Imagem da selva televisão e desenvolvimento sustentável na
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Imagem da selva televisão e desenvolvimento sustentável na
EDILEUSON SANTOS ALMEIDA Imagens da Selva: Televisão e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira Dissertação apresentada como cumprimento às exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Santoro Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Curso de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação São Paulo, 2003 11 Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Curso de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação Imagens da Selva: Televisão e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira Examinadores: Professor Doutor Luiz Fernando Santoro (orientador) Professora Doutora Laima Mesgrevis Professor Doutor Laurindo Lalo Leal Filho Assinatura do orientador: _______________________________________ São Paulo, 25 de abril de 2003 Visto do Coordenador do Programa: ________________________________ 12 Aos meus pais, João e Raimunda, Aos meus irmãos, A minha esposa, Milria Martins, Aos meus filhos, Felippe e Matheus, Aos raros e fiéis amigos, Dedico. 13 AGRADECIMENTOS À Milria, pela paciência e dedicação, coisas de uma grande mulher. Aos meus filhos, ao me desculpar pela privação do carinho e da companhia pelos longos e dolorosos momentos. Ao prof. Dr. Luiz Fernando Santoro, pelas valorosas contribuições e apoio acadêmico. Aos professores doutores Dirceu Fernandes Lopes, Dulcília Buitoni, Elizabeth Saad, Esther Hambuguer, Gisela Ortriwano, Jair Borin (†), José Coelho Sobrinho, José Luiz Proença, Nancy Ramadan, pela rica da Pós- convivência acadêmica. Ao Paulo César Bontempi, Graduação (ECA-USP), pela ajuda. Ao Sérgio Pillon, pela confiança e oportunidades À professora mestre Iolanda Honorato de Souza, pelo entusiasmo e confiança. Aos amigos Fernando Matos, Jefferson Ghöl, Marcelo Mora, Rubem Leite e Tauat Assis. Aos compadres Shirley e Paulo Camilo. E a todos que contribuíram neste trabalho, meu Muito Obrigado. 14 LISTA DE TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS Tabela 1 Dados Demográficos, por Estado 29 Tabela 2 Dados Sócio-Econômicos, por Estado 30 Tabela 3 Dados Educacionais, por Estado 31 Tabela 4 Jornais Impressos, Emissoras de Rádio e de Televisão, por Capital 47 Tabela 5 Jornais Impressos, por Capital 49 Tabela 6 Emissoras de Rádio, por Capital 51 Tabela 7 Emissoras de TV, por Capital 52 Tabela 8 Posse de Bens nos Domicílios, por Estado 60 Tabela 9 Índices de audiência das Afiliadas Globo, por faixa de horário 62 Tabela 10 Amazonsat, por Estado 75 Quadro 1 Levantamento dos Programas Jornalísticos, Rede Amazônica 83 Quadro 2 Levantamento de Matérias Exibidas e Selecionadas, por emissora 84 Quadro 3 Levantamento do tempo total das Matérias Selecionadas, por emissora 85 Quadro 4 Comparativo entre o tempo total de Produção e de Matérias Selecionadas, por Emissora 85 Gráfico 1 Comparação entre Matérias Exibidas e Matérias Selecionadas, no geral 86 Gráfico 2 Comparação entre o tempo total de Matérias Exibidas e tempo total de Matérias Selecionadas, no geral Gráfico 3 Comparação entre Matérias Exibidas e Matérias Selecionadas, por Emissora Gráfico 4 86 87 Comparação entre o tempo total de Produção e o tempo total das Matérias Selecionadas, por Emissora 87 15 SUMÁRIO RESUMO ........................................................................................................................... VII ABSTRACT ....................................................................................................................... IX INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 19 Capítulo I Aspectos Históricos da Amazônia Brasileira .................................................................. 23 1.1. Ocupação, Domínio e Exploração da Amazônia .......................................... 23 1.2. O Ciclo da Borracha - uma breve esperança .............................................. 25 1.3. Os Mega-projetos para a Amazônia Brasileira ........................................... 26 1.4. Proteção e Vigilância - uma questão de soberania .................................... 34 1.5. A região nos dias atuais .............................................................................. 37 Capitulo II Desenvolvimento Sustentável e a Amazônia Brasileira ................................................ 41 2.1. Amazônia: Unidade de conflitos ................................................................ 41 2.2. Riqueza, Igualdade e Preservação ........................................................... .. 45 2.3. A ascensão do conceito de Desenvolvimento Sustentável ......................... 49 2.4. Afinal, o que é desenvolvimento sustentável? ........................................... 50 2.5. Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira .......... 52 2.5.1. O caso de Mamirauá, Amazonas.................................................... 53 2.6. Política Global com participação local: Agenda 21 ................................. 54 Capítulo III A Mídia na Amazônia Brasileira - Jornais, Rádio, TV ............................................... 56 3.1. A instabilidade e baixo alcance do Jornalismo Impresso .......................... 57 3.2. Rádio - o vice-líder .................................................................................... 59 3.3. A liderança Televisão ................................................................................ 60 3.4. A mídia nos estados do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima ............. 62 16 3.4.1. Acre e a emissora de rádio mais antiga da Amazônia ................. 63 3.4.2. Amazonas e a forte presença do jornalismo impresso.................. 64 3.4.3. Rondônia: uma mídia de pouca penetração ................................. 66 3.4.4. Roraima: o maior número de canais de TV da região ................. 67 3.5. O poder e a penetração da TV na Amazônia Brasileira .......................... 69 3.6. Rede Amazônica de Televisão ................................................................ 71 3.6.1. Origem - monopólio, interesses, relações e compromissos concessionários ........................................................................... 72 3.6.2. Tecnologia .................................................................................. 76 3.6.3. A produção regional e a local da Rede Amazônica .................... 77 3.6.4. As emissoras da Rede Amazônica de Televisão ......................... 78 3.6.4.1. TV Amazonas ................................................................ 79 3.6.4.2. TV Rondônia .................................................................. 80 3.6.4.3. TV Acre ......................................................................... 81 3.6.4.4. TV Roraima ................................................................... 82 3.6.4.5. TV Amapá ...................................................................... 83 3.6.5. Amazonsat ................................................................................... 83 Capítulo IV TV e Desenvolvimento Sustentável – Análise da programação............................... 87 4.1. Opção Metodológica e Universo de Amostragem ................................. 87 4.2. A Análise dos dados ............................................................................. 97 4.3. Discussão dos Resultados .................................................................... 106 4.4. O Desenvolvimento Sustentável na Programação Jornalística da Rede Amazônica ........................................................................................... 109 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 114 ANEXOS ....................................................................................................................... 123 17 VIII Resumo O objetivo desta dissertação é fazer uma análise do conteúdo da programação televisiva, à luz do conceito de “desenvolvimento sustentável”, com a finalidade última de buscar explicitar o papel desempenhado pela mídia na promoção do Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira. Para análise, foi escolhido o conteúdo do produto jornalístico dos telejornais diários das emissoras da Rede Amazônica de Televisão, repetidoras do Sistema Globo de Televisão, em quatro capitais: Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Boa Vista (RR), durante uma semana, de 22 a 29 de maio de 2002. Como resultado é possível identificar o raro tempo dedicado por estas emissoras para tratar sobre desenvolvimento sustentável; o conceito aparece apenas de forma fragmentada e isolada; a presença maciça da autoridade pública (poderes executivos federal, estadual, municipal) expõe uma postura parcial frente à situação, em que o interesse econômico prevalece como emergencial e indispensável; também é parcial o tratamento dispensado na programação aos graves problemas sociais; como é parcial o tempo dedicado à questão ambiental; em meio a tal estado de coisas, não resta dúvida sobre a falta de comprometimento desse poderoso veículo de comunicação com a questão do desenvolvimento sustentável, fundamental para o futuro da região. Palavras-chaves: Rede Amazônica, Televisão, Comunicação e Desenvolvimento Sustentável. 18 IX ABSTRACT This dissertation‟s objective is to make a televise programming content‟s analysis, according to the “supported development” concept, with the main finality to try to explicit the paper discharged by the mass communication in the promotion of supported development in Brazilian Amazonia. For the analysis, were chosen the journalistic product content from the daily journal from Rede Amazônica de Televisão, affiliated from Globo television system, in four capitals: Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) and Boa Vista (RR) during one week, from 22 to 29 in May 2002. As a result, is possible to identify the rare time dedicated by these broadcasting stations to treat about supported development; The concept appears only in an isolated and fragmented form; The massive presence of the public authority (federal, state and municipal executive powers) shows a partial posture in front of the situation, in that the economical interest prevail as emergent and indispensable; Even partial is the treatment dispensed in the programming to the serious social problems; As is partial the time dedicated to the ambient question; According to the status of the situation, there is no doubt about the compromise missing from this powerful communication vehicle with the supported development question, primordial for the future of the region. Key words: Rede Amazonica, Television, Communication and Supported Development. 19 Introdução O Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira é um assunto que aos poucos ganha espaço nas agendas regionais, nacionais e internacionais. Deixando de lado a briga por competências que perpassa o campo, torna-se evidente que o envolvimento e a participação das comunidades que compõem essa região é indispensável. Vários são os atores sociais que têm contribuído significativamente para o desenvolvimento da Amazônia. Torna-se, pois, necessário que se defina o papel de cada um desses atores na busca pelo Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira. O trabalho que ora se inicia, se propõe a fazer uma análise do conteúdo da programação televisiva, à luz do conceito de “desenvolvimento sustentável”, com a finalidade última de buscar explicitar o papel desempenhado pela mídia na promoção do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira. A escolha da televisão como veículo de comunicação levou em consideração as enormes fronteiras naturais que têm servido para manter afastadas e isoladas inúmeras comunidades amazônicas. Este estado de coisas só é rompido pela TV, um dos mais populares eletrodomésticos da atualidade. A televisão rompe essas barreiras e chega aos mais distintos cantos da Amazônia Brasileira. A popularidade da TV é tão grande na região que, nos quatro estados da Amazônia Ocidental (AC, AM, RO, RR) há mais emissoras de televisão do que emissoras de rádio ou jornais impressos (diários ou semanais). A televisão, sem dúvidas, é o mais poderoso e, também, o mais popular veículo de comunicação da Amazônia Brasileira. O alcance restrito do rádio (entenda-se recepção de programação regional e/ou local) e a baixa tiragem e a pouca penetração dos jornais impressos contribuem para essa hegemonia da TV como veremos adiante no capítulo 3. Interessado por esta popularidade, mas sem perder de vista o poder que a TV exerce, este trabalho pretende analisar o conteúdo do produto jornalístico final apresentado nos telejornais diários produzidos por quatro emissoras pertencentes à Rede Amazônica de 20 Televisão, repetidoras do Sistema Globo de Televisão. Estas emissoras estão localizadas em quatro capitais: Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Boa Vista (RR). A escolha da Rede Amazônica se deu em razão de ela ser uma rede regional explorada do sinal da Rede Globo em cinco estados da região: Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Amapá e de serem, as suas afiliadas, detentoras dos maiores índices de audiência nesses estados, nas três faixas de horário. O objeto de investigação: os telejornais locais apresentados e veiculados diariamente nas quatro emissoras (TV Amazonas, TV Rondônia, TV Acre, TV Roraima), durante uma semana, de 22 a 29 de maio de 2002. O primeiro passo foi à coleta de dados, consulta a documentos fornecidos pelas emissoras, consultas a bibliografias especializadas (jornais, revistas, anuários) e a realização de entrevistas semi-estruturadas com diretores, funcionários e jornalistas das emissoras. Para fins de obter melhor entendimento e contextualização do tema, realizamos entrevistas semi-estruturadas com os principais responsáveis pela política editorial da programação jornalística das emissoras da Rede Amazônica, Phelippe Daou (diretorpresidente) e Milton Cordeiro (diretor-superintendente de Jornalismo), com o intuito de obter informações sobre a formação da rede e a implantação das emissoras e sobre as orientações da conduta jornalística; entrevistamos os funcionários mais antigos ou exfuncionários da casa que ajudaram a reconstituir alguns eventos e forneceram dados sobre a implantação das emissoras em cada estado; entrevistamos os editores regionais do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima, e assim, pudemos identificar os intermediadores entre a direção e a redação, bem como as orientações a serem seguidas; entrevistamos, ainda, os jornalistas das emissoras envolvidos diretamente na produção. Buscávamos, com isso, entender a conduta jornalística dessas emissoras. Dada a sua especificidade é preciso deixar claro que a análise ficará restrita aos quatro estados da Amazônia Ocidental (Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima). Tal delimitação deve-se às adversidades de por em prática uma pesquisa de campo em função, não somente das dificuldades geográficas, mas também do raro acervo bibliográfico, agravado ainda pela falta de apoio e financiamento para pesquisas no campo da comunicação. 21 Antes de definirmos o período de coleta do material a ser analisado, fizemos visitas in loco nas emissoras, em datas e períodos distintos. Em seguida, definimos o período de coleta da amostragem de 22 a 29 de maio de 2002. Vários foram os fatores que dificultaram a execução desta pesquisa. Durante o trabalho de campo, a presença do “pesquisador” foi recebida de forma distinta: com preocupação em algumas emissoras (TV Roraima e TV Acre), ao passo que noutras houve uma receptividade (TV Amazonas e TV Rondônia). E talvez nem valha a pena falar sobre a postura pouco colaborativa de alguns funcionários. Dados bibliográficos referentes à mídia regional e local também não foram dos mais fáceis de obter. Isso nos obrigou a consultar dados mais gerais e, muitas vezes, distantes da realidade regional. Como bem observa Taveira (2000): “são poucas as pesquisas acadêmicas e mercadológicas que estão voltadas para a Região Norte”. (p. 16) Outro complicador da pesquisa de campo foi o deslocamento na região, que exigiu muita paciência, disposição e, claro, recursos. Por terra ou água, as vias mais usadas nos deslocamentos intermunicipais e estaduais, uma viagem entre duas capitais pode levar dias. O mais rápido é o aéreo, o segundo mais usado na região. Entretanto, as raras empresas que exploram as linhas aéreas praticam preços de “arrancar os olhos”. Seja qual for o meio de transporte escolhido, o custo médio é superior ao transporte realizado em outras regiões do país. Há ainda outras muitas dificuldades, mas que tomariam tempo e espaço preciosos e longos para enumerá-las. Apesar de todas as dificuldades, os dados que serão apresentados neste trabalho são atualizados, mas limitados às capitais de quatro estados (Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima). Informações a respeito da mídia nas capitais e também dos demais municípios de cada estado só é possível com levantamento in loco, o que é quase impraticável sem recursos mínimos para deslocamento e manutenção pessoal. Simplesmente não há bibliografia no campo acadêmico sobre o tema. Apresentamos, por isso, dados representativos da atualidade nas quatro capitais. Dado o quase insignificante acesso da população a algumas mídias, entre elas a internet (menos de 10% da população brasileira tem acesso a este tipo de mídia, segundo o 22 Almanaque Abril 2002), faremos referências, neste trabalho, apenas a três mídias: jornal impresso, rádio e televisão, com destaque para a televisão. O trabalho está estruturado em quatro capítulos. O primeiro, apresenta os aspectos históricos da Amazônia Brasileira, pois antes de falarmos sobre a realidade local, faz-se necessário voltar no tempo e resgatar alguns registros de como se deu a conquista e a ocupação da região, com o auxílio de Capobianco (2001), Gomes e Virgolino (1997), Oliveira (1994), Mendes (2001); o segundo discute a conceituação de Desenvolvimento Sustentável e Amazônia Brasileira, para entendermos o que seria este novo caminho e as propostas locais, regionais e nacionais para a região, com o apoio de especialistas como Ab' Saber, Barbieri (1997), Giansanti (1998), Kunsch (1996) entre outros, trataremos também da posição de políticos, cientistas, ambientalistas sobre a região; no terceiro traçamos um perfil da comunicação na Amazônia Brasileira (Jornais, Rádio e TV), e, especificamente, da Rede Amazônica de Televisão (Origem, Capital e Abrangência) seu poder, penetração e o papel desempenhado; no quarto a descrição e a análise da programação, destacando o papel da mídia na promoção do Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira. 23 Capítulo I Aspectos Históricos da Amazônia Brasileira 1.1. Ocupação, domínio e exploração da Amazônia Para melhor entendimento dos pontos que serão abordados tornou-se indispensável traçar um perfil da região. Eis o que faremos a seguir. A Amazônia é a mais extensa floresta tropical do mundo. Com pouco mais de 6 milhões de quilômetros quadrados1, o território amazônico se expande por 8 países (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela). Chama a atenção o fato de que, quase 2/3 (60%) deste território está em solo brasileiro (aproximadamente 3,7 milhões de quilômetros quadrados). É a chamada Amazônia Brasileira, que inclui quase toda a região norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima)2 e parte dos Estados do Maranhão e do Mato Grosso. A Amazônia Brasileira ocupa 42% do território brasileiro e tem a maior bacia hidrográfica do mundo, com seis milhões de quilômetros, além de abrigar 2,5 mil espécies de árvores catalogadas. Em cada hectare são encontradas 300 espécies diferentes de planta. Nos rios, vivem cerca de 1.300 espécies de peixes, ao passo que no hemisfério norte não passa de 200 espécies. Abriga também um grande contingente populacional concentrado, principalmente, no perímetro urbano, como veremos a seguir. A finalidade dessa seção é traçar um panorama histórico a fim de obter informações que nos ajudem a entender os seus ecossistemas, o seu ordenamento territorial, os seus recursos minerais e suas florestais, além dos desafios sociais e ecológicos enfrentados por milhões de amazônidas, incluídas aí as diversas etnias indígenas, primeiros ocupantes da região. É necessário e imprescindível destacar que a presença indígena na Amazônia data 1 Dada a divergência de números entre vários autores quanto à área total da Amazônia: Giansanti (1998) “a Amazônia [...] são cerca de 5,5 milhões de km2 (p. 77); Mendes (2001) “A Amazônia Continental ou Pan-Amazonia [...] alcança 7,8 milhões km2” (p. 25); Capobianco (2001) “pouco mais de 6 milhões de quilômetros quadrados [...] se estima a área total da Amazônia” (p. 13), optou-se por Capobianco. 24 de mais de 10 mil anos, portanto, é uma realidade de muito anterior à organização do espaço imposta pelos europeus a partir do século XVI. O aparecimento dos conquistadores ocorreu na primeira metade do século XVI, quando o espanhol Francisco de Orellana chegou à região formada atualmente pelos estados do Amazonas e Pará. Somente um século mais tarde é que a ocupação se deu de forma mais intensa, iniciada em Belém do Pará, ponto de partida para expandir o domínio de Portugal, a custa de massacres e da escravidão de milhares de índios. Ciente da importância da região, Portugal fundou, ainda no século XVII, as principais cidades da região, São Luiz do Maranhão e Belém do Pará. Os primeiros europeus que ocuparam a região vieram não só de Portugal, mas também, da Holanda, da França e da Inglaterra. Na disputa pelo território predominaram os portugueses. Nesta ocupação sobrou para os indígenas, aos que não sucumbiram à morte, restou duas opções: subordinar-se a colonização ou fugir para áreas fora do alcance da sociedade colonial. Muitos escravos vindos do continente africano foram levados para a região. O processo de colonização provocou a miscigenação que originou o “caboclo amazônico”, espécie de índio destribalizado que apresenta, cultural e biologicamente, traços europeus e, em menor escala, africanos. Um comportamento depredador marcou também, e ainda dá fortes sinais de existência, a relação com o meio ambiente e a vida diária da região. Como veremos a seguir, os atentados às riquezas naturais, à flora e à fauna, deixaram marcas preocupantes, algumas irreversíveis. No século XVIII, diante de tanta riqueza os portugueses se viram ameaçados por outros países que viam aqui uma possibilidade de ainda colher bons frutos, ou melhor, bons lucros. As investidas contra o domínio português na região amiudaram e os ataques para tomar o território explorado pela coroa portuguesa partiram de muitas frentes. Naquela época, em 1750, os patrícios já haviam estabelecido uma companhia de comércio na região que tomava conta do envio, principalmente, de anil, canela, cravo, madeira e cacau para Portugal. Holandeses, franceses e espanhóis passaram a ocupar regiões próximas e insistentemente atormentavam a rapina portuguesa; eles estavam de olho não apenas nestes 2 Tocantins é o sétimo estado da região Norte, mas não faz parte da Amazônia Brasileira. 25 produtos, boa parte exportados para a Inglaterra, mas também nas outras riquezas da região. Portugal montou pontos avançados e resistiu até o final do século XVIII. 1.2. O Ciclo da Borracha – uma breve esperança Na segunda metade do século XIX a Amazônia viveu o seu primeiro ciclo econômico, batizado de Ciclo da Borracha, iniciado no Pará. Gomes e Virgolino (1997) consideram que entre 1850 e 1910 a região viveu momentos de dinamismo e colapso. O dinamismo foi marcado por “dois importantes eventos”: O primeiro foi o desenvolvimento da vulcanização da borracha, iniciada por Haywarden, em 1831, e completado por Goodyear, em 1844, que patenteou o processo. O segundo foi à criação da companhia de navegação a vapor da região norte – a partida do primeiro navio, de Manaus para Belém, ocorreu em janeiro de 1833. A combinação desses dois fatores viria a estimular a economia amazônica por um longo período de tempo. [...] A borracha, de origem extrativista, logo se tornou o motor de crescimento regional; o extrativismo – forma clássica de exploração dos recursos naturais da região – consolidou-se como o setor mais importante da economia amazônica. (p. 19) Nesse período, conta Forline, principalmente a partir de 1844, nordestinos, oriundos principalmente do Ceará, vieram ocupar áreas da Amazônia, formando a primeira leva dos chamados “soldados” da borracha. Em 1850, o governo imperial criou a província do Amazonas, com capital em Manaus. Em 1866, a importância da borracha para a economia local cresceu e, o rio Amazonas é aberto à navegação internacional. Mais tarde, em 1877, uma outra seca no Nordeste impulsionou mais uma leva de pessoas rumo aos seringais. No final do século foi anexada uma área que vivia sob domínio boliviano, mas era povoada, em sua maioria, por brasileiros: o território federal do Acre, criado por um decreto do presidente Rodrigues Alves, em 1904. Desde então, o deslocamento de nordestinos para a região Amazônica tem sido contínuo e permanente, conforme dados do IBGE (2000). 26 Na fase mais importante deste Ciclo (1898-1910) a Amazônia tornou-se o maior produtor mundial de borracha vegetal; sua produção era exportada dos portos de Manaus e Belém. As duas cidades cresceram econômica e culturalmente. Entre 1890 e 1910, a produção da borracha do Amazonas correspondia a mais de 40% do total mundial e a 27,5% das exportações brasileiras. Não obstante, passado pouco mais de meio século da euforia da Borracha, veio o colapso, motivado pela derrocada dos frágeis alicerces sob os quais se assentava o crescimento da renda. A economia estava mortalmente ferida pela abrupta queda de preços que ocorreu no alvorecer no século XX. Entre 1914-1918, a participação da borracha nas exportações brasileiras havia caído para 12%, não ultrapassaria os 3% no período 1919-1923, e seria menor que 1% (0,8%), entre 1930-1933, conforme dados de Gomes e Virgolino (1997). 1.3. Os Mega-projetos para a Amazônia Brasileira Após a derrocada do Ciclo da Borracha, a partir dos anos 20, o governo Brasileiro resolveu intervir na região, criando a Superintendência de Defesa da Borracha, com a missão de garantir a volta da borracha brasileira ao mercado internacional. Passou a encorajar a ocupação, concedendo terras, sobretudo a empresários ou imigrantes estrangeiros. Dentre esses, destaca-se o mega-projeto de Henry Ford, que, em 1926, comprou do governo paraense uma área de 2,5 milhões de hectares, com isenção de impostos, para cultivar seringueiras, pretendendo produzir 40 mil toneladas anuais de borracha. Mais o estímulo necessário para reimpulsionar só viria anos depois. Segundo Gomes e Virgolino (1997), só viria de fato, com a 2a Guerra Mundial. Durante a guerra, por razões estratégicos, o governo estimulou a produção de borracha na região. Com o apoio explicito dos Estados Unidos, foi estabelecido o Banco de Crédito da Borracha (9 de julho de 1942), que deu origem ao atual Banco da Amazônia. Eram os primórdios de uma nova atitude do governo, que agora criava instrumentos e instituições para estimular o desenvolvimento. A produção da borracha voltou a crescer e, em dois anos, saiu de 15 mil toneladas para 28 mil toneladas. (p. 28) 27 Moraes alega que entre 1912 e 1945 “a prática da intervenção do Estado na Amazônia foi „quase exclusivamente‟ dedicada ao esforço de recuperar a economia da borracha. Nada mais. A relação com o restante da economia brasileira permanecia profundamente marginal, ou quase inexistente”.3 Eula Taveira (1998) acrescenta a isso que, entre 1920 e 1940, período crítico na economia da região, “a elite regional como foi abandonada pela nação, criou uma estrutura de subsistência. [...] Fez, em Belém, uma indústria de calçados, de guarda-chuvas, protetores de borracha, sem capacidade de competição fora dos limites regionais pela limitação da escala. O governo não gostou e diluiu o investimento”. (p. 56) A região Norte recebeu ainda um outro fluxo de migrantes provindos do Nordeste na década de 40. Em 1943, surgiu o território Federal do Amapá, desvinculado do Pará. Neste ano ainda, houve o desmembramento dos Estados de Mato Grosso e do Amazonas que deu origem ao Território Federal de Guaporé (futuro Estado de Rondônia) e a outro município do norte do Amazonas, depois transformado no Território Federal do Rio Branco (hoje Estado de Roraima). Porém, os resultados destas ações só se manifestaram na década de 50, mais precisamente a partir de 1955, quando o produto industrial cresceu rapidamente e se expandiu significativamente na economia regional. Neste período aconteceu a terceira intervenção do Governo Federal na Amazônia, com a criação da SPVEA – Superintendência do Plano e Valorização Econômica da Amazônia (1953) – com a missão tanto de promover o desenvolvimento econômico da região quanto à integração com o restante do país. A região mais uma vez não foi valorizada. Faltaram recursos financeiros e continuidade para levar a empreitada adiante. O único ponto apontado como positivo foi à construção da Rodovia Belém-Brasília, considerada a primeira tentativa de integração física da Amazônia com o restante do país. A década de 60 reservou mais uma tentativa de integração da Amazônia, desta vez sob a chancela do Governo Militar, que se instalou em 1964. Os militares de olho na posição geopolítica da região assumiram o compromisso com a ocupação e o desenvolvimento da Amazônia e a conseqüente integração com a economia nacional. Mais, 3 www.amazonia.org.br 28 a região assumiu, no discurso militar, papel de destaque na geopolítica nacional. Em 1966, foi criada a “Operação Amazônia”: transformação do Banco de Crédito da Amazônia em Banco da Amazônia S.A (BASA); transformação da SPVEA em Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM); implantação da política de incentivos fiscais; criação, em 1967, da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). Também foram lançados outros grandes projetos: Carajás, Tucuruí, Transamazônica e Balbina. A SUDAM assumiu a função de planejador regional da Amazônia, apesar de se orientar pelas mesmas diretrizes que guiavam a extinta SPVEA, ambas orientadas pelo modelo de desenvolvimento para o crescimento econômico. Para Francisco Oliveira (1994) essas intervenções seriam apenas tentativas autoritárias de mandar na Região, apoiados no falso argumento da incapacidade das comunidades regionais. O que é importante reter, é a formação talvez não de um consenso, que é um processo sócio-cultural de maior fôlego, mas de uma impressão de que os problemas da Amazônia eram tão grandes, imensos, que as sociedades, comunidades, tribos, nações indígenas e etnias locais e regionais não teriam forças, competência técnica, recursos financeiros, poderes abrangentes para superá-los. Esta é a raiz propriamente autoritária da intervenção. (p. 87) Na década de 70, no período do chamado “Milagre Econômico”, na carona do crescimento econômico registrado no Brasil, os militares puseram em prática mais uma etapa do plano de intervenção na Amazônia. O objetivo primeiro era o de promover investimentos com capital público, capital privado nacional e capital privado internacional, para desencadear um processo de ocupação humana. Buscava-se desenvolver a região nos planos econômico e social. Veio gente do sul, do sudeste, do centro-oeste e outro tanto do nordeste. Quanto aos investimentos, público e privados, afirma Kolhlepp (In: IEA, vol. 45, 2002): A ação estatal para o desenvolvimento da infra-estrutura, concentrada no transporte rodoviário, como parte central dos esforços de integração da Amazônia. Projetos selecionados de colonização foram implementados. A redução de impostos para 29 corporações foi um dos fatores mais importantes para atrair investidores privados aos projetos de desenvolvimento aprovados pelo estado. [...] A ação privada foi baseada em investimentos em todos os setores econômicos mediante incentivos fiscais e a redução de taxas tributárias, a serem empregadas como capital de investimento, principalmente na criação de gado, indústria e projetos de mineração. (p. 37-38) O programa de desenvolvimento infra-estrutural foi baseado no conceito de planejamento de eixos de desenvolvimento, realizado por construção de numerosas estradas de longa distância, como a Transamazônica e a Perimetral Norte, a Cuiabá-Santarém e a Cuiabá-Porto Velho-Manaus. Os chamados “corredores de desenvolvimento” tinham até 200 quilômetros para colonização estatal. O INCRA ficou responsável pelo assentamento em grande escala de “trabalhadores rurais e arrendatários do nordeste”, com “vistas ao estabelecimento de pequenas propriedades de até 100 hectares cada”. (p. 38) A esse respeito, comenta Oliveira (1994): Curiosamente, ao assentar estes colonos, o governo, através do INCRA, caracterizaria os mesmos como migrantes ilustres e exemplares, pois eram considerados "trabalhadores" e encerrariam uma demonstração para os demais em termos de rendimento, produção e ritmo de trabalho. Por outro lado, os caboclos regionais, tidos como preguiçosos, ensinaram muitos migrantes como manejar os recursos naturais. [...] Os nordestinos procuravam relações clientelistas, enquanto os migrantes do centro-oeste teriam uma propensão em estabelecer redes comerciais. (p. 88) Os nordestinos sempre lideraram os índices migratórios para a região. Para Kohlhepp (In: IEA, vol.45, 2002): O rápido aumento de tensões sociais no nordeste brasileiro, causada pela negligência à urgência e necessária reforma agrária, tornou-se ainda maior depois da desastrosa seca, levando em 1970 a um acordo de estratégia geopolítica que combinava programas de exploração da infra-estrutura e econômicos na Amazônia com um projeto de colonização para o assentamento de nordestinos sem-terra. A região amazônica era vista como escape espacial para os conflitos sociais não-selecionados. (p. 37) 30 O número de assentados deveria chegar a um milhão de famílias, expectativa posteriormente estimada em 100 mil famílias. Em meados da década de 70, somente 7% do número planejado estava assentado na Transamazônica. As tentativas de ocupação territorial e de modernização não foram suficientes para abrir caminhos por terra, fazendo com que a região se mantivesse distante do restante do país. A explicação para o fracasso na tentativa de integração por terra é sustentada numa peculiaridade da região em relação ao restante do país: o Norte é recortado por vários rios. Para Lúcio Flávio Pinto (1997) a integração da região melhor se daria utilizando este importante recurso. “A via preferencial de transporte está nos rios, um elemento de harmonia na paisagem, capaz de amoldar a ocupação a esse gigantesco organismo biológico que é a Amazônia”. (p. 33) Tratando do mesmo aspecto, citamos essa interessante passagem de Nogueira, citado por Taveira (1998): Não e à toa que o povo amazônico construiu, em grande parte, suas relações de comunicação e transporte utilizando o rio como via. As missões, fortalezas e povoados resultaram na formação dos primeiros núcleos urbanos da Amazônia, todos às margens dos principais rios, únicas vias de articulação dos lugares, por onde circulam índios escravizados e drogas do sertão rio abaixo e mercadorias e as ordens da colonização rio acima. (p. 57) E acrescenta, citando Walmir Barbosa, “Os rios são as estradas líquidas da Amazônia, [...] a realidade é diferente: o único caminho é o rio, navegável o ano todo” (p. 58). Como outros tantos, Aziz Ab'Saber (in: IEA, vol. 45, 2002) concorda que essa é uma saída bastante favorável para a Amazônia. “A navegação fluvial, tanto quanto possível - em vez de grandes rodovias que conduzem a fortes predações e estabelecimento de calço viário -, deve constituir uma diretriz prioritária”. (p. 26) Os rios também propiciam a superação de uma das deficiências da região: energia confiável. Aproveitou-se para a região o modelo que o Brasil acabara de definir para geração de energia no país, “priorização da hidroeletricidade como principal fonte geradora” (p. 27). Para a Amazônia, “foram projetados inúmeros reservatórios, mas apenas 31 cinco estão em operação, sendo um de grande porte (Tucuruí) e os demais de média e pequena capacidade geradora (Curuá-Una, Coaraci Nunes, Samuel e Balbina)”. (p. 29) Porém o projeto logo frustraria as esperanças e necessidades de boa parte da região: a forma centralizada de geração, feita através de grandes blocos de energia, contribuiu para o acirramento das desigualdades sociais e econômicas da região. A oferta seguiu o mesmo modelo da distribuição da renda, isto é, foi direcionada apenas para uma parte da sociedade, segundo a lei do mercado de capital. Para as sedes municipais e vilarejos de maior porte, a solução ficou por conta dos estados que, por ausência de um Plano melhor elaborado, optaram pelo uso de geradores movidos a derivados de petróleo. Para quase metade dos amazônidas, que mora em comunidades isoladas, o modelo não tinha, e continua hoje sem ter, qualquer projeto ou solução. É inegável o fato de que, apesar de esporádico, houve importantes investimentos na região. Da década de 60 até meados da década de 80 do século passado, uma cifra considerável foi destinada à região. Segundo Giansanti (1998) “foram mais de 20 bilhões de dólares investidos” no período. Oliveira (1994) ressalta que boa parte deste investimento foi destinada para estes grandes projetos, que ele considera parte de uma estratégia que atendia aos interesses desta “intervenção autoritária”: “optou-se pelo povoamento com interesses: a Zona Franca de Manaus configura-se como uma modalidade de povoamento através de interesses constituídos. A própria Transamazônica era uma estratégia mista de povoamento populacional e de interesses”. (p. 89) O autor também percebeu que a região ficou dividida nesse processo: [de um lado atuam] poderosos projetos de alto impacto. Carajás e a poderosa Vale do Rio Doce, as associações com capitais nacionais e estrangeiros na exploração de riquezas incomensuráveis. O mapa assinala na Zona Franca poderosos interesses da eletroeletrônica de motos, relógios, brinquedos e já hoje de veículos para carga leve. [de outro lado] Atores e sujeitos locais: grupos e nações indígenas, posseiros, grupos ribeirinhos, seringueiros, castanheiros, pequenos agricultores, e mesmo as porções de uma burguesia que nunca passou do estatuto mercantil. [em meio a essa distinção observa-se] A depredação ambiental, a sanha de aniquilamento dos povos indígenas, a teoria e a prática da industrialização poluidora. (p. 90-92) 32 Na segunda metade da década de 1970, as estratégias foram concentradas no conceito de pólos de crescimento, com pontos focais setorais: extração de recursos naturais, agroindústria, dentre outras. Segundo Kohlhepp (in: IEA, vol.45, 2002): Investidores de capital nacional e internacional foram atraídos por reduções consideráveis de taxas tributárias e também por outros benefícios. Tornou-se vantajoso para bancos, companhias de seguro, mineradoras e empresas estatais, de transportes ou de construção de estradas investir na devastação da floresta tropical para introduzir grandes projetos de criação de gado, com subsídios oficiais, realizando a exploração das terras a preços baixos. (p. 39) A década de 80, contínua permeada por projetos que praticavam o velho estilo do “desenvolvimento de cima”. As populações locais atingidas por este modelo sempre receberam informações insuficientes e tardias. As decisões não respeitavam os interesses regionais. Os militares assumiram o controle arrogando-se como os únicos com capacidade para planejar o caminho racional para o desenvolvimento. Assim, passaram-se 30 anos de desordem social e ecológica, conforme Souza (in: IEA, vol.45, 2002): Os tecnocratas e o governo central foram incapazes de favorecer a aceitação de experiências locais no processo de integração econômica. [...] Na realidade, a Amazônia foi reinventada pelo Brasil, que propôs para ela a sua própria imagem. Os moradores da Amazônia sempre se espantaram ao ver que, talvez para melhor vendê-la e explorá-la, ainda apresentam sua região como habitada essencialmente por tribos indígenas, enquanto existem há muito tempo cidades, uma verdadeira vida urbana e uma população erudita que teceu laços estreitos com a Europa desde o século XIX. [...] Embora o Brasil se orgulhe de ter “absorvido” a Amazônia, não aniquilou suas peculiaridades. Continua havendo uma cozinha, uma literatura, uma música da Amazônia. (p. 36) Porém, o Governo Federal praticamente ignorou a região na década de 90, considerada uma das mais difíceis para a região. Em 1995, foi o criado o Ministério do Meio-Ambiente que fixou as diretrizes básicas da nova política regional da Amazônia nos seguintes termos: a mudança nas estratégias de desenvolvimento para um conceito sadio do ponto de vista ambiental e social, visando a consolidação da Amazônia e ao planejamento dos passos decisivos para que possa alcançar a sustentabilidade do uso dos recursos, ou 33 seja, uma sustentabilidade ajustada ao interesses e ao bem-estar da população amazônica, mediante medidas descentralizadoras e a participação da sociedade civil. Em 1997, o Governo Federal lançou o programa Brasil em Ação (1997-99), transformado depois num mega-programa de desenvolvimento e, então, rebatizado Avança Brasil (2000/2003), com perspectiva de duração até 2007. O plano, em resumo, tem o seguinte objetivo, conforme Kohlhepp (in: IEA, vol. 45, 2002): Como medida para melhorar planejamento de infra-estrutura, o governo brasileiro recomendou um grande estudo de regiões de desenvolvimento nacional integrado, identificado e avaliado centenas e projetos que demonstram um potencial para acelerar o desenvolvimento econômico nos próximos anos. [...] Os projetos foram avaliado sem grupos, a fim de identificar sinergias potenciais, e analisados dentro do contexto de nove regiões principais de desenvolvimento, os denominados “eixos nacionais de integração e desenvolvimento”. [...] O governo brasileiro planeja realizar investimentos de grande escala (US$ 40 bilhões) em projetos de desenvolvimento, especialmente na região amazônica, por meio do programa Avança Brasil. [...] Quanto à região há quatro pacotes de projetos: integração internacional do norte; - logística na região Madeira-Amazonas; - logística no Brasil Central; e – geração de energia hidrelétrica e linhas de transmissão. (p. 42-48) Este novo mega-programa em tudo faz lembrar as já falidas propostas do governo militar desenvolvidas nos anos 1970. Assistimos, uma vez mais, à prática da velha política “de lá pra cá” ou se se preferir “de cima para baixo”, posto que não leva em conta a compatibilidade do projeto com o meio ambiente e com as necessidades peculiares da região. No alvorecer do novo milênio não era raras denúncias da existência de fraude e de corrupção na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Este órgão deveria conduzir o desenvolvimento regional, mas, sem planejamento e seriedade, conseguiu desperdiçar centenas de milhares de reais. Em 2001, fechou às portas, afundada “num mar de lama por conta do clientelismo político, combinado com o fisiologismo empresarial” (Estadão, 21/8/2001), destaca o jornalista e sociólogo Lúcio Flávio Pinto. No mesmo ano foi abolida e substituída por uma nova instituição, a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA). Rinaldo Moraes observa: 34 Deve ser dito, entretanto que o declínio da autarquia deve ser entendido dentro de um contexto de ausência total de empreendedor da região. De 1996 a 2000 a SUDAM jamais exerceu, efetivamente, o papel de ser agente indutor de desenvolvimento regional. Na década de 70, por exemplo, jamais foi mencionada alguma estratégia pela autarquia para atenuar a pobreza dos amazônidas. [...] Quem sai perdendo? A população local e os empresários empreendedores que não se sentem motivados em realizar investimentos. 4 Mesmo frente a uma desatenção humilhante, um assunto não deixou a ordem do dia: a segurança da Amazônia. A defesa da região exige recursos que permitam a cobertura não só dos mais de 9 mil quilômetros de fronteira, mas de toda Amazônia Brasileira, recursos esses com capacidade de mobilidade tática, composta de eficientes apoios logístico e aéreo. 1.4. Proteção e Vigilância – uma questão de soberania No início da década de 80, foi assinado por todos os representantes dos países da Amazônia Continental (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) o Tratado de Cooperação Amazônica. Este Tratado tinha o objetivo de proteger a região contra uma pretensa tentativa de controle internacional. Mas o abrupto desenvolvimento do Brasil na Amazônia fez, segundo Cavagnari Filho (2002), ressurgir, entre os vizinhos amazônicos, o fantasma do expansionismo brasileiro. O Brasil tem 9 mil quilômetros de fronteiras com outros setes países que compõe a Amazônia. Segundo Lúcio Flávio Pinto (in: IEA, vol. 46, 2002), a presença dominante é a natureza. Em grande parte desses nove mil quilômetros não há marcos nem qualquer sinal visível de repartição de fronteira. A presença dominante é a natureza, sobretudo na forma de maciços florestais, secundada por índios e por pioneiros nacionais, como garimpeiros, barqueiros e „gateiros‟ (caçadores). Há também contrabandistas e traficantes de drogas, numa malha de criminalidade que vem se adensando, e um personagem como novo nome para uma velha prática: biopirata. (p. 137) 4 www.amazonia.gov.br 35 De fato, em resposta ao imobilismo dos demais países amazônicos na execução do Tratado de Cooperação Amazônica, o Brasil criou, em 1985, o Projeto Calha Norte, um plano de ação governamental que visava intensificar a presença do Estado numa área que corresponde a 14% do território nacional e a mais de 6,7 mil quilômetros de fronteiras terrestres, que vão de Tabatinga (AM) à Foz do Oiapoque (AP). Esta área, equivalente a 2/3 dos 9 mil quilômetros de fronteira do Brasil nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. A partir de 1986, recursos militares foram destinados à construção de novos grupamentos militares e à ampliação de outros já existentes, com o intuito de reforçar a vigilância e o controle das fronteiras. Pelo projeto original o “Calha Norte” deveria estar pronto até o final de 1997, mas a partir do governo Collor (1990-1992), os recursos foram gradativamente reduzidos. A retomada do projeto só se deu em 1997, no Governo Fernando Henrique Cardoso, desta feita, subordinado ao Ministério da Defesa. Os recursos necessários à conclusão da parte militar e à execução das obras civis somam 1,4 bilhão de dólares. Em 1990, antes de concluir o Calha Norte, provocada por um relatório da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE-PR) sobre a realidade da Amazônia, a Presidência da República, definiu diretrizes para proteger o meio-ambiente, racionalizar a exploração dos recursos naturais e promover o desenvolvimento sustentável. A SAE, recebeu a incumbência de “formular um Sistema Nacional de Coordenação, atual Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM)". A atuação integrada dos órgãos governamentais visava à promoção do desenvolvimento sustentável, à proteção ambiental e à repressão aos ilícitos na Amazônia. O Ministério da Aeronáutica, atual Comando da Aeronáutica, deveria implantar o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), integrado ao Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), a fim de prover as ferramentas para o funcionamento do SIPAM. A cargo do Ministério da Justiça ficou a responsabilidade de se integrar ao SIVAM, colocando em prática o Projeto Pró-Amazônia que visa a aprimorar a capacidade da Polícia Federal no desempenho de suas tarefas na Região Amazônica. Vinte e cinco mil homens compõe atualmente o dispositivo militar na Amazônia, mas era preciso dispor de uma forma mais eficaz de controle não apenas nas áreas de 36 fronteiras mas de toda a região. Começava a tomar forma mais um grande projeto para Amazônia, desta vez, voltado à questão não só do controle nacional sobre a linha divisória internacional, mas também sobre a ocupação e uso da região, impedindo a entrada de clandestinos e prevenindo a violação do espaço brasileiro. Em 1994, o Senado aprovou o financiamento externo no valor de US$ 1,771 bilhão. O Banco do Brasil e o Eximbank (EUA), os principais financiadores do projeto desembolsaram US$ 1,02 bilhão e a empresa americana Raytheon foi contratada para o fornecimento de bens e serviços, ficando o governo responsável pelas tarefas de integração e realização das obras civis relativas ao SIVAM. O Sistema entrou em operação no dia 25 Julho de 2002, exatos cinco anos depois de iniciado. Somente no segundo semestre de 2003, porém, a cobertura eletrônica da Amazônia estará concluída. Além de abranger equipamentos fixos de sensoreamento remoto, segundo Pinto (in: IEA, vol. 46, 2002), ela mobilizará pelo menos cinco mil homens das Forças Armadas, uma esquadrilha de 33 aviões e uma base logística controlada a partir de Brasília. O projeto prevê que no máximo em dois estejam em operação: 99 aviões turboélice ALX de ataque leve, cinco jatos EMB-145 (alerta avançado e vigilância eletrônica), três EMB-145 (sensoriamento remoto), 70 estações meteorológicas terrestres, 13 estações meteorológicas de altitude, seis radares transportáveis, 14 radares fixos, 10 sensores de transmissão clandestina e quatro estações de recepção de satélites meteorológicos. Em mais de um século de tentativas, ora intensivas, ora esporádicas, a preocupação do governo brasileiro esteve voltada para a exploração econômica da região e para a ocupação e, por último, e com grande intensidade, para com a soberania nacional em relação à Amazônia brasileira. 37 1.5. A região nos dias atuais Novos projetos para a região começam a tomar forma a partir da perspectiva de integração sul-americana à globalização econômica. A agropecuária, o extrativismo vegetal e o turismo se apresentaram como as grandes vocações econômicas da região. Cada estado, a partir de então, deveria caminhar com as próprias pernas. Um estudo realizado pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), em parceria com os governos estaduais, identificou as potencialidades regionais nos estados da Amazônia Ocidental (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima). No Acre o extrativismo mineral apareceu como principal potencialidade do Estado; Para o Amazonas, além da Zona Franca de Manaus, o ecoturismo foi apontado como uma importante alternativa econômica; Rondônia, segundo o estudo, nos últimos dez anos já vem registrando crescimento econômico com o extrativismo e a agropecuária; Roraima nos últimos cinco anos tem priorizado a infra-estrutura (estradas, energia), aliando a localização geográfica privilegiada do Estado, pretende atrair investidores para a agro-indústria e o ecoturismo. Os quatro estados delimitados no objetivo deste trabalho (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima) ocupam mais de dois milhões de quilômetros quadrados, quase metade da Amazônia Brasileira, formando a Amazônia Ocidental, e concentram uma população que já supera a casa dos 5 milhões de pessoas, distribuídas em 145 municípios. Quase metade vive nas capitais, outra parte em pequenos centros urbanos e uma pequena parcela, no campo e na floresta. Atualmente a população da região é formada por nativos e migrantes oriundos, em sua grande maioria, do sul e do nordeste. São milhares de famílias espalhadas dentro da maior e mais rica floresta tropical do planeta, que ocupa dois quintos da América do Sul (um vigésimo da superfície terrestre). Uma região que possui o maior banco genético, o maior ecossistema, um quinto da água doce e a maior hidrografia do planeta (23 mil quilômetros de rios navegáveis). A região Amazônica tem um terço das florestas do mundo. 38 Boa parte da população (74,9%) vive nas capitais (Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto Velho-RO, Rio Branco-AC) ou nas sedes dos demais 141 municípios da Amazônia Ocidental. A população rural é cada vez menor. Os quatro estados observados nesta pesquisa (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima) ocupam mais de 1/4 (mais de 25%) da área total do Brasil. Uma área de baixa densidade populacional, apesar do fluxo migratório intenso. Na região vivem apenas 3,46% dos mais de 170 milhões de habitantes do país. (IBGE, Censo 2000) A taxa média geométrica de crescimento anual registrada na região é maior do que em qualquer outra parte do país. Enquanto a média nacional é de 1,64, no Norte ela sobe para 2,86. No ex-território de Roraima a taxa é quase três vezes maior em relação à média nacional (4,58). Segundo o Almanaque Abril 2002, dos 8,5 milhões de nordestinos que deixaram seus estados na década de 90, quase 10% foram para o Norte; do Sul e do Sudeste, respectivamente, 7,4% e 7,3% dos migrantes partiram rumo à Amazônia. Só para situar, deixaram as duas regiões (Sul e Sudeste) no mesmo período mais de 5,5 milhões de pessoas. Como já vimos, esse processo faz parte de uma ocupação continua e crescente nos últimos 100 anos, a qual apresenta grandes saltos nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado. A Tabela 1 detalha os Dados Demográficos, nos quatro estados: Tabela 1 Dados Demográficos, por Estado5 o o Estado Capital Área total (Km2) Roraima Boa Vista 224.118 324.397 75.503 15 78,62% 200.568 Amazonas Manaus 1.570.946 2.812.557 577.828 61 78,79 % 1.405.835 Rondônia Porto Velho 237.564,5 1.379.787 351.477 52 65,42 % 334.661 Acre Rio Branco 152.522 557.526 130.712 22 69,68 % 253.059 2.185.150,5 5.074.267 1.135.5220 150 74,9 % 2.194.123 Total 5 Fonte: IBGE (Censo, 2000) Pop. N total de domicílios N de Mun. Pop. Urbana Capital 39 A Economia da região infelizmente não acompanha os índices de crescimento populacional. Os estados amazônicos têm os menores orçamentos entre os estados da federação. O Produto Interno Bruto (PIB) também é insignificante e a renda per capita fica abaixo da média nacional nos quatro estados (Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) medido pela ONU, aponta os quatro estados entre o 9o (Rondônia) e 14o lugar (Acre), posições essas bastante favoráveis em relação a média nacional e a outros estados brasileiros melhor estruturados social, política e economicamente. Com exceção do Amazonas, graças ao funcionamento da Zona Franca de Manaus – que abriga 400 grandes empresas tem uma economia razoavelmente sólida – os demais estados dependem quase que exclusivamente do setor de serviços, a principal vocação econômica da Amazônia. Ver Tabela 2 Tabela 2 Dados sócio-econômicos, por Estado6 (1) Estado População Composição do PIB Agrop. (3,4%); Ind. (26,3%);, Roraima 324.397 Serv. (71,9%) Agrop. (6,7%); Ind. (41%); Amazonas 2.812.557 Serv. (53,5%) Agrop. (15,3%); Ind. (6,6%); Rondônia 1.379.787 Serv. (79,6%) Agrop. (6,8%); Ind. (17,4%); Acre 557.526 Serv. (77,3%) Agrop. (13,3%); Ind. (27,7%) Norte 12.900.704 Serv. (60,6%) Agrop. (9,1%); Ind. (33,1%) Brasil 169.799.170 Serv. (57,8%) Participação no PIB Nacional Renda Per Capita (US$) 0,1% 2.250 1,3% 2.350 0,7% 2.421 0,2% 1.841 IDH 0,818 (10o) 0,775 (12o) 0,820 (9o) 0,754 (14o) 4,7% 1.827 0,727 100% 2.879 0,750 (1) 1999 No campo da Educação, sem dispormos de informações sobre a Zona Rural, os índices precisos não são dos mais animadores. O atendimento tem sido pouco razoável e, principalmente no nível superior, há uma demanda reprimida bastante grande, o que tem 6 Fontes: IBGE –Brasil em Números 2001, vol. 40 facilitado a proliferação de cursos particulares, os mais diversos, a maioria com o único intuito de comercializar diplomas. A taxa de escolaridade das crianças de 7 a 14 anos, que no Acre é de 92,2%, e no Amazonas em torno de 95,4%, está acima da média nacional (96,5%) em Roraima (98,3%) e em Rondônia (96,9%). Deixando de lado os dados sobre a Zona Rural (indisponíveis no Norte), a taxa média de escolaridade das crianças de 7 a 14 anos da região Norte é de 95,5%, abaixo da média nacional (96,5%). Entre a população com 15 ou mais anos de idade a taxa média de analfabetismo da região norte é de 11,6%, enquanto a média nacional é de 9,7%. Os Dados Educacionais estão explícitos na Tabela 3. Tabela 3 Dados Educacionais, por estado7 Estabelecimentos de Ensino (2) Estado Taxa de Escolaridade % (*) (3) Analfabe tismo % (*)(4) Pop.(1) Préescolar Fundamental Médio Superior 7-14 anos 15 anos e mais AC 557.526 196 1 508 39 1 92,2 15,5 AM 2.812.557 866 4 581 197 12 95,4 8,8 RO 1.379.787 459 2 989 171 11 96,9 9,6 RR 324.397 292 537 40 6 98,3 8,6 Norte 12.900.704 6 016 26 280 17 602 40 95,5 11,6 Brasil 169.799.170 78 106 187 493 17 602 973 96,5 9,7 (**) (1) IBGE: Brasil em Números, 2001, vol. 9 (2) IBGE: Anuário estatístico do Brasil, 2001 (3) IBGE: Brasil em Números, 2001, vol. 9 (4) IBGE: Brasil em Números, 2001, vol. 9 (*) Exclui a população Rural do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima (**)Exclui a população Rural 7 Fontes: IBGE: PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, 1999 Almanaque Abril 2002 41 Capítulo II Desenvolvimento Sustentável e a Amazônia Brasileira 2.1. Amazônia: Unidade de conflitos O termo desenvolvimento e o mais recorrente em discursos oficiais dos governos local e nacional, bem como de políticos, pesquisadores e ambientalistas. Assim agindo, esses atores acreditam estar contribuindo com a região. Para a população, entretanto o discurso desenvolvimentista ecoa como algo há muito “necessário, desejado e esperado”, mas que, até agora, tem sido pouco ou nada palpável, sequer visível. Nas últimas duas décadas, com a redução drástica dos investimentos do Governo Federal, diversos atores reclamam o próximo passo a ser trilhado pela região. Entre eles, se divergem quanto ao caminho a seguir, concordam que a missão de delineá-lo cabe a quem faz a Amazônia, ou seja: é notadamente perceptível a rejeição por planos traçados e esboçados em gabinetes de Brasília. Como bem nota Lúcio Flávio Pinto, em sua coluna intitulada Carta da Amazônia, publicada aos domingos no Caderno de Ciência, do jornal Estado de São Paulo, na edição de 17/2/2001: “os ecos amazônicos sempre chegaram distorcidos aos ouvidos da capital nacional”. Armando Dias Mendes (2001) concorda com a urgência deste desenvolvimento e defende a mudança dos condutores deste processo. Para o autor trata-se de uma escolha entre a submissão a um “ferrete exógeno” ou a adoção de um “sinete endógeno” de afirmação amazônica. Mendes explica: [ferrete é a] desastrada aceitação passiva e simplória das invocações (ou convocações) da Região para solução de problemas estranhos a ela: espaço para excedentes populacionais de outras regiões, nações ou continentes, ou investimentos tipo enclave, ou transposição 42 de sua bacia hidrográfica, [...] transformação da sua natureza em santuário intocável e coisas semelhantes. [um sinete] ou marca, ou carimbo amazônico significando trabalhar naquilo que a região sugere (ou impõe), a partir das suas notórias singularidades naturais as amazonidades. [grifo do autor] (p.11) Para o autor, torna-se necessário impor limites ao processo de desenvolvimento, que deve se adequar às particularidades da região. “As suas vocações, sem que isso signifique a adesão incondicional e retrógrada ao puro extrativismo, seja ele o primitivo ou o „avançado‟. E sem que nos apeguemos, cegamente, a inatas vantagens comparativas – obrigando-nos, ao contrário, a um sério esforço pela criação de vantagens competitivas”. [grifo do autor] (p. 11-12) O geográfo e pesquisador Aziz Ab‟Saber é do ponto de vista de que não é possível planejar a Amazônia tomando como referência às demais regiões brasileiras, dada as suas particularidades, como a área, o estado de conservação das áreas ecológicas, do revestimento florestal e dos fluxos da natureza, representados pelas águas na Amazônia. Acredita que a região necessita de políticas públicas diferenciadas (nas áreas de saúde, educação, transportes, etc.) e que é preciso conciliar bem a consciência técnico-científico e as legítimas aspirações das comunidades locais. Ab‟Saber considera este fator essencial para que se possa dar continuidade à pesquisa científica sobre as condições regionais e subregionais da Amazônia brasileira. Ab‟Saber acrescenta, ainda, que não pode se descurar de “estimular uma campanha panamazônica para o zoneamento ecológico, econômico e social destinado ao gerenciamento regional e melhor entendimento das comunidades e sociedades regionais e sub-regionais, com ênfase na economia auto-sustentada para as populações residentes ou tradicionais”. (p. 33) Pinto escrevendo para o Estadão de 10/7/2001, parecia não crer muito na capacidade de estado brasileiro resolver a questão da região, como fica claro neste trecho: “A Amazônia parece ser um desafio grande demais para as possibilidades e o interesse real (não só o retórico) do Brasil em dar uma direção inteligente, racional e - em resumo científica ao processo de ocupação da Amazônia”. Mais tarde, o autor (Estadão, 21/8/2001) muda de opinião: 43 A Amazônia já tem um passado suficientemente rico e um presente satisfatoriamente maduro para enfrentar todos os desafios, especialmente o da verdade. O desafio maior, evidentemente, cabe ao governo, que é o de regulamentar e controlar as atividades humanas num espaço geográfico extremamente complexo. Para a senadora Marina Silva (PT/AC), ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, a Amazônia já tem suficientes experiências que podem contribuir para o desenvolvimento da região e não precisa de projetos grandes e dispendiosos. Minha grande busca tem sido transformar em políticas públicas de desenvolvimento para a Amazônia as inúmeras experiências positivas que estão acontecendo, mas ainda de forma fragmentada. [...] A Amazônia, durante muito tempo, tinha um modelo de desenvolvimento que se articulava, que era o extrativismo da borracha e da castanha. Com a entrada da pecuária houve toda uma desestruturação, e, na minha concepção, a forma de reunificar a Amazônia, tanto do ponto de vista cultural, social, quanto econômico, seria através de uma proposta que articule com todo o vigor a questão ambiental. 8 E completa: A Amazônia não é um problema para o Brasil; pelo contrário, é sua solução, podendo, inclusive, ser o seu cartão de visita no Primeiro Mundo. [e que] É necessário ter um programa de transportes capaz de integrar a região, interligando os rios, as estradas e aeroportos, obedecendo a um zoneamento econômico-ecológico, combinando o desenvolvimento com a conservação ambiental. [e defende que] Mais do que o Governo é a sociedade civil que tem apontado as saídas para os impasses e as soluções para os problemas que estamos enfrentando.9 Velho cacique da política regional, com dois mandatos de governador do Amazonas e atual senador da República, Gilberto Mestrinho (PMDB/AM), é defensor fervoroso do desenvolvimento da região, como atestam essas suas palavras: É fundamental promover o desenvolvimento da Amazônia, que sofre, especialmente a Amazônia Ocidental, muitas pressões, fruto da cobiça, e até certas retaliações. Todos acham que podem dar palpites, podem fazer, acontecer e mandar na região. [...] A 8 http://www.senado.gov.br/web/senador/marinasi/marinasi.htm 9 idem 44 Amazônia não precisa tanto de dinheiro; precisa de planos de trabalho e políticas racionais para atingir seu desenvolvimento, fazendo valer toda a sua potencialidade. A Amazônia não pode ser desvalorizada, congelada, engessada, atendendo, muitas vezes, a interesses inconfessáveis de organismos internacionais10. E defende: O bem de todos na região amazônica, que todos tenham direito ao progresso, ao desenvolvimento, ao bem-estar, ao conforto, ao mínimo que a vida moderna pode oferecer e que a nossa gente, na maioria das vezes, não tem. [...] Desejamos o desenvolvimento sustentado, a defesa, a conservação da floresta, não a preservação11. Em março 1995, os governadores da Amazônia Legal se reuniram e firmaram uma Carta de Princípios na qual exigem uma política clara por parte do Governo Federal para região. Alguns meses depois, em junho do mesmo ano, o presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu criando a Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal. Tratase, segundo as próprias palavras de FHC, de Um passo decisivo de meu governo para o desenvolvimento sustentável e para a melhoria da qualidade de vida dessa vasta e importante região brasileira, [e afirma que] é fruto de intenso diálogo entre as diversas esferas de governo e as vozes mais representativas da sociedade, governantes, políticos, cientistas e cidadãos, que se mobilizaram para a defesa do interesse público na área ambiental, num esforço consciente de parceria Estadosociedade.12 Sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, o documento elege como objetivo central “a valorização humana e social da Amazônia”, através do “crescimento econômico e a integração da região”. O primeiro passo visava a um resultado a médio prazo: a reorientação do crescimento econômico, ou seja, “um melhor equilíbrio na repartição espacial das 10 http://www.senado.gov.br/web/senador/Mestrinho/dgm160399.htm 11 http://www.senado.gov.br/web/senador/Mestrinho/dgm160399.htm 12 http://www.mma.gov.br 45 atividades econômicas, no uso dos recursos naturais, bem como nas suas repercussões sociais”13. Atualmente a Amazônia dispõe de atividades diversificadas que vão do extrativismo à indústria eletro-eletrônica, localizados num tripé espacial: Projeto Carajás, Região de Belém-Barcarena e a Zona Franca de Manaus. Em conseqüência disso, ocorreria a renovação tecnológica, a modernização e a dinamização da região, bem como, o desenvolvimento e a implementação de novos ramos: a silvicultura, a bio-indústria e o ecoturismo e, também, o adequado aparelhamento dos núcleos urbanos. Estes elementos garantiriam a integração interna e externa, contribuindo para o terceiro passo: a Valorização Humana. “O objetivo final da Política, tem como finalidade à promoção da dignidade das pessoas e o seu acesso à cidadania, o que implica na garantia de segurança pública e justiça. A longo prazo, a estratégia para alcançá-la repousa nos mecanismos de internalização da riqueza e no desenvolvimento científico-tecnológico, como indicado”14. Essa valorização humana deve atender as seguintes prioridades: a) prover condições de existência digna, mediante a superação de carências básicas em educação, saúde, habitação e transporte, bem como condições de competência mediante o acesso à informação e a capacitação para a produção e a gestão; b) privilegiar as atividades que contribuam para a oferta de emprego na região; c) implementar a regularização fundiária, uma política diferenciada de crédito e serviços de assistência técnica para o acesso estável à terra; d) promover a prática de compartilhar as decisões e ações sobre o destino das áreas em que as populações habitam; e) garantir o direito à diferença mediante a preservação do patrimônio cultural, com especial atenção às comunidades indígenas, todavia inseridas no contexto dos valores fundamentais da Nação.15 2.2. Riqueza, Igualdade e Preservação Se há um ponto nos discursos sobre a Amazônia que levará algum tempo para se tornar consenso é o que tange à riqueza da região. A maior floresta tropical do planeta 13 http://www.mma.gov.br 14 Idem 15 ibidem 46 guarda sob 2/3 de sua área intocada e dezenas, centenas de espécimes de vida animal e vegetal e outra incontável quantidade de riquezas minerais. Para Francisco de Oliveira (1994) uma riqueza mais que suficiente para garantir a mudança de status do Brasil e de seus vizinhos amazônicos, com direito a ingresso no grupo dos países desenvolvidos. Em artigo no Jornal o Estado de São Paulo, de 17/2/2001, Lúcio Flávio Pinto afirma que “a revelação da riqueza amazônica ainda é uma tarefa a realizar”, mas considera que “alguns recursos naturais da região, sobretudo os minerais, já se consolidaram como commoditties de relevância mundial ou matérias primas de importância crescente, como o estanho, o minério de ferro, a bauxita, o alumínio, o manganês, a madeira”. Para Pinto: Todos os cálculos econômicos de futuro incluem o fator amazônico como relevante, e isso vale principalmente para os setores de ponta: a biotecnologia, a engenharia genética, a tecnologia de novos materiais, o controle da poluição e, naturalmente, refúgios de vida selvagem, cada vez mais vitais para a sobrevivência da humanidade, ou a manutenção do seu ciclo de evolução e progresso. (Estadão, 17/2/2001) Vários estudos sobre a potencialidade da região já foram feitos, principalmente pelas agências públicas; a maioria, entretanto, foi feita de modo isolado e para privilegiar pontos bastante segmentados. Dos quatro estados que constituem o objeto de estudo deste trabalho, apenas dois (Acre, Roraima) já dispõem do Zoneamento Econômico-Ecológico, espécie de estudo aprofundado e complexo sobre os campos mais propícios para investimentos. O resultado é que os indicadores socioeconômicos da região, principalmente nos quatro estados, estão bem abaixo da media nacional. Juntos somam apenas 2,5% de participação no PIB brasileiro. A renda per capita em toda a região fica bem abaixo da média nacional (US$ 2.879,00). A maior renda per capita entre os quatro estados é registrada em Rondônia (US$ 2.421,00) e a menor no Acre (US$ 1.841,00). Em contrapartida, os estados da região apresentam a maior taxa de crescimento populacional: em 2000 foi, em média, de 2,9%, sendo que o estado do Roraima registro um crescimento que quase chegou a casa dos 5%. Em se tratando de densidade demográfica, enquanto a média brasileira é de 19,9 habitantes por quilômetro quadrado, nestes estados chega no máximo a 5,8 habitantes por 47 quilômetro quadrado, caso de Rondônia. Roraima tem a menor taxa do país (1,5 habitantes por quilômetro quadrado). Se a distribuição de renda não é das melhores do Brasil, pelo menos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) indica uma qualidade de vida acima da média nacional (0,739). O melhor índice é registrado em Rondônia com 0,820, seguido de Roraima com 0,818, Amazonas com 0,775 e Acre com 0,754. A baixa ocupação demográfica registrada na Amazônia Brasileira não significa uma maior preservação da região. As principais atividades econômicas indicam o uso da terra para a exploração madeireira, para agricultura e para agropecuária. Em 2001, o Instituto Socioambiental lançou um dos estudos mais completos sobre a Amazônia Brasileira, o qual contou com a participação de mais de duas centenas de pesquisadores. Na seção destinada a fazer um diagnóstico do uso da terra na Amazônia, foram identificados, somente nestes quatro estados 22 pólos madereiros que reúnem quase 400 indústrias. Segundo fontes do Greenpeace (2000) nos últimos quatro anos foram desmatados na região 77 mil quilômetros quadrados. “Desmata-se para especular com terras, para aumentar área para agricultura e criação de gado e, sobretudo, para explorar madeira e carvão vegetal. Desmata-se clandestinamente em áreas devolutas, em reservas indígenas e até em parques nacionais". Para a ONG, 72% dos 36 pontos críticos de destruição na Amazônia estão relacionados com a indústria madeireira. Só em 1997 foram extraídos da região 29 milhões de metros cúbicos de toras. O que é mais grave, segundo o estudo que também usa dados do Governo Federal: “80% da exploração madeireira da Amazônia é ilegal. E pior, mesmo a extração legal é altamente destrutiva. Além disso, o uso de tecnologia obsoleta pelas serrarias implica enorme perda de matéria-prima durante o processo produtivo. Em média, apenas um terço da madeira extraída é transformada em produto final. “As estimativas de estoque indicam um valor não inferior a 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora de valor comercial, o que coloca a região como detentora da maior reserva de madeira tropical do mundo”16. Irene Garrido Filha (in: IEA, vol.45, 2002) diz a respeito desta reserva: “do potencial de 60 milhões [sic!] de metros cúbicos de madeira em toras avaliado para a 16http://www.greenpeace.org.br 48 Amazônia brasileira, apenas cerca de 10% tem condições de ser aproveitado pela indústria madereira”. (p. 91) A madeira é o principal produto de exportação em três dos 4 estados da Amazônia Ocidental: Acre, 65%; Roraima, 89%; Rondônia, 93%. No Amazonas, devido ao pólo indústria da Zona Franca de Manaus, dois produtos se destacam (eletroeletrônicos: 40%; extratos para bebidas: 37%)17. Em Rondônia estão instaladas mais da metade das 400 indústrias. A exploração madeireira representa quase 20% do PIB do Estado. No Amazonas a instalação de várias empresas madeireiras começou a tomar força na última década do século 20, a maioria estrangeira: Indonésia, Malásia, China e Japão. (Capobianco, 2001) Em 1999, durante o encontro anual da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - a Amazônia foi tema central de debates. Num comunicado, assinado pelos 28 bispos da região Norte, se denunciava, tal como se ler no Estado de São Paulo de 23/4/1999: “A Amazônia passa por um processo de devastação e de morte. [...] agravado com a entrega da floresta a madeireiras asiáticas e com a implantação do Terceiro Ciclo pelo governo do Estado do Amazonas". Os bispos também denunciaram o crescimento das áreas de queimada, promovidas principalmente por grandes criadores de gado. Segundo se depreende no documento, nenhum governo elaborou até hoje um plano racional de exploração da região. Acre e Roraima apresentam a menor taxa de desmatamento. As atividades agropecuárias estão mais concentradas no chamado “arco do desmatamento” e tem maior representatividade no estado de Rondônia. Já o avanço das culturas de larga escala, principalmente de milho e de soja, têm paulatinamente substituído as culturas de subsistência, como as de mandioca e de arroz, por exemplo. Em torno disso, têm-se criado uma preocupação entre os ambientalistas, conforme alerta Capobianco (2001): “devido aos efeitos negativos que esse tipo de plantio pode acarretar aos solos (erosão), cursos d‟água (assoreamento e despejo de produtos 17 Almanaque Abril Brasil, 2002. X‟ 49 químicos) e ao sistema fundiário e social (concentração de renda, uso reduzido de mão-deobra por área)”(p. 331). 2.3. A ascensão do conceito de Desenvolvimento Sustentável O conceito é recente e, segundo Liszt Vieira (1997), a proposta de sustentabilidade é herdeira da noção de Ecodesenvolvimento, desenvolvida por Maurice Strong e Ignacy Sachs, em 1973. “O conceito de Ecodesenvolvimento se baseava nas idéias de justiça social, eficiência econômica, condicionalidade ecológica e respeito à diversidade cultural” (p. 131). Essa acepção do conceito logo foi superada. Para Roberto Giansanti (1998) as idéias que levaram ao conceito de Desenvolvimento Sustentável datam do século XIX e são creditadas ao primeiro chefe de serviço de florestas dos Estados Unidos, o engenheiro florestal Gifford Pinchot, que desde então defendia “a conservação dos recursos apoiada em três princípios básicos: o uso dos recursos naturais pela geração presente, a prevenção do desperdício e o desenvolvimento dos recursos naturais para muitos e não para poucos cidadãos”. (p. 9) Talvez valha a pena, apesar de longa, citar a passagem em que Giansanti (1998) apresenta a ascensão do tema na ordem do dia: Na verdade, Pinchot foi uma das primeiras vozes a se levantar contra o “desenvolvimento a qualquer custo”, que caracterizava aquele período. Um século mais tarde, a expressão desenvolvimento sustentável consolida-se com uma das palavras de ordem contra a degradação ambiental, presente em discursos oficiais e em documentos das conferências internacionais, no ativismo ambientalista-ecologista e na comunidade cientifica. Entre esses dois períodos, ocorreu uma gradativa tomada de consciência da situação crítica de degradação ambiental, tendo crescido a “sensibilidade ecológica” em todo o planeta e verificando-se um aumento da percepção (e da preocupação) das pessoas em relação à questão ambiental. De tema pouco atraente nos anos 40 e 50, hoje mobiliza Organizações Não-Governamentais (ONGs), meios de comunicação, escolas, comunidades e muitos outros setores da sociedade. (p. 9) 50 O período recente ao qual se referem Vieira e Giansanti teve seu primeiro impulso na década de 70 do século passado, quando por iniciativa do Governo do Suécia, foi realizada a Conferência da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiental e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou reconhecida como a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 com a participação de representantes de 113 países e cerca de 250 ONG‟s, conforme se lê em Giansanti (1998), A preocupação básica da Conferência era conter as várias formas de poluição, sendo que os debates foram marcados pela polarização entre os defensores do chamado crescimento zero (representantes de países centrais e membros de comunidade científica, reunidos no chamado Clube de Roma) e os adeptos do desenvolvimentismo. Os primeiros advogavam a contenção dos índices de crescimento dos países pobre. (...) Já os desenvolvimentistas, em boa parte representados por enviados de países do Terceiro Mundo, reivindicavam o direito ao desenvolvimento, mesmo trazendo impactos ambientais”. [grifo do autor] (p. 9) Dezenas de outras reuniões foram realizados a partir dali, bem como foram publicadas declarações, textos e relatórios por diversas instâncias e organismos internacionais. Somente 15 anos depois, em 1987, a idéia de Desenvolvimento sustentável ganhou reconhecimento efetivo da ONU, quando foi publicado o Relatório Nosso Futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland, que levou três anos para ficar pronto. O relatório foi preparado pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Ele apresenta 109 recomendações com o intuito de concretizar as propostas definidas em 1972. 2.4. Afinal, o que é desenvolvimento sustentável? Segundo o economista José Marcelino Monteiro da Costa, o conceito de desenvolvimento sustentável ainda está em fase de conquista de consistência teórica e em fase de formação no que tange à viabilidade prática. No ensaio “Desenvolvimento Sustentável, Globalização e Desenvolvimento acadêmico”, publicado no livro Perspectivas 51 do Desenvolvimento Sustentável (Ximenes, s.d.), Costa destaca sobre o desenvolvimento sustentável: Num átimo tornou-se a panacéia e slogan inevitável da „sabedoria convencional‟ (à la Galbraith). Desbancou, nas discussões acadêmicas e dos formuladores da política desenvolvimentista, o charme que a controvérsia crescimento equilibrado versus desequilibrado exercia. Há quem o considere o „símbolo do consenso ideal‟. Ou, ao arrepio das idéias semifinais de Kuhn, o „novo paradigma do desenvolvimento‟. Olsen, Lodwick e Dulanp (1992) asseveram que o „paradigma ecológico social‟, embora não dominante, „está emergindo do dominante‟, em detrimento do „paradigma tecnológico social‟. Os organismos internacionais de fomento já cooptaram-no (Lélé, 1991; Buttel e Gillespie, 1988; Conable, 1986; Runnals, 1986). Há planos de desenvolvimento regional e programas de governos estaduais que o mencionam vaga, contraditória e aleatoriamente. [...] Por constituir chavão obrigatório em voga „politicamente correto‟, tem sido, no que tange à Amazônia brasileira, usado à larga. (p. 83) Talvez nesse passo valha a pena justificar a nossa opção pelo conceito adotado pela ONU, uma vez que prolifera uma verdadeira panacéia de acepções contraditórias, defasadas ou excludentes entre si. O conceito definido no Relatório Brundtland (in: Giansanti, 1998), busca harmonizar desenvolvimento econômico e fontes naturais de recursos. O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: (1) o conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; (2) a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. (p.10) O relatório destaca ainda a necessidade de as populações terem acesso às tecnologias desenvolvidas no 1o mundo. 52 Vinte anos pós-conferência de Estocolmo, constatava-se, entretanto, a persistência dos mesmos problemas: degradação ambiental crescente, descaso oficial com a causa, indiferença dos países desenvolvidos, etc. Em junho de 1992, aconteceu no Brasil o maior evento mundial sobre meio ambiente: a Rio-92, ou como ficou mais conhecida, a ECO-92, que reuniu dois grandes eventos paralelos: A conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, com a participação de 178 países (114 chefes de Estado) e o Fórum Global, com a participação de cerca de 4 mil ONG‟s. A Conferência produziu, a Agenda 21, que contém as diretrizes da ONU para garantir o desenvolvimento sustentável, como veremos no capítulo 2.6. 2.5. Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira Em julho de 1990 foi criado, por iniciativa alemã, durante a reunião de cúpula do G7, realizada em Houston, o Programa Piloto Internacional para Conservação das Florestas Tropicais Brasileiras (PPG-7). O programa foi implantado ainda na segunda metade dos anos 1990, para apoiar a redefinição dos projetos de desenvolvimento regional na Amazônia. Os recursos provenientes destes sete países para o apoio financeiro somam 290 milhões de dólares, além de prever ainda assistência técnica. O programa é coordenado pelo Banco Mundial e países do G-7 e gerenciado pelo Governo do Brasil, em parceria com órgãos ambientais da sociedade civil brasileira. O programa consiste num conjunto de projetos que buscam contribuir para o uso sustentável dos recursos naturais e para uma substancial redução da taxa de desflorestamento. Trata-se de uma ação concreta na luta pela proteção e uso sustentável dos recursos, apesar dos obstáculos conceituais, organizacionais e de implementação. Uma questão fica em aberto, segundo Kohlhepp (in: IEA, vol.45, 2002): será que o governo brasileiro está preparado para levar este programa a sério, com um novo modelo de desenvolvimento regional sustentável para a Amazônia Brasileira? Ainda que esteja, o PPG-7, com seus 290 milhões de dólares, se compromete a realizar “o desenvolvimento sustentável e a proteção do espaço vital da população local e regional, bem como do 53 ambiente, como um objetivo da política regional” (p.45). Enquanto que os 40 bilhões de dólares do Avança Brasil estão destinados à melhoria da infra-estrutura, no fomento ao crescimento econômico regional e no fortalecimento da integração ao mercado”( p. 48). Ou seja, tudo em nome do desenvolvimento econômico. Como se vê, trata-se de um jogo bastante desigual. 2.5.1. O caso de Mamirauá, Amazonas A primeira tentativa para implementar o desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira partiu do governo do Amazonas. Em maio de 1999, a Estação Ecológica de Mamirauá, criada em 1990, foi transformada em Reserva de Desenvolvimento Sustentável, com uma área superior a 1,1 milhões de hectares das florestas inundadas da Amazônia central, em Tefé (AM). A presença de populações locais, proibida nas estações, forçou as negociações políticas. A criação da categoria Reserva de Desenvolvimento Sustentável possibilitou garantir a permanência das populações na área. Após cinco anos de pesquisas sociais e biológicas o Plano de Manejo veio regulamentar o uso sustentado dos recursos naturais, “definidas com base nos resultados das pesquisas e das negociações realizadas com as populações de moradores e usuários da reserva e com as principais organizações sociais atuantes na área”18. As comunidades conhecem os propósitos do programa e acompanham os seus resultados, “contribuem para consolidar políticas de conservação com manejo participativo”. O programa também coopera com formação para a produção e comercialização dos produtos, fornece gerenciamento contábil e disponibiliza financiamentos na forma de micro-créditos. As atividades em desenvolvimento referem-se à pesca, agricultura, artesanato, manejo florestal comunitário, ecoturismo e micro-crédito. [...] Para atingir seus objetivos o programa promove a participação local em tomadas de decisão, promove a capacitação e utilização da mão-de-obra local, venda de artesanato e compra de produtos agrícolas. 18 http://www.mamiraua.org.br 54 Os resultados destas experiências ainda demorarão algum tempo, para se concretizar, mas é um bom começo. 2.6. Política Global com participação local: Agenda 21 A Rio-92, produziu a Agenda 21, que resultou de diversos relatórios, tratados, protocolos e de outros documentos elaborados durante décadas na esfera da ONU. A Agenda 21 inclui os temas tratados na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, nas convenções sobre Biodiversidade e sobre Mudança Climática, bem como na Declaração de Princípios sobre Florestas. Ela incorporou também diversas outras questões. A Agenda 21 é um longo documento de 800 páginas, dividido em 4 seções, com 40 capítulos. A Seção I, com sete capítulos, trata das dimensões sociais do desenvolvimento sustentável; a Seção II, dividida em 14 capítulos, aborda as dimensões ambientais; a Seção III, 9 capítulos, é dedicada aos principais grupos sociais; a Seção IV apresenta os meios para implantar os programas e as atividades. Trata-se na verdade, mais que de um tratado ou convenção, de uma carta de intenções ou manual. Cabe a cada nação assumir a responsabilidade pelo desdobramento da Agenda 21 em agendas regionais, nacionais e locais. Devido à amplitude do documento, que reúne interesses diversos, é preciso adequar os objetivos da Agenda à peculiaridade de cada país. É preciso destacar, porém, que a Agenda, adotou muitas vezes uma postura dúbia, cautelosa em relação aos temas polêmicos. Cito, a título de exemplo, a questão da dívida externa dos países mais pobres, para os quais a Agenda recomenda “condições mais generosas”, ao mesmo tempo em que faz o insidioso elogio aos países que “estão honrando seus compromissos”. Em compensação, a Agenda nada menciona sobre os encargos elevados que são impostos a estes países. Um dos maiores entraves à execução dos programas e atividades previstos na Agenda 21 é o item financiamento. Segundo estimativas da Agenda, seriam necessários 607 55 bilhões por ano para “tirar o Programa do papel”. Cerca de 125 bilhões devem ser providos pelos “países industrializados ricos” em termos de concessão ou doação. Dez anos depois o Brasil, sequer conseguiu concluir a Agenda Nacional. As regionais estão em fase de preparação e a maioria das locais sequer deu os primeiros passos. Entre os quatro Estados delimitados neste trabalho, somente o Acre conseguiu definir políticas para elaborar a Agenda 21 local. O estado já começou, inclusive, a colocar em prática algumas atividades previstas na Agenda local. Os demais estados (Amazonas, Rondônia e Roraima) ainda estão em fase de discussão. O grande problema tem sido a falta de interesse das comunidades locais e a pouca participação de entidades representativas. Os poucos passos registrados deve-se quase que exclusivamente a entidades governamentais. A sociedade tem sido alijada e tem sido pouco ou nada participativa. Feito esse panorama, na próxima seção trataremos, sobre a presença da mídia na Amazona Brasileira, mais especificamente, na Amazônia Ocidental. 56 Capítulo III A Mídia na Amazônia Brasileira - Jornal, Rádio, TV O mais antigo veículo de comunicação da Amazônia data de 1851: o periódico Cinco de Setembro. Desde então dezenas de veículos apareceram e desapareceram. Em 1927, foi a vez do Rádio. Naquele ano, Manaus ouvia a Voz de Manaus, a primeira experiência radiofônica na região. A televisão chegou em 1965, quando Manaus passou a sediar a emissora de TV a cabo Manauara. Hoje, somente na capital destes quatro estados concentram-se 18 jornais impressos (diário e semanal), 18 emissoras de Rádio (AM/FM) e 29 emissoras de televisão de sinal aberto (VHF/UHF), como demonstra a Tabela 4: Tabela 4 Jornais impressos, Emissoras de Rádio e de Televisão, por Capital19 Capital Jornais Impressos Emissoras de Rádio Emissoras de Televisão Boa Vista (RR) 04 03 08 Manaus (AM) 05 05 07 Porto Velho (RO) 04 05 07 Rio Branco (AC) 05 05 07 Total 18 18 29 57 3.1. A instabilidade e o baixo alcance do jornalismo impresso Mesmo sendo o mais antigo meio de comunicação de massa presente na região o jornalismo impresso é o menos estável, visto que poucos periódicos se mantêm em circulação por um tempo mais longo. Quase a metade deles surgiu a partir da década de 90. Juntos, os quatro estados têm 18 jornais impressos (16 diários e dois semanários). Circulam diariamente nestes Estados quase 150 mil exemplares. No final de semana a tiragem aumenta para 180 mil exemplares. Mais da metade é distribuído no Estado do Amazonas. O mais antigo em circulação é o Jornal do Comércio, que já tem quase 100 anos de história, tendo sido criado em 1904. Trata-se de um diário que circula apenas em Manaus, com tiragem de 11 mil exemplares por edição. O mais recente é o Jornal A Tribuna de Roraima, um semanário surgido há pouco mais de dois anos (2000), com sede em Boa Vista, que distribui, em média, seis mil exemplares, em 15 municípios. Atualmente, o jornal está fora de circulação há quase dois meses, por problemas financeiros, mas garante que retorna a partir de 2003. Lamentavelmente, não há dados suficientes sobre as dezenas de periódicos que abriram e fecharam as portas nas últimas décadas nas quatro capitais. A circulação nos estados também é bastante restrita à capital. Poucos periódicos conseguem chegar a todos os municípios de cada estado. Em Rondônia, apenas dois diários chegam aos 52 municípios do Estado. No Acre dois diários, que juntos têm tiragem diária de seis mil exemplares, são lidos nos 22 municípios. No Amazonas, nenhum jornal circula em todos os municípios. Em Roraima somente o semanário (Tribuna do Estado de Roraima) chegava às sedes de todos municípios. A Tabela 5, na página seguinte, relaciona os Jornais Impressos existentes nas quatro capitais: 19 Fonte: Ministério das Comunicações (www.mc.gov.br), Sindicatos dos Jornalistas Profissionais (AC, AM, RO, RR) e os próprios veículos de comunicação (jan/2002) 58 Tabela 5 Jornais Impressos, por Capital20 Sede Jornal Diretor Fundação Periodic. Rio Branco Silvio Martinello 01/11/1984 Diário Rio Branco A Gazeta O Estado do Acre João R. B. Bezerra 13/8/2000 Semanal Rio Branco Página 20 05/3/1995 Rio Branco A Tribuna Elson Dantas Dias Fo Elias Assem de Carvalho Rio Branco O Rio Branco Porto Velho Alto Madeira Estadão do Norte Diário da Amazônia Folha de Rondônia Amazonas em Tempo Diário do Amazonas Porto Velho Porto Velho Porto Velho Manaus Manaus Manaus Manaus Manaus Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista A Crítica Jornal do Comércio Gazeta Mercantil Brasil Norte Folha de Boa Vista Correio do Norte A Tribuna de Roraima Circulação (1) 3,5 mil(sem) 5 mil (dom) Mun. (2) 06 07 Diário 1,6 mil 1 mil (sem) 1,5 mil (dom) 15/3/1993 Diário 2 mil 18 Narcísio Mendes Luiz Malheiro Tourinho 20/4/1969 Diário 22 15/4/1917 Diário Mário Calixto Filho 20/11/1981 Diário José Luiz Estore Ayres Gomes Do Amaral Fo Marcílio R. A. Junqueira Cassiano Cirilo de Anunciação Rita de Cássia A. Calderaro Guilherme A. Oliveira Silva 13/9/1993 Diário 5 mil 3 mil (sem) 5 mil (dom) 5 mil (sem) 8 mil (dom) 4 mil (sem) 8 mil (dom) 14/8/1999 Diário 52 29/9/1986 Diário 6 mil 15 mil (sem) 20 mil (dom) 15/3/1985 Diário 20 19/4/1948 Diário 20 mil 25 mil (sem) 50 mil (dom) 02/1/1904 Diário 11 mil 01 Alceu Rizzi 18/9/1999 Diário (3) Carlos Coelho Getúlio A. Souza Cruz Marcelo Lopes Bussacchi 01/6/1997 Diário 21/10/1983 Diário 4,5 mil 2 mil (sem) 3 mil (dom) 5 mil (sem) 6 mil (sáb) 29/2/2000 Diário 1,5 mil 08 Elias Dolvim 26/11/2000 Semanal 6,5 mil 15 22 07 52 45 10 35 08 08 (1) Circulação nos dias de semana (2a a 6a f.) e final de semana. (2) Número de municípios em que circula. (3) O Jornal Gazeta Mercantil – Norte, circula nas quatro capitais (Boa Vista, Manaus, Porto Velho e Rio Branco). 20 20 Fonte: Instituto de Verificação de Circulação – IVC -, Sindicatos de Jornalistas Profissionais (AC, AM, RO, RR) e os próprios Jornais (janeiro/2002). 59 3.2. Rádio – o vice-líder As emissoras de Rádio da região surgiram por volta de 1927. A mais antiga em operação, desde agosto de 1944, é a Rádio Difusora AM, de Rio Branco. A caçula é a Rádio Boas Novas, de Porto Velho, que entrou no ar em abril de 1995. É interessante observar que 14 das 18 emissoras entraram em operação na década de 80 e começo de 90, justamente no período em que ocorreu o maior número de concessões de canais de Rádio e TV no País. Os critérios para tais concessões, mais políticos do que técnicos, beneficiaram vários parlamentares e pessoas ligadas a políticos da região, que até hoje se mantém no poder com o apoio descarado da mídia. Nas quatro capitais operam 18 emissoras de Rádio: 10 FM e oito AM. Apenas a programação de algumas emissoras AM chega a todos os municípios, nos quatro Estados. Graças essa penetração, o rádio é o segundo veículo de maior alcance na Amazônia Brasileira e tem assumido o papel de destaque na vida do caboclo amazônida. Nas comunidades mais distantes dos centros urbanos, principalmente as que não dispõem de luz elétrica, o rádio é companheiro inseparável no dia-a-dia. A capacidade de longo alcance permite às emissoras AM chegar a centenas de pequenas comunidades espalhadas por toda a Amazônia Brasileira. As emissoras FM estão concentradas, em sua maioria absoluta, nas capitais. Com alcance restrito, devido à baixa potência, as emissoras FM conseguem no máximo atender o perímetro urbano das capitais. A Tabela 6, que veremos na página seguinte, relaciona as emissoras de Rádio nas quatro capitais: 60 Tabela 6 Emissoras de Rádio, por Capital21 Fundação Frequência Potência Mun. (1) 8/8/1986 1300 10 kw 10 25/8/1944 n.d. 06/1982 18/3/1989 04/8/1960 07/7/1991 03/4/1995 1400 n.d. 93,3 98,1 1430 1310 660 5 kw 10 kw 2,5 kw 2 kw 10 kw 10 kw 10 kw 22 22 05 06 52 15 05 Gisele Furtado 02/03/1988 Herivelton José Porto Velho Rondônia (FM) Bernardes 22/9/1979 Josué Claúdio de Manaus Difusora (AM/FM) Souza Fo . 24/11/1948 o Fc das Chagas D. Manaus Povo (FM) V. Tomás 18/11/1994 Manaus Cultura (AM) Célis Borges n.d. Manaus Novidade (FM) Humberto Mello 1990 Manaus A Crítica (FM) Rui Souto Alencar 05/9/1987 Francisco Galvão Boa Vista Roraima (AM) Soares 04/1/1957 Maricélia Ferreira Boa Vista Tropical (FM) de Souza 28/11/1988 Boa Vista Equatorial (FM) José Renato Hadad 30/1/1982 (1) número de municípios que captam a programação, por estado 94,1 1 kw 06 93,3 5 kw 08 1180/96,9 10 kw 62 94,1 4854 100,7 93,1 10 kw 10 kw 1,1 kw 10 kw 15 62 n.d. 03 4835 10 kw 15 94,1 93,3 10 kw 2 kw 04 06 Sede Emissora Rio Branco Capital (AM) Rio Branco Rio Branco Rio Branco Rio Branco Porto Velho Porto Velho Porto Velho Difusora (AM) Alvorada (AM) Gazeta (FM) Acre (FM) Caiari (AM) Tropical (AM) Boas Novas (AM) Clube Cidade (FM) Porto Velho Diretor Aparecido Correia da Silva Antônio Washington A. Silva Severino de Souza Silvio Martinello Phelippe Doau Ronaldo Rocha Antônio Morimoto Jonatas Trajano 3.3. A liderança da Televisão A televisão só chegou à região 15 anos depois de ter sido instalada a primeira emissora no país. A cidade de Manaus foi escolhida para receber a novidade da tecnológica: a TV a cabo Manauara, instalada em 1965. No início da década de 70 foi a vez dos demais estados da região experimentarem o novo símbolo de status do país. Somente a partir de meados da década de 80 a região experimentou um aumento acelerado no número de novos canais. Foram mais de 20 novas emissoras que entraram em 21 Fonte: Sindicatos de Jornalistas Profissionais (AC, AM, RO, RR) e as próprias Emissoras (janeiro/2002) 61 operação nas quatro capitais nos últimos 15 anos. Roraima lidera a diversidade. O telespectador boa-vistense sintoniza atualmente oito canais abertos (seis VHF e dois UHF). A TV foi o veículo de comunicação que numericamente mais cresceu na região. Como já vimos, as quatro capitais têm 29 canais de televisão (VHF e UHF), repetidoras de algum canal nacional (Bandeirantes, CNT, Cultura, Globo, SBT, Record, Rede TV!, TVE, TV Gazeta, TV Cultura). Em compensação o espaço para a programação local não acompanhou o ritmo da evolução. As afiliadas da Rede Globo22, por exemplo, das 24 horas diárias de programação dispõe apenas de 105 minutos para a produção de dois telejornais locais, que vão ao ar de segunda a sábado. Nas demais afiliadas a grade de programação, apesar de não ser também muito generosa, é bastante flexível. Há emissoras com mais de quatro horas diárias de programa local, como mostra a Tabela 7: Tabela 7 Emissoras de TV, por Capital 23 Sede Rio Branco Rio Branco Rio Branco Rio Branco Rio Branco Rio Branco Rio Branco Porto Velho Porto Velho Porto Velho Porto Velho Emissora TV União (canal 13) TV Rio Branco (Canal 8) TV Acre (canal 4) TV Gazeta (canal 11) TV Canal 5 TV Aldeia (canal 2) Amazonsat (canal 21) TV Meridional (canal 13) TV Rondônia (canal 4) TV Candelária (canal 11) TV Alamanda (canal 8) Programação Local (min./dia) Fund. Mun.(1) - 29/5/1994 04 240 (seg/sab) 15/3/1989 05 Phelippe Doau Roberto Alves Moura 105 (seg/sab) 16/10/1974 22 120 (seg/sab) 09/2/1990 02 Pedro Neves Ana Paula Ribeiro - 15/4/1986 04 - 03/1986 01 Phelippe Doau - 1997 22 Rita Furtado 180(seg/dom) 03/1/1985 05 Phelippe Doau 105 (seg/sab) 13/9/1974 24 Elton Leoni 180(seg/dom) 15/6/1991 04 Giselle Furtado 20 (seg/sab) 1988 05 Diretor(a) Bardavil Neto Marcílio Mendes de Assis 22 líderes de audiência nos cinco Estado, segundo pesquisas encomendas pela Rede Amazônica de Televisão. 23 Fonte: Sindicatos de Jornalistas Profissionais (AC, AM, RO, RR) e os próprios Emissoras (janeiro/2002) Pot. 2 kw (VHF) 2 kw (VHF) 5 kw (VHF) 1 kw (VHF) 2 kw (VHF) 2 kw (VHF) 5 kw (UHF) n.d. (VHF) 5 kw (VHF) 2 kw (VHF) 2 kw (VHF) Rede Afiliada Band. SBT Globo Record Rede TV! Educativa Amazonsat Band Globo Rede TV! SBT 62 Porto Velho Porto Velho Porto Velho Manaus Manaus Manaus Manaus Manaus Manaus Manaus Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista Boa Vista TV Maíra (canal 25) TV Norte (canal 6) Amazonsat (canal 22) TV Amazonas (Canal 5) TV Manaus (canal 10) TV Cultura (canal 2) TV A Crítica (canal 4) TV Rio Negro (canal 13) TV Boas Novas Amazonsat (canal 44) TV Roraima (canal 4) TV Caburaí (canal 8) TV Tropical (canal 10) TV Imperial (canal 6) TV Boa Vista (canal 12) TV Maracá (canal 28) TV Universitária (canal 2) Amazonsat (canal 23) Eudes Marques Lustosa - 1992 07 Mario Calixto - 13/9/2001 05 Phelippe Doau - 1997 24 Phelippe Doau 105 (seg/sab) 10/8/1972 62 Abdul Hauache Celes C. Borges Melo 120 (seg/sab) 11/1992 05 120 (seg/sab) 08/3/1968 06 Rui Souto Maior Rebecca Martins Garcia 120 (seg/sab) 02/6/1972 32 240 (seg/sab) n.d. 12 - - n.d. 01 Phelippe Doau - 1997 62 Phelippe Doau 105 (seg/sab) 22/12/74 15 Geraldo Magella Maricélia Ferreira Lima 150 (seg/sab) 06/1990 01 60 (sab.) 28/11/1988 02 José Renato Haddad 180 (seg/sab) 18/5/1994 02 Waldenice Souza 60 (seg/sab) 05/10/1991 01 Consolata Farias Univ. Federal de Roraima 120 (seg/sab) 02/1999 01 - 09/7/1990 01 Phelippe Doau - 1997 15 1 kw (UHF) 2 kw (VHF) 5 kw (UHF) 5 kw (VHF) 10 kw (VHF) 10 kw (VHF) 20 kw (VHF) 8 kw (VHF) 5 kw (UHF) 5 kw (UHF) 2 kw (VHF) 2 kw (VHF) 1 kw (VHF) 1 kw (VHF) 1 kw (VHF) 1 Kw (UHF) 1 kw (VHF) 2 kw (UHF) CNT Record Amazonsat Globo Record Cultura SBT Band. Rede Boas Novas Amazonsat Globo Band. SBT Record Rede TV! CNT Educativa Amazonsat (1) número de municípios que captam a programação (Repetidoras, Geradoras ou Mini-geradoras) 3.4. A mídia dos estados do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima Realizaremos nesta seção um detalhamento histórico da mídia em cada um dos estados que fazem parte da amostragem deste trabalho. 63 3.4.1. O Acre e a emissora de rádio mais antiga da Amazônia O Estado é um dos menores da região, com pouco mais de 150 mil quilômetros quadrados, e fica na fronteira brasileira com a Bolívia e o Peru. É também o único onde o extrativismo vegetal ocupa lugar de destaque entre as atividades econômicas. A população é de quase 600 mil habitantes, segundo a última contagem do IBGE. A taxa de ocupação é de 3,7 habitantes por quilômetro quadrado24. A Capital, Rio Branco, tem a maior concentração populacional do Estado (metade da população). A outra metade vive em outros 21 municípios (quase 70% da população vivem em centros urbanos). O Acre tem uma das mídias mais antigas da região, porém não há registro oficial atualizado, sobre a presença e evolução, dos meios de comunicação no Estado. As informações aqui apresentadas abrangem os veículos (rádio, jornal e TV) que estão em plena atividade na capital acreana. O Estado, como ocorre em Roraima, é um dos poucos onde todas as mídias (Rádio, TV e Jornal) chegam à totalidade dos municípios. O rádio é o veículo mais antigo em atuação no estado, A emissora Difusora AM opera desde 1944. O Acre tem cinco emissoras instaladas na capital (duas emissoras AM e três FM). A mais recente é a Rádio Acre FM (pertencente à Rede Amazônica), fundada em 1989. O jornalismo impresso não é dos mais fortes da região. Os quatro jornais diários que circulam no estado têm juntos, tiragem de 11,5 mil exemplares nos dias de semana e de 13,5 mil exemplares, nos finais de semana. Apenas dois diários, que juntos têm uma tiragem que raramente ultrapassa a casa dos seis mil exemplares, chegam aos 22 municípios, A maior parte dos exemplares circula apenas na capital e uma pequena quantidade chega até os outros 21 municípios. O Rio Branco é o jornal mais antigo e circula desde 1969, com tiragem atual de cinco mil exemplares, distribuídos nos 22 municípios. O mais recente é o jornal O Estado do Acre, que circula uma vez por semana desde agosto de 2000 e cuja a tiragem atual não passa de 1,6 mil exemplares e chega a apenas sete municípios. 24 IBGE: Censo 2000 64 Noutro meio, o acreano pode sintonizar diariamente sete canais de televisão (seis VHF e um UHF). Apesar da importância deste veículo na região, apenas dois Canais (TV Acre e Amazonsat) chegam aos 22 municípios. A TV Acre (Globo) foi a primeira emissora do Estado, inaugurada pela Rede Amazônica em 1974. A mais recente é a TV União (Bandeirantes) que entrou no ar a partir de 1994. A televisão é o veículo que mais cresce no estado. Em pouco mais de oito anos (1986 – 1994) o Acre ganhou seis novos canais (cinco VHF e um UHF). O tempo dedicado à programação local varia entre as emissoras. A repetidora Globo (TV Acre) utiliza, em média, apenas 50 minutos dos 105 minutos diários disponíveis para a programação local e produz dois telejornais: AC 1a edição, exibido às 11h, e o Jornal do Acre, exibido as 17h. No restante do espaço, exibe os telejornais regionais produzidos e gerados pela TV Amazonas (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícias). A emissora que mais dedica espaço à programação local é a TV Rio Branco (SBT), diariamente utiliza 240 minutos para tratar de temas locais (telejornais, variedades, etc.). Como nos demais estados da região, a afiliada Globo (TV Acre) é a líder absoluta de audiência nas três faixas de horário (manhã, tarde e noite), com índices de audiência que variam de 48% (tarde) a 57% (noite), segundo dados da própria Rede Amazônica. A TV Rio Branco (SBT) fica em segundo, com média de 30% da audiência. As demais emissoras não passam da faixa de 8% de audiência.25 3.4.2. O Amazonas e a forte presença do jornalismo impresso Considerado um dos estados mais importantes da região é também o maior em extensão territorial, com mais de 1,5 milhões de quilômetros quadrados (18,7% do território nacional); é dividido em 62 municípios e tem mais de 2,8 milhões de habitantes. Na Capital, Manaus, concentra-se metade desta população. 25 Pesquisa realizada no período de 21 a 27 de abril de 2002 pelo IBOPE Media Quiz, encomendada pela Rede Amazônica 65 O Estado é "dono" da Zona Franca de Manaus, onde estão instaladas 400 empresas exportadoras, que corresponde a 40% da receita estadual26. A descoberta do campo de gás natural de Urucus é a próxima moeda do Estado, que também pode tomar carona no seu potencial turístico, ainda pouco e muito mal explorado. A comunicação do Amazonas é uma das mais antigas da região. O Estado tem o jornal mais antigo em circulação, o Jornal do Comércio, fundado em 1904; bem como sediou a primeira emissora de rádio da região (1927); e também a primeira emissora de televisão (1965). O primeiro jornal surgiu em 1851, O Cinco de Setembro, um ano depois da criação da Província do Amazonas. Segundo informa Jimena Beltrão (In: Taveira, 1999) até a primeira década do século 20 toda a região registrava 347 títulos de periódicos. Manaus tem hoje a mídia impressa mais fortes entre os cinco estados. Atualmente, na capital, estão instalados cinco jornais diários. O mais antigo é o Jornal do Comércio, que circula desde 1904 e o mais recente é a Gazeta Mercantil Norte27, fundado em 1999. A tiragem diária dos cinco jornais, em média, é de 75 mil exemplares, chegando a casa dos 105 mil exemplares no final de semana. Lamentavelmente, nenhum destes diários chega a todos os municípios amazonenses. Apenas o jornal A Crítica, com tiragem máxima de 50 mil exemplares, chega a 35 municípios, pouco mais da metade dos 62 municípios do Amazonas. O rádio chegou ao Amazonas na década de 20. Hoje, são cinco emissoras (três FM e duas AM). A mais antiga em operação é a Difusora AM, inaugurada em 1948 e a mais recente é a rádio Povo FM, inaugurada em 1994. Apenas duas emissoras chegam aos 62 municípios do Amazonas (a Cultura AM e a Difusora AM). Em Manaus fica a sede da Rede Amazônica de Televisão (dona das repetidoras Globo no Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima) e também do canal temático regional Amazonsat. Na capital amazonense estão instaladas atualmente sete emissoras de TV (cinco VHF e duas UHF). A TV Amazonas, repetidora da Globo, é a segunda mais 26 Almanaque Abril 2002 27 Caderno regional do Jornal Gazeta Mercantil 66 antiga em operação, foi inaugura em 1972, dando origem à Rede Amazônica de Televisão. A mais nova é a TV Manaus (Record), no ar desde 1992. A TV Amazonas é a líder de audiência no Estado. Segundo a última pesquisa, realizada agosto do ano passado, a emissora lidera absoluta nas três faixas de horário (manhã, tarde e noite), variando de 60% (tarde) a 69% (noite). A TV A Crítica é a segunda colocada atingindo no máximo 26% de audiência (no horário da tarde), as demais emissoras não ultrapassam os 6% de audiência.28 Diariamente, de segunda a sábado 105 minutos são liberados pela cabeça de rede para a programações locais (AM TV 1a edição e Jornal do Amazonas) e regionais (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícia). O Amazonsat e a TV Amazonas são os únicos canais captados em todos os 62 municípios amazonenses. A emissora que mais tempo dedica aos temas locais é a TV Rio Negro (Bandeirantes), com 240 minutos diários de programação local. 3.4.3. Rondônia: uma mídia de pouca penetração É o estado que tem a menor concentração populacional na capital. Apenas um quarto dos habitantes vive em Porto Velho. Porém, quase 2/3 da população total do estado vive no perímetro urbano de algum dos 52 municípios de Rondônia. Rondônia também sofre com as migrações desordenadas que se espalharam pela região, prejudicando o meio ambiente e submetendo as comunidades a sérios problemas sociais. Rondônia tem pouco mais de 237 mil quilômetros quadrados, quase 1,4 milhões de habitantes e a mais alta taxa de densidade demográfica, 5,8 habitantes por quilômetro quadrado. O Estado tem uma economia fortemente baseada na agropecuária, mas com grande potência para o extrativismo vegetal. A mídia em Rondônia data do final da década de 10 do século passado. O jornal Alto Madeira circula no estado desde 1917 e o mais recente é a Folha de Rondônia (1999). 28 Pesquisa realizada no período de 11 a 17 de agosto de 2002 pelo IBOPE media Quiz, encomendada pela Rede Amazônica de Televisão. 67 Na capital estão instalados os quatro jornais diários do Estado, que juntos têm uma tiragem diária de 18 mil exemplares, chegando a 27 mil no final de semana. Apenas dois deles (Estadão do Norte e Folha de Rondônia) chegam aos 52 municípios rondonienses. Juntos, os dois diários chegam a distribuir, por dia, 14 mil exemplares em todo o Estado. O rádio só chegou a Rondônia na década de 60, com a inauguração da Rádio Caiari AM, que é a única que chega aos 52 municípios. Atualmente são cinco emissoras (duas FM e três AM), sendo a Rádio Boas Novas AM (1995) a mais recente. A televisão chegou na década de 70, com a inauguração da TV Rondônia (Rede Amazônica de Televisão), em 1974. Depois dela, outras seis emissoras já se instalaram na capital Porto Velho a partir de 1985 (no total são cinco emissoras VHF e duas UHF). A mais recente é a TV Norte (Record), em operação desde o final de 2001. Atualmente nenhuma emissora chega aos 52 municípios de Rondônia. A TV Rondônia e o Amazonsat são captados em 24 municípios. O espaço dedicado à programação local também é bastante variado. A TV Candelária (Rede TV!) ocupa 180 minutos diários com programação local. A TV Alamanda (SBT) utiliza apenas 20 minutos diários com temas regionais. A TV Rondônia é a líder de audiência nas três faixas de horário, chegando a 66% no horário da noite. A Emissora, como as demais afiliadas Globo, usa apenas 50 minutos dos 105 minutos diários, para telejornais locais (RO TV 1a edição e Jornal de Rondônia), o restante, como já vimos, é ocupado pela TV Amazonas com programas regionais. A TV Alamanda (SBT) ocupa a segunda posição no ranking de audiência, com 36% de audiência pela manhã. As demais emissoras chegam no máximo a 4% de audiência.29 3.4.4. Roraima: o maior número de canais de TV da região Localizado no extremo norte do Brasil, o Estado de Roraima aos poucos se apresenta como uma excelente oportunidade para investimentos. Em fase de conclusão, o 29 Pesquisa realizada no período de 18 a 24 de abril de 2002, pelo IBOPE Media Quiz, encomendada pela Rede Amazônica. 68 Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado já apresenta as potencialidades da região. A Agroindústria promete ser um excelente negócio para a região, seguida do Ecoturismo. A Fronteira com a Venezuela e a Guiana permite ao estado dar incentivos para o setor da exportação. É também um dos poucos do País que não enfrenta problemas com a crise de energia. O Estado tem 224 mil quilômetros quadrados e uma população de 324 mil habitantes. Boa Vista, a capital, concentra 60% da população (pouco mais de 200 mil pessoas). Ao todo são 15 municípios. 75% da população vivem em centros urbanos. A mídia é uma das mais recentes da Região. A primeira emissora de Rádio (Rádio Roraima AM) foi fundada em 1957. As outras duas emissoras só chegaram à região na final da década de 80. Roraima é o estado que tem o menor número de emissoras de rádio, são três (duas FM e uma AM). Apenas a Rádio Roraima AM chega aos 15 municípios. O jornalismo impresso também é bastante reduzido e recente. Ao todo são quatro periódicos (três diários e um semanal). O jornal Folha de Boa Vista é o mais antigo em circulação, foi fundado em 1983, e também o de maior tiragem, com cinco mil exemplares diários. No final de semana circula com seis mil exemplares. No total circulam diariamente em Boa Vista 8,5 mil exemplares, no final de semana o número dobra (17 mil exemplares). O semanário A Tribuna de Roraima é o mais recente, começou a circular no final de 2000, e também o único que chega aos 15 municípios, têm tiragem de 6,5 mil exemplares. A televisão chegou em 1972, através do governo local. Dois anos depois a emissora foi vendida para a Rede Amazônica que inaugurou, em 1974, a TV Roraima. O segundo canal a operar só apareceu no final da década de 80. A partir da década de 90, outros seis canais se instalaram na capital. Atualmente Boa Vista é a capital com o maior número de emissoras de televisão, no total são oito canais (seis VHF e dois UHF). Quanto ao espaço dedicado à programação local, a TV Imperial (Record) é a que reserva maior tempo ao noticiário regional: 80 minutos diários. A TV Tropical (SBT) é a que dedica menor tempo aos temas locais: 60 minutos. 69 Apenas a TV Roraima e o Amazonsat chegam aos 15 municípios de Roraima. A afiliada Globo, como as demais, usa em média 50 minutos do total de 105 minutos diários disponíveis para a programação local (RR TV 1a edição e Jornal de Roraima); é também a líder de audiência nas três faixas de horário. Segundo a última pesquisa, realizada em abril do ano passado, a TV Roraima chega a 61% de audiência no horário da noite. A TV Tropical (SBT) fica em segundo lugar com média de 30% de audiência. As demais emissoras chegam no máximo a 10% de audiência.30 3.5. O poder e a penetração da TV na Amazônia Brasileira A televisão é hoje o veículo mais popular e mais poderoso da região, conforme os dados obtidos nas pesquisas. Até mesmo o rádio já não tem o mesmo alcance, penetração, popularidade e prestígio, agora reservados quase exclusivamente para a TV. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) realizada, em 1999, pelo IBGE a televisão está presente em 89% porcentagem dos domicílios da Região Norte (acima da média nacional que é de 87,7%). A TV só perde em popularidade para o fogão, que lidera a lista de bens em domicílios com 97,4%, mas deixa pra trás a geladeira (84,8%) e o aparelho de rádio (82,8%). A Tabela 8 é ilustrativa a esse respeito: Tabela 8 Posse de Bens nos Domicílios 31 Estado Número de domicílios Fogão (%) Televisão (%) Geladeira (%) Rádio (%) Acre 80.336 97,3 89,1 84,1 85,2 Amazonas 389.641 97,3 92,2 84,7 83,7 Rondônia 199.230 97,2 84,2 86,7 81,3 Roraima 42.389 100,0 91,8 93,8 84,9 Norte 785.072 97,4 89,0 84,8 82,8 Brasil 42.851.326 97,4 87,7 82,7 89,9 30 Pesquisa realizada no período de 03 a 09 de abril de 2002, pelo IBOPE Media Quiz, encomendada pela Rede Amazônica. 31 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD (IBGE, 1997) 70 Diferentemente dos demais veículos de comunicação que operam na região (principalmente emissoras de rádio e jornais impressos) a televisão é o emissor com penetração em quase 100% dos municípios nos quatro estados. No caso, é preciso ressaltar que nem todos os canais de televisão são captados nas regiões distantes da capital, mas também que, mesmo nos lugares mais longínquos da Amazônia, é sempre possível receber o sinal de uma emissora de televisão. Para os portadores de antena parabólica a situação é mais cômoda, dado à capacidade de recepção é possível captar o sinal de todos os canais de TV aberta que operam no Brasil e até nos país vizinhos. Mas em se tratando das geradoras Globo nos cinco Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima) a situação é completamente diferente. Pra começar, todas pertencem ao mesmo dono: à Rede Amazônica de Televisão. As quatro emissoras, delimitadas neste estudo, são as únicas que conseguem chegar a 121 dos 145 municípios dos quatro estados. No Amazonas, em Roraima e no Acre a penetração é de quase 100%. A força da Rede Amazônica na região se deve principalmente à modernização dos equipamentos de todas as emissoras. Os investimentos revertem-se em índices de audiência bastante significativos. As quatro emissoras da Rede são líderes de audiência absoluta nos quatro Estados. É preciso ressaltar, porém que, no caso da programação regional ou local, nem sempre é possível captá-la em todos esses municípios. A situação é idêntica à das demais emissoras em funcionamento na Amazônia brasileira. A cada seis meses, a Rede Amazônica encomenda ao IBOPE Media Quiz, uma pesquisa de audiência por faixa de horário. Em Manaus, são realizadas quatro pesquisas anuais e impressionam os anunciantes dada a supremacia global. Como detalha a Tabela 9, a última pesquisa realizada no primeiro semestre de 2002, mostra os índices de audiência, nas quatro capitais, por faixa de horário. 71 Tabela 9 Índices de audiência das Afiliadas Globo, por faixa de horário 32 Indice de Audiência (%) Tarde Emissora Manhã TV Acre (1) 55 48 57 TV Amazonas (2) 66 60 69 TV Rondônia (3) 51 56 66 TV Roraima (4) 52 48 61 (1) abr/2002 (2) ago/2002 3.6. (3) abr/2002 Noite (4) abr/2002 A Rede Amazônica de Televisão É impraticável discutir televisão na Região Norte sem destacar a presença da Rede Amazônica de Televisão, um conglomerado edificado nos últimos 30 anos, controlador da maior cadeia de televisão da Amazônia Brasileira e que reina quase absoluto em cinco estados, uma vez que apresenta altos índices de audiência nas três faixas de horário. Dona de emissoras geradoras da Rede Globo nos cinco Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima), a Rede Amazônica controla também algumas emissoras de rádio, empresas de publicidade e de rádio comunicação e, ainda, produz painéis solares e produtos de limpeza. Juntas, as cinco emissoras são as únicas que chegam a 130 dos 166 municípios dos cinco Estados, através de cinco geradoras (Manaus, Boa Vista, Porto Velho, Rio Branco e Macapá), 10 minigeradoras e 115 transmissoras. Esta estrutura permite à Rede estar presente num raio superior a dois milhões de Km2, o equivalente a 27,5% do território nacional. 32 Fonte: Rede Amazônica de Rádio e Televisão 72 3.6.1. A Origem - monopólio, interesses, relações e compromissos concessionários A história da Rede Amazônica de Televisão é apresentada de modo mais ou menos detalhada no trabalho “Rede Amazônica de Rádio e Televisão e seu processo de regionalização (1968-1998)”, dissertação de autoria da jornalista Eula Taveira, defendida no inicio de 2000 na Universidade Metodista de São Paulo – UMESP (São Bernardo do campo – SP). Os dados sobre a rede também estão disponíveis no livro “História da Rede Amazônica”, organizado a pedido da própria Rede, pelo escritor e jornalista Abrahim Baze e publicado no final de 2002. Estes trabalhos norteiam a partir de agora a exposição de alguns dados e fatos que nos permitirão conhecer a origem deste importante conglomerado regional, seus interesses, relações e compromissos. Segundo Taveira (2000), a sociedade que deu origem a Rede Amazônica teve início em setembro de 1968, com os jornalistas Phelippe Doau e Milton Magalhães Cordeiros e o propagandista Joaquim Margarido, que fundaram uma agência de propaganda em Manaus. Na época, a Amazônia experimentava mais um surto de desenvolvimento, desta feita patrocinado pelos militares. De carona, os três sócios vislumbraram a oportunidade de ter um canal de TV na região, mais especificamente em Manaus, onde já atuavam. Segundo Taveira, a oportunidade surgiu em julho 1969, quando o Ministério das Comunicações abriu edital de concorrência de canal de televisão para Manaus, que até então tinha apenas uma emissora: a TV Ajuricaba, como fica patente neste passo, que aqui reproduzo: Quando receberam o comunicado que haviam ganho, isso em 1970, foram a São Paulo e pediram a uma empresa para fazer o projeto técnico de televisão, colocando os equipamentos que seria usados. [...] Depois de quase oito meses, com projeto técnico em mãos, apresentam-o ao Ministério. Os equipamentos foram encomendados à RCA Corporation, de New Jersey, (Estados Unidos). [...] De acordo com Nivelle Daou (1999), diretor técnico da rede, a RCA Corporation era a maior empresa de broadcasting da época e seus equipamentos proporcionaram que a TV Amazonas fosse a primeira emissora do Norte e Nordeste com sistema a cores, PAL-M. (p. 111-112) O Ministério das Comunicações concedeu dois anos de prazo para a emissora entrar em operação. A TV Amazonas passou quase 20 meses sendo construída e equipada; só em 73 23 de setembro de 1971, segundo Baze (2002), “o Departamento de Importação do Banco do Brasil pronunciou-se, por escrito, que estava oficializando [...] o contrato com a Rádio TV do Amazonas Ltda e a RCA Corporation EUA. Para a compra dos equipamentos, orçados na importância de US$ 390.000,00 (trezentos e noventa mil dólares), em moeda americana” (p. 45). No dia 1o de fevereiro de 1972, após um mês de testes experimentais, para ajustes dos equipamentos, a TV Amazonas entrou oficialmente em operação. Naquele momento, Phelippe Daou, diretor presidente do Grupo, firmava compromisso com o desenvolvimento da região. O discurso teria a mesma tônica na inauguração das outras emissoras, que estava por serem inauguradas, como documenta este passo de A Crítica, de 1/9/1972: A TV Amazonas é mais do que uma simples empresa de televisão. É, antes e acima de tudo, um ideal. Um ideal de quem está ligado às lutas pelo desenvolvimento do Amazonas. [...] onde estiver uma razão para desenvolvimento, seja em que campo for, lá estaremos presentes, ou faremos forçar [sic!] para participar, na certeza que estamos cumprindo com um dever de brasileiros. (p. 5) Devido ao isolamento físico da região e à falta de equipamentos de geração e captação, a programação da TV Amazonas era composta de forma irregular e precária com programas comprados (filmes e desenhos) da TVE (Rio de Janeiro) e da TV Tupi (São Paulo) e, até mesmo, diretamente dos estúdios produtores. A Emissora também apresenta, desde a sua inauguração, dois telejornais locais exibidos ao meio-dia e no início da noite. A programação mesclada perdura até 1973, quando a TV Amazonas foi convidada a retransmitir a programação da recém-inaugurada TV Bandeirantes (SP). Phelippe Daou vislumbra, então, a possibilidade de, por meio dos projetos do Governo Federal, concretizar mais um sonho: integrar a região. Aí residia outro desejo (este menos explícito) de por em prática um plano voltado principalmente para a expansão de sua atuação na região e para isso, claro, necessitaria de outros canais de TV. A TV Amazonas, em 1974, trocou de nome, passando a se chamar Rede Amazônica de Rádio e Televisão. Conforme Almeida (1998), “no início de setembro daquele ano já era possível ver os primeiros resultados desta ousadia. Num prazo recorde de quatro meses a TV se expande. Novos canais vão sendo implantados e a Rede alcança, na ordem Rondônia, Acre, Roraima 74 E Amapá”(p. 22). Em menos de sete anos a tímida agência de publicidade expande-se e passa a dominar a mídia na região, acumulando 5 emissoras de televisão (TV Amazonas, 1972 - TV Rondônia, 1974 - TV Acre, 1974 – TV Roraima, 1974 – TV Amapá, 1975). Para todas as emissoras, a Rede Amazônica continuou comprando programação em grandes pacotes. Em 1983, com a consolidação da presença da Embratel na região Norte, a Rede conquistou o monopólio do sinal da TV Globo em quatro dos cinco Estados: Amapá, Acre, Rondônia e Roraima. Almeida (1998) informa que, em 1986, “com as dificuldades enfrentadas pela TV Ajuricaba, canal 8, a concessão da TV Globo em Manaus foi entregue à TV Amazonas, canal 5” (p. 22). A partir de então, estava consolidado o monopólio do sinal e explicitava-se o poder da Rede Amazônica de Rádio e Televisão. Para facilitar o tráfego de sinal simultâneo entre os cinco estados, a Rede Amazônica passou a utilizar no Brasilsat um transponder denominado de RAM-Sat33. Em Manaus, a TV Amazonas capta o sinal da TV Globo e através do RAM-Sat reenvia para as outras cinco emissoras, incluindo, nos espaços cedidos pela cabeça de rede (TV Globo), os programas e comerciais de veiculação regional e deixando em aberto os espaços a serem ocupados pelos programas e comerciais locais de interesse de cada estado. Segundo Baze (2002), em 1990 a Rede Amazônica montou uma Sucursal em Brasília “mantendo em tempo integral três equipes de jornalismo, produzindo matérias políticas, econômicas e sociais, direto do Planalto Central, que sejam de interesse da Amazônia”. (p. 347) Em 1992 o RAM-Sat usado pela TV Amazonas para retransmitir a programação da TV Globo aos outros estados (AC, AP, RO, RR) teve de ser modificado e ganhou uma programação regional e exclusiva. A Rede Amazônica passou a chamá-lo de Amazonsat. (conforme história do Amazonsat na seção 3.6.5) Em 1992, 20 anos depois de conquistar a sua primeira concessão, a Rede Amazônica de Rádio e Televisão torna-se um conglomerado com 5 emissoras de televisão VHF presentes em 130 dos 166 municípios dos cinco estados (através de 10 minigeradoras e 115 transmissoras); um canal temático UHF (Amazonsat) captado em todos os estados por sinal aberto e nos demais estados brasileiros através de parabólica; 4 emissoras de 33 Rede Amazônica -Satélite 75 Rádio (Manacapuru-AM [Princesa do Solimões AM 820], Manaus [Amazonas FM 101,5], Rio Branco [Acre FM 94] e Macapá [Amapá FM 93,3]); Agência de Publicidades e distribuidora, serviços de Comunicação (provedor de internet, Pager e Radiofone), Casa de Eventos, entre outras empresas (Alva labor Amazônia Ltda e Amazonas Energia Solar Ltda). No total, oito sócios gerenciam todo o conglomerado, sendo que Phelippe Doau é o principal acionista com 92,36% das quotas, seguido de Joaquim Margarido (3,61%) e Milton Cordeiro (2,98%), os outros cinco sócios (todos parentes dos sócios principais) somam pouco mais de 1% das quotas. Doau, Margarido e Cordeiro, como vimos, são os fundadores do conglomerado. Segundo Eula Taveira (2000), citando Marques de Melo, a trajetória do principal acionista do grupo (Phelippe Daou) teve contribuição significativa na formação e consolidação da Rede Amazônica. Jornalista e advogado foi, durante muito tempo, servidor público. Atualmente é o diretor-presidente do conglomerado. Eis um trecho em que a autora avalia a importância do Diretor. Phelippe Doau é um empresário que, mesmo não tendo entrado diretamente na política, sempre esteve envolvido com as Forças Armadas. [...] É um capitalista com os pés no chão que soube, de maneira racional, aproveitar os investimentos feitos pelo regime militar na região. Seu lema foi o mesmo dos militares "integrar para não entregar”, valorizando o nacionalismo e, com o contrato da Rede Globo a idéia de gerenciamento de empresa ganhou uma ênfase muito maior na direção das emissoras de televisão. (p. 120) Milton Cordeiro é a 2a figura mais importante dentro do grupo, advogado e jornalista, é diretor-superintendente de Jornalismo da Rede. Cordeiro foi secretário executivo da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) em 1960 e também atuou como delegado da Ordem Política e Social (1965), durante o governo Arthur Reis. Assim avalia Taveira (2000) a atuação de Cordeiro: A caminhada de Cordeiro como jornalista, secretário executivo da SUFRAMA, delegado de Ordem Política e Social do Estado e envolvimento com a Prefeitura e o Estado, não como político, mas com assistente jurídico etc, influenciaram a história da Rede Amazônica, pois em meio ao regime militar era preciso ter conhecimento, e de certa forma, estar envolvido 76 com a realidade enfrentada na época. E, Daou e Cordeiro estavam antenados nos acontecimentos. (p. 121) O terceiro sócio, o publicitário Joaquim Margarido, sem ligações políticas ficou responsável pela elaboração do projeto técnico, pela aquisição de equipamentos e pela coordenação da montagem das emissoras de TV. Como se percebe, os fundadores ocuparam cargos de destaque na sociedade local, e puderam influenciar, assim, a concessão política e a vinculação econômica da TV Amazonas. Torna-se, pois, patente às relações políticas dos sócios-fundadores com a estrutura de poder que vigorava então no país, a militarista. Se no início, a posição ocupada pelos futuros proprietários da Rede Amazônica abriu as portas e contribuiu para a conquista das cinco concessões, hoje o tamanho da Rede já serve de passaporte dentro e fora da região. A verdade é que a Rede Amazônica dominou a cena no campo da mídia regional, tanto em penetração quanto em popularidade, nos cinco estados. Controlar uma concessionária Globo é sempre um bom negócio, o poder de barganha e de negociação é infinitamente superior. Diariamente o sinal das emissoras Globo chegam a 130 dos 166 municípios dos cinco estados. Nenhum outro veiculo de comunicação da região se aproxima deste número. Mas, a meta da Rede é chegar a todos os municípios dos cinco estados a partir de 2003. 3.6.2. Tecnologia Sempre na vanguarda em termos tecnológicos, a Rede Amazônica ao longo desses 30 anos de atividade tem buscando manter-se com equipamentos de alto padrão. Trata-se não só de uma exigência da TV Globo, mas também de uma necessidade para manter e contribuir com as intenções da Rede de cobrir toda a região. A TV Amazonas, como pioneira, continua sendo a primeira entre as demais na hora de adquirir novos 77 equipamentos. Em 1998 foi assim: a TV Amazonas foi a primeira, entre as cinco geradoras e a Sucursal (Brasília), a substituir os equipamentos analógicos por digitais. Em 2001, o departamento de engenharia concluiu o projeto de digitalização dos estúdios de suas cinco geradoras. Toda a captação e edição de imagens passaram a ter tratamento digital. 3.6.3. A produção regional e a local da Rede Amazônica de Televisão A Rede Amazônica dispõe diariamente de 105 minutos (segunda a sábado) para produção de programas jornalísticos locais e regionais. Os programas regionais (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícias) são produzidos pela TV Amazonas com matérias preparadas pelas demais emissoras e gerados a partir de Manaus, com exibição simultânea nas cinco capitais (Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco). O Bom Dia Amazônia, exibido a partir das 6h30 (segunda a sexta) tem, em média, 40 minutos de duração (incluindo comerciais), é dividido em cinco Blocos, com duas entrevistas de estúdio (uma feita em Brasília e a outra em Manaus). Trata-se de um noticiário que, além de fazer entrevistas com personalidades, dá também destaque aos assuntos de economia e política. O outro telejornal regional é o Amazônia em Notícia, exibido a partir das 10h45 (segunda a sábado); com duração de 15 minutos, é divido em dois blocos e apresenta, em média 6 matérias. O Amazônia em Notícia é um de jornal de Rede e conta com a participação de todas as emissoras que compõe a Rede Amazônica: TV Acre, TV Amapá TV Amazonas, TV Roraima e TV Rondônia. Os outros 50 minutos são ocupados pelas emissoras locais. De segunda a sábado, a partir das 11h, as emissoras exibem o jornal comunitário local (AM TV 1a edição; RO TV 1a edição; AC TV 1a edição; RR TV 1a edição; AP TV 1a edição), com duração máxima de 30 minutos (incluindo comerciais). No final da tarde, por volta de 17h45, vai ao ar o segundo jornal local (Jornal do Amazonas; Jornal de Rondônia; Jornal do Acre; Jornal de Roraima; Jornal do Amapá), produzido por cada uma das emissoras, com duração máxima de 20 minutos. 78 O Jornal comunitário produzido e exibido diariamente em cada uma das praças tem tempo bruto de 30 minutos. A atuação desse jornal baseia-se na cobertura jornalística das comunidades mais pobres, da periferia, e apresenta como principal atuação a denúncia dos problemas da comunidade, mas nem sempre criando o diálogo entre a autoridade e o povo, como se propõe. O Jornal local, exibido às 17h45 é o mais antigo telejornal de todas as emissoras Rede Amazônica, e prima por fazer resumo dos acontecimentos do dia e anunciar eventos programas, principalmente por órgãos governamentais, para o dia seguinte. O diretor presidente da Rede Amazônica, Phelippe Daou, classifica o jornalismo praticado pelas emissoras como reflexo do anseio social. “A realidade é que nas cinco capitais nos fazemos normalmente o jornalismo comunitário e interativo, isso por conta dos recursos que as próprias cidades oferece”.34 O sócio-diretor Geral de Jornalismo da Rede Amazônia, Milton Cordeiro, destaca que a postura das emissoras tem sido isenta ao aborda apenas assuntos de interesse coletivo: Tudo o que diz respeito ao interesse da coletividade nos pautamos, é claro que algumas coisas são mais acentuadas. O problema do meio ambiente merece toda a nossa preocupação, não só com o presente, mas com o futuro, principalmente com o futuro. Você sabe que a Rede Amazônica tem um trabalho importante na preservação dos mananciais, os nossos igarapés. Tudo o que diz respeito a meio ambiente,a preservação da água, do solo, da floresta, nós pautamos em todas as nossas unidades.35 3.6.4. As emissoras da Rede Amazônica de Televisão Trataremos a seguir da implantação das cinco emissoras da Rede Amazônica. A abordagem será feita de forma individualizada, em ordem cronológica, começando, por isso, pela TV Amazonas, depois TV Rondônia, TV Acre, TV Roraima e, finalmente, TV Amapá. 34 Entrevista concedida ao Jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 14/8/2002) 35 Entrevista concedida ao Jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 16/8/2002) 79 3.6.4.1. TV Amazonas Se a agência de publicidade uniu os futuros poderosos da comunicação na Amazônia Brasileira, o ponto de partida para a formação do maior conglomerado de mídia do norte brasileiro foi, sem dúvidas, a TV Amazonas. Inaugurada no dia 1o de setembro de 1972, a emissora apresentava uma programação mesclada, adquirida de várias emissoras de São Paulo e do Rio de Janeiro e também de estúdios. Em 1973, a TV Amazonas foi afiliada à Rede Bandeirantes. Isso perdurou até 1986, quando encerrou-se o contrato da Globo com a TV Ajuricaba em Manaus e a TV Amazonas, no dia 21 de abril, torna-se sua afiliada. Entretanto, desde 1983 as outras emissoras da Rede Amazônica (TV Rondônia, TV Acre, TV Roraima e TV Amapá) já operavam oficialmente o sinal da Globo, conforme fica claro nestas palavras de Daou (In: Taveira, 200): Foi a única coisa que faltava para nos permitir a operação do satélite, que era a amarração geral de toda a programação. [...] Tinhamos a estação que era a cabeça de nossa Rede vinculada a Bandeirantes e as outras quatro exibindo programação da Rede Globo. Quando aconteceu este fato, houve uma unificação e nós passamos a operar todas as nossas estações como afiliadas da Rede Globo. (p. 127) A partir de Manaus a Rede Amazônica começa a comandar as demais afiliadas, o que exigiu sempre altos investimentos, dirigidos principalmente à aquisição de equipamentos modernos. Conforme levantamento feito por Baze (2002), eis os equipamentos das cinco emissoras: Hoje, a Rede Amazônica dispõe, para as suas atividades, dos seguintes equipamentos: 22 câmeras Betacam UVW-100/DXC-637; 23 câmeras Betacam DXC-300; 14 ilhas U-matic; 11 ilhas Betacam; 31 vts U-matic BVU-150; 25 vts U-matic (exibição); 10 vts Betacam (eibição); 2 tansmissores Harris Platinum (15 Kw e 5 KW); 1 transmissor Am Bandeirantes (1 Kw); 5 transmissores FM Harris e Lys (10 Kw, 2.5 w e 1 Kw); 23 transmissores linear (2 Kw, 500w, 250w e 100w); 56 transmissores Lys (2Kw, 10w e 35w); 1 unidade móvel de produção (5 câmeras Betacam); 1 Fly-way (a primeira do Brasil); 26 grupos geradores; 150 micro-computadores. (p. 435) 80 A Rede Amazônica tem 770 funcionários, distribuídos entre as várias funções nas cinco emissoras de TV; apesar de não dispor dos números exatos, a TV Amazonas emprega quase 50% destes profissionais. Cabe à TV Amazonas a responsabilidade de produção (com o apoio das demais emissoras) e geração dos programas regionais (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícias), que são editados e gerados a partir de Manaus, com exibição simultaneamente nos cinco Estados. O papel das emissoras afiliadas resume-se à produção de uma pauta (captação e edição) diária que muitas vezes sofre alterações antes de ser incluída na programação regional. Cabe ainda a TV Amazonas a responsabilidade de criar e produzir as vinhetas (abertura de telejornal, por exemplo) para as demais emissoras. Dos 105 minutos diários (segunda a sábado) destinados pela Cabeça de Rede, para a programação local, mais da metade (55 minutos) é destinada a programação regional, os outros 50 minutos são ocupados pela programação local sob a responsabilidade de cada emissora. A TV Amazonas cobre os 62 municípios amazonenses. Para dar conta da programação regional e a local dispõe dezenas de jornalistas que atuam na elaboração de pautas, produção, edição e apresentação das notícias. Diariamente, 8 equipes de externa, cada uma composta por um repórter e um repórter-cinematrográfico, produzem, em média, três reportagens que são exibidas nos 4 telejornais diários produzidos pela emissora. 3.6.4.2. TV Rondônia A segunda emissora da Rede Amazônica a ser inaugurada foi a TV Rondônia, em 13 de setembro de 1974, em Porto Velho, conforme Baze (2002): “na época a emissora recebia os malotes, com fitas gravadas dos programas que seriam exibidos. Vale ressaltar que tais programas eram exibidos com uma semana de atraso. [...] A emissora entrava no ar a partir das 18h. De acordo com o crescimento do produto do Departamento Comercial, a emissora foi aumentando seu horário e conseqüentemente sua programação”. (p. 165) 81 Atualmente o sinal da TV Rondônia chega a 24 municípios rondonienses. “O sistema de microondas via Embratel leva o sinal para quase todo o interior do Estado", explica Baze. Segundo o autor, isso é possível porque A TV Rondônia é uma emissora moderna. Sua marca é estabelecida pela identidade de suas cores, possui estúdio de 18m de comprimento por 8m de largura, e 6m de altura, que é utilizado para a apresentação de telejornais e produção comercial. Possui um transmissor de 5.000 watts de potência, da marca Harris, totalmente transistorizado, sendo considerado a melhor tecnologia que existe em transmissão. (p. 166) A emissora produz diariamente dois telejornais que, juntos, somam 50 minutos (incluindo os intervalos). Uma equipe de jornalistas cuida da produção, da edição e da apresentação das matérias exibidas nestes telejornais. Quase que diariamente matérias produzidas em outras praças, principal pela Sucursal de Brasília, são inseridas na programação dos telejornais locais. 3.6.4.3. TV Acre Inaugurada em 16 de outubro de 1974, pouco mais de um mês depois da TV Rondônia, a TV Acre foi a terceira emissora da Rede Amazônica, um importante passo rumo à ampliação e a consolidação do projeto de expansão da Rádio TV do Amazonas. Como as demais emissoras, a TV Acre iniciou suas atividades com uma programação irregular. Somente a partir de 1983, passou a ser afiliada da Rede Globo. Segundo afirmar Baze (2002): “com a nova parceria, que, por sua vez, forneceria praticamente toda a programação, pois a mesma era em nível nacional, oferecendo uma programação mais diversificada, um telejornal mais abrangente, com destaque para as telenovelas que já eram, na época, total audiência nos seus horários”. (p. 221) A TV Acre, sediada em Rio Branco, é a emissora de maior penetração em todo o estado. É captada em 21 dos 22 municípios; 14 jornalistas se dividem em 6 equipes de 82 reportagem que se revezam para cobrir assuntos da região para os dois telejornais exibidos diariamente. 3.6.4.4. TV Roraima No dia 22 de dezembro de 1974 começou a operar a TV Roraima, a quarta emissora da Rede Amazônica, mas a inauguração oficial só ocorreu de fato em 29 de janeiro de 1975. Entretanto, mesmo antes de inçar suas transmissões, a TV Roraima já tinha chegado aos lares roraimenses pela primeira em junho de 1973. “Era o dia treze de junho de 1974, às sete horas da noite, uma quinta-feira. A cidade de Boa Vista vive sua maior expectativa. [...] Em dado momento, os mais curiosos chamam a atenção, pela primeira vez no vídeo, para a logomarca da TV Roraima no ar” registra o escritor Abrahim Baze (2002, p. 257). Segundo Almeida (1998) “a Emissora começa a retransmitir a programação da Rede Bandeirantes assim como a TV Amazonas” (p. 39). Toda a programação era em cores, com exceção do noticiário local. A TV Roraima foi a primeira emissora do país a utilizar o vídeo cassete, recém-lançado nos Estados Unidos. Atualmente alcança a todos os 15 municípios de Roraima. Está instalada em Boa Vista, capital. A TV Roraima tem em seus quadros quase 20 jornalistas cobrindo o estado para os dois telejornais diários. Todos os dias seis equipes são responsáveis por sair a campo à cata das notícias. Na redação outros 6 profissionais ajudam na produção, edição e, também, da apresentação das notícias jornalísticas. Diariamente a emissora exibe dois telejornais: RR TV 1a edição e Jornal de Roraima. 3.6.4.5. TV Amapá A quinta e última emissora da Rede Amazônica está instalada em Macapá. Foi inaugurada em 25 de janeiro de 1975 e cobre, atualmente, 14 municípios. Segundo Baze 83 (2002) “a TV Amapá foi a primeira emissora de televisão do Amapá. [...] Foi montada em praticamente 15 dias, operando câmeras fixas e fazendo uso de slides, o que facilitava a ilustração dos telejornais na época”. (p. 285) A TV Amapá tem 84 funcionários. No Departamento de jornalismo 21 profissionais (quatro apresentadores, dois produtores, seis repórteres, seis cinegrafistas, um chefe de reportagem , um editor-chefe e um gerente de jornalismo) cuida da produção e exibição de dois programas locais (AC TV 1a edição e Jornal do Amapá). Seis equipes de reportagem saem diariamente a campo para produzir as matérias exibidas pela emissora. 3.6.5. O Amazonsat Desde a década de 90, a Rede Amazônica tem um canal exclusivo, para onde tem direcionado a produção extra das suas cinco afiliadas Globo na região. A história desse canal começou no final da década de 80, quando a Rede Amazônica conquistou o direito de explorar o sinal Globo nos cinco estados. Na época, a direção da Rede convenceu o Ministério das Comunicações da necessidade de um sinal que permitisse unificar a programação nos cinco estados. Aceito pedido, batizado de Ram-Sat ou Rede Amazônica Satélite, o sinal UHF finalmente permitia as cinco emissoras exibirem uma programação simultânea, tornando possível a criação de uma “rede regional”. A partir de então, a direção da Rede Amazônica, em Manaus, pôde finalmente, por meio deste sinal, trafegar uma programação regional ao mesmo tempo nos cinco estados. A Rede Amazônica resolvia, a partir dali, um dos principais entraves para a sua consolidação regional. Um jornal sobre a região, produzido e gerado em Manaus, podia ser transmitido pelo Ram-Sat, captado nos estados e exibido na programação local ao mesmo tempo. Num primeiro momento esta era a única função do Ram-Sat, um canal aberto UHF que era sintonizado normalmente nas televisões da região (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima) ou através de parabólica nos demais estados. 84 A Rede Amazônica resolve mudar o nome do canal para Amazonsat e aproveitar a produção das emissoras afiliadas, imagens das principais ruas das cinco capitais; os pontos turísticos no perímetro urbano; imagens da região (fauna e flora) e montar uma programação diária para seu mais recente canal. Não havia texto. Eram apenas imagens da região, com trilha sonora privilegiando músicos locais. O som ambiente nem sempre recebia o tratamento devido. No dia 1º de abril de 1997, entrava oficialmente no ar o primeiro canal UHF da Amazônia. A grade de programação lançada era provisória. O formato ainda não estava bem definido. A programação do novo canal mantinha na grade os telejornais regionais, produzidos e gerados pela Rede Amazônica, em Manaus, que continuavam sendo captados e retransmitidos pelas emissoras estaduais (Bom dia Amazônia e Amazônia em revista); inclui a reprise dos dois jornais locais produzidos diariamente nas cinco praças; e passa a buscar parcerias para novos programas, afinal são 18 horas de transmissão diária. Diariamente clipes da região continuam ocupando algumas horas de programação. Apesar da vontade dos proprietários, o canal ainda não atua comercialmente, a não ser para anunciar produtos do próprio conglomerado Rede Amazônica (rádios comunicadores, produtos de limpeza e antenas solares). A Tabela 10 é ilustrativa sobre o Amazonsat, por estado. Tabela 10 Amazonsat, por estado36 Sede Emissora Ano Sinal Acre Amazonsat (canal 21) 1997 UHF Amapá Amazonsat (canal 29) 1997 UHF Amazonas Amazonsat (canal 43) 1997 UHF Rondônia Amazonsat (canal 22) 1997 UHF Roraima Amazonsat (canal 23) 1997 UHF 85 Conforme Baze (2002): o Amazonsat “é um canal de transmissão de televisão via satélite, operado pelo BrasilSat I, de fácil sintonia, o que o torna uma das principais fontes de informações existentes sobre a nossa região, ao alcance de todos que possuam antena parabólica ou uma simples antena UHF”. (p. 382) Subordinado como departamento da Rede Amazônica, o Amazonsat utiliza o mesmo espaço físico e recursos humanos nos cinco estados. Dispõe ainda, para a produção, finalização, geração e transmissão de sua programação, de instrumentos de alto padrão de qualidade. Seu sinal chega perfeitamente em 130 dos 166 municípios dos cinco estados (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima). Trata-se, pois, de uma importante arma de comunicação que, ainda que não cause o mesmo impacto das emissoras locais, consegue, com sua potente estrutura de penetração, chegar aos lugares mais longínquos da região. Assim, consegue ser captado por 82% dos lares cobertos pela Rede Amazônica, ou seja, são quase cinco milhões de potenciais telespectadores, embora o canal ainda não disponha de estrutura que possibilite a verificação dos índices de audiência. O Amazonsat, desde sua criação, tenta se aperfeiçoar para assumir o papel de propagador dos acontecimentos e das praticas da região, além de promotor e estimulador da interação homem/natureza. Para Baze (2002), “o canal destaca, especialmente, a Amazônia com os seguintes temas e pesquisas: científicos, sociais, literários, econômicos, místicos, selvagens e, principalmente, toda a cobertura de notícias através de cinco geradoras, o que nos leva a mostrar uma vasta grade de programação”. (p. 382) Mesmo longe de atingir um padrão de qualidade na produção da mensagem, não se pode ignorar os méritos do pioneirismo deste Canal. É através dele que o amazônida entra em contato com outras realidades do seu habitat podendo, assim, visualizar mais nitidamente os danos e os crimes cometidos contra uma região tão rica, explorada de forma irracional, gerando proveitos mínimos para quem ali vive, comprometendo a parte das gerações, as quais também dependerão da mesma qualidade de vida. Também é através do Amazo1 Fonte: Amazonsat (jan/2002) nsat que se pode tomar conhecimento de outras práticas exemplares que respeitam a pacífica convivência ser humano/natureza. 36 36 Fonte: Amazonsat (jan/2002) 86 Cada emissora da Rede Amazônica dispõe de certa autonomia administrativa e jornalística, porém todas são diretamente subordinadas à sede da Rede Amazônica, que funciona em Manaus (AM). 87 Capítulo IV TV e Desenvolvimento Sustentável - Análise da programação 4.1. Opção Metodológica e Universo de Amostragem O universo da comunicação na Amazônia Brasileira permite inúmeras abordagens, dada a sua variedade, intensidade e aspectos, a ponto de tornar quase impossível um estudo amplo que investigue todas as suas dimensões. Esses estados de coisas se constitui, como já vimos, por causa da extensa área e da dificuldade de acesso e locomoção na região. Com o intuito de identificar a promoção do conceito de Desenvolvimento Sustentável e/ou de seus sub-conceitos, na mídia da Amazônia Brasileira, fizemos a opção por investigar a programação jornalística das emissoras de televisão, que é, como já evidenciamos, o meio de comunicação mais usado como fonte de informação na região. Por outro lado, devido o grande número de canais existentes na região, o objeto de estudo, do nosso trabalho foi delimitado às afiliadas da Rede Globo. Foi preciso também delimitar o número de estados a serem observados. Foram selecionados quatro dos 9 estados que fazem parte da Amazônia Brasileira. A escolha dos estados da chamada Amazônia Ocidental (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima), se deu em razão de que, em todos estes estados, há canais pertencentes a Rede Amazônica de Televisão. A isso, devo acrescentar que a Rede Amazônica também controla o sinal Globo no Amapá (que faz parte da Amazônia Oriental) e que estava previsto para fazer parte deste estudo; entretanto, isso foi inviabilizado pelo extravio do material da emissora que seria analisado. As emissoras da Rede Amazônia além de alcançarem o maior número de municípios que compõe os quatro estados selecionados (121 dos 145 municípios), são 88 líderes absolutas de audiência na região, nas três faixas de horário, conforme os índices de audiência registrados nas pesquisas semestrais, fatores que também tiveram peso na escolha. Para facilitar a sistematização e compreensão ficou definido como amostragem à programação telejornalística local das quatro emissoras da Rede Amazônica (TV Amazonas, TV Rondônia, TV Acre, TV Roraima) pelo período de uma semana. O período de abrangência não se deu por nenhuma característica especifica ou relevância, trata-se de um período esporádico definido aleatoriamente. Assim ficou definido o período para levantamento de dados do dia 22 a 29 de maio de 2002, o que corresponde a uma semana. A partir desta definição dois procedimentos fizeram-se necessários para fins de desenvolver as linhas básicas de ação traçadas para o trabalho: 1o. Uma análise quantitativa do material selecionado, com os seguintes objetivos de: a) identificar a predominância do conceito ou sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável, dando destaque ao tipo de notícia que ocupa o espaço do telejornal e os atores sociais que se fazem representar por este espaço nos meios de comunicação; b) identificar os assuntos em maior destaque, externando os temas que ocupam os principais espaços da cobertura telejornalística. 2o. Uma análise qualitativa da amostra selecionado vai ajudar a identificar aspectos significativos presentes nas opiniões, valores, intenções e preferências sobre o conceito ou sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável, manifestados por representantes dos segmentos da sociedade com acesso aos meios de comunicação. Vários são os critérios balizadores da ocupação dos espaços diários das emissoras de televisão, tais que o alto custo financeiro-operacional com equipamentos, pessoal e manutenção (entre outros), mas também os interesses e o controle político; esses aspectos tornam a acesso a este espaço restrito a determinados grupos ou setores da sociedade. Em função destes elementos, o espaço dedicado a um determinado tema é que lhe confere significado e importância. Isso justifica a empreitada deste estudo, cuja finalidade é a de observar o modo em que ocorre a utilização deste espaço e a partir daí, possamos entender com nitidez a sua capacidade de extensão, de abrangência e de convencimento e traçar um 89 perfil sobre a presença ou promoção do conceito de Desenvolvimento Sustentável na programação telejornalística. A avaliação quantitativa do material selecionado vai permitir identificar o espaço que o conceito de Desenvolvimento Sustentável ou seus sub-conceitos ocupam na amostra da pesquisa, bem como qual a notícia ocupa mais espaço e, ainda, os atores sociais aí representados. Cremos que assim agindo, isso propiciará uma visão mais ampla sobre o papel desempenhando por estes veículos de comunicação. A avaliação qualitativa permitirá identificar os aspectos mais significativos, presentes nas manifestações dos atores sociais com acesso aos meios de comunicação, sobre o conceito ou sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. Destaca-se, porém, que um estudo mais detalhado e específico sobre as fontes presentes nas reportagens selecionadas, torna-se praticamente inviável, pois, como bem esclarece Ramos (1995): O telejornalismo é constituído essencialmente por unidades informativas de curta duração, nas quais a informação é submetida a um processo de edição dinâmica, sendo que uma mesma matéria pode ser composta por textos lidos pelos apresentadores, reportagens e entrevistas, o que muitas vezes dificulta ou impede a identificação precisa da fonte principal, podendo induzir a graves erros de avaliação. (p. 48) A seleção das matérias a serem analisadas (reportagens, notícias, entrevistas, etc.), nos telejornais das emissoras da Rede Amazônica (TV Amazonas, TV Rondônia, TV Acre, TV Roraima), teve como critério a referência a temas que abordem aspectos político-social, desenvolvimento econômico e preservação ambiental, senão também sub-conceitos sob os quais se assenta o conceito de Desenvolvimento Sustentável (fulcro deste estudo). A seleção inclui matérias que abordam as bases do Desenvolvimento Sustentável, mesmo que de forma individualizada. Foram assistidos e analisados 65 programas de um total de 69 previstos, exibidos no período de 22 a 29 de maio de 2002 (excluindo o domingo [26/5/2002], em razão de as emissoras não apresentarem programas telejornalístico neste dia). Os telejornais foram previamente gravados em vídeo cassete caseiro (formato VHS) para facilitar a seleção e análise do material escolhido. O material gravado tem quase 18 horas de duração (aproximadamente 1.100 minutos) e ocupa 3 fitas VHS (sistema EP), os telejornais estão 90 arquivados em data cronológica, conforme o Quadro 1 (p. 83). As três fitas, contendo os 65 programas observados, estão anexadas ao trabalho (Anexo 2). Uma fita VHS contendo quatro edições do programa AM TV 1a Edição (23/5/2002, 24/5/2002, 25/5/2002, 27/5/2002) produzidas e exibidas pela TV Amazonas, foi extraviada, assim como outras duas fitas contendo 14 programas da TV Amapá. No primeiro caso, o extravio representa quatro dos 27 programas que deveriam ser analisados, o que não causa grandes problemas e nem compromete a sistematização e avaliação da amostragem; no segundo caso, a emissora TV Amapá teve que ser excluída por falta de matéria para análise, já que as fitas extraviadas continham todos os 14 programas que deveriam ser estudados. Os 65 programas telejornalísticos apresentados no período pelas quatro emissoras (23 da TV Amazonas, 14 da TV Rondônia, 14 da TV Acre e 14 da TV Roraima) exibiram 532 matérias, das quais 92 foram selecionadas para estudo, conforme quadro 2 (p. 84). Do total de matérias exibidas, 217 foram veiculadas pela TV Amazonas, 103 pela TV Rondônia, 106 pela TV Acre e 106 pela TV Roraima. A TV Amazonas exibiu o dobro de matérias em função de ser responsável pela transmissão diária dos dois telejornais regionais (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícias). Entre as 92 matérias selecionadas, 46 foram exibidas pela TV Amazonas, 13 pela TV Rondônia, 18 pela TV Acre e 15 pela TV Roraima. O levantamento do tempo total das matérias selecionadas (por dia e emissora) expresso em minutos e segundos no Quadro 3 (p. 85) permitirá um comparativo entre o tempo total de produção e o tempo total do material selecionado, conforme detalhamento no Quadro 4 (p. 85). O tempo total de produção das quatro emissoras (em minutos e segundos) ocupou 1.049 minutos e 30 segundos, dois quais 160 minutos e 15 segundos (15,26%) foram selecionados para este estudo. Por emissora, temos a seguinte situação: a TV Amazonas exibiu 468 minutos e 40 segundos, dois quais 76 minutos e 59 segundos (16,35%) foram selecionados; da TV Rondônia foram selecionados 29 minutos e 4 segundos (10,29%), do total de 282 minutos e 20 segundos produzidos; A TV Acre ocupou 251 minutos e 58 segundos, dos quais foram selecionados 29 minutos e 53 segundos (11,73%); a TV Roraima teve o menor tempo de produção no período, apenas 246 minutos e 32 segundos, e 91 também o menor tempo de material selecionado, 24 minutos e 19 segundos (9,82%). A percentagem de tempo de material selecionado, conforme o Quadro 4 (p. 85), foi apresentado no geral e por emissora. Todos os dados sistematizados e selecionados foram representados através de gráficos, com intuito de permitir uma melhor visualização, o que também ajuda na comparação e análise dos dados. O Gráfico 1 (p. 86) apresenta um comparativo entre o total de matérias exibidas e de matérias selecionadas entre as quatro emissoras, permitindo um avaliação comparativa; o Gráfico 3 (p. 87) traça o mesmo comparativo, por emissora. O Gráfico 2 (p. 86) permite uma comparação entre o tempo total de produção (das quatro emissoras na semana pesquisada) e o tempo total das matérias selecionadas; o Gráfico 4 (p. 87) também mostra a comparação entre o tempo de produção e o tempo das matérias selecionadas, por emissora. Os espelhos com a decupagem das matérias selecionadas (por programa e emissora), em ordem cronológica, com comentários sobre a referência ao conceito ou subconceitos de Desenvolvimento Sustentável, podem ser consultados estão no corpo deste trabalho, conforme Anexo 1 (p. 114-165). Para respeitar os critérios de avaliação proposto no corpo do trabalho o procedimento “inevitavelmente incorpora uma certa subjetividade e aleatoriedade” Ramos (1995) justifica este tipo de procedimento metodológico citando Augusto Trivino, ... A pesquisa qualitativa, de fundamentação teórica, fenomenológica, pode usar recursos aleatórios para fixar a amostra. Isto é, procura uma espécie de representatividade do grupo maior dos sujeitos que participarão do estudo (...) e decide intencionalmente, considerando uma série de condições (sujeitos que sejam essenciais, segundo o ponto de vista do investigador para o esclarecimento do assunto em foco etc.), o tamanho da amostra. (p. 90) Apresentamos, a seguir, os Quadros e Gráficos supra-citados: 92 Quadro 1 Levantamento realizado nas Emissoras da Rede Amazônica - 22 a 29 de maio de 2002 Data/programa(*)/duração(**) Emissora 22.5 Bom Dia Amazônia 45 minutos Amazônia em Notícias 12 minutos TV AM TV Amazonas 1a edição 27 minutos Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 27minutos TV Jornal de Rondônia Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 27 minutos Jornal do TV Acre Acre 18 minutos RR TV 1a edição 27 minutos TV Jornal de Roraima Roraima 18 minutos 23.5 Bom Dia Amazônia 44 minutos Amazônia em Notícias 14 minutos Programa nãodisponível Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 27 minutos Jornal de Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 27 minutos Jornal do Acre 18 minutos RR TV 1a edição 27 minutos Jornal de Roraima 18 minutos 24.5 Bom Dia Amazônia 44 minutos Amazônia em Notícias 14 minutos Programa nãodisponível Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 28 minutos Jornal de Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 28 minutos Jornal do Acre 18 minutos RR TV 1a edição 28 minutos Jornal de Roraima 18 minutos 25.5 Nãoveicula aos Sábados Amazônia em Notícias 14 minutos Programa nãodisponível Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 25 minutos Jornal de Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 25 minutos Jornal do Acre 18 minutos RR TV 1a edição 25 minutos Jornal de Roraima 18 minutos 27.5 Bom Dia Amazônia 43 minutos Amazônia em Notícias 12 minutos Programa nãodisponível Jornal do Amazonas 20 minutos RO TV 1a Edição 27minutos Jornal de Rondônia 20 minutos AC TV 1a edição 27 minutos Jornal do Acre 20 minutos RR TV 1a edição 27 minutos Jornal de Roraima 20 minutos 28.5 Bom Dia Amazônia 43 minutos Amazônia em Notícias 13 minutos AM TV 1a edição 27 minutos Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 27 minutos Jornal de Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 27 minutos Jornal do Acre 18 minutos RR TV 1a edição 27 minutos Jornal de Roraima 18 minutos 29.5 Bom Dia Amazônia 43 minutos Amazônia em Notícias 15 minutos AM TV 1a edição 27 minutos Jornal do Amazonas 18 minutos RO TV 1a Edição 27minutos Jornal de Rondônia 18 minutos AC TV 1a edição 27 minutos Jornal do Acre 18 minutos RR TV 1a edição 27 minutos Jornal de Roraima 18 minutos Horário de Exibição 6h30 10h45 11h00 17h45 11h00 17h45 11h00 17h45 11h00 17h45 * Os programas Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícias são produzidos e veiculados pela TV Amazonas, utilizando material jornalístico produzido (e já exibido) pelas outras praças. Ambos são exibidos simultaneamente por todas as emissoras da Rede Amazônica. ** O tempo é referente ao espaço total liberado pela cabeça de Rede para as produções regionais e locais (há uma pequena variação diária de tempo, podendo ser para mais ou para menos, em relação ao dia anterior). 93 QUADRO 2 Levantamento de matérias exibidas e selecionadas, por emissora 22 a 29 de maio de 2002 Dia/mês 22 de maio 23 de maio 24 de maio 25 de maio 27 de maio 28 de maio 29 de maio Subtotal Total Número de Programas Total de Matérias exibidas Matéria(s) selecionada(s) TV AM TV RO TV AC TV RR TV AM TV RO TV AC TV RR TV AM TV RO TV AC TV RR 04 02 02 02 39 13 15 14 07 01 05 01 03 02 02 02 27 20 15 15 06 02 05 03 03 02 02 02 34 15 14 16 09 03 01 03 02 02 02 02 14 13 15 14 01 01 01 01 03 02 02 02 28 13 16 17 10 02 01 02 04 02 02 02 34 14 15 15 05 02 03 01 04 02 02 02 41 15 16 15 08 02 02 04 23 14 14 14 217 103 106 106 46 13 18 15 65 532 92 94 Quadro 3 Levantamento do tempo total das matérias selecionadas, por emissora (em minutos e segundos, por dia) Emissora TV Amazonas Tempo Tempo de Material Produção Selecionado Dia Mês TV Rondônia Tempo Tempo de Material Produção Selecionado TV Acre Tempo Tempo de Material Produção Selecionado TV Roraima Tempo Tempo de Material Produção Selecionado 22.5 76‟15” 9’53” 39‟21” 1’58” 33‟40” 9’51” 35‟24” 1’35” 23.5 70‟00” 9’28” 39‟36” 2’30” 32‟26” 7’33” 35‟34” 3’25” 24.5 61‟47” 12’07” 40‟01” 6’18” 35‟58” 1’48” 36‟11” 4’44” 25.5 25‟25” 1’56” 39‟42” 2’06” 35‟55” 1’55” 34‟19” 1’14” 27.5 60‟15” 16’17” 42‟18” 4’43” 41‟15” 1’50” 32‟26” 2’12” 28.5 84‟11” 7’13” 41‟04” 4’22” 37‟29” 3’40” 36‟28” 1’42” 29.5 90‟47” 20’05” 40‟18” 7’07” 35‟15” 3’16” 36‟10” 9’27” Sub- Total 468’40” 76’59” 282’20” 29’04” 251’58” 29’53” 246’32” 24’19” Tempo total de produção Tempo total do material selecionado 1049’30” 160’15” Quadro 4 Comparativo entre o Tempo total de Produção e de matérias selecionadas, por Emissora (em minutos e segundos) Emissora TV Amazonas TV Rondônia TV Acre TV Roraima Total de Tempo 468‟40” 282‟20” 251‟58” 246‟32” 1049’30” 76’59” 29’04” 29’53” 24’19” 160’15” 16,35% 10,29% 11,73% 9,82% 15,26% Tempo de produção Total Matérias selecionadas Porcentagem do material selecionado 95 Gráfico 1 Comparação entre Matérias Exibidas e Matérias Selecionadas (em número de matérias) 532 600 500 400 300 200 100 0 Gráfico 2 Total de Matérias Exibidas 92 Total de Matérias Selecionados 96 Gráfico 3 Comparação entre Matérias Exibidas e Matérias Selecionadas ( em número de matérias, por emissora) 250 217 200 150 106 103 106 Matérias Exibidas Matérias Selecionadas 100 46 50 18 13 15 0 TV AM Gráfico 4 TV RO TV AC TV RR 97 4.2. A Análise dos dados O espaço dedicado pelas emissoras da Rede Amazônica de Televisão ao tema Desenvolvimento Sustentável é, diga-se desde já, irrisório se se considera o momento crucial atravessado pela região na busca de uma nova política de desenvolvimento. Vários são os fatores que vedam as lentes e cerram o som das emissoras da Rede Amazônica frente aos desastres políticos (executivo e legislativo, federal, estadual e municipal) sucessivos em toda a Amazônia Brasileira, quando o assunto é desenvolver a região. Um pouco mais à frente trataremos desse bloqueio da Rede Amazônica. O material selecionado ao longo de uma semana na programação jornalística das emissoras da Rede Amazônica (TV Amazonas, TV Rondônia, TV Acre e TV Roraima), em sua quase totalidade trata apenas de sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável e, em raro momento, o conceito é trabalhado em sua plenitude. Do total de 532 reportagens exibidas em 65 programas, 92 foram selecionadas. Transformando isso em minutos e segundos, as quatro emissoras produziram em sete dias 1.049 minutos e 30 segundos de informação jornalística, dos quais apenas 160 minutos e 15 segundos abordaram direta ou indiretamente o conceito ou sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. Ou seja, pouco mais de 15% de todo esse tempo é ocupado por matérias que de alguma forma levam a alguma reflexão sobre a necessidade de um Desenvolvimento Sustentável para a região. Inicialmente é preciso deixar claro que a existência do conceito de Desenvolvimento Sustentável no material selecionado é bastante reduzida; o que mais se registra são sub-conceitos (político-social, desenvolvimento econômico, preservação ambiental), que se apresentam ora de forma isolada, ora emparceirados, mas raramente, muito raramente, em conjunto. Do tempo total ocupado pelo material selecionado (160 minutos e 15 segundos), menos de 12% (19 minutos e 19 segundos) fala sobre ações e políticas de planejamento voltadas ao Desenvolvimento Sustentável, mas de modo nada significativo. Em apenas uma das matérias em que o desenvolvimento sustentável é o tema central é possível observar 98 alguns fragmentos que contribuam para o entendimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável na sua totalidade. Tome-se, a título de exemplo, uma matéria sobre uma ação governamental ocorrida em Brasília, veiculada nos programas Bom Dia Amazônia, de 22/5/2002, e AM TV 1a Edição, de 22/5/2002, ambos produzidos e exibidos pela TV Amazonas (conforme anexo). Segundo a matéria: o Governo Federal “discute atuação conjunta na Amazônia, para definir estratégia para o desenvolvimento sustentável da região”. Deixando de lado a observação sobre a velha mania de decidir as questões da região em gabinetes de Brasília, em momento algum é possível identificar, no conteúdo da referida reportagem, qualquer pista sobre o que pretende o Governo Federal quando afirma que vai definir uma “política de Desenvolvimento Sustentável para a região (Amazônia)”. Duas autoridades aparecem na reportagem. A primeira, o ministro interino do Meio Ambiente, Marcus Pestana, volta a sua atenção para a soberania na região: A defesa do patrimônio genético, da diversidade... é talvez a região... certamente a região mais rica em biodiversidade de todo o globo. E essa é uma questão Nacional, isso não é um patrimônio público mundial. Nós temos que ter claro isso. É importante a ação multilateral, o entendimento das nações entorno do desenvolvimento sustentável, mas a responsabilidade de gestão sobre o nosso patrimônio... nossa biodiversidade é um desafio nacional. A segunda autoridade a se manifestar é o presidente do Comitê Executivo para Atuação Conjunta na Amazônia (CEAMAZ), Arthur Horta, que defende para a região o fortalecimento de um dos modelos econômicos mais prejudiciais à região: a exploração madeireira, e, que segundo ele, vale para toda a Amazônia Legal. Através de um levantamento nos 9 estados que compõe a Amazônia legal, foi verificado que o arranjo de maior incidência na região é o de madeira e móveis. Em função dessa identificação o CEAMAZ, através dos órgãos que o compõe, vai fazer um esforço para que nós venhamos atuar em projetos pilotos na área de madeira e móveis, fazendo um mix entre recursos reembolsáveis, vindos do BNDES, e recursos não-reembolsáveis, oriundos dos demais órgão. 99 Em tempo: O Ceamaz é um órgão instalado em Brasília, composto por três bancos (BNDES, BASA, Caixa Econômica), duas agências de fomento (ADA [ex-Sudam] e Suframa) e quatro ministérios (Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Integração Nacional, Ciência & Tecnologia). Nada se fala sobre o envolvimento das comunidades, sobre a perspectiva de novos horizontes, tampouco sobre a importância de se conhecer os recursos naturais para só então propor políticas de exploração. Observando no programa Bom Dia Amazônia, de 27/5/2002, nos deparamos com uma matéria sobre a organização da I Feira Internacional da Amazônia mostra, em Brasília, a comissão organizadora do evento, encabeçada pelo Ministério do Desenvolvimento e composta pelos Ministérios de Meio Ambiente e Ciência & Tecnologia. O objetivo da Feira, segundo a reportagem, é “vender a Amazônia no Exterior”, mostrando suas oportunidades de investimentos nos noves estados. O ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, diz no fechamento da matéria: em torno da Feira industrial nos estamos programando um conjunto de atividades para mostrar a Amazônia pro Brasil, em primeiro lugar. Mostrar que hoje a Suframa vai progressivamente se direcionando para se transformar numa importante plataforma de exportações. Nos queremos também, é claro, mostrar a Amazônia para o exterior. Como se sabe, a Amazônia desperta um enorme interesse no exterior. Ou seja, apenas o desenvolvimento econômico percorre o discurso do Governo Federal. Na reunião, sequer os demais parceiros do Comitê Executivo para Atuação Conjunta na Amazônia (CEAMAZ) compareceram, o tal responsável em propor políticas de desenvolvimento para a região. O Jornal do Amazonas, de 27/5/2002, apresenta outra matéria, produzida também em Brasília, com o mesmo ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral: “O Governo Federal quer incentivar a consolidação de uma plataforma exportadora no Pólo Industrial de Manaus”, diz o apresentador ao anunciar a exibição da matéria. A reportagem mostra a reunião entre o ministro Sérgio Amaral, representantes do BNDES, do Ministério de Ciência & Tecnologia e da Suframa. Amaral, na primeira fala se mostra confiante na região: “eu cada vez me convenço mais que a Zona Franca tem boas possibilidades de se transforma numa plataforma de exportações”. Mas quando o assunto é a manutenção dos 100 incentivos fiscais oferecidas pela Zona Franca de Manaus, o ministro é cauteloso: “a discussão de uma prorrogação da Zona Franca tem antes que levar em conta uma questão: qual é o objetivo que hoje nós queremos para a Zona Franca? E quais são os instrumentos que nós precisamos para chegar lá”. Para quem pouco antes tinha manifestado confiança na Zona Fraca, defendendo-a como futura “plataforma de exportações”, o ministro parece ter esquecido o que havia dito ou ter-se confundido. Para quem tem a responsabilidade de promover o desenvolvimento da Amazônia, o Governo Federal dá demonstrações de que ainda não "caiu na realidade" sobre as questões da região. O desempenho econômico continua, como se vê, a pauta principal, e única. Para não nos atermos apenas em discurso oficial, tomemos outro exemplo. Uma matéria do Programa Bom Dia Amazônia, de 27/5/2002, anuncia que a “busca pela vocação econômica” é uma constante na maioria dos municípios Amazônicos, para, em seguida, mostrar a experiência do município amazonense Anamã, localizado a 120 quilômetros de Manaus. Esse município descobriu na fibra uma importante fonte de renda, mais uma “esperança econômica”. Apesar de dois moradores do município destacarem a preocupação com a preservação ambiental e o envolvimento da comunidade na produção de fibras, a matéria enfatiza apenas o caráter econômico da atividade, apesar da chamada lida pelo apresentador, antes da exibição da reportagem, sugerir o seguinte: “Município amazonense investe em fibra para desenvolver a região”. A preocupação da comunidade vai bem além do mero interesse econômico e não figura nem como pano de fundo. O tratamento é parcial. O interesse econômico é dissociado da preocupação com o ambiente e da oportunidade oferecida para os moradores se inserir no mercado de trabalho e fazer renda. Uma entrevista realizada pelo Bom Dia Amazônia, de 29/5/2002, constitui a única matéria do nosso "corpus" a tratar diretamente do conceito de Desenvolvimento Sustentável de forma ampla e completa. O pesquisador Walwick Kerr, um especialista da Embrapa em criação de abelhas, é o entrevistado. Durante sete minutos e 8 segundos, Kerr explica ao entrevistador como as comunidades indígenas e ribeirinhas do Amazonas têm atuado na criação de abelhas, não apenas como fonte alternativa de renda, como fica patente neste passo: “a atividade além de gerar renda alternativa para as comunidades, também ajuda na polinização da floresta amazônica. [...] O cultivo de abelhas, atividade alternativa e 101 complementar, contribui para a geração de renda, enriquece a alimentação e a qualidade de vida das comunidades e ajuda na conservação da floresta”. Mas essa é uma exceção que vem confirmar a regra, pois, no restante da amostra, o que se observar é um comportamento idêntico, na maioria o Governo (poderes executivos federal, estadual, municipal) é o primeiro da fila a tratar a questão destacando apenas os aspectos econômicos de novos projetos e ações mirabolantes que engabelam os quatro cantos da Amazônia. De prático nada se vislumbra. Em quase 30% do material selecionado (47 minutos e 37 segundos) é possível identificar dois sub-conceitos na mesma matéria. A dupla econômico/ambiental ocupa mais da metade deste tempo, em matérias do tipo: “Embrapa incentiva cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais, em Roraima, pra exportação”. Realizada em Boa Vista (RR), a reportagem destaca uma técnica desenvolvida pelo pesquisador Aroldo César, da Embrapa, para estimular o cultivo do vegetal. A produção, segundo ele, não causa danos ao meio ambiente, pois “o solo é ideal” e, dada a aceitação e o valor comercial no mercado externo, é “importante fonte de renda”. A matéria foi exibida no Programa Bom Dia Amazônia, de 27/5/2002. Parte da outra metade é ocupada por matérias que abordam os sub-conceitos político-social/ambiental e/ou político-social/econômico. A maioria das matérias que mostram a relação política-social/ambiental é fruto da mesma origem: o desrespeito aos limites da natureza e à omissão do poder público. As chuvas torrenciais comuns que caem na região no período de inverno (março a julho), que provocam transbordamento de rios e igarapés, continuamente ocasionam alagação e desabrigados em muitas comunidades instaladas às margens do rio. É fato que, em algumas dessas comunidades amazônidas, os moradores são temporariamente expulsos de casa durante o inverno e pequenas cidades chegam a ficar submersas por quase todo o período chuvoso que é intenso e constante. Enquanto a natureza reclama a presença predatória a seu modo, os moradores procuram o poder público em busca de solução para o velho problema que já virou cena comum. “Chuvas provocam transbordamento de igarapé, causando alagamentos e desabrigados”, anuncia o programa AC TV 1a Edição, de 23/5/2002. Outro exemplo: “Lixão polui igarapé que abastece cidade acreano”, que é a chamada de 102 apresentação de matéria exibida no Programa Amazônia em Revista, de 29/5/2002. Nesta matéria, a denúncia foi feita pelo agricultor Antônio da Silva, no Município de Tarauacá (AC), que diz: “tenho medo de tomar essa água”; na mesma matéria, o próprio secretário municipal de Meio Ambiente, Gilsélio Acioli, reconhece a existência do problema e ainda admitiu que a Prefeitura de Tarauacá (responsável pela coleta e tratamento do lixo) usa o local como lixeira pública. Outra matéria que exemplifica a abordagem dos sub-conceitos políticosocial/ambiental e merece destaque foi produzida em Porto Velho (RO), veiculada no programa Bom Dia Amazônia, de 27/5/2002: “Pesca predatória compromete principal fonte de alimentação de ribeirinhos, em Rondônia”. Seis ribeirinhos denunciavam na matéria a presença invariável de pescadores profissionais utilizando redes para a captura de grandes quantidades e variedades de peixes. O argumento principal dos ribeirinhos é que a quantidade de peixe não suporta a pesca em grande escala, tanto que a própria comunidade não comercializa a pesca excedente. “O peixe só dá pro sustento da comunidade”, informa Antônio Francisco da Silva, presidente da associação dos ribeirinhos. Outro caso interessante é a matéria, exibida no Bom Dia Amazônia e no Jornal do Amazonas, de 28/5/2002, que tratou da discussão da relação ser humano/meio ambiente, mas que apenas serviu para anunciar a realização do Fórum Amazônico de Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano: “Empresas e órgãos ligados a preservação da natureza organizam Fórum Amazônico de Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano”. Quase 60% (93 minutos e 19 segundos) do tempo total selecionado (160 minutos e 15 segundos) são ocupados por matérias que apresentam os sub-conceitos (político-social, preservação ambiental e desenvolvimento econômico) individualmente. A divisão apresenta uma pequena margem favorável aos temas político-social (41 minutos e 16 segundos), sobre a questão econômica (36 minutos e 50 segundos), seguida de longe pela questão ambiental (15 minutos e 13 segundos). As reivindicações político-sociais são bastante recorrentes. Nestas matérias, profissionais liberais, autônomos e populares em geral (donas-de-casa, estudantes, etc.) se destacam como atores sociais mais presentes. No jornal do Acre, de 22/5/2002, três das sete matérias exibidas registram protesto da população de Rio Branco: “Usuários reclamam de 103 atendimento de Posto de Saúde na capital”; "Moradores reclamam falta de saneamento básico em bairro da periferia de Rio Branco”; “Moradores reclamam que esgoto parcialmente canalizado virou depósito de lixo”. As matérias quando anunciam benefícios, os quais quase sempre com prazo de validade vencido e são, ainda assim, motivo de festa pra quem já se achava esquecido, destacam sempre o papel do poder público, como fica patente numa matéria realizada pelo Jornal de Rondônia, de 27/5/2002. Conforme a matéria: “Parceria leva assistência às comunidades de Rondônia. Gente que por falta de condições e oportunidades esperam muito tempo por atendimento médico”. Entre os entrevistados uma dona-de-casa, um comerciante e uma criança de 11 anos, refletem a importância do momento raro, ao passo que os demais entrevistados (dois cirurgiões, um urologista, um especialista em emergência, o coordenador da equipe e o secretário de saúde e Ji-Paraná) destacam a concretização do atendimento com fruto de um esforço coletivo e interinstitucional. O simples direito de consultar um médico é um acontecimento de destaque que merece inclusive uma cobertura de quase três minutos, o equivalente a pouco menos de 20% do tempo de produção do principal jornal da emissora, num único dia. Outra matéria produzida em Porto Velho e exibida no Jornal de Rondônia, de 22/5/2002, também dá destaque à outra ação do poder público: “Programa do Governo Federal capacita mão-de-obra em 19 municípios de Rondônia, atendendo pessoas desempregadas ou sem profissão definida”. No dia 23 de maio de 2002, o Jornal do Acre volta a tratar das reclamações da comunidade: “moradores interditam bairro por falta d‟água”. No RR TV 1a Edição, de 23/5/2002, os atores sociais são os mesmos: “Vala incomoda moradores do bairro Jardim Primavera, na capital”. O AC TV 1a edição, de 24/5/2002, exibe a seguinte matéria: “Lama e sujeira na rua provocam reclamações de moradores”. “Estudantes protestam na Câmara de Vereadores de Manaus, para derrubar emenda à lei da meia passagem”, anuncia o Jornal do Amazonas, de 27/5/2002. A edição do RR TV 1a Edição, de 27/5/2002, mostra três moradores de diferentes bairros periféricos reclamando da “infra-estrutura”. O programa AC TV 1a edição, de 28/5/2002, informa que: “Taxista reclamam de buracos que causam 104 prejuízos”. Raramente a autoridade pública é cobrada a se posicionar sobre as reivindicações sociais. A resposta consistente para os anseios sociais, quando são direcionadas a amenizar o sofrimento da imensa massa desprovida de tudo, tem origem nos movimentos sociais, como mostram essas matérias: “Moradores unem-se para ajudar creche com agasalhos, brinquedos e alimentos”, anuncia o Programa AC TV 1a Edição, de 25/5/2002. O Jornal do Amazonas, de 29/5/2002, apresentou a matéria: “Igreja Católica convoca mutirão para combater a fome, um grande problema social que pode ser resolvido com emprego e renda para a população”; a matéria foi ilustrada com a história de Raimundo José, um desempregado que cuida sozinho de cinco filhos menores e encerrada com a sonora do arcebispo de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, dizendo que além de dar o peixe “é preciso ensinar a pescar” só assim é possível combater a fome que tanto maltrata milhares de pessoas. No Jornal do Acre, de 29/5/2002, uma matéria trata do mesmo assunto: “Diocese de Rio Branco, capital do Acre, entra na luta para combater a fome e a miséria”. Aparecem na matéria o Superintendente do Basa (AC), José Andrias Sarqui, e o bispo de Rio Branco (AC), Dom Joaquim Pertiñez. O segundo sub-conceito individualmente mais recorrente diz respeito aos temas do desenvolvimento econômico, chega a ocupar mais de 20% (36 minutos e 50 segundos) do tempo total das matérias selecionadas. Sempre tratadas no âmbito do poder público (executivo e legislativo, federal, estadual e municipal) as matérias revelam que as pautas produzidas sobre temas diretamente relacionados ao desenvolvimento econômico da região destacam apenas a atuação dos governos e políticos regionais e nacionais e da iniciativa privada. Os temas a seguir representam uma amostragem de como o espaço tem sido ocupado quando se discute o sub-conceito desenvolvimento econômico: “governo promove seminário sobre Turismo”; “palestra reúne mais de 100 empresários da região para discutir como melhorar o desempenho empresarial”; “Senado Federal autoriza liberação de recursos para asfaltar rodovias em Rondônia”; “Presidente do Senado, Ramez Tebet, confirma apoio a Zona Franca de Manaus na votação da prorrogação dos incentivos fiscais”; “Governo 105 Federal libera 35 milhões de dólares para o Estado de Rondônia pavimentar estradas”; “prorrogação dos incentivos da Zona Franca de Manaus continua a espera de decisão do Congresso Nacional”; “Embrapa desenvolve espécie de banana resistente”. Tomemos como exemplo, a matéria “Governo Federal libera 35 milhões de dólares para pavimentação de Rodovias em Rondônia”; realizada minutos depois do anúncio, em Brasília, a matéria apresenta uma entrevista com o governador de Rondônia José Bianco. Enquanto a matéria destaca o volume de recursos, a origem e a forma de pagamento, o governador dá ênfase à batalha travada, inclusive com adversários políticos regionais. A aplicação dos recursos, os benefícios e os possíveis custos sociais e ambientais do projeto que poderão provocar não são tratados na matéria. Mais um exemplo: a matéria “projeto prevê Criação do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia Ocidental”, produzida em Brasília e exibida no Bom Dia Amazônia, de 24/5/2002, mostra o projeto do deputado federal Luiz Fernando (PMDB/AM) que privilegia apenas o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima). As matérias tratando exclusivamente de temas sobre a questão ambiental ocupam menos de 10% do tempo total selecionado (15 minutos e 13 segundos) e são, em sua maioria, fruto de pautas provenientes do poder público: “Equipamento digital ajuda a avaliar os índices de poluição provocado pelos carros, em Manaus”; “Carimbo ambiental é lançado pelos Correios e Governo de Rondônia”; “Tribuna de Contas de Roraima suspende licitação do Governo estadual para adquirir 650 mil mudas de acácia, alegando falta de estudo de impacto ambiental”; etc. Enquanto a maioria das matérias dá ênfase e até destaque às atividades do poder público, um número bem pequena abre espaço para os demais atores sociais participarem do problema, como ocorre no Bom Dia Amazônia, de 24/5/2002: “Líderes partidários e de ONG‟s ligados a proteção ambiental se reúnem em Manaus para elaborar carta sobre o tema, a ser enviada ao futuro presidente”. 106 4.3. Discussão dos Resultados Os dados obtidos na pesquisa ajudaram a mostrar o papel que a mídia televisiva, mais especificamente as emissoras da Rede Amazônica, desempenha na promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia Brasileira. Dentro de um universo mais amplo foram identificadas e selecionadas matérias que de alguma forma colocaram em destaque o conceito ou sub-conceitos de Desenvolvimento sustentável, seja de uma forma positiva ou negativa, completa ou parcial. A amostragem coletada em quatro das cinco emissoras da Rede Amazônica de Televisão mostra uma vantagem numérica da TV Amazonas sobre as demais (TV Rondônia, TV Acre e TV Roraima) no tempo de produção, no número de programas diários, número de matérias exibidas e, também, no número de matérias selecionadas. A superioridade se explica pelo fato de a TV Amazonas na condição de “cabeça de rede” regional ser responsável pela produção e pela exibição de dois telejornais de âmbito regional (Bom Dia Amazônia e Amazônia em Notícia), retransmitido pelas demais praças, além de dois telejornais locais (AM TV 1a edição e Jornal do Amazonas). Enquanto a TV Amazonas ocupa 105 minutos diários de programação, as demais emissoras dispõem de apenas 50 minutos diários para a produção de dois telejornais locais exibidos no final da manhã e no final da tarde. Feita está distinção é preciso ainda esclarecer que do total de matérias selecionadas, exatamente 50% foram exibidas pela TV Amazonas. Em razão de a origem das matérias apresentar certo equilíbrio entre os estados, essa superioridade numérica é equilibrada entre o material a ser analisado. Tirando as matérias produzidas em Brasília, algo em torno de 15% do total do material selecionado, e 5% referente as matérias produzidas fora das capitais, o restante das matérias selecionadas (mais de 80% da amostragem) foram produzidas em alguma das quatro capitais (Boa Vista, Porto Velho, Manaus, Rio Branco). Isso demonstra que os interesses e/ou problemas da região se concentram no perímetro urbano das capitais. Em se tratando de uma Rede que alcança mais de 90% dos municípios dos quatro estados, o fato de ocupar somente 5% de todo o material selecionada para falar sobre outros municípios é bastante insignificante, frente à demanda gerada por estas 107 comunidades interioranas. O diretor presidente da Rede Amazônica, Phelippe Daou, reconhece o tratamento minoritário dispensado às regiões fora das capitais e tenta justificar: “O deslocamento das equipes, a formação de auxiliares nos locais, a identificação dos problemas que mais aflingem essas comunidades, exige muito recurso, e os recursos aqui na nossa região são parcos. Eles são poucos. Nós temos prioridades maiores. Na medida em que é [sic!] possível nós vamos alargar”37. Como é possível observar na avaliação quantitativa dos dados, quase 60% dos assuntos mais freqüentes tratam de temas que abordam apenas um dos sub-conceitos do desenvolvimento sustentável (político-social, desenvolvimento econômico, preservação ambiental), outros 30% da amostragem são compostos de matérias que mostram a presença e/ou associação de até dois sub-conceitos (econômico/ambiental, sócio-político/ambiental sócio-político/econômico), e o restante, pouco mais de 10% da amostragem, é composto por matérias que abordam de forma ampla o conceito de desenvolvimento sustentável, mas nem sempre de forma explicita. Quanto à cobertura dos temas é possível observar uma postura bem definida. As pautas político-social mostram nos quatro estados a permanente reclamação das comunidades por melhores condições de vida: quase 40% das matérias analisadas tratavam de temas como as “péssimas condições” das comunidades que vivem nas periferias dos centros urbanos. A ocorrência de comunidades apelando ao poder público sempre acontece de forma isolada, sem a presença do argumento da autoridade com “poder de solução”. As pautas político-sociais são também tratadas em parceria com outro sub-conceito, quase sempre com o de preservação ambiental. Nestas pautas as comunidades aparecem ora como “vítimas” do “comportamento” da natureza ou do poder público (que não respeita o direito do cidadão ter qualidade de vida e destrói ou negligencia o meio-ambiente), ora como algozes do meio ambiente, depredando por falta de cuidado ou para acumular riquezas. A questão de promover o desenvolvimento sempre acaba como “uma missão de governo”, e a palavra sempre é dada ao poder público na abordagem do assunto, que acaba levando para o primeiro plano a questão econômica. Nestas discussões o máximo que se 37 Entrevista concedida ao jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 14/8/2002) 108 observa é a presença de entidades empresariais. O hábito de ignorar a sociedade, negandolhe o direito como parte interessada, é uma prática legitimada pela mídia e que já massacra a região há dezenas de anos; constitui também um velho hábito insistir que o desenvolvimento da região depende única e exclusivamente da questão econômica. Quando a questão ambiental e os interesses econômicos são parte da mesma pauta a ótica continua sendo do poder público, uma vez que trata de preservação ambiental apenas como um meio de garantir o crescimento econômico. Quanto às pautas que tratam apenas o sub-conceito “preservação ambiental”, que ocupam quase 10% da amostragem, mais uma vez o discurso da “autoridade pública”, especialmente do governo, anunciando ou mostrando medidas de contribuição à preservação ambiental, é maioria. Entre os demais atores sociais registra-se apenas a presença de movimentos sociais que propõem discussões sobre a questão ambiental. As matérias selecionadas que indicam um tratamento equilibrado dos três subconceitos, na mesma pauta, somam pouco mais de 12% da amostragem e, como é possível observar, apenas "falsamente parecem contemplar todos os elementos do desenvolvimento sustentável". Em todas as matérias os elementos são dissociados e um deles acaba ganhando destaque em relação aos demais. Como é possível observar na matéria “o Governo Federal discute atuação conjunta na Amazônia, para definir estratégia para o desenvolvimento sustentável da região”, duas autoridades do Governo Federal, o ministro do Meio Ambiente, Marcus Pestana, e o presidente do Comitê Executivo para Atuação Conjunta na Amazônia, Arthur Horta, se manifestam preocupados primeiro com a questão econômica: “a responsabilidade de gestão sobre o nosso patrimônio...nossa biodiversidade...é um desafio nacional”, diz o ministro; por outro viés, Horta fala “em fazer um esforço para [...] atuar em projetos pilotos na área de madeira e móveis [...] na Amazônia”. A amostragem coletada nas quatro emissoras da Rede Amazônica reflete uma postura idêntica de cada uma delas frente às questões da região; são mantidas as especificidades, sobretudo quando o assunto diz respeito ao desenvolvimento sustentável. A postura parcial do status quo, em todas as suas esferas, é refletida pelo assentimento das emissoras e propagação através dos programas jornalísticos diários. Também é verdadeiro 109 que estas emissoras agem com parcialidade nas pautas político-sociais; as comunidades ocupam um razoável espaço para denunciar a omissão ou a negligência do poder público e para reivindicar uma postura frente os problemas sociais, mas as emissoras não se dignam a cobrar uma resposta do poder público. A parcialidade mais uma vez se dá em detrimento da coletividade, da massa. Nas matérias que tratam da questão ambiental o poder público mais uma vez reina absoluto e a sociedade aparece como coadjuvante. Para Phelippe Daou, a Rede Amazônica tem contribuindo permanentemente com a região, “da nossa parte temos o dever cumprindo, a quem compete dar o atendimento aos apelos é quem não tem havido uma reciprocidade na velocidade com que nós prestamos o serviço”38. Como se vê, consciência tranqüila encobre os males reais. 4.4. O Desenvolvimento Sustentável na Programação Jornalística da Rede Amazônica Do universo de amostragem analisado neste trabalho é possível de imediato avaliar como praticamente zero o índice de promoção do conceito de desenvolvimento sustentável na programação jornalística das emissoras da Rede Amazônica. Esta constatação se reflete nas matérias selecionadas, quantificadas e avaliadas ao longo deste estudo. A amostra é mais do que suficiente para testar a presença do conceito na produção e veiculação dos telejornais regionais e/ou locais das quatro emissoras observadas durante o período de uma semana. Para ser entendido como tal o conceito de desenvolvimento sustentável precisa ser visto como fruto do equilíbrio entre bem-estar social/desenvolvimento econômico/preservação ambiental. Os três elementos são indissolúveis e inseparáveis e não prescindem um do outro. Sob tal condição, a presença ou a promoção do conceito de desenvolvimento é só uma vaga intenção. Os programas regionais e locais seguem uma fórmula comum a todos e a pauta segue um padrão no tipo de cobertura e na ótica de abordagem. Os temas são tratados isoladamente, não havendo uma freqüência na abordagem de assuntos de interesse mais 38 Entrevista concedida ao jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 14/8/2002) 110 amplo. A parcialidade na cobertura e na abordagem de cada tema é evidente, quando apenas um ou, no máximo, dois elementos, são destacados num universo mais amplo e complexo. Em 160 minutos e 15 segundos de material selecionado entre as quatro emissoras, apenas uma entrevista com sete minutos de duração, exibida no Bom Dia Amazônia, de 29/5/2002, é exemplo de uma matéria que promove o conceito de desenvolvimento sustentável de forma ampla e completa. Trata-se de uma entrevista em que o pesquisador da Embrapa Walwick Kerr discute a participação de “comunidades indígenas e ribeirinhas do Amazonas na criação de abelhas”, que tem possibilitado de se tornar “fonte alternativa de renda”, com “a melhoria da qualidade de vida das comunidades”, e "ajudado na conservação da floresta”. Nas demais pautas revezam-se: populares pedindo ao poder público a garantia de políticas de melhoria da qualidade de vida; o status quo, com a cumplicidade da sociedade e da mídia, ocupando-se apenas de tratar sobre questões econômicas; a sociedade civil, através dos movimentos sociais, tenta esporadicamente garantir condições mínimas de sobrevivência para as comunidades miseráveis, com ações paliativas e de curta duração. A preservação ambiental é tratada como de interesse maior apenas do poder público, com raras intervenções da sociedade. Abordados individualmente os sub-conceitos de desenvolvimento sustentável exibem apenas de forma isolada e fragmentada as partes de um todo. 111 Considerações Finais A avaliação do material produzido e veiculado pelas emissoras da Rede Amazônica revela que a promoção do conceito de desenvolvimento aparece apenas de forma fragmentada e isolada, revelando uma total falta de compromisso desses veículos na cobrança de um modelo de desenvolvimento adequado à Amazônia Brasileira. O fato de cada vez mais se tornarem indispensáveis na disseminação de informações necessárias à promoção de um entendimento (específico ou) geral e contextualizado do meio em que cada um de nós vive, ainda não provocou nestas emissoras uma reflexão sobre o papel a ser desempenhado, por elas, em nome do bem-estar coletivo. Beltrão (1996) ao analisar a opinião de lideranças regionais da Amazônia Brasileira sobre o papel dos mídias “enquanto formadores de opinião e construtores de conceitos sobre meio ambiente e desenvolvimento”, defende que a “comunicação é reconhecida [...] como sendo elemento essencial para mudança social. [...] Os líderes de opinião também reconhecem a característica participativa da comunicação”. (p. 79-92) Assim, somos forçados a constatar que um novo despertar para a importância da promoção de um desenvolvimento sustentável da região, que garanta a participação de todos na geração de riquezas, na preservação ambiental e na distribuição da renda, depende muito do papel a ser desempenhado pela mídia, principalmente a televisão, na qualidade de um veículo de massa e de grande penetração nos segmentos sociais e que dispõe de ferramentas capazes de propagar, pelos quatro cantos, essa nova formar de gerenciar e manter o meio ambiente. Ou seja, esse é o veículo capaz de estimular o envolvimento de todos os atores sociais na definição de novos caminhos. Esta participação das emissoras tem sido conduzida, como mostra a pesquisa, em parte pela maciça superioridade da autoridade pública (poderes executivos federal, estadual, municipal), a uma postura parcial frente a situação, em que o interesse econômico 112 prevalece como o mais emergencial e indispensável para o desenvolvimento da região. É parcial também o tratamento que as emissoras dispensam aos graves problemas sociais que afligem os centros urbanos: os anseios sociais ganham apenas um eco longínquo através destas emissoras, sem que haja nenhuma ressonância no poder constituído. A questão ambiental também é vista de forma isolada e apenas sob a ótica do poder público, que para o diretor geral de Jornalismo da rede Amazônica Milton Cordeiro, é a quem cabe “fazer alguma coisa”, ao justificar a postura das emissoras: “Eu acho que os veículos de comunicação têm tido a preocupação de alertar o perigo que acontece em razão da destruição da fauna, da flora, dos recursos hídricos; se o poder público não tomar uma política séria de preservação do meio ambiente, nós estamos fadados a futuramente desaparecer. (...) Se os governos não cuidarem de proteger a própria natureza, é claro que haverá um futuro que talvez meus bisnetos e os netos dos meus netos já sofram com o problema do meio ambiente”39. No fundo, o que se observa, mesmo com o tratamento parcial e superficial do tema, é a urgência dos desafios a serem enfrentados e a necessidade de definição do novo modelo de desenvolvimento para a região. A visão parcial do diretor geral de jornalismo da Rede Amazônica eco em todas as emissoras onde o conceito de desenvolvimento sustentável é diretamente ligado a preservação ambiental; os demais elementos que dão sustentação ao conceito aparecem separados e, no máximo, se observa uma aproximação entre a questão ambiental e o desenvolvimento econômico. Em entrevistas realizadas, in loco, nas quatro emissoras pesquisadas, com gerentes de jornalismo, repórteres, produtores, cinegrafistas e editores, é evidente a mesma compreensão: uma postura que reprime a participação da sociedade e favorece a tomada de decisões unilaterais, comandas na maioria das vezes pelo poder público, que tanto têm comprometido a definição de uma política que desenvolva a Amazônia respeitando as suas particularidades e especificidades. A concentração das pautas nos centro urbanos, mais especificamente nas capitais, reduz bastante o contato dos jornalistas, que “cobrem” os quatro estados, com a região como um todo. A maioria, por exemplo, sequer conhece a realidade do município mais próximo da capital. Phelippe Daou justifica essa exclusão afirmando que no “interior a 39 Entrevista concedida ao jornalista Edileuson Almeida (16/8/2002) 113 situação é mais difícil e nós temos que eleger pólos [...], o deslocamento das equipes [...]; a identificação dos problemas que mais afligem essas comunidades, exige muito recurso, e os recursos aqui na nossa região são parcos. Eles são poucos. Nós temos prioridades maiores. Na medida em que for possível nós vamos alargar. Isso só com o tempo”40. Entenda-se como “prioridade” os assuntos gerados na capital, que ocupam a totalidade do tempo que deveria destacar os temas regionais e locais como um todo. E os sindicatos de Jornalistas da Região? O que pensam a respeito do telejornalismo praticado na região, e mais especificamente, pela Rede Amazônica? O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre, Gilberto Ubaiara41, numa defesa apaixonada da Rede Amazônica, se derrete frente ao seu poder, elogia a postura jornalística e o “comprometimento da Rede Amazônica e seus emissoras com os temas locais regionais”. Os presidentes dos Sindicatos de Roraima, Humberto Silva, e Rondônia, Raimundo Nonato, não se manifestaram. Da parte do presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, Deocleciano Bentes de Souza42, só há críticas: O primeiro escalão [editores, chefes de reportagem] da televisão amazonense, é formado por medíocres, incompetentes e puxa-saco dos proprietários. A notícia é mercadoria. Os telejornais deseducam. A comunidade é o que menos importa. O telejornal amazonense praticamente não existe como uma divulgadora de informação, se prendendo mais para lado publicitário do que o da notícia, da informação. A Rede Amazônica lidera todo este circo que envergonha a prática jornalística. Em meio a tal estado de coisas, não resta dúvida sobre a quase indiferença e falta de comprometimento desse poderoso veículo de comunicação com essa questão, tão fundamental para o futuro da região. 40 Entrevista concedida ao jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 14/8/2002) 41 Entrevista concedida ao jornalista Edileuson Almeida (Manaus, 13/8/2002) 114 Referências Bibliográficas A AMAZÔNIA: Interesse Internacional. http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz6.htm AGENDA 21 Brasileira. (1o/11/2001) http://www.mma.gov.br/port/se/agen21/ag21bra/doctematicos.html ALMEIDA, Edileuson S. A integração regional através da Rede Amazônica de Televisão. Roraima: Monografia (Graduação em Comunicação Social) - Universidade Federal de Roraima, 1998. AMAZÔNIA é tema central de debates. Roldão Arruda (enviado especial). 23/04/1999. http://www.estado.estadao.com.br/edicao/pano/99/04/22/ger563.html AMAZONTECH: Começa hoje o maior evento da Amazônia. 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DAOU, Felippe. Rede Amazônica de Televisão. Manaus, 14/8/2002. DOURADO, Jefson. TV Acre. Rio Branco, 10/6/2001 FREIRE, Arilson. TV Amapá. Macapá, 27/5/2001. SOUZA, Deocleciano Bentes de. Sindicatos dos Jornalistas do Amazonas. Manaus, 16/8/2002. UBAIARA, Gilberto. Sindicato dos Jornalistas do Acre. Manaus, 13/8/2002 123 Anexo 1 124 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 22 de maio de 2002 TV Amazonas 45 minutos T. Produção: 30min44seg Tema Deputados analisam relatório da CPI do SIVAM e estudam criação da Agência de Vigilância Local Brasília Entrevistado Deputado Federal Confúcio Souza, relator Deputado Federal Arlindo Chinaglia Deputado Federal Antônio Feijão PSDB/AP Governo Federal discute Marcus Pestana, ministro Interino atuação conjunta na Brasília do Meio Ambiente Amazônia, com a finalidade de Arthur Horta, presidente do Comitê definir estratégia para o Executivo para atuação conjunta desenvolvimento sustentável na Amazônia da região. Resíduos tóxicos do Parque Industrial de Manaus são reaproveitados pela construção civil, como tijolos ecológicos. Manaus José Vital, empresário Soma total do tempo Tempo 1‟57” 1‟48” 1‟15” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Sim. Aborda um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental), tanto o Sivam quanto a Agência (ambos em discussão) apresentam-se como importantes instrumentos de auxílio para a preservação ambiental da região. Sim. Apesar de não tratar de forma explicita o conceito de Desenvolvimento Sustentável, a matéria destaca uma ação governamental para por em prática uma política de desenvolvimento sustentável para a região. Sim, sendo que aqui dois subconceitos do Desenvolvimento Sustentável (Desenvolvimento econômico e preservação ambiental) se evidenciam, pois ao mesmo tempo que evita poluir, o reaproveitamento do resíduo reverte-se em importante fonte de renda para a empresa. 5’00” 125 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AM TV 1a Edição 22 de maio de 2002 TV Amazonas 27 minutos Tempo de Produção: 24min55seg Tema Local Governo Federal discute atuação conjunta na Amazônia, Brasília para definir estratégia para o desenvolvimento sustentável na região Entrevistado Marcus Pestana, ministro Interino do Meio Ambiente Arthur Horta, secretário Executivo da Comissão Especial da Amazônia Soma total do tempo Tempo 1‟48” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Sim. Apesar de não tratar de forma explicita o conceito de Desenvolvimento Sustentável, a matéria destaca uma ação governamental para por em prática uma política de desenvolvimento sustentável para a região. 1’48” 126 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AC TV 1a Edição 22 de maio de 2002 TV Acre 27 minutos Tempo de Produção: 20min54seg Tema Usuários reclamam de atendimento de Posto de Saúde na capital Palestra reúne mais de 100 empresários da região Local Rio Branco Rio Branco Moradores reclamam falta de saneamento Rio básico em bairro Branco da periferia de Rio Branco Moradores reclamam que esgoto, parcialmente canalizado, virou deposito de lixo. Rio Branco Entrevistado Maria Augusta, dona-de-casa Rosineide Marinho, doméstica Maria José, agricultora Antonio Camilo, diretor do Centro de Saúde Luciana Costa, cobradora de ônibus Joceli de Araújo, dona-de-casa Eloi Zaneti, consultor de Marketing Joafran Guedes, presidente da Federação das Indústrias do Acre Jorge Villa Novas, superintendente do Sesi/AC César Botto, diretor do Senai/AC Tempo 2‟10” 1‟55” Rosa Maria, dona-de-casa Ironildes Souza, dona-de-casa Maria de Lourdes, aposentada 1‟59” Socorro Araújo, dona-de-casa Maria Lima, comerciante Francisco das Chagas, presidente da Associação de Moradores Hecilia Souza, dona-de-casa 1‟48” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Aborda apenas um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável (equidade social), de forma negativa, tomando como referência uma dentre as inúmeras deficiências do poder púbico quando oferecer serviços básicos ao cidadão. Mais uma vez apenas um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (Desenvolvimento econômico) é enfatizado. A reportagem destaca os aspectos necessários para melhorar desempenho empresarial na região. Ruas e casas alagadas pelas chuvas de inverno mobilizam a população para reivindicar ao poder público saneamento básico. Aqui se apresenta mais um sub-conceito do Desenvolvimento Sustentável (equidade social) Aqui mais uma vez de forma parcial o conceito de Desenvolvimento Sustentável (Equidade Social) fica evidenciado. Moradores da periferia exigem do poder público eficiência e solução para um problema que compromete a qualidade de vida. 7’52” 127 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RR TV 1a Edição 22 de maio de 2002 TV Roraima 27 minutos Tempo de Produção: 21min01seg Tema Sebrae e embrapa realizam 1o seminário de agricultura orgânica Local Boa Vista Entrevistado Tempo Joaci Freitas, engenheiro Agrônomo 1‟35” da Embrapa Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Sim. Aborda de forma positiva apenas um dos sub-conceitos do desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico). 1’35” 128 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por emissora (por programa) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Amazonas 22 de maio de 2002 TV Amazonas 18 minutos T. de Produção: 14min23seg Tema Local Entrevistado Tempo Prorrogação do funcionamento da Zona Franca de Manaus Brasília fica para depois das eleições. Deputado Aécio Neves, presidente da Câmara dos Deputados Deputado Francisco Garcia-PFL/AM 1‟45” Subida do Rio Negro no período chuvoso não preocupa Manaus autoridades Valdercino Pereira da Silva, encarregado dos Serviços Hidrográficos da CPRM 1‟20” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Sim, sendo que de forma indireta, pois aborda apenas um sub-conceito do Desenvolvimento Sustentável (Desenvolvimento econômico), destacando a principal fonte de renda do Estado do Amazonas. Sim. A subida dos rios amazônicos sempre representa perigo de alagamentos nos centros urbanos, provocando nas periferias das cidades (principalmente) problemas sociais (desabrigados, doenças, etc.). Portanto, ao anunciar a previsão, o especialista põem em evidencia um dos subconceitos do Desenvolvimento Sustentável (equidade social). Inverno é sinal de alagação e problemas para as populações periféricas da capital amazonense. 3’05” 129 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 22 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos T. de Produção: 14min26seg Tema Local Programa do Governo Federal capacita mão-deobra em 19 municípios de Porto Velho Rondônia, atendendo pessoas desempregadas ou sem profissão definida Entrevistado Inês Zadol, prefeita de Pimenta Bueno/RO Sirlene Ferreira, beneficiária do Programa Ludgério Monteiro, secretário Nacional do Comunidade Ativa Soma total do tempo Tempo 1‟58” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Sim, abordando um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável (equidade social), pois enfatiza as possibilidades de inserção destas pessoas no mercado de trabalho 1’58” 130 Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Jornal do Acre 22 de maio de 2002 TV Acre 18 minutos T. de Produção: 12min46seg Tema Chuva provoca alagamento em bairros da periferia de Rio Branco. Local Rio Branco Entrevistado Pedro de Barros, vendedor ambulante Judith de Barros, dona-de-casa Lindalva da Silva, dona-de-casa Aparecida Ferreira, dona-de-casa Soma total do tempo Tempo 1‟59” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A matéria trata de forma parcial o conceito de desenvolvimento (Equidade Social), destacando a ineficiência do poder público em garantir infra-estrutura mínima na periferia da capital do Acre. 1’59” 131 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 23 de maio de 2002 TV Amazonas 44 minutos T. Produção: 40min44seg Tema Local Votação da prorrogação dos incentivos da Zona Franca de Manaus só depois das eleições 2002 Brasília Operação das Forças Armadas, coordenada pelo Ministério da Defesa, mobiliza pessoal e São equipamentos ao longo de 1,5 Gabriel mil quilômetros de fronteira na da Amazônia Cachoeira Entrevistado Deputado Aécio Neves, presidente da Câmara dos Deputados Deputado Federal Francisco Garcia, PFL/AM General José Luna e Silva, comandante do 16o BIS Francisco Gallo, comandante Naval da Amazônia Ocidental Eduardo Vazquez, capitão de Corveta General Claudiomar Nunes, comandante do 1 BIS Soma total do tempo Tempo 1‟45” 2‟07” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Apesar de tratar o conceito de desenvolvimento sustentável de forma indireta, aborda um dos principais pontos da economia amazonense (desenvolvimento econômico), responsável por significativa parcela do PIB do Estado. Aqui também o Conceito abordado de forma parcial põe em discussão a proteção das áreas de fronteira, que também contribui para a preservação ambiental. 3’52” 132 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Amazônia em Notícias 23 de maio de 2002 TV Amazonas 14 minutos T. de Produção: 11min10seg Tema Presidente do Senado, Ramez Tebet, confirma apoio a Zona Franca de Manaus Local Brasília Ministério da Defesa reúne as Forças Armadas São para operação de Gabriel da vigilância na fronteira Cachoeira Brasil/Colômbia/Peru Enrevistado Senador Ramez Tebet, presidente do Senado Dois parlamentares da Amazônia, sem crédito General Luna e Silva, comandante do 16o BIS Francisco Gallo, comandante Naval da Amazônia Ocidental General Claudiomar Nunes, comandante do 1a BIS Soma total do tempo Tempo 1‟22” 1‟48” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A discussão no campo político trata sobre o desenvolvimento econômico (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) do Amazonas, pois a Zona Franca representa uma das principais fontes de renda do Estado. Aqui também o Conceito abordado de forma parcial põe em discussão a proteção das áreas de fronteira, que também contribui para a preservação ambiental. 3’10” 133 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por emissora (por programa) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RO TV 1a Edição 23 de maio de 2002 TV Rondônia 27 minutos Tempo de Produção: 23min34seg Tema Local Carimbo ambiental é lançado pelos Porto Correios e Governo Velho de Rondônia Entrevistado Tempo Paulo Roberto Medeiros, diretor regional dos Corrreios/RO José Ribamar Oliveira, 1‟17” secretário de Desenvolvimento Ambiental/RO Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A matéria trata sobre um dos sub-conceitos de desenvolvimento sustentável (preservação ambiental), através do carimbo transmite-se uma mensagem sobre a necessidade de preservação ambiental. 1’17” 134 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AC TV 1a Edição 23 de maio de 2002 TV Acre 27 minutos Tempo de Produção: 19min00seg Tema Transbordamento de igarapé, provocado pelas chuvas, causa alagamentos e desabrigados Local Entrevistado Tempo Rio Branco Raimundo, morador Edson, Morador 1‟18” Moradores reclamam de falta de infra-estrutural Rio em ruas de Rio Branco Branco, capital do Acre. Moradores reclamam de rua esburacada e falta Rio esgoto em bairro Branco da periferia de de Rio Branco Antônio de Souza, estudante Vanir Rodrigues, dona-de-casa Osvaldo da Silva, mecânico João Lopes, funcionário público José Gomes, aposentado Gleice da Silva Amorim, manicure Maria Guedes, dona-de-casa Doraci Macêdo, vendedora-ambulante Fidelis Alves, dona-de-casa Manoel César, vendedor Otávio César, vendedor Soma total do tempo 1‟57” 1‟38” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Um velho problema da região, que une dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental e equidade social), por um lado a falta de qualidade de vida e por outro a falta de preservação ambiental A equidade social (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) é reivindicação permanente da população das periferias de Rio Branco. Qualidade de vida é reivindicação permanente da população, um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (equidade social) volta a figurar nos protestos da comunidade 4’53” 135 Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) a RR TV 1 Edição 23 de maio de 2002 TV Roraima 27 minutos Tempo de Produção: 20min45seg Tema Local Entrevistado Tempo Setrabes realiza I Conceição Seminário de Inclusão Escobar, secretária de portadores de Boa do Trabalho e 1‟15” necessidades Vista Bem-Estar especiais Social/RR Vala incomoda moradores de bairro Jardim primavera, na capital Boa Vista Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A matéria deixa claro um dos sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável (equidade Social) quando põe em discussão a inclusão social A presença deficiente do Estado na hora de garantir os elementos básicos para a qualidade de vida da 1‟08” população, provoca permanentes reclamações por parte da população, que pede melhorias nos serviços prestados pelas instituições públicas (equidade social), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. Soma total do tempo 2’23” Manoel Pereira, morador do bairro Carlos Alberto, servidor público 136 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Amazonas 23 de maio de 2002 TV Amazonas 18 minutos T. de Produção: 15min06seg Tema Local Forças Armadas Manaus realizam operação conjunta nas áreas de fronteiras na Amazônia Equipamento digital ajuda a avaliar os índices de poluição provocado pelos carros. Entrevistado Tempo General Valdésio Guilherme de Figueiredo, comandante da operação Geraldo Quintão, ministro da Defesa 1‟20” Afrânio de Moura, chefe de manutenção Manaus Julieta Fonseca, chefe de monitoramento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente Soma total do tempo 1‟06” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A matéria faz um balança da operação volta para a vigilância e preservação da Amazônia Brasileira, abordando portanto um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental) A matéria discute um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental) quando expõe o problema da poluição provocada pelos veículos automotores. 2’26” 137 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 23 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos T. de Produção: 16min02seg Faz referência ao Tema Local Entrevistado Tempo Desenvolvimento Sustentável Senado Federal autoriza Segundo os argumentos do governo de Governo federal liberar Rondônia a pavimentação das rodovias vai recursos para pavimentação Brasília José Bianco, governador 1„13” ajudar no desenvolvimento econômico de 14 rodovias em de Rondônia (sub-conceito de Desenvolvimento Rondônia Sustentável) do Estado Soma total do tempo 1’13” 138 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Acre 23 de maio de 2002 TV Acre 18 minutos T. de Produção: 13min28seg Tema Local Entrevistado Tempo Moradores interditam bairros por falta d‟água Rio Branco Luiz Bernardino Alves, aposentado Geni Alves, dona-de-casa Aracy Menezes da Silva, aposentada 1‟17” Edison Gomes Pereira, vendedor Kátia Lúcia, dona-de-casa Raimundo Vieira, pedreiro Francisco da Cruz, diarista 1‟23” Rio transborda e provoca Rio alagação na periferia de Rio Branco Branco Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A equidade social (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) é o desejo dos moradores que lutam por uma infra-estrutura básica descente. A falta de respeito ao meio ambiente (preservação ambiental) e infra-estrutura digna para a população (equidade social) evidenciam dois sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável 2’40” 139 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Roraima 23 de maio de 2002 TV Amazonas 18 minutos T. de Produção: 14min49seg Tema Tribunal de Contas de Roraima proíbe Governo Estadual de adquirir mudas de acácia por falta de estudo de impacto ambiental Local Boa Vista Entrevistado Tempo Cons.Henrique 1‟02” Machado, presidente do TCE/RR Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A aquisição das acácias (espécie alheia ao solo roraimense), sem estudo de impacto ambiental, coloca em destaque um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental) 1’02” 140 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 24 de maio de 2002 TV Amazonas 44 minutos T. Produção: 39min33seg Tema Local Presidente do Congresso Nacional apoio relatório que prorroga incentivos na Zona Brasília Franca de Manaus Governo Federal libera 35 milhões de dólares para pavimentação de rodovias em Rondônia Entrevistado Senador Ramez Tebet, presidente do CN Dep. fed. Elcione Barbalho, PMDB/PA Dep. fed. Francisco Garcia, PFL/AM Brasília José Bianco, governador de Rondônia Lideres partidários e de ONG‟s ligados a proteção ambiental se reúnem em Manaus Luzia Fati, coordenadora Manaus para elaborar carta do encontro sobre o tema a ser enviada aos presidenciáveis. Criação do Fundo de Deputado federal Luiz Desenvolvimento da Brasília Fernando, PMDB/AM Amazônia Ocidental Tribunal de Contas de Roraima suspende licitação do Governo estadual para adquirir 650 mil mudas de acácia, alegado falta de estudo de impacto ambiental Correios de Rondônia e Governo do Estado lançam selo regional em homenagem ao meio ambiente Boa Vista Porto Velho Cons. Henrique Machado, presidente do TCE/RR Paulo Roberto Pereira, diretor regional ECT/RO José Ribamar Oliveira, secretário de Desenv. Ambiental/RO Soma total do tempo Tempo 1‟37” 1‟12” 1‟21” 1‟01” 1‟24” 1‟17” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Apesar de tratar o conceito de desenvolvimento sustentável de forma indireta, aborda um dos principais pontos da economia amazonense (desenvolvimento econômico), responsável por significativa parcela do PIB do Estado. Segundo os argumentos do governo de Rondônia a pavimentação das rodovias vai ajudar no desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) do Estado O assunto da matéria vai de encontro a um dos sub-conceitos de desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). A Criação do fundo privilegia o desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) para os quatro estados que compõe a Amazônia Ocidental (AC, AM, RO, RR) A matéria põe em evidência um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental) ao abordar a necessidade do estudo, pois trata-se de uma cultura alheia a região. A matéria trata sobre um dos sub-conceitos de desenvolvimento sustentável (preservação ambiental), através do selo transmite-se uma mensagem sobre a necessidade de preservação ambiental. 7’52” 141 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Amazônia em Notícias 24 de maio de 2002 TV Amazonas 14 minutos T. de Produção: 9min01seg Tema Local Entrevistado Tempo CNBB organiza mutirão pelo fim da fome e da miséria Brasília Ione Magalhães, diarista Dom Aldo Mechello, presidente da CNBB 1‟33” Caravana das Águas, formada por membros de 5 estados, reúne-se para apresentar propostas para os presidenciáveis e a Rio +10 Manaus Luzia Fati, coordenadora do Encontro Soma total do tempo 1‟21” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A fome e a miséria são dois elementos básicos que superados, ajudarão a atingir um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (equidade social). O assunto da matéria vai de encontro a um dos sub-conceitos de desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). 2’54” 142 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RO TV 1a Edição 24 de maio de 2002 TV Rondônia 27 minutos Tempo de Produção: 25min35seg Tema Palestra promovida pela maçonaria aborda a construção de gasoduto entre a Bacia de Urucú (AM) e Porto Velho (RO) Local Entrevistado Claúdio Feitosa, coordenador do Porto Evento Velho Ricardo Pavon, grãomestre/RO Entrevista de estúdio ouve especialista sobre os benefícios Porto Hamilton Casara, exdo gasoduto para Rondônia Velho presidente do IBAMA Soma total do tempo Tempo 1‟29” 3‟20” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A discussão sobre a construção do gasoduto destaca dois sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (Preservação Ambiental e Desenvolvimento Econômico) O técnico enfatiza que a contribuição para o desenvolvimento econômico (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) é significativo, mas alerta que é preciso dar importância a outro sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). 4’49” 143 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AC TV 1a Edição 24 de maio de 2002 TV Acre 28 minutos Tempo de Produção: 22min25seg Tema Local Lama e sujeira na rua provoca reclamações de moradores Rio Branco Entrevistado José Carneiro, servidor público Francisca de Holanda, lavadeira Gerson da Silva, estudante Júnior Moura, estudante Ione Moraes, dona-de-casa Marinei Mendes, aposentada Soma total do tempo Tempo 1‟48” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A pauta virou rotina no telejornal local, moradores reclamam das condições de infra-estrutura e reinvidicam melhores condições de vida (equidade social), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável 1’48” 144 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RR TV 1a Edição 24 de maio de 2002 TV Roraima 28 minutos Tempo de Produção: 21min48seg Tema Local Embrapa realiza Boa 1o Seminário Vista sobre agricultura orgânica em Roraima Embrapa desenvolve espécie de Mucajaí banana resistente Entrevistado Rogério Pereira Dias, técnico do Ministério da Agricultura Eli Lino de Jesus, consultor em agricultura orgânica Antonio Aluisio Moura, produtor Otoniel Ribeiro Duarte, pesquisador da Embrapa Tempo 1‟24” 1‟56” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A agricultura é uma das principais atividades econômicas de Roraima, em função dela muitos produtores provocam incêndios para limpar áreas de plantio, causando grandes impactos ambientais. O Seminário apresentam técnicas alternativas para evitar danos ao ambiente, além de fortalecer a questão econômico. A descoberta terá importante contribuições na eliminação de espécies sem resistência que vem causando prejuízos. A pesquisa vai de encontro a preservação ambiental e ao desempenho econômico. 3’20” 145 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Amazonas 24 de maio de 2002 TV Amazonas 18 minutos T. de Produção: 13min13seg Tema Caravana das Águas, formada por membros de 5 estados, reúne-se para apresentar propostas para os presidenciáveis e a Rio +10 Local Entrevistado Tempo Manaus Luzia Fati, coordenadora do Encontro 1‟21” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O assunto da matéria vai de encontro a um dos sub-conceitos de desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). 1’21” 146 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 24 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos Tempo de Produção: 14min26seg Tema Palestra promovida pela maçonaria aborda a construção de gasoduto entre a Bacia de Urucú (AM) e Porto Velho (RO) Faz referência ao Entrevistado Tempo Desenvolvimento Sustentável Claúdio Feitosa, coordenador do A discussão sobre a construção do Porto Evento 1‟29” gasoduto destaca dois sub-conceitos de Velho Ricardo Pavon, grãoDesenvolvimento Sustentável (Preservação mestre/RO Ambiental e Desenvolvimento Econômico) Soma total do tempo 1’29” Local 147 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Roraima 24 de maio de 2002 TV Roraima 18 minutos Tempo de Produção: 14min23seg Tema Embrapa realiza 1o Seminário sobre agricultura orgânica em Roraima Faz referência ao Entrevistado Tempo Desenvolvimento Sustentável Rogério Pereira Dias, técnico do Mininistério A agricultura é uma das principais atividades Boa Agricultura 1‟24” econômicas de Roraima, em função dela muitos Vista Eli Lino de Jesus, produtores provocam incêndios para limpar áreas de consultor em plantio, causando grandes impactos ambientais. O agricultura orgânica Seminário apresentam técnicas alternativas para evitar Antonio Aluísio danos ao ambiente, além de melhorar o desempenho Moura, produtor econômico. Soma total do tempo 1’24” Local 148 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Amazônia em Notícias 25 de maio de 2002 TV Amazonas 14 minutos T. de Produção: 10min13seg Tema Encerramento da Caravana das Águas, formada por membros de 5 estados, apresenta documento com propostas que será entregue aos presidenciáveis e a cúpula da Rio +10 Local Entrevistado Tempo Manaus Norberto Cruz da Silva, vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima 1‟56” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O assunto da matéria vai de encontro a um dos sub-conceitos de desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). 1’56” 149 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AC TV 1a Edição 25 de maio de 2002 TV Acre 25 minutos Tempo de Produção: 19min31seg Tema Moradores unemse para ajudar creche com agasalhos, brinquedos e alimentos Local Rio Branco Entrevistado Paulo Azevedo, coordenador do Centro Comunitário do Bairro Rui Lino Maria Duarte, fundadora da Creche Manoel Lopes, presidente da Associação do Bairro Rui Lino Marinalva Duarte Braga, doméstica Dora Almeida, doméstica Soma total do tempo Tempo 1‟55” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A comunidade une-se para exercício de cidadania e garantir a crianças carentes o mínimo necessário (equidade social), colocando em prática um dos sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável. 1’55” 150 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 25 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos Tempo de Produção: 16min46seg Tema Pesca predatória compromete a principal fonte de alimentação de ribeirinhos, em Rondônia Local Porto Velho Entrevistado Pedro Biró, ribeirinho Dalci Marina de Souza, ribeirinha Ronaldo da Silva Tavares, ribeirinho Zenaide da Silva, ribeirinha Alberto Tenório da Silva, ribeirinho Antônio Francisco da Silva, presidente da associação Soma total do tempo Tempo 2‟06” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A garantia de sobrevivência de ribeirinhos é ameaçada pela presença predatória de outros pescadores. Unidos os ribeirinhos lutam pelo conservação (preservação ambiental) do rio que garante o sustento da comunidade, destacando um dos sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável 2’06” 151 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Roraima 25 de maio de 2002 TV Roraima 18 minutos Tempo de Produção: 14min43seg Tema Embrapa incentiva cultivo de cogumelos comestíveis e medicinas, em Roraima, para exportação Local Entrevistado Tempo Boa Vista Aroldo César, pesquisador da Embrapa 1‟14” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A agricultura é uma das principais atividades econômicas de Roraima. A produção para exportação, respeitado o meio ambiente (preservação ambiental) e ajudando no desenvolvimento econômico. 1’14” 152 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 27 de maio de 2002 TV Amazonas 43 minutos T. Produção: 34min43seg Tema Local Crescimento no setor Parintins de turismo provoca novos investimentos no setor de serviços. Debate entre ministérios discute os elementos que podem ser destacados na “venda” da Amazônia no exterior Pesca predatória compromete a principal fonte de alimentação de ribeirinhos, em Rondônia Embrapa incentiva cultivo de cogumelos comestíveis e medicinas, em Roraima, para exportação Município Amazonense investe em fibra para desenvolver a região Brasília Porto Velho Entrevistado Tempo Lindolfo Fagundes, empresário Jorge Abrahão, empresário 1‟47” Sergio Amaral, ministro do Desenvolvimento Pedro Biró, ribeirinho Dalci Marina de Souza, ribeirinha Ronaldo da Silva Tavares, ribeirinho Zenaide da Silva, ribeirinha Alberto Tenório da Silva, ribeirinho Antônio Francisco da Silva, presidente da associação 1‟23” 2‟06” Boa Vista Aroldo César, pesquisador da Embrapa 1‟14” Anamã Dois moradores (sem crédito) 1‟56” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Apontando com uma importante fonte de renda, o turismo representa um novo eldorado para o crescimento do PIB amazonense (desenvolvimento econômico), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável Mas uma vez o planejamento da Amazônia é decidido nos gabinetes de Brasília. Apesar de não deixar claro como isso vai ocorrer, objetivo do governo federal é desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável). A garantia de sobrevivência de ribeirinhos é ameaçada pela presença predatória de outros pescadores. Unidos os ribeirinhos lutam pelo conservação (preservação ambiental) do rio que garante o sustento da comunidade, destacando um dos subconceitos do Desenvolvimento Sustentável A agricultura é uma das principais atividades econômicas de Roraima. A produção para exportação, respeitado o meio ambiente (preservação ambiental) e promovendo o desenvolvimento econômico, evidenciam dois sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. A busca pela vocação econômica tem sido uma constante na maioria dos municípios amazônicos. A experiência de Anamã (Amazonas), apesar de privilegiar o conceito de Desenvolvimento Sustentável, a reportagem destaca apenas a questão do desenvolvimento econômico. 8’26” 153 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Amazônia em Notícias 25 de maio de 2002 TV Amazonas 14 minutos T. de Produção: 10min13seg Tema Encerramento da Caravana das Águas, formada por membros de 5 estados, apresenta documento com propostas que será entregue aos presidenciáveis e a cúpula da Rio +10 Local Entrevistado Tempo Manaus Norberto Cruz da Silva, vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima 1‟56” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O assunto da matéria vai de encontro a um dos sub-conceitos de desenvolvimento Sustentável (preservação ambiental). 1’56” 154 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RO TV 1a Edição 27 de maio de 2002 TV Rondônia 27 minutos Tempo de Produção: 24min26seg Tema Comunidades carentes do interior de Rondônia são beneficiadas com projeto do Ministério da Saúde Local Entrevistado Eliana Mendes Tenório, donade-casa JiCícero Teixeira, comerciante Paraná Maria Helena Nunes, 11 anos Fábio Carilho Navarro, cirurgião Marcelo Schimit, cirurgião Luiz Parada, urologista Carlos Takeo, coordenador Soma total do tempo Tempo 2‟07” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O simples direito de consultar o médico (equidade social) é um evento sempre raro no interior. Motivo de festa. 2’07” 155 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RR TV 1a Edição 27 de maio de 2002 TV Roraima 27 minutos Tempo de Produção: 18min53seg Tema Chuvas provocam enchente em bairro da periferia de Boa Vista, capital de Roraima No quadro fala povo, quatro telespectadores reclamam da infraestrutura dos bairros da periferia Local Entrevistado Tempo Boa Vista Raimundo, morador Morador (sem crédito) Elizângela, moradora 1‟22” Boa Vista Izaias, funcionário público Maria Dulce, estudante 0‟50” José Lúcio, pedreiro Lindalva dos Santos, dona-de-casa Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Reclamação rotineira no logo inverno amazônico, a população nada mais quer do que qualidade de vida (equidade social), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. Quer uma infraestrutura básica que funcione. Todos, de pontos distintos da cidade, reclamam de problemas na infra-estrutura básica da cidade e pedem melhorias (equidade social), um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável. 2’12” 156 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Amazonas 27 de maio de 2002 TV Amazonas 20 minutos T. de Produção: 16min09seg Tema Estudantes protestam na Câmara dos Vereadores de Manaus, para derrubar emenda à lei da meia passagem Governo Federal quer incentivar a consolidação da plataforma exportadora do Pólo Industrial de Manaus Empresas e órgãos ligados a preservação da natureza, organizam Fórum Amazônico de Meio Ambiente e Desenvolvimento humano Local Entrevistado Tempo Manaus Sem entrevista 1‟11” Brasília Sergio Amaral, ministro do Desenvolvimento Manaus Marta Arruda, coordenadora de eventos da Fundação Rede Amazônica José Roque, secretário de Meio Ambiente Soma total do tempo 1‟33” 1‟55” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Direito garantido (equidade social) é ameaçado. Para mantê-lo, alunos protestam. Mas uma vez o planejamento da Amazônia é decidido nos gabinetes de Brasília. O desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) é a meta final, com a proposta. O Fórum concentra a discussão em dois importantes sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável (equidade social e preservação ambiental). 4’39” 157 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 27 de maio de 2002 TV Rondônia 20 minutos Tempo de Produção: 17min52seg Tema Parceria leva assistência as comunidades de Rondônia. Gente que por falta de condições e oportunidades esperam muito tempo por atendimento médico. Local JiParaná Entrevistado Eliana Mendes Tenório, dona-de-casa Cícero Teixeira, comerciante Maria Helena Nunes, 11 anos Fábio Carilho Navarro, cirurgião Marcelo Schimit, cirurgião GuaraciabaTeixeira, secretária de saúde de Ji-Paraná Luiz Parada, urologista Valterli Conceição Sanches, especialista em emergência Carlos Takeo, coordenador Soma total do tempo Tempo 2‟36” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O simples direito de consultar o médico (equidade social) é um evento sempre raro no interior. Motivo de festa. 2’36” 158 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Acre 27 de maio de 2002 TV Acre 20 minutos Tempo de Produção: 18min00seg Tema O Acre experimenta a partir de julho um projeto de exploração de modo sustentável Local Entrevistado Rio Branco Sídia Maria Cordeiro, presidente da Fundação de Tecnologia/AC Nécia Maria Moreno, gerente do projeto Antimary Soma total do tempo Tempo 1‟50” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O estudo levou dez anos para ser concluído. A exploração da floresta de forma sustentável garante a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico. 1’50” 159 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 28 de maio de 2002 TV Amazonas 43 minutos T. Produção: 35min55seg Tema Governo Federal quer incentivar a consolidação da plataforma exportadora do Pólo Industrial de Manaus O Acre experimenta a partir de julho um projeto de exploração de modo sustentável Local Entrevistado Tempo Brasília Sergio Amaral, ministro do Desenvolvimento 1‟33” Sídia Maria Cordeiro, presidente da Fundação de Rio Tecnologia/AC Branco Nécia Maria Moreno, gerente do projeto Antimary Empresas e órgãos Marta Arruda, coordenadora ligados a preservação de eventos da Fundação da natureza, organizam Manaus Rede Amazônica Fórum Amazônico de José Roque, secretário de Meio Ambiente e Meio Ambiente Desenvolvimento humano Soma total do tempo 1‟50” 1‟55” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Mas uma vez o planejamento da Amazônia é decidido nos gabinetes de Brasília. O desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) é a meta final, com a proposta. O estudo levou dez anos para ser concluído. A exploração da floresta de forma sustentável é a garantia de preservação ambiental (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) O Fórum concentra a discussão em dois importantes sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável (equidade social e preservação ambiental). 5’18” 160 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AM TV 1a Edição 28 de maio de 2002 TV Amazonas 27 minutos Tempo de Produção: 23min35seg Tema Local Entrevistado Tempo Empresas e órgãos ligados a preservação Marta Arruda, da natureza, organizam Manaus coordenadora de eventos 1‟55” Fórum Amazônico de da Fundação Rede Meio Ambiente e Amazônica Desenvolvimento José Roque, secretário de humano Meio Ambiente Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O Fórum concentra a discussão em dois importantes sub-conceitos do Desenvolvimento Sustentável (equidade social e preservação ambiental). 1’55” 161 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RO TV 1a Edição 28 de maio de 2002 TV Rondônia 27 minutos Tempo de Produção: 25min38seg Tema Local Entrevistado Tempo Turismo em Rondônia é discutido em seminário Porto Velho Dárius Vaquer, coordenador do Evento 2‟11” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Há algum tempo o turismo vem sendo apontado como uma importante fonte de renda para todos os estados da Amazônia. AA discussão do tema se dá no campo do desenvolvimento econômico. 2’11” 162 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AC TV 1a Edição 28 de maio de 2002 TV Acre 27 minutos Tempo de Produção: 23min36seg Tema Moradores reclamam de esgoto entupido na rua. Taxistas reclamam de buracos que causam prejuízos. Local Entrevistado Tempo Rio Branco Francisco Ferreira, taxista Edivaldo da Silva, taxista 1‟01” Gilsélio Acioli, secretário de Meio Ambiente de Tarauacá 1‟38” Lixão polui igarapé que Tarauacá abastece cidade acreana Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Garantir a qualidade de vida tem sido um lutam permanente das classes minoritárias (equidade social), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. Um problema pouco observado pelas autoridades públicas, o lixo compromete a qualidade de vida de muita gente. A população, maior prejudicada, exige um tratamento digno (equidade social). 2’39” 163 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RR TV 1a Edição 28 de maio de 2002 TV Roraima 28 minutos Tempo de Produção: 21min25seg Tema Local As dificuldades de acesso ao Fundo de Amparo ao Trabalhador são cada vez Boa Vista maiores. No mercado de trabalho existem vagas, falta pessoal qualificado. Entrevistado Tempo Desnaveth Santos, desempregada Givaldo Silva, 1‟42” desempregado Antônia Cabral, diretora do Sine/RR Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável As dificuldades enfrentadas pela população de baixa renda compromete a inserção no mercado, aumentando cada vez mais as diferenças sociais (equidade social) 1’42” 164 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 28 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos Tempo de Produção: 15min26seg Tema Local Entrevistado Tempo Turismo em Rondônia é discutido em seminário Porto Velho Dárius Vaquer, coordenador do Evento 2‟11” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Há algum tempo o turismo vem sendo apontado como uma importante fonte de renda para todos os estados da Amazônia. A discussão do tema se dá no campo do desenvolvimento econômico. 2’11” 165 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Acre 28 de maio de 2002 TV Acre 18 minutos Tempo de Produção: 13min53seg Tema Moradores reclamam de esgoto entupido na rua. Taxistas reclamam de buracos que causam prejuízos. Local Entrevistado Tempo Rio Branco Francisco Ferreira, taxista Edivaldo da Silva, taxista 1‟01” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Garantir a qualidade de vida tem sido um lutam permanente das classes minoritárias (equidade social), um dos sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável. 1’01” 166 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Bom Dia Amazônia 29 de maio de 2002 TV Amazonas 43 minutos T. Produção: 39min29seg Tema Local Entrevistado I Fórum Amazônico sobre as Águas Fernando Pereira de apresenta o Carvalho, presidente mapeamento dos rios Manaus da CPRM destacando a Jorge Garcez, necessidade de pesquisador preservação e uso sustentável dos recursos hídricos. 20 projetos ocupam a pauta da Comissão da Amazônia, no Deputado federal Congresso Nacional, a Brasília Luciano Castro maioria propondo a (PFL/RR), presidente redivisão territorial na da Comissão da Amazônia e alguns Amazônia sobre a mudança na política indígena. Protesto de funcionários da Embrapa evidencia sucateamento da instituição Raimundo Nascimento, Sindicato Manaus dos Pesquisadores da Embrapa/AM João Ferdinando, pesquisador/Embrapa Criação de abelhas nas comunidades Manaus Walwick Kerr, ribeirinhas e indígenas pesquisador/Embrapa ganha novo impulso. Tempo 1‟46” 3‟57” 1‟22” 7‟08” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A preservação e o uso sustentável da água (preservação ambiental) é parte do conceito de Desenvolvimento Sustentável. O Fórum, com participação restrita a pesquisadores e autoridades, destaca inclusive a possibilidade de cobrança pelo uso da água. O resultado destes projetos terá direta relação com o Desenvolvimento Sustentável da região, pois significarão novos rumos para a preservação ambiental, a equidade social e o desenvolvimento econômico da região (sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável), fatores estes não evidenciados na entrevista. A Embrapa é a principal empresa pública de pesquisa na área agropecuária na Amazônia. O sucateamento da Empresa nos últimos cinco anos, significa ameaça a preservação ambiental (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) da região, pois as atividades da agropecuária são as principais responsáveis pela degradação ambiental e os estudos sistemáticos da Embapa, agora ameaçados, tem ajuda a minimizar estes impactos. A atividade além de gerar renda alternativa para as comunidades, também ajuda na polinização da floresta Amazônica. O cultivo de abelhas, atividade alternativa e complementar, contribui para a geração de renda (desenvolvimento econômico) enriquece a alimentação e a qualidade de vida das comunidades (equidade social) e ajuda no conservação da floresta (preservação ambiental) 14’13” 167 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Amazônia em Notícias 29 de maio de 2002 TV Amazonas 15 minutos T. de Produção: 12min11seg Tema Local Entrevistado Tempo Lixão polui igarapé que abastece cidade acreana Tarauacá Antônio da Silva, agricultor Gilsélio Acioli, secretário de Meio Ambiente de Tarauacá Soma total do tempo 1‟18” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável Um problema pouco observado pelas autoridades públicas, o lixo compromete a qualidade de vida de muita gente. A população, maior prejudicada, exige um tratamento digno (equidade social). 1’18” 168 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: AM TV 1a Edição 29 de maio de 2002 TV Amazonas 27 minutos T. Produção: 24min05seg Tema Protesto de funcionários da Embrapa evidencia sucateamento da instituição Local Entrevistado Raimundo Nascimento, Sindicato Manaus dos Pesquisadores da Embrapa/AM João Ferdinando, pesquisador/Embrapa Tempo 1‟22” Soma total do tempo Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A Embrapa é a principal empresa pública de pesquisa na área agropecuária na Amazônia. O sucateamento da Empresa nos últimos cinco anos, significa ameaça a preservação ambiental (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) da região, pois as atividades da agropecuária são as principais responsáveis pela degradação ambiental e os estudos sistemáticos da Embapa, agora ameaçados, tem ajuda a minimizar estes impactos. 1’22” 169 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RO TV 1a Edição 29 de maio de 2002 TV Rondônia 27 minutos Tempo de Produção: 24min25seg Tema População de três municípios comemora, após vários dias de manifestação em Porto Velho (RO), a conquista do direito de realizar plebiscito para emancipação dos distritos de Extrema, Nova Califórnia e Tarilândia Local Porto Velho Entrevistado Raduan Miguel Filho, juiz eleitoral Ney Leal, juiz eleitoral Deputado Natanael Silva, presidente da ALE/RO João Batista Silva, vereador de Jaru Amauri Santos, prefeito de Jaru Soma total do tempo Tempo 3‟28” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A mobilização e união dos moradores das três localidades forçou o poder público a reconhecer um direito garantido na Constituição Federal. Para a comunidade a conquista, e a possível transformação em município, significa a possibilidade de desenvolvimento econômico (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) dos três distritos. 3’28” 170 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: RR TV 1a Edição 29 de maio de 2002 TV Roraima 27 minutos Tempo de Produção: 21min06seg Tema Local Grupo de voluntários da Boa comunidade ajuda na Vista aprendizagem de alunos da periferia Entrevistado Renderson Oliveira, 11 anos Kalel Souza, 11 anos Raysa Magalhães, 8 anos Ana Márcia, professora Vânia Maria, professora voluntária Maria Leni, dona-de-casa Zenaide Pinheiro, voluntária O Ministério da Saúde classifica os Hospitais do SUS, em Roraima, como os Boa Joaquim Santana, funcionário público piores prestadores de Vista Valdenora Rodrigues, dona-de-casa serviço do país, segundo Altamir Lago, secretário de Saúde de avaliação da população e de Roraima técnicos do Ministério. Soma total do tempo Tempo 2‟31” 2‟02” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A união da comunidade supre a carência e a ausência do Estado em oferecer educação de qualidade. A promoção da equidade social (sub-conceito de Desenvolvimento Sustentável) é assumida pela comunidade. O próprio poder público reconhece a sua ineficiência na hora de garantir um atendimento igualitário e com qualidade (equidade social) à população, na área de saúde. 4’33” 171 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Amazonas 29 de maio de 2002 TV Amazonas 18 minutos T. de Produção: 15min02seg Tema Companhia de Águas do Amazonas garante que população de Manaus poderá consumir a água diretamente da torneira, sem precisar filtrar. Igreja convoca mutirão para combater a fome, um grande problema social, viabilizando emprego e renda para a população. Local Manaus Manaus Faz referência ao Entrevistado Tempo Desenvolvimento Sustentável José Roque, secretário de A utilização racional e com qualidade da Meio ambiente de Manaus água só agora ocupa espaço na agenda Renan Azevedo, diretor1‟25” dos órgãos responsáveis pelo presidente da Companhia fornecimento do produto. A população de de Águas do Amazonas menor poder aquisitivo há muito sofre com a qualidade da água que chega aos lares da capital do Amazonas. A matéria aborda dois sub-conceitos de Desenvolvimento Sustentável (equidade social e preservação ambiental) Raimundo Jose, O direito mínimo a não passar fome desempregado e pai de 5 1‟47” ainda é utopia para milhares de pessoas filhos no Amazonas e em toda a região. Dom Luiz Soares Vieira, Organizações não-governamentais se arcebispo de Manaus mobilizam para garantir este direito a todos (equidade social), um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável. Soma total do tempo 3’12” 172 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Rondônia 29 de maio de 2002 TV Rondônia 18 minutos Tempo de Produção: 15min53seg Tema População de três municípios comemora, após vários dias de manifestação em Porto Velho (RO), a conquista do direito de realizar plebiscito para emancipação dos distritos de Extrema, Nova Califórnia e Tarilândia Local Porto Velho Entrevistado Celso Pereira Pontes, comissão de Tarilândia Waldir Pereira, comissão de Nova Califórnia Carlos Simplicio, comissão de Extrema Raduan Miguel Filho, juiz eleitoral Ney Leal, juiz eleitoral Deputado Natanael Silva, presidente da ALE/RO João Batista Silva, vereador de Jaru Amauri Santos, prefeito de Jaru Soma total do tempo Tempo 3‟39” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável A mobilização e união dos moradores das três localidades forçou o poder público a reconhecer um direito garantido na Constituição Federal. Para a comunidade a conquista, e a possível transformação em município, significa a possibilidade de desenvolvimento econômico (subconceito de Desenvolvimento Sustentável) dos três distritos. 3’39” 173 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal do Acre 29 de maio de 2002 TV Acre 18 minutos Tempo de Produção: 14min40seg Tema Local Hospitais do SUS no Norte são os piores do país, segundo a opinião dos usuários, que Rio reclamam da falta de Branco equipamentos e medicamentos e da qualidade de atendimento. Diocese de Rio Branco, capital do Acre, entra na luta para Rio combater a fome e a miséria. Branco A idéia é reunir vários parceiros num grande mutirão. Entrevistado Tempo Alexandre de Almeida, produtor de vídeo Suzana Soares, secretária Cléo Fumagali, militar 1‟34” José Andrias Sarqui, superintendente do Basa/AC Dom Joaquim Pertiñez, bispo de Rio Branco/AC Soma total do tempo 1‟42” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O Ministério da Saúde, gestor do SUS, reconhece a deficiência do Estado em manter hospitais que ofereçam serviços com qualidade para toda a população (equidade social). O direito mínimo a não passar fome ainda é utopia para milhares de pessoas no Amazonas e em toda a região. Organizações nãogovernamentais se mobilizam para garantir este direito a todos (equidade social), um dos subconceitos de Desenvolvimento Sustentável. 3’16” 174 Espelho de matéria(s) Selecionada(s), por programa (por emissora) Programa: Data: Emissora: Tempo Total: Jornal de Roraima 29 de maio de 2002 TV Roraima 18 minutos Tempo de Produção: 15min04seg Tema Local Entrevistado O Ministério da Saúde classifica os Hospitais do SUS, em Roraima, como os piores Boa Joaquim Santana, funcionário público prestadores de serviço do Vista Valdenora Rodrigues, dona-de-casa país, segundo avaliação da Manoel Pereira, carpinteiro população e de técnicos do Altamir Lago, secretário de Saúde de Ministério. Faltam Roraima equipamentos, medicamentos e qualidade de atendimento. Os portadores de Salvador Macedo, corretor de necessidades especiais Boa seguros ganham oportunidade de Vista José Paulino, atendente trabalho e inclusão social Simone Queiroz, secretária de Desenvolvimento Social/Boa Vista Soma total do tempo Tempo 3‟08” 1‟46” Faz referência ao Desenvolvimento Sustentável O próprio poder público reconhece a sua ineficiência na hora de garantir um atendimento igualitário e com qualidade (equidade social) à população, na área de saúde. Aos poucos o poder público reconhece o direito das minorias e prática políticas de inclusão social de portadores de necessidades especiais (equidade social). 4’54”