NGO EU Soy newsletter 1_aug 2006_ PO

Transcrição

NGO EU Soy newsletter 1_aug 2006_ PO
Boletim da Soja para ONG’s européias
Primeira edição, Agosto de 2006
Este é um boletim trimestral informal dirigido a organizações que trabalham a questão da soja. O
objetivo deste boletim é informar uns aos outros, regularmente, sobre as várias estratégias e
atividades realizadas na Europa envolvendo a soja, bem como proporcionar uma atualização sobre
eventos relevantes a serem realizados e publicações recentes. A edição é feita por Both ENDS,
Holanda, secretaria da Articulação Soja Holanda. Para mais informações, por favor, entre em contato
com: [email protected]/ [email protected]
Campanhas públicas e de conscientização
“Le soja contre la vie” [Soja contra a vida] campanha na França
Em fevereiro, o Comité catholique contre la faim et pour le development – CCFD (Comitê
católico contra a fome e pelo desenvolvimento), junto com a Confédération Paysanne
(Confederação Rural), Réseau Agriculture Durable (Rede pela Agricultura Sustentável),
Réseau Cohérence (Rede pela Coerência) e Groupe de recherche et d'échanges
technologiques – GRET (Grupo de pesquisa e intercâmbio de tecnologias), decidiu realizar
uma campanha conjunta de advocacy e formação de opinião pública. Apoiada por 21
organizações francesas, vinculadas a 10 parceiros sul-americanos, esta campanha tem por
objetivo deter a expansão da soja na América do Sul. Ela é dirigida ao Ministro da
Economia, Fazenda e Indústria da França, pedindo a não-aprovação de novos projetos de
expansão de soja na América do Sul via International Finance Corporation – IFC (ramo do
Banco Mundial), e às companhias Cargill France e Louis Dreyfus Négoce, solicitando que
calculem o impacto social e ambiental de suas atividades e adotem medidas para remediálas. Com mais de 56 mil assinaturas, a campanha tem uma boa cobertura da mídia e os
membros da campanha já se reuniram com Pierre Duquesne – diretor executivo francês do
Banco Mundial e do FMI, alguns representantes dos Ministérios da Agricultura e das
Relações Exteriores, da França, e da Louis Dreyfus Négoce. Foram criados espaços para
diálogo. Também já foram recebidas respostas do Ministro de Economia, Fazenda e
Indústria da França e da Cargill France.
A campanha pública continuará até meados de outubro.
Contato: Stéphanie Cabantous, CCFD, [email protected], www.sojacontrelavie.org
Pressão/diálogo com companhias e bancos
Seminário de Negócios na Holanda
Foi realizado, no dia 31 de maio de 2006, em Arnhem, Holanda, um seminário de negócios
(“Buscando a Produção Responsável de Soja”) sobre soja, Responsabilidade Social
Corporativa e boas práticas na aquisição de soja responsável. O seminário foi organizado
pela The World Conservation Union – IUCN Holanda (União Internacional para a
Conservação da Natureza), a pedido da Articulação Soja Holanda. Entre os participantes
estavam companhias atacadistas e de processamento (Bunge, ADM, Cargill), indústrias de
produtos alimentícios e de ração (Unilever, Nutreco, etc), bancos (ABN AMRO, Rabobank,
Fortis bank, FMO, ING Bank), representantes de Ministérios da Holanda e ONGs. O objetivo
do seminário foi discutir as opções, para as indústrias holandesas, de estímulo da
sustentabilidade da cadeia produtiva da soja, por meio de medidas gerais e atividadespiloto. Durante as sessões da manhã, palestrantes do Brasil e da Europa destacaram a
questão da sustentabilidade e agricultores brasileiros apresentaram uma visão geral das
atuais possibilidades em produção sustentável de soja. À tarde, foram realizados
workshops sobre: questões sociais e ecológicas, identificadas durante o Technical Meeting
for the Soy Round Table (Encontro Técnico sobre Mesa Redonda de Soja Responsable), em
abril de 2006; Boas Práticas e o papel dos governos. O principal resultado do seminário
foi: Todos os participantes reconheceram o substancial impacto social e ecológico da
produção de soja em larga escala. Representantes das indústrias holandesas manifestaram
seu firme compromisso de apoio ao processo de melhoria da sustentabilidade da cadeia
produtiva da soja.
Contato: Henk Hartogh, IUCN NL, [email protected]
European Soy Newsletter, August 2006
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Parem de desmatar a Amazônia para produzir soja
Em um manifesto divulgado no Brasil, as multinacionais atacadistas de soja concordaram
com uma moratória de dois anos na aquisição de soja produzida em áreas recentemente
desmatadas na Amazônia. Após uma campanha de Greenpeace sobre os impactos do
comércio de soja na Amazônia, McDonald's e outros grandes distribuidores de alimentos na
Europa formaram uma aliança única com Greenpeace para exigir ações dos atacadistas de
soja que visem parar o desmatamento na Floresta Amazônica. Como resultado da pressão
dessa aliança, os gigantes de commodities norte-americanos Cargill, ADM, Bunge, Dreyfus
– de capital francês, e Amaggi – de capital brasileiro, junto com os demais atacadistas de
soja no Brasil, foram trazidos para a mesa de negociações.
Os atacadistas estão discutindo uma proposta de moratória feita por Greenpeace e as
indústrias de alimentos, que inclui a elaboração de critérios que apóiem os esforços do
governo brasileiro para deter o desmatamento, garantam o controle governance, protejam
habitat’s críticos e preservem os territórios de povos indígenas e de comunidades
tradicionais. Greenpeace reivindica que a moratória permaneça em vigor até que tenham
sido estabelecidos procedimentos adequados para garantir a legalidade e o controle e até
que tenha sido firmado um acordo entre o governo brasileiro e os principais grupos de
interesse acerca da proteção da Floresta Amazônica em longo prazo. Um grupo de trabalho
será formado, composto de atacadistas de soja, produtores, ONGs e o governo para
elaborar o plano de ação. Se estas medidas não forem implementadas, o compromisso dos
atacadistas de soja com uma moratória, limitada em dois anos, corre o risco de ser não
mais do que um gesto simbólico. As indústrias de alimentos, que reivindicam ações para
proteger a floresta amazônica, também se comprometeram a continuar demandando soja
não-modificada geneticamente de seus fornecedores.
Contato: Suzanne Kröger, Greenpeace-NL, [email protected]
Acordo com Campina
Campina, uma cooperativa de laticínios com sede na Holanda, firmou um acordo com
WWF-NL, Fundação da Natureza e Meio Ambiente (ONG Holandesa) e Solidaridad (ONG
social holandesa). Neste acordo, Campina se compromete a adquirir soja produzida de
maneira sustentável, de acordo com um cronograma gradativo. Em 2006: 10 mil toneladas
(Critérios de Basel) – este volume abrange toda a soja necessária para a ração utilizada na
produção do leite comercializado sob a marca Campina, na Holanda e na Bélgica, e
’Landliebe’, na Alemanha. Em 2007: 40 mil toneladas (Critérios de Basel) – este volume
abrange toda soja necessária para a ração utilizada na produção de todas as marcas de
Campina (excl. produtos de marcas próprias). Até 2011: As partes se unirão no esforço de
tornar possível que Campina adquira toda a soja que processa – 150 mil toneladas – de
maneira responsável. Isto corresponde a 4% da soja utilizada na Holanda. A Holanda
importa, anualmente, 11 milhões de toneladas de soja, das quais 3,7 milhões de toneladas
são utilizadas internamente; o restante é re-exportado.
Com este acordo, Campina sinaliza claramente para o mercado que sustentabilidade é um
valor adicional para o mercado final. Foi emitido um comunicado conjunto das quatro
partes (3 ONGs e Campina) para a imprensa, que chegou aos principais noticiários da
televisão e a muitos artigos na imprensa, tanto da mídia regular (nacional e internacional)
quanto especializada (agrícola).
Contato: Bas Geerts, WWF-NL, [email protected]
Campanha contra Vion
Vion Food Group da Holanda – um dos maiores comerciantes de produtos suínos e líder de
mercado no setor de carne bovina – é o maior produtor de carne na Europa. A ração para
suínos utilizada por eles é feita com soja oriunda, principalmente, do Brasil. Friends of the
Earth Holanda – FoE-NL (Amigos da Terra Holanda) realizou, durante mais de um ano,
uma campanha contra Vion, solicitando repetidas vezes que Vion assuma sua
responsabilidade na cadeia produtiva e garanta que a ração utilizada na sua produção
carnes é produzida de maneira responsável. Em abril, um abaixo-assinado foi enviado a
Vion, assinado por mais de 26 mil cidadãos holandeses, reivindicando que Vion adote
medidas concretas. Vion,entretanto, não respondeu até que FoE-NL anunciou o bloqueio
do grande abatedouro de Vion em Boxtel, Holanda. Vion entrou com uma ação judicial
contra este bloqueio e ganharam a causa. Porém, parece que a pressão e a atenção da
mídia deram frutos, uma vez que o diretor de Vion, recentemente, anunciou que ele
reconhece a importância da soja produzida de maneira sustentável (referindo-se,
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principalmente, à Mesa Redonda sobre Soja Responsável), e que está disposto a iniciar um
diálogo com seus fornecedores de ração e com organizações da sociedade civil.
Contato: Michiel van Geelen, FoE-NL, [email protected]
Pressão política
Pressão política na Holanda
A proximidade das eleições para o parlamento da Holanda (em novembro) proporciona
uma boa oportunidade para conscientizar os partidos políticos holandeses sobre o impacto
sobre a sustentabilidade da produção de soja em larga escala no Sul e sobre o papel do
governo da Holanda. Assim, a Articulação Soja Holanda decidiu escrever para os comitês
dos partidos políticos responsáveis pela elaboração dos manifestos eleitorais. Nestas
cartas, Articulação Soja Holanda expõe sua análise do impacto sobre a população pobre e
o meio ambiente na América Latina e sugere caminhos e medidas legislativas do governo
que podem desacelerar a demanda por soja não-sustentável na Holanda e na Europa. Uma
versão em inglês da carta está sendo preparada. Além disso, Articulação Soja Holanda
está explorando a viabilidade de, ainda antes das eleições, realizar uma sessão informativa
suprapartidária, possivelmente vinculada a um debate parlamentar, já programado, sobre
questões de sustentabilidade e/ou relações com a América Latina. Outras atividades de
pressão sobre o governo da Holanda e da União Européia estão sendo analisadas.
Contato: Bob van Dillen, Cordaid, [email protected]
Atividades no Sul
Encontro para intercâmbio de ONGs, em São Paulo
Nos dias 22 e 23 de agosto, membros da Articulação Soja, da Holanda e do Brasil,
e outras ONG’s do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e do Sudeste
Asiático (que trabalham com óleo de palma) se reunirão, em São Paulo, para
avaliar as evoluções mais recentes, compartilhar experiências, discutir estratégias
e definir ações concretas, em curto e em longo prazo, para combater os impactos
negativos da produção de soja. Cerca de 25 pessoas participarão do encontro.
Contato: Mauricio Galinkin, CEBRAC, [email protected]
Campanhas do Grupo de Reflexion Rural Argentina
Atualmente, o Grupo de Reflexion Rural Argentina está realizando duas campanhas. Uma
delas é chamada ‘PAREN DE FUMIGAR’ (Parem de pulverizar) e a outra é de
conscientização sobre o desenvolvimento de biocombustíveis, em especial, biodiesel feito
com soja. Nós somos contra certificações e potenciais exportações de biodiesel.
Precisamos saber, de nossas contra-partes européias, os códigos de ética adotados por
companhias como Syngenta, Bayer, Novartis, DOW (dentre os mais importantes) na
Europa. A razão para isto é que estabelecemos um diálogo com o ministro da Justiça da
Argentina que está muito interessado em nos auxiliar nas apresentações legais. A idéia é
elaborar um dossiê com casos de pessoas afetadas pelas pulverizações. As universidades
também denunciam casos e também apontam para o fato das companhias de agroquímicos adotarem padrões distintos na Europa e em nosso país. A razão para incluirmos
as companhias nos dossiês é que não achamos que é somente um problema com o
produtor de soja sobre ‘como’ e ‘o que’ eles irão pulverizar, mas que também se trata da
legislação local pouco restritiva e dos métodos de marketing das companhias de agroquímicos, que vendem – aqui – produtos que já foram banidos na União Européia.
Contato: Stella Semino, [email protected]
Alternativas para a soja
Agricultura européia desequilibrada
O Nederlandse Akkerbouw Vakbond – NAV (Sindicato dos Agricultores de Lavoura da
Holanda) solicitou aos estudantes da Universidade Rural de Wageningen que investigassem
o impacto da Política Agrícola Comum da UE. A agricultura européia está desequilibrada:
produz cereais, aves e suínos em excesso e quantidades insuficientes de sementes com
elevado teor de óleo e de proteínas. Da proteína vegetal consumida, 77% são importadas.
O estudo revelou que há boas alternativas: soja, girassol e canola produzidos na Europa. A
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política agrícola deve mudar, de modo que a agricultura européia volte a ficar mais
equilibrada. O relatório, em inglês, pode ser encontrado no site: www.nav.nl
Contato: Joop de Koeijer, [email protected]
Publicações recentes
Soja doorgelicht, De schaduwzijde van een wonderboon (em português: Um outro
olhar sobre a soja), Articulação Soja Holanda, fevereiro de 2006 (em holandês) e
agosto de 2006 (em português), www.commodityplatform.org.
Esta publicação, disponível em holandês ou em português, é um documento educativo
que proporciona uma visão da cadeia produtiva da soja, os impactos negativos da
produção de soja, o papel da Holanda e formas de abordagem destas questões, tanto
nos países produtores quanto nos consumidores.
Kruisende schepen in de nacht. Soja over de ocean, Luc Vankrunkelsven, setembro de
2005. www.wervel.be. O livro já foi traduzido para o português e, em breve, será
publicado também no Brasil.
Eventos recentes e próximos
Próximos eventos
Seminário ‘Controle Social do Mercado da Soja’, 22 e 23 de agosto, São Paulo, Brasil.
Contato: Mauricio Galinkin, CEBRAC, [email protected]
2a Mesa Redonda sobre Soja Sustentável, 31 de agosto e 1o de setembro, Assunção,
Paraguai. Contato: Bella Roscher, [email protected]
Seminário Europa-América do Sul sobre Soja, 7 e 8 de dezembro, CCFD, Paris.
Contact: Catherine Gaudard, [email protected]
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