o léxico românico de religião em traduções medievais Prof. Dr

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o léxico românico de religião em traduções medievais Prof. Dr
Unidade lexical e unidade cultural:
o léxico românico de religião em traduções medievais
Prof. Dr. César Nardelli Cambraia
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Dra. Cynthia Elias de Leles Vilaça
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Dra. Teresa Cristina Alves de Melo
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Recebido em: 26/09/2013
Aceito em: 15/12/2013
Resumo: Analisa-se neste estudo o campo lexical da religião nas traduções medievais em latim,
italiano, francês e português do tratado ascético “Livro de Isaac”, a fim de se testar a hipótese de que
haveria grande convergência lexical nesse âmbito. Os resultados confirmaram a hipótese, tendo sido
constatada convergência em 75% do “corpus”. Os padrões encontrados sugerem que as
convergências no campo estudado seriam mais devidas a um contato intenso diretamente com a
tradição latina culta do que à influência do principal centro cultural de referência na Idade Média: a
França.
Palavras-chave: Linguística Românica; Lexicologia; Idade Média.
Lexical unity and cultural unity: the Romance lexicon of religion in medieval
translations
Abstract: This study analyzes the lexical field of religion in translations of the ascetic treatise The Book
of Isaac into Medieval Latin, Italian, French and Portuguese in order to test for significant
convergence. The results confirm a 75% convergence in the corpus; the observed patterns suggest
that the convergence was due more to intense, direct contact with the Latin learned tradition than to
the influence of France, the main cultural hub of the Middle Ages.
Keywords: Romance linguistics; Lexicology; Middle Ages.
In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
1. Introdução
Estudiosos do léxico sempre insistiram no fato de ele constituir uma espécie
de mapeamento do mundo:
Na realidade, as palavras não exprimem as coisas, mas a
consciência que os homens têm delas. Para a lexicologia, os fatos
sociais têm, com efeito, o aspecto de coisas, mas das coisas vistas,
sentidas, compreendidas pelos homens; nossa disciplina deverá
então visar às realidades sociológicas das quais o vocabulário é a
“tradução”, ao mesmo tempo objetivamente, como realidades
independentes do indivíduo, e subjetivamente, em função dos seres
que vivem em um meio concreto, em certas condições sociais,
econômicas, estéticas,etc.(MATORÉ, 1973, p. 42-43, tradução nossa)
Justamente por isso, são de especial interesse as análises comparativas do
léxico de diferentes línguas: as semelhanças lexicais seriam sinal de visão
convergente do mundo e as diferenças lexicais seriam marca de divergência na
percepção do mundo.
Tomando esse pressuposto como ponto de partida, apresenta-se neste
trabalho uma análise comparativa do léxico de religião nas traduções medievais
latina, italiana, francesa e portuguesa do tratado ascético Livro de Isaac, com o
objetivo de identificar semelhanças e diferenças nesse âmbito.
2. A questão da unidade da România ocidental
Romanistas já se detiveram repetidamente no tema da divisão da România
em grupos, com o objetivo de dar conta de suas semelhanças e particularidades.
Como exemplo, pode-se citar a conhecida proposta de Warburg (1991 [1950]) de
divisão entre România ocidental e oriental, tendo a linha La Spezia-Rimini como
divisória.
Embora Maurer Jr. (1951) também tenha defendido uma divisão entre
România ocidental e oriental, segundo sua proposta apenas o romeno faria parte da
oriental, enquanto as demais pertenceriam à ocidental.
Assim, por exemplo, enquanto na divisão de Wartburg o italiano se situa na
România oriental, já para Maurer Jr. (1951) este estaria na ocidental. Tal diferença
se deve aos critérios de classificação: aquele adota critérios como a marcação de
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plural (em –s na ocidental e em –i/-e na oriental), enquanto este leva em conta
justamente a influência da tradição latina culta.
Para Maurer Jr. (1951), a unidade da România Ocidental estaria relacionada
ao permanente contato entre as línguas desse domínio, bem como em função da
influência da tradição latina culta na constituição e no desenvolvimento delas. Papel
de especial importância nesse processo teve, segundo ele, o cristianismo:
[...] é especialmente com o triunfo do cristianismo (século 4), que
este, herdeiro e portador de uma rica cultura espiritual e teológica [...]
se põe em contato muito mais direto com o povo do que a velha
cultura pagã, e, mantendo-se vivo e criador durante todo este tempo,
nutre e enriquece continuamente o pensamento e a língua popular.
Toda a cultura eclesiástica (...) é latina e nesta fonte bebem
constantemente todos os romances medievais em contato com a
Igreja. (MAURER JR., 1951, p. 5)
Assinala ainda Maurer Jr. (1951, p. 5) que essa situação se refere às línguas
ocidentais, mas não ao romeno, que teria ficado fiel à “herança latina vulgar”.
A presente análise tem como objetivo testar a hipótese, fundamentada em
Maurer Jr. (1951), de que no âmbito da religião haveria na Idade Média alto grau de
convergência no léxico românico.
3. Metodologia
3.1. Corpus
Em fins do séc. VII d.C. um monge asceta, chamado pela tradição de Isaac de
Nínive, redigiu em siríaco tratados religiosos, dos quais a dita “Primeira Parte” teve
especial difusão pelo mundo, sobretudo ocidental. O ramo siríaco ocidental dessa
tradição foi traduzido para o grego por volta dos sécs. VIII-IX e uma parte deste foi
traduzida para o latim por volta do séc. XIII. Ao longo da Idade Média, apareceram
as traduções para diferentes línguas românicas: português, espanhol (em duas
traduções independentes), catalão, francês e italiano. Segundo apuraram Cambraia
(2009b), Melo (2010) e Vilaça (2012), a tradução portuguesa deriva da espanhola
(que teve versão impressa em Sevilha em 1497); esta espanhola derivaria da catalã;
já a segunda espanhola (impressa em Zaragoza em 1489), a catalã, a francesa e a
italiana derivariam diretamente da latina.
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A riqueza de traduções dessa obra no mundo românico favorece o estudo
comparado de léxico medieval, já que, por se tratar da mesma obra, o vocabulário
abarca um mesmo tema: a religião. Encontram-se já editadas as traduções para o
português (CAMBRAIA, 2000, 2009b), o francês (MELO, 2010) e o italiano(VILAÇA,
2012). Por essas edições incluírem o vocabulário integral da respectiva tradução,
organizado em forma de glossário, tem-se uma situação especialmente interessante
para o estudo do léxico românico medieval.
3.2. Coleta de dados
Para testar essa hipótese, tomam-se como corpus as traduções latina,
italiana, francesa e portuguesa do já referido Livro de Isaac. Como ainda não há
edição confiável da tradução latina, adota-se o texto presente no cód. A 49 sup. da
Biblioteca Pinacoteca Accademia Ambrosiana de Milão, datável do séc. XIII. Para a
tradução italiana, toma-se a edição crítica de Vilaça (2012), que tomou como textobase o do cód. Ricc. 1384, da Biblioteca Riccardiana de Florença, datável da 1ª
metade do séc. XIV; para a francesa, a edição paleográfica de Melo (2010), baseada
no cód. lat. 14891 da Biblioteca Nacional da França, datável da 1ª metade do séc.
XV; e, por fim, para a portuguesa, a edição crítica de Cambraia (2009b),que elegeu
como texto-base o do cód. 50-2-15 da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, datável
da 2ª metade do séc. XV.
Para a delimitação do léxico a ser estudado, tomou-se inicialmente como
referência a lista presente na proposta de Hallig e Wartburg (1952, p.79-82) para o
campo lexical de religião. Nessa proposta constam 201 itens lexicais, tendo sido
descontadas as repetições mas computadas as formas complexas como unidades
autônomas (como no caso de CRENÇA e CRENÇA POPULAR). Após uma primeira
aplicação desse critério, identificaram-se apenas 61 itens com presença no corpus
estudado. Para que a pesquisa pudesse abranger um conjunto maior de itens,
ampliou-se o número investigado para 148, acrescentando-se itens que, apesar de
cognatos de itens presentes na lista de Hallig e Wartburg (1952), não constavam
dela (p. ex.: constava MONGE mas não MONJA nem MONÁSTICO), bem como
itens relevantes especificamente para a doutrina religiosa de Isaac de Nínive (p. ex.:
PRANTO, JEJUM, etc.). Deve-se salientar, primeiramente, que a própria lista de
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Hallig e Wartburg (1952) não era considerada como exaustiva pelos autores, pois
em muitas categorias a seção termina com “etc.”, indicando que a lista ainda admitia
outros itens; além disso, também na referida obra deixou-se claro que um mesmo
item lexical pode participar de mais de um campo, razão pela qual se fazia
referência, na lista de religião, a outros campos em que os itens poderiam aparecer
(p. ex.: VIRGEM consta tanto do campo de religião quanto do de moral).
Outra restrição aplicada na coleta de dados foi a necessidade de que
houvesse correspondência de categoria, ou seja, se o item considerado fosse
substantivo no texto latino, seria necessário que aparecesse como tal nos demais
textos do corpus: esse critério levou à eliminação de dados em que a
correspondência fosse rompida em uma ou mais línguas consideradas (cf., p. ex.,
substantivo em lat. ABSTINENTE, fr. ASTENAN e port. ABSTINENTE, mas verbo
no it. ASTENERE).
Para facilitar a comparação dos dados, procedeu-se a uma lematização
parcial. Substantivos e adjetivos foram registrados no singular de forma geral, mas
os substantivos femininos foram registrados como lemas independentes; verbos
foram registrados no infinitivo. Especificamente para o latim, os substantivos e
adjetivos foram registrados no acusativo singular, sem a marca de caso, que cairia
no processo de diferenciação para as línguas românicas, sendo a supressão
marcada com hífen. Fez-se leve regularização gráfica na transcrição dos dados
(uniformização de U/V, I/J/Y, diacríticos e representação de nasalidade), mas
mantiveram-se os demais casos de variação de gráfica e/ou fonológica presentes
nas edições consultadas (como as edições do texto italiano e do português são
críticas, as variações gráficas aparecem em menor número em função dos critérios
adotados pelos editores). As variações gráficas e/ou fonológicas foram separadas
pelo sinal de til (~) e as variações lexicais foram separadas por barra inclinada.
Os dados considerados na análise são apresentados no anexo, ao final deste
texto. Aqueles que constam da lista de Hallig e Wartburg (1952, p.79-82) foram
marcados com um asterisco ao final na coluna dos dados do francês (língua em que
a lista de Hallig e Wartburg (1952) é apresentada).
4. Resultados
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Para testar a hipótese de trabalho deste estudo (convergência lexical no
âmbito da religião), fez-se uma primeira classificação dos dados, levando-se em
conta a correspondência etimológica dos itens entre as diferentes línguas românicas,
tomando-se como referência a forma que consta da tradução latina. Para dados
como lat. ALTARE-, ital. ALTAR, fr. AUTEL e port. ALTAR, considerou-se que houve
correspondência entre as quatro línguas (L=I=F=P), mas, para dados como lat.
JEJUNANTE-, ital. DIGIUNATORE, fr. JUNANT e port. JAJŨADOR, considerou-se
haver apenas entre latim e francês (L=F), pois as formas do português e do italiano,
embora partilhem a raiz com as demais, têm formação morfológica diferente (com a
continuação histórica do morfema latino -TORE, e não de -NTE). Nos casos em que
houvesse mais de uma forma lexical em uma língua, considerou-se apenas se
alguma delas apresentava correspondência com a forma de referência (mais adiante
se comentarão separadamente esses casos).
TABELA 1
Padrões de correspondência
Padrões de correspondência
Frequência
L=I=F=P
111/148 (75%)
L=I=F
10/148 (6,8%)
L=I=P
7/148 (4,7%)
L=F=P
1/148 (0,7%)
L=I
6/148 (4%)
L=F
4/148 (2,7%)
L=P
1/148 (0,7%)
L≠I,F,P
8/148 (5,4%)
Os dados da tabela 1 confirmam claramente a hipótese de trabalho: há um
alto grau de convergência lexical (75%) no âmbito da religião entre a forma latina e
as formas românicas como um todo.
Os resultados mostram também que, entre as línguas românicas, a que
apresenta maior convergência em relação ao latim é o italiano (L=I=F=P + L=I=F +
L=I=P + L=I = 134/148 = 91%), seguido pelo francês (126/148 = 85%) e, por fim,
pelo português (120/148 = 81%). A especificidade do campo lexical da religião tornaIn-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
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se ainda mais evidente quando se consideram estatísticas mais gerais como a
apresentada por Rîpeanu (2001, p. 30-31), em que as palavras de origem latina
(pela tradição popular) e os empréstimos latinos (pela tradição culta) compreendem,
respectivamente, 44,06% e 27,7% do léxico do italiano, 36,13 e 26,55% do francês,
e 45,28 e 25,12% do português. Dada a dificuldade de se diferenciar com clareza o
que, no vocabulário da religião, é da corrente popular e o que é da culta, podem-se
levar em conta os totais das cifras acima, o que daria 71,76% para o italiano, 62,68%
para o francês e 70,4% para o português. Por um lado, vê-se que o grau de
convergência com a forma latina é, de fato, maior no âmbito da religião nas três
línguas românicas consideradas (cf., p. ex., 91% do italiano no campo da religião
contra 71,76% no léxico geral dessa língua); por outro, nota-se que a hierarquia da
convergência em relação ao latim no campo da religião (italiano > francês >
português) é diferente em relação ao léxico geral (italiano > português > francês),
apesar de o italiano estar em ambos os casos no topo.
Segundo Maurer Jr (1951), a convergência no léxico românico derivou
sobretudo da influência de centros culturais de referência na Europa, como a França
durante a Idade Média e a Itália na época da Renascença:
[...] a seleção do que foi aproveitado do latim medieval nas línguas
românicas não pode ser o resultado de uma apropriação
independente por parte de cada língua. [...] Os latinismos começaram
a ser empregados, com frequência pelo menos, por um dos dialetos
romances passando a outros não só por imitação do latim, mas por
influência destes grandes centros de cultura da România. (MAURER
JR., 1951, p. 218)
Entretanto, os dados aqui analisados, que se referem à situação das línguas
românicas ainda na Idade Média (a documentação é dos sécs. XIII a XV), mostram
que, pelo menos no campo lexical da religião, deve-se considerar efetivamente um
vínculo mais direto com o latim. Tal se deve porque as traduções do italiano e do
francês foram feitas diretamente do latim e a do português, embora tenha sido feita a
partir de uma tradução do espanhol, foi fortemente contaminada pela tradução latina,
que os copistas teriam consultado repetidamente, como já se mostrou na análise da
transmissão da tradução portuguesa (CAMBRAIA, 2009b), fato claramente
evidenciado pela presença de formas populares coocorrendo com cultas em pares
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sinônimos como MANEIRA e MODO ou DULÇURA e DULCIDOM (CAMBRAIA
2009a, 2010).
Dos 148 itens considerados, apenas 3 no português parecem ter marca que
sugere empréstimo do francês: HEREGE (lat. HAERETICU-), MILAGRE (lat.
MIRACULU-) e MONGE (lat. MONACHU-). A marca que sugere origem francesa é a
presença de um –E final, em lugar do esperado –O, próprio da fonologia histórica do
português. Para o primeiro e o terceiro, Houaiss, Villar e Franco (2001) propõem
como origem o occitânico antigo; mas para o segundo consideram simplesmente o
latim. Vê-se, portanto, que nos dois casos referidos de empréstimo românico a
influência não seria propriamente do francês, mas sim do domínio galo-românico, em
que se insere também o occitânico.
A influência do francês terá se dado possivelmente através de um modelo de
formação (através de decalques), e não necessariamente através de empréstimo
direto do item lexical. Há casos em que o português se diferencia da forma latina de
referência, mas apresenta estrutura morfológica semelhante ao francês, como nos
seguintes casos: port. AMOESTAR e fr. AMONNESTER mas lat. ADMONERE; port.
CRUCIFICAMENTO e fr. CRUCEFIEMENT mas lat. CRUCIFIXIONE-; port.
RESCUCITAR e fr. RESUSCITER mas lat. SUSCITARE.
No entanto, a grande parcela do vocabulário religioso do português aqui
analisado certamente não terá vindo do francês, pois a forma (morfofonológica)
daquele é incompatível com a deste nessa parcela, como é o caso de palavras como
port. APÓSTOLO x fr. APOSTRE, port. LOUVOR x. fr. LOENGE, fr. PRESTRE x
port. SACERDOTE, dentre outras.
Dos 148 itens considerados, há 111 (75%) com convergência entre o latim e
as línguas românicas como um todo e apenas 37 (25%) com divergência entre uma
ou mais línguas românicas.
Um primeiro tipo de divergência de interesse é quando, apesar de haver
divergência em relação ao latim, há convergência entre todas as línguas românicas,
o que acontece em 5 casos: lat. COELESTE- x it. CELESTIALE / fr. CELESTIEL /
port. CELESTIAL; lat. DOMINU- x it. SEGNOR(E) ~ SI(N)GNOR(E) / fr. SEIGNEUR
~SEIGNOUR; port. SENHOR; lat. GEHENNA- x it. INFERNO ~ NINFERNO / fr.
ENFÈR / port. INFERNO; lat. SPIRITUALITER x it. SPIRITUALMENTE / fr.
ESPERITUELMENT / port. SPIRITUALMENTE; e lat. THYMIAMA- x it. INCENSO /
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fr. ENCENS / port. ENCENÇO. Especificamente no caso de SPIRITUALITER, o
desaparecimento do sufixo –ITER como formador de advérbios e a gramaticalização
do ablativo MENTE como sufixo justificam a convergência, ou seja, não havia nas
línguas românicas consideradas outra opção para a formação do advérbio: trata-se,
portanto, seguramente de uma convergência independente no corpus. No caso de
THYMIAMA, parece ter havido uma convergência tradutória, porque a palavra latina
em questão se refere um tipo específico de planta (do gênero Thymus) para a qual
os tradutores teriam, independentemente, escolhido um hiperônimo, já que
ENCENÇO (< lat. INCENSU-) se refere a qualquer planta que se queima para
perfumar ambiente. No caso de GEHENNA- e DOMINU-, tem-se de fato uma
convergência fortemente vinculada à unidade cultural em torno da religião, pois,
referindo-se as formas românicas correspondentes nesses casos tipicamente a
conceitos cristãos, a unidade só poderia derivar de um ponto de origem comum,
possivelmente latino, já que sua origem remonta a formas latinas (INFERNU- e
SENIORE-). Por fim, no caso de COELESTE-, parece ter havido, nas línguas
românicas, uma inovação comum ou ainda uma formação tendo o francês como
referência.
Um segundo tipo de divergência diz respeito à preferência por certos sufixos
derivacionais no processo de inovação. No caso do português, vê-se uma clara
preferência por -AL (< lat. -ALE), como em DEVINAL ~ DIVINAL, MUNDANAL,
SEGRAL ~ SAGRAL e TERREAL, casos em que o italiano e o francês ficaram
geralmente fiéis à forma latina (DIVINU-, MUNDANU-, SAECULARE- e TERRENU).
Maurer Jr. (1951, p. 96) assinala que esse sufixo “foi transmitido pelos escritores
eclesiásticos, tendo vitalidade no latim de Igreja e no medieval [...] e é, portanto,
outra contribuição do latim literário às línguas românicas”. Embora o sufixo apareça
em inovações nas outras línguas (cf. o já citado caso de it. CELESTIALE, fr.
CELESTIEL e port. CELESTIAL), nos dados do corpus analisado aqui é no
português que ele é mais adotado.
O processo de divergência, entretanto, não leva sempre a forma única: em
alguns casos se nota o desenvolvimento de formas concorrentes. Em certos casos,
a concorrência se dá entre uma forma conservadora em relação à tradição latina e
uma inovação por derivação sufixal: cf., p. ex., lat. SAECULARE- e it. SECOLARE /
SECOLARESCO e port. SECULAR / SEGRAL ~ SAGRAL. Em outros casos, a
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concorrência é apenas entre inovações sufixais: cf., p. ex., lat. COELESTE- e fr.
CELESTIEL / CELESTIEN. Esses dois casos de concorrência sufixal, no entanto,
foram poucos: 6 no italiano, 4 no francês e 3 no português.
Caso interessante de divergência são as chamadas formas alotrópicas, frutos
da reintrodução de formas latinas pela via semierudita e/ou erudita (MAURER JR,
1951, p. 62). Exemplo evidente dessa dupla entrada é o port. PEENDENÇA ~
PENITÊNCIA (< lat. POENITENTIA-), em que a primeira apresenta traços típicos da
transmissão popular (atingida pela síncope de –N- intervocálico e pela sonorização
de -T- intervocálico), enquanto a segunda os mantém à moda latina.
Para finalizar esta análise, é importante salientar o fato de que a influência
latina culta se deu também no processo de relatinização formal dos vocábulos. Em
casos como do it. ABSTINENÇA ~ ABSTINENTIA ~ ASTINENÇA ~ ASTINENTIA,
verifica-se claramente duas força contrárias: uma tendência vernacularizante
(expressa pela supressão do -B- e pela assibilização do -TI-) e uma tendência
latinizante (expressa pela retenção do -B- e do -TI-). Essas forças contrárias relevam
uma tensão que, na Idade Média, quando ainda não haviam se constituído os
instrumentos de normatização formal (dicionários e gramáticas sancionados por
instituições específicas, como as ditas Academias), tinha especial vitalidade,
refletindo-se claramente na escrita e, possivelmente, na pronúncia.
4. Considerações finais
Neste breve estudo, testou-se a hipótese de que haveria convergência no
campo lexical de religião nas traduções medievais românicas do tratado Livro de
Isaac: a hipótese foi confirmada diante da constatação de 75% de convergência.
Segundo Maurer Jr. (1951) a unidade da România ocidental se deveria
sobretudo à influência que o centro cultural de cada época (na Idade Média, a
França) exerceu sobre os demais domínios românicos (excluído o do romeno). Os
dados aqui analisados sugerem que, no campo lexical da religião, a referida unidade
se deveria mais à pressão da influência da língua latina em si (língua da Igreja e de
seus textos e ofícios) do que da difusão de centros específicos.
Esta breve análise apresenta ainda dados até então inéditos (já que foram
coletados de textos apenas recentemente disponibilizados em edições) que abrem
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espaço para novas discussões, tais como a da obsolescência de certos termos em
domínios específicos (cf. lat. DAEMONE-, ital. DEMONIO e port. DEMÕĨOS ~
DEMÕES, mas fr. ANEMI / DIABLE; ou ainda lat. SATANA-, it. SATANASSO e fr.
SATHENAS ~ SATHAN, mas port. DIABOO) ou ainda das estratégias dos tradutores
para representar conceitos para os quais não haveria palavra específica no seu
léxico, já que em certos casos houve a substituição de um item lexical por uma
perífrase, como já se assinalou no caso de substantivo em lat. ABSTINENTE, fr.
ASTENAN e port. ABSTINENTE, mas verbo no it. ASTENERE, casos que não
formaram parte do corpus desta análise.
Não se pode deixar de mencionar, no entanto, que o tipo de análise aqui
desenvolvida, para ser ampliada, deve levar em conta a questão das opções
tradutórias, já que o corpus adotado é constituído basicamente de traduções. A
ausência de convergência poderia derivar de o tradutor ter optado por uma forma
específica (distante da latina do modelo, no caso do italiano e do francês), tendo em
seu léxico mais de uma disponível (por exemplo, tanto uma conservadora quanto
uma inovadora). Nesse caso, este corpus deveria ser comparado com outros
corpora da época para se avaliar a existência de todas as opções lexicais para cada
caso. Uma comparação como a sugerida, porém, não invalidaria os resultados aqui
apresentados, pois não seria capaz de certificar que um tradutor específico
dominasse ou tivesse em seu léxico todas as formas constatadas na documentação
da época. Por isso, os resultados aqui obtidos devem sim ser considerados como
representativos, apesar de se referirem a um contexto específico (o dos tradutores
da obra em questão, em um dado momento e em um dado ponto geográfico do
vasto domínio linguístico da România).
Para finalizar, convém chamar atenção para um aspecto que se refere ao que
Matoré (1973, p. 42) defendia ao dizer que “as palavras não exprimem as coisas,
mas a consciência que os homens têm delas”: a unidade cultural ou de visão de
mundo. A constatada convergência no campo lexical da religião certamente estaria
motivada pelo fato de toda a comunidade afetada partilhar de uma mesma visão de
mundo, no caso, a visão da Igreja Católica Apostólica Romana. A unidade lexical no
âmbito da religião deve decorrer de as palavras representarem conceitos específicos
e fundamentais para a corrente religiosa em questão, razão pela qual haveria uma
tendência de resistência à diferenciação, pois novas formas lexicais poderiam levar
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os falantes à constituição de percepções divergentes da doutrina, o que,
naturalmente, não seria interessante para preservação do vínculo dos fiéis a uma
corrente específica. Para provar esse vínculo entre unidade lexical e cultural, seria
interessante avaliar o impacto da reforma protestante a partir do século XV sobre
esse vocabulário: é bem provável essa nova orientação religiosa tenha rompido com
a referida unidade nas comunidades que a adotaram.
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HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Fracisco Manoel de Mello.
(Dirs.) Dicionário eletrônico houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
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MATORÉ, Georges. La méthode em lexicologie: domaine français. Paris: Didier,
1953. [2. ed. ampl., 1973]
MAURER JR., Theodoro Henrique. A unidade da România ocidental. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 1951.
MELO, Teresa Cristina Alves de. Livre d’Isaac Abbé de Syrie (cód. lat. 14891 da
BNF): edição e glossário. 2010. 371 p. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos)
– Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
RÎPEANU, Sanda Reinheimer. Lingvistica romanică. Bucureşti: BIC ALL, 2001.
VILAÇA, Cynthia Eliasde Leles.Libro dell’Abate Isaac di Siria: edição crítica e
glossário. 2012. 512 p. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de
Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
WARTBURG, Walther von. La fragmentación lingüística de la Romania. 2. ed. 2.
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In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
34
Anexo – Corpus
1.
Latim
ABBATE-
2.
ABSTINENTIA-
3.
ABSTINERE
4.
ACEDIA-
5.
ADMONERE
6.
7.
8.
ADORARE
ALTAREANACHORETA-
ABATE
ABSTINENÇA ~
ABSTINENTIA ~
ASTINENÇA ~
ASTINENTIA
ASTENERE ~
ABSTENERE
ACCIDIA
ADMONIRE ~
AMMONIRE
ADORARE
ALTAR
ROMITO
9.
ANGELU-
ANGELO
ANGRE*
10. ANIMA11. APOSTOLU-
ANIMA
APOSTOLO
ÂME
APOSTRE*
12. ARBITRIU-
ARBITRIO
ARBITRE
13. BACULU14. BAPTISMU15. BEATU-
BASTONE
BATTESIMO
BEATO
16. BENEDICTIONE-
BENEDICTIONE
BASTON
BAPTESME*
BÉNEOIT ~ BÉNOI
BENEICHON ~
BENEISON
17. BLASPHEMIA-
BESTEMMIA
18. CAELU-
22. CASTU23. CHERUBIM
24. CHRISTIANU-
CIELO
KALICE /
VASSELL[O] / VASO
KANTIC[O] / CANTO
CASTITÀ ~
CASTITADE
CASTO
CHERUBINO
CHRISTIANO
25. COELESTE-
CELESTIALE
26. COMMUNICARE
COMUNICARE
27. COMMUNIONE-
COMUNIONE
28. CONFESSARE
CONFESSARE
29. CONTEMPLARE
CONTEMPLARE
30. CONTEMPLATIONE
CONTEMPLATIONE
31. CONVERSATIONE-
CONVERSATIONE /
CONVERSIONE
19. CALICE20. CANTICU21. CASTITATE-
Italiano
Francês
ABÉ ~ ABBÉ*
ABSTINENCE ~
ASTIMENCE ~
ASTINANCE ~
ASTINENCE
Português
ABBADE
ASTENIR
ABSTEER ~ ASTEER
ACCIDE
ACÍDIA ~ AUCÍDIA
AMONNESTER
AMOESTAR
AOURER*
AUTEL*
ANACORINTIEN
ADORAR
ALTAR
ANACORITA
ANJO ~ ÂNGIO ~
ÂNGEO
ALMA
APÓSTOLO
ALVIDRO ~
ARBRÍTIO
BÁCULO
BAPTISMO
BEM-AVENTUIRADO
ABSTINÊNCIA ~
AUSTINÊNCIA
BEENÇOM
CIEL*
BALPHÊMIA ~
BLASPHÊMIA ~
BLAFÊMIA
CÉÉO
CALICE*
VASO
CANTIQUE*
CANTO
CHASTETÉ
CASTIDADE
CHASTE
CHERUBIN
CRESTIEN*
CELESTIEL /
CELESTIEN /
CELESTIEUS
COMMUNIER
COMMUMION ~
COMMUNION ~
COUMUNION*
CONFESSER*~
CONFESER
CONTAMPLER ~
CONTEMPLER
CONTAMPLACION ~
CONTEMPLACION
CONVERSACION*~
CONVERSSACION ~
CASTO
CHERUBIM
CHRISTÃÃO
BLAPHEME ~
BLASPHEME*
In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
CELESTIAL
COMUNGAR
AJUNTAMENTO ~
JUNTAMENTO
CONFFESSAR
CONTEMPLAR
CONTEMPLAÇOM
CONVERSAÇOM
35
32. CONVERTERE
33. CREATIONE34. CREATORE35. CREATURA36.
37.
38.
39.
40.
CREDERE
CREDULITATECRUCECRUCIFIXIONEDAEMONE-
CONVERTIRE
CREATIONE
CREATORE ~
CRIATORE
CREATURA ~
CRIATURA
CREDERE
FEDE
CROCE
CROCIFIXIONE
DEMONIO
CONVERSSACIO ~
CONVERSASSION
CONVERTIR
CRÉACION
CONVERTER
CRIAÇOM
CRÉATEUR*
CRIADOR
CRÉATURE
CREATURA
CROIRRE*
CREDULITÉ*
CROIS*
CRUCEFIEMENT
ANEMI / DIABLE
CREER
CREENÇA
CRUZ
CRUCIFICAMENTO
DEMÕĨOS ~ DEMÕES
DEUS
DIABÓLICO
DIABOO
DIVINO /
DEVINAL ~ DIVINAL
DOCTRINA ~
DOUCTRINA ~
DOUTRINA
41. DEU42. DIABOLICU43. DIABOLU-
DIO ~ IDDIO~ IDIO
DIABOLICO
DIAVOLO
DIEU*~ DEEU
DIABOLIQUE
DIABLE*
44. DIVINU-
DIVINO
DIVIN ~ DEVIN
45. DOCTRINA-
DOCTRINA
DOCTRINE ~
DOCTRINNE
47. DONU48. ECCLESIA-
DOMENEDIO /
SEGNOR(E) ~
SI(N)GNOR(E)
DONO
CHIESA
49. ELEEMOSYNA-
LIMOSINA
50. EPISCOPATU51. EREMITICO-
VESCOVADO
EREMITICO
DON
ÉGLISE*
ASMOSNE ~
AUMOSNE ~ AMOSNE
~ AUMOSME ~
OMOSNE ~ OSMONE
EVESCHIE*
ERMIT
52. EVANGELIU-
VANGELIO
EVANGILE
53. EVANGELISTA54. FIDE55. FIDELE-
EVANGELISTA
FEDE
FEDELE
EVANGELISTRE
FOIS*
FIEL
BISPADO
EREMÍTICO
EVANGELHO ~
EUVANGELHO
EVANGELLISTA
FÉ
FIEL
56. FRATRE-
FRATE / FRATELLO
INFERNO ~
NINFERNO
FRÈRE
IRMAAO ~ ERMAAO
ENFER*
INFERNO
46. DOMINU-
57. GEHENNA58. GENUFLEXIONE-
GENUFLEXIONE
59. GLORIA-
GLORIA
60. GLORIARE
GLORIARE
61. GLORIFICARE
GLORIFICARE
62. GLORIOSU63. GRATIA
GLORIOSO
GRAÇIA ~ GRATIA
SEIGNEUR ~
SEIGNOUR
GENUFLICION ~
GENUFLISCION ~
GEMIFLICION /
GENOUFLICHAN
GLOIRE ~ GLORE
GLOREFIER ~
GLORIFIER ~
GLOIREFIER
GLOREFIER ~
GLORIFIER ~
GLOIREFIER
GLORIEUS
GRÂCE*~ GRÂSE
In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
SENHOR
DOM
EGREJA ~ IGREJA
ESMOLA
GÊNOA ~ GÊNUA
GLÓRIA
GLORIAR
GLORIFICAR
GLORIOSO
GRAÇA
36
64. HAERETICU65. HYMNU66. IDOLATRIA
ERETICO
INNI
IDOLATRIA
HERITE
HYMNE*
IDOLÂTRIE
HEREGE
HINNO
IDOLATRIA
67.
68.
69.
70.
IDOLO
DIGIUNATORE
DIGIUNARE
IDOLE
JUNANT
JÊUNER
IDOLO
JAJŨADOR
JAJŨAR
DIGIUNO
JÊUN ~ JÊUNE
JAJŨŨ~ JEJŨŨ
GIUDEO
LODARE
LAUDE
LUCIFERO
JUI
LOUIER
LOENGE
LUCIFER
MANDEMEN ~
MANDEMENT
MARTIR
MARTIRE
JUDEU
LOUVAR
LOUVOR
LÚCIFER
MILAGRE
MONJA
MORTIFICAR ~
AMORTIFICAR
71.
72.
73.
74.
IDOLUJEJUNANTEJEJUNARE
JEJUNIU/JEJUNATIONEJUDAEULAUDARE
LAUDULUCIFER
75. MANDATU-
COMANDAMENTO
76. MARTYRE77. MARTYRIU-
MARTIRE
MARTIRIO
78. MIRACULU-
MIRACOLO
79. MISERICORDE-
MISERICORDIOSO
80. MISERICORDIA-
MISERICORDIA
81. MONACHU-
MONACO
82. MONASTICU-
MONASTICO
MIRACLE*
MISERICOR ~
MISERICORT
MISERICORDE
MOIGE ~ MOIGNE ~
MOINE ~ MOINNE ~
MOINGNE*
MOINAL
83. MONIALE-
MONACA
NONNAIN
84. MORTIFICARE
MORTIFICARE
MORTEFIER*
85. MORTIFICATIONE-
MORTIFICATIONE
86. MUNDANU-
MONDANO
87.
88.
89.
90.
91.
92.
MONDO
MISTERIO
NAVE
NOVIÇO~ NOVITIO
OFFICIO
ORARE/PREGARE
ORATIONE/PREGHI
ERO/PRIEGO
MUNDUMYSTERIUNAVENOVITIUOFFICIUORARE
MORTIFICACION /
MORTIFIEMENT
MONDAIN
94. ORDINARE
ORDINARE
95. ORDINATIONE-
ORDINATIONE
96. ORDINE-
ORDINE
97. PARADISU98. PASCUA-
PARADISO
PASTURE
MONDE ~ MONT
MISTÈRE*
NEF*
NOVICE
OFFICE*~ OFICE
PRIER*
OROISON*~
OUROISON/PRIÈRE*
ORDENNER ~
ORDENER ~
ORDAINNER
ORDENEEMENT /
ORDRENANCE
ORDRE*~ ORDENE ~
ORDER
PARADIS*
PASTURE*
99. PASSIONE-
PASSIONE
PASCION ~ PASSION
100. PECCARE
101. PECCATORE-
PECCARE
PECCATORE
PECHIER*
PECHEUR
93. ORATIONE-
In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
MANDAMENTO
MÁRTIR
MARTEIRO
MISERICORDIOSO
MISERICÓRDIA
MONGE
MONACAL
MORTIFICAÇOM
MUNDANAL
MUNDO
MISTÉRIO
NAVE
NOVIÇO
OFICIO
ORAR/REZAR
ORAÇOM ~
OROÇOM
ORDENAR
ORDENAÇOM/
ORDENANÇA
ORDEM
PARAISO
PÁSCOA
PAXOM ~ PAIXOM ~
PASSIOM
PECAR
PECADOR
37
102. PECCATU-
PECCATO
PECHIE
103. PEREGRINU-
PELEGRINO
PÈLERIN*
104. PHANTASMA105. PIETATE106. PIU107. PLANCTU-
FANTASIA
PIETADE
PIO
PIANTO
PENITENÇA ~
PENITENTIA
FANTOSME*
PITIÉ*
PIEU*
PLEUR
108. POENITENTIA-
PENITANCE*
PREECHEUR* ~
PREESCHEUR
PRELA
109. PREDICATORE-
PREDICATORE
110. PRELATU-
114. PSALMU115. RELIGIONE-
PRELATO
PROFETA ~
PROPHETA /
PROFETANTE
PROFETIA
PROVEDENÇA ~
PROVEDENTIA ~
PROVEDENZA
PSALMO
RELIGIONE
116. RELIGIOSU-
RELIGIOSO
117. RESURRECTIONE-
RESURRESSIONE
118. SACERDOTE119. SACRIFICIU-
130. SERMONE131. SORORE-
SACERDOTE
SACRIFICIO
SECOLARE /
SECOLARESCO
SECOLO
SAETTA
SALVARE
SALVATORE
SANTIFICARE
SANCTITADE ~
SANTITADE
SANTO ~ SANCTO /
SAN
SATANASSO
SCRICTURA ~
SCRIPTURA ~
SCRITTURA ~
ISCRIPTURA
SERMONE
SEROCCHIA
132. SPIRITU-
ISPIRITO ~ SPIRITO
133. SPIRITUALE-
SPIRITUALE
ESPERITUEL
134. SPIRITUALITER
135. SUSCITARE
SPIRITUALMENTE
SUSCITARE /
ESPERITUELMENT
RESUSCITER
111. PROPHETA112. PROPHETIA113. PROVIDENTIA-
120. SAECULARE121. SAECULU122. SAGITTA123. SALVARE
124. SALVATOR
125. SANCTIFICARE
126. SANCTITATE127. SANCTU128. SATANA129. SCRIPTURA-
PECADO
PELIGRINO ~
PELEGRINO ~
PEREGRINO
FANTASIA
PIADADE ~ PIEDADE
PIADOSO
CHANTO
PEENDENÇA ~
PENITÊNCIA
PREGADOR
PRELADO
PROPHÈTE*
PROPHETA
PROPHESIE
PROPHICIA
POURVEANCE ~
POURVENANCE*
PROVIDÊNCIA
PSIAUME ~ SIAUME*
RELEGION*
RELEGIEUS ~
RELIGIEUS*
RESURRECCION*~
RESURRECTION ~
RESURRESTION
PRESTRE*
SACREFICE*
PSALMO ~ SALMO
RELIGIOM
RELIGIOSO
RESURRECÇOM ~
RESURREIÇOM
SACERDOTE
SACRIFÍCIO
SECULAR /SEGRAL ~
SECULIER
SAGRAL
SIÈCLE ~ CIÈCLE
SEGRE ~ SOGRE
SAIEITE* ~ SAIETE
SEETA
SAUVER
SALVAR
SAUEUR ~ SAUVEUR SALVADOR
SAINTEFIER
SANCTIFICAR
SANCTIDADE ~
SAINTÉE ~ SAINTÉ
SANTIDADE
SANCTO ~ SANTO ~
SAINT*~ SAIN
SAM
SATHENAS ~ SATHAN DIABOO
ESCRIPTURE
SERMON*
SEUR*
ASPRIR ~ ESPERIT ~
ESPERI
In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 22-39, jul./dez. 2013.
ESCRIPTURA ~
SCRIPTURA ~
ESCRETURA
SERMOM
IRMÃA
ESPÍRITO ~ SPÍRITO
~ SPÍRITU
ESPERITUAL ~
SPIRITUAL
SPIRITUALMENTE
RESCUCITAR
38
137. TEMPLU-
RISUCITARE
TABERNACOLO ~
TABERNACULO
TEMPIO
138. TEMPORALE-
TEMPORALE
139. TEMPORE-
TEMPO
140. TENTATIONE-
TENTATIONE ~
TEMPTATIONE ~
TENTAZIONE
141. TERRA142. TERRENU-
TERRA
TERRENO
143. THEOLOGIA144. THYMIAMA145. TRINITATE-
THEOLOGIA
INCENSO
TRINITADE
VESTIMENTO /
VESTIMENTA
VERGINE
VIRGINITADE
136. TABERNACULU-
146. VESTE147. VIRGINE148. VIRGINITATE-
TABERNACLE
TABERNÁCULO
TEMPLE*
TAMPOREL ~
TEMPOREL
TANS ~ TAMPS ~
TEMPS
TANTACION ~
TAMPTACION ~
TEMPTACION ~
TENTACION
TERRE
TERRIEN
TEMPLO
TIOLOGIE
ENCENS*
TRINITÉ
THEOLIGIA
ENCENÇO
TRINDADE
VESTEMEN*
VESTIDURA
VIERGE*
VIRGINITÉ
VIRGEM
VIRGIINDADE
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TEMPORAL
TEMPO
TENTAÇOM ~
TEMPTAÇOM
TERRA
TERREAL
39

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