02 natação - Daniela - Revista Mineira de Educação Física

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02 natação - Daniela - Revista Mineira de Educação Física
ARTIGO
NATAÇÃO E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO PARA CRIANÇAS
Danielle Lopes Pereira*
Fernanda Barroso Beltrão**
Nilza Magalhães Macário***
José Henrique dos Santos****
Maria de Nazaré Dias Portal*****
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar de que forma a prática
da natação pode ser utilizada como coadjuvante no processo de
alfabetização em crianças de 5 e 6 anos de idade. O grupo pesquisado
foi composto por 120 alunos, de ambos os sexos, da Escola Municipal
Clóvis Beviláqua, zona norte do Rio de Janeiro, sendo as aulas de
natação realizadas na Vila Olímpica Carlos Castilho, no bairro de
Ramos. Os alunos foram divididos em dois grupos: 60 alunos realizaram
aulas de natação específica e os outros 60 continuaram com o
programa normal nas aulas de natação durante a pesquisa. Foram
avaliados os seguintes pré-requisitos para elaboração das aulas: a
coordenação motora fina e global, o conhecimento das letras e da
escrita, dos números e das contas primárias, da noção de conjunto e
de cores, além da influência na socialização entre os alunos, valências
fundamentais para essa faixa etária em idade escolar. As aulas foram
realizadas duas vezes por semana, por 50 minutos, durante 10
semanas. Foi aplicado um pré-teste antes do início das aulas, para
avaliação do nível de conhecimento, e reaplicado com o mesmo
conteúdo após a aplicação das aulas específicas, podendo-se observar
melhora no rendimento e na realização do teste no grupo de 60 alunos
que realizaram as aulas específicas de natação. Já o grupo de 60 alunos
que não participaram destas aulas apresentou dificuldade em realizar
Recebido para publicação em 16/03/2006 e aprovado em 21/06/2007.
*Universidade Castelo Branco – UCB/ RJ - Laboratório Pedagógico da Motricidade Humana.
**Universidade Castelo Branco – UCB/ RJ.
***Universidade Castelo Branco – Laboratório Pedagógico da Motricidade Humana - UCB/RJ.
****Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ.
*****Universidade Castelo Branco – UCB/ RJ - Secretaria Executiva de Esporte e Lazer /
Bolsista do Governo do Estado do Pará - Laboratório de Biociências da Motricidade Humana
(LABIMH – UCB/ RJ).
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as questões propostas no teste. Pode-se observar que as atividades
específicas aplicadas nas aulas de natação facilitaram que o grupo de
60 alunos, participante destas, obtivessem resultado melhor que o grupo
que não participou das aulas, concluindo-se, assim, que tais atividades
foram importantes por complementarem o conteúdo utilizado em sala
de aula.
Palavras-chave: coordenação motora, natação, alfabetização, ensino,
lúdico.
INTRODUÇÃO
De algumas décadas até os dias de hoje, houve evolução do
interesse do brasileiro pela natação, a qual pode ser utilizada com
finalidades como: lazer, profissional, terapêutica e desportiva.
Segundo Walkie (1982), a adaptação do homem a um novo meio
põe em jogo o seu potencial e o faz enfrentar os seus limites mais
severos, nas áreas afetivas e de confiança em sua própria ação.
A natação infantil é o primeiro e mais eficaz instrumento de
aplicação da Educação Física no ser humano, assim como excelente
elemento para iniciar a criança na aprendizagem. Similarmente, é
possível afirmar – no que diz respeito, por exemplo, ao desenvolvimento
psicomotor – sua decisiva participação na construção do esquema
corporal e seu papel integrador no processo de maturação, como
assinalam Franco (1985) e Damasceno (1992-c).
Os recursos que a natação oferece enquanto atividade física
objetivam, nesta pesquisa, principalmente a prática para o
desenvolvimento motor e cognitivo do aluno, e não especificamente o
aprendizado das técnicas da natação. Dessa forma, procura-se criar
um paralelo entre a natação e o trabalho desenvolvido pelas outras
matérias que fazem parte do currículo escolar.
Segundo a nova LDB 9394/96, que é totalmente voltada para a
liberdade acadêmica, a escola tem a opção de escolher os caminhos
dentro dos princípios educacionais básicos inseridos na Constituição
Federal: a liberdade de ensinar e a liberdade de aprender.
Segundo o PCN, no eixo dos esportes, jogos, lutas e variações
de ginásticas, o professor deve transmitir informações históricas sobre
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as origens e características de cada uma dessas práticas e a
importância de valorizar a prática pedagógica dos docentes, que deve
ter como preocupação a implementação dos temas transversais com
base nos PCNs. Especificamente, na área de conhecimento relativo à
educação física, é necessário que haja diversificação das atividades
que permitam ao aluno maior vocabulário de informações sobre os
temas propostos. A natação começou, timidamente, a ser introduzida
em instituições educacionais, públicas e privadas, como parte integrante
do processo educativo.
Referindo-se à aprendizagem, Delors (2003) afirma “que a
educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens assim
especificadas: aprender a conhecer, aprender a jogar, aprender a viver
e a aprender a ser”. A aprendizagem da natação apresenta forma de
processo de aquisição que leva a modificações comportamentais.
O desenvolvimento da personalidade da criança,
compreendendo as mudanças ocorridas no organismo durante o
processo de crescimento e desenvolvimento (comportamento motor,
percepção, construção da inteligência, afetividade, aprendizagem), tem
merecido ultimamente uma atenção cada vez maior por parte dos
investigadores, como assinala Cirigliano (1981).
Para Damasceno (1992), na água a integração sensorial tem
de ser aprendida, o que vai obviamente pressupor que tal integração
se processe no cérebro do bebê ou da criança nadadora, uma vez
que ele é o órgão diretor de toda a atividade que ocorre no corpo e na
mente. Cabe ressaltar que essa integração é estruturada em termos
neuronais e proporciona uma carta cognitiva, a qual está associada a
um repertório psicossociomotor.
Equilibrar, voltar, virar, baixar, levantar, saltar, correr, apoiar,
agarrar, apanhar, prender etc. na água implica uma expansão e uma
ampliação do repertório psicomotor da criança nadadora.
A aprendizagem da natação, em bebês ou crianças, não pode
orientar-se como uma simples iniciação desportiva. Ela deve-se basear
científica e pedagogicamente no desenvolvimento psicomotor de
um ser evolutivo, único e unitário, em que os fatores emocionais,
motores e cognitivos devem ser respeitados criteriosamente, pois só
assim “tal aprendizagem pode contribuir para uma maturação holística
da sua totalidade dinâmica” (DAMASCENO, 1992).
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Dessa forma, o fim que persegue um método de natação não
deve ser unicamente que o aluno chegue a converter-se em um bom
nadador. Como salienta Navarro (1978), “o aluno deve também receber
um número de experiências que, através das suas vivências, lhe
enriqueçam e contribuam à sua melhor educação integral”.
O tempo de infância, como alerta Perrotti (1990), é o tempo do
lúdico no qual a atividade determina o tempo, e não o tempo determina
a atividade. Assim, a educação física organizada como a “hora de...”,
assim como as disciplinas escolares, não tem sentido para as crianças
que pensam, agem e sentem em sua totalidade.
As divergências em torno do jogo educativo estão relacionadas à
presença concomitante de duas funções: a Função Lúdica e a Função
Educativa, em que o equilíbrio entre elas é o objetivo do jogo educativo.
Entretanto, o desequilíbrio provoca duas situações: não há mais ensino,
há apenas jogo, quando a função lúdica predomina; ou o contrário: quando
a função educativa eliminar todo hedonismo, resta apenas o ensino.
Segundo Liselott Diem (1986), “para que a criança possa testar
sua capacidade criadora, ela precisa dispor de um conjunto de
habilidades motoras, que são adquiridas em passos sistemáticos da
aprendizagem”.
A educação infantil e, mais concretamente, as instituições a ela
ligadas oferecem condições excelentes em face da amplitude dos
efeitos que pode ter e da direção que pode imprimir no processo
educativo. Os anos da educação infantil e primária têm sido
caracterizados como o período em que se adquirem e afinam novas
habilidades. No âmbito específico da motricidade infantil, sabe-se bem
que os anos críticos para a aprendizagem das habilidades motoras se
situam entre os 3 e os 9 anos de idade (PANGRAZI; MASSONEY, 1981).
De acordo com o psicólogo Vygotsky (1987), “é na brincadeira
que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua
idade, além de seu comportamento diário”.
Concordamos com Wallon (1968), segundo o qual a atividade
do jogo é o principal canal de relação da criança com o mundo. Ela
reproduz aquilo que consegue captar do mundo em sua volta através
da imitação. É por meio de imitações das ações dos outros que ela
toma consciência de suas ações corporais com o mundo concreto.
Farthmann (1986) afirma que brincadeira e esporte são
elementos relevantes da pedagogia do jardim da infância e têm como
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objetivo transmitir à criança confiança em si mesma, compreensão do
seu meio ambiente e disposição à comunicação.
Na área pedagógica, e também no esporte, entendemos a
aprendizagem como uma atividade especial, que é direcionada para a
aquisição e aperfeiçoamento de conhecimento e saber. Aprender é um
processo básico do homem, sendo entendido por isso como uma nova
aquisição ou a continuidade de desenvolvimento de formas de
comportamento e trabalho (MEINEL,1987).
Essa natação a que se faz alusão deve proporcionar o interrelacionamento entre o prazer e a técnica, por meio de procedimentos
pedagógicos criativos, principalmente na forma de jogos, que facultem
comportamentos inteligentes de interação entre o indivíduo e o meio
líquido, visando o seu desenvolvimento.
É necessário e urgente sugerir um conceito mais amplo sobre
as atividades aquáticas, a partir, por exemplo, das relações de
reciprocidade e pertinência entre a natação e a psicomotricidade.
Poucos são os professores de educação física que utilizam a
natação e os recursos que ela oferece enquanto atividade física,
objetivando a prática para o desenvolvimento motor e cognitivo do aluno,
valorizando, assim, menos o aprendizado das técnicas da natação e
proporcionando maior ênfase aos benefícios que suas propriedades
podem oferecer.
Este trabalho não pretende que as atividades propostas
substituam as aulas convencionais, mas que sirvam de recurso para
facilitar o aprendizado, tornando mais eficaz o resultado final obtido
pelo aluno dentro do ambiente escolar.
OBJETIVO
Investigar se as atividades lúdicas, desenvolvidas nas aulas de
natação, de forma orientada, podem contribuir para o desenvolvimento
da escrita e da capacidade de raciocínio de crianças, visando a
facilitação do trabalho de alfabetização de crianças entre 5 e 6 anos de
idade.
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MÉTODOS
A amostra foi selecionada de forma intencional e constituída de
120 infantes dos sexos masculino e feminino, voluntários (COSTA
NETO, 2002), na faixa etária 5 e 6 anos, de mesmo nível
socioeconômico, matriculados na Escola Municipal Clóvis Beviláqua.
Os escolares, alvo de nossa pesquisa, residem no Complexo do
Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, sendo as aulas de natação
realizadas na Vila Olímpica Carlos Castilho, no mesmo bairro; são
crianças de nível social mais baixo e que apresentam grande dificuldade
nas turmas de alfabetização.
A presente pesquisa é de cunho descritivo, de acordo com a
proposta de Thomas e Nelson (2002), em que os métodos de pesquisa
descritiva são baseados em estudos de status, amplamente utilizados
em educação, os quais procuram obter informações acerca de
condições existentes, com respeito a variáveis ou condições, numa
determinada amostra.
O presente estudo atende às normas para a realização de
pesquisas com seres humanos, conforme a orientação do Conselho
Nacional de Saúde, respeitando-se as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos, vigentes
a partir de 10 de outubro de 1996, Resolução nº251, e aprovadas no
Comitê de Ética em Pesquisa da UCB/ RJ.
Os dois grupos experimentais realizaram as aulas de natação
durante 10 semanas, duas vezes por semana, com a duração de 50
minutos por sessão de aula, totalizando 20 aulas de intervenção. Os
alunos foram divididos em dois grupos de 60: um grupo, denominado
de A1, foi formado pelos alunos que realizaram as aulas específicas de
natação; e o grupo A2, pelos que não realizaram as aulas específicas
de natação.
As aulas de natação foram realizadas através de atividades
lúdicas que abordavam temas ou conteúdos que fizeram parte do
planejamento utilizado dentro da sala de aula, objetivando, assim,
atender aos princípios de interdisciplinaridade. Elaborou-se um
programa de aprendizado em que as valências básicas da natação –
como deslize, respiração e deslocamento com pernada – e outras
habilidades fossem desenvolvidas, uma vez que a amostra era
composta de crianças iniciantes.
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Os materiais usados foram bolas coloridas, letras e números
de cores primárias e figuras ilustrativas que afundavam e flutuavam,
bastões pesados, bambolês e qualquer outro tipo de material que
pudesse estimular na criança um aprendizado sadio e prazeroso,
proporcionando a realização de movimentos que suprissem as
necessidades básicas dos alunos durante uma aula de natação.
Para avaliar o nível do conteúdo cognitivo específico da criança
em fase de alfabetização, foi criado um Protocolo de Avaliação do
Conhecimento Cognitivo, validado por duas pedagogas, o qual
apresentava sete questões referentes ao conhecimento das letras, das
cores primárias, da formação de palavras simples, noções de conjunto
e a realização de operações matemáticas (soma e subtração), bem
como da coordenação motora fina; os critérios específicos foram
classificados da seguinte forma:
C.M.F. – coordenação motora fina;
D.F. – dificuldade de atenção;
E.Q. – entendimento do enunciado das questões; e
S.A. – realização do teste sem auxílio do professor.
O protocolo foi aplicado em dois momentos: no início da
intervenção e ao final desta. A pontuação para obtenção dos resultados
foi determinada e diretamente relacionada ao grau de dificuldade das
questões, variando a pontuação de 1,0, 1,5 e 2,0, totalizando ao final
10,0 pontos em relação à parte cognitiva do aluno; algumas questões
para a parte motora foram avaliadas, observando o grau de dificuldade
em relação aos traços na escrita, a atenção do aluno e também o
entendimento dos enunciados das questões, pontuando como certo
ou errado, possibilitando a comparação ao final da pesquisa.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Após a aplicação do Protocolo de Avaliação Cognitiva em
relação às variáveis psicossensoriomotoras (coordenação das ações
de motricidade global e as de motricidade fina), verificamos os seguintes
resultados quando comparados os dois grupos:
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Comparativo de rendimento final entre os grupos A1 e A2, em
relação ao número de acertos
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
grupo A1-fizeram
as aulas específicas
grupo A2-não
fizeram as aulas
específicas
1ªq. 2ªq. 3ªq. 4ªq. 5ªq. 6ªq. 7ªq.
O gráfico anterior corresponde à comparação dos resultados
finais em acertos obtidos entre os 60 alunos do grupo A1 (fizeram as
aulas específicas) e os 60 alunos do grupo A2 (não fizeram as aulas
específicas), comparando os resultados finais de cada grupo.
Podemos observar que os alunos do grupo A2 obtiveram
rendimento inferior ao apresentado pelos do grupo A1; ambos realizaram
o teste final em iguais condições, tendo como única diferença a
participação ou não nas aulas específicas de natação durante a
educação física escolar no período em que foi realizada a pesquisa.
Observou-se que nas questões 2 e 3, que abordam o
conhecimento das letras e figuras, bem como a formação de palavras,
os alunos do grupo A1 apresentaram rendimento bem superior em
relação ao grupo A2, confirmando assim a importância das aulas
específicas para a melhora do rendimento final dos alunos.
Comparativo de rendimento entre os resultados iniciais e finais do
grupo A1 e finais do grupo A2
80
70
pré-teste A1-que
fizeram as aulas
específicas
pós-teste A1-que
fizeram as aulas
específicas
60
50
40
30
20
pós-teste A2-não
fizeram as aulas
específicas
10
0
C.M.F.
D.F.
E.Q.
S.A.
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O gráfico anterior faz uma comparação das aplicações do préteste, do pós-teste (grupo A1) e do pós-teste (grupo A2), em que foram
avaliadas as dificuldades e o aproveitamento apresentados pelos alunos
nos seguintes critérios específicos citados na metodologia.
Podemos observar uma diferença no que se refere ao
aproveitamento final dos alunos do grupo A1, em relação aos do grupo
A2, percebendo melhora significativa nos itens avaliados nesta
pesquisa, fazendo-nos, assim, acreditar nos benefícios diretos da
aplicação das aulas específicas durante a natação na educação física
escolar.
Pode-se observar diferença no tocante ao aproveitamento final
dos alunos do grupo A1, em relação aos do grupo A2, percebendo-se
melhora significativa nos itens avaliados nesta pesquisa; isso nos faz
acreditar nos benefícios diretos da aplicação das aulas específicas
durante a natação na educação física escolar.
CONCLUSÃO
O objetivo deste estudo foi mostrar que através de exercícios
específicos aplicados durante a educação física escolar pode-se obter
resultado positivo, unindo-se as disciplinas e buscando aplicar os
conhecimentos de forma lúdica e prazerosa, proporcionando ao aluno
aprendizado saudável e completo, tornando mais eficaz o objetivo final
do aprendizado infantil. Deve-se lembrar sempre que o primordial para
o resultado final foi a integração da Pedagogia e da Educação Física,
que fizeram parte da estrutura curricular da escola utilizada nesta
pesquisa.
A valorização da interdisciplinaridade foi fundamental na
obtenção dos resultados e pautada na nova LDB, propondo, assim,
atividades centradas nas necessidades dos alunos desta determinada
escola, valorizando o conteúdo programático aplicado.
Não podemos esquecer que esse resultado aplica-se
exclusivamente aos alunos da escola usada nesta pesquisa, sendo
recomendável uma elaboração de atividades específicas para utilização
da metodologia apresentada nesta pesquisa em outras escolas.
Cabe ressaltar que os alunos que não fizeram as aulas
específicas continuaram tendo aulas regulares de natação, pois esta
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constava no programa acadêmico. Talvez se possa pressupor que, se
tivesse havido um grupo de controle que não fosse submetido a
nenhuma aula de natação, a diferença em relação ao aproveitamento
final fosse mais acentuada.
ABSTRACT
SWIMMING AND THE PROCESS OF LEARNING TO READ AND
WRITE FOR CHILDREN
This study had as objective to analyze how the practice of
swimming can be used as a help in the process of learning to read and
write for children of 5 and 6 years old. The searched group was
composed for 120 pupils, of both genders, on the Municipal School Clóvis
Beviláqua, north zone of Rio de Janeiro, being the swimming lessons
carried through in Vila Olímpica Carlos Castilho, in the quarter of
Branches. The pupils had been divided in two groups: 60 pupils had
carried through lessons of specific swimming and the others 60 had
continued with the normal program in the swimming lessons during the
research. The elaboration prerequisite of the lessons had been evaluated
as follows: the fine and global motor coordination, the knowledge of the
letters and the writing, the numbers and the primary accounts, the notion
of set and colors, beyond the influence in the socialization between the
basic pupils, valences for this age band in pertaining to school age. The
lessons had been carried through two times per week, for 50 minutes,
during 10 weeks. A daily pay-test before the beginning of the lessons
was applied for the pupils, to evaluate the knowledge level, and reapplied
with the same content after the application of the specific lessons, being
possible to observe an improvement in the test accomplishment in the
group of 60 pupils who had carried through the specific lessons of
swimming. Already the group of 60 pupils who had not participated of
these lessons presented difficulty in carrying through the proposals
questions in the test. It can be observed that the specific applied activities
in swimming lessons had facilitated the group of 60 pupils, participant
of these, to got better results than the group that did not participate of
the lessons, concluding, thus, that such activities had been important
for complementing the content used in classroom.
Keywods: motor coordination, swimming, learning to read and write,
education, playful.
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Rua Dr. Furquin nº35 – Centro
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CEP:25.030-170
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 15, n. 1, p. 20-31, 2007
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