A Essência da Vida - Academia de Letras de Teófilo Otoni

Transcrição

A Essência da Vida - Academia de Letras de Teófilo Otoni
Café-com-Letras
Revista Literária da Academia
de Letras de Teófilo Otoni
Nº 10 - DEZEMBRO/2012
Publicação anual
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Fundada em 20 de dezembro de 2002
Rua Dr. João Antônio, 57, fundos - centro - Teófilo Otoni – MG - 39800-016
Endereços eletrônicos: [email protected] - [email protected]
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Amenaide Bandeira Rodrigues (Licenciada)
Vice-Presidente: Elisa Augusta de Andrade Farina (Presidente em exercício)
Secrerário Geral: Wilson Colares da Costa
Tesoureiro Geral: Leuson Francisco da Cruz
CAFÉ-COM-LETRAS: REVISTA LITERÁRIA DA ACADEMIA
DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI
Publicação anual
Particicpação: Membros da Academia de Letras e convidados especiais
Digitação: Prof. Wilson Colares da Costa
Revisão: Profª Amenaide Bandeira Rodrigues
Capa: Matheus Serôa
Montagem: Roberto Achtschin
Impressão: Gráfica EXCLUSIVA
Os conceitos emitidos nos textos desta edição são de inteira
responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente,
a opinião da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Dona Didinha, a pescadora de sonhos!
95 anos de vida
Escritora, poetisa, artista plástica, pianista,
musicista, educadora e compositora
Nasceu nesta cidade em 24 de abril de 1917, teve a infância dividida
entre a Fazenda “Bom Retiro” e o colégio interno. Estudou no Colégio Santa
Clara, em Itambacuri e na Escola Normal e Colégio São Francisco, em Teófilo
Otoni, onde em 1933, torna-se normalista.
Em 1956, diploma-se Pianista pelo Conservatório Brasileiro de Música,
do Rio de Janeiro, foi uma das fundadoras de um Departamento do Conservatório Brasileiro em Teófilo Otoni. Lecionou por dois anos no Grupo Escolar
Teófilo Otoni, atual Escola Estadual Clotilde Onofri de Campos. No início da
década de 60, passa a ministrar aulas de Canto Orfeônico no Colégio São
Francisco e de Educação Artística e Musical no Colégio Estadual, hoje Escola
Estadual Alfredo Sá, onde se aposenta.
Dona Didinha, como é mais conhecida, é autora de um vasto repertório musical e poético, além de ser autora do hino: Canção da Comunidade,
dedicado ao município de Teófilo Otoni. Em 2002, participa da fundação da
Academia de Letras de Teófilo Otoni, sendo titular da cadeira 8, tendo como
patrono perpétuo, o seu pai Reynaldo Ottoni Porto (1891-1947), que foi um
brilhante advogado, poeta e historiador deste município.
Pastor Hollerbach
Em 2012, comemora-se o 150º aniversário de sua chegada ao
povoado de Philadelphia, hoje município de Teófilo Otoni
Nasceu em Wertheim, Baden (Alemanha), a 09 de outubro de 1835 e
faleceu em Teófilo Otoni, a 10 de julho de 1899 Aos 23 anos de idade, precisamente a 14 de agosto de 1853, troca a condição de professor auxiliar pela
de estudante de Teologia, no Instituto Missionário de Basel.
Em 25 de agosto de 1861 foi ordenado pastor em Weikersheim e a 08
de fevereiro de 1862, numa cerimônia realizada na capela do Instituto Missionário de Basel era oficialmente confirmado como missionário para o Brasil.
Em 23 de maio de 1862, chega a Philadelphia.
Durante os 37 anos que serviu à região, as suas atividades não se limitaram à religião, atuando também como elemento propulsor de extraordinário
trabalho de assistência social e educacional para a comunidade. Assim, logo
ao chegar a esta cidade, funda o primeiro estabelecimento oficial de ensino
(escola primária), onde ministrava aulas em alemão e português (escola bilíngue).
É patrono perpétuo da cadeira de número 22 da Academia de Letras
e patrono da Educação do Município, conforme lei municipal 5.553, de 28 de
dezembro de 2005.
Sumário
Apresentação - Wilson Colares da Costa.................................................... 7
Quando fala o coração - Hilda Ottoni Porto Ramos..................................... 8
Viver... por viver? - Amenaide Bandeira Rodrigues...................................... 9
Essência da vida: voltar-se para o outro - Elisa Augusta de A. Farina....... 10
Essência da vida - Wilson Ribeiro.............................................................. 12
A Essência da vida - Ilda Maria Costa Brasil.............................................. 13
O tapete amarelo - Marlene Campos Vieira............................................... 14
A essência da Vida - Sandra Ramalho de Oliveira..................................... 15
Essência da vida - Antonio Sergio Torres Ferreira..................................... 17
Transitoriedade, a essência da vida - Mauro Marques de Carvalho ......... 18
Um soneto a Deus - Alhis Ribeiro ............................................................. 21
A essência da vida - Rogessi de Araujo Mendes....................................... 22
A Essência da Vida - André Nascimento.................................................... 24
Compromisso com a Vida - Flávia Assaife Campos de Almeida................ 25
Ciências X Religião - Helena Selma Colen................................................ 26
Sejamos rosas humanas - Leandro Bertoldo............................................. 28
A Essência da Vida - Guiomar Sant’Anna Murta........................................ 30
Quando quase perdi a essência da vida - Walter Teófilo Rocha Garrocho.........31
Reflexões - Altamir Freitas Braga............................................................... 32
A Vida, ato de Amor - Neri França Fornari Bocchese................................. 35
A vida é muito mais! - João Carlos Tórtora ............................................... 37
A essência da Vida - Lizia Maria Porto Ramos.......................................... 39
Revivendo lembranças - Humberto Luiz Salustiano Costa........................ 40
A essência da vida - Jacqueline Aisenman................................................ 42
O potencial do povo brasileiro - Jotaerre................................................... 44
Essência da vida - Maia de Melo Lopo...................................................... 46
Importa viver - Lucas Kind do Nascimento................................................. 48
A essência da vida - Arnaldo Pinto Júnior.................................................. 49
Essência da vida - José Moutinho dos Santos........................................... 50
A essência da vida - José Geraldo Silva.................................................... 52
Pulsar - Helenice Maria Reis Rocha.......................................................... 53
Amor-doação... A essência da vida - Egmon Schaper............................... 54
Um Pedaço de Amor - Norma Disney Soares de Freitas........................... 55
A essência da vida - Janeuce Cordeiro Maciel.......................................... 56
A essência da vida - Therezinha Melo Urbano de Carvalho...................... 58
Utopia - Ailton Ferraz Silva......................................................................... 60
A vida é... - Tadeu Raimundo Laert............................................................ 62
Essência poderosa - Leuson Francisco da Cruz........................................ 63
Quanto vale a VIDA? - João Batista Vieira................................................. 65
Sobre a essência da Vida - Clevane Pessoa de Araújo Lopes ................. 67
Academia de Letras de Teófilo Otoni: Perfil, membros titulares, correspondentes, beneméritos, honorários, convidados de honra e patronos................ 68
Apresentação
Enfim, são 10 anos de circulação!
De uma simples publicação para marcar o surgimento da Academia de Letras de Teófilo Otoni, a Revista Literária Café-com-Letras ao longo de dez edições,
tem contribuído significativamente para a preservação e divulgação da literatura
local e regional.
O periódico destina-se, conforme previsto no Regimento Interno, a publicar
matérias de caráter lítero cultural e, vem sendo editado regularmente desde a fundação da entidade, ocorrida em dezembro de 2002. A partir da edição de número
cinco, passou a ser monotemático, ou seja, a cada ano, a diretoria escolhe um
tema para ser debatido e registrado em suas páginas, tanto em prosa quanto em
verso. Inaugurando essa nova fase, em 2007, a revista homenageou o Bicentenário de nascimento de Theophilo Benedicto Ottoni, reafirmando a importância do
homenageado, sobretudo, no processo de colonização do Vale do Mucuri com o
surgimento de Philadelphia, que seria anos depois o Município de Teófilo Otoni;
em 2008, o tema foi o 110º aniversário da chegada da Estrada de Ferro Bahia e
Minas em Teófilo Otoni – a edição registrou a memória social e cultural com relação
à presença dessa linha férrea no cenário do nordeste mineiro e o impacto com
sua desativação, em meados dos anos 60, do século passado. Já em 2009, a
cidade de Teófilo Otoni tem seus cantos, encantos e recantos registrados em suas
páginas por meio de uma diversificada amostragem de pensamentos em relação
a esta comuna mineira.
Dando continuidade a esse projeto, em 2010, homenageou-se a terceira
idade com uma diversidade de textos que exaltaram a condição de ser idoso na
sociedade contemporânea. Em 2011, destacou-se a figura feminina, a edição foi
totalmente dedicada às mulheres e, para celebrar o jubileu de estanho: 10 anos
de fundação da Academia de Letras, a presente edição tem como tema, a VIDA.
Nada mais justo celebrar a vida, no momento em que a ALTO comemora sua primeira década de existência.
Parabéns a todos os acadêmicos e demais amigos da ALTO que no decorrer desse tempo ajudaram a edificar esta agremiação literária. Continuemos juntos!
Caminhemos...
Saudações acadêmicas,
Prof.Wilson Colares da Costa
Secretário Geral
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Quando fala o coração
Hilda Ottoni Porto Ramos*
Quando escrevo,
Atiro-me no reino da fantasia
Registro o que o pensamento
faz o coração sentir!...
Procuro-me reencontrar, descobrir
Onde andei perdida
Na floresta do passado
Cinzas, simplesmente cinzas?
Reminiscências!...
Lembranças se perdem
Sem piedade
O evento impiedoso em louco rodopio
vai levando ao esquecimento
momentos!...
Naqueles momentos
minhas limitações conseguem superar;
descobrindo novas situações
que despertam emoções
onde o presente se aproximando
possa dizer aqui estou
despedida de artifícios
deixando o coração falar:
letra por letra
são palavras: falam sentimentos
Verdades guardadas
em prosa ou verso
Sigo...
Vivendo!...
O passado se torna presente
girando de mãos dadas
nas rodas vivas da vida
Cantando
cirandas da saudade!...
*Convidada de Honra e membro titular da cadeira 8 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Viver... por viver?
Amenaide Bandeira Rodrigues
Afinal, por que vivemos? Melhor seria se perguntássemos: viver... para
quê? Ou ainda melhor se aceitássemos a vida sem muitos questionamentos
para os quais nunca temos respostas satisfatórias. De um jeito ou de outro,
a vida está em nossas mãos, existimos e existiremos como seres pensantes
até que outros vivam em nosso lugar; essa é a lei da vida, por mais que mil
respostas sejam dadas, a realidade é uma só: a vida é única para cada um de
nós e o que importa é como nós, seres humanos, conduzimos nosso modo de
viver sem prejudicar o próximo, não deixando a “vida nos levar”, mas fazendo
com que ela seja vivida em sua plenitude na direção que a guiarmos com
determinação e segurança.
*Professora graduada em Letras e Pedagogia com Pós-Graduação em Língua Portuguesa. Presidente
da Academia de Letras de Teófilo Otoni (licenciada), titular da cadeira 01.
Essência da vida: voltar-se para o outro
Elisa Augusta de Andrade Farina*
A vida é como um romance. Está cheia de suspense. Você não faz
ideia do que vai acontecer até virar a página. Cada dia é uma página diferente
e pode estar repleta de surpresas. Nunca se vai saber o que virá a seguir até
que a veja. Cada manhã é como uma sequência de uma virada da página
seguinte de um romance. É emocionante sentir o prazer da página que você
vai escrever a sua história. Pode acontecer alguma coisa maravilhosa ou
não, vai depender do seu posicionamento frente aos obstáculos que decerto
terão que ser enfrentados.
Somos seres incompletos, estamos em constante evolução. Nascemos
indivíduos, mas a meta é alcançarmos a condição de pessoas. Nessa travessia o aperfeiçoamento sustentará os pilares que estabelecerão o conceito de
pessoa a ser formada. Pois ser pessoa, nada mais é do que “dispor-se de si
e dispor-se aos outros”.
Ao nos dispormos aos outros, fazemos uma interlocução entre o “eu”
que me identifica e o “outro” para quem eu me volto. Ser sujeito refere-se à
capacidade que o homem tem como ser humano de ser singular, pessoal,
particular, reservado. Junta-se aos outros para compor o todo, não deixando
de ser o que é.
Ser o que somos demanda cuidado, já que não é possível ser somente
na solidão, necessitamos do encontro, pois a vida é feita desses embates.
Quando as pessoas possibilitam voltar-se para o outro, concretizam o
ato de suas singularidades, permitindo que as mesmas se pluralizem, misturem e acima de tudo advenham daí as influências que demarcarão suas
existências.
A dinâmica é estupenda, as nossas melhores amizades foram estabelecidas pela casualidade de encontros que se perpetuaram e nem por isso a
nossa subjetividade correu o risco de ser diluída em função do outro.
O desafio é constante, a iminência do risco é real. Os inimigos também
chegam pela força desses encontros, cabendo a nós perceber a veracidade
ou não dessa nova abertura que se nos apresentam como nova forma de
contato ou sua execração definitiva.
A facilidade de se perder a centralidade do nosso “eu” na pluralidade
do mundo e na entrega do outro, é um risco que corremos a todo momento,
pois nos falta a convicção que nos permitirá fazer essa análise, ou porque
estamos nos firmando intuitivamente ou por conta de uma racionalidade exacerbada que tolda qualquer possibilidade que venha surgir.
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Cabe a nós acreditarmos no valor da nossa potencialidade de desconsiderar pessoas que nos esmagam, que nos viciam, dos que pensam
por nós, que nos roubam a nossa autonomia, fazendo-nos prisioneiros de
nós mesmos.
Nós escrevemos a nossa história da melhor forma possível, oportunizar a todos, fazer parte ou não da mesma, vai depender de como estamos
dispostos a permitir que invadam a nossa privacidade, deixando à deriva os
nossos mais íntimos sentimentos.
Temos que ter a certeza de que nenhuma ansiedade ou sentimento
menor vai prevalecer nesse compartilhamento de ideias ou ideais que estamos pontuando, antes de tudo, o que importa é a nossa integridade, é a
nossa busca de bem estar, é o voltar constante do “eu” para o “outro”, perpassando todos os valores capazes de nos tornar pessoas melhores a cada
virada de página do livro da vida. Só assim, alguma coisa maravilhosa pode
acontecer em cada manhã da nossa existência.
*Graduada em Filosofia, Professora Universitária, escritora e Vice-presidente da Academia de Letras de
Teófilo Otoni, titular da cadeira 06.
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Essência da vida
Wilson Ribeiro*
A raça humana é a única espécie no planeta terra capaz de refletir,
pensar sobre suas ações e projetar os seus conhecimentos para uma
vida melhor.
No entanto, não somos apenas seres pensantes, mas também somos
seres ativos no meio em que vivemos, mantendo relações constantes não
somente com nossos semelhantes e com todas as formas de vida existente.
Por meio de uma análise sobre a vida, devemos estar cientes das obrigações e das cobranças da sociedade, avaliando e analisando com profundidade o motivo de realmente vivermos, porque cada indivíduo possui experiências únicas.
Dentre as espécies na terra, talvez seja o homem o que mais buscou atribuir o sentido da vida, buscando incessantemente captar a essência de viver.
Qual relação entre nós os entes queridos, os amigos? Qual importância da cultura de cada povo e o quanto ela pode interferir nas nossas decisões e conclusões? Em um tempo em que é possível avaliar a vida com
mais tranquilidade e sabedoria, novas respostas surgem para o verdadeiro
objetivo da existência.
Há quem afirme que a essência da vida está na capacidade de pensar
e refletir sobre a própria existência, visando compreender certos mistérios
que a envolvem, tais como: De onde venho? Por que estou aqui? Para onde
vou? Quem sou eu?
Seus pensamentos são responsáveis por aquilo que você realiza, são
eles que dirigem suas ações, determinam as oportunidades que surgem na
sua vida e afetam as tentativas de você concretizar algo. Se você deseja
mudar sua vida, deve alterar seus pensamentos. Para isso necessita saber
quais as leis que os regem. Mas não é só isso: Você precisa focar nos seus
objetivos de vida e não se deixar levar por distrações.
Muitas pessoas são movidas pelo mundo aparente, tornando-se prisioneiras das ilusões mundanas, priorizando a matéria por entender que a felicidade está associada à capacidade de possuir bens materiais transitórios.
Em suma, compartilho da ideia que o essencial da vida está na capacidade de direcionar os conhecimentos com intuito de proporcionar um mundo
melhor para todos.
*Escritor, reside em Pavão/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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A Essência da vida
Ilda Maria Costa Brasil*
Fim de tarde. Lá fora, a água cai torrencialmente. Em meu peito, tristeza e dor. De meus olhos chovem desencantos e nostalgia. Os ruídos da chuva e os das lágrimas confundem-se, um misto de melancolia e solidão. Em
meu peito, uma energia estranha, sufocante e forte. Acredito serem partes de
minhas inquietações que, após algum tempo reprimidas e sufocadas, rompem suas represas e se aventuram por caminhos entremeados por medos e
por incertezas. O momento é de muita ansiedade e de busca. Corro atrás de
uma verdade que não sei identificar e tão pouco explicar.
Não há espectadores, apenas eu e meu desconforto emocional repentino. Embora com os olhos lacrimejantes, amedrontada e apreensiva, procuro
arrancar de mim este mal estar. A vida é efêmera, complexa e frágil. As minhas sensações e emoções estão desordenadas. Não é possível entendê-las
e, contrapondo os conflitos de minh’alma, está o Criador a regar a natureza e
a semear a esperança de dias vindouros. O que está acontecendo? Estarei
eu não sabendo lidar com os diferentes núcleos das minhas emoções?
Uau! Que trovoada estridente! Chuva, lágrimas, relâmpagos... E, como
nos contos de fadas, o cenário se transforma. Desaparece a melancolia e
surge uma alegria contida de menina sedenta de afeto e de carinho.
Com serenidade e com calma, olho para o infinito e, num curto espaço, vejo-me a brincar na chuva quando garotinha. Levanto-me do sofá e vou
à porta que dá para o pátio. Paro e olho para o céu carregado de nuvens
negras e deixo-me envolver pela chuva que cai. Nesse momento, lembranças
e vivências da infância afloram. A garotinha sente-se dona de belíssimos sonhos e de fantasias; no entanto, a mulher madura, que ali está, encontra-se
só e muito triste.
Continuei, por algum tempo, sem saber explicar e definir meus sentimentos; era incapaz de compreender o que estava acontecendo comigo.
De repente, uma força interior diz-me para agir e, a passos lentos, deixo-me
levar pela menina que renascera há poucos minutos. Sorrindo, corro para a
chuva.
À proporção que a água cai sobre o meu corpo, reencontro a essência
da vida.
*Reside em Porto Alegre/RS. Formada em Letras: Português-Inglês; Pós-Graduada em Recursos Humanos para Administração e Supervisão de Escolas, na PUC-RS, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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O tapete amarelo
Marlene Campos Vieira*
Chego na janela e vejo o tapete amarelo.Fico ali parada, viajando no
tempo. Meus olhos fixos no tapete de flores amarelas que a árvore da casa
ao lado floriu e se cobriu, despejando pétalas na frente da minha janela.
Por certo é um presente, uma declaração de amor da natureza cobrindo exatamente o meu lugar, o nosso lugar: o universo.
Estar ali na janela fazendo minhas viagens interiores, correndo pelos
jardins suspensos da Babilônia, deitada no tapete amarelo é tudo que faço
ao acordar. Muito colorido sem nenhum borrão, arte do artista divino de
imensa imaginação.
Logo bem cedo pássaros cantam pulando de galho em galho celebrando um novo dia. As abelhas trabalham incansáveis, são flores incontáveis
para extrair o mel. Essa é a essência da natureza: fechar os ciclos, encerrar
os capítulos, esquecer-se do inverno e viver a ardente primavera.
Assim vou cultivando meu interior, namorando o tapete amarelo, agradecendo ao artista maior que com esmero o produziu.
Parece tão inacreditável que o vizinho plantou uma árvore e ela vez um
tapete para mim. Que majestoso! Todos que passam por ali também podem
pensar assim. Vou viver o amarelo, é a alegria da cor, fotografar em minhas
pupilas esse acontecimento inesquecível. Fazer uma gravação no CD da minha memória e passá-lo sempre, ouvindo o cantar alegre dos pássaros na
árvore amarela.
Penso no hoje, no agora, na minha alma colorida de um amarelo vibrante, o amanhã fica a cargo do artista e seu pincel mágico. Viver é se refazer sem medo de ser feliz, então o inesperado acontece e aparece um tapete
amarelo na sua janela.
A natureza convida: fechar os ciclos, abrir-se ao novo, voar no tapete amarelo...
*Educadora, escritora e membro titular da cadeira 29 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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A essência da Vida
Sandra Ramalho de Oliveira*
Todos nós buscamos a felicidade, mas poucos sabem como ela
é conquistada. Não se compra felicidade. Ela brota em nosso coração,
pois é fruto de uma consciência tranquila, pura e amorosa. É a nossa
essência espiritual.
No mundo atual, a sociedade nos leva a procurar o prazer e a
riqueza. O sistema econômico tem semeado erros sucessivos. Sua estrutura, apesar da grande evolução tecnológica, está formando homens
solitários, gananciosos, egoístas e ambiciosos.
A sociedade doentia valoriza sempre o ter e não o ser.
O sistema de valores se baseia em ilusões, falsidades, fazendonos acreditar que a riqueza supre qualquer necessidade. Mas a fonte da
riqueza é a consciência equilibrada.
A vida é um processo de evolução, é o leme que conduz nosso
barco rumo à felicidade.
O desenvolvimento mental e espiritual é determinante para se adquirir a sabedoria, que é a verdadeira fonte da felicidade.
“Sabedoria não se acha em livros e sim na arte da observação de
cada detalhe da vida” (autor desconhecido).
Todas as observações nos remetem ao Criador.
Certamente a vida foi criada com um propósito. Se pensarmos bem
sobre isso, acharemos os meios de vivê-la plenamente e descobriremos
a missão que temos de cumprir para construir um mundo melhor.
O que realmente importa é aprender a amar e compartilhar esse
sentimento com os nossos irmãos.
Cultive virtudes nobres como a humildade, compaixão, justiça, sinceridade, harmonia, misericórdia e promoverá a paz.
O crescimento espiritual nos dá a dimensão do profundo, aprimora
nosso sentimento, acende nossa luz interior.
Desperte o coração e o espírito e sentirá o vínculo que tem com
a vida.
Alice Miller diz: “O espírito humano é indestrutível e sua capacidade de se erguer das cinzas persiste, enquanto o corpo respirar.”.
Encontrará a paz interior e conseguirá controlar a mente provocando uma mudança no comportamento.
A vida sem objetivo espiritual torna-se vazia.
Despertar a espiritualidade é retornar à força primordial do universo... DEUS. É fazer desabrochar o entendimento do porquê e para que
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fomos criados.
Descobrir a essência da vida é o fundamento de todo o ser e para
isso, basta-nos refletir sobre a sublimidade e a perfeição da natureza. É
ela com certeza que nos levará ao encontro do Criador.
Assistente Social. Atualmente desenvolve trabalho voluntário do Núcleo do Câncer aplicando REIKI em
Caratinga/MG. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Essência da vida
Antonio Sergio Torres Ferreira*
...Quando os fatos sobrepõem a razão,
a vida explana ao olhos o delongar do tempo,
onde questionamos o certo e o errado,
contingenciando os sentimentos,explodindo do peito.
Maximizamos a dor, multiplicamos o amor,
afloramos todos os sentimentos até os mais vulgares,
já não nos permitimos o doce olhar de uma criança,
desfiguramos em auto retratos, a árvore da vida.
O vento, que sempre embalou,
os sonhos de todos os “ICAROS”,
traz o perfume das manhãs,
das ensolaradas e doces primaveras.
O néctar, do mel da vida,
é vivenciar as experiências,
colhendo a sabedoria da mãe natureza,
que quanto mais a maltratamos,nos premia,
com as mais belas e singelas maravilhas.
Definirmos o bem viver,
não é tarefa de todo dia,
é a constante e incansável busca,
dos poetas,compositores,idealizadores,
é simplesmente a essência da vida...!
*É membro titular da cadeira 21 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Transitoriedade, a essência da vida
Mauro Marques de Carvalho *
Observando os mitos sobre a criação do mundo e o surgimento da humanidade, percebemos que existem certos traços em comum, em particular
a noção das ‘trevas primordiais’, a partir das quais teriam se originado a luz
e o dia (o Sol).
Além disso, a maioria dos mitos afirma que a vida teria se originado do
mar, ou da ‘água primordial’, cuja existência seria anterior à luz. Desse modo,
tudo o que surgiu estaria numa relação ‘filial’ com a escuridão e com o mundo
aquático, também referido como o Abismo, ou Caos inicial.
Portanto, a ‘escuridão primeva’ é identificada com o ‘mar primordial’
e, em última análise, com o caos inicial e com o ‘abismo’ (identificado com o
mar, que guardaria um mistério em suas profundezas).
Outro ponto comum a todas as mitologias é a associação do Céu (ou
Firmamento) com o mundo das divindades (seres espirituais superiores), e da
Terra (o mundo material) com os seres inferiores.
É também um tema recorrente, embora não seja unânime, a presença
de uma substância ‘anterior à existência’, que teria sido, não exatamente
criada, mas organizada pelo Criador, ou ‘Demiurgo’.
A maioria dessas explicações tem caráter religioso.
Impossível afirmar com certeza como surgiram as religiões, uma vez
que, quando elas surgiram, o ser humano ainda não havia dominado a escrita
e, por isso, não há registros totalmente confiáveis dos acontecimentos. O que
se sabe com certeza é que os sistemas religiosos sempre influenciaram em
grande parte a vida social de todas as civilizações conhecidas.
Os primeiros a questionarem as explicações religiosas para os acontecimentos do mundo parece terem sido os helenos que, em determinado
momento, passaram a buscar explicações racionais para os fenômenos da
natureza, em lugar das explicações mitológicas.
Chama a atenção no pensamento desses primeiros ‘físicos’, ou ‘filósofos da natureza’, o acentuado materialismo, tendência que desde então vem
se confirmando no mundo ocidental, que parece negar qualquer possibilidade
de existência, digamos, espiritual. Porém, seu pensamento era profundamente influenciado pela religião na qual eles foram criados.
Em outras palavras, os filósofos helênicos herdaram da antiga tradição
religiosa diversos conceitos, dentre os quais a personificação das divindades.
Assim, a amizade (ou amor), e o ódio (ou discórdia), presentes na filosofia
empedocliana, eram, na verdade, os deuses Eros e Eris, personalidades responsáveis pela união ou desagregação das coisas existentes.
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Dentre os filósofos havia, inclusive, alguns para quem os objetos materiais constituíam o ‘não-ser’, enquanto os verdadeiros seres pertenceriam
ao mundo espiritual. Dentre esses, destaca-se Platão, para quem o mundo
material é apenas ‘uma sombra’, uma cópia das coisas existentes num mundo melhor, de onde tudo proveio, a que ele chamou ‘mundo das ideias’ (ou
‘formas primordiais’).
Isto se reflete na Ciência, que até agora não conseguiu dar uma explicação estritamente material para a existência do cosmos. Por mais que
possamos regredir até um big bang ou um buraco negro, sempre restará a
pergunta: Sim, mas como isso pode acontecer? De onde veio esse buraco
negro e a matéria que ele atraiu para gerar a grande explosão?
Em outras palavras, “o mais antigo que se conheça não é o primeiro
que tenha existido”. E isso nos levará sempre a buscar a resposta no mundo
celestial, quer dizer, numa divindade que não teve começo, embora essa
ideia seja extremamente difícil de aceitação entre nós, acostumados ao nosso mundo de causa e efeito.
Na realidade, a noção de um Ser Supremo, de natureza espiritual, contrabalançando a concepção materialista do universo vem permeando todo o
pensamento ocidental, desde os primeiros filósofos. Desde então até os dias
atuais, a explicação religiosa, ou espiritual, tem sido a mais racional, por mais
irracional que possa parecer. Até mesmo nisso o nosso mundo é dual!
De modo que a maior contribuição da filosofia, nesse terreno, parece
ter sido a noção de uma divindade única, um Ser Supremo, independentemente dos vários nomes que lhe possam ter sido atribuídos: seja o Nous de
Anaxágoras, o Demiurgo de Platão, ou o Primeiro Motor de Aristóteles, a verdade é que a filosofia, apesar de todo o materialismo que lhe é concernente,
legou-nos, por assim dizer, a ideia de um Deus único. Para Xenófanes de
Colofon, por exemplo,
Há um Deus acima de todos os deuses e todos os homens. Nem sua
forma nem seu pensamento se assemelham aos dos mortais. Historicamente, tanto os hebreus quanto os helenos sofreram forte influência da cultura
egípcia que, por sua vez, deriva da cultura mesopotâmica. De modo que
Babilônia ou, ainda mas remotamente, a Suméria, pode ser considerada a
‘mãe’, a origem de toda a cultura ocidental e médio-oriental, judaico-cristã,
disseminada pelo Império Romano (lembrando que o termo ‘cristo’ é de origem helênica).
Por outro lado, confirmando a dualidade desse mundo em que vivemos, encontramos no Oriente a oposição ao materialismo ocidental, expressa principalmente no pensamento hindu.
Quanto ao sistema filosófico chinês, este não é, afinal, tão diferente
da abordagem grega, ocidental. Parece-me que a principal diferença está na
maneira de expressar as opiniões, isto é, na linguagem utilizada, e não nas
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conclusões em si.
Finalizando o nosso pequeno ensaio, podemos concluir que todo o
pensamento humano − religioso, filosófico e científico − vem evoluindo ao
longo da história.
Isso é mais evidente no mundo ocidental, por mais bem documentado,
podendo-se acompanhar a sua evolução, a alternância de opiniões, os sincretismos e separatismos etc.
O pensamento oriental, por outro lado, é pouco documentado e, além
disso, mais conservador, modificando-se e diversificando-se muito pouco ao
longo do tempo.
Talvez o grande problema seja o de tomarmos por certas e definitivas
simples suposições, e moldarmos nossas vidas por elas, como se fossem a
verdade suprema.
Uma das características de nossa Ciência é o fato de que as grandes
verdades de ontem são objetos de riso na atualidade.
Isso leva-nos a crer que, da mesma forma, aquilo que temos agora por
verdade absoluta, em breve será superado.
Desse modo, acredito ser por demais importante aceitarmos o fato da
transitoriedade do conhecimento, assim como da vida. (Mesmo que esta possa, de algum modo, continuar após a morte...)
*Médico, escritor, reside em Manaus/AM, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Um soneto a Deus
Alhis Ribeiro*
A essência da vida: virtudes e sentimentos
Em torno de um santo amor imenso
Que moldou a terra, o céu, o sol intenso,
E as coisas que brotam ressentimentos.
Essenciais somos quando há alguma essência
No ventre de nossas almas sofridas
E que vem a nascer renovadas vidas
Que não venham cair no poço da demência.
Onde os falsos opulentos vivem atordoados.
São eternos descobridores do nada
E surdos aos sons dos gritos esperançados .
Deus é a árvore frutífera que há em mim,
Seus frutos nutrem a essência
De toda a minha vida até o fim.
*Universitário do curso de Tecnologia em Radiologia/Fategídeo-Teófilo Otoni/MG.
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A essência da vida
Rogessi de Araujo Mendes*
Invisto na meditação do que vejo a minha frente, pouco distante, um pé
de cajá, aparentemente sem vida, desfolhado completamente; galhos retorcidos; denodo de morte. A essência da vida daquela árvore, o que a mantém
viva, são às suas raízes que, adentraram à terra; canais de alimento e, sobrevivência da mesma, tal ruptura seria morte iminente.
O pé de cajá está firmado em suas raízes, por assim está, no tempo
determinado morrerá, em pé.
Em síntese: a preservação de nossas raízes – a ética e a moral –; o
respeito concernente ao alheio evidencia a essência da vida, vital para um
mundo melhor – o amor. Dele surge a multiplicidade de sentires – raízes
fluentes de uma maior.
A ruptura desses marcos antigos1, ou, raízes, evidenciados, através da
“educação” moderna, constrange-me. A abertura demasiada que os jovens
vivem nos dias atuais, tende a degenerar-lhes o caráter. A moderação traz
o equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas. Fui partícipe de um diálogo,
há pouco tempo, com um senhor desconhecido, até então, mas que estava
sedento por um desabafo; estávamos em um consultório médico – na sala de
espera – quando, aquele pai iniciou a conversa:
– Comumente, levo o meu filho, Marcos, ainda adolescente, à escola;
moramos distante, temos que usar o nosso carro; continuamente escuto as
suas murmurações – finjo não entender o óbvio – tentando-me convencer a
deixá-lo seguir, precocemente, só. Pensa estar crescido, não quer ser visto
pelos colegas, em minha companhia, ou, em companhia da mãe; não permite abraços, diz não querer “pagar mico,” devemos isso à modernidade, não
é mesmo? Isso me entristece... Porém, algo tem mexido comigo: observo,
sempre, um jovem, mais ou menos da idade do meu filho que, todos os dias,
sentado na murada perto do portão de entrada da escola; quieto e solitário,
nos olha de um jeito... Se o olhar insistente do garoto chama a minha atenção, mais ainda é o fato de ele, entrar logo após o Marcos.
Imagine que, ontem, quando fui buscar o meu filho, à saída da escola,
encontrei-o com um olho roxo. Fui à secretaria me informar sobre o ocorrido,
a diretora falou-me:
– Na hora do intervalo, um coleguinha do Marcos perguntou-lhe o motivo de ele se esquivar dos pais e, entrar apressadamente na escola... Ele
respondeu-lhe que não era criança que, os pais eram “um saco...” O garoto
respondeu ao seu filho: – Bem que eu queria os dois sacos que você joga
fora todo dia! Queria ser abraçado, beijado; não andar tantos quarteirões, pra
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chegar à escola; você não merece os pais que tem!
– Ouvi em silêncio o desabafo daquele senhor... Enfim, falei: amanhã é
um novo dia, espero que o garoto esteja no mesmo lugar...
1
– (... Não remova os marcos antigos...) Pv 23:10. Hermeneuticamente falando trata-se
de não remover os limites de terras antigas, nem invalidar o campo dos órfãos.
*Educadora e escritora. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Reside em Recife/PE
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A Essência da Vida
André Nascimento*
Essência tem a ver com as propriedades imutáveis de alguma coisa.
E sobre a vida não podemos afirmar muita coisa, a não ser que ela é bela
e misteriosa. Sobre a essência da vida então podemos dizer que seja essa
propriedade singular que temos os seres humanos de viver e julgar se isso é
uma dádiva ou um castigo, dependendo do ponto de vista.
Segundo Einstein “Há duas formas para se viver a vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um
milagre”. Por isso dependemos do ponto de vista de cada vivente, ou “sobrevivente”, se for o caso.
A lindeza ou o horror que há em viver vai depender de cada um de
nós pelo fato de sermos seres únicos, peculiares, e termos experiências
também únicas, porém diversas a respeito dessa grande aventura que se
chama viver.
Sendo assim, acho que seria conveniente concordar com Einstein,
já que a vida, essa aventura tão louca e individual, mesmo com as tristezas e percalços, deve ser entendida como um presente. Deve ser absorvida como um sublime milagre e vivida com esperança e amor. Esse
presente deve ser vivido intensamente, enfrentando as adversidades e
saboreando as alegrias.
*Escritor e Professor de Língua Portuguesa - Teófilo Otoni/MG.
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Compromisso com a Vida
Flávia Assaife Campos de Almeida*
Comprometo-me
Todos os dias refletir sobre o caminho
Olhar o sol e sentir-me energizada
Olhar o mar e perceber que as adversidades
São como o ir e vir das ondas que quebram na areia
Ora serenas e tranquilas outras agitadas e revoltas
Mas sempre quebram na areia...
Comprometo-me
A ouvir o cantarolar dos pássaros
A sentir o perfume das flores
A beleza dos jardins
Comprometo-me
A olhar o próximo com respeito
A não fazer maledicência
A lembrar que tudo tem ação e reação
Que comportamento gera comportamento
Comprometo-me
A tentar perdoar as injustiças
A tentar diminuir a violência
A fazer a minha parte no ciclo da vida
Comprometo-me
A enfrentar os obstáculos com coragem
A superar a dor e a mágoa com perdão
A enxugar as lágrimas com o sorriso
A olhar as adversidades como oportunidades
Comprometo-me
A ser eu mesma em sua essência
A evitar as máscaras que a vida oferece
A compartilhar o caminho com outros
A simplesmente viver...
Comprometo-me.
* Escritora, Consultora Organizacional e Professora Universitária, reside no Rio de Janeiro é membro
correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Ciências X Religião
Helena Selma Colen*
Durante uma reunião realizada em nossa escola, o diretor pediu ajuda aos
professores para a realização de um desfile cívico em nossa cidade. Quando o
nosso grupo decidiu quem iria participar e como seria o desfile, ficou decidido que
o tema seria:”Ciências X Religião”. Logo em seguida começaram os comentários,
um opina daqui, o outro dá outro palpite dali, quando finalmente chegaram a um
consenso ouviu-se um ruído um pouco insistente e um lacaio tendo em uma das
mãos um cajado bateu várias vezes no chão e anunciou:
_“Sua majestade: D. Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de
Bragança e Bourbon.
Nosso diretor muito pacientemente tentou explicar-lhe;
_“Majestade! Eu pedi apenas uma comemoração! Um desfile!” não vejo
motivo para o senhor encontrar-se tão nervoso!
Outra professora do nosso grupo tentou argumentar:
_“D. Pedro! Nós estamos apenas tentando obter as respostas.D. Pedro que
parecia cansado exclamou:
_“Foi procurando as respostas que bradei:”
_“Independência ou morte”!
_Novamente o lacaio batia com o bastão:
_“Sua Majestade está a se retirar”.
Todos naquele recinto emudeceram de verdade, mas continuaram a preparar os passos, as vestimentas e os ensaios para o dia do desfile.
No dia 07 se setembro de 2012 teve início ao desfile cívico com todo o
aparato que o dia pedia. Em frente `a escola, todos aguardavam ansiosos debaixo
de um sol escaldante.Na frente, as bailarinas com suas roupas pretas e vermelhas
com detalhes dourados que sob os raios do sol cintilavam como ouro e pedrarias.
Logo após as bailarinas, o bloco dos professores representados pelos alunos, professores que haviam trabalhado pelo bem do município. Em seguida lá estava ele
“O PELOTÃO.” Que era composto por:dois alunos semi-nus, belos representantes
dos dois sexos, um homem que levava o barro que lembrava que o homem havia
sido por ele formado, um padre e um pastor que mostravam a repressão da Igreja
sobre a sociedade, uma mulher, tendo uma serpente enrolada ao corpo,recordava
a todos que Eva havia sido tentada por ela, outra mulher levava na mão uma
proveta e na outra um bebê que lembrava a evolução da ciência ao mostrar ao
mundo o 1˚ bebê de proveta ,uma mulher grávida mostrando a criança em formação dentro de outro corpo, quatro moças levavam as letras iniciais das palavras do
DNA,(guanina, citosina e adenina) um cartaz com o desenho do mesmo na cadeia
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evolutiva, belas moças levavam as letras que representavam a formação da mesma e suas bases nitrogenadas, um pequeno macaco lembrava a possibilidade de
ser o homem descendente daquele mamífero, dois alunos com uma faixa com os
dizeres: “Não são as respostas que movem o mundo e sim as perguntas”
A marcha continuava e somente se ouviam os passos cadentes dos alunos
e as batidas da fanfarra, que em uníssono acompanhavam os passos dos alunos.
Passaram pela praça próxima da escola e desceram em direção ao centro da cidade, o povo aplaudia com bastante entusiasmo mesmo não compreendendo muito
tudo que estava sendo apresentado.
Ao atingir o ponto máximo das expectativas dos organizadores, o enorme
grupo aproximava-se do palanque, onde o diretor da escola explicava com um
misto de paciência e entusiasmo.
_“Agora! Estamos apresentando o pelotão” Ciências X Religião” esses dois
alunos com folhas de parreira lembram Adão e Eva no paraíso, teriam mesmo
cometido o pecado de comer a maçã? E o homem com o barro? Somos realmente
o resultado final de um trabalho com ele? E a serpente? Eva foi realmente tentada
por ela? E a voz continuava formulando perguntas. E o DNA, guarda todas as
heranças genéticas?
Naquele momento D.Pedro aparece com sua comitiva e dirigindo-se aos
organizadores do pelotão indaga:
_E a essência? Vós a encontrastes ? João Victor, aluno do 1˚ ano, responde
para aquela figura naquele momento tão emocionante e necessária:
_Está aqui no meu bolso. Já borrifei em mim e em todos os meus colegas,
estamos todos perfumados. D.Pedro quase o fuzilou com o olhar:
_Estou a falar ó gajo, da outra essência! “a da vida” aquela que formula
perguntas, que é motivo para pesquisas, da qual nascem as inquisições e os debates, que nem todos os filósofos do mundo conseguem explicar e que nem toda
a tecnologia dos dias atuais consegue desvendar.
Percebendo a perturbação dele uma professora e outra se entreolharam e
arriscaram a dizer:
_Senhor! Não obtivemos ainda as respostas, mas continuaremos a procurá-las, vamos aguardar. Ele respondeu entre os dentes:
_Não antes de mim, é claro.
Naquele momento, os alunos saíram atrás dos professores que distribuíam
o comprovante do desfile, e que garantia para todos os participantes o direito aos
pontos pela participação.
*Professora e escritora, reside em Ladainha/MG, é membro correspondente da Academia
de Letras de Teófilo Otoni.
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Sejamos rosas humanas
Leandro Bertoldo*
Definitivamente a vida é algo que merece ser celebrado. Acontece que,
culturalmente, fomos ensinados a lutar contra o negativo, tanto pessoal quanto coletivo. Pense nas vezes quando você era criança e ao se aproximar de
uma pessoa na rua foi severamente punido com a frase: “não converse com
estranhos, é perigoso!” E como isso fez com que se tornasse uma pessoa
egoísta, fechada em si mesma e com muito medo do novo. Ou seja, o ser humano, que é o nosso próximo a quem devemos “amar como a nós mesmos”,
virou o nosso pior inimigo... Muitas vezes não deixo minha filha conversar
com estranhos. Também faço parte dessa síndrome coletiva do medo e do
abandono. Estamos falando de raízes profundas em nossa psique que não
se desfaz de uma hora para outra. Mas devo dizer, é preciso repensar.
Não raramente somos assolados por sentimento e pensamentos confusos repletos de estagnações energéticas de baixa frequência que nos aprisionam em estados mórbidos. Por mais que tentamos sair, há uma parte
de nós que insiste em ficar e, muitas vezes, essa parte é mais poderosa e,
assim, ficamos prostrados à mercê do que não queremos, pelo menos conscientemente. Mas nosso inconsciente é formado por sensações que muitas
vezes desconhecemos e são elas que nos mantêm inativos. Essa inatividade
dá espaço para o negativo que, não encontrando a resistência adequada, se
instala em nosso ser e nos faz direcionar nossas ações de forma às vezes
inadequadas contra os outros e contra nós mesmos. Neste ponto, o que nos
é de maior valor – a vida – começa a perder o sentido e, se não cuidarmos carinhosamente da questão, iniciamos um processo sabotador de nossos próprios desejos, fé, amor, alegria e mergulhamos em um mar de lamentações.
A vida, assim, se torna um fardo e, ao invés de celebração, passamos a viver
um grande tormento. Claro: Não é isso que queremos.
É bom que saibamos que todos nós expressamos estes sentimentos
em maior ou menor grau. Tristeza, frustração, decepção são sentimentos naturais; o que não é natural é permanecer com eles para sempre. Aliás, faz
parte de nossa construção como seres em evolução, saber lidar com eles. Se
a vida fosse um bem o tempo todo não haveria crescimento e, curiosamente,
tudo seria sem sentido. Olha que coisa maravilhosa! Há positividade nos sentimentos negativos, desde que transmutados. E como fazemos isso? Devo
dizer que a simplicidade do entendimento não condiz com a complexidade da
ação. Não podemos nos iludir, não é fácil. Trilhar este caminho foi o motivo
de vida de muitos mestres, de muitos sábios por gerações inteiras. Porém,
isso não deve e nem pode nos desestimular de nos atrelarmos aos mesmos
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ensejos, afinal, somos todos feitos da mesma essência amorosa e sábia e,
portanto, temos a mesma capacidade de acesso.
Não se trata aqui de um manual ou de uma cartilha passo-a-passo.
Somos seres livres e com grande capacidade individual de encontrarmos o
caminho de casa. Cada um de nós está apto a isso, mas se olharmos com
um pouco de cuidado e esmero, perceberemos que seja qual for o caminho
escolhido há a presença de algo em comum, ou seja, a prática do oposto,
isto é, se está triste, pense em alegria; se está doente, pense no alívio. Antes
mesmo de tomar um posicionamento quanto a isso, pense ou lembre que eu
não disse que seria fácil. Agir assim requer empenho, muita vontade, perseverança e uma fé inabalável no grande processo da vida.
Assim, escolha pensamentos que o façam feliz. Faça coisas que o deixem feliz. Esteja com pessoas e em lugares que o façam se sentir bem. Se
isso, por alguma razão, não for possível, imagine-se sendo um jardim rodeado
de flores por todos os lados. Cada flor é um aspecto positivo de sua vida, de
sua potencialidade como ser humano perfeito e pleno. Não sucumba à tentação de relacionar perfeição com seu estado físico. Perfeição é muito mais do
que isso, perfeição é estado transcendental e você é um ser transcendente,
mesmo que não saiba disso. Abra espaço e crie novas experiências afirmando positivamente o que você quer absorver desta vida. O subconsciente é a
terra, o que você emite em forma de pensamento é a semente, sua palavra
é o adubo que faz brotar a felicidade. Isso tudo, em uma palavra, chama-se
essência. Por isso, lembre-se: Quando deixamos que a essência penetre em
nossas vidas e em nossos corações, passamos a exercer, independente de
quaisquer situações, uma verdadeira oração dinâmica absolutamente autêntica e silenciosa, o que fortalece ainda mais a sua abrangência e, assim,
nos transformamos. Mire-se no exemplo da rosa segundo a célebre frase do
poeta e filósofo Angelus Silesius: “A rosa não tem porquê. Floresce porque
floresce. Não cuida de si mesma. Nem pergunta se alguém a vê”. Ou seja,
ela simplesmente é. E isso é tudo. Está nela toda a essência da vida numa
virtude inabalável. Portanto, sejamos assim. Sejamos rosas humanas.
* Professor e escritor, reside em Padre Paraíso/MG. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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A Essência da Vida
(visão clássica)
Guiomar Sant’Anna Murta*
Suponho ser talvez da vida a própria essência,
o movimento em si, só isto: movimento.
A ânima que tem o sumo da existência
vem da moção de Deus, é da vida elemento.
Se Deus falou, soprou, ao criar a vivência,
o movimento fez (bastando pensamento)...
Assim, o Criador, em sua sapiência,
mistério revelou: mover-se é fundamento.
Se faz, ao se mover, o ciclo evolutivo...
Pulsar é próprio dom do ser vibrante, vivo,
tal como o orbital trajeto dos planetas.
Também inspiração se move, sutilmente,
pulsando a ritmar o coração e a mente,
no verso que traduz a essência dos poetas.
A Essência da vida
(visão moderna)
Se penso, logo hesito...
penso o logos
e o mito
à procura da essência.
Penso, logo insisto
em ousadia.
Se existo,
há movimento...
Sempre tento
ser poesia,
na cadência
do meu verso!
Cópia da sintonia:
Vida-Essência-Universo.
*Professora universitária aposentada, assistente social aposentada. Função atual: contadora de histórias.
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Quando quase perdi a essência da vida
Walter Teófilo Rocha Garrocho*
Numa noite fria, pedi mais uma dose de cachaça. O copo vem pela metade
exalando um cheiro de miséria, revolta, desprezo pela vida. Afinal, ainda questiono, onde mora a decantada felicidade?
A minha boca fede, os meus olhos são vermelhos como sangue. Não reconheço ninguém, balbucio palavras sem nexo, imagino estar sendo perseguido por
fantasmas imaginários que só eu conheço ou entendo.
Retiro do bolso um dinheiro amarrotado. O dono do bar não quer pagamento. Tem pena de mim , da vida desgraçada que estou levando. Cabelos
grandes e sujos, unhas grandes e sujas, pés descalços, roupas rasgadas, barba suja e grande.
O frio é cruel e não perdoa os lúcidos. Já não sinto frio. O álcool anestesiou
meus sentidos e vou sem saber para onde. Volto a conversar sozinho. Tropeço
aqui e acolá. As pessoas me evitam, não querem contato. “Não, eu não converso
com bêbados”, “Não, quero distância”, “Não o conheço e nem quero conhecer”.
E os caminhos são confusos, um labirinto sem saída, um navio sem porto
de chegada, uma terra firme que nunca chega, uma mão amiga que nunca chega
e vou tropeçando no labirinto de desgraça e miséria onde as trevas invadem cada
vez mais minha mente corroída pelo vício.
Um farrapo humano entre muitos a vagar, uma escória sem oportunidades
a mais no contexto da sociedade hipócrita, uma pedra no caminho da luz, um grito
sem eco, um vaso fétido sem descarga, um rio poluído pelo esgoto dos sem consciência, um corpo em putrefação, uma fotografia amarelada como muitas penduradas nos cortiços da pátria de todos.
E assim chego à loucura. Sim, a loucura chegou arrastando-me para um
hospício onde hoje ainda respiro meus últimos anos, meses, dias, horas, minutos,
segundos. Dopado pelos remédios, já não percebo os fantasmas imaginários, já
não há pedras no caminho, já não mais uma escória para a sociedade.
Ali, entre belas árvores, sentado pelado como vim ao mundo em um banco
solitário e ouvindo a música “Nossa Senhora” de Roberto Carlos, tocada nas manhãs bonitas de Teófilo Otoni no programa do “radialista dos humildes”, meu amigo
Élbio Pechir, penso que estou chorando, não de tristeza e sim de alegria por estar
encontrando a essência da vida que pensei ter perdido.
*Escritor, residente em Barbacena/MG, Técnico em Administração, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Reflexões
Altamir Freitas Braga*
Quando temos como meta a busca de nossa essência, a vida será uma
pluma em nossos ombros.
Nos meados do século XVII Madame de Stäel, escritora e socióloga
francesa, resolveu sair mundo-a-fora esperando encontrar o ser feliz. Por antecedência, imaginava que o ser humano tranquilo e em paz consigo mesmo
seria aquele que se integra às coisas naturais. Aquele que, em síntese, possui o dom de medir, qualificar, sopesar e retirar em seu - che dove se vive - a
verdadeira razão de ser, ter, viver e olvidar o que há além de suas fronteiras.
De princípio o ser humano, por natureza, é criado para as relações domésticas e, sendo assim, não deve levar a sua ambição além desses limites, senão
graças a irresistível atração pela estima geral. Naquela época predominava
o pensamento filosófico das ideias revolucionárias. Do avanço material ou da
busca incessante pela dominação burguesa e as ideias libertárias. Saindo,
pois, da vida encastelada em que vivia Madame de Stäel, inconformada com
toda riqueza a seus pés, resolveu ir à cata do ser feliz; antes desconhecendo
ou até desprezando a impossibilidade da felicidade no entender de Marcel Du
Marrais. Em algum lugar ela iria definir o que seria a verdadeira posição do
ser humano no cotidiano. Ela queria, a todo custo, identificar e registrar para
a posteridade que era possível alguém aqui ou alhures exercer concretamente a felicidade – dentro de seus próprios limites do sobreviver; e só.
Nas suas andanças constatou que o único ser humano feliz era o camponês. Lidando com a pá, o ancinho, a retirar cotidianamente o seu sustento
no amanho da terra saciava ao seu modo o essencial para a vida. Levanta-se
antes mesmo do alvorecer e mal o astro rei se despedia ele se recolhia ao
seio da família. Sim. Naquele tempo a rotina de um lavrador poderia ser a
própria razão de viver e, em consequência, ser feliz. Ele desconhecia para
além de seu quintal as ofertas de uma civilização que pecava pelo excesso.
Agora, aqui precisamos identificar se o limite de cada um é um extrato de vida
ou uma mera posição social.
O tema a decorrer é essencialmente filosófico. Viver não é tão somente
concordar com o ciclo evolutivo da vida. É buscar o equilíbrio no Binômio:
matéria-espírito. Sentir o carisma e o poder do racionalismo entremeado com
o lúdico. Penetrar em pensamento no mistério insondável da criação. “Referencia a vida aquele que bebe da fonte na concha das mãos”. Vive é sorver
o extrato maravilhoso de cada manifestação da natureza que tudo dá e retira
no seu devido tempo e ordem; ora mãe, ora madrasta. Dependendo, pois, da
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ótica dos acontecimentos que nos rodeiam o essencial para se viver poderá
ser o pão ou o simples centeio. Feliz é o mendigo que possa nas noites de intenso frio receber um apenas agasalho. Será o bastante para o seu momento
ou a sua própria essência de viver? Feliz será o crente premiado pelo retorno
de suas orações; feliz será o mundo sem intolerâncias e guerras.
O ser humano, ao longo de sua existência mística tem avançado na
busca do ideal de vida. A história se nos apresenta algumas civilizações que
experimentaram em momentos fugazes a tranquilidade de viver. Os Essênios, por exemplo, respeitavam a vida natural acima de tudo, escreveram
os mais antigos textos bíblicos e influenciaram o cristianismo (Manuscritos
do Mar Morto). Havendo, inclusive, entendimentos teológicos afirmando que
João Batista e Jesus eram essênios.
Mas, convenhamos, o avanço da humanidade não tem sido homogêneo em termos a definir o que é o essencial para o viver cotidiano. Utopia?!
No período anterior ao avanço industrial e tecnológico, isto é, na fase artesanal, a humanidade experimentou uma paz social relativamente estável.
Havia uma interação trabalho/família. O artesão provia o sustento de seus
familiares, na maioria das vezes, utilizando-se da produção agregada à própria moradia. Extraindo daí, que os valores éticos, religiosos, a convivência
aconchegante emprestava força à união familiar em busca de um Ideal, de
um vetor em que pudesse direcionar-se a uma sociedade condigna.
Retirar o essencial ou definir a essência da vida, eis a questão, parafraseando Shakespeare. O ideal de viver não se coaduna com busca de largos
e dificultosos horizontes. Tudo tem o seu preço. Destarte, o advento da indústria – o pós-artesanato - embora tenha brindado a humanidade com alguns
benefícios de ordem material, não logrou conservar a boa origem natural do
ser humano. Pelo contrário. Criou uma nova era. Era de incertezas no campo
econômico e social. O mundo industrial passou a ser um divisor de águas:
o materialismo versus espiritualismo; a ciência versus religião? A agregação
ou a discórdia no seio da própria família? Indubitavelmente, o ser humano se
encontra hoje no limiar de uma nova era. Nenhuma ideologia política se apresenta madura o bastante para injetar a segurança, desenvolvimento igualitário e permitir que se extraia dessa contraditória busca materialista um mínimo
de cultura do bem viver. Se por um lado, o advento da fase industrial nos
proporcionou certos confortos de ordem material, por outro lado, também nos
trouxe as consequências, por vezes desastrosas, da inversão natural das coisas. Hoje assistimos à crise econômica internacional; mudanças climáticas...
A essência não significa um substrato qualquer; vai mais além.
Como visto, a vida para ser bem vivida necessita de uma sobreposição
de fatos e diretrizes, por exemplo, se acatássemos o simples princípio de
Ulpiano: Viver honestamente (honeste vivere), não ofender a ninguém (nemine laedere) e dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere). E mais:
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“desejar ao próximo, de coração, todos os bens sobrenaturais e naturais que
contribuam para seu verdadeiro bem; alegrar-se de seus bens e entristecerse de seus males; desculpar quanto possível, suas faltas e defeitos; sofrer
os incômodos que nos ocasione e perdoar-lhe as ofensas; não lhe causar
constrangimento algum; fazer o bem a todos, não apenas aos que nos são
simpáticos; edificar a todos com o nosso procedimento e trabalhar na medida
das nossas forças pela salvação de todos”. Tais princípios não constituem
base fática para muitos neste planeta onde - “choramos ao nascer porque
chegamos a este imenso cenário de dementes”.
Bom seria refletirmos sobre a singeleza das coisas em nosso entorno,
buscarmos a espiritualidade, concretizarmos os valores humanos ou haveremos de suportar a incógnita de uma existência futura indefinida...
*Escritor, residente no Rio de Janeiro/RJ, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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A Vida, ato de Amor
Neri França Fornari Bocchese*
Doce é saber.
Não estou sozinho.
Sou uma parte.
De uma imensa vida.
Que generosa.
Reluz em torno a mim.
Imenso dom.
Do Teu amor sem fim.
A vida por si só é a maior manifestação de um ato de Amor. Seja de um
homem e de uma mulher ao quererem perpetuar-se no filho amado. Ou seja,
do Criador, Uno e Trino ao não querer permanecer sozinho. Se fez fraterno,
desmanchou-se em Amor, criando a Vida. Dela surgiu a Criatura, dotada da
capacidade de Amar. Com o desejo de ser sempre melhor. Permitindo a ela o
gesto contínuo pelos tempos afora de continuar re-criando a Vida, evoluindo
em todos os sentidos.
Qual deve ter sido o pensamento no instante Sublime, ao dizer façase? O momento do Sopro nada mais foi do que a essência da Vida, o Ar
penetrando no corpo, dando a existência. O viver em Plenitude, ser capaz de
subsistir por si só. Um gesto perdido nas Brumas do Tempo, mas repetido em
cada nascimento. Esse sopro, esse Animus, nada mais do que a essência
faltante ao recém chegado para se apossar de forma gratuita do viver em
perfeição, viver por si só.
Um ato questionado, com interpretações distintas, mas o mesmo, desde os primórdios da Vida ou da Humanidade. Com certeza, só esgotará com
o final dos tempos. Ato tão sublime, garantido até a última comunicação de
vivência quando se dará também com o último Ser vivente, a extinção, ao
exalar o suspiro derradeiro.
O sopro, recebido para dar início a uma longa jornada ou quem sabe
mais curta, de poucas horas, devolve ao ambiente o que foi recebido num
ato amoroso. A última golfada de ar se incorpora ao Cosmo. De lá saiu, para
lá volta. A criatura deixa a história visível, fica a saudade com os que ainda
fazem parte desse estágio.
Não há nada mais sublime do que receber a Vida de forma tão harmoniosa, carregada de poesia. Um sopro, um beijo, o que é meu passa a gora
ser teu também. Vai usá-lo com gratuidade e um dia será devolvido.
A essência muito pessoal é a Vida de cada um, do ser que respira por
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si só, que pertence ao Holos e, ao mesmo tempo de todos. O ar não se prende, ele espalha, se comunica. A próxima respirada é exatamente a mesma,
mas não mais o mesmo ar. Uma lição de sublimidade, pois a vida é sagrada
não pode ser isolada, ficar presa a este ou aquele. Faz parte de um universo
que não conhece fronteiras. Vai se multiplicando, sem se desgastar, sem diminuir no essencial. A manifestação do Amor, em Perfeição.
Faz parte de um imenso amor, como diz a poesia franciscana do Homem do Milênio, São Francisco de Assis. Soube Amar sem distinção a todas
as criaturas. Com poesia, criou o Cântico das Criaturas.
Ainda ecoam os valores no âmago de cada ser vivente, num encaixe perfeito de um Sistema maior, ao mesmo tempo com inter-relação
e inter-dependência. A vida, a expressão amorosa com anuências Divinas e Humanas.
*Professora, mestre em Ciências Sociais Aplicadas, Presidente da Academia de Letras e Arte de Pato
Branco/PR. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
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A vida é muito mais!
João Carlos Tórtora*
Há algum tempo eu tenho estado contemplativo e reflexivo, muito mais
do que de costume. Hoje, ao acordar, decidi não prosseguir nesse estado de
êxtase, procurando um sentido para a vida.
O olhar, que vaga pelo éter, anseia por explicações existenciais e pelo
sentido das inter-relações dos seres e as coisas.
O voo dos pássaros me desperta, o zumbido das abelhas me atiça e
as folhas das árvores e flores que gingam ao vento constituem um cenário
quimérico que me intriga e faz-me buscar definições para a vida e para as
minhas ações.
Acordei assim, desejando saber o que ficará de mim quando deixar
esta vida. As questões que me afligem são “o que é a vida?... qual é a sua
essência?... por que eu vivo?
Converso comigo mesmo e me abro sem os subterfúgios de uma
falsa modéstia.
O mundo é algo tão perfeito que, se nós vivemos, certamente, existe
uma razão para isto. Não acredito na coincidência do encontro fortuito de um
espermatozóide e um óvulo. Estou certo que vivo para criar, pois tudo o que
faço é fruto das intrincadas relações entre os lóbulos do meu cérebro, ou é
uma consequência do trabalho mecânico, impulsivo, dos meus braços, pernas e outras partes acéfalas do meu corpo.
Os pássaros amarelos de bico preto continuam voando, a brisa flui
entre os meus dedos e sopra o meu rosto. É a vida, que se oferece sem a
pretensão de uma definição.
A vida! Diferente na biologia, na religião, na química, na física e na
cabeça de cada um.
Qual é a sua essência?
A contragosto começo a pensar que, talvez, eu seja apenas um membro desta enorme comunidade formada por todos os seres vivos racionais e
irracionais e, assim como todos, com virtudes e defeitos. Tampouco rejeito
ser apenas um número, pois estes são muito iguais, efêmeros e desprovidos
dos referenciais que distinguem a personalidade.
Vem-me à cabeça que a vida é condição para que exista a sociedade... a
comunidade. Porém, ainda que um ser pudesse respirar e se movimentar, qual
seria o sentido dessas ações se ele estivesse em completo isolamento?
As letras e os números são a essência do alfabeto e da tabuada, mas
o que seriam daqueles sem estes. A vida é singular, mas é a diversidade que
lhe dá sentido.
37
Não somos exatamente iguais e, certamente somos distintos nas
nossas ações. A vida é igual nas suas diferenças e é diferente nas suas
igualdades.
Os pássaros, agora amarelos, pousam e o vento sopra forte.
Já não busco a complexidade da definição. É a vida passando por passar, do mesmo jeito e diferente a cada momento.
A vida não se resume ao momento da fecundação. Também não é tão
simples quanto a fusão de moléculas com as suas partículas atômicas ou a
comunhão de forças vetoriais que permitem os movimentos dos corpos. A
vida não se define, completamente, no âmago exclusivo da biologia, da química, da física ou mesmo da religião.
A vida não é o fato, mas o ato!
Não haveria sentido eu ter nascido se não existissem as pessoas, os
animais... as ações.
A essência da vida é a pluralidade.
É diversidade de elementos e ações que se repetem e se renovam no
nosso cotidiano que dá sustentação à nossa existência.
O importante não é nascer, mas conviver, exercitando os nossos sentimentos e esmerando-se nos nossos atos. Se somos apenas um número ou
letra, não importa. As letras, em determinados momentos, se acentuam e os
números crescem.
Muitos tentaram definir a vida e caracterizar a sua essência e, neste sentido, em detrimento de qualquer conceito científico fundamentado
e assinado por estudiosos, eu vou ficar com a sensibilidade despretensiosa do poeta:
“a vida não é só isto que se vê...”
Amanhã vou acordar mais leve, desincumbido desse enigma existencial e acreditando que o importante não é viver, mas conviver, pois a pluralidade é a essência da vida.
“... a vida é um pouco mais!”
* Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Gama Filho.
Professor Titular de Microbiologia da Universidade Federal Fluminense, Universidade Gama Filho e
Universidade Católica de Petrópolis. É membro correspondente Academia de Letras Teófilo Otoni. Reside em Petrópolis.
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A essência da Vida
Lizia Maria Porto Ramos*
Essência, segundo Aurélio, o que constitui algo, substância. Óleo fino, aromático, extraído de certos vegetais. Ainda segundo Aurélio, vida, existência, manter-se em atividade constante.
Assim sendo, pensemos a vida como um constante caminhar e a sua essência, os bons e maus momentos vividos, o respirar, o bater do coração, o divagar
em pensamentos, o rir e chorar, o emocionar, o sentir-se alegre ou triste.
Se o começar da vida é fruto da aleatoriedade de um espermatozóide mais
esperto que se cruza com um óvulo maduro, a partir do momento que somos lançados para fora do útero materno e tomamos ciência do nosso viver, o que vamos
fazer ou deixar de fazer desse nosso caminhar, é responsabilidade nossa.
Estar vivo, em essência é estar pleno, íntegro, completo.
É o estar contente ainda que descontente, é o caminhar de mãos
dadas, é fluidez.
É saber que o ontem já se foi, mas o amanhã está por vir. É esperança.
É saber que a vida é dádiva, é sabor de fruta no pé, é essência aromática
extraída da nossa capacidade de superar, de sentir-se inteiro ainda que dividido.
Vida é coragem de dizer a verdade, é combinação de opostos. Vida é moeda de duas faces.
Vida é resgate, é crédito, é ato de fé. Fé em si mesmo e na nossa capacidade de lidar com a adversidade.
Vida é a certeza vestida de dúvidas, é busca, é questionamento.
Vida é destemor. É convicção. É muitas vezes insensatez.
É que no potencial divino que alimenta o ócio. É ânimo. Em essência, vida
é alma atemporal.
É algo que transcende o aqui e o agora, o hoje e o ontem. Vida é estar presente ainda que ausente.
Vida é aprendizado constante, é renovação. É compromisso.
É não se deixar abater pelo tédio.
Vida é desafio. É andar no fio da navalha com convicção e equilíbrio.
Vida é saber olhar de frente. É ter coragem, agir com o coração. É
ternura. É crer em si mesmo e na possibilidade de ser feliz, ainda que essa
felicidade seja efêmera...
Efêmera é a arte de bem viver!
*Escritora, educadora e membro titular da cadeira 3 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Revivendo lembranças
Humberto Luiz Salustiano Costa*
Em minhas lembranças que vêm ocupando espaço no jornal da Associação
dos Amigos e Filhos de Teófilo Otoni, que se edita em Belo Horizonte, tenho feito
uma agradável viagem no tempo, e com isso tenho aprendido o quanto é saudável
rever o passado e nele encontrar vida em cada momento da nossa vida. Nada
se perde ao longo dos anos, tudo permanece indelevelmente marcado em nossa
memória, no culto à saudade.
Num simples exercício de memorização, muitos fatos e acontecimentos
que no passado fizeram parte do nosso cotidiano vêm à baila, transportando-nos a
uma época bem distante da nossa existência. O nosso cérebro, nas suas múltiplas
funções, nos permite esse divagar no tempo, buscando na imaginação lugar para
transportar para o presente o tempo pretérito.
E neste relembrar, muitos são os episódios que tivemos a ventura de presenciar como testemunhas oculares, e ainda hoje podemos descrevê-los com todos os seus detalhes, com absoluta perfeição de detalhes, como se os estivéssemos vivenciando no momento presente.
Somos do tempo em que os carnavais de rua, com seus blocos caricatos e
suas alegorias, encantavam a todos: foliões e os circunstantes.
Somos do tempo em que as tardes de domingo levavam grandes multidões
aos campos de futebol, com a prática daquele esporte projetando grandes craques, que jogavam por amor à camisa;
Somos do tempo em que os associados da União Operária Beneficente
“Deus, União e Trabalho”, de que foi um dos fundadores o imortal Eloino Matos,
sempre tiveram na devida conta a intransigente defesa dos valores éticos de sua
entidade maior, honrando-a e dignificando-a em tudo aquilo que de mais importante ela representava para todos eles;
Somos do tempo em que a festa do centenário da cidade que nos viu nascer foi o grande acontecimento do século XX, com toda a comunidade vivendo
intensamente o auspicioso evento;
Somos do tempo em que uma grande multidão se reunia nas proximidades
do Bar Trianon, na Praça dos Choferes, para ouvir através de um alto falante as
transmissões da Copa de 50, que lamentavelmente perdemos para o Uruguai;
Somos do tempo em que o lendário consertador de guarda-chuva, de nome
Palé, que era cego, não perdia um jogo de futebol do clube do seu coração, o Clube Atlético Teófilo Otoni;
Somos do tempo em que o Cine Império, também conhecido como Cine
Poeira, exibia os famosos seriados, deixando o espectador ansioso para a chegada da próxima semana, quando se dava a continuação do enredo;
Somos do tempo em que o footing era o point preferido e muito frequentado
no perímetro urbano, que ia do Automóvel Clube ao Bar Vitória, anexo ao cinema
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do mesmo nome, mostrando as moças em desfile, para contemplação dos rapazes em busca de uma namorada;
Somos do tempo em que existia fidelidade na política partidária. Quem era,
por exemplo, PR era PR, quem era PSD, era PSD, custasse o que custasse;
Somos do tempo em que a energia elétrica era explorada pela empresa
Epaminondas Otoni, em condições sabidamente precárias, e para que a Cemig
pudesse assumir aquele tipo de serviço foi preciso que o povo teófilo-otonense
tornasse acionista da estatal, o que custou o sacrifício de muitas pessoas menos
favorecidas, que não se negaram a contribuir com a compra de ações;
Somos do tempo em que a cidade recebeu com profunda reverência em
procissão, da Estação da Bahia e Minas à Praça Tiradentes, os restos mortais
do seu imortal fundador Teófilo Benedito Otoni, que foram colocados no panteon
construído no centro da cidade, com aquela finalidade;
Somos do tempo em que as festas religiosas, dos católicos e dos luteranos,
eram recebidas com muito respeito e fé, sendo as principais datas das referidas
denominações religiosas, celebradas de modo o mais participativo;
Somos do tempo em que o respeito pelas professoras era total, com os
pais depositando inteira confiança nas escolas dos seus filhos, que em verdade
primavam pelo ensino de qualidade;
Somos do tempo em que não existia lei proibindo que uma criança pudesse
aprender um ofício qualquer, profissionalizando-se desde cedo;
Somos do tempo em que um simples engraxate desfrutava da estima e da
admiração da comunidade, no reconhecimento do seu labor. Dois profissionais
daquela área ainda hoje têm os seus nomes lembrados: Luiz e Paulinho, uma
espécie de Cosme e Damião, com o seu ponto na Praça Tiradentes, o mesmo
acontecendo em relação ao Seu João engraxate;
Somos do tempo em que a sociedade cultivava o salutar hábito das visitas
domiciliares, estreitando amizades na mais rica e fecunda troca de gentilezas;
Somos do tempo em que a velha e saudosa Bahia e Minas foi o grande
meio de transporte ferroviário do qual se utilizavam vastas regiões produtoras para
baianos e mineiros;
Somos do tempo em que os apelidos é que mais identificavam as nossas
ruas. Dentre tantos exemplos eram conhecidas as ruas do Sapo, do Arrasta Couro,
do “Quenta” Sol, do Pau Velho, dos Pinhões, das Flores e do Jardim;
Somos do tempo em que a vida era menos agitada e que podíamos vivê-la
em sua essência, longe dos atropelos e da violência do mundo de hoje. Afinal, a
vida é um dom de Deus, competindo-nos tê-la sempre como uma dádiva, em toda
a sua plenitude.
*Jornalista, é membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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A essência da vida
Jacqueline Aisenman*
Viver. Um conjunto de outros verbos a serem conjugados durante um
período indeterminado. Viver é amar, ser amado, deixar de amar, voltar a
amar. Sofrer, lutar, abandonar, alcançar. Um amontoado de verbos que se
conjugam ao longo do que chamamos existência. Acompanhados de pronomes que nos preenchem: tu, ele, ela, nós, vós, eles. Eu. Viver tem seus
adjetivos, advérbios. Vida boa ou má, viver bem ou mal. Viver é simples. Viver
é complicado. Viver é tudo o que temos quando não pensamos naquilo que
chamamos vida e seguimos, atos, palavras e omissões, em frente. Algumas
vezes olhando para trás, noutras sonhando apenas com o que está à frente.
E o que seria o que nos move dentro do viver? O que seria a essência
mesmo da vida?
Seria o amor, que move nossos atos, deságua de nós palavras? O
amor é causa e consequência de muito o que vivemos. Movidos por ele sonhamos, combatemos medos reais e irreais. Nos entregamos e entregamos
tudo de nós. Seria o amor o âmago da vida?
Do nascimento até a morte, eis o que denominamos vida. O espaço
que temos para existir entre o momento que respiramos fora do ventre até o
instante em que a última respiração nos faz abandonar o corpo. Entre uma
respiração e outra, quantos minutos, quantos anos, quantas emoções se passaram? Contamos a idade, mas não contamos as emoções. Contamos as
vitórias e as derrotas, mas não contamos as respirações.
Somos passageiros de nosso próprio corpo no dia a dia em que evoluímos, ou pelo menos tentamos evoluir, nesta caminhada, a vida. Passageiros
muitas vezes mais observadores do que ativos personagens. Deixamos a
vida passar, olhando para os finais de semana e esquecendo que cada dia
que intermeia os finais de semana é o último de nossa vida. Deixamos nossos sonhos e ilusões de um amanhã vago vencer o hoje, única coisa que temos por certa. Permitimos às lembranças e saudades serem maiores e mais
importantes do que o hoje.
Seria a esperança a essência da vida? Ou seria apenas mais um dos
artefatos que usamos para esquecer o único e exato ponto, o ponto de partida e chegada: nós estamos aqui de passagem, a eternidade não nos pertence neste mundo onde vivemos.
Então seria o que, o que seria a essência da vida?
Seria talvez a morte, o único passadouro comum a todos, levando ao
desconhecido, o mesmo desconhecido que aqui nos trouxe?
Todos os dias morremos. Ao dormir, ao finalizar etapas, ao nos desligar
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daquilo que não é mais necessário. A morte é a essência mesmo da vida.
Sem ela e todas as suas facetas, não haveria vida.
Seus fins e seus meios, da vida, não teriam razões. Seria somente
uma caminhada vã para lugar algum.
Mas todos os dias morremos. Todos os dias nos despedimos das horas
que nos foram oferecidas, das pessoas que amamos, da luz do sol, do brilho
da lua, dos sons, das cores, dos odores... E todos os dias seguintes a estes,
renascemos.
A vida é um dom. A morte, sua essência. E o renascimento, aqui
ou onde o inesperado nos fizer despertar, é a esperança mais pura de
um viver eterno.
*Escritora, reside em Genebra/Suíça, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
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O potencial do povo brasileiro
Jotaerre*
À espera de um ônibus, numa rodoviária de uma cidade do interior de
Minas, ouvi a conversa de dois homens de idade avançada, questionando os
problemas da vida. Fiquei com vontade de entrar na conversa, mas achei que
ouvir, seria melhor e foi o que fiz.
A conversa era tão interessante que perdi a noção de onde estava, o
que estava fazendo e para onde ia. Os dois homens falavam sobre o potencial do povo brasileiro.
O povo brasileiro tem um grande potencial criativo. Uma criatividade incrível que é usada para todos os fins, até para dar um jeito em problemas que ainda não existem, criando assim o famoso bordão: “jeitinho
brasileiro de ser”. O jeitinho veio e ficou, passa de geração para geração,
assim como os elementos da cultura popular, que é outro potencial fortíssimo do povo brasileiro.
A cultura popular no Brasil é tão forte, que grande parte da população
vive em torno de crenças, sejam elas religiosas ou não, lendas e mitos, que
existem tantos quantos são os grão de areia do mar. Mas, não poderia ser
melhor se não existisse o grande paradoxo entre um povo com um grande
potencial cultural e do outro lado uma dominação e manipulação de pessoas
pelo sistema de governança vigente.
O país é rico em recursos naturais e tem uma economia forte, mas seu
povo ainda vive com dificuldade econômica e muitos até na miséria. Um país,
onde poucos têm muito e muitos têm tão pouco. Esse paradoxo econômico é
igual ao cultural, seria um objeto de pesquisa, análise sociológica e até antropológica para cientistas e interessados no assunto.
Diante de tamanha confusão, vemos na cultura uma forma de humanização das pessoas.
A prática de atividades culturais pode despertar o gosto pela a arte e
pela cultura, mas a cultura não é tão simples como a arte, que pode ser visualizada e entendida rapidamente. A cultura depende de um aprofundamento
maior, que envolve informação e conhecimento a longo prazo.
A cultura quando reconhecida pelo sujeito, o torna um ser humano, dono do seu próprio nariz. Um ser que dificilmente será manipulado
por outro.
A cultura na sua plenitude é a essência da vida. É igual a oxigênio e
a água na nossa vida, pena que muitas pessoas não sabem disso. Grande
parte da população em nosso país vive em um mundo controlado, onde a
dominação exercida pelo poder vigente, controla os meios de comunicação
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(principalmente a televisão), que massifica dia a dia, um sistema de alienação
bem sutil e sofisticado que chamaremos de globalização.
Entender a cultura é um processo complexo e ao mesmo tempo simples. É simples porque exige a busca de informação e conhecimento, através
de um processo democrático e de fácil acesso, e é complexo, porque exige
boa vontade e mudança de conceitos pessoais.
A cultura quando muda a vida de uma pessoa, ela vem agregada a
outros conceitos primordiais na construção do ser humano, tais como: ética,
honestidade, humildade, bondade, paciência, esperança, otimismo, respeito
aos direitos e às diferenças do outro.
É devido a esses conceitos que impossibilita a muitas pessoas de entenderem a cultura, conceitos como a ética, humildade e honestidade, estão
em extinção na nossa sociedade e quem os tem, é criticado por tê-los.
Numa sociedade que prega a ganância, o consumo exagerado, crescer as custas dos outros e onde o ditado “os fins justificam os meios” o fator
mais importante é o individualismo, outro paradoxo da ignorância. Por que o
individualismo é tão grande, se não conseguimos viver um sem o outro?
A essência da vida está em saber viver bem e aproveitar bem a vida sem
prejudicar o outro, mas sim, vivendo com o outro. Este estágio pode ser alcançado através da cultura que torna o homem um ser humano de verdade.
Depois de muito tempo ouvindo a conversa dos dois homens, quando
meu ônibus acabara de chegar na rodoviária, a curiosidade falou mais alto e
resolvi cumprimentar os dois e falar da conversa boa que estava ouvindo. Foi
quando vi várias folhas escritas nas mãos dos mesmos, era o planejamento
de uma palestra que fariam para estudantes na faculdade da cidade. Um
era professor de história e o outro sociólogo, a palestra seria sobre direitos
humanos e cultura.
*Bibliotecário, fotógrafo e produtor cultural. Reside em Belo Horizonte/MG.
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Essência da vida
Maia de Melo Lopo*
Aos sessenta segundos, vou morar na tua mente nobre poeta,
aos cinquenta e nove,a rosa cresce livre entre os espinhos, não se magoa,
aos cinquenta e oito, cavalgo sobre flores selvagens, no jardim doce coração,
aos cinquenta e sete, geme dentro de mim a morte da paixão,
aos cinquenta e seis, as douradas dunas do meu corpo nem descansam,
aos cinquenta e cinco, não sigo o deserto do ouro e dos brilhantes,
aos cinquenta e quatro, vou na paz da rude liberdade entre sonhos gritantes,
aos cinquenta e três, ouço a brisa do vento que me beija e acalma,
aos cinquenta e dois, sinto na alma a fria e cruel verdade,
aos cinquenta e um, olho o céu, cabem nuvens de sangue encarniçadas,
aos cinquenta, vejo corvos negros em agonia a parecerem touros nas touradas.
Aos quarenta e nove, o silêncio da minha sombra amortalha a vida,
aos quarenta e oito, andam abutres nos magros corpos esfaimados,
aos quarenta e sete, crianças olham o rio sem alegria, pobres abandonados,
aos quarenta e seis, o destino do prazer ri de Lisboa como um palhaço,
aos quarenta e cinco, o justo poeta no mundo não escreve à toa,
aos quarenta e quatro,chantagistas, vira casacas sem palavra não se perdoa,
aos quarenta e três,mendiga pede pão ao Universo, triste e viva só quer um abraço,
aos quarenta e dois, nas horas mortas engordam, riem de mim os tiranos,
aos quarenta e um, hipócritas sem vergonha fecham-se em esgotos sensuais,
aos quarenta, na aurora esverdeada, o leito do sexos e revolta, gritos banais.
Aos trinta e nove, drogas mudas, delirantes rugidos, feras fogem,
aos trinta e oito, leoas de rubi amuam, acusam a poetisa sem esperança,
aos trinta e sete, rudes traidoras mordem mas não enchem a pança,
aos trinta e seis, ferida suporta mil tormentos, velha fingida, falsa matreira,
aos trinta e cinco, sem eira nem beira a fome no festim desdentado da miséria,
aos trinta e quatro, a garganta dos canalhas ecoa um escarro negro da tua perdição,
aos trinta e três, soluça a musa no fogo expelido na boca da palavra ardente,
aos trinta e dois, lê o coração o sonho doloroso, beijo em sangue quente,
aos trinta e um, oh poeta do encanto escreve o pranto da eterna solidão,
aos trinta, o amigo traidor cospe na tua dor e a morte segue sem perdão.
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Aos vinte e nove, ai, se a gente sempre visse como alguém se esconde,
aos vinte e oito, a podridão é peste, na doença toda a gente foge,
aos vinte e sete, anjos voam, levam quem amas porque ninguém te quer,
aos vinte e seis, num oásis o amor em flor morre em ti simples mulher,
aos vinte e cinco, partirás no vazio da mentira e no lixo frio olhar,
aos vinte e quatro,a alma mora na magia da cidade e no brilho do prazer,
aos vinte e três, traineiras levam estrelas de fogo em corações de luz,
aos vinte e dois, segredo guardado se conquista rompe sem um tema,
aos vinte e um, serei o que não sei ser, danço o fado na lua do mar,
aos vinte, apaixono-me na saudade a sustentar a cruz do poema.
Aos dezenove, o coração solta a porta aberta e se fecha a quem partiu.
aos dezoito, não volta já possuiu, a beleza é sombra sem luz sem prece a Jesus,
aos dezessete, sozinha ando no limite da vida, onde anda a noite vazia,
aos dezesseis, fujo da secreta mágoa do destino, consolo eu via,
aos quinze, se finge, a morte falou ao fado, na filosofia a vil palavra foi embora
aos catorze, suspirei no igual da minha carne e no sangue da fina dor,
aos treze, a voz é clamor na carta da poetisa com poesia essencial.
aos doze, a pomba arde no fogo do sol e queima a chama do amor,
aos onze, marcha o vazio da fome e hoje grita uma mãe num hospital,
aos dez, morre a palavra que engana e nasce o delicado verso sofredor.
Aos nove, a tarde é triste, a luz apaga a liberdade no medo de ser livre,
aos oito, beija a emoção do anoitecer no brilho mais alto do Universo,
aos sete, sinto-me na grande miragem Lusitana que arrasta e cega meu olhar,
aos seis, brilha a margem da loucura e a poetisa não beija e quer beijar,
aos cinco, a cega mensagem termina no vislumbre dar prazer aos amigos ser feliz,
aos quatro, a noite atrai esplendores do silêncio, desprezo à porta alento do Inverno,
aos três, a indiferença da raiva economiza vingança ao bem que conforta,
aos dois, ah o clarão da razão, gritem aos petulantes em força, vou gritar depois,
aos um, nenhum dia é deserto, acende na verdade a ingratidão que viveu,
aos zero segundo, minutos foram a essência da vida, na solidão a poetisa morreu.
*Artista plástica é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Reside
em Lisboa/Portugal
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Importa viver
Lucas Kind do Nascimento*
Essa vida que se tem
Como mãe, é só uma
Eterna vida para quem crê
Mas uma vida para ser vivida
Sofrida, abatida, aguerrida
Mas vida!
Curtida, agradecida, colorida
Mais vida!
Conectada, incrementada, implementada
Sempre vida!
Essência para quem vive
Essencial pra quem convive
Vida que te quero vida!
*Advogado, pedagogo e estudante de Letras, atualmente trabalhando na Coordenadoria Jurídica do
Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais – IPEM-MG.
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A essência da vida
Arnaldo Pinto Júnior*
Para mim, a essência da vida está resumida em uma palavra única: amor.
É uma palavrinha mágica com apenas duas sílabas e quatro letras, sem acentos
gráficos, que atua como inspiradora maior de tudo de bom que acontece na vida
de todos nós.
O amor é um fator transcendente em qualquer situação. Tanto em situações
simplórias como uma saudação jovial, quanto outras mais complexas como uma
união caracterizada por um adultério.
O desejo carnal, o prazer sexual, para alguns, é tudo de bom dentro da nossa vida e representa o amor maior que duas pessoas comungam envolvidos pelo
libido mútuo. A sensação do prazer sexual, entretanto, se é importante naquele
momento sublime, não pode ser considerado como símbolo do amor, super inspiração que a vida nos oferece.
Para outros, o amor por um clube de futebol é tudo de mais sagrado que a
vida pode lhe oferecer. Observe a paixão extravasada por um torcedor pelo clube de seu coração. Tanto pode ser pelo Cruzeiro, pelo Atlético, pelo Vasco, pelo
Flamengo, pelo Coríntians ou até pelo nosso América teófilo-otonense. Vale gritar,
vale chorar, vale brigar, tudo por um clube que, para o seu torcedor, é a sua segunda pele.
O ser humano não economiza amor. Pode ser o amor filial, o amor materno,
ou até o amor por animais e/ou objetos de valor expressivo ou apenas de valor
sentimental. Como é linda a reciprocidade do amor pai/mãe com os filhos. Como
é interessante o amor que alguém demonstra por algum bem de estimação ou por
um animal também referenciado que pode até provocar um trauma quando, por
um motivo qualquer, ocorre a perda daquele irracional tão querido.
E pelas plantas? Como ficam dóceis aquelas pessoas que se dedicam a
cuidar de plantas. As plantas não falam, é verdade, mas inspiram de tal forma uma
reciprocidade amorosa que jardineiros e jardineiras conversam docemente com
elas entendendo que as respostas chegam através do florescimento e dos frutos
que elas oferecem.
Ainda que superficialmente, acredito ter abordado a magnitude do amor, a
essência da vida. Falta apenas lembrar o mandamento primeiro da lei divina, que
é “Amar a Deus sobre todas as coisas”. A nossa vida só se completa se entendermos que esta nossa existência é uma dádiva do Pai Eterno e a nossa forma de
agradecimento, só pode ser, dedicando-lhe todo o amor que nossa alma consegue
manifestar.
* Jornalista e professor, é membro benemérito da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
49
Essência da vida
José Moutinho dos Santos*
“VIDA” (Do Lat.Vita),é um substantivo feminino que nos Sentidos
clássicos, científicos, históricos e cristão, é comemorada e lembrada por
todo mundo.
.A VIDA, é uma dádiva... compõe-se de propriedades naturais e
científicas, distinguindo-se das outras, quando se trata de “vida humana”,
de conformidade com suas características como, p. ex. o raciocínio e a
razão, sem contudo, dissociar-se das demais vidas no sentido amplo.
Nos planos humanos, vegeta ou animal, a VIDA é um bem mais sublime que Deus criou. Sua essência está na capacidade reprodutiva, mantendo-se sempre em atividades procriativas na evolução de cada espécie,
multiplicando-a, na infinita grandeza desse dom dado por Deus, criador do
universo e de todas as criaturas.
A reprodução, a gestação e a adaptação de cada ser ao meio, em
seu habitat, são elementos primordiais à manutenção da vida com preservação e respeito em todos os sentidos e instâncias. Nesse ponto, para
nós humanos, vale imaginar que a essência da vida é parte integrante do
reflexo de nossas ações: se, se quer mais amor no mundo, criem mais
amor nos corações, sejamos tolerantes se queremos mais tolerância. A
VIDA não é uma coincidência, ela é a consequência de nós mesmos.
A VIDA é a coisa mais notável que Deus nos concedeu, dando a seu
“gestor” a condição de praticar os atos, de acordo com a sua inteligência e
a razão. Há todavia, quem vai além dos limites e pratica a selvageria, violentando e ceifando vidas, cometendo degradantes e desumanas atitudes
indesejáveis.Nesse ponto é bom lembrar que, no aspecto jurídico, o artigo
5º da Carta Magna de l988, garante a “inviolabilidade do direito à vida” já
o Código Penal Brasileiro vigente, preceitua em seu artigo 121 – “ Matar
alguém: pena – reclusão, de seis a vinte anos,” com as agravantes ou atenuantes, nos incisos seguintes, conforme a ocorrência do homicídio.
Como se pode ver, o conjunto de propriedades e qualidades mantém nossas atividades, e a vida humana que decorre do nascimento até
a morte. É lembrada e ovacionada em diversas formas e ocasiões: “ Há
numa vida humana cem mil vidas, cabem num coração cem mil pecados!”
(Olavo Bilac, poesias, p. 174); “Minha vida era um palco iluminado,/ Eu
vivia vestido de dourado/ - Palhaço das perdidas ilusões.” (Orestes Barbosa, Chão de Estrelas, p.274).
Assim a VIDA é uma Essencialidade Divina, retratada nas infinitas
50
e variadas das formas: na música, na poesia e nas artes e simbolizada
no amor e na lembrança de cada um de nós... e... por que não dizer: no
sorriso de uma criancinha!!!
*Advogado, escritor e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG. Reside em
Belo Horizonte/MG.
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A essência da vida
José Geraldo Silva*
Vida em que se vive o fruto do viver a sentir seu valor indecifrável de
ser; o sentido, a essência de estar aqui por algum motivo justo, necessário
por uma vez ou mais vezes em cumprimento ao conteúdo que tudo isso enfatiza; a missão contida de amar, caminhar com fé, de liberdade comprometida;
de sabedoria para vencer e sentir perceptível vivente frutificado de bênçãos,
bondade e amor...
Vida que vida dá e permite ir se trilhando enaltecido de fortaleza, a
ultrapassar barreiras, fraquezas; vencer lutas, sentir seu valor múltiplo tríplice, infinito... A vissitude de amor, de aqui estar, de ser amado, regenerar
o destruído, reerguer o caído, aquecer o frio, realizar o sonhado, acertar o
errado, concluir o desejado; a aquiescência pura tirada da alma sopro de vida
a mostrar a razão de tudo em minúcias que faz traduzir em grandeza o sustento, a razão de tê-la como patrimônio incomprável, inigualável que se pode
perceber no pulsar do coração, no correr do sangue nas veias , no raciocinar
da mente, no sorrir, no derramar de lágrimas, no calor, no arrepiar do corpo,
no suor que se derrama com altivez, no sentimento espiritual e gestos que
palavras não traduzem...
Deus por certo autor desse bem precioso permite e conforta a quem o
valoriza profundamente, seu sentido esmero e gracioso, o que nos deixa de
pé a movimentar, sentir, ver, ouvir, falar, colher com gratidão sua semente que
germina aqui na terra uma única vez, de um único modo; cresce, transforma,
permanece até o próprio Deus quiser. No mais profundo do saber de glórias,
liberdade, amor, fé, sabedoria; desapego ao material, sentimento imortal:
_Vida é expressão de amor, é essência que alimenta o ser que vive,
fica, vai e que jamais morre, continua...
Uma árvore que mesmo sem galhos, sem folhas não morrem as raízes,
sobrevive às intempéries de tempo a qualquer estação, situação, resiste a
tudo, permanece...
*Escritor e membro titular da cadeia 11 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
52
Pulsar
Helenice Maria Reis Rocha
Leve é a brisa que move a semente
leve é o pó que abriga a semente
leve é o vento que move a brisa
leve é a água que molha o vento
a vida,cavalgando o vento em flor e vento
pulsa arfante em canto e paz
levando em bruma semente e vento
pulsando em cor e sonho
a barca movente que arfa em ritmo
o coraçãozinho valente
que inspira este verso
pulsando em dança e paz
o coraçãozinho valente
que move este verso
pulsando em ritmo e ar
o coraçãozinho valente
que pede este verso
singela homenagem a tudo o que pulsa e respira
e sonha.
*Poetisa , musicista, professora e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo
Otoni. Reside em Belo Horizonte/MG.
53
Amor-doação... A essência da vida
Egmon Schaper*
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”
(João 14,6)
Deus amou tanto a humanidade, que nos deu seu único filho amado,
como redentor! E Jesus foi gerado no seio de Maria, gerado, não criado.
Sim, Deus quis ter família! Deu-nos o sopro da Vida, amor-doação e
não existe nada mais de tão valioso!
Fazemos parte do projeto de Deus, mas estamos negando esta vida,
nos deparamos com uma cultura de morte que às vezes nos sufoca; sufocando-a em todas as suas manifestações.
Poderíamos discursar ou levantar teses, usar de instrumentos científicos sobre a essência da vida... mas se não nascer dentro de nós uma
nova criatura, um novo elemento humano: com sabedoria, alegria e paz para
transformar as vidas de tantos sofridos e oprimidos, não viveremos jamais.
Pois só nos doando, nos dissolvendo no meio do povo, sendo absorvidos por
ele é que viveremos.
O próprio Cristo nos fala: “Quem perder a sua vida, vai ganhá-la”.
Parece uma loucura imaginar um amor assim, é um mistério incompreensível, mas é possível, pois nossa fé nos questiona a todo momento e não
estamos sozinhos. Vivamos mais! Vivamos unidos!
“ Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida e é bonita
e é bonita...!”
*Artista plástico e ativista político.
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Um Pedaço de Amor
Norma Disney Soares de Freitas*
Amor existe pedaço?
Como?
Já idosa, o amor tem que ser só inteiro.
Inteiro só para você.
Você come, saboreia, prova, repete e diz: Hum, que coisa gostosa.
Não é comida, é sentimento que Deus nos dá.
Uns amam o dinheiro,
amam os filhos,
o marido,
os netos,
os amigos.
Eu, quero amar a Deus.
Cada dia mais quero crescer nesse amor.
Porque com Deus, amamos os demais e a tudo.
Amo a família, os pobres, os maltratados.
Quem ama a Deus eterno, ama, ama, ama.
Uma vez disse que devemos amar até doer. Não?
Devemos amar até sentir algo diferente.
Sentir o verdadeiro amor.
Hoje tudo está tão triste.
É por causa do amor?
Já disse: Cadê os pedaços que faltam?
Tem que ser o amor inteiro.
O amor de Deus não vem aos pedaços.
Devemos amar a Deus para que o nosso lar, que é um projeto de Deus,
Para ser abrigo seguro para todos os familiares.
Assim disse que o lar é um pomar onde encontramos frutos para servir a fome de carinho.
Obrigada meu Deus,
Porque o Senhor me deu um lar aqui na terra e um lar celestial para viver sempre com minha grande família,
A família de Deus.
Em Cristo.
*Reside em Fortaleza/CE, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
55
A essência da vida
Janeuce Cordeiro Maciel*
Um dia o Poema deitou-se na Poesia e cessou. A Prosa, que assistia atenta ao espetáculo mudo, surrupiou-se naquela roupagem e se pôs a
versar sobre o assunto em linhas compridas, contadas até o fim da página.
Segundo ela, o poema não passava de um homem globalizado, timoneiro na
rota capitalista, atento ao espetáculo das bolsas de valores e do câmbio, ocupado de números e déficits e lucros e bandos e contrabandos. Ainda bem o
dia raiava para ele se vestir na posição de sentido, em versos sempre eretos,
combinados em terno e gravata e sapatos finos. A sala, fechada a sete portas, dava a impressão de guardar naquele homem, em vez do mapa, a própria mina. Qualquer um que se atrevesse a chegar ao Poema era sabatinado
e impedido por uma ilha de assistentes que o guardavam de todos os lados,
respondendo por ele, transmitindo-lhe a última palavra obedecida.
Mas o Poema em linha reta era também um nicho de desconforto e
mal-estar. Apesar de levar a vida a ferro e fogo, havia uma goteira que pingava sempre no seu telhado, tentando escorregá-lo naquele chão. Segundo a
Prosa, com seus ares de sábia, aquela goteira era a força humana da vida. E
assim ele viveu por tristes longos anos, até que numa noite de serão, afogado
no ciclo vicioso dos números infinitos, a chuva alagou a sala e trouxe consigo,
a galope num arco-íris, a dona Poesia. Sem pedir licença, ela rompeu todas
as portas, afogou os números e adentrou o homem. Abriu-lhe as janelas até
que ele visse a escuridão da noite sem véu. Em seguida, ela o tirou para
dançar e os dois bailaram naquele chão molhado e escorregadio, ao som da
chuva plácida e cadente. Faltava-lhes espaço para tanta euforia, então deram de abrir as portas. Era agora o Poema-homem que, embebido daquela
energia feminina que lhe fomentava os interstícios, alongava-se no espaço e
derrubava as paredes com ferramentas invisíveis. Já cansado, esgueirou-se
no chão. A poesia pôs-se sobre ele e começou a tirar-lhe a roupa molhada.
Despiu-o lentamente, peça a peça, e fez ver-lhe o próprio corpo, no original,
pedindo alma. Então ela o penetrou, frágil e francamente, até o fim do último
ruído de amor.
A noite se foi e o dia trouxe o sol. O Poema olhou-se ao redor. Era a
mesma sala, os mesmos números, as mesmas paredes e portas, os mesmos assistentes, no entanto ele estava nu. Ainda era um homem confundido
na polaridade, dividido entre o ser e o estar, entre a massa e as próprias
entranhas, entre o que se diz e o que parece ser, mas aquele já não era o
ambiente no qual podia se mover. Seu corpo agora despido pedia os ares e
os mares. Seu eco agora lógico sentia sede de chuva e de sol fragrantes na
56
pele. Depois de fazer amor de verdade com a Poesia, ele se tornara o Poema
de versos livres.
Segundo a Prosa, que ora vos narra tão vestida de poesia, ele já é
o Poeta vivendo a própria experiência de felicidade. Trabalha com afinco,
suave e levemente e, de janela sempre aberta, vai rimando verdes e cinzas
para combater a opacidade da vida. E ela termina a história pedindo licença
para saudar o Poeta, por ser ele, especialmente, um cosmopolita solitário, um
indignado sem razão aparente, um abestalhado que antevê o fim no começo
e o começo no fim. A olhos tão comuns, o louco, o ébrio, e, por que não dizer,
o antissocial, o inadaptável, na contramão da história, por ver o mundo nos
olhos de dentro. Mas também aquele que é capaz de sangrar até sair pela
tangente e se banhar na essência da vida.
*Professora, escritora e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Reside em
Turmalina/MG
57
A essência da vida
Therezinha Melo Urbano de Carvalho*
Se perguntarem quem sou
É melhor dizer – Não sei
O que eu era, não sou mais
Reinventei a vida.
Eu era pluma, hoje sou aço
Era rosa, hoje sou rocha.
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o que me cabe
me dando por inteira.
A verdade que é luz
ardendo na escuridão
Da terra nasce e cresce
na mão de cada um.
Não somos melhores
nem piores. Somos iguais.
Viemos das mesmas raízes.
Me olho sem medo de me ver
Reinventando a vida sozinha
No fundo dos meus sentimentos
Desde o tempo em que o medo
Me ensinava a calar.
Do ontem ganhei
o jeito de me repartir:
amor, verdade, valor da família
seguem comigo
abrindo caminhos
revendo os percorridos.
58
O ontem não dói
vai comigo
Base na minha construção humana
Agora é fazer o que preciso
Fazer o que acho que sei
Fazer
Sem precisar bengalas ou aceitação
Aprendi.
(A)Justa(da) na realidade
Busco nas palavras
Mostro meu ser.
Se perguntarem quem sou
É melhor dizer – Não sei
O que eu era, não sou mais
Reinventei a vida.
*Educadora, escritora, poetisa e membro titular da cadeira 25 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
59
Utopia
Ailton Ferraz Silva*
Na selva de pedra em que me estranhei
Concreto armado, estática arquitetura,
Fui tolo, fui mártir, mendigo e rei,
Narciso convicto e em desventura.
Conquanto o caminho seja surpreendente
E na estrada da vida de repente
A fadiga e a dor nos assolam
Corroem-nos, e nos esfola,
E como um solitário e andarilho
Sem rumo, a ermo e sem teto.
À procura, como nesse epíteto,
O que não se consegue decifrar.
Brinquei, joguei sonhador que fui,
Briguei, enxovalhei construtor que sou,
Zombeteiro, fiz ciranda de amor.
Hoje sou funesta pirâmide que rui.
O eu egoísta e avaro sonhava,
Absorto em minha utopia
No espectro da noite não percebia
Que o filho de tanto amar definhava.
Assim, nasceu, cresceu, viveu, e amou,
Brincou, plantou, estudou e amou
Orou, rezou, amou e morreu,
E o sepultado nesta vida fui eu.
Sou matuto lá no meu Sanharó
Do canavial, fui o cortador,
Bagaço seco é fornalha
Toquei boiada, girei moenda e a mó.
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Percorri praias, paineiras e prados,
Ando devagar, a passada não falha,
Pastoreei ovelhas, puxei arados,
Cedo madruga quem muito trabalha.
Cultivei rosas, extraí perfume,
E o odor, voraz, o suar consome,
No íntimo, assola o desespero,
Sei, a essência da vida é o tempero.
Fui um bravo, o brado retumba, ressoa
Altaneiro ginete de boa cerviz
Aplaudi quem um canto entoa
Ofendi, humilhei, ficou a cicatriz.
Sonhei a vida, busquei a felicidade,
Amei, desejei, fugi, e fui egoísta.
Encontrei a paz, apregoei a humildade,
No curso da vida sempre fui otimista.
*Poeta e Agente de Correios em Teófilo Otoni/MG.
61
A vida é...
Tadeu Raimundo Laert*
A vida é um mistério
tão belo e profundo.
Nada neste mundo
Alcança seu valor.
A vida é
um “clik” divino.
Milagre latente.
Dom e presente, a vida é.
A vida não se mede
também não se explica.
Experiência tão rica,
envolvente e palpitante.
A vida é
uma breve viagem.
Sopro de paz,
Chama fugaz, a vida é...
A vida é um pulsar
uma grande aventura.
Elo de ternura
de Criador pra citação
A vida é
um só momento,
que é todo seu,
que Deus lhe deu, a vida...
A vida é uma canção
Sentida no caminho.
Não se canta sozinho
é preciso ter alguém
A vida é
um dar e receber.
Na longa espera
Breve primavera, a vida é,,,
*Compositor e cantor.
62
Essência poderosa
Leuson Francisco da Cruz*
Já era de madrugada
Bem longe do amanhecer
Quando um intenso perfume
Veio a despertar-me.
E se espalhou pelo quarto
Obrigando-me a sair da cama.
Queria entender a razão
Daquele agradável cheiro.
Fiquei surpreso ao perceber
Que o aroma de repente
Tomava toda a casa.
Abri a porta e saí
E aquele mesmo perfume
Parecia acompanhar-me.
Andei por vários lugares
Becos, ruas e praças
Da minha amada cidade
E sentia cada vez mais
Aquela essência envolvente.
Um vento soprou forte
Vi uma rosa vermelha
Perdendo uma a uma
as suas lindas pétalas.
A fragância então aumentou
Juntando-se a daquela flor.
Continuei a caminhada
Queria levar aquele odor
Por mais e mais localidades.
Notei que os mendigos
Que ali passavam a noite
Com seus malfadados corpos
Pareciam renovados.
Percebi que os boêmios
Dos botequins e bares
Logo deixavam a farra
E procuravam seus lares.
Arruaceiros e desordeiros
Não discutiam nem brigavam
63
Saqueadores e ladrões
Não roubavam nem saqueavam.
Como também os drogados
Naquele dado momento
Não dopavam nem drogavam.
Passando pelos hospitais
Percebi que os pacientes
Naquele mágico momento
Conversavam e se alegravam
Talvez com o alívio das dores.
Na minha imaginação
Veio a feliz conclusão:
Que só uma essência divina
Pode mudar as situações
Transformando...
Guerras e conflitos
Em momento de “Paz”.
*Membro titular da cadeira 12 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
64
Quanto vale a VIDA?
João Batista Vieira*
Ontem, dia 1º de Janeiro, enquanto meu carro estava estacionado
em uma determinada rua da cidade, entrara um filhote de gato, todo molhado e prestes a morrer debaixo do veículo. Ao vê-lo, dei marcha à ré
com bastante cuidado, a fim de não atropelá-lo. Depois pedi ajuda para
que o colocasse em um lugar seguro.
Não sei se aquele gatinho sobreviveu. Fui para casa com aquela
cena na mente. As fortes chuvas caídas na região deixaram um rastro
de morte e destruição. E os animais domésticos abandonados sofrem
os horrores porque seus “donos” os lançam nas ruas à mercê da própria
sorte. A pergunta que não quer calar é: quanto vale a vida?
Dizem que a vida não tem preço, é dádiva de Deus e o bem mais
precioso. Até aí, tudo bem. Mas será que só restringe à vida humana?
Imagine um lugar que só tenha humanos... Não há outra forma de vida,
nem pássaros de vários tipos e cores, borboletas de vários tipos e cores,
plantas e árvores, animais que rastejam, animais de leite, galinhas, patos
e gansos, cachorros de várias raças, macacos, insetos, bichos de várias
espécies, gatos etc. Você teria uma vida saudável? Seus filhos seriam
felizes sem nenhum animalzinho para brincar? Você conseguiria entrar
numa floresta e sentir – se bem sem nenhum canto sequer? Olharia para
o céu e não veria o voo em forma de V de um bando de aves marinhas
dando um espetáculo e copiado por pilotos de aviões de caça? A vida
tem um preço sim, senhor! Só que humano não pode pagar. Só quem a
deu é que pode dizer o valor e comprar a hora que bem entender. Não se
trata de dinheiro, ou bens materiais, nem tampouco poder. As vivências
humanas devem passar pela sensibilidade e respeito às outras formas
de vida. Cada um tem um Éden para cuidar, cada Adão deve saber o jardim que tem; e cada jardim anseia por um Adão zeloso e sensível.
O gato não tem sete vidas, ele tem só uma; o homem é que
parece que tem sete e que vive se desperdiçando como numa roleta
russa. Na verdade, o ser humano quer descarregar suas frustrações e
loucuras em animais que só querem ser cuidados! Muitas vezes, gatos
e cães sofrem por confiar que uma pessoa é de fato seu dono e acabam
torturados pelo carrasco.
Os animais também têm sentimentos e a vida deles é dádiva do
criador. Cada vez que o homem maltrata um animal, ele está se sentenciando a viver em um lugar que a vida já não mais está ali. Um jardim
sem flor, uma floresta sem bichos, um lugar sem floresta, um rio sem
65
peixes, um leito sem água, um céu sem revoar de aves, um vale de ossos secos.
Cada vez que morre um animal fora da cadeia alimentar, é um pedaço de mim e de você que morre. E quando aprendemos e valorizamos
a linguagem das plantas e dos bichos é um pedaço do mal que deixamos
de cultivar.
*Professor, escritor e membro titular da cadeira 10 da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
66
Sobre a essência da Vida
Clevane Pessoa de Araújo Lopes*
Na constância das primícias às finalizações,
a essência da Vida tem um segredo
de casulo, de semente,gestação ou floração,
mas somos seres impacientes,
vivemos muito depressa,
nas acontecências inesperadas,
nas programadas, sem as devidas paciências
que permitem a maturação.
Na essência da vida, reside a palavra milagre,
o verbo da construção,
a soma, a multiplicação.
Por causa de subtrações e divisões,
somos às vezes insensatos,
tememos qualquer redução,
mas nela , tantas vezes,
imprime-se , na eclosão de todas as espécies,
a história necessária a cada ser,
no espaço do estar para crescer.
quem sabe voar...
*Escritora, residente em Belo Horizonte é membro correspondente da Academia de Letras
de Teófilo Otoni
67
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Quadro Social
68
Academia de Letras de Teófilo Otoni
“Resgatando a arte literária na cidade”
Perfil, membros titulares, correspondentes,
beneméritos, honorários, convidadas
de honra e patronos
Fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, é composta por
30 membros titulares e efetivos; cada cadeira é desginada numericamente
e tem um patrono, imutável, em homenagem a personalidades que tenham
se notabilizado nas letras, nas ciências, nas artes, na política, na educação
e na imprensa. A entidade tem por objetivos: realizar estudos e pesquisas
na área da literatura local e regional; promover e incentivar a cultura através
da realização de conferências, exposições, concursos, cursos e outras atividades de natureza cultural; coletar, pesquisar, elaborar e divulgar estudos e
informações de cunho cultural, relacionados aos intereses da entidade, bem
como congregar os esforços daqueles que se interessam pelo processo
cultural, o cultivo e divulgação da língua e literatura nacionais.Realiza, anualmente, a tradicional “Noite do Café Com-Letras”, com recital de poesias,
lançamento da Revista “Café-com-Letras”, com trabalhos dos acadêmicos e
convidados especiais e, ocasionamente, posse de novos membros titulares
e correspondentes.
Mantém a Biblioteca D. Didinha e o Núcleo de Documentação de Literatura Isaura Caminhas Fasciani, destinado ao resgate, à guarda e conservação de livros, documentos (manuscritos e iconográrficos) e demais objetos
de valor histórico cultural com referência à literatura no município de Teófilo
Otoni e região do Vale do Mucuri.
Desenvolve em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni e
Conselho Municipal da Juvetude, atividades de estímulo à leitura e escrita
por meio da realização anual do Prêmio Literário Jovem Escritor para os
alunos na faixa estária dos 14 aos 29 da comunidade escolar da educação
básica e superior.
A entidade instituiu, a partir deste ano, o Prêmio Academia de Letras de Teófilo Otoni: Troféu Cultural Isaura Caminhas com premiação anual
nas seguintes modalidades: Prêmio ALTO conjunto de obra literária; Prêmio
ALTO produção literária: poema, romance, conto, crônica, crítica literária,
roteiro adaptado e literatura infantojuvenil; Prêmio ALTO produção técnico
- científica e intelectual: dissertação, tese, ensaio, artigo científico, artigo
69
jornalístico e monografia; Prêmio ALTO expressiva atividade elevadora da
cultura teófilo-otonense; Prêmio ALTO livro do ano: por obra poética ou em
prosa lançada no decorrer do ano; Prêmio ALTO incentivo cultural para pessoas físicas ou jurídicas, promotoras da arte e cultura no município e Prêmio ALTO escritor do ano.
Outrossim, foi instituída “A Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha” destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado na
criação e promoção lítero-cultural, através de atividades pertinentes às contribuições literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do
desenvolvimento da pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo
estabelecimento de políticas e projetos para o desenvolvimento da educação,
o ensino e civismo no município e região do Vale do Mucuri.
Quadro Social
Convidadas de Honra
Guiomar Sant’Anna Murta, Hilda Ottoni Porto Ramos, Isaura Caminhas Fasciani (In memoriam) e Maria Laura Pereira da Silva Couy.
Membros Titulares
Amenaide Bandeira Rodrigues
Antônio Sérgio Torres Ferreira
Elisa Augusta de Andrade Farina
Hilda Ottoni Porto Ramos
Maria Laura Pereira da Silva Couy
Marlene Campos Vieira
Neuza Ferreira Sena
Luiz Alberto Bassoli
Ricardo Lopes Marques Júnior
João Batista Vieira de Souza
José Geraldo Silva
José Carlos Pimenta
Leuson Francisco da Cruz
Lizia Maria Porto Ramos
Olegário Alfredo da Silva
Raquel Melo Urbano de Carvalho
Therezinha Melo Urbano de Carvalho
Tadeu Raimundo Laert
Wilson Colares da Costa
70
Membros Correspondentes
Altamir Freitas Braga – Rio de Janeiro/RJ
Walter Teófilo Rocha Garrocho – Barbacena/MG
Luiz Paulo Lírio de Araújo – In memoriam
Norma Disney Soares de Freitas – Fortaleza/CE
Daniel Antunes Júnior – Belo Horizonte/MG
João Santos Gomes – Medeiros Neto/BA
José Moutinho dos Santos – Belo Horizonte/MG
Jean Albuquerque – Nova Viçosa/BA
João Marques de Oliveira Neto – Osasco/SP
Gessimar Gomes de Oliveira – Montes Claros/MG
Amir Fernandes de Souza – Nanuque/MG
Francisco Soriano de Souza Nunes – Rio de Janeiro/RJ
Clevane Pessoa de Araújo Lopes – Belo Horizonte/MG
Helena Selma Colen – Ladainha/MG
Cosme Custódio da Silva – Salvador/BA
Marco Aurélio de Freitas Lisboa – Belo Horizonte/MG
Darlan Alberto Tupinambá Araújo Padilha – São Paulo/SP
Rozelene Furtado de Lima – Teresópolis/RJ
Wilson de Oliveira Jasa – São Paulo/SP
Lucilene Ianino Lima Peçanha – Belo Horizonte/MG
Maria Cristina Carone Murta – Belo Horizonte/MG
Ieda Cunha Cavalheiro – Porto Alegre/RS
José Aparecido Araújo – São Paulo/SP
Bruno Resende Ramos – Teixeiras/MG
Renata Rimet Ramos Silva – Salvador/BA
Arahilda Gomes Alves – Uberaba/MG
Ilda Maria Costa Brasil - Porto Alegre/RS
Maria Helena Sleutjes – Juiz de Fora/MG
Mauro Marques de Carvalho – Manaus/AM
Wilson Ribeiro – Pavão/MG
Valdeck Almeida de Jesus – Salvador/BA
Fernando Catelan – Mogi das Cruzes/SP
Carlos Lúcio Gontijo – Santo Antonio do Monte/MG
Luciana Tannus de Andrade - Aracaju/SE
Adão Alves de Oliveira Filho – Uberlândia/MG
Emerson Maciel Santos – Laranjeiras/SE
Jelvisson dos Santos Nascimento – Salvador/BA
Rogessi de Araújo Mendes – Recife/PE
José Geraldo Tavares – Juiz de Fora/MG
Lilian de Sousa Farias – Aracajú/SE
Jacqueline Bulos Aisenman – Genebra/Suiça
Nelci Veiga Mello – Campo Mourão/PR
71
Lúcia Helena Pereira – Natal/RN
Elizabeth Abreu Caldeira Brito – Goiânia/GO
Valdivino Pereira Ferreira – Turmalina/MG
Ormuz Barbalho Simonetti - Natal/RN
Dilercy Aragão Adler – São Luiz/MA
Maria Norma Lopes de Macedo – Turmalina/MG
Janeuce Maciel Cordeiro – Turmalina/MG
Jane Guilherme da Silva Rossi – Guarulhos/SP
Francisco Alves Bezerra – São Bernardo do Campo/SP
João Carlos de Oliveira Tórtora – Petrópolis/RJ
Roberto Prado Barbosa Junior – São Vicente/SP
Alexandre Cezar da Silva - Ocara/CE
Fernando da Matta Machado – Rio de Janeiro/RJ
Paulo Cesar de Almeida – Andrelândia/MG
Mônica Yvonne Rosemberg – São Paulo/SP
Marcus Vinícius Bertolini Rios – Iúna/ES
Maria da Conceição Rodrigues Moreira – Belo Horizonte/MG
Helenice Maria Reis Rocha – Belo Horizonte/MG
Rodrigo Marinho Starling – Belo Horizonte/MG
Weder Ferreira da Silva – Rio de Janeiro/RJ
Benvinda da Conceição de Melo Lopo – Lisboa/Portugal
Cláudio de Almeida – São Paulo/SP
Marcelo Allgayer Canto – Cachoeirinha/RS
Celso Gonzaga Porto – Cachoeirinha/RS
Alcione Sortica – Porto Alegre/RS
Francisco José da Silva – Bom Jesus do Galho/MG
Décio de Moura Mallmith – Porto Alegre/RS
Jorge Henrique Vieira Santos – Nossa Senhora da Glória/SE
Flávia Assaife Campos Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Odyla Pinto de Paiva – Rio de Janeiro/RJ
Maria da Glória Oliveira Brandão Marques – Itabuna/BA
Neri França Fornari Bocchese – Pato Branco/PR
Paulo André Gazzinelli – Belo Horizonte/MG
Paulo Roberto de Oliveira Caruso – Rio de Janeiro/RJ
Carmem Terezinha Rodrigues Moraes – Porto Alegre/RS
Leandro Bertoldo da Silva – Padre Paraíso/MG
Carlos Henrique Pereira Maia – Niterói/RJ
Mamede Gilford de Meneses – Itapipoca/CE
Sandra Ramalho de Oliveira – Caratinga/MG
Isabel Cristina Silva Vargas – Pelotas/RS
Gleidston Céar Rodrigues Dias – Lagoa da Confusão/TO
Irineu Barone Costa – Belo Horizonte/MG
72
Membros Beneméritos
Maria José Haueisen Freire
Gilberto Ottoni Porto
Theomar Sampaio Paraguassu
Detsi Gazzinelli Jr.
Arnaldo Gomes Pinto Júnior
Membros Honorários
Humberto Luiz Salustiano Costa
Wilson Pires Neves
Ivan Claret Marques Fonseca
Patrono Oficial
Prof. Celso Ferreira da Cunha
Patronesse: Núcleo Documentação de Literatura
e do Prêmio Academia de Letras
Isaura Caminhas Fasciani
Patronesse: Biblioteca
e da Medalha de Mérito Cultural
Hilda Otoni Porto Ramos - DªDidinha
Patrono: Publicações Especiais
Albert Schirmer
Patrono: Membros Correspondentes
Luiz de Almeida Cruz
Patrono: Membros Honorários
Serafim Ângelo da Silva Pereira
Patrono: Membros Beneméritos
Horácio Rodrigues Antunes
Patrono:Prêmio Jovem Escritor
Fábio Antonio da Silva Pereira
Voluntários da Secretaria Geral
Eduardo Amorim Silva
Egmon Schaper Filho
73
Patronos Perpétuos In Memoriam
Cadeira:
Patrono:
01............................................................ Pedro de Paula Ottoni
02............................................................ Ruy Homero de Oliveira Campos
03............................................................ Lourenço Ottoni Porto
04............................................................ Olbiano Gomes de Mello
05............................................................ Paul Max Rothe
06............................................................ Pedro Antonio do Nascimento
07............................................................ Régulo da Cunha Peixoto
08............................................................ Reynaldo Ottoni Porto
09............................................................ Augusto Pereira de Souza
10............................................................ Adail Barbosa de Oliveira
11............................................................. Lourival Pechir
12............................................................ Dom Quirino Adolfo Schmitz
13............................................................ Joaquim Nunes
14............................................................ Joaquim Alves Portugal
15............................................................ Tristão Ferreira da Cunha
16............................................................ José Alfredo de Oliveira Baracho
17............................................................ Nelson de Figueredo
18............................................................ Rubem Somerlate Tomich
19............................................................ Dely Coelho Nogueira
20............................................................ Darcy de Almeida
21............................................................ Libório Zimmer
22............................................................ Johann Leonard Hollerbach
23............................................................ Petrônio Mendes de Souza
24............................................................ Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto
25............................................................ Ione Lewicki da Cunha Mello
26............................................................ Leônidas Alves Lorentz
27............................................................ Luiz Gonzaga de Carvalho
28............................................................ Noé Rodrigues dos Santos
29............................................................ João Salomé de Queiroga
30............................................................ José Gonçalves Sollero
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