Resumo FEB

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Resumo FEB
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Economia
Disciplina: Formação Econômica do Brasil
PARTE UM – FUNDAMENTOS ECONÔMICOS DA OCUPAÇÃO TERRITORIAL
Capítulo 1 – Da expansão comercial à empresa agrícola:
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Contexto Histórico: O comercio interno europeu , em intenso crescimento apartir do
séc. XI, havia alcançado um elevado grau de desenvolvimento no séc. XV, quando as
invasões turcas começaram a criar dificuldades crescentes as linhas orientais de
abastecimento de produtos de alta qualidade, inclusive manufaturas. Nesta época
começa a etapa de expansão comercial da Europa com a abertura de novas rotas
comerciais orientais e ocupação econômica da América.
Papel de Portugal na expansão comercial européia: Através da abertura de uma nova
rota comercial de especiarias indianas e da produção de açúcar nas ilhas de São Tomé
e Madeira, Portugal elimina os intermediários árabes, antecipando-se à ameaça turca,
quebrando o monopólio dos Venezianos e baixando o preço dos produtos.
Colonização da América Espanhola: ocupação da América devido ao ouro encontrado
na meseta mexicana e no antiplano andino. Demais nações européias exercem pressão
sobre Portugal e Espanha. Espanha diminiu seu território (Eixo México-Peru) a fim de
se proteger das invasões de França, Holanda e Inglaterra.
Colonização da América Portuguesa: Devido à ameaça das potenciais européias da
época, Portugal se vê obrigado a defender seu território. Para cobrir o ônus gerado por
esta defesa, Portugal inicia a exploração agrícola das terras americanas.
Capítulo 2 – Fatores de êxito da empresa agrícola:
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Experiência técnica Portuguesa: Portugal já desenvolvia a atividade açucareira nas
ilhas do Atlântico há algumas dezenas de anos, tendo conhecimento das técnicas de
produção.
Capacidade comercial Holandesa: os flamengos facilitaram a entrada em grande
escala do açúcar brasileiro no mercado europeu.
Poder financeiro dos Holandeses: os capitais flamengos participaram do
financiamento das instalações produtivas e da importação de mão-de-obra.
Mão-de-obra escrava africana: além das terras brasileiras serem pouco atrativas para
a mão-de-obra européia sem capital para investir, havia uma escassez de mão-de-obra
em Portugal devido ao sucesso da Empresa das Índias Orientais. A solução foi
encontrada no mercado de escravos africanos conhecido por Portugal há quase um
século.
Capítulo 3 – Razões do monopólio:
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Decadência Espanhola: o enorme fluxo de metais precisos da colônia para a
metrópole gerou um aumento excessivo dos gastos públicos espanhóis provocando
uma crônica inflação que gerou persistente déficit na balança comercial. A decadência
da Espanha não permitiu o desenvolvimento de sua colônia, que manteve a estrutura
arcaica de sua economia.
Êxito da colônia agrícola portuguesa: Caso a colônia espanhola tivesse evoluído para
um empreendimento agrícola, este teria superioridade à empresa portuguesa, visto
que os espanhóis dispunham de melhores terras, grande poder financeiro e mão-deobra abundante.
Capítulo 4 – Desarticulação do sistema:
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Conseqüências da União Ibérica: Espanha absorve Portugal, o que gera problemas
para as colônias portuguesas na América devido à guerra entre Espanha e Holanda,
este último profundamente envolvido na empresa colonial brasileira. Durante um
quarto de século, os batavos dominaram grande parte da região produtora de açúcar
do Brasil.
Expulsão dos Holandeses do Nordeste: Durante o tempo que passaram no Brasil, os
Holandeses adquiriram conhecimentos técnicos e organizacionais da empresa
açucareira. Ao serem expulsos, os flamengos implantaram nas Antilhas a atividade
açucareira, quebrando o monopólio, reduzindo os preços e gerando declínio das
exportações do açúcar brasileiro.
Capítulo 5 – As colônias de povoamento do Hemisfério Norte
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Invasão das Antilhas: Desde o início da colonização e da descoberta do ouro na
América, as principais potências da época – Holanda, Inglaterra e França – tentaram
penetrar no rico quinhão espanhol da América. França e Inglaterra se estabeleceram
nas Antilhas e lá instalaram um regime de colônia de povoamento com o intuito de
estabelecer uma base militar para invadir a América Espanhola.
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Migração para a América do Norte: As colônias inglesas se povoaram com mais
rapidez do que as francesas e com menos gastos para o governo devido ao excedente
de mão-de-obra gerado pelo fenômeno dos “Cercamentos” e dos conflitos políticos e
religiosos ingleses. Como os custos de transporte eram altos, criaram-se algumas
companhias para financiar essas viagens que atraiam pessoas sob o estabelecimento
de um contrato em que se comprometiam em trabalhar de 5 a 7 anos, recebendo
algumas compensações, porém estes recebiam um tratamento igual ou pior ao dado
aos escravos africanos.
Colonização do Hemisfério Norte: O lento desenvolvimento das colônias do norte,
entretanto, se deu porque, principalmente nas colônias que se estabeleceram no
norte do continente americano, não se poderia produzir nada diferente da Europa
(decorrente das condições da região), tampouco concorrer com esta, pois os salários e
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os custos de transporte eram mais elevados. Já nas Antilhas foi possível produzir
alguns artigos, como algodão, tabaco, anil e café, pois a produção destes artigos eram
compatíveis com o clima e com o sistema de pequenas propriedades agrícolas, além
de gerarem lucros.
Capítulo 6 – Conseqüências da penetração do açúcar nas Antilhas
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Implantação da Empresa Açucareira nas Antilhas: Ao serem expulsos do Brasil, os
holandeses iniciaram o plantio de cana-de-açúcar nas Antilhas, que não se opuseram
devido as dificuldades que vinham enfrentando. A região é favorável para o produto
por estar bem localizada, favorecendo sua exportação. Deste modo, a colônia de
povoamento da ilha caribenha se desfez para dar espaço aos grandes latifúndios e os
colonos deram lugar aos escravos trazidos da África.
Colônias da América do Norte: Com o desenvolvimento econômico das Antilhas,
surgiu um fluxo intenso de comércio entre as colônias do Norte dos Estados Unidos e
as Antilhas, pois a primeira fornecia produtos necessários para a atividade açucareira
antilhana como animais de tiro e madeira e o fazia nos seus próprios navios. Com a
penetração do açúcar e da mão-de-obra escrava, parte da população antilhana se
deslocou para as colônias setentrionais, que cada vez mais se tornaram autosuficientes e desligavam seus interesses aos da metrópole, o que favoreceu o seu
desenvolvimento.
Capítulo 7 – Encerramento da etapa colonial
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Aliança entre Portugal e Inglaterra: Com o declínio da economia açucareira e
separação da Espanha – que por muito tempo não reconheceu essa independência Portugal ficou extremamente fragilizado e impossibilitado de defender sua colônia. A
Coroa Portuguesa compreendeu, assim, que para sobreviver como metrópole colonial
deveria ligar o seu destino a uma grande potência, o que significaria necessariamente
alienar parte de sua soberania. Os acordos concluídos com a Inglaterra em 1642-54-61
estruturam essa aliança que marcará profundamente a vida política e econômica de
Portugal e do Brasil durante os dois séculos seguintes.
PARTE DOIS - ECONOMIA ESCRAVISTA DE AGRICULTURA TROPICAL
Capítulo 8 – Capitalização e Nível de renda na colônia açucareira
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Governo Português na etapa inicial da Indústria açucareira: O rápido
desenvolvimento da indústria açucareira, apesar das enormes dificuldades
decorrentes do meio físico, da hostilidade do silvícola e do custo dos transportes,
indica claramente que o esforço do governo português se concentrava nesse setor. O
donatário tinha o privilégio de só ele fabricar moenda e engenho de água.
Mão-de-obra indígena nas etapas iniciais: Nos locais onde a produção de açúcar
falhou - caso de São Vicente - o pequeno núcleo colonial conseguiu prosperar graças à
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relativa abundância de mão-de-obra indígena. Esta foi de grande importância na etapa
inicial de instalação da colônia, pois mão-de-obra africana só chegou no período de
expansão da empresa, quando esta já estava instalada.
Expansão da colônia açucareira: Superados os problemas iniciais, a colônia açucareira
se desenvolveu rapidamente. No final do século XVI, a indústria açucareira era
suficientemente rentável para auto-financiar uma duplicação de sua capacidade
produtiva a cada dois anos, pois apesar de uma pequena parte da renda fosse para
serviços prestados fora do engenho como transporte e armazenamento, assalariados e
compra de gado e lenha, cerca de 90% da renda gerada pela economia açucareira
dentro do país se concentrava nas mãos da classe de proprietários de engenhos e de
plantação de cana-de-açúcar.
Capítulo 9 – Fluxo de renda e crescimento:
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Implantação da Indústria Açucareira: O empresário açucareiro teve, no Brasil, desde o
começo, que operar em escala relativamente grande. As condições do meio não
permitiam pensar em pequenos engenhos, como fora o caso das ilhas do Atlântico. Os
donos de engenho importavam equipamentos e mão-de-obra européia especializada e
usavam mão-de-obra indígena para tarefas não-especializadas, que foi sendo
substituída pela africana por ser mais eficiente.
Fluxo de Renda na Indústria Açucareira: Uma vez instalada a indústria, seu processo
de expansão seguia sempre as mesmas linhas: gastos monetários na importação de
equipamentos, de alguns materiais de construção e de mão-de-obra escrava. A etapa
subseqüente, construção e instalação dos engenhos, se realizava praticamente sem
que houvesse lugar para a formação de um fluxo de renda monetária. Parte da força
de trabalho escrava se dedicava a produzir alimentos e os demais nas obras de
instalação e atividades agrícolas e industriais do engenho. Diferente da inversão da
economia industrial que fazia crescer a renda da coletividade, a inversão na economia
exportadora-escravista apenas fazia crescer o montante correspondente à criação de
lucro para o empresário.
Crescimento e retração na Indústria Açucareira: O crescimento se realizava sem que
houvesse modificações sensíveis na estrutura do sistema econômico, significando
apenas ocupar novas terras e importar mais. Já na segunda metade do séc. XVII,
quando se desorganizou o mercado do açúcar e teve inicio a forte concorrência
antilhana, os preços se reduziram a metade. Contudo, os empresários brasileiros
fizeram o possível para manter um nível de produção relativamente elevado. O
sistema entrou em crise por séculos, porém sua estrutura permaneceu intacta.
Capítulo 10 – Projeção da economia açucareira: a pecuária
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Impulso econômico da indústria Açucareira: A economia açucareira constituía um
mercado de dimensões relativamente grandes, portanto podia atuar como fator
altamente dinâmico do desenvolvimento de outras regiões do país. Um conjunto de
circunstancias tendeu, a desviar para o exterior em quase sua totalidade esse impulso
dinâmico. Em primeiro lugar havia os interesses criados dos exportadores portugueses
e holandeses, os quais gozavam dos fretes excepcionalmente baixos que podiam
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propiciar os barcos que seguiam para colher açúcar. Em segundo estava a preocupação
política de evitar o surgimento na colônia de qualquer atividade que concorresse com
a economia metropolitana.
Pecuária: Ao expandir-se, a necessidade de animais de tiro aumentou, pois com a
devastação das florestas era obrigado se ir buscar lenha a distâncias cada vez maiores.
Como era impraticável criar gato na faixa litorânea, houve uma separação entre as
atividades açucareira e criatória. Na criação de gado, a ocupação de terras era
extensiva e itinerante, e o regime de acumulação de capital induzia à permanente
expansão. Como a distâncias maiores há uma redução da produtividade na economia,
o crescimento da economia criatória nordestina trazia uma diminuição à renda média
da população. É importante ressaltar também que a criação de gado também era em
grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte quase única de alimentos e
de uma matéria-prima (couro) de ampla utilização, o que preserva sua forma original
seja nas etapas de expansão seja nas de contração.
Capítulo 11 – Formação do complexo econômico nordestino
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Efeitos da decadência a curto prazo: as unidades produtivas, tanto na economia
açucareira como na criatória, tendiam a preservar sua forma original seja nas etapas
de expansão seja nas de contração. Por um lado o crescimento era de caráter
puramente extensivo, mediante a incorporação de terra e mão-de-obra, não
implicando modificação estruturais que repercutissem nos custos de produção e por
tanto na produtividade. Por outro lado, a reduzida expressão dos custos monetários isto é, a pequena proporção da folha de salários e da compra de serviços a outras
unidades produtivas - tornava a economia enormemente resistente aos efeitos a curto
prazo de uma baixa de preços. Convinha continuar operando, não obstante os preços
sofressem uma forte baixa, pois os fatores de produção não tinham uso alternativo.
Efeitos da decadência a longo prazo: Na economia açucareira, com a queda dos
preços, caiu a rentabilidade e, no século XVIII, a economia do ouro usufruiu da mãode-obra e aumentou o custo dos escravos, conseqüentemente gerando uma
desorganização das unidades produtivas. Na pecuária, a queda da demanda externa
trouxe um crescimento ao setor de subsistência e involução da divisão do trabalho e
da produtividade, aumentando a produção de artesanato para substituir artigos antes
comprados no litoral. A formação da população nordestina e a precária economia de
subsistência estão ligados ao lento processo de decadência da grande empresa
açucareira.
Capítulo 12 – Contração econômica e expansão territorial
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Contração da Indústria Açucareira: O séc. XVII constitui a etapa de maiores
dificuldades na vida política da colônia. Em sua primeira metade, o desenvolvimento
da economia açucareira foi interrompido pelas invasões holandesas. Nessa etapa os
prejuízos são bem maiores para Portugal que para o próprio Brasil, teatro das
operações de guerra. A administração holandesa se preocupou em reter na colônia
parte das rendas fiscais proporcionadas pelo açúcar, o que permitiu um
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desenvolvimento mais intenso da vida urbana. Encerrada a etapa militar, tem inicio a
baixa nos preços do açúcar provocada pela perda do monopólio.
Expansão para o Norte: Na etapa de prosperidade da economia açucareira, os
portugueses haviam se preocupado em estender seus domínios para o norte, afim de
evitar invasões. Ao Maranhão foram enviados açorianos para montar uma colônia,
porém, com a contração da Indústria açucareira, essas colônias foram abandonadas.
No Maranhão, que transformou-se numa colônia de subsistência, a caça aos índio se
tornou condição de sobrevivência da população, porém, os jesuítas combateram
tenazmente essa prática e desenvolveram técnicas para a incorporação das
populações indígenas na economia. A região paraense se transforma em centro
exportador de produtos tropicais da floresta: cacau, baunilha, canela, cravo, resinas
aromáticas.
Expansão para o Sul: a colônia de São Vicente, que há muito vivia da comercialização
de escravos, se viu empobrecida com a contração econômica da região açucareira. O
mercado de couro, já existente ao sul, ganhou maior importância relativa e fez com
que Portugal estende-se seus domínios ao Estuário do Rio Prata.
PARTE TRÊS – ECONOMIA ESCRAVISTA MINEIRA
Capítulo 13 – Povoamento e articulação das regiões meridionais
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Descoberta de ouro no Brasil: Em fins do século XVIII a agricultura tinha poucas
perspectivas na colônia e em Portugal compreendeu-se claramente que a única saída
estava na descoberta de metais preciosos. s governantes portugueses cedo se deram
conta do enorme capital que, para a busca de minas, representavam os
conhecimentos que do interior do país tinham os homens do planalto de Piratininga.
Com efeito, se estes já não haviam descobertos o ouro em suas entradas pelos
sertões, era por falta de conhecimentos técnicos. A ajuda técnica que então
receberam da metrópole foi decisiva.
Características da mineração no Brasil: Grandes transferências de populações do
Nordeste, São Paulo e Portugal para a região mineira. Como a mineração era feita
através de aluvião e não em grandes minas (caso da América Espanhola), permitiram a
inserção neste mercado de pessoas sem muitas posses e estas tinham chances de
prosperar, o que não era possível na Indústria Açucareira. Haviam escravos, porém
estes eram mais livres e podiam trabalhar pagando o seu dono e comprar sua alforria.
Não havia ligação com a terra, os deslocamentos aconteciam de acordo com a lavra e a
lucratividade elevada atraia reinvestimentos e, deste modo, maior divisão do trabalho
e especialização
Efeitos do Ciclo da Mineração: Sobem os preços de alimentos e animais. O aumento
do preço do gado repercute no Nordeste e no Sul. Dificuldade de acesso à região
mineira e especialização valorizam o transporte (tropa de mula).
Capítulo 14 – Fluxo de Renda
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Produção na Região Mineira: A base geográfica da economia mineira estava situada
numa vasta região compreendida entre a serra da Mantiqueira, no atual Estado de
Minas, e a região de Cuiabá, no Mato Grosso, passando por Goiás. Em algumas regiões
a curva de produção subiu e baixou rapidamente provocando grandes fluxos e refluxos
de população; noutras, essa curva foi menos abrupta tornando-se possível um
desenvolvimento demográfico mais regular e a fixação definitiva de núcleos
importantes de população. Os depósitos de aluvião se esgotam tanto mais
rapidamente quanto é mais fácil sua exploração. Dessa forma, as regiões mais “ricas”
se incluem entre as de vida produtiva mais curta.
Mercado da Região Mineira: a renda média da população mineira era inferior ao da
economia açucareira, porém o mercado tinha maiores potencialidades, pois a renda
estava menos concentrada, gerando menos importações e demandando mais bens
locais. O mercado local de manufaturas não se desenvolveu devido a incapacidade
tecnológica dos imigrantes.
Acordo de Methuen: Com o acordo entre Portugal e Inglaterra de 1703 entre o
comércio de vinhos e tecidos, Portugal não desenvolve seu indústria têxtil. O ouro
vindo da região mineira brasileira facilita o pagamento das importações de tecidos e
termina formentando a indústria inglesa e a atividade financeira em Londres.
Capítulo 15 – Regressão econômica e expansão da área de subsistência
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Decadência da Economia Mineira: Não se havendo criado nas regiões mineiras formas
permanentes de atividades econômicas - à exceção de alguma agricultura de
subsistência - era natural que, com o declínio da produção de ouro, viesse uma rápida
e geral decadência. Na medida em que se reduzia a produção, as maiores empresas se
iam descapitalizando e desagregando. A reposição da mão de obra escrava já não se
podia fazer, e muitos empresários de lavras, com o tempo, se foram reduzindo a
simples faiscadores. Dessa forma, a decadência se processava através de uma lenta
diminuição do capital aplicado no setor mineratório. A ilusão de que uma nova
descoberta poderia vir a qualquer momento induzia o empresário a persistir na lenta
destruição de seu ativo, antes que transferir algum saldo liquidável para outra
atividade econômica.
Crescimento do Sistema de Subsistência: Com a decadência da economia mineira
todo o sistema se ia atrofiando, perdendo vitalidade, para finalmente desagregar-se
numa economia de subsistência. A numerosa população mineira passa por um sistema
de baixa produtividade e subsistência.
PARTE QUATRO – ECONOMIA DE TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO ASSALARIADO
Capítulo 16 – O Maranhão e a Falsa Euforia do fim da época colonial
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Decadência no fim do século XVIII - O açúcar enfrenta novas dificuldades e o valor
total de suas vendas desce a níveis tão baixos como não se havia conhecido nos dois
séculos anteriores. O nível de renda mais baixo que haja conhecido o Brasil em todo
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período colonial.O hinterland pecuário que se estendia entre São Paulo e Rio Grande
também sofreu os efeitos da crise.
Prosperidade Maranhense: Essa região se beneficiou do combate de Pombal aos
Jesuítas, acabando com a escravização indígena e importando escravos africanos.
Pombal criou companhias de comércio para financiar o crescimento desta região. Além
disso, a guerra da independência americana (maior produtor de arroz) e a revolução
industrial (aumento da demanda de algodão) formentaram a produção e exportação
de algodão e arroz no Maranhão, gerando um breve período de prosperidade nesta
região.
Capítulo 17 – Passivo colonial, crise financeira e instabilidade política
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Independência do Brasil: A repercussão, no Brasil, dos acontecimentos políticos da
Europa de fins do século XVIII e começo do seguinte, se por um lado acelerou a
evolução política do pais, por outro contribuiu para prolongar a etapa de dificuldades
econômicas que se iniciara com a decadência do ouro. Ocupado o reino português
pelas tropas francesas,desapareceu o entreposto que representava Lisboa para o
comercio da colônia, tornando-se indispensável o contato direto desta com os
mercados ainda acessíveis. A “abertura dos portos” decretada ainda em 1808,
resultava de uma imposição de acontecimentos
Dependência da Inglaterra: os tratados de 1810 que transformaram a Inglaterra em
potência privilegiada, com direitos de extraterritorialidade e tarifas preferenciais a
níveis extremamente baixos, tratados esses que constituirão, em toda a primeira
metade do século, uma seria limitação à autonomia do governo brasileiro no setor
econômico. A separação definitiva de Portugal em 1822 e o acordo pelo qual a
Inglaterra consegue consolidar sua posição em 1827 aumentam essa dependência
econômica do Brasil com a Inglaterra. A eliminação do poder pessoal de Dom Pedro I,
em 1831, e a conseqüente ascensão definitiva ao poder da classe colonial dominante
formada pelos senhores da grande agricultura de exportação geram conflitos na
primeira metade do século XIX com a Inglaterra, poijs os acordos firmados beneficiam
apenas os produtos ingleses.
Instabilidade Política: O governo central, que enfrenta enorme escassez de recursos
por não poder cobrar maiores impostos sobre as importações (devido à acordos com
os Inglesas) nem sobre as exportações (conflito com a classe dominante). Para
financiar o déficit governamental, passa-se a emitir papel-moeda, o que gerou uma
desvalorização externa da moeda. A crise econômica gera insatisfação em
praticamente todas as regiões, eclodindo em revoltas e guerra civil em todo país.
Capítulo 18 – Confronto com o desenvolvimento dos EUA
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Diferenças sociais: No Brasil, a classe dominante era o grupo dos grandes agricultores
escravistas, o que contribui para manter o Brasil como um economia agrárioexportadora, enquanto nos EUA, uma classe de pequenos agricultores e comerciantes
urbanos dominava o país, criando uma consciência da necessidade da industrialização
para se desenvolver economicamente.
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Relação com a Colônia: enquanto no Brasil os produtos tropicais tiveram resultados
altamente favoráveis, igualando assim os interesses das classes dominantes e da Coroa
Portuguesa, nas colônias do Norte dos EUA esses produtos não tiveram resultados
favoráveis, gerando uma necessidade de investir em outros mercados (têxtil, naval,
etc), o que bateu de frente com os interesses da Inglaterra, que não aceitava
concorrência com seus produtos, gerando um conflito de interesses colôniametrópole. A guerra da independência, criou um forte estímulo a produção interna.
Abertura comercial: enquanto no Brasil a abertura dos Portos gerou uma balança
comercial deficitária e desvalorização cambial, nos EUA, esse déficit da balança
comercial inverteu-se em dívidas de médio e longo prazos, formando um corrente de
capitais de importância fundamental para o desenvolvimento do país.
Capítulo 19 – Declínio de longo prazo do nível de renda: primeira metade do século XIX
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Impossibilidade da Industrialização brasileira: Fomentar a industrialização nessa
época, sem o apoio de uma capacidade para importar em exportação, seria tentar o
impossível num pais totalmente carente de base técnica. As iniciativas de industria
siderúrgica da época de Dom João VI fracassaram não exatamente por falta de
proteção, mas simplesmente porque nenhuma industria cria mercado para si mesma,
e o mercado para produtos siderúrgicos era praticamente inexistente .O pequeno
consumo dos pais estavam declínio com a decadência da mineração, e espalhava-se
pelas distintas províncias exigindo uma complexa organização comercial. A
industrialização teria de começar por aqueles produtos que já dispunham de um
mercado de certa magnitude, como era o caso dos tecidos, única manufatura cujo
mercado se estendia inclusive a população escrava. Ocorre, porem, que a forte baixa
dos preços dos tecidos ingleses, a que nos referimos, tornou difícil a própria
subsistência do pouco artesanato têxtil que existia no pais. A baixa de preços foi de tal
ordem que se tornava praticamente impossível defender qualquer industria local por
meio de tarifas. Houvera sido necessário estabelecer cotas de importação. Cabe
reconhecer, entretanto, que dificultar a entrada no pais de um produto cujo preço
apresentavam tão grande declínio seria reduzir substancialmente a renda real da
população numa etapa em que esta atravessava grandes dificuldades. Por ultimo e
necessário não esquecer que a instalação de uma industria têxtil moderna em
contraria serias dificuldades, pois os ingleses impediam por todos os meios a seu
alcance a exportação de maquinas.
Declínio das exportações brasileiras: Condição básica para o desenvolvimento da
economia brasileira, na primeira metade do século XIX, teria sido a expansão de suas
exportações, visto que a industrialização era impraticável. Logo, a causa principal do
atraso relativo da economia brasileira foi o estancamento das exportações.
Capítulo 20 – Gestação da Economia Cafeeira
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Contexto Histórico da metade do século XIX: estagnação econômica nos três quartos
de século anteriores, sendo os progressos, como o do Maranhão, apenas passageiro. A
revolução industrial não chegara ao país, a mão-de-obra africana estancara,
exportações estagnadas, impossibilidade do governo de aumentar os impostos,
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poucos empréstimos externos (usados improdutivamente), baixos preços dos
produtos tradicionalmente exportados pelo Brasil.
Mercado de açúcar: o açúcar brasileiro encontrava-se em dificuldade devido à
concorrência: açúcar de beterraba na Europa, abastecimento interno dos EUA
(Lousiana) e Cuba como novo mercado promissor
Outros produtos brasileiros: o algodão brasileiro não conseguia competir com a
produção em larga escala americana, o couro tinha a região do Rio Prata como
principal concorrente, o fumo perdeu mercado com a eliminação do tráfico de
escravos africanos, o arroz concorria com os Estados Unidos e o cacau era apenas uma
promessa na época.
Economia cafeeira: cultivado desde o início do século XVIII para consumo interno,
assume importância apenas no final desse século. A produção concentrava-se próximo
a capital devido a abundância de mão-de-obra e proximidade com o porto. A alta dos
preços no fim do século XVIII encorajou a produção, porém entre 1830 e 1840, o preço
do café cai, mas não desencoraja a produção.
Característica da economia cafeeira: a empresa cafeeira usa mão-de-obra
intensamente, porém o grau de capitalização é muito baixo, pois os equipamentos
utilizados são simples. Haja abundância de terras, como no Brasil, o único empecilho é
a oferta de mão-de-obra.
Classe empresária cafeeira: formada inicialmente por homens da região. Desde a
chegada da Família Real no Brasil, as regiões mineiras passaram a abastecer este
mercado. Muitos desses homens acumularam capital e passaram a se interessar pela
produção de café. Ao contrário da classe dominante açucareira, onde a produção e o
comércio eram separados e os donos de engenho eram homens ruralistas sem
consciência clara dos seus interesses, os dirigentes do café eram homens de
experiência comercial, que tinham conhecimento de todas as etapas de produção. A
proximidade com a Capital facilitava a interação com o governo.
Capítulo 21 – O problema da mão-de-obra
I – Oferta interna potencial
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Mercado de escravos: Na metade do século XIX, com a cessação do tráfico de
escravos, o problema da mão-de-obra estourou no Brasil e o principal motivo era que
a taxa do mortalidade era muito maior do que a taxa de natalidade dos escravos
negros brasileiros devido as precárias condições de vida. A pressão interna fez com
que os escravos do Nordeste fossem para o Sul, gerando mais decadência nessa
região.
Crescimento europeu e brasileiro: Na Europa o crescimento econômico era resultado
da industrialização e implantação de novas técnicas poupadoras de mão-de-obra,
gerando assim um excedente de mão-de-obra. Essa população ia para as cidades,
intensificando a urbanização e o crescimento vegetativo. No Brasil, o crescimento era
extensivo: aumentando o uso da terra e incorporando mais mão-de-obra.
Mão-de-obra do setor de subsistência: o setor de subsistência não foi uma solução,
pois além de estar totalmente disperso no território brasileiro, esse sistema era
baseado em poucos proprietários de terras e muitas famílias dentro desses territórios
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que cultivavam a sua roça e trabalhavam para o dono das terras, estes últimos, que
obtinham prestígio social através da quantidade de homens que moravam em suas
terras, não tinham interesse em perder sua mão-de-obra.
População urbana: as pessoas que viviam nas zonas urbanas poderiam ser uma opção,
porém dificilmente se adaptariam a disciplina de trabalho e as condições de vida do
campo.
Capítulo 22 – O problema da mão-de-obra
II – A imigração européia
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Imigração européia para os Estados Unidos: uma solução alternativa para o problema
da mão-de-obra brasileira era a imigração européia, como ocorria em grande fluxo nos
Estados Unidos, porém não havia precedentes de europeus vindo trabalhar no sistema
de grandes lavoura. O principal motivo da imigração européia para os EUA era o
mercado próspero e em expansão norte-americano, o que não ocorria no Brasil.
Início da imigração européia para o Brasil: os empresários brasileiros passaram a
trazer trabalhadores europeus para trabalhar nas lavouras. O governo pagava a
passagem e o empresário arcava o resto, obrigando o trabalhador e a sua família a
hipotecar o seu futuro. Esse sistema logo geraria um regime de servidão e a Europa
tratou de reagir contra essa prática.
Agravamento do problema da mão-de-obra: em 1860, o problema da mão-de-obra
tornou-se mais sério com o aumento dos preços do café e do algodão. A partir de
1870, o governo passou a encarregar-se dos custos da viagem e o empresário ficou
responsável pela manutenção do colono por um ano e doava a este último um pedaço
de terra, além do pagamento do salário para trabalhar na lavoura de café. Assim,
iniciou-se um enorme fluxo de imigrantes para o Brasil.
Unificação Italiana: outro fator que contribuiu para esta imigração foi a unificação da
Itália, onde a região sul, a mais pobre, teve as suas manufaturas desarticuladas, o que
gerou um excedente de mão-de-obra. A imigração para o Brasil foi a solução
encontrada para esta população.