sonho de Kekulé - Marcilio Quimica

Transcrição

sonho de Kekulé - Marcilio Quimica
O sonho de Kekulé
Antes de verem o “sonho de Kekulé” relatado no
título, é interessante lembrar que grande parte dos
compostos produzidos em nosso corpo são orgânicos.
Só para lembrar, por exemplo, há a uréia e a glicose.
Não apenas em seres humanos, mas também em
todos os seres vivos, sejam eles vegetais ou animais.
Ou seja, os compostos orgânicos estão em quase tudo
que tem vida orgânica em nosso planeta.
Mas até que esse cara (Kekulé), de quem
relatamos o citado sonho, não tivesse esse insight,
através do sonho por ele relatado, pouco sobre o
universo dos compostos orgânicos era conhecido.
Quem foi Friedrich August Kekulé von
Stradonitz?
Numa frase, simplesmente podemos dizer que Kekulé foi o pioneiro da química orgânica.
O texto a seguir foi extraído de um discurso feito pelo próprio Kekulé na prefeitura de Berlim, em
1890, em comemoração ao 25º aniversário do anúncio da fórmula do benzeno:
” Vocês estão celebrando o jubileu da teoria do benzeno. Eu devo, antes de tudo, falar-lhes
que, para mim, a teoria do benzeno foi somente uma conseqüência, e uma conseqüência muito
óbvia das idéias que eu formava sobre as valências dos átomos e da natureza de suas ligações;
as idéias, portanto, as quais nós hoje chamamos de teoria da valência e estrutural. O que mais eu
poderia ter feito com as valências não utilizadas? Durante minha estada em Londres, eu residi em
Clapham Road… Freqüentemente, no entanto, passava as noites com meu amigo Hugo
Mueller… Nós conversávamos sobre muitas coisas, mas, com mais freqüência, de nossa amada
química. Em um agradável anoitecer de verão, estava retornando no último ônibus, sentado do
lado de fora, como de costume, trafegando pelas ruas desertas da cidade… Eu caí em devaneio,
e vejam só, os átomos estavam saltando diante dos meus olhos! Até agora, sempre que esses
seres diminutos haviam aparecido para mim, estavam sempre em movimento; mas até aquele
momento eu não fora capaz de perceber a natureza de seus movimentos. Agora, entretanto, eu
via como, freqüentemente, dois átomos menores uniam-se para formar um par; como um maior
abraçava os outros dois menores; como outros ainda maiores retinham três ou mesmo quatro dos
menores; enquanto o conjunto mantinha-se girando em uma dança vertiginosa. Vi como os
maiores formavam uma cadeia, arrastando os menores atrás de si, mas somente nos finais da
cadeia… O grito do motorista: “Clapham Road” acordou-me do sonho; mas passei uma parte da
noite colocando no papel pelo menos o esboço dessas formas de sonho. Essa foi a origem da
“teoria estrutural”.
“Algo semelhante aconteceu com a teoria do benzeno. Durante minha estada em Ghent,
morava em elegantes aposentos de solteiro na via principal. Meu escritório, no entanto, tinha
frente para um beco estreito e nenhuma luz do dia penetrava nele… Estava sentado escrevendo
mau livro didático, mas o trabalho não progredia; meus pensamentos estavam em outro lugar.
Virei minha cadeira para o fogo e cochilei. Novamente os átomos estavam saltando diante dos
meus olhos. Nessa hora, os grupos menores mantinham-se modestamente no fundo. Meu olho
mental, que se tornara mais aguçado pelas visões repetidas do mesmo tipo, podia agora
distinguir estruturas maiores de conformações múltiplas: fileiras longas, às vezes mais apertadas,
todas juntas, emparelhadas e entrelaçadas em movimento como o de uma cobra. Mas veja! O
que era aquilo? Uma das cobras havia agarrado sua própria cauda, e essa forma girava
zombeteiramente diante dos meus olhos. Acordei como se por um raio de luz; e então, também
passei o resto da noite desenvolvendo as conseqüências da hipótese.” (Benfey, journal of
Chemical Education, vol.35, 1958, p.21).
Para relatar o sonho de kekulé, o trecho acima descrito foi extraído do livro: Química de
autoria de JOAO USBERCO e EDGARD SALVADOR, publicado pela editora Saraiva.
Em resumo:
Kekulé era um estudioso de química orgânica. Quebrou a cabeça durante muito tempo,
tentando combinar seis átomos de carbono com seis átomos de hidrogênio, numa fórmula que
explicasse de forma satisfatória as
propriedades especiais que esses átomos
tinham na molécula do benzeno. Depois
de muito pensar e estudar e fazer
proposições, sentou-se em uma poltrona
e tirou uma soneca à frente da lareira. Ao
acordar, lembrou-se de um sonho
estranho que tivera: uma cobra mordendo
a própria cauda! Imediatamente, associou
a forma cíclica dessa visão com o arranjo
de átomos que pesquisava. E chegou à
fórmula espacial do benzeno. Com essa
descoberta, abriu-se um campo enorme para a síntese de novos produtos. Grande parte dos
remédios produzidos pela indústria farmacêutica têm como ponto de partida o benzeno.
ARTIGO PUBLICADO POR:
Maiara Albuquerque, licencianda em química pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco, na Unidade Acadêmica de Serra
Talhada (UFRPE/UAST)

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