DOSSIER A construção no Brasil na atualidade CONVERSAS

Transcrição

DOSSIER A construção no Brasil na atualidade CONVERSAS
55
N° 55 . maio/junho 2013 . 6.50
DOSSIER
A construção no Brasil na atualidade
CONVERSAS
Francisco Ladaga
ficha técnica
diretor
Eduardo Júlio
[email protected]
diretora executiva
Carla Santos Silva
[email protected]
conselho científico
Abel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),
Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA),
António Pais Antunes (UC), António Pinheiro (UTL),
António Reis (UTL), António Tadeu (UC), Armando Rito,
Carlos Borrego (UA), Carlos Pina (LNEC), Conceição Cunha (UC),
Daniel Dias da Costa (UC), Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP),
Emanuel Maranha das Neves (UTL), Fernando Branco (UTL),
Fernando Garrido Branco (UC), Fernando Sanchez Salvador (UTL),
Francisco Nunes Correia (UTL), Francisco Taveira Pinto (UP),
Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),
Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP),
Humberto Varum (UA), João Almeida (UTL),
João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC),
João Ramôa Correia (UTL),Joaquim Barros (UM),
Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL),
Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC),
Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),
José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC),
José Câmara (UTL), José Luís Câncio Martins,
José Pinto Duarte (UTL), Júlio Appleton (UTL),
Laura Caldeira (LNEC), Luciano Lima (UERJ), Luis Calado (UTL),
Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC),
Luís Guerreiro (UTL), Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC),
Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL),
Luís Simões da Silva (UC), Maria Cecilia A. Teixeira da Silva (UNICAMP),
Mário Krüger (UC), Manuel Pipa (LNEC),
Maria do Rosário Veiga (LNEC), Paulo Coelho (UC),
Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM),
Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA),
Raimundo Mendes da Silva (UC), Rui Faria (UP),
Said Jalali (UM), Sérgio Lopes (UC),
Teresa Valsassina Heitor (UTL), Valter Lúcio (UNL),
Vasco Freitas (UP), Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redação
Cátia Vilaça
[email protected]
marketing e publicidade
Pedro Braga
[email protected]
editor
António Malheiro
grafismo
avawise
assinaturas
2
editorial
4_43
dossier | a construção no brasil na atualidade
4_8
conversas
Francisco Ladaga
10_19
Pré-fabricação em pontes de betão – experiência recente no Brasil e em Portugal
– fernando r. stucchi e joão f. almeida
20_23
Análise da cobertura do Estádio Nacional de Brasília em um túnel de vento numérico
– paulo de mattos pimenta
24_32
Aplicações da tecnologia de “cutter soil mixing” no Brasil – alexandre pinto, xavier pita e rui tomásio
33_36
Estruturas metálicas –o papel da universidade na pesquisa e no desenvolvimento
– luciano rodrigues ornelas de lima , pedro colmar gonçalves da silva vellasco e sebastião arthur lopes de andrade
38_41
Edifícios residenciais no Brasil – paulo pereira , armandina rodrigues, manuel pereira e josé ferreira
42_43
Execução de fundações especiais na obra da Linha 17-Ouro da Companhia do Metropolitano
de São Paulo (Brasil) – bruno moreira
44_45
estruturas de madeira
Casas de madeira – A importância da qualidade e da confiança do mercado
46_47
acústica
Avaliação de desempenho acústico de vãos de fachada, incluindo caixilharia, caixas de
estores e grelhas de ventilação
48_49
sísmica
O risco sísmico na legislação sobre reabilitação de edifícios
Tel. 22 589 96 25
[email protected]
50_52
redação e edição
53_54
Engenho e Média, Lda.
Grupo Publindústria
propriedade
Publindústria, Lda.
Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTO
Tel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29
[email protected] | www.publindustria.pt
publicação periódica
notícias
mercado
55
projeto pessoal
Rui Simões
56
eventos
Registo n.o 123.765
tiragem
6.500 exemplares
issn
1645 – 1767
depósito legal
164 778/01
Nota Os artigos que compõem o presente
dossier foram redigidos por autores
portugueses e brasileiros e foram preparados
para serem lidos no Brasil. Em alguns artigos,
será notória a presença de elementos
linguísticos do português do Brasil, sendo que
outros estão redigidos desta forma na íntegra.
capa
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
1
© Tomas Faquini / Brasil 2014 (www.copa2014.gov.br)
Próxima edição >
Dossier Os Nanomateriais e a Construção
estatuto Editorial
editorial
Portugal sempre foi um país virado para fora, que se orgulha de ter dado novos mundos
ao Mundo. Recentemente, a UNESCO atribuiu a classificação de ‘Património da Humanidade’ à Universidade de Coimbra1, não só devido ao seu elevado valor arquitectónico2, do
Paço das Escolas ao Laboratório Chimico, mas, sobretudo, reconhecendo o seu imenso
património intangível, de produção de conhecimento, e de difusão da cultura e da língua
portuguesas pelos cinco continentes3.
Depois das décadas recentes de construção interna desenfreada – auto-estradas, pontes,
barragens e edifícios – o sector da Construção nacional reorganizou-se, potenciando a
vocação secular que o País transporta no seu ADN, i.e. virando-se para o Mundo. E não
haja dúvidas de que a excelência da Engenharia nacional pode prestar um valioso contributo ao desenvolvimento sustentado dos países que agora apostam na construção/
melhoramento das suas infra-estruturas, em particular daqueles com os quais existem
fortes laços histórico-culturais.
Com o presente número, pretende a Construção Magazine abrir uma janela sobre o Brasil,
focada no sector da Construção, levando até aos leitores alguns casos paradigmáticos
do que é hoje a investigação, a consultoria, o projecto e a execução de importantes
obras neste país irmão. Convidei para co-editora, a Prof.ª Maria Cecília Teixeira da Silva,
da Universidade Estadual de Campinas, com quem tive o prazer de conviver durantes
os dois meses que passei o ano passado nesta universidade, na qualidade de professor
visitante. O dossier temático é, como facilmente constatarão, rico e diversificado no seu
conteúdo, com artigos da autoria de prestigiados especialistas brasileiros e portugueses.
Inclui ainda uma entrevista de grande interesse ao Eng.º Francisco Ladaga, presidente
da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC), conduzida pelo Prof. Hipólito de
Sousa, ex-presidente do Colégio Nacional de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros.
Eduardo Júlio
Director
O dossier temático do N.º 41 da Construção Magazine é inteiramente dedicado a esta candidatura.
Embora considere demasiado redutor a designação ‘património arquitectónico’, porque exclui as vertentes
técnica, histórica e cultural, entre outras, utilizo-a aqui lato sensu, por ser aquela que melhor representa o
conjunto.
3
Presto aqui a minha homenagem ao Reitor Fernando Seabra Santos, por ter tido a visão e ter iniciado o
processo de justo reconhecimento por parte da UNESCO da Universidade de Coimbra como ‘Património da
Humanidade’, e ao Reitor João Gabriel Silva, por ter conduzido este barco a bom porto.
1
2
*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
Título: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica
de Engenharia Civil
Caracterização: Publicação periódica de informação
científica e técnica.
Objeto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia
civil.
Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita
os princípios deontológicos da imprensa e a ética
profissional, de modo a não poder prosseguir apenas
fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
encobrindo ou deturpando a informação.
Objetivo: Ser uma revista de interface: propõe-se
promover as relações universidade-indústria-sociedade,
estabelecendo pontes de comunicação capazes de
promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as
instituições.
Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação,
produtos, serviços e ainda difundir atividades relevantes junto da comunidade empresarial, profissional e
académica.
Corpo Editorial:
Diretor: Professor Universitário
Diretor Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores da
Engenho e Média, Lda.
Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a
sua atividade no âmbito do objeto editorial da revista,
nos meios universitário e industrial.
Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica,
Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente
e Arquitetura.
Seleção de Conteúdos:
1. A seleção de conteúdos científicos será da exclusiva
responsabilidade do Diretor e do Conselho Científico;
2. O noticiário técnico/informativo será proposto pelo
Diretor Executivo ao Diretor;
3. A revista poderá publicar peças noticiosas com caráter
publicitário, nas seguintes condições:
3.1. Sob o título de Publi-reportagem;
3.2. No formato de notícia com a aposição no texto do
termo (publicidade).
Organização Editorial
Sem prejuízo de novas áreas temáticas que venham a
ser consideradas, a estrutura e base da organização
editorial da Revista compreende: Sumário; Editorial;
Secção Científica; Secção Tecnológica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários; Bibliografia; Noticiário;
Entrevista; Publi-reportagem; Publicidade.
Espaço Publicitário:
1. A publicidade organiza-se por espaços de página e
frações, encartes e publi-reportagem;
2. A tabela de publicidade é válida para todo o território
nacional;
3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultrapassar 1/3 da paginação;
4. A Direção da Construção Magazine poderá recusar
publicidade que não se coadune com o objecto editorial e
os princípios deontológicos da revista.
5. Não será aceite publicidade que não esteja em conformidade com a lei geral do exercício da atividade.
Especialista em
4_8
conversas
engenheiro francisco ladaga
Jornalismo e fotografia por Cátia Vilaça
Coordenação técnica por Hipólito de Sousa
4_cm
O Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC) não embarca
em euforia no que toca ao crescimento económico do Brasil mas reconhece a capacidade tecnológica do país. Quando volta a estar em cima da mesa a acreditação de
Engenheiros portugueses no Brasil, Francisco Ladaga lembra a barreira criada com
a implementação do Processo de Bolonha na Europa mas também a possibilidade de
obter a equivalência em qualquer universidade pública brasileira.
Construção Magazine (CM) – Em que medida o crescimento económico que o Brasil experiencia tem
potenciado o investimento no estrangeiro, nomeadamente em Portugal?
Francisco Ladaga (FL) – O Brasil investiu na Copa do Mundo e grandes obras e estádios que estão
a ser concluídos agora nas Olimpíadas. Esse é o grande investimento no país hoje. Há uma política
no Governo para resgatar a classe baixa renda através de bolsas (Bolsa Família, Bolsa Emprego,
etc.) Isso realmente trouxe ao país a distribuição melhor da renda. Essa classe que era muito pobre
começou a ter condições de compra, pelo que houve um movimento na demanda interna do país
mas com dinheiro público. Isso foi bom por um lado mas por outro trouxe uma certa dificuldade: hoje
é difícil encontrar mão-de-obra primária porque se a pessoa ganha uma bolsa não vai dedicar-se ao
emprego. O Governo está revendo essa política e se não o fizer vai criar um caos porque não se tem a
mão-de-obra primária para o desenvolvimento. O facto de os políticos dizerem que o Brasil é a sexta
potência do mundo não é a realidade que eu sinto enquanto Engenheiro e presidente de uma entidade
nacional. Existem locais pontuais que têm uma demanda muito grande ou que têm um pagamento
de um salário melhor mas existem muitos profissionais de engenharia ganhando aquém do mínimo.
Nós, brasileiros, passámos por 20, 30 anos de recessão (que hoje a Europa está passando). Vocês
estão num começo muito pequeno, que não conseguem entender porque estavam habituados a uma
condição melhor de vida. Nós estamos ao contrário: viemos de anos e anos [de recessão] e agora
estamos um pouquinho melhor. Mas esse pouquinho não corresponde ainda a uma medida. Aquilo
que o Governo transmite não é aquilo que nós estamos sentindo na realidade.
O Brasil hoje tem algumas empresas que são multinacionais, tem grupos económicos que são especializados em comprar empresas, inclusive americanas, e reativá-las. Pela história do Brasil de
administrar a crise, é possível pegar essas empresas e lhes dar uma dinâmica melhor. É o caso da
Burger King e outras empresas americanas. O último caso é o da TAP, que está em venda e com greve
programada. Há uma empresa brasileira tentando comprar a TAP apesar da grande dívida que ela tem.
Nós sabemos que vocês sofrem algumas discriminações no mercado europeu, mas foi o que colocaram
para nós. Nós também sofremos bastante. A história de sermos um país-colónia ainda é uma situação
w w w.abenc .or g .br
constrangedora, mas somos um grande país.
Temos 200 milhões de habitantes e somos
quase do tamanho de um continente.
O Brasil é rico em minério e tem produção
agrícola. Eu vim da área rural e me lembro que
quando começámos produzindo soja e milho,
a produtividade ficava um terço abaixo daquilo
que os americanos conseguiam atingir – hoje
nós superamos eles, não só em volume como
em produtividade, ou seja, conseguimos, na
área agrícola, tirar o que qualquer país desenvolvido consegue colher do seu retalho de
terra. O povo tem essa história de sofrimento, e
está habituado a tocar isso. Há um momento de
euforia muito político mas realmente subimos
um pouquinho de patamar. No entanto, ainda
temos dúvidas, ainda não temos essa segurança de dizer que está tudo correndo normal.
[Perguntamo-nos se] a crise europeia atingiu
ou não o país. Politicamente dizem que não
mas atingiu. A gente sabe que hoje o mundo é
globalizado. A produção que nós temos lá tem
de ser enviada para alguém. Se esse mundo
não está bem nós também vamos ser afetados
na origem.
CM – O Brasil tem défice de técnicos no setor
da construção para a dinâmica que está a
experimentar? Se for o caso, como estão a
resolver o problema?
FL – Eu não acredito nesse défice. Se comenta que há défice. O Brasil hoje tem 200 mil
engenheiros civis regulados pelo sistema. Me
parece que Portugal tem 19 mil. Nos grandes
centros há uma concentração muito grande
de engenheiros civis. É um país continental
pelo tamanho mas tem áreas que não são bem
desenvolvidas e aí não há tanto engenheiro. A
concentração de engenheiros é justamente
nos grandes centros. Na área pública eles não
ganham o salário mínimo profissional que é lei.
Quando se abre um concurso sobram pessoas
procurando aquele emprego. Nós acompanhamos essa discussão e vemos que estamos
melhor porque antigamente não tínhamos
nem emprego. No entanto, esse emprego não
atingiu ainda o salário mínimo. Hoje há engenheiros trabalhando na área pública ganhando
menos de 1200 euros. Se a demanda fosse tão
grande não estariam trabalhando por isso. É
uma coisa que se comenta muito mas não tem
uma estatística oficial mostrando essa prova.
CM – Está em discussão o reconhecimento
dos arquitetos e engenheiros portugueses
no Brasil. Que impacto esta medida poderá ter
nos mercados dos dois países?
FL – A questão da Arquitetura é outro Conselho e outra profissão sobre a qual não estou
autorizado a falar. Quanto à Engenharia, soube
que há uma discussão entre universidades
públicas para fazer a revalidação automática
do diploma. O processo educativo na área da
Engenharia em Portugal foi para Bolonha e
nós no Brasil não aceitamos o Processo de
Bolonha. Aquela Engenharia tradicional de
cinco anos passou a três, complementados
com mais dois anos que dão acesso ao grau
de Mestre. Hoje o Engenheiro brasileiro tem
de fazer cinco anos de Engenharia mais dois
de Mestrado. A acreditação simplesmente
pela universidade não garante, pelo sistema
profissional, que ele tenha uma profissão plena. Mesmo para o profissional brasileiro é feita
uma análise curricular para ver a atribuição
que ele vai ter. Eu sou também conselheiro do
sistema Confea [Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, que regulamenta e fiscaliza
o exercício profissional] e fiz uma análise de
um currículo revalidado por uma universidade
pública de um profissional de um país que não
é Portugal mas é da Europa. Ele tinha uma
carga horária de 8 mil horas e teve uma série
de restrições na área dos transportes, de saneamento e na área de cálculo, mesmo tendo
uma carga horária bastante elevada até para
nós (a nossa carga horária é em torno de 5 mil
horas). A atribuição plena do Engenheiro não é
garantida. Vai ser feita uma análise curricular
para ver as atribuições que ele vai ter.
Eu viajei de Londres para o Porto com um jovem
engenheiro português (não da área de Civil)
que estava lá procurando emprego. Ele me
contava que realmente conseguiu se entender
como engenheiro quando fez os dois últimos
anos, uma vez que os três primeiros não deram
essa segurança de Engenheiro para ele. Muitas
pessoas, na necessidade de buscar emprego,
param no terceiro ano e se julgam engenheiros
plenos. Têm dificuldade aqui, com certeza, e
vão ter dificuldade lá também. Lá no Brasil não
aceitamos o Processo de Bolonha e brigámos
muito para que não fosse adotado. Somos mais
tradicionalistas nessa formação. A regulamen-
cm_5
conversas
conversas
“é necessário determinar
qual é o engenheiro civil de
que o mundo precisa e aí sim,
quando tivermos um padrão do
engenheiro civil, conseguiremos
facilitar a mobilidade.“
6_cm
tação desse processo pelas universidades pode causar um conflito:
um Engenheiro Civil de cinco anos no Brasil sai Engenheiro Civil, enquanto que aqui em Portugal é Mestre. Com o título de Mestre lá vai ter
uma vantagem sobre o profissional brasileiro. Na área de Academia
ele vai conseguir um emprego e o brasileiro não. Eu coloquei essas
questões no encontro das Associações Profissionais de Engenheiros Civis dos Países de Língua oficial Portuguesa e Castelhana.
Nós precisamos discutir essas questões e precisamos buscar uma
Engenharia Civil mundial. A Engenharia Civil sempre foi o carro forte
no desenvolvimento de qualquer país, por isso nós não podemos
deixar brincarem com a Engenharia Civil. É necessário determinar
qual é o Engenheiro Civil de que o mundo precisa e aí sim, quando
tivermos um padrão do Engenheiro Civil, conseguiremos facilitar
a mobilidade. Quando você tem um produto bem concebido, não
tem tanta dificuldade de mobilidade.
Quanto ao Brasil e Portugal, temos um cartel de profissionais
que estão aqui com dificuldade em se registarem, então mandam email. Nós recebemos uma porção de emails que não
sabemos se têm razão de ser ou não. O que é preciso é a Ordem
dos Engenheiros de Portugal também nos colocar claramente
por que é que não está aceitando esses profissionais. A Ordem
pode ter razão em não aceitar mas eu como presidente de
uma entidade sofro essas dificuldades porque quando quero
discutir uma coisa vem uma enxurrada de informação reclamando que não se consegue fazer isto ou aquilo.
Outra coisa que eu entendo que é prejudicial para os próprios
profissionais portugueses é algumas informações que
soltam: por exemplo, eu recebi um email de uma profissional portuguesa dizendo que alguém estava em São Paulo
ganhando 50 mil reais por mês líquidos. Nem um juiz de
última instância ganha metade disso. Ele pode estar até
ganhando mas é uma coisa excecional e ela não explicou
como é que isso está acontecendo. Essas informações
não são boas para os profissionais de nenhum país: para
nós porque lá dentro causa uma frustração e para vocês
porque cria também uma frustração. Nós precisamos
começar a ter um diálogo mais franco e mais aberto e
não ficar só nas políticas de governo. Precisamos de
políticas profissionais e sinceras porque na ponta
está o profissional a quem nós devemos respeito, que
paga as Ordens, que paga os Conselhos, que busca
emprego, que está precisando sustentar a família.
CM – Os salários dos Engenheiros Civis no Brasil
estão a aumentar em função da procura?
FL – Sim. O Brasil tem uma lei de salário mínimo.
Um profissional ganha 6 salários mínimos lá, que
seria equivalente a 3600 reais (transformando isso
em euros, seria 1500 euros). Acabei de atender
um profissional que queria ir para o Brasil e me
coloquei à disposição dele para ajudar no que for
preciso. Ele me perguntou [sobre os salários] e eu
recebe. O nosso grande problema lá é a área
pública (Prefeituras, Estado), que não paga
salário mínimo. O Estado fez um programa de
Mestrado no âmbito do qual paga 800 euros no
final dos cinco anos para o profissional trabalhar, alegando que ele está fazendo uma pósgraduação. Na verdade o Estado não quer pagar
um salário mínimo decente, sub-contrata uma
mão-de-obra e acha demanda. Quando alegam
que está faltando profissional eu não consigo
concordar porque quando uma pessoa se sujeita a isso não tem outra alternativa.
CM – Os estrangeiros descrevem o mercado
brasileiro como extremamente protegido, quer
para a penetração de empresas e produtos
estrangeiros, quer mesmo na concorrência
interna que consideram não ser aberta. Concorda com este ponto de vista?
FL – Eu acho que isso é normal em qualquer
país. Eu por exemplo com a minha carta de identidade não consegui me inscrever no hotel, tive
de apresentar o passaporte. É uma mera ficha
de hotel e eu tive de apresentar passaporte. Eu
também tenho dificuldade como empresário no
ramo da construção civil, tenho outros que me
discriminam. O sistema capitalista é isso, não
quer concorrente. Não é uma discriminação do
profissional estrangeiro, é o sistema capitalista que é assim mesmo. Quanto à legislação
brasileira, eu desafio qualquer um a me mostrar que existe uma mais flexível. A legislação
“quanto à
legislação
brasileira,
eu desafio
qualquer um a
me mostrar que
existe uma mais
flexível.“
brasileira só pede revalidação de diploma e há
uma resolução do Ministério da Educação que
diz que tem de ser feita numa universidade
federal pública e que ofereça o curso. A análise
curricular tem de ser comparada com o curso
que ela oferece. Se não atender pelo menos a
um percentual, é possível que o requerente
faça a complementação no Brasil. Se faltarem
duas ou três cadeiras a universidade abre vaga
para que o requerente complemente essa car-
PUB
fui mais realista. Hoje tenho profissionais que
me procuram para ganhar menos do que isso.
Então não há uma demanda tão grande. Outro
profissional de outro Estado diz que ele vai
ganhar 4 mil dólares. É a história da oferta e da
procura. De repente o profissional chega lá com
um conhecimento de que naquele momento há
uma necessidade dele.
No entanto, esse profissional com quem eu
viajei me falou de um colega da área dele (ele
era da área de Mecânica) que foi para o Brasil
procurar emprego e ficou três meses procurando emprego. Na área de Mecânica uma
pessoa ligada a mim trabalhou 20 anos numa
multinacional e por uma questão de redução
de custos, a empresa mandou o pessoal mais
antigo embora e ele ficou um ano procurando
emprego, mesmo com toda a experiência, falando alemão e inglês e tendo um currículo na
área de gerenciamento de projetos industriais
muito grande. Essa é uma realidade: é assim, é
o momento. Não posso pintar que lá tem isso ou
aquilo porque a gente vê no dia-a-dia que todo
mundo está sendo contemplado.
CM – Há empresas que desrespeitam a Lei,
nomeadamente no que toca a recém-formados
ou engenheiros sem experiência. Está a ser
feita alguma coisa para mudar esta situação?
FL – Nós temos lá um sindicato que atua fortemente e o sistema fiscalizatório obriga a ter
declaração. Às vezes a pessoa declara e não
A PERFILNORTE® conta com 20 anos de experiência na
atividade de revestimentos de coberturas e fachadas de
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Parque Industrial de Adaúfe - Lote E1
Apartado 484
4711-914 Braga Portugal
conversas
“o brasil
hoje tem uma
tecnologia
muito avançada
e tem empresas
multinacionais
na área da
construção.“
ga horária e revalide o seu diploma. Às vezes o
profissional estrangeiro chega ao Rio de Janeiro e aí pega uma universidade congestionada
que tem um limite de revalidação de diplomas.
Ele vai para São Paulo ou Brasília mas hoje a
Lei Brasileira permite fazer a revalidação em
qualquer escola pública. Hoje há 330 escolas
no Brasil que oferecem cursos de Engenharia
Civil mas nem todas são públicas. Ainda assim
há uma grande demanda de escolas públicas,
por isso não precisa canalizar todo mundo
para um lugar só. Se canalizar realmente vai
ficar demorado.
CM – Que passos o Brasil tem dado em termos
de construção sustentável, designadamente
acautelando desde preocupações como a
eficiência energética, a gestão dos resíduos
e a redução de emissão de CO2?
FL – Hoje o Brasil está tomando todos os cuidados na área ambiental e vem rigorosamente
se comprometendo. Eu mesmo estou tocando
8_cm
uma obra onde a água da chuva é coletada
para reaproveitar. Então tem toda uma política
interna no Brasil de buscar uma construção
sustentável e que entenda o meio ambiente.
Hoje a área ambiental no Brasil é muito rigorosa. Uma das grandes dificuldades de tocar uma
obra no Brasil é justamente a autorização da
área ambiental, como acho que acontece nos
outros países desenvolvidos.
CM – Que efeitos ambientais pode ter este
boom de construção no Brasil, nomeadamente
no que toca à preservação da Amazónia?
FL – O Brasil cresce numa região mais fechada.
A Amazónia hoje praticamente está preservada. Existe mais estrangeiro prejudicando
a floresta com alegações de que estão lá
para protegê-la e levando recursos naturais
de uma forma clandestina do que brasileiro
destruindo. Existe [destruição da floresta],
mas não pelo crescimento da cidade e sim pela
necessidade de se aumentar a área de produção agrícola. O país nasceu há pouco tempo e
tinha 90 milhões de habitantes, hoje tem 200
milhões, portanto existe uma demanda de
crescimento.
CM – O boom económico vivido pelo Brasil
traduz-se, ao nível da construção civil, apenas
em construção nova, ou também há espaço
para a reabilitação de infraestruturas, edifícios e bairros?
FL – O Brasil é um país novo. Eu moro numa
cidade que tem 50 anos e tem 400 mil habitantes. As grandes cidades históricas estão lá distantes, ou seja, como as cidades são novas a
revitalização é pequena ainda. Mas existe, por
exemplo a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis,
que é uma ponte histórica metálica, famosa, e
está em processo de revitalização, mas essa
não é uma demanda muito significativa. O país
tinha uma demanda muito grande em habitações populares, uma vez que o governo aplicou
muito nisso. Há grandes empresas brasileiras
trabalhando nessa parte de habitação popular
que já começa a se estrangular também.
CM – Essa habitação popular iria de algum
modo substituir as favelas ou essa vai continuar a ser uma realidade das cidades?
FL – Na verdade, a favela existe porque o
trabalhador quer ficar perto do seu emprego.
Então mesmo que se ofereça uma condição
melhor de vida, ele prefere ficar lá porque está
perto da praia, do emprego e é um hábito. Hoje
se discute muito isso. No caso da habitação
popular, a classe operária, que paga aluguel,
pode adquirir uma casinha razoável, um
apartamento razoável, bem melhor do que
as habitações populares de antigamente. Eu
trabalhei muito tempo nessa área por isso vejo
essa diferenciação.
A discussão do desfavelamento quer se fazer
mas aí eu também não sei responder porque
moro numa cidade nova. Nós temos conjuntos
locais de habitação popular mas não temos
a favela em si que vocês conhecem do Rio
de Janeiro. Isso é muito localizado no Brasil.
Acontece nos grandes centros, que é Rio de
Janeiro e São Paulo.
CM – Quais as principais diferenças em termos
de técnicas e materiais utilizados verificadas
entre Portugal e o Brasil?
FL – Eu apesar de ter sangue português conheci Portugal agora e ainda não consegui olhar
nada, a não ser aqui internamente.
No entanto, o Brasil hoje tem uma tecnologia
muito avançada e tem empresas multinacionais na área da construção. É um país
competitivo na área de aeroportos, portos e
barragens. Quem construiu o Itaipu, que era a
maior usina do mundo, constrói qualquer obra.
O Brasil é pioneiro em prospeção de petróleo
em grandes águas profundas e desenvolveu o
carro a etanol. Não existe a discussão de que
falta conhecimento tecnológico no Brasil. O
Brasil hoje desenvolve tecnologia de primeiro
mundo.
Perfil
Francisco Ladaga formou-se em Engenharia
Civil na Universidade de Maringá em 1977.
Concluiu o Mestrado na Universidade Federal Fluminese e foi Engenheiro Chefe do
Escritório Regional da Superintendência de
Controle de Erosão no Paraná. É Conselheiro
Federal pelo Paraná no Confea (Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia) e presidente da ABENC (Associação Brasileira de
Engenheiros Civis).
a construção no brasil na atualidade
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a construção no brasil na atualidade
pré-fabricação em pontes de betão
– experiência recente no brasil
e em portugal
Fernando R. Stucchi
Professor titular da Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo, Sócio e Diretor Técnico da EGT Engenharia Lda.
João F. Almeida
Professor Associado com Agregação do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Sócio e Diretor Técnico da JSJ Estruturas Lda.
1. INTRODUÇÃO
Tanto em Portugal como no Brasil, é muito forte
a tradição de grande especialização e qualidade
na “arte de projetar e construir pontes”. Por
outro lado, para além das condicionantes específicas de cada projeto, a escolha das soluções
estruturais é muitas vezes também fortemente
influenciada por aspetos relacionados com
práticas de projeto e construção e situações de
conjuntura económica locais. Este artigo apresenta, de forma sumária, uma perspetiva atual
sobre aplicações de soluções pré-fabricadas
em tabuleiros de obras de arte realizadas mais
recentemente em Portugal e no Brasil.
A nível internacional, a aplicação de elementos
pré-fabricados em tabuleiros de obras de arte
remonta aos anos 30, embora, em geral, para
situações com vãos e extensões moderados.
O início dos anos 50 marca, efetivamente um
período de enorme desenvolvimento, principalmente relacionado com os progressos
verificados nos meios de transporte, elevação
e colocação de elementos pré-fabricados, bem
como pelos desenvolvimentos tecnológicos
em curso na área do pré-esforço por prétensão, com fios e com cordões (cordoalhas).
São três as razões frequentemente referidas
como vantagens principais da utilização da
pré-fabricação em estruturas de obras de arte:
– velocidade de construção;
10_cm
– minimização das interferências com o tráfego ou outras infraestruturas existentes, nomeadamente no caso de obras em ambiente
urbano ou sobre vias em funcionamento;
– embora já muito dependente de condições
locais, eventuais vantagens económicas
quando comparadas com obras executadas
“in-situ”.
Em Portugal, até ao final dos anos 90, sobretudo devido ao moderado ritmo de investimento
verificado em infraestruturas de transportes,
constata-se uma aplicação pouco importante
de soluções pré-fabricadas. No entanto,
estas condições alteram-se a partir do início
do século, período a que corresponde um
enorme número de obras entretanto realizadas. A relativamente pequena dimensão do
país, com boas infraestruturas rodoviárias, já
realizadas ou em execução, facilitando à partida as condições de transporte de elementos
estruturais de grandes dimensões, conduziu
a um desenvolvimento considerável deste
setor da indústria de pré-fabricação; mais
recentemente, privilegia-se a produção em
fábrica, sobretudo com aplicação de soluções
pré-tensionadas.
Por outro lado, também por razões relacionadas com aspetos anteriormente referidos, no
Brasil a utilização de soluções pré-moldadas
em tabuleiros de obras de arte constitui, de há
longa data, uma opção muito usada. Normalmente, chama-se pré-moldagem à pré-fabricação realizada em estaleiro (canteiro) próximo
da obra e, com exceção de condições particulares, o pré-esforço (protensão) efetuado com
pós-tensão no local. A pré-moldagem começou,
de facto, nos anos 50 e evoluiu bem até ao final
dos anos 70. Com a crise económica gerada
pela luta contra a inflação, essa evolução ficou
estagnada até meados dos anos 2000. Hoje,
vivemos uma acelerada recuperação. Mesmo
assim a pré-moldagem predomina sobre a préfabricação em indústria. As longas distâncias
e o imposto sobre a circulação de mercadorias
prejudicam a produção na indústria.
Nos parágrafos seguintes, são ilustradas soluções recentemente levadas a cabo nos dois países com recurso a elementos pré-fabricados.
2. SOLUÇÕES COM VIGAS MÚLTIPLAS
PRÉ-FABRICADAS
É sem dúvida a solução mais utilizada, tanto
em passagens desniveladas, como em viadutos correntes, para vãos correntes até cerca
de 45 metros.
No Brasil a solução “mais popular”, por razões construtivas e económicas, consiste
na utilização de vigas “T” ou “I”, ligadas
pela laje do tabuleiro, em geral realizada
>1
com recurso a pré-lajes e carlingas (transversinas) apenas nas extremidades dos
tabuleiros, sempre bi-apoiados (Figura 1).
Em Portugal, esta solução tem sido também
muito utilizada, mas na grande maioria das
situações com adoção de continuidade posterior do tabuleiro.
Sempre que possível, os elementos préfabricados são, em geral, colocados com
recurso a grua (Figura 2), equipamentos
cujas características de mobilidade e capacidade de elevação muito evoluíram nos
últimos anos. Por conta da crise, essa evo-
>2
lução ainda não atingiu plenamente o Brasil.
Por outro lado, em situações de mais difícil
acessibilidade a colocação dos elementos
pré-fabricados tem sido efetuada com recurso
a vigas de lançamento, com capacidades de
elevação até cerca de 150ton., como utilizado
no Trensurb de Porto Alegre, Brasil (Figura 3),
e, igualmente, em diversas obras da Concessão
Scut da Ilha de S. Miguel, nos Açores, Portugal
(Figura 4).
Como anteriormente salientado, os tabuleiros
são, em geral, contínuos, embora, no que se
refere a este aspeto particular, a prática cor-
rente dos dois países apresente diferenças
significativas.
Em Portugal, adota-se preferencialmente a
continuidade total do tabuleiro (vigas + laje),
permitindo otimizar o comportamento estrutural da obra na situação final, tanto para
ações verticais, como para a ação sísmica,
muito importante em grande parte do país. O
comportamento estrutural de soluções contínuas, com diversos tipos e pormenores de
ligação, foi amplamente analisado em estudos
numéricos e experimentais, nomeadamente
realizados no IST, Instituto Superior Técnico
de Lisboa (ver Figuras 5 e 6).
Como conclusão mais geral dos trabalhos
realizados, verifica-se que as juntas entre
elementos pré-fabricados e de betão “in-situ”,
com continuidade de armaduras, mesmo em
zonas das estruturas com elevados esforços
de flexão e corte, desde que corretamente pormenorizadas, apresentam muito bom comportamento. Em juntas verticais, a continuidade
do campo de compressões e a ductilidade da
região são muito favoravelmente influenciadas
pela existência de armaduras longitudinais
dispostas ao longo da altura da alma.
>3
> Figura 1: Vigas pré-moldadas típicas usadas no Rodoanel, Dersa, 2005. Corte transversal no meio do vão, em baixo.
> Figura 2: Viaduto de Lapas de Abelheira: 216m de extensão, vãos correntes de 38m, Subconcessão Pinhal Interior, Armando Rito Engenharia, 2012.
> Figura 3: Trensurb: 3 vigas em via dupla, Porto Alegre, EGT- Deltacon, 2008.
cm_11
a construção no brasil na atualidade
>4
Esquematiza-se na Figura 7 um exemplo de
continuidade total do tabuleiro, na região do
apoio sobre um pilar.
Como ilustram vários dos exemplos apresentados, esta conceção tem permitido a
realização de tabuleiros contínuos, sem
juntas intermédias, com extensões até
500/600 metros.
>5
>6
>7
> Figura 4: Viaduto V10: Concessão Ilha S. Miguel, Açores, JSJ Estruturas, 2011.
> Figura 5: Esquemas dos dispositivos de ensaio.
> Figura 6: Ensaios de Cavaco, E., Pacheco, I. e Camara, J., IST, 2005/2008.
> Figura 7: Exemplo esquemático de continuidade total do tabuleiro (vigas + laje), nos encontros e pilares.
> Figura 8: Viaduto de Sta. Iria da Azóia, N10, tabuleiro duplo com extensão total de 1888m, LCW, 1998.
> Figura 9: Viaduto de Alvaiázere, Subconcessão Pinhal Interior, tabuleiro duplo com 2x13.30m, extensão total de 301m, vãos correntes de 35m, A2P Consult, 2011.
> Figura 10: Exemplo de continuidade parcial do tabuleiro (apenas da laje), num pilar.
12_cm
>8
PUB
O viaduto de Sta. Iria da Azóia (Figura 8),
construído nos anos de 1997/98, apresenta
um comprimento total de 1888m, uma largura
variável de 24,0m a 42,8m, sendo o seu vão
máximo de 48m. O tabuleiro em betão armado
pré-esforçado é constituído por 532 vigas préfabricadas com continuidade estrutural sobre
os apoios intermédios. As vigas foram préfabricadas no estaleiro da obra e o pré-esforço
foi integralmente aplicado por pós-tensão.
No Brasil, as dificuldades construtivas e tecnológicas colocadas pela continuidade têm
constituído o principal motivo para evitá-la;
as vigas são, em geral, mantidas bi-apoiadas,
sendo a continuidade apenas assegurada pela
laje do tabuleiro, com o seu comprimento livre
e espessura dimensionados de forma a que,
para as rotações das vigas adjacentes e as
ações do tráfego, se garanta um adequado
controlo da fissuração. A Figura 10 mostra
um detalhe típico dessa solução.
A utilização de tabuleiros vigados constituídos por secções em “T” ou “I” é frequentemente objeto de comentários desfavoráveis, por
razões de ordem estética, sobretudo quando
adotada em situações de maior visibilidade da
obra. Este aspeto pode ser consideravelmente melhorado com a utilização de vigas “U”,
solução também amplamente utilizada em
Portugal e no Brasil, como se apresenta nos
>9
Detalhe de continuidade da laje
Corte Longitudinal na junta
> 10
projetos das Figuras 11, 12 e 13.
A utilização de soluções com vigas “U” em
obras curvas coloca diversas questões referentes à pré-fabricação dos elementos do
tabuleiro. Na realidade, o que mais perturba a
pré-fabricação não é o facto de a diretriz ser
curva mas, fundamentalmente, a variação do
raio de curvatura em planta e da inclinação
transversal do tabuleiro.
É possível, com os elementos de secção
a construção no brasil na atualidade
transversal em “U” adotados para o tabuleiro,
acompanhar, com diferenças pouco significativas, a variação da inclinação transversal
entre apoios, à custa de uma deformação de
torção imposta aos elementos pré-fabricados
aquando da sua colocação sobre os apoios
provisórios, como realizado no Viaduto V1A,
sobre o Rio Leça (Figura 14). Como, nesse
momento, a viga é um perfil aberto, muito
flexível à torção, os esforços introduzidos
por essa rotação são pequenos e aceitáveis.
Como anteriormente referido, a conceção
geral do pré-esforço do tabuleiro também é
distinta nas práticas mais atuais em Portugal
e no Brasil.
No Brasil, apenas quando a extensão da obra
é muito grande, correspondendo portanto a
uma quantidade muito importante de vigas,
e com condições de transporte favoráveis,
se coloca a opção de utilização de sistemas
com pré-tração em fábrica. Foi, por exemplo,
o caso da Trensurb em Porto Alegre, anteriormente ilustrado.
Por seu lado, em Portugal, pelas razões
anteriormente expostas, a tendência mais
recente corresponde à utilização de vigas prétensionadas em fábrica e transportadas para
o local; para vãos superiores a 30 metros pode
ser interessante adotar também pré-esforço
de continuidade, pós-tensionado, em geral
disposto apenas na laje do tabuleiro.
Quanto às lajes dos tabuleiros, para vãos
correntes, no Brasil são habitualmente
constituídas por pré-lajes de 60 a 70 mm
de espessura, contendo já toda a armadura
positiva final da laje e deixando sua superfície
superior rugosa sobre a qual se aplica a capa
(betão complementar), com espessura total
mínima variando de 180 a 200mm. Para vãos
superiores, podem igualmente utilizar-se
pré-lajes nervuradas, em treliça metálica ou
de betão armado ou pré-tensionadas, essa
última muito raramente usada no Brasil.
Quando existem balanços laterais, como se
verifica na grande maioria das obras realiza-
> 11
> 12
> 13
das em Portugal, é muito usada, em ambos
os países, a pré-laje com treliça de barras de
aço, tendo em geral a laje espessuras totais
mínimas entre 200 e 250mm.
Em Portugal, a adoção deste tipo de solução,
em geral com pré-lajes treliçadas, não coloca
atualmente reservas, sendo a verificação
da ligação entre os dois betões efetuada se-
gundo as indicações do Eurocódigo 2 (Norma
Europeia para o dimensionamento de estruturas de betão).
Segundo essas normas, as lajes precisam de
ser mais espessas, como visto acima, e em
geral armadas com armaduras transversais de
ligação. Para usar espessuras menores e sem
estribos, foi realizado um programa de ensaios
> Figura 11: Vigas pré-moldadas em “U”: Metro de São Paulo - Linha 5, Enescil, 2000 (esquerda) e Trensurb, Porto Alegre, EGT- Deltacon, 2008 (direita).
> Figura 12: Viaduto sobre a Ribeira de Alcantarilha, Autoestrada A22, Algarve: tabuleiro duplo com extensão total de 1200m (600 + 600), vãos correntes de 35m, JSJ Estruturas, 2002.
> Figura 13: Viaduto sobre a Autoestrada A1, no Carregado, extensão total de 1238m (405+ 560+ 273), vãos de 35m e 45m, A2P Consult, 2006.
> Figura 14: Viaduto V1A, sobre o Rio Leça, Concessão do Grande Porto: extensão total de 660m, vãos correntes de 30m e sobre-elevação variável entre 2.5% e 7.0%, J L Câncio Martins, 2004.
> Figura 15: Exemplo de pré-laje treliçada, para tabuleiros com consolas laterais.
> Figura 16: Pré-lajes de betão armado (esquerda – Brasil) e com nervuras pré-tensionadas (direita – Portugal), posicionadas com armadura positiva cruzando-se sobre as vigas e seus estribos.
14_cm
> 14
> 15
PUB
na POLI (Escola Politécnica da Universidade de
S. Paulo) correspondendo a 3 Dissertações de
Mestrado orientadas com o objetivo de justificar a utilização dessa solução.
Dois aspetos essenciais foram comprovados
nessa pesquisa:
– a não existência de problema de fadiga
no cisalhamento entre a pré-laje e a capa,
desde que se use o detalhe A da Figura 17.
JL Câncio Martins
Projectos de Estruturas Lda
www.jlcm.pt
Ponte de Sary, Jeddah, Arábia Saudita (2013)
> 16
a construção no brasil na atualidade
O detalhe B é, de facto muito pior e justifica
os resultados de ensaios antigos publicados
em boletins anteriores do CEB e da FIP;
– justifica-se usar γs,fad = 1.0 nos limites
propostos pelo CEB/FIP MC90 para a fadiga
das armaduras em função do ótimo desempenho do aço CA50 brasileiro.
Os exemplos anteriores referem-se, na
generalidade, a casos de viadutos, em que
a justificação mais importante para a utilização da pré-fabricação está na generalidade
relacionada com a extensão ou condições de
implantação das obras.
Em passagens desniveladas, nomeadamente
quando a executar sobre vias em exploração,
pode também constituir uma interessante
aplicação da pré-fabricação o uso de vigas
celulares. Um exemplo recente refere-se à solução adotada no âmbito do alargamento para
2x4 vias da Autoestrada A3 (Figura 18), junto
à fronteira Norte de Portugal com Espanha,
em que foi necessário substituir as passagens
superiores existentes por obras novas de modo
a acomodar o novo perfil transversal da AE,
mantendo, com muito curtas interrupções, a
via principal em serviço. Para sete das Passagens Superiores projetaram-se obras “híbridas”
em que os vãos extremos são pré-fabricados
em betão pré-esforçado e o vão central é misto
aço-betão.
Como esses pré-moldados são em geral mais
pesados, estas soluções não têm ainda sido
utilizadas no Brasil, por falta de equipamentos.
3. SOLUÇÕES EM ADUELAS PRÉ-MOLDADAS
CONJUGADAS
A construção com recurso a aduelas préfabricadas tem sido amplamente utilizada a
nível internacional, já há 40 anos no Brasil
e, mais recentemente, também em Portugal.
Para além de outras vantagens reconhecidas,
a utilização de aduelas pré-fabricadas permite
reduzir significativamente o prazo de construção das obras, quando comparado com o
A. Detalhe ensaiado – bom resultado
> 17
correspondente a uma solução de avanços
com aduelas betonadas “in situ”. De facto,
a fabricação do tabuleiro torna-se independente da execução dos pilares e fundações,
aspeto tanto mais importante quanto mais
morosos forem os acessos e a execução das
fundações, nomeadamente face a condicionamentos topográficos e geotécnicos verificados. O processo utilizado é correntemente
designado por aduelas conjugadas, uma vez
que cada aduela é betonada contra a que a
antecede na sua posição final no tabuleiro.
No Brasil, salienta-se a construção da ponte
Rio-Niterói, em 1974, com mais de 10 km
sobre o mar com aduelas pré-moldadas em
consolos sucessivos (Figura 19).
A técnica foi retomada em meados dos anos
90, no Rio de Janeiro, com alguns viadutos na
> Figura 17: Lajes ensaiadas à fadiga (2x106 ciclos), e posteriormente à rutura (USP, 2010 / 2011).
16_cm
B. Detalhe de testes antigos – a evitar
linha amarela (Figura 20) em que se usaram
aduelas pré-moldadas, mas agora numa construção vão a vão, onde todas as aduelas do vão
são suportadas por treliça e solidarizadas por
protensão externa.
Mais recentemente, em 2003, foi construída
em Guayaquil, sobre o Rio Daule, com projeto
e execução brasileiros, a duplicação da ponte
existente (Figura 21). Como a obra é longa,
com cerca de 870m de extensão, e apesar da
altura variável exigida pela municipalidade,
decidiu-se fazer uso de aduelas pré-moldadas.
Como se ilustra na Figura 22, cada aduela é a
forma da sua vizinha, de modo a dar o ajuste
correto na montagem. A ligação faz-se apenas
com superfície denteada, epoxi e protensão.
Para o lançamento das aduelas, na falta
de equipamentos específicos, a treliça
a) Corte longitudinal
> 19
b) Secção transversal – tramos extremos
c) Secção transversal – tramo central
d) Pormenor da zona
de ligação do tabuleiro
> 18
Aspen, lançadeira de vigas pré-moldadas,
foi reforçada e adaptada para o lançamento
das aduelas. Os tirantes para estabilizar os
balanços durante a execução foram tubulares preenchidos do concreto e protendidos.
> 21
> 20
O desempenho geral da obra foi bastante
bom, mas a montagem do estaleiro de préfabricação em ambiente aberto e sob o sol
de Guayaquil gerou problemas de geometria,
que tiveram de ser compensados nas adue-
las seguintes. A forma para a execução das
aduelas deve ficar em armazém coberto,
protegida do sol.
O mesmo tipo de solução foi recentemente
utilizado em quatro obras da Concessão da Ilha
de S. Miguel, nos Açores, com vãos principais da
ordem dos 100 metros. Os locais de execução
das obras apresentam uma orografia muito
acidentada, de grande valia paisagística, com
vales cavados e de difícil acesso. A pré-fabricação das aduelas foi, neste caso, realizada em
parque industrializado (Figura 23).
As aduelas, em caixão, têm a largura total do
tabuleiro e 2.39m de comprimento na direção
longitudinal e são colocadas com recurso a uma
viga de lançamento que apoia nos pilares e no
tabuleiro anteriormente construído, conforme
ilustrado nas Figuras 24, 25 e 26.
Imediatamente antes do posicionamento de
cada nova aduela, ligada à anterior por intermédio de barras de pré-esforço provisórias, é
aplicada uma resina epoxídica sobre a face em
contacto com a aduela precedente. A seguir à
colocação de cada duas aduelas consecutivas
introduzem-se os cabos definitivos de préesforço das consolas e retiram-se as barras
> 22
> Figura 18: Passagem Superior PS024, Autoestrada A3, Porto-Valença, Armando Rito Engenharia/ AdF Engenheiros Consultores, 2011.
> Figura 19: Ponte sobre o Rio-Niterói: vãos correntes de 80m, Noronha, 1974.
> Figura 20: Viaduto na linha Amarela, Rio de Janeiro, Freyssinet, 1995.
> Figura 21: Ponte sobre o Daule, Guayaquil, (vãos de 75m), EGT, 2003.
> Figura 22: Ponte sobre o Daule: treliça Aspen adaptada para lançar aduelas (esq.) e elementos de estabilização provisória para equilíbrio do tabuleiro na fase de construção. EGT, 2003.
cm_17
a construção no brasil na atualidade
> 23
> 24
provisórias. Com este processo construtivo
foi possível executarem-se tabuleiros, com
3 vãos, em cerca de 4 semanas (aproximadamente 2 pares de aduelas por dia).
Em 2002 teve início a construção da ponte do
Guamá, a primeira ponte rodoviária estaiada
do Brasil, com 320m de vão, que dá acesso
ao porto de Barcarena a partir de Belém do
Pará, em consolos sucessivos com aduelas
pré-moldadas que eram içadas de flutuante
através de treliças e guinchos na ponta dos
balanços.
Como a secção transversal tinha duas vigas
unidas pela laje e transversinas a cada 3m, os
6m da aduela resultaram leves o suficiente
para os equipamentos disponíveis, mas a
> 25
> 26
> 27
> 28
ideia de fazer aduelas conjugadas trouxe preocupação por conta da precisão geométrica
a obter. Acabou-se por decidir fabricá-las 40
cm mais curtas, de modo que este espaço
fosse moldado in loco, permitindo ajustar as
diferenças.
Mais recentemente, em 2008, começou a
ser construída a maior ponte do Rodoanel de
> Figura 23: Parque de pré-fabricação, Concessão Scut da Ilha de S. Miguel, 2010/2011.
> Figura 24: Colocação das aduelas, Concessão Scut da Ilha de S. Miguel, 2010/2011.
> Figura 25: Viaduto sobre a Ribeira dos Caldeirões, Concessão Ilha S. Miguel, Açores, (extensão total de 315m, vãos principais de 100.80m), Cenor Estruturas / JSJ Estruturas, 2011.
> Figura 26: Viaduto sobre a Ribeira da Achada, Concessão Ilha S. Miguel, Açores, (extensão total de 192.20m, vão central de 93.60m), JSJ Estruturas, 2011.
> Figura 27: Ponte do Guamá: ponte estaiada, de concreto, com 320m de vão, Enescil, 2002.
> Figura 28: Ponte do Guamá - içamento e ajuste de uma aduela à ponta do balanço Enescil, 2002.
18_cm
> 30
São Paulo. Na verdade, trata-se de duas pontes de 1820 m
de comprimento e 16 m de largura sobre a Represa Billings.
Depois de cuidadoso estudo de alternativas, considerando inclusive estruturas mistas, decidiu-se construí-la em consolos
sucessivos pré-moldados, vencendo vãos de 107m.
As aduelas eram unicelulares e tinham altura variável, mas
para evitar dificuldades de precisão geométrica na execução,
decidiu-se usar o mesmo trecho moldado in loco proposto para
a ponte do Guamá acima descrita. Como, porém, a secção não
era de duas vigas, mas um caixão, as dificuldades decorrentes
dessa decisão foram maiores (Figura 30).
Apesar das dificuldades, as pontes foram terminadas no prazo,
com qualidade adequada, e estão a prestar um enorme serviço a São Paulo e ao Brasil, porque mais de 50% da produção
brasileira passa ou vai passar por lá no final do Rodoanel,
previsto para 2017.
Certamente, a dificuldade de união das aduelas gerada pela
junta moldada in loco facilitou a fabricação, o controle e a correção dos desvios de execução das aduelas que eram sempre
ajustados no pequeno trecho moldado in loco.
BIBLIOGRAFIA
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Stucchi, F. R. “Exemplos de Puentes Brasilenas Recientes” – Palestra proferida no 1er. Congreso de
–
Estructuras, Procedimientos Constructivos y Materiales – Montevideo, Uruguay – 2007.
PUB
> 29
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência recente mostra que, tanto em Portugal como
no Brasil, a pré-fabricação tem-se afirmado decisivamente
na área da construção de obras de arte.
Ambos os países procuraram acompanhar, com “tempos e
ritmos” adaptados às situações de conjuntura económica
que atravessaram, os mais recentes desenvolvimentos da
indústria da pré-fabricação aplicada à execução de pontes.
Também as universidades e centros de investigação têm
mostrado interesse sobre os problemas que se colocam na
aplicação prática deste tipo de soluções, contribuindo para a
sua divulgação e correta aplicação.
Como este artigo permite concluir, as principais diferenças
que se verificam atualmente, tanto em aspetos de conceção
como tecnológicos, resultam das práticas de projeto e de
construção locais. A análise e reflexão sobre as diferentes
experiências permitirão, certamente, contribuir para a qualidade e a economia das futuras realizações de obras de arte
em ambos os países.
> Figura 29: Ponte da Billings no Rodoanel, vãos de 107m, EGT, 2008.
> Figura 30: Ponte da Billings no Rodoanel: stock de aduelas pré-moldadas e
aduela içada, concretagem da junta, EGT, 2008.
cm_19
20_23
a construção no brasil na atualidade
análise da cobertura
do estádio nacional de brasília
em um túnel de vento numérico
Paulo de Mattos Pimenta
Professor Titular, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
O Estádio Nacional de Brasília Mané
Garrincha
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
(figura 1) é um complexo multiuso com uma
área de 1,6 milhões de m2, projetado para
receber grandes eventos esportivos e culturais. Com capacidade para 71 mil pessoas, a
nova arena vai inserir Brasília, em definitivo,
no cenário dos grandes eventos.
Brasília terá posição de destaque no calendário
do Mundial de 2014. A capital será anfitriã da
Seleção Brasileira no jogo decisivo da fase de
grupos. Além disso, sediará um confronto das
>1
> Figura 1: O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
20_cm
oitavas de final e um das quartas de final. A
partida que decidirá o terceiro e o quarto lugar
também ocorrerá no Estádio Nacional. Além do
Brasil, os torcedores que estiverem em Brasília
acompanharão, na primeira fase, outras duas
seleções cabeças de chave.
Mais próxima, a Copa das Confederações da
FIFA 2013 terá o jogo de abertura no Estádio
Nacional de Brasília. A partida, a única do
Distrito Federal no torneio, terá a presença
da Seleção Brasileira em campo. O adversário
será o Japão, campeão asiático.
Desenhado pelo escritório Castro Mello Arquitetos de São Paulo, o estádio de Brasília prima
pela excelência estética de sua arquitetura.
É como se fosse inspirado pelo entorno, uma
área pontuada por palácios de Oscar Niemeyer, com construções de pilares externos
e varandas. Para não agredir esse conceito
arquitetônico, projetou-se uma edificação com
um grande terraço aberto, por onde o público
circulará. Desse modo, a área externa da arena
conta com 288 colunas esbeltas de concreto,
que formam uma espécie de marquise circular
em torno do estádio. A solução, além de inserir
o projeto em seu entorno, permite a criação de
acessos radiais para o público.
A fachada pode parecer o grande destaque
arquitetônico do projeto, mas ao entrar na
arena, tal sensação rapidamente se perde.
A principal marca do Estádio Nacional é sua
grande cobertura em anel circular com 309 m
de diâmetro, a maior de seu gênero no mundo.
A estrutura do conjunto é independente das
arquibancadas: os pilares de concreto da
fachada suportam um anel de compressão,
também de concreto, de onde saem os cabos
e treliças que sustentam a cobertura de membrana e que se prendem s cabos do anel interior
de tração. A elaboração desse sistema exigiu
um grande estudo por parte dos projetistas.
Foi contratada a consultoria dos escritórios
alemães SBP (Schlaich Bergermann und Partner) e GMP (Gerkan, Marg und Partner), ambos
com larga experiência em arenas esportivas.
A estrutura das arquibancadas é simples. O
anel inferior foi construído abaixo do nível do
terreno e se sustenta no próprio solo. Apenas o
anel superior conta com estrutura de concreto
armado. As arquibancadas obedecem ao novo
paradigma dos estádios de futebol, sendo bem
mais inclinadas que a dos estádios em uso no
Brasil. Isso proporciona uma boa visibilidade a
todos os assentos.
O projeto é todo sustentável. Em seu anel de
compressão (a enorme laje concreto de 22
m de largura e com um quilômetro de comprimento, que dá sustentação à cobertura do
estádio) serão instalados, após a Copa das
Confederações, 9.120 painéis fotovoltaicos,
que captarão a luz do sol e a converterão
em energia elétrica. Com isso, a nova arena
será capaz de gerar 2,4 MW de energia, o que
equivale ao consumo de cerca de duas mil
residências por dia. Assim, o estádio deverá
entrar para a história como o primeiro net-zero
do planeta, ou seja, ele produzirá mais energia
do que sua expectativa de consumo. Além disso, a cobertura do estádio atuará como um dos
pontos de captação de água e, juntamente com
o lago que será construído nos arredores do estádio e com as biovaletas (sistemas especiais
para reserva de água para o abastecimento
das árvores que serão plantadas ao redor do
estádio), o novo Mané Garrincha será capaz de
armazenar, em seus reservatórios, cerca de 10
milhões de litros de água, que serão tratados e,
>2
depois, reutilizados nos banheiros (mictórios e
vasos sanitários), na irrigação do campo e na
limpeza do estádio.
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
é de propriedade da Companhia Imobiliária de
Brasília – NovaCap, que financiou o projeto, e
foi construído pelo Consórcio Brasília 2014,
formado pelas empresas Via Engenharia e
Andrade Gutierrez.
A análise fluidodinâmica (CFD) e a análise
estrutural (FEA) descritas neste trabalho foi
toda realizada computacionalmente. Ela foi
conduzida pelo autor deste artigo em serviço
de consultoria à PA Engenharia, empresa de
outro professor da USP, Prof. Pedro Almeida,
e contou com a assessoria prestimosa da
ESSS, na pessoa de seus engenheiros Michele
Mendes, Roberto Silva e Armando Souza. Este
serviço foi realizado dentro de um controle de
qualidade do projeto e para verificar a necessidade de eventuais reforços.
Análise fluidodinâmica computacional
da cobertura
A análise do escoamento de ar devido a um
vento de projeto de 35 m/s foi realizada com
o programa computacional FLUENT com o objetivo de se obter as pressões aerodinâmicas
sobre a cobertura do estádio. Este programa
utiliza o Método dos Volumes Finitos para
resolver as equações de Navier-Stokes para
escoamentos isotérmicos incompressíveis.
Usualmente, o carregamento devido ao vento
é obtido em ensaios com modelos reduzidos
em túneis de vento. A obtenção destes valores em um túnel de vento numérico foi uma
decisão tomada tendo em vista a exiguidade
de prazo e limitações orçamentárias, e serviu
para demonstrar a qualidade e efetividade
do método.
O modelo geométrico do estádio foi obtido a
partir do projeto arquitetônico, removendo-se
detalhes desnecessários. Ele encontra-se
na figura 2.
O domínio de análise é um hemisfério com um
raio 20 vezes maior que o diâmetro do estádio
e encontra-se ilustrado na figura 3. Veja-se
a dimensão diminuta do estádio no centro
deste hemisfério.
A malha de elementos triangulares que
descreve a superfície das construções está
exposta na figura 4. Já a malha com mais de
20 milhões de elementos tetraédricos que
serviu para discretizar o domínio está exposta
na Figura 5. Para a criação destas malhas foi
utilizado o software ANSYS ICEM. Tomou-se o
cuidado para haver sempre elementos menores que a camada limite junto a superfície.
Os resultados da análise em regime permanente estão dispostos nas figuras 6 a
8 e mostram as pressões e velocidades no
escoamento.
Os resultados de pressão mostraram-se semelhantes aos obtidos pela GMP em túnel de
>3
> Figura 2: Modelo geométrico do estádio utilizado.
> Figura 3: Domínio da análise fluidodinâmica.
cm_21
a construção no brasil na atualidade
>4
>5
vento na Alemanha. Os nossos valores foram
em geral inferiores aos utilizados no projeto
provenientes deste estudo. Ao contrário de
ensaios em túneis de vento que utilizam modelos em escala reduzida, o ensaio numérico
utiliza as dimensões reais do problema. Outra
vantagem do ensaio numérico é a facilidade
de se mudar a direção do vento. Além disso
foi possível se determinar as pressões na
membrana inferior da cobertura. No ensaio
>6
> Figura 4: Malha superficial.
> Figura 5: Malha volumétrica.
> Figura 6: Velocidade e pressão do ar no plano meridional.
22_cm
em túnel de vento a estrutura é necessariamente rígida, enquanto que no túnel numérico
estruturas flexíveis são possíveis.
Análise estrutural computacional da
cobertura
Com os resultados da análise fluidodinâmica
em mãos partiu-se para uma análise estru-
tural da cobertura. Para tanto foi utilizado
o programa ANSYS de elementos finitos. O
modelo completo elaborado encontra-se na
figura 9. O anel de compressão foi modelado
com elementos de casca, os pilares com elementos de barra, a membrana com elementos
de membrana, os cabos e as treliças com
elementos de treliça. Ao todo foram utilizados
mais de 600 mil elementos finitos. Um detalhe
da malha pode ser visto na figura 10.
Foram realizadas 3 análises estruturais:
uma análise dinâmica de vibrações livres
para determinação de frequências e modos
naturais de vibração, uma análise estática
linear para determinação de tensões nos
elementos estruturais e uma análise não
linear de estabilidade. Além do carregamento devido ao vento, foram considerados os
carregamentos devidos ao peso próprio, ao
peso agregado à cobertura e à protensão dos
cabos. As tensões verificadas foram em geral
baixas, mostrando uma grande segurança à
ruptura. A estabilidade da estrutura foi verificada sem problemas. A análise dinâmica
>7
>8
>9
> 10
mostrou que um pequeno contraventamento
era necessário para se evitar vibrações de
rotação em torno de um eixo vertical. Isto foi
conseguido com um pequeno acréscimo de
peso nos cabos.
O trabalho de análise realizado para o Estádio
Nacional de Brasília foi pioneiro e demonstrou
que é possível realizar ensaios em túneis
de vento numéricos em futuros projetos de
estruturas especiais. Dentro do controle de
qualidade do projeto, mostrou-se uma ferramenta útil de verificação em um prazo muito
curto a custos razoáveis.
> 11
> 12
> 13
CONCLUSÃO
> Figura 7: Linhas de corrente no plano meridional e pressão sobre a cobertura.
> Figura 8: Pressões sobre a membrana superior e inferior da cobertura.
> Figura 9: Modelo completo sem as membranas.
> Figura 10: Detalhe do modelo em elementos finitos
> Figura 11: 2º modo de vibração correspondente à frequência natural de 0,432 Hz.
> Figura 12: Tensões na estrutura metálica de cabos e treliças
> Figura 13: Deslocamentos na análise não linear de estabilidade
cm_23
24_32
a construção no brasil na atualidade
aplicações da tecnologia
de “cutter soil mixing” no brasil
No âmbito de parcerias que a JetSJ tem desenvolvido com empresas brasileiras, como a
Drilling do Brasil (execução) e a Consulgeo – Consultoria e Projetos Geotécnicos (projeto),
no presente artigo são descritos alguns casos práticos correspondentes aos primeiros
projetos e às primeiras obras realizadas no Brasil com recurso à moderna tecnologia de
“Cutter Soil Mixing” (CSM). São apresentados, para cada caso prático, os principais critérios
de conceção e de execução adotados em soluções de contenção periférica. São ainda destacados os aspetos relacionados com a importância do controlo de qualidade e do controlo
de execução das soluções recorrendo à referida tecnologia.
1. INTRODUÇÃO
Pode ser referido de forma resumida que a
tecnologia de CSM consiste numa mistura
mecânica entre o solo e o ligante, em geral
cimento, mas também brita, cal ou outros produtos, adequados aos objetivos específicos de
natureza resistente e química de cada obra. A
ferramenta de furação, corte e mistura é aná-
loga à adotada na tecnologia de execução de
paredes diafragma (moldadas), com recurso
a hidrofresa, sendo constituída por, no mínimo, duas rodas de corte com eixo horizontal
(cutter), especialmente vocacionadas para
a escavação em solos moles heterogéneos
e maciços rochosos com grau de alteração
não inferior a w3 (Simon, 2009; Pinto, 2011)
(Figura 1).
Alexandre Pinto
Diretor Técnico – JetSJ Geotecnia, Lda.
[email protected]
Xavier Pita
Eng.º Projetista – JetSJ Geotecnia, Lda.
[email protected]
Rui Tomásio
Eng.º Projetista – JetSJ Geotecnia, Lda.
[email protected]
Além da versatilidade do ponto de vista do
atravessamento de todos os tipos de solos e
de maciços rochosos, muito a medianamente
alterados, esta técnica destaca-se ainda pela
possibilidade de incorporar integralmente o
terreno, existente no local da intervenção,
na solução final de engenharia adotada para
o tratamento do mesmo terreno, com claras
vantagens técnicas e ambientais.
CSM – FASEAMENTO CONSTRUTIVO
Avanço descendente do cutter
através de corte e mistura do
terreno, com auxílio de injeção
de ligante ou fluidificador (água,
bentonite, polímeros, cimento, etc.)
FASE 1: início da
descida do cutter
através do corte e
mistura do terrenos,
com auxílio de
injeção de ligante
ou fluidificador
FASE 2: continuação
da descida do cutter
através do corte e
mistura do terreno,
sem auxílio de
injeção de ligação
ou fluidificador
FASE 3: subida do
cutter através da
continuação da
misura de terreno
(com o ligante
ou fluidificador
adotados na
descida) com
injeção de ligante
>1
> Figura 1: Principais Conceitos associados à Tecnologia de CSM.
24_cm
FASE 4: subida do
cutter através da
continuação da
misura de terreno
com a injeção de
ligante
Avanço ascendente, através da
continuação de mistura do terreno,
com injeção de ligante (a possibilidade
de movimentos ascendentes e
descendentes do cutter permite
melhorar a uniformidade da mistura)
N
CORTE A-A
>
PLANTA ESQUEMÁTICA
Cortina de CSM armada com
perfis metálicos e travada com
contrafortes em CSM
Cortina de CSM armada com perfis,
para escavação de fosso dos
elevadores
A
A
Rua Abelardo Domenes Rubio
EDIFÍCIO VIZINHO
Cortina de CSM armada com
perfis metálicos e travada com
contrafortes em CSM
Talude provisório (a escavar
após execução do subsolo)
Rua Felisbino de Lima
>2
2. ALGUMAS APLICAÇÕES RECENTES
NO BRASIL
2.1. Edifício em Franca, SP
Como exemplo de aplicação da tecnologia de
CSM em contenções periféricas, apresenta-se
a solução proposta e executada no âmbito dos
trabalhos de escavação e contenção periférica para realização dos três pisos de subsolo
do Edifício Climenes Novelino II, localizado na
cidade de Franca, no Estado de São Paulo. O
lote onde o edifício foi implantado apresentava confrontações com edifícios vizinhos a
Noroeste e a Nordeste e com arruamentos a
Sudoeste (Rua Felisbino de Lima) e a Sudeste
(Rua Abelardo Domenes Rubio) – Figura 2.
No que se refere o cenário geológico e geotécnico do local, de acordo com a informação
recolhida através de sondagens geotécnicas
com reconhecimento de solos e realização
de ensaios SPT, identificaram-se formações
de fraca capacidade geomecânica, caracterizadas por aterros, solo transportado e
solo residual, com cerca de 15 metros de
espessura, sob os quais foi localizado o substrato competente (Tabela 1). O nível da água
foi detetado nas sondagens efetuadas, no
âmbito da campanha de prospeção geológicogeotécnica, a cotas próximas do fundo da
escavação. Este dispositivo geológico foi
confirmado em fase de obra.
A solução proposta e executada para contenção periférica para realização dos pisos de
subsolo do edifício, consistiu, genericamente,
na realização de uma parede de contenção
constituída por uma cortina de painéis de
solo-cimento, executados com recurso à
tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM), a
partir da superfície e compatibilizada com as
diversas plataformas de trabalho executadas
durante a obra.
Na execução da parede de contenção foram
adotados painéis de solo-cimento com secção
em planta de 2,4 x 0,55m2, com uma sobreposição mínima de 0,2m e um comprimento total
de cerca de 12m, o qual permitiu assegurar
uma ficha mínima de cerca de 4m abaixo do
fundo da escavação. Contudo, face às fracas
propriedades de resistência e de rigidez dos
solos interessados pela escavação, previu-se
a execução de painéis provisórios de CSM com
função de contraforte, para travamento dos
painéis da cortina, assegurando-se assim o
Tabela 1 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
Formações
Ø’
(º)
C’
(kPa)
γh
(kN/m3)
E’
(MPa)
Aterros (ZG1)
25
0
20
10
Solo Transportado (ZG2)
28
5
20
10
Solo Residual (ZG3)
28
10
20
20
Substrato (ZG4)
35
20
21
80
eficaz controlo da deformação horizontal da
parede de contenção (Figura 2).
Destaca-se que, devido a condicionamentos
de vizinhança, os contrafortes foram executados para o interior do recinto de escavação,
tendo sido demolidos em 2ª fase, de modo a
não interferir com as soluções arquitetónicas dos pisos de subsolo. Assim sendo, e de
modo a garantir a estabilidade da cortina de
contenção periférica durante todas as fases
da obra, a sua demolição foi realizada após
a construção dos pisos de subsolo, os quais
substituíram o papel dos contrafortes, no que
se referia ao travamento da contenção.
De modo a acomodar os esforços resultantes dos impulsos do solo, os painéis CSM
foram armados verticalmente, ao longo de
todo o seu comprimento, com perfis em aço
laminado. O conjunto dos painéis de CSM da
cortina, dos contrafortes de travamento e
perfis metálicos de armadura, foram solidarizados através de uma viga de coroamento
em concreto armado, com secção variável
e ajustada aos condicionamentos dos diferentes alçados.
Com o objetivo de garantir o melhor confinamento dos painéis de CSM durante a fase de
exploração da obra, foi executada uma parede
de concreto armado com uma espessura mínima de 0,20m, em frente à cortina.
A análise do comportamento da cortina de
contenção periférica em painéis de CSM foi
realizada recorrendo a modelos numéricos, os
quais possibilitaram a estimativa dos esforços, a partir dos quais foi realizado o dimensionamento dos principais elementos estrutu-
> Figura 2: Edifício Climenes Novelino II: Planta da contenção periférica e corte tipo.
cm_25
a construção no brasil na atualidade
rais, bem como a estimativa das deformações
da contenção e das estruturas vizinhas (Figuras 3 e 4).
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
2.2. Contenção Periférica de Edifício no
Rio de Janeiro, RJ
Esforços na parede de contenção
Apresenta-se como outro exemplo de aplicação da tecnologia de CSM, as soluções
propostas para os trabalhos de escavação e
contenção periférica, necessários para execução dos três pisos de subsolo do Edifício
do Museu da Imagem e do Som, localizado
na Avenida Atlântica, na cidade do Rio de
Janeiro. Esta escavação, a realizar num zona
bastante urbanizada, apresentava confrontações com edifícios vizinhos a Norte, com
a Av. Atlântica, a Nascente, com a Av. Djalma
Ulrich, a Sul e com a Rua Aires Saldanha, a
Poente (Figura 5). Face a este enquadramento, as soluções adotar deveriam privilegiar a
minimização da descompressão de solos e
do respetivo impacto nas estruturas e infraestruturas vizinhas.
O projecto base para escavação apresentava,
genericamente, a execução de uma parede
diafragma em concreto armado, travada
de uma forma geral com recurso a tirantes.
Porém, no alçado Norte, confrontante com
um importante edifício vizinho, o travamento
seria conferido através de bandas de laje
provisórias em concreto armado.
A solução de contenção em painéis de CSM
surgiu como alternativa construtiva à solução
de parede diafragma em concreto armado
que, no alçado Norte, apresentava condicionamentos de execução devido à dificuldade
de estabilizar provisoriamente as paredes
diafragma com polímeros, nomeadamente
nas zonas adjacentes às sapatas de fundação
do edifício vizinho, assim como à necessidade
de construção de um muro de guiamento
entre o edifício vizinho e a face exterior da
parede diafragma, que penalizava a área útil
dos pisos de subsolo.
A informação recolhida, nomeadamente son-
(esforço normal / esforço de corte / momento fletor
– 45,3 kN/m / 16,5 kN/m / 20,8 kNm/m)
>3
>4
dagens geotécnicas com reconhecimento de
solos e realização de ensaios SPT, permitiram
identificar um cenário geológico e geotécnico
caracterizado por uma camada superficial
constituída por areias finas a médias, com
espessura de 3 a 4m, caracterizadas por
N SPT entre 10 a 20 golpes, sobrejacentes a
materiais compactos, constituídos por areias
finas a médias, com NSPT superior a 60 golpes
(Tabela 2). O nível da água foi detetado nas
Tabela 2 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
Formações
Ø’
(º)
C’
(kPa)
γh
(kN/m3)
γsat
(kN/m3)
E’
(MPa)
Areia Fina a Média
– Zona Superficial (ZG1)
15
0
18
20
10
Areia Fina a Média
– Zona Inferior (ZG2)
35
0
19
21
50
> Figura 3: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento.
> Figura 4: Vista da obra durante os trabalhos de escavação.
26_cm
sondagens efectuadas, a cotas próximas da
superfície do terreno.
Os parâmetros geomecânicos adoptados nos
modelos de cálculos desenvolvidos, de acordo
com o definido pelo projetista da parede diafragma, foram os apresentados na Tabela 2.
A solução proposta para a parede de contenção do Alçado Norte consistia, no essencial,
na execução de uma parede constituída por
painéis de solo-cimento, a realizar a partir da
PLANTA ESQUEMÁTICA
CORTE A-A
> N
Cortina de CSM armada
com perfis metálicos
Bandas de laje provisórias
de travamento da cortina
de CSM
Parede de reforço em
concreto armado
Rua Aires de Saldanha
EDIFÍCIO VIZINHO
Rua Djalma Ulrich
A
Bandas de laje provisórias
de travamento da cortina
de CSM
A
Parede diafragma em
concreto armado
Perfil metálico de
apoio provisório das
bandas de laje
Cortina de CSM armada
com perfis metálicos
Av. Atlântica
>5
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
Esforços na parede de contenção
(esforço normal / esforço de corte / momento fletor
– 330,9 kN/m / 199,1 kN/m / 268,9 kNm/m)
>6
superfície, e compatibilizada com as diversas
plataformas de trabalho, com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM). A parede
de contenção seria travada provisoriamente,
durante a escavação, por bandas de laje de
concreto armado. Seria ainda realizada, de
cima para baixo, acompanhando a escavação,
uma parede de reforço em concreto armado
com 60cm de espessura, devidamente solidarizada aos perfis metálicos colocados no
interior dos painéis de CSM e junto da face
escavada (Figura 5).
Na execução da parede de contenção seriam
adotados painéis de solo-cimento com secção
em planta de 2,40 x 0,55m2, com uma sobreposição mínima de 0,2m e um comprimento total
de 12,5m, o qual asseguraria uma ficha mínima
de cerca de 4m abaixo do fundo da escavação,
de forma a garantir a mobilização de impulso
passivo que contribuísse para o equilíbrio e
correto funcionamento da estrutura de suporte e também para a redução do fluxo de água
afluente ao interior do recinto da escavação.
Os painéis CSM seriam armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento,
com perfis em aço laminado, cujas secções
transversais foram ajustadas aos esforços
a que se encontravam submetidos. Neste
enquadramento, foram propostos perfis do
tipo W 460x106,0 (ASTM A572 Grau50). Os
perfis metálicos seriam afastados de cerca
de 1,1m entre si.
A parede de contenção, materializada pelos
painéis e pelos perfis verticais, seria encabeçada por uma viga de coroamento em concreto
armado, que deveria assegurar a continuidade
das armaduras entre a parede de reforço e o
prolongamento da mesma até à laje do piso
térreo (Figura 5).
De modo a confirmar e a complementar as
soluções de projeto, utilizaram-se diversos
modelos de cálculo, em elementos finitos,
que permitiram estimar o comportamento da
estrutura de contenção (Figura 6).
2.3. Contenção Periférica de Edifício em São
José dos Campos, SP
Apresenta-se como novo exemplo de aplicação da tecnologia de CSM, as soluções
propostas para os trabalhos de escavação
e contenção periférica, necessários para
execução dos três pisos de subsolo do Edifício Aquarius, localizado na rua Dr. Tertuliano
Delphin Junior, na cidade de São José dos
Campos, São Paulo. Esta escavação, a realizar
num zona bastante urbanizada, apresentava
confrontações com um edifício vizinho, a
Nascente, e com diversos arruamentos nos
restantes alçados (Figura 7).
O cenário geológico-geotécnico interessado
pela escavação, era caracterizado por uma
alternância de estratos de fracas propriedades resistentes e de grande deformabilidade,
nomeadamente areias médias a finas, siltes
arenosos, siltes argilosos e argilas arenosas
(ZG1). A campanha de prospeção realizada,
> Figura 5: Edifício Museu do Som e Luz: Planta da contenção periférica e corte tipo.
> Figura 6: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento.
cm_27
a construção no brasil na atualidade
Tabela 3 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
identificou este tipo de materiais até à profundidade máxima dos ensaios, sendo que
apenas em algumas sondagens foi detetado
o substrato competente, a profundidades a
rondar os 30m (Tabela 3).
Atendendo a este cenário, e de modo a minimizar a descompressão dos solos e do respetivo
impacto nas estruturas e infraestruturas
vizinhas, garantindo igualmente a segurança
da obra, foi desenvolvida e proposta uma solução de contenção periférica constituída por
painéis de solo-cimento, executados com recurso à tecnologia de Cutter Soil Mixing (CSM).
Dadas as fracas propriedades mecânicas dos
ocorrentes, foi evitado o recurso a tirantes préesforçados, tendo sido privilegiado o recurso
a bandas de laje de concreto armado para a
concretização do travamento da contenção.
Face à altura da escavação, optou-se por dispor
de um travamento constituído por uma banda
de laje no piso -1 de subsolo, formando um anel
rígido, cujo propósito seria travar a contenção
horizontalmente. Este anel em concreto armado seria posteriormente incluído na estrutura
do mesmo piso de subsolo, resultando assim,
em economia da obra (Figura 7).
Os painéis CSM seriam armados verticalmente, ao longo de todo o seu comprimento, com
perfis em aço laminado, cujas secções transversais foram ajustadas aos esforços a que se
Formações
Ø’
(º)
C’
(kPa)
γ
(kN/m3)
E’
(MPa)
Areias médias a finas, siltes arenosos,
siltes argilosos e argilas arenosas (ZG1)
32
0
18
25
encontram submetidos. Neste enquadramento, foi proposta a adoção de perfis do tipo W
250x38,5 (ASTM A572 Grau50), afastados de
cerca de 1,1m entre si.
Como já referido, a parede de contenção seria
travada provisoriamente, durante a escavação, por bandas de laje de concreto armado.
Seria ainda realizada, de cima para baixo,
acompanhando a escavação, uma parede de
revestimento em concreto armado com 20cm
de espessura, cuja função seria a de assegurar
o confinamento dos painéis de solo-cimento.
2.4. Contenção Periférica de Edifício em
Guarulhos, SP
Apresenta-se ainda como exemplo da aplicação da tecnologia de CSM no Brasil, a solução
proposta para os trabalhos de escavação e
contenção periférica, necessários para execução dos três pisos de subsolo do Edifício
Amável, localizado na Avenida São Bento,
em Guarulhos, São Paulo. Esta escavação, a
realizar numa zona urbanizada, apresentava
confrontações com edifícios vizinhos a Norte
EDIFÍCIO VIZINHO
PLANTA ESQUEMÁTICA
CORTE A-A
Cortina de CSM
armada com perfis
metálicos
Rua Dr. Tertuliano Delphin Junior
>7
> Figura 7: Edifício Aquarius: Planta da contenção periférica e corte tipo.
Bandas de laje provisórias
de travamento da cortina
de CSM
Rua Vitório Friggi
A
Cortina de CSM
armada com perfis
metálicos
A
Rua Dr. Tito Roberto Liberado
> N
Bandas de laje de travamento da
cortina de CSM
28_cm
e Poente, e com a Av. São Bento, a Sul, e a Rua
Campos Belos, a Nascente (Figura 8).
O cenário geológico-geotécnico do local,
aferido através da campanha de prospeção,
permitiu identificar um estrato superficial de
argilas plásticas e siltes argilo-arenosos, com
NSPT entre 1 a 26 golpes, sobrejacente a um
estrato mais compacto, composto por siltes
argilo-arenosos com fragmentos de rocha,
com NSPT superior a 40 golpes (Tabela 4).
Atendendo à profundidade da escavação
a realizar, às características dos solos interessados e às condições de vizinhança,
foi estudada uma solução de escavação
ao abrigo de uma contenção materializada
por painéis de solo-cimento, executados
com recurso à tecnologia de Cutter Soil
Mixing (CSM), armados com perfis metálicos W200 x 41,7, afastados de 0,75m.
Devido a condicionamentos arquitectónicos, os
painéis da parede de contenção, com espessura de 0,55m, teriam de ser reduzidos para uma
espessura de 0,3m, através de raspagem da
face aparente dos mesmos painéis, durante
os trabalhos de escavação. De modo a assegurar o confinamento dos painéis de CSM, foi
Painéis de CSM de fundação da
estrutura e apoio provisório dos
perfis metálicos
Perfil metálico de
apoio provisório das
bandas de laje
Tabela 4 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
Formações
Ø’
(º)
C’
(kPa)
γh
(kN/m3)
γsat
(kN/m3)
E’
(MPa)
Argila plástica e silte argilo-arenoso
Nspt = 1 a 26
27
10
18
19
15
Siltes argilo-arenoso com
fragmentos de rocha
Nspt >40
40
35
19
20
50
proposto que a parede de solo-cimento fosse
revestida com concreto projetado e armado
com espessura mínima de 0,1m.
Nos alçados confrontantes com a Av. São Bento
e com a Rua Campos Belos, em que a contenção
apresentava uma altura de cerca de 8m, foi proposto que o seu travamento fosse concretizado
através da realização de tirantes provisórios
pré-esforçados. Já nos restantes alçados, em
que a contenção dispunha de menor altura,
mas confrontava para construções vizinhas,
foi proposto um travamento através de contrafortes interiores e provisórios, em painéis
de CSM, garantindo um controlo adequado das
deformações da estrutura de contenção e das
edificações adjacentes (Figura 8).
2.5. Edifício em Belo Horizonte
Como último exemplo de aplicação da tecnologia de CSM em contenções periféricas,
apresenta-se a solução proposta e executada
no âmbito dos trabalhos de escavação e
contenção periférica que permitiram a exe-
cução dos três pisos de subsolo do edifício
localizado na Avenida Barbacena, em Belo
Horizonte, Minas Gerais. O lote onde o edifício
se localiza, encontra-se implantado na quadra
que integra a Avenida Barbacena, a Sul, a Rua
dos Goitacazes, a Norte e a Rua Uberaba, a
Nascente (Figura 9).
No que se refere ao cenário geológico e geotécnico do local, de acordo com a informação
recolhida através de sondagens geotécnicas
com reconhecimento de solos e realização de
ensaios SPT, identificaram-se formações de
fraca capacidade geomecânica, caracterizadas por aterros, argilas e areias com cerca
de 10 a 20m de espessura e 3 a 26 golpes no
ensaio SPT (Tabela 5), sob os quais foi localizada areia siltosa com 20 a 50 golpes de NSPT.
O substrato competente, constituído por
gnaisses, foi observado a partir dos 20 a 25m
de profundidade. O nível da água foi detetado
nas sondagens efetuadas a cotas próximas do
fundo da escavação. Este dispositivo geológico foi confirmado em fase de obra.
Tal como nos casos anteriores, a solução proposta para contenção periférica dos pisos en-
terrados do edifício, consistiu genericamente,
na execução de uma parede de contenção
constituída por painéis de solo-cimento
executados com recurso à tecnologia de
Cutter Soil Mixing (CSM), realizados a partir da
superfície e de forma compatibilizada com as
diversas plataformas de trabalho executadas
durante a obra.
Na execução da parede de contenção foram
adoptados painéis de solo-cimento com
secção em planta de 2,40 x 0,55m2, com uma
sobreposição mínima de 0,20m e um comprimento total de cerca de 12,5m, o qual permitiu
assegurar uma ficha mínima de cerca de 3m
abaixo do fundo da escavação. Contudo, face
às fracas propriedades de resistência e de
rigidez dos solos interessados pela escavação, previu-se a execução de painéis de CSM
de contraforte, para travamento dos painéis
das cortinas, assegurando-se assim o eficaz
controlo da deformação horizontal das mesmas (Figuras 9 e 10).
Destaca-se que, devido a condicionamentos de
vizinhança, os contrafortes foram executados
para o interior do recinto de escavação, tendo
sido demolidos em segunda fase e após a
construção dos pisos dos subsolos, de modo a
não interferir com as soluções arquitetónicas.
De modo a acomodar os esforços resultantes
dos impulsos do solo, os painéis CSM foram
> N
CORTE A-A
Cortina de CSM armada
com perfis metálicos
A
PLANTA ESQUEMÁTICA
Tirantes
Rua Campos Belos
Cortina de CSM travada com
contrafortes
A
Cortina de CSM
ancorada
Av. São Bento
Cortina de CSM armada com
perfis metálicos e travada com
contrafortes em CSM
>8
> Figura 8: Edifício Amável: Planta da contenção periférica e corte tipo.
cm_29
a construção no brasil na atualidade
Tabela 5 Parâmetros geotécnicos estimados para efeitos de dimensionamento.
Formações
Ø’
(º)
C’
(kPa)
γh
(kN/m3)
E’
(MPa)
Aterros, argilas e
areias superficiais
28
10
18
25
armados verticalmente, ao longo de todo o seu
comprimento, com perfis em aço laminado. O
conjunto dos painéis de CSM da cortina, dos
contrafortes de travamento e perfis metálicos
de armadura, foram solidarizados através de
uma viga de coroamento em concreto armado,
com secção variável e ajustada aos condicionamentos dos diferentes alçados.
Com o objetivo de garantir um melhor confina-
3. CONTROLO DE EXECUÇÃO E DE QUALIDADE
mento dos painéis de CSM durante a fase de
serviço da obra, foi executada uma parede de
concreto armado com uma espessura mínima
de 0,20m, à face dos painéis.
A análise do comportamento da contenção
periférica em CSM foi realizada recorrendo a
modelos numéricos, os quais possibilitaram
estimar os esforços de dimensionamento dos
principais elementos estruturais, bem como
No âmbito da tecnologia de CSM destaca-se a
capacidade de um controlo de execução rigoroso por parte do equipamento, o qual permite
monitorizar e corrigir, em tempo real, parâmetros como o avanço das rodas de corte, a
injeção do ligante e a verticalidade do painel,
caso exista algum desvio durante a execução
deste. A referida monitorização é possível em
qualquer fase das operações de avanço descendente e ascendente das rodas de corte,
CORTE A-A
Cortina de CSM
contrafortes e armada com
perfis metálicos
Ru
Av. Barbacena
PLANTA ESQUEMÁTICA
estimar as deformações da contenção e das
estruturas vizinhas (Figura 10).
aG
oit
ac
az
es
>
Ru
aU
be
ra
ba
N
>9
MODELO DE ELEMENTOS FINITOS
ESFORÇOS E DEFORMAÇÕES NA PAREDE DE CONTENÇÃO
Deformação máxima / momento fletor / esforço de corte
– 36 mm / 191,7 kNm/m / 80,9 kNm/m
> 10
> Figura 9: Edifício em Belo Horizonte: Planta da contenção periférica e corte tipo.
> Figura 10: Modelo de elementos finitos e principais esforços de dimensionamento.
> Figura 11: Vista da obra durante os trabalhos de escavação.
30_cm
> 11
dispondo o manobrador do equipamento de
um completo painel de instrumentos, o qual
permite um controlo automático de todos os
parâmetros de furação, injeção de fluidos e
mistura do ligante (Figura 12).
Refere-se que como forma de controlo da
qualidade da execução, em par ticular a
confirmação dos parâmetros de resistência
e de deformabilidade dos painéis de solo cimento, podem ser recolhidas amostras em
fresco, imediatamente após a sua execução,
e carotes a diferentes profundidades dos
painéis, teste ou definitivos, alguns dias após
a respetiva execução (Figura 13).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
equilibrada em relação à do terreno, ao
contrário do que sucede com as soluções
tradicionais de fundações com recurso a
elementos em betão armado ou metálicos.
Este fator torna as soluções de painéis de
solo - cimento com recurso à tecnologia de
CSM especialmente indicadas para aterros
técnicos na transição entre elementos de
diferente rigidez de fundação;
– Possibilidade de armar os painéis com
elementos metálicos, em posição centrada,
de modo a assegurar uma proteção mais
eficaz contra a corrosão, ou não centrada
com o respetivo eixo, de forma a melhor
acomodar as tensões de tração devidas
à mobilização de esforços de flexão e a
facilitar a ligação a elementos estruturais
ou de revestimento exteriores;
– Grande potencialidade para mitigação de
vibrações em solos moles;
– Possibilidade de materialização de painéis
de travamento provisório, de grande rigidez
e executados previamente ao inicio dos
trabalhos de escavação, de estruturas de
contenção em solos moles (Fernandes,
2010);
– Compatibilidade e complementaridade
com soluções de mistura hidráulica de solo
– ligante, como é o caso do jet grouting, realizado com recurso a equipamentos mais
PUB
Tendo por base os aspetos descritos no presente artigo, pode referir-se que a tecnologia
de CSM, embora de recente aplicação, em particular no Brasil, apresenta uma combinação
de grandes vantagens, que poderão antever
uma rápida disseminação futura da mesma
em obras de geotecnia estrutural e ambiental.
O potencial da tecnologia de CSM pode ser comprovado pelas seguintes principais vantagens,
associadas à aplicação da técnica:
– Possibilidade de aplicação a todos os tipos
de solos e a maciços rochosos alterados
e fraturados, com o mínimo de refluxo,
associada a uma minimização de ruídos e
de vibrações e induzindo uma forte, mas
muito localizada, perturbação do terreno;
– Tendo por base que se trata de uma mistura
mecânica de solo – ligante, possibilidade
de recurso a vários ligantes ou misturas
de ligantes, em função das necessidades
e exigências de resistência, de deformabilidade e geoquímica de cada solução. Esta
característica permite a simultaneidade
de tratamento e de descontaminação dos
terrenos in situ, com grandes vantagens
ambientais;
– Ausência de trabalhos de escavação e
transporte a vazadouro, com vantagens
técnicas e económicas. A tecnologia permite que o terreno não competente para
uma determinada obra de engenharia seja
devidamente tratado e descontaminado,
de forma a ser integrado na solução final
da mesma obra de engenharia;
– Aplicação em estruturas de contenção,
incluindo cortinas de estanquicidade, sem
necessidade de realização de juntas, pois
estas são substituídas por um comprimento mínimo de sobreposição entre painéis,
em geral de apenas 0,20m;
– Aplicação em soluções de fundações e
de tratamento de fundações, com rigidez
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• Escavaçãocom10mde
profundidade(3subsolos)
• CortinadeCSMarmada
comperfismetálicos
• Escavaçãocom10mde
profundidade(3subsolos)
a construção no brasil na atualidade
CSM – CONTROLO DE EXECUÇÃO EM TEMPO REAL
Sensor de leitura da
pressão exterior
versáteis e de menor peso e dimensões;
– Sofisticação e apetrechamento dos equipamentos que executam os painéis de solo
- ligante através da tecnologia de CSM, os
quais permitem, em tempo real, o registo
e a correção de todos os parâmetros de
execução (Simon, 2009; Wheeler, 2009);
– Possibilidade de ajustar a espessura final
dos painéis, através da raspagem dos mesmos, aos condicionamentos de natureza
arquitetónica (Figura 15).
Sensor de leitura de pressão,
torque e velocidade nas rodas
de corte
Painel de controlo
> 12
No que se refere às limitações, associadas
à tecnologia de CSM, podem ser destacadas
as seguintes:
– Dimensões, peso e reduzida versatilidade
dos equipamentos;
– Exigência ao nível do controlo de execução
e de qualidade.
Recolha de
amostras em
fresco
> 13
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Donos das Obras
apresentadas a autorização para a redação
do presente artigo, assim como à empresa
“Drilling do Brasil Ltda.”, responsável pela
execução dos trabalhos descritos.
Execução de
ensaios CPT em
painéis de CSM
BIBLIOGRAFIA
– FERNANDES, M. M; PEIXOTO, A.; PINTO, A.; PITA, A.;
GOMES, A. T.; PEDRO, A. (2010), A Técnica de Cutter Soil
Mixing aplicada a escavações urbanas, V Congresso
> 14
Luso Brasileiro de Geotecnia, Agosto 2010, Gramado RS, Brasil, Sessão Paralela 2 – Escavações Profundas
em Áreas Urbanas, publicado em CD.
– PINTO, A.; TOMÁSIO, R.; PITA, X.; GODINHO, P.; PEIXOTO,
A. (2011), Ground Improvement Solutions using
Cutter Soil Mixing Technology, Proceedings of the
International Conference on Advances in Geotechnical
Engineering, Perth, Australia, November 2011, ISBN:
978-0-646-55142-5, Ground improvement and soil
stabilization. pp. 511 – 518.
– Simon, B. (2009). Projet national de recherche et
developpement. Amelioration des sols par inclusions
verticales rigides. Travaux nº862, pp. 65-72.
– Wheeler, P. (2009) Soil-Mix Piles – Mix Factor, European
Foundations, Autumn 2009, pp. 10-11.
> 15
> Figura 12: Controlo de execução, em tempo real, associado à tecnologia de CSM.
> Figura 13: Vista da recolha de amostras em fresco e de uma carote num painel de solo – cimento.
> Figura 14: Vista da execução de ensaios CPT e do resultado de um ensaio de compressão axial não confinado (UCS).
> Figura 15: Raspagem dos painéis de CSM para, através da redução da espessura inicial, melhorar a compatibilização com as exigências arquitetónicas
32_cm
33_36
a construção no brasil na atualidade
estruturas metálicas
–o papel da universidade na
pesquisa e no desenvolvimento
O principal objetivo deste artigo é demonstrar a utilização de estruturas de aço e mistas
na construção civil como uma alternativa economicamente viável para o Brasil, papel este
exercido pela Universidade, seja na formação de recursos humanos, seja no desenvolvimento de novas tecnologias. O desenvolvimento de projetos estruturais aliados a técnicas
e processos construtivos é uma consequência lógica da Linha de Pesquisa Comportamento
e Projeto de Estruturas de Aço e Mistas do PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Isto somente é possível
com um melhor entendimento do comportamento dos diversos elementos e sistemas estruturais que compõem a estrutura global. Assim sendo, pretende-se apresentar um breve
panorama da investigação científica que está em curso no Brasil na área das estruturas
metálicas e mistas.
INTRODUÇÃO
A atual dinâmica de evolução científica e de
inovações tecnológicas, além da globalização
dos mercados, impôs mudanças na formação
dos engenheiros. Por outro lado, a indústria
da construção, para poder competir a nível
internacional, exige uma inovação de seus
processos e sistemas computacionais integrados. Esta mudança de atitude passa pelo
uso de sistemas estruturais mais eficientes
e econômicos onde se destacam as estruturas de aço e mistas que vem, cada vez mais,
tornando-se uma alternativa eficaz e viável.
As atividades de pesquisa desenvolvidas no
PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil no âmbito da linha de pesquisa
Comportamento e Projeto de Estruturas de Aço
e Mistas estão diretamente relacionadas com as
disciplinas oferecidas nos cursos de Mestrado
e Doutoramento a saber: Projeto de Estruturas
de Aço e Mistas I, Projeto de Estruturas de Aço e
Mistas II, Ligações Estruturais em Aço e Mistas,
Projeto de Elementos Estruturais em Perfis For-
mados a Frio e Projeto de Estruturas com Aços
de Alta Resistência e Inoxidáveis e Projeto de
Elementos Estruturais Tubulares. As atividades
científicas desenvolvidas ainda contam com a
colaboração de pesquisadores da Universidade
de Coimbra em Portugal, Imperial College no
Reino Unido, PUC-Rio – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro e UFOP – Universidade
Federal de Ouro Preto em Minas Gerais, sendo
estas duas últimas no Brasil.
Atualmente, o Brasil encontra-se em pleno
desenvolvimento nas mais diversas áreas, e
o Rio de Janeiro apresenta-se como cenário
ideal para este crescimento tendo em vista a
realização da Copa do Mundo em 2014 e, principalmente, da Olimpíada em 2016. Este último
evento deixará para a cidade do Rio de Janeiro
um verdadeiro legado em obras de infra-estrutura, parques esportivos, etc. Desta forma, a
cidade do Rio de Janeiro passou a acompanhar
o desenvolvimento de grandes obras de infraestrutura e instalações esportivas.
E dentro deste cenário, as estruturas de aço
apresentam-se menos agressivas ao meio
Luciano Rodrigues Ornelas de Lima,
Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco e
Sebastião Arthur Lopes de Andrade
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
PGECIV – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
(www.labbas.eng.uerj.br/pgeciv)
ambiente tendo em vista que além de reduzir
o consumo de madeira na obra (a estrutura
mista aço/concreto pode ser dimensionada
desprezando-se a utilização de escoramentos), diminui a emissão de material poluente
além de ser 100% reciclável. A concepção de
um bom projeto estrutural aliada a técnicas e
processos construtivos avançados coloca a
utilização das estruturas metálicas e mistas
como solução estrutural ideal para obras de
grande porte. A utilização deste material
possibilita uma maior liberdade no projeto
de arquitetura, maior área útil, flexibilidade
em termos de modificações futuras, menor
prazo de execução com racionalização de
materiais e mão de obra, alívio de carga nas
fundações proporcionado por estruturas mais
leves e esbeltas, organização, reciclabilidade
e preservação do meio ambiente. Muitos são
os exemplos onde estas estruturas podem
ser observadas: O Parque Aquático Maria Lenk
construído para os jogos Pan-Americanos de
2007; A nova cobertura do estádio do Maracanã será feita em aço; A ponte do metrô na
cm_33
a construção no brasil na atualidade
Praça da Bandeira que possibilitou aos usuários seguirem direto da UERJ para o centro
sem a necessidade de efetuarem baldeação
na estação Estácio; A recém inaugurada
passarela da estação Cidade Nova do metrô,
etc. (ver Figura 1)
Todavia, vale ressaltar que em alguns casos,
principalmente quando estruturas com perfis
tubulares são utilizadas, torna-se necessário
recorrer a normas de dimensionamento internacionais tendo em vista que a norma brasileira de dimensionamento de estruturas de aço
não contempla este tipo de estrutura, principalmente, o dimensionamento das ligações.
O desenvolvimento de pesquisa em determinadas áreas dentro da universidade representa
um dos papéis fundamentais desta perante
a sociedade. O objetivo principal destas atividades é fornecer os subsídios necessários
para a elaboração de normas e procedimentos de projeto em áreas específicas. Dentro
desta perspectiva, é importante salientar
que A Associação Brasileira de Normas Técnicas e Comitê Brasileiro da Construção Civil,
ABNT/CB-02, iniciaram ações de desenvolvimento do projeto de norma PN 02:125.03-004,
intitulado “Projeto de estruturas de aço e de
estruturas mistas de aço e concreto de edificações com perfis tubulares”. As reuniões
tiveram início em 2011, reunindo fabricantes,
projetistas e pesquisadores especialistas no
assunto. Os trabalhos têm apoio da ABECE e do
CBCA e contam com a participação da ABCEM,
de Universidades, de empresas siderúrgicas
e de empresas fabricantes de estruturas.
Estima-se que os trabalhos estejam concluídos até o meio deste ano.
Pensando ainda no meio ambiente, o engenheiro estrutural juntamente com o arquiteto
deve pensar no desenvolvimento de projetos
sustentáveis e, para isso, deve optar pela
utilização de materiais que forneçam tal característica. Desta forma, a utilização do aço
inoxidável em substituição ao aço carbono em
determinadas estruturas apresenta-se como
sendo uma solução lógica para este fim. Isto
porque o aço inoxidável é um elemento de
resistência elevada a corrosão, durabilidade,
> Figura 1: Treliças espaciais com nós com ponta amassada.
> Figura 2: Treliças espaciais com nós com ponta amassada.
34_cm
a) Parque Aquático Maria Lenk
b) A nova cobertura do estádio do Maracanã
c) Ponte do metrô na Praça da Bandeira
d) Passarela da estação Cidade Nova do metrô
>1
resistente a chamas além de dispensar a necessidade de manutenção em alguns casos,
fato extremamente relevante tendo em vista
que no Brasil, a manutenção estrutural não é
uma tarefa considerada de primeira necessidade. Desta forma, alguns trabalhos de cunho
experimental e numérico também estão sendo
desenvolvidos na FEN/UERJ de forma a dar
subsídios para a elaboração de uma norma de
dimensionamento de estruturas metálicas
constituídas de aço inoxidável.
1. ANÁLISE EXPERIMENTAL DE ESTRUTURAS
DE AÇO E MISTAS
Conforme citado anteriormente, o desenvolvimento do projeto estrutural aliado a técnicas
construtivas é uma consequência lógica da
pesquisa, a qual só será possível com um
melhor entendimento do comportamento dos
membros que compõem a estrutura global.
>2
Este entendimento fundamenta-se no pleno
desenvolvimento de modelos experimentais
em laboratório e numéricos em ambiente computacional contemplando o comportamento
de elementos e sistemas estruturais. Desta
forma, pode-se propiciar um maior entendimento dos fenômenos ligados à resistência,
instabilidade estrutural, rigidez, efeitos de processos de fabricação e aspectos de montagem.
Dentro desta perspectiva, ensaios em laboratório têm sido desenvolvidos no PGECIV ou
em parceria com as instituições citadas anteriormente. Muitos são os temas abordados e
somente alguns serão citados aqui.
Treliças espaciais com barras de pontas
amassadas e um parafuso: Esta investigação
contemplou uma série de experimentos em
escala real executados para esclarecer o comportamento estrutural de treliças espaciais
tubulares com ligação de ponta amassada, [1]
(ver Figura 2). Seus objetivos principais foram
>3
>4
tipo USI 300, doadas pela USIMINAS e chapas
de aço inoxidável austenítico da linha A304, doadas pela ACESITA e duplex 2205 doados pela
APERAM. A comparação do comportamento
entre as ligações aparafusadas constituídas
por aço carbono e as constituídas de aço
inoxidável, onde a capacidade de ductilidade,
caracterizada pela maior razão dos parâmetros
fu/fy do aço inoxidável, mostra uma capacidade
de absorção de energia, em torno de 60% maior,
do que o aço carbono.
>5
avaliar o efeito da variação de rigidez devido
ao amasso na ponta dos tubos e apresentar
e discutir uma gama de reforços estruturais
criados para melhorar o desempenho do sistema estrutural global.
Comportamento de placas de aço carbono
e aço inoxidável com parafusos defasados
submetidas a tração: as normas de projeto
de aço inoxidável atuais são em grande parte
baseadas em analogias assumidas com o
comportamento de estruturas de aço carbono
[2] (ver figuras 3 e 4). Todavia, o aço inoxidável,
quando submetido a esforços axiais de tração
e compressão, apresenta curvas tensão versus deformação não-lineares sem patamar
de escoamento, diferentemente das curvas
apresentadas pelo aço carbono, modificando
o comportamento global das estruturas que o
utilizam. A caracterização da resistência das
ligações aparafusadas alternadas, submetidas
a tração foi feita com a realização de ensaios
experimentais realizados em laboratório sendo possível determinar a rigidez da ligação e
encontrar a sua capacidade última de carga.
Foram utilizadas chapas de aço carbono do
>6
Resistência de colunas de aço estaiadas
e protendidas: este tipo de estrutura, já
empregado para escoramento de diversos
tipos de construções como o palco principal
do Rock in Rio III, tem uma gama considerável
de aplicações possíveis e ainda não teve seu
comportamento estrutural perfeitamente
entendido (ver figura 5). Correntemente, não
há nenhuma recomendação ou norma de
projeto que norteie o seu dimensionamento
sendo seu comportamento simplesmente
baseado em hipóteses simplificadas de pequenos deslocamentos. Estas hipóteses são
adequadas para configurações simples, mas
podem superestimar os modos complexos de
colapso destas estruturas.
Comportamento de ligações semirrígidas: as
normas europeias, Eurocode 3 [66] e Eurocode
4 [67] representam a melhor opção para a
caracterização do comportamento real deste
elemento estrutural. Nestas normas, as ligações são caracterizadas através de modelos
mecânicos onde cada componente presente
na ligação é considerada através de uma mola
cuja não-linearidade é caracterizada através
de leis constitutivas inelásticas (ver figura 6).
Atualmente está em curso um programa
experimental de ligações semirrígidas mistas dimensionadas dentro de um regime de
interação parcial entre a laje de concreto
e a viga de aço. O objetivo principal destes
> Figura 3: Placas de aço inoxidável com furação defasadas submetidas a tração.
> Figura 4: Comparação de corpos-de-prova de aço carbono e aço inoxidável.
> Figura 5: Colunas estaiadas protendidas – indeformada e deformada.
> Figura 6: Ligações semirrígidas – ensaios experimentais e modelos numéricos.
cm_35
a construção no brasil na atualidade
Apesar desta enorme evolução e inovação
deve-se ressaltar mais uma vez que nada
substitui a experiência dos técnicos e pesquisadores que vem lidando com estes tipos
de modelagem há muito tempo e, mesmo com
limitações de espaço, tempo, equipamento e
recursos financeiros, têm produzido excelentes modelos experimentais.
De modo equivalente, na modelagem numérica com o método dos elementos finitos,
os sistemas têm evoluído para possibilitar
soluções cada vez mais complexas. Contudo
ressalta-se que nada substitui a experiência
dos engenheiros e pesquisadores envolvidos
nestas pesquisas.
>7
ensaios é avaliar o comportamento real da
componente de armadura na região de momentos negativos. Futuramente, pretendese também ampliar este programa para contemplar ensaios completos para avaliação
da largura efetiva da laje de concreto em
regiões de momento negativo de ligações
semirrígidas mistas.
BIBLIOGRAFIA
citado anteriormente, um dos principais
temas abordados no presente momento
considera o comportamento de ligações
soldadas entre perfis tubulares de forma a
dar subsídios para o desenvolvimento do projeto de norma brasileira PN 02:125.03-004,
intitulado “Projeto de estruturas de aço e
de estruturas mistas de aço e concreto de
edificações com perfis tubulares” [8]-[11].
2. ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS DE
AÇO E MISTAS
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O foco principal desta área de pesquisa
está ligado a simulação numérica do comportamento de estruturas em aço e mistas.
Dentro deste âmbito, destaca-se o uso do
Método dos Elementos Finitos. Este método
é bastante adequado para este tipo de simulação tendo em vista que incorpora com
facilidade diversos aspectos presentes no
comportamento dessas estruturas, tais como
as não-linearidades geométricas e do material. Todos os temas abordados em ensaios
de laboratório citados anteriormente, são
complementados com avaliações numéricas
visando extrapolar resultados possibilitando
um melhor entendimento dos diversos fenômenos estudados (ver figura 7). Conforme
O principal objetivo deste artigo foi apresentar o uso de estruturas de aço e mistas
na construção civil como uma alternativa economicamente viável para o Brasil.
Esta iniciativa fundamentou-se no papel exercido pela Universidade, seja na formação de
recursos humanos, seja no desenvolvimento
de novas tecnologias. A partir destas iniciativas
foi possível identificar e concluir os seguintes
aspectos que serão apresentados a seguir.
A modelagem experimental de estruturas de
aço vem passando por uma constante evolução com o desenvolvimento e aprimoramento
de novos sistemas para aquisição e monitoração em tempo real com medições a laser ou
com materiais piezoelétricos dentre outros.
> Figura 7: Modelos numéricos de ligações soldadas entre perfis tubulares.
36_cm
1. Andrade, S. A. L. de, Vellasco, P. C. G. da S., Silva, J. G. S. da,
Lima, L. R. O. de, D’este, A. V. Tubular Space Trusses with
Simple and Reinforced End Flattened Nodes – An Overview
and Experiments. JCSR, v.61, p.1025-1050, 2005.
2. VELLASCO, P. C. G. da S. ; LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas de
; SANTOS, J. J. ; SILVA, A. T. ; ANDRADE, S. A. L. de ; SILVA, J. G.
S. da . Numerical and Experimental Assessment of Stainless
and Carbon Bolted Tensioned Members. In: Professor Barry
H. V. Topping; Professor Yiannis Tsompanakis. (Org.). The
Thirteenth International Conference on Civil, Structural and
Environmental Engineering Computing. 1ed. Edimburgo:
Civil-Comp Press – Computational, Engineering & Technology Conferences and Publications, 2011, v. 1, p. 25-43.
3. SANTOS, J. J. ; VELLASCO, P. C. G. da S. ; LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas de ; ANDRADE, S. A. L. de . Comportamento de
Elementos Formados com Aço Carbono e Aço Inoxidável com
Furos Defasados sob Tracção. Metálica, Portugal, p. 8-10, 02
maio 2011.
4. ANDRADE, Sebastião Arthur Lopes de, VELLASCO, Pedro
Colmar Gonçalves da Silva; SILVA, José Guilherme Santos da.
Concepção e Projeto Estrutural do Palco Principal do Rock in
Rio III. Construção Magazine, Porto, 6, pp. 4-11, 2003.
5. ANDRADE, Sebastião Arthur Lopes de, VELLASCO, Pedro C.
Gonçalves da Silva; SILVA, José Guilherme Santos da. Sistema
Construtivo e Montagem do Palco Principal do RockinRio III.
Construção Magazine, Porto, 7, pp. 30-55, 2003.
6. EUROCODE 3 - Design of steel structures, Part 1.8: Design of
Connections, European Standard: prEN 1993-1-8, Brussels,
2003.
7. EUROCODE 4 - Design of composite steel and concrete
structures, Part 1.1: General rules and rules for buildings,
European Standard prEN 1994-1-1, CEN/TC250/SC4/N259,
Brussels, 2002.
8. PN 02:125.03-004 Projetos de Estruturas de Aço e de
Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edificações com
Perfis Tubulares, 2013.
9. Silva, R. S. Avaliação de Ligações K e T entre Perfis Estruturais Tubulares Circulares. 2012. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
10. Lima, N. dos S. Comportamento Estrutural de Ligações Tubulares T e KT. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
11. Brazil, D. R. Análise de Ligações Tubulares T com Reforço de
Chapa. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
– Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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29.04.13 11:29
38_41
a construção no brasil na atualidade
edifícios residenciais no brasil
Através do artigo que a seguir se apresenta, a PPSEC dá a conhecer dois dos seus empreendimentos em curso no Brasil.
Numa primeira parte é descrito o projeto Grand Reserva Condomínio Clube, em Caruaru,
Pernambuco, um empreendimento com uma galeria comercial e dois blocos de edifícios
residenciais multifamiliares.
Posteriormente é apresentado o Studio Residence, em Curitiba, um empreendimento de
natureza residencial com área recreativa.
– Grand Reserva Condomínio Clube
Trata-se de um empreendimento de uso misto,
constituído por uma galeria comercial (18 lojas) e um condomínio de 2 blocos de edifícios
residenciais multifamiliares, com 16 e 17 pavimentos (total de 198 habitações) e 3 pisos
de estacionamento.
No interior do condomínio existirá um bosque,
com uma grande área verde para os moradores
desfrutarem.
O esquema estrutural do empreendimento
Grand Reserva é composto por uma estrutura
porticada em concreto armado, com lajes
38_cm
nervuradas bidirecionais. Ambas as torres
possuem um núcleo rígido (caixa de elevador
e caixa de escadas) com o intuito de fazer face
às ações horizontais e aos efeitos globais
de segunda ordem. Dada a área em planta
do empreendimento e dada a diferença de
alturas entre os elementos, houve necessidade de subdividir o empreendimento em 4
corpos separados por juntas de dilatação:
torre A, torre B e ainda o parque de estacionamento dividido em 2 elementos devido à sua
extensão. Devido à elevada capacidade portante do solo, e apesar da altura máxima ser
aproximadamente 70 metros, a transmissão
Eng.º Paulo Pereira
Eng.ª Armandina Rodrigues
Eng.º Manuel Pereira
Eng.º José Ferreira
PPSEC Engenharia
dos esforços ao solo foi realizada através de
fundações diretas.
Ao nível de engenharia civil, o grande desafio
deste projeto além da dimensão vertical dos
edifícios, foi conseguir obter rácios de armadura enquadrados em valores económicos o
que foi conseguido graças aos núcleos rígidos
da caixa de elevador e da caixa de escadas.
No que diz respeito aos materiais estruturais,
foram adotados concretos de classe C30 (fck de
30 MPa) para todos os elementos estruturais
e aço da classe CA-50 (fy de 500 MPa) e CA-60
(fy de 600 MPa).
Para o cálculo estrutural foram consideradas
as ações permanentes (peso próprio da estrutura de concreto armado), as restantes cargas
permanentes que englobam o peso próprio das
paredes e dos revestimentos, as sobrecargas
de acordo com o tipo de utilização, a ação sísmica (zona 0, aceleração sísmica horizontal
de 0.025g) e a ação do vento caracterizada
por uma velocidade base de 30 m/s. Todas as
ações foram combinadas de acordo com a normalização vigente no Brasil e todo o dimensionamento respeitou a segurança da estrutura
em relação aos estados limites últimos (ELU)
e aos estados limites de serviço (ELS).
Além de todo o dimensionamento convencional
efetuado nestes casos, é necessário dar especial ênfase às verificações de instabilidade
e efeitos de segunda ordem. Para tal, e com o
intuito de manter os custos de obra dentro dos
limites pretendidos, é de extrema importância
que a estrutura seja uma estrutura de nós
fixos, que segundo a normalização Brasileira, é
garantido através do parâmetro γz. Considerase que uma estrutura é de nós fixos se o parâmetro γz for inferior a 1.1. No empreendimento
em questão foram obtidos valores de 1.04 e
1.03 nas direções x e y, respetivamente.
Partindo de uma boa interação com o dono
de obra, equipa projetista, e usando todas as
ferramentas ao dispor do engenheiro civil, foi
possível efetuar todo um projeto onde para
além de todas as questões de segurança,
foram também salvaguardadas as questões
relativas ao custo de construção.
É de salientar que todo o projeto estrutural foi
efetuado com recurso a tecnologia BIM.
Toda a parte estrutural do Grand Reserva
respeita a normalização Brasileira vigente,
nomeadamente:
– NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto
– Procedimento
– NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações
– NBR 6122: Projeto e execução de fundações
– NBR 6123: Forças devidas ao vento em
edificações
– NBR 14931: Execução de estruturas de
concreto – Procedimento
– NBR 15421: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento
O empreendimento é constituído por 2 subsolos, piso térreo, 8 pisos elevados e compreende
na sua constituição 74 apartamentos e zona
recreativa.
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a construção no brasil na atualidade
– Studio Residence
Fundações e estruturas
No empreendimento Studio Residence houve
a preocupação de projetar uma estrutura
compatível com o aumento crescente dos
custos de mão de obra, no sentido de serem
obtidos os melhores rácios económicos.
Assim sendo, o esquema estrutural do empreendimento Studio Residence é composto
por uma estrutura porticada de núcleo rígido
em concreto armado, com lajes nervuradas
bidirecionais. A definição do modelo estrutural foi condicionada aos espaços disponíveis
à implantação dos elementos verticais sem
entrar em conflito com o projeto de arquitetura, nomeadamente nas zonas de circulação
de viaturas e aparcamento. Devido à fraca capacidade portante do solo, a transmissão de
esforços foi realizada através de fundações
indiretas, estacas ligadas à superestrutura
através de maciços de encabeçamento.
No que diz respeito aos materiais estruturais,
foram adotados concretos de classe C30 (fck de
30 MPa) para todos os elementos estruturais
e aço da classe CA-50 (fy de 500 MPa) e CA-60
(fy de 600 MPa).
Para o cálculo estrutural foram consideradas
as ações permanentes (peso próprio da estrutura de concreto armado), as restantes cargas
permanentes que englobam o peso próprio das
paredes e dos revestimentos, as sobrecargas
de acordo com o tipo de utilização, a ação sísmica (zona 0, aceleração sísmica horizontal
de 0.025g) e a ação do vento caracterizada
por uma velocidade base de 42 m/s. Todas as
ações foram combinadas de acordo com a normalização vigente no Brasil, e todo o dimensionamento respeitou a segurança da estrutura
em relação aos estados limites últimos (ELU)
e aos estados limites de serviço (ELS).
De forma a controlar a deformação das lajes
com implicação no bom comportamento das
paredes divisórias, foram introduzidos elementos estruturais sob as paredes divisórias
de forma a controlarem essa deformação
assim como permitirem melhores rácios de
armadura nas lajes. Outra particularidade
neste edifício foi o recurso a estacaria devido
à fraca capacidade resistente do solo.
40_cm
É de salientar que todo o projeto estrutural
foi efetuado com recurso a tecnologia BIM.
Toda a parte estrutural do Studio Residence
respeita a normalização Brasileira vigente,
nomeadamente:
– NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
– NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações
– NBR 6122: Projeto e execução de fundações
– NBR 6123: Forças devidas ao vento em
edificações
– NBR 14931: Execução de estruturas de
concreto – Procedimento
– NBR 15421: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento
Instalação Predial de Água
A alimentação de água potável à edificação
será feita pela SANEPAR até ao reservatório
inferior localizado no subsolo 1. Deste reservatório, com recurso a um sistema de pressurização será abastecida uma reserva superior
implantada na cobertura do edifício, de forma
a que todo o abastecimento aos apartamentos
seja feito graviticamente.
O ramal de entrada garantirá o enchimento do
reservatório inferior em 6 horas, de forma a que
em caso de falha de abastecimento na rede pública, o empreendimento não fique sem água.
No reservatório superior será sempre garantido
um volume mínimo para serviço de incêndio.
A capacidade dos reservatórios foi calculada
de forma a garantir, no caso de suspensão
do abastecimento público, a satisfação de
consumo durante um período de dois dias.
Para abastecimento de água às torneiras de
lavagem e rega instaladas nos subsolos e
no térreo foi colocada uma cisterna de aproveitamento de águas pluviais, que terá um
abastecimento de recurso em caso de falta
de água pluvial.
O ramal principal de alimentação ao edifício
foi previsto em PVC, sendo que a restante
distribuição será feita em tubagem de Polipropileno Copolímero Random – PPr – PN20,
constituindo troços retilíneos sempre bem
alinhados.
Foram tomadas diversas opções de projeto
para melhorar o funcionamento e conforto
de utilização da rede de abastecimento, nomeadamente no que diz respeito à velocidade
máxima adotada, uma vez que, em qualquer
trecho de tubulação, não foi excedido o valor
de 3 m/s de forma a evitar ruídos e vibrações.
As tubulações encontram-se suspensas em
tetos falsos ou em dutos não sendo fixadas
rigidamente a paredes ou a divisórias, impedindo a propagação de ruído.
Todos os reservatórios serão dotados de registro na entrada e torneira de boia de modo
a garantir o volume total de água disponível.
Serão também dotados de ventilação, aviso
sonoro e limpeza (a tubulação de limpeza
será dotada de registro e será conectada à
rede pluvial).
O traçado da instalação de água seguiu o
descrito na NBR 5626 / 98 – Instalação predial
de água fria.
Instalação Predial de Esgoto Sanitário
O esgoto sanitário foi encaminhado para a
rede pública existente no arruamento onde é
implantado o edifício.
A rede interior consiste numa rede separativa, entre esgoto sanitário (proveniente das
instalações sanitárias) e esgoto de gorduras
(proveniente das cozinhas). As prumadas
provenientes dos pisos superiores são recolhidas em coletores suspensos nos pisos
térreo e subsolo 1, e encaminhados para o
alinhamento predial.
Antes da inserção do esgoto de gordura
na rede pública será instalada uma caixa
de gorduras especial prismática com base
retangular.
Teve-se especial atenção às inserções de
tubos de queda em coletores horizontais de
forma a que não sejam propagadas espumas
provenientes do esgoto de um apartamento
para outro apartamento adjacente.
Os ramais de descarga, desconetores (caixas
sifonadas), ramais de esgoto e coletores serão em PVC Série Normal e serão instalados
em tetos falsos.
O traçado da instalação de água seguiu o descrito na NBR 8160 / 99 – Sistemas Prediais de
Esgoto Sanitário.
Este reservatório é um requisito legal para
o município de Curitiba, de forma a evitar o
sobrecarregar da rede pública em caso de
chuvadas intensas. Com a colocação deste
reservatório, o lançamento da vazão proveniente do edifício é retardado, garantindo
uma entrada de vazão uniforme e adaptada
à secção existente na rede pública, evitando
assim cheias nos arruamentos.
Uma vez que não foi possível adotar por uma
ligação gravítica do reservatório até á rede pública, optou-se pela colocação do reservatório
no subsolo 2, de modo a facilitar a execução do
poço para instalação do sistema de recalque
(esta instalação será dotada de grupo de
emergência que garantirá a alimentação da
bombagem em caso de falha de energia). A
montante do reservatório de contenção de
cheias foi colocada uma reserva (depósito em
polipropileno com 5000 litros) para abastecimento de torneiras de lavagem e rega.
O traçado da instalação de água seguirá o
Dec.176/07 e a NBR 10844 – Instalações
prediais de águas pluviais.
Instalação Predial de Águas Pluviais
A rede pluvial será toda encaminhada, através
de tubos de queda e coletores (suspensos no
teto do subsolo), até um reservatório implantado no subsolo 2, que servirá para contenção
de cheias.
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42_43
Bruno Moreira
EMPA S.A. – Grupo Teixeira Duarte
Como é do conhecimento geral, São Paulo é
uma das dez maiores cidades do mundo, sendo atualmente a maior metrópole económicofinanceira da América Latina e conhecida
como a “locomotiva do Brasil”. Atendendo ao
forte aglomerado de pessoas que concentra,
são também conhecidos os problemas estruturantes desta cidade, relacionados com
a mobilidade urbana, que constituem uma
das principais preocupações das entidades
regionais responsáveis.
Para fazer face a esta situação, estão em curso projetos de ampliação e melhoria da rede
de transportes públicos locais, que se materializam em diversas obras, essencialmente
ligadas a novas linhas metro-ferroviárias e
ferroviárias.
42_cm
Em abril de 2012 foram iniciados os trabalhos
de uma nova Linha de Metropolitano, na cidade de São Paulo, designada de Linha 17-OURO.
Esta nova linha terá uma extensão total de
17,7 quilómetros, contemplando 18 estações,
cujo objetivo principal é o de ligar a rede
metro-ferroviária da cidade ao aeroporto
de Congonhas, ficando a mesma conectada
com três linhas de metropolitano, designadamente as Linhas 1-Azul, 4-Amarela e 5-Lilás
e com uma linha ferroviária da CPTM, a Linha
9-Esmeralda.
Trata-se do segundo empreendimento da
Companhia do Metropolitano de São Paulo,
que se baseia no sistema de “monotrilhos”,
no qual as composições de carruagens se
deslocam sobre carris elevados, a uma altura
de aproximadamente 18 metros, constituídos
por vigas de concreto armado.
As composições deverão circular a uma velocidade de 35 quilómetros por hora e terão
capacidade para transportar 20 mil pessoas
por hora em cada sentido.
A construção do primeiro empreendimento
deste género no Brasil encontra-se atualmente em curso, na região Leste da cidade de São
Paulo, tratando-se assim de uma tecnologia
que está a ser adotada recentemente no país,
representando uma alternativa em relação ao
sistema subterrâneo convencional, proporcionando, comparativamente, custos mais
reduzidos e maior rapidez na construção,
aliando benefícios ambientais por utilizar
tração elétrica, sem emissão de gases, sustentado por pneus com baixo nível de ruído.
O consórcio contratado para a construção
desta linha é constituído pelas empreiteiras
Andrade Gutierrez e C.R. Almeida e pelas
fabricantes de trens Scomi, da Malásia (responsável pelo projeto das respetivas composições), e pela empresa MPE (responsável
pela montagem dos trens no Brasil).
A empresa EMPA SA, do Grupo Teixeira Duarte,
foi contratada pelo consórcio para execução
das fundações especiais da primeira fase da
obra, que tiveram início há cerca de um ano,
no mês de maio de 2012 e se irão estender
até ao próximo mês de agosto de 2013,
perspetivando-se, em continuidade, o início
de outras frentes dentro da mesma obra,
designadamente o pátio de manobra sobre
um piscinão na região de Água Espraiada,
que será sustentado por 370 pilares e terá
capacidade para 27 composições.
A solução construtiva tipificada para a estrutura da via elevada do ”monocarril prevê a
realização de vãos sequenciais, com comprimentos médios de aproximadamente trinta
metros, constituídos por pilares e respetivos
capitéis, sobre os quais se apoiarão longitudinalmente dois alinhamentos de vigas, nas
quais se deslocarão as respetivas composi-
U), existente no eixo da via da Av. Jornalista
Roberto Marinho, sendo necessário o atravessamento de uma camada superficial em
rachão, constituinte do leito deste canal, com
aproximadamente seis metros de espessura.
A viabilização desta solução de fundação, com
o consequente atravessamento dessa camada superficial de rachão, foi garantida através
da cravação de um tubo de encamisamento
metálico exterior, colocado com recurso ao
próprio equipamento de furação, removendo em simultâneo o rachão e preenchendo
no final com argamassa, culminando esta
operação com a extração do respectivo tubo.
A etapa seguinte passou pela perfuração,
intercetando a camada de argamassa superficial, com o objetivo de garantir a estabilização
do aterro e funcionar como proteção exterior
do fuste da estaca durante a operação de
betonagem, impedindo eventuais fenómenos
de lavagem, resultantes de fluxos de águas
existentes no leito canal, avançando posteriormente até à profundidade necessária
definida em projeto, pela metodologia convencional de estaca do tipo escavada, com o
recurso a lama bentonítica.
O projeto prevê ainda que grande parte das
estacas situadas na Av. Jornalista Roberto
Marinho sejam embutidas em afloramento
rochoso, existente nas imediações do rio
Pinheiros. Para o efeito é necessário estar
dotado de perfuradoras hidráulicas com
características especiais: torque elevado e
sistema pull-down, compatíveis com as características dessas formações geológicas,
assim como de ferramentas especiais.
PUB
ções de metro sobre pneus, movimentadas
por tração elétrica.
A obra iniciou-se no canteiro central da Av. Jornalista Roberto Marinho, numa extensão aproximada de quatro mil metros, prolongando-se
posteriormente pela Av. Washington Luís até
ao aeroporto de Congonhas.
O projeto de fundações preconiza a solução de
estacas escavadas de grandes diâmetros, que
variam entre 0.80 m e 1.60 m, com comprimentos variáveis entre 20 m e 60 m. As estacas são
executadas com recurso à utilização de fluido
de estabilização (lama bentonítica).
Uma das particularidades inerentes à execução da fundação prende-se com a sua
proximidade ao extradorso dos muros de
contenção do canal de águas pluviais (módulos pré-fabricados em betão armado do tipo
Inovação significa
pensar um passo à frente do esperado.
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44_45 estruturas de madeira
Casas de madeira
– A importância da qualidade e da confiança do mercado
Helena Cruz, Investigadora Principal do LNEC
Em 2005 estimava-se [1] que cerca de 70% das
pessoas do “mundo desenvolvido” viveriam em
casas com estrutura de madeira. Calculava-se
ainda que, nos EUA e no Canadá, teriam estrutura de madeira cerca de 90% dos edifícios
de pequena altura. Em 2000, no conjunto de
todos os países desenvolvidos, deveria haver
cerca de 150 milhões de casas com estrutura
de madeira, sendo deste tipo mais de 90% da
construção total da habitação na Noruega, na
Suécia e na Austrália, 60% na Escócia e 45%
no Japão.
clima (na medida em que pode afetar o ritmo
da construção, determinar diferentes ações
e riscos de degradação das construções e
condicionar as necessidades de proteção
e conforto térmico) bem como de questões
culturais e sociais.
Em alguns países europeus, a revisão dos regulamentos que limitavam a altura da construção
em madeira propiciou o projeto e a construção
de edifícios residenciais de habitação coletiva
em madeira com vários pisos. Noutros países
têm sido adotadas medidas que estimulam a
utilização de madeira na construção, impondo
quotas mínimas [2]. Um pouco por todo o lado,
as preocupações crescentes com o ambiente e
a utilização sustentável de recursos trouxeram
recentemente um novo impulso ao mercado da
construção em madeira.
Mas, apesar de uma animadora tendência geral
de crescimento, é importante ter em conta que
o mercado responde a múltiplos estímulos e
tem equilíbrios delicados. E que a evolução
conseguida em resultado do esforço e empenho de muitos pode ser posta em causa por um
descuido, um acidente ou uma má imagem veiculada para a sociedade – justificada ou não.
Os exemplos seguintes impõem uma reflexão.
ciências sistemáticas presentes nos edifícios,
relevantes para a sua resistência ao vento, e
que os danos teriam sido muito menores caso
tivessem sido seguidos os princípios e normas
regulamentares de dimensionamento e de
construção vigentes.
Segundo estudos conduzidos pelo Hurricane
Center da Louisiana State University [5], a
implementação conjunta de medidas como a
proteção de aberturas, a impermeabilização
e fixação do revestimento da cobertura e a
melhoria das ligações paredes-cobertura, que
na prática configuram regras de boa conceção
e execução, ter-se-ia traduzido numa redução
de quase 80% dos prejuízos.
Uma questão de qualidade
– a destruição causada pelo Katrina
A utilização de madeira em estruturas e, em
particular, a maior ou menor implantação de
casas de madeira nos diversos países, sempre
dependeu da disponibilidade de madeiras face
à oferta dos outros materiais alternativos, do
44_cm
Foram já referidos (no número 39 da CM, [3])
os efeitos devastadores do furacão Katrina,
que atingiu o Golfo do México em agosto de
2005. Este destruiu ou tornou inabitáveis
mais de 300.000 casas na região costeira do
Golfo, incluindo um grande número de edifícios aligeirados com estrutura de madeira,
que correspondem ao sistema de construção
corrente de edifícios unifamiliares, realizados
muitas vezes em regime de auto-construção.
Sem pôr em causa a extrema violência da
tempestade, a análise dos danos [4] infligidos
a estas casas e respetivos pormenores construtivos permitiria, no entanto, concluir que a
devastação se deveu em grande medida a defi-
O rasto de destruição deixado pelo Katrina
mostra que, mesmo após largos anos de experiência e dispondo de normas e regulamentos,
a falta de formação dos intervenientes, a falta
de controlo de qualidade, a negligência e a
desatenção aos pormenores podem implicar
graves riscos.
Se em sociedades onde uma limitada vida útil
das construções é aceitável, nomeadamente
pela grande mobilidade das famílias, desastres desta magnitude abalam a imagem da
construção em madeira, noutros países onde
as casas se pretendem como bens duradouros
a transmitir às gerações vindouras, acidentes
Uma questão de imagem
– o caso do Reino Unido
No Reino Unido, os sistemas industrializados de
construção de habitações unifamiliares com estrutura de madeira foram introduzidos gradualmente
a partir dos anos 20 do século passado, crescendo
significativamente a seguir à 2ª Grande Guerra. Porém, a evolução deste mercado nos últimos 30 anos
ilustra bem como uma situação aparentemente consolidada pode ser abalada quase instantaneamente
e com consequências desastrosas.
Com efeito, em 1982, cerca de 27% da habitação
no Reino Unido tinha estrutura de madeira. Uma
reportagem transmitida pela televisão em 1983,
que salientava a ocorrência de erros de execução
e deficiente comportamento em serviço, constituiu
um ato de publicidade muito adversa, ao veicular
um cenário muito negativo e graves preocupações
quanto à durabilidade das casas de madeira. Embora mostrando uma visão algo enviesada da realidade e preocupações em grande parte injustificadas,
como veio a ser verificado, essa reportagem abalou
a confiança do mercado e provocou uma queda
abrupta da quota das casas de madeira para cerca
de 6% nos anos subsequentes.
Esta reportagem, aliada ao abrandamento do mercado da habitação devido à recessão económica,
tiveram um impacto brutal no setor, com consequências duradouras.
Só próximo do virar do século o mercado conseguiu
finalmente mostrar sinais de recuperação. Estatísticas recentemente publicadas pela UK Timber
Frame Association [6] referem que a parcela de
casas com estrutura de madeira subiu de forma
consistente entre 1998 (com cerca de 8%) e 2008
(quando atingiu quase 25%).
Com a crise económica que se seguiu, verificouse uma quebra dessa tendência de crescimento,
estimando-se que as casas com estrutura de
madeira tenham tido uma quota de mercado de
25,4% do mercado total de habitação nova
no Reino Unido em 2012.
Prevê-se, ainda assim, que a percentagem
de casas de madeira venha a crescer
mais rapidamente do que de outros tipos
de construção, reagindo aos incentivos
para aumentar a eficiência energética e
a sustentabilidade.
Importa igualmente comprovar e evidenciar
a adequação das casas de madeira ao uso e a
sua conformidade com as exigências e normas
em vigor, recorrendo a sistemas de garantia de
qualidade adequados, para não comprometer a
imagem e assegurar o crescimento sustentado
do mercado das casas de madeira.
Referências
Nota final
Os dois exemplos referidos reforçam a
necessidade de apostar na formação
universitária no domínio da construção em
madeira, na formação técnica específica de
construtores e operários, na compilação e
disseminação de regras de pormenorização e construção adaptadas à realidade
nacional e numa maior oferta de materiais
e sistemas industrializados com qualidade
garantida, potenciando a disseminação e a
qualidade deste tipo de realizações.
Não chega, porém, fazer bem.
[1]The UK Timber frame Association. Market Report 2005. Disponível
em WWW <http://www.uktfa.com/download-documents/>. Consultado em abril 2013.
[2]Décret nº 2010-273 du 15 mars 2010 relatif à l’utilization du bois
dans certaines constructions. Journal officiel de la Republique
Française [Em linha]. Texte 2 sur 118 (17 mars 2010). Disponível
em WWW <URL:http://www.developpement-durable.gouv.fr/IMG/
pdf/decret_2010_273_bois.pdf>. Consultado em abril 2013.
[3] Cruz, Helena - Furacões e casas de madeira. Algumas razões para
a destruição causada pelo Katrina. Construção Magazine nº39.
Set-Out 2010.
[4] Gopu, Vijaya; Levitan, Marc.: Impact of Hurricane Katrina on wood
frame construction standards in the U.S. Gulf coast region. Proceedings World Conference of Timber Structures (WCTE 2010). Riva
del Garda, junho 2010.
[5]Levitan, M; Hill, C.: Residential wind damage in Hurricane Katrina
– Preliminary estimates and potential loss reduction through
improved building codes and construction practices. LSU Hurricane
Center. Outubro 2005.
[6]The UK Timber Frame Association. Market Report 2009, prepared by
Timbertrends, Issue 8, Out 2010. Disponível em WWW <URL:http://
www.forestryscotland.com/media/38870/2010_timbertrends_report_final[1].pdf>. Consultado em abril 2013.
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cm_45
46_47 acústica
Avaliação de Desempenho Acústico de Vãos de Fachada,
Incluindo Caixilharia, Caixas de Estores e Grelhas
de Ventilação
Diogo Mateus, Prof. Auxiliar do DEC/FCTUC, Dir. Técnico do Lab. CONTRARUIDO
O isolamento sonoro de uma fachada, com
paredes pesadas em alvenaria ou em betão
(simples ou duplas) de espessura total não
inferior a 20 cm, como acontece na generalidade dos edifícios do nosso parque habitacional,
depende sobretudo dos vãos, nomeadamente
do vidro, do caixilho, da caixa de estores e de
eventuais grelhas de ventilação (se existirem).
Se um destes elementos conferir um baixo
isolamento acústico, o isolamento global da
fachada pode ficar comprometido, uma vez que
o isolamento global depende sobretudo do isolamento do elemento mais fraco e da sua área.
Na sequência da última edição da coluna de
acústica (CM53), direcionada para situações
mais simples onde o isolamento de fachada é
condicionado pelos vidros e caixilhos, nesta
edição são analisadas as contribuições de outros elementos que também podem ser muito
condicionantes, como as caixas de estores e
as grelhas de ventilação.
A fórmula que permite calcular o isolamento
global de uma fachada, em função dos valores
de Rw conferidos pelos vários elementos que a
constituem é dada por:
D2m,nT, w ≈ Rw(global) + 10 x Log
Rw(global) = 10 Log
∑
V
6,25 x S x T0
∑S
i
i
Si 10 (–Rw,i /10)
quebras substanciais de isolamento, não só
através das faces da caixa, como também pela
tampa da caixa de estores, pela abertura da fita
de estores (quando é manual) e por eventuais
frinchas no contorno. Hoje em dia existe uma
tendência generalizada para utilização de
caixas de estores aligeiradas, por exemplo em
EPS ou XPS, com o argumento de serem mais
eficientes do ponto de vista térmico e acústico.
Em relação ao comportamento térmico não há
dúvidas, mas do ponto de vista acústico esta
afirmação é geralmente incorreta. Alguns
fabricantes chegam mesmo a apresentar
fichas técnicas com a indicação de índices de
isolamento Rw elevados, devendo na realidade
ser apresentado um outro parâmetro, o Dn,e,w.
Este último parâmetro é obtido também em
laboratório, mas através de procedimento
aplicável a elementos de construção de pequenas dimensões. De uma forma abreviada,
pode considerar-se que este parâmetro
representa o índice Rw global de uma parede
com 10 m2 que incorpora a caixa de estores
(ou outro elemento de pequena dimensão), e
que fora deste elemento a transmissão sonora
é nula, de acordo com a Eq. (2). Por exemplo, a
uma caixa de estores com uma área (vista de
alçado) de 0,20x1,50 m2 e com um índice Rw de
25 dB, corresponde um valor de Dn,e,w próximo
de 40 dB. Por vezes, os fabricantes indicam
este último valor como sendo o valor de Rw, o
que é totalmente errado.
Dn,e,w = Rw + 10 x Log (10 / Apequeno elemento)
(2)
As grelhas de ventilação natural, na fachada
de edifícios habitacionais, são ainda uma
solução pouco frequente, mas provavelmente
tenderão a aumentar, uma vez que cada mais
se opta por caixilharias muitos estanques,
acusticamente muito vantajosas, mas que
podem comprometer a ventilação natural
dos espaços, com consequências graves
para a qualidade do ar interior. As grelhas de
ventilação, em particular com mecanismos
de autorregulação, podem constituir uma so-
, com
(1)
i
em que D2m,nT,w é o índice de isolamento sonoro
padronizado da fachada, V é o volume do espaço, T0 é o tempo de reverberação de referência
(igual ao requisito T ou igual a 0,5, quando não
se aplica requisito T), S é a área total de fachada (igual a ∑ Si), Si é a área de cada elemento
de fachada i e Rw,i o índice de redução sonora
conferido pelo elemento i.
Do ponto de vista acústico, as caixas de estores são sobretudo relevantes (neste caso
de forma negativa) quando intersetam a
caixilharia (caixilharia a rematar na tampa da
caixa de estores) ou quando existem aberturas
para passagem da fita de comando do estore.
Nestes casos, a caixa de estores pode originar
46_cm
> Figura 1: Esquema de princípio do reforço de isolamento acústico (e térmico) de uma caixa de estores em betão armado.
> Figura 2: Esquema de princípio para entrada/saída de ar numa parede de fachada, com elevada atenuação sonora.
isolamento superiores em pelo 10 dB, as
quebras de isolamento provocadas por estes
elementos já seriam desprezáveis. A título
de exemplo, apresentam-se de seguida dois
esquemas de princípio para duas soluções
de elevado desempenho acústico: um para
uma caixa de estores em betão (Figura 1), que
poderá conduzir a valores de Rw próximos ou
superiores a 35 dB; e outro para uma grelha
de ventilação (Figura 2), que poderá conduzir
a Dn,e,w próximos ou superiores a 45 dB. No
caso das grelhas com atenuação sonora,
existem no mercado outras soluções aparentemente mais simples, aplicadas na própria
caixa de estores ou até mesmo diretamente
na caixilharia, mas normalmente o resultado
é substancialmente inferior, em especial
quando aplicado na caixilharia. Tal como no
caso das caixilharias, é essencial que os fabricantes passem a divulgar informação técnica
rigorosa, que os projetistas, neste caso de
acústica, possam utilizar nos seus cálculos
e nas suas decisões sobre as soluções a
propor.
PUB
lução interessante. Contudo, a generalidade
destas grelhas também apresentam valores
de Dn,e,w baixos, muitas vezes inferiores a 30
dB, que podem comprometer o isolamento
de fachada.
Considere-se o exemplo de uma fachada de
um quarto de 40 m 3 de volume, com uma
área de zona opaca de 7 m2 e com Rw (C;Ctr) =
50(–1;–3)dB, uma zona envidraçada (caixilho +
vidro) de 4 m2 e com Rw (C;Ctr) = 35(–1;–5)dB,
uma caixa de estores com cerca de 0,2x2,0 m2,
com Rw (C;Ctr) = 25(–1;–5)db e uma grelha
de ventilação com cerca de 0,1x0,1 m2 e com
Dn,e,w (C;Ctr) = 35(0;–1)dB. A forma eventualmente mais simples de resolver este problema
passa por converter todos os resultados em
Rw, através da Eq. (2), que neste caso, será
o equivalente a considerar a grelha com Rw
(C;Ctr) = 5(0;–1)dB e aplicar posteriormente a
Eq. (1), resultando um valor de Rw(global) = 32,8dB
e finalmente um valor de D2m,nT,w = 33,5dB, mas
que deve ser arredondado para baixo, ou seja,
para 33 dB. Da mesma forma, considerando a
soma de cada um dos valores parciais de Rw + C
ou Rw + Ctr, obtém-se D2m,nT,w + C = 33,0dB (arredondado para 33 dB) ou D2m,nT,w + Ctr = 30,2dB
(arredondado para 30 dB). Se não fossem
consideradas no cálculo as influências da caixa
de estores e da grelha de ventilação, o valor de
D2m,nT,w resultaria cerca de 6 dB superior, empolando substancialmente o resultado.
No caso do exemplo anterior, se a opção passasse por considerar uma caixa de estores
e uma grelha com os respetivos índices de
A SOLUÇÃO DE POUPANÇA ENERGÉTICA E CONFORTO EM EDIFÍCIOS
O SEU ISOLANTE TÉRMICO
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Tel: +351 256 579 670
E-mail: iber fibran@iber fibran.pt
48_49 sísmica
O risco sísmico na legislação
sobre reabilitação de edifícios
Mário Lopes, Professor Auxiliar – DECivil, Instituto Superior Técnico
As obras de reabilitação de edifícios em Portugal visam, em geral, melhorar as condições
estéticas, de habitabilidade e conforto, nos
casos em que estas se encontram degradadas.
As condições de segurança são por vezes alvo
de melhoria nos casos em que há risco de colapso local ou total devido a cargas verticais,
ou seja, quando há uma forte probabilidade de
esse colapso ocorrer no curto prazo. Quanto à
segurança face aos sismos, não há qualquer legislação que obrigue a que seja explicitamente
considerada. Em geral, a segurança sísmica só
é melhorada nos casos em que o dono-de-obra
o pretende explicitamente ou um dos intervenientes no processo atua e alerta os restantes
para o efeito, em particular os decisores. A
experiência recolhida junto de profissionais
de reconhecido mérito tem sido de que, em
geral, esta questão é ignorada, embora haja a
perceção de que as exceções se têm tornado
menos raras nos últimos anos.
Neste contexto, no caso geral, quando se “reabilitam” edifícios (escrevo entre aspas porque
me refiro à situação corrente de reabilitação
incompleta em que se melhora a estética,
habitabilidade e conforto mas a resistência
sísmica é desprezada) aumenta-se o risco
sísmico, porque se aumenta tanto o valor do
bem exposto ao sismo, como do número de potenciais vítimas por, em geral, contribuir para
aumentar o número de ocupantes dos edifícios.
No plano legal, como até agosto de 2012, a lei
era completamente omissa quanto à obrigação
de conferir resistência sísmica aos edifícios
em obras de reabilitação, pode afirmar-se que
nada disto era ilegal. No entanto, quando ocorrer o próximo sismo com potencial destrutivo,
muitas pessoas morrerão por causa destas
políticas e isto é feito com o conhecimento
dos políticos com responsabilidades na reabilitação urbana. Em particular desde o ano
2000, as autoridades foram sistematicamente
alertadas para o problema: desde janeiro de
2000 a Sociedade Portuguesa de Engenharia
Sísmica (SPES) encetou contactos e enviou
documentos escritos aos diversos Governos,
grupos parlamentares, Câmaras Municipais,
48_cm
ANMP, chamando a atenção para este problema
e propondo medidas concretas e viáveis para
o enfrentar.
Além disto, as instituições do Estado têm ao
seu dispor o conhecimento e capacidade técnica de instituições como o Laboratório Nacional
de Engenharia Civil, a Autoridade Nacional de
Proteção Civil e o Instituto Português do Mar
e da Atmosfera (ex Instituto de Meteorologia),
pelo que não podem alegar falta de informação
para se tentarem desresponsabilizar. Além do
mais, em 2010 a Assembleia da República aprovou por unanimidade a Resolução nº102/2010
(Diário da República, 1.ª série — N.º 155 — 11
de agosto de 2010) em que se recomenda ao
Governo um conjunto de medidas para reduzir
o risco sísmico em Portugal, nomeadamente
que:
6 — Assegure a obrigatoriedade de segurança estrutural anti-sísmica nos programas de reabilitação urbana existentes ou
a criar...
Ao aprovar esta Resolução, todos os partidos
políticos reconheceram que o Estado poderia
e deveria fazer muito mais do que faz para
reduzir o risco sísmico. Desde a aprovação
da Resolução até ao presente (maio de 2013)
nada de concreto foi feito para a aplicar. A
única decisão concreta no plano político foi a
aprovação da lei 32/2012, (Diário da República,
1.ª série — N.º 157 — 14 de agosto de 2012),
que no artº 51 diz:
Artigo 51.º
[...]
1 — A emissão da licença ou a admissão de
comunicação prévia de obras de reconstrução ou alteração de edifício inseridas no
âmbito de aplicação do presente decreto-lei
não podem ser recusadas com fundamento em normas legais ou regulamentares
supervenientes à construção originária,
desde que tais operações:
a) Não originem ou agravem a desconformidade com as normas em vigor; ou
b) Tenham como resultado a melhoria das
condições de segurança e de salubridade
da edificação; e
c) Observem as opções de construção adequadas à segurança estrutural e sísmica
do edifício.
No entanto, esta Lei, por si só, isto é, sem
regulamentação do que significa a palavra
“adequada” no contexto da Lei, não muda nada,
pois esta palavra pode ser interpretada como
se quiser. Ainda assim, abre a porta a que se
altere a atual situação se essa regulamentação for elaborada e aprovada na Assembleia
da República. Ou seja, a Lei 32/2012 cria uma
oportunidade.
Na sequência da aprovação desta Lei, em
outubro de 2012 o deputado do PSD António
Prôa contactou o autor deste artigo para pedir o apoio da SPES para a elaboração de um
Decreto-Lei que regulamentasse o reforço sísmico no âmbito da aplicação da Lei 32/2012.
Em junho de 2012, por iniciativa da Comissão
de especialização em Estruturas da Ordem
dos Engenheiros (OE), havia sido constituída
em conjunto com a SPES um Grupo de Trabalho para discutir precisamente a questão do
reforço sísmico dos edifícios antigos alvo
de reabilitação. A Ordem dos Engenheiros
Técnicos foi convidada e aderiu ao Grupo de
Trabalho, que ficou assim constituído por 13
representantes das 3 instituições, mais um
conjunto de 11 especialistas em investigação,
projetos e obras de reabilitação. Este Grupo
trabalhou e discutiu ao detalhe uma proposta
técnica para servir de base ao Decreto-Lei, culminando num Seminário que se realizou a 10 de
janeiro de 2013 no Instituto Superior Técnico
em Lisboa, e para o qual foram convidados o
Governo, todos os grupos parlamentares e
organismos públicos potencialmente ligados
a esta temática. Neste Seminário também se
discutiram os custos e a viabilidade económica
do reforço sísmico com base em casos reais.
Na sequência deste processo o documento
aprovado, que se transcreve em Anexo, foi
tornado público.
A comunidade científica, representada pela
SPES, a OE e outras entidades, tem trabalhado
ativamente e divulgado junto dos órgãos do
poder político propostas para a redução do risco
sísmico. É hora de terminar com a negligência e
ANEXO
Obras de reabilitação de edifícios correntes
A — Domínio de obrigatoriedade e grau de exigência
do reforço sísmico na reabilitação de edifícios.
Conceitos e critérios para servir de base à regulamentação
da Lei 32-2012, que procede à primeira alteração ao Decreto
-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, que estabelece o regime
jurídico da reabilitação urbana, e à 54.ª alteração ao Código
Civil, aprovando medidas destinadas a agilizar e a dinamizar a
reabilitação urbana.
PUB
1 — Nos elementos instruindo o pedido de licenciamento ou
de comunicação prévia numa situação de reabilitação urbana,
deverá obrigatoriamente ser incluído um relatório de avaliação
da vulnerabilidade sísmica do edifício sempre que se verifique
uma das seguintes condições:
i) a intervenção de reabilitação aumenta a área bruta de
construção;
ii) a intervenção de reabilitação altera a altura do edifício;
iii) a intervenção de reabilitação prevê a alteração do tipo de
uso do edifício;
iv) a intervenção de reabilitação inclui alterações na estrutura do edifício, exceto se for demonstrado pelo técnico
autor do projeto de estruturas que essas alterações
desprezo pela segurança das pessoas que tem
caracterizado as políticas de reabilitação de edifícios. Quanto mais tarde isso acontecer, mais
pessoas morrerão e maiores serão os prejuízos
quando ocorrer o próximo sismo destrutivo.
não interferem no comportamento sísmico do edifício;
v) a área a intervencionar, incluindo áreas de demolição e áreas
de ampliação, excede 25% da área bruta de construção do
edifício. No cálculo da área a intervencionar, à área de intervenção presente devem ser adicionadas as áreas relativas a
todas as intervenções realizadas nos 5 anos antecedentes;
vi) o custo da intervenção de reabilitação é superior a 25% do
custo de construção de raiz de um edifício equivalente ao
existente (considerando o preço por metro quadrado de
área de construção fixo por portaria em cada ano consoante
as zonas do País, para efeitos de cálculo da renda condicionada). No cálculo do custo da intervenção, ao custo da
intervenção presente devem ser adicionados os custos de
todas as intervenções realizadas nos 5 anos antecedentes.
2 — O relatório de avaliação da vulnerabilidade sísmica deve
estabelecer a capacidade resistente do edifício relativamente
à ação dos sismos em percentagem da capacidade resistente
que seria exigida para satisfação da ação sísmica regulamentar,
definida para o projeto de edifícios novos no mesmo local.
3 — Se o valor da capacidade resistente do edifício obtido na
avaliação de vulnerabilidade for inferior a 65% é obrigatório
proceder ao seu reforço sísmico, incluindo-o na intervenção de
reabilitação. O reforço sísmico do edifício deve assegurar, no
mínimo, uma capacidade resistente à ação dos sismos correspondente a 75% da ação sísmica regulamentar no local.
50_52 notícias
a iberfibran (grupo fibran) disponibiliza
desde maio objetos bim para o fibranxps
A Iberfibran lançou quatro produtos FIBRANxps (isolamento térmico em poliestireno
extrudido) como objetos BIM (Building Information Modeling. A gama de quatro produtos
FIBRANxps passou a estar disponível através
de um conjunto completo de bibliotecas,
cobrindo as principais necessidades de isolamento dos edifícios. Estas bibliotecas estão
disponíveis em Revit e ArchiCAD.
Na unidade industrial em Ovar a Iberfibran
produz uma gama de produtos que permite
isolar termicamente um edifício em toda a sua
envolvente opaca. Produtos específicos para
aplicar em coberturas, paredes, elementos
enterrados e pavimentos são produzidos com
características de elevado desempenho, qualidade e de acordo com as normas europeias
permitindo construir edifícios de alta eficiência
energética e até mesmo edifícios NZEB (Nearly
Zero Energy Building). Estes produtos estão
agora disponíveis na biblioteca BIM.
”A Iberfibran iniciou este projeto com a BIMob-
ject® para disponibilizar uma ferramenta fácil
e acessível que permitirá aos engenheiros, arquitetos e designers de todo o mundo desenvolver os seus projetos de isolamento. Cremos que
esta colaboração tornará mais fácil o processo
de projetar edifícios de elevado desempenho
térmico e eficiência energética. Por outro
lado, desta forma os nossos produtos estão
disponíveis em qualquer parte do mundo, o que
na nossa estratégia de internacionalização é
muito positivo. Também sabemos que para
atingir o sucesso temos que continuar a antecipar as necessidades dos nossos clientes, e
os projetistas são os nossos primeiros clientes
no processo da promoção e venda do nosso
isolamento FIBRANxps”, afirma Vera Silva,
Gestora de Produto & Marketing da Iberfibran.
A Iberfibran afirma-se sempre atenta às necessidades e desenvolvimentos do mercado,
querendo manter-se inovadora, ousada e a
par das necessidades dos seus clientes e das
tendências de mercado, dando-lhes resposta
com produtos e soluções de qualidade.
http://bimobject.com
unir estruturas de madeira com fita adesiva
Um grupo de investigadores do Instituto Fraunhofer de Pesquisa de Estruturas de Madeira
criou uma ligação estrutural para construções
deste tipo, onde os elementos de ligação metálicos ou o recurso a colas estruturais são
substituídos por fita adesiva.
A pesquisa, divulgada no portal EngenhariaCivil.
com, foi feita em parceria com o Instituto de
Ligações e Soldadura da Universidade Técnica
de Braunschweig, na Alemanha e teve como
principal objetivo obter um dispositivo que não
tivesse os inconvenientes das ligações pregadas e aparafusadas e que se adequasse à indústria da pré-fabricação de edifícios de madeira,
50_cm
permitindo a máxima flexibilidade na conceção
e dimensionamento dos componentes.
Por outro lado, apesar das ligações coladas
com colas estruturais fluidas serem o standard
da indústria, estas necessitam de períodos de
espera consideráveis para que se dê o endurecimento da ligação.
O novo adesivo estrutural é constituído por
uma lâmina metálica revestida com uma
substância aderente em ambos os lados.
Durante o processo de ligação, o adesivo é
colocado entre os elementos a unir e a lâmina
metálica é aquecida por intermédio de uma
corrente elétrica, o que origina a liquefação da
substância aderente e a penetração da mesma
na madeira. A corrente é então desligada, o
que determina um endurecimento rápido e a
conclusão do processo.
Atualmente o endurecimento demora menos
de um minuto, mas os investigadores pretendem diminuir este intervalo de tempo para
breves segundos, para que este tipo de ligação
se torne ainda mais eficaz. Para isso, diversos
tipos de metais e colas estão a ser ensaiados,
para permitir que a ligação possua a resistência mecânica e durabilidade necessárias
para uso na união de elementos estruturais
de edifícios.
www.wki.fraunhofer.de/en.html
apelo à recicprocidade de abertura dos mercados
na conferência changes in civil engineering
O presidente da AECOPS, citado pelo portal
da Ordem dos Engenheiros, alertou para a
necessidade de a Europa “acordar e tomar uma
atitude” face ao crescente protecionismo de
alguns mercados.
A conferência integrou o programa da 57ª
Assembleia Geral do European Council of Civil
Engineers (ECCE), organizada pela Ordem dos
Engenheiros de Portugal entre 30 de maio e
1 de junho.
Fernando Branco, presidente do ECCE, defendeu que a evolução da Engenharia Civil está
diretamente dependente do investimento, da
inovação e da internacionalização. Já Ricardo
Gomes, presidente do AECOPS, chamou a atenção para o protecionismo de alguns mercados
e para a necessidade de a Europa tomar uma
posição em relação a isso. Sem apelar ao prote-
mestrado em
construção e
reabilitação do ist
O Depar tamento de Engenharia Civil,
Arquitetura e Georrecursos do Instituto
Superior Técnico vai lançar, neste ano
letivo de 2013/14, a 4ª edição do curso de
“Mestrado em Construção e Reabilitação”.
Trata-se de um curso de 2º ciclo de Bolonha
vocacionado para Engenheiros e Arquitetos que possuam já cinco anos de formação
superior. As candidaturas decorrem de 9 de
julho a 16 de agosto de 2013.
www.ist.utl.pt
cionismo, o responsável pediu “reciprocidade
de abertura dos mercados”. Ricardo Gomes
elogiou também o sucesso da internacionalização das empresas de construção portuguesas
e da sua presença em países como Angola,
Moçambique ou Venezuela.
Armando Rito, por seu turno, apresentou a sua
experiência ao nível de projeto de obras de arte,
em Portugal, e, mais recentemente, em África,
destacando a importância de adaptar o projeto
e os métodos construtivos às condições de
cada local. O especialista em Estruturas afirmou tentar “sempre transferir conhecimento
para que os países de destino possam vir
a ser autossuficientes e os laboratórios se
desenvolvam”.
Takehiko Ono, Presidente da Japan Society of
Civil Engineers foi convidado a testemunhar as
© ordem dos engenheiros
lições aprendidas pelo seu país após o grande
sismo de 2011 e apresentar as atividades mais
recentes daquela entidade.
O propósito da sessão foi debater aspetos
relacionados com a internacionalização e a
inovação na Engenharia Civil, proporcionando
uma visão europeia da atual situação do setor
e dos mercados atuais com maior capacidade
de atração da indústria da construção, de que
são exemplo alguns países africanos e da
América Latina.
O projeto incorpora soluções Saint-Gobain Weber para paredes, correção acústica e isolamento
térmico pelo exterior. O projeto da Escola Secundária Braamcamp Freire, na Pontinha, do atelier
Cristina Veríssimo e Diogo Burnay Arquitectos (CVDB), conquistou o Wan Award 2013, na categoria de Educação. Estes prémios são organizados pela publicação internacional dedicada à
arquitetura World Architecture News, e distinguem projetos nas áreas da Educação, Saúde,
Comunidade, Transportes, Comercial, Retalho, Residencial e Interiores & Design. O concurso,
que recebeu 82 projetos de todo o mundo nesta área, tinha desafiado os arquitetos a apresentar
propostas que se ajustassem à atual conjuntura económica.
Na decisão pesou a “harmonia criada a partir do projeto anterior para o novo design”, e a “simplicidade e robustez” da construção final. Além disso, o baixo custo de construção foi apontando
também como uma das mais-valias do projeto.
Para conseguir esse orçamento reduzido, os arquitetos apostaram em materiais que dispensam
acabamentos. Por exemplo, foram usadas paredes em betão à vista e blocos acústicos Soundconfort de betão leve em argila expandida Leca®, fornecidos pela empresa Previcon, que não
precisaram de mais acabamento. Em alguns espaços os blocos Soundconfort foram pintados
de cores vivas, fator realçado pelo júri do concurso como uso inteligente da cor. Para além das
infra-estruturas estarem à vista, são resistentes e de fácil manutenção, sublinhou o arquiteto.
A Saint-Gobain Weber forneceu ainda a solução para isolamento térmico pelo exterior, soluções
para colagem e betumação de cerâmica e sistemas de enchimento leve com agregados de argila
expandia Leca® nos pisos.
www.weber.com.pt
cm_51
notícias
universidade de aveiro estuda efeitos dos sismos em edifícios de adobe
Após dez anos de estudo da matéria, o Departamento de Engenharia Civil da UA disponibiliza dados que permitem desenvolver técnicas
para minimizar estragos.
Os dados da UA estão agora disponíveis à
comunidade técnica e às autarquias, para que
possam desenvolver as ações de reabilitação
mais apropriadas.
Os mais recentes testes de simulação sísmica, efetuados numa pequena habitação
construída com estas características no
próprio laboratório da UA, permitiram aos
investigadores avaliar o comportamento das
várias paredes do edifício em pleno terramoto. Deslocamentos do edifício, fissuras na
estrutura e a evolução dos danos ao longo do
abalo provocado por braços hidráulicos até
ao colapso da habitação deram à equipa de
investigadores os dados necessários para
calibrar modelos numéricos que vão simular
virtualmente o comportamento num cenário
sísmico de qualquer edifício real construído
em adobe, um material muito usado nas construções em Portugal.
O objetivo do fornecimento destes dados
passa por identificar as intervenções de reforço estrutural que minimizem o impacto de
um possível sismo e também perceber qual
a melhor forma de recuperar e reforçar as
estruturas caso o abalo aconteça.
Humberto Varum, coordenador do estudo, salienta que, até agora, muitas intervenções de
reabilitação dos edifícios “tinham uma abordagem inadequada por falta de informação sobre
o comportamento das estruturas de adobe”. O
especialista na área de reabilitação sísmica do
Departamento de engenharia Civil acrescenta
já terem sido feitas inúmeras intervenções
excessivamente intrusivas e as demolições
de edifícios emblemáticos que poderiam ter
sido evitadas com as técnicas de reabilitação
estudadas pela equipa de investigação da UA.
Todas as técnicas passam pela melhoria das
propriedades das próprias paredes e/ou da
forma como interagem no conjunto. Embeber
na argamassa de reboco uma malha de reforço
para dar ao material uma boa resistência em
tração e corte e melhorar o comportamento
do conjunto dos elementos que compõe a
estrutura são algumas das soluções que o
Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro tem estudado com sucesso.
O investigador alerta que cerca de um terço da
população mundial vive em habitações feitas
de terra, e acrescenta que “não tem havido
um movimento forte que nos leve a avaliar
com mais rigor a vulnerabilidade sísmica à
escala global de forma a promover a melhoria
das condições de segurança das construções
de adobe”.
www.uaonline.ua.pt
sbtool: uma ferramenta para avaliar a sustentabilidade dos edifícios
As avaliações incluem condições climáticas,
geomorfologia na zona de construção, materiais (incluindo disponibilidade local), utilização de tecnologias sustentáveis e aspetos
culturais.
A criação de metodologias para avaliar a
sustentabilidade ambiental de edifícios não
é nova. Os exemplos mais conhecidos são a
ferramenta LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design), desenvolvida nos EUA
mas usada a nível global, e o BREEAM (Building Research Establishment Environmental
Assessment Method), a ferramenta usada no
Reino Unido.
O SBTool foi criado pela International Initiative
for a Sustainable Built Environment, uma
organização canadiana sem fins lucrativos. Esta metodologia distingue-se por ser
adaptável a situações locais, tendo, aliás,
52_cm
influenciado o desenvolvimento de standards
em Portugal, Estpanha, República Checa e
Itália. Na República Checa, a Universidade
Técnica de Praga desenvolveu uma versão
adaptada aos requisitos do país. O resultado
do trabalho, iniciado em 2005, está disponível
no mercado desde 2010.
Num documento sobre o SBTool feito para a
conferência CESB (Central European Towards
Sustainable Building), realçou-se o facto de
não se tratar apenas de uma metodologia
de avaliação, podendo também influenciar o
design dos edifícios. A ferramenta possibilita
avaliar os edifícios através de parâmetros
que ultrapassam as questões da energia e do
abastecimento de água.
Este instrumento pode ser usado para atribuir
uma classificação a um projeto tendo por base
uma série de indicadores e benchmarks. Os
edifícios são avaliados de acordo com características sociais, económicas e ambientais.
Além disso, a avaliação pode ser feita tendo em
conta a localização do edifício e os arredores.
O resultado final poderá ser um certificado de
ouro, prata ou bronze.
De acordo com Martin Vonka, da Faculdade de
Engenharia Civil da Universidade Técnica de
Praga, a SBToolCZ (versão checa) foi já utilizada
em cerca de 20 edifícios residenciais.
www.ec.europa.eu · www.sbtool-pt.eu
53_54 mercado
nova calha de chão okb da obo bettermann
O sistema de calhas de chão OKB permite,
segundo a empresa, fornecer energia e dados
de forma quase impercetível. Todos os componentes técnicos estão escondidos na calha,
sendo que os cabos podem ser conduzidos
para fora em qualquer ponto. Quando montado, apenas a parede lateral do sistema é visível, lembrando uma junta de perfil metálica.
A empresa assegura, também, que o sistema
se ajusta na perfeição às necessidades do
espaço. Trata-se de um produto concebido
para salas privadas luxuosas, escritórios e
zonas de exposições.
A saída em escova da calha possibilita a introdução de cabos em qualquer zona do sistema,
permitindo a combinação com outras soluções
OBO, como a alimentação de uma secretária
que se situe livremente num escritório.
www.obo-bettermann.com/pt
sistema de isolamento térmico cin-k
A CIN desenvolveu o CIN-k, um sistema de isolamento térmico que, segundo a empresa, se
caracteriza pela sua elevada performance na
proteção do ambiente, pelo facto de melhorar
o desempenho energético dos edifícios.
CIN-k protege as fachadas dos edifícios,
tornando-as mais resistentes às agressões atmosféricas e, acima de tudo, tornando os edifícios termicamente mais eficientes, sejam eles
novos ou prontos a ser requalificados. Este
sistema de isolamento térmico é constituído
por uma placa de isolante térmico, argamassa
de fixação e regularização, rede que funciona
como armadura do sistema, acabamentos e
acessórios diversos.
CIN-k permite, segundo a empresa, uma maior
economia na conta da energia, uma redução
significativa do aparecimento de humidade e
bolor no interior dos edifícios, uma menor deterioração das paredes e a manutenção média
das temperaturas interiores durante todo o ano.
Disponível num leque variado de revestimen-
tos, garante uma maior eficiência energética
dos edifícios, sem descurar, no entanto, os
aspetos estéticos, através dos acabamentos
decorativos CARSO e ERALIT. A empresa garante, também, que o produto cumpre com as
mais exigentes normas legais de certificação
energética dos edifícios, com evidentes vantagens do ponto de vista económico e ambiental.
Em 2012, CIN-k foi homologado pelo LNEC
(Laboratório Nacional de Engenharia Civil) pela
vertente ambiental, já que permite poupar até
30% de energia, contribuindo para a redução
do efeito de estufa.
www.cin.pt
painéis hpfl distribuídos pela jular
www.jular.pt
Os painéis HPFL (high pressure fibreboard laminate), da marca SwissCDF, são a mais recente
novidade da gama de produtos Jular.
Estes painéis são fabricados com fibras de madeira e compostos por um núcleo integralmente
negro. a sua composição pode incluir até três níveis de revestimento, existindo a possibilidade
de integrar diferentes cores entre as várias camadas. De acordo com a Jular, os painéis têm
uma elevada resistência à humidade e ao choque, são de fácil manutenção e possuem certificação FSC e PEFC. A Jular, importador exclusivo para Portugal, garante a elevada resistência
mecânica do produto. Tem uma forma estável, fácil de trabalhar e manusear. De acordo com
a Jular, o produto apresenta também elevada resistência ao impacto e ao choque, bem como
à humidade e riscos.
Estão disponíveis em mais de 240 padrões e cores sólidas, podendo ser aplicados em mobiliário, espaços comerciais, hotelaria, clínicas, balneários e equipamentos infantis.
cm_53
mercado
bases de duche ao nível de pavimento com schlüter®-kerdi-line
A Schlüter-Systems criou com Schlüter®-KERDI-LINE uma solução completa e inteligente para
bases de duche ao nível do pavimento, com escoamento em linha. No seu desenvolvimento,
apresenta agora Schlüter®-KERDI-LINE-F para permitir uma baixa altura de construção com
apenas 60mm.
Como todas as soluções para bases de duche ao nível do pavimento com escoamento em linha,
da gama de produtos, também Schlüter®-KERDI-LINE-F se apresenta como um set completo. A
novidade neste sistema é a evacuação frontal da água desde o canal de descarga. Esta nova solução pode-se instalar tanto ao centro, como no perímetro e, pela sua baixa altura de construção
de apenas 60mm, é especialmente adequado para projectos de reabilitação e de regeneração
ou modernização.
Para garantir uma ligação segura à impermeabilização, tem incorporada uma banda de Schlüter®KERDI, que está fixa ao canal de escoamento. O canal pode-se combinar com todas as grelhas de
acabamento da gama KERDI-LINE. A lâmina de desacoplamento Schlüter®-DITRA 25, que também
faz parte do sistema, evita a transmissão de tensões e de fissuras da betonilha à cerâmica.
Outro complemento importante na gama é Schlüter®-KERDI-LINE-FC. Este elemento em aço
inoxidável serve para a ligação dos marcos de grelha, para a instalação em série de vários canais
KERDI-LINE.
www.schluter.pt
martelos perfuradores silenciosos
para pedreiras de pedras calcárias
No sentido de satisfazer as preocupações locais com os níveis de ruído em torno do Parque
Natural da Serra da Serra de Aire e Candeeiros,
a Atlas Copco está a disponibilizar às pedreiras
os modelos BBC 34 DSI.
Estes equipamentos oferecem o mesmo desempenho que martelos perfuradores hidráulicos
BBD 94 DSI, anteriormente usados, mas o seu
nível de ruído é 5 dB(A) inferior.
As pedreiras de pedra calcária da zona do Parque
Natural trabalhavam com martelos perfuradores portáteis da Atlas Copco. Com o passar
do tempo, e à medida que as exigências de
produção aumentaram e surgiu a necessidade
de mais mecanização, a introdução da coluna
de perfuração levou à utilização alargada do
martelo perfurador pneumático BBD 94 DSI.
Algumas das pedreiras do parque natural estão
situadas nas proximidades de áreas urbanas,
pelo que os proprietários estavam preocupados
54_cm
com a possibilidade de queixas dos residentes
acerca dos níveis de ruído das perfurações poderem ameaçar as suas licenças de exploração,
segundo um comunicado da empresa. A pressão
ambiental na área constata-se pelo facto de,
“apesar de terem sido emitidas inicialmente
120 licenças de exploração, existirem apenas
40 pedreiras em funcionamento”, prossegue o
comunicado de imprensa.
A Atlas Copco iniciou, então, uma parceria com
um distribuidor local, a DRCP - Ferramentas e
Equipamentos Lda., que efetuou testes de campo utilizando o BBC 34 DSI como uma alternativa
às máquinas BBD 94 DSI.
“Os testes de campo demonstraram que o
modelo BBC 34 DSI oferece a mesma taxa de
penetração elevada do modelo BBD 94 DSI, mas
com uma redução do nível de ruído de cerca de
5 dB(A), e esta redução é experimentada pelo
ouvido humano como um nível de ruído 50 por
cento menor,” explica
Torres Marques, Diretor da linha comercial
da Atlas Copco Portugal.
O martelo perfurador
pneumático BBC 34
DSI possui um diâmetro de pistão de 80
mm, um curso de 70
mm e um poderoso
roquete, segundo a
empresa.
O largo diâmetro do pistão permite que mantenha uma elevada eficiência mesmo com uma
baixa pressão do ar e os intervalos de manutenção são mais longos do que os do modelo
BBD 94 DSI.
www.atlascopco.pt
projeto pessoal
Rui Simões
Engenheiro Civil e Professor na U.Coimbra
bi
Nasceu em Coimbra, em outubro de 1966. Depois de completar o ensino
secundário, na Escola Secundária Avelar Brotero - Coimbra, ingressou
no curso de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, curso que
desde muito cedo quis seguir. Concluiu a licenciatura em Engenharia
Civil no Departamento de Engenharia Civil da FCTUC em 1990. Na
mesma instituição concluiu o mestrado em estruturas em 1995 e o
doutoramento em mecânica das estruturas e dos materiais em 2000.
Desde outubro de 2000 desempenha o cargo de professor auxiliar
no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra,
estando ligado à docência de diversas disciplinas da área das estruturas
metálicas e mistas, no mestrado integrado em engenharia civil, no
mestrado em construção metálica e mista e no mestrado europeu em
construção metálica sustentável (SUSCOS).
Autor do livro “Manual de dimensionamento de estruturas metálicas”
editado pela CMM, e coautor do livro “Design of Steel Structures” editado
pelo ECCS.
Membro do centro de investigação ISISE – Institute for Sustainability
and Innovation in Structural Engineering. É ainda membro da comissão
técnica CT-182 do IPQ para tradução e implementação da norma EN 1090
em Portugal e do TC9 – Execution of Steel Structures do ECCS.
Atualmente, é presidente da ACIV – Associação para o Desenvolvimento
de Engenharia Civil.
É membro especialista em estruturas da ordem dos engenheiros.
sonho de criança
Que as sociedades sejam mais justas e solidárias, e que os líderes
mundiais atuem de forma a colocar o bem estar comum à frente dos
interesses individuais.
o seu maior desafio
Continuar a pautar a vida pelo equilíbrio, conciliando a atividade profissional
com a vida familiar, com os amigos e com o tempo para o lazer.
um engenheiro civil de referência
Não indica um engenheiro civil de referência, pois reconhece muitos nas
mais diversas áreas da engenharia civil. A nível nacional, na área das
estruturas, destaca o Engenheiro António Reis pelos seus projetos de
pontes e outras estruturas especiais e também pela sua contribuição
para o ensino da engenharia. Destaca ainda o Engenheiro Tiago Abecasis,
atualmente um dos mais conceituados projetistas portugueses de
estruturas metálicas e mistas.
obras de engenharia de referência
uma aposta no futuro
Contribuir para o desenvolvimento da investigação científica na área das
estruturas metálicas e mistas e para a transmissão de conhecimentos às
gerações futuras. Um engenheiro, à semelhança de outros profissionais,
não deve apenas desenvolver competências próprias, mas também ter
a preocupação de as transmitir às gerações futuras; como professor
universitário considera-se numa posição privilegiada para seguir este
princípio.
hobby favorito
Ouvir música e praticar desporto.
dos projetos mais desafiantes, seleciona
Na carreira de investigador os desafios são constantes. Atualmente
encontra-se envolvido num projeto de investigação europeu que
tem como objetivo a otimização da construção de edifícios modulares
até 8 andares, construídos de cima para baixo, de forma que durante
a construção a zona de trabalho fique protegida das intempéries.
Na vertente de projeto destaca a conceção de um conjunto de
estruturas metálicas com cerca de 80 m de comprimento
para servir de abrigo e de apoio à construção de fornos coque na
Alemanha. O maior desafio foi conceber uma estrutura que permitisse
facilmente acomodar diversas formas estruturais, desde a fase
de abrigo e apoio à construção dos fornos, passando pela fase de
aquecimento, até à desmontagem e reconstrução noutro local, e
ainda respeitar um conjunto bastante exigente de condicionantes
locais, como seja a pré-definição dos pontos de apoio e os valores
limites e direções admissíveis das reações.
Para ser de referência terá de dar resposta a condicionantes desafiantes
ou complexos, ser concebida de forma a verificar todos os requisitos de
segurança e funcionais, ser executada pelo mais baixo custo possível,
ser bonita e acima de tudo ser útil para as populações que serve, durante
o período de vida útil. Poderia indicar uma obra, mas para não ser injusto
com outras, deixa apenas a sua definição de obra de referência.
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eventos
ix congresso de construção metálica e mista
e i congresso luso-brasileiro de construção
metálica sustentável
Com o IX Congresso de Construção Metálica e Mista, a CMM
pretende divulgar as mais recentes inovações no âmbito
deste tipo de construção, dar a conhecer as principais orientações da investigação neste campo e difundir as principais
inovações com o objetivo de promover as potencialidades
da construção metálica e mista.
Este ano o IX Congresso de Construção Metálica e Mista será
realizado conjuntamente com o I Congresso Luso-Brasileiro
de Construção Metálica Sustentável. A CMM espera que a
realização conjunta destes dois Congressos proporcione
um acréscimo do número de participantes bem como do
interesse dos temas a abordar, nomeadamente os que
envolvem as soluções arquitetónicas que o aço possibilita.
Os congressos serão, também, um local privilegiado para o intercâmbio de ideias e experiências
entre os vários intervenientes na concretização dos empreendimentos representativos deste
setor de construção (donos de obra, projetistas, construtores, etc.).
Dando relevo a obras cuja identidade está indelevelmente marcada pela conceção arquitetónica e à associação do aço estrutural com materiais de revestimento, nomeadamente o vidro,
procurou-se alargar o leque de participantes aos projetistas de arquitetura.
www.cmm.pt/congresso
Os principais focos desta edição da Concreta são a Internacionalização, a Regeneração Urbana e Sustentabilidade e ID&I.
A organização tenciona reforçar o aspeto da Internacionalização ao convidar
compradores de mercados estrangeiros,
enfatizar a construção sustentável e alargar o âmbito do evento para a regeneração
urbana e gestão de cidades inteligentes.
A lista de expositores cobre os domínios
da Arquitetura de Interiores, rochas
ornamentais, iluminação, eletricidade,
domótica, robótica, isolamento, madeiras
e derivados, restauração e requalificação,
entre muitos outros.
O recinto da Feira estará aberto das 10h
às 19h entre os dias 23 e 25 para os profissionais e no dia 26, no mesmo horário,
para o público.
www.concreta.exponor.pt
calendário de eventos
Wastes 2013
Resíduos: soluções, tratamentos
e oportunidades
11 a 13 de setembro 2013
Braga
Portugal Wastes 2013
www.wastes2013.org
Concreta 2013
Feira internacional de regeneração
urbana sustentável
23 a 26 de outubro 2013
Porto
Portugal Concreta
www.concreta.exponor.pt
ISCE2013
“Internacional Steel Construction
Exhibition”
23 a 26 de outubro 2013
Porto
Portugal CMM
www.cmm.pt/isce2013
IX Congresso cmm e
Construção metálica e mista
I Congresso LUSO-BRAS.
24 e 25 de outubro 2013
Porto
Portugal
CMM
www.cmm.pt/congresso
Projekta 2013
24 a 27 de outubro 2013
Luanda Angola
Projekta
www.verangola.net/Eventos/Projekta-2013
19 a 21 de novembro 2013
Barcelona
Espanha
Smart Cities
www.smartcityexpo.com
Feira de construção civil, obras públicas, urbanismo e arquitetura
Congresso Mundial Cidades inteligentes
Smart Cities As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
56_cm
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PROJECTO, FISCALIZAÇÃO
E CONSULTORIA NAS
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ACTUALMENTE
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