De ministro evangélico a activista gay... Mas hoje Richard Evans é

Transcrição

De ministro evangélico a activista gay... Mas hoje Richard Evans é
Ajudaram-no os livros de David Morrison e
Scott Hahn
De ministro evangélico a
activista gay... Mas hoje
Richard Evans é católico
devoto e casto
Aos 34 anos deixou a sua esposa e ministério
evangélico e deu-se à vida gay durante 15 anos. Mas
logo decidiu que não deixaria que uns sentimentos lhe
ditassem a sua identidade. "Não deixo que me definam
como pessoa", explica este homem de missa e rosário
diários.
Actualizado 20 de Abril de 2012
Pablo Ginés/ReL
Richard Evans
Richard Gerard Evans conta a sua azarenta história de
conversão e a sua forma de enfrentar a atracção sexual por outros homens no
seu blogue "Catholic Boy Richard", muito cuidado e actualizado.
Richard nasceu em 1956. A sua mãe era católica, e ela levou a fé ao seu pai.
Ele de menino jogava a "fazer de padre", e dos 7 aos 11 anos foi acólito
com muita ilusão e alegria. Mas em 1967, quando tinha onze anos, no meio de
uma crise de valores que sacudiu Estados Unidos e a Igreja, a sua mãe se
desencantou da Igreja Católica, procurou outra forma de viver o
cristianismo, e estabeleceu-se nas Assembleias de Deus, uma das
principais denominações de evangélicos pentecostais.
Evangélico e cristão sincero
Ali, Richard formulou a sua primeira oração consciente para "aceitar Jesus" de
todo o coração com 14 anos. "No profundo do meu interior soube que Cristo
era real e verdadeiro, e que queria servi-lo o resto da minha vida". E isto nunca
mudou.
Mas Richard já levava uns anos sabendo que não lhe atraiam as raparigas, mas
sim os rapazes que conhecia na igreja ou na escola. Como na sua casa não se
falava de sexo, foi aos 11 anos, lendo uma revista, que conheceu a palavra
"homossexual". Tinha claro que desde um ponto de vista bíblico "aquilo era um
comportamento aparentemente pecaminoso, não actuei segundo os meus
impulsos".
Richard não se auto classificou como "gay". Acabou o instituto e depois
estudou num "college" bíblico de Assembleias de Deus. Manteve-se virgem até
que se casou "com uma mulher cristã sincera e carinhosa em 1979".
Tinha 23 anos e começou a sua etapa como ministro de Assembleias de Deus,
que durou 12 anos.
"Sola Scriptura" e livre exame
Aos 34, sem ter deixado nunca de sentir-se atraído pelos homens, mas tendo
sido sempre fiel à sua esposa, Richard decidiu reexaminar o que a Bíblia
ensinava sobre a homossexualidade. "Não era especialmente meu desejo ir e
pecar, mas sim que sinceramente queria saber se teologicamente me havia
passado algo por alto", afirma. Se, o seu desejo homossexual era uma carga
interna e secreta, mas tentou ser neutral. "Usei cada ferramenta ao meu alcance,
léxicos de grego e hebreu, livros de teologia tradicional e também pro-gay, e
depois de meses de estudo, oração e jejum, concluí que a Bíblia não era
tão clara no tema como pensava".
Posto que a Bíblia não lhe parecia clara, e sendo protestante não aceitava o
papel da Tradição, só lhe ficava a "ciência": ou mais em concreto, o ramo da
psicologia que directamente lhe pedia para aceitar a sua "gaydad".
"O meu matrimónio acabou em 1991 e durante os seguintes 15 anos, ainda que
ainda amava a Deus há minha maneira, senti-me identificado com o que se
costuma chamar o estilo de vida ou a subcultura gay", escreve.
Celibatário depois de 15 anos
Richard não quer detalhar no seu testemunho o que fez esses anos nem as
relações que teve. Explica que militava no movimento gay e ia às suas
manifestações e reivindicações. Mas em 2001 voltou a ir a uma igreja com
regularidade, com uns metodistas que ainda que não aceitassem o estilo de vida
gay eram acolhedores com todo o mundo. Voltou a ler a Bíblia... "e fiz-me
celibatário, no princípio não por minha escolha, mas eventualmente com
entusiasmo comprometido". Mas sem abandonar a sua teologia pro-gay.
Pensava, entre outras coisas, que como celibatário poderia encontrar mais
possibilidades de "ministrar", de servir a Deus com apostolados.
Tocado pela Paixão e Caviezel
Então, passou-se algo que tocou a espiritualidade de dezenas de milhares de
pessoas: veio na Quaresma de 2004 "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson. "A
fome por Jesus da minha infância despertou-se de formas que ainda hoje
não posso descrever", afirma.
Além disso, por essa época escutava rádios protestantes muito conservadoras,
onde se criticava continuamente o actor protagonista de "A Paixão", Jim Caviezel,
por um só pecado: era católico! E Richard, apesar de não ser católico desde os
11 anos, zangava-se porque conhecia muitos católicos que eram bons cristãos
(ainda que ele pensasse que era "apesar de Roma").
Rompendo com a militância gay
Mas a sua ruptura com o movimento gay e a sua ideologia chegou em 2005,
durante uma marcha a favor do matrimónio homossexual em Minnesota. O líder
de uma associação do homossexualismo político "começou a despedaçar
sistematicamente no seu discurso os que acreditassem na Bíblia". Richard fartouse e foi-se nesse momento. "Eu só sabia que amava a Cristo e amava
também às pessoas com inclinação homossexual, e essas duas partes
pareciam odiar-se uma à outra, e isso entristecia-me", recorda.
A partir deste momento, uma série de livros, meios de comunicação e
testemunhos sucederam-se na sua vida para oferecer-lhe duas coisas: uma
castidade com sentido, e a fé plena da Igreja Católica.
Os sentimentos não fazem a pessoa
O primeiro chegou quando leu "Beyond Gay", de David Morrison, a história de
um activista gay que se fez cristão protestante casto e logo católico. É
um livro que impactou em muitas pessoas (em espanhol "Un más allá para la
homosexualidad", Editorial Palabra, com uma 2ª edição em 2011)
De Morrison aprendeu o conceito "Atracção do Mesmo Sexo" (AMS). "Não
finges que já não tens esses sentimentos, mas não permites que esses
sentimentos te controlem ou sejam o centro da tua atenção; numa
palavra, não deixas que esses sentimentos definam quem és como
pessoa", resume Richard. Ele tinha visto casos de pessoas que diziam ser "exgay" mas na realidade não tinham conseguido eliminar a sua AMS... Incluindo ele
mesmo.
David Morrison, o movimento "Courage" (www.couragerc.net) e outros na Igreja
Católica propunham uma via distinta: talvez Deus ou a terapia possam tirar a
AMS, ou talvez isso nunca chegue para tal ou qual pessoa, mas isso não impede
que uma pessoa com esses sentimentos, como qualquer outra, aposte pela
castidade, "tome a sua cruz" e siga a Cristo com o objectivo comum a todos
os cristãos: ser santo. Inclusive nos seus anos "gays", Richard havia tido claro
que todo ele, incluída a sua sexualidade, pertencia e devia entregar-se a Cristo.
"Não importam os meus sentimentos homossexuais, mas sim que o que
importa é o que faço com eles. Em vez de preocupar-me por ´mudar´,
entrego-me a Deus aqui e agora, tomo a minha cruz diária, e comprometo-me a
caminhar com Ele".
Em metade do seu processo de retorno à Igreja Católica, retirou a bandeira do
arco-íris gay que tinha ondeado muitos anos na sua janela: "podia amar, e
ainda amo, os meus irmãos e irmãs LGBT, não os julgo, mas já não podia apoiar
essas causas".
Convertidos do protestantismo
No seu regresso ao catolicismo juntaram-se muitas coisas. Assombrou-o saber
que se tinha feito católico Thomas Howard, antigo editor de "Christianity
Today", devoto evangélico e cunhado de um dos missionários protestantes
mártires na selva equatoriana às mãos de uma tribo belicosa (história difundida
em 2005 pela película "A ponta da lança" ou "End of the spear").
Também o assombrou descobrir a personalidade alegre da Madre Angélica
no canal de televisão católico EWTN. Mais ainda, nessa cadeia o assombrava
"o nível de amabilidade e respeito mostrado para com todos, amigos ou
adversários", o que contrastava com certas rádios protestantes muito hostis que
tinha escutado antes. Conheceu o trabalho do ex-presbiteriano Marcus Grodi,
que acolhia ex-clérigos e ministros protestantes que caminhavam até o
catolicismo.
Descobriu que durante os 35 anos que tinha estado longe da Igreja Católica,
numerosos pastores a tinham conhecido e adoptado como Mãe. Mais ainda,
nesse tempo a Igreja tinha elaborado um novo catecismo: estudou-o
contrastando-o com a Bíblia. Cada dia, a caminho do trabalho, escutava
"Relevant Radio", uma radio católica refrescante, "sem legalismos".
Por último, leu de uma vez "Roma, doce lar", o livro testemunho do casal
Scott e Kimberly Hahn (Ed. Rialp, em espanhol leva já 17 edições). Este casal
protestante explica o seu caminho até à Igreja Católica quando Scott, teólogo e
pastor, descobre que o ensinamento protestante "Sola Scriptura" não
figura na Escritura e quando vê que é necessária uma autoridade que
estabeleça infalivelmente (e não como meras opiniões) que livros da antiguidade
são Palavra de Deus e quais não.
Confissão e vida nova
Dois dias depois de ler "Roma, doce lar", em 4 de Outubro de 2005, festa de São
Francisco ("outro com um passado azarento!") debaixo de uma grande chuva,
Richard aproximou-se de uma paróquia vizinha, confessou-se pela
primeira vez em 35 anos, e comungou na missa. Com 49 anos, começava
uma nova vida.
Hoje, em 2012, tem 56 anos. Vive a castidade. Vai à missa diária e
comunga. Reza cada dia o Rosário e a Coroa da Divina Misericórdia.
Confessa-se uma ou duas vezes por mês. "A minha vida é uma vida de
espiritualidade tranquila e não desejo outra coisa", escreve. Foi ministro
extraordinário da comunhão e acompanhou dois adultos no seu ingresso na
Igreja. Tirou um curso de catequese depois de dois anos de estudos e discerne a
possibilidade de consagrar-se como laico dominicano, "se Deus quiser".
"Roma é, para este peregrino, o lugar mais próximo de um lar na terra", escreve.
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