Período Kamakura Amaterasu, a deusa do sol - RONIN

Período Kamakura
Amaterasu, a deusa do sol, gerou do mar a terra japonesa e nomeou como Imperador,
seu próprio filho. O Imperador ou Tenno (soberano celestial), é o elo entre homens e deuses.
Apesar desse papel mediador do Imperador, o ato de governar o país era exercido pelos
nobres da corte chamados Kuge, cujas famílias haviam acumulado posse de terras, única fonte
de riqueza e poder.
Com a chegada da escrita trazida pelos chineses, os nobres começaram a se espelhar
no modo chinês de viver, afinal, era uma cultura que gozava de mais prestígio. Se
interessaram pela poesia e arte e se acostumaram com os luxos e prazeres da capital Kyoto.
Cuidar de suas propriedades não despertava mais interesse e, temendo intrigas na Corte,
foram transferindo, gradativamente, a administração das terras para parentes ou servidores de
confiança. Os kuges apenas recebiam os proventos resultantes de seus domínios. A gerência
das terras imperiais também foram entregues a funcionários da coroa.
Os responsáveis pelas propriedades (feitores, gerentes ou prepostos e suas famílias),
com o decorrer do tempo, foram contraindo alianças e aprendendo a defender as aldeias e as
terras. Foram ficando poderosos e, por meios legais ou não, passaram de servidores a
proprietários. Não eram mais representantes dos Kuges, mas gananciosos posseiros
denominados daimyo (grande nome ou grande família). Seus subordinados, capazes de pegar
em armas, eram os bushi ou guerreiros. A comunidade de chefes e soldados tinha o nome de
bushidan, que abrangia todos os combatentes (samurai), desde os mais poderosos aos mais
humildes. Legalmente, os daimyo não eram os proprietários das terras, contribuindo para as
permanentes contestações de propriedade e disputas com vizinhos. Cada daimyo procurava
seus aliados para defender seus domínios.
A partir do século X, os grandes grupos de samurai entram em conflito frequentemente
e o governo não consegue dominá-los. Dos conflitos, dois grupos de samurai de destacam, os
Taira e os Minamoto ou Genji. Depois de vencer os Taira, os Minamoto obtêm o controle da
capital e legitima o seu poder político-militar como oriundo da vontade do Imperador.
Yoritomo Minamoto, o chefe do clã vencedor, instala seu quartel-general em Kamakura (na
província de Sagami, atual província de Kanagawa), fundando o primeiro xogunato (bakufu).
É o Período Kamakura ou Shogunato Minamoto ou Kamakura Bakufu, que dura 141 anos
(1192-1333) e marca o início dos governos militares hereditários.
Bakufu significa posto militar, indicando claramente a natureza marcial do novo
regime, cujo chefe centraliza o poder político e militar. A maioria dos historiadores japoneses
chama de feudal o período dominado pelos samurai.
Em 1185, quando o clã Taira é virtualmente eliminado, Yoritomo solicita ao trono
autorização para criar os cargos de shugo (comissário militar) e jito (comissário de terra) em
todo o território nacional. Os shugo comandam samurai locais e se encarregam da
manutenção da ordem pública. Os jito arrecadam impostos e exercem funções policiais.
Yoritomo Minamoto, acreditando que uma das causas da queda dos Taira fora a vida
suntuosa da capital (Heian), mantém vivas, entre seus seguidores, o espírito marcial e a vida
simples e frugal, mas o bakufu explora o lavrador como escravo, obrigando-o a pagar os mais
variados tributos e a prestar serviços de diversas naturezas e elimina o domínio dos
aristocratas que passam a viver como parasitas da produção rural. O novo sistema político
representa a passagem de uma sociedade escravista, sob o domínio da aristocracia, para uma
sociedade caracterizada pela escravidão dos camponeses comandada pelos samurai. É a
transformação do Estado Ritsuryo em Estado Feudal.
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