser fiscais ou monetários. No ano
passado, ficamos mais contidos, por causa do cenário inflacionário. Estou tranquilo que,
com os instrumentos que temos, vamos conseguir fazer o que precisamos - afirmou
Mantega.
A expectativa é que o BC acelere a queda na Selic para estimular ainda mais a
economia. No governo, há consenso de que existe espaço para mais cortes na taxa
básica, hoje em 10,5% ao ano.
Para aumentar a oferta de crédito, o governo conta com um plano de redução dos juros
nos empréstimos concedidos por bancos públicos. Com financiamento mais barato, as
empresas poderão aumentar a produção e as famílias, consumir mais. A estratégia é
estimular a competição, forçando as instituições privadas a baixarem suas taxas, que, na
avaliação do governo, são excessivamente elevadas.
Além disso, o BNDES terá seu capital reforçado para financiar investimentos em
infraestrutura, setor fundamental para impulsionar o crescimento do país e com grande
poder de geração de empregos. No campo das desonerações, o governo pretende
ampliar o número de setores que são beneficiados pela redução de tributos que pesam
sobre a folha da pagamentos. Isso porque, além de tirar a competitividade em relação
aos concorrentes de outros países, o alto custo de um funcionário formalizado inibe as
contratações.
Para turbinar o crescimento, o governo conta também com as ações anunciadas no ano
passado, mas que só terão efeito prático este ano. É o caso do programa Reintegra, que
prevê um crédito tributário de 3% para os exportadores de manufaturados. Antes, havia
uma grande burocracia para comprovar o direito a esse tipo de benefício, mas com o
plano Brasil Maior - anunciado no ano passado - o governo resolveu abrir essa
possibilidade a todas as empresas que vendem tais produtos no mercado internacional.
Preocupação demonstrada pelo governo muda apostas
Os recentes sinais de preocupação do governo com a queda do dólar e com o impacto
negativo do excesso de liquidez gerado pelos bancos centrais dos países desenvolvidos que a presidente Dilma chamou de "tsunami monetário" - reforçaram as apostas do
mercado em uma Selic menor.
Ontem de manhã, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de
2013 (mais negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros) chegou a 8,93%, menor
patamar já atingido, segundo a agência Bloomberg News. No fim do pregão, houve uma
correção e a taxa ficou em 9,01%, ante 9,03% do pregão anterior.
Nos últimos pregões, mais investidores passaram a apostar numa aceleração dos cortes
na Selic, passando do 0,5 ponto percentual para 0,75 ponto. Segundo analistas, como o
PIB anunciado ontem veio dentro do esperado - se o crescimento econômico viesse
ainda mais baixo no quarto trimestre, poderia haver mais espaço para o BC cortar mais
os juros -, a preocupação do governo tem tido impacto.
Também os economistas já estão revendo suas projeções para a Selic diante dos
movimentos do governo, embora o consenso ainda seja por um corte de 0,5 ponto hoje.
Ontem, o Banco Modal divulgou relatório revisando a projeção de corte de 0,5 para
0,75 ponto. Em relatório da sexta-feira, a corretora Icap Brasil divulgou projeção de
corte de 1 ponto, com a Selic caindo para 9,5% anuais hoje.
Para Jacob Weintroub, sócio da gestora Oren Investimentos, a sinalização do governo
sobre o câmbio e a liquidez internacional trouxe uma nova variável para definir as
apostas no mercado de juros futuros.
- Há uma leitura de que uma maneira de combater o efeito do excesso de fluxo de
recursos para o país seria cortar mais os juros - diz Weintroub, destacando que as taxas
dos contratos já consideram 50% de chance de um corte de 0,75 ponto na Selic hoje.
BRASIL PASSA REINO UNIDO E É 6 MAIOR ECONOMIA
PIB atinge US$ 2,48 tri, acima dos US$ 2,26 tri dos britânicos. No 4 trimestre,
crescimento do país fica apenas em 28 lugar
Paulo Justus
DO PIBÃO AO PIBINHO
SÃO PAULO. Apesar do fraco desempenho registrado em 2011, inferior ao de outros
países emergentes, o Brasil ultrapassou o Reino Unido e pulou do sétimo para o sexto
lugar entre as maiores economias no mundo. Convertido em dólares, o PIB brasileiro
chegou a US$ 2,48 trilhões no período, acima dos US$ 2,26 trilhões alcançados pelo
Reino Unido - que avançou apenas 0,8% no ano passado. O ranking, segundo o banco
WestLB, continua sendo encabeçado pelos Estados Unidos, com US$ 15,32 trilhões,
seguido pela China, com US$ 7,42 trilhões.
- Estamos próximos da França, que ocupa a quinta posição e teve um PIB 12% maior
que o Brasil no ano passado, com US$ 2,78 trilhões - disse o estrategista-chefe do
banco, Luciano Rostagno, responsável pela conversão dos PIBs em dólares.
Ele acredita que o país deve ultrapassar a França em 2015, estimativa semelhante à do
FMI. Isso considerando que o Brasil cresça 3,5% este ano, 4,5% no ano que vem e 5%
em 2014 e 2015. Em contrapartida, a variação do PIB francês precisa se manter entre
1,5% e 2,5% nos próximos anos.
Resultado foi pior que o de outros emergentes
A comparação não é tão positiva para o Brasil quando se examina, não o valor
monetário, mas a variação do PIB. Por esse critério, o país ficou na rabeira do Bric
(grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China) e abaixo de outros emergentes. Numa
amostra com 18 economias, os 2,7% registrados em 2011 colocam o Brasil em oitavo
lugar, atrás de China (9,2%) e Índia e Peru (ambos com 6,9%), por exemplo. Mas o país
bateu as principais economias europeias, que atravessam grave crise financeira, e os
EUA (1,7%).
Já na análise que leva em consideração o desempenho do quarto trimestre de 2011
frente ao mesmo período do ano anterior, a alta de 1,4% do Brasil o coloca em 28 lugar
entre as 46 economias que já divulgaram o dado.
- Nosso PIB teve alta de 2,7%, mas a inflação ficou no teto da meta, de 6,5%. Isso
mostra que nossa capacidade de crescer não só está limitada, mas está se reduzindo disse Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria.
Segundo ela, o mau desempenho do Brasil em relação aos emergentes mostra que o país
ainda não fez a lição de casa. Em 2011, afirmou, a economia brasileira foi, mais uma
vez, puxada pelo consumo das famílias, enquanto o desempenho dos países asiáticos
refletiu uma poupança maior e um nível mais elevado de investimento.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, as economias asiáticas ainda
se beneficiam da proximidade com a China. No caso dos países do Leste da Europa, que
também registraram crescimento expressivo, o melhor desempenho se deve à baixa base
de comparação dos anos anteriores.
- Muitos desses países europeus que tiveram crescimento alto no ano passado sofreram
bastante nos anos anteriores. A Letônia, por exemplo, que cresceu 5,8% no quarto
trimestre, chegou a ter uma queda de dois dígitos no PIB na época da crise - afirmou.
Mesmo na América Latina, o país teve um desempenho aquém do de outras economias.
Neste caso, mais uma vez, a falta de investimento fez a diferença, diz Carlos Honorato,
professor da Fundação Instituto de Administração (FIA):
- Peru e Colômbia crescem mais que o país porque fizeram as reformas do Estado e
planejaram a atuação em setores específicos. Não conseguimos ter uma visão de longo
prazo.
Segundo levantamento da Austin Rating, o crescimento de 2,7% do PIB brasileiro em
2011 ficou abaixo da média de 3,8% dos 18 países que já divulgaram o dado. No quarto
trimestre, a alta de 1,4% também ficou abaixo da média de 2,5% de 46 países.
COPA EXIGE MAIS AÇÕES E MENOS BRAVATAS
O pedido de desculpas do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ao governo
brasileiro, atribuindo a uma tradução incorreta a expressão com que cobrou mais
dedicação na preparação da Copa do Mundo, repõe no caminho da civilidade o debate
sobre a organização do evento que, em 2014, atrairá os olhos do mundo para o país.
Mas não esconde a evidência de que há profundas, e espera-se que contornáveis,
dissonâncias nos discursos das duas partes diretamente envolvidas na realização da mais
importante competição do futebol mundial.
Traduções à parte, Valcke expressou uma compreensível preocupação com o empenho
do Brasil em relação aos compromissos assumidos ao se candidatar à sede do Mundial.
O ritmo das inversões - urbanísticas e de infraestrutura - necessárias para deixar o país
pronto para a Copa, daqui a dois anos, não tem dado margem a otimismo. Embora o
cronograma de construções e/ou reformas de estádios esteja aparentemente em dia, com
atrasos apenas no Beira-Rio (RS) e na Arena da Baixada (PR), há indisfarçáveis
deficiências nas áreas de mobilidade urbana, hotelaria, infraestrutura, transportes e
aeroportos, fundamentais para o sucesso do evento. E mesmo na questão legal.
No Rio e em outras cidades, por exemplo, a capacidade hoteleira é inferior à demanda
esperada de delegações e turistas, e a perspectiva, ao menos dentro do quadro atual de
intervenções, é pessimista em relação às necessidades para 2014. Pressões da base
governista em Brasília, de tom estatista, impediram a adoção de cruciais medidas de
modernização dos aeroportos, um dos maiores gargalos da preparação para a Copa.
Mesmo a recente licitação que abriu a entrada da iniciativa privada na administração de
três terminais é providência tímida em face das enormes necessidades de ajustes nessa
área. No plano legal, é lenta no Congresso a tramitação da Lei Geral da Copa, essencial
para a adaptação da legislação brasileira a exigências do caderno de encargos da Fifa.
Às críticas a essas demonstrações de leniência e de pouca dedicação aos compromissos
assumidos o governo brasileiro tem respondido com mais bravatas nacionalistas do que
com ações concretas. A Fifa está no seu papel de exigir dos parceiros eficiência na
organização de um evento que movimenta interesses transnacionais para além da
competição esportiva em si. Se seu secretário-geral recorreu ou não à linguagem mais
apropriada às arquibancadas para cobrar trabalho do poder público do país, esta é uma
questão que se resolve no plano da diplomacia entre as partes. Mas o Brasil, além de
não ter de responder no mesmo tom, não pode ficar fazendo o papel de quem entrou
desavisadamente na história.
Quando a candidatura do país à sede da Copa foi apresentada, as autoridades brasileiras
tinham plena consciência das exigências da Fifa. O poder público comprometeu-se com
um caderno de encargos no qual explicitamente se inscrevem os compromissos a serem
assumidos, e em que áreas. O Mundial não foi imposto ao país; ao contrário, a chance
de promovê-lo mobilizou toda a sociedade, que, com justo orgulho, comemorou a
indicação - e espera, em 2014, vibrar não só com a vitória final da seleção em campo,
mas, fora dele, com um evento capaz de encher os olhos do planeta.
COM PANE EM LINHA DE TRANSMISSÃO, REGISTRO DE OPERAÇÕES
DE CÂMBIO FICA SUSPENSO
Gabriela Valente
Danilo Fariello
BRASÍLIA. No primeiro dia da mais importante reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) dos últimos meses, a diretoria do Banco Central (BC) teve de lidar
com um desafio inusitado. Um apagão de energia, que afetou grande parte da capital
federal, deixou os funcionários no escuro durante grande parte do expediente e afetou a
rotina da autarquia. Várias atividades importantes foram suspensas - como o registro de
operações de câmbio por quase quatro horas seguidas. E o incidente também alterou a
rotina das demais instituições financeiras do país. No entanto, a primeira parte da
reunião do colegiado para a definição da nova taxa de juros, que em geral começa por
volta das 16h30m, transcorreu normalmente com o restabelecimento da energia no BC
por volta das 16h.
De acordo com informações de Furnas, ocorreu o rompimento de cabos de conexão de
uma linha de transmissão que liga uma subestação da Companhia Energética de Brasília
(CEB) à Subestação Brasília Geral. Os reparos nos cabos de conexão foram concluídos
e o fornecimento de energia à CEB restabelecido às 16h05m. Durante a tarde, vários
prédios públicos que ficam no centro da cidade ficaram sem energia.
A luz apagou às 13h13m, deixando a sede do BC às escuras, assim como outros prédios
da capital. Um gerador manteve os serviços essenciais funcionando, mas sem
iluminação e ar-condicionado. Até a página da instituição na internet saiu do ar.
Autoridade monetária mantém sistema alternativo
Como o gerador do prédio sede não aguentou o enorme fluxo de informações geradas
pelas operações que precisam de registro no BC, os principais sistemas da autarquia
foram desligados para migrarem para outro centro de processamento de dados (CPD),
localizado em outro edifício da cidade. Manter um sistema fora da sede do BC é uma
das precauções tomadas pela instituição para assegurar o funcionamento dos serviços
em caso de pane.
No início da noite, o site do banco voltou a funcionar, mas, por causa da intolerância
dos outros sistemas, a autoridade monetária foi obrigada a adotar outras medidas. O BC
deu um prazo bem maior que o normal para o registro de operações de câmbio, até as
20h30m. Normalmente, o limite estipulado vai até as 17h.
Outro sistema que ficou inoperante por causa da falta de energia foi o BacenJud. Por
meio dele, a Justiça tem informações financeiras de pessoas e empresas que são parte de
ações e pode até bloquear dinheiro na conta dessas pessoas físicas ou jurídicas. Esse foi
um dos sistemas transferidos para o CPD alternativo.

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