Síntese e secreção celular - Nuepe UFPR
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Síntese e secreção celular - Nuepe UFPR
Este texto didático foi desenvolvido pelo Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão do Departamento de Biologia Celular da Universidade Federal do Paraná, NUEPE, para ser utilizado no do Programa Um Computador Por Aluno, PROUCA. Nível: ensino médio. Todas as sugestões para melhoria desse trabalho são bem-vindas. Contato [email protected] www.nuepe.ufpr.br A utilização deste material em trabalhos derivados e sua distribuição por quaisquer meios deve obedecer a licença Creative Commons CC-BY-NC-SA Agencias financiadoras Programas de formação de professores RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO E COMPLEXO DE GOLGI: AÇÃO CONJUNTA NOS Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão – NUEPE BioCel – UFPR [email protected] http://www.nuepe.ufpr.br PROCESSOS DE SÍNTESE E SECREÇÃO CELULAR Autores Rafael Fratoni de Oliveira Bruno Reis Martins Márcia Helena Mendonça Ruth Janice Guse Schadeck Revisão Jordana Dinorá de Lima Ilustrações Débora Thalita Ruppel Ruth Janice Guse Schadeck Agradecimentos Carolina Camargo de Oliveira Agências financiadoras Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq e Fundação Araucária- PR Apresentação . A síntese de proteínas acontece somente nos ribossomos, no interior da célula. No entanto, centenas de tipos diferentes de proteínas possuem funções no meio extracelular como anticorpos, hormônios, enzimas e proteínas sintetizadas estruturais. nos As proteínas ribossomos secretadas associados ao são retículo Programa de formação de professores Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES , PIBID/UFPR endoplasmático rugoso (RER). Para que essas proteínas cheguem até o meio extracelular existe uma elaborada via que conecta o RER ao complexo de Golgi, do qual partem as vesículas de secreção. . Esclarecimentos Alguns links direcionam para imagens de células obtidas através de microscopias de alta tecnologia, acompanhadas de textos em inglês. Sugerimos que sejam analisadas com base nos comentários, presentes neste trabalho, que acompanham o link. Não haverá nenhum prejuízo dos objetivos propostos se o textos em inglês forem ignorados. . UM EXEMPLO DE SECREÇÃO: SECREÇÃO DE ANTICORPOS Figura 1 - O espirro espalha até 40.000 gotículas cujo diâmetro varia de 0.5 a 5 µm e muitas doenças podem ser transmitidas através deste via. Imagem de domínio público. Autor: James Gathany. Ao longo do dia os seres humanos entram em contato com agentes patogênicos como vírus, bactérias e fungos, através de superfícies contaminadas, alimentos não higienizados, mãos sujas, espirro e muitas outras situações. Mas o organismo se defende de todas essas agressões, através de um intrincado sistema composto por vários tipos celulares diferentes, o sistema a imunológico. A síntese e secreção celular desempenham papel fundamental nestes mecanismos: moléculas essenciais para a defesa são sintetizadas e secretadas por diferentes células deste sistema, como, por exemplo, a secreção de anticorpos. Os anticorpos são proteínas ligadas à carboidratos ou açúcares. Esta classe de proteínas é denominada glicoproteína. A síntese da parte protéica acontece pelos ribossomos ligados ao RER e a adição dos carboidratos pela ação conjunta do RER e complexo de Golgi. Os anticorpos são sintetizados no plasmócito, uma célula do sistema imunológico. O plasmócito pode ser acessado clicando aqui. Preste atenção à grande quantidade de RER. Qual é a explicação para este fato? Esta questão pode ser respondida com uma analogia a produção de automóveis. Para um carro ser produzido, ele percorre uma linha de montagem. Ao deslocar-se por ela, o veículo passará por diversas máquinas e funcionários, que irão adicionar peças, apertar parafusos, testar componentes e avaliar o que está sendo produzido. Ao final, o que tinha entrado na linha de produção como matéria bruta, sai na forma de um automóvel completamente funcional. Tudo isso acontece de forma sequencial e cada uma das etapas depende da anterior. Assim, como uma fábrica que deve aumentar a sua produção necessita de maior número de máquinas e operários, células que sintetizam grande quantidade de proteínas para a secreção apresentam grande extensão do RER no seu citoplasma, como é o caso dos plasmócitos. QUAL É A MORFOLOGIA DO RER? Para responder esta pergunta clique na figura abaixo e acesse uma célula interativa tridimensional. Gire-a em vários ângulos e observe o RER. http://3d.cl3ver.com/11VrPc Como visto na animação interativa anterior, o RER é um membranas formado por achatadas, denominadas sistema de vesículas cisternas, recobertas por ribossomos. Este sistema de membranas se comunica com o envoltório nuclear, conforme mostrado na figura 2, ao lado. “Imagine agora um corte que destaca uma fatia muito fina do RER. Ao se observar esta fatia ao microscópio eletrônico de transmissão aparecerá como cisternas RER ela delgadas, alongadas e dispostas, muitas vezes, de forma sequencial e paralela”. Figura 2. Representação esquemática do núcleo e RER. O COMPLEXO DE GOLGI E AS VESÍCULAS RELACIONADAS O complexo de Golgi (figura 3) é constituído por pilhas de sacos achatados, denominados cisternas, geralmente mais dilatadas nas suas bordas. Várias pilhas podem se distribuir de forma concêntrica e comunicar-se entre si. Clique aqui e acesse uma figura mostrando pilhas concêntricas do complexo de Golgi. A imagem superior foi obtida através de microscopia eletrônica de transmissão e a inferior através criofratura, um método em microscopia eletrônica que permite uma observação tridimensional. As pilhas apresentam, na maioria das vezes, uma face convexa cujo ângulo de curvatura é de diferentes grandezas, e uma face côncava, que da mesma forma, apresenta um ângulo de curvatura de diferentes grandezas, dependendo do tipo celular analisado. Ressalta-se que a morfologia precisa, como o tamanho e número de cisternas nas pilhas e a quantidade de pilhas difere de célula para célula. Figura 3 – A. Representação esquemática do complexo de Golgi. B. Complexo de Golgi em leucócito humano observado através de microscopia eletrônica de transmissão. Imagem de domínio público. Convencionou-se denominar face cis aquela que recebe as vesículas de transporte vindas do RER e face trans a oposta, na qual acontecem os brotamentos de vesículas com conteúdos destinados à secreção, aos lisossomos e à membrana plasmática. Veja na figura 3 a indicação destas faces. Numerosas vesículas são observadas associadas ao complexo de Golgi: vesículas originárias do RER, vesículas secretoras, vesículas que transportam componentes entre as cisternas do complexo de Golgi (brotam em uma cisterna e fundem-se na seguinte). A seguir será mostrada a construção 3D do complexo de Golgi em uma célula produtora de insulina. Este tipo de imagem é criada a partir de observações em microscópio eletrônico de transmissão adequado para esta finalidade. Nesta metodologia, denominada de tomografia eletrônica, são realizados cortes em sequência cujas imagens são "empilhadas" e modeladas para a formação da imagem 3D. Acesse o link do complexo de Golgi em 3D de uma célula produtora de insulina e preste atenção aos seguintes aspectos: • A animação inicia-se mostrando uma pilha do complexo de Golgi com as cisternas destacadas em diferentes cores: azul claro, rosa, verde e azul escuro; • na seqüência são adicionadas vesículas de secreção de contendo insulina, mostradas em azul; • logo após são agregadas à modelagem vesículas que realizam o transporte entre as vesículas do complexo de Golgi, representadas em branco; • após a visualização do complexo de Golgi e das vesículas associadas são acrescentados o retículo endoplasmático em amarelo, vesículas endocíticas em púrpura, mitocôndria em verde e vesículas que brotaram do Golgi em vermelho; • os ribossomos aparecem amarelo-ouro e os microtúbulos em verdebrilhante. COMO ACONTECE A ATUAÇÃO CONJUNTA DO RER E COMPLEXO DE GOLGI NA SECREÇÃO CELULAR? Acompanhe na figura 5 as etapas sequencciais descritas abaixo. 1. As proteínas são sintetizadas pelos ribossomos aderidos ao RER e liberadas no lúmen do RER, dentro do qual se difundem. 2. Em determinadas regiões do RER brotam vesículas, denominadas vesículas de transporte, contendo as proteínas sintetizadas. 3. As vesículas se deslocam sobre os filamentos do citoesqueleo até à face cis do complexo de Golgi, a qual se fundem e descarregam nas proteínas no interior das cisternas. 4. As proteínas se difundem no lúmen das cisternas do complexo de Golgi e são transportadas ao longo das mesmas até atingirem a face trans através de transporte vesicular: brotam pequenas vesículas de uma cisterna que se fundem à cisterna seguinte. 5. Na face trans são acumuladas em regiões das cisternas nas quais brotam vesículas, que podem ser imediatamente transportadas à membrana plasmática e sofrer exocitose - veja esta animação a partir de 1min42seg - ou dar origem às vesículas de secreção, também chamadas de vesículas secretórias ou grânulos de secreção. As vesículas de secreção podem ser armazenadas em grande quantidade à espera do momento adequado para realizar a exocitose. Figura 4 - Ação sequencial do RER e complexo de Golgi na síntese e secreção de proteínas. Importante - Nem todas as proteínas secretadas são distribuídas pelo sangue. Por exemplo, as proteínas da matriz extracelular da cartilagem são secretas e ficam compondo a matriz que está ao redor das células. Da mesma forma as enzimas digestivas sintetizadas e secretadas pelo pâncreas vão para luz intestinal (veja o pâncreas na animação interativa), além de muitos mediadores químicos que atuam nas células vizinhas, dentre outros. O COMPLEXO DE GOLGI TAMBÉM FAZ SÍNTESE? SIM!!! Veja todo este processo no vídeo abaixo que descreve . uma animação simplificada do processo da síntese e secreção celular de glicoproteínas, sem entrar em detalhamentos bioquímicos. Mais especificamente, o vídeo mostra qual o papel dos ribossomos, RER e complexo de Golgi, na produção e secreção desses compostos Clique na imagem para acessar o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=N7WutbMim1E O complexo de Golgi desempenha um importante papel na síntese de glicoproteínas e outros compostos que contém carboidratos. Vamos aqui focar as glicoproteínas, pois a maior parte das proteínas que são processadas via RER e complexos de Golgi pertencem a esta classe. Figura 5 - Representação esquemática e uma glicoproteína. A adição de carboidratos acontece enquanto a proteína está sendo sintetizada no RER pela transferência à proteína nascente de um oligossacarídio, uma pequena cadeia de carboidratos ou açúcares. Ainda no RER inicia-se a modificação deste oligossacarídio, que continua complexo de Golgi, onde moléculas de açúcares são removidos assim como moléculas de novos açúcares são adicionados. Quer ver detalhes sobre a glicosilação?Acesse aqui! Em resumo 1. A cadeia polipetídica é sintetizada pelos ribossomos aderidos ao RER. 2. Ainda durante a síntese é transferido um oligossacarídio para a mesma. 3. Após terminada a síntese a glicoproteína é transferida ao complexo de Golgi no qual o oligossacarídio sofre inúmeras modificações. O complexo de Golgi é muito desenvolvido em células que intensa glicosilação de glicoproteínas, células do epidídimo, como as epitélio do Assim torna-se possível a sua observação com nitidez microscópio mesmo de luz, ao como observado ao lado. É bom ressaltar que os sáculos achatados só são observados à nível Figura 6 - Complexo de Golgi observado ao microscópio de luz. de microscopia eletrônica. AS PROTEÍNAS NA MEMBRANA PLASMÁTICA E DOS LISOSSOMOS TAMBÉM SÃO SINTETIZADAS À NÍVEL DE RER Além das proteínas secretórias, o sistema de endomembranas formado pelo RER e Complexo de Golgi sintetiza as proteínas da membrana plasmática e lisossomos, como representado na figura a seguir. Estas proteínas, da mesma forma que as proteínas secretadas, são transportadas ao longo do RER e complexo de Golgi. Chegando à face trans são empacotas de forma seletiva em vesículas, e são enviadas para os seus diferentes destinos finais, ou seja, vesículas contendo enzimas lisossomais são dirigidas aos lisossomos, e vesículas contendo proteínas da membrana são enviadas à membrana plasmática. Figura 7- Principais destinos das proteínas sintetizadas no RER e modificadas pelo complexo de Golgi: secreção, lisossomos e membrana plasmática. Proteínas da membrana plasmática Veja no detalhe “1” da figura 7 que as proteínas de membrana ficam inseridas na membrana do RER desde o momento de sua síntese, não sendo liberadas no lúmen. São, sim, transportadas ao longo do RER e complexo de Golgi, sempre inseridas na membrana. Após a fusão das vesículas que brotam na face trans do complexo Figura 8 – Proteína imersa na bicamada lipídica. de Golgi com a membrana plasmática, como mostrado em “7” da figura 7, se difundem lateralmente e passam a fazer parte da membrana plasmática. Proteínas dos lisossomos A figura 9 mostra proteínas lisossomais, dentre elas as enzimas hidrolíticas que atuam em pH ácido, as quais também são sintetizadas no RER e transportadas via vesicular para o complexo de Golgi. Figura 9 - Na figura ao lado está representada a estrutura de um lisossomo. Além das enzimas hidrolíticas que ficam no seu meio interno, existem proteínas de membrana, como as transportadoras dos produtos da digestão para o citoplasma. Estas também têm origem no RER. Secreção regulada e constitutiva Secreção regulada - Necessita de um estímulo para que as vesículas que se acumulam próximas à plasmática, e que contém as proteínas armazenadas para a secreção, se fundam a membrana e ocorra a exocitose. Acontece em células especializadas em secreção. Figura 10 - Secreção regulada e secreção constitutiva. A secreção pancreática é um exemplo de secreção regulada. As células secretoras, células acinares do pâncreas, sintetizam grande quantidade de proteínas, as enzimas digestivas, que são lançadas no intestino. Devido a isso ela apresenta extensivo RER. As enzimas são produzidas pelo RER, vão Acesse os links abaixo para analisar células acinares do pâncreas observadas através de microscopia eletrônica de transmissão. Note as grandes vesículas de secreção armazenadas que aparecem bem elétron densas (escuras) http://www.cellimagelibrary.org/images/35997 e a presença de extenso RER. para o complexo de Golgi e para as http://www.cellimagelibrary.org/images/10763 vesículas de secreção. Estas vesículas, também chamadas de grânulos de zimogênio ou grânulos de secreção, ficam armazenadas até o momento em que o alimento chega ao trato digestório. Através de sinalizações moleculares é então desencadeada a exocitose e as enzimas secretas são liberadas em um sistema de canais coletores que chegam até o intestino. A secreção de insulina é outro exemplo de secreção regulada. A diabetes é uma doença caracterizada por distúrbios relacionados à insulina, um hormônio petídico, que é secretado pelas células beta das ilhotas de Langherans no pâncreas. Quer saber mais sobre secreção de insulina diabetes? Clique aqui! Secreção constitutiva - É aquela na qual as vesículas formadas na face trans do complexo de Golgi são formadas continuamente e imediatamente sofrem a exocitose sem a necessidade de um estímulo específico. Acontece em todas as células. Transporta proteínas de secreção, proteínas que ficam associadas na face extracelular da membrana plasmática e proteínas que ficam inseridas na membrana, dentre outras. É a via de secreção também chamada “via padrão”. Neste caso as vesículas formadas não se acumulam na célula e são chamadas atualmente de vesículas de transporte. Alguns autores ainda se referem às mesmas como vesículas de secreção.
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