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AQUARIOFILIA NO BRASIL - IDENTIFICAÇÃO DOS AQUARIOFILISTAS
E AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE (1)
Danilo Araujo Soares Pereira(2), Marco Aurélio Alves de Souza(3)
(1)
Trabalho executado na Universidade Federal do Pampa, pelo Curso Superior de Tecnologia em Aquicultura;
Discente do Curso Superior de Tecnologia em Aquicultura; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, RS;
[email protected];
(4)
Orientador e docente do Curso Superior de Tecnologia em Aquicultura; Universidade Federal do Pampa;
(2)
RESUMO: A aquariofilia tem tomado cada vez mais espaço no cenário mundial, podendo ser empregada como
ferramenta didática de ensino e corroborar diretamente com esforços de preservação de recursos naturais além de
apresentar um enorme potencial econômico. Desta forma, este trabalho piloto teve como objetivo identificar as principais
características da aquariofilia e o perfil socioeconômico de seus praticantes através de aplicações de questionários via
mídias sociais. Resultados preliminares demonstraram predominância por indivíduos do sexo masculino, com idade
entre 20-40 anos, residentes em capitais e regiões metropolitanas. Todos mantinham ao mesmo tempo espécies nativas
e exóticas, havendo uma enorme diferença quanto aos tamanhos, aparências, hábitos e outras características dos
animais citados. A grande maioria destacou buscar informações via internet em sites, fóruns e redes sociais. A escassez
e os preços altos de algumas espécies e recursos específicos foram ressaltados como principais entraves para prática
da aquariofilia. O trabalho piloto auxiliou na execução efetiva do trabalho pretendido. Conclui-se que pesquisas que
visem desmistificar as principais características da aquariofilia e o perfil de seus praticantes são de suma importância
para o desenvolvimento pleno da atividade.
Palavras-Chave: Aquário, Aquarismo, Peixes Ornamentais, Socioeconômico.
INTRODUÇÃO
A criação de organismos aquáticos para fins ornamentais se destaca como uma das vertentes mais
promissoras da Aquicultura, cuja difusão ocorre através do uso de aquários na mantença, criação,
reprodução e até mesmo a comercialização de espécies aquáticas, empregando a atividade o termo de
“Aquariofilia” conforme o Ministério da Pesca e Aquicultura (2014) conceitua. Conhecida tradicionalmente
pelo seu uso como hobby para fins de ilustrativos, decorativos e de entretenimento, a atividade pode ainda
ser empregada como ferramenta didática de ensino e corroborar diretamente com esforços de preservação
de recursos naturais, ecossistemas aquáticos, espécies nativas (ALVES et al, 2007; PEREIRA et al, 2014) e
até mesmo corroborar com esforços na proteção de espécies ameaçadas (SEIDEL, 1996), além de
apresentar um enorme potencial econômico.
Apesar de alguns meios de comunicações ressaltarem que peixes ornamentais estão em segundo
lugar na preferência por animais de estimação no Brasil (OLIVEIRA, 2015), pouco se sabe sobre a
aquariofilia no Brasil e o perfil do público consumidor de organismos aquáticos. Tal carência de informações
torna subjetiva a escolhas de linhas de pesquisas na aquicultura ornamental e até mesmo dificultam
possibilidades de novos investimentos no mercado, uma vez que não se sabe o real interesse do público
alvo pretendido. Entretanto, nota-se nos dias atuais uma crescente convergência de praticantes da
aquariofilia em diversos grupos existentes redes sociais na internet, como o Facebook, tornando tal meio de
comunicação uma alternativa potencial como ferramenta de estudo dos atores envolvidos nesta atividade.
Desta forma, o projeto tem como objetivo identificar socioeconomicamente os consumidores do
mercado de organismos aquáticos ornamentais e as características a cerca da Aquariofilia através do
emprego de questionários via internet.
METODOLOGIA
O trabalho preliminar foi executado por meio de questionários utilizando a ferramenta Formulários
Google do sistema Google Docs. O formulário foi disponibilizado através de links para membros de diversos
grupos relacionados à Aquariofilia na rede social virtual Facebook,
A fim de se obter dados para análises socioeconômicas, foram executadas cerca de dez perguntas
objetivando-se a identificação dos indivíduos, buscando características como idade, gênero, naturalidade,
localização, moradia e habitação, nível de instrução, situação profissional e renda. Foram executadas cerca
de vinte perguntas buscando obter dados concisos a respeito da prática individual da aquariofilia,
objetivando-se o conhecimento referente à quantidade, volume e tipo de montagem de aquários mantidos,
equipamentos utilizados, frequência de manutenções e análises de água, principais espécies de organismos
aquáticos e semiaquáticos criados e procurados, meio de obtenção de organismos, obtenção e produção
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
própria de equipamentos, principais gastos, locais revisados na busca de informações, entraves na
atividade, além de outras opiniões pessoais a cerca da área.
Os questionários foram submetidos à análise de dados através do programa Microsoft Office Excel
2010, onde se obteve resultados percentuais referentes a cada questão empregada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se uma grande quantia de grupos e páginas relacionadas à aquariofilia no Facebook de
diferentes proporções, indo desde pequenos grupos regionais com menos de cem participantes, até locais
de grande abrangência, chegando próximo a um total vinte mil membros. Os resultados parciais foram
subdivididos em “Análise Socioeconômica” e “Características quanto à prática da Aquariofolia”.
a. Análise Socioeconômica: Houve um número maior dos atores envolvidos com idade entre 30 a 40 anos,
com predominância de aquariofilistas do sexo masculino, resultados semelhantes ao encontrado por
JUNIOR (2004) em seu estudo sobre infecções cutâneas e acidentes por animais traumatizantes e
venenosos ocorridos em aquários comerciais e domésticos no Brasil. A maioria dos envolvidos já estiveram
em uma instituição de ensino de nível superior e estão empregados de carteira assinada com uma renda
próxima ou superior a quatro salários mínimos.
b. Características quanto à prática da Aquariofilia: Todos os indivíduos abordados possuíam mais de um
aquário, utilizando sistemas de iluminação, filtragem e aquecimento em suas montagens. Notou-se
unanimemente que os entrevistados mantinham espécies nativas e exóticas em cativeiro, havendo uma
enorme diferença quanto a aparência destes, indo desde pequenos invertebrados como o camarão Red
Cherry (Neocaridina davidi), que possui máximo de dois 2,5 cm (BARBIE, 2010), até predadores de grande
porte como o Pintado (Pseudoplatystoma corruscans), que pode alcançar incríveis 100 kg conforme a
Fishbase (2015). Poucos destacaram reproduzir animais em cativeiro. A grande parte dos envolvidos relatou
já ter realizado a produção própria de equipamentos, além de realizar constantemente compras via internet
e executar trocas com outros aquariofilistas. A busca de informações via internet, em fóruns e redes sociais
se destacaram entre as ferramentas de pesquisa a respeito da aquariofilia e organismos ornamentais pelos
entrevistados, seguida pela consulta de literaturas científicas. A escassez e o preço alto de algumas
espécies e recursos foram citados como um dos principais entraves para a prática da aquariofilia.
CONCLUSÕES
O trabalho piloto corroborou de forma efetiva na elaboração dos formulários e na obtenção de dados,
auxiliando na execução plena do trabalho pretendido.
Conclui-se que pesquisas que visem desmistificar as principais características da aquariofilia e o perfil
de seus praticantes são de suma importância para o desenvolvimento pleno da atividade, pois, somente
com o conhecimento do verdadeiro cenário atual será viável e possível a execução de investimentos e
trabalhos de pesquisa abordando espécies, temas e tecnologias específicas da aquicultura de fins
ornamentais que possuam real interesse social, ambiental e econômico, evitando-se assim trabalhar com
deduções e achismos.
REFERÊNCIAS
ALVES, F. C. M. et al. Reprodução do “Ciclídeo-Anão Amazônico”, Apistogramma cacauoides, HOEDEMAN, 1951
(PERCIFORMES: CICHLIDAE) em laboratório. Boletim do Instituto de Pesca de São Paulo, 35, 4, 587-596, 2009.
BARBIE, C. Crevettes d'eau douce en aquariophilie: exemple de maintenance de la Neocaridina heteropoda pour les
débutants. Thèse d'exercice, Ecole Nationale Vétérinaire de Toulouse, 100 p, 2010.
FISHBASE. Pseudoplatystoma corruscans. Disponível em: <http://www.fishbase.org/summary/8674>. Acesso em
14 out. 2015.
JUNIOR, V. H. Infecções cutâneas e acidentes por animais traumatizantes e venenosos ocorridos em aquários
comerciais e domésticos no Brasil: descrição de 18 casos e revisão do tema. In: Anais Brasileiros de Dermatologia,
Rio de Janeiro, 79, 2, 157-167, 2004.
MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. Instrução Normativa MPA Nº16 DE 11 nov. 2014. Diário da União, 2014.
OLIVEIRA, C. Os peixes estão em segundo lugar na preferência dos brasileiros por um pet. Disponível em:
<http://g1.globo.com/hora1/noticia/2015/04/peixes-estao-em-segundo-lugar-na-preferencia-dos-brasileiros-por-umpet.html>. Acesso em 11 out. 2015.
PEREIRA, D. A. S. et al. Conhecer e Preservar a Fauna do Rio Uruguai com Aquário. In: 6º Salão Internacional de
Ensino, Pesquisa e Extensão. Bagé, 2014. Anais. Bagé: Salão de Extensão, Meio Ambiente, 2014.
SEIDEL, I. New information on the Zebra Pleco, Hypancistrus zebra. Tropical Fish Hobbyist, 44, 10-28, 1996.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

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