educação ambiental - summa - Universidad Pontificia de Salamanca
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UNIVERSIDAD PONTIFICIA DE SALAMANCA FACULTAD DE EDUCACIÓN EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu TESE DOUTORAL Autor: ELSA MARIA ABRANTES LOUREIRO RODRIGUES Director: DR. CARLOS MANUEL DE SOUSA ALBUQUERQUE Codirector: DR. RAQUEL SÁNCHEZ ORDÓÑEZ SALAMANCA 2015 Universidad Pontificia de Salamanca Universidad Pontificia de Salamanca Espero que esta tese ajude o leitor a empreender uma ação firme, porque se permitir que mantenham o comportamento até agora demonstrado em relação ao ambiente, será cúmplice do seu fracasso. “A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância.” Mahatma Gandhi Universidad Pontificia de Salamanca Universidad Pontificia de Salamanca Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu AGRADECIMENTOS Subjacente a todo este trabalho está uma grande determinação em educar, ensinar e aprender, contribuindo para a formação de futuros cidadãos responsáveis, capazes de tornar o mundo melhor… O presente trabalho foi construído paulatinamente, com a ajuda e o apoio das pessoas que me estão próximas. Por essa razão, quero expressar o mais profundo agradecimento a todos os que me ajudaram e acreditaram em mim e me deram forças ao longo desta caminhada. Agradecer ao Professor Doutor Carlos Manuel de Sousa Albuquerque, por todo o apoio, interesse e entusiasmo prestados durante a realização deste trabalho. A minha profunda admiração e reconhecimento pela sua orientação e pela sua notável capacidade critica e visão científica. Agradeço acima de tudo a confiança em mim depositada e a sua total disponibilidade. À Doutora Raquel Sánchez Ordóñez, pelo entusiasmo com que acarinhou e acolheu esta ideia, e pelo interesse e apoio demonstrado ao longo da sua realização. Pelas conversas sempre interessantes e pela sua simpatia. A todas as escolas e aos seus professores, facilitadores do contacto com os estudantes para a aplicação dos questionários. À minha família, em especial aos meus pais e irmãs, que sempre me incentivaram e apoiaram a minha formação. Um agradecimento especial à minha irmã Rute Loureiro pela revisão cuidada que fez desta dissertação e por todo o apoio e disponibilidade para os meus desabafos. Sempre com a palavra certa para as minhas indecisões. III Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Uma palavra final de gratidão ao Carlos Rodrigues, meu marido, e aos meus filhos, Rita e João, por todo o apoio, incentivo, paciência e compreensão pelo tempo que não lhes dediquei durante todo o projeto. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca IV Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu RESUMO Enquadramento: A Educação Ambiental é uma área que tem vindo a ganhar importância no mundo atual, principalmente devido à constatação de que existe uma relação, direta ou indireta, entre as ações dos seres humanos e a situação de crise ambiental que a humanidade enfrenta. Está ao nosso alcance solucionar, ou pelo menos minimizar, os problemas, se atuarmos de forma responsável e mudarmos as nossas atitudes, comportamentos, crenças e valores, para os quais poderá contribuir a implementação de uma educação ambiental em meio escolar que potencie, nos jovens, a valorização da sua relação com a natureza e o desenvolvimento de valores que lhe estão subjacentes. Foi neste âmbito que emergiu como objetivo geral deste estudo explorar as relações existentes entre um conjunto de determinantes sociodemográficos, familiares/escolares e psicológicos e o desenvolvimento de atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. Métodos: Através de um estudo do tipo transversal, de natureza quantitativa, inquirimos uma amostra aleatória de 500 estudantes adolescentes portugueses, a frequentar o terceiro ciclo de escolaridade do ensino básico público do distrito de Viseu, maioritariamente do género feminino (50.6%), residentes em meio urbano (57.4%), pertencentes à classe socioeconómica III – Classe Média (45.0%), e com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos (M=13.38; Dp=1.01). O protocolo de pesquisa incluiu instrumentos de medida que validamos para a população portuguesa e a construção da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA) cujas propriedades psicométricas certificam a sua qualidade (Alfa de Cronbach = 0.861 e Alfa de Cronbach teste re-teste = 0,932). Resultados: Tendo como referência os valores globais da Escala das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente extraímos os seguintes resultados: V Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. Estudo da relação entre as atitudes dos jovens face ao ambiente e variáveis sociodemográficas: (i) as mulheres apresentam melhores atitudes face ao ambiente do que os homens; (ii) efeito da idade mostra a não existência de associações estatisticamente significativas; (iii) o local de residência, mostra-se significativo ao nível do fator/dimensão, F3 – “Preocupação com os problemas gerais do ambiente”, apresentando, os adolescentes residentes na área urbana, melhores resultados (M=18.05; Dp=3.87); (iv) a classe sócio económica familiar não tem efeitos significativos nas atitudes dos jovens face ao ambiente; (v) os jovens praticantes de uma religião revelam atitudes mais favoráveis face ao ambiente; 2. Estudo da relação entre da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente e variáveis de contexto familiar: (i) quanto melhor a funcionalidade familiar melhores são as atitudes dos jovens face ao ambiente; (ii) o efeito da variável posição na frataria não se verifica significativo. 3. Estudo da associação entre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente e variáveis de contexto escolar: quanto maior o desempenho da escola na educação ambiental melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. 4. Estudo da associação entre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente e a variável psicológica: quanto melhor o autoconceito, melhores são as atitudes face ao ambiente. 5. Estudo dos efeitos principais, das variáveis de contexto sociodemográfico (sexo, prática de religião), familiar (funcionalidade familiar), escolar (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológico (autoconceito), na predição das atitudes face ao ambiente: a variável que se revela como melhor preditora das atitudes dos jovens face ao ambiente é o F2-“Responsabilidade Ambiental” da Escala do Desempenho da Escola na Educação Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca VI Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Ambiental, que explica a maior percentagem de variância das atitudes dos jovens face ao ambiente (R2=18.0%, p=.000). 6. Estudo dos efeitos de interação, das variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e as variáveis de interação entre elas, na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente: a variável de interação F2 – “Responsabilidade Ambiental”-da EDEEA * F1 – “Aspeto Comportamental” da Escala do Autoconceito apresentou -se como melhor preditora das atitudes dos jovens face ao ambiente com um coeficiente (R2) de .199 valor que corresponde a 19.90% da variância explicada. Conclusão: As inferências resultantes deste estudo convidam-nos à reflexão sobre a importância da criação e monitorização de programas de intervenção no domínio da educação ambiental junto da população infanto-juvenil, de forma a otimizar os seus comportamentos e atitudes face ao ambiente, potenciando os fatores protetores da Natureza. Por outro lado é importante que a Escola promova projetos e estratégias ambientais, transdisciplinares, no sentido de motivar os agentes educativos, através de uma ação conjunta capaz de envolver os jovens adolescentes a sua família e todos os elementos da comunidade. Palavras-chave: Atitudes, Ambiente, Educação Ambiental Família, Escola, Autoconceito, Adolescência. VII Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu RESUMEN Antecedentes: La educación ambiental es un área que ha ido ganando importancia en el mundo actual, debido principalmente al hecho de que exista una relación, directa o indirecta, entre las acciones de los seres humanos y la situación de crisis ambiental que enfrenta la humanidad. En nuestras manos está la posibilidad de resolver, o al menos minimizar los problemas, esto si actuamos con responsabilidad y cambiamos nuestras actitudes, comportamientos, creencias y valores. A esto puede contribuir la implementación de la educación ambiental en las escuelas para potenciar la relación de los jóvenes con la naturaleza, desarrollando sus valores medio-ambientales. Base a esto surgió el objetivo general de este estudio que es explorar la relación entre un conjunto de variables socio-demográficas determinantes (familia/escuela; el desarrollo psicológico) y las actitudes de los adolescentes hacia al medio ambiente. Métodos: Ha sido hecho un estudio transversal, cuantitativo en una muestra de 500 estudiantes adolescentes portugueses, asistiendo el tercer ciclo de la educación básica pública del distrito de Viseu, en su mayoría del sexo femenino (50,6%), residentes en las zonas urbanas (57,4%), pertenecientes a la clase socioeconómica III - Clase Media (45,0%), y con edades comprendidas entre 12 y 16 años (M = 13:38; SD = 1,1). El protocolo del estudio incluyó instrumentos validados para la población portuguesa y la construcción de la Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA) cuyas propiedades psicométricas certificar su calidad (Alfa de Cronbach = 0.861 e Alfa de Cronbach teste re-teste = 0,932). Resultados: Con referencia a los valores globales de la Escala de Actitudes de la Juventud contra el Ambiente hemos extraído los siguientes resultados: 1. Estudio de la relación entre las actitudes de los jóvenes hacia el medio ambiente y las variables socio-demográficas: (i) las mujeres tienen mejores actitudes hacia el medio IX Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ambiente que los hombres; (ii) la variable edad, muestra que existe una asociación estadísticamente significativa; (iii) la variable lugar de residencia es significativa a nivel del factor/tamaño, F3 -Preocupación con los problemas ambientales generales, los jóvenes que viven en la área urbana presentan los mejores resultados (M = 5.18; SD = 3,87); (iv) el nivel socio-económica de las familias, no tiene efectos significativos en las actitudes de los jóvenes hacia el medio ambiente; (v) los jóvenes practicantes de una religión revelan actitudes más favorables hacia el medio ambiente; 2. Estudio de la relación entre las actitudes de la Escala das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente y las variables de los antecedentes familiares: (i) los jóvenes de familias con mejor funcionalidad, son los que tienen mejores actitudes hacia el medio ambiente; (ii) el efecto de la posición variable en frataria no parece significativo. 3. Asociación entre las actitudes de los jóvenes hacia las variables del entorno y contexto escolar: las actitudes de los jóvenes hacia el medio ambiente son mejores si el rendimiento escolar es más alto. 4. Asociación entre las actitudes de los jóvenes hacia el medio ambiente y la variable psicológica: mejor autoestima y seguridad en uno mismo, mejores actitudes hacia el medio ambiente. 5. Estudio de los principales efectos de las variables socio-demográficas de fondo (género, la práctica de la religión), la familia (funcionamiento familiar), escolares (factores / dimensiones de EDEEA) y psicológica (autoestima), en la predicción de las actitudes hacia el medio ambiente: la variable que revela mejor capacidad de predecir las actitudes de los jóvenes hacia al medio ambiente es F2-Responsabilidad Ambiental de la Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental, lo que explica la mayor porcentaje de la varianza de actitudes de la Juventud, cara al Medio Ambiente (R2 = 18,0%, p = 0,000). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca X Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 6. Estudio de los efectos de la interacción, de las variables socio-demográficas (género, la práctica de la religión), la familia (funcionamiento familiar), escolares (factores / dimensiones de EDEEA), psicológico (auto) y las variables de interacción entre ellos, en la predicción de las actitudes hacia el medio ambiente: la variable de interacción F2 - ambiental y de la Responsabilidad EDEEA * F1 – Aspecto de Comportamiento de la Escala de autoestima, se presentó como mejor factor predictivo de actitudes de los jóvenes hacia el medio ambiente con un coeficiente (R2) de 0.199 valor correspondiente a 19,90% de la varianza explicada. Conclusión: Las conclusiones resultantes de este estudio nos invitan a reflexionar sobre la importancia de la creación y supervisión de los programas de intervención en el campo de la educación ambiental con los niños y adolescentes, con el fin de optimizar su comportamiento y actitudes hacia el medio ambiente para la mejora de los factores de protección de la naturaleza. Por otro lado, es importante que la escuela promueva proyectos y estrategias ambientales, trans-disciplinarias para motivar a los educadores, a través de una acción conjunta capaz de involucrar jóvenes adolescentes, sus familias y a todos los miembros de la comunidad. Palabras clave: Actitudes, Medio Ambiente, Educación Ambiental familiar, escuela, autoestima, adolescencia. XI Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ABSTRACT Background: The Environmental Education is a field of study that has been increasing its relevance worldwide, especially after being proven a direct or indirect cause-effect between human actions and the actual environmental crisis that we are facing. The solution is in our hands or at least the minimization of the causes and somehow the consequences. This supposes changing behaviors, attitudes, beliefs and values. Therefore, school education assumes as key element in the implantation of environmental education in society. School entities constitute a hallmark in the transmission of the right knowledge, competences and values to edify a responsible and aware society in what concern to environmental questions. Consequently, the present work was performed to access how schools have been acting on this field. Our aim was to explore the relation between a set of variables as: socio-demographic, family/scholar and psychological ones. The main goal is to understand in which way teenagers interrelate these variables and develop their attitudes in relation to environmental questions. Methods: The present work constitutes a transversal quantitative study in a 500 Portuguese teenager’s cohort from 3rd cycle grade of the Portuguese public schools in the district of Viseu. Half of them are female students (50.6%) living in an urban residence area (57.4%) and belonging to the social middle class III (45%) with ages between 12-16 years old (M=13.38; Sd=1.01). The protocol of our study included measure instruments which were validated for the Portuguese population and also, a School Performance Scale in Environmental Education (SPSEE/EDEEA) was built. The psychometric properties of the SPESEE/EDEEA scale certified its quality (Cronbach’s alpha=0.861; re-test of Cronbach’s alpha=0.932). XIII Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Results: Having as reference the global values of the EAJFA scale, relative to the teenagers attitudes towards environmental matters we achieved the following results: 1. Study of the relation between teenagers attitudes in environmental questions and social-demographic variables: (i) females presented better attitudes in what concerns to environmental question when compared to males; (ii) there was not a significative effect concerning age as a variable; (iii) the local of residence when analyzing the factor/dimension was statistically significant, F3 – concern with general environmental problems - teenagers living in urban areas achieve the better results (M=18.05; Sd=3.87); (iv) the socio-economic has no statistical effect in teenagers attitudes; (v) religion seemed to influence positively the attitudes of teenagers in relation to environmental questions. 2. Study of the relation between teenager’s attitudes in environmental questions and familiar context: (i) the attitudes of young people towards environment are as better as the family functionality and relationships; (ii) the variable sibling position has no statistical significance. 3. Study of the relation between teenager’s attitudes in environmental questions and scholar context: the higher school performance in environmental education, the better attitude of young people towards the environment. 4. Study of the relation between teenagers attitudes in environmental questions and psychological variable: a better self-concept reflect better attitudes in teenagers concerning the environment. 5. Study of the principal effects of the socio-demographic variables (sex, religion practices), familiar (familiar functionality), scholar (features/dimensions of the SPESEE/EDEEA scale) and psychological ones in the attitudes prediction towards environment: the best variable as a predictor is the F2 – environment responsibility of Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XIV Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu the SPSEE/EDEEA which explains the higher percentage of variance of the teenagers attitudes in relation to environment (R2=18.0%, p=0.000). 6. Study of the interaction effects between the socio-demographic variables (sex, religion practices), familiar (familiar functionality), scholar (factures/dimensions of the SPESEE/EDEEA scale) and psychological ones (self-concept) in the attitudes prediction towards environment: the interaction variable F2 - environment responsibility of the SPSEE/EDEEA * F1 - behavioral aspect of the self-concept scale was the better predictor of young people attitudes in what concerns to environment, with a coefficient (R2) of 0.199, which corresponds to a 19.90% of explained variance. Conclusion: The conclusions from this work invite us to reflect about the importance of create and monitor programs related to the intervention in the field of environmental education. Those programs should be especially directed to young people in an attempt to optimize their behaviors and attitudes towards environmental questions, thus enhancing environment protection. Moreover, this work shows the importance of school in the promotion of projects and trans-disciplinary strategies to motivate the educators for take actions capable of involving young teenagers, their family and all the community members. Key words: Attitudes/behavior, Environment, Education, environmental education, family, school, auto-concept, adolescence XV Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XVI Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ABREVIATURAS E SIGLAS ABREVIATURAS cit in citado por ed. edição et. al entre outros n total nº número x média Dp Desvio padrão Cf. conforme SIGLAS AIE Agência Internacional de Energia APA Agência Portuguesa de Educação Ambiental ASPEA Associação Portuguesa de Educação Ambiental CNA Comissão Nacional de Ambiente CNADS Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável CNE Conselho Nacional de Educação DS Desenvolvimento Sustentável DNUEDS Década das Nações Unidas de Educação para o Desenvolvimento Sustentável EA Educação Ambiental EDS Educação para o Desenvolvimento Sustentável EEDS Estratégia de Educação para o Desenvolvimento Sustentável ENDS Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável ENEDS Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento Sustentável FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação FEE Fundação para a Educação Ambiental GEOTA Grupo de Estudos de Ordenamento de Território e Ambiente IA Instituto do Ambiente XVII Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ICN Instituto de Conservação da Natureza ICNB Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade IIE Instituto de Inovação Educacional INAMB Instituto Nacional de Ambiente INR Instituto Nacional de Resíduos IPAMB Instituto de Promoção Ambiental IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza LPN Liga para a Proteção da Natureza MA Ministério do Ambiente MARN Ministério do Ambiente e dos Recursos Naturais MAOTDR Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional MCOTA Ministério das Cidades Ordenamento de Território e Ambiente NAAEE Associação de Educação Ambiental dos Estados Unidos OEI Organização Ibero Americana ONGA Organização não Governamental de Ambiente ONGA`s Organizações não Governamentais de Ambiente ONG Organização não Governamental ONU Organização das Nações Unidas PIEA Programa Internacional de Educação Ambiental PIENDS Plano de Implementação de Educação para o Desenvolvimento Sustentável PNUMA Programa das Nações Unidas para o Ambiente QUERCUS Associação Nacional para a Conservação da Natureza REN Reserva Ecológica Nacional SNPP Serviço Nacional de Participação das Populações SNPRCN Serviço Nacional de Parques Reservas e Conservação da Natureza UICN União Internacional para a Conservação da Natureza UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XVIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ÍNDICE pág. ÍNDICE DE QUADROS ........................................................................................... XXIII ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................... XXVII ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................... XXIX INTRODUÇÃO ....................................................................................................... XXXI PARTE I – REVISÃO TEÓRICA ................................................................................ 1 CAPÍTULO I –EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FUNDAMENTOS E DIMENSÕES ÉTICAS ............................................................................................................................ 3 1. Introdução ............................................................................................................... 5 2. Epistemologia da Educação Ambiental ................................................................ 5 3. A Crise Ambiental como ponto de partida ........................................................... 9 4. Principais Prespetivas da Ética Ambiental ........................................................ 12 4.1. Antropocentrismo ............................................................................................ 13 4.2. Biocentrismo .................................................................................................... 15 4.3. Ecocentrismo .................................................................................................... 18 4.4. Ecologia Profunda ............................................................................................ 19 4.5. Ecofemeninismo .............................................................................................. 20 Síntese ........................................................................................................................ 21 CAPÍTULO II – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...... 23 1. Introdução ............................................................................................................. 25 2. Perspetiva Histórica .............................................................................................. 25 Síntese ........................................................................................................................ 39 CAPÍTULO III – CONCEPTUALIZAÇÂO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........... 41 1. Introdução ............................................................................................................. 43 2. A Educação Ambiental e a Pluralidade DE Objetivos ...................................... 43 2.1 Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável ...................................... 50 2.2. A Escola como agente de mudança ................................................................. 52 2.3. Contributo dos Projetos de Ambiente na Escola .............................................. 58 2.4. Conflitos e desafios à implementação efetiva da Educação Ambiental........... 62 2.4.1. Educar para a mudança ............................................................................ 65 Síntese ........................................................................................................................ 70 CAPÍTULO IV – ATITUDES FACE AO AMBIENTE: CONCEPTUALIZAÇÃO ... 73 1. Introdução ............................................................................................................. 75 2. Conceptualização das Atitudes ............................................................................ 75 XIX Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2.1. Modelos Teóricos e Componentes das Atitudes .............................................. 78 2.1.1 Modelo Tripartido Clássico ....................................................................... 78 2.1.2. Modelo Unidimensional Clássico ............................................................. 81 2.1.3 Modelo Tripartido Revisto de Atitude ........................................................ 81 3. Perspetivas consensuais de vários autores .......................................................... 82 4. Formação de Atitudes........................................................................................... 84 5. Mudança de Atitude ............................................................................................. 86 5.1. Teoria da Dissonância Cognitiva ..................................................................... 87 5.2. Teoria da Autoperceção ................................................................................... 88 5.3. Teoria do Julgamento Social ............................................................................ 88 5.4. Comunicação Persuasiva.................................................................................. 90 Sintese ........................................................................................................................ 93 CAPÍTULO V – ATITUDES FACE AO AMBIENTE:DETERMINANTES PSICOLÓGICOS ........................................................................................................... 95 1. Introdução ............................................................................................................. 97 2. Determinantes Psicológicos: o Autoconceito ...................................................... 97 2.1 Resenha Histórica do Autoconceito .................................................................. 99 2.2. O Autoconceito Geral .................................................................................... 103 2.3. Dimensões do Autoconceito .......................................................................... 105 2.3.1. Constituintes do Autoconceito ................................................................. 108 2.4. Determinantes do Autoconceito ..................................................................... 111 3. Autoconceito Adolescencia e a Familia ............................................................. 113 4. Autoconceito e a Escola ...................................................................................... 114 5. O Autoconceito e as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente .......................... 116 6. Determinante de Contexto Social e Familiar ................................................... 118 6.1. Abordagem Sistémica da Familia .................................................................. 119 6.2. A Influência da Família nas Atitudes Ambientais ......................................... 124 6.3. A Familia e o Nìvel Sócioeconòmico ............................................................ 127 Em Síntese ............................................................................................................... 128 PARTE II – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA ........................................................... 131 CAPÍTULO VI – CONCEPTUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA ...... 133 1. Delimitação do Problema e Definição das Variáveis ....................................... 135 2. Objetivos .............................................................................................................. 140 3. Hipóteses .............................................................................................................. 142 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XX Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4. Metodologia da Investigação ............................................................................. 143 4.1. Desenho de Investigação ................................................................................ 144 4.2. População ....................................................................................................... 145 4.2.1. Amostra ................................................................................................... 146 4.3. Procedimento de Recolha de Dados .............................................................. 147 4.4. Instrumentos utilizados .................................................................................. 149 5. Tratamento Estatistico ....................................................................................... 164 Sintese ...................................................................................................................... 169 CAPÍTULO VII – ESTUDO EMPÍRICO PRELIMINAR: ESTUDO PSICOMÉTRICO DO INSTRUMENTO CONSTRUÍDO E ADAPTADO ............................................. 171 1. Introdução ........................................................................................................... 173 2. Método de Construção e Adaptação da Escala de Medida do Desempenho da Escola na Educação Ambiental ......................................................................... 174 3. Análises Efetuadas no Estudo das qualidades Psicométricas ......................... 177 3.1. Estudos de Fiabilidade ................................................................................... 177 3.2. Estudos de Validade ....................................................................................... 179 4. Caraterísticas Gerais das Amostras .................................................................. 182 5. Análise dos Resultados ....................................................................................... 183 5.1. Estudos De Fiabilidade .................................................................................. 184 5.2. Estudos de Validade ....................................................................................... 186 CAPÍTULO VIII – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................... 189 1. Análise Descritiva ............................................................................................... 191 1.1. Caraterização Sóciodemográfica.................................................................... 193 1.2. Caraterização Familiar ................................................................................... 197 1.3. Caraterização das Atitudes face ao Ambiente................................................ 198 1.4. Caraterização do Autoconceito ...................................................................... 204 1.5. Caraterização Circunstancial Inerente a Problemas Ambientais ................... 206 2. Análise Inferencial .............................................................................................. 208 2.1. Estudo da Associação entre Variáveis ........................................................... 208 2.2. Análise das Relações com Variáveis Sociodemográficas .............................. 209 2.3. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Familiar .......................... 214 2.4. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Escolar ............................ 217 2.5. Análise das Relações com Variáveis Psicológicas ........................................ 218 3. Estudo das Variáveis Sociodemograficas, Familiares Escolares e Psicológicas na Predição das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente ................................. 218 XXI Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4. Estudo dos Efeitos Principais ............................................................................ 219 4.2. Estudo dos Efeitos de Interação ..................................................................... 230 4.2.1 Predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pelas variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores / dimensões da edeea), psicológicas (autoconceito) e interacção entre elas. ........................................................ 230 CAPÍTULO IX – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES .................................................... 243 1. Introdução ........................................................................................................... 245 2. Os Objetivos do Estudo ...................................................................................... 245 3. A Metodologia de Investigação .......................................................................... 247 3.1. Considerações Sobre as Limitações do Estudo .............................................. 248 4. Discussão dos Resultados ................................................................................... 249 4.1. Caraterização das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente ............................. 250 4.2. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis Sociodemográficas ........ 251 4.3. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Familiar .... 255 4.4. Atitudes dos Jovens face aos Resíduos Sólidos e face á Água ...................... 256 4.5. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Escolar ...... 257 4.6 Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variável Psicológica ...................... 259 4.7. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e a Interação entre Variáveis ............ 260 5. Implicações da Investigação............................................................................... 261 5.1. Observações Pessoais..................................................................................... 265 5.2. Recomendações a Seguir ............................................................................... 266 6. Conclusões ........................................................................................................... 267 7. Recomendações da Investigação ........................................................................ 271 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 273 ANEXOS ..................................................................................................................... 295 ANEXO 1 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS .................................... 297 ANEXO 2 – PEDIDO DE REGISTO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS, PARA MONOTORIZAÇÃO DE INQUÉRITO EM MEIO ESCOLAR MIME ........................................................................................................................... 311 ANEXO 3 – AUTORIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS ÀS ESCOLAS .................................................................... 317 ANEXO 4 – AUTORIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO ..................... 321 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ÍNDICE DE QUADROS Pág. Quadro 1 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1940 a 1969 .................... 37 Quadro 2 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1970 a 1986 .................... 37 Quadro 3 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1987 a 2001 .................... 38 Quadro 4 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 2002 a 2012 .................... 38 Quadro 5 – Elementos de sucesso em EA ...................................................................... 56 Quadro 6 – Conflitos e desafios à implementação da educação ambiental formal ........ 65 Quadro 7 – Estrutura do instrumento de colheita de dados .......................................... 151 Quadro 8 – Consistência interna da escala de Graffar.................................................. 152 Quadro 9 – Consistência interna da escala de Apgar Familiar ..................................... 154 Quadro 10 – Consistência interna da escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente ............................................................................................................................. 157 Quadro 11 – Consistência interna da escala dos resíduos sólidos ................................ 158 Quadro 12 – Consistência interna da escala da utilidade da Água ............................... 159 Quadro 13 – Consistência interna da escala do Autoconceito ..................................... 163 Quadro 14 – Caraterização dos valores do KMO ......................................................... 181 Quadro 15 – Caraterísticas gerais da primeira amostra utilizada no estudo psicométrico do instrumento EDEEA....................................................................................... 182 Quadro 16 – Caraterísticas gerais da segunda amostra utilizada no estudo psicométrico do instrumento EDEEA....................................................................................... 183 Quadro 17 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: consistência interna (estudo dos itens) .................................................................................... 184 Quadro 18 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: consistência interna (valores globais) ...................................................................................... 185 Quadro 19 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambienta estabilidade temporal............................................................................................................... 185 Quadro 20 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: solução de 3 fatores ortogonais após análise fatorial ............................................................... 186 Quadro 21 – Matriz de correlações entre as pontuações da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental ........................................................................... 187 Quadro 22 – Níveis de Desempenho da Escola na Educação Ambiental .................... 188 Quadro 23 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função das variáveis sexo e área de residência ............................ 210 XXIII Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 24 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e a idade ................................................................................................................. 211 Quadro 25 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função das reprovações dos jovens adolescentes ........................ 211 Quadro 26 – Anova da classe socioeconómica sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente ................................................................................................ 212 Quadro 27 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função da prática de religião........................................................ 212 Quadro 28 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o grau de crença religiosa .................................................................................... 213 Quadro 29 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o grau de praticante na religião ........................................................................... 214 Quadro 30 – Anova da funcionalidade familiar sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente ................................................................................................ 215 Quadro 31 – Testes de Tukey: Comparação dos grupos de funcionalidade familiar em relação à Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente.............................. 216 Quadro 32 – Anova da posição na frataria sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente ........................................................................................................ 217 Quadro 33 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o desempenho da escola na educação ambiental................................................. 217 Quadro 34 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e Autoconceito ....................................................................................................... 218 Quadro 35 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente.......................................... 221 Quadro 36 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição das ações de proteção ambiental .......................................................... 224 Quadro 37 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. ...................... 226 Quadro 38 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da preocupação geral com o ambiente ..................................................................... 227 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXIV Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 39 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da concordância com normas de proteção ambiental ........................... 229 Quadro 40 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global) 232 Quadro 41 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição das ações de proteção ambiental. ..................................... 235 Quadro 42 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais .. 237 Quadro 43 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da preocupação com os problemas gerais do ambiente ... 238 Quadro 44 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da concordância com normas de proteção ambiental. ..... 240 XXV Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXVI Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ÍNDICE DE FIGURAS Pág. Figura 1 – As três esferas do desenvolvimento pessoal e social. Fonte: Adaptado de L.Sauvée (2000) .................................................................................................... 47 Figura 2 – Mapa conceptual das dimensões da Educação Ambiental. ........................... 49 Figura 3 – Modelo tripartido clássico ............................................................................. 80 Figura 4-Modelo tripartido revisto de atitude ................................................................ 81 Figura 5 – Modelo de mudança de atitude através da persuasão.................................... 90 Figura 6 – Modelo Conceptual de relação entre as variáveis estudadas na investigação empírica. .............................................................................................................. 138 Figura 7 – Modelo teórico do efeito das relações entre as variáveis sociodemográficas, familiar, escolar e psicológicas na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. ............................................................................................................ 219 XXVII Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXVIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ÍNDICE DE TABELAS Pág. Tabela1 – Estatísticas relativas à idade segundo o género ........................................... 193 Tabela 2 – Caraterísticas sociodemográficas................................................................ 194 Tabela 3 – Caraterização da escolaridade em função do género .................................. 195 Tabela 4 – Caraterísticas do posicionamento em termos religiosos ............................. 196 Tabela 5 – Estatísticas relativas ao grau de crença numa religião segundo o género .. 197 Tabela 6 – Estatísticas relativas ao grau de praticante numa religião segundo o género ............................................................................................................................. 197 Tabela 7 – Caraterização familiar em função do género .............................................. 198 Tabela 8 – Frequência dos tipos de Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente ............... 199 Tabela 9 – Caraterização das Atitudes Face ao Ambiente ........................................... 201 Tabela 10 – Caraterização das atitudes face aos resíduos sólidos, segundo o género .. 202 Tabela 11 – Caraterização das atitudes face à água segundo o género ........................ 203 Tabela 12 – Caraterização do Autoconceito dos jovens ............................................... 205 Tabela 13 – Caraterização da opinião dos inquiridos face à questão: De que depende a resolução de problemas ambientais? ................................................................... 206 Tabela 14 – O que gostaria de tentar ajudar a resolver na região onde mora ............... 207 Tabela 15 – Os dez assuntos mais importantes sobre o ambiente ................................ 207 Tabela 16 – Principais fontes de informação sobre o ambiente ................................... 208 XXIX Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXX Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu INTRODUÇÃO XXXI 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXXII VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu INTRODUÇÃO O ambiente parece preocupar cada vez mais as pessoas, mas as atitudes e comportamentos são por vezes estranhos; querem mais ação de proteção mas são passivos na participação da defesa do ambiente (Almeida, 2001). No sentido de mudar esta postura, torna-se pertinente, conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, a fim de implementar estratégias ao nível escolar norteadas para a ação e desenvolvimento de uma cidadania ativa. Os cidadãos necessitam de adquirir urgentemente alfabetização científico/ ambiental e um comportamento “ecológico”, no sentido de desenvolverem uma cultura intelectual e tecnológica orientada para a sustentabilidade. INTRODUÇÃO Já o relatório sobre os limites do desenvolvimento, publicado em 1970, pelo Clube de Roma, alertava para a debilidade do planeta e a finitude dos recursos naturais em função das tensões do crescimento exponencial da população e da economia (Foladori, 2001). O documento sustentava que a manutenção dos estilos de vida, das tendências do desenvolvimento económico, do crescimento populacional, dos ritmos de poluição e do esgotamento dos recursos, levaria a sociedade a ultrapassar em poucos anos o limite do suportável. A evidência do caráter finito dos recursos naturais, a emergência dos riscos ambientais e o reconhecimento de que a crise ambiental necessita de medidas e transformações profundas, desencadeou processos locais e mundiais de cooperação no sentido do desenvolvimento, de estratégias de ação e de novos parâmetros para reorientar a relação dos homens com a natureza. Mobilizações no âmbito académico e escolar, no domínio da política e dos movimentos sociais, fizeram realçar a urgência de mudanças dos comportamentos humanos nas suas diferentes esferas (Leis,1998). XXXIII 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu A esse respeito, o ex - Vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore (1993), faz um paralelo entre a nossa civilização e uma família disfuncional, ao enfrentar as regras tradicionais que governam as suas vidas, referindo que a nossa civilização tem de mudar, de forma a evitar que destruamos a Terra. Depreende-se que a nossa civilização, principalmente os modos de vida das sociedades dominantes estão a disseminar-se por todo o planeta e irão tirar-nos a visão do futuro. Isto é, a crise ambiental tem origem no padrão disfuncional do relacionamento da nossa civilização com o mundo natural. Segundo Leff (2002), a crise ambiental passou a ser representada como uma crise do pensamento, da ética e das práticas humanas na modernidade, o que subentende que a mesma não seja meramente ecológica mas sim uma problemática de ação planetária que é social, cultural, biológica, económica, política, ética e educativa. Na perspetiva de Jacobi (2001), os problemas sócio - ambientais, são provenientes de um modelo de desenvolvimento que é tanto desigual para os homens quanto nocivo para os sistemas naturais. Este pressuposto sugere que, mais do que respostas técnicas e científicas, a problemática sócio - ambiental exige mudanças de atitude, valorativas e comportamentais em relação à natureza. Perante este contexto entendemos que é urgente a necessidade de uma Educação voltada para as questões sócio - ambientais. A consolidação de novas atitudes, comportamentos e a averiguação de valores depende essencialmente do processo educativo, daí a nossa preocupação em conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, de forma a incrementar uma Educação Ambiental (EA), crítica que reflita sobre esta civilização contribuindo para uma cidadania ativa. É através da EA que iremos estimular mudanças de atitudes e comportamentos, opinião que é consubstanciada por Silva (2000, p.87) quando argumenta que a “EA proporciona aos indivíduos a construção e reconstrução de conhecimento, promovendo a compreensão desses através da sensibilização, levando-os então a sentir-se parte integrante do Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXXIV VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ambiente e a mudar perceções, atitudes e comportamentos que ameaçam a relação Ser Humano/ Ser Humano, Ser Humano/ Meio Ambiente, adquirindo habilidades e competências para tratar as questões ambientais, tornando-se capazes de participar ativamente da sua própria história, permitindo assim, a possibilidade de continuidade de vida digna no planeta Terra.” É através da EA que pretendemos despertar nos jovens uma consciência crítica e comunitária sobre o ambiente. Ao efetuarmos o estudo, sobre as atitudes dos jovens face ao ambiente iremos ter acesso a informações pertinentes, de modo a implementar uma EA que contribua para a construção de uma consciência ativa, bem como de uma cidadania participada relativa ao ambiente. É importante que através da EA se comece a incutir nos jovens uma visão da problemática ambiental atual, para que estes possam INTRODUÇÃO refletir, e começar por alterar atitudes menos corretas face ao ambiente. Atualmente a problemática ambiental faz-se sentir ao nível mundial, as questões sobre o ambiente, são cada vez mais notícias de destaque na comunicação social. Realça-se assim a divulgação feita pela Agência Internacional de Energia (AIE) em 6 de Abril de 2001, uma declaração sobre a situação e as perspetivas da energia no mundo, na qual considera insustentável a projeção das tendências atuais, que apontam para o aumento de 57% da procura até 2020. A AIE considera necessário mudar a estrutura do setor energético e o comportamento das sociedades e economias. É preciso descarbonizar e diversificar a oferta de energia e reduzir a intensidade energética do crescimento económico a nível global. O crescimento do consumo de energia de 57% até 2020, resultaria no aumento concomitante das emissões de dióxido de carbono em 60%, para além de outras, como dióxido de enxofre, que é um dos responsáveis das chuvas ácidas. São situações como estas que não podem continuar a suceder, para tal é necessária a cooperação internacional, medida considerada urgente por Chevalier (2001, p.98), a par do mercado dos direitos de poluição e de medidas fiscais, refere que, “o XXXV 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu mercado não desencoraja o consumo excessivo. São precisas taxas suplementares. É que, as energias poluentes não pagam os custos sociais que geram e as alternativas não se desenvolvem porque não têm estas externalizações.” Chevalier entende que estaríamos muito bem se dentro de 15 anos as energias alternativas pesassem 15% do consumo energético. Mas para haver resultados há que mudar mentalidades e ultrapassar jogos políticos dos burocratas em particular e das pessoas em geral. Pois os problemas ambientais agudizam-se e sucedem-se as injustiças sociais, no entanto, nas sociedades contemporâneas e, particularmente em Portugal, verifica-se uma certa apatia, falta de informação e envolvimento cívico. Cabe ao coletivo humano e a cada um de nós a tarefa de agir de forma a satisfazer melhor a vida pública local e nacional. Compete também à escola agir, de forma a implementar uma EA através de um conhecimento integrado, “dando a conhecer a forma de estabelecer um mutualismo entre os fatores do ambiente e o Homem” (Guerreiro, 1977). A prática ambiental impele um quadro amplo de ações que incluem não só o conhecimento, a tomada de consciência, as capacidades, mas também as atitudes, a participação ativa e o envolvimento na sociedade. Associa-se, assim, a EA a uma ação de cidadania ambiental, visando uma maior participação dos indivíduos no seu ambiente. Neste âmbito, a Convenção de Aahrus sobre o acesso à informação, participação pública na tomada de decisões e acesso à Justiça no domínio do ambiente (1998), ratificada por 39 Estados Membros, incluindo Portugal, abre caminho para um maior envolvimento dos cidadãos e Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGA), dando um suporte legal às novas dinâmicas cívicas. No entanto, em Portugal o hábito de cidadania e a mobilização civil para questões ambientais é ainda residual. Mesmo ao nível escolar a EA continua a ser relativizada na prática face aos currículos disciplinares cada vez mais amplos, e visando sobretudo a Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXXVI VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu aprendizagem dos conhecimentos. Falta espaço para o estabelecimento de uma dimensão reflexiva e crítica consciente e influente. Na ótica de Almeida (2005), a Educação Ambiental nas escolas continua a ser encarada, na prática, como um assunto marginal e estremado, apesar de na legislação educativa haver recomendações para a sua implementação e dos esforços desenvolvidos pelas organizações não governamentais (ONG’s), em promover ações e projetos ambientalmente sustentáveis. A pedagogia de projeto, aplicada à EA através de aproximações transdisciplinares, permite aos alunos exercerem o seu espírito crítico, criatividade e capacidade de organização. Favorecendo a participação ativa e o envolvimento afetivo dos alunos, os projetos criam situações de aprendizagem pessoais e a sociabilização. Em Portugal ao nível escolar têm-se desenvolvido os seguintes projetos: “Ciência Viva” do Ministério INTRODUÇÃO da Ciência, “Inovar Educando e Educar Inovando” do Instituto da Inovação Educacional (IIE), os Projetos Escolares de EA financiados pelo Ministério do Ambiente, bem como projetos dinamizados pelas ONGA’s. Atualmente existe, nas escolas aderentes, o programa Eco escolas dinamizado pela associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), que inclui alguns parceiros entre os quais os Municípios, Juntas de Freguesia, Associação de Pais, entre outros presentes na comunidade local. Os projetos desenvolvidos nas escolas favorecem o desenvolvimento de qualidades dinâmicas, como a iniciativa, a autonomia, a responsabilidade e criatividade. Com base nas experiencias dos alunos, os projetos permitem ultrapassar as fronteiras da escola, estabelecendo parcerias diversificadas possibilitando o apoio para a melhor compreensão do ambiente. Assim os projetos de EA, sendo centrados nos alunos, partem das suas representações do ambiente. A investigação das atitudes dos jovens sobre o ambiente é proeminente, pois permite uma melhor compreensão dos seus referenciais éticos de ambiente, da sua XXXVII 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu apreensão da realidade contextual de vivência dos seus quadros socioculturais e das suas convicções ambientais. Neste pressuposto, diríamos que é também urgente esta tomada de consciência por parte dos professores face aos seus educandos pois urge tornar o sistema educativo encorajador da ação de cidadania ambiental. Em suma, a escola e por conseguinte a Educação Ambiental devem dotar os jovens com capacidade para avaliar, escolher e decidir, pois é necessário formar cidadãos com capacidade de transformar e de agir eticamente face ao seu local de vivência, na perspetiva de que cada ser humano seja reconstrutor deste Planeta, onde todas as espécies tenham o seu espaço e desenvolvimento de forma mais digna possível. Perante o contexto supracitado pretendemos com este estudo obter resposta para a seguinte problemática “Em que medida as variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar estão associadas com as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente?” Uma vez que estamos conscientes da relevância desta problemática iremos realizar um estudo não experimental correlacional e transversal, de natureza quantitativa, numa amostra de 500 jovens adolescentes. Este estudo tem como principais objetivos; analisar o modo como determinadas variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar (efeitos principais) se dizem preditoras nas atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente, bem como, analisar as relações existentes entre as variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar (efeitos de interação) na predição das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente e ainda, conhecer as diferenças entre os grupos suscetíveis de se formar com a população do estudo. Para a colheita de dados iremos utilizar um questionário, devidamente elaborado e validado. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XXXVIII VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Assim a ordem deste trabalho de investigação será apresentada em duas partes, que irão ficar divididas em capítulos. Na primeira parte ou revisão teórica, encontra-se respetivamente, o capitulo I – Educação Ambiental: Fundamentos e Dimensões Éticas; II - Evolução Histórica da Educação Ambiental; III- Conceptualização da Educação Ambiental; IV - Atitudes Face ao Ambiente: Conceptualização; V - Atitudes Face ao Ambiente: Determinantes Psicológicos. A segunda parte ou investigação empírica, contém o capítulo VI - Conceptualização da Investigação Empírica; VII - Estudo Empírico Preliminar: Estudo Psicométrico dos Instrumentos Construídos e Adaptados; VIII - Apresentação dos Resultados, IX Discussão e Conclusão. INTRODUÇÃO Conceptualização da Investigação Empírica – Obedece aos critérios de rigor metodológico, que um trabalho desta índole obriga e apresenta o instrumento de colheita de dados. As razões que justificam a nossa opção por esta investigação são: � Constatamos que as rápidas e profundas transformações nas sociedades dos dias de hoje reclamam uma resposta objetiva e determinada dos diferentes níveis das atividades humanas salientando aquelas que abrangem o ponto de vista político, económico, social e educativo e neste campo a educação ambiental pode e deve desempenhar um papel crucial (Galvão, 2007); � Verificamos a necessidade e consolidação de novos valores ecológicos, fundamento de uma cultura centrada no respeito pelo território como bem coletivo, na prevalência do consumo público sobre o privado e no combate a atitudes e práticas predatórias sobre os recursos naturais (Carneiro, 2001); XXXIX 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental: Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu � Comprovamos que a melhor forma de ultrapassar esta problemática é através da educação ambiental ao nível institucional escolar, de forma a formar futuros cidadãos conscientes e ambientalmente responsáveis. Neste contexto esperamos com esta investigação contribuir para a sensibilização dos agentes educativos, no sentido de se sentirem motivados para o envolvimento e dinamização de projetos ambientais na escola e na comunidade. Esperamos também fomentar nos jovens atitudes positivas face ao ambiente, através de projetos e programas ao nível escolar, motivando - os a desenvolver ações locais e individuais que terão certamente repercussões ao nível mundial, visando a promoção de adultos responsáveis e menos egoístas. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca XL VIII Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu PARTE I – REVISÃO TEÓRICA 1 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 2 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO I EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FUNDAMENTOS E DIMENSÕES ÉTICAS 1. INTRODUÇÃO 2. EPISTEMOLOGIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3. A CRISE AMBIENTAL COMO PONTO DE PARTIDA 4. PRINCIPAIS PRESPETIVAS DA ÉTICA AMBIENTAL 4.1. Antropocentrismo 4.2. Biocentrismo 4.3. Ecocentrismo 4.4. Ecologia Profunda 4.5. Ecofemeninismo SÍNTESE 3 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 4 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO A Educação Ambiental como um processo educativo pode despertar a sociedade para um compromisso individual e coletivo de respeito, responsabilidade e sustentabilidade nas relações com o outro e com o ambiente, a fim de promover melhorias na qualidade de vida. No entanto, é importante ressaltar, a necessidade de uma de reflexão filosófica de natureza crítica. Para pensar a Educação Ambiental, é importante esclarecer as diferentes posturas e estruturas ideológicas que permeiam a sociedade contemporânea de classes e Educação. Como tal, torna-se obrigatório refletir sobre as diversas conceções teóricas que antecedem as práticas da educação ambiental. Note-se que estas práticas estarão sempre influenciadas por questões de ordem epistemológica, seja de maneira explícita ou não. Como exemplo temos as conceções de educação, de sociedade, de cultura, de ser humano, de ambiente bem como, as diferentes maneiras de considerar a relação homem - natureza, educação-sociedade e sujeito-objeto. Por conseguinte, também todas estas questões se veem influenciadas pela luta ideológica inerente aos interesses políticos envolvidos. Nesta perspetiva, a reflexão epistemológica na educação ambiental, procura vincular as questões ambientais às ações humanas. 2. EPISTEMOLOGIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A questão ambiental encontra-se atualmente sob o enfoque de uma crise amplamente disseminada. As dimensões atingidas por esta problemática, têm provocado reações e preocupações entre a sociedade. A educação ambiental surge, como um processo educativo capaz de transformar e despertar a sociedade para um compromisso individual e/ou coletivo para com o meio ambiente. Este compromisso vê-se descrito por uma necessidade paralela de uma 5 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu reflexão filosófica no sentido de esta ser crítica em relação às epistemologias que definem a separação entre o homem e a natureza (Balbinot, 2006). A Educação ambiental implica uma mudança de mentalidade, uma rutura epistemológica, uma transformação do conhecimento e das práticas educativas e o aprender a conhecer a partir de um “repensar o já pensado”. Pretende-se conceber um novo conhecimento baseado numa abordagem que integre os potenciais da natureza, os valores humanos e as identidades culturais em práticas sustentáveis. Segundo Lima (2005), a educação ambiental, enquanto campo de atividade e de saber, já nasce como um fenómeno complexo e multidimensional que reúne contribuições de diversas disciplinas, matrizes filosóficas, atores e movimentos sociais. Considerando tais caraterísticas, um dos maiores desafios para a pesquisa em Educação Ambiental parece ser a “constituição de uma tradição crítica científico filosófica” (Santana, 2005, p.12), ou seja, uma fundamentação baseada na epistemologia da complexidade. Esta considera a relação entre todos os intervenientes e pode ser entendida como tentativa de simplificar a nossa forma de pensar. Esta necessidade de simplificação do que é complexo poderá ser justificada por Edgar Morin (1996) (Morin,1996, p.274):“(…) com a palavra “complexo” não estamos a dar uma explicação, mas sim a assinalar uma dificuldade para explicar. Designamos algo que, não podendo realmente explicar, vamos chamar de complexo. Por isso é que, se existe um pensamento complexo, este não será um pensamento capaz de abrir todas as portas, mas um pensamento onde estará sempre presente a dificuldade (…)” No entanto, e tendo em conta a conveniência do “conhecimento do que é complexo”, o desenvolvimento da Educação Ambiental só é possível se aceitarmos toda uma diversidade e interação de fatores. Como tal, a Educação Ambiental pressupõe um pensamento integrador pela sua natureza interdisciplinar e transversal. Partindo da Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 6 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu simplificação do conhecimento de uma ideia para a constatação da complexidade de interações que pressupõe a EA, surgem outras teorias. Na opinião de Tozoni (2004), a constatação de que a confiança epistemológica da ciência está abalada é o ponto de partida para a construção de uma nova forma de pensar, de uma alternativa para a construção do conhecimento. Nos seus estudos Tozoni (2004), constatou que no campo da Educação Ambiental há falta de bases epistemológicas nas teorias utilizadas. Esta forma alternativa à construção do pensamento transparece a necessidade de um “princípio de explicação mais rico do que o princípio de simplificação, que podemos denominar princípio da complexidade” (Morin, 1996, p.30). Esforça-se por não sacrificar o todo à parte, a parte ao todo, mas por conceber a difícil problemática da organização. A Educação Ambiental emerge na tentativa de se superar a visão segmentada da crise ambiental, a dicotomia sociedade – natureza e promover a sua integração. A perceção segmentada em relação ao mundo, ao processo educativo e à natureza está baseada no paradigma da disjunção. Para Morin (2001), este paradigma precisa de ser superado, por um outro, o da complexidade. Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Pretende-se uma linha transversal de educação. É necessário articular o processo educativo, a sociedade e o ambiente “num conhecimento e ação complexos” (Lima, 2005, p.138). Este autor considera que a tentativa de integração entre todas as dimensões; do relacionamento, da educação, da 7 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu sociedade e do ambiente, deve ser capaz de transpor a segmentação no conhecimento científico, para que seja possível a construção de um conhecimento multidimensional. Sendo a EA um constructo multidimensional terá que evidenciar as múltiplas dimensões das suas unidades, como o homem e a sociedade, sendo o primeiro simultaneamente biológico, psíquico, social, afetivo e racional, ao passo que a sociedade caracteriza-se pelas dimensões histórica, religiosa, económica e sociológica. Por fim o complexo considera todos esses princípios certificando a correlação entre eles (Morin, 2004). Assim, através da educação enquanto processo de sociabilização, existe a possibilidade de se compreender a questão ambiental e de se alterar a relação dicotómica entre sociedade e meio ambiente, no sentido de superar o distanciamento humano da natureza. Na educação contemporânea ainda se verifica um ensino fracionado, em que os alunos são incapazes de pensar temas atuais, “como a relação sociedade natureza, o futuro da humanidade e o destino dos homens diante das incertezas do nosso tempo e da vida em sociedade” (Luizari & Cavalari, 2003, p. 8). Pensar em Educação Ambiental a partir do método da complexidade significa, construir uma nova forma de agir face ao meio ambiente, como resultado da reestruturação de pensamento que, segundo Morin (2004), deve ocorrer na educação e na sociedade. Este autor propõe a reforma do pensamento e do ensino, onde possamos desenvolver o espírito crítico de professores e alunos em relação à degradação ambiental. Para Morin (2002) é necessário que se dê aos alunos, aos adolescentes que irão enfrentar o mundo do 3º milênio uma cultura que permita fazê-los “articular, religar, contextualizar, situar-se no contexto e, se possível, globalizar, reunir os conhecimentos que adquiram”. Para ele o saber só é pertinente se for possível situá-lo Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 8 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu no contexto e no complexo planetário, sendo necessário a todos os cidadãos identificar e conceber o Contexto, o Global (a relação todo/partes), o Multidimensional e o Complexo através da organização e da articulação das informações. Assim, a Educação Ambiental, face à atual crise do ambiente, necessita de uma identidade epistemológica que se caracterize por uma “polifonia das vozes” (Matos, 1997, p.54), aberta a contribuições críticas de educadores empenhados em superar discursos obsoletos a respeito da relação entre o processo educativo e a questão ambiental. A Educação Ambiental sucede em situações reais e vivenciadas por sujeitos inseridos num meio ambiente possível de ser transformado pelas ações deles próprios. E naturalmente a natureza encarrega-se de transformar o ciclo de vida desses mesmos sujeitos. É através da epistemologia da complexidade que é possível entender o “ emaranhamento de ações, de interações, de retroações” (Morin, 1996,p.274) que existem na relação sociedade – natureza, a fim de edificar a identidade da Educação Ambiental. 3. A CRISE AMBIENTAL COMO PONTO DE PARTIDA O progresso económico, como objetivo primordial de uma sociedade economicista, tem trazido enormes consequências para a humanidade, das quais se destaca a atual crise ambiental. Desde meados do século XVIII, com o incremento dos processos de industrialização, o consumo energético, a desflorestação e a utilização desenfreada de recursos naturais o desequilíbrio ambiental do planeta tem-se verificado a uma velocidade vertiginosa. Poluição do ar, da água, destruição do património florestal, escassez de recursos, chuvas ácidas, espécies em vias de extinção, degradação da camada de ozono, aquecimento global, são ínfimos exemplos de uma ampla lista que sustenta a atual crise ambiental. 9 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Na opinião dos autores (Campos, Carvalho, Cavalari, 2001), a natureza tem sido pensada em oposição ao homem e à cultura. De um lado existe o homem, de outro a natureza. Essa visão dicotômica, existente desde Platão, tenderá sido enfatizada a partir do século XVII. Apesar de no passado terem sido várias as civilizações que se depararam com a crise de relacionamento homem-natureza, nunca tinham ocorrido mudanças tão complexas em tão curto período de tempo com a amplitude e a complexidade que lhe conhecemos atualmente. O rápido avanço tecnológico em conjunto com as necessidades que a humanidade criou resultou na massiva utilização dos recursos naturais. Esta prática incessante tem vindo a dilacerar o equilíbrio existente no meio ambiente, afetando profundamente a dinâmicas dos ecossistemas e colocando a Humanidade numa posição ecologicamente frágil. Como tal, assistimos a uma postura negligente em relação ao ambiente, que obviamente contribui para a sua degradação (Almeida, 2012; Galli 2007). Perante este cenário, é urgente combater a crise ambiental instalada, e todos devemos ser atores envolvidos na sua resolução, uma vez que esta temática está profundamente relacionada com a designada crise de valores. Grün (2009), afirma que “a crise ecológica, vista como um sintoma da crise da cultura ocidental, tem promovido uma ampla investigação a respeito dos valores que sustentam a nossa cultura”. O mesmo autor refere que, a nossa civilização é insustentável se mantido(s) o(s) nosso(s) atual(is) sistema(s) de valores. Também Almeida (2006), ao analisar a origem etimológica grega do termo crise refere que significa separar e decidir, tratando-se de um “estado transitório de incerteza e de dificuldade, mas também cheio de possibilidades de renovação”. Esta interpretação exige da humanidade uma responsabilidade repartida através de uma mobilização consciente crítica, uma Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 10 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu cooperação coerciva entre os estados, e o estabelecimento de uma nova revolução tecnocientífica mais apropriada ao desenvolvimento e à estabilidade ecológica. Neste contexto, a ciência precisaria de novas e mais profundas referências éticas, no sentido de haver mais responsabilidade e respeito pela natureza. O interesse pelas questões ambientais tem vindo a abranger um grande número de pessoas, todavia, as sociedades democráticas contemporâneas continuam a debater-se com o problema da apatia de grande parte dos seus cidadãos, cada vez menos motivados para o envolvimento na vida cívica. Na opinião de Almeida, (2007), a crise ambiental dos nossos dias, apesar dos progressos gigantescos à escala mundial da chamada consciência ecológica, está longe de se transformar na força motriz consensual, capaz de mobilizar governos, empresas e opinião pública. Também diversos autores (Everett,1982; Winett y González, 2003), são da opinião de que não basta existir consciência ecológica e respeito pelo meio ambiente, pois só por si, não asseguram a prática de comportamentos ecologicamente sustentáveis. O respeito pelo meio ambiente depende, de facto, de todos e de cada um de nós, pois, é algo que não se consegue apenas por decreto, mesmo admitindo que a classe política estivesse suficientemente empenhada. O indispensável consenso de atuação perante a natureza, só é possível à custa da mudança de mentalidades, e à capacidade de cada cidadão se comprometer em agir de forma responsável perante o ambiente (Nogueira, 2000). Torna-se evidente a necessidade de criar um conjunto de princípios éticos que possibilitem uma orientação para ação, pelo facto de termos de decidir numa direção transformadora, através de uma tomada de consciência ecológica que repense os hábitos e estilos de vida da sociedade dominante. Convictos de que não existem caminhos fáceis para a resolução da atual crise social e global do ambiente, consideramos que, uma das medidas assenta numa 11 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu educação ambiental (EA) pensada como educação para a cidadania, inseparável de uma dimensão ética com a finalidade última de avivar consciências (Varandas, 2009). A resolução da crise tem como pressuposto uma reflexão partilhada e constritiva na EA dos cidadãos em geral, com base em referenciais éticos que possibilitem o desenvolvimento de valores e atitudes orientados para uma participação consciente e crítica. 4. PRINCIPAIS PRESPETIVAS DA ÉTICA AMBIENTAL A galopante crise ambiental desencadeou a necessidade urgente de repensar a postura da humanidade face à natureza e por conseguinte ao planeta. Na opinião dos autores (Dunlap y Van Liere,1984; Milbrath, 1986) é necessário uma mudança, de crenças, atitudes, valores e estilos de vida, que implique uma visão diferente de ver o mundo. Contudo, tem surgido uma vasta produção literária, onde podemos encontrar uma diversidade de posições, nem sempre conciliáveis, que tendem a avaliar as causas e consequências da crise ambiental e a estabelecer uma prioridade distinta entre os diversos problemas ambientais e as suas respetivas soluções. Esta multiplicidade de posições e intencionalidades geram controvérsias, possíveis de resolver através do recurso a um conjunto de princípios morais que possibilitem de uma forma ou de outra uma orientação. Tal conjunto de princípios, valores, normas ou regras de conduta, permitem-nos pensar e agir com coerência de forma a harmonizar universalmente a ação humana para a sustentabilidade. Tal como refere Siqueira, (2002, p.9), “ somente a dimensão ética do meio ambiente pode oferecer às pessoas um conjunto de princípios e condutas normativas, melhorando as relações entre o cidadão, a sociedade e o espaço ambiental”. A dimensão ética está associada ao Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 12 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade. A este propósito Pegoraro (2005), assinala que foi a dissipação da natureza, e sobretudo os fantásticos avanços da biotecnologia que motivaram a inclusão, no campo da ética, de todos os seres: a vida humana, animal e vegetal, bem como o ambiente onde ela se desenvolve. Assim, foi a partir do reconhecimento do valor intrínseco da natureza que se criou a ética ambiental. A identificação e compreensão das principais conceções de ética ambiental, permitem-nos traçar estratégias mais esclarecidas face à relação emergente sobre a nossa relação com o ambiente (Singer, 1995). No entanto, socialmente verifica-se que o enfoque de um problema em concreto pode ser estabelecido de maneiras distintas, de acordo com diversos interesses, individuais e coletivos, dos diferentes atores sociais. Perante tal facto, parece-nos óbvio, que uma política ambiental adequada deverá alicerçar-se em pressupostos éticos adequados e não em atos circunstanciais desregrados dos recursos naturais. Destaca-se a necessidade de que o desempenho das funções públicas, na gestão ambiental, seja sempre orientado por princípios éticos que garantam o alcance dos objetivos sociais sem desrespeitar a natureza. Apesar da multiplicidade de posições encontradas na literatura salientamos de seguida algumas perspetivas ambientalistas. Estas relacionam-se com o modo de conceptualizar a relação do homem com a natureza (Almeida, 2007), esgrimam argumentos de forma diferente dando origem a um leque de éticas ambientais concorrentes. 4.1. Antropocentrismo Esta perspetiva ambientalista caracteriza-se por uma visão instrumental da Natureza, em que a sua existência é tida para ser explorada ao nível dos seus recursos, 13 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu assumindo o Homem uma relação de domínio sobre a Natureza. Integrando o tipo de mentalidade dominante da sociedade ocidental. Almeida (2007), refere que a ideia do ser humano como dominador do mundo encontra as suas raízes em Aristóteles (384322, a. C.) mas particularmente em Francis Bacon (1561-1626) e Descartes (15961650). Do pensamento aristotélico persiste a ideia de que a natureza foi criada para usufruto humano. O antropocentrismo estabelece uma hierarquia das diferentes formas de vida, considerando no topo, os seres dignos dotados de razão. Segundo Beckert (2004) o critério para definir quem faz parte, ou não, da comunidade dos seres dignos de consideração e apreço, é o da posse da razão, caracterizada pelas capacidades de pensar, raciocinar e tirar conclusões lógicas a partir de premissas válidas. Na opinião de Almeida (2007, p.31), a perspetiva antropocêntrica pode ser sistematizada nas seguintes ideias: “- A especificidade humana, fruto das suas capacidades, coloca o Homem numa posição de domínio; - O Homem é dono do seu próprio destino, e está nas suas mãos usufruir das potencialidades ilimitadas que o mundo tem para oferecer; - O progresso é inerente à história da humanidade, e prova disso é a sociedade tecno-industrial.” Contudo o mesmo autor refere: “se por um lado no quadro teórico do antropocentrismo há uma visão de domínio humano sobre a natureza, por outro, também comporta formas mais conciliadoras na nossa relação com a natureza” (Almeida 2007, p.37). Baseando-se ainda na distinção efetuada por Norton (1984) entre antropocentrismo fraco e forte, afirma que este último considera apenas a satisfação das necessidades sentidas, enquanto o antropocentrismo fraco admite as necessidades Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 14 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu refletidas, tendo como finalidade o bem estar da humanidade, considerando necessário a manutenção dos recursos. Deste ponto de vista há uma obrigação ética de forma a legar às futuras gerações os recursos naturais, através de uma boa gestão ou do “bom uso”, respeitando a Natureza. 4.2. Biocentrismo Esta corrente, ao contrário do antropocentrismo, defende o valor intrínseco das outras formas de vida, independentemente do seu interesse para a espécie humana. Dada a eclosão da crise ecológica em meados do século XX surgem as éticas biocêntricas, que segundo Almeida (2007), manifestam uma importante diversidade argumentativa, podendo assumir um carácter limitado e confinado aos seres mais complexos (como no caso das teorizações de Peter Singer e Tom Regan) ou extensivo e igualitário (Paul Taylor). Peter Singer, em 1975, publica o livro Animal liberation considerando o animal como sujeito moral, provido de uma dignidade intrínseca. Este autor defende o biocentrismo centrado na senciência, isto é, tem como fundamento o alargamento da esfera ética para a sensibilidade, reconhece portanto que, os animais são dotados, tal como os homens, de capacidade de sentir, o que permite estabelecer o princípio de igualdade. No entanto Singer determina uma hierarquia entre os animais, considerando mais grave a morte de pessoas do que de outros seres vivos apenas sencientes. Assim, “(…) pelo facto da capacidade de sentir ser fundamento de interesses não significa atribuir os mesmos direitos a humanos e outros animais, mas sim ter igual consideração pelos mesmos interesses, sejam eles quais sejam “ (Beckert,2004,p.41). De acordo com Almeida (2006), Singer, ao propor a senciência como base para a considerabilidade moral dos seres vivos, acaba por excluir grande parte dos seres do reino animal e enfrenta o problema de onde traçar com exatidão as linhas da senciência 15 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu e da autoconsciência, aspetos fundamentais para que a sua teoria tenha viabilidade prática. Tal como Singer, o filósofo Tom Regan (2001), considera o animal respeitável em si mesmo, no entanto apresenta uma visão mais radical ao defender os seus direitos. Regan valoriza os indivíduos em si mesmo e não os seus interesses. Na teoria dos direitos dos animais ele afirma a igualdade entre todos os indivíduos, por estes serem portadores de uma vida, para além da senciência, possuem crenças e desejos. Regan engloba neste conjunto pelo menos todos os mamíferos, mentalmente normais, a partir do primeiro ano de vida. Tal como refere Almeida, (2006, p.73) “ outros animais podem também ser incluídos como por exemplo as aves”. Contudo Regan é categoricamente abolicionista, quanto às experiências com animais, referindo que em ciência o melhor que podemos fazer é não os utilizar”. Almeida (2006) considera a posição de Regan, um obstáculo efetivo ao combate à extinção de espécies, por se conceptualizar no respeito pelos indivíduos. Perante este contexto, mais importante do que reconhecer, direitos aos animais é contribuir para uma mudança radical na nossa atitude perante eles. Com uma outra abordagem surge o biocentrismo extensivo e igualitário onde, como mencionado anteriormente, Paul Taylor se apresenta como defensor. Nesta perspetiva de biocentrismo extensivo e igualitário, admite-se a vida como critério decisivo para conceder aos indivíduos um valor moral intrínseco, alargando o campo ético a todas as formas de vida existentes na Terra. Tal como mencionou o filósofo Kenneth Goodpaster, a capacidade de viver, melhor do que a capacidade de sentir, deve tornar-se o critério de consideração moral a seguir, uma vez que a sensibilidade está subordinada à própria vida. Também Paul Taylor, converge no igualitarismo biocêntrico, quando refere que todos os seres vivos têm igual valor intrínseco. Segundo este autor um organismo vivo é uma unidade teológica, orientada em função de uma Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 16 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu finalidade, como seja alcançar um estado de maturidade e de reprodução. Uma vez que as ações dos homens são suscetíveis de fracassar no cumprimento desta tendência, e considerando Taylor que tal interferência prejudica de facto qualquer ser vivo (incluindo as plantas), devemos respeitar, os esforços e os desfechos em função dos quais os organismos se orientam. Da sua teoria Taylor faz derivar, um conjunto de obrigações éticas igualitárias que assentam na “ vontade de viver”. Como ele mesmo admite, “em igualdade de circunstâncias a destruição de si e por si de uma flor silvestre é tão inadmissível como matar um ser humano”. Ainda dentro do Biocentrismo surge uma terceira perspetiva, o chamado biocentrismo extensivo e hierárquico. Esta perspetiva de hierarquização encontra-se centrada na presença de raciocínio prático consciente, condição sine qua non do desejo, que só se verifica nos seres mais complexos (mamíferos e aves). É defendida por Gary Varner (1998), que estabelece os seguintes princípios: -a morte de um ser que possui desejos é mais gravosa do que a de um que não os possui; -a satisfação dos desejos dos seres humanos é mais importante do que a satisfação dos mesmos nos animais. Porém, para evitar que o segundo princípio dê origem a uma qualquer interpretação antropocêntrica, em que tudo é permitido ao ser humano, afirma que os desejos de base ou categóricos, entendidos como projetos de vida que dão um verdadeiro significado à vida humana, têm prioridade sobre os não categóricos. Assim o seu sistema hierárquico defende que, os desejos são geralmente mais importantes do que os interesses biológicos simples. Varner é considerado um individualista biocentrico, pois baseia-se numa organização de interesses que implica uma hierarquia de seres vivos. 17 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4.3. Ecocentrismo Nesta teoria ética, o âmbito de consideração moral é alargado a toda a natureza e está historicamente ligada ao nome de Aldo Leopoldo e à sua obra de referência, A sand county almanac. Nesta obra, Leopoldo (1949, p.116), sublinha que “ os homens são apenas companheiros de viagem de outras criaturas na odisseia da evolução” A Terra é assim entendida como um oásis de imensidão cósmica, habitado por formas de vida, que constituem uma só família à qual os ecocentristas chamam de “comunidade biótica ou ecossistema global”. Leopoldo partilha a ideia de que, os elementos individuais se inserem numa comunidade sistémica, e que o valor intrínseco é atribuído à totalidade que é a comunidade biótica. As posições de Leopoldo começaram por enfatizar o valor estético da natureza, contudo na sua fase intelectual mais produtiva acabaram por refletir a ideia de que a preservação da natureza fracassaria se não fosse direcionada tendo em conta o sistema como um todo holista. Assim, a relação preponderante do homem deverá ser preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica. Baseados nas ideias de Leopoldo diversos autores defendem hoje uma ética holista, no seio da qual a prosperidade dos ecossistemas é vista como valor supremo. Varandas (2004, p.158), refere que “o Homem deverá passar de conquistador a membro e cidadão pleno da comunidade biótica” não deixando inteiramente de lado, o dilema ser-parte ou ser-aparte. Também Baird Callicott (1989), argumenta que “ A Terra com o seu manto vivo é a nossa tribo e cada uma das suas inúmeras espécies é por assim dizer um clã separado”. Segundo o mesmo autor, o ecocentrismo é centrado nos ecossistemas valorizando a consciência humana e surgindo-se associado aos seres humanos (Almeida, 2006,p.102). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 18 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Como refere Almeida (2006) esta posição é contrariada por Rolston III (1988, p.102), ao mencionar que, “(…) o valor é gerado independentemente do Homem… havendo valores naturais que são transferidos para os seres humanos que captam esse valor ou não(…)”. Portanto, há valores concebidos naturalmente e outros pelos seres humanos, introduzindo um novo tipo de valor, o valor sistémico. Assim, não é só a vida que constitui valor, os seres inanimados devem ser também objeto de valorização pois possuem propriedades de apreciação, não pelo que nos podem proporcionar mas por terem valor em si mesmo (Almeida, 2006, p.104). Nesta ótica a representação do mundo natural, conduz a um sentir da natureza de uma forma mais próxima e completa, responsabilizando o homem por estar no mundo. 4.4. Ecologia Profunda A ecologia profunda, de cariz ecocêntrico surge a partir de um ensaio do filósofo Norueguês Arne Naess publicado em 1973, na revista (The shallow and the deep: longrange ecology movement). Resumidamente, esta prespetiva ecológica aponta para a necessidade de uma nova filosofia politica e moral que considere o ser humano como componente da natureza. Tal como na ética da Terra, também a ecologia profunda partilha o princípio do Todo, salienta um igualitarismo biótico, dando valor intrínseco aos próprios ecossistemas, onde o Homem é considerado parte integrante da natureza e não ser superior. Assim o termo profundo significa uma prática reflexiva, através da interrogação de nós próprios. Para Varandas (2004), a ação decorre da subordinação do ser humano a uma ordem planetária que é, ao mesmo tempo cósmica. Tal como sublinha Fox (1990), a ecologia profunda deve propor sobretudo uma prática, de maneira a diluir o mais possível o ego humano no seio da biosfera. Neste sentido preconiza-se que cada pessoa deve procurar a identificação do seu eu (“self – realization”) com o Eu holista. Perspetiva-se assim o Homem, como uma extensão de si, 19 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu formando um continuum com a natureza, sem que haja uma exceção no plano da existência. Almeida (2006), acrescenta que, na ecologia profunda as formas dualistas atenuam-se face a um quadro reflexivo. Assim, a ideia de que a diversidade biótica gera uma interdependência cooperante surge como apelo radical da ecologia profunda. Neste pressuposto Stone (1974), admite que a ecologia profunda deve pôr em causa os modelos convencionais do pensamento ocidental. Só assim acredita ser possível reconhecer que os seres humanos são uma ínfima parte do universo, dele dependendo totalmente. Sendo razão pela qual é o próprio universo que deve constituir objeto de uma valorização superior, a mesma que habitualmente se reserva à humanidade. 4.5. Ecofemeninismo Este movimento também rejeita os modelos de civilização ocidental e defende que o grande erro do mundo ocidental não é estar centrado na humanidade, mas sim no masculino. O ecofemeninismo parte do princípio de que existe uma relação direta entre a opressão das mulheres e a da natureza, não devendo por isso a defesa de uma e de outra ser separada. Segundo este rumo de pensamento a perspetiva prende-se com a valorização da razão em detrimento do pensamento e da emoção. O reconhecimento do género masculino correlacionado à racionalidade determinou uma dicotomia prevalecente na cultura ocidental, como por exemplo: espírito/corpo, homem/mulher, razão/emoção, domínio/submissão, (Varandas, 2004, p.33). No entanto, o ecofemeninismo encontra o seu calcanhar de Aquiles exatamente na diferença entre o masculino e o feminino. Como refere Ferry (1993), afirmar que a mulher é mais “natural” do que o homem é negar a sua liberdade, logo a sua plena e inteira pertença à humanidade. A reivindicação do direito à diferença deixa de ser Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 20 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu democrática a partir do momento em que se prolonga na exigência de uma diferença de direitos. SÍNTESE No contexto de uma crise ambiental que assume proporções ameaçadoras, a resolução de controvérsias exige o recurso a um conjunto de princípios morais baseados numa ética ambiental, em sentido amplo. Nesta ótica, cabe à Escola e mais propriamente aos atores educativos, refletir sobre a perspetiva ética dos currículos, para que seja possível incutir nos jovens vastos conhecimentos ambientais no sentido de desenvolverem atitudes ambientalmente sustentáveis. Com o avanço e evolução das sociedades tecnocientíficas, a educação em ciências e em tecnologia é fundamental, mas deve caminhar em paralelo com uma reflexão ética ambiental que é cada vez mais necessária. Conhecer e refletir sobre as diferentes posições éticas no domínio educativo, demarca o plano de atuação bem como as estratégias a implementar. No entanto, e como refere Almeida (2002, p.34), “ existe uma fraca consciencialização por parte dos docentes destas abordagens éticas”. Isto deve-se, na opinião de Barbosa (2000, cit. in Almeida, 2002, p.35), ao facto “ da perspetiva ética antropocêntrica ser a dominante, voltada para a gestão dos recursos” e culpável da atual crise ambiental. Neste contexto a Educação Ambiental não pode incidir apenas na preocupação do bem-estar humano, mas sim numa educação que desenvolva nos indivíduos o sentido crítico, tendo em conta a multidimensionalidade de posições nesta área. Para conseguirmos sociedades justas, sem que os padrões de vida dos seres vivos e não vivos sejam seriamente afetados, a educação deve ser norteada no sentido de refletir e debater os referenciais éticos imprescindíveis e estruturadores da ação. 21 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 22 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO II A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1. INTRODUÇÃO 2. PERSPETIVA HISTÓRICA SÍNTESE 23 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 24 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO Neste capítulo é feita uma análise dos acontecimentos que impulsionaram a emergência da Educação Ambiental (EA), não só em Portugal mas também ao nível internacional. Uma viagem pela história, que acompanha alguns momentos importantes no mundo e na política do ambiente. A educação ambiental ao nível mundial tem estado relacionada com o crescimento das catástrofes ecológicas, que têm desencadeado várias preocupações ambientais, ao nível social, económico e político. Uma observação atenta sobre as catástrofes ecológicas, de que o mundo tem sido palco, levou o ser humano a procurar alternativas ambientalmente sustentáveis. Desta procura, emergiu a educação ambiental, uma vez que a educação tradicional, só por si, não estava a dar resposta às mudanças necessárias para que a humanidade se torna-se eticamente responsável em relação aos seus semelhantes e às demais espécies (Martínez, 2007). Surgiu assim a necessidade de se procurar adjetivos para a educação como “ambiental” que essencialmente, significa mudança de valores, comportamentos e atitudes que abram caminho e possam reverter a situação devastadora em que nos encontramos. Na opinião de Marques (2005), um dos fatores capitais para a formação das políticas ambientais é a responsabilidade ética e a participação cívica dos cidadãos. Sendo esta tarefa árdua conseguida através da educação ambiental. A crise de relacionamento entre a sociedade e a natureza, alterou o tecido ecológico de forma irreversível e em proporções globais. Além de que colocou em perigo a sobrevivência da nossa espécie, que perante a conjetura de um futuro incerto enfrenta desafios e dilemas passiveis de resolução através de uma EA emergente. 2. PERSPETIVA HISTÓRICA O efeito internacional de algumas catástrofes ambientais despertou o mundo para a globalização dos efeitos do mau uso do ambiente, tornando evidente que os problemas ambientais não conhecem fronteiras. 25 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Embora desde a antiguidade tivesse havido sinais do desfasamento relacional humanidade - natureza, pode dizer-se que no último século, a necessidade de uma educação ambiental, a nível institucional, cresceu dramaticamente após a publicação do “Silent Spring”, da bióloga Raquel Carson, em 1962. Na ótica de Marques, (1998, p.31) esta autora concomitantemente com outros investigadores, entre os anos sessenta e setenta, agitaram as instituições públicas, bem como os meios académicos, fomentando um novo paradigma ambiental, mais integrado e pluridisciplinar, levando à edificação de uma moderna política pública de ambiente. Em 1967 no Japão, e posteriormente em 1969 nos Estados Unidos e Suécia, surgem as primeiras leis do ambiente. No entanto, é em 1968, que segundo Novo (1998), se dá o início da EA como movimento inovador. É criado o Conselho para a Educação Ambiental reunindo mais de 50 organizações voltadas para temas de educação e meio ambiente. É também neste ano, que pela primeira vez, se reúnem especialistas de todo o mundo na Conferencia das Nações Unidas, em Paris, para discutirem problemas globais do ambiente. A década de 60 é marcada por vários acontecimentos institucionais com vista à integração de uma política global sobre ambiente e educação ambiental que expressam um sentimento coletivo de necessidade: “é preciso organizar uma educação relativa ao meio ambiente se queremos que o comportamento da humanidade com o meio se realize sobre bases corretas de utilização e conservação dos recursos, para a manutenção do equilíbrio da natureza.” (Novo, 1996, p.24). Na década de 70 na Conferência de Nevada, o conceito de EA é definido como: “um processo de reconhecimento de valores e de clarificação de conceitos, com vista a desenvolver as capacidades e atitudes necessárias para compreender e apreciar as interrelações entre o Homem, a sua cultura e o seu envolvimento biofísico” (Cristina Carrapeto,1999, p. 83). Generaliza-se assim a expressão EA primeiro nos Estados Unidos e depois no Reino Unido, após o lançamento do primeiro número do Journal of Environmental Education. Surge assim uma mudança racional sobre o ambiente Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 26 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu resultante de uma representação diferente por parte da população e cientistas. É também nesta altura, com o surgimento de uma consciência ambiental, que o governo e a sociedade portuguesa, manifestaram preocupações na criação de um quadro legal e prático que protegesse os valores naturais e os ecossistemas. Foi também durante os anos 70 que os movimentos ecológicos adquiriram força através da formação de associações de ambiente, como a “Friends of the Earth” e a “Greenpeace”. Formaram-se também ministérios do ambiente em vários países e organizou-se, em 1972, a primeira Conferência das Nações Unidas em Ambiente Humano e Desenvolvimento de Estocolmo. Em Portugal foi criada a Comissão Nacional de Ambiente (CNA), através da portaria B/316/71 de 19 de Junho, estabelecendo um dos efeitos institucionais mais visíveis da participação de Portugal na Conferência das Nações Unidas. Esta incluiu um conjunto de princípios orientadores para o uso ecologicamente racional do meio ambiente. Entre os quais o princípio 19, em que se diz: “ É indispensável um trabalho educacional em questões ambientais, dirigido tanto às gerações jovens como às de adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para criar as bases de uma opinião pública bem informada e uma conduta dos indivíduos das empresas e das coletividades, inspirada num sentido de responsabilidade relativo à proteção e melhoramento do meio em toda a dimensão humana” (Novo,1996, p.35). Nesta Conferência foi realçado o diagnóstico alarmante do impacto da atividade humana no ambiente. Teixeira (2004,p.291), refere que em Portugal, a EA “ emerge definitivamente a partir dos trabalhos preparatórios da participação nacional na Conferência de Estocolmo, enquanto via de aprendizagem, exercício permanente e proposta de competência cívica”. Como resultado da Conferência de Estocolmo, surgiu em 1973 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), tendo como propósito auxiliar a 27 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu coordenação entre as organizações internacionais, de forma a apoiar os programas educativos sobre ambiente. Em Portugal, também em 1973, a CNA apresenta como principal objetivo fomentar a introdução nos programas de ensino das noções de defesa do ambiente (Evangelista, 1992, cit.in Martins, 1996, p.74). De 1973 a 1975 a UNESCO e a PNUMA promoveram vários Seminários Internacionais de EA, num dos quais surge a elaboração da Carta de Belgrado. Este documento parte do pressuposto que o desenvolvimento da EA é um dos elementos fundamentais para o combate geral à crise ambiental mundial, onde se refe: “ Nós necessitamos de uma nova ética global – uma ética que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos.” (UNESCO/PNUMA, 1975) Em Portugal (1975), é criada a Secretaria de Estado do Ambiente integrada na estrutura do Ministério do Equipamento Social e Ambiente. É reestruturada a CNA, criando-se o Serviço Nacional de Participação das Populações (SNPP), e segundo Evangelista (1992), é a partir desta altura que se dá a institucionalização da EA em Portugal. Segundo Martins (1996,p.76), ao SNPP foi deliberada a tarefa de “assegurar a concretização de campanhas de divulgação, participação e formação da população em geral, e da juventude em particular, com vista à concretização de uma política nacional, regional e local de ambiente”. No âmbito das diferentes sessões que o SNPP promovia, foi criado para professores o programa “O Homem e o Ambiente”. Este programa integrava de forma articulada as vertentes ecológica, social e histórico/cultural, pretendendo uma EA com uma visão integrada e interdisciplinar. É neste contexto, e na sequência da Reforma do Sistema Educativo, que se dão alterações dos programas escolares e se incluem diversos temas ambientais em várias disciplinas. No entanto, ainda não se podia considerar formalmente a EA, uma vez que os objetivos e Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 28 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu formalidades não estavam completamente estabelecidos, vindo posteriormente a definirse na Conferência de Belgrado. Fernandes (1983, cit. in Martins, 1996, p.78), verificaram-se sinais de mudança, embora não existisse ainda uma EA minimamente estruturada em Portugal, considerando-se o seu ensino formal ou não formal. Em 1977 a UNESCO/PNUMA promove a Conferência Internacional de EA em Tbilisi, onde Portugal desempenha uma participação ativa. Na perspetiva de Novo (1998), esta Conferência é considerada como um dos acontecimentos mais significativos na história da EA, pois nela se estabelecem os critérios e diretrizes para o futuro do movimento educativo. A declaração de Tbilisi afirma que: “Ao adotar um enfoque global, sustentado numa ampla base interdisciplinar a EA cria uma perspetiva dentro da qual se reconhece a existência de uma profunda interdependência do meio natural com o meio artificial, demonstrando a comunidade dos vínculos dos atos do presente com as consequências do futuro, bem como a interdependência das comunidades nacionais e a solidariedade necessária entre os povos” (Cascino 1999,p.55). Nesta Conferência foram ainda definidos os princípios da EA, de forma a ajudar indivíduos e grupos sociais a adquirirem conhecimentos, consciência, atitudes e competências, para efetuarem uma participação ativa nas tarefas cívicas com a finalidade de resolver as questões ligadas ao ambiente. Na década de 80 a consciência ambiental desperta em consequência dos desastres mundiais como, o desastre nuclear de Chernobyl (1986), na União Soviética, ou o naufrágio do navio petroleiro Exxon Valdez (1989), no Alasca. Confirmaram os alertas do livro “ A Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson (1962) e acordaram o mundo para o facto de que os ciclos conservadores da Natureza deixaram de ter capacidade de regeneração para resolver os efeitos da ação humana. Foi também em 1980 realizado um encontro organizado pela World Conservation Union (IUCN) com a cooperação do PNUMA, World Wild Fund (WWF), Food and Agriculture Organization (FAO) e 29 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu UNESCO do qual resultou a formulação de uma Estratégia de Conservação Mundial. Orellana e Fauteux (1998) referem que, neste encontro “invocou-se à EA (apresentada em conjunto com as ciências naturais e a ecologia) e à participação pública como indispensáveis para alcançarem a mudança no comportamento dos indivíduos e sociedades respeitantes à biosfera”. Em 1983 foi constituída pela ONU a Comissão Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento, mais conhecida por Comissão Brundtland, para estudar de forma inter-relacionada os problemas ambientais que afetam o planeta no seu conjunto. Destes estudos foi redigido em 1987, o Relatório de Brundtland, ou “O Nosso Futuro Comum” pela, Comissão Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento. Define-se o “estabelecimento de vínculos entre os modelos de desenvolvimento e a problemática ambiental designando-a por desenvolvimento sustentável. Começa assim a partir desse momento, a incorporação do desenvolvimento sustentável na educação ambiental” (Novo, 1998, p.53). Este relatório é um marco referencial a nível planetário, que reforça o conceito de Desenvolvimento Sustentável e a indissociabilidade entre o desenvolvimento económico e o estado do ambiente. Com o objetivo de elaborar uma estratégia internacional de ação em matéria de educação e formação relativas ao ambiente, foi organizada a conferência de Moscovo. Na qual, a EA estava posicionada em direção ao Desenvolvimento Sustentável, que segundo Orellana e Fauteux (1998), permanece um conceito difuso e aberto a numerosas interpretações. Assim a EA deve dirigir-se através de, fatores culturais, sociais e económicos, como origem primária dos problemas ambientais. Foi também em 1983 que, em Portugal, foi extinta a Comissão Nacional de Ambiente (CNA), e surge posteriormente o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza (SNPRCN), que se mantém em idênticas funções, até 1987. Ainda em 1983, é criado um meio de ordenamento do território, colocando Portugal na Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 30 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu posse de um instrumento muito importante que é a Reserva Ecológica Nacional (REN) (Marques, 1998,p.86). No entanto, segundo Raposo (1997), só a partir da Lei de Bases do sistema Educativo, em 1986, se assiste ao enquadramento e formalização para as práticas de EA com a criação nos programas de “espaços próprios e adequados” para o desenvolvimento de projetos de EA, assim como, a Área – Escola, as Atividades de Complemento Curricular e a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social. Contudo foi com a criação do Instituto Nacional do Ambiente (INAMB), em 1987, que se tornou efetiva “ a promoção de ações na área da política do ambiente, em especial, na área de formação e informação dos cidadãos e a prestação de apoio às associações de defesa do ambiente” (Evangelista, 1992, P.94). O INAMB foi, em 1993, substituído pelo Instituto de Promoção Ambiental (IPAMB), com autonomia administrativa, que promovia, desenvolvia e apoiava projetos de EA ao nível formal e não formal. Na década de 90 alargou-se a EA a todos os níveis de ensino e investiu-se na formação de professores e na qualidade dos materiais pedagógicos. O debate sobre o Relatório Bruntland, lançado em 1987, impulsionou a realização em 1992 da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, também denominada “Cimeira da Terra”. Desta Conferência resultam dois documentos fundamentais, a Agenda 21 e a Declaração do Rio. O capítulo 36 da Agenda 21 intitulado “promoção da educação, consciência pública e formação” determina as bases de ação em matéria de EA para o desenvolvimento sustentável. Foi perfilhado pela Agenda 21 um plano de ação para o Desenvolvimento Sustentável, onde são preparadas medidas integradoras no sentido de parar e inverter os efeitos da degradação ambiental. Este é conhecido por Agenda Local 21 e abrange temas sociais, económicos, culturais e de proteção ambiental, constituindo um programa global que os governos têm que adotar e fazer aplicar ao nível das 31 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu comunidades locais, pois é da responsabilidade de todas as organizações e habitantes fomentar o uso sustentável dos recursos naturais para o desenvolvimento humano, procurando edificar um ambiente limpo e saudável. Paralelamente à Conferência do Rio, ocorreu o Fórum global da Sociedade Civil sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que produziu igualmente tratados e pareceres sobre a situação atual e futura do planeta, saindo um Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Neste Tratado é mencionado que, “é inerente à crise a não participação da quase totalidade dos indivíduos na construção do seu futuro” (Novo, 1998, p.68). Neste sentido é necessário o desenvolvimento de uma consciência ética sobre todas as formas de vida e das ações, na qual a EA tem de formar cidadãos com consciência local e planetária, estimulando-se no trabalho educativo ambiental o princípio da equidade. Novo (1998), refere que, neste Tratado “a EA é um ato político, baseado em valores para a aproximação social, ou seja, um impulso nos programas da participação ativa da cidadania no controle e gestão dos recursos comunitários” (Novo, 1998, p.71). No seguimento dos debates da Conferência do Rio, surgem acordos sobre ambiente ao nível global, entre os quais, a Convenção da Diversidade Biológica, a Convenção sobre a Desertificação e a Convenção sobre as Alterações Climáticas. Em todas estas Convenções se observa a referência à necessidade de uma educação formação, sensibilização pública e a integração nos programas educativos da EA. Em 1997, foi aprovada a Convenção sobre as Alterações Climáticas, foi também, acordada a redução da emissão de gases de efeito de estufa até 2010. Vinte anos depois de Tblissi, em Tessalónica na Grécia, decorre a Conferência Internacional sobre Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade. Daqui resulta a Declaração de Tessalónica, que norteia a EA para a sustentabilidade, de onde realçam, entre outros, os seguintes objetivos (CONF.401/CLD.2,1997): Tornar claro o papel decisivo da educação e da consciência Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 32 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu pública na consecução da sustentabilidade e considerar a importante contribuição que para estes fins tem a EA. A Declaração também aconselha que a EA deverá ser referida como educação para o ambiente e sustentabilidade, (Knapp, 2000, p.32), numa redução da EA às ciências naturais. A orientação da sustentabilidade ambiental tornou-se o eixo diretivo das considerações e recomendações e a Declaração desta Conferência exigiu de imediato a implementação da EA enquanto educação para o meio ambiente e a sustentabilidade, pela mediação das escolas, da comunidade científica, dos meios de comunicação, das organizações não governamentais (ONGs) e governamentais. No entanto na perspetiva de Knapp (2000) os princípios de base e o espírito da EA são claros, eles começaram em Tblissi, devendo ser defendidos e impedidos de se extinguirem pelos documentos produzidos na Conferência de Tessalónica. Para alguns autores a EA deverá ser incluída na Educação para a Sustentabilidade, mas para outros, a Educação para a Sustentabilidade é um pressuposto da EA. Em Portugal no ano de 1990 é criado o Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, reflexo da importância que o ambiente passa a ter a nível político – governamental. Neste mesmo ano surge a Associação Portuguesa de EA (ASPEA) tendo realizado em 1995 as I e II jornadas pedagógicas de EA, de âmbito nacional, que passaram a ter regularidade anual, chegando à sua 13ª edição em Janeiro de 2006. A ASPEA tinha como principal objetivo participar no desenvolvimento da educação ambiental, nos sistemas de educação formal e não formal. No final do ano de 1994, em Portugal foi apresentado o Plano Nacional da Política do Ambiente, pelo Ministério do Ambiente e Recursos Naturais (MARN), considerava que a promoção e o encorajamento de padrões de consumo ambientalmente adequados deveriam ser uma questão nuclear da EA (Martins, 1996,p.86). Em 1996 efetua-se um protocolo de cooperação entre o MARN e o Ministério da Educação para delimitação de ações comuns do ambiente. No entanto os projetos dirigidos às escolas não apresentavam a devida articulação entre si. Também neste ano, 33 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu são assumidas parcerias entre o Instituto de Inovação Educacional (IIE) e o IPAMB, procurando assegurar a edição conjunta de ações no âmbito da EA. No entanto nunca se verificou uma verdadeira articulação nas atividades propostas, pois estes tinham propósitos epistemológicos diferentes. Com a organização do IPAMB, em 1997, inicia-se a realização de Mostras de Projetos Escolares de EA, entrando em funcionamento uma rede de professores Coordenadores de Projetos de EA e uma rede nacional de Ecotecas. Neste mesmo ano cria-se o Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável (CNADS), onde se considera a educação, informação e participação pública como prioritárias. Verificou-se a partir desta altura uma maior dinamização de ações de EA, por parte dos atores educativos. No início do segundo milénio novos acordos internacionais são celebrados no sentido de um compromisso efetivo das nações para a defesa do ambiente global, nomeadamente na Cimeira da Terra, em Quioto e na Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, no ano de 2002. Na primeira são acordados valores para uma redução efetiva das emissões de poluentes para a atmosfera. No entanto este acordo não foi assinado por países como os Estados Unidos, altamente poluidores, o que comprova a dificuldade de ultrapassar os interesses económicos para a sustentabilidade do planeta. Na segunda destacam-se dois documentos: o Plano de Implementação e a Declaração Pública. Contudo estes apenas estabelecem posições políticas e não metas. A Declaração Política solicita o alivio da divida externa aos países em desenvolvimento e o aumento da assistência financeira aos países pobres, enquanto o Plano de Implementação determina três pilares do desenvolvimento sustentável: a erradicação da pobreza, a mudança dos padrões insustentáveis de produção e o consumo e a proteção dos recursos naturais. Este lança ainda o desafio da integração do desenvolvimento sustentável nos sistemas educativos e Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 34 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu a necessidade da comunidade internacional efetuar estratégias nacionais orientadas para a sustentabilidade. Após a Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas nº 57/254 que proclamou a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005 – 2014), é estabelecido o papel importante dos educadores na articulação entre a educação formal e a sociedade. Foi a Estratégia da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EEDS), adotada a 18 de Março de 2005 em Vilnius, na reunião dos ministros do ambiente e educação Em Portugal no ano 2000, dá-se a extinção do IPAMB e a sua fusão no Instituto do Ambiente (IA). Também o MARN sofre uma reestruturação e é criado, em 2002, o Ministério das Cidades e Ordenamento do Território (MCOTA). Esta fusão que prevê a racionalização de recursos e a promoção de sinergias entre funções distribuídas pelos dois organismos, traz ao movimento ambientalista, aos educadores e aos investidores, entre ouros, algumas preocupações, por não se conhecer, claramente, de que forma o investimento feito na educação ambiental nos últimos anos, iria ser transferido. A Liga para a Proteção da Natureza (LPN), em 2004, chama à atenção para o vazio instaurado nos órgãos institucionais promotores da sensibilização, informação e formação ambientais, bem como para a promoção da participação pública, derivados da extinção no ministério da educação do IIE e a extinção do IPAMB no ministério do ambiente. O mesmo documento referia ainda, a necessidade de estimular a participação dos cidadãos, criticando a falta de implementação das leis do ambiente em Portugal. Este documento menciona também a inconsistência do plano de implementação da Estratégia Nacional do Desenvolvimento Sustentável (ENDS), após ter sido apresentada publicamente em 2002 com falhas, segundo a LPN, de coordenação entre os diversos ministérios e entidades, limitando-se à tutela do MA. A ENDS sofreu três alterações desde 2002, tendo sido aprovado em conselho de ministros em Dezembro de 2006. Como refere Mota, I (2005,p.9) o seu grande propósito é o de “fazer de Portugal no 35 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu horizonte de 2015, um dos países mais competitivos da União Europeia, num quadro de qualidade ambiental, de coesão e responsabilidade social”. No entanto não há uma referência precisa à educação ambiental, mas sim uma predominância do vetor económico sobre o ambiente. Em Portugal, na política pública do ambiente, verifica-se uma constante alteração de designação dos ministérios de estatutos e reestruturações ministeriais ao ritmo da mudança de executivos, espelhando o papel secundário da política do ambiente. Isto evidencia-se da seguinte forma: em 2006 o Ministério das Cidades e Ordenamento do Território (MCOTA) é substituído por o Ministério do ambiente Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (MAOTDR); em 2007 ocorre a substituição do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). O Instituto do Ambiente (IA), funde-se com o Instituto de Resíduos (INR), criando-se a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tendo como finalidade, entre outras, em matéria de EA, a participação e informação pública e o apoio às ONGA`s. Quanto à EA ao nível escolar, apesar de se verificar um enquadramento legal e uma organização curricular que tornam possível o desenvolvimento nas escolas da EA, falta uma maior abertura das mesmas ao meio, ou mesmo, o reconhecimento da capacidade dos professores, para tirarem partido das ligações com a comunidade e com as ONGA`s que atuam nessa área. Apesar de nos últimos anos se verificar uma progressiva abertura da escola à comunidade e vice – versa, defronta-se com barreiras inerentes ao próprio funcionamento, com um modelo tradicional, funcionando através do voluntarismo por parte de alguns professores, trabalhando em horário pós laboral, sem qualquer incentivo. Para funcionar plenamente ao nível escolar a EA, necessita de uma abordagem permanente e de uma dignificação da classe docente para que os professores se integrem localmente. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 36 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Em suma em Portugal a EA formal tem tido várias ações com proliferação de ofertas educativas. Já se observa nas escolas uma introdução à implementação do Desenvolvimento Sustentável, sobretudo ao nível das áreas curriculares não disciplinares e na disciplina de Ciências Naturais, mas falta uma sequência contínua das atividades e projetos. Deve existir um processo de articulação que valorize o desempenho dos docentes e uma maior integração com as comunidades locais para não continuarem a desenvolver-se atividades e projetos ou a evoluírem num contexto marginal do ensino. Quadro 1 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1940 a 1969 1943 1947 1948 1961 1962 1968 Grã – Bretanha - 1ª Associação do ambiente Suíça - Fundada a União Internacional para a Proteção da Natureza (UICN) Organização para a Conservação da Natureza Paris - Encontro da UICN: É usada pela 1ª vez a expressão EA Portugal - Fundação da Liga de Proteção da Natureza (LPN) - Promove a conservação da natureza e dos seus recursos Canadá- Cria-se a World Wild Foundation (WWF) Fundação Mundial para a Vida Selvagem Estados Unidos - Rachel Carson escreve o livro “ A Primavera Silenciosa” - Um alerta mundial para os problemas ambientais Roma - Fundação do Clube de Roma: discussão da humanidade perante a situação ambiental. A EA começa a ser uma temática da aprendizagem escolar Paris - Conferência da ONU: discussão sobre Problemas globais de ambiente Quadro 2 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1970 a 1986 1970 Estados Unidos - Conferência de Nevada promovida pela UICN: define-se o conceito de EA Portugal - Criada a lei básica para a criação de parques nacionais e outros tipos de reservas. Criado o Parque Nacional da Peneda do Gerês: o objetivo era defender e proteger as áreas naturais 1971 Portugal - É criada a Comissão Nacional do Ambiente (CNA) Desenvolve campanhas de EA 1972 1974 1975 1977 1980 1983 1986 Estocolmo - Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento. Reflete-se sobre os problemas ambientais e as suas causas. A EA é vista como uma educação permanente ONU - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); Forma e informa os responsáveis pela gestão ambiental Portugal - Foi criada a secretaria de estado do ambiente México -Simpósium de Cocoyoc - Declaração de Cocoyoc Belgrado Jugoslávia Seminário de Belgrado Unesco - Publica-se a Carta de Belgrado um programa global para a EA Portugal - Criação da Secretaria de estado do ambiente. Cria-se o Serviço Nacional de Participação das Populações (SNPP) Tbilissi - Antiga URSS - Conferência Intergovernamental sobre EA -Define os objetivos da EA e preparam-se recomendações para os organismos de EA formal e não formal. UICN Estratégia Mundial para a Conservação - Aponta a EA como fundamental para a mudança de comportamentos da humanidade em relação há natureza ONU - Comissão Bruntland·cujo objetivo era estabelecer propostas sobre EA para orientar o futuro Portugal - Adesão de Portugal à União Europeia. Criação da Quercus 37 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 3 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 1987 a 2001 1987 1990 1992 1993 1997 1998 2001 Noruega, ONU - Publicação do relatório Bruntland – O Nosso Futuro Comum Aparece o conceito de Desenvolvimento Sustentável Moscovo (URSS) UNESCO - Congresso de Moscovo Tbilissi +10 reforçou-se a importância vital da EA Portugal - Promulgada a Lei de Bases do Ambiente. Criado o Instituto Nacional do Ambiente (INAMB) Promove ações na área da política do ambiente e EA Portugal - Criação do Ministério do Ambiente e Recursos Naturais (MARN) Associação Portuguesa de EA (ASPEA) Ano Internacional do Ambiente (ONU) - Participar no desenvolvimento da EA nos sistemas de educação formal e não formal Rio de Janeiro - Conferência do Rio – Cimeira da Terra (Eco -92) - Definem-se estratégias através da Agenda 21 com um capítulo dedicado à EA. União Europeia - Tratado de Maastricht: introduz o conceito de desenvolvimento sustentável na legislação europeia. Portugal - Extingue-se o INAMB e cria-se o IPAMB, Instituto da Promoção Ambiental Tessalónica – Conferência Internacional de Ambiente e Sociedade - recomenda-se que as escolas adaptem os programas de estudo às exigências de um futuro sustentável Portugal - Rede Nacional de Ecotecas - Publicação de uma revista nacional – Cadernos de Educação Portugal - Lei das Organizações não Governamentais de Ambiente (ONGA) Define os direitos de participação e intervenção das ONGA junto da administração pública para a promoção do ambiente. Japão, Quioto - Conferência Intergovernamental sobre Alterações Climáticas Tratado internacional para a redução das emissões de poluentes no ambiente Estados Unidos da América rompe protocolo de Quioto Portugal - Fusão do IPAMB com a Direção Geral do Ambiente originando o IA (Instituto do Ambiente) Quadro 4 – Marcos fundamentais da educação ambiental de 2002 a 2012 2002 2003 2005 2007 2009 2010 2011 2012 África do Sul, Joanesburgo Cimeira mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – 2ª Cimeira da Terra.Integra os três pilares de Desenvolvimento Sustentável: crescimento económico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Portugal - Criado o Ministério das Cidades e Ordenamento do Território (MCOTA) Portugal - grupo de trabalho propõe a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) Vilnius- Lituânia - conferência europeia de Vilnius: é adoptada a Estratégia da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EEDS); Estabelece-se o papel importante dos educadores na articulação entre a educação formal para o DS e a sociedade. Portugal - Protocolo do Ministério da educação com Ministério das Cidades Ordenamento do Território e Ambiente (MCOTA); Promover sinergias para a execução da EA nos sistemas de ensino. Portugal - o Comité Português para o Ano Polar Internacional (CPAPI) cria o programa Latitude 60; Fusão do Instituto do Ambiente (IA) com o Instituto de Resíduos (INR), cria-se a Agência Portuguesa de Ambiente (APA) - visa mobilizar as escolas professores e alunos para iniciativas de educação e divulgação científica. Participação e informação pública sobre EA e apoio às ONGA`s Bali - conferência sobre as alterações climáticas; compromisso sobre reduções das emissões de gases de efeito de estufa. Dinamarca, Copenhaga - 15ª Conferência das Partes (COP15) da Convenção - Quadro para as alterações climáticas e aquecimento global México, Cancun - Criação do Fundo Verde do Clima África do Sul, Conferência em Durban - Novo acordo ou protocolo com força legal para diminuir as mudanças climáticas Brasil - Rio de Janeiro - conferência 2012 Rio+20 - surgem 10 anos depois da conferência “Rio 92” para garantir e renovar o compromisso entre os políticos no sentido do desenvolvimento sustentável Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 38 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu SÍNTESE O paralelismo que se observou nas ultimas décadas, entre a crise da educação e a crise ambiental, tem levado à necessidade de pensar e atuar nas duas áreas de forma simultânea e convergente, no sentido da aquisição de comportamentos e valores que respeitem a interdependência entre as pessoas, a cultura e o ambiente, (Caride & Meira, 2001). Desta forma, as correntes contemporâneas da EA caminham em crescendo para uma visão sistémica de ambiente na qual as dimensões sócio – culturais e económicas, assim como os valores éticos, interagem necessariamente com as questões referentes à natureza e ao meio ambiente. 39 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 40 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO III CONCEPTUALIZAÇÂO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1. INTRODUÇÃO 2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PLURALIDADE DE OBJETIVOS 2.1 Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 2.2. A Escola como agente de mudança 2.3. Contributo dos Projetos de Ambiente na Escola 2.4. Conflitos e desafios à implementação efetiva da Educação Ambiental 2.4.1. Educar para a mudança SÍNTESE 41 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 42 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO O modo como percecionamos o ambiente, bem como as diferentes correntes éticas e estruturadoras dos nossos sistemas de representações, alterou-se conjuntamente com a evolução da história. Ao longo destas etapas históricas originou-se uma mudança de posicionamento da educação ambiental, orientada para uma nova consciência sobre o valor da natureza e para a produção de conhecimento, baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade. Assim, neste capítulo pretendese evidenciar os objetivos, as dimensões e as diferentes conceções do ambiente que condicionam o campo teórico e as práticas de EA. Em paralelo abordaremos conceitos chave para o desenvolvimento do trabalho educativo assim como alguns dilemas face à implementação de uma EA efetiva. 2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PLURALIDADE DE OBJETIVOS Perante a disseminação de crise ambiental e a consciencialização de que a maioria dos fatores que contribuem para a degradação ambiental tem origem em atividades humanas, as exigências nacionais e internacionais têm apelado à necessidade da implementação da Educação Ambiental (EA). De acordo com Abbas (2003), a EA começa a ser promovida como uma ferramenta eficaz para facilitar o processo de sensibilização face ao ambiental, e também como um incentivo no sentido da adoção de estilos de vida sustentáveis, com vista a minimizar os impactos ambientais. Contudo, o conceito de EA tem diferentes abordagens. De acordo com Fontes (2005), Educação Ambiental depende do significado de educação e de ambiente. Sendo que, o significado de cada termo se vê condicionado pelas orientações delineadas no âmbito das reuniões internacionais. As polémicas sobre a EA no mundo contemporâneo estão relacionadas com questões gerais, como sendo a degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, (exploração dos recursos naturais, sem considerar que são finitos) que têm 43 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu feito parte das preocupações dos mais variados setores da sociedade (Fontes, 2005). Apesar das diferentes abordagens com que têm sido tratadas essas questões, todas as discussões apontam para a necessidade de políticas públicas de EA. Com base na análise bibliográfica, constatámos que o principio 19 da Conferência de Estocolmo já indicava a importância da EA para a proteção e melhoria do ambiente. No entanto, só após três acontecimentos históricos importantes, (Carta de Belgrado (1975), Conferência Intergovernamental de EA de Tibilisi (Geórgia) em 1977 e a Cimeira do Rio em 1992) são definidos os objetivos da EA. Fontes (2005), refere que a partir da Conferência do Rio assiste-se a uma mudança na ênfase que se atribui à EA associada à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), que visa um modelo de crescimento económico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Com base neste pressuposto, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu como objetivo a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável no período decorrente entre 2005 e 2014. A Educação ambiental deve assim orientar-se para o desenvolvimento sustentável, com a finalidade de ajudar os indivíduos a interpretar, compreender e conhecer a complexidade e globalidade dos problemas ambientais. Ainda, deverá ser uma educação direcionada à aquisição de conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos que fomentem a sustentabilidade. A EA e a EDS, segundo algumas perspetivas complementam-se, sendo que a EDS comporta uma conceção mais transversal, abraçando as dimensões social, económica e de equidade inter-geracional. De acordo com Schmidt (2010), o que está em causa com a ideia de EDS já não é apenas a consciência, o conhecimento e a compreensão, enquanto meios necessários para operar mudanças de atitudes e de comportamento individual relativamente ao sistema ecológico. O que se pretende é promover mudanças éticas nas estruturas políticas e socioeconómicas no sentido de desenvolver competências de ação nas esferas Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 44 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu da equidade, justiça, democracia, respeito cívico com a finalidade de mudar os estilos de vida. Embora os conceitos de EA e EDS, se encontrem marcados por diferentes conceções e abrangências, ambos defendem mudanças nos setores económicos, sociais, políticos e culturais que nos permitirão alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável a nível global. Na perspetiva de Knapp (2000) a Educação Ambiental deve desenvolver-se de forma a incidir nas fundações e objetivos enunciados pela UNESCO, a partir da Conferência Internacional de Tibilisi (1977). A qual Gaudiano (2006) reconhece como sendo uma reunião internacional de grande esmero, onde a definição de ambiente ganhou amplitude. Os objetivos estabelecidos em Tibilisi, (Borges & Duarte, 1999) pressupõem uma sequência lógica de etapas orientadas para a aquisição de competências que possibilitem a ação. Como se a seguir se enumeram: →Consciência: ajudar as pessoas e os grupos sociais a adquirirem uma maior sensibilidade e consciência do ambiente em geral e dos problemas conexos; →Conhecimento: ajudar as pessoas e os grupos sociais adquirirem uma compreensão básica do ambiente na sua totalidade, dos problemas conexos e da presença e função da humanidade em relação ao ambiente →Atitudes: ajudar as pessoas e os grupos sociais a adquirirem valores sociais e um profundo interesse pelo ambiente, que os impulsione a participar ativamente na sua proteção e melhoramento. →Competências: ajudar as pessoas e os grupos sociais a adquirirem as competências necessárias para identificar, investigar e contribuir para a resolução dos problemas e questões ambientais. 45 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu →Participação: ajudar as pessoas e os grupos sociais a desenvolverem o seu sentido de responsabilidade e a tomada de consciência da necessidade urgente de prestar atenção aos problemas do ambiente, para assegurar que se adotem medidas adequadas a esse respeito. Perante estes objetivos surgiram diversas interpretações e opiniões, promovendo a participação e motivação na qual a meta da EA se centra na competência para a ação. Giordan & Souchon (1998) acrescentam o sexto objetivo, Capacidade de Avaliação, que se refere a “ajudar os indivíduos e os grupos sociais a avaliar as medidas e programas de educação ambiental tendo em atenção os fatores ecológicos, políticos, sociais estéticos e educativos”. Outros objetivos surgem, enunciados por alguns autores (Hungerford & Volk,1990; Ramsey,1993), que consideram como meta final da EA, uma educação para a responsabilidade, visando a obtenção de atitudes e comportamentos sustentáveis. Também Emmons (1997), enfatiza a ação ambiental positiva como o objetivo em substituição do comportamento ambiental, por considerar a ação como uma qualidade mais intencional. Neste âmbito Fontes (2005), propõe uma educação orientada para a ação ambiental, salientando a ideia do compromisso para solucionar problemas inerentes. É importante salientar que a ação ambiental deve ser exercida de forma voluntária e não por pressão social, ela deve ser intrínseca ao sujeito para que este seja motivado a agir. A Educação Ambiental deverá proporcionar as condições necessárias para o exercício de uma cidadania efetiva, valorizando o indivíduo, com base nas recomendações de Tbilisi, dando “especial atenção à compreensão entre o desenvolvimento socioeconómico e a melhoria do ambiente” (Recomendação nº1, Conferência de Tbilisi). É segundo esta recomendação que várias autoridades educacionais e organizações como a Environment Canada, a North American Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 46 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Association for Environmental Education (NAAEE) e a UNESCO tacitamente salientam que para uma plena EA é necessário incluir estratégias ativas de educação, realçando que a principal meta da EA é a da cidadania ambiental, consistente com as ideias da Carta de Belgrado e da Conferência de Tbilisi. A EA, norteada para o exercício da cidadania ambiental torna-nos responsáveis pelas comunidades às quais pertencemos e pelo ecossistema onde estas comunidades estão inseridas. A Educação Ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento, pode assumir, assim, “uma parte ativa de um processo intelectual, constantemente ao serviço da comunicação, do entendimento e da solução dos problemas” (Vigotsky, 1991, p.72). Trata-se de uma aprendizagem social, baseada no diálogo e na interação de informações, conceitos e significados. De acordo com o exposto, Sauvé (2000) é da opinião que a EA, dependendo das suas múltiplas conceções e abordagens, tem um espaço de intervenção bastante alargado. Segundo o mesmo autor esse espaço tem três esferas de interação, interpenetradas entre elas, com base no desenvolvimento das pessoas no seio do seu modo de vida (figura1). Figura 1 – As três esferas do desenvolvimento pessoal e social. Fonte: Adaptado de L.Sauvée (2000) 47 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu A esfera da identidade constitui o local onde a pessoa se desenvolve e aprende a definir a autonomia e responsabilidade, de forma a poder entrar em relacionamento com as outras esferas- A esfera da alteridade consiste na interação do sujeito o outro, como individuo ou grupo social, o lugar onde se desenvolve com sentimento de pertença, sentido de responsabilidade respeitante ao outro. E por último, a esfera do ambiente biofísico onde se desenvolvem as relações interpessoais e sociais, que Sauvé (2000) considera ser a esfera da EA. Verifica-se assim, que a EA é complexa e multidimensional, associando-se a outras dimensões da educação contemporânea da esfera da alteridade (como a educação para a cidadania) e pertencendo ao mesmo quadro ético da responsabilidade, solidariedade e altruísmo. Fonseca (2001), defende que a educação para a cidadania deve ser entendida como um processo lento e complexo, mas necessário. Considerando ainda que é imprescindível uma intervenção educativa sistemática, para que o individuo adquira o hábito de viver de acordo com princípios consensuais de cidadania. Esta abordagem será de grande importância para a intervenção institucional, nomeadamente a nível das Escolas. Contudo, é importante salientar que a educação para a cidadania não deve ser uma responsabilidade exclusiva da Escola, o facto é que, se assumimos que a cidadania é uma construção social, definida como um conjunto de práticas, passivas de serem ensinadas ou transmitidas, então teremos de concluir, que “ as organizações escolares e contextos educativos são lugares privilegiados para a participação democrática e o exercício da cidadania” (Nogueira & Silva, 2003, p.105). No entanto, embora seja importante ter conhecimento e consciência ambiental para o exercício de uma cidadania responsável, tal não é suficiente. Como referido anteriormente, o exercício de ação crítica construtiva é imprescindível. Assim, os objetivos inerentes à ação ambiental esboçam um quadro amplo de ações que incluem não só conhecimento, mas também atitudes, participação ativa e capacitação dos Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 48 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu indivíduos para avaliação dos efeitos das suas próprias condutas sobre o ambiente. A EA deve ser implementada através de uma visão global da realidade, surgindo como uma dimensão educativa abrangente. Pretende-se a clarificação de conceitos relativos ao ambiente, recorrendo à experimentação e à investigação transdisciplinar. Trata-se de um domínio transversal uma vez que vai além de conteúdos temáticos, abordando várias dimensões como se pode observar no mapa conceptual da figura 2, adaptado de Muñoz (1996). Dimensões da Educação Ambiental Educação Ambiental Relaciona-se Crise Ecológica Potencia-se através de Experiências escolares Significa: Nova visão pedagógica Exige: Entendimento das relações ser humano meio Concebe-se como Consciência Conhecimento Atitude Competência Participação Organismos e reuniões internacionais É necessário Um Marco Educativo Distinto Caracterizado por: Tema transversal Novos princípios Impregna todo o currículo Fim do Antropocentrismo Mentalidade planetária Responsabilidade Ind/Coletiva Inovação conceptual Concepção sistémica Parâmetros Espaço/ Tempo Noção de Ecossistema Energia, Mudança, complexidade Inovação metodológica Interdisciplinaridade Colocação de problemas Métodos activos Aprender Procura competências rumo a uma Cidadania Ambiental Crítica Figura 2 – Mapa conceptual das dimensões da Educação Ambiental. Fonte: Adaptado de Muñoz, 1996 49 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2.1 Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Perante a complexidade emergente dos problemas do foro ambiental tem-se verificado uma diversa adjetivação adotada para a educação no domínio do ambiente, como EA e a EDS. A palavra sustentabilidade é hoje uma das mais utilizadas na linguagem científica e nas ciências do ambiente, e a ideia de desenvolvimento sustentável é uma das mais poderosas e importantes ideias do nosso século (Freitas, 2006). Pressupõe a preocupação não só com o presente mas com a qualidade de vida das gerações futuras e é integradora do desenvolvimento com harmonia entre a economia, a sociedade e a natureza, respeitando a biodiversidade e os recursos naturais. Aborda ainda a solidariedade entre gerações e entre países, constituindo o pano de fundo das políticas internacionais e comunitárias de desenvolvimento sustentável que têm vindo a ser prosseguidas. Segundo Hesselink (2000), a EDS é um novo estado evolutivo ou uma nova geração da EA. Mckeown & Hopkins (2003), por seu turno, afirmam que a designação EA ou EDS depende da “perspetiva”, ou seja “ das lentes com que se olha o mundo”, apontando-as como questões pouco importantes. Estes autores vão de encontro à opinião de que, a EA e a EDS são parcialmente coincidentes, defendendo que EDS e a EA “ têm similaridades”, mas são abordagens “distintas, ainda que complementares” e que é importante que “a EA e a EDS mantenham agendas, prioridades e desenvolvimentos programáticos diferentes” (Mckeown & Hopkins, 2003, p.127). Também em 2005 a UNESCO deu grande relevância, à necessidade de uma educação para o Desenvolvimento Sustentável: “O Decénio das Nações Unidas tem como fundamento uma educação de uma sociedade mais viável para a humanidade e para a integração do desenvolvimento sustentável no sistema educativo a todos os níveis. O Decénio intensificará igualmente a cooperação internacional a favor da elaboração e conceção de práticas, políticas e programas inovadores comuns de educação para o Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 50 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu desenvolvimento sustentável”. Na opinião de Schmidt (2010), o conceito de desenvolvimento sustentável surge para promover uma maior justiça na disponibilização e usufruto dos recursos naturais entre povos e grupos sociais. Na perspetiva Gil & Vilches (2006), a educação para a sustentabilidade é considerada o objetivo principal na formação dos cidadãos, requerendo para tal um conjunto de ações educativas que mudem os hábitos e as conceções dos indivíduos, para se poder alcançar uma sociedade sustentável. Sendo esta definida por Dobson (1999), como aquela que vive e se desenvolve integrada à natureza, considerando-a um bem comum. Está assim subjacente um respeito pela diversidade biológica e sociocultural da vida. Ainda se encontra centrada no pleno exercício responsável e consequente da cidadania, com a distribuição equitativa da riqueza que gera. Não utiliza mais do que pode ser renovado e favorece condições dignas de vida para as gerações atuais e futuras. Constatamos que na realidade os diferentes países do mundo vêm a sustentabilidade por um prisma diferente, de acordo com as necessidades vivenciadas. Vargas (2005), refere que, já na Primeira Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano levada a cabo em Estocolmo em 1972 se tinha chamado a atenção para este facto, na medida em que os países desenvolvidos estavam “preocupados com os efeitos residuais do processo de produção, como a poluição”, ao passo que os países subdesenvolvidos manifestavam a “sua preocupação com a fome, a miséria, o desemprego e demais características da não-cidadania”. Neste sentido, Vargas (2005, p.8), cita Indira Gandhi, quando nesse mesmo plenário declarou que “a maior poluição é a pobreza”. De acordo com o supracitado Morgado (2007), defende que a implementação do desenvolvimento sustentável só será eficaz se efetuada com base no equilíbrio das suas 51 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu três dimensões: o desenvolvimento económico, a coesão social e a proteção do ambiente. Um dos objetivos da ONU é garantir a sustentabilidade ambiental, cujas medidas são: integrar os princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais; inverter a perda de recursos ambientais; reduzir para metade a proporção da população sem acesso sustentável à água potável. O objetivo seria alcançar, até 2020, uma melhoria significativa nas vidas de pelo menos 100 milhões de moradores de bairros degradados (Morgado, 2007). De acordo com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) 2015, alguns dos objetivos são dirigidos à educação com vista ao desenvolvimento de uma “sociedade de conhecimento” e à melhoria do Ambiente e valorização do Património. Morgado (2007), acrescenta que o Desenvolvimento Sustentável é também um objetivo fundamental designado nos Tratados da União Europeia, exigindo uma abordagem integrada das políticas económicas, sociais e ambientais. Á semelhança dos restantes países europeus, também em Portugal se está a desenvolver uma estratégia nacional e a estabelecer linhas orientadoras de um plano de implementação de sustentabilidade. Foi criado o documento “Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável 2005-2015” que aborda a temática em análise. 2.2. A Escola como agente de mudança A atual situação ambiental, caracterizada pela emergência da sustentabilidade, implica uma reorientação educativa na formação do sujeito, dotando-o de capacidades e valores que o comprometam na construção de um novo paradigma ecológico ( Ayala & Arteaga, Eastmond, Isaac-Márquez, Sosa, 2010). Como tal, é necessário redefinir os novos cenários educativos, o papel do professor e todos os intervenientes educativos, bem como a gestão do currículo. Segundo os autores, Abrantes, Figueiredo, & Simão Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 52 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu (2002), a definição de currículo assenta na ideia de um “conjunto das aprendizagens que os alunos realizam, ao modo como estão organizadas, ao lugar que ocupam e ao papel que desempenham no percurso escolar ao longo do ensino básico”. Depreende-se que o conceito de currículo está subjacente a todo um processo que envolve uma mudança, cabendo à escola e aos professores determinarem um conjunto de aprendizagens adequadas para os alunos. Os jovens cidadãos necessitam de adquirir conhecimentos para crescerem e desenvolverem uma nova cultura intelectual de consumo (Fonseca, 2001). Assim, a escola é um lugar privilegiado das aprendizagens, onde se deve adquirir valores, promover atitudes e comportamentos pró – ambientalistas, isto é, direcionar esforços no sentido de desenvolver uma cidadania ambiental crítica. Para Fonseca (2001, p8) “somente a escola, detentora da chave do futuro e funcionando num registo de universalismo, estará habilitada a fornecer as bases essenciais de uma educação para a cidadania que promova a abertura ao outro social.” Neste sentido é necessário, cada vez mais, preconizar uma educação que prepare os indivíduos para lidar com a imprevisibilidade, a mudança, a diversidade, reforçando uma visão global de ambiente e a necessidade de pensar a humanidade como parte da natureza. A Escola não deverá apenas ter um papel de sensibilização ambiental, e os professores não se deverão limitar à transmissão de saberes instituídos, ainda que bem fundamentados, mas sim a uma abordagem contínua e mais particularizada, norteada para o envolvimento e para a ação. Neste sentido, Marques (1998, p.148), refere que a construção da mudança é inseparável de uma pedagogia ambiental visando; “promover racionalidade crítica, perspetivar global e integralmente os problemas, representar interdisciplinarmente a realidade, dar prioridade ao futuro, educar para um olhar 53 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu antecipado, aprender a trabalhar em comunidade, estimular a responsabilidade cívica alargada e desenvolver solidariedade e justiça entre gerações”. Assim, a EA integrada no ensino impulsiona uma inovação metodológica, incorporando os diversos domínios das ciências, desde as ciências da natureza à antropologia ou à sociologia, onde os temas ambientais são abordados com base na interdependência homem-natureza. A educação ambiental surge como uma dimensão educativa abrangente pois impõe a clarificação dos conceitos relativos ao ambiente, recorrendo à experimentação e à investigação nas várias disciplinas, trata-se de um domínio transversal, pois vai muito para além dos conteúdos temáticos. Contudo, importa realçar que o objetivo principal da implementação da EA ao nível escolar é de que, o jovem estudante compreenda e conheça a problemática ambiental, para que possa refletir e dar soluções aos problemas encontrados (Espejel & Castillo, 2008). O homem aparece integrado no ecossistema global, cujas dimensões ambientais implicam uma abordagem sistémica. Isto é, as dimensões sociais e económicas são imbuídas da dimensão cultural, mais subjetiva, que implica uma nova noção de bemestar e reflexão em termos de análise dos riscos da atividade humana. Neste sentido, segundo Alves (1998), a Escola terá de acrescentar à formação intelectual, a formação socio-afetiva e moral. Também Correia (2010), é da opinião que a instituição escolar, face às suas caraterísticas, deve ser um interlocutor privilegiado e precisa de aceitar um aumento de responsabilidade ao nível da literacia ambiental. Deve promover um conhecimento emancipatório, socialmente crítico, tendente à mudança pela ação. A literacia ambiental crítica envolve a capacidade de conhecer/ reconhecer o ambiente em que se vive (literacia funcional) e a capacidade de compreender os significados que lhe são atribuídos socialmente (literacia cultural). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 54 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Educar para o domínio da literacia ambiental, segundo (Robottom & Hart, 1993), implica um trabalho pedagógico a três níveis: 1. Educar sobre o ambiente - onde o ambiente é um conjunto de conteúdos temáticos a investigar e a conhecer; 2. Educar no ou com o ambiente - em contacto direto com a natureza, promovendo experiências pessoais e o sentido estético; 3. Educar para o ambiente - pressupõe educar para desenvolver valores e atitudes, a capacidade de tomar decisões e participar em ações de forma consciente e orientada por uma ética ambiental. Esta ética ambiental implica a avaliação das próprias ações, a antecipação do futuro e, para isso, consciência, responsabilidade e solidariedade. É também o saber agir em comunidade humana e biológica. Neste contexto, a escola como agente de literacia ambiental pode promover a dimensão cognitiva, no entanto precisa de contemplar também a dimensão afetiva, embora com o contribuo de outros agentes de literacia ambiental, como a família e a instituição religiosa. Para haver uma interiorização dos princípios da EA e a adoção de ações pró - ambientais, a escola, ao implementar uma educação ambiental formal e efetiva, deverá atender aos aspetos da personalidade dos jovens, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da pessoa de forma global e efetiva na sociedade. No sentido de inovar para a implementação de uma educação formal e efetiva, utilizando experiencias e perspetivas das práticas de EA em meio escolar, May (2000), identificou os elementos que mais contribuem para uma EA formal e efetiva. Apesar de não haver evidências empíricas que estes elementos proporcionem literacia ambiental nos alunos, eles fornecem uma base desejável de construção de linhas orientadoras de EA. Com base na recolha de opinião e apoio dos professores com experiências práticas em projetos de EA, May (2000), elaborou um quadro do qual fazem parte vários 55 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu elementos organizados em três categorias: condições de ensino, competências do professor e práticas de ensino, (quadro 5) Quadro 5 – Elementos de sucesso em EA Condições de ensino Na Escola /Conselho/Distrito, encontra-se… Clima de apoio para a Educação Apoio administrativo Tempo adequado para o planeamento do professor Currículo flexível Vários professores envolvidos em EA (trabalho de equipa) Competências do professor O professor exibe eficácia… Conhecimentos de base Compreensão da cultura local Acesso aos recursos Criatividade Facilidade com métodos de avaliação alternativos Perícia com computadores Apoio comunitário /Envolvimento Horários flexíveis Acesso para fora da sala de aula Envolvimento comunitário Normas /Escola Alunos motivados Ambientes de aprendizagem seguros e colaborativos Recursos adequados Normas ambientais responsáveis da escola Os alunos assumem as consequências dos seus comportamentos Capacidades básicas Capacidade de utilizar estratégias diversas Acesso aos recursos Criatividade Perícia com computadores Capacidades de integração Capacidade de ouvir e de questionar Competência de facilitação Capacidades para realizar conexões Compreensão das conexões dos assuntos locais globais Capacidade para integrar os currículos Práticas de ensino O professor… Método estilo de ensino Práticas de aprendizagem centradas no aluno Utilizar as resistências/ paixões pessoais e as dos alunos Exibir uma orientação de ensino experimental Utilizar uma aprendizagem cooperativa e inclusiva Envolver recursos de pessoas externas Mostrar reflexão consistente no planeamento e aplicação Orientação do conteúdo Integrar ligações/ focagens de ensino ambiental Ter um vínculo e sentido de lugar Comportamentos pessoais Manter uma visão consistente do “posso realizar” Evidenciar paixão pela EA e pelo ensino em geral Investir – se (capacidade, tempo e energia) Incorporar o humor na sala de aula Praticar comportamentos responsáveis ambientais Aceitar riscos O professor arranja tempo para experiências pessoais emocionais, físicas e intelectuais de forma a manter ou a reacender a “chama” para a EA e revitalizar-se para a vida em geral Fonte: Adaptado de Elements of Sucess in Environmental Education Through Practitioner Eyes May, 2000. O referido autor considera que os professores, através da interpretação desses elementos, poderão estimular a criatividade, o interesse e o investimento pessoal dos jovens na aprendizagem e ação. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 56 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Os elementos supracitados poderão ajudar os professores a identificarem alguns obstáculos existentes e a clarificarem, através de linhas orientadoras, o planeamento dos seus projetos, constituindo um apoio para a EA efetiva. Em 1996, nos Estados Unidos, surgiram linhas orientadoras para a implementação com sucesso da EA, descritas pela Associação de EA dos Estados Unidos (NAAEE) no publicado “Guidelines for Excellence in Environmental Education”, de onde surgiram guias com recomendações sobre: materiais e programas de EA, para alunos até ao ensino secundário e também para a preparação profissional inicial, dos educadores ambientais. Para a preparação dos educadores identificaram-se três ideias fundamentais: a ideia de sistema, de interdependência e a importância do local onde vive. Definem-se também seis temas e linhas orientadoras para a competência em EA por parte dos educadores: 1. Literacia ambiental - Os educadores deverão possuir a compreensão, capacidades e atitudes associadas com a literacia ambiental, isto é, ter responsabilidade social e cívica; Conhecimento dos processos ambientais e sistémicos; Capacidade para a compreensão, análise e reflexão; 2. Fundamentos da EA - Os educadores deverão ter uma compreensão básica dos objetivos, teoria, prática e história do campo da EA; 3. Responsabilidades profissionais do educador ambiental - Necessidade de compreenderem e aceitarem as responsabilidades associadas à prática da EA, com ênfase na educação e não na defesa de uma causa, aprendizagem de atitudes e desenvolvimento profissional; 4. Planeamento e implementação da EA – Deverão combinar os fundamentos da qualidade na educação (através do conhecimento das metodologias, do plano de instrução, do conhecimento dos materiais e recursos da EA, das tecnologias que 57 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu assistem a aprendizagens, dos locais de instrução e planeamento curricular) como as únicas características da EA para conceber e implementar instrução efetiva; 5. Favorecimentos da aprendizagem - Os educadores deverão possibilitar o compromisso para perguntas abertas e para a investigação, especialmente, quando os assuntos são controversos e requerem que os alunos reflitam sobre as suas próprias perspetivas e com as dos outros; 6. Avaliação - Os educadores deverão possuir o conhecimento, capacidades e compromisso para possibilitar a avaliação integral da instrução e projetos. Do exposto, salienta-se que para além da literacia ambiental, a necessidade de abertura da Escola à comunidade, bem como, da identificação de obstáculos e condições existentes por parte dos educadores e de um planeamento curricular em que a EA assuma um eixo estrutural. Na perspetiva de Gil & Vilches (2006), para que a educação ambiental para a sustentabilidade se implemente com eficácia na Escola, deverá estar assente numa racionalidade reflexiva e em redes dinâmicas, adequada aos contextos culturais, sociais económico-locais. Deve existir uma preocupação constante, por parte das Escolas, em formar jovens capazes de se tornarem futuros cidadãos que defendam ativamente o meio ambiente, e reflitam perante o impacto ambiental de forma a fazer uso de seus valores, capacidades e atitudes necessárias para preservar os recursos naturais. 2.3. Contributo dos Projetos de Ambiente na Escola O desenvolvimento de projetos interdisciplinares contribui para que os alunos exerçam o seu espírito crítico, demonstrem a sua criatividade e capacidade de organização, fundamentais para atingir os objetivos de EA. Na ótica de Almeida (2002, p.40) os projetos deverão partir de problemas reais, ou seja, partir de um pressuposto global. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 58 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu O desenvolvimento de projetos interdisciplinares contribui, para a participação ativa e envolvimento efetivo dos alunos, bem como criar situações de aprendizagem pessoais e sociabilização. Promovem também a iniciativa, a autonomia, responsabilidade e criatividade. Com base nas experiências dos alunos, os projetos permitem abrir a Escola à comunidade, podendo-se estabelecer parcerias e apoios para melhor compreensão do ambiente. Estas intervenções contribuem para preparar os alunos, para o seu futuro como cidadãos, portadores de saber e capacidade de agir, o que em última instância se traduz por um processo de ensinar a viver em comunidade. Um cidadão capaz de viver em comunidade significa necessariamente que também tenha competências para pensar sobre a sociedade em que está inserido e intervir nela. Este processo de aprendizagem constitui aquilo que se designa de “educação para a cidadania”, uma educação que passa pela integração dos conceitos essenciais, para a sociabilização do ser humano, tais como justiça, igualdade e solidariedade Os projetos de EA implicam a formação de cidadãos ativos, no entanto, como afirma Almeida (2000), é importante distinguir as atividades das ações. Estas últimas acabam por incluir as atividades, mas nem todas as atividades são consideradas ações efetivas. Por exemplo, atividades de investigação centradas em disciplinas, ou de EA passiva, porque não visam a resolução de problemas ou a mudança, nas quais os alunos têm um papel ativo. Contudo, segundo Almeida (2002), embora algumas das atividades não contribuam para o desenvolvimento de qualidades dinâmicas nos alunos não deixam de ser importantes, pois satisfazem alguns dos objetivos da EA. Em Portugal têm sido múltiplas as atividades desenvolvidas no âmbito da EA, assim como são diversos os organismos, em especial ao longo da década de 90, que promoveram apoio financeiro e pedagógico na área da EA. Destacam-se os seguintes 59 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu projetos dirigidos à escola: “Ciência Viva” do Ministério da Ciência, “Inovar Educando e Educar Inovando” do Ministério da Inovação Educacional (IIE), a Linha de Financiamento de Projetos Escolares de EA do Instituto de Promoção Ambiental (IPAMB) (Ministério do Ambiente), assim como, projetos dinamizados pelas Organizações não-governamentais (ONGA`s) e por diversos departamentos de Câmaras Municipais. No que respeita aos projetos dinamizados e apoiados pelo IPAMB, em cada ano era definido pela instituição um tema aglutinador, que envolvia bastantes professores de diversas escolas. O Instituto do Ambiente (IA) implementou no ano letivo 2005/2006 o projeto “Carbon Force: missão possível”, que foi concebido pelo Instituto Superior Técnico. Era um projeto de sensibilização e ação que tinha como objetivo a temática das alterações climáticas. Outros organismos apoiaram e apoiam localmente projetos de educação ambiental escolares, sendo exemplo algumas Câmaras Municipais. A maioria das Instituições escolares desenvolve clubes relacionados com o ambiente, nomeadamente, clube da árvore, da floresta entre outros. Relativamente aos projetos apoiados pelas ONGA`s destaca-se a campanha “Coastwatch”, apoiada e coordenada em Portugal pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA). Esta campanha foi também dirigida às escolas e refere-se aos principais problemas do litoral, através da observação direta. O GEOTA e a Sociedade Ponto Verde, desenvolveram o projeto “meu Ecoponto”, com o objetivo de cumprir metas relativas à reciclagem e à valorização dos resíduos de embalagens. Um programa direcionado para a EA e para a cidadania, surgiu em Portugal a partir do ano letivo 1996/97 e em outros países da Europa no início dos anos 80, o “Eco-Escolas” da Fundação para a Educação Ambiental (FEE), dinamizado em Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 60 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). Tal programa está orientado para a implementação da Agenda 21 (documento elaborado na Cimeira do Rio, em 1992), visando a aplicação de conceitos e ideias de educação e gestão ambiental à escola. Salienta-se que no início da presente investigação apenas duas escolas selecionadas para o estudo dinamizavam este projeto. No ano letivo 2009/2010 foi nossa iniciativa implementar o programa Eco-escolas na escola Secundária de Nelas. Em concordância com as linhas de ação do Programa Eco - Escolas, pretende-se uma metodologia de trabalho, que para além de estimular a participação ativa dos alunos, promova a criação de parcerias locais, procurando articular atividades relacionadas com diversos temas. No final de cada ano letivo, de acordo com o cumprimento dos 7 passos do programa, é atribuída à escola, uma Bandeira Verde, galardão, que certifica a existência da implementação de uma EA de qualidade. Resumidamente os 7 passos supracitados a que se reporta a metodologia do Programa Eco – Escolas são: 1 – O Conselho Eco – Escolas: com a função de implementar a auditoria ambiental, discutir o plano de ação, monitorizar e avaliar as atividades e ainda coordenar as formas de divulgação do Programa na comunidade; 2– Auditoria Ambiental: tem como objetivo o diagnóstico e a avaliação 3 – Plano de Ação, elaborado com base na Auditoria ambiental e aprovado anualmente pelo Conselho Eco – Escolas; 4 – Monitorização e Avaliação; 5 – Trabalho Curricular: tendo como principio que os assuntos ambientais lecionados na aula, visam influenciar o modo de funcionamento da escola; 6 – Painel Eco – Escola: deverá existir um painel informativo, das atividades de forma a envolver a escola na comunidade local; 61 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 7 – Eco – Código: consiste numa declaração de objetivos traduzidos por ações concretas que todos os membros da escola devem seguir; Na escola a coordenação deve ser realizada pelo(a)s professore(a)s coordenadores, a nível nacional é feita pela ABAE, através do acompanhamento ao nível internacional pela FEE, com ações que procuram integrar as escolas portuguesas na rede europeia. Em Portugal a maioria das escolas já obtiveram a Bandeira Verde, graças á boa concretização dos projetos implementados. 2.4. Conflitos e desafios à implementação efetiva da Educação Ambiental O que se pretende ao implementar a EA nas escolas é, na opinião de Vargas (2000), desenvolver uma atitude de responsabilização e de compromisso nos alunos, que os leve ao empenho na adquisição de conhecimentos e competências necessárias para uma correta atuação na prevenção da qualidade ambiental. Contudo, apesar da EA se ter tornado numa área importante dos currículos escolares, proporcionando um aumento de consciência e preocupação pública sobre o ambiente, o balanço da sua implementação a nível Mundial não é globalmente positivo (Almeida, 2005). A mobilização das escolas não tem sido tanta quanto o desejado, sendo um tema considerado secundário e isolado na escolaridade, apesar de haver reconhecimento e consenso da sua importância, pelas organizações nacionais e internacionais. Apesar dos esforços, a escola pouco ultrapassa a mera transmissão do saber, e quando muito, do saber fazer instituído. A rigidez curricular dos conteúdos, secundariza a questão das atitudes e dos valores, pois a avaliação está orientada para o domínio dos conteúdos disciplinares que uniformizam e massificam a educação (Nascimento, 1992). Como agravante, à implementação efetiva da EA, constata-se que, atualmente, não existe consenso sobre a natureza da EA, trata-se de um âmbito pluriparadigmático, com diversas tendências, todas subjacentes às diferentes éticas ambientais. Segundo Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 62 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Garcia (2003), este panorama heterogéneo, dificulta a capacidade de reflexão na ação e mesmo, a avaliação das nossas atuações. No entanto apesar das diferentes conceções de EA e das diferentes formas de praticar a ação educativa esta, segundo Sauvé (2005), articula-se com a educação para a cidadania através de uma abordagem global do relacionamento do homem com a natureza. Entende-se que a educação para a cidadania trata não só da capacidade do indivíduo de exercer os seus direitos nas escolhas e nas decisões, como ainda de assegurar a sua total dignidade nas estruturas sociais. Deste modo o exercício de cidadania implica autonomia, liberdade responsável e participação na vida social. Assim a EA deverá ser integradora e sistémica, de forma a sensibilizar alunos e professores para uma participação mais consciente no contexto da sociedade, questionando comportamentos, atitudes e valores, de forma a possibilitar uma transformação de modelos de desenvolvimento alternativos em prol do desenvolvimento sustentável (Fernandes, 2008). Neste contexto a EA tem, logo à partida, uma importante componente de desenvolvimento humano, de preocupações com os aspetos sociopolíticos e económicos relacionados com o ambiente. Assim em direta relação com a EA surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que como já foi referido emergiu na comunidade internacional, ou seja, fora da comunidade educativa propriamente dita. Realça-se a ideia de que a crise ambiental e a crise social necessitam de uma resposta que não se está a produzir. Esta resposta necessita da participação de todos os elementos da sociedade e da definição de linhas estratégicas na Educação, em consonância com os outros pilares básicos, como sejam a corresponsabilização de todos os cidadãos e a correta gestão dos recursos por parte do estado e grupos do poder. 63 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Cabe à EA criar as condições culturais apropriadas para minimizar ou mesmo impedir os problemas ambientais. Neste contexto a Escola surge como o local para se aprender a viver de forma mais participativa e colocar-se em curso os princípios da EA. No entanto, após a implementação da EA nos currículos escolares, continuamos a verificar hoje poucos cidadãos conscientes e participativos. Perante este facto, questionamos quais são os obstáculos ainda existentes para formar estes cidadãos? São estas e outras questões que nos fazem refletir sobre a efetiva implementação da EA. Verifica-se que apesar da criatividade, do empenho dos professores e de algumas práticas relevantes efetuadas, “ é constante a falta de formação dos professores no tratamento dos problemas ambientais, em geral, e na conceção e desenvolvimento de trabalhos práticos em educação ambiental” (Cuello, 2003, p.210). É notória a continuação de práticas individuais e coletivas que não contribuem para a resolução da crise ambiental. Alguns autores (Doug, Knapp, 2000) reconheceram que a posição da EA tem fragilizado ao nível global mesmo nas escolas onde tem sido implementada, sendo geralmente associada a assuntos relacionados com as disciplinas de Ciências Naturais. De tal forma, que muitos professores devido à sua deficiente formação em EA, quando lhes é proposto intervir em atividades ambientais, referem que esses assuntos dizem respeito à disciplina de Ciências Naturais. São inúmeros os desafios para a EA construir o seu lugar e conquistar a sua legitimidade como prática educativa. São também demasiados os conflitos que podem surgir no decurso da implementação da EA, como tal, o presente estudo tem como objetivo destacar os que consideramos mais pertinentes no sentido de clarificar esta temática. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 64 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 6 – Conflitos e desafios à implementação da educação ambiental formal Alguns conflitos e desafios à implementação da EA formal Falta de consciência ambiental das pessoas. Falta de cidadania participativa. Funcionamento institucional – com programas uniformes e imperativos. Currículos atomistas, poucas aproximações holísticas e integradas. Falta de formação de professores adequados - a formação devia ser mais sequencial e contínua e não por ações dispersas. A conceção de EA não é uniforme – varia de local para local. Diferentes conceções dos professores sobre natureza e ambiente. Contradições na definição de EA - Relativismo político com ênfase a um corpo de valores que não alinham com a definição de EA. Ambiente da própria escola – cada escola tem o seu ambiente característico Proveniência social dos jovens. Ativismo vs ação – não se tem em conta as diversas posições e valores sobre o ambiente. Natureza dos problemas selecionados – Carência de um sistema conceptual de referência que organize e integre os conteúdos. Paradigma educativo da modernidade – Escola com programas extensos, exames e regulamentos. Redes Hierárquicas – Pouca integração entre educação formal e não formal. Fonte: Autora da investigação 2.4.1. Educar para a mudança Em Portugal, encontramo-nos perante um contexto socioeconómico que continua a contemplar a educação ambiental como uma utopia e uma meta muito difícil de atingir. Na Escola os docentes são confrontados com situações que lhe são impostas sobre ambiente, e muitos vêem-nas como mais um trabalho e um problema a resolver. Embora haja acordo global sobre os pilares (desenvolvimento económico, progresso social e preservação do ambiente) do conceito de Desenvolvimento Sustentável, na prática, a dimensão económica domina sobre as dimensões políticoinstitucionais sociais e ambientais, divergindo as aproximações quando se dá corpo aos projetos neste domínio. Existe uma falta de compromisso político que suporte uma 65 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu verdadeira mudança no paradigma socioeconómico dominante. Na opinião de Schmidt (2004), é necessário desenvolver uma metodologia comum entre todos os elementos da sociedade, assim como se torna indispensável a formação de educadores/professores, para a promoção da EA. Neste âmbito, e com o objetivo de contribuir para a introdução e aperfeiçoamento da EA no ensino básico e secundário, a Organização IberoAmericana (OIE) dinamizou a III reunião sub-regional sobre a formação contínua dos professores em EA, dos países do Caribe, Espanha e Portugal, onde foram assinalados os seguintes condicionantes: 1 – Ausência de relações coordenadas dos diferentes atores, o que dificulta as ações ambientais; 2 – Atomização de ações, atividades e projetos, frequentemente produto de descoordenação interinstitucional; 3 – Presença nos currículos de visões fragmentadas do conhecimento, atomistas, enquanto a EA pressupõe uma aprendizagem holística e cooperativa; 4 – O predomínio de determinados sistemas de formação tradicionais, excluídas de outras modalidades inovadoras de capacitação; 5 – Rigidez do atual contexto organizativo e as deficientes características ambientais de alguns estabelecimentos educativos; 6 – O escasso desenvolvimento da conceptualização do saber fazer pedagógico e docente, assim como os obstáculos para a apropriação dos conceitos fundamentais da EA; 7 – A resistência à mudança que se percebe em determinadas condutas, temores e prejuízos de alguns agentes educativos; Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 66 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 8 – A dificuldade em formar uma dimensão ética em educação. A escassez ou inacessibilidade de materiais de formação adequados, derivada em alguns casos da descoordenação e complexidade das diferentes administrações; 9 – A escassez de processos de investigação pedagógica, assim como de espaços que possibilitem o intercâmbio de experiências entre os docentes. Deste modo tal como Morgado (2007) refere, as dificuldades de implementação da EA/EDS resultam da permanência nas escolas de uma cultura de racionalidade técnica e de redes hierárquicas. Na escola da modernidade, o social está ligado ao económico, caracterizando-se pela aprendizagem de valores universais, na qual a razão impera sobre a subjetividade, onde as pedagogias ativas e o desenvolvimento pessoal, na sua dimensão psicopedagógica, ficam fora da instituição escolar. Este é um lugar de sociabilização secundária destinado à transmissão de conhecimentos, atitudes e valores cada vez mais especializados, onde dificilmente a escola se aproxima do ambiente local. No entanto, numa ótica pós moderna a educação adota o pensamento complexo, contextual e sistémico, uma postura essencialmente crítica e socio construtivista, valorizando o diálogo de saberes de diferentes tipos. A EA tem de enfrentar a fragmentação do conhecimento e desenvolver uma abordagem crítica e reflexiva. Segundo Sauvé (1999), a importância de associar a EA a uma dinâmica de mudança comunitária, tendo em conta a especificidade das populações e os seus contextos de vivência inscreve a EA numa perspetiva de desenvolvimento regional e de definição de territórios de sustentabilidade. Assim, devido ao largo espetro de ação, a EA, apela ao envolvimento de toda uma comunidade, municípios, escolas, museus, parques, organizações, empresas, etc… Isto é, são necessárias medidas integradoras com as instituições ao nível local, e neste aspeto importa realçar o papel 67 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu importante da Administração Central e Local na implementação da Agenda 21, pois reconhece-se a nível nacional um défice na sua implementação. Em 2007 O Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CNADS) reclamava a necessidade de ser clarificada a situação sobre a adoção e vigência da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (ENDS), e do respetivo Plano de Implementação (PIENDS). O que se torna fundamental para a implementação da Agenda 21 Local, que apela para a participação pública ao nível ambiental local. Também nas escolas a EA deve começar pela discussão/procura de soluções de problemas locais a partir de situações vividas. Pretende-se que as autarquias colaborem com as escolas, no âmbito da EA, de forma a incentivar a sua função pedagógica. Num país como Portugal, onde a cultura participativa é incipiente, e a ação em prol do ambiente constantemente se revê com falhas, os projetos elaborados pelas escolas em colaboração e co- responsabilização com as autarquias seria prioritário. A EA é um tema transversal perante uma crise de civilização de um modelo de sociedade. Neste sentido Leff (2001), refere que o processo educativo deve ser capaz de formar um pensamento critico, criativo e sintonizado com a necessidade de propor respostas para o futuro. Também o “Livro Branco da Educação Ambiental em Espanha” (1999), refere que a EA como tema transversal consiste em inserir no currículo escolar as preocupações com as problemáticas e conflitos sócio ambientais do mundo real para que possam ser debatidas e abordadas de forma crítica. Assumindo que não é uma tarefa fácil para os educadores, o mesmo livro, sugere as seguintes recomendações: A EA deverá ser uma referência fundamental na planificação educativa e na gestão das escolas; A melhoria da formação ambiental dos professores; a valorização da Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 68 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu quantidade e qualidade dos recursos existentes, bem como a melhoria da sua eficiência e ainda a colaboração entre escolas e destas com toda a comunidade educativa. Não sendo fácil a tarefa da implementação da EA nas escolas, pensamos que, para existir de facto, é necessário uma renovação dos conteúdos educativos, através da qual a variável ambiental possa permear todas as disciplinas escolares. Soma-se igualmente a necessidade da renovação dos métodos de ensino de forma a favorecer o desenvolvimento de trabalhos em equipa transdisciplinar que desperte a coresponsabilização dos educadores. Assim, a EA precisa de uma metodologia distinta que ao apresentar-se como um modelo inovador, rompe com a forma tradicional do sistema de ensino que parcelariza os ramos do saber. A este respeito, Novo (1998), menciona que, a interdisciplinaridade constitui-se, como um requisito fundamental para a interpretação e resolução dos problemas do meio. No entanto, isto implica articulação, não só ao nível da formulação, pelas entidades competentes dos currículos das diferentes disciplinas, como a sua infusão pelos projetos educativos da escola. De acordo com Almeida (2002), em Portugal, os currículos nacionais potenciam situações de pluridisciplinaridade e interdisciplinaridade, sendo pontuais as situações de transdisciplinaridade, o que era imprescindível para uma EA efetiva. Embora a temática ambiental esteja integrada nos currículos de algumas disciplinas, encontra-se abordada de uma forma dispersa e descoordenada, não existindo articulação, trabalhando-se essencialmente através de atividades extracurriculares e mesmo extraescolares. Entendemos que a EA como tema transversal, não constitua uma nova disciplina, a introduzir nos currículos do Ensino Básico. Mas as questões de ambiente deveriam servir de temas aglutinadores nos diversos currículos de uma forma integrada, articulada, contextualizada e devidamente orientada. Pois a EA sendo uma dimensão essencial da educação, ligando-se às esferas do desenvolvimento pessoal, social e da 69 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu relação com a natureza, deverá abrir caminho numa sociedade democrática, para a autonomia dos indivíduos. SÍNTESE Concluímos que a EA faz parte da identidade, da relação e perspetiva que temos com a Natureza. Assim, o desafio político/ético da EA, apoiado no potencial transformador das relações sociais, encontra-se estreitamente vinculado ao processo de fortalecimento da democracia e da construção de uma cidadania ambiental. Nesse sentido o papel dos educadores e professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assume um compromisso com uma visão crítica, de valores e ética para a construção de uma sociedade ambientalmente sustentável. As questões ambientais implicam um esforço para fortalecer visões integradoras, que centradas no desenvolvimento, estimulem uma reflexão em torno da diversidade e da construção de sentidos nas relações individuo-natureza, nos riscos ambientais globais e locais. No entanto o conceito de Sustentabilidade resulta de uma fusão de fatores (ecológicos, económicos, religiosos, éticos, socioculturais) e o de Desenvolvimento é ambíguo, mas é já inevitável a sua inclusão na nossa sociedade e no domínio educativo. Independentemente do que pensamos sobre os conceitos de EA, EDS e DS, e contemplando o problema desta investigação, respeitante a conhecer as atitudes dos jovens cidadãos face ao ambiente, podemos afirmar que a atual crise ambiental, aponta para a necessidade de elaboração de propostas pedagógicas centradas na consciencialização, mudança de atitudes e práticas sociais, desenvolvimento de conhecimentos capacidade de avaliação e participação dos educadores. A relação entre o ambiente e a educação assume cada vez mais, um papel desafiador, pois um dos sinais da crise ambiental é a “ perda da importância do indivíduo” e cabe à EA abrir caminho para a autonomia dos indivíduos, norteados para Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 70 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu a participação, ou seja, para uma cidadania ativa, pressupondo uma literacia ambiental consciente e crítica. 71 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 72 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO IV ATITUDES FACE AO AMBIENTE: CONCEPTUALIZAÇÃO 1. INTRODUÇÃO 2. CONCEPTUALIZAÇÃO DAS ATITUDES 2.1. Modelos Teóricos e Componentes das Atitudes 2.1.1 Modelo Tripartido Clássico 2.1.2. Modelo Unidimensional Clássico 2.1.3 Modelo Tripartido Revisto de Atitude 3. PERSPETIVAS CONSENSUAIS DE VÁRIOS AUTORES 4. FORMAÇÃO DE ATITUDES 5. MUDANÇA DE ATITUDE 5.1. Teoria da Dissonância Cognitiva 5.2. Teoria da Autoperceção 5.3. Teoria do Julgamento Social 5.4. Comunicação Persuasiva SINTESE 73 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 74 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO O ambiente parece preocupar cada vez mais as pessoas, no entanto, as suas atitudes e comportamentos são por vezes contraditórios. Há por parte dos indivíduos, mais ação de proteção, mas são passivos na participação da defesa do ambiente (Almeida, 2001). No nosso ponto de vista, a educação é um dos meios que poderá mudar esta controvérsia. Também Gomera (2008), salienta a necessidade do processo educativo, o incutir nos jovens valores e atitudes que se manifestem em comportamentos a favor dos cidadãos e do meio ambiente. A temática das atitudes está estritamente relacionada com o processo de ensino/ aprendizagem sobre diversos pontos de vista (Beltrán, 1994). Na verdade, uma atitude adequada é condição da motivação, interesse e esforço dos alunos, e neste sentido constituem uma preocupação primordial de todo o educador. Assim, a atitude pode constituir um objetivo da própria educação, visto que a predisposição educativa apela geralmente para uma postura de ação adequada (Alonso & Manassero, 1997). No entanto outros estudos revelam-nos que as atitudes em relação ao ambiente dependem dos valores tradicionais, das crenças, da ideologia e ainda do meio social, hereditário e biofísico (Dunlap & Van Liére, 1984; Catton & Dunlap, 1980). Assim, neste capítulo consideramos importante abordar a versatilidade do construto atitude, o qual é uma variável importante para explicar o comportamento das pessoas, frente a temas da sociedade contemporânea, como é o caso das questões ambientais. Apresentamos a pertinência do estudo das atitudes como um construto psicológico relevante para entendermos como os jovens pensam e como se comportam em relação ao meio ambiente. 2. CONCEPTUALIZAÇÃO DAS ATITUDES As atitudes são consideradas um dos principais construtos das ciências comportamentais e sociais (Donegá, 2004; Gawronski, 2007; Huertas, 2005; Lima, 75 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2002). O conceito de atitude nasceu da necessidade de enriquecer o esquema behaviourista, o qual consiste em tentar explicar os comportamentos dos indivíduos através do jogo das associações estímulo – resposta. A relação direta entre a motivação e o comportamento, não sendo suficientemente explicativa, deu origem à criação das atitudes (Lindon et al., 2004). O conceito evoluiu na psicologia social e nos seus campos de aplicação, sendo definido de várias maneiras ao longo dos anos (Huertas, 2005). Todas as atitudes possuem uma intensidade, podendo fazer com que a mesma situação seja muito positiva e favorável para uma pessoa, sendo negativa e desfavorável para outra. Isto, porque a construção individual das atitudes ocorre graças a experiências pessoais vividas e/ou por influência de pessoas importantes ou grupos nas quais os indivíduos se encontram inseridos. Os seres humanos respondem aos estímulos do meio em forma de avaliação. Este procedimento muitas vezes envolve julgamentos sobre os objetos, eventos e principalmente pessoas. Assim, tendemos a caraterizá-los como sendo favoráveis, desfavoráveis, simpáticos, antipáticos, bons ou ruins (Albarracín et al., 2005). Contudo existem muitos fatores envolvidos nestas avaliações, é necessário perceber como são formados, alterados, representados na memória e transformados em cognições, motivações e ações. Cada um desses fenômenos individuais é fundamental para a compreensão das forças dinâmicas que formam e transformam as atitudes. Segundo o mesmo autor, (Albarracín et al., 2005) as atitudes têm um impacto recíproco nos afetos, crenças e comportamentos. Segundo Cavazza (2005), existem mais de dezassete definições para atitude em psicologia social. A definição mais contemporânea foi descrita por Eagle & Chaiken (1993), definem as atitudes como tendências psicológicas que se expressam por meio da avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade específica. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 76 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Por outro lado, Allport (1935, p.810) refere, nos seus estudos, que se trata de “um estado mental e neural de prontidão, organizado através da experiência, exercendo uma influência dinâmica ou diretiva sobre a resposta do individuo a todos os objetos e situações com os quais ele se relaciona”. O referido autor destacou elementos que se consideram como essenciais para a definição das atitudes: 1) são organizações duradouras de crenças e cognições; 2) possuem uma carga positiva ou negativa (pró ou contra); 3) são predisposições à ação; 4) são direcionadas a um objeto social. Perante este conceito, Rodrigues (1999, p.98), define as atitudes como “uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a esse objeto”. Deste modo, as atitudes de um individuo influenciam a sua visão do mundo, bem como a sua relação perante ele (Michener, DeLamater & Myers, 2005). Na opinião de Cavazza (2005), a importância das atitudes para a construção da subjetividade parece estar ligada a pensamentos, sentimentos e ações. Perante esta conceção coloca-se a questão de como as atitudes estão estruturadas na mente humana, e salienta a importância de se compreender a estrutura mental das atitudes. Descobrir a sua estrutura interna poderá facilitar a compreensão de como formá-la, fortalecê-la e mudá-la. Mais recentemente, Maio & Haddock (2010), relacionam as atitudes a julgamentos avaliativos, englobando “um processo de tomada de decisão favorável ou desfavorável em relação a um objeto social”. Assim, o conceito de atitude é em sentido lato, um comportamento, uma vez que, todas as reações dos indivíduos podem ser abrangidas por este conceito. No entanto, em 77 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu sentido estrito, a atitude é o pré anúncio de um comportamento, um construto hipotético, ou seja, a expressão de uma tendência para agir, antes mesmo do comportamento. 2.1. Modelos Teóricos e Componentes das Atitudes As atitudes são construtos que apresentam uma estrutura de grande complexidade, constituída por diversos componentes. Com a pretensão de conhecer a relação existente entre os componentes das atitudes surgiram três modelos principais (Olson & Maio, 2006). 2.1.1 Modelo Tripartido Clássico Este modelo foi descrito por Rosenberg & Hovland em 1960, compreende as componentes cognitivas, afetivas e comportamentais. Também denominado Modelo de Multicomponentes (Eagly & Chaiken, 1998; Maio & Haddock, 2010), no qual os constituintes estão interligados e a mudança em um deles gerará mudança nos demais e, consequentemente, nas atitudes. O componente cognitivo consiste nas crenças e conhecimentos do indivíduo acerca do objeto avaliado. Para a maioria das atitudes face aos objetos temos diversas crenças que nos induzem a fazer uma classificação de acordo com as vantagens e desvantagens que nos pode trazer (Aronson, 2002). Também, Rodrigues (1999) menciona que este componente é estruturado como uma representação cognitiva que leva em consideração os pensamentos, perceções, ideias, crenças, opiniões e atributos associados ao objeto. Por exemplo, podemos acreditar que a “diet Coca-Cola” quase não tem calorias, contém cafeína, tem um preço competitivo e é produzida por uma grande empresa. Cada uma destas crenças reflete o conhecimento acerca de um atributo desta marca, e a sua configuração representa o comportamento cognitivo da atitude face à “diet Coca-Cola”. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 78 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu É importante ter em mente que as crenças não são necessariamente corretas ou incorretas, simplesmente existem (Lebres, 2010). O componente afetivo está também relacionado com o domínio emocional, quando a atitude é positiva ou negativa em relação a um objeto ou situação. “O afeto refere-se aos sentimentos de uma pessoa em relação a um objeto, tema ou evento e uma avaliação dos mesmos” (Fishbein e Ajzen, 1975, p.12). Esta componente estabelece um contínuo favorável ou desfavorável, proveniente de elementos de natureza afetiva, como emoções, sentimentos, motivações, medo, aversão, etc. Na opinião de Fishbein e Ajzen (1985), este é o único componente que carateriza as atitudes sociais, sendo as crenças e os comportamentos apenas fatores secundários. Tal como refere Reich e AdcocK (1976, p. 34) “ se um individuo tem uma atitude positiva em relação ao ambiente, isto é considerado uma disposição mental para sentir, pensar e estar inclinado a conduzir-se de um modo assertivo em relação ao ambiente” . Segundo Dubois (1999), esta componente corresponde à avaliação da imagem formada de determinado objeto ou situação. O indivíduo resume os sentimentos positivos ou negativos experimentados a seu respeito, assim como as emoções criadas em relação a determinada objeto ou situação. Apesar das variações individuais, a maioria das pessoas dentro de uma dada cultura reagem de uma maneira similar às crenças, as quais estão por sua vez, fortemente associadas com os valores culturais (Lebres, 2010). O componente comportamental é percebido como uma provável predisposição para a ação, os autores Fishbein & Ajzen, (1975, p.12) referem que “quando lidamos com atitudes estamos preocupados com predisposições ao comportamento e não com o próprio comportamento em si”. O comportamento não é apenas determinado pelo que os indivíduos gostariam de fazer, mas também pelo que eles pensam que devem fazer, isto é, pelos seus hábitos, normas sociais, e pelas consequências esperadas do seu 79 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu comportamento. Assim as atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem e como elas gostariam de se comportar em relação a um objeto atitudinal. De acordo com Fishbein e Ajzen (1975), para que sejamos capazes de prever a intenção de determinado comportamento de uma pessoa, é necessário determinar quais as suas atitudes em relação ao comportamento. No entanto verifica-se que nem sempre as atitudes permitem prever com grande sucesso os comportamentos dos indivíduos. Isto porque, uma atitude favorável requer uma necessidade ou um motivo antes que se possa traduzir em ação. As atitudes propiciam um estado de prontidão que, numa determinada situação específica, desencadeia um comportamento (Rodrigues, 2009). Tal componente está relacionado às experiências vivenciadas, aos objetos avaliados ou às intenções comportamentais, através das quais as atitudes se podem manifestar. Assim, conhecendo as atitudes de uma pessoa em relação a determinado objeto, pode prever-se como ela se comportará em relação a ele. De acordo com o exposto, este modelo compreende os três componentes das atitudes, conforme evidencia a figura 3. Figura 3 – Modelo tripartido clássico Fonte: Lebres, (2010) Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 80 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2.1.2. Modelo Unidimensional Clássico Este modelo foi descrito por Fishbein & Ajzen em 1975 e defende a existência de uma ligação entre atitude e comportamento, na qual a atitude é sinônimo de sentimento, como simpatia, antipatia, aproximação, etc. Na opinião de Oliveira, (2007) existe um objeto de atitude que influencia o caráter afetivo das atitudes que culminam com a emissão de um comportamento. 2.1.3 Modelo Tripartido Revisto de Atitude Este modelo foi, descrito por Zanna & Rempel em 1988, defende que o objeto de atitude influencia os componentes cognitivos, afetivos e comportamentais, produzindo uma atitude, que por sua vez pode ser positiva ou negativa e desencadeia respostas verbais, fisiológicas e comportamentais (Oliveira, 2007). Esta interação pode observarse na figura 4. Cognição Medidas Objeto da Atitude Atitude Afeto Verbais Fisiológicas Comportamentais Comportamento Figura 4-Modelo tripartido revisto de atitude Fonte: Lebres, (2010) Considera assim, que as atitudes são estruturadas com bases cognitivas, afetivas e comportamentais. Contudo, durante o processo de estruturação são influenciadas por 81 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu diversas variáveis. Segundo os autores, (Simonson & Maushak, 2001) não existe apenas uma única atitude armazenada na memória do individuo, as atitudes são construções dinâmicas, que podem ser substituídas ao longo do tempo, começando nas primeiras fases do desenvolvimento da criança. Deste ponto de vista, é legítimo pensar que, muitas das atitudes ambientais dos jovens se devem aos valores e crenças interiorizadas nos seus diversos contextos. A forma como a família, os amigos, e todo o quadro social envolvente concebe o ambiente, contribui para o modo como os indivíduos vão construindo as suas representações e as suas atitudes perante o mesmo. As origens das atitudes são culturais (tendemos a assumir as atitudes que prevalecem na cultura em que nascemos e crescemos), são familiares (parte das nossas atitudes são adquiridas dentro da estrutura familiar e passam de geração em geração) e são pessoais (porque também são resultantes da nossa própria experiência). 3. PERSPETIVAS CONSENSUAIS DE VÁRIOS AUTORES Os dois pontos consensuais mais debatidos são o facto de os investigadores acreditarem que a atitude se expressa através de um julgamento avaliativo (Gawronski, 2007) e que serve como previsor de comportamento (Cerclé & Somat, 2001). No que se refere ao julgamento avaliativo, Lima (2002), indica-nos que um dos pontos consensuais, ao longo das diversas definições que o conceito de atitude teve, se expressa através deste julgamento. Recentemente Gawronski (2007), elaborou um estudo onde analisou alguns modelos de atitudes de autores diferentes, (Corral Verdugo, 1996; Eagly & Chaiken, 1993; Grob, 1995; Schultz & Zelezny, 1999) para tentar explicar e perceber as condutas responsáveis e sustentáveis. Foram feitas várias apreciações acerca de atitudes e apesar de todas elas serem diferentes, indicaram que as respostas de julgamento avaliativo tinham uma importância muito grande, senão a mais importante, para compreender o comportamento social. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 82 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Na perspetiva de Lima (2002), para examinarmos melhor esta questão devemos dividir o julgamento avaliativo em três características: direção, intensidade e acessibilidade. Neste contexto a direção está relacionada com o facto de o indivíduo ter uma atitude favorável ou desfavorável face a determinado assunto. Por exemplo a poluição da água pela indústria é um tema que pode ser abordado sem existir o manifesto de uma determinada atitude favorável ou desfavorável, por parte de um indivíduo. No entanto como é um tema de conhecimento geral as atitudes são logo expressas, tornando-se difícil, manter uma atitude neutra. Assim, ao procurarmos informação, para formarmos uma opinião temos de ter em conta que as fontes escolhidas acerca do tema podem expressar a nossa atitude. Se um individuo procurar informação sobre quais as industrias mais poluentes, poderá estar a enviesar a informação, devido a uma atitude favorável à não poluição das águas, ou pode estar ainda a expressar as suas atitudes apenas porque procura mais informação, uma vez que se preocupa com as consequências da poluição da água. Observamos com os exemplos supracitados, que no primeiro caso a atitude expressa-se através da forma de um comportamento (atitude favorável) e no segundo caso, através de uma emoção (atitude desfavorável). Relativamente à segunda característica do julgamento avaliativo, que é a intensidade, podemos opor posições extremas a posições fracas, ou seja, é possível que duas pessoas tenham atitudes com a mesma direção, mas uma defende atitudes mais radicais que a outra. Por exemplo: um indivíduo pode reduzir o consumo de água a pensar no ambiente, enquanto outro reduz o consumo apenas na sua habitação preocupado com o fator económico. A terceira característica do julgamento avaliativo é a acessibilidade, isto é, a possibilidade de uma atitude ser automaticamente estimulada na memória do indivíduo, 83 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu quando este se encontra com o objeto da atitude. A acessibilidade está relacionada à força que determinada atitude tem, à forma como foi aprendida e à frequência com que é utilizada pelo individuo. Por exemplo podemos ter uma atitude favorável em relação à energia nuclear, que foi formada a partir da leitura de um artigo de jornal, no entanto como é uma atitude que não é muito utilizada, o tempo de acesso ao nosso próprio posicionamento atitudinal é mais lento do que o de uma outra atitude com a qual já nos tivemos de confrontar mais vezes, como por exemplo a atitude face ao pagamento de energia elétrica (Lima, 2002). Na perspetiva de Cerclé & Somat (1999), as várias definições do conceito de atitude têm todas em comum, uma mesma suposição: “persistem na ideia de que o conhecimento da atitude de um indivíduo deverá permitir deduzir os comportamentos que este irá emitir numa determinada situação em que é confrontado com o objeto da atitude “ Os mesmos autores, acrescentam que o comportamento do individuo é previsível a partir do conhecimento da sua atitude. 4. FORMAÇÃO DE ATITUDES As atitudes não são inatas, são adquiridas no processo de integração do indivíduo na sociedade em situações como o convívio em comunidade, em família, e em outros meios sociais. É geralmente na infância que as atitudes são moldadas com base nas crenças dos seus familiares, principalmente dos pais, com quem se partilha, por norma, os mesmos ideais. Contudo, no decorrer da evolução intelectual do indivíduo, as influências familiares vão diminuindo. Na adolescência o indivíduo vai assumindo as suas atitudes, consoante os seus próprios ideais. Simonson & Maushak (2001), referem que, ao longo do seu desenvolvimento o sujeito vai adquirindo uma educação formal e informal, decisivas para a construção das suas atitudes, tendo a instituição escolar um papel fundamental. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 84 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu O ser humano adquire vários tipos de atitude e normalmente não se questiona acerca da forma como as adquire. As atitudes formam-se de várias maneiras, e podem acontecer devido a determinadas situações. A aprendizagem de uma atitude pode resultar no processo cognitivo muito complexo. É importante distinguir tipos de atitudes, uma vez que nem todas são formadas da mesma maneira, dependem da hierarquia dos efeitos em questão e podem acontecer devido a determinadas situações. Os indivíduos tendem a formar uma atitude cujo grau de compromisso está relacionado com o seu nível de envolvimento com o objeto da atitude. De acordo com Solomon (1999), os níveis de envolvimento podem ser divididos em três: condescendência, identificação e interiorização. A condescendência é considerada como o nível mais baixo de envolvimento, a atitude é formada porque se ganham recompensas e evitam-se punições de outros. Sendo por isso uma atitude muito superficial, provável de alterar quando o comportamento do indivíduo não está a ser visto por outros, ou quando outra opção fica disponível. Por exemplo o indivíduo pode separar o lixo na escola, mas não em casa, porque o ecoponto se encontra distante e não vê importância em se deslocar para ir colocar o lixo. A identificação ocorre quando as atitudes são formadas com o propósito de serem semelhantes à de outros indivíduos ou grupos, para imitarem o comportamento de determinados modelos desejáveis. Olson et al. (2001), acrescentam que estes modelos de atitudes podem ser agentes de proximidade, como amigos, família, televisão e internet. Os mesmos autores salientam ainda a importância da influência de componentes biológicos das atitudes, que são hereditários aos descendentes. Os indivíduos já são dotados de predisposições genéticas que os deixam à mercê das atitudes. Essas características são influenciadas pelo meio e podem ser alteradas. 85 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu A interiorização sucede num nível elevado de desenvolvimento, as atitudes mais profundas são interiorizadas e tornam-se parte do sistema de valores de uma pessoa. Estas atitudes são dificilmente alteráveis uma vez que são importantes para o indivíduo, e este tende a ser consistente com as suas experiências. O princípio da consistência é considerado como a base das teorias que tentam explicar como as atitudes são formadas, e se relacionam entre si na mente dos indivíduos. Assim, este princípio defende que os indivíduos valorizam a harmonia entre os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos, sendo motivados para manter uniformidade entre esses elementos. Porém, apesar de aprendidas e estruturadas cognitivamente, as atitudes não se estabelecem e mantêm-se estáticas, elas podem mudar por uma série de motivos. 5. MUDANÇA DE ATITUDE A mudança de atitude e de comportamento pode ser alcançada, fornecendo informação contrária às atitudes atualmente defendidas pelo indivíduo (Festinger, 1957). Também na opinião de Lambert (1964), mudar de atitude é algo que pode parecer simples, isto porque a partir do momento em que as atitudes são aprendidas, deveria ser bastante fácil modificar a sua intensidade, ou substituir uma atitude indesejável através da aprendizagem de outra. Como os componentes cognitivo, afetivo e comportamental interagem entre si em busca de equilíbrio, qualquer mudança num deles pode alterar os outros. Para Hovland & Weiss (1951), a mudança de atitude deve ser provocada através de incentivos e reforçada, para que se incorpore ao comportamento da pessoa. Normalmente, as atitudes têm tendência a mudar como resposta à influência social. O que outras pessoas fazem ou dizem pode ter um efeito enorme nas nossas próprias cognições (Spaulding, 2009). O efeito dessas pessoas nas Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 86 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu nossas atitudes pode dar-se através da sua capacidade de persuasão. O autor evoca como exemplo os políticos, que persuadem os eleitores a apoiá-los. Contudo, importa realçar que o fenômeno da “mudança de atitude” não é exclusivo dos seres humanos, aparece em diferentes níveis entre outras espécies, especialmente naquelas que vivem sob regras de natureza social. As abelhas, por exemplo, comunicam e induzem a mudança de comportamento nos seus semelhantes. Já nos humanos, verifica-se que mesmo quando as pessoas não estão cientes de mudar as suas atitudes, as comunicações com os outros podem induzir mudanças subtis nas suas cognições (Spaulding, 2009). Na tentativa de explicar a inconsistência observada no comportamento dos indivíduos em relação às atitudes surgem algumas teorias. 5.1. Teoria da Dissonância Cognitiva Esta teoria foi desenvolvida por Leon Festinger (1957), baseia-se na tendência dos indivíduos de procurarem uma coerência entre as suas cognições (convicções, opiniões). Quando existe uma incoerência entre atitudes ou comportamentos (dissonância), algo precisa mudar para eliminar a dissonância. No caso de uma discordância entre atitudes e comportamento, é mais provável que a atitude mude para se adaptar ao comportamento (Festinger, 1957). A dissonância cognitiva é um estado psicológico que ocorre logo que um individuo se apercebe que dois elementos de informação, elementos que ele pensa serem ambos verdadeiros, estão em contradição. Segundo o mesmo autor, existem dois fatores que afetam a força da dissonância: o número de convicções dissonantes e a importância atribuída a cada convicção. Existem três maneiras de eliminar a dissonância: (1) reduzir a importância das convicções dissonantes; 87 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu (2) acrescentar convicções mais convincentes que se sobreponham às convicções dissonantes (3) mudar as convicções dissonantes para que elas não sejam mais incoerentes. A dissonância ocorre mais frequentemente em situações onde um indivíduo precisa escolher entre duas convicções ou ações incompatíveis. A maior dissonância é criada quando as duas alternativas são igualmente atraentes. Além disso, a mudança de atitude está mais provavelmente na direção de menos estímulo, já que isto resulta em menor dissonância. Neste aspeto, a teoria da dissonância é contraditória em relação à maioria das teorias comportamentais que predizem uma maior mudança de atitude com estímulo aumentado (Festinger,1957). 5.2. Teoria da Autoperceção Esta teoria desenvolvida pelo psicólogo Bem (1972), assume que os indivíduos usam observações do seu comportamento para determinar as suas atitudes, assim como as atitudes dos outros indivíduos para determinar o seu comportamento. A teoria da Autoperceção diferencia-se da teoria da dissonância cognitiva por não sustentar que as pessoas experimentam um "estado de motivação negativa" chamado "dissonância". Ao contrário disso, as pessoas simplesmente inferem as suas atitudes a partir dos seus próprios comportamentos. Esta teoria indica que o indivíduo mantenha sempre uma atitude positiva face a um comportamento que adota. 5.3. Teoria do Julgamento Social A teoria do julgamento social anuncia que todo o indivíduo tem uma opinião face a um determinado assunto, baseando-se nos conhecimentos e sentimentos adquiridos, (Sherif & Hovland, 1961) isto é, uma zona de aceitação, rejeição ou indiferença. As crenças iniciais fornecem um ponto de referência e a nova informação é armazenada de acordo com o padrão existente. Uma nova mensagem, considerada como próxima de Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 88 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu posições anteriormente tomadas, é rapidamente assimilada podendo ser, por vezes, deformada no sentido de uma convergência ainda mais forte. Por outro lado se se desvia, é muitas vezes contrastada e por isso rejeitada. Na perspetiva de Dubois (1999), o conhecimento das zonas de aceitação é importante para o sucesso da implementação de uma nova atitude. As atitudes possuem um efeito tendencioso sobre o julgamento e a memória. Os indivíduos tendem a aceitar materiais e ideias que são consistentes com a atitude existente e não levam em consideração o que está em conflito com ela (Ajzen, 2001; Havice, 1999) De acordo com Havice (1999), as atitudes influenciam a motivação para aprender e ajudam a delinear as ações humanas, incluindo a aceitação de mensagens educacionais. Por conseguinte, considerando atitude como um preditor de comportamento, ou seja, uma predisposição para ocorrer um determinado tipo de ação (Lima, 2002) conhecê-la pode dar ao educador/ professor informações importantes, para antecipar os comportamentos ambientais dos educandos. Assim, uma pessoa com uma atitude positiva em relação ao ambiente tem mais probabilidade de evidenciar comportamentos sustentáveis, tais como, fazer separação do lixo, ou preservar os espaços verdes etc. Neste sentido, e não esquecendo o tema da nossa investigação, é essencial conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, com o objetivo de entender se a sua predisposição é favorável ou não em relação ao ambiente, e através da informação norteá-los para a ação ambiental. Dentro da psicologia social, compreender a mudança de atitudes é a chave para entender o desenvolvimento do preconceito e entender como as associações feitas pelos jovens servem de base para a formação das suas atitudes (Corsaro & Firgenson, 2005). 89 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Assim, quando o educador identifica a atitude negativa do aluno face ao ambiente, ou seja, emoções preditoras de uma orientação negativa, é necessário proceder a um esforço para persuadir o jovem a mudar de atitude. 5.4. Comunicação Persuasiva Este tipo de comunicação é talvez um dos componentes que mais influenciam as mudanças de atitude. O seu propósito é levar alguém a mudar as suas crenças, atitudes e comportamentos, utilizando a comunicação oral (Taillard, 2000). Também Hovland et al. (cit. in Cerclé & Somat, 1999), investigaram esta temática e desenvolveram um modelo dividido em três fatores que nos permitem compreender este paradigma – “Who says what to whom with what effect”. Ao observarmos o conteúdo da frase enunciada podemos verificar que temos presentes três fatores importantes em que a comunicação persuasiva se decompõe. A fonte (Quem diz?), a mensagem (o quê?) e o recetor (a quem?). Considerando os elementos fundamentais da comunicação, verificamos que cada um tem a sua função específica, (cf.figura 5). Figura 5 – Modelo de mudança de atitude através da persuasão Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 90 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu A Fonte: a fonte de uma mensagem pode ser um indivíduo ou um representante desse indivíduo, que tenta com uma mensagem adaptada levar o seu interlocutor a mudar de atitude. Assim a fonte é o persuasor, aquele que quer controlar o comportamento, o informador, que ao nível escolar, será o professor/educador. Este irá transmitir a mensagem, ao público-alvo, no caso da nossa investigação, os alunos. As características da fonte são essenciais para o sucesso do processo de persuasão. As mais importantes são a credibilidade e a atracão que esta exerce sobre o indivíduo. Segundo Cerclé & Somat (1999), deixamo-nos influenciar mais facilmente por fontes atraentes do que pelas que não o são, tem mais impacto uma mensagem oriunda de uma fonte que é vista como superior em saber, daí a relevância da Educação Ambiental ao nível escolar. A Mensagem: a mensagem é um elemento determinante na comunicação persuasiva, quer do ponto de vista da forma da mensagem, quer do conteúdo que esta pode conter. Segundo Cerclé & Somat (1999), no que respeita à forma da mensagem, a maior parte dos investigadores questionou-se quanto à utilização de comunicações que estipulavam unicamente, argumentos que seguiam o seu próprio ponto de vista (argumentação unilateral), bem como, comunicações que apresentassem alguns argumentos que iam de encontro com a mensagem (argumentação bilateral). Lumsdaine & Janis (cit. in Cerclé & Somat, 1999), verificaram que a argumentação bilateral favorecia a resistência dos indivíduos a novas mudanças de atitude. De acordo com os autores, estes indivíduos revelavam-se mais resistentes do que outros a uma nova comunicação persuasiva, destinada a fazer com que mudassem novamente de atitude. Segundo Hovland & Mandel (cit. in Cerclé & Somat, 1999), numa comunicação persuasiva é preferível transmitir a conclusão da mensagem de uma forma explícita, o que não deve invalidar o uso de uma conclusão implícita. Por outro lado, Cooper & 91 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Dinerman (cit. in Cerclé & Somat, 1999), indicaram que o uso de uma conclusão implícita pode em determinadas condições revelar-se eficaz, no entanto, o individuo terá de possuir uma motivação e capacidades cognitivas suficientes para deduzir por si mesmo, a conclusão que permanece implícita. Na perspetiva dos autores, (Leyens,1979; Dudois, 1999), as mensagens persuasivas apelam às emoções, neste âmbito, são mais relevantes para a mudança de atitude as mensagens que possuem um conteúdo que recorre ao medo e ao humor. Estudos sobre esta temática mostraram que os apelos ao medo são mais eficazes nas atitudes dos indivíduos, do que nos comportamentos efetivos (Leyens,1979). Durante muito tempo, pensou-se que o impacto de uma mensagem baseada no medo era proporcional ao grau de angústia suscitado, no entanto estudos posteriores mostraram que uma mensagem moderada seria mais eficaz. Segundo Dubois (1999), o medo origina um efeito de inibição que desencadeia no indivíduo um mecanismo de defesa que lhe permite evitar expor-se à mensagem, negar a argumentação desenvolvida, deformar o seu conteúdo ou considerar a solução proposta sem relação com a amplitude do perigo. Por outro lado, o recurso ao humor favorece a atenção e a simpatia, mas prejudica a compreensão e a memorização da mensagem. Logo, a transmissão da mensagem ambiental ao nível educativo deve encontrar um meio-termo para que seja eficaz, de tal forma, que os jovens possam adquiri-la e desenvolver um comportamento sustentável. O Recetor: todos os indivíduos são diferentes e essas diferenças podem ter alguma influência na mudança de atitude, isto é, alguns indivíduos são mais influenciáveis do que outros. As variáveis que são consideradas como mais pertinentes no estudo da comunicação persuasiva são; a idade, o sexo e a autoestima. Indivíduos com elevada autoestima são considerados mais resistentes à mensagem persuasiva. A Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 92 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu nossa investigação incide em jovens adolescentes, cujas idades permitem uma maior influência da mensagem, por essa razão, também considerarmos pertinente esta faixa etária para a mudança de atitude em termos ambientais. SINTESE Como já foi anteriormente referido, as características individuais que influem as atitudes relacionadas com o ambiente, não podem ser analisadas separadamente, uma vez que elas se relacionam entre si. Logo, ao nível das atitudes é necessário trabalhar, para além dos aspetos cognitivos e afetivos os aspetos sociais, escolares e familiares. Assim, a adoção de uma atitude consciente perante o ambiente, e do qual o homem é parte indissociável, está muito depende da educação adquirida, desempenhando a escola e a família um papel fundamental em todo este processo. 93 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 94 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO V ATITUDES FACE AO AMBIENTE:DETERMINANTES PSICOLÓGICOS 1. INTRODUÇÃO 2. DETERMINANTES PSICOLÓGICOS: O AUTOCONCEITO 2.1 Resenha Histórica do Autoconceito 2.2. O Autoconceito Geral 2.3. Dimensões do Autoconceito 2.3.1. Constituintes do Autoconceito 2.4. Determinantes do Autoconceito 3. AUTOCONCEITO ADOLESCENCIA E A FAMILIA 4. AUTOCONCEITO E A ESCOLA 5. O AUTOCONCEITO E AS ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE 6. DETERMINANTE DE CONTEXTO SOCIAL E FAMILIAR 6.1. Abordagem Sistémica da Familia 6.2. A Influência da Família nas Atitudes Ambientais 6.3. A Familia e o Nìvel Sócioeconòmico EM SÍNTESE 95 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 96 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO As atitudes dependem da perceção que cada indivíduo tem das suas próprias características, do seu autoconceito, isto é, do construto que representa a conceção que cada individuo tem de si mesmo do seu aspeto físico, social e psicológico Garcia & Musito, (2001). As atitudes face ao ambiente são multidimensionais e suscetíveis de desenvolvimento diferencial, assim, não podemos descorar a influência do autoconceito bem como do nível socioeconómico, familiar e cultural. Como se pode constatar da revisão bibliográfica feita anteriormente, as atitudes dos jovens face ao ambiente resultam de uma complexa interação entre fatores, sociais, cognitivos e psicológicos. Assim, o modo como o individuo se vê a si mesmo reflete-se no seu desenvolvimento social, emocional e cognitivo, e por consequência nas suas atitudes. Segundo estudos elaborados na área da psicologia, o processo de desenvolvimento de um indivíduo faz-se da interação entre ele e o meio, tornando-se imprescindível conhecer os fatores que condicionam o seu comportamento, o autoconceito ou a atitude face a si próprio. Neste contexto, pretendemos com o presente estudo, conhecer as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente, e perceber em que medida o autoconceito e o nível socioeconómico e familiar interferem nessas atitudes. Pretendemos orientar os jovens adolescentes no sentido de incrementarem atitudes cívicas, ambientalmente sustentáveis no seio do contexto social em que se inserem, promovendo a qualidade ambiental. 2. DETERMINANTES PSICOLÓGICOS: O AUTOCONCEITO O autoconceito gradualmente se constrói ao longo da vida, passando por várias etapas e variando as suas estruturas e o grau de importância das suas dimensões (Burns, 1990; Fontaine, 1991;Veiga, 1995; Serra,1986). Na opinião de Burns (1986), o 97 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu autoconceito consiste na conceção que cada individuo tem de si próprio quando julga, quando avalia ou em qualquer outra tendência de comportamento. Isto leva a que o autoconceito seja analisado como um conjunto de várias atitudes do “eu”, únicas de cada pessoa. Assim, surge como um construto útil, que permite que o indivíduo se conheça a si próprio, como também o ajuda a explicar a adequação sócio ambiental dos seus próprios comportamentos (Fontaine, 1991; Musito, 1982; Veiga, 1995). O autoconceito constitui o núcleo mais central da personalidade e da existência, segundo Rosenberg (1979), é ele o grande “determinante dos pensamentos, sentimentos e comportamentos”. De uma maneira geral define-se como o conceito que o individuo tem de si mesmo, como ser físico, social e espiritual, um conjunto de atitudes referentes ao “eu” (Watkins& Dhawan,1989; García & Musitu, 2001). Na opinião de Marchago (2002), o autoconceito é uma representação mental que se constrói de acordo com determinada experiencia vivenciada, perante os sentimentos e emoções que esta produz. Segundo os autores (Hagglof, Nishikawa, Sundbom, 2010 ; Cronjaeger, Frenzel, Goetz, Hall, Ludtke, 2010) , autoconceito influencia as emoções e a saúde psíquica dos jovens adolescentes, sendo um preditor da interiorização de problemas. O baixo autoconceito produz vários problemas, a diferentes níveis: alimentares (Irala & Cervera, 2002); consumo de drogas, tabaco (Guzmán & Carulla, 1998), álcool (Izquierdo, 2001); familiares (Musitu & García, 2004, Aznar, 2004) e escolares (Cabanach, Valle, 2004). Perante o exposto constatamos que o autoconceito ocupa uma posição determinante no processo de desenvolvimento psicossocial dos sujeitos. Como tal, destaca-se a importância do mesmo para melhor compreender o comportamento dos jovens e perceber como constroem as suas próprias atitudes. O estudo das atitudes dos jovens adolescentes face a si próprios constituirá uma forma útil e pertinente para a compreensão do seu desenvolvimento global. Por outro Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 98 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu lado, permite também compreender a postura dos jovens face ao ambiente, uma vez que constitui uma base fundamental para a construção e para o desenvolvimento das suas ações. Conhecer e perceber as atitudes dos jovens face ao ambiente poderá constituir um dos pontos de partida para a ação em educação ambiental, tendo em conta os seus interesses e as suas preferências. Na conceção de autoconceito está implícita a valorização do “eu” como uma consequência lógica da sua própria imagem. Segundo Burns (1986), o autoconceito é o próprio reflexo do “eu”, das suas capacidades, da imagem que transmite ao outro e a forma como se idealiza. Epstein (1973, p.404), afirma que “para os fenomenologistas, o autoconceito é o construto central da Psicologia, proporcionando a única perspetiva, através da qual o comportamento humano pode ser compreendido”. A formação do autoconceito é um processo lento que se desenvolve nas experiências pessoais e na relação do indivíduo com os outros. Neste capítulo, abordar-se-á o papel que o autoconceito desempenha nas atitudes dos jovens adolescentes face o ambiente, tendo em conta que a interação dos diferentes fatores é de extrema relevância para a sua formação e desenvolvimento e, consequentemente, para o seu comportamento pessoal e social. 2.1 Resenha Histórica do Autoconceito Na psicologia, a construção do autoconceito surge da análise da antiga questão filosófica “quem sou eu” e, segundo Baldwin (1987), também da capacidade da avaliação crítica da pessoa humana. Tornando-se pertinente situar o autoconceito no contexto da sua origem, para tal, salientaremos alguns dos autores que primeiramente se preocuparam com os aspetos relacionados com o estudo das dimensões fundamentais do “eu”. 99 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu De um ponto de vista histórico, a investigação no domínio do autoconceito foi, na maioria das vezes, levada a cabo por filósofos, teólogos ou outros profissionais não diretamente ligados à Psicologia. Apenas por volta dos anos quarenta este conceito começa a suscitar algum interesse para o estudo científico nos domínios da Psicologia e da Sociologia (Sherif,1972, cit. in Simões, 1997). Tal conceito quase desaparecera do contexto da Psicologia no período de 1890 a 1940, período que coincide com a vigência do primeiro momento de cientificação da Psicologia (finais do séc. XIX, princípios do séc. XX) e com o advento do segundo momento de cientificação da referida disciplina, protagonizados, respetivamente, por Wundt & Watson (Burns,1986). É neste contexto, dominado por conceções monolíticas, que a perspetiva de William James acerca do ”eu” vem ganhar importância (Simões,1997). O autor William James é referido como tendo sido o primeiro a analisar o autoconceito de um ponto de vista psicológico. Assim, em 1890, William James procura demarcar-se das posições filosóficas anteriormente assumidas, na procura de uma perspetivação mais psicológica do autoconceito, define o self como a soma de tudo aquilo que o individuo pode chamar próprio, apresentando uma natureza dual como objeto e como processo. O autor apresenta na sua obra “The Principles of Psychology”, um modelo que poderemos considerar atual (L'Ecuyer,1978; Burns,1986). Aqui encontram-se as primeiras bases do conhecimento de “si mesmo” ao identificar os seus principais elementos. Tais elementos foram denominados de “constituintes de si mesmo”: o self espiritual, material, social e corporal – (de importância decrescente para a autoestima do indivíduo). William James é considerado um dos percursores mais importantes do que hoje se conhece como autoconceito e autoestima (Palacios, 2003). Além de propor uma estrutura multidimensional e hierárquica para o conceito do “eu”, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 100 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu é da sua responsabilidade o mérito de realçar a sua natureza eminentemente social (quer ao nível estrutural, quer ao nível dinâmico), antecipando, desta forma, os estudos da dimensão social do “eu”, no âmbito do interacionismo simbólico (Burns,1986). Nesta resenha dos seus contributos mais significativos importa referir a dicotomia estabelecida entre o “self”. Para este autor, o “eu” de um indivíduo estaria dividido em “The I” e “The me”, sendo o primeiro (“The I”), o “eu” enquanto conhecedor, isto é, o aspeto do”eu” que organizaria e interpretaria, de forma subjetiva, a experiência do indivíduo (Eu-como-Sujeito). O segundo, “The me”, representaria o ”eu” enquanto conhecido (Eu-como-Objeto), que seria constituído pelas características materiais (corpo, família, bens), pelas características espirituais (estados de consciência, faculdades psíquicas) e pelas características sociais (relações, papeis, personalidade), características que conferem ao sujeito a sua individualidade (Marsh & Shavelson,1985; Palacios, 2003). James Mark Baldwin, também influenciou este ressurgir do interesse pelo autoconceito sendo quem salientou a perspetiva interacionista no desenvolvimento do ”eu”, pois, para ele, “o Eu e o Outro...nasceram juntos” (Byrne,1986). Destacam-se ainda os sociólogos Cooley e G.H. Mead, que se interessaram pelos aspetos ligados à interação social no desenvolvimento do ”eu” (Palacios, 2003; Simões, 1991). O sociólogo Cooley, foi bastante influenciado por Baldwin, refere-se ao carácter dialético da vida social para sublinhar que o indivíduo e o grupo são dois aspetos de uma mesma realidade, pois, as “pessoas e os grupos só existem uns para os outros na medida em que são concebidos na mente, por isso as suas interações apenas têm lugar na mente” (Angell,1992, p.379, cit in Simões,1997). Esta noção de que é apenas na mente que ocorre a diferenciação entre o “Eu e o Outro” não é partilhada por Mead, para quem a mente surge a partir da comunicação 101 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu (“mind arising in communication”), enquanto que para Cooley, a comunicação nasce na mente (“communication arising within mind”) (Angell, 1972, p. 379, cit in Simões, 1997). Ao introduzir a noção de interação simbólica, para explicar de que forma o ser humano atribui significado à comunicação partilhada com outrem, Mead acentua o papel da interação na construção da identidade do sujeito (Simões,1997). Propõe, assim, a noção de “role-taking”, que se define como a capacidade que o indivíduo vai adquirindo para se posicionar, mentalmente, no papel dos outros, à medida que com eles interage (Burns,1982). Logo, seria através dessa interação que se desenrolaria todo o desenvolvimento e construção do ”eu” (que para Mead é uma estrutura social) como resultante das relações pessoais que o indivíduo mantém dentro do processo de experiência e atividade sociais (Bartholomeu, Boulhoca & Fernandes, 2005) Esta estrutura social, fruto da interação social, é particularmente semelhante ao aspeto social da faceta “The Me” em William James, o “social me”, que sublinha a importância das reações dos outros na perceção que o indivíduo tem de si próprio (Burns,1986). Na Europa foi Sigmund Freud, quem primeiro deu as suas contribuições relativas ao autoconceito, para quem o ”eu” era a instância psíquica capaz de resolver os conflitos entre os desejos internos e as imposições externas que ocorriam durante o desenvolvimento humano. Para Freud o ”eu” desenvolvia-se progressivamente até à vida adulta. Em suma, o autoconceito de um indivíduo, embora seja fortemente influenciado pela sociedade ao longo da sua vida, é, essencialmente, uma “decisão” pessoal (Damon,1983, cit in Simões,1997), o que faz com que não seja previsível. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 102 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Seguidamente, e porque pensamos ser merecedor de destaque, iremos abordar o consenso verificado, ao longo do tempo, em torno da importância do autoconceito para o funcionamento e bem-estar do indivíduo, da sua origem social e do seu papel central, enquanto regulador e mediador do comportamento, perceções e expectativas pessoais. 2.2. O Autoconceito Geral A conceptualização do autoconceito tem variado em função do quadro de referência dos autores. Verificamos que a investigação teórica nesta área, se caracteriza por uma grande imprecisão da terminologia e discordância das definições. L`Ecuyer (1985), refere que o autoconceito é uma dimensão psicológica complexa e que se modifica e se reestrutura segundo o desenvolvimento do indivíduo. Observa-se essa complexidade na própria literatura, sobre a questão na qual se percebe não haver consenso na definição de autoconceito. No entanto, Byrne (1998) refere que apesar da literatura não revelar uma definição funcional clara, concisa e universalmente aceite, existe uma certa concordância em torno da definição geral do autoconceito, como sendo a perceção que o indivíduo tem de si mesmo, de acordo com três perceções básicas: cognitiva, afetiva e comportamental. A confirmar o supracitado Gecas, (1982, p. 152) define o autoconceito como o “conceito que o indivíduo faz de si próprio como um ser físico, social e espiritual ou moral ”. Na mesma linha, Vaz Serra (1986) refere que o autoconceito é um construto psicológico que permite ter a noção da identidade da pessoa e da sua coerência e consistência. Acrescentando que é um construto teórico que: 1) nos esclarece sobre a forma como um indivíduo interage com os outros e lida com áreas respeitantes às suas necessidades e motivações; 103 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2) nos leva a perceber aspetos do autocontrolo, porque certas emoções surgem em determinados contextos ou porque é que uma pessoa inibe ou desenvolve determinado comportamento; 3) nos permite compreender a continuidade e a coerência do comportamento humano ao longo do tempo. Também alguns autores (L”Ecuyer, 1985; March & Orte, 2006) consideram que o autoconceito se constrói através das experiencias vivenciadas e das relações com o meio. Para Lummertz & Baggio, (1986) o autoconceito consiste num conjunto de atitudes e crenças interrelacionadas que um individuo tem a respeito de si próprio, sendo essas crenças, produto da sua interação social, organizadas hierárquica e sistematicamente, formando uma estrutura na qual alguns aspetos são mais resistentes à mudança do que outros. Burns (1986), refere no contexto da definição do autoconceito geral, que uma vasta gama de designações (autoimagem, auto descrição, autoestima, etc.) tem vindo a ser utilizada para referenciar a imagem que o indivíduo tem de si, contudo, na sua opinião, estes termos são designações excessivamente estáticas para uma estrutura dinâmica e avaliativa como é o autoconceito, o qual, na sua perspetiva, engloba uma descrição individual de si próprio (enquanto autoimagem) e uma dimensão avaliativa (enquanto autoestima). Alguns autores (Marsh & Craven, 2006; Pajares & Schunk, 2001), consideram que a autoestima é o elemento global do autoconceito também chamado autoestima global. Concedendo esta diversidade de terminologias e a grande multiplicidade de conceitos, Shavelson & Bolus (1982) apresentam uma definição operacional na qual Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 104 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu entendem que o autoconceito seria a perceção que um indivíduo tem do seu”eu”, perceção essa que se formaria por intermédio de interações estabelecidas com os outros significativos, bem como através das atribuições da sua própria conduta. É um construto multidimensional e hierárquico. 2.3. Dimensões do Autoconceito Para além dos aspetos atrás referenciados o autoconceito apresenta determinadas características que, na opinião dos autores Shavelson e Bolus (1982), são fundamentais para uma definição mais precisa. Segundo Simões (1997), o autoconceito possui múltiplas facetas, é estável, avaliativo, diferenciável, e tem capacidade para se desenvolver e se organizar hierarquicamente. Relativamente ao aspeto organizativo do autoconceito, os indivíduos, ao receberem informação acerca de si próprios, vão estabelecer categorias que se refletem nas diferentes facetas tornando o autoconceito multifacetado (L`Ecuyer, 1985; Shavelson & Bolus, 1982). Constitui-se como uma organização hierárquica de um conjunto de perceções e avaliações que envolvem vários aspetos, e que correspondem ao modo como cada indivíduo percebe ou avalia diferentes aspetos da sua personalidade (Hernaez, 1999). As diferentes perceções que o indivíduo tem de si próprio vão sendo orientadas a partir da base da hierarquia, (onde se encontram as facetas mais diferenciadas) para o seu topo, onde se encontra o autoconceito geral. A estabilidade que se observa no topo da hierarquia, ou seja, quando o autoconceito é encarado na sua globalidade, diminui à medida que as suas facetas se tornam mais diferenciadas, mais específicas de uma determinada situação (Shavelson & Bolus,1982). 105 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu O aspeto avaliativo do autoconceito permite que o indivíduo se autoavalie, o que lhe possibilita a realização de uma retrospetiva dos seus comportamentos face a uma determinada situação, averiguando quais são os mais adequados e daí retirar informação que lhe seja útil em novas situações (Simões,1997). No que diz respeito ao aspeto desenvolvimentista do autoconceito, Marsh & Shavelson (1985) consideram que este se torna cada vez mais específico e diferenciado, à medida que a idade avança. Marsh (1990), refere que o autoconceito dos jovens é consistentemente alto, no entanto à medida que crescem e adquirem experiência de vida percebem as forças e fraquezas que possuem, os seus níveis declinam e tornam-se mais diferenciados e correlacionados com indicadores externos, como a competência. Neste contexto, pode-se afirmar, que em termos gerais, o autoconceito é menos diferenciado em idades precoces e que se torna mais diversificado e complexo no final da adolescência (Palacios & Hidalgo, 2000). Um último aspeto, segundo Simões (1997), o autoconceito é diferenciável, isto é, pode facilmente diferenciar-se de outras variáveis, permitindo compará-las entre si, de forma a averiguar possíveis relações. Segundo diversos autores (Byrne,1996; Musito, García & Gutiérrez, 1991; Markus & Wurf,1987), uma das razões dos progressos verificados, nas últimas décadas, no que toca ao desenvolvimento da investigação científica no autoconceito, prende-se com o aparecimento do modelo hierárquico e multidimensional. Fitts (1965), foi um dos primeiros autores a descreveu empiricamente o autoconceito como um construto multidimensional, atribuindo-lhe três componentes internos: identidade, auto satisfação e conduta e cinco externos: físico, moral pessoal, familiar e social. Esta análise é igualmente partilhada por outros autores como Hoogeveen, Hell & Verhoeven, (2009). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 106 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Os referidos autores, mencionam que, neste novo modelo, as ligações do autoconceito geral com as restantes facetas são bastante complexas, salientando-se a relação com os pares (à qual estão ligados), quer no autoconceito não escolar, quer no autoconceito escolar. Assim, dizem existir um autoconceito académico e um autoconceito não académico. Numa cadeia interligada verificamos que ao autoconceito académico se encontra ligado a áreas muito específicas como a Geografia, a Matemática, a História, entre outras. Por seu lado, o autoconceito não académico, pode ainda ser dividido, tal como o faz Vaz Serra (1986), em autoconceito físico (aptidões e aparência física), emocional (estados emocionais particulares do indivíduo) e social (é ainda subdividido em áreas específicas, variando de acordo com as pessoas significativas para o indivíduo). Cooley & Ayres (1988), consideram que o autoconceito é importante na vida social dos jovens e rege as relações destes com os seus familiares, amigos, companheiros, professores e outros. É nesta relação com o meio social que o autoconceito é aprendido. Em síntese, sendo o autoconceito entendido como o conjunto de perceções que o indivíduo tem de si próprio, Shavelson e Bolus (1982), referem que as perceções são formadas pelas avaliações e reforços de pessoas significativas, pelas auto atribuições que o indivíduo realiza ao seu comportamento e pela experiência e interpretação do ambiente onde se inserem. As perceções e avaliações de situações específicas atuam como influências que se vão progressivamente organizando, daí mencionar-se-um autoconceito hierarquizado. Num sentido amplo, o autoconceito geral apresenta-se como estável, diminuindo essa estabilidade à medida que, vai descendo na hierarquia (Shavelson & Bolus,1982). Paralelamente ao fenómeno de socialização que vai evoluindo desde a infância até à idade adulta onde se vão apreendendo cada vez mais e variados acontecimentos, 107 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu também o autoconceito com a evolução do desenvolvimento humano se vai tornando cada vez mais multifacetado. O autoconceito, como construto multifacetado e hierárquico, é entendido como a globalidade de perceções que cada indivíduo tem acerca de si próprio (Byrne & Shavelson,1986). Estas encontram-se estruturadas em pirâmide estando na base as perceções de comportamentos específicos, no meio deduções relativas ao autoconceito, e no topo a perceção global de si próprio. Vaz Serra (1986), refere igualmente que um indivíduo ao poder descrever e avaliar os seus comportamentos, leva a que consideremos também como característica do autoconceito a sua dimensão descritiva e avaliativa. 2.3.1. Constituintes do Autoconceito Na perspetiva de Vaz Serra (1988), é importante realçar os constituintes do autoconceito que são, a autoestima, as autoimagens, a auto eficácia, as identidades, o autoconceito real e o autoconceito ideal. Para o autor a autoestima é um dos constituintes do autoconceito mais importantes e com grande impacto na prática ambiental. Tal conceito é entendido como o processo avaliativo que o indivíduo faz das suas qualidades ou dos seus desempenhos. É, portanto, o constituinte afetivo do autoconceito, em que o indivíduo faz julgamentos de si próprio, associando à sua identidade sentimentos valorativos do “bom” e do “mau”. Assim a autoestima refere-se a uma atitude valorativa (positiva ou negativa) do indivíduo em relação a si mesmo, isto é, o sentimento que ele tem por si mesmo. Segundo Durá (2006), a autoestima é um elemento valorativo do autoconceito e do auto conhecimento. Também Coopersmith (1977, p.5), define autoestima como “a avaliação que o indivíduo faz, e que geralmente mantém, de si mesmo: expressa uma atitude de Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 108 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu aprovação ou desaprovação e indica o grau em que se considera capaz, importante e valioso. A autoestima é um juízo de valor que se expressa mediante atitudes que o indivíduo mantém face a si mesmo”. Wells & Marwell (1976), consideram na autoestima duas subdivisões. Na primeira, a autoestima assenta num sentido de competência, ligada à eficácia e aos processos de atribuições e comparações sociais. Na segunda, a autoestima está mais virada para a virtude, representadora do valor pessoal, com normas e valores do comportamento pessoal e interpessoal. Os autores realçam ainda que o “aspeto avaliativo e afetivo do conceito que alguém tem de si próprio, implica o processo a que geralmente se chama autoestima (cit. in Batista, 1995). Mais recentemente Godin & Leval (1993) definem a autoestima como a medida de aprovação ou desaprovação sentida pela própria pessoa; é a crença na sua habilidade e sucesso vendo-se refletida no valor social e pessoal que se traduz na forma como o indivíduo fala e age no seu dia-a-dia. As autoimagens, constituem-se um sinónimo do autoconceito que enfatiza o aspeto social. Segundo Vaz Serra (1986), a imagem corporal caracteriza-se como a representação mental que o indivíduo elabora do seu corpo em resultado dos julgamentos, atitudes e sentimentos face a experiências atuais e anteriores. Ao fazer uma auto-observação, não é a perceção de determinada autoimagem que tem interesse na condução de uma determinada estrutura, mas sim a organização e a distribuição hierárquica em relação a outras autoimagens. Neste contexto, o indivíduo hierarquiza as várias autoimagens acerca de si, ou seja, as que têm maior significado são aquelas a que dá mais importância. Em breve resumo, podemos concluir que a autoimagem é uma construção multifacetada e dinâmica, avaliada subjetivamente e influenciada por 109 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu indicadores ao nível físico, por informações provenientes de outras pessoas e pelo estatuto socioeconómico (Branco, 2000). A autoeficácia é também um constituinte do autoconceito com origens no conceito de “Self” de William James, (1890). A autoeficácia refere-se às auto perceções em que o indivíduo acredita e confia na sua capacidade e eficácia para enfrentar o meio ambiente com efetividade e êxito, alcançando os seus objetivos (Torres, 2007). No seu estudo da personalidade, Michel (1977, cit. in Simões, 1997) refere-se à autoeficácia percebida como sendo um constructo motivacional cognitivo em que o indivíduo se autoavalia como eficaz, para enfrentar o meio ambiente. Por tanto é possível que o individuo faça uma autoavaliação positiva ou negativa de si mesmo de acordo com o contexto onde está inserido (Harter, 1990; Hoge & McSheffrey, 1991; Marsh, 2006; Plucker & Stocking, 2001). Relativamente aos restantes três constituintes (as identidades, o autoconceito real e o autoconceito ideal), poderemos afirmar segundo Vaz Serra (1988): a) qualquer pessoa pode ter, dentro de si, várias identidades. Aquela a que dedicar mais tempo e atenção é a que, numa escala classificativa, se encontra na posição hierárquica mais elevada; b) o autoconceito real corresponde à maneira como um indivíduo se considera, percebe e se avalia, tal como é, na realidade; c) o autoconceito ideal refere-se à maneira como uma pessoa sente que deveria ou gostaria de ser e não como se percebe ou avalia na realidade. Vaz Serra (1988), salienta que é importante considerarmos a diferença entre o autoconceito real e o autoconceito ideal, com vista à obtenção de dados de auto aceitação do indivíduo. Uma diferença pequena poderá ser um bom indicador de que o indivíduo se aceita como é, traduzindo-se tal facto por uma maior aceitação e Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 110 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ajustamento pessoal. Assim o autoconceito do indivíduo é o resultado da interação significativa entre todos estes constituintes. 2.4. Determinantes do Autoconceito O autoconceito não é inato, constrói-se e define-se ao longo do desenvolvimento do indivíduo, por influência das diferentes experiências que tem na sua relação com o meio social, familiar, escolar, e, também o resultado dos êxitos e fracassos vividos. Tal como refere Gecas (1982), o desenvolvimento do autoconceito, como construto fundamental da personalidade, é influenciado por vários fatores tais como o aspeto físico, nível de inteligência, emoções, padrões culturais, escola, família e status social. Como construto hipotético, o autoconceito é construído sobre os acontecimentos pessoais, logo, é necessário para compreender ou predizer o comportamento humano. Além disso é importante ter conhecimento de como a pessoa se perceciona a si própria (Vaz Serra, 1986). Este autor, citando Fitts (1972), refere que "o conceito que o indivíduo tem de si próprio atravessa, condensa, ou captura a essência de muitas outras variáveis", permitindo assim lidar com uma variável central e simples. A informação proporcionada pelos pais, professores e colegas representa uma importante fonte para o desenvolvimento (crescimento) do autoconceito dos jovens (Scott, Murray, Mertens & Dustin, 1996). São os “outros significativos” que o fazem ver-se como uma pessoa competente ou incompetente, inteligente ou inábil, aceite ou rejeitada. Daí que quanto melhor for o autoconceito, melhor será o desempenho do indivíduo. Vários estudos (Cortesão & Torres, 1984) salientam que as causas do insucesso escolar, são devidas não só à ausência de capacidades intelectuais, mas a outros fatores como por exemplo o autoconceito pobre ou mesmo negativo. De uma forma idêntica ao êxito escolar, um 111 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu autoconceito pobre e fraco, pode intervir em qualquer aspeto da vida de um individuo, no êxito de uma carreira profissional, nas relações interpessoais ou mesmo intervir na prática de determinadas atitudes face ao ambiente. De outro ponto de vista o autoconceito também pode ser propulsor da motivação. Alguns estudos desenvolvidos no âmbito do autoconceito verificaram a existência de uma relação direta entre este construto e outros aspetos, nomeadamente a motivação. Zisimopoulos & Galanaki (2009), afirmam que a motivação não pode ser completamente entendida sem a referência do autoconceito. Também na opinião de Lemos (2009), os padrões motivacionais têm como origem um conjunto de perceções e crenças que os sujeitos constroem acerca de si mesmos e do ambiente. Aqueles que se sentem competentes, autónomos e seguros, entendem os acontecimentos como desafios ultrapassáveis, tentando lidar com eles de forma eficaz. Os que desenvolvem crenças opostas tendem a ser mais vulneráveis e a interpretar os acontecimentos como algo ameaçador podendo ter reações desajustadas. Gecas (1982), ao referir-se ao autoconceito como fonte de motivação, indica três causas que lhe estão ligadas: a autoestima ou auto saliência, a auto consistência a auto eficácia. A autoestima é universal, na medida em que os aspetos positivos de cada indivíduo são geralmente realçados (Vaz Serra, 1986). Para Gecas (1982), este motivo apresenta-se sob uma perspetiva de “auto saliência”, tendo como objetivo o melhoramento da autoestima e a perspetiva de “auto manutenção”, virado para a preservação do que a pessoa possui. Estas duas perspetivas determinam as seguintes estratégias comportamentais: disputa pelo êxito e medo do fracasso. Assim, geralmente, pessoas com pouca autoestima identificam-se mais com as estratégias de auto manutenção do que de auto saliência. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 112 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Relativamente ao motivo de consistência, Markus & Wurf (1987), apresentam o autoconceito como um conjunto de “generalizações cognitivas” que estruturam a forma como se elabora a informação para o indivíduo. “Estes esquemas tornam-se progressivamente resistentes à informação que lhes é inconsistente. Há assim uma espécie de conservadorismo cognitivo, organizador de perceções, memórias e esquemas pessoais” (Vaz Serra, 1986, p. 65). O motivo de auto eficácia foi estudado por Seligman & Altenor (1980), Rotter (1975) e Bandura (1977). Seligman na sua teoria do desespero aprendido, tem a perceção de ineficácia ou de fracasso pessoal, devido ao indivíduo perceber que o seu comportamento não tem força/influência nas consequências do meio em que se insere. Por seu lado, Bandura (1977), indica que os indivíduos com boas expetativas de eficácia, têm crenças de que são capazes de realizar com êxito o comportamento requerido e consequentemente obter resultados com sucesso. A observação da própria conduta pode constituir-se como a fonte mais importante para a consolidação do autoconceito. É muito importante que o “eu” se sinta como parte de si mesmo, pois isso significaria que conseguiu o seu próprio controlo, que tanto os êxitos como fracassos são controlados por si. As atribuições, as causas percebidas do êxito ou fracasso influenciam as expetativas, afetos e motivações do sujeito, logo, o seu comportamento. 3. AUTOCONCEITO ADOLESCENCIA E A FAMILIA O impacto que a família exerce na construção do autoconceito e da autoestima do adolescente pode ser considerado a diferentes níveis. Por um lado, as avaliações que os diferentes membros da família fazem acerca do adolescente relacionam–se com as representações que estes constroem sobre si próprios (Eccles, 1993). Por outro lado, as próprias dinâmicas das relações familiares vão influenciar as diferentes dimensões do 113 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu autoconceito. Um dos aspetos relacionados com esta dinâmica familiar é o suporte emocional fornecido pela família. Neste sentido, Wenz-Gross, Siperstein, Untch, & Widaman (1997), mostram que a existência de um baixo suporte emocional por parte da família está relacionado com um baixo autoconceito académico. A reforçar esta ideia destacamos o autor Senos (1997), ao indicar que o suporte emocional e social fomentado pela família está fortemente associado com a perceção de competência, as relações com os pares e a motivação escolar. Assim, as dinâmicas estabelecidas no seio da família, para além de afetarem as diferentes dimensões do autoconceito, parecem, igualmente, associar-se com a autoestima (Bishop & Inderbitzen, 1995). Contudo, Harter (1999), referindo-se a diferentes tipos de suporte, afirma que é o suporte sob a forma de aprovação o que mais se relaciona com a autoestima. Logo, o papel assumido pela família no decurso da adolescência é crucial para o bem-estar e equilíbrio da personalidade. 4. AUTOCONCEITO E A ESCOLA Fora do seio familiar é a escola que constitui a primeira grande experiência de socialização. Na escola os jovens têm acesso a uma multiplicidade de experiências e conhecimentos estimulantes, mas têm também de aceitar responsabilidades progressivamente maiores e sujeitar-se a avaliações constantes do seu valor, quer ao nível académico, quer dos seus atributos físicos e competências sociais. Desta forma, alguns autores (Cubero & Moreno, 1995; Fernandes, Bartholomeu, Martín, Bulhoca & Fernandes, 2005) mencionam que a escola intervém não só na transmissão de saberes científicos como também em todo o processo de sociabilização e individualização, nomeadamente no que se refere à autonomia, autoestima e autoconceito. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 114 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Sendo o autoconceito um produto de interação entre a pessoa e o seu meio ambiente durante o processo de construção social (Sisto & Martinelli, 2004), a escola é uma das mais importantes instituições sociais para fazer a mediação entre os jovens adolescentes e a sociedade. De acordo com Erikson (1950), a criança ao longo da sua vida atravessa vários estádios de desenvolvimento psicossocial, contudo é seguro afirmar que, aquando da entrada para a escola, cada criança possui já uma imagem de si própria e do seu valor que a predisporá, tendencialmente, em direção ao sucesso ou insucesso, de acordo com as suas crenças e experiências anteriores (Purkey, 1970). Esta imagem de si próprio ou autoconceito, segundo Purkey & Stanley (2001), é passível de ser alterado, através de uma experiência positiva ou negativa muito forte, de uma relação profissional de ajuda e das experiências comuns do dia-a-dia, na interação contínua com o meio ambiente. No entanto, na escola, quer devido às características do ambiente (repleto de situações novas onde a criança poderá sentir-se valorizada ou desvalorizada), quer da criança (curiosa face ao novo mundo de experiências e recetiva à influência crescente do grupo de pares e novos adultos) parece que não deverá ser tão difícil modificar o autoconceito (Burns, 1982). Na opinião de Rogers (1947), dadas certas condições psicológicas, o indivíduo tem a capacidade de reorganizar o seu campo de perceção, incluindo a forma como se perceciona a si mesmo. É possível ao sujeito reavaliar as auto perceções, até então rejeitadas, reformulando o autoconceito de forma a incluí-las, construindo um sentimento de si, mais verdadeiro e positivo. Assim, o autoconceito de um indivíduo como competente, produtivo e capaz está muito dependente das suas vivências ao longo dos anos escolares. Depois da família, a escola é, de facto, a força mais importante para moldar o autoconceito dos indivíduos (Purkey, 1970). 115 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Todas os jovens têm um conjunto de vivências pessoais que formam um conceito positivo ou negativo de si próprios e das suas potencialidades. Este conceito afeta o seu comportamento que poderá ser, ou não, um entrave ao seu bom desempenho académico. Como tal, pretende-se conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, sensibilizar e incutir conhecimentos no sentido de alterar ou não comportamentos sustentáveis face ao ambiente. Torna-se também relevante mencionar que, independentemente do autoconceito dos jovens, aquando do seu ingresso na escola, (esta em geral, e o sucesso/insucesso académico em particular) esta pode contribuir de forma importante não apenas para a confirmação desse autoconceito prévio, mas também para reformulação do mesmo, positiva como negativamente. Assim, devido à tendência para preservar a consistência e para interpretar as experiências de acordo com as vivências anteriores, a imagem de si mesmo, acabará por se auto confirmar na escola de forma possivelmente irreversível e com repercussões ao longo de toda a vida. 5. O AUTOCONCEITO E AS ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Sendo o autoconceito genericamente definido como a perceção que o indivíduo tem das suas características próprias, podemos admitir como sinónimo ao construto “ atitudes face a si próprio”, ou seja o conceito de si próprio. Uma vez que no nosso estudo pretendemos conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente é importante verificar a relação entre estas e as atitudes dos jovens face a si próprio (autoconceito). Ambas constituem conceitos multidimensionais suscetíveis de desenvolvimento diferencial (Martins & Veiga, 1996). De acordo com Sanchéz & Escribano (1999), autoconceito é a atitude valorativa que um indivíduo tem sobre si mesmo, sobre sua própria pessoa. Trata-se da estima, dos sentimentos, experiências ou atitudes que o indivíduo desenvolve sobre o seu próprio eu. O autoconceito positivo, desempenha um papel central no indivíduo. É de extrema importância para a experiência vital, para a Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 116 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu saúde psíquica, para a atitude para consigo mesmo e para com os demais e, principalmente, para o desenvolvimento construtivo da personalidade. Na perspetiva de Machargo (cit. in Sanchéz & Escribano, p. 13), a Psicologia “considera necessário ter um autoconceito positivo para que o indivíduo consiga uma adaptação adequada, para a felicidade pessoal e para um desempenho eficaz”. Apesar do autoconceito ser uma variável clássica em psicologia, verifica-se que até à data existe pouca investigação acerca da relação entre as atitudes dos jovens face a si próprios e face ao ambiente. Neste âmbito destacamos os estudos Veiga & Gonzalo (1996), sobre as atitudes dos jovens face ao ambiente e face a si próprios, onde verificaram que algumas dimensões do autoconceito não aparecem relacionadas com as atitudes face ao ambiente, como a ansiedade e a aparência física, provavelmente devido a um maior afastamento semântico de conteúdos ligados ao ambiente. Observaram ainda que, o “aspeto comportamental” aparece como a dimensão que mais se relaciona com as atitudes face ao ambiente. O comportamento de um indivíduo dependerá em grande medida do autoconceito que possua nesse momento (Machargo, 1991). Uma das funções mais importantes do autoconceito é regular o comportamento mediante um processo de autoavaliação e auto consciência. O autoconceito através das auto perceções que o constituem, encarrega-se de integrar e organizar as experiências do sujeito, regular os seus estados afetivos e, sobre tudo, atua como motivador e guia do comportamento (Markus & Kitayama, 1991). A generalidade dos estudos destaca uma relação positiva entre o autoconceito, sobre tudo o académico, e os resultados escolares (Marsh, 1990; Veiga, 1996), assim, para obtermos atitudes ambientalmente sustentáveis é importante que os professores contribuam positivamente para formar o autoconceito dos alunos, uma vez que, este não é inato, constrói-se e define-se durante o desenvolvimento do indivíduo. 117 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Estudos realizados, mostram-nos que, o autoconceito académico é importante na determinação do envolvimento voluntário em atividades relacionadas com a escola e um bom índice prognóstico em atividades não intelectuais (Burns, 1990). Para Costa (2001), o autoconceito académico positivo, embora não seja em si mesmo um fator suficiente na determinação do sucesso escolar, parece constituir uma condição necessária para um desempenho escolar adequado. Espinar (1994, p.79), refere que “O aumento do êxito escolar produz imagens mais positivas de si mesmo, que por sua vez influencia o próprio rendimento académico. Analogamente o autoconceito influencia o processo dinâmico da motivação para a aprendizagem”. Em suma, é pertinente que os currículos académicos incluam conteúdos especificamente virados para a valorização do ambiente, mas também dos alunos como pessoas que precisam de ter uma imagem positiva de si próprios. 6. DETERMINANTE DE CONTEXTO SOCIAL E FAMILIAR A família é o contexto de vida mais significativo onde cresce o ser humano. É uma realidade complexa nos seus variados significados, de ordem psicológica, sociológica, cultural, económica, religiosa e política. a par da sua igualmente complexa mutabilidade e continuidade. É neste contexto complexo que ocorrem as primeiras etapas de desenvolvimento do ser humano, onde se vão configurando diferentes dimensões da personalidade, tais como, a autoestima, a identidade, a autonomia e até mesmo a inteligência abstrata, verbal e emocional. Segundo Mahoney (1995), se os vínculos afetivos na primeira etapa de vida forem seguros, irão proporcionar a base do desenvolvimento afetivo, social e cognitivo dos jovens em etapas subsequentes e até mesmo em adultos, bem como a motivação para Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 118 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu atingir objetivos, competências e responsabilidades sociais. Assim, as dimensões da personalidade dos jovens surgem e consolidam-se com uma influência decisiva da família, a qual vai condicionar o desenvolvimento das suas atitudes, mais do que qualquer contexto físico ou social. Neste âmbito, pretendemos demonstrar a influência da família nas atitudes ambientais dos jovens adolescentes, assim apresentamos a partir de uma perspetiva sistémica, a realidade familiar como um sistema auto organizado que se vem desenvolvendo ao longo do ciclo vital, construindo a sua identidade sistémica e, simultaneamente a identidade de cada um dos elementos que a constituem. 6.1. Abordagem Sistémica da Familia A família porque é uma realidade de chegada, partida e permanência do ser humano, deve ser entendida como um todo, uma globalidade e só nessa perspetiva holística pode ser corretamente compreendida. De acordo com Gameiro (1996), a família é uma rede complexa de relações e emoções que não são passíveis de ser pensadas com os instrumentos criados para o estudo dos indivíduos isolados . Também Burgess (1979) define a família como “ uma unidade de pessoas em interação”, reportando-se, a uma realidade onde o indivíduo interage e se desenvolve. Para Bronfenbrenner (1986), a família é considerada um sistema dinâmico e em interação, compreendida num ambiente próximo e imediato, da pessoa em desenvolvimento, que envolve atividades papéis e um complexo de relações interpessoais. Assim, cada família enquanto sistema é um todo, onde existem totalidades mais pequenas, os indivíduos, que são partes do sistema, isto é, um subsistema. Tal como referem (Minuchin & Fishman, 1981, p.13), cada unidade sistémica é, simultaneamente um todo e uma parte “não mais um do que outro, sem que um rejeite ou entre em conflito com o outro”. 119 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu No entanto o funcionamento da família é influenciado pelo sistema social e simultaneamente afetado pelos indivíduos e grupos que a compõem. Pressupõe-se uma interação no seu interior e com o exterior, havendo uma troca de informações que interferem no equilíbrio do sistema provocando novos desenvolvimentos. Trata-se de um sistema aberto onde se verifica a permuta de informação, matéria e energia, permeável às influências do meio e, por conseguinte, os modelos sociais, políticos, económicos, e ideológicos mudam o estilo educativo da família. Contudo por mais mudanças a que a família esteja sujeita, na sua constituição, estrutura e funcionamento, adaptando-se às turbulências do tempo e do espaço, realiza entre outras, duas funções fundamentais: 1ª) assegura a continuidade do ser humano, uma vez que a família é a comunidade por excelência onde o individuo nasce, cresce, procria, declina e morre, ou seja, um contexto privilegiado de transmissão de vida, cultura e de desenvolvimento. 2ª) é o primeiro contexto de sociabilização do individuo, promovendo aprendizagens de relação com o mundo num processo progressivo de individualização e sociabilização. O desenvolvimento da família processa-se tendo sempre como meta estas duas funções, pois são elas que exigem para cada etapa de desenvolvimento a criação de objetivos diferenciados e específicos. Graças a uma abordagem sistémica podemos compreender que, o que constitui a realidade da família é uma rede complexa de relações e emoções entre os seus membros, cujos laços mantêm a unidade do sistema, expressos pelas interações ao longo do seu ciclo vital. A família, como um contexto natural de desenvolvimento e vinculação, desenvolve, ao longo do tempo padrões de interação que regulam o comportamento dos seus membros. Na interação familiar cada membro interage em Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 120 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu diferentes subsistemas que constituem, simultaneamente, todo e parte do sistema, porque cada subsistema exerce uma energia competitiva no sentido da autonomia e, ao mesmo tempo, uma energia integradora, como parte do sistema. Assim a família é um sistema de relações organizado em função de determinados objetivos comuns cujos membros separadamente não podem atingir. No entanto, este sistema de relações tem uma identidade própria, como refere Costa (1994, p.21), “Como a família tem necessidade constante de reorganização e diferenciação, a continuidade desta identidade é permitida pela reestruturação ou criação de novos repertórios de interação que permitem a adaptação e, consequentemente, o desenvolvimento da família como um todo”. A família está sujeita à adaptação dos seus membros, o que implica uma transformação e reorganização contínua, preservando a sua identidade sistémica. Para manter esta identidade as interações que a família estabelece entre os subsistemas e o sistema exterior terão de ser autorreguladas, isto é, deve existir uma definição clara de limites entre a sociedade e os subsistemas para possibilitar a diferenciação e o desenvolvimento de cada elemento do sistema mantendo a sua autonomia. De acordo com Minuchin (1974), para o funcionamento apropriado da família, os limites ou fronteiras intra sistémicas devem ser claros, isto é, suficientemente bem definidos de forma a permitir que os membros desempenhem as suas funções sem interferência intrusivas, permitindo no entanto, a transmissão de informação e afetos. As famílias onde se verifica uma ausência de limites entre os vários subsistemas não facultam um contexto de diferenciação, são famílias aglutinadas. Por outro lado as famílias com limites rígidos (autoritárias), não permitem a troca de mensagens e de afetos, o nível de negociação interpessoal é reduzido não oferecendo um contexto para a exploração de vivências pessoais. 121 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Para levar a cabo as suas funções o sistema familiar diferencia-se em subsistemas: Subsistema individual - refere-se aos determinantes pessoais de cada sujeito, às suas características de personalidade, história de vida pessoal, familiar e social, isto é, trata-se da memória histórica da sua origem que transporta consigo para o novo sistema que vai construir. Cada individuo pertence a diversos subsistemas, onde funciona com competências distintas, que interagem com o seu desenvolvimento pessoal e com o posicionamento na família. Subsistema conjugal - forma-se quando o homem e a mulher decidem dar início a um projeto comum. Uma díade em que, cada um dos elementos traz um conjunto de valores, expectativas e ideais, assim como padrões de comunicação e preferências que terão de renegociar fazendo cedências, perdendo em individualidade mas ganhando em relação ao sistema que constituem. É importante recriar bases de uma nova cultura familiar, que deve ser sistematicamente reformulada. O subsistema conjugal é vital e determinante para o desenvolvimento de outros subsistemas e para o desenvolvimento da família, pois é nele que se faz a aprendizagem dos sentimentos, afetos, comportamentos, perspetivas de vida, formas de lidar com os conflitos e mesmo a sociabilização. A disfuncionalidade deste subsistema repercute-se em todo o sistema familiar. Subsistema parental - surge a partir do momento que nasce o primeiro filho, consiste nas relações afetivas e de comunicação entre pais e filhos. O casal deve redefinir e clarificar funções no sentido de facultar a diferenciação entre os dois subsistemas e evitar intromissões abusivas que poderão evoluir para situações de disfuncionalidade, como as coligações e alianças trianguladas (Minuchin,1974). Cada subsistema deve garantir a sua identidade diferenciada, no entanto, deve haver entre eles, flexibilidade no sentido de proporcionar uma comunicação satisfatória. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 122 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Este subsistema tem como função primordial o apoio ao desenvolvimento das crianças a fim de as sociabilizar, de lhes incutir autonomia, satisfazendo as suas necessidades, expetativas com vista a fomentar capacidades de resolução de problemas, negociação de regras e integração afetiva e social. A esta função de apoio e sociabilização o subsistema filial pode reagir em determinados momentos do seu desenvolvimento, assegurando a sua autonomia. Na opinião de Relvas (1996), é neste equilíbrio de atitudes opostas e complementares que as tarefas do subsistema parental se vão cumprindo e reformulando em função do tempo e dos contextos. Nesta perspetiva à medida que o tempo avança e os filhos progressivamente crescem, o subsistema parental deve também adaptar-se no sentido de uma maior coresponsabilização dos filhos nas decisões e na negociação de regras de funcionamento da família, não descorando os limites dos vários subsistemas. Subsistema fraternal – emerge quando o casal tem mais um filho, aumentando o número de relações. Este subsistema é o primeiro grupo de que a criança dispõe num contexto de segurança para as primeiras aprendizagens e regras de negociação, cooperação e sociabilização entre iguais. Para Minuchin (1983), o subsistema fraterno é um laboratório social onde as crianças aprendem a experimentar relações com os seus iguais, fazer amigos, aliados e obter reconhecimento pelas suas habilidades. Podem adotar posições diferentes nas suas relações mútuas, que se tornam significativas para o seu desenvolvimento ao longo da vida. Normalmente, quando as crianças contactam com o mundo extra familiar, recorrem a estas aprendizagens para se orientarem no estabelecimento de novas relações e enriquecerem os seus próprios repertórios interativos fraternais com o que aprendem no exterior. A modelação sucessiva das relações entre iguais, e as experiências vividas, vão ser utilizadas na escola e na vida profissional, nas escolhas e nas relações afetivas. 123 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Em suma, a família é um grupo fundamental de autoajuda, uma vez que constitui o alicerce de crescimento dos indivíduos, sendo com quem os mesmos mantêm relações do seu passado ao seu presente. Se ocorrer um problema nas relações com as pessoas significativas, as relações mudam, e com elas as pessoas. Assim é necessário que o sistema familiar seja viável e funcional, mas para tal terão de existir limites entre os vários subsistemas, no entanto, não deverão ser rígidos e inflexíveis pois podem dificultar a troca de informação necessária ao desenvolvimento do sistema familiar como sistema aberto. 6.2. A Influência da Família nas Atitudes Ambientais A família como uma rede complexa de relações, emoções, projetos, expetativas, mitos e valores tende a transmitir os padrões e a cultura familiar para os vários elementos do sistema. Assim, estruturas familiares diferenciadas e flexíveis, ao nível dos vários subsistemas, proporcionam um contexto de maior autonomia para os jovens poderem optar por posturas socialmente corretas. A teoria sistémica da família revelanos que os jovens são influenciados pelos outros, mas também pelos valores, mitos e tradições familiares, embora, frequentemente não sejam conscientes desse facto. O que pressupõe que uma família que desenvolva ao longo do seu ciclo vital atitudes ambientalmente corretas e sustentáveis, irá incutir esta forma de agir nos indivíduos que dela fazem parte. Os sistemas familiares com níveis de apoio emocional equilibrado e com alguma flexibilidade na definição e negociação de regras que autorregulam o sistema, favorecem o desenvolvimento de atitudes ambientais. Segundo Grotevant & Cooper (1988), a qualidade das relações no seio da família está relacionada com a capacidade que o adolescente e o jovem têm para explorar domínios exteriores à família. Na perspetiva de Drummond & Drummond Filho (1998), a família tem um papel Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 124 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu fundamental na formação dos jovens, sendo importante na determinação e na organização da personalidade, além de influenciar significativamente no comportamento individual através das ações e medidas educativas tomadas no âmbito familiar. Assim o sistema familiar transmite e apresenta aos seus membros a realidade, o mundo em que vivem, bem como valores, crenças, modelos e padrões de comportamento necessários para a sua atuação na sociedade. Gradualmente, o indivíduo em interação com o contexto social, vai criando uma realidade individual. A família é a matriz na qual regras sociais são moldadas à experiencia individual especifica, possui um papel primordial no amadurecimento e desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos. Segundo Sarti (2004), as normas e os valores que adquirimos no seio da família permanecem connosco durante toda a vida, atuando como base para a tomada de decisões e atitudes que apresentamos no decorrer da fase adulta. Além disso, o sistema familiar continua, mesmo na fase adulta, a dar sentido às relações entre os indivíduos, funcionando como um espaço no qual as experiências vividas são elaboradas. Nesta ótica, se ao longo do desenvolvimento do indivíduo a família praticar ações ambientalmente sustentáveis, irá certamente incuti-las nos indivíduos que dela fazem parte. Como refere Sprinthal & Collins (2003, p.296), “ A família determina as nossas primeiras relações sociais, assim como os contextos onde ocorre a maior parte das aprendizagens iniciais que efetuamos, acerca de pessoas, situações e capacidades individuais. Estas aquisições exercem uma grande influência na nossa personalidade”. Assim os valores e princípios adquiridos durante o desenvolvimento estruturam a personalidade dos jovens e definem as suas atitudes comportamentais. Moreno & Cubero (1995), discorrem sobre diferentes estilos do comportamento dos pais e 125 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu consequentes efeitos sobre o desenvolvimento social e personalidade dos jovens. Os referidos autores classificam os pais em categorias: a) autoritários - muito exigentes mas pouco comunicativos manifestando pouco afeto. Os filhos tendem a ser obedientes e pouco agressivos, mas tímidos e pouco persistentes, com baixa autoestima, apreensivos e vulneráveis às tensões. b) permissivos - pouco controladores e exigentes mas muito comunicativos. Consultam os filhos na tomada de decisões que envolvem a família, porem não exigem responsabilidade e ordem. Os filhos tendem a ser imaturos, com baixa autoestima, mas mais alegres e vivos que os de pais autoritários. c) democráticos - são muito comunicativos e afetuosos, bem como controladores e exigentes. Reforçam com frequência o comportamento dos filhos e tentam evitar o castigo, correspondem às pretensões de atenção dos filhos e estes tendem a ter níveis altos de autocontrolo e autoestima, maior persistência nas tarefas e enfrentam mais facilmente situações novas, são interativos com valores morais interiorizados. Em anuência com estas categorias, em termos de aprendizagem e valorização social, as famílias tolerantes e democráticas encorajam e recompensam a curiosidade, a exploração e a experimentação, as tentativas para lidar com novos problemas e mesmo a expressão de ideias e sentimentos. Obviamente, uma vez aprendidas e fortalecidas em família, essas atitudes generalizam-se à escola bem como à sociedade. De modo análogo, as crianças que foram excessivamente controladas e protegidas pelos pais, têm reações tímidas, apreensivas e conformistas. Apesar das classificações descritas serem muito estereotipadas, o comportamento educacional predominante da maior parte dos pais assemelha-se a um ou outro destes estilos, o que influencia a estrutura da personalidade da criança e por conseguinte as suas atitudes e comportamentos ambientais. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 126 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 6.3. A Familia e o Nìvel Sócioeconòmico Também o nível socioeconómico familiar influencia a aprendizagem de atitudes e comportamentos ambientalmente sustentáveis. Segundo Mussen (1970), os valores associados às classes e grupos étnicos refletem-se nas motivações, nas características da personalidade e nas atitudes das crianças. Segundo o autor as classes sociais também diferem a respeito da motivação de realização. Enquanto os pais de classe média, valorizam a capacidade de realização dos seus filhos, recompensando-os com frequência, os pais de classes inferiores não o fazem. Desta forma a criança de classe média mostra-se muito mais interessada em aprender e desempenhar atitudes corretas, do que as provenientes de famílias de classe inferior. Estas são propensas às dificuldades de aprendizagem, não manifestando quaisquer preocupações sociais. O aumento da motivação dos jovens para dinamizarem atividades ambientalmente sustentáveis pode estimular os adolescentes, mesmo sendo provenientes de classes inferiores a intensificar o seu interesse e a desenvolver atitudes ambientais. À medida que o conhecimento ambiental de uma pessoa aumenta, o seu comportamento vai sendo cada vez mais dirigido em prol da sustentabilidade. Valmaseda (1995), refere que as crianças de classes socioeconómicas baixas encontram-se empobrecidas culturalmente, o que lhes dificulta o pensamento abstrato, bem como a capacidade de agir. Cabe à escola fomentar conhecimentos ambientais no sentido de desenvolver estas capacidades. De acordo com Drouet (1995), a família que pertence à classe média alta, pode oferecer uma boa educação às crianças. Porém o seu maior ou menor empenho dependerá da sua capacidade intelectual, bem como do seu interesse. No entanto crianças oriundas de classe média e de classe média baixa são capazes de alcançar altos níveis de desenvolvimento, se forem motivadas poderão desenvolver atitudes e 127 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu comportamentos corretos, nomeadamente, face ao ambiente. Até mesmo nas crianças de classes populares, média baixa e baixa, apesar de ser maior o esforço de motivação, uma vez que carecem de educação a todos os níveis, é possível incutir conhecimento ambiental e destacar alguns sucessos nas questões ambientais. Assim podemos concluir que as classes sociais diferem a respeito da motivação, das características de personalidade e atitudes dos jovens. Todas as crianças que trazem da sua infância, experiencias mais ou menos pobres, poderão ter maior dificuldade na aprendizagem. No entanto, nem sempre o meio familiar de nível socioeconómico elevado é bastante estimulador. Assim se a criança for inserida num ambiente em que tenha oportunidades de realizar experiências, e participar num processo de aprendizagem, certamente será capaz de desenvolver no futuro melhores atitudes. Perante o supracitado podemos concluir que, as influências familiares são muito relevantes nas atitudes ambientais dos jovens, mas a família é um sistema aberto, por isso, não devemos menosprezar a influência de outros grupos e entidades sociais, pois os jovens relacionam-se com o mundo onde interagem, não apenas com a família, mas com a escola e a comunidade. A escola pode contribuir de forma significativa, no sentido de promover e motivar atitudes ambientalmente sustentáveis, bem como mudar comportamentos menos corretos, através da educação ambiental. EM SÍNTESE Apesar de não ser linear a correspondência entre o autoconceito e as atitudes face ao ambiente, o entendimento destas variáveis ajuda-nos a olhar para os assuntos do ambiente através de novas perspetivas. Refletindo a cultura organizacional escolar e o contexto associado aos indivíduos, o estudo das atitudes dos jovens face ao ambiente, e a sua dinâmica, permite esboçar um maior entendimento atual dos assuntos ambientais. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 128 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Para a análise das atitudes dos jovens face ao ambiente não podemos esquecer que a estrutura social remete para clivagens e diferenças face a um mesmo objeto. A compreensão das “atitudes face a si mesmo”, do contexto social, bem como do âmbito familiar, é importante para a perceção da dinâmica das atitudes dos jovens, de forma a se adotarem práticas contextuais favoráveis ao ambiente. 129 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 130 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu PARTE II – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA 131 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 132 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO VI CONCEPTUALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA 1. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS 2. OBJETIVOS 3. HIPÓTESES 4. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO 4.1. Desenho de Investigação 4.2. População 4.2.1. Amostra 4.3. Procedimento de Recolha de Dados 4.4. Instrumentos utilizados 5. TRATAMENTO ESTATISTICO SINTESE 133 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 134 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS Face aos inúmeros determinantes interligados na problemática ambiental que condicionam as nossas ações, quer sejam externos (institucionais, económicos, sociais, etc.) ou internos, dependentes de cada individuo (conhecimento, motivação, sentido de responsabilidade, valores, prioridades e sentimentos), torna-se pertinente conhecer as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente e todos os determinantes passiveis de as alterar. Assim, é fundamental, nesta fase, delimitar o problema de estudo, conceptualizado como o primeiro passo na investigação científica, constituída por um conjunto de procedimentos sistemáticos e rigorosos, permitindo a obtenção de novos conhecimentos Fortin (2009). Desta forma, e dada a relevância atual de se efetuar uma abordagem multidisciplinar, em que são ponderados diversos fatores intervenientes nas atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente (Scott, Jensen & Pereira, 2000), consideramos importante efetuar o estudo de algumas variáveis sociodemográficas, de contexto familiar/escolar e psicológicas, passíveis de se constituírem como determinantes das atitudes e do comportamento dos jovens adolescentes face ao ambiente. A realização deste estudo fica a dever-se igualmente ao facto de presenciarmos diariamente, no exercício da docência que desempenhamos ao nível do ensino secundário oficial português, comportamentos e atitudes por parte de jovens adolescentes, que apesar de inconstantes são passiveis de ajustamentos e adaptações adequadas, potenciadoras de uma melhor e mais apropriada aptidão face ao ambiente, isto se atendermos que a adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano marcada por aprendizagens e ensinamentos (Braconnier & Marcelli, 2000; Lerner & Spanier, 1980). Este período de transição, que se define como adolescência, é caraterizado por uma dinâmica mais ou menos intensa e profunda das instâncias físicas, da inteligência e 135 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu da inserção social, é também marcado pela construção/formação da personalidade, pelo choque de valores, pela elevada sensibilidade do “eu” com reflexos na imagem, na reputação e nas práticas vivenciais (Fullerton & Ursano, 1994; Rodrigues et al.,2007), neste ultimo aspeto emergem as relações familiares, interpessoais, grupais e institucionais. Partindo deste pressuposto, e do conhecimento prévio do enquadramento das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente, julgamos poder vir a contribuir com evidências científicas que potenciem, ao nível institucional escolar, a transmissão de conhecimentos e competências, que favoreçam, tal como defendem Nogueira e Silva, (2001), a formação de valores e atitudes ambientalmente sustentáveis, norteadas para uma cidadania ativa, que visa o desenvolvimento da consciência cívica como elemento fundamental no processo de formação de cidadãos responsáveis, críticos, ativos e intervenientes. Neste domínio, a Escola tem um papel importante como agente de literacia ambiental, isto é, cabe à escola capacitar os jovens adolescentes, para compreender os princípios ecológicos básicos e viver em conformidade com eles (Capra, 2008). A mesma opinião é partilhada pelos autores, ( Veja, Freitas, Álvarez y Fleuri, 2007) ao referirem que “(…) debemos anãdir que se capaciten para actuar sobre el mismo com critérios de sustentabilidade.(…)” Admite-se, assim que a Literacia Ambiental (LA) deva ser uma competência basilar da nossa sociedade, estando bem presente em cada cidadão, o que significa ser adquirida por todos, como parte integrante da sua educação. A LA envolve capacidades de debate e decisão em termos ambientais, apoiadas na sensibilidade ecoformativa, na responsabilidade multicultural e eco-social (Leitão, 2004). Em conformidade com o supracitado, Schmidt (2010), defende que a escola não pode estar ausente deste compromisso com as gerações futuras, pois ela é detentora de Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 136 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu capacidade de resposta a estas necessidades. A escola é um espaço privilegiado para a operacionalização da educação ambiental com o objetivo último da LA, permitindo aos jovens adolescentes compreender os princípios ecológicos e obter capacidades de ação relativas ao ambiente, responsáveis e sustentáveis para toda a vida (Leitão, 2004). Neste contexto e tendo por base as pesquisas efetuadas delimitamos o seguinte problema: Em que medida as variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar estão associadas com as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente? Face ao problema em estudo consideramos como variável dependente as “atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente” e como variáveis independentes, aquelas que se presume terem influência, directa ou indirecta, na variável dependente. Especificamente, definimos como fundamentais para esta investigação as seguintes variáveis independentes: Variáveis sociodemográficas Idade Sexo Local de Residência Escolaridade Grau de escolaridade a atingir Número de Reprovações Classe Sócioeconómica Prática e Crença Religiosa Variáveis de Contexto Familiar Funcionalidade Familiar Posição na Frataria Variáveis de Contexto Escolar 137 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Desempenho da Escola na Educação Ambiental Variáveis Psicológicas Autoconceito A articulação das variáveis estudadas, é em seguida apresentada, de forma esquematizada no modelo conceptual representado na figura 6. Variáveis Psicológicas Autoconceito ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Variáveis de Contexto Escolar Variáveis de Contexto Familiar Funcionalidade Familiar Classe Socioeconómica Familiar Desempenho da Escola na Educação Ambiental Posição na Frataria Variáveis Sociodemográficas Idade / Sexo / Local de Residência / Escolaridade – Grau de escolaridade – reprovações /Religião Legenda: ________ Efeitos Principais Efeitos de Interação Figura 6 – Modelo Conceptual de relação entre as variáveis estudadas na investigação empírica. Fonte: Autora da investigação Com esta investigação, que subentende uma abordagem multidimensional do fenómeno em análise, e tendo por referência o modelo conceptual precedente, estamos convictos que a realização do nosso estudo possa contribuir para o esclarecimento das seguintes questões de investigação: Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 138 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu • Será que existem diversas combinações de variáveis, suscetíveis de ter impacto, de várias maneiras diferentes, nas atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente? • Quais são as variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar mais importantes na expressão das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente? • Existem evidências de que os grupos susceptíveis de se formar com a população do nosso estudo se diferenciam na expressão das variáveis em estudo? • Qual será a percentagem de variância, dos resultados das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente, que se mostra significativamente explicada por cada uma das variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar consideradas? • Em que medida a diferenciação dos resultados das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente é devida aos efeitos (principais e de interação) das variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar? As referidas questões derivaram da revisão da literatura especializada nesta área que, perante o quadro de crise ambiental, tem vindo a alertar a sociedade para a necessidade de mudança. Parece generalizada a ideia de que a escola não formou adequadamente ou pelo menos não foi sua prioridade formar, em termos ambientais, os cidadãos que se encontram hoje em idade ativa, sendo notória a necessidade de preparar os jovens adolescentes, para o desenvolvimento sustentável (Gomes, 2001). Derivaram ainda da nossa preocupação e interesse pessoal, enquanto docente da área científica da Biologia, pois presenciamos diariamente numerosas atitudes pouco sustentáveis por parte dos jovens adolescentes, e perante o cenário da atual crise ambiental consideramos necessário intervir, ao nível das instituições escolares, no sentido de fazer mais e melhor, com a participação activa da comunidade. Assim, com este estudo, é nosso propósito encontrar propostas pedagógicas centradas na consciencialização, mudança de comportamento, desenvolvimento de 139 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu competências, capacidade de avaliação e participação ativa. É com este objetivo que se deve instituir a Educação Ambiental ao nível escolar, como um processo educativo que promova a mudança de atitudes e de comportamentos que possibilitem a continuidade dos recursos naturais para as gerações futuras (Silva, 2000). Face ao supracitado e porque julgamos fundamental uma intervenção mais efetiva do que a já existente ao nível educativo, consideramos essencial conhecer o impacto das variáveis sociodemográficas, psicológicas, bem como, as de contexto familiar e escolar nas atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. Aspiramos com os resultados obtidos neste estudo contribuir para a efetiva implementação da Educação Ambiental ao nível escolar e contribuir, desta forma, para gerar cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental (Espejel & Castillo, 2008), de forma comprometida com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade local e global (Anjos, 2003). Sabemos no entanto que uma investigação deste tipo encontra várias limitações, sendo que não será nossa pretensão encontrar resposta plena a um problema tão complexo, mas será, por certo, mais um contributo a juntar a todos os outros que pretendem dar a conhecer e a compreender melhor e de forma transversal as múltiplas implicações na efetiva implementação da educação ambiental ao nível escolar. 2. OBJETIVOS Partindo do anteriormente exposto, traçamos os seguintes objetivos gerais para este estudo: • Analisar o modo como determinadas variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar (efeitos principais) se dizem preditoras das atitudes dos jovens adolescentes sobre o ambiente; Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 140 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu • Analisar as relações existentes entre as variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar (efeitos de interação) na predição das atitudes dos jovens adolescentes sobre o ambiente; • Conhecer as diferenças entre os grupos suscetíveis de se formar com a população do estudo. Com a implementação desta investigação pretendemos ainda atingir os seguintes objetivos específicos: • Descrever as caraterísticas da população de jovens adolescentes referentes às suas atitudes sobre o ambiente e às variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar; • Comparar as características psicológicas e de contexto familiar e escolar, sobre as atitudes ambientais, das subamostras em estudo, constituídas em função das variáveis sociodemográficas (idade, sexo, local de residência, escolaridade, grau de escolaridade a atingir, número de reprovações, classe socioeconómica, prática e crença religiosa); • Verificar a percentagem de variância dos resultados obtidos das atitudes dos jovens face ao ambiente, que é explicada pelas variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar, quer consideradas isoladamente (efeitos principais), quer em simultâneo (efeitos de interação); • Explicar as relações entre as dimensões psicológicas e de contexto familiar e escolar (variáveis independentes) e as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente (variável dependente); • Produzir conhecimento que facilite a implementação e o desenvolvimento de programas no âmbito da educação ambiental ao nível escolar, tendo sempre como ponto de partida a atitudes dos jovens adolescentes, visando a promoção de cidadãos ambientalmente responsáveis; 141 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu • Proceder à construção de um instrumento de avaliação inerente ao desempenho da escola na EA, estudando igualmente as suas qualidades psicométricas Num contexto mais geral o objetivo central do presente estudo consiste na identificação de variáveis sociodemográficas, familiares/escolares e psicológicas que se associam às atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. Esperamos assim, que esta investigação nos forneça novos elementos informativos, no sentido de entendermos melhor a postura dos jovens adolescentes face ao ambiente e que possam ser futuramente utilizados como referência para a intervenção ao nível escolar, na promoção de atitudes ambientalmente sustentáveis. 3. HIPÓTESES As hipóteses podem ser definidas como suposições que antecedem a construção dos factos. Segundo Fortin (2003) uma hipótese corresponde a uma tentativa de predizer ou explicar a relação entre duas ou mais variáveis. Já para Gil (2007), a hipótese é uma proposição que pode ser colocada à prova para determinar a sua validade. É uma suposta resposta dada ao problema de investigação. Tendo por referência a delimitação do problema, os objectivos de estudo e apoiados na revisão teórica que sustenta a idéia de que as atitudes dos jovens, são uma modalidade de conhecimento particular e estão relacionadas com as suas necessidades, interesses, e conhecimentos adquiridos (Ramos, 2004; Silva & Leite, 2000), elaboramos algumas hipóteses gerais através das quais se pretende testar, numa amostra de jovens adolescentes do distrito de Viseu (região centro de Portugal), o modelo conceptual proposto: Hipótese 1 – Existem efeitos principais significativos das variáveis sóciodemográficas (idade, sexo, local de residência e religião), quer nas atitudes dos jovens adolescentes, quer na variável psicológica (autoconceito). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 142 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Hipótese 2 – Existem efeitos principais significativos das variáveis de contexto familiar e escolar (funcionalidade familiar, classe sócio – económica da família, posição na frataria e desempenho da escola na EA), quer nas atitudes dos jovens, quer na variável psicológica (autoconceito). Hipótese 3 – Existem associações significativas entre as variáveis psicológicas (autoconceito) e as atitudes dos jovens face ao ambiente. Hipótese 4 – As variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) predizem significativamente as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Hipótese 5 - As variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas predizem, só por si, as atitudes dos jovens face ao ambiente. A enumeração das hipóteses atrás referidas indicanos que as variáveis em estudo coincidem com a descrição funcional dos fatores (referidos também como dimensões, conteúdos ou sub-escalas), dos instrumentos utilizados e será objeto de análise aquando da interpretação que será feita, no momento em que nos centrarmos no estudo dos instrumentos utilizados . As escalas de avaliação utilizadas para avaliar as variáveis qualitativas (ou categoriais), foram do tipo nominal, já para avaliar as variáveis quantitativas (contínuas), serão utilizadas escalas de intervalos (Amon, 1980; Cunha, 2007). 4. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO O conhecimento cientifico adquirido empiricamente é legitimado através de métodos, os quais fundamentam a teoria, suposição que é defendida por Morin (2000) 143 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ao afirmar que “(…) a teoria não é nada sem o método. Ambas teoria e método são os componentes indispensáveis ao conhecimento científico” (p.337). A este respeito Bourdieu (2004), acrescenta que é preciso saber converter os problemas abstratos em operações científicas práticas, afim de por em causa os objetivos pré-construídos. Na opinião de Fortin (2009), para que o percurso, desde a interrogação inicial, se processe de forma satisfatória e credível na busca de respostas e de novos conhecimentos, há a obrigatoriedade de seguir um conjunto de passos perfeitamente definidos, ao qual se denomina de metodologia ou método. Tendo por referência o problema formulado, os objetivos da investigação e as hipóteses levantadas, pretendemos agora definir as técnicas e o método utilizado, sendo que o instrumental metodológico se deve adequar ao problema a ser estudado, à natureza dos fenómenos, ao objeto de pesquisa, às hipóteses levantadas e, ainda à equipa humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação, de forma a responder às questões levantadas no nosso estudo (Coutinho, 2014). 4.1. Desenho de Investigação Pretendemos, com esta investigação, descrever as características de uma determinada população (adolescentes) ou fenómeno (atitudes face ao ambiente) e estabelecer relação entre as variáveis. Trata-se de um estudo não experimental, pois não procura manipular as variáveis em estudo e insere-se no âmbito das investigações empíricas pela sua componente observacional, ao permitir compreender o fenómeno a estudar (Hill & Hill, 2001). É uma pesquiza de natureza quantitativa, pois pretende-se garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e de interpretação; (Sampieri et al., 2003); de cariz transversal, pois “caracteriza-se pelo facto de a causa e o efeito estarem a ocorrer simultaneamente (Campana et al., 2000); descritiva e correlacional, dado que se pretende efetuar a descrição das características da amostra, e Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 144 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu estabelecer relações entre, pelo menos duas, variáveis sem que o investigador intervenha ativamente para influenciar estas variáveis (Fortin,1999); explicativa e retrospetiva, com a qual se procura estudar o modo como variáveis pessoais e situacionais se refletem nas atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. Utilizamos, como instrumento de colheita de dados o modelo de questionário cuja aplicação tem, na opinião de diversos autores, vantagens sobre as entrevistas face a face, ou entrevistas pelo telefone (Hill & Hill 2001; Lobiondo-Hood & Haber 2001; Sampieri, 2003). No questionário auto-administrado não existem intermédios, o indivíduo faz apelo à sua memória e com facilidade responde às várias questões, pois não se sente pressionado e inibido pelo entrevistador. 4.2. População Foram vários os motivos que nos levaram a escolher, para o nosso estudo, uma população de adolescentes e não jovens de outra faixa etária. A adolescência é uma etapa da vida permeada de mudanças, caraterizada por uma dinâmica mais ou menos intensa e profunda das instâncias físicas, da inteligência e da inserção social. É também marcada pela construção/formação da personalidade, pelo choque de valores, e pelas práticas vivenciais, onde emergem as relações familiares, interpessoais, grupais e institucionais. Segundo Martins et al. (2000), a adolescência está inter-relacionada ao contexto histórico-social, biológico, psicológico, religioso, educacional e económico, entre outros. Nesta fase tão conflituosa podem-se perceber nos jovens atitudes inconsequentes, sobretudo relacionadas com o ambiente, no entanto, pensamos serem possíveis de mudança, principalmente através da educação ao nível institucional escolar. Por outro lado, a preferência por adolescentes, a frequentarem o sétimo, oitavo e nono ano de escolaridade, prende-se com a evidência de resultados de investigação prévios realizados por alguns autores (Cardoso, 2004; Prioto & Boneti, 2009) que consideram 145 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ser os sujeitos mais novos (entre os 12/16 anos de idade) a revelar maiores preocupações ambientais mas de igual forma maiores lacunas formativas e, por outro lado, que a educação formal poderá exercer, potencialmente, uma maior influência nestas idades. Daí o interesse do nosso estudo como matriz de análise sobre a hipotética influência de um conjunto de variáveis de âmbito multidisciplinar sobre as atitudes dos jovens face à EA. Partimos, assim, do pressuposto teórico de que a adolescência seja a faixa etária ideal para promover valores e atitudes ambientalmente sustentáveis, através da implementação de atividades pedagógicas apropriadas, norteadas para formar cidadãos com responsabilidade cívica. Face ao exposto, a população do nosso estudo, é constituída por alunos adolescentes, de ambos os sexos, do terceiro ciclo do ensino básico oficial diurno, do distrito de Viseu, supervisionado pela Direcção Regional de Educação do Centro – Portugal, estimada em cerca de 6335 alunos que frequentam 22 agrupamentos escolares. 4.2.1. Amostra Perante a impossibilidade de estudar a totalidade da população por ser bastante numerosa, o que dificultava a investigação tornando-a muito morosa e dispendiosa, recorremos ao processo de amostragem que, segundo Fortin (2009), não é mais do que recorrer a “ (…) um grupo de pessoas ou uma porção da população (amostra) escolhida para representar uma população inteira, tendo como objetivo tirar conclusões precisas sobre a população, a partir de um grupo mais restrito de indivíduos” (p.310). Assim, a amostra representativa do nosso estudo compreende 500 jovens adolescentes (50.6% do sexo feminino e 49.4% do sexo masculino) de três escolas, do distrito de Viseu, uma inserida em meio rural (escola sede do Agrupamento de Escolas de Nelas) e outras duas em meio urbano (escola sede do Agrupamento de Escolas Grão Vasco e Escola do Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 146 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Ensino Básico 2,3 Infante Dom Henrique de Repeses-Viseu). Salientamos que duas das escolas se encontravam a desenvolver projetos de EA, concretamente: a escola sede do agrupamento de escolas Grão Vasco e a escola EB 2,3 de Repeses em Viseu. Para que a amostra da nossa investigação fosse o mais representativa possível da população em estudo recorremos à amostragem não probabilística acidental, que segundo Fortin (2009, p.31) “(…) é um tipo de amostragem que contrariamente à amostragem probabilística, a amostragem não probabilística não dá a todos os elementos da população a mesma possibilidade de ser escolhida para formar a amostra” e é acidental porque “é constituída por indivíduos facilmente acessíveis e que respondem a critérios de inclusão precisos”. Constatamos assim, que a amostragem acidental permite escolher pessoas que estão no local certo à hora certa, contudo este tipo de amostra pode não ser uma representação fiel do universo populacional de que foi retirada, provocando enviesamento de alguns resultados, neste sentido para minimizar o impacto de eventuais erros de amostragem estabelecemos os seguintes critérios de inclusão: a idade compreendida entre os 12 e 16 anos, a não apresentação de necessidades educativas especiais e a frequência do 7º, 8º e 9º ano de escolaridade, por serem anos letivos que representam a classe de adolescentes por nós pretendida no presente estudo. Efectuada a selecção a amostra ficou constituída por 500 adolescentes, na sua maioria mulheres (50.6%) e com uma média de idades de 13.38 anos. 4.3. Procedimento de Recolha de Dados A execução das diferentes fases da investigação respeitou, a integração dos procedimentos de forma sistemática e sequencial, relacionados com o problema em estudo não deixando de respeitar cuidadosamente os princípios éticos inerentes ao trabalho de investigação, que envolve seres humanos (Sampieri et al. 2002). Tal como refere Fortin, (2009) “as decisões conformes à ética são as que se fundamentam sobre 147 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu princípios de respeito pela pessoa e pela beneficência”. Desta forma, a recolha de dados realizou-se após o consentimento favorável das instituições selecionadas para o estudo, (escolas do ensino regular com terceiro ciclo) tendo-se utilizado a mesma metodologia em todas elas. Em concreto, procedemos à elaboração do instrumento de recolha de dados, que melhor se coadunasse com o tipo de amostra que pretendíamos estudar, submetemo-lo numa primeira fase, à aprovação da Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Governo Português (com o registo 0071200005) e, numa segunda fase, solicitamos autorização aos Órgãos Diretivos das Escolas. Obtida a aprovação informamos os encarregados de educação dos alunos e os próprios, aos quais explicamos o objetivo do estudo e pedimos a colaboração. Aos Órgãos Diretivos das Escolas transmitimos ainda, a necessidade de cedência de tempos letivos por parte dos professores e a aprovação pelo Conselho Pedagógico e Associação de Pais, para a concretização do respetivo estudo. Com o objetivo de manter uma conduta de rigor e precisão científica, o conhecimento dos objetivos de pesquisa e respetivo consentimento para aplicação do questionário, procedemos à aplicação do mesmo. Cada instrumento de recolha de dados fazia-se acompanhar de uma página inicial, apresentando o objetivo principal da investigação e informações, para os jovens adolescentes, sobre o preenchimento do mesmo. A sua aplicação, decorreu no período compreendido entre os meses de outubro e novembro do ano letivo 2009/2010, com a participação voluntária de todos os alunos, depois de terem sido devidamente esclarecidos sobre a garantia da confidencialidade dos dados pessoais. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 148 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Numa perspetiva de rigor metodológico, foram tidas em consideração determinadas normas e cuidados específicos inerentes à colheita de dados, concretamente: • Os instrumentos foram administrados pela autora do presente trabalho com a colaboração dos respetivos professores responsáveis pelas Áreas Disciplinares não Curriculares, no momento da recolha de dados; • Foi lida uma contextualização do estudo, logo no início, apresentando o objetivo principal da investigação e informando os jovens adolescentes de que era garantida a confidencialidade dos resultados; • Foram esclarecidos sobre o modo de preenchimento dos instrumentos e expressa a importância da sinceridade nas suas respostas. Respondeu-se às perguntas de esclarecimento de significado /conteúdos procurando sempre manter um ambiente tranquilo e adequado; • Os instrumentos (cf. Anexo I) foram distribuídos ao acaso por todos os sujeitos, não havendo restrições quanto ao tempo de preenchimento. Após todos terem finalizado procedemos à recolha do material e agradecemos a colaboração prestada. 4.4. Instrumentos utilizados Os instrumentos de colheita de dados devem ser devidamente adequados ao problema em estudo, bem como adaptados às variáveis em causa (Lakatos e Marconi, 2010; Sampieri et al.,2002). De acordo com este pressuposto e atendendo à perspetiva fenomenológica em que se insere o estudo, bem como, às considerações apresentadas aquando da revisão teórica relativa à avaliação das variáveis estudadas, optamos pelo método da auto-resposta, preferindo, sempre que possível, instrumentos com escalas de resposta tipo Likert. 149 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Assim o nosso instrumento de colheita de dados inclui: (i) escalas específicas, já previamente construídas, com o objetivo da mensuração das variáveis em estudo, com a particularidade de todas elas estarem validadas e aferidas para a população portuguesa; (ii) e uma escala construída e validada no âmbito da presente investigação, com a finalidade de permitir a avaliação do desempenho da escola na educação ambiental (EDEEA). Especificando, o instrumento de colheita de dados engloba as seguintes escalas: Índice de Graffar, que permite proceder à estratificação da classe socioeconómica familiar dos jovens adolescentes; APGAR Familiar que corresponde a um instrumento de avaliação da funcionalidade familiar; a escala de Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (EAJFA) utilizada para mensurar a nossa variável dependente; a escala dos Resíduos Sólidos (RSO) e das Atitudes Face à Água (AGU), pela necessidade de se mensurar as atitudes dos jovens adolescentes, relativamente a aspetos mais locais, como por exemplo adesão à reciclagem dos resíduos sólidos domésticos e a crença na água como recurso inesgotável; a escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA) que avalia o empenho da escola ao nível ambiental, e por fim, o Piers-Harris Children`s Self-Concept Scale (PHCSCS), com o objetivo de mensurar o autoconceito dos inquiridos. É de referir ainda que, para além de todo o referencial de material de mensuração supracitado, foram por nós elaboradas algumas questões que integram as diferentes secções do instrumento de colheita de dados: da secção A, faz parte a caraterização sociodemográfica que inclui as variáveis: idade, sexo, local de residência, ano de escolaridade, grau de escolaridade a atingir, número de reprovações, prática de religião, grau de praticante e de crença na religião; a secção B, consiste na caraterização familiar e incluiu a variável, posição na frataria. Na secção C encontram-se as últimas questões formuladas que incorporam a informação complementar no domínio da Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 150 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu educação ambiental. Neste contexto o instrumento de recolha de dados, é constituído por um conjunto de escalas (cf. Anexo I), que permitem mensurar as variáveis em estudo e encontra-se devidamente estruturado por secções de A a E, em conformidade com o quadro 7. Quadro 7 – Estrutura do instrumento de colheita de dados Secção A B C D E Variáveis em estudo Caraterização sociodemográfica Caraterização Familiar Caraterização das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente Desempenho da Escola na Educação Ambiental Caraterização do Autoconceito Face ao exposto, apresentamos em detalhe a caraterização de cada uma das escalas que serviram de referência à mensuração das variáveis em estudo, com a particularidade de se analisarem alguns dos seus dados psicométricos, no que se refere a indicadores de fiabilidade. 1. Índice de Graffar O nível socio-económico familiar foi avaliado pelo índice de Graffar (Sitkewich e Grunberg, 1979). É uma classificação social internacional estabelecida em Bruxelas (Bélgica) pelo Professor Graffar em 1956. Esta escala é constituída por cinco questões que se baseiam no estudo de caraterísticas sociais e económicas da família – tais como profissão, nível de instrução, fontes de rendimento familiar, conforto do alojamento e aspeto do bairro onde habita a família, estas são classificadas de um a cinco e posteriormente somadas. Este método permite classificar cinco classes sociais: sendo a primeira correspondente ao somatório 5-9 (Classe I – Classe Superior Alta), a segunda ao somatório 10-13 (Classe II – Classe Superior Baixa), a terceira ao somatório 14-17 (Classe III – Classe Média), a quarta ao somatório 18-21 (Classe IV – Classe Inferior), e a quinta a classe socialmente mais baixa (Classe V – Classe Inferior baixa) corresponde ao somatório de 22-25. 151 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Martins (2003), refere que Sitkewich e Grunberg (1979) ao analisarem a validade e significância deste instrumento encontraram coeficientes de correlação para a escala dos cinco critérios entre .90 e .96. Na nossa amostra e para a globalidade dos itens da escala, o valor de alfa de Cronbach é de .669, o que revela uma aceitável consistência interna, o mesmo se verificou no que respeita aos valores para cada um dos itens, uma vez que oscilaram entre .538 no item 1 e .668 no item 5 (cf. quadro 8). Os valores encontrados para os coeficientes Spearman-Brown (.562) e Split-half (.521), embora apresentem valores mais baixos, são também reveladores de uma aceitável consistência interna. Contudo é de realçar que esta medida subestima a sua verdadeira fiabilidade, devido a ser ponderado um menor número de itens. Na definição da classe sócio-económica, tomaram-se como indicadores, expressos pela Escala de Graffar: a profissão e o nível de instrução do pai, ou da mãe, caso fosse esta a apresentar índices mais elevados naqueles indicadores; fontes de rendimento familiar; conforto do alojamento; e aspecto do bairro onde habita o agregado familiar. Trata-se de um critério que, embora com alguns condicionalismos, é frequentemente utilizado pela comunidade científica (Sitkewich & Grunberg,1979; Martins,2003). Assim, os adolescentes foram estratificados em cinco grupos distintos, tendo por referência os indicadores socias e demográficos da família de pertença (classe socioeconómica superior alta, superior baixa, média, inferior alta e inferior baixa). Quadro 8 – Consistência interna da escala de Graffar Nº item Itens Média Dp 1 2 3 4 5 Qual a profissão dos teus pais? Que escolaridade tem a tua mãe ou o teu pai? Qual a fonte de rendimento da tua família? Qual o conforto da habitação da tua família? Qual o aspeto do bairro onde a tua família tem a casa ou o andar onde habita? Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half 3.38 2.69 3.10 2.18 2.06 1.334 1.095 .844 .698 .583 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 152 R itemtotal (s/item) .585 .556 .351 .400 .297 .669 .562 .521 de Cronbach (s/item) .538 .546 .647 .663 .668 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2. Escala de APGAR familiar O APGAR familiar é uma escala proposta por Smilkstein (1978, cit. in Martins, 2003), que permite avaliar a adaptação intrafamiliar, a convivência e comunicação, o crescimento e desenvolvimento, o afeto e, por último, a dedicação à família. Tal como refere Imaginário (2004), o acrónimo APGAR, proveniente da língua inglesa, deriva de Adaptation (adaptação), Partnership (companheirismo), Growth (desenvolvimento), Affection (afetividade) e Resolve (capacidade resolutiva), retrata as seguintes dimensões: adaptação (consiste na capacidade de utilizar recursos intra e extrafamiliares para resolver problemas familiares em situações de stresse familiar ou em períodos de crise); convivência e comunicação (tem a ver com a implicação dos membros da família na tomada de decisões e nas responsabilidades relacionadas com o equilíbrio familiar); desenvolvimento (está associado à maturação física, emocional e autorrealização que são alcançados pelos membros de uma família graças ao apoio mútuo), afetividade (é a relação de carinho ou amor que existe entre os membros da família) e dedicação à família, relaciona-se com o compromisso de dedicar tempo e prover às necessidades físicas e emocionais dos outros membros da família. O APGAR familiar de Smilkstein permite a avaliação dos domínios supracitados através das cinco questões/ítens inerentes à função familiar que o compõem, por uma escala tipo de Likert, as quais têm três opções de resposta (quase sempre, algumas vezes e quase nunca), com uma pontuação de respetivamente, dois pontos, um ponto e zero, que no final são somados, resultando num score total cuja representação numérica relaciona-se diretamente com a condição de funcionalidade familiar: (altamente funcional (7 a 10 pontos); moderadamente funcional (4 a 6 pontos) e famílias com disfunção acentuada (0 a 3 pontos). 153 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Os índices de validade e fiabilidade estabelecidos, do APGAR familiar, garantem a segurança da sua aplicação como instrumento confiável (alfa de Cronbach .80) (Duarte, 2001). Comparando com os resultados do nosso estudo, verificamos (cf. quadro 9) que os valores de alfa de Cronbach oscilaram entre .649 no item 2 e .704 no item 4 o que indica uma boa consistência interna, o mesmo se verifica para a globalidade da escala cujo valor .717, encontra-se no intervalo referido como ideal (.70 a .80). O coeficiente de Sperman – Brown e as correlações Split-half são igualmente indicadores de uma boa consistência interna. Quadro 9 – Consistência interna da escala de Apgar Familiar Itens Média 1 Está satisfeito com a ajuda que recebe da sua família, sempre que alguma coisa o preocupa? 1.64 .567 Está satisfeito como a sua família discute os assuntos? 1.44 .595 .526 .649 Acha que a sua família concorda com o seu desejo de encetar novas actividades ou de modificar o seu estilo de vida? Está satisfeito com o modo da sua família manifesta a sua afeição e reage aos seus sentimentos (ex: amor, irritação, pesar)? 1.41 .621 .456 .678 1.40 .630 .525 .649 1.57 .574 2 3 4 5 Está satisfeito com o tempo que passa com a sua família? Dp R item-total de (s/item) Cronbach (s/item) .488 .665 Nº Item Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half .384 .704 .717 .750 .718 3. Escala de atitudes dos jovens face ao ambiente – EAJFA A Escala de Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (EAJFA) elaborada por Martins (1996), adaptada por Martins & Veiga (2001), é um instrumento que engloba 29 itens tipo Likert, com cotações de 1 a 5 pontos, obedecendo a cinco possibilidades de resposta. O cálculo das pontuações obtém-se atribuindo às afirmações com concordância máxima (concordo totalmente) o valor numérico de 5 pontos e à máxima discordância (discordo totalmente), o valor numérico de 1 ponto. Às restantes pontuações 2 (discordo), 3 (não concordo nem discordo) e 4 (concordo), são atribuídos Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 154 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu respetivamente aos pontos intermédios da escala, a qual incorpora alguns itens invertidos, especificamente os itens: 5, 7, 15, 17, 20, 23 e 26. A interpretação dos scores da escala deve ser feita de forma a que, quanto maior for a pontuação melhores/mais favoráveis serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. A escala revelou possuir adequadas qualidades psicométricas (alfa de cronbach=.81) manifestando uma boa consistência interna, quer no seu todo quer nos sub-factores. A análise fatorial dos resultados, seguida da rotação “varimax”, evidenciou, quatro fatores que explicam 33.8% da variância total: Fator 1 - Disposição para Ações de Proteção Ambiental (APA), revela uma boa consistência interna (alfa de cronbach=.75), o qual avalia a tendência dos jovens para participarem em ações concretas de conservação dos recursos naturais (preferência por produtos naturais, produtos reciclados e pouco poluentes), para apoiarem ações de despoluição, através do pagamento de taxas e fiscalização, apoio a grupos ambientalistas e proteção de todas as espécies. Os itens que o constituem são:1, 2, 8, 10, 11, 12, 13, 16, 22, 25 27. Fator 2 - Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais (SSA), apresenta um valor de alpha=.59 (revelador de uma aceitável consistência interna), possibilitando a mensuração da sensibilidade dos jovens face ao sofrimento dos animais e a preocupação com a degradação dos ecossistemas em consequência da ação direta do homem. Inclui os itens: 3, 5, 6, 9,14, 17, 18, 29. Fator 3 - Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente (PPA), revela uma consistência interna (alpha =.56) aceitável, avaliando a preocupação que os jovens adolescentes manifestam em relação a diversos problemas ambientais, como por exemplo, o efeito da extinção das espécies, as minorias éticas ou o aumento da produção 155 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu de lixo. Evidencia ainda a preocupação dos jovens com a resolução desses problemas, quer pelos governos quer pelas associações ambientalistas. Integra os itens: 7, 15, 20, 23, 26. Fator 4 - Concordância com Normas de Proteção Ambiental (NPA) apresenta um valor de alpha = 0.50. Os itens fazem alusão à concordância com normas destinadas a proteger o ambiente evitando a poluição (uso de transportes públicos, reutilização de produtos) preservando espaços naturais (proibição de passar em certas zonas dos parques naturais) apoiando campanhas de sensibilização e ações de fiscalização. Inclui os itens 4, 19, 21, 24, 28. Para a nossa amostra procedemos também à análise psicométrica da EAJFA, constatando-se que possui uma boa consistência interna, quer para o total da escala (alfa de Cronbach=.869), quer para os itens que a constituem, oscilando entre .860 e .872 (cf. quadro 10). Quanto à correlação item/total, observamos que esta oscila entre.236 e os.602 indicando assim, que cada item por si próprio representa adequadamente o conceito que é suposto ser medido pela globalidade da escala e que os itens são homogéneos. Os valores encontrados para os coeficientes de Sperman – Brown e Split-half são respetivamente .843 e .838 o que nos permite comprovar uma boa consistência interna. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 156 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 10 – Consistência interna da escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente Nº Item 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 1.069 R itemtotal (s/item) .418 de Cronbach (s/item) .865 4.12 1.042 .492 .863 3.76 .959 .425 .865 3.72 1.102 .372 .866 3.71 1.293 .330 .867 4.18 .969 .535 .862 3.72 3.83 1.160 1.148 .263 .473 .871 .863 4.06 1.019 .466 .863 3.45 1.046 .448 .864 3.03 1.079 .346 .866 4.09 1.087 .490 .863 3.84 1.074 .602 .860 3.53 1.077 .554 .861 4.07 1.177 .369 .866 3.47 1.069 .503 .862 3.05 1.089 .236 .869 4.26 3.95 1.001 .981 .422 .553 .865 .862 3.12 1.282 .284 .872 4.07 2.95 1.040 1.075 .419 .202 .865 .870 3.28 3.92 1.177 1.069 .302 .462 .868 .863 3.97 1.051 .549 .861 3.46 1.266 .270 .869 3.50 1.064 .502 .862 3.84 1.032 .513 .862 3.87 1.156 .268 .869 Itens Média Dp Seria possível que as pessoas fossem de autocarro para os seus empregos, pois isso reduziria a poluição provocada pelos automóveis. Quando vamos ao supermercado devíamos levar sacos já usados para fazer as compras. Preocupo-me com a quantidade de pesticidas que e usam na agricultura e que ficam nos alimentos que comemos Sabendo que num parque natural existem espécies raras, as pessoas deviam evitar passar nesses locais, para assim as protegerem. Quando encontramos lagartas minhocas e outros bichos parecidos, podemos matá-los porque não fazem falta nenhuma Embora a Amazónia esteja muito longe de nós, fico com pena de todos os seres vivos que estão a desaparecer nessa região. A solução para os problemas ambientais depende apenas do governo Á noite as pessoas deviam manter a maior parte das luzes apagadas, para poupar energia Fico triste quando penso que alguns dos produtos que uso são experimentados primeiro em animais, causando-lhes imenso sofrimento Como os grupos ambientalistas (ecologistas) precisam de dinheiro para as suas atividades, as pessoas deviam contribuir com donativos para que possam fazer as suas campanhas Quando compramos prendas para os nossos amigos devíamos escolher produtos naturais ou de artesanato Quando tomamos banho devíamos fechar a torneira enquanto pomos sabão, para não desperdiçar água Nos supermercados as pessoas deviam escolher as embalagens feitas com produtos reciclados, mesmo que sejam mais feias. Sempre que passam na TV debates ou documentários sobre problemas ambientais, ou sobre os seres vivos, devíamos assistir com interesse. O desaparecimento das espécies animais e vegetais não é um problema grave porque a maior parte delas não tem qualquer utilidade As pessoas deviam comprar apenas os produtos vindos de empresas que sejam pouco poluentes. Ler revistas ou livros que falam de ecologia e dos problemas ambientais é sempre muito aborrecido Fico triste quando vejo animais mortos na estrada Devíamos insistir com os autarcas (Juntas de Freguesia, Câmara Municipal) sempre que existam problemas ambientais na região. Todos os produtos deviam ter embalagens para deitar fora, porque isso é muito mais rápido As fábricas que poluem o ar e a água deviam pagar multas elevadas As pessoas deviam pagar uma taxa para que as estações de tratamento de esgotos funcionem A maior parte dos ambientalistas são fanáticos e tolos As pessoas deviam chamar a fiscalização sempre que sabem que alguém tem animais raros em jaulas ou em gaiolas Quando fazemos os trabalhos escolares devíamos ter a preocupação de fazer os rascunhos nas costas de folhas já usadas, para não desperdiçar papel. O desaparecimento das tribos índias não é um problema grave, pois eles estão desatualizados da sociedade atual Todas as pessoas deviam participar nas ações dos grupos ambientalistas (ecologistas) e nas atividades de defesa do ambiente Devíamos evitar usar produtos com “spray”, porque isso destrói a camada de ozono Embora alguns insetos (moscas, baratas, etc.) não sejam bonitos, só os devíamos matar quando estão dentro de casa ou põem a nossa saúde em risco. Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half 3.99 157 Universidad Pontificia de Salamanca .869 .843 .838 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4. Escala dos resíduos sólidos – (RSO) Com esta escala procuramos estimar as atitudes dos jovens adolescentes face aos aspetos relacionados com a separação dos resíduos sólidos, através de um conjunto de 4 itens incorporados numa escala de Likert com quatro opções de resposta, com valorações de: 1 (discordo totalmente), 2 (discordo), 3 (concordo) e 4 (concordo totalmente). Os estudos psicométricos, para a nossa amostra, evidenciam uma boa consistência interna apresentando um valor de alfa de Cronbach de .694, mesmo se verificou no que respeita aos valores para cada um dos itens, uma vez que oscilaram entre .557 no item 2 e .682 no item 1 (cf. quadro 11). Também constatamos que os valores do coeficiente Spermen-Brown (.669) e Split-half (.669) são igualmente indicadores de uma boa consistência interna. Quadro 11 – Consistência interna da escala dos resíduos sólidos .742 R itemtotal (s/item) .404 de Cronbach (s/item) .682 3.31 .640 .598 .557 3.16 .700 .463 .639 3.48 .644 .465 .638 Nº item Itens Média Dp 1 A separação dos resíduos sólidos em casa é imprescindível para preservar o meio ambiente. Se houvesse melhor manutenção dos ecopontos havia maior aderência ao programa de reciclagem. Se houvesse informação mais detalhada sobre os produtos a reciclar havia maior aderência ao programa de reciclagem Se houvesse mais ecopontos junto às residências havia maior aderência ao programa de reciclagem Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half 3.32 2 3 4 .694 .669 .669 5. Escala das atitudes face à água – (AGU) As Atitudes Face à Água foram avaliadas por quatro itens relacionados com a escassez, conservação e resolução de eventuais problemas relacionados com a falta de água. Os itens em causa, fazem parte de uma escala de Likert, e apresentam quatro opções de resposta, 1 (discordo totalmente), 2 (discordo), 3 (concordo) e 4 (concordo totalmente), com uma valoração de, um, dois, três e quatro pontos respetivamente. A Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 158 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu interpretação da escala é feita de modo a que os valores 3 e 4 correspondam às atitudes mais ecocêntricas e os valores 1e 2 a atitudes menos favoráveis face à água. A análise da fiabilidade da escala foi levada a efeito através do estudo do coeficiente alfa de Cronbach, que revela um valor de .751, o qual sustenta a segurança na sua aplicação. No nosso estudo, relativamente as valores alfa de Cronbach verificamos que todos eles são superiores a .50, o que segundo Kaiser (Lewis-Beck, 1993), constitui o valor limite para a sua aceitabilidade. Especificamente variam entre .501, para o item 3, e .564 para o item 2, o que, é sugestivo de uma razoável consistência interna. O valor encontrado para o alfa de Cronbach (.542), da nota global da escala, o coeficiente Spermen-Brown (.501) e Split-half (.460), é igualmente aceitável para avaliar a consistência interna da escala (cf. quadro 12). Quadro 12 – Consistência interna da escala da utilidade da Água .756 R itemtotal (s/item) .252 de Cronbach (s/item) .511 2.68 2.55 .773 .833 .295 .264 .564 .501 3.17 .820 .209 .545 Nº Item Itens Média Dp 1 A água potável é um recurso que pode acabar no próximo século. Na nossa região não existem problemas de escassez de água. Se necessário a ciência e a tecnologia conseguiam resolver todos os problemas de escassez de água. A conservação da água passa pelo uso racional só quando necessário. Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half 3.20 2 3 4 .542 .501 .460 6. Escala de desempenho da escola na educaçâo ambiental Visando aferir as práticas ambientais promovidas pela escola e o que os jovens aprendem com elas, foi propósito desta investigação proceder à elaboração de uma escala que avaliasse o desempenho da escola na educação ambiental (EDEEA). A escala engloba um número de itens considerados suficientemente abrangentes para nos permitirem conhecer as atividades desenvolvidas na escola no contexto da educação ambiental. 159 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu É um instrumento de auto-resposta constituído por 17 questões, que se destina a avaliar o desempenho da escola na educação, sensibilização e promoção de atitudes ambientalmente sustentáveis, as respostas são avaliadas numa escala tipo LiKert de 1 a 5, de forma a que aos scores mais elevados correspondam a um maior desempenho da escola na educação ambiental. Os resultados encontrados numa amostra de 500 sujeitos (alunos adolescentes de ambos os sexos a frequentar o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade), apontam para bons valores de fiabilidade (K.R.20 > .802) e uma boa consistência interna, apresentando um Coeficiente de Cronbach para a nota global de .861. O estudo da análise fatorial, com rotação ortogonal do tipo varimax, revelou três fatores que explicam 53.40% da variância total dos resultados. Os fatores revelados foram: Fator 1: Sustentabilidade Ambiental (SA) - explica 34.12% da variância total e refere-se ao facto da escola promover atividades no âmbito da educação ambiental suscetíveis de influenciar de forma positiva as atitudes dos jovens face ao ambiente. Inclui os itens 1,2,3,4,5,6,7,8 e 9; Fator 2: Responsabilidade Ambiental (RA) - contribui para 9.86% da variância total e pretende avaliar se a escola é o local ideal para o desenvolvimento de uma educação ambiental efetiva. Inclui os itens 10,11,12,15,16,e 17; Fator 3: Preocupação Ambiental (PA) - explica 9.42% da variância total e mede a perceção da existência na escola de uma preocupação ambiental, subentendendo preocupação como, debate da problemática ambiental em contexto escolar, implementação de projetos ecológicos e campanhas de sensibilização sistemáticas direcionadas com problemas ambientais da atualidade. Inclui os itens 13 e 14, os quais são cotados de forma inversa. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 160 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu A apresentação do trabalho considerado na construção e no estudo psicométrico da EDEEA é efetuada no Capítulo II. Neste capitulo referem-se apenas breves componentes que a caracterizam. 7. Escala de autoconceito A Escala de Autoconceito utilizada na investigação é uma adaptação do “Piers Harris Children`s Self-Concept Scale – PHCSCS”, criado e desenvolvido pelo psicólogo americano Piers (1969,1988 cit. in Veiga, 1989). Veiga (1996) refere que o PHCSCS é um dos instrumentos de medida do auto – conceito mais utilizados na literatura psicológica, em vários estudos, realizados por diversos autores (Alberto,2004; Albuquerque, 2004; Lourenço & Paiva, 2004; Miranda, 2003). Foi Veiga (1989), quem efetuou uma adaptação da escala à população portuguesa. Os resultados encontrados numa amostra de 915 Jovens adolescentes, apontam para valores de fidelidade bastante bons (K.R.>0.85), sendo mesmo encontrada uma estabilidade temporal alta no fator geral (r=0.79;p<0.001). Dada a importância do autoconceito na Psicologia da Educação e a frequente utilização da escala, foi culminado um cuidadoso processo de revisão de onde surgiu a versão do PHCSCS-2 reduzida a 60 itens (Piers & Herzberg, 2002), cuja versão adaptada ao contexto português foi por nós utilizada no presente estudo. A validade interna revela seis fatores que explicam 31.20% da variância total dos resultados. Os fatores revelados foram: Fator 1 – Aspeto Comportamental (AC), explica 12.50% da variância total e refere-se à perceção que o sujeito tem do seu comportamento, nas mais diversas situações. Deste fator fazem parte os seguintes itens: 12, 13*, 14*, 18, 19*,20*,27*,30*,36*, 38*, 45*, 48*,58*. Fator 2 – Ansiedade (AN), explica 5,10% da variância total e refere-se às preocupações, aos medos e inquietações com que a pessoa se encara a si próprio e às 161 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu situações: está relacionado com emoções e expectativas negativas. Este fator inclui os itens: 4*, 7*, 10*, 17*, 23*, 29*, 56*,59*. Fator 3 - Estatuto Intelectual e Escolar (EI), contribuiu para 4,50% da variância total e está associado com a forma como a pessoa se vê a si própria relativamente ao rendimento escolar ou intelectual. Os itens que o constituem são: 5, 16, 21*, 22, 24, 25*, 26, 34, 39, 43*, 50, 52*, 55. Fator 4 – Popularidade (PO), explica 3,30% da variância total e refere-se à maneira como o sujeito se apreende nas relações com os colegas, e ao modo como se sente incluído e desejado nas atividades de grupo. Os itens que nele se incluem são: 1*, 3*, 6*, 11*, 32*, 37*, 41, 47*, 51*, 57*. Fator 5 – Aparência Física (AF), explica 3.00% da variância total e pretende avaliar o que a pessoa pensa acerca da sua aparência física. Os itens que dele fazem parte são: 8*, 9, 15, 33, 44, 46, 49, 54. Fator 6 - Satisfação Felicidade (SF), explica 2.80% da variância total. Significa a satisfação que o sujeito sente em ser como é, refere-se ao nível de felicidade geral. É composto pelos itens: 2, 28, 31, 35*, 40*, 42, 53 e 60. A escala apresenta itens dicotómicos atribuindo-se um ponto a cada resposta do sujeito no sentido do autoconceito positivo. Aos scores mais elevados correspondem, em todos os fatores, a níveis superiores de autoconceito. Os itens assinalados com asterisco são cotados inversamente, conforme a resposta dada seja reveladora de uma atitude positiva ou negativa face a si mesmo. A versão americana apresenta boas qualidades psicométricas ao nível da validade e precisão (Piers, 1984; Piers & Herzberg, 2002). Também na versão portuguesa, utilizada neste estudo, os resultados relativos à validade e precisão são bastante satisfatórios. Ao nível da consistência interna, os valores de alpha de Cronbach variam entre .62 e .75 para as subescalas, sendo de .89 para o resultado global. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 162 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 13 – Consistência interna da escala do Autoconceito Nº Item 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Itens Média Dp R item-total (s/item) Os meus colegas de turma troçam de mim Os meus colegas de turma troçam de mim Tenho dificuldades em fazer amizades Estou triste muitas vezes Sou uma pessoa esperta Sou uma pessoa tímida Fico nervoso(a) quando o professor me faz perguntas A minha aparência física desagrada – me Sou um chefe nas brincadeiras e no desporto Fico preocupado(a) quando tenho testes na escola Sou impopular Porto-me bem na escola Quando qualquer coisa corre mal, a culpa é geralmente minha Crio problemas à minha família Sou forte Sou um membro importante da minha família Desisto facilmente Faço bem os meus trabalhos escolares Faço muitas coisas más Porto-me mal em casa Sou lento(a) a terminar os trabalhos escolares Sou um membro importante da minha turma Sou nervoso Sou capaz de dar uma boa impressão perante a turma Na escola estou distraído (a) a pensar noutras coisas Os meus amigos gostam das minhas ideias Meto-me frequentemente em sarilhos Tenho sorte Preocupo-me muito Os meus pais esperam demasiado de mim Gosto de ser como sou Sinto-me posto (a) de parte Tenho o cabelo bonito Na escola ofereço-me várias vezes como voluntário (a) Gostava de ser diferente daquilo que sou Odeio a escola Sou dos (as) últimos (as) a ser escolhido nas brincadeiras e nos desportos Muitas vezes sou antipático (a) com as outras pessoas Os meus colegas da escola acham que tenho boas ideias Sou infeliz Tenho muitos amigos Sou alegre Sou estúpido (a) em relação a muitas coisas Sou bonito(a) Meto-me em muitas brigas Sou popular entre os rapazes As pessoas embirram comigo A minha família está desapontada comigo Tenho uma cara agradável Quando for maior, vou se uma pessoa importante Nas brincadeiras e nos desportos observo em vez de participar Esqueço o que aprendo Dou-me bem com os outros Sou popular entre as raparigas Gosto de ler Tenho medo muitas vezes Sou diferente das outras pessoas Penso em coisas más Choro facilmente Sou uma boa pessoa Coeficiente alpha Cronbach global Coeficientede Sperman - Brown Coeficiente Split-half .82 .88 .86 .78 .77 .49 .63 .70 .36 .34 .65 .78 .76 .87 .62 .78 .80 .73 .81 .85 .73 .52 .51 .76 .50 .75 .77 .66 .31 .45 .21 .70 .70 .43 .64 .68 .67 .446 .321 .347 .413 .420 .500 .482 .464 .480 .473 .477 .415 .428 .337 .490 .413 .399 .444 .393 .353 .442 .500 .500 .426 .500 .432 .421 .473 .464 .498 .409 .458 .400 .496 .481 .467 .471 .311 .421 .423 .439 .344 .235 .265 .418 .360 .331 .375 .255 .302 .381 .246 .388 .433 .399 .390 .348 .313 .303 .407 .395 .334 .424 .299 .325 .340 .359 .434 .424 .339 .367 .386 .235 .366 .78 .70 .12 .85 .85 .60 .67 .45 .73 .70 .81 .22 .61 .76 .69 .89 .58 .54 .65 .50 .68 .68 .92 .412 .460 .330 .353 .357 .490 .471 .431 .496 .459 .394 .416 .488 .430 .464 .318 .494 .499 .476 .501 .468 .466 .268 .224 .445 .440 .409 .318 .357 .361 .342 .391 .293 .387 .465 .276 .356 .331 .295 .290 .289 .341 .340 .318 .300 .313 0.841 0.811 0.802 163 Universidad Pontificia de Salamanca de Cronbach (s/item) .837 .836 .836 .835 .837 .839 .838 .835 .843 .836 .866 .839 .838 .837 .839 .836 .835 .836 .836 .837 .837 .838 .836 .836 .837 .835 .838 .837 .844 .843 .850 .835 .837 .843 .836 .839 .836 .839 .835 .848 .836 .838 .836 .836 .841 .840 .838 .836 .851 .838 .837 .837 .838 .838 .842 .837 .841 .837 .838 .838 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Os resultados psicométricos da escala, para o presente estudo, permitiram verificar que os valores de alfa de Cronbach para cada um dos itens oscila entre os .835 no item 4 e .866 no item 11, sendo o alfa global de .841, o que é indicador de uma boa consistência interna. Os valores encontrados para os coeficientes de Spermen-Brown e Split-half são igualmente reveladores de uma boa consistência interna (cf quadro 13). 5. TRATAMENTO ESTATISTICO Após a colheita dos dados procedemos à análise e codificação dos questionários de forma a prepararmos o tratamento estatístico. Segundo Pestana e Gageiro, (2003), as estatísticas mais apropriadas ao resumo dos dados depende da escala de medida das variáveis classificadas nas respostas do inquérito. Assim, para análise dos dados, recorremos à estatística descritiva e analítica, determinámos frequências absolutas e percentuais, algumas medidas de tendência central (médias) e medidas de variabilidade ou dispersão (coeficiente de variação e desvio padrão), para além de medidas de assimetria e achatamento, de acordo com as características das variáveis em estudo. Neste contexto, os resultados relativos a variáveis qualitativas serão apresentados recorrendo a frequências absolutas e relativas; os resultados relativos a variáveis quantitativas serão apresentados recorrendo a: • Medidas de tendência central – Média ( x ) • Medidas de dispersão – Desvio padrão (Dp) e Coeficiente de variação (CV%); • Medida de assimetria e achatamento. A medida de assimetria Skewness (SK) obtém-se através do cociente entre (SK) com o erro padrão (EP). Se SK/EP oscilar entre –2 e 2, a distribuição é simétrica. Mas se SK/EP for inferior a –2, a distribuição é assimétrica negativa, com enviesamento Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 164 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu à direita e se SK/EP for superior a +2, a distribuição é assimétrica positiva com enviesamento à esquerda (Pestana e Gajeiro, 2003). Para as medidas de achatamento curtose (K) o resultado também se obtém através do cociente com o erro padrão (EP). Deste modo se K/EP oscilar entre –2 e 2 a distribuição é mesocúrtica, pelo contrário se K/EP for inferior a –2, a distribuição é platicúrtica, enquanto que para K/EP superior a +2, a distribuição é leptocúrtica. Os testes de normalidade, Skewness e Kurtosis foram aplicados a todas as variáveis de natureza quantitativa. Seguidamente efetuamos uma análise bivariada, para tal, aplicámos o teste da percentagem residual que nos dará as diferenças percentuais de variável a variável, muitas vezes em detrimento do teste de qui quadrado, dado que em muitas das variáveis em estudo, o tamanho das sub – amostras não permitia o uso do referido teste. Na opinião de Pestana & Gajeiro (2003, p.141) o uso dos valores residuais em variáveis nominais torna-se mais potente que o teste de qui quadrado na medida em que (...)“os resíduos ajustados na forma estandardizada informam sobre as células que mais se afastam da independência entre as variáveis”, ou (...)“os valores elevados dos resíduos indiciam uma relação de dependência entre as duas variáveis”. Estes autores consideram para uma probabilidade igual a 0.05, os seguintes valores de referência: • ≥ 1.96 diferença estatística significativa; • < 1.96 diferença estatística não significativa. A interpretação dos resíduos ajustados necessita de um número mínimo de oito elementos tanto no total da linha como na coluna. Para análise do coeficiente de variação (CV), que permite comparar a percentagem de dispersão de uma variável face à outra, Pestana e Gageiro, (2005), referem que os resultados obtidos devem ser interpretados do seguinte modo: 165 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CV≤ 15% – dispersão fraca; 15% <CV≤ 30% – dispersão moderada CV> 30% – dispersão elevada. No que respeita à estatística inferencial, fizemos uso da estatística paramétrica, e para estudo de proporções de estatística os não paramétricos. A utilização de testes paramétricos exige a verificação da normalidade, nas distribuições das variáveis (cuja validação se faz através do teste K-S ou do teste de Shapiro-Wilk), no entanto esta pode ser ignorada quando a dimensão da amostra é relativamente elevada (Maroco, 2007), o que aliás, vai de encontro ao referido por Pestana e Gageiro, (2005) quando afirma quer para grupos amostrais com um N superior a 30, a distribuição t com x graus de liberdade aproxima-se da distribuição normal, independentemente da distribuição amostral não apresentar características de curvas gaussianas. Assim, como a amostra da presente investigação é constituída por 500 indivíduos e dado que nestes casos a não normalidade tem consequências mínimas na interpretação, segundo estes autores poderá optar-se pela realização de testes paramétricos como foi o caso. Na análise estatística os resultados foram apurados tendo em conta os dados estatisticamente significativos em função dos testes paramétricos utilizados, são eles: Testes t de Student ou teste de U-Mann Whitney (UMW) - para comparação de médias de uma variável quantitativa em dois grupos de sujeitos diferentes e quando se desconhecem as respetivas variâncias populacionais; Análise de variância a um fator (ANOVA) procedimento One-Way com teste de contrastação entre grupo Tukey –- para comparação de médias de uma variável, endógena/dependente, em três ou mais grupos de sujeitos diferentes (variável exógena/independente), isto é, analisa o efeito de um fator na variável endógena, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 166 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu testando se as médias da variável endógena em cada categoria do fator são ou não iguais entre si. O teste One-Way Anova é uma extensão do teste t de Student que permite comparar mais de dois grupos em estudo. Contudo, quando se testa a igualdade de mais de duas médias e, dependendo da natureza nominal ou ordinal do fator, recorre-se habitualmente aos testes posthoc, para saber quais as médias que se diferenciam entre si (Pestana e Gageiro, 2008); Regressão é um modelo estatístico que foi usado para prever o comportamento de uma variável quantitativa (variável dependente ou endógena - Y) a partir de uma ou mais variáveis relevantes de natureza intervalar ou rácio (variáveis independentes ou exógenas - Xs) informando sobre as margens de erro dessas previsões, isto é permite-nos determinar quais as variáveis independentes que são preditoras da variável dependente. Quando utilizamos apenas uma variável dependente e uma independente, efetuamos uma regressão linear simples. Por outro lado quando comparamos uma variável dependente e mais que uma variável independente efetuamos a regressão múltipla. Na regressão a correlação que mede o grau de associação entre duas variáveis é usada para prever a variável dependente (Y). Quanto maior for a correlação entre X e Y melhor a previsão. Quanto menor for essa correlação maior a percentagem de erro na previsão. Relativamente às correlações de Pearson foram tomados por referência os indicadores expressos por Pestana & Gageiro (2005) que são: - r < 0.2 – associação muito baixa - 0.2 ≤ r ≤ 0.39 – associação baixa - 0.4 ≤ r ≤ 0.69 – associação moderada - 0.7≤ r ≤ 0.89 – associação alta - 0.9 ≤ r ≤ 1 – associação muito alta 167 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Coeficiente de correlação de Pearson - é uma medida para mensurar a intensidade da associação linear entre as variáveis quantitativas, varia entre –1 e + 1. Quanto mais próximo estiver dos valores extremos maior é associação linear. Segundo Fortin (2009) a correlação indica que os fenómenos não estão indissoluvelmente ligados, mas, sim, que a intensidade de um é acompanhada tendencialmente (em média, com maior frequência) pela intensidade do outro, no mesmo sentido ou em sentido inverso. Se a associação for negativa a variação entre as variáveis ocorre em sentido contrário, isto é, os aumentos duma variável estão associados em média à diminuição da outra; se for positiva a variação das variáveis ocorre no mesmo sentido. A comparação de dois coeficientes deve ser feita em termos do valor do coeficiente de determinação (R2) que indica a percentagem de variação de uma variável explicada pela outra. Teste de qui quadrado (X2) - para o estudo de relações entre variáveis nominais, aplicando-se a uma amostra em que a variável nominal tem duas ou mais categorias comparando as frequências observadas com as que se esperam obter no universo, para se inferir sobre a relação existente entre as variáveis. Se as diferenças entre os valores observados e esperados não se considerarem significativamente diferentes, o valor do teste pertence à região de aceitação e as variáveis são independentes, caso contrário, rejeita-se a hipótese de independência ou seja os valores do teste pertencem à região crítica. Quando há relação entre as variáveis, os resíduos ajustados estandardizados situam-se fora do intervalo -1.96 e 1.96, para p=0.05 (Pestana & Gageiro, 2008). No presente estudo, na análise estatística, foi assumido o valor de 0.05 como referência de significância para os resultados obtidos dos testes estatísticos rejeitando-se a existência de associações/diferenças quando a probabilidade do erro for superior a este Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 168 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu valor. Em concordância com Pestana e Gageiro (2008) foram assumidos os seguintes níveis de significância: p < 0.05 * - diferença significativa p < 0 .01** - diferença bastante significativa p < 0.001 *** - diferença altamente significativa p ≥ 0.05 n.s. – diferença não significativa Alfa de Cronbach - é um indicador de consistência interna, em escalas de tipo Likert, utilizado para medir a variância devido à heterogeneidade dos itens. Kline (1993) defendeu que este coeficiente constitui o índice mais importante de fiabilidade de um teste, os seus valores devem situar-se acima de 0,50. A apresentação dos resultados efetuou-se com o recurso de tabelas e quadros, onde se apresentam os dados mais relevantes. A descrição e análise dos dados procuraram obedecer à ordem por que foi elaborado o instrumento de colheita de dados. Para o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa de tratamento estatístico IBM SPSS (International Business Machines - Statistical Package for the Social Sciences), na versão 20.0. SINTESE Neste capítulo apresentamos a conceptualização da presente investigação, expondo o modelo conceptual que a sustenta. Definimos concretamente o problema de investigação, e na tentativa de encontrar respostas para as questões formuladas, delineámos os objetivos do presente estudo. Procedemos ainda à definição das variáveis em estudo, que contribuem para o progresso da ciência e exercem uma função orientadora. Em termos metodológicos delineamos o desenho de investigação, referindo as características do estudo desenvolvido, e enunciámos os instrumentos utilizados, para 169 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu mesurar as variáveis em estudo. Por fim referenciamos o tratamento estatístico a utilizar para a descrição e análise dos dados Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 170 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO VII ESTUDO EMPÍRICO PRELIMINAR: ESTUDO PSICOMÉTRICO DO INSTRUMENTO CONSTRUÍDO E ADAPTADO 1. INTRODUÇÃO 2. MÉTODO DE CONSTRUÇÃO E ADAPTAÇÃO DA ESCALA DE MEDIDA DO DESEMPENHO DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3. ANÁLISES EFETUADAS NO ESTUDO DAS QUALIDADES PSICOMÉTRICAS 3.1. Estudos de Fiabilidade 3.2. Estudos de Validade 4. CARATERÍSTICAS GERAIS DAS AMOSTRAS 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1. Estudos de Fiabilidade 5.2. Estudos de Validade 171 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 172 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO Efetuada a conceptualização da investigação empírica, iremos de seguida enquadrar o estudo preliminar relativo à análise psicométrica do instrumento de avaliação, por nós adaptado ou construído no âmbito da presente investigação. Designadamente, a Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA). Para tal, procedeu-se primeiramente à análise dos aspetos metodológicos seguidos na construção e adaptação do instrumento mencionado, passando depois à metodologia seguida da colheita dos dados e à descrição dos procedimentos efetuados no estudo das propriedades psicométricas. Por último, procedeu-se à caraterização da amostra e à análise dos resultados do estudo psicométrico propriamente dito. No entanto, antes de passarmos à descrição destes conteúdos, consideramos ser oportuno, tecer algumas considerações gerais relativas ao processo de construção ou adaptação científica de instrumentos de avaliação. Assim, explanando a opinião dos autores (Simões,1994; Canavarro,1997), poderá afirmar-se que os trabalhos realizados, no sentido de permitir a utilização científica dos instrumentos, não podem ser definidos como procedimentos de aferição, já que o conceito de aferição se refere ao “processo de ajustamento de um instrumento de avaliação a uma população tornando possível a sua utilização científica e inclui o estabelecimento de normas para a interpretação dos resultados” (Simões,1994, p.269). Tal como salienta Canavarro (1997) a consulta de literatura sobre o método dos testes e o confronto com alguns trabalhos de aferição de instrumentos de avaliação, evidenciaram como fulcrais quatro tipos de estudos a elaborar para uma “verdadeira aferição” do instrumento de medida. O saber: definição e constituição das amostras, estudos de validade, estudos de fiabilidade e, por último, estudos normativos. 173 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Como não seria viável cumprir de forma criteriosa e rigorosa o primeiro estudo, pois a definição e constituição de amostras representativas de uma qualquer população obriga, como refere Canavarro (1997), a ter em consideração, na organização dos estratos, não apenas as variáveis sexo, idade, classe socioeconómica e grau de instrução mas também a região geográfica e a área de residência (urbano/rural), pensámos que ter como objetivo primordial da nossa investigação a “verdadeira aferição” dos instrumentos para a população portuguesa, implicaria confundir meios e fins. Convictos de que o não cumprimento da estratificação geográfica e por área de residência, compromete parcialmente os restantes estudos, fundamentalmente os de normalização, optámos por realizar, apenas, os estudos psicométricos (de fiabilidade e validade) que permitissem a utilização científica do instrumento. Pois a fiabilidade e validade são dois conceitos fundamentais quando se pensa na qualidade dos resultados obtidos através dos instrumentos de avaliação (Pitanga, 2005). 2. MÉTODO DE CONSTRUÇÃO E ADAPTAÇÃO DA ESCALA DE MEDIDA DO DESEMPENHO DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Após uma pesquisa exaustiva na bibliografia existente foi-nos difícil encontrar instrumentos que permitissem avaliar o desempenho da escola na Educação Ambiental dos jovens especificamente na adolescência. A generalidade dos instrumentos existentes tem mais a ver com a avaliação específica das atitudes ambientais dos jovens. Outros instrumentos destinam-se apenas aos jovens, ou então à população adulta, não sendo adequados à presente investigação. Dada a falta de instrumento adequado à plenitude dos objetivos do presente estudo e que pudesse ser adaptado para a população a estudar, o trabalho realizado consistiu, numa primeira fase, em desenvolver um instrumento destinado à avaliação do desempenho da Escola na Educação Ambiental dos jovens adolescentes. Para tal, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 174 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu descrevem-se as diferentes fases seguidas na construção da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental aplicada aos Adolescentes (EDEEA). Após a recolha, a elaboração e o estudo piloto dos itens, procedeu-se à aplicação da versão final da escala (EDEEA) e realizou-se a análise estatística dos resultados, com especial incidência no estudo da fiabilidade e validade. Material A primeira fase da construção consistiu na escolha dos itens a incluir na escala. Uma revisão prévia da bibliografia, referente ao desempenho da escola na educação ambiental, permitiu proceder à recolha de uma base de potenciais indicadores. Contudo, nesta tarefa de seleção dos itens, foi também importante a revisão a que se procedeu dos instrumentos que têm sido elaborados com vista à avaliação das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. Neste sentido, foi construído um instrumento de avaliação com a inclusão, como já referido, de itens provenientes de algumas questões efetuadas em trabalhos similares, como, por exemplo, do Inquérito sobre representações e práticas de estudantes sobre a cidadania, Projeto TETSDAIS (Training European Teachers for Sustainable Development and Intercultural Sensitivity); e International questionnaire about the attitudes and actions of european students on issues of the environment; Eurobarometre Spécial 217 – “Attitudes des citoyens européens vis – à – vis de l`environnement “. Após um estudo piloto, verificamos que os itens selecionados apresentavam caraterísticas de bons itens, estes passaram a integrar o instrumento na sua versão definitiva que, por ser destinado a avaliar as atividades ambientalmente sustentáveis, promovidas pela escola para motivar os jovens adolescentes para a prática da sustentabilidade, foi designada por: Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA). Escala, porque se trata de um instrumento de avaliação sem significado de competição, êxito ou fracasso; do desempenho da escola, porque visa, 175 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu como já salientado, avaliar como a escola intervém na motivação / sensibilização dos jovens para a Educação Ambiental. O formato que adotamos para a escala foi o usual em instrumentos de autoavaliação tipo Likert. Para cada questão são apresentadas cinco categorias de resposta, em que cada sujeito obtém uma pontuação em cada item (1, 2, 3, 4 ou 5) e uma nota global que corresponde ao somatório de todas as anteriores. Os scores mais elevados correspondem a um maior desempenho da escola na educação ambiental. Estudos Piloto Na opinião de Bell (2004), qualquer instrumento de investigação deve ser testado, uma vez que um teste piloto permite a descoberta e superação de eventuais problemas, permitindo que os inquiridos no estudo real não encontrem dificuldades em responder e, por outro lado, serve para a realização de uma análise exploratória dos dados, de modo a verificar a adequação das perguntas à análise que se planeia efetuar, com os dados da investigação propriamente dita. Assim, no decurso da construção do instrumento foram efetuados dois estudos distintos e complementares: no primeiro procedemos à escolha dos itens que deviam ser incluídos na escala, à sua organização, aplicação e análise; no segundo aplicámos e analisámos a escala resultante do primeiro estudo enquanto estudo preliminar. Depois de se ter passado uma 1ª versão da escala, composta por 22 itens, a um grupo de 150 estudantes adolescentes, procuramos fazer pequenos reajustamentos, para melhorar a formulação de alguns itens. Com este procedimento aproveitamos para recolher as reações dos adolescentes às instruções de resposta, o grau de compreensão dos itens, e ainda para verificar o tempo necessário de resposta. Após esta análise, verificamos que os sujeitos inquiridos demonstraram alguma dificuldade de compreensão em três itens, pelo que foram retirados resultando uma 2ª versão da escala, composta por 19 itens. Com vista a estudar as qualidades psicométricas do instrumento selecionamos aleatoriamente 300 jovens adolescentes, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 176 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu estudantes do terceiro ciclo do ensino básico, aos quais passamos a segunda versão da escala. O tratamento métrico conduziu à eliminação de 2 itens, por não se inserirem nos requisitos psicométricos necessários. Verificando-se uma vez mais que os adolescentes compreendiam o sentido de todas as expressões, decidiu-se aceitar esta 3ª versão da escala, composta por 17 itens referentes à avaliação do Desempenho da Escola na Educação Ambiental. 3. ANÁLISES EFETUADAS NO ESTUDO DAS QUALIDADES PSICOMÉTRICAS Um instrumento de medida deve ser válido e confiável, assim, as qualidades psicométricas de um instrumento são habitualmente avaliadas através de estudos de fiabilidade e validade que, no seu conjunto, nos indicam o grau de generalização que os resultados poderão alcançar (Kline,1993), isto é, a “forma como o significado dos valores obtidos transcende a sua própria ocorrência” (Sechrest,1984, p.25). Neste contexto iremos descrever e comentar, todos os procedimentos efetuados no estudo das propriedades psicométricas da Escala Construída e Adaptada. 3.1. Estudos de Fiabilidade A fiabilidade dos resultados num teste significa precisão do método de medição, traduz o grau de confiança ou de exatidão que podemos ter na informação obtida (Martins, 2006). Para aferir o grau de fiabilidade implica conhecer dois aspetos distintos: a consistência interna ou homogeneidade dos itens (os itens que compõem o teste apresentam-se como um todo homogéneo) e a sua estabilidade temporal (o instrumento de medida, avalia o mesmo quando aplicado em dois momentos diferentes aos mesmos indivíduos) - (Martins, 2006). A consistência interna refere-se ao grau de semelhança e de coerência existente entre as respostas dos inquiridos a cada um dos itens que compõem a prova (Maroco, 2003). Os vários coeficientes que a avaliam pretendem avaliar a forma como um item 177 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu específico, escolhido no universo dos itens, altera os resultados obtidos, isto é, “avalia o grau em que a variância geral dos resultados se associa ao somatório da variância item a item” (Canavarro,1997, p.238). Para estudar a consistência interna, utilizámos os quatro indicadores que nos pareceram mais adequados ao tipo de escala em questão, pois permitem avaliar diferentes aspetos da consistência interna, o que faculta a análise da convergência dos resultados. Neste âmbito para o estudo de homogeneidade dos itens, foram utilizados os seguintes indicadores: 1. O indicador alfa de Cronbach, é o índice universalmente aconselhável para o estudo métrico de uma escala, utilizado para medir a variância devido à heterogeneidade dos itens. É tradicionalmente utilizado em escalas de tipo Likert. Pois como refere Maroco, (2006), este coeficiente constitui o índice mais aconselhável de fiabilidade de uma escala. Lewis-Bech (1994, cit. in Canavarro,1997) referiu que se trata da solução mais geral para a avaliação da consistência interna e sustenta, fundamentando-se nos critérios de Kaiser, que os seus valores devem situar-se acima de .50; 2. O indicador correlação split-half. Este indicador constitui uma forma de provar se uma das metades dos itens da escala é tão consistente a medir o construto como a outra metade. Deve ter-se em conta que, sendo um método de bipartição, muitas vezes subestima a verdadeira fiabilidade da escala, dado considerar um menor número de itens; 3. O coeficiente de Spearman-Brown, que surge como indicador da consistência esperada quando aplicado o instrumento de medida a outras amostras. 4. O coeficiente correlação de Pearson dos diversos itens com a nota global. Esta correlação indica-nos se cada item se define como um todo “operante” do “construto geral” que pretende medir (Vaz Serra,1994). Para avaliar esta eficácia dos itens, teve-se em conta um dos índices de fiabilidade referidos por Nunnally (1978): a correlação Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 178 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu entre o item e o valor global excluindo esse item, evitando, deste modo, que as relações item-nota global apareçam inflacionadas. Streiner & Norman (2008), afirmam que as correlações superiores a .20, revelam que os itens medem um mesmo construto, logo devem ser consideradas boas. A estabilidade temporal é avaliada através das correlações dos resultados de um grupo de sujeitos que responderam ao teste em dois momentos distintos (teste re-teste). O coeficiente de correlação, varia entre +1 e -1 e será mais elevado quanto mais semelhantes forem as respostas dadas nos dois tempos de preenchimento. Contudo o intervalo de tempo entre as duas aplicações do teste /re-teste deverá ser adequado, isto é, por um lado, este não deverá ser demasiado pequeno pois, devido ao efeito positivo da memória e à menor probabilidade de ocorrência de mudanças genuínas, a fiabilidade do teste pode ser inflacionada; por outro, a opção por um intervalo de tempo muito lato poderá implicar o surgimento de mudanças genuínas que subestimarão as qualidades psicométricas do instrumento em causa (Pestana & Gageiro, 2005). No presente estudo, o intervalo de tempo considerado entre as duas passagens, foi de seis semanas e o grupo de indivíduos que responderam foi representativo da globalidade da amostra, tal como sugere Kline (1993), o grupo de indivíduos que respondem às duas passagens deve ser e compreender um mínimo de 100 sujeitos, o que foi respeitado neste estudo. No que se refere à indicação quantificada para os valores aceitáveis de testereteste, Guilford (1956, cit. in Simões,1994), aponta para .70 como valor mínimo. 3.2. Estudos de Validade Segundo Martins, (2006) a validade de um instrumento diz respeito à sua veracidade e todo aquele que tem validade também apresenta fiabilidade. Contudo também para o termo validade se verifica uma dupla significação. De acordo com 179 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Anastasi (1990), o termo significa em que medida os resultados do teste estão a medir aquilo que pretendem medir, sendo este o sentido tradicional de validade. Segundo Albuquerque, (2004) o termo significa o conhecimento que possuímos daquilo que o teste está a medir. Aquilo que se valida, de acordo com Simões (1994, p.323) “não é tanto o teste mas as inferências que é possível formular a partir dos seus resultados”, o que leva a afirmar que, contrariamente aos procedimentos de avaliação da fiabilidade, os procedimentos de validação não são apenas técnicos mas supõem a utilização de critérios. Streiner & Norman, (2008) referem três tipos de validade: Validade de Conteúdo e Facial, Validade de Critério e, por último, Validade de Construto. A validade de construto, também designada validade de conceito, subordina todas as outras e procura verificar em que medida o instrumento mede realmente aquilo que se pretende, Jaeger (1983). Parafraseando o referido autor, a validade do construto nunca é provada, é simplesmente aceite na medida em que as provas a favor se evidenciam como superiores às provas contrárias. Neste contexto, Canavarro (1997, p.240) recorda que, com este tipo de validade, se “procura avaliar em que medida os resultados do teste são indicativos de construtos teóricos subjacentes, isto é, das dimensões que o instrumento procura medir”. Neste contexto, a estatística multivariada da análise fatorial é considerada imprescindível para que se possa concluir no sentido da validade e fiabilidade de um instrumento psicológico. Foi este o método utilizado no estudo da escala construída e adaptada para a presente investigação. Assim, para avaliar a validade do instrumento e conhecer a dimensão fatorial subjacente, realizámos análise fatorial, sempre seguida de rotação axial ortogonal do tipo varimax. Procurámos obter, um conjunto diferenciado de dimensões, também designados por fatores, de onde se pudessem extrair os mais importantes, quer no que respeita às proporções de variância explicada, como nos que apresentassem maior coerência e compreensibilidade. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 180 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu KMO e teste de esfericidade de Bartlett O modelo fatorial só pode ser aplicado se existir correlação entre as variáveis. Neste contexto, Pestana e Gageiro (2003) referem que se essas correlações apresentarem valores pequenos é pouco provável que partilhem fatores comuns. Segundo (Pestana & Gageiro,2003, p.505) o Kaiser-Mayer-Olkin (KMO) e o teste de Bartlett “são dois procedimentos estatísticos que permitem aferir a qualidade das correlações entre as variáveis de forma a prosseguir com a análise fatorial” O teste de esfericidade de Bartlett, testa a hipótese da matriz das correlações ser a matriz identidade, cujo determinante é igual a 1. O KMO, é uma estatística que varia entre zero e um, e compara as correlações de ordem zero com as correlações parciais observadas entre as variáveis (Pestana & Gageiro,2003). Segundo estes autores, o KMO perto de 1 indica coeficientes de correlação parciais pequenos, enquanto valores próximos de zero indica que a análise fatorial pode não ser uma boa solução, em virtude de existir uma correlação fraca entre as variáveis. Kaiser (1974, cit. in Pestana & Gageiro, 2003) adjetiva os valores do KMO da forma expressa no quadro 14. No presente estudo, a adequação da amostra foi calculada a partir do teste de esfericidade de Bartlett e KMO. O teste de Bartlett é muito influenciável pelo tamanho da amostra, fornecendo, com facilidade, valores significativos para grandes amostras (leva a rejeitar a hipótese nula em grandes amostras), foi confirmado com o teste de Kaiser-Meyer-Olkin. Quadro 14 – Caraterização dos valores do KMO KMO ANÁLISE FATORIAL 1 – 0.9 Muito boa 0.8 – 0.9 Boa 0.7 – 0.8 Média 0.6 – 0.7 Razoável 0.5 – 0.6 Má < 0.5 Inaceitável 181 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4. CARATERÍSTICAS GERAIS DAS AMOSTRAS Assim, a amostra utilizada no primeiro estudo preliminar, constituída por 150 estudantes adolescentes, foi recrutada entre alunos do terceiro ciclo do Agrupamento de Escolas Grão Vasco de Viseu e do Agrupamento de Escolas de Nelas. A idade média dos indivíduos do sexo feminino era de 13.41 anos; a idade média dos indivíduos do sexo masculino era de 13.15 anos. Constatamos através do seguinte quadro que a amostra é constituída por mais indivíduos do género masculino, que maioritariamente pertencem à classe socio – económica III (classe média) e com uma média de 13.27 anos de idade. Quadro 15 – Caraterísticas gerais da primeira amostra utilizada no estudo psicométrico do instrumento EDEEA n (=150) Sexo Homens Mulheres Área de Residência Rural Urbana Classe Socioeconómica Classe I Classe II Classe III Classe IV Idade 12 13 14 15 M 13.27 % 84 66 56.0 44.0 78 72 52.0 48.0 7 52 77 14 4.7 34.7 51.3 9.3 34 56 46 14 22.7 37.3 30.7 9.3 Dp 0.917 A segunda amostra, utilizada com o objetivo de se proceder ao estudo psicométrico do instrumento foi, como já referido, constituída por 300 adolescentes que frequentavam Escolas dos Agrupamentos supracitados, inseridas em meio urbano e rural respetivamente. Uma descrição mais detalhada da composição desta amostra, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 182 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu tendo em conta a sua distribuição por sexo, área de residência, classe socioeconómica e idade, encontra-se efetuada no quadro 16. Quadro 16 – Caraterísticas gerais da segunda amostra utilizada no estudo psicométrico do instrumento EDEEA Sexo Homens Mulheres Área de Residência Rural Urbana Classe Sócio-Económica Classe I Classe II Classe III Classe IV Idade 12 13 14 15 16 M 13.29 n (=300) % 145 155 48.3 51.7 150 150 50.0 50.0 18 93 147 42 6.0 31.0 49.0 14.0 78 96 92 28 6 26.0 32.0 30.7 9.3 2.0 Dp 1.02 Pela sua análise constatamos que nesta amostra existem mais elementos do sexo feminino, e que residem de forma equivalente em meio rural e urbano. Contudo pertencem maioritariamente à classe socioeconómica III (classe média), tendo os indivíduos do sexo masculino uma média de 13.32 anos de idade e os do sexo feminino uma média de 13.27anos, são equivalentes na sua distribuição em relação às variáveis em análise: idade, área de residência e classe socioeconómica. 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS Apresentamos de seguida os resultados inerentes aos estudos de fiabilidade e validade da escala, seguindo os procedimentos metodológicos já mencionados neste capítulo. 183 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ESCALA DO DESEMPENHO DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 5.1. Estudos De Fiabilidade Consistência interna No que concerne ao estudo da consistência interna, da EDEEA revelou ser um instrumento de medida com bom grau de homogeneidade. O quadro 17 mostra-nos as correlações obtidas, positivas e significativas, entre cada item e a nota global, quando esta não contém esse item específico, que nos dá uma ideia da forma como cada questão (item) se combina com o todo. Como podemos verificar todos os valores das correlações cumprem o critério de Streiner e Norman (1989), segundo o qual se pode considerar a aceitação de todos os itens que apresentem uma correlação superior a .20 com a nota global, quando esta não contém o item. Relativamente aos valores de de Cronbach verificamos que todos eles são superiores a .50, que constitui o valor limite para a sua aceitabilidade, segundo os critérios de Kaiser (Lewis-Beck,1993). Especificamente, variam entre .845 e .866, o que, segundo Sechrest (1984) insinua uma boa consistência interna. Quadro 17 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: consistência interna (estudo dos itens) Item Média 1 3.20 2 3.18 3 3.40 4 3.18 5 3.40 6 3.20 7 3.20 8 2.96 9 2.91 10 3.81 11 3.68 12 3.27 13 3.22 14 3.06 15 3.61 16 3.70 17 3.85 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca Dp 1.191 1.033 .964 .976 1.023 .975 1.081 1.327 1.159 1.037 .984 1.011 1.154 1.163 1.036 1.021 1.078 184 R item-total (s/item) .631 .621 .698 .603 .542 .512 .390 .367 .302 .610 .657 .568 .252 .225 .530 .347 .453 de Cronbach (s/item) .846 .847 .845 .849 .851 .852 .858 .861 .862 .848 .846 .850 .865 .866 .851 .859 .855 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu O quadro 18 revela-nos os valores da correlação de Split-half, do coeficiente de Spearman-Brown e do coeficiente alpha de Cronbach para a nota global da escala. O índice alpha de Cronbach apresenta um valor sugestivo de uma boa consistência interna; o valor encontrado para o coeficiente de Spearman-Brown revela-se igualmente adequado; o coeficiente de correlação de Split-half, embora apresentando valores mais baixos, é igualmente indicador de uma boa consistência interna. No entanto, não deve ser esquecido que também esta medida subestima a sua verdadeira fiabilidade, devido a ser ponderado um menor número de itens. Quadro 18 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: consistência interna (valores globais) Indicadores Valores Coeficiente de Cronbach .861 Coeficiente de Spearman-Brown .706 Correlação Split-half .698 Estabilidade temporal O estudo da fiabilidade da escala foi desenvolvido através da determinação da sua estabilidade temporal. Num subgrupo de 150 estudantes adolescentes foi repetida a passagem do instrumento com um intervalo de 3 semanas. No quadro 19 encontra-se o valor da correlação de Pearson teste - reteste para o total da escala. Como se pode verificar a correlação encontrada é indicativa de que a escala possui boa estabilidade temporal, com um nível de significância muitíssimo significativo. Quadro 19 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambienta estabilidade temporal r .802 Total da Escala 185 Universidad Pontificia de Salamanca p .000 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 5.2. Estudos de Validade Análise fatorial Para se proceder à aplicação do modelo fatorial deverá haver, como já referenciado, correlação entre as variáveis. O valor de KMO foi .868, o que mostra que há uma correlação média entre as variáveis, e o resultado do teste de esfericidade de Bartlett forneceu um valor de 2=3104,83, tendo associado um nível de significância de 0.000, o que leva à rejeição da hipótese da matriz das correlações na amostra ser uma identidade, mostrando que existe correlação entre algumas variáveis. Quadro 20 – Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental: solução de 3 fatores ortogonais após análise fatorial Fatores Itens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Eigenvalue 1 .709 .766 .740 .767 .538 .679 .473 .524 .415 2 .770 .664 .538 .753 .702 .660 3 .856 .836 5.800 1.677 1.602 %Variância Explicada 34.116 9.864 9.423 % Total Variância Explicada 53.403 Após ter sido confirmada a possibilidade de utilização da análise fatorial através do teste de esfericidade de Bartlett e da medida de adequação da amostra KMO, esta técnica foi realizada. A solução fatorial final encontrada permitiu a seleção de 3 fatores, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 186 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu com raízes latentes superiores a 1, que no seu conjunto explicam 53.403% da variância (cf. quadro 20). O bloco de itens agrupado no fator um, carateriza “a sensibilização dos alunos promovida pela escola”- SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL; no dois, o “local e a incumbência de fomentar a Educação Ambiental“- RESPONSABILIDADE AMBIENTAL; no três, a “ A Despreocupação da escola na inclusão da Educação Ambiental ”- PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL Matriz de correlações Igualmente importante para o estudo da validade da escala é a matriz de correlações, assim, foi feita a partir das correlações entre as notas das três dimensões. A este propósito, referira-se que se as correlações forem demasiado elevadas o facto indica que os itens são redundantes. Isto é, não são sensíveis a aspetos diferentes do mesmo construto, levando, por isso, a que a escala perca em termos de validade de conteúdo (Vaz Serra,1994). Observadas as correlações de cada fator com as outras dimensões estudadas, verifica-se que as mesmas constituem 3 grupos (cf. quadro 21). Quadro 21 – Matriz de correlações entre as pontuações da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental F1 – Sustentabilidade ambiental F2 – responsabilidade ambiental .561*** F3 –Preocupação Ambiental -.170** -.175*** Total da Escala .903*** .814*** .022*** 1 2 3 Fatores se No primeiro, o fator1 – SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL correlaciona- positivamente e de forma muitíssimo 187 Universidad Pontificia de Salamanca significativa com o fator2 – Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu RESPONSABILIDADE AMBIENTAL, com o fator3 – PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL a correlação é negativa e muito significativa. No segundo, o fator2 - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL, estabelece uma correlação negativa e muitíssimo significativa com o fator3 - PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL. Em suma, importa ainda destacar que todas as dimensões da escala apresentam, obviamente, correlações mais elevadas com a nota global do que entre si. Níveis de Desempenho da Escola Quadro 22 – Níveis de Desempenho da Escola na Educação Ambiental n(=500) % Fraco desempenho 56 Razoável desempenho 382 76.4 62 12.4 Bom desempenho 11.2 Deforma a analisarmos melhor o desempenho das escolas na EA, concebemos três grupos de estudo (cf. quadro 22). Onde, podemos observar que 382 adolescentes (76.4%), consideram que a escola desenvolve um desempenho razoável no que concerne à Educação Ambiental. Apenas 56 (11.2%) consideram que o desempenho da escola é fraco. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 188 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO VIII APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 1. ANÁLISE DESCRITIVA 1.1. Caraterização Sóciodemográfica 1.2. Caraterização Familiar 1.3. Caraterização das Atitudes face ao Ambiente 1.4. Caraterização do Autoconceito 1.5. Caraterização Circunstancial Inerente a Problemas Ambientais 2. ANÁLISE INFERENCIAL 2.1. Estudo da Associação entre Variáveis 2.2. Análise das Relações com Variáveis Sociodemográficas 2.3. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Familiar 2.4. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Escolar 2.5. Análise das Relações com Variáveis Psicológicas 3. ESTUDO DAS VARIÁVEIS SOCIODEMOGRAFICAS, FAMILIARES ESCOLARES E PSICOLÓGICAS NA PREDIÇÃO DAS ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE 4. ESTUDO DOS EFEITOS PRINCIPAIS 4.2. Estudo dos Efeitos de Interação 4.2.1 Predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pelas variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores / dimensões da edeea), psicológicas (autoconceito) e interacção entre elas 189 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 190 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. ANÁLISE DESCRITIVA Os dados recolhidos foram alvo de um tratamento estatístico, a fim de serem analisados e interpretados, de acordo com o problema de investigação e com os objetivos de estudo. Segundo Fortin (2003,p.330), “os resultados provêm dos factos observados no decurso da colheita dos dados; estes factos são analisados e apresentados de maneira a fornecer uma ligação lógica com o problema de investigação proposto”. Neste pressuposto, todos os dados precisam de ser processados e analisados de forma a serem detetadas tendências e padrões de relação. Para a interpretação dos dados os testes estatísticos constituem uma preciosa ajuda, uma vez que, é através destes que se podem comparar grupos de dados de modo a determinar qual a probabilidade de diferença entre eles, facultando assim as provas para ajuizar a validade de uma hipótese. Assim, e dada a importância do teste a utilizar, o primeiro aspeto a considerar na análise dos dados refere-se ao tipo de variáveis em estudo e pressupostos que ponderamos no tratamento dos dados. Neste contexto, abordamos duas estruturas de análise de dados complementares, a análise descritiva e a análise inferencial. Na primeira, apresentada e analisada já neste capítulo, fazemos uma caracterização da amostra em função das variáveis sociodemográficas, de contexto familiar, escolar e psicológicas. Na segunda, referente à análise inferencial, apresentamos o estudo da associação linear entre a variável dependente (atitudes dos jovens face ao ambiente) e cada uma das variáveis independentes. Neste âmbito, pretendemos verificar se existem diferenças significativas entre as médias obtidas e nota global das variáveis, em função de algumas variáveis sociodemográficas, de contexto familiar, escolar e psicológicas. Com este estudo, de associação entre variáveis, procuramos testar as hipóteses de investigação. 191 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Passando então à análise descritiva, salientamos, desde já, que esta se baseia na descrição das caraterísticas da amostra. Permite igualmente descrever os valores obtidos pela medida das variáveis. Tendo como referência a estrutura do instrumento de colheita de dados, entendemos subdividir a análise descritiva dos resultados seguindo a organização das variáveis aí expressa. A saber: Caraterização sociodemográfica Idade Sexo Local de Residência Escolaridade - Grau de escolaridade a atingir - Nº de Reprovações Classe Sócio Económica Prática e Crença Religiosa Caraterização familiar Funcionalidade Familiar Posição na Frataria Caraterização escolar Desempenho da Escola na Educação Ambiental Caraterização Psicológica Autoconceito Os dados serão apresentados em tabelas, e precedidos pelas respetivas análises. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 192 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1.1. Caraterização Sóciodemográfica Idade e Género Pela análise da tabela 1 podemos constatar que a amostra utilizada no nosso estudo é constituída por 500 adolescentes, 253 do sexo feminino (50.60%) e 247 do sexo masculino (49.40%). Constatamos, igualmente, que a idade dos 500 elementos da amostra total oscila entre um mínimo de 12 e um máximo de 16 anos, correspondendolhe uma idade média de 13.38 anos, um desvio padrão de 1.01 e um coeficiente de variação de 7.55%, que nos indica a existência de uma fraca dispersão em torno da média, sendo que as diferenças não são estatisticamente significativas (t=.233; p=.816). Analisando as estatísticas relativas à idade em função do género, a média apresentada pelo sexo masculino ( x =13.39) é ligeiramente superior à do sexo feminino ( x =13.37), apresentando ambas uma dispersão fraca (0% < CV ≤ 15%). Em relação às medidas de enviesamento e de achatamento, no sexo masculino a distribuição é simétrica e mesocúrtica, já no sexo feminino a distribuição é assimétrica, com enviesamento à esquerda, e mesocúrtica, assim como no total da amostra. Tabela1 – Estatísticas relativas à idade segundo o género Idade N Min Máx x Dp Sk/Std.E rror K /Std. Error CV (%) Masculino 247 12 16 13.39 1.01 1.68 -1.78 7.54 Feminino 253 12 16 13.37 1.01 2.76 -0.94 7.55 500 12 16 13.38 1.01 3.13 -1.96 7.55 Total (t=.233; p=.816) Local de Residência e Classe Socioeconómica Pela observação da tabela 2, podemos constatar que, do total da amostra, 287 adolescentes residem em meio urbano, sendo 151 do sexo masculino, e 213 em meio rural sendo 117 do sexo feminino. Constatamos ainda que a maioria dos jovens inquiridos (45.0%) pertence à Classe Socioeconómica III (Classe Média), sendo 117 do 193 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu género feminino. Apenas 2 adolescentes (0.4%), um de cada género, pertencem à Classe Socioeconómica V (classe inferior baixa) e 35 à Classe Socioeconómica I (classe superior alta), a que lhe corresponde uma percentagem de 7.0%, sendo 19 do sexo masculino. Pela análise dos valores residuais constatamos que não se verificam diferenças estatisticamente significativas para as variáveis analisadas em função da sua distribuição por género (res. <1.96). Tabela 2 – Caraterísticas sociodemográficas Masculino (n =247%=49.4) N % Local de Residência Rural Urbano Classe Socioeconómica Classe I Classe II Classe III Classe IV Classe V Feminino (n =253-%=50.6) n % Total (n =500) n % Valores Residuais Mas Fem 96 151 38.9 61.1 117 136 46.2 53.8 213 287 42.6 57.4 -1.7 1.7 1.7 -1.7 19 93 108 26 1 7.7 37.7 43.7 10.5 0.4 16 88 117 31 1 6.3 34.8 46.2 12.3 0.4 35 181 225 57 2 7.0 36.2 45.0 11.4 0.4 0.6 0.7 -0.6 -0.6 NA* -0.6 -0.7 0.6 0.6 NA* *Não aplicável Escolaridade A maioria dos adolescentes do nosso estudo encontram-se a frequentar o 7º ano de escolaridade (n=189; 37.8%), sendo que 96 são do sexo feminino. A frequentar o 8º ano encontram-se 174 adolescentes (34.8%), sendo 88 do sexo masculino. Já o 9º ano é frequentado por 137 adolescentes (27.4%), sendo 71 do sexo feminino. A maioria destes indivíduos pretendem obter uma Licenciatura (n=381; 76.2%) e apenas uma minoria pretende tirar um Curso Profissional (n=4; 0.8%), o mesmo se verificando no que toca à obtenção de Mestrado. Mais pretensiosos são 13 alunos (2.6%), ao referirem que desejam obter um Doutoramento. Destacam-se ainda 98 adolescentes que pretendem apenas concluir o Ensino Secundário. Quanto à ocorrência de reprovações, a maioria dos alunos inquiridos nunca reprovaram (n=428; 85.6%). Dos 72 adolescentes que reprovaram, 63 fê-lo apenas uma Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 194 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu vez, não havendo diferenças significativas relativamente ao género. O maior número de reprovações ocorreu no 1º ciclo (n=31; 43.1%), sendo 20 do sexo masculino e 11 do sexo feminino. No 3º ciclo constata-se o segundo maior número de reprovações (n=25), sendo a maioria do sexo feminino e com significância estatística, conforme resultado do valor residual (res. >1.96). Tabela 3 – Caraterização da escolaridade em função do género Masculino (n =247%=49.4) n % Ano de Escolaridade que Frequenta 7º Ano 8º Ano 9º Ano Grau de Escolaridade a Atingir Ensino Secundário Curso Profissional Licenciatura Mestrado Doutoramento Reprovado/Não Reprovado Sim Não Feminino (n =253%=50.6) N % Total (n =500) Valores Residuais n % Mas. Fem. 93 88 66 37.7 35.6 26.7 96 86 71 37.9 34.0 28.1 189 174 137 37.8 34.8 27.4 -0.1 0.4 -0.3 0.1 -0.4 0.3 57 1 184 1 23.1 0.4 74.5 0.4 41 3 197 3 16.2 1.2 77.9 1.2 98 4 381 4 19.6 0.8 76.2 0.8 4 1.6 9 3.6 13 2.6 1,3 NA* -0.9 NA* -1,4 -1,3 NA* 0.9 NA* 1.4 38 209 15.4 84.6 34 219 13.2 86.8 72 428 14.4 85.6 0.6 -0.6 -0.6 0.6 Número de Reprovações Uma Vez Duas Vezes 32 6 84.2 15.8 31 3 91.2 8.8 63 9 87.5 12.3 -0.5 0.9 0.5 -0.9 Em que ciclo reprovou 1ºciclo 2ºciclo 3ºciclo 1ºciclo e 3º ciclo 1ºciclo e 2ºciclo 20 6 9 3 - 52.6 15.8 23.7 7.9 0.0 11 4 16 1 2 32.4 18.8 47.1 2.9 5.9 31 10 25 4 2 43.1 13.9 34.7 5.6 2.8 1.7 0.5 -2.1 NA* NA* -1.7 -0.5 2.1 NA* NA* NA* Não aplicável Prática e Crença Religiosa Pela análise da tabela 4 verificamos que 384 adolescentes praticam uma religião (76.8%), destacando-se o género feminino como o mais praticante. A maioria dos adolescentes dizem praticar o Cristianismo (n=372), não se verificando diferenças significativas relativamente ao género. Quando questionados sobre o grau de crença religiosa, 110 adolescentes dizem acreditar muito pouco, apenas 53 adolescentes dizem acreditar muitíssimo na religião, 195 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu verificando-se significância estatística ao nível do género masculino. Observamos ainda que, a maioria dos adolescentes (n= 150) é muito pouco praticante numa religião, destacando-se apenas 20 adolescentes do género masculino, que se revelam muitíssimo praticantes. Tabela 4 – Caraterísticas do posicionamento em termos religiosos Masculino (n =247%=49.4) n % Pratica alguma religião Sim Não Qual a religião praticada Cristianismo Protestante Ortodoxa Evangélica Judaico Islamismo Budismo Feminino (n =253-%50.6) Total (n =500) Valores Residuais N % N % Mas. Fem. 180 67 72.9 27.1 204 49 80.6 19.4 384 116 76.8 23.2 -2.1 2.1 2.1 -2.1 173 1 1 3 1 - 96.1 0.6 0.6 1.7 0.6 0.0 199 1 2 1 97.5 0.5 0.0 1.0 0.0 0.5 372 2 1 5 1 1 96.9 0.5 0.3 1.3 0.3 0.3 1 0.6 1 0.5 2 0.5 -0.8 NA* NA* NA* NA* NA* NA* 0.8 NA* NA* NA* NA* NA* NA* Grau de Crença 1 – (muito pouco) 2 3 4 5 6 7 – (muitíssimo) 64 21 39 45 27 35 16 25.9 8.5 15.8 18.2 10.9 14.2 6.5 46 16 51 61 40 18 21 18.2 6.3 20.2 24.1 15.8 7.1 8.3 110 37 90 106 67 53 37 22.0 7.4 18.8 21.2 13.4 10.6 7.4 2.1 0.9 -1.3 -1.6 -1.6 2.6 -0.8 -2.1 -0.9 1.3 1.6 1.6 -2.6 0.8 Grau de Praticante 1 - (muito pouco) 2 3 4 5 6 7 - (muitíssimo) 83 35 48 31 14 16 20 33.6 14.2 19.4 12.6 5.7 6.5 8.1 67 37 53 51 21 17 7 26.5 14.6 20.9 20.2 8.3 6.7 2.8 150 72 101 82 35 33 27 30.0 14.4 20.2 16.4 7.0 6.6 5.4 1.7 -0.1 -0.4 -2.3 -1.2 -0.1 2.6 -1.7 0.1 0.4 2.3 1.2 0.1 -2.6 NA* Não aplicável Analisando as estatísticas relativas ao grau de crença numa religião, verificamos (cf. tabela 5) que a média obtida para o género feminino é ligeiramente superior ( x =3.68) á do género masculino ( x =3.48), apresentando ambos uma dispersão elevada (CV> 30%). Em relação às medidas de enviesamento e de achatamento, a distribuição é simétrica e platicurtica, para ambos os géneros. A aplicação do teste t de Student permite-nos concluir que as diferenças, entre os géneros, não são estatisticamente significativas (t=1.159; p=.247). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 196 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Tabela 5 – Estatísticas relativas ao grau de crença numa religião segundo o género N Min Máx x Dp Sk/ Std. Error K /Std. Error CV (%) Masculino 247 1 7 3.48 1.96 1.08 -3.84 56.29 Feminino 253 1 7 3.68 1.79 0.55 -2.47 48.53 500 1 7 3.58 1.87 1.06 -4.58 52.35 Grau de Crença Total (t=1.159;p=.247) Quanto ao estudo do grau de praticante numa religião podemos observar (c.f. tabela 6) que as médias entre os géneros são diferentes, mas não significativas (t=.376; p=.707). Apresentando os adolescentes do género feminino uma média ligeiramente superior ( x =3.00) comparativamente aos do género masculino ( x =2.94). No que se refere às medidas de enviesamento e de achatamento, podemos observar que, a distribuição é assimétrica à esquerda e platicurtica, para ambos os géneros. Tabela 6 – Estatísticas relativas ao grau de praticante numa religião segundo o género N Min Máx x Dp Sk/ Std. Error K /Std. Error CV (%) Masculino 247 1 7 2.94 1.93 4.82 -3.24 65.68 Feminino 253 1 7 3.00 1.67 3.04 -2.03 55.77 500 1 7 2.97 1.80 5.78 -2.51 60.71 Grau de Praticante Total (t=.376 p=.707) 1.2. Caraterização Familiar No âmbito deste domínio iremos analisar os dados de dois indicadores, concretamente Funcionalidade Familiar e Posição na Frataria. No que diz respeito, à Funcionalidade Familiar a maioria dos adolescentes são oriundos de famílias altamente funcionais (n=353; 70.6%), sendo 179 jovens do género feminino. Apenas 25 adolescentes dizem fazer parte de famílias disfuncionais, e destes 15 são do sexo feminino. Quanto à posição na frataria, verifica-se que 181 jovens da nossa amostra só têm irmãos (ãs) mais novos (as) (36.2%), e apenas 83 jovens dizem não ter irmãos (ãs) 197 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu (16.6%). Salienta-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas para as variáveis supracitadas (res.<1.96). Tabela 7 – Caraterização familiar em função do género Masculino (n=247-%=49.4) Funcionalidade Familiar Altamente funcional Moderadamente funcional Disfuncional Posição na Frataria 1.Irmãos (ãs) mais novos (as) e mais velhos(as) 2.Só irmãos (ãs) mais novos (as) 3. Só irmãos (ãs) mais velhos (as) 4.Não tenho irmãos (ãs) Feminino (n=253 –%50.6) Total (n =500) Valores Residuais Mas Fem. . n % n % n % 174 63 10 70.4 25.5 4.0 179 59 15 70.8 23.3 5.9 353 122 25 70.6 24.4 5.0 -0.1 0.6 -1.0 0.1 -0.6 1.0 34 13.8 32 12.6 66 13.2 87 35.2 94 37.2 181 36.2 0.4 -0.4 -0.4 0.4 84 34.0 86 34.0 170 34.0 0.0 0.0 42 17.0 41 16.2 83 16.6 0.2 -0.2 1.3. Caraterização das Atitudes face ao Ambiente Através da análise pormenorizada dos resultados da tabela 8, e no que diz respeito a cada uma das expressões inerentes à mensuração das atitudes face ao ambiente, podemos constatar que a maioria dos jovens adolescentes da nossa amostra posiciona-se “totalmente de acordo”, numa posição extrema de concordância. Em que 52.8% das respostas são atribuídas à afirmação 18 (fico triste quando vejo animais mortos na estrada). Foi na posição “Não concordo nem discordo” que se evidenciou a segunda maior percentagem acumulada de respostas, concretamente nas afirmações referenciadas com os números 10, 11, 14,16, 17, 20, 22, 23, 26 e 27, oscilando entre uma percentagem de 39.4% para a afirmação 10 e 43.2% para a afirmação 22. Destaca-se ainda a posição “concordo” onde se verifica a terceira maior percentagem de resposta nas afirmações, 1, 3, 19 e 28. Sendo observada a menor percentagem acumulada nas expressões “discordo totalmente e discordo” Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 198 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Tabela 8 – Frequência dos tipos de Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente Atitudes Face ao Ambiente Discordo Totalmente Discordo Não Concordo nem discordo Concordo Concordo Totalmente 5.0% 4.0% 15.6% 38.0% 37.4% 2.8% 5.6% 15.2% 29.4% 47.0% 2.8% 4.4% 30.8% 38.0% 24.0% 4.0% 9.8% 24.8% 32.6% 28.8% 10.4% 6.8% 19.2% 28.4% 35.2% 2.4% 3.8% 13.6% 33.6% 46.6% 5.2% 8.8% 27.8% 25.6% 32.6% 4.6% 8.6% 22.4% 28.2% 36.2% 3.0% 4.4% 17.6% 33.2% 41.8% 6.0% 7.4% 39.4% 30.4% 16.8% 10.2% 16.4% 43.0% 20.8% 9.6% 4.8% 3.4% 15.8% 29.8% 46.2% 4.0% 6.0% 24.8% 32.4% 32.8% 6.4% 6.0% 36.0% 31.4% 20.2% 5.0% 6.0% 18.0% 19.2% 51.8% 6.0% 8.6% 36.2% 31.2% 18.0% 9.8% 3.6% 17.8% 2.6% 39.0% 11.0% 24.0% 30.0% 9.4% 52.8% 2.8% 3.0% 24.6% 35.2% 34.4% 13.4% 16.0% 35.8% 14.4% 20.4% 3.0% 5.2% 17.0% 31.2% 43.6% 11.6% 17.4% 43.2% 19.8% 8.0% 10.0% 12.2% 34.4% 26.6% 16.8% 3.2% 5.8% 24.6% 28.4% 38.0% 3.4% 4.6% 22.6% 30.6% 38.8% 9.6% 11.6% 28.8% 22.8% 27.2% 5.4% 8.4% 36.4% 30.4% 19.4% 3.8% 5.4% 23.6% 37.6% 29.6% 5.8% 7.2% 24.4% 29.4% 33.2% 1.Seria possível que as pessoas fossem de autocarro para os seus empregos, pois isso reduziria a poluição provocada pelos automóveis. 2.Quando vamos ao supermercado devíamos levar sacos já usados para fazer as compras. 3.Preocupo-me com a quantidade de pesticidas que e usam na agricultura e que ficam nos alimentos que comemos 4.Sabendo que num parque natural existem espécies raras, as pessoas deviam evitar passar nesses locais, para assim as protegerem. 5.Quando encontramos lagartas minhocas e outros bichos parecidos, podemos matá-los porque não fazem falta nenhuma 6.Embora a Amazónia esteja muito longe de nós, fico com pena de todos os seres vivos que estão a desaparecer nessa região. 7.A solução para os problemas ambientais depende apenas do governo 8.Á noite as pessoas deviam manter a maior parte das luzes apagadas, para poupar energia 9.Fico triste quando penso que alguns dos produtos que uso são experimentados primeiro em animais, causando-lhes imenso sofrimento 10.Como os grupos ambientalistas (ecologistas) precisam de dinheiro para as suas atividades, as pessoas deviam contribuir com donativos para que possam fazer as suas campanhas 11.Quando compramos prendas para os nossos amigos devíamos escolher produtos naturais ou de artesanato 12.Quando tomamos banho devíamos fechar a torneira enquanto pomos sabão, para não desperdiçar água 13.Nos supermercados as pessoas deviam escolher as embalagens feitas com produtos reciclados, mesmo que sejam mais feias. 14.Sempre que passam na TV debates ou documentários sobre problemas ambientais, ou sobre os seres vivos, devíamos assistir com interesse. 15.O desaparecimento das espécies animais e vegetais não é um problema grave porque a maior parte delas não tem qualquer utilidade 16.As pessoas deviam comprar apenas os produtos vindos de empresas que sejam pouco poluentes. 17.Ler revistas ou livros que falam de ecologia e dos problemas ambientais é sempre muito aborrecido 18.Fico triste quando vejo animais mortos na estrada 19.Devíamos insistir com os autarcas (Juntas de Freguesia, Câmara Municipal) sempre que existam problemas ambientais na região. 20.Todos os produtos deviam ter embalagens para deitar fora, porque isso é muito mais rápido 21.As fábricas que poluem o ar e a água deviam pagar multas elevadas 22.As pessoas deviam pagar uma taxa para que as estações de tratamento de esgotos funcionem 23.A maior parte dos ambientalistas são fanáticos e tolos 24.As pessoas deviam chamar a fiscalização sempre que sabem que alguém tem animais raros em jaulas ou em gaiolas 25.Quando fazemos os trabalhos escolares devíamos ter a preocupação de fazer os rascunhos nas costas de folhas já usadas, para não desperdiçar papel. 26.O desaparecimento das tribos índias não é um problema grave, pois eles estão desatualizados da sociedade atual 27.Todas as pessoas deviam participar nas ações dos grupos ambientalistas (ecologistas) e nas atividades de defesa do ambiente 28.Devíamos evitar usar produtos com “spray”, porque isso destrói a camada de ozono 29.Embora alguns insetos (moscas, baratas, etc.) não sejam bonitos, só os devíamos matar quando estão dentro de casa ou põem a nossa saúde em risco. 199 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu No processo de operacionalização da variável atitudes face ao ambiente, recorremos à Escala das Atitudes Face ao Ambiente que é multidimensional e apresenta quatro fatores específicos: F1-Disposição para ações de proteção ambiental; F2Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais; F3-Preocupação com os problemas gerais do ambiente e F4-Concordância com normas de proteção ambiental (cf. tabela 9). Pela análise das estatísticas relativas à “disposição para ações de proteção ambiental (F1)”, observamos que o score no total da amostra varia entre o mínimo de 12 e o máximo de 55 correspondendo-lhe uma média de 40.23, um desvio padrão de 6.96 e uma dispersão moderada em torno da média (15% < CV ≤ 30%). A mesma dispersão se verifica para o sexo masculino e feminino, contudo este último, apresenta uma média ligeiramente superior ( x =40.98). Analisando as medidas de assimetria e de achatamento, podemos concluir que a distribuição é assimétrica com enviesamento à direita e leptocurtica, sendo apenas mesocurtica para o sexo masculino. No que concerne à “sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais (F2)”, verificamos que o score total varia ente 11 e 30 correspondendo-lhe uma média de 22.01, um desvio padrão 3.58 com dispersão moderada, distribuição assimétrica com enviesamento à direita e mesocurtica. No género feminino observa-se uma média ligeiramente superior ( x =22.36) sendo a distribuição simétrica. Quanto à “preocupação com os problemas gerais do ambiente (F3)”, os scores variam entre o mínimo de 5 e o máximo de 25 apresentando uma média de 17.65, um desvio padrão de 3.99, com dispersão moderada. Exibindo distribuição assimétrica com enviesamento à direita e mesocurtica. Destaca-se o sexo feminino com uma média ligeiramente superior ( x =18.29). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 200 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu No que respeita à “concordância com normas de proteção ambiental (F4)”, os scores variam entre 7 e 35 correspondendo-lhe uma média de 27.83, um desvio padrão de 4.412 e uma dispersão moderada em torno da média. Quanto à distribuição é assimétrica com enviesamento à direita e leptocurtica, o mesmo se verifica para ambos os sexos. O sexo feminino destaca-se mais uma vez com média superior ( x =28.45), o que se constata em todos os fatores da escala incluindo a atitude total, cuja média é ( x =110.08). Os resultados obtidos pelos testes t de Student evidenciam (cf. tabela 9), que os sujeitos do sexo feminino apresentam pontuações médias, em todos os fatores e total da escala das AJFA, significativamente diferente e melhor que os sujeitos do sexo masculino. Especificamente são as jovens adolescentes a evidenciar maior disposição para participarem em ações concretas de conservação dos recursos naturais, bem como, maior sensibilidade e preocupação com os problemas que conduzem à morte dos animais e desaparecimento de espécies. São também as adolescentes que exibem maior concordância com a implementação de normas destinadas a proteger o ambiente. Tabela 9 – Caraterização das Atitudes Face ao Ambiente Fator 1 – Disposição para ações de proteção ambiental Fator 2Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais Fator 3 Preocupação com os problemas gerais do ambiente Fator 4 – Concordância com normas de proteção ambiental Atitude total Masc. Fem. N Min Má x x Dp Sk/ Std. Error K /Std. Error CV (%) 247 14 55 39.47 7.42 -2.39 0.45 18.81 253 12 55 40.98 6.39 -4.37 3.53 15.60 Total Masc. 500 12 55 40.23 6.96 -4.86 2.34 17.30 247 11 30 21.64 3.73 -0.95 -0.94 17.22 Fem. 253 12 29 22.36 3.39 -2.00 -0.46 15.19 Total Masc. 500 11 30 22.01 3.58 -2.22 -1.05 16.26 247 5 25 17.00 3.95 -2.94 0.64 23.21 Fem. 253 6 25 18.29 3.94 -2.52 -1.00 21.62 Total Masc. 500 5 25 17.65 3.99 -3.68 -0.21 22.66 247 7 35 27.20 4.52 -3.99 3.49 16.63 Fem. 253 7 35 28.45 4.22 -7.04 9.54 14.83 Total Masc. 500 7 27.83 4.41 -2.84 7.89 15.85 247 54 105.32 15.09 -1.54 0.64 14.33 253 58 110.08 13.93 -2.21 0.64 12.66 500 54 35 14 1 14 1 14 1 107.73 14.69 -2.84 0.12 13.64 Fem. Total 201 Universidad Pontificia de Salamanca Test t student t= -2.423 p=.016 t=- 2.256 p=.025 t= -3.670 p=.000 t=- 3.179 p=.002 t=- 3.665 p=.000 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ATITUDES FACE AOS RESIDUOS SÓLIDOS Procuramos estimar as atitudes dos indivíduos da nossa amostra face aos resíduos sólidos, através de um conjunto de 4 itens/indicadores expressos na tabela 10. Pela sua análise podemos verificar que 139 adolescentes (56.3%), do género feminino, dizem concordar com a afirmação “Se houvesse informação mais detalhada sobre os produtos recicláveis havia maior aderência ao programa de reciclagem” (iten 3), a mesma opinião têm 127 adolescentes do sexo masculino. Também, 139 adolescentes (56.3%), do género masculino, concordam totalmente com a afirmação correspondente ao iten 4; “Se houvesse mais ecopontos junto às residências havia maior aderência à reciclagem”, deste pressuposto, partilham a mesma opinião 134 adolescentes do sexo feminino (53.3%). Tabela 10 – Caraterização das atitudes face aos resíduos sólidos, segundo o género Discordo Totalmente Masc Fem Indicadores n % Concordo Masc. Fem. Concordo totalmente Masc. Fem. n % n % n % n % n % n % n % 7 2.8 13 5.3 13 5.1 110 44.5 121 47.8 112 45.3 112 44.3 0.8 2 0.8 18 7.3 19 7.5 128 51.8 133 52.6 99 40.1 99 39.1 3 1.2 5 2.0 30 12.1 34 13.4 127 51.4 139 54.9 87 35.2 75 29.6 6 2.4 2 0.8 11 4.5 6 2.4 91 36.8 111 43.9 139 56.3 134 53.3 A separação dos resíduos sólidos em casa é imprescindível 12 para preservar o meio ambiente 4.9 Se houvesse melhor manutenção dos ecopontos havia maior aderência ao programa de reciclagem 2 Se houvesse informação mais detalhada sobre os produtos recicláveis havia maior aderência ao programa de reciclagem Se houvesse mais ecopontos junto às residências havia maior aderência à reciclagem Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca Discordo Masc. Fem. 202 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu De uma forma genérica com estes dados podemos concluir que os indivíduos, da nossa amostra atribuem a atitude errónea, de não separação de resíduos sólidos, à falta de ecopontos, de informação e sensibilização. ATITUDES FACE À ÁGUA As atitudes face à água foram avaliadas através de 4 itens/indicadores relacionados ora com a escassez de água, ora com a capacidade humana de solucionar eventuais problemas de falta de água e pela responsabilização individual em relação à sua conservação. Tabela 11 – Caraterização das atitudes face à água segundo o género Indicadores n A água potável é um recurso que pode acabar no próximo século Na nossa região não existem problemas de escassez de água Se necessário a ciência e a tecnologia conseguirão resolver todos os problemas de escassez de água A conservação da água passa pelo seu uso racional só quando necessário Discordo Totalmente Masc. Fem. % n % Discordo Masc. n % Concordo Fem. n % n Masc. % Fem. n % n Concordo totalmente Masc. Fem. % n % 12 4.9 3 1.2 34 13.8 24 9.5 114 46.2 126 49.8 87 35.2 100 39.5 16 6.5 11 4.3 71 28.7 101 39.9 119 48.2 114 45.1 41 16.6 27 10.7 27 10.9 24 9.5 83 33.6 101 39.9 99 40.1 106 41.9 38 15.4 22 8.7 16 6.5 12 4.7 18 7.3 31 12.3 111 44.9 123 48.6 102 41.3 87 34.4 Assim, pela análise dos resultados expressos na tabela 11, constatamos que a maioria dos adolescentes 126, do género feminino (49.8%), concorda que a “A água potável é um recurso que pode acabar no próximo século” (item1). É também a maioria 203 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu dos adolescentes do género feminino (123), que manifesta maior concordância com o item 4 “A conservação da água passa pelo seu uso racional só quando necessário”. 1.4. Caraterização do Autoconceito Analisando as estatísticas relativas a cada uma das dimensões do Autoconceito, (cf. tabela 12) e especificamente no que diz respeito ao “aspeto comportamental (Fator AC) ”, verificamos que o score total oscila entre 1 e 13 correspondendo-lhe uma pontuação média de 9.72, um desvio padrão de 2.68 e um coeficiente de variação de 27.58%, que nos indica a existência de uma dispersão moderada. Constatamos ainda que a amostra total para o fator AC é assimétrica com enviesamento à direita e leptocurtica, o que também se verifica para o género feminino, que se destaca com uma média superior à do género masculino ( x =10.019). No que concerne à “ansiedade (Fator AN)”, verificamos que a amostra total, para este fator, oscila entre o mínimo de 0 e o máximo de 8, correspondendo-lhe uma média de 4.71, um desvio padrão de 1.89 e um coeficiente de variação de 40.05%, que nos indica uma dispersão elevada. Os valores de skewness e curtose revelam curvas assimétricas enviesadas à direita e platicurticas. O género masculino apresenta uma média superior à do género feminino ( x =5.182). Relativamente ao “estatuto intelectual (Fator EI)” os valores oscilam entre 0 e 13 para o fator total correspondendo-lhe uma média de 8.39, um desvio padrão de 2.72 um coeficiente de variação de 32.45 o que nos sugere uma dispersão elevada. Quanto às medidas de enviesamento e achatamento verificamos uma assimetria com enviesamento à direita e mesocurtica. Destaca-se o género feminino com uma média ligeiramente superior de ( x =8.502). Quanto à “popularidade (Fator PO) ” o score total varia entre 0 e 12, correspondendo-lhe uma média de 7.00, um desvio padrão de 2.21, apresentando uma Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 204 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu dispersão elevada (CV> 30). Quanto aos valores de assimetria e curtose, ambos os sexos apresentam enviesamento à direita, tal como o total da amostra, mas apenas esta ultima é leptocurtica. Destaca-se o género feminino com uma média superior de ( x =7.11). No que se refere à “aparência física (Fator AF)” os valores para o total do fator variam entre 0 e 8, correspondendo-lhe uma média de 4.28, um desvio padrão de 1.78 e um coeficiente de variação de 41.54, o que sugere uma dispersão elevada. Os valores de assimetria indicam-nos um enviesamento á direita e curtose uma curva platicurtica. Destaca-se o género masculino com uma média ligeiramente superior ( x =4.39). No que concerne à “satisfação felicidade (Fator SF)” o score total varia entre 1 e 7 correspondendo-lhe uma média de 5.17, um desvio padrão de 1.01 e um coeficiente de variação de 19.58 o que nos sugere uma dispersão moderada. Os valores de enviesamento e achatamento indiciam, para o género masculino, feminino e para o total do fator, curvas assimétricas enviesadas à direita e leptocurticas. Tabela 12 – Caraterização do Autoconceito dos jovens Fatores do Autoconceito Fator AC – Aspeto Comportamental Fator AN Ansiedade Fator EI – Estatuto Intelectual Fator PO Popularidade Fator AF – Aparência Física Fator SF – Satisfação Felicidade AC total Sexo N Min Máx x Dp Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. 247 253 500 247 253 500 247 253 500 247 253 500 247 253 500 247 253 500 247 253 500 1.0 1.0 1.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 1.0 8.0 9.0 8.0 13.0 13.0 13.0 8.0 8.0 8.0 13.0 13.0 13.0 12.0 10.0 12.0 8.0 7.0 8.0 7.0 7.0 7.0 55.0 54.0 55.0 9.42 10.02 9.72 5.18 4.25 4.71 8.28 8.50 8.39 6.89 7.11 7.00 4.39 4.17 4.28 5.11 5.23 5.17 39.29 39.29 39.29 2.87 2.45 2.68 1.75 1.91 1.89 2.68 2.77 2.72 2.41 1.99 2.21 1.90 1.65 1.79 1.05 0.97 1.01 8.57 7.91 8.23 Fem. Total Masc. Fem. Total Sk/ Std. Error -5.99 -8.62 -10.28 -3.53 -1.06 -3.28 -1.65 -3.57 -3.71 -5.56 -5.56 -8.18 -1.70 -2.75 -2.74 -6.64 -7.28 -9.86 -4.36 -4.05 -5.96 K /Std. Error 0.924 6.69 4.52 -0.16 -2.53 -2.52 -1.29 -0.34 -1.25 0.73 1.58 2.10 -2.08 -1.10 -2.17 3.63 5.59 6.35 3.44 1.51 3.72 CV (%) 30.49 24.46 27.58 33.81 44.82 40.05 32.31 32.52 32.42 34.97 27.97 31.52 43.27 39.49 41.54 20.59 18.54 19.58 21.81 20.14 20.96 Quanto ao autoconceito total os valores variam entre um mínimo de 8 e máximo de 55, correspondendo-lhe uma média de 39.29, um desvio padrão de 8.23 e um 205 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu coeficiente de variação de 20.96% que mais uma vez nos sugere uma dispersão moderada. Os valores de assimetria indicam-nos um enviesamento à direita o que também se verifica para os géneros masculino e feminino. Já os valores de curtose indicam curvas leptocurticas para o total da amostra e para o género masculino, sendo mesocurtica apenas para o género feminino. 1.5. Caraterização Circunstancial Inerente a Problemas Ambientais Na caraterização inerente à generalidade dos problemas ambientais e na tentativa de conhecer melhor a opinião dos jovens adolescentes no presente estudo, foram colocadas várias questões, associados à resolução dos problemas ambientais no mundo, aos assuntos mais importantes e às principais fontes de informação sobre o ambiente, conforme tabelas seguintes. Quando questionados sobre, de que depende a resolução dos problemas ambientais, 378 indivíduos da nossa amostra, a maioria, referem que a resolução dos problemas ambientais depende da mudança de comportamento e atitude de cada um de nós. As diferenças encontradas são estatisticamente significativas sendo prevalentes no género feminino. É de salientar que 78 adolescentes referem que a resolução deste problema, depende da implementação de leis estatais rigorosas na defesa do ambiente e 44 dizem depender dos avanços do progresso observando-se diferenças estatisticamente significativas prevalentes no género masculino, conforme valores residuais. Tabela 13 – Caraterização da opinião dos inquiridos face à questão: De que depende a resolução de problemas ambientais? De que depende a resolução de problemas ambientais? Avanços do progresso Mudança de comportamento e atitude de cada um de nós Implementação de leis estatais rigorosas na defesa do ambiente Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 31 12.6 13 5.1 44 8.8 Valores Residuais Masc Fem. . -2.9 2.9 170 68.8 208 82.2 378 75.6 -3.5 3.5 46 18.6 32 12.6 78 15.6 1.8 -1.8 Masculino (n =24-7%=49.4) n % 206 Feminino (n =253-%=50.6) n % Total (n =500) n % Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Confrontados com o que gostariam de ajudar a resolver na região onde moram, a maioria dos indivíduos, 236 dizem que gostariam de ajudar a manter as ruas limpas, mas, 139 gostariam de ajudar a colocar ecopontos em todos os bairros. Tabela 14 – O que gostaria de tentar ajudar a resolver na região onde mora O que gostava de tentar ajudar a resolver na região onde mora? Manter as ruas limpas Colocação de ecopontos em todos os bairros Implementação de esgotos (ETAR) Campanhas de sensibilização sobre o ambiente Sensibilizar para o gasto excessivo de energia Masculino (n =247-%=49.4) N % 119 48.2 66 26.7 37 15.0 34 13.8 21 8.5 Feminino (n =253 -%=50.6) n % 117 46.2 73 28.9 44 17.4 32 12.6 34 13.4 Total (n =500) n % 236 47.2 139 27.8 81 16.2 66 13.2 55 11.0 Quando questionados sobre os assuntos de maior preocupação ambiental, 252 adolescentes (50.4%) afirmam ser o efeito de estufa, seguindo-se a poluição da água para 190 adolescentes e as mudanças climáticas para 152. Tabela 15 – Os dez assuntos mais importantes sobre o ambiente Quais os assuntos mais preocupantes? O efeito de estufa A poluição da água As mudanças climáticas As catástrofes causadas pelo homem As catástrofes naturais (sismos, inundações…) Os desperdícios de energia Aumento do volume dos resíduos Os problemas urbanos O abate das árvores e incêndios florestais A falta de consciência ecológica dos cidadãos Masculino (n =247-%=49.4) N % 142 105 86 70 62 50 43 44 42 48 57.5 42.5 34.8 28.3 25.1 20.2 17.4 17.8 17.0 19.4 Feminino (n =253 -%=50.6) n % 110 85 66 44 31 34 39 24 30 56 43.5 33.6 26.1 17.4 12.3 13.4 15.4 9.2 11.9 22.1 Total (n =500) n % 252 190 152 114 93 84 82 68 72 104 50.4 38.0 30.4 22.8 18.6 16.8 16.4 13.6 14.4 20.8 É de realçar ainda que, 114 adolescentes manifestam maior preocupação com as catástrofes provocadas pelo Homem, sendo que, 104 preocupam-se com a falta de consciência ecológica dos cidadãos (c.f. tabela 15). Relativamente à forma como obtêm informação sobre o ambiente (tabela 16), a grande maioria dos adolescentes (467), referiram obter informação através da televisão, seguindo-se a internet (158) e por fim a escola para 108 adolescentes, não se verificando 207 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu diferenças estatisticamente significativas entre o género masculino e feminino, conforme os valores residuais (res. >1.96). Na sequência destes resultados, pressupõe-se que, é necessário maior intervenção ao nível escolar no sentido de transmitir conhecimentos e competências nos jovens adolescentes, para que desenvolvam uma prática quotidiana ambientalmente sustentável. Tabela 16 – Principais fontes de informação sobre o ambiente Principais fontes de informação: A televisão Internet A escola Masculino Feminino Total N % n % N % 234 78 44 94.7 31.6 17.8 233 80 64 92.1 31.6 25.3 467 158 108 93.4 31.6 21.6 Valores Residuais Masc. Fem. 1.0 0.0 -1.0 -1.0 0.0 1.0 2. ANÁLISE INFERENCIAL Após a análise descritiva, que teve como finalidade a caraterização da amostra, passamos à abordagem inferencial dos dados obtidos para poderemos tirar conclusões sobre o domínio mais vasto onde os elementos observados provieram (Pestana & Gageiro, 2008). Trata-se de um processo que permite determinar em que medida os valores da amostra constituem boas estimativas dos parâmetros da população (Fortin, 2009, p. 440) refere que “a estatística inferencial serve para generalizar os resultados de uma amostra de sujeitos, ao conjunto da população.” Neste sentido, os testes utilizados na presente investigação baseiam-se no estudo das probabilidades, sendo que confirmamos a hipótese se a probabilidade for inferior a 0.05, caso contrário rejeitamo-la. 2.1. Estudo da Associação entre Variáveis Com o estudo da associação entre as variáveis procuramos testar as hipóteses específicas (sub-hipóteses), decorrentes das cinco hipóteses gerais da presente investigação. Mais especificamente pretendemos analisar como a variável dependente Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 208 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu (Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente) e cada uma das variáveis independentes, se associam entre si, bem como conhecer o eventual efeito principal das variáveis sociodemográficas, de contexto familiar, escolar e psicológicas na variação do resultado das mesmas. Pretendemos também, saber se existiam diferenças significativas entre as médias obtidas nos fatores e nota global das variáveis, em função do sexo, área de residência, classe socioeconómica familiar, posição na frataria e funcionalidade da família dos adolescentes. Na análise dos resultados serão referenciados, apenas, os dados estatisticamente significativos em função dos testes estatísticos utilizados, mencionados no capítulo referente à metodologia. 2.2. Análise das Relações com Variáveis Sociodemográficas Sexo Em relação à influência da variável Sexo, os testes t de Student (cf. quadro 20) permitem observar que os sujeitos do sexo feminino pontuam significativamente diferente e melhor que os sujeitos do sexo masculino, no resultado de todos os fatores/dimensões e score total da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Mais especificamente são os sujeitos do sexo masculino que evidenciam atitudes menos favoráveis face ao ambiente. Perante estes resultados somos levados a aceitar a hipótese específica de que existem diferenças estatisticamente significativas entre as médias do sexo feminino e as do sexo masculino relativamente às atitudes ambientais. Área de Residência Considerando o efeito da variável Área de Residência, a generalidade dos resultados obtidos é de não verificação de efeitos significativos desta variável (cf. quadro 23). As análises dos resultados relativas ao test t evidenciam apenas um efeito 209 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu significativo, ao nível do fator/dimensão, F3 -Preocupação com os problemas gerais do ambiente (t=-2.59; p=.010), apresentando, os adolescentes residentes na área urbana, melhores resultados (M=18.05; Dp=3.87), o que indicia que manifestam maior preocupação com diversos problemas ambientais, nomeadamente, com o desaparecimento de espécies, minorias étnicas e também com a resolução desses problemas quer pelos governos quer pelas organizações ambientalistas. Estes resultados levam-nos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que existem diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos adolescentes residentes na área Urbana e Rural e as suas Atitudes Face ao Ambiente. Quadro 23 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função das variáveis sexo e área de residência SEXO Homens (n=247) M Dp F1 – Disposição para ações de proteção ambiental 39.47 7.42 F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais 21.64 3.73 F3 – Preoc. com os problemas gerais do ambiente 17.00 3.95 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental 27.20 4.52 105.32 15.09 Nota Global da Escala ÁREA DE RESIDÊNCIA Rural (n=213) M Dp F1 – Disposição para ações de proteção ambiental 40.14 7.05 F2 - Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais 21.97 3.61 F3 – Preoc. com os problemas gerais do ambiente 17.11 4.12 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental 27.43 4.50 106.64 14.35 Nota Global da Escala Mulheres (n=253) M Dp 40.98 6.39 22.37 3.40 18.30 3.95 28.45 4.22 110.08 13.93 Urbana (n=287) M Dp 40.31 6.90 22.04 3.56 18.05 3.87 28.13 4.33 108.53 14.92 test t p 2.43 2.26 3.67 3.18 3.67 .016 .025 .000 .002 .000 test t p -.271 -.245 -2.59 -1.76 -1.44 .788 .807 .010 .080 .152 Idade Para se quantificar a associação entre a Idade e a variável dependente em estudo (Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente) recorremos à Regressão Linear Simples que, como coeficiente estatístico, nos permite conhecer a força e o sentido da associação linear, existente entre as duas variáveis. Os resultados obtidos pelas correlações, (cf. quadro 24), expressam a não existência de associações estatisticamente significativas. O que conduz à rejeição da hipótese específica de que o efeito da idade nos resultados obtidos nas Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente não adquire significância estatística. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 210 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 24 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e a idade r r2(%) F1 – Disposição para ações de proteção ambiental .040 .002 F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais .018 .000 F3 – Preoc. com os problemas gerais do ambiente .054 .003 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental .043 .002 .021 .000 Nota Global da Escala Coeficiente Padronizado beta .040 t p -.900 .368 018 -.401 .688 .054 1.210 .227 .043 -.951 .342 .021 -.480 .632 Reprovações Relativamente ao efeito das Reprovações dos jovens adolescentes, constatamos que adquire significância estatística apenas no F3 -Preocupação com os problemas gerais do ambiente (t=-2.593;p=.022), apresentando os sujeitos que não reprovaram uma pontuação média significativamente maior do que aqueles que já reprovaram (M=17.84; Dp=3.89). Estes resultados levam á aceitação parcial da hipótese específica de que existem diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos grupos de adolescentes que já reprovaram e os que ainda não reprovaram no que respeita às preocupações com os problemas gerais do ambiente. Quadro 25 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função das reprovações dos jovens adolescentes Reprovações Sim Não (n=72) F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 - Preoc. com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala (n=428) M Dp test t p 6.80 .808 .468 22.02 3.56 -.163 .874 4.51 17.84 3.89 -2.593 .022 27.38 4.91 27.91 4.32 -.950 .389 106.70 15.92 107.90 14.45 -.643 .549 M Dp 40.85 7.87 40.13 21.94 3.70 16.53 Classe Socioeconómica A análise dos resultados das ANOVA`s relativamente ao efeito da variável Socioeconómica Familiar é de não verificação de efeitos significativos desta variável em todos os fatores da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente (cf. quadro 26). 211 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Perante os resultados rejeitamos a hipótese específica de que existem diferenças significativas entre as médias obtidas na escala das atitudes dos jovens face ao ambiente por grupos de adolescentes pertencentes a classes socioeconómicas distintas. Quadro 26 – Anova da classe socioeconómica sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente EFEITO - CLASSE SOCIOECONÓMICA GL Efeito = 3 GL Erro = 497 Média Quadr. Efeito Média Quadr. Erro F p F1 – Disposição para ações de proteção ambiental 95.514 31.838 .665 .574 F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc. com os problemas gerais do ambiente 11.917 3.990 .315 .815 77.268 25.756 1.614 .185 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental 17.832 5.944 .308 .819 184.734 61.578 .288 .834 Nota Global da Escala Prática Religiosa Relativamente à variável Prática de uma Religião, os testes t de Student (cf. quadro 27) permitem constatar que existem diferenças muitíssimo significativas em todos os fatores da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente. Apresentando os jovens praticantes de uma religião valores mais favoráveis nas suas atitudes face ao ambiente. Quadro 27 – Resultados do Test t de Student, na Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, em função da prática de religião Prática de Religião F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc. com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala Sim Não (n=384) (n=116) test t p M Dp M Dp 40.94 22.37 6.83 3.45 37.91 20.80 6.88 3.74 4.18 4.21 .000 .000 17.88 28.25 3.96 4.21 16.91 26.44 4.06 4.78 2.31 3.94 .024 .000 109.44 14.31 102.05 14.58 4.85 .000 Desta forma, aceitamos a hipótese específica de que existem diferenças estatisticamente significativas entre as médias obtidas nos grupos de adolescentes, praticantes e não praticantes de uma religião. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 212 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Crença Religiosa Procuramos explicar como as atitudes dos jovens face ao ambiente se associam com o grau de Crença Religiosa. Neste contexto, pela análise dos resultados de regressão linear simples (cf. quadro 28) verificamos uma ínfima relação entre as atitudes face ao ambiente e a crença religiosa pois as correlações oscilam entre (r=.053) no F3 – Preocupação com os problemas gerais do ambiente e (r=.119) no F2Sensibilidade em relação ao do sofrimento dos animais. No entanto os valores de t são explicativos apenas para o F1 - Disposição para ações de proteção ambiental, F2 Sensibilidade em relação ao do sofrimento dos animais e nota global da escala, onde se verificam associações positivas e significativas. Assim quanto maior o grau de crença religiosa, melhor será a participação dos jovens em ações de proteção ambiental e mais sensíveis serão em relação ao sofrimento dos animais. Estes resultados levam-nos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que existem associações significativas entre as Atitudes dos Jovens face ao ambiente e o grau de crença religiosa destes mesmos jovens. Quadro 28 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o grau de crença religiosa r F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala Coeficiente r 2(%) Padronizado Beta t p .106 .011 .106 2.37 .018 .119 .014 .119 2.66 .008 .053 .003 .053 1.189 .235 .084 .007 .084 1.88 .060 .119 .014 .119 2.67 .008 Grau de Praticante Procedemos ainda a análises de regressão simples entre as atitudes dos jovens face ao ambiente e ao grau de Praticante numa Religião. 213 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Dos resultados expressos no quadro 29, no que respeita às atitudes face ao ambiente, constata-se que é o F1 – Disposição para ações de proteção ambiental que estabelece associação mais forte com a prática da religião (r=.170) sendo seguida pela nota global da escala (r=.150), enquanto que a menor associação é observada no F2 Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais (r=.112). As correlações são positivas e significativas, exceto no F3- Preocupação com os problemas gerais do ambiente em que o teste t indica que não há valor explicativo para a prática religiosa. Tendo por base toda a análise dos resultados precedente, somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que o efeito da prática religiosa nos resultados obtidos nas atitudes dos jovens face ao ambiente adquire significância estatística Quadro 29 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o grau de praticante na religião F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala r r 2(%) .170 .112 .029 .012 Coeficiente Padronizado Beta .170 .112 .016 .000 .125 .016 .150 .022 t p 3.85 2.50 .000 .013 .016 .36 .717 .125 2.82 .005 .150 3.38 .001 2.3. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Familiar Analisaram-se as relações existentes entre as variáveis independentes: funcionalidade familiar, posição na frateria e as atitudes dos jovens face ao ambiente, através da ANOVA e do Teste de Tukey, para avaliar se existiam diferenças entre as médias dos resultados dos grupos de adolescentes formados consoante o tipo de funcionalidade familiar e posição na frataria, para as variáveis em estudo. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 214 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Funcionalidade Familiar Quanto ao efeito da variável Funcionalidade Familiar, os resultados das análises de variância realizadas revelam que, apenas o F1 – Disposição para ações de proteção ambiental e nota global da escala, apresentam significância estatística entre as médias obtidas pelos grupos de adolescentes pertencentes a famílias com tipo de funcionalidade diferente (cf. quadro 30). Quadro 30 – Anova da funcionalidade familiar sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente EFEITO - FUNCIONALIDADE DA FAMILIA GL Efeito = 2 GL Erro = 499 Média Quadr. Efeito Média Quadr. Erro F p F1 – Disposição para ações de proteção ambiental 438.928 219.464 4.603 .010 F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente 46.816 23.408 1.834 .161 4.920 2.460 .153 .858 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala 108.887 54.444 2.818 .061 1573.531 786.765 3.682 .026 A realização de testes post-hoc de Tukey, para localizar as diferenças entre grupos, permite verificar no F1 – Disposição para ações de proteção ambiental diferenças significativas entre o grupo de adolescentes pertencentes a famílias altamente funcionais (M=40.58) e os pertencentes a famílias com disfunção acentuada (M=36.28) e entre estas e as moderadamente funcionais (M=40.03). Por ultimo, na nota global da escala atitudes dos jovens face ao ambiente, constatamos de igual modo, diferenças significativas entre o grupo de adolescentes pertencentes a famílias altamente funcionais (M=108.39) e os pertencentes a famílias com disfunção acentuada (M=100.24). 215 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 31 – Testes de Tukey: Comparação dos grupos de funcionalidade familiar em relação à Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente 1 - Famílias Altamente Funcionais 2 - Famílias Moderadamente Funcionais 3 - Famílias com Disfunção Acentuada F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala Funcionalidade familiar (I) (J) 1 (40.58) Diferença de Médias TuKey (I - J) p 2 (40.03) .550 .728 3 (36.28) 4.30 .008 2 3 3.75 .036 1 (22.14) 2 (21.89) 0.25 .778 3 (20.76) 1.38 .150 2 3 1.13 .324 1 (17.71) 2 (17.52) 0.19 .894 3 (17.40) 0.31 .924 2 3 0.12 .989 1 (27.95) 2 (27.90) 0.05 .994 3 (25.80) 2.15 .050 2 3 2.10 .076 1 (108.39) 2 (107.34) 1.05 .775 3 (100.24) 8.15 .020 3 7.10 .070 2 Estes resultados sugerem que quanto melhor é a funcionalidade da família melhor são as atitudes dos jovens face ao ambiente, o que conduz à aceitação parcial da hipótese específica de que existem diferenças significativas entre as médias obtidas nas atitudes face ao ambiente por grupos de adolescentes pertencentes a famílias com funcionalidade familiar distinta. Posição na Frataria Considerando o efeito da variável posição na frataria, a generalidade dos resultados obtidos é de não verificação de efeitos significativos desta variável (cf. quadro 32), o que nos leva a rejeitar a hipótese específica de que o efeito da posição na frataria nos resultados obtidos nas atitudes dos jovens face ao ambiente adquire significância estatística. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 216 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 32 – Anova da posição na frataria sobre a Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente EFEITO – POSIÇÃO NA FRATERIA GL Efeito = 3 GL Erro = 499 Média Quadr. Efeito Média Quadr. Erro F p F1 – Disposição para ações de proteção ambiental 370.227 123.424 2.576 .053 F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente 18.128 6.043 .470 .703 29.913 9.971 .622 .601 F4 – Concordância com normas de proteção ambiental 156.551 52.184 2.709 .050 Nota Global da Escala 820.812 273.604 1.269 .284 2.4. Análise das Relações com Variáveis de Contexto Escolar Caraterização escolar Procuramos também verificar o modo como o desempenho da escola na educação ambiental, se associa com as atitudes dos jovens face ao ambiente. Para tal efetuamos uma regressão simples, cujos resultados expressos no quadro 33 indicam-nos que o desempenho da escola na educação ambiental tem um efeito muito significativo nas atitudes dos jovens face ao ambiente. Constatamos que é no F1- Disposição para ações de proteção ambiental onde se estabelece uma associação mais forte (r=.367) seguido do F4 - Concordância com normas de proteção ambiental (r=.321), no entanto em todos os fatores as associações são positivas e significativas. Pelos resultados obtidos podemos inferir que quanto maior o desempenho da escola na educação ambiental melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. Neste sentido aceitamos a hipótese específica de que o desempenho da escola na educação ambiental tem efeito significativo nas atitudes dos jovens face ao ambiente. Quadro 33 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e o desempenho da escola na educação ambiental F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala r r2(%) Coeficiente Padronizado Beta t p .367 .135 .367 8.813 .000 .217 .047 .217 4.957 .000 .139 .019 .139 3.125 .002 .321 .103 .321 7.557 .000 285 .081 .285 6.639 .000 217 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 2.5. Análise das Relações com Variáveis Psicológicas Caraterização Psicológica - Autoconceito Procedemos ainda a análises de regressão simples entre as atitudes dos jovens face ao ambiente e o autoconceito. Dos resultados expressos no quadro 34, no que respeita às atitudes dos jovens face ao ambiente, constata-se que é a nota global da escala que estabelece associação mais forte com o autoconceito (r=.235) sendo seguida pelo F2 – Sensibilidade em relação o sofrimento dos animais (r=.189). As correlações com as diferentes variáveis são positivas e muito significativas, o que nos leva a afirmar que quanto melhor o autoconceito dos jovens melhores são as suas atitudes face ao ambiente. O que conduz à aceitação da hipótese específica de que o efeito do autoconceito é estatisticamente significativo nas atitudes dos jovens face ao ambiente. Quadro 34 – Regressão Linear Simples entre a Escala das Atitudes Face ao Ambiente e Autoconceito F1 – Disposição para ações de proteção ambiental F2 – Sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais F3 – Preoc.com os problemas gerais do ambiente F4 – Concordância com normas de proteção ambiental Nota Global da Escala 3. ESTUDO DAS t p .032 .036 Coeficiente Padronizado Beta .178 .189 4.026 4.289 .000 .000 .184 .034 .184 4.169 .000 .183 .034 .183 4.161 .000 .235 .055 .235 5.394 .000 r r 2(%) .178 .189 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRAFICAS, FAMILIARES ESCOLARES E PSICOLÓGICAS NA PREDIÇÃO DAS ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Com o objetivo de averiguar a capacidade preditiva das variáveis, que se mostraram significativas na análise univariada; sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (desempenho da escola na EA) e psicológicas (autoconceito) nas Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente, recorremos à regressão linear múltipla hierárquica, utilizando o método stepwise. Em cada uma delas Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 218 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu utilizamos como variáveis critério, cada um dos fatores/dimensões e nota global das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Como variáveis preditoras foram introduzidas em blocos sucessivos as diferentes componentes das variáveis sociodemográficas, familiares, escolares e psicológicas. Para cada caso realizamos uma regressão múltipla e nas situações em que verificamos que algumas variáveis não possuíam coeficientes estatisticamente significativos decidimos elimina-los e realizámos novas análises. Articulámos, da forma expressa na Figura 7, os efeitos das variáveis cujas relações pretendíamos estudar. Sexo Prática de Religião Desempenho da Escola na Educação Ambiental Apgar Familiar Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente Autoconceito Legenda: Efeitos Principais Efeitos de Interação Figura 7 – Modelo teórico do efeito das relações entre as variáveis sociodemográficas, familiar, escolar e psicológicas na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. 4. ESTUDO DOS EFEITOS PRINCIPAIS Efetuámos Análises de Regressão Múltipla Passo a Passo, em que de forma independente, a nota global e cada um dos fatores/dimensões da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente foram utilizados como variáveis dependentes e as variáveis de contexto sociodemográfico (sexo, prática de religião), familiar (funcionalidade familiar), escolar (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológico (autoconceito) como variáveis independentes. Saliente-se que os scores totais das escalas referentes às variáveis escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e ao Autoconceito não foram introduzidos nas análises de regressão dada a sua alta correlação, com os fatores, desaconselhar a sua utilização devido ao efeito da multicolinearidade. 219 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Relação entre as Variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global) Considerámos primeiramente as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global) como variável dependente e como variáveis independentes as que apresentaram coeficientes estatisticamente significativos na análise inferencial anteriormente realizada, aquando do estudo da associação entre variáveis . Os resultados da regressão (cf. quadro 35) revelam que o primeiro termo de predição a ser considerado foi o F2-Responsabilidade ambiental da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental. Esta primeira variável, que apresenta maior peso preditivo (eta=.319), é a que explica a maior percentagem de variância das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (18.0%, p=.000). Em segundo lugar aparece o F3-Estatuto Intelectual da Escala do Autoconceito a explicar mais 4.0% (p=.000) da variância, seguindo-se a Prática de Religião com 2.10% (p=.000), o Sexo com 1.10% (p=.007) e o F4 -Popularidade da escala do Autoconceito a explicar mais 0.8% (p=.017). O último termo a ser considerado foi o F1-Aspeto Comportamental igualmente da escala do Autoconceito com uma variância explicada de 1.20% (p=.006). Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 220 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 35 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente Variável Dependente = Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente R Múltiplo = .521 R2 = .272 R2 Ajustado = .263 Erro Padrão da Estimativa = 12.619 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Incremento Independentes Passo R2 de R2 1 .180 .180 F2EDEEA - Responsabilidade Ambiental 2 .220 .040 F3 AC - Estatuto Intelectual 3 .241 .021 Prática de Religião 4 .252 .011 Sexo 5 .260 .008 F4 AC - Popularidade 6 .272 .012 F1 AC - Aspeto Comportamental Tolerância e Coeficientes Beta Variáveis Coeficiente Independentes Tolerância Padronizado .847 .319 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental .664 .201 F3 AC – Estatuto Intelectual .960 -.125 Prática de Religião .976 -.100 Sexo .777 -.122 F4 AC – Popularidade .687 .129 F1 AC – Aspeto Comportamental Análise da Variância Soma dos Média Efeito Quadrados G.L. Quadrática 29274.07 6 4879.012 Regressão 78509.39 493 159.248 Residual Total 107783.5 499 F 109.630 25.332 13.419 7.211 5.716 7.734 p .000 .000 .000 .007 .017 .006 t 7.634 4.254 -3.192 -2.563 -2.794 2.781 p .000 .000 .002 .011 .005 .006 F 30.638 p .000 Estes resultados evidenciam um modelo de regressão bem aceite (F=30.638, p=.000). Concretamente, os seis termos de predição aceites no modelo, garantem um coeficiente de determinação (R2) de .272, isto é, explicam 27.20% da variância das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Pinto Gouveia (1990, cit in Albuquerque, 2004) refere que este valor é, nesta regressão para variáveis correlacionadas entre si, diminuído artificialmente pelo que realisticamente lhe corresponderá um valor mais elevado. Analisando os coeficientes padronizados eta verificamos que as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente variam: na razão direta da “Responsabilidade Ambiental” (Fator 2 da Escala do EDEEA); do “Estatuto Intelectual” (Fator 3 do autoconceito); e do “Aspeto Comportamental” (Fator 1 do Autoconceito), sendo as diferenças significativas; 221 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu e na razão inversa da “Popularidade” (Fator 4 do Autoconceito), sendo também neste caso a diferença significativa. Esta análise, permite-nos concluir que quanto maior/melhor a Responsabilidade Ambiental expressa pela Escola, o Estatuto intelectual e o Aspeto comportamental dos adolescentes melhores as suas atitudes face ao ambiente. No que concerne à Popularidade, a sua contribuição é de sentido inverso, o que indicia que quanto menor for o índice de Popularidade dos adolescentes, maiores serão as evidencias de atitudes ambientalmente sustentáveis. Quanto à variável Sexo, tendo por referência os resultados expressos no quadro 23, constatamos que são as mulheres (X=110.08) que apresentam médias mais altas comparativamente aos homens (X=105.32), sendo portanto estas a evidenciar melhores atitudes face ao ambiente. No que diz respeito à influência da Prática de uma Religião, somos a afirmar, tendo por inferência os resultados do quadro 27, que são os adolescentes que praticam uma religião aqueles que evidenciam melhores atitudes face ao ambiente. Em síntese, perante os dados atrás descritos somos a aceitar parcialmente a hipótese 4 de que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) predizem significativamente as Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global), ou seja aceitamos a hipótese em relação às variáveis que entram no modelo de regressão e rejeitamo-la em relação às restantes. Relação entre os fatores /dimensões da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente e as Variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 222 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (fatores/dimensões do Autoconceito) Numa segunda fase considerámos os quatro fatores/dimensões da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente como variáveis dependentes e as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA) e psicológicas (fatores do autoconceito) como variáveis independentes. DIMENSÃO – Disposição para Ações de Proteção Ambiental Com o Fator 1 - Disposição para ações de proteção ambiental como variável dependente, entrou em primeiro lugar na equação de regressão (cf. quadro 36) o Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental, o qual se mostrou responsável por 17.0% da variância (p=.000). O Fator 1 Aspeto Comportamental - da Escala de Autoconceito entrou a seguir e contribuiu com mais 1.60% (p=.002). Seguiu-se a Prática de Religião com uma contribuição de mais 1.20% (p=.007). Depois o Fator 4 - Popularidade - da Escala de Autoconceito com mais .90% para a explicação da variância (p=.018) e, por último, da mesma Escala, entrou o Fator 3 - Estatuto Intelectual, que contribuiu com 1.30% (p=.004). De salientar que estes termos de predição garantem um coeficiente de determinação (R2=.220), isto é, explicam 22.0% da variância da Disposição para Ações de Proteção Ambiental. Os resultados revelam um modelo bem aceite de regressão, apresentando a análise de variância um valor de F altamente significativo (F=27.920; p=.000) (cf. quadro 36). Observando os coeficientes padronizados beta constatamos que é o Fator 2 Responsabilidade Ambiental - da EDEEA que apresenta maior peso preditivo (eta 223 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu =.348) e varia na razão direta tal como o Aspeto Comportamental e o Estatuto Intelectual. O Fator4 - Popularidade, da Escala do AC, varia na razão inversa. Daí podermos inferir que quanto maior/melhor for a Responsabilidade Ambiental inerente à escola, o Aspeto Comportamental (que se traduz por uma maior responsabilidade em várias situações, em casa ou na escola, procurando sempre uma postura assertiva) e o Estatuto Intelectual dos adolescentes melhor será a sua Disposição para Ações de Proteção Ambiental; o mesmo se verificando no grupo de adolescentes que revelem um score baixo de Popularidade. No que respeita à Prática de Religião, tendo por referência as médias expressas no quadro 27, constatamos que, quem pratica uma religião (x=109.44) manifesta melhor Disposição para Ações de Proteção Ambiental. Quadro 36 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição das ações de proteção ambiental Variável Dependente = Disposição para Ações de Proteção Ambiental R Múltiplo =.469 R2 =.220 R2 Ajustado =.212 Erro Padrão da Estimativa = 6.172 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Incremento Independentes Passo R2 de R2 F 1 .170 .170 101.728 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental 2 .186 .016 9.978 F1 AC – Aspeto Comportamental 3 .198 .012 7.286 Prática de Religião 4 .207 .009 5.663 F4 AC – Popularidade 5 .220 .013 8.556 F3 AC - Estatuto Intelectual Tolerância e Coeficientes Beta Variáveis Coeficiente Independentes Tolerância Padronizado T .850 .348 8.069 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental .691 .108 2.261 F1 AC – Aspeto Comportamental .964 -.108 -2.661 Prática de Religião .777 -.145 -3.217 F4 AC – Popularidade .664 .143 2.925 F3 AC - Estatuto Intelectual Análise da Variância Soma dos Média Efeito Quadrados G.L. Quadrática F 5318.200 5 1063.640 27.920 Regressão 18819.42 494 38.096 Residual 24137.62 499 Total Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 224 p .000 .002 .007 .018 .004 p .000 .024 .008 .001 .004 p .000 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Em resumo, os resultados da análise de regressão conduzem-nos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito), predizem significativamente as Ações de Proteção Ambiental. DIMENSÃO – Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais Os resultados da regressão múltipla levada a efeito (cf. quadro 37) evidenciam um modelo bem aceite de regressão (F=19.765; p=.000) no qual o primeiro termo a revelarse preditivo da dimensão Prevenção do Sofrimento dos Animais foi o Fator 2 Responsabilidade Ambiental - da EDEEA explicando 11.60% da variância total (p=.000). Em segundo lugar aparece o Fator 1- Aspeto Comportamental - da Escala de Autoconceito e contribuiu com 3.40% para a explicação da variância (p=.000). Seguiuse a Prática de Religião com uma contribuição de mais 1.40% (p=.005). O quarto termo aceite pelo modelo de regressão refere-se a um outro fator da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental, concretamente o Fator 3 - Preocupação Ambiental, que aumenta em 1.10% a variância explicada (p=.009). Por último são aceites pelo modelo de regressão dois fatores da Escala de Autoconceito, concretamente o Fator 2 Ansiedade, que aumenta em .80% a variância explicada (p=.027) e o Fator 3 - Estatuto Intelectual explicando a variância de 1.10% (p=.011). 225 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 37 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. Variável Dependente = Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais R Múltiplo =.440 R2 =.194 R2 Ajustado =.184 Erro Padrão da Estimativa = 3.232 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Incremento Independentes Passo R2 de R2 F 1 .116 .116 65.399 F2EDEEA – Responsabilidade Ambiental 2 .150 .034 19.796 F1 AC – Aspeto Comportamental 3 .164 .014 8.125 Prática de Religião 4 .175 .011 6.951 F3 EDEEA – Preocupação Ambiental 5 .183 .008 4.910 F2 AC – Ansiedade 6 .194 .011 6.464 F3 AC - Estatuto Intelectual Tolerância e Coeficientes Beta Variáveis Coeficiente Independentes Tolerância Padronizado T .842 .227 5.163 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental .680 .140 2.863 F1 AC – Aspeto Comportamental .962 -.120 -2.899 Prática de Religião .934 .103 -2.460 F3 EDEEA – Preocupação Ambiental .902 -.114 -2.685 F2 AC – Ansiedade .711 .122 2.543 F3 AC - Estatuto Intelectual Soma dos Média Efeito Quadrados G.L. Quadrática F 1239.054 6 206.509 19.765 Regressão 5150.914 493 10.448 Residual 6389.968 499 Total p .000 .000 .005 .009 .027 .011 p .000 .004 .004 .014 .008 .011 p .000 Estas seis variáveis, no seu conjunto, explicam um total de 19.40% da variância da dimensão - Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais. Importa referir que a contribuição, da Ansiedade (Fator 2 do AC), é de sentido inverso, o que indicia que, quanto menor for a ansiedade dos jovens adolescentes maior será as sua Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais. No que concerne à variável Prática de Religião, tendo por referência as médias expressas no quadro 27, são os adolescentes que praticam uma religião (X=109.44), quem demonstra mais Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais. Assim, tendo por base os resultados da análise de regressão, somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (prática de religião) escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (fatores/dimensões do autoconceito) predizem significativamente a Sensibilidade em relação ao Sofrimento dos Animais. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 226 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu DIMENSÃO – Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente Neste modelo de regressão (cf. quadro 38), aparece como primeiro preditor da Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente o Fator 3 - Preocupação Ambiental da EDEEA, que explica 6.40% (p=.000) da variância; em segundo lugar, o Fator 1 Sustentabilidade Ambiental - da mesma Escala, que acrescenta 5.0% (p=.000) à variância explicada; surge de seguida o Fator 3 - Estatuto Intelectual - da Escala de Autoconceito, a explicar 3.80% (p=.000) da variância total. Depois a dimensão Sexo que contribui com 2.20% (p=.000) e finalmente o Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da EDEEA, responsável por um aumento da variância explicada de 1.80% (p=.001). Com um valor explicativo de 19.20%, o modelo de regressão encontrado é um modelo bem aceite (F=23.435, p=.000). Concretamente, a leitura dos coeficientes padronizados eta, indica-nos que a dimensão Sexo varia na razão inversa da Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente. Todos os outros termos que entraram no modelo de regressão variam na razão direta. Quadro 38 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da preocupação geral com o ambiente Variável Dependente = Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente R Múltiplo =.438 R2 =.192 R2 Ajustado =.184 Erro Padrão da Estimativa = 3.613 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Incremento Independentes Passo R2 de R2 1 .064 .064 F3 EDEEA - Preocupação Ambiental 2 .114 .050 F1 EDEEA - Sustentabilidade Ambiental 3 .152 .038 F3 AC - Estatuto Intelectual 4 .174 .022 Sexo 6 .192 .018 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental Tolerância e Coeficientes Beta Variáveis Coeficiente Independentes Tolerância Padronizado .934 .236 F3 EDEEA - Preocupação Ambiental .674 .341 F1 EDEEA – Sustentabilidade Ambiental .900 .162 F3 AC - Estatuto Intelectual .975 -.144 Sexo .631 .165 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental Soma dos Média Efeito Quadrados G.L. Quadrática 1529.812 5 305.962 Regressão 6449.636 494 13.056 Residual 7979.448 499 Total 227 Universidad Pontificia de Salamanca F 33.973 27.984 22.567 13.275 10.543 p .000 .000 .000 .000 .001 t -5.637 -6.913 3.791 -3.521 3.247 p .000 .000 .000 .000 .001 F 23.435 p .000 Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Assim constatamos que, quanto à variável sexo e tendo por referência os valores da média (X=28.45), expressa no quadro 23, são as adolescentes que manifestam maior Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente. Em suma, tendo por base os resultados da análise de regressão, somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (sexo), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) predizem significativamente a Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente. DIMENSÃO – Concordância com Normas de Proteção Ambiental Os resultados da regressão múltipla levada a efeito (cf. quadro 39) evidenciam um modelo bem aceite de regressão (F=36.484, p=.000) no qual o primeiro termo a revelarse preditivo da dimensão Concordância com Normas de Proteção Ambiental foi o Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental, explicando 17.70% da variância total (p=.000). Em segundo e terceiro lugar aparecem dois fatores igualmente da Escala de Autoconceito, respetivamente o Fator 3 Estatuto Intelectual a explicar mais 2.30% (p=.000) e o Fator 2 - Ansiedade, com uma contribuição de mais 1.80% (p=.001). Finalmente entrou a dimensão Prática de Religião que contribuiu com mais 1.0% para a explicação da variância (p=.012). Estas quatro variáveis, no seu conjunto, explicam um total de 22.80% da variância da dimensão - Concordância com Normas de Proteção Ambiental. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 228 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 39 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) na predição da concordância com normas de proteção ambiental Variável Dependente = Concordância com Normas de Proteção Ambiental R Múltiplo =.477 R2 =.228 R2 Ajustado =.221 Erro Padrão da Estimativa = 3.893 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Incremento Independentes Passo R2 de R2 1 .177 .177 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental 2 .200 .023 F3 AC - Estatuto Intelectual 3 .218 .018 F2 AC – Ansiedade 4 .228 .010 Prática de Religião Tolerância e Coeficientes Beta Variáveis Coeficiente Independentes Tolerância Padronizado .900 .356 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental .852 .196 F3 AC - Estatuto Intelectual .920 -.136 F2 AC – Ansiedade .972 -.101 Prática de Religião Soma dos Média Efeito Quadrados G.L. Quadrática 2211.308 4 552.827 Regressão 7500.580 495 15.153 Residual 9711.888 499 Total N = 500 F 106.821 14.284 11.503 6.365 p .000 .000 .001 .012 T 8.557 4.581 -3.302 -2.523 p .000 .000 .001 .012 F 36.484 p .000 Será interessante referir que a contribuição da Ansiedade (F2 AC), é de sentido inverso, o que permite inferir que quanto menor a Ansiedade maior será a Concordância com Normas de Proteção Ambiental. Quanto à variável Prática de Religião, tendo por referência o quadro 27, quem pratica uma religião (X=109.44), manifesta maior Concordância com Normas de Proteção Ambiental. Em súmula, tendo por base os resultados da análise de regressão, somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (fatores/dimensões autoconceito) predizem significativamente a Concordância com Normas de Proteção Ambiental. 229 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 4.2. Estudo dos Efeitos de Interação 4.2.1 Predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pelas variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores / dimensões da edeea), psicológicas (autoconceito) e interacção entre elas. Com os estudos anteriores verificamos que a predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pelas variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito), evidenciam que existem associações muito significativas (p<.001) entre estas variáveis e as respetivas atitudes dos jovens face ao ambiente. Contudo face à magnitude destes resultados questionamo-nos se estes “efeitos principais” continuariam a ser pertinentes comparativamente aos “efeitos de interação” que as variáveis supracitadas pudessem estabelecer entre si, funcionando algumas como moderadoras das outras. Torna-se pertinente o estudo dos efeitos de interação, uma vez que as atitudes apresentam uma estrutura de grande complexidade, constituída por diversos componentes cuja inter-relação está fortemente associadas com os valores culturais (Lebres, 2010). Também Cavazza, (2005) refere que atitude é uma disposição, adquirida através da experiência, que exerce uma influência direta sobre as respostas do indivíduo a situações com os quais se relaciona. Assim todas as experienciais vivenciadas pelos jovens adolescentes, quer ao nível familiar quer ao nível escolar, influenciam e interagem no seu autoconceito e consequentemente nas suas atitudes face ao ambiente. Neste sentido, para compreendermos se existem interações significativas entre as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), psicológicas (autoconceito), de contexto familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente realizamos uma vez mais, Análises Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 230 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu de Regressão Múltipla Passo a Passo. Pretendíamos, assim, encontrar suporte para a quinta hipótese em estudo “As variáveis de interacção resultantes da associação multivariada entre as variáveris de contexto sociodemográfico (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológico (autoconceito) predizem, só por si, as atitudes dos jovens face ao ambiente”, bem como para todas as hipóteses específicas delas resultantes. Para efetuarmos o estudo pretendido, consideramos, de forma independente, a nota global e cada uma das dimensões da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente – como variáveis dependentes. As variáveis independentes e todos os fatores dos instrumentos que avaliam as variáveis escolares e psicologias em estudo, bem como as variáveis de interação, resultantes da interação de cada um dos fatores dos instrumentos que avaliam as variáveis psicológicas com cada um dos fatores do instrumento que avalia as variáveis escolares; como variáveis independentes. De salientar que, os valores totais das escalas alusivas às variáveis psicológicas e escolares não foram introduzidos nas análises de regressão dada a sua alta correlação, com os respetivos fatores, desaconselhar a sua utilização devido ao efeito de multicolineariedade. Relação entre Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global) e as Variáveis Sociodemográficas (sexo, prática de religião), Familiares (funcionalidade familiar), Escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e Psicológicas (autoconceito) e Interação entre elas. Com o objetivo de determinar quais as variáveis de interação que conseguiam predizer as atitudes dos jovens face ao ambiente, realizamos, primeiramente uma análise de regressão linear múltipla, em que incluímos as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e as variáveis de interação entre elas, como 231 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu variáveis independentes, e como variável dependente a nota global da Escala da Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Pela observação do quadro 40, consideramos que as seis variáveis aceites pelo modelo são preditoras das atitudes dos jovens face ao ambiente, explicando 25.90% da sua variância. A primeira variável de predição a entrar no modelo foi a variável de interação F2 Responsabilidade Ambiental-da EDEEA * F1 - Aspeto Comportamental da Escala do Autoconceito com um coeficiente de determinação (R2) de.199 valor que corresponde a 19.90% da variância explicada das atitudes dos jovens face ao ambiente. Quadro 40 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (nota global) Variável Dependente = Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente R Múltiplo = .531 R2 = .259 R2 Ajustado = .271 Erro Padrão da Estimativa = 12.547 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Independentes F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental F1AC–Aspeto * Comportamental Sexo * Religião F4 AC – Popularidade F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental F1 EDEEA – Sustentabilidade Ambiental * F6 AC-Satisfação Felicidade F3 AC – Estatuto Intelectual Tolerância e Coeficientes eta Variáveis Independentes F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental *F1 AC–Aspeto Comportamental Incremento 1 .199 de R2 .199 123.465 F p .000 2 3 4 5 6 .227 .239 .245 .252 .259 .028 .012 .006 .007 .007 17.936 7.860 4.343 4.578 4.971 .000 .005 .038 .033 .026 Passo R2 Tolerância .360 Coeficiente Padronizad o t p .192 3.008 .003 4.303 2.518 4.477 2.273 4.322 .000 F 31.934 p .000 Sexo * Religião .953 -.168 F4 AC – Popularidade .779 -.109 F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental F1 EDEEA – Sustentabilidade Ambiental * F6 AC-Satisfação Felicidade .395 .698 .272 -.104 F3 AC – Estatuto Intelectual .648 .205 Efeito Regressão Residual Total Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca Análise da Variância Soma dos Quadrados 30165.73 77617.73 107783.5 232 G.L. 6 493 499 Média Quadrática 5027.622 157.440 .012 .000 .023 .000 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu O último termo que ainda contribuiu com um valor de p significativo para a equação de regressão, foi a variável de interação F3 – Estatuto Intelectual da Escala do Autoconceito (p=.026). A análise comparativa dos coeficientes eta sugere-nos que a interação F2 Responsabilidade Ambiental * F1 - Aspeto Comportamental tem maior peso preditivo na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente (eta=.192) variando na razão direta e sendo significativo (p=003). Constatamos assim que quanto melhor for o comportamento dos adolescentes mais responsáveis serão as suas atitudes face ao ambiente. Concluímos ainda que, quanto maior for o valor do Fator 2 – Responsabilidade Ambiental da EDEEA e do Fator 3 – Estatuto Intelectual da Escala do AC mais positivas serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. Continuando a analisar os coeficientes eta dos restantes termos de predição aceites pelo modelo concluímos que: - quanto menor o efeito de interação Sexo * Religião, melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente; - quanto menor o valor do Fator 4 – Popularidade da Escala do AC melhores serão as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente; - quanto menor o efeito de interação do Fator1-Sustentabilidade Ambiental da EDEEA * Fator 6 - Satisfação Felicidade da escala do AC melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. Face à evidência dos resultados apresentados somos a aceitar a hipótese 5 de que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas predizem, só por si, as atitudes dos jovens face ao ambiente. 233 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Relação entre as dimensões da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente e as Variáveis Sociodemográficas (sexo, prática de religião), Familiares (funcionalidade familiar), Escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e Psicológicas (autoconceito) e Interação entre elas Numa segunda fase, fomos testar que variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e as interações em estudo conseguiam predizer cada um dos fatores / dimensões da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente, sendo estas últimas as nossas variáveis dependentes. DIMENSÃO – Disposição para Ações de Proteção Ambiental Os resultados de regressão múltipla realizada (cf. quadro 41) evidenciam um modelo bem aceite de regressão (F=30.194, p=.000), no qual foram considerados 5 termos de predição, que explicam 23.40% da variância da disposição para ações de proteção ambiental. O primeiro termo de predição a entrar no modelo foi o Fator 2 – Responsabilidade Ambiental da EDEEA que explica só por si 17.0 % (p=.000) da variância da Disposição para Ações de Proteção Ambiental. Comparando os coeficientes eta, constatamos que, o Fator 2 – Responsabilidade Ambiental da EDEEA se apresenta como o melhor preditor da disposição para ações de proteção ambiental (eta=.319), variando na razão direta e muitíssimo significativo (p=.000). Observando os restantes coeficientes eta constatamos que : - quanto maior o efeito de interação do Fator1–Sustentabilidade Ambiental da EDEEA * Fator 1– Aspeto Comportamental da Escala do Auto Conceito, melhor será a disposição para ações de proteção ambiental manifestada pelos adolescentes; Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 234 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu - quanto maior o efeito de interação da Religião * Fator 4 - Popularidade da Escala de AC menor será a disposição para ações de proteção ambiental; Quadro 41 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição das ações de proteção ambiental. Variável Dependente = Disposição para Ações de Proteção Ambiental R Múltiplo = .484 R2 = .234 R2 Ajustado = .226 Erro Padrão da Estimativa = 6.118 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Independentes Passo F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental F1 EDEEA–Sustentabilidade Ambiental * F1AC - Aspeto 1 2 R2 .170 .191 Comportamental 3 .207 Religião * F4 AC – Popularidade 4 .226 F3 EDEEA - Preocupação Ambiental * F3 AC – Estatuto Intelectual 5 .234 F3 AC – Estatuto Intelectual * F4 AC – Popularidade Tolerância e Coeficientes eta Variáveis Tolerância Independentes .700 F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental .677 F1 EDEEA–Sustentabilidade Ambiental * F1AC–Aspeto Comportamental Religião * F4 AC – Popularidade F3 EDEEA - Preocupação Ambiental * F3 AC – Estatuto Intelectual F3 AC – Estatuto Intelectual * F4 AC – Popularidade Análise da Variância Soma dos Efeito Quadrados 5649.935 Regressão 18487.69 Residual 24137.62 Total .775 .480 .406 G.L. 5 494 499 Incremento de R2 .170 .021 F 101.728 13.167 p .000 .000 .016 .019 .008 10.206 12.117 5.011 .001 .001 .026 .319 .169 t 6.778 3.542 p .000 .000 -.104 .230 -.138 -2.324 4.046 -2.238 .021 .000 .026 F 30.194 p .000 Coeficiente Padronizado Média Quadrática 1129.987 37.424 - quanto maior o efeito de interação Fator 3 – Preocupação Ambiental da Escala do Desempenho da Escola na EA * Fator 3 – Estatuto Intelectual da Escala do AC maior será a disposição dos adolescentes para desenvolverem ações de proteção ambiental. - quanto maior o efeito de interação do Fator 3 – estatuto Intelectual da Escala do AC * Fator 4 – Popularidade menor será a disposição dos adolescentes para desenvolverem ações de proteção ambiental. Em suma face aos resultados apresentados, somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), 235 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas, predizem, só por si, a disposição para ações de proteção ambiental. DIMENSÃO – Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais Com a Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais como variável dependente, verificamos que os quatro termos de predição aceites pelo modelo de regressão, asseguram um coeficiente de determinação (R2) de.186, ou seja, explicam 18.60% da variância desta variável. O primeiro termo de predição a entrar no modelo refere-se à variável de interação Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da EDEEA * Fator1 - Aspeto Comportamental da Escala do Autoconceito, que explica, só por si, 14.1% (p=.000) a maior percentagem de variância da variável dependente em análise. Pela leitura dos coeficientes eta, constatamos que é esta variável de interação que apresenta maior peso preditivo (eta= .246) variando na razão direta da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais, sendo bastante significativo. Esta constatação sugere-nos que quanto maior for o valor da interação Fator2 - Responsabilidade Ambiental da EDEEA * Fator1 – Aspeto Comportamental da Escala do Autoconceito maior será a sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. A análise comparativa dos coeficientes para os restantes termos de predição indica-nos que: - quanto maior for o efeito de interação entre a Religião * Fator3 -Preocupação Ambiental da EDEEA menor será a sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais expressa pelos adolescentes; Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 236 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 42 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais Variável Dependente = Sensibilidade em Relação ao Sofrimento dos Animais R Múltiplo = .431 R2 = .186 R2 Ajustado = .179 Erro Padrão da Estimativa = 3.242 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Independentes Comportamental Religião * F3 EDEEA - Preocupação Ambiental F2 AC – Ansiedade F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental * F3 AC - Estatuto Incremento 1 .141 de R2 .141 2 3 4 .165 .175 .186 .024 .010 .011 Passo R F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental * F1 AC - Aspeto N = 500 2 81.734 F p .000 14.322 5.844 6.795 .000 .016 .009 .246 t 4.181 p .000 -.149 -.117 .153 -3.527 -2.807 2.607 .000 .005 .009 F 28.267 p .000 Intelectual Tolerância e Coeficientes eta Variáveis Tolerância Independentes .475 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental * F1 AC – Aspeto Comportamental Religião * F3 EDEEA - Preocupação Ambiental F2 AC – Ansiedade F2 EDEEA – Responsabilidade Ambiental * F3 AC – Estatuto .917 .940 .475 Coeficiente Padronizado Intelectual Efeito Regressão Residual Total Análise da Variância Soma dos Quadrados 5649.935 18487.69 24137.62 G.L. 4 495 499 Média Quadrática 297.044 10.509 - quanto maior o score do Fator 2 da Escala do Autoconceito, que se traduz por um maior índice de ansiedade, menor será a sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais; - quanto maior for o efeito de interação entre o Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da EDEEA * Fator3 - Estatuto Intelectual da Escala do Autoconceito, melhor será a sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. Estes resultados conduzem à aceitação parcial da hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores /dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas predizem, só por si, a sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais. 237 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu DIMENSÃO – Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente Pela análise dos resultados presentes no quadro 43, verificamos que o primeiro termo de predição a entrar no modelo refere-se à variável de interação Sexo * Fator3 – Preocupação Ambiental da EDEEA, com um coeficiente de determinação de .074 valor que corresponde a 7,40% (p=.000) da variância explicada da preocupação com os problemas gerais do ambiente. Destaca-se que, os quatro termos de predição, aceites pelo modelo explicam no seu conjunto 19.0% da variância da variável dependente em estudo. É de salientar também que a análise comparativa dos coeficientes eta nos permite concluir que apenas a interação entre o Fator 2 - Responsabilidade ambiental da EDEEA * Fator3 - Estatuto Intelectual da Escala do Autoconceito, varia na razão direta, pelo que, quanto maior for este valor maior será a preocupação dos jovens com os problemas gerais do ambiente. Quadro 43 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da preocupação com os problemas gerais do ambiente Variável Dependente = Preocupação com os Problemas Gerais do Ambiente R Múltiplo = .436 R2 = .190 R2 Ajustado = .184 Erro Padrão da Estimativa = 3.613 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Independentes Passo Sexo * F3 EDEEA - Preocupação Ambiental F1 EDEEA - Sustentabilidade Ambiental F2 EDEEA-Responsabilidade Ambiental * F3 AC - Estatuto Intelectual Religião * F6 AC-Satisfação Felicidade 4 Tolerância e Coeficientes eta Variáveis Independentes Sexo * F3 EDEEA - Preocupação Ambiental F1 EDEEA - Sustentabilidade Ambiental F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental * F3 AC - Estatuto Intelectual Religião * F6 AC-Satisfação Felicidade Efeito Regressão Residual Total Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 1 2 3 Análise da Variância Soma dos Quadrados 5649.935 18487.69 24137.62 238 R2 .074 .127 .182 .190 Incremento de R2 .074 .053 .055 F 39.732 30.358 33.600 p .000 .000 .000 .008 4.620 .032 Tolerância Coeficiente Padronizado .943 .884 .869 -.276 -.310 .261 t -6.625 -7.212 6.011 p .000 .000 .000 .989 -.087 -2.149 .032 F 29.053 p .000 G.L. 4 495 499 Média Quadrática 379.290 13.055 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Podemos ainda acrescentar que todos os outros termos de predição que entraram no modelo variam na razão inversa. Assim, constatamos que quanto maior o efeito de interação da variável sexo * Fator3 - Preocupação Ambiental da EDEEA, e da Religião * Fator 6 - Satisfação Felicidade da Escala do AC, bem como o valor da variável Fator 1 - Sustentabilidade Ambiental da EDEEA, menor será a preocupação com os problemas gerais do ambiente. Face ao referido somos a aceitar a hipótese específica de que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas, predizem, só por si a preocupação com os problemas gerais do ambiente. DIMENSÃO – Concordância com Normas de Proteção Ambiental Os valores expostos no quadro 44, levam-nos a considerar que na regressão múltipla final, os cinco termos de predição aceites explicam 25.0% da variância da Concordância com Normas de Proteção Ambiental. O primeiro termo aceite foi o Fator 2 - Responsabilidade Ambiental da EDEEA, com um coeficiente de determinação de .177, que corresponde a 17.70% da variância explicada pelo modelo. Pela análise dos coeficientes eta, constatamos que a variável supracitada se apresenta como melhor preditora da concordância com normas de proteção ambiental (eta=.656) variando na razão direta, sendo a diferença altamente significativa (p=.000), o que significa que quanto maior o valor do Fator 2 - Responsabilidade Ambiental maior será a concordância com a implementação de normas de proteção ambiental. 239 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Quadro 44 – Análise de Regressão Múltipla Passo a Passo: as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) e sua interação na predição da concordância com normas de proteção ambiental. Variável Dependente = Concordância com Normas de Proteção Ambiental R Múltiplo = .500 R2 = .250 R2 Ajustado = .243 Erro Padrão da Estimativa = 3.839 N = 500 Sumário da Análise de Regressão Passo a Passo Variáveis Independentes Passo R2 Increment o de R2 .177 .023 .025 .012 F p 106.821 .000 1 .177 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental 2 .200 14.284 .000 F2 AC – Ansiedade 3 .225 15.869 .000 Religião * F2 AC – Ansiedade 4 7.897 .005 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental * F5 AC - Aparência .237 Física 5 .250 .013 9.075 .003 F5 AC – Aparência Física Tolerância e Coeficientes eta Coeficiente Variáveis Tolerância Padronizado Independentes t p .172 .656 6.985 .000 F2 EDEEA–Responsabilidade Ambiental .785 .223 5.082 .000 F2 AC – Ansiedade .926 -.154 -3.802 .000 Religião * F2 AC – Ansiedade .040 -.707 -3.606 .000 F2 EDEEA - Responsabilidade Ambiental * F5 AC - Aparência Física .049 .530 3.013 .003 F5 AC – Aparência Física Análise da Variância Média Soma dos Quadrática Efeito Quadrados G.L. F p 5649.935 5 486.336 33.000 .000 Regressão 18487.69 494 14.737 Residual 24137.62 499 Total Relativamente aos outros termos de predição verificamos que dois deles variam na razão inversa o que significa que: quanto maior o efeito de interação entre a Religião * Fator 2 - Ansiedade da Escala do Autoconceito e entre a interação Fator 2 Responsabilidade Ambiental da EDEEA * Fator 5 - Aparência Física da Escala do AC menor será a concordância com as normas de proteção ambiental. Saliente-se ainda que as variáveis, Fator 2 - Ansiedade da Escala do AC e Fator 5 - Aparência Física da mesma Escala, isoladamente, variam na razão direta da variável dependente em análise, pelo que constatamos que quanto maior o valor destas variáveis maior será a concordância com normas de proteção ambiental. Em suma, face ao exposto somos a aceitar parcialmente a hipótese específica de que as variáveis (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 240 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu escolares (fatores/dimensões da EDEEA), psicológicas (autoconceito) e interação entre elas, predizem, só por si a concordância com normas de proteção ambiental. 241 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 242 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu CAPÍTULO IX DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 1. INTRODUÇÃO 2. OS OBJETIVOS DO ESTUDO 3. A METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO 3.1. Considerações Sobre as Limitações do Estudo 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Caraterização das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente 4.2. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis Sociodemográficas 4.3. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Familiar 4.4. Atitudes dos Jovens face aos Resíduos Sólidos e face á Água 4.5. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Escolar 4.6 Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variável Psicológica 4.7. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e a Interação entre Variáveis 5. IMPLICAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO 5.1. Observações Pessoais 5.2. Recomendações a Seguir 6. CONCLUSÕES 7. RECOMENDAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO 243 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 244 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu 1. INTRODUÇÃO A discussão dos resultados sendo uma das fases mais importantes de um estudo científico, potencia a refleção, interpretação e extrapolação de resultados subjacentes à investigação realizada, centrando-se nos dados mais significativos e confrontando-os com a bibliografia revista. Neste sentido, discutir-se-ão neste capítulo os conceitos centrais do presente estudo, assim como as hipóteses inerentes aos objetivos anteriormente enunciados. Considerar-se-á igualmente a metodologia utilizada, os objetivos e limitações do estudo, bem como as implicações teórico-práticas que os resultados obtidos poderão ter na promoção de atitudes ambientalmente sustentáveis. 2. OS OBJETIVOS DO ESTUDO A educação ambiental no mundo contemporâneo está relacionada com questões gerais sobre o ambiente, que têm feito parte das preocupações dos mais variados setores da sociedade. Apesar das diferentes abordagens com que têm sido tratadas estas questões, nomeadamente em diversas conferências internacionais, todas as discussões apontam para a necessidade urgente da mudança de atitudes face ao ambiente e de políticas públicas de educação ambiental. Neste pressuposto, a educação ambiental deve organizar-se como educação formal e não formal, desenvolvendo-se como um processo contínuo e permanente, dirigido prioritariamente às crianças e aos jovens, pautado por uma metodologia de intervenção interdisciplinar. Note-se que durante as últimas décadas, os estudos têm evidenciando a existência de uma relação direta entre o conhecimento sobre a problemática ambiental e as atitudes/comportamentos ambientalmente responsáveis (Almeida, 2007; Carrapeto, 1999; Jaén & Barbudo, 2010; Ruy, 2004; Schmidt, Nave & Guerra, 2010). É com base neste pressuposto que se decidiu levar a efeito o presente trabalho de investigação, com o objetivo central de se conhecerem as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente e, quiçá, potenciar 245 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu através deste conhecimento uma intervenção ao nível institucional escolar. De acordo com a bibliografia revista, sabemos que as atitudes são “atributos psicológicos do indivíduo que determinam a sua tendência para agir de determinado modo, em determinada situação” (Moore, 1995, citado por Silva & Gabriel, 2007), ou seja, associam-se as atitudes a uma predisposição para a ação. Por outro lado, persiste a ideia de que acedendo às atitudes, é possível estimar e influenciar, comportamentos sob a forma de convicções ou crenças. Assim, o estudo das Atitudes Ambientais pode contribuir para revelar a dimensão social das afirmações ambientais dos jovens. Importa compreender os fatores que lhe estão relacionados, o que só é possível tendo em conta a interação complexa de variáveis biológicas, psicológicas e socioculturais. Desta forma, promovendo a aquisição de conhecimentos capazes de influenciar as suas convicções, podemos levá-los a tomar determinadas comportamentos e a adquirirem hábitos ambientalmente sustentáveis. Tal como referem Morissette & Gingras (1994. p.66) “(...) se alguém experimenta, habitualmente, uma reação ou uma resposta emotiva moderada, agradável ou desagradável, sempre que está perante um objeto, é provável que tenha adquirido ou adquira, igualmente, um conjunto de conhecimentos ou de convicções e um conjunto de comportamentos ou de hábitos em relação a esse objeto”. Tendo em conta a análise sumativa supracitada procurámos conceber um estudo que possibilitasse analisar em conjunto a contribuição de diferentes variáveis, especificamente variáveis de contexto escolar, familiar e psicológico, que pensamos predizerem significativamente as atitudes face ao ambiente, pelo que um outro importante objetivo que lhe esteve subjacente centrou-se precisamente no conhecimento destas mesmas associações entre estas variáveis. Pretendemos assim, contribuir para a compreensão dos múltiplos fatores que podem influenciar as atitudes dos adolescentes Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 246 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu face ao ambiente, tendo em conta que estas são formadas, alteradas e representadas na memória, podendo ser transformadas em cognições, motivações e ações. 3. A METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO O caminho para a sustentabilidade é uma preocupação crescente para a sociedade contemporânea. Segundo vários estudos, tal caminho pode ser feio a partir da mudança de atitudes (Jaén & Barbudo, 2010; Lima & Guerra, 2004; Silva & Gabriel, 2007). Com o propósito de contribuirmos para esta mudança de atitudes foi também nossa preocupação, ao longo desta investigação, manter uma conduta de precisão e rigor científico. Neste sentido, gostaríamos de salientar determinadas considerações relevantes no processo de recolha de dados e avaliação das variáveis: A recolha de dados é um aspeto muito importante para a fiabilidade dos resultados. Tendo em conta este facto, foi efetuada na sua totalidade pela autora do presente estudo e por uma professora da área de estudos de biologia, a qual, numa perspetiva de se uniformizarem procedimentos, recebeu previamente indicações muito precisas acerca do processo de colheita de dados; Para a mensuração das variáveis em estudo, utilizamos instrumentos com apreciável fiabilidade, construídos e/ou aferidos e adaptados para a população portuguesa, por autores de reconhecido mérito científico; Através da observação psicométrica dos instrumentos de avaliação utilizados, constatamos que as médias das pontuações obtidas, pela população em estudo, são comparáveis às médias das pontuações obtidas na população utilizada no estudo que serviu de base à sua construção ou aferição, sugerindo assim que a avaliação das variáveis da amostra em estudo é válida. Relativamente ao instrumento construído e adaptado, pela autora da presente investigação, houve o cuidado de se dar cumprimento a todas as regras 247 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu metodológicas inerentes à construção de um instrumento de medida, bem como, à seleção rigorosa de inclusão e exclusão dos itens. Destacamos ainda a preocupação, tida em conta, com o rigor do tratamento estatístico dos resultados. Procuramos que a análise dos dados fosse sequencial, avaliando numa primeira fase os efeitos principais, através de métodos estatísticos univariados, e posteriormente confirmar os resultados e conhecer os efeitos das variáveis no seu conjunto, através dos efeitos de interação, utilizando procedimentos multivariados. Tal como defende Rutter (1987, cit. in Albuquerque, 2004), tentamos também, reduzir ao mínimo o grau de abstração entre a realidade empírica dos dados, os modelos teóricos e estatísticos e a posterior interpretação dos resultados. No entanto, e apesar do esforço integrador e dos cuidados preconizados sobeja-se na perceção expressa nas palavras de Belsky e Isabella (1988, cit. in Canavarro, 1997, p.341) que “a nossa capacidade de pensar sobre sistemas complexos ultrapassa a nossa possibilidade de testar empiricamente essas relações complexas”. 3.1. Considerações Sobre as Limitações do Estudo Para compreendermos as atitudes dos jovens face ao ambiente, partimos de modelos multifatoriais, centrando o nosso trabalho no contributo de algumas dimensões psicológicas e de contexto familiar/ escolar. Sabemos, no entanto, que não foram estudados todos os fatores fundamentais para a compreensão das atitudes dos jovens face ao ambiente. De acordo com a cuidada revisão bibliográfica efetuada, estamos conscientes que outros fatores poderiam ter sido estudados, concretamente de ordem social, cultural, cognitivo (valores intrínsecos e de conhecimento) e também os diferentes estádios do ciclo da vida, pois no presente estudo privilegiamos apenas a adolescência. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 248 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Gostaríamos de ter estudado outras variáveis, nomeadamente de contexto pessoal (personalidade, motivação, padrões culturais) e de ter estendido a nossa investigação a uma vasta área geográfica, isto é, um maior número de estabelecimentos de ensino, optando por métodos complementares qualitativos (triangulação de dados), entrevistando, por exemplo, alguns docentes e alunos a fim de obter outra especificidade de resultados que a investigação de natureza quantitativa não possibilita. Apreciaríamos ainda, ter analisado os currículos escolares para de alguma forma podermos identificar lacunas nos mesmos e assim reunirmos um conjunto de informações que nos possibilitassem, de uma forma mais sólida e formal, sugerir modificações, inclusão de novos domínios de análise, quiçá com recurso a metodologias mais atrativas, que potenciassem nos jovens conhecimentos, capacidades, motivações e sentido de compromisso que lhes permitam desenvolver atitudes sustentáveis, na resolução de problemas ambientais. Tendo consciência que são inúmeros os fatores que influenciam as atitudes dos jovens face ao ambiente, consideramos que teria interesse a opção por uma investigação longitudinal, que complementasse o nosso estudo, bem como uma extensão da pesquisa a nível nacional. No entanto, deparamo-nos com limitações de tempo e de recursos, para levar a efeito estes e outros fatores. Por outro lado, há ainda a considerar as limitações que encontramos quando trabalhamos com o público em geral e neste em particular com estudantes, já que os resultados, dependem da honestidade e sinceridade do respondente, isto é, as suas respostas são habitualmente mais dirigidas a condutas desejáveis e não às que na realidade ocorrem. 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta fase serão apresentadas e discutidas as relações evidenciadas pelos resultados do presente estudo. No decurso da discussão dos resultados iremos 249 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu confrontá-los com a pesquisa bibliográfica, com as hipóteses e com resultados de outras investigações, a que tivemos acesso e que consideramos pertinentes. Desta forma, será estabelecida, no contexto das atitudes dos jovens face ao ambiente (variável dependente), uma conexão lógica com o estado atual do conhecimento empírico. 4.1. Caraterização das Atitudes dos Jovens face ao Ambiente Da análise global dos resultados obtidos verificamos que as respostas dos alunos parecem tender para uma visão ecológica do mundo, apresentando baixos níveis de concordância com os valores anti ecológicos ou antropocêntricos. Estes resultados vão ao encontro das conceções Ecocêntricas/ Biocentricas isto é, o homem faz parte da natureza como qualquer outra espécie e por isso deve comportar-se harmoniosamente e em equilíbrio com ela. É de salientar o iten 18 “Fico triste quando vejo animais mortos na estrada”, com maior percentagem de respostas acumuladas na opção concordo totalmente. Este resultado evidencia uma grande sensibilidade relativamente à vida animal, no entanto, pouco diz acerca do que os alunos estariam dispostos a fazer para preservar essa vida, pelo que não se pode afirmar que esta atitude se enquadra numa visão Ecocêntrica /Biocêntrica. Destacam-se os itens número 5 - “Quando encontramos lagartas minhocas e outros bichos parecidos, podemos matá-los porque não fazem falta nenhuma” e número 15 “O desaparecimento das espécies animais e vegetais não é um problema grave porque a maior parte delas não tem qualquer utilidade” onde se verifica que a maior percentagem de respostas incide na opção concordo totalmente o que reflete uma contradição perante as respostas atribuídas aos outros itens, mencionadas anteriormente. Este facto pode dever-se à falta de informação e conhecimento que os jovens possuem sobre as diferentes funções dos diversos seres vivos no ecossistema Terra. DemonstraElsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 250 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu se assim, uma falta de conhecimento no que diz respeito à integração de cada nicho, de cada comunidade num sistema que é uno, e continuamente influenciado por todas as partes. Analisando os resultados por fatores verifica-se que é o fator 1 “disposição para ações de proteção ambiental” o que reúne maior número de respostas favoráveis ao ambiente, apresentando uma média total maior ( x = 40.23). Assim, podemos considerar que os jovens se mostram particularmente sensíveis com a degradação dos ecossistemas em consequência da ação do homem, estando bem presente a ideia do planeta finito. Estes resultados evidenciam que os jovens adolescentes estão dispostos a mudar o estilo de vida para proteger o meio ambiente, mesmo que isso requeira algum custo pessoal ou lhes seja de alguma forma inconveniente. No entanto, alguns estudos advertem que este compromisso, aparentemente forte, pode não se traduzir em ações efetivas para preservação dos ecossistemas (Almeida, 2007), tal como se tem constatado, muito se fala em crise ambiental mas pouco se faz para a resolver ou evitar. Perante esta constatação estamos conscientes da necessidade de promover uma vertente prática da educação ambiental ao nível institucional escolar, no sentido de motivar os jovens adolescentes para a dinamização de ações ambientais na comunidade. 4.2. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis Sociodemográficas O estudo das variáveis sociodemográficas torna-se muito pertinente na influência das atitudes dos jovens face ao ambiente, atendendo aos contextos de vida, específicos de cada adolescente e que afetam os comportamentos e os hábitos individuais face às variáveis do meio (Jaén & Barbudo, 2010; Lima, 2002; Martins,1996). Assim, no nosso estudo, admitiu-se que as atitudes dos jovens face ao ambiente poderiam ser influenciadas pelas seguintes variáveis sociodemográficas - idade, sexo, local de residência, escolaridade, classe sócio económica, prática e crença religiosa. 251 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Os resultados, da nossa amostra, sobre estes indicadores demográficos mostraram que o sexo, a prática e crença religiosa dos adolescentes têm uma influência significativa nas atitudes dos mesmos face ao ambiente. No que respeita à idade, local de residência, escolaridade e classe sócio económica não verificamos significância estatística nas atitudes dos jovens adolescentes da nossa amostra. Relativamente à análise da influência do sexo constatamos, que na generalidade, são os sujeitos do género feminino que apresentam atitudes mais favoráveis face ao ambiente. A bibliografia consultada confirma também esta tendência, em que as mulheres se mostram mais sensibilizadas com os problemas ambientais (Martins, 1996; Queirós, 2010; Santos, 2010). Porém, alguns autores mencionam resultados que mostram o sexo feminino menos detentor de conhecimentos sobre a mesma temática (Gifford et al, 1982, cit.in Martins, 1996). Contudo, a maioria, dos resultados apontam no sentido dos elementos do sexo feminino apresentarem atitudes mais favoráveis face ao ambiente, o que pode justificar-se com aspetos da personalidade feminina, as raparigas tendem a favorecer mais os aspetos afetivos, apresentam maior facilidade para expressar sentimentos como compaixão e preocupação. Vejamos nas suas relações entre pares, as raparigas escolhem as suas amigas pela afetividade, além disso, o culto da maternidade é uma componente importante na educação das jovens, que pode influenciar a sua sensibilidade perante o sofrimento dos seres indefesos, bem como a proteção da vida e da natureza. Foi com estas diretrizes que surgiu a abordagem ecofeminista na década de 70 do passado século. Esta abordagem transmite a ideia de que há uma afinidade especial entre as mulheres e a natureza, nascida de uma relação quer pacífica, quer espiritual. Tal relação poderá derivar das suas caraterísticas biológicas, que lhes facultam um conhecimento especial sobre a natureza e inerente propensão e voluntarismo para proteger o ambiente (Queirós, 2010). Essa visão acentua Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 252 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu o potencial papel das mulheres como protetoras e gestoras dos recursos naturais, o que tem levado à defesa da inclusão da mulher nos programas de políticas e estratégias ambientais. As tendências mais recentes sustentam que a relação das mulheres com a natureza não está associada a caraterísticas inerentes ao sexo feminino, mas é sim resultante das suas responsabilidades na economia familiar, geradas, entre outros fatores, pela divisão social do trabalho, distribuição do poder e da propriedade. Estes resultados vão de encontro aos estudos levados a cabo por Martins (1996), Observa (2001), Queirós (2010) e Santos (2010) que apontam o facto dos elementos do sexo feminino apresentarem atitudes mais favoráveis face ao ambiente. Pelo contrário os rapazes, dadas as caraterísticas da sua personalidade (rudes, insensíveis, com menos maturidade), nesta fase da adolescência valorizam mais a participação, o que implica maior conhecimento para a ação. Relativamente às caraterísticas do posicionamento religioso, 384 adolescentes dizem praticar uma religião, sendo o cristianismo praticado por 372. Neste parâmetro constatamos que os jovens praticantes de uma religião apresentam valores mais favoráveis nas suas atitudes face ao ambiente. Denotamos que quanto maior o grau de crença religiosa dos jovens, maior é a participação em ações de proteção ambiental e mais sensíveis são em relação ao sofrimento dos animais. A religião tem sido uma das grandes forças, na história do mundo, é indubitável que constitui por si só uma dimensão importante da vida humana, o que a torna um objeto legítimo para o estudo científico (Pargament & Mahoney, 2002). A investigação dos seus efeitos e da sua influência, no que concerne às atitudes dos jovens face ao ambiente, tem sido pouco investigada, porém, a Psicologia tem chamando a atenção para a relação entre as crenças religiosas e os estados emocionais de bem-estar psicológicos positivos, o que por sua vez conduz a uma melhoria de vários problemas cognitivos, sociais e 253 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu comportamentais (Joseph, Linley & Maltby, 2006). A religião está impregnada no modo de ser das pessoas, na vivência familiar, contribuindo para possíveis mudanças comportamentais, assim, o poder da religião na educação e nas atitudes dos indivíduos manifesta-se através da imposição de uma cultura sobre outra, sendo fundamental para o desenvolvimento humano, enquanto ser social e ambientalmente responsável. Em Portugal, país onde o catolicismo constitui a crença dominante, a influência da religião fica dependente da aceitabilidade das normas para as comunidades (Pacheco, 2003). Sendo que, atualmente, o catolicismo assenta em valores como a tolerância e a temperança das ações, concluímos que esta conduta acaba por minorar o possível efeito negativo de alguns princípios e atitudes por parte dos jovens (Vance, Brennan, Enah, Smith, & Kaur, 2011). Importa salientar que a variável idade, compreendida entre os 12 e 16 na nossa amostra, embora não se mostrando significativa, tal como ocorreu em estudos anteriores (Baldassare & Katz, 1992; Martins, 1996), o sentido da mesma é positivo, o que nos leva a afirmar que tendencialmente são os jovens mais idosos a apresentar maior preocupação ambiental e melhores atitudes face ao ambiente, uma vez que possuem mais conhecimento sobre o impacto da ação humana no ambiente. Como fator explicativo deste facto, Martins (1996) refere que os alunos mais velhos têm uma experiência de vida mais longa e já estão em contacto com a sociedade de consumo, que lhes lança inúmeros apelos através da publicidade, dos familiares, dos amigos, etc.. Fruto deste apelo ao consumismo e comodismo, os jovens passam a manifestar maior preocupação com os problemas ambientais. No que concerne ao local de residência, 287 adolescentes residem em meio urbano, sendo que a maioria pertence à classe socioeconómica III, comummente designada de classe média. Constatamos um efeito significativo, ao nível do Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 254 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu fator/dimensão, F3: preocupação com os problemas gerais do ambiente, apresentando, os adolescentes residentes na área urbana, melhores resultados. Tal indicia que manifestam maior preocupação com diversos problemas ambientais, nomeadamente, com o desaparecimento de espécies, minorias étnicas e também com a resolução desses problemas, quer pelos governos quer pelas organizações ambientalistas. Os resultados significativos obtidos neste parâmetro, poderão ser justificados, com o facto dos jovens, residentes em meio urbano estarem mais expostos à poluição e à escassez de espaços verdes ou com o facto de terem mais acesso à informação e sensibilização por parte dos entes mais próximos (pais). O nível de escolaridade não se mostrou significativo, tendo-se verificado o mesmo nos estudos de Gifford (1997), onde foi encontrado que a diferente frequência de anos de escolaridade, não influenciava significativamente as atitudes dos jovens face ao ambiente. No que diz respeito particularmente ao nosso estudo, os jovens inquiridos frequentavam o terceiro ciclo, sétimo, oitavo e nono anos de escolaridade, pelo que a frequência destes níveis de ensino ainda não lhes permite adquirir conhecimentos suficientes sobre o meio ambiente, para poderem manifestar grandes preocupações ambientais. Mais uma vez constatamos que a Educação Ambiental deve integrar os currículos escolares, durante toda a escolaridade, de forma intensiva, transdisciplinar e com vertente prática. 4.3. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Familiar Numa perspetiva de contextualização familiar, em função da funcionalidade da família de pertença, verificamos que a maioria dos adolescentes é oriunda de famílias altamente funcionais (n=353; 70.6%), sendo que apenas 25 jovens fazem parte de famílias disfuncionais, destes 15 são raparigas. Contudo, na análise dos resultados obtidos com vista ao estudo da predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pela 255 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu variável de funcionalidade familiar, observamos que o seu efeito apenas se faz sentir no Fator 1 – disposição para ações de proteção ambiental e nota global da escala, sendo que, a diferença significativa é entre o grupo de adolescentes pertencentes a famílias altamente funcionais e os pertencentes a famílias com disfunção acentuada e entre estas e as moderadamente funcionais. Estes resultados sugerem que quanto melhor for a funcionalidade da família melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. Contextualizando estes resultados, Campos (2004), relativamente à perceção dos jovens inseridos em famílias funcionais, refere que demonstram maior equilíbrio em termos emocionais. Assim, o suporte familiar quando considerado disponível e satisfatório, demonstra-se como um fator decisivo no comportamento do individuo, dado que o facto de se sentir amado, valorizado, compreendido, reconhecido, acolhido, protegido, cuidado e compartilhando de uma rede de recursos e informações, torna o indivíduo mais resistente para lidar com as adversidades do ambiente, aumentando a autoestima e o bem-estar psicológico. Resumindo, permite contribuir de forma significativa para a manutenção da integridade física e psicológica do indivíduo, o que lhe permite desenvolver atitudes cívicas e ambientalmente responsáveis. 4.4. Atitudes dos Jovens face aos Resíduos Sólidos e face á Água Apesar dos reconhecidos avanços a nível da gestão dos resíduos sólidos no distrito de Viseu os resultados deste estudo, leva-nos a afirmar que a população ainda enfrenta várias dificuldades neste domínio. As principais dificuldades referidas pelos jovens adolescentes constituintes da amostragem em análise, dizem respeito á escassez de ecopontos e á longa distância a que se encontram do local onde habitam. Admitem que a separação dos resíduos sólidos em casa é imprescindível para preservar o meio ambiente, 56.3% dos jovens inquiridos acreditam que, a maior aderência à reciclagem seria ditada pela maior abundância de ecopontos junto às residências. Outro fator Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 256 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu apontado como obstáculo e mencionado pelos jovens adolescentes, é a falta de informação mais detalhada sobre os produtos recicláveis. Considerando a maioria dos jovens, que uma maior aderência ao programa de reciclagem seria possível se houvesse mais informação, sensibilização e maior número de ecopontos nas populações. Analisando as respostas face à água, verificamos que a maioria dos jovens tem consciência que a água potável é um recurso que pode acabar no próximo século. Contudo, a maioria, revela uma visão muito positiva, ao acreditar que a ciência e a tecnologia conseguirão resolver todos os problemas referentes à escassez de água. Tais resultados revelam alguma falta de informação e ao mesmo tempo uma postura antropocêntrica, em que o Ser dotado de racionalidade, usufrui do recurso hídrico, sendo que pode resolver a sua escassez. Denota-se que a valorização da natureza prende-se maioritariamente ao seu ponto de vista instrumental (Beckert, 2004). Porém, consideramos que a poupança de água é um comportamento individual, constituindo uma ação que, exigindo pouca dificuldade para ser desempenhada, deveria estar associada à rotina diária. Como tal, acreditamos os jovens bem informados e sensibilizadas poderão adotar comportamentos de poupança e racionalização de água no seu quotidiano. Dada a fragilidade do equilíbrio ecológico e do impacto que as atividades humanas têm, é imperativo ponderar a interdependência que o homem tem com os recursos naturais, alguns dos quais vitais. 4.5. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variáveis de Contexto Escolar Um dos objetivos da presente investigação, foi analisar o modo como o desempenho da escola em temáticas de EA se revelava preditora das atitudes dos jovens face ao ambiente. O papel da escola adequa-se e assenta na implementação da Educação Ambiental, encarada como educação para a cidadania, transversal, indissociável de uma dimensão ética, de forma a fazer despertar consciências para evitar o próprio declínio da 257 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu humanidade (Almeida, 2007). Neste sentido e após uma exaustiva análise bibliográfica constatamos a escassez de escalas que medissem o desempenho da escola na EA, surgiu a necessidade de criar uma nova escala, cuja denominação atribuída foi: Escala do Desempenho da escola na Educação Ambiental. A versão final desta escala ficou constituída por 17 itens, apresentando uma boa consistência interna. De realçar o facto de esta escala ter sido um instrumento de grande valor na concretização deste estudo, permitindo-nos uma análise mais precisa e fiável da população em estudo. As estatísticas realizadas, com vista ao estudo da predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pela variável de contexto escolar, permitiram observar que o desempenho da escola na educação ambiental tem um efeito muito significativo. Constatamos que é no Fator 1- “Disposição para ações de proteção ambiental” onde se estabelece uma associação mais forte (r=.367) seguido do fator 4 “Concordância com normas de proteção ambiental” (r=.321), no entanto em todos os fatores as associações são positivas e significativas. Assim, podemos inferir que quanto maior o desempenho da escola na implementação e sensibilização da EA, melhor serão as atitudes dos jovens face ao ambiente. Salientamos, que por não termos tido conhecimento de estudos que diretamente e especificamente, tenham avaliado o efeito do desempenho da escola na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente, não nos é possível comparar estes resultados com os obtidos noutros estudos. No entanto, os resultados obtidos vão de encontro à opinião de vários autores (Almeida, 2002; Carvalho, 2006; Dias, 2004; Figueiredo, Almeida, & César, 2004; Guimarães, 1995) ao defenderem que, a escola assume um papel de importância fundamental na promoção da mudança de atitudes. Só atuando nas gerações mais novas podemos promover o desenvolvimento da literacia ecológica e científica, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 258 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu contribuindo para que os educandos apropriem o paradigma ecocêntrico como base teórica da sua ação ao longo da vida. Pretende-se assim, uma conduta no sentido da responsabilização na resolução dos problemas concretos que afetam todo o sistema do qual são parte integrante (Benedict, 1991; Espejel & Castillo, 2008). 4.6 Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e Variável Psicológica Um dos objetivos da presente investigação foi propor-se a analisar o modo como a variável psicológica, o autoconceito se revelava preditora das atitudes dos jovens face ao ambiente. Salienta-se a este propósito que o autoconceito é uma das variáveis mais relevantes para o bem-estar pessoal, por isso merece especial interesse na investigação científica (Aznar, 2004; Izquierdo, 2001; Muito & Garcia, 2004), particularmente nas atitudes dos jovens face ao ambiente como construto multidimensional (Veiga, 1996). Constatámos, nesta análise, que o efeito do autoconceito se faz sentir de forma categórica em todos os fatores, e nota global, da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente. Uma outra constatação foi a de que a dimensão do autoconceito que mais se destacou, na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente, foi o Fator 3 – “estatuto intelectual”, seguido do Fator 1- “aspeto comportamental”, ambos com contribuição positiva em todos os fatores da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente. Poderemos afirmar, que estes resultados encontram-se na mesma linha de outros autores que demonstram que o autoconceito é uma variável psicológica que evidencia uma importância elevada para a explicação das atitudes dos jovens adolescentes não apenas em termos ambientais mas a vários níveis (Baartman & Bruijn, 2011; Goetz, Cronjaeger, Frenzel, Ludtke, Hall, 2010; Musito & Garcia, 2004). Os resultados sustentam ainda certas perspetivas teóricas, inerentes à compreensão das atitudes dos jovens adolescentes, que estabelecem que ao melhorar-se o autoconceito dos 259 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu adolescentes contribui-se para que estes possam estar mais seguros nas relações interpessoais e nas suas atitudes para com os outros e o ambiente (Shavelson & Bolus, 1982). Neste contexto, é notória a importância do autoconceito para compreender as transações que o adolescente estabelece com o meio ou consigo próprio através do discurso interno, que é de extrema relevância quando os processos de decisão se colocam. Os jovens mais seguros e confiantes, em si mesmo, estabelecem relações transacionais mais adultas e conscientes em termos ambientais. (Araújo, 1999; Valeski & Stipek, 2001). 4.7. Atitudes dos Jovens face ao Ambiente e a Interação entre Variáveis Pressupostos teóricos, referenciados na revisão bibliográfica, apontam claramente para que as atitudes dos jovens face ao ambiente possam ser consequência de uma complexa interação entre fatores biológicos, sociais, escolares e psicológicos (Capella, 2000; Castro, 2005; Lima 2006; Almeida 2007). Neste contexto, admite-se que as variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), familiares (funcionalidade familiar), escolares (fatores/dimensões da EDEEA) e psicológicas (autoconceito) interagindo entre si predizem as atitudes dos jovens face ao ambiente. Pela observação dos resultados da presente investigação parece-nos que, mais que os efeitos cumulativos das variáveis independentes em presença, a realidade preditiva seja sobretudo explicada pela sua interação. Assim, ficou a saber-se que, os efeitos mais importantes, na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente, parecem ocorrer pela presença de variáveis de interação entre variáveis escolares e psicológicas. Especificamente, as análises estatísticas realizadas permitiram constatar que as variáveis escolares (fatores/dimensões da EDEEA) interagindo significativamente com Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 260 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu as variáveis psicológicas, revelaram-se as preditoras mais importantes de uma de quatro dimensões e nota global da escala das atitudes dos jovens face ao ambiente: A sensibilidade em relação ao sofrimento dos animais parece relacionar-se essencialmente ao efeito de interação entre o fator 2 “responsabilidade ambiental da escala do desempenho da escola na educação ambiental”, e o fator 1 “aspeto comportamental da escala do autoconceito”. Isto é, o sentido desta interação deixa supor que quanto mais conhecimento e responsabilidade ambiental a escola incutir nos jovens adolescentes, mais favorável será o seu comportamento face ao ambiente, e por conseguinte maior será a sua iniciativa e o seu envolvimento em atividades comunitárias. É de salientar que a nota global da Escala das Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente (que avalia a variável dependente em estudo, Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente), aparece ligada sobretudo ao efeito de interação entre o fator 2 “responsabilidade ambiental da Escala do Desempenho da Escola na Educação Ambiental”, e o fator 1 “aspeto comportamental da Escala do Autoconceito”. O sentido desta interação deixa supor que, se a escola transmitir conhecimentos esclarecedores, no âmbito da EA, e implementar estratégias direcionadas para incutir responsabilidade ambiental nos jovens adolescentes, a sua postura e atitude face às questões ambientais será mais positiva e assertiva. Assim, pensamos que o estudo das interações entre variáveis foi importante para nos ajudar a perceber como as diferentes “peças” se colocam para formar o “puzzle” das atitudes dos jovens face ao ambiente. 5. IMPLICAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO Uma importante questão colocada no âmbito de qualquer investigação, prende-se com a relevância futura dos resultados encontrados. Pensamos que as variáveis 261 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu estudadas podem contribuir para percebermos que as atitudes dos jovens adolescentes são influenciáveis significativamente. No entanto, uma das pretensões da investigação é contribuir para a promoção de atitudes ambientalmente sustentáveis e para o aumento da eficácia das estratégias de Educação Ambiental ao nível escolar. Apesar da relevância dos discursos, os fracos resultados obtidos nas últimas décadas por parte da EA derivam do “ papel marginal e subsidiário, tanto dentro do sistema educativo como nos processos de gestão ambiental” (Gaudiano, 2006, p.171). Outro dos aspetos apontados pelo autor, referem-se à leitura apocalítica e catastrófica do ambiente, que estimula o marasmo e a falta de práticas de cidadania. Torna-se necessário criar espaço para uma alfabetização ambiental que articule o saber empírico ambiental com os conceitos ecológicos, relacionados com as diferentes perspetivas éticas. Neste âmbito a escola é o local privilegiado para a ação de cidadania ambiental, não porque seja a única instância responsável pela educação, mas por ser a instituição que desenvolve uma prática educativa planeada e sistemática, durante um período contínuo e extenso na vida dos indivíduos. E também porque é reconhecida e legitimada pela sociedade como a instituição social responsável pelos processos formais de aprendizagem e socialização dos sujeitos. A educação sempre foi considerada uma dimensão de especial importância na promoção de atitudes ambientalmente sustentáveis. Dubos (1979, cit. in Ribeiro, 1993), salienta esta dimensão afirmando que “os estádios iniciais da vida são de excecional importância devido a que, em larga medida, determinam aquilo em que o adulto se tornará (…)”. Assim sendo, a Escola constitui a primeira etapa da Educação básica, com o objetivo de assegurar a democratização de oportunidades e o apoio ao desenvolvimento harmonioso dos jovens. Neste contexto, defendemos que a EA deverá integrar os conteúdos curriculares (desde o ensino pré escolar), durante as etapas iniciais do desenvolvimento dos jovens, Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 262 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu no sentido de sensibilizar precocemente para as questões ambientais, para que estas façam parte do seu “património escolar” (conteúdos curriculares), mas acima de tudo do seu património “vivencial”. A inserção da Educação Ambiental no currículo escolar, pode justificar-se devido às manifestações evidentes de uma crise socio ambiental (Caride & Meira, 2004; Leff, 1998), da ação dos movimentos sociais ambientalistas (Carvalho, 2002; Leff, 1998), das conjunturas políticas vividas em determinados países (Busquets, 1993; Reigota, 2000) e da própria iniciativa de diversas unidades que, de forma espontânea, já haviam incorporado às suas práticas, espaços de discussão e de ações pró-ambientais, coerentes com a sustentabilidade ambientalista. De acordo com o supracitado, a escola não deverá apenas ter um papel de sensibilização ambiental, mas sim envolver os alunos para atingirem competências e responsabilidades no sentido de participarem ativamente na resolução de problemas ambientais. Também os professores não deverão limitar-se à transmissão de saberes instituídos, é imprescindível a existência de programas de formação contínua, para professores, na área ambiental, pois a potencialização da dimensão ambiental nas práticas escolares está relacionada com a interpretação feita pelos professores sobre o tema, já que cada um adota uma visão da Educação Ambiental com base nas caraterísticas educativas, sociais e ambientais do meio em que está inserido (Sauvé, 2001; Meira Cartea, 1993). A ação dos professores é imperativa para o processo de inserção da Educação Ambiental no âmbito escolar, visto que a sua prática profissional pode influenciar as atitudes dos seus alunos, provendo-os de conhecimentos necessários ou supérfluos à participação efetiva na escola e na sociedade” (Giesta, 2005: 51). Durante a escolaridade, nomeadamente durante a adolescência que é um período da vida permeado de mudanças e de formação contínua da personalidade, o indivíduo vai assumindo as suas atitudes, consonantes os seus próprios ideais e de acordo com a 263 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu educação formal e informal que adquire. Assim, a instituição escolar, é um fator constante e decisivo para o desenvolvimento dos jovens adolescentes (Simonson & Maushak, 2001). Nesta perspetiva justifica-se a intervenção intencional neste grupo de adolescentes, visando a promoção das atitudes sustentáveis face ao ambiente. Dado que os resultados da investigação indicam que as atitudes dos jovens face ao ambiente são influenciáveis e de forma significativa por determinadas variáveis, sociodemográficas, familiares, escolares e psicológicas. A natureza e magnitude das mudanças que ocorrem durante a adolescência, alertam para o currículo oculto que acompanha o percurso escolar a par do currículo manifesto. Para além da parte visível do iceberg (frequentar aulas, estudar e realizar provas) há todo um conjunto de vivências que fazem parte da vida do estudante. Por esta razão é impensável que as atitudes dos jovens face ao ambiente surjam desligadas de um universo socio - cultural e familiar favorecedor das mesmas. Neste âmbito toda a intervenção educativa, norteada para a promoção de atitudes ambientais, terá sempre de fazer caminho pelo envolvimento multidisciplinar da comunidade escolar, em cooperação com a comunidade local e a família. Salienta-se que, as atitudes não se estabelecem e se mantêm estáticas, elas podem mudar por uma série de razões (Spaulding, 2009). O que faz as pessoas mudarem as suas crenças, opiniões e atitudes é a resposta à educação e a influência social do meio circundante. Estimular valores, desenvolver atitudes, construir crenças ajustadas, fornecer as “ferramentas” necessárias para a criação de respostas adequadas, são aspetos educativos do desenvolvimento pessoal e social que a escola protagoniza no “saber ser” de cada um (Horta, 2003). Isto passa por um ensino/aprendizagem que toma em Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 264 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu consideração as necessidades do aluno e da sociedade, numa verdadeira interação escola, família e sociedade. Assim como estratégias de promoção das atitudes face ao ambiente, privilegiamos aquelas que consciencializem os jovens e os tornem ativos nas práticas ambientais. A escola é claramente o “ espaço” e o “ tempo” de eleição para intervir neste sentido. Por isso pensamos que a integração da EA nos currículos e o desenvolvimento de atividades de carater prático é fundamental. Não podemos descorar o contributo da comunidade local, nomeadamente dos municípios e da família, cuja parceria com a escola é de extrema importância para o empenho dos jovens nas atividades ambientais. Pelo exposto somos levados a descrever algumas observações pessoais e a salientar alguns aspetos que elegemos como recomendações a seguir. 5.1. Observações Pessoais De acordo com o conhecimento adquirido ao longo da investigação e com a bibliografia consultada consideramos pertinente, consignar seguidamente algumas observações de carater pessoal. Apesar da existência de projetos de EA direcionados às escolas em parceria com as autarquias, verifica-se pouca dinamização e envolvimento por parte das escolas aderentes e uma diminuta colaboração de algumas autarquias; De uma forma geral, a EA nas escolas é apenas privilegiada ao nível da disciplina de Ciências Naturais do 8º ano de escolaridade; O envolvimento e a motivação dos professores em projetos de EA continua a ser muito reduzida. Limitam-se à transmissão de conhecimentos e ao cumprimento do horário não se envolvendo em atividades práticas; Existem poucos espaços escolares para a dinamização de atividades práticas, onde os alunos possam intervir; 265 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Existem poucos ou nenhumas materiais/equipamentos/recursos nas escolas (ecopontos, compostores, etc.) de incentivo às práticas ambientais; Observa-se na maioria dos adolescentes atitudes de menosprezo e desinteresse pelas questões ambientais. 5.2. Recomendações a Seguir Visamos, nesta fase final da investigação, acentuar algumas advertências que consideramos mais relevantes em relação à implementação da educação ambiental, na comunidade e na escola, de forma a sensibilizar os jovens adolescentes e a torna-los cidadãos responsáveis. Deve procurar-se uma mudança duradoura na consciência ambiental de cada individuo, como tal é necessário atingir as emoções e convicções mais profundas das pessoas para que estas possam alcançar os seus valores éticos; A escola deve desempenhar uma função decisiva enquanto protagonista da defesa e intervenção em favor da preservação da qualidade ambiental à escala local, tendo um papel dinâmico, participativo e bem integrado na comunidade social; Deve integrar-se nos currículos escolares a Educação Ambiental, com vertente teórica e prática; Recomenda-se a atribuição de horas aos docentes no sentido de os motivar para a dinamização e participação em projetos de carater ambiental; Deve responsabilizar-se as autarquias no sentido de apoiar as, escolas na dinamização de atividades e projetos ambientais na comunidade; Sugere-se que as autarquias criem espaços verdes (parques, quintas ecológicas) e desenvolvam atividades sistemáticas de cariz ambiental, envolvendo a comunidade, escolar e famíliar; Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 266 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu É necessário, no que respeita à ética ambiental, elucidar as pessoas a respeito da valorização e preservação do meio ambiente natural, do qual tanto dependem os adeptos das diversas práticas de Atividade Física em Ambiente A escola deverá desenvolver habilidades individuais nos seus alunos para lidarem com a vida quotidiana; o desenvolvimento de competências socias; o desenvolvimento da autoestima e do autoconceito dos seus alunos; a utilização de metodologias ativas e interativas; estratégias transversais e abrangentes à comunidade local; sensibilizar toda a comunidade, para agir sustentávelmente, dada a urgência da problemática ambiental. É inegável não reconhecer a importância da interação homem-natureza, apesar de ser necessário compreender como se processa tal interação (Tahara, 2006). Deste modo, perspetivando uma visão multidimensional, partimos do pressuposto da importância da participação de todos na gestão dos diferentes “contextos ecológicos”. A partir dos principais problemas sócio ambientais locais e regionais detetados, atendendo às suas causas, efeitos e impacto gerado, em parceria com os agentes responsáveis, nomeadamente do poder local, poderão ser definidas estratégias, linhas de ação, atividades e projetos de EA, que atendam às caraterísticas específicas e perfil sociocultural e económico do contexto em causa, com impactos mais abrangentes. Nesta perspetiva estamos confiantes que os resultados da presente investigação possam ter as suas implicações mais objetivas. 6. CONCLUSÕES Para atingir os objetivos propostos a presente investigação passou por dois momentos distintos: primeiramente foi realizada a adaptação e construção de um instrumento de avaliação, para mensurar o desempenho da escola na educação 267 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ambiental (EDEEA). Seguidamente procedemos ao estudo dos objetivos principais, que se proponham a analisar os resultados de três modos distintos. O primeiro objetivo proponha-se a determinar as variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar (efeitos principais) que se revelaram preditoras das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente, tendo sido escolhido como tratamento estatístico a análise de regressão linear múltipla. Com o segundo objetivo pretendíamos conhecer as relações existentes entre as variáveis psicológicas e de contexto familiar e escolar (efeitos de interação) na predição das atitudes dos jovens adolescentes sobre o ambiente, também aqui adotamos a análise de regressão linear múltipla. Por ultimo, o terceiro objetivo propunha averiguar como os grupos de adolescentes suscetíveis de se formar se diferenciavam quanto às variáveis em estudo. O procedimento estatístico utilizado nesta última análise consistiu no teste t de student e a análise de variância. Para levar a efeito a mensuração do desempenho da escola na educação ambiental procedemos à adaptação e construção de uma escala – Escala de Desempenho da Escola na Educação Ambiental (EDEEA), para tal efetuou-se, num estudo preliminar e com os dados do estudo definitivo. Esta escala revelou possuir características psicométricas adequadas para poder ser considerada instrumento de medida. Neste procedimento, começamos por selecionar os itens inicias, verificamos a validade do conteúdo de cada um, examinamos a interpretação dos inquiridos, verificamos a distribuição das respostas por item, analisamos a forma como estes se agrupavam em sub-escalas/ dimensões e observamos a consistência interna. Por fim constatamos que se tratava de uma escala com prioridades métricas muito satisfatórias, cujo resultado obedece a parâmetros de normalidade que permite recorrer à estatística paramétrica com apreço pelas regras científicas. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 268 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Um instrumento de medida é um recurso básico para qualquer investigação científica, pois uma ciência que não tenha modo de medir o seu objeto epistemológico é porque esse objeto não existe (Ribeiro, 1993). Assim, é legítimo que investigações deste tipo continuem a explorar instrumentos e variáveis dependentes ou independente e relação entre variáveis. Ponderando a ordem dos objetivos gerais do nosso estudo, definidos no sexto capítulo constatamos os seguintes resultados: As variáveis sociodemográficas (sexo, prática de religião), predizem significativamente (efeitos principais) as atitudes dos jovens face ao ambiente. Existe elevada probabilidade de haver variação associada nos valores das medidas sociodemográficas e das atitudes face ao ambiente no sentido esperado. Isto é, são os adolescentes do sexo feminino, praticantes de uma religião com valores mais positivos que expressam melhores e mais adequadas atitudes face ao ambiente. Ou seja, as variáveis sociodemográficas predizem significativamente as atitudes dos jovens face ao ambiente. Analisando o estudo da predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pelas variáveis escolares, nomeadamente, fator1 – “sustentabilidade ambiental”, fator -2 “responsabilidade ambiental” e fator 3 – “preocupação ambiental” (efeitos principais), verifica-se que predizem só por si, as atitudes dos jovens face ao ambiente. Existe elevada probabilidade de haver variação associada nos valores das medidas da variável escolar (fator1 – “sustentabilidade ambiental”, fator -2 “responsabilidade ambiental” e fator 3 – “preocupação ambiental”) e das atitudes dos jovens face ao ambiente, na razão direta. Isto é, a variável escolar prediz significativamente as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. 269 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Observando o estudo da predição das atitudes dos jovens face ao ambiente pela variável psicológica (autoconceito), constata-se que, também aqui, a variável psicológica pudesse predizer, só por si, as atitudes dos jovens face ao ambiente na razão direta e inversa. A variável psicológica (autoconceito), prediz significativamente e de modo diferenciado a variável dependente. Esta investigação permite-nos ainda concluir que a percentagem de variância, das atitudes dos jovens face ao ambiente, explicada pelas variáveis escolares (fator1 – “sustentabilidade ambiental”, fator -2 “responsabilidade ambiental” e fator 3 – “preocupação ambiental”) é genericamente superior á explicada pelas variáveis psicológicas (autoconceito), pois as primeiras revelam coeficientes de determinação (R2) significativamente mais altos. 1. de uma forma geral, os efeitos mais importantes, na predição das atitudes dos jovens face ao ambiente, parecem ocorrer não por efeitos principais mas por efeitos de interação entre as variáveis escolares (fator1 – sustentabilidade ambiental, fator -2 responsabilidade ambiental e fator 3 – preocupação ambiental) e psicológicas(autoconceito). Isto é, os resultados da investigação efetuada sugerem que são sobretudo variáveis de interação com a responsabilidade ambiental, que predizem as atitudes dos jovens face ao ambiente. 2. existem diferenças significativas entre as médias dos valores das variáveis dos diversos grupos de adolescentes oriundos de famílias com tipos de funcionalidade familiar distinta. Estas diferenças fazem-nos ponderar a necessidade de adotar, ao nível institucional escolar, estratégias diferenciadas em programas de promoção e sensibilização ambiental, no sentido de comtemplar a diversidade de vulnerabilidades resultantes das caraterísticas de funcionalidade familiar. No sentido de se perspetivar a mudança de atitude face ao ambiente, julgamos ser urgente e necessário, que ao nível institucional escolar, ocorram transformações Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 270 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu conceptuais, metodológicas e de valores de forma a interiorizar os desafios necessários a uma efetiva educação ambiental. É necessário uma maior intervenção escolar, na dinamização de projetos e estratégias ambientais, transdisciplinares, no sentido de envolver e motivar os agentes educativos, nomeadamente os alunos. Isto é, pensamos ser urgente incutir responsabilidade ambiental, em estreita colaboração com a família, tendo em conta todos os fatores psicológicos e biológicos dos jovens adolescentes. 7. RECOMENDAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO Consideramos pertinente o desenvolvimento de futuros trabalhos que, retomando as sugestões e questões apresentadas, continuem também na tentativa de compreender as atitudes dos adolescentes, contribuindo para o desenvolvimento psicológico e social dos indivíduos. Quanto ao instrumento adaptado e construído, embora apresente boa consistência interna e bons índices de validade, é de todo o interesse, aumentar em futuros trabalhos o seu número de itens, no intuito de ressalvar a multidimensionalidade do construto. Foi muito enriquecedor em termos de conhecimento a experiência por que passamos na construção e adaptação da escala. No que concerne à análise dos resultados conseguidos, por influência das variáveis sociodemográficas, familiares, escolares e psicológicas nas atitudes dos jovens face ao ambiente, não se observaram diferenciações em função da idade, local de residência, escolaridade, classe socioeconómica e posição na frateria, o que sugere interesse para investigações futuras, concretamente com amostras mais homogéneas em termos de famílias de pertença e mais diversificadas relativamente à idade. É de salientar que para melhor compreender esta realidade, será aconselhável a implementação de investigações que apresentem um design longitudinal que permitam 271 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu compreender como é efetuada a promoção de atitudes ambientais ao nível escolar e familiar. De acordo com os nossos resultados, face à pertinência e atualidade do tema em estudo, deverá privilegiar-se a intervenção escolar, uma vez que a escola constitui um dos locais onde é possível desenvolver uma compreensão crítica da crise que atualmente estamos a viver (Almeida, 2005). Admitindo que os professores têm um papel de agentes críticos da realidade, consideramos importante a realização de investigações futuras sobre a sua posição/ atitude face à atual crise ambiental e sobre a definição de exemplos de ensino – aprendizagem, que estimulem os jovens para a ação. Julgamos também pertinente a realização de estudos no sentido de conhecer a importância que a comunidade local dá às questões ambientais. Como consideração final diremos que na sequência desta investigação, após a implantação de um programa de EA efetivo, integrado nos currículos escolares, seria interessante, observar se se verificam mudanças de rotina no cotidiano dos jovens adolescentes. Mais interessante seria investigar até que ponto o conhecimento dos jovens, adquirido na escola, podia influenciar as famílias de pertença nas boas práticas ambientais. Transversalmente, parece-nos necessário promover junto do cidadão comum e do adolescente em particular, uma cultura de promoção ambiental, designadamente através da implementação de programas de carater teórico / prático, onde os jovens pudessem desenvolver ações locais. Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 272 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu BIBLIOGRAFIA Abbas, G. (2003). Northern Areas Strategy for Sustainable Development Background Paper: Environmental Education. IUCN - The World Conservation Union Northern Areas Programme, Gilgit. Series editor: Hamid Sarfraz. Abrantes, P., Figueiredo, C., & Simão, A. (2002). Reorganização Curricular do Ensino Básico: Novas Áreas Curriculares. Vol. 2. Lisboa: Departamento da Educação Básica, Ministério da Educação Ajzen,I. (2001). Nature and operations of atitudes. Annual Reviews Psychology, 52, 27– 58. Ajzen, I. & Fishbein, M. (1977). 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Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ANEXOS 295 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 296 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ANEXO 1 - INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 297 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 298 UNIVERSIDADE PONTIFICIA DE SALAMANCA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DOUTORAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Caro (a) estudante Gostaria de informa-lo que: A informação colhida por este questionário destina-se a uma investigação que tem por objetivos conhecer as atitudes dos jovens acerca do ambiente e analisar o contributo da educação ambiental, processada em meio escolar, na promoção da cidadania ambiental. As questões que o compõem deverão ser respondidas por si com o máximo de sinceridade e verdade; Não existem respostas certas ou erradas. O importante é que responda de acordo com a sua opinião. Será garantida a confidencialidade dos dados, pelo que não é necessário escrever o seu nome no questionário; Preencha o questionário respeitando as seguintes regras: o No caso da seleção de uma opção escolha apenas aquela com que está mais de acordo. o No caso de ordenação de diversas opções atribua o algarismo 1, à primeira opção, o 2 à seguinte e assim sucessivamente. Muito Obrigado. Espaço destinado à Equipa de Investigação: N.º Questionário: _______ Data da Colheita de Dados: ____ / ____ / ____ Identificação da Escola: __________________ SECÇÃO A – CARATERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA (Assinale com uma cruz ( X) a resposta que melhor se adequa à sua situação pessoal) 1. Idade: ________ Anos 2. Sexo: Feminino 3. Local de Residência: Masculino Meio rural Meio urbano 4. Ano de Escolaridade que frequenta: _________________ 5. Que grau de escolaridade gostaria de atingir? Ensino secundário……………… Licenciatura…………………...… Outro, qual?_________________ 1 Universidad Pontificia de Salamanca 6. Já reprovou alguma vez? Sim____________ Não___________ 6.1.Se sim indique: o número de reprovações.__________ ano/ ciclo_______________ Índice de Graffar – (Sitkewich & Grunberg,1979) 7. Qual a profissão dos teus pais? Pai Mãe 1.Diretores de bancos ou de empresas, licenciados, profissionais com títulos universitários e militares de alta patente 2.Chefes administrativos ou de grandes empresas, sub - diretores de bancos, peritos, técnicos e comerciantes 3.Ajudantes técnicos, desenhadores, encarregados e mestres-de-obras oficiais de primeira, 4.Motoristas, polícias, cozinheiros e outros (operários especializados) 5.Jornaleiros, ajudantes de cozinha, mulheres de limpeza e outros (operários não especializados) 8. Que escolaridades têm a tua mãe e o teu pai? Pai 1.Ensino Universitário ou equivalente 2.Ensino médio ou técnico superior 3.3º ciclo/ ensino secundário ou técnico inferior 4.1º ciclo ou 2º Ciclo do Ensino Básico (5º- 6º Ano/Antigo Ciclo Preparatório) 5.1º ciclo incompleto ou nulo 9. Qual a fonte de rendimento da tua família? 1.A fonte principal é a fonte herdada ou adquirida 2.Lucros de empresas, altos honorários, lugares bem remunerados 3.Os rendimentos correspondem a um vencimento mensal fixo (tipo funcionário) 4.Os rendimentos resultam de salários, remunerações por semana, por horas ou tarefa 5.A beneficência pública é que te sustenta ou é a tua família 2 Universidad Pontificia de Salamanca Mãe 10. Qual o conforto da habitação da tua família? 1.Casa ou andar luxuoso e muito grandes com o máximo conforto 2.Casa ou andar sem serem luxuosos mas espaçosos e confortáveis 3.Casa ou andar modestos em bom estado de conservação, bem iluminados e arejados, com cozinha e casa de banho 4.Categoria intermédia entre andares modestos e alojamento impróprio 5.Alojamento impróprio para uma vida decente, barracas ou andares desprovidos de todo o conforto, ventilação, iluminação ou também aqueles com excesso de lotação (onde moram demasiadas pessoas em promiscuidade) 11. Qual o aspeto do bairro onde a tua família tem a casa ou o andar onde habita? 1.Bairro residencial e elegante, onde os valores dos terrenos ou aluguer são elevados 2.Bairro residencial bom, de ruas largas, com casas confortáveis e bem conservadas 3.Bairros em ruas comerciais ou estreitas e antigas 4.Bairros operários, populosos, mal arejados, próximo de fábricas 5.Bairros da lata 12. Pratica alguma religião? Sim Não 12.1 Se respondeu sim, indique qual? ____________________ 12.2 Qual o grau de crença na sua religião? (marque o número mais adequado com uma X) Muito pouco 1 2 3 4 5 6 7 Muitíssimo 12.3 Qual o grau em que considera ser praticante? (marque o número mais adequado) Muito pouco 1 3 Universidad Pontificia de Salamanca 2 3 4 5 6 7 Muitíssimo SECÇÃO B – CARATERIZAÇÃO FAMILIAR CLASSIFICAÇÃO DA FUNCIONALIDADE FAMILIAR Escala de Apgar Familiar – proposta por Smilkstein (Assinale com uma cruz ( X) a resposta que melhor se adequa à sua situação pessoal) 1.Estás satisfeito com a ajuda que recebes da tua família, sempre que alguma coisa te preocupa? Quase sempre Algumas vezes Quase nunca 2.Estás satisfeito como a tua família discute assuntos? Quase sempre Algumas vezes Quase nunca 3.Achas que a tua família concorda com o teu desejo de encetar novas actividades ou de modificar o teu estilo de vida? Quase sempre Algumas vezes Quase nunca 4. Estás satisfeito com o modo como a tua família manifesta a sua afeição e reage aos teus sentimentos (ex. amor, irritação, pesar) ? Quase sempre Algumas vezes Quase nunca 5.Estás satisfeito com o tempo que passas com a tua família? Quase sempre Algumas vezes POSIÇÃO NA FRATARIA 1.Tens irmãos (ãs)? 1.Tenho irmãos (ãs) mais novos (as) e mais velhos (as) 2.Só tenho irmãos (ãs) mais novos (as). 3. Só tenho irmãos (ãs) mais velhos (as) 4.Não tenho irmãos (ãs) 4 Universidad Pontificia de Salamanca Quase nunca SECÇÃO C – CARATERIZAÇÃO DAS ATITUDES FACE AO AMBIENTE Escala de atitudes dos jovens face ao ambiente (EAJFA) construída por Martins & Veiga, 1996. Escala dos RSU e da Água C I – ATITUDES DOS JOVENS FACE AO AMBIENTE Para cada uma das seguintes frases, indique qual é o seu grau de concordância. Discordo totalmente 1.Seria preferível que as pessoas fossem de autocarro para os seus empregos, pois isso reduziria a poluição provocada pelos automóveis. 2.Quando vamos ao supermercado devíamos levar sacos já usados para trazer as compras. 3.Preocupo-me com a quantidade de pesticidas que se usam na agricultura e que ficam nos alimentos que comemos 4.Sabendo que num parque natural existem espécies raras, as pessoas deviam evitar passar nesses locais, para assim as protegerem 5.Quando encontramos lagartas, minhocas e outros bichos parecidos, podemos matá – los porque não fazem falta nenhuma 6.Embora a Amazónia esteja muito longe de nós, fico com pena de todos os seres vivos que estão a desaparecer nessa região. 7.A solução para os problemas ambientais depende apenas do governo 8.Á noite as pessoas deviam manter a maior parte das luzes apagadas, para poupar energia 9.Fico triste quando penso que alguns dos produtos que uso são experimentados primeiro em animais, causandolhes imenso sofrimento 10.Como os grupos ambientalistas (ecologistas) precisam de dinheiro para as suas actividades, as pessoas deviam contribuir com donativos para que possam fazer as suas campanhas 11.Quando compramos prendas para os nossos amigos devíamos escolher produtos naturais ou de artesanato 12.Quando tomamos banho devíamos fechar a torneira enquanto pomos sabão, para não desperdiçar água 13.Nos supermercados as pessoas deviam escolher as embalagens feitas com produtos reciclados, mesmo que sejam mais feias. 14.Sempre que passam na TV debates ou documentários sobre problemas ambientais, ou sobre os seres vivos, devíamos assistir com interesse. 15.O desaparecimento das espécies animais e vegetais não é um problema grave porque a maior parte delas não tem qualquer utilidade 5 Universidad Pontificia de Salamanca Discordo Não concordo Concordo Concordo totalmente Discordo totalmente Discordo Não concordo Concordo Concordo totalmente 16.As pessoas deviam comprar apenas os produtos vindos de empresas que sejam pouco poluentes. 17.Ler revistas ou livros que falam de ecologia e dos problemas ambientais é sempre muito aborrecido 18.Fico triste quando vejo animais mortos na estrada 19.Devíamos insistir com os autarcas (Juntas de Freguesia, Câmara Municipal) sempre que existam problemas ambientais na região. 20.Todos os produtos deviam ter embalagens para deitar fora, porque isso é muito mais rápido 21.As fábricas que poluem o ar e a água deviam pagar multas elevadas 22.As pessoas deviam pagar uma taxa para que as estações de tratamento de esgotos funcionem 23.A maior parte dos ambientalistas são fanáticos e tolos 24.As pessoas deviam chamar a fiscalização sempre que sabem que alguém tem animais raros em jaulas ou em gaiolas 25.Quando fazemos os trabalhos escolares devíamos ter a preocupação de fazer os rascunhos nas costas de folhas já usadas, para não desperdiçar papel. 26.O desaparecimento das tribos índias não é um problema grave, pois eles estão desatualizados da sociedade atual 27.Todas as pessoas deviam participar nas ações dos grupos ambientalistas (ecologistas) e nas atividades de defesa do ambiente 28.Devíamos evitar usar produtos com “spray”, porque isso destrói a camada de ozono 29.Embora alguns insetos (moscas, baratas, etc.) não sejam bonitos, só os devíamos matar quando estão dentro de casa ou põem a nossa saúde em risco. C II – ATITUDES DOS JOVENS FACE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS Para cada uma das seguintes frases, relativas aos resíduos sólidos urbanos, indique qual é o seu grau de concordância. Discordo totalmente 1.A separação dos resíduos sólidos em casa é imprescindível para preservar o meio ambiente 2.Se houvesse melhor manutenção dos ecopontos havia maior aderência ao programa de reciclagem 3.Se houvesse informação mais detalhada sobre os produtos recicláveis havia maior aderência ao programa de reciclagem 4.Se houvesse mais ecopontos junto às residências havia maior aderência à reciclagem. 6 Universidad Pontificia de Salamanca Discordo Concordo Concordo totalmente C III - – ATITUDES DOS JOVENS FACE À UTILIDADE DA ÁGUA Para cada uma das seguintes frases, relativas à água, indique qual é o seu grau de concordância. Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente 1.A água potável é um recurso que pode acabar no próximo século 2.Na nossa região não existem problemas de escassez de água 3.Se necessário a ciência e a tecnologia conseguiram resolver todos os problemas de escassez de água 4.A conservação da água passa pelo seu uso racional só quando necessário C IV – INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR NO DOMINIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1. Na sua opinião, de que depende a resolução dos problemas ambientais no mundo? (Por favor indique apenas uma resposta ) 1.Avanços do progresso ………………………………………………………………. 2.Mudança de comportamento e atitude de cada um de nós ……………………. 3.Implementação de leis estatais rigorosas na defesa do ambiente ……………. 4. Outra(s). Qual.___________________________________________________ 2. Se pudesse o que gostaria de tentar ajudar a resolver na região onde mora. Escolha quatro que considera mais importantes. (Atribua o algarismo 1 à mais preocupante e assim sucessivamente por ordem decrescente) 1.Manter as ruas limpas …………………………………………………………………. 2.A má assistência à saúde …………………………………………………………….. 3.Colocação de ecopontos em todos os bairros……………………………………… 4.Falta de jardins públicos nas localidades ……………………………………….. 5. O aumento do consumo de tráfico de droga ………………………………………. 6. O aumento geral da poluição ………………………………………………………... 7. A poluição resultante da agricultura (adubos, pesticidas etc.) ………………….. 8. As lixeiras e a inexistência seletiva de resíduos …………………………………. 9.Elaboração de campanhas de sensibilização sobre ambiente……………………. 10.O gasto excessivo de energia ………………………………………………………. 11. O desemprego ……………………………………………………………………….. 12.Implementação de esgotos (ETAR)…………………………………………………. 13. Outra(s). Qual.______________________________________________ 7 Universidad Pontificia de Salamanca 3. No âmbito do ambiente indique os dez assuntos mais preocupantes para si . (Atribua o algarismo 1 à mais preocupante, o 2 à seguinte e assim sucessivamente.) 1.O efeito de estufa………………………………………………………………………… 2.Aumento do volume dos resíduos……………………………………………………. 3. A poluição da água (mar, rios, lagos etc.) …………………………………………. 4. O uso e abuso dos recursos naturais ……………………………………………… 5.As catástrofes naturais (sismos, inundações, tsunamis, secas , etc.)…………… 6. Os desperdícios de energia ……………………………………………………………. 7 O abate de árvores e incêndios florestais………………………………………..… 8. As catástrofes causadas pelo Homem ……………………………………………… 9.O impacto sobre a nossa saúde dos produtos químicos usados no quotidiano…. 10. As mudanças climáticas ……………………………………………………………… 11. O ruído ……………………………………………………………………………… 12.Os efeitos dos modos de transporte actuais (aumento das viaturas, das autoestradas, tráfego aéreo) …………………………………………………………………… 13.Os problemas urbanos (falta de espaços verdes, poluição, etc. ) ……………… 14.A extinção de algumas espécies animais e vegetais …………………………… 15.A utilização de organismos transgénicos ………………………………………… 16.Os nossos hábitos de consumo ……………………………………………………. 17. A falta de consciência ecológica dos cidadãos …………………………………….. 4. Indique qual é para si a principal fonte de informação sobre o ambiente. 1. A televisão ……………………………………………………………………………. 2. A rádio …………………………………………………………………………………. 3.Conversas com a família, amigos, vizinhos e colegas ……………………………. 4.Internet ………………………………………………………………………………….. 5.A escola …………………………………………………………………………………. 6.Os livros e revistas …………………………………………………………………….. 7.Os acontecimentos (exposições, festas, etc.) ………………………………………. 8. Não tenho qualquer interesse pelo ambiente ……………………………………… Outra. Qual? ________________________ 8 Universidad Pontificia de Salamanca …….SECÇÃO D – DESEMPENHO DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1. Para cada uma das seguintes frases indique qual é o seu grau de concordância. (Para cada alínea assinale apenas uma resposta) Discordo totalmente 1.A escola promove bastantes iniciativas a favor da defesa do ambiente ……………. 2.Nesta escola dinamizam-se muitos trabalhos para a defesa do ambiente ……………………. 3.A escola tem projetos/ atividades sobre o ambiente……………………………………….…… 4.Na escola dinamizam-se atividades ambientais que envolvem toda a comunidade educativa ………………………………………… 5 – Depois dos conhecimentos adquiridos na escola fico mais motivado(a) para realizar ações em defesa do ambiente………………… 6.Existe um trabalho comum entre os alunos para a defesa do ambiente ………………….… 7.Existe muita preocupação em manter os espaços verdes da escola ………………….…… 8.Na escola existem ecopontos, pilhões e ponto eletrão……………………………………………... 9.Na escola só existem lâmpadas florescentes………………………………………. 10.Na escola tenho aprendido a respeitar e aceitar ideias diferentes ………………………. 11.Na escola tenho aprendido a ser um cidadão ambientalmente responsável ……………………. 12.Na escola os alunos sentem-se motivados para participar em atividades…………………... 13.Não se fala em problemas ambientais……… 14.Não há preocupações em implementar projetos……………………………………………. 15.Na escola aprendi a debater opiniões ……. 16 Os alunos ao trabalhar em conjunto têm mais influência do que sozinhos……………….. 17.A escola é o lugar ideal para formar cidadãos ambientalmente responsáveis………. 9 Universidad Pontificia de Salamanca Discordo Não concordo Concordo Concordo totalmente …….SECÇÃO E– CARATERIZAÇÂO DO AUTO CONCEITO Escala de Autoconceito construída para a população Portuguesa de Feliciano H. Veiga, 1989 As afirmações que se seguem devem ser lidas com muita atenção por forma a verificares se elas descrevem ou não o que pensas de ti próprio(a). Se a afirmação estiver adequada a ti , deves, neste caso, desenhar um circulo à volta da palavra SIM . Se a afirmação não estiver adequada a ti, desenha, um círculo à volta da palavra Não. Responde a todas as perguntas mesmo que, em relação a algumas seja difícil decidir. Não assinales SIM e NÃO na mesma frase. Lembra - te que não há respostas certas ou erradas. Só tu sabes o que pensas de ti mesmo, por isso esperamos que respondas de acordo com o que pensas de ti próprio. Das seguintes afirmações verifica se elas descrevem ou não o que pensas de ti próprio. (Assinale com um circulo a resposta que melhor se adequa à sua situação pessoal) 1 . Os meus colegas de turma troçam de mim Sim Não 2. Sou uma pessoa feliz Sim Não 3.Tenho dificuldades em fazer amizades Sim Não 4.Estou triste muitas vezes Sim Não 5. Sou uma pessoa esperta Sim Não 6. Sou uma pessoa tímida Sim Não 7. Fico nervoso(a) quando o professor me faz perguntas Sim Não 8. A minha aparência física desagrada – me Sim Não 9. Sou um chefe nas brincadeiras e no desporto Sim Não 10.Fico preocupado(a) quando tenho testes na escola Sim Não 11.Sou impopular Sim Não 12.Porto-me bem na escola Sim Não 13.Quando qualquer coisa corre mal, a culpa é geralmente minha Sim Não 14.Crio problemas à minha família Sim Não 15.Sou forte Sim Não 16. Sou um membro importante da minha família Sim Não 17. Desisto facilmente Sim Não 18. Faço bem os meus trabalhos escolares Sim Não 19. Faço muitas coisas más Sim Não 20. Porto-me mal em casa Sim Não 21. Sou lento(a) a terminar os trabalhos escolares Sim Não 22. Sou um membro importante da minha turma Sim Não 23. Sou nervoso Sim Não 24. Sou capaz de dar uma boa impressão perante a turma Sim Não 25. Na escola estou distraído (a) a pensar noutras coisas Sim Não 26. Os meus amigos gostam das minhas ideias Sim Não 27.Meto-me frequentemente em sarilhos Sim Não 28.Tenho sorte Sim Não 29. Preocupo-me muito Sim Não 30. Os meus pais esperam demasiado de mim Sim Não 31. Gosto de ser como sou Sim Não 32. Sinto-me posto (a) de parte Sim Não 10 Universidad Pontificia de Salamanca 33. Tenho o cabelo bonito Sim Não 34. Na escola ofereço-me várias vezes como voluntário (a) Sim Não 35.Gostava de ser diferente daquilo que sou Sim Não 36 .Odeio a escola Sim Não 37 . Sou dos (as) últimos (as) a ser escolhido nas brincadeiras e nos desportos Sim Não 38. .Muitas vezes sou antipático (a) com as outras pessoas Sim Não 39.Os meus colegas da escola acham que tenho boas ideias Sim Não 40. Sou infeliz Sim Não 41. Tenho muitos amigos Sim Não 42. Sou alegre Sim Não 43. Sou estúpido (a) em relação a muitas coisas Sim Não 44.Sou bonito(a) Sim Não 45.Meto-me em muitas brigas Sim Não 46. Sou popular entre os rapazes Sim Não 47.As pessoas embirram comigo Sim Não 48. A minha família está desapontada comigo Sim Não 49.Tenho uma cara agradável Sim Não 50.Quando for maior, vou se uma pessoa importante Sim Não 51. Nas brincadeiras e nos desportos observo em vez de participar Sim Não 52.Esqueço o que aprendo Sim Não 53.Dou-me bem com os outros Sim Não 54.Sou popular entre as raparigas Sim Não 55.Gosto de ler Sim Não 56.Tenho medo muitas vezes Sim Não 57.Sou diferente das outras pessoas Sim Não 58.Penso em coisas más Sim Não 59.Choro facilmente Sim Não 60. Sou uma boa pessoa Sim Não Agradecimento Fontes: Eurobarometre Spécial Inquérito representações e práticas de estudantes sobre a cidadania Ambiente e Desenvolvimento – Base de Dados 4 11 Universidad Pontificia de Salamanca Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 310 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ANEXO 2 - PEDIDO DE REGISTO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS, PARA MONOTORIZAÇÃO DE INQUÉRITO EM MEIO ESCOLAR - MIME 311 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 312 MIME - Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar Início » Consultar inquéritos » Ficha de inquérito Carlos Manuel de Sousa Albuquerque Identificação da Entidade / Interlocutor Nome da entidade: Carlos Manuel de Sousa Albuquerque Nome do Interlocutor: Carlos Manuel de Sousa Albuquerque E-mail do interlocutor: [email protected] Dados do Inquérito Número de registo: 0071200005 Designação: Educação Ambiental: Atitudes dos Jovens face ao Ambiente Descrição: No âmbito do exercício das funções de Investigador do Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde CI&DETS - do Instituto Politécnico de Viseu e na qualidade de colaborador, ao nível da investigação avançada, do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Pontíficia de Salamanca – Espanha, estou com a responsabilidade subjacente à orientação de uma Tese de Doutoramento sobre a problemática da Educação Ambiental em jovens estudantes portugueses. Concretamente, no âmbito da investigação que sustentará a referida tese desenvolvida na Universidade de Pontificia, será minha doutoranda a Professora Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues, licenciada em Biologia-Geologia pela Universidade de Aveiro, que na presente data lecciona a disciplina de Biologia e Geologia na Escola Secundária de Nelas. Pretendemos levar a efeito esta investigação com a finalidade major de se conhecerem as atitudes dos jovens face ao ambiente, bem como se identificarem algumas das variáveis (psicossociais, familiares e escolares) preditoras destas mesmas atitudes, por vezes não muito responsáveis. De facto o ambiente parece preocupar cada vez mais as pessoas, mas as atitudes e comportamentos são por vezes estranhos; querem mais acção de protecção mas são passivos na participação da defesa do ambiente (Almeida, 2001). No sentido de mudar esta postura, torna-se pertinente, conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, com o objectivo de se implementarem estratégias ao nível escolar, norteadas para a acção e desenvolvimento de uma cidadania activa. Já em 1970 foi publicado o relatório sobre os limites do desenvolvimento, pelo Clube de Roma, que alertava para a debilidade do planeta e a finitude dos recursos naturais em função das tensões do crescimento exponencial da população e da economia (Foladori, 2001). O documento sustentava que a manutenção dos estilos de vida, das tendências do desenvolvimento económico, do crescimento populacional, dos ritmos de poluição e do esgotamento dos recursos levaria a sociedade a ultrapassar em poucos anos o limite do suportável. A evidência do carácter finito dos recursos naturais, a emergência dos riscos ambientais e o reconhecimento de que a crise ambiental necessita de medidas e transformações profundas, desencadeou processos locais e mundiais de cooperação no sentido do desenvolvimento de estratégias de acção e de novos parâmetros para reorientar a relação dos homens com a natureza. Mobilizações no âmbito académico e escolar, no domínio da política e dos movimentos sociais, fizeram realçar a urgência de mudanças dos comportamentos humanos nas suas diferentes esferas (Leis,1998). A esse respeito, o ex Candidato à Presidência dos Estados Unidos, Al Gore (1993), faz um paralelo entre a nossa civilização e uma família disfuncional, ao enfrentar as regras tradicionais que governam as suas vidas, referindo que a nossa civilização tem de mudar – de forma a evitar que destruamos a Terra. Depreende-se que a nossa civilização, principalmente, os modos de vida das sociedades dominantes estão a disseminar-se por todo o planeta e irão tirarnos a visão do futuro. Isto é, a crise ambiental tem origem no padrão disfuncional do relacionamento da nossa civilização com o mundo natural, pelo que se exige mudanças de atitude, valorativas e comportamentais em relação à natureza. Perante este contexto entendemos que é urgente a necessidade de uma Educação voltada para as questões sócio ambientais. A consolidação de novas atitudes, comportamentos e a averiguação de valores depende essencialmente do processo educativo, daí a nossa preocupação em conhecer as atitudes dos jovens face ao ambiente, de forma a incrementar uma Educação Ambiental (EA), sobretudo crítica que reflicta sobre esta civilização contribuindo para uma cidadania activa. É através da EA que iremos estimular mudanças de atitudes e comportamentos, opinião que é consubstanciada por Silva (2000,p.87) quando argumenta que a “EA proporciona aos indivíduos a construção e reconstrução de conhecimento, promovendo a compreensão desses através da sensibilização, levando-os então a sentir-se parte integrante do ambiente e a mudar percepções, atitudes e comportamentos que ameaçam a relação Ser Humano/ Ser Humano, Ser Humano/ Meio Ambiente, adquirindo habilidades e competências para tratar as questões ambientais, tornando-se capazes de participar activamente da sua própria história, permitindo assim, a possibilidade de continuidade de vida digna no planeta Terra.” É através da EA que pretendemos despertar nos jovens uma consciência crítica e comunitária sobre o ambiente. Ao http://mime.gepe.min-edu.pt/Private/InqueritoConsultar.aspx?id=1000 (1 de 3)03-02-2010 12:16:24 Universidad Pontificia de Salamanca Área reservada ● Dados da entidade ● Consultar inquéritos ● Registar inquérito ● Instruções ● Início ● Pesquisar inquéritos MIME - Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar efectuarmos o estudo, sobre as atitudes dos jovens face ao ambiente iremos ter acesso a informações pertinentes, de modo a implementar uma EA que contribua para a construção de uma consciência activa, bem como de uma cidadania participada relativa ao ambiente. É importante que através da EA se comece a incutir nos jovens uma visão da problemática ambiental actual, para que estes possam reflectir, e começar por alterar atitudes menos correctas face ao ambiente. Neste contexto é importante reconhecer que se associa, assim, a EA a uma acção de cidadania ambiental, visando uma maior participação dos indivíduos no seu ambiente. Neste âmbito, a Convenção de Aahrus sobre o acesso à informação, participação pública na tomada de decisões e acesso à Justiça no domínio do ambiente (1998), ratificada por 39 Estados Membros, incluindo Portugal, abre caminho para um maior envolvimento dos cidadãos e Organizações não Governamentais de Ambiente (ONGA), dando um suporte legal às novas dinâmicas cívicas. No entanto, em Portugal o hábito de cidadania e a mobilização civil para questões ambientais é ainda residual. Mesmo ao nível escolar a EA continua a ser relativizada na prática face aos currículos disciplinares cada vez mais amplos, e visando sobretudo a aprendizagem dos conhecimentos. Muitos investigadores e docentes entendem que falta espaço para o estabelecimento de uma dimensão reflexiva e crítica consciente e influente. Face a este enquadramento, entendemos que a investigação subjacente às atitudes dos jovens sobre o ambiente é premente e pertinente, pois permite uma melhor compreensão dos seus referenciais éticos de ambiente, da sua apreensão da realidade contextual de vivência dos seus quadros sócio-culturais e das suas convicções ambientais. Neste pressuposto, diríamos que é também urgente esta tomada de consciência por parte dos professores face aos seus educandos pois urge tornar o sistema educativo encorajador da acção de cidadania ambiental. Em suma, a escola e por conseguinte a Educação Ambiental devem dotar os jovens com capacidade para avaliar, escolher e decidir, pois é necessário formar cidadãos com capacidade de transformar e de agir eticamente face ao seu local de vivencia, na perspectiva de que cada ser humano seja reconstrutor deste Planeta, onde todas as espécies tenham o seu espaço e desenvolvimento de forma mais digna possível. Perante o contexto supracitado pretendemos com este estudo obter resposta, entre outras, para a seguinte problemática “Em que medida as variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar estão associadas com as atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente?” Uma vez conscientes da relevância desta problemática, e numa matriz de investigação de natureza quantitativa, iremos realizar um estudo não experimental, correlacional e transversal, numa amostra de 800 jovens adolescentes a frequentar instituições escolares no distrito de Viseu. Esperamos com esta investigação contribuir para fomentar nos jovens atitudes positivas face ao ambiente, através da implementação de programas ao nível escolar, motivando–os a desenvolver acções locais individuais que terão certamente repercussões mais abrangentes, visando a promoção de cidadãos ambientalmente responsáveis. Objectivos: - Caracterizar os Hábitos Ambientais dos Adolescentes. - Analisar o modo como determinadas variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar se dizem preditoras das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. - Analisar as relações existentes entre as variáveis psicológicas e de contexto familiar/escolar na predição das atitudes dos jovens adolescentes face ao ambiente. - Conhecer as diferenças entre os grupos susceptíveis de se formar com a população do estudo. - Melhorar os conhecimentos dos adolescentes sobre educação ambiental. - Promover hábitos ambientais saudáveis nos adolescentes. - Produzir conhecimento que facilite a implementação e o desenvolvimento de programas ao nível escolar, tendo como ponto de partida as atitudes dos jovens, visando a promoção de cidadãos ambientalmente responsáveis . Periodicidade: Trimestral Data do inicio do período de recolha de dados: 08-02-2010 Data do fim do período de recolha de dados: 31-05-2010 Universo: Estudantes a frequentarem o 3º Ciclo em Escolas do Distrito de Viseu Unidade de observação: Escolas Básicas e Secundárias de Viseu, Canas de Senhorim e Nelas Método de recolha de dados: Questionários Inquérito registado no Sistema Estatístico Nacional: Não Inquérito aplicado pela entidade: Sim Instrumento de inquirição: 00712_201001261535_Documento1.pdf (PDF - 96,28 KB) Nota metodológica: 00712_201001261535_Documento2.pdf (PDF - 18,58 KB) Outros documentos: 00712_201001261723_Documento3.zip (ZIP - 269,53 KB) Data de registo: 26-01-2010 Versão: 1 (1) Dados adicionais http://mime.gepe.min-edu.pt/Private/InqueritoConsultar.aspx?id=1000 (2 de 3)03-02-2010 12:16:24 Universidad Pontificia de Salamanca MIME - Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar Estado: Aprovado Avaliação: Exmo. Senhor Dr. Prof. Doutor Carlos Manuel de Sousa Albuquerque Venho por este meio informar que o pedido de realização de questionário em meio escolar é autorizado uma vez que, submetido a análise, cumpre os requisitos de qualidade técnica e metodológica para tal devendo, no entanto, ter em atenção as observações aduzidas. Com os melhores cumprimentos Isabel Almeida Subdirectora Geral DGIDC Observações: 1 - É necessário obter autorização expressa dos pais / encarregados de educação dos alunos respondentes Outras observações: Se o estudo for realizado ao nível do indivíduo e não ao nível do estabelecimento de ensino, a unidade de observação será o aluno. | Voltar | Versão 1 | http://mime.gepe.min-edu.pt/Private/InqueritoConsultar.aspx?id=1000 (3 de 3)03-02-2010 12:16:24 Universidad Pontificia de Salamanca Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 316 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ANEXO 3 - AUTORIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS ÀS ESCOLAS 317 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 318 A/C Exmº. (ª) Srº.(ª) Director(a) do Conselho Executivo Assunto: Aplicação de Questionários Uma equipa de investigadores, coordenada pelo Professor Doutor Carlos Manuel de Sousa Albuquerque, investigador do Centro de Estudos em Educação, Tecnologia e Saúde do Instituto Politécnico de Viseu e colaborador na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Pontifícia, está a desenvolver um Projecto de Investigação designado “Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente”, o qual irá dar corpo a uma Tese de Doutoramento concebida pela Professora Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues. O seu principal objectivo é aprofundar o conhecimento ambiental das crianças e adolescentes, com o propósito de fomentar nos jovens atitudes positivas face ao ambiente através da implementação de programas ao nível escolar. Este projecto envolve a recolha de dados junto de crianças e adolescentes, em escolas, ES/3, EB2,3/S e Agrupamentos de Escolas a nível distrital, através de um questionário construído para o efeito, aprovado pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGDIC), com o número de registo 0071200005. Em cada escola, pretendemos recolher dados das turmas do 7º, 8º e 9º anos, seleccionadas de forma aleatória. O preenchimento do questionário tem uma duração média de 45 minutos e pode ser aplicado por professores das turmas ou por um elemento da equipa de investigação, de acordo com o que a escola considerar mais adequado e exequível, tendo como pressuposto a menor interferência possível nas actividades lectivas. Assim, vimos, por este meio, aferir a disponibilidade desta escola para integrar esta investigação, disponibilizando-nos para o esclarecimento de informações adicionais. Para que possa tomar conhecimento do instrumento a ser aplicado, enviamos em anexo um exemplar do questionário. Desde já, muito obrigada pela disponibilidade. Com os melhores cumprimentos, Viseu, 24 de Fevereiro de 2010 Pel’ Equipa de Investigadores _____________________________________ Carlos Manuel de Sousa Albuquerque) Universidad Pontificia de Salamanca Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 320 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu ANEXO 4 – AUTORIZAÇÃO PARA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS AOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO 321 Universidad Pontificia de Salamanca Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 322 Projecto de Investigação: Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Universidade Pontifícia Excelentíssimo Senhor Encarregado(a) de Educação Uma equipa de investigadores, coordenada pelo Professor Doutor Carlos Manuel de Sousa Albuquerque, investigador do Centro de Estudos em Educação, Tecnologia e Saúde do Instituto Politécnico de Viseu e colaborador na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Pontifícia, está a desenvolver um Projecto de Investigação designado “Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente”, o qual irá dar corpo a uma Tese de Doutoramento concebida pela Professora Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues. Tendo já autorização do Ministério da Educação e do Conselho Executivo da escola, vimos por este meio solicitar autorização para a participação do seu educando no referido projecto de investigação, através do preenchimento de um questionário. Neste questionário (que se encontra disponível para consulta junto do Conselho Executivo) não são colocadas questões de foro íntimo. Será garantido, pela equipa de investigação, o anonimato dos dados recolhidos. Pedimos-lhe que assine e devolva este pedido de autorização ao Director de Turma. A equipa de investigação agradece a sua preciosa colaboração! 10 de Fevereiro de 2010 O Responsável do Projecto Carlos Albuquerque Professor Adjunto – Instituto Politécnico de Viseu …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… AUTORIZAÇÃO Eu, ___________________________________________________________ (nome completo), Encarregado de Educação do(a) aluno(a) ____________________________________________ _____________________________________ (nome completo), n.º _______, da turma ______ do ______.º ano de escolaridade, declaro que autorizo o preenchimento pelo meu educando do questionário relativo ao projecto “Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente”. O Encarregado de Educação ___________________________________ (Assinatura legível) _____ / _____ / 2010 Projecto de Investigação: Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Universidade Pontifícia Excelentíssimo Senhor Encarregado(a) de Educação Uma equipa de investigadores, coordenada pelo Professor Doutor Carlos Manuel de Sousa Albuquerque, investigador do Centro de Estudos em Educação, Tecnologia e Saúde do Instituto Politécnico de Viseu e colaborador na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Pontifícia, está a desenvolver um Projecto de Investigação designado “Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente”, o qual irá dar corpo a uma Tese de Doutoramento concebida pela Professora Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues. Tendo já autorização do Ministério da Educação e do Conselho Executivo da escola, vimos por este meio solicitar autorização para a participação do seu educando no referido projecto de investigação, através do preenchimento de um questionário. Neste questionário (que se encontra disponível para consulta junto do Conselho Executivo) não são colocadas questões de foro íntimo. Será garantido, pela equipa de investigação, o anonimato dos dados recolhidos. Pedimos-lhe que assine e devolva este pedido de autorização ao Director de Turma. A equipa de investigação agradece a sua preciosa colaboração! 10 de Fevereiro de 2010 O Responsável do Projecto Carlos Albuquerque Professor Adjunto – Instituto Politécnico de Viseu …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… AUTORIZAÇÃO Eu, ___________________________________________________________ (nome completo), Encarregado de Educação do(a) aluno(a) ____________________________________________ _____________________________________ (nome completo), n.º _______, da turma ______ do ______.º ano de escolaridade, declaro que autorizo o preenchimento pelo meu educando do questionário relativo ao projecto Educação Ambiental – Atitudes dos Jovens Face ao Ambiente”. O Encarregado de Educação ___________________________________ (Assinatura legível) Universidad Pontificia de Salamanca _____ / _____ / 2010 Educação ambiental. Atitudes dos jovens face ao ambiente - Um estudo nas escolas do Distrito de Viseu Elsa Maria Abrantes Loureiro Rodrigues Universidad Pontificia de Salamanca 324