À G\D\G\A\D\U - Grande Loja do Paraná
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A Estrela Flamejante (uma possível origem e seu significado) Ir.'. Antônio Ferrari Borba Aug.'. e Resp.'. Loja Simb.'. Profeta Elias, 109 1-Introdução: Ao ser elevado a Companheiro Maçom, o símbolo do grau que mais me chamou a atenção foi o da “Estrela Flamejante”. Todos os símbolos maçônicos, independentes de grau, ou se basearam em algo concreto e material ou em algo com algum sentido espiritual ou moral (Sol, Lua, corda de 81 nós, compasso, esquadro, régua de 24 polegadas, maço, cinzel, Orla Dentada, Delta Luminoso, Pedra Bruta, Pedra Polida, etc...), ou mesmo em algum texto ou fato bíblico (Escada de Jacó, Templo de Salomão, Colunas B e J, Hiram Abif, São João, etc....). E a Estrela Flamejante? Qual a sua origem? Qual o seu significado explícito e/ou oculto? 2- O livro “Mundos em Colisão”: Em 1950, o cientista russo Immanuel Velikovsky publicou o livro “Mundos em Colisão”, o qual adquiri em 1964, e me causou profunda impressão. Este livro se baseia nos textos bíblicos do Antigo Testamento, e nos escritos e lendas das antigas civilizações Maia, Asteca, Inca, Egípcia, Assíria, Babilônica, Chinesa, Hindu, índios americanos, povos nórdicos, e outros. A comunidade científica da época contestou veementemente as teorias de Velikovsky expostas no seu livro, mas em nenhum momento questionou a veracidade de sua pesquisa histórica sobre os textos antigos. Com os avanços científicos havidos nas últimas décadas, principalmente com o lançamento do telescópio Hubble e dos satélites exploratórios no Sistema Solar, foi verificado que a teoria do Velikovsky talvez não seja tão fantasiosa como se pensava. 3- A “Estrela Flamejante”: Ao ter conhecimento deste fato, me motivei a reler este livro, e ao fazê-lo, me dei conta de uma possível correlação com o nosso símbolo maçônico da “Estrela Flamejante” com os fatos descritos no livro. Vale aqui o aviso de que não devemos nos focar demais nas explicações científicas de Velikovsky para os fatos narrados nos textos antigos, mas sim nos textos antigos em si. Todos os textos antigos citados no livro têm algo surpreendentemente em comum, como o dilúvio universal, grandes cataclismos, grandes terremotos, alterações na rotação da Terra e na sua elíptica, Sol parando no céu, troca do dia pela noite, troca do nascente pelo poente e modificações profundas nas estações do ano. E o mais surpreendente de tudo e´ que, ate´ mais ou menos a data de 1500 A.C., so´ eram citados e invocados nas orações dos antigos povos os planetas Mercúrio, Marte, Júpiter e Saturno, que eram os visíveis a olho nu. A partir desta data os antigos textos começaram a falar no nascimento de Vênus, o que é abundantemente documentado e explorado no livro do Velikovsky. Vênus então passa a ser identificado como a Minerva dos romanos, Pala Atena dos gregos, Isis dos egípcios. Na Ilíada é dito que Pala Atenas “lançou à Terra uma “estrela chamejante”, despedindo faíscas e enviada por Júpiter”. Na Babilônia, Vênus era representada como uma estrela de seis pontas (que é também a forma do escudo de Davi) ou como um pentagrama (uma estrela de cinco pontas), que é o selo de Salomão. Segundo Velikovsky, alguns séculos A.C. se desprendeu de Júpiter uma imensa massa, que pelas atrações planetárias tornou-se um cometa do sistema solar. A cada órbita, este cometa sofria influência da atração da gravidade do Sol e dos outros planetas, ate´ que sua órbita entrou no sistema solar, cruzando as órbitas dos demais planetas. Segundo os textos relatados, esta primeira aparição ocorreu nos dias de Josué, e a segunda e derradeira aparição de Vênus como cometa ocorreu 52 anos depois, na época do êxodo dos judeus do Egito. Assim, 52 anos depois de sua primeira e catastrófica aparição dentro do sistema solar, Vênus completou a sua primeira órbita ao redor do Sol e na sua nova passagem , praticamente chocou-se com Marte e passou tão perto da Terra que trocou atmosfera com o nosso planeta, perdeu velocidade e entrou definitivamente na sua atual órbita ao redor do Sol. No seu livro, Velikovsky assim descreve o nascimento de Vênus: “Um planeta (Terra) gira e revolve em órbita perfeitamente circular em volta de um corpo maior, o Sol; ele entra em contato com outro corpo, um cometa , que viaja em elipse alongada. O planeta (Terra) escorrega do seu eixo, sai desordenadamente da sua órbita, vagueia desorientado e, afinal, livra-se do abraço do cometa.” Nesta segunda passagem de Vênus pela Terra, os cataclismos foram de muito maior intensidade do que na primeira passagem 52 anos antes. E quando Vênus estacionou na sua órbita atual, começou a aparecer como o mais brilhante dos planetas, ou como a “estrela da manhã”. E este aparecimento começou a ser saudado como o símbolo do final das trevas e das catástrofes, como verdadeiro símbolo do renascimento da vida na Terra. Para ilustrar melhor o relato, eis algumas das citações ou relatos dos textos antigos: - Primitivas tradições dos povos do México, registradas por escrito, relatam que Venus (Sitlae Choloha) fumegava. - Nos Vedas é dito que a estrela Vênus parece “fogo com fumaça”. - No Talmude, no Tractate Shabbat: “Fogo está pendendo do planeta Vênus”. - Caldeus: “brilhante tocha do céu”, “diamante que ilumina como o Sol”. - Hebreus: “A luz brilhante de Vênus fulgura de uma ponta a outra do cosmos”. - Textos chineses de astronomia, de Soochow, referem-se ao passado em que “Vênus era visível em plena luz do dia e rivalizava em brilho com o Sol”. - Egípcios, no reinado de Seti, assim descreveram Vênus (Sekhmet): “Uma estrela redonda que espalha sua chama de fogo.....uma chama de fogo em sua violência”. - O bezerro de ouro adorado por Aarão e o povo ao pé do Sinai, era a imagem da estrela, pois quando Vênus tinha cabeleira, apresentava como cauda dois longos apêndices e parecia uma cabeça de touro. - _Sanchoniathon diz que Astarté (Vênus) tinha cabeça de touro. O planeta era mesmo chamado AshterothKarnaim, ou Astarté dos Cornos, nome dado a uma cidade de Canaã em honra a esta divindade. - Tistrya do Zenda-Avesta, era “a estrela que ataca os planetas”; “a brilhante e gloriosa Tistrya mistura a sua figura ágil com a figura de um touro com chifres dourados”. - Tradições orais de Samoa: “o planeta Vênus se enfureceu e cresceram cornos em sua cabeça”. Enfim, o livro (com mais de 300 páginas) se dedica exaustivamente em embasar as afirmações com abundantes citações a respeito de antigos textos, lendas e tradições orais. 4- O símbolo do Companheiro: O profano, ao ser iniciado como Aprendiz Maçom, encerra-se em seu templo interno e passa a ouvir e aprender com os Mestres, reciclando os conhecimentos e experiência profanos para paulatinamente ir anexando os conhecimentos e revelações dos mistérios da Arte Real. Estes novos conhecimentos só começam a ser praticados no grau de Companheiro, onde o Aprendiz ressurge para a Luz e para a Nova Vida. Que figura mais apropriada poderíamos ter para um dos símbolos deste grau que a Vênus dos textos antigos, que ao surgir no céu como o mais novo planeta do sistema solar marcou o fim de uma era de trevas e cataclismos e o inicio de uma era de reconstrução e esperança para toda a humanidade? Nada mais apropriado para o simbolismo do grau de Companheiro, que, como a Estrela Flamejante renasce das suas trevas profanas para ser o mais novo planeta em sua Loja e na fraternidade maçônica, marcando com sua presença a renovação e a continuidade. 5- Conclusões finais: Podemos constatar que os nossos simbolismos são riquíssimos de ensinamentos e que os antigos textos foram muito mais utilizados na Maçonaria Simbólica do que imaginamos. Este trabalho não pretende ter rigor científico ou de verdade sobre esta possível origem da “Estrela Flamejante”, mas sim refletir sobre o seu simbolismo e significado, deixando uma provocação no ar para todos que quiserem pesquisar sobre o assunto. Curitiba, 12 de Julho de 2007 da E.´. V.´. Bibliografia: - Manual do Grau de Companheiro Maçom, R.´. E.´. A.´. A.´. . - VELIKOVSKY, Immanuel. “Mundos em Colisão”. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1964.