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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS - CESCAGE
http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng
ISSN: 2178-3586 / 7ª Edição / Jan – Jul de 2013
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CONSTRUÇÃO CIVIL A PARTIR DO
CONTROLE DE RESÍDUOS SÓLIDOS
SUSTAINABLE CONSTRUCTION FROM SOLID WASTE CONTROL
César Augusto Nunes Carrico ¹; Helenton Carlos da Silva ²
¹ Acadêmico Formando Tecnologia em Construção de Edifícios – CESCAGE – e-mail
² Esp. Docente do Curso de Tecnologia em Construção de Edifícios – CESCAGE. – e-mail:
[email protected]
Resumo: A problemática ambiental tem tomado conta de muitos debates em
âmbito nacional e internacional, tanto na sociedade civil quanto nas políticas
públicas, tendo em vista afetar a realidade de cada ser vivo no planeta, inclusive do
ser humano. Outros sim, verifica-se o intervencionismo estatal na vida corrente das
sociedades, diante da necessidade de resolver graves questões ambientais
oriundas do crescimento industrial dos séculos anteriores sem nenhuma
preocupação com o meio ambiente e com vistas a alcançar o tão almejado, porém
complexo, desenvolvimento sustentável. Os resíduos sólidos gerados na
indústria
da construção civil, popularmente conhecidos como entulho, são
materiais constituídos basicamente de restos de argamassa, papelão, blocos
cerâmicos e de concreto, fios, gesso, madeira e outros materiais. A pesquisa se
dará a partir de uma bibliografia retrospectiva baseada em livros, artigos científicos,
revistas técnicas e anais sobre o assunto.
Palavras-chave: Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Resíduos Sólidos,
Construção Civil.
Abstract: The environmental issue has taken hold of many debates in context
national and international, both in civil society and in the public policies, and in order
to affect the reality of every living being on the planet, including the human being.
Moreover, there is the state interventionism in ordinary life of societies, the need to
solve serious environmental issues arising from the industrial growth of previous
centuries with no concern for the environment and for achieving the much desired,
however complex, sustainable development . The solid waste generated in the
construction industry, popularly known as rubble, are materials consisting primarily
of residual mortar, cardboard, ceramic bricks and concrete, wire, plaster, wood etc..
The research will from a retrospective bibliography based on books, scientific
papers, technical journals and conference proceedings on the subject.
Keywords: Environment, Sustainable Development, Solid Waste, Construction.
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1 INTRODUÇÃO
O cenário mundial em início ao século XXI presencia o despertar de
uma nova consciência da sociedade em relação a questão ambiental dentro da
organização, que ganha dimensão por causa da importância que tem sido
atribuída a proteção ao meio ambiente. O compromisso e a responsabilidade com
a questão ambiental tem sido matéria de discussão em todas as áreas do
conhecimento no mundo inteiro interligando assim duas Ciências Sociais
Aplicadas: administração e educação.
A globalização, permite hoje outras oportunidades de negócio que antes
poucos poderiam imaginar ser possível, e a responsabilidade social se apresenta
como a oportunidade do momento.
No passado administrar era estabelecer um conjunto de princípios, normas
e funções, com o objetivo de ordenar, redigir e controlar os esforços de grupos e
de indivíduos associados para obter um resultado comum.
Essa diversidade, extremamente positiva, presente tanto nos seus aspectos
conceituais quanto metodológicos, tem se tornado uma de suas principais
características em nosso país, principalmente através da responsabilidade social.
Existe um consenso de que a educação ambiental está trazendo uma nova
ética que pressupõe a participação de todos,
e a mesma só pode ser feita
através da desconstrução e reconstrução de todas as desigualdades, sejam
de cultura, classe, identidade, diferenças físicas e mentais, raça e gênero. Desta
forma a produção de resíduos sólidos urbanos no Brasil tem atingido índices
recordes. Neste contexto a construção civil se destaca e recebe de grande parte
dos pesquisadores do assunto à classificação de a maior fonte geradora de
resíduos em comparação a todos os outros setores da sociedade. (AZEVEDO,
KIPERSTOK e MORAES, 2006)
Do ponto de vista ambiental não precisa ser muito conhecedor do
assunto para entender que a agressão ao Meio Ambiente nunca esteve tão severa,
uma vez que grande parte do descarte desses resíduos de construção é de forma
totalmente irregular,
desordenada,
desrespeitando
toda
e
qualquer
lei
ambiental vigente. É muito comum vermos montes de entulhos as margens de
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rios, em terrenos baldios, em aterros clandestinos e até diretamente em vias
públicas pouco povoadas, geralmente próximas às periferias da cidade.
Para os cofres públicos municipais isto também significa um grande
ônus, pois acabam tendo de responsabilizar-se pela remoção e deposição
desses resíduos acumulados. Isso, segundo Azevedo, Kiperstok e Moraes (2006),
tem-se transformado em um „‟negócio estabelecido em quase todas as grandes
cidades brasileiras, envolvendo empresas contratadas pela prefeitura para recolher
o entulho‟‟.
Sabemos que grande parte desses resíduos é proveniente de uma grande
doença que assola os canteiros de obra como um todo, o desperdício. É difícil já
não ter ouvido falar, seja em um jornal impresso ou televisivo que o índice de
desperdício na construção civil pode chegar a 30%, trocando em miúdos, a cada 3
(três) prédios construídos, 1 (um) quarto poderia ser construindo totalmente
apenas com o volume de desperdício gerado pelos outros três, convertendo todos
os custos e despesas geradas em valores monetários, desde os retrabalhos
realizados em uma mesma tarefa, ao consumo maior de matéria-prima, o ônus
proveniente do pagamento em duplicidade da mão de obra e o custo referente à
gestão e controle desse resíduo do local de origem até a sua disposição final
(UBIRACI, 2005).
Em toda esta grande discussão se faz necessário o entendimento um pouco
mais apurado da origem desses resíduos de construção em um prédio de
apartamentos como exemplo, tentando apontar os serviços com maiores índices
de produção deste „‟lixo‟‟, das políticas de controle dentro do canteiro, das ações
para a minimização e/ou anulação deste desperdício, do trajeto deste entulho
gerado até a sua destinação final, do ponto de vista legal, regido pelas leis
municipais e federais, e também da forma clandestina realizada, evidenciando as
responsabilidades de cada parte envolvida e em último plano, entretanto, nem
um
pouco
menos importante o uso de políticas do reuso desses materiais
diretamente na sua fonte geradora ou do envio dos mesmos a usinas de
recebimento e reaproveitamento deste entulho que será reciclado e utilizado na
confecção de outro material para uso na construção civil.
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2 MATERIAL E MÉTODOS
Para se alcançar a realização dos objetivos propostos foi preciso adotar
alguns procedimentos metodológicos, que sustentaram a realização da pesquisa.
De acordo com Bogdan (apud GODOY, 1995), a pesquisa qualitativa
apresenta como características básicas: a) pesquisa qualitativa tem o ambiente
natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental;
b) a pesquisa qualitativa é descritiva; c) o significado que as pessoas dão às coisas
e à sua vida é a preocupação essencial do investigador; d) pesquisadores utilizam o
enfoque indutivo na análise de seus dados e; e) os pesquisadores qualitativos estão
preocupados como o processo e não simplesmente com os resultados e o produto.
De acordo com Cervo e Bervian (2006, p.63), “a pesquisa é uma atividade
voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de
processos científicos”.
Para Marconi e Lakatos (2002, p.43), “a pesquisa pode ser considerada um
procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um
tratamento cientifico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para
descobrir verdades parciais”.
Para classificar o tipo de pesquisa a ser utilizada, usa-se o estudo da
classificação proposta por Vergara (2005): quanto à natureza (abordagem), quanto
aos fins (objetivos) e quanto as meios (coleta de dados).
Quanto a natureza a pesquisa se classifica como bibliográfica e exploratória.
O método de abordagem da pesquisa se centrará na indução, buscando-se
estabelecer as relações entre um estudo particular para compreender o universo
geral.
O artigo será composto por uma pesquisa bibliográfica que,
Configura-se como o estudo sistematizado desenvolvido com base
em material publicado como: livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas, isto é, todo material acessível ao publico em geral. Ela
pode fornecer instrumentos analíticos para qualquer outro tipo de
pesquisa, mas também pode esgotar em si mesma (ANDRADE
2003, p. 134).
Utilizando ainda o método qualitativo observando o que diz Cervo e Bervian
(2006) em relação a este tipo de pesquisa destacando-se que a pesquisa qualitativa,
mesmo lidando com aspectos subjetivos/amplos, com uma riqueza e profundidade
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de detalhes, poderá levar a resultados claros, objetivos e concisos, desde que o
pesquisador interpretando os dados, dê um sentido “real” que foi transmitido pelos
sujeitos (no caso deste artigo – estudos científicos) pesquisados, não mostrando ou
deixando sobressair-se sua visão pessoal acerca do tema investigado.
Conforme Minayo (1993, p. 18) referindo-se ao método de pesquisa
qualitativo, cita que
Um método considerado bom é aquele que consente a construção
correta dos dados, apropriado aos objetivos da investigação,
oferecendo elementos teóricos para uma concreta análise. Sendo
que apenas o método, quando usado dentro dos limites de suas
especificidades, pode dar contribuição efetiva para o conhecimento
de uma realidade.
Com relação aos seus objetivos este estudo classifica-se como exploratório e
descritivo. Gil (2002, p. 38) aponta que a pesquisa exploratória tem como principal
finalidade “desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias”, e tem em vista
formular problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores.
Utilizou-se como plano de amostra a amostragem por conveniência que é
totalmente a pesquisa bibliográfica, haja visto que a mesma é utilizada para geração
de idéias em pesquisas qualitativas, principalmente.
Como critério de elegibilidade dos estudos e artigos usados como fonte de
dados para este trabalho focar-se-á em

Clareza e precisão na redação: onde o artigo/estudo deve apresentar
coerência com o conteúdo e tema desejado para compor a base teórica desta
pesquisa;

Objetividade e validez: os resultados dos estudos e artigos pesquisados
devem estar baseados em dados e informações válidas.
Complementarmente para a análise de interpretação dos dados se utilizou da
técnica de análise de conteúdo, que possibilita compreender melhor o conteúdo,
aprofundou suas características e extraiu os momentos mais importantes, por meio
de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos das
mensagens. Bardin (1977 apud TRIVIÑOS, 2005, p. 160) define a análise de
conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que busca,
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por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, obter indicadores, quantitativos ou não, que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção e recepção das variáveis
inferidas nas mensagens.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
PARADIGMA CIVILIZATÓRIO
SUSTENTÁVEL:
UM
NOVO
Percebe-se que o conceito de Desenvolvimento Sustentável vai muito além
da proposição de um modelo de desenvolvimento econômico que se reproduza
no tempo e no espaço. Configura-se na formulação de um novo paradigma
civilizatório, com vistas à equidade entre os seres humanos e os não-humanos.
Castro (1996, p.22)
Justamente pela grande tarefa a que se propõe o conceito de DS não
pode ser reduzido a estas ou aquelas características, mas ao contrário, deve sempre
estar aberto à novos elementos, na tentativa de prover modelos mais adaptados à
realidade multifacetada. Ainda sob este argumento pode-se acrescentar que o
conceito de DS deve ser o mais amplo possível para garantir um critério de
generalidade a
fim de ser aplicado, com as devidas adaptações, em qualquer
realidade. Todavia, o grande risco de deturpações do conceito, reside justamente
nas adaptações para as microrealidades; sua característica de universalidade é o
seu “calcanhar de Aquiles”, quando se aplica a idéia de DS, esta pode acabar
pendendo para a defesa de interesses diversos.
Neste sentido quanto mais clareza no entendimento das diversas facetas que
correspondem o DS, sua abrangência e delimitações, maior a possibilidade de sua
efetivação em contextos específicos. Assim, é preciso uma leitura atenta das
definições e contínua investigação do conceito de DS com o intuito de se
compreender os verdadeiros interesses à que se propõe, sem negligenciar as
diversas e complexas relações com os elementos que o compõe, quais sejam, a
dimensão econômica, social e ambiental.
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Merico (2002) estrutura seu discurso sobre seis fundamentos básicos, são
eles: equidade intrageração, equidade intergerações, irreversibilidades, incertezas,
resiliência e justiça com os outros seres vivos.
a) Equidade
o
Intrageração
–
dentro
de
uma
mesma
geração,
desenvolvimento deve ser gerido no sentido de usar racionalmente os
recursos naturais e de distribuir horizontalmente os proventos econômicos. Essas
premissas ensejam alguns complicadores. O primeiro deles é o fato de que os
pobres são os que sofrem mais diretamente com a degradação do ambiente, seja
em uma escala local (bairros periféricos) ou global (nações do Sul). As
discrepâncias dos níveis de consumo entre os países é outro fator importante,
principalmente se analisarmos os índices de consumo dos países do Norte e os
do Sul. Exemplo que bem ilustra esta questão, são os dados da WWF (World
Wildlife Fund) – Fundo Mundial da Natureza - indicando que se toda a
humanidade adotasse padrões de consumo semelhante ao do cidadão médio
americano, seriam necessários cinco planetas para atender a demanda por
recursos naturais, ou seja, “os padrões de consumo devem ser revistos, para que
os estoques de capital natural possam estar disponíveis para a elevação da
qualidade de vida nos países empobrecidos” (MERICO, 2002, p. 105). Ponto
que merece especial atenção é a questão da exclusão social, uma vez que o
modelo econômico desenvolvimentista acarretou uma distribuição de renda
desigual, ocasionando um aumento da miséria planetária sem precedentes na
história humana, “em outras palavras, não há como se pensar em construir uma
relação equilibrada com a natureza dentro de uma sociedade profundamente
desequilibrada” (IDEM, p. 106).
b) Equidade Intergerações – remonta à abordagem do Relatório
Brundtland no sentido de que o desenvolvimento sustentável é aquele capaz
de atender as necessidades do presente sem prejudicar a capacidade das
gerações futuras de atenderem às suas, ou seja, devemos legar um meio
ambiente, no mínimo, tão bom quanto o que recebemos.
A equidade intergerações é, particularmente, um processo de
justiça, já que a humanidade pode criar ou destruir capital
manufaturado, mas as possibilidades de aumento de capital
natural são menores. É claro que se podem aumentar os estoques
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de árvores ou peixes, mas, em muitos casos, as perdas ambientais
são irreversíveis ou provocam extinções. Essas irreversibilidades
significam a remoção de opções das futuras gerações, pois não
se pode ter acesso a um capital natural perdido (IDEM, p. 107).
Ressalte-se assim a
importância
de
se
resguardar
intactos
principalmente os grandes sistemas da biosfera, tais como o equilíbrio climático e
o ciclo da água, pois são os responsáveis por prover o suporte da vida na Terra.
c) Irreversibilidades
–
está
intimamente
ligado
ao
princípio
da
prevenção. Este princípio é basilar no direito ambiental mundial e preconiza
que todas as medidas devem ser tomadas para se evitar danos ambientais
futuros. “Os impactos ambientais apenas deveriam ser aceitos, caso houvesse
a certeza de sua reversibilidade [...]” (MERICO, 2002, p. 107). Deve-se manter
um cuidado constante em relação às alterações que podem ser admitidas e quais
ensejam um ônus natural e social tão grande que não pode ser aceitos.
d) Incertezas – aqui figura outro princípio do direito ambiental, o da
precaução.
Em
existindo
atividades
cujas
conseqüências
para
o
meio
ambiente sejam desconhecidas, estas atividades não deverão ser aceitas. Deve
haver uma gestão racional dos riscos, sob a ótica de que os recursos naturais
devem sempre ser preservados pois dão suporte à toda e qualquer atividade
econômica. É o velho ditado popular: na dúvida, não faça!
e) Resiliência – é a capacidade elástica de um sistema natural ou
social. Está ligado à possibilidade destes sistemas em voltar ao estado inicial
depois de sofrer certa pressão. O cuidado que se espera em situações de coação,
é que esta, nunca ultrapasse o limite em que os sistemas podem voltar ao
estado original. “A capacidade de resiliência seria, então, a capacidade de
resistir à pressões, retornando à situação de origem, sem que mudanças
irreversíveis ocorram” (IDEM, p. 109). O nível de resiliência está intimamente
ligado à quantidade e qualidade de capital natural e econômico, na medida em
que ambos podem ajudar a elastecer os limites de resiliência de um sistema.
f) Justiça com outros seres vivos – refere-se ao direito de existência
de todos o
seres vivos
não-humanos. “A manutenção dos
direitos de
existência de todos os seres vivos não-humanos é uma obrigação moral e ética
coerente com os princípios da sustentabilidade e deve ser levada a sério pela
atual civilização” (IDEM, p. 110). O foco aqui é deslocar a questão do paradigma
antropocêntrico para o ecocêntrico, atribuindo valor aos objetos (seres vivos
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não-humanos) em si, independentemente da importância utilitarista que podem
ter para a humanidade.
3.2 A QUESTÃO DOS RESÍDUOS: O DESPERTAR PARA O PROBLEMA
O despertar para o problema em grande parte dos países do mundo e
também no Brasil, até a década de 50, a natureza era vista apenas como um pano
de fundo para todas as atividades executadas pelo homem e suas relações com o
meio (SCHENINI, BAGNATI E CARDOSO, 2004). Pensa-se que a natureza estava a
li para ser explorada e catalogada, e estaria sempre a disposição da humanidade.
Após as duas grandes guerras mundiais esta teoria começava a cair por terra,
pois se via que algumas atividades humanas geravam problemas que não
poderiam serem mais resolvidos, ou que a longo prazo trariam grandes prejuízos
para
toda
a
humanidade.
Neste
contexto
surgiam
as
primeiras
teorias
preservacionistas. Neste âmbito, no final dos anos 80, no processo preparatório da
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
Humano, a RIO 92, surgem os primeiros protocolos e teorias sobre o
Desenvolvimento Sustentável.
A construção civil era pouco lembrada no processo e a preocupação com os
materiais não renováveis utilizadas nas suas atividades não recebiam a devida
atenção. No Brasil, como não poderia ser diferente, não havia nenhuma consciência
ecológica na indústria da construção civil e os estragos ambientais gerados por
esses desperdícios foram irreparáveis, além do que nesta época via-se a proporção
de pessoas no campo e nas cidades que era de 75% para 25% serem invertidas,
solicitando desta maneira uma demanda quase que incontrolável de habitações
novas nas cidades (SCHENINI, BAGNATI E CARDOSO, 2004).
Estima-se que de todo o volume de entulho gerado pela construção civil,
apenas 25% seja de responsabilidade das construtoras. Os demais 75% são
gerados pelas autoconstruções, que se enquadraria em pequenas reformas,
demolições e/ou ampliações de uma determinada edificação (LEAL,2001).
Dentre uma gama imensa de resíduos produzidos, destacamos o cimento, a
cal, a areia, o concreto, a argamassa, o ferro, componentes de vedação e madeira.
Cada metro quadrado construído pode gerar 150 quilos de resíduo, o que
significa dizer que uma pequena edificação de 250m² gera em torno de dez
caçambas metálicas de entulho.
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A geração desses resíduos está aliada a um grande índice de perdas nas
atividades executadas em um canteiro. A constituição destes resíduos é muito
heterogênea, função da grande quantidade de atividades executadas ao mesmo
tempo e conseqüentemente da diversidade dos materiais utilizados, do nível de
desenvolvimento daquela região, do nível de controle dos técnicos responsáveis, da
qualidade dos projetos e dos materiais utilizados (SCHENINI, BAGNATI E
CARDOSO, 2004).
O entulho é apresentado de forma sólida, com características físicas
variáveis, função do processo gerador, podendo apresentar dimensões do próprio
material constituinte, como tijolos cerâmicos, ou na maioria dos casos em dimensões
variadas e volumes diversos (ZORDAN, 1998).
Estimativas da Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana da Cidade de São
Paulo) mostram que só na cidade, cerca de 144 mil m³ de entulho são recolhidos
mensalmente na cidade e que este número pode até triplicar com base em dados
extra oficiais (GIOCCHI, 2003).
Quase que em sua totalidade, o entulho de construção civil é gerado na
maioria das atividades realizadas dentro de um canteiro de obras. As perdas e os
grandes desperdícios são as principais fontes causadoras do entulho. Embora
saibamos que parte dos resíduos gerados acabam ficando incorporados na própria
obra, a maior parte do mesmo deve se removido da obra. Estima-se que 50% de
tudo que se desperdiça dentro de uma obra se tornem entulho (ZORDAN, 1998).
Não podemos deixar de frisar, como já mencionado anteriormente que cerca
de 75% dos resíduos de construção gerados são provenientes de reformas e
demolições de edificações, assim a cultura da reutilização e/ou reuso é quase nula.
O responsável pela obra demoli algumas casas para a construção de uma edifício
de apartamentos e por questões de espaço e fase de obra não vê outra alternativa a
não ser retirá-lo da mesma, através de caminhões basculantes de entulho e até
mesmo com o uso de caçambas (ZORDAN, 1998).
Um trabalho de pesquisa realizado pela USP, no qual foram pesquisados 18
tipos de materiais, entre eles: areia, cimento, pedra, concreto produzido no canteiro,
concreto usinado, aço, chapas de aço, chapas de madeira compensada, blocos e
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tijolos, cal, argamassas, eletrodutos, condutores, tubulações, telhas, placas
cerâmicas, tintas e revestimentos têxtil, o material que apresentou maior desperdício
e deixou os pesquisadores alarmados, foi o das argamassas. Em alguns canteiros
pesquisados os índices de perdas chegava a 50%. Era pensar que metade de toda a
argamassa produzida era jogada no lixo (RODRIGUES, 2001). Essas perdas iam
desde as argamassas utilizadas para os assentamentos das alvenarias até o
seu revestimento final em que as espessuras mínimas de revestimento de
argamassa não são respeitadas e que se realizam a fim de corrigir anormalidades
deixadas nas paredes, como desníveis e desaprumos, obrigando que em
algumas paredes os revestimentos cheguem a até 5 cm de espessura (UBIRACI,
2005).
As perdas para os concretos realizados com fôrmas metálicas viram-se
o desperdício reduzir para menos que a metade, de 9% para 4% se
comparados ao sistema convencional de fôrmas de madeira cortadas e
confeccionadas diretamente na obra (RODRIGUES, 2001).
Outros fatores cruciais que faz com que os índices de desperdício de
materiais cada vez mais se elevem se dão no ato da entrega dos materiais,
no transporte dentro do canteiro e no seu armazenamento. Materiais entregues
de forma a granel são mais desperdiçados do que aqueles que vêm embalados
sobre estrados de madeira. Tomemos os blocos cerâmicos de vedação como
exemplo.
Quando são entregues a granel, se quebram com facilidade, seja no
descarregamento
do
caminhão,
ou
na colocação
dos
blocos
em
outro
compartimento de transporte como jericas e carriolas para serem transportados
até o local de destino, não se esquecendo que este processo em alguns casos
e por particularidades de cada obra seja transportados de peça a peça, de mão
em mão, aumentando ainda mais as perdas. Quando este mesmo bloco é
entregue em paletes ou estrados de madeira, devidamente embalados e seguros,
e que o transporte do caminhão ao local de armazenamento pode ser feito de
forma
mecanizada,
através
de
pequenas
empilhadeiras,
os
índices
de
desperdício caem drasticamente. É claro que receber materiais nessas condições
geram custos, porém cabe ao responsável pela obra avaliar se este processo é
compensador e deve ser adotado naquele momento (RODRIGUES, 2001).
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Ainda segundo Rodrigues (2001), no caso do armazenamento os
responsáveis devem tomar o devido cuidado para a organização do local,
separando os materiais de forma a possibilitar o seu uso de forma ordenada,
deixando materiais semelhantes e com características de uso e composição iguais
próximos, pois facilitará para os funcionários encontrar os materiais necessários
para a realização de sua tarefa, evitando assim possíveis enganos na retirada do
material e consequentemente do mau uso dos mesmos, além de protegê-los da
umidade, da luz excessiva do sol e das chuvas, organizá-los em baias de madeira
para materiais a granel como areia e brita é uma saída bem utilizada.
Segundo a NBR 10.004 da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas), os resíduos constituídos basicamente de uma mistura de brita, areia,
concreto, argamassa, tijolos cerâmicos e blocos de concreto, restos de madeira,
caixas de papelão, ferro e plástico são classificados como resíduos sólidos inertes e
de Classe III. Esta classificação pode variar de obra para obra, assim uma mesma
obra pode produzir materiais inertes, não-inertes e até perigosos, como aqueles
advindos de trabalhos com telhas de cimento amianto, cujo pó é altamente
cancerígeno (SCHENINI, BAGNATI E CARDOSO, 2004).
Já segundo a Resolução de n.º 307 de 5 de julho de 2002 do CONAMA, os
resíduos sólidos de construção civil são classificados da seguinte forma:
a). Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,
tais como:
a1. de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
a2.
de
construção,
demolição,
reformas
e
reparos
de
edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto;
A3. de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
b). Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
c). Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias
ou
aplicações
economicamente
viáveis
que
permitam
a
sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso
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d). Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.
3.3 GESTÃO DE RESÍDUOS NOS CANTEIROS DE OBRA
A procura pela minimização das perdas dentro de um canteiro de obras
pode ser obtida através da implantação de uma política de Gestão dos
Resíduos de construção. Escolher produtos adequados, que possuam certificado
de qualidade e embalagens adequadas visando facilitar o manuseio e diminuir as
perdas são ações que fazem parte deste processo, bom como de uma mão de
obra mais especializada e a adoção de equipamentos de última geração e que
se adequem aos diversos tipos de serviços desempenhados no canteiro
(SCHENINI, BAGNATI E CARDOSO, 2004).
Estudos realizados no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul indicam
a necessidade dos construtores reverem seus conceitos de construção para se
adequarem cada vez mais ao mercado competitivo e aos consumidores cada
vez mais exigentes (SCHENINI, BAGNATI E CARDOSO, 2004). Algumas
ações que fazem parte dessa política de Gestão e que podem ser aplicadas a
qualquer canteiro de obras são as seguintes:

Presença de caixas metálicas (containers) para a coleta das perdas em todo
o canteiro;

Presença de caixotes para o mesmo fim em todos os andares;

Tubo coletor de polietileno para a descida de entulho, ou mesmo
aqueles executados pelo próprio canteiro em madeira, desde que respeitada
todas as medidas máximas de altura e segurança;

Quadro negro para anotações das quantidades e dos tipos de entulho
gerados;

Limpeza permanente do ambiente de trabalho;

Premiação para o destaque das equipes de limpeza;

Separação dos resíduos por tipo e natureza do material;
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Este último talvez seja a principal ação, pois o mesmo separado não correrá
o risco de misturar-se a outro material e correr o se contaminar com um material
não desejável. O trabalho de separação quando possível dento do canteiro é
simples e não requer mão de obra especializada e nem numerosa, como afirma
Levy (1997), coordenador do CT 206 do IBRACON. Ele diz que na média, 2
funcionários seriam suficientes para realizar a separação do entulho (LEAL, 2001).
Para a correta implantação de ações como esta, no estudo e implantação
do canteiro no terreno, não se pode esquecer de projetar um espaço razoável
para a realização da segregação e o processamento dos resíduos. Estes
espaços podem ser realizados com portões antigos, grades e chapas diversas,
e são conhecidas comumente como baias. Estas devem possuir as dimensões
mínimas para a acumulação e o manejo dos materiais dentro da própria baia.
Baias para o acúmulo de resíduos de fração mineral, tais como argamassas,
concretos, componentes de vedação
área
maior,
uma
vez
que
e
revestimentos
devem
possuir
uma
as quantidades geradas são maiores (PINTO,
2000).
3.4 GESTÃO SUSTENTÁVEL
A política de desenvolvimento sustentável voltada para o setor na construção
civil baseia-se no uso racional dos recursos naturais utilizados nas atividades do
setor e extraídos do meio ambiente que em muitos casos não são renováveis. É
neste contexto que a reutilização dos rejeitos da construção civil recebe grande
importância. Esses entulhos são entendidos basicamente com restos de concreto,
de argamassa, aço ou madeira que sejam provenientes do desperdício no setor e
que não foram incorporados na obra. Assim os resíduos urbanos, em principal o
entulho, são o ônus do desenvolvimento da sociedade moderna (SILVA, LIPARIZI E
VASCONCELOS, 2001).
É de fácil percepção que um dos grandes desafios desta nova sociedade é
realizar a deposição final correta deste rejeito, de forma controlada e racional a fim
de não colocar em risco a saúde pública. A escassez de locais apropriados para o
seu acondicionamento faz com que o mesmo muitas vezes seja lançado nos mais
diversos locais, sem qualquer controle e preocupação ambiental, assim a
minimização dos volumes gerados se torna a saída mais racional para a solução de
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parte do problema. Esta disposição irregular ainda poderá trazer doenças, pois uma
grande parcela destes entulhos há a presença de produtos químicos nocivos para os
seres humanos, podendo contaminar o solo e os rios. Não há outra solução, a
reciclagem do entulho gerado é a solução mais adequada e inadiável (SILVA,
LIPARIZI E VASCONCELOS, 2001).
Entende-se que em muitos casos o desperdício de materiais nas obras é
inevitável, o que se deve buscar é a sua minimização e a correta destinação final do
mesmo. Assim se este entulho for consumido na própria obra ou encaminhado para
uma usina de reciclagem cadastrada, não será necessária a construção de novos
aterros e a extração da matéria-prima será cada vez menor. Deverá se buscar
incansadamente a redução cada vez maior dos desperdícios na obra, com a
qualificação da mão-de-obra envolvida, desde os desperdícios gerados na recepção
dos materiais até a sua aplicação final, bem como a adoção e escolha de materiais
adequados para cada tarefa.
Adoção de políticas conscientizadoras e incentivo a implantação da filosofia
de obras cada vez mais limpas e que viabilizem ações recicladoras deverão ser
adotadas pelo Brasil, tendo em vista que este processo é realizado em países
europeus com grande sucesso, no qual se valoriza o reuso de materiais, concede-se
isenção de impostos para as obras limpas e que incentivam o uso de ações de reuso
e reciclagem de materiais, conforme comenta CLINTON (1993) (SILVA, LIPARIZI E
VASCONCELOS, 2001).
No Brasil há diversas pesquisas e estudos já realizados que evidenciam e
comprovam a eficiência dos produtos de construção civil gerados a partir de
materiais reciclados. Algumas indicam resultados até que impressionantes, pois são
muito satisfatórios e em muitos casos se equiparam aos produtos concebidos com o
uso dos materiais naturais. Segundo BRITO (1999), os reciclados de entulho podem
ser utilizados em obras de pavimentação de ruas, de serviços de drenagem,
execução de contra-pisos, confecção de argamassas e concretos com boa
qualidade e desempenho.
Algumas ações podem ser tomadas para a redução da produção do volume
de entulho gerado e conseqüentemente a criação de um caminho curto para se
atingir o desenvolvimento ou gestão sustentável, a saber, (AZEVEDO, KIPERSTOK
e MORAES, 2006).

Adoção de tecnologias que busquem a redução das perdas;
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
Flexibilidade nos projetos;

Melhoria na qualidade da construção a fim de diminuir as manutenções e as
correções por defeitos;

Seleção adequada dos materiais;

Melhoria no uso da mão-de-obra com a capacitação e adoção de programas
de qualidade;

Uso de ferramentas adequadas;

Melhor condicionamento e transporte dos materiais no canteiro;

Incentivo a realização das modificações/personalizações com antecipação
para se evitar demolições desnecessárias;

Adoção de campanhas educativas dentro do canteiro;

Taxação sobre os entulhos gerados e lançados; e

Medidas de controle e análise dos rejeitos em que a única solução seja a
disposição em aterros.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reciclagem ou reuso de materiais de construção é uma tarefa perfeitamente
viável, desde que haja campanhas para conscientizar pessoas, construtoras, dentre
outros que a destinação incorreta dos rejeitos da construção civil é um grave
problema para o meio ambiente pois esses rejeitos podem causar problemas
irreversíveis. Para conseguir realizar o objetivo de conscientizar as pessoas e
empresas da indústria da construção que a destinação incorreta de rejeitos da
construção é um grave problema, pode-se fazer campanhas nos canteiros
incentivando a adoção de uma política de gestão onde iram ser realizadas as
seguintes ações que já foram citadas anteriormente: presença de caixas metálicas
para coleta no canteiro; instalação de um quadro negro para anotação das
quantidades e tipos de entulhos foram gerados; limpeza permanente do ambiente de
trabalho; premiação para o colaborador destaque das equipes de limpeza; e a
separação dos resíduos por tipo e natureza tal ação é muito importante. Como
citado anteriormente a reciclagem e o reuso dos materiais são viáveis para tanto se
deve tomar o devido cuidado com o processo a ser adotado, com o novo produto
gerado a partir do reciclado e o seu destino de aplicação. Não devemos, porém
achar que a solução para o problema é unicamente esta. Os rejeitos de construção
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sempre existirão, pois os serviços de construção geram perdas. Deve-se ter
consciência que para o real controle do problema e diminuição da degradação do
meio ambiente com este tipo de resíduo uma série de ações podem ser tomadas,
dentre elas podemos enumerar:
• Adotar processos, tecnologias e capacitação de mão-de-obra que busquem
a diminuição dos índices de desperdício nos canteiros de obra;
• Implantar uma política de Gestão dos Resíduos dentro do canteiro, seja para
a reciclagem e reuso dos resíduos dentro do próprio canteiro ou para uma
destinação controlada deste rejeito aos locais apropriados;
• Taxar os processos de destinação dos rejeitos a aterros devidamente
legalizados e controlados pelos órgãos públicos competentes;
• Punir rigorosamente aqueles que não cumprem a leis ambientais vigentes e
todas as normativas que regulamentem o processo;
• Avaliação dos produtos gerados a partir de processos de reciclagem quanto
à geração de novos resíduos ou a possível degradação do Meio Ambiente;
• Preocupação com o uso racional da matéria-prima extraída da natureza e
não renovável;
• Realizar os processos de reciclagem com embasamento técnico apropriado,
desde a simples separação dos entulhos em um canteiro de obras a aplicação deste
novo produto em uma nova tarefa;
• Incentivos governamentais para construtores que gerem menos entulho ou
que adotem políticas de reuso dentro dos canteiros;
Muitas
outras
atividades
ainda
poderiam
ser
tomadas,
porem
se
conseguirmos cumprir ao menos metade das enumeradas acima, certamente
estaremos dando um passo muito importante para garantir a minimização do
problema e alcançar o Desenvolvimento Sustentável na Indústria da Construção
Civil.
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