remoção de cádmio utilizando reator de leveduras imobilizadas
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REMOÇÃO DE CÁDMIO UTILIZANDO REATOR DE LEVEDURAS IMOBILIZADAS ALINE CORECHA SANTOS - Bolsista PIBIC/CNPq [email protected] LUCIA BECKMANN C. MENEZES – Profa. Adjunto, Doutora [email protected] Departamento de Engenharia Química, Centro Tecnológico 1- ABSTRACT The objectives of this paper was to verify the efficiency of removal of cadmium for baker yeasts, immobilized in a reactor and to obtain a representative equation of the biosorption process, through the use of the techniques of fractional fatorial project and of methodology of answer surface. The experiments drove to a maximum efficiency of removal of 88% and the statistical analysis showed that of the seven variables used (diameter of the globules, flow rate, concentration of glucose, height of the bed, initial concentration of the metal, time of operation and metal type), the three initials variables they could be established for the second stage of the experiments, because they did not influence the process. The final equation was: 2 2 y = 26,31 − 8,31t + 16,18Ci − 6,37 h + 2,12Ci + 0,87 h − 6,4tCi − 3,79Cih 2- INTRODUÇÃO Uma atenção especial vem sendo dada aos problemas gerados pela poluição ambiental, com isso têm surgido oportunidades à aplicação de novas tecnologias para a remoção de metais presentes no meio aquoso. Entre eles, está o metal cádmio que é utilizado em diversos processos na indústria, constituindo fontes de poluição do meio ambiente. Quando ingerido pode causar sérios danos nos seres vitais da natureza, sendo comprovadamente um agente cancerígeno e tóxico mesmo em concentrações baixas (ALBERT, 1988). Diante dos problemas causados pelo cádmio, são importantes estudos que visem um menor impacto deste metal no ambiente e para isso, optou-se pelo uso de um processo alternativo à processos convencionais, explorando a biotecnologia, com a utilização, neste caso, de leveduras imobilizadas (VOLESKY & HOLAN, 1995). 3- METODOLOGIA O processo consistiu em fazer circular através de um bioreator ( Figura 1 ) ,cujo leito é composto de leveduras imobilizadas em alginato de sódio, 5 litros da solução contendo cádmio, por um tempo pré-determinado . As amostras foram coletadas a cada 30 minutos e posteriormente, as concentrações dos metais foram determinadas por espectrofotometria de absorção atômica, de acordo com APHA (1995). Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 Figura 1 - Esquema do Reator Como o programa experimental envolve um grande número de variáveis, a primeira etapa da metodologia experimental empregada foi a metodologia do projeto fatorial fracionário 27-3, sendo realizadas duas séries experimentais. As variáveis de entrada (Tabela 1) foram selecionadas e escalonadas em dois níveis para cada uma, um valor baixo e um alto, identificadas na matriz por -1 e +1 respectivamente ( Tabela 2) , condição obrigatória para a execução do projeto fatorial, sendo a concentração final do metal a variável de resposta (BOX, HUNTER & HUNTER, 1978). Tabela 1 - Variáveis de entrada e níveis para a primeira série experimental Variável A B C D E F G Diâmetro dos glóbulos Tempo de operação Vazão volumétrica da solução Concentração de glicose para imobilização Altura do leito Concentração inicial do metal Metal Unidades mm Hora ml/s Níveis Valor alto Valor baixo (+1) (-1) 0,73 0,66 4 2 3,875 3,039 mg/l 100 50 cm mg/l Cd/Cu 25 50 Cádmio 15 40 Cobre Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 Tabela 2 - Matriz da primeira série de experimentos Corrida ø do glóbulo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1 1 -1 1 -1 1 1 1 -1 -1 -1 1 -1 1 -1 -1 Tempo Vazão 1 -1 1 1 1 -1 1 -1 1 -1 -1 1 -1 -1 -1 1 1 1 -1 -1 1 1 1 -1 1 -1 1 -1 1 -1 -1 -1 Conc de glicose -1 -1 1 -1 -1 1 1 1 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 Altura do leito Conc. Metal Metal 1 -1 1 -1 -1 -1 1 1 -1 -1 1 -1 1 1 -1 1 -1 1 -1 1 -1 -1 1 1 1 1 -1 -1 1 -1 -1 1 -1 -1 1 1 1 1 1 -1 -1 1 -1 -1 1 1 -1 -1 A segunda etapa consistiu da metodologia de superfície de resposta, com o objetivo de se obter um modelo estatístico representativo e capaz de predizer o rendimento do reator em função das suas variáveis mais significativas para o processo, utilizando um projeto composto (BARROS NETO, SCARMINIO & BRUNS, 1995) O projeto composto consistiu de um projeto fatorial completo em dois níveis 23, cujo expoente é o número de variáveis independentes, acrescido de um número de experimentos igual a duas vezes o expoente posicionados nos eixos coordenados do projeto fatorial, (±α,0,0), (0,±α,0), (0,0,±α), onde α é a distancia do ponto central ao ponto estrela e 8 repetições do experimento sobre o ponto central. Calculou-se α = ±1,68 conforme o descrito por KHURI & CORNELL apud TAQUEDA et al. (1998), utilizando-se as equações de 1 a 4. ( N C = 0,8385 n f + 2 ) 2 − n f − nα (1) n f = 2 K = 23 = 8 (2) nα = 2 K = 6 (3) 1 α = nf4 (4) O processo admite que se fixe as variáveis que o projeto fatorial fracionário identificou como sem efeito significativo sobre a variável de resposta. Os parâmetros fixados estão sumarizados na Tabela 3. Portanto, verifica-se que ficaram apenas 3 variáveis para serem trabalhadas na Metodologia de Superfície de Resposta, que serão denominadas a partir Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 de agora de, variáveis independentes e estão apresentadas na Tabela 4, assim como os seus respectivos níveis. Tabela 3 - Parâmetros fixados Variável Unidades Níveis mm ml/s mg/l 0,66 3,875 50 Diâmetro do glóbulo Vazão volumétrica da solução Concentração inicial para imobilização Tabela 4 - Variáveis selecionadas e níveis Variável A B C Tempo de operação Concentração inicial do metal Altura do leito Níveis Unid. +1 0 +α min. 220' 55" 180 120 mg/l 93,64 80 60 cm 32,41 20 15 -1 60 40 10 -α 19' 54" 26,36 6,59 A Tabela 5 representa a matriz de experimentos utilizada nesta segunda etapa do projeto. Tabela 5 - Matriz experimental CORRIDA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 TEMPO CINICIAL ALTURA C FINAL (min) (mg/L) (cm) (mg/L) 1 1 1 1 -1 -1 -1 -1 -1,68 1,68 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 -1 -1 1 1 -1 -1 0 0 -1,68 1,68 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 1 -1 1 -1 1 -1 0 0 0 0 -1,68 1,68 0 0 0 0 0 0 Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, 18,40 34,60 4,05 9,80 51,70 71,30 16,45 16,20 32,55 17,95 6,20 60,50 43,40 16,25 25,05 26,50 26,35 29,20 25,50 24,90 março 2002 A partir dos resultados obtidos, representados na Tabela 5, foi então encontrada a equação polinomial que representará o sistema, ou seja, o processo de biosorção através de leveduras imobilizadas para captação de cádmio. 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o experimento houve uma ligeira expansão e compressão do leito de células imobilizadas e alteração em sua coloração, porém, sem exercer grande influência nos resultados finais. O processo apresentou para a primeira série experimental uma eficiência na remoção do cádmio variando no intervalo de 86 a 69%, sendo mais presente na faixa de 81 a 76% (Tabela 6). O menor valor de concentração final encontrado foi de 5,30 ppm. Tabela 6 - Eficiência da remoção na 1° série de experimentos Corrida 3 4 5 6 7 10 13 14 Concentração inicial Ppm 37,9 49,7 42,4 39,1 44 46 44 36 Concentração final Ppm 5,3 11,8 7,9 11,3 8 14 12 8 Eficiência % 86,02 76,26 81,37 71,10 81,82 69,57 72,73 77,78 Tempo Hora 4 4 4 2 4 2 2 2 Na Figura 2, verifica-se uma queda acentuada da concentração do metal na primeira meia hora de processo, prosseguindo na segunda meia hora, porém, de forma menos acentuada e com uma tendência em torno de um determinado valor. 45 Concentração (ppm) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 Tempo (Hora) Figura 2 - Variação da concentração com o tempo para uma concentração inicial de cádmio de 42,4 mg/l. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 A análise estatística dos dados da segunda série experimental conduziu às mesmas conclusões obtidas pela análise dos dados da primeira série experimental. Na Metodologia da Superfície de Resposta, foi utilizado a aplicativo Statistics, e alguns dados gerados por ele, estão apresentados nas tabelas de 7 e 8. Tabela 7 : Coeficientes de Regressão EXPERIMENTOS ESTATÍSTICOS Fator Mean/Interc. (1) TEMPO – HO (L) TEMPO – HO (Q) (2) CINICIAL(L) CINICIAL(Q) (3) ALTURA M(L) ALTURA M(Q) 1L by 2L 1L by 3L 2L by 3L Coeficiente de Regressão; Var.: CFINAL M; R-sqr= 0,96317; Adj: 0,93003 3 fatores, 1 Bloco, 20Corridas; MS Puro Erro= 2,52 DV: CFINAL – M Coeficiente Puro Erro t (5) p - 90,% + 90, % Regressão. Cnf. Limite Cnf. Limite 26,31231* ,647393* 40,6435* ,000000* 25,00779* 27,61684* -8,30558* ,429751* -19,3265* ,000007* -9,17155* -7,43961* -,74932 ,418833 -1,7891 ,133624 -1,59329 ,09464 16,17642* ,429751* 37,6414* ,000000* 15,31045* 17,04239* 2,12057* ,418833* 5,0631* ,000000* 1,27661* 2,96454* -6,36961* ,429751* -14,8216* ,003890* -7,23557* -5,50364* ,87164* ,418833* 2,0811* ,000025* ,02767* 1,71561* -6,40000 ,561249* -11,4031* ,091932* -7,53054* -5,26906* -,32500 ,561249 -,5791 ,587652 -1,45594 ,80594 -3,78750* ,561249* -6,7483* ,001084* -4,91844* -2,65656* Tabela 8: ANOVA EXPERIMENTOS ESTATÍSTICOS Fator (1) TEMPO – HO (L) TEMPO – HO (Q) (2) CINICIAL(L) CINICIAL(Q) (3) ALTURA M(L) ALTURA M(Q) 1L by 2L 1L by 3L 2L by 3L Falta de ajuste Puro Erro Total SS ANOVA; Var.: CFINAL M; R-sqr= 0,96317; Adj: 0,93003 (cad01.sta) 3 fatores, 1 Blocos, 20 Corridas; MS Puro Erro= 2,52 DV: CFINAL - M SS dt MS F P 941,255* 1* 941,255* 373,514* ,000007* 8,066 1 8,066 3,201 ,133624 3570,524* 1* 3570,524* 1416,875* ,000000* 64,599* 1* 64,599* 25,635* ,003890* 553,595* 1* 553,595* 219,681* ,000025* 10,914* 1* 10,914* 4,331* ,091932* 327,680* 1* 327,680* 130,032 ,000091* ,845 1 ,845 ,335 ,587652 114,761* 1* 114,761* 45,540* ,001084* 201,313 5* 40,263* 15,977* ,004289* 12,600 5 2,520 5808,681 19 Na Tabela 8, observa-se que as variáveis tempo (L), concentração inicial (L), altura (L) e a interação linear entre tempo e concentração inicial , são as que apresentam maior significância estatística para a variável resposta. Isto é observado pelos valores numéricos da coluna de probabilidade (P), na Tabela 8. A interação linear tempo x altura é a que tem menor significância para a variável resposta, que é a concentração final. A interpretação obtida através da Figura 3, que é o gráfico de estimativa dos efeitos, confirma esta última afirmativa e mostra ainda que as variáveis tempo e altura quadráticos, estão no limite da significância estatística. As variáveis à direita da linha pontilhada vermelha, são os que apresentam efeitos significativos. Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 3 fatores, 1 Bloco, 20 Corridas; MS Puro Erro=2,52 p=,1 (2)CINICIAL(L) 37,64139 (1)TEMPO(L) -19,3265 (3)ALTURA(L) -14,8216 1Lby2L -11,4031 2Lby3L -6,74835 CINICIAL(Q) 5,063056 ALTURA(Q) 2,081109 TEMPO(Q) -1,78908 1Lby3L -,579066 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Estimativa dos Efeitos (valores absolutos) Figura 3: Gráfico de Estimativa dos Efeitos Na Figura 4 pode-se verificar que os valores das variáveis encontram-se bem distribuídos, próximos à linha média, o que significa que o modelo está descrevendo bem os dados experimentais. 3 fatores, 1 Bloco, 20 Corridas; MS Puro Erro=2,52 80 70 60 Valores Preditos 50 40 30 20 10 0 -10 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Valores Observados Figura 4: Gráfico dos valores observados e dos valore preditos As Figuras 5, 6 e 7 representam a superfície de resposta. Observando-se as figuras verifica-se que a região que apresenta o verde mais intenso é onde se encontram as menores Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 concentrações, ou seja, os menores valores para a variável de resposta, que é o objetivo principal dos experimentos. 3 fatores, 1 Bloco, 20 Corridas; MS Puro Erro=2,52 1,488 6,824 12,160 17,497 22,833 28,170 33,506 38,843 44,179 49,516 above Figura 5: Gráfico de Superfície de Resposta altura e tempo 3 fatores, 1 Bloco, 20 Corridas; MS Puro Erro=2,52 10,809 19,580 28,352 37,123 45,895 54,666 63,438 72,209 80,980 89,752 above Figura 6: Gráfico de Superfície de Resposta altura e C inicial Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 3 fatores, 1 Bloco, 20 Corridas; MS Puro Erro=2,52 0,993 11,529 22,066 32,603 43,140 53,677 64,214 74,751 85,288 95,824 above Figura 7: Gráfico de Superfície de Resposta C inicial e tempo Feita a análise estatística dos dados experimentais e interpretando os resultados apresentados na Tabela 7, coeficientes de regressão, pode-se finalmente escrever a equação do modelo matemático (Eq. 5) que representa a biosorção de cádmio por leveduras imobilizadas, nas condições experimentais descritas. y = 26,31 − 8,31t + 16,18Ci − 6,37h + 2,12Ci 2 + 0,87h 2 − 6,4tCi − 3,79Cih (5) sabendo-se que X 1 = t ; X 2 = Ci ; X 3 = h 5- CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos no experimento, verificou-se que a eficiência de remoção do cádmio para a primeira série experimental, variou entre 86 a 69% e para a segunda série, variou entre 88 a 61%. A concentração inicial não influenciou positivamente na superfície de resposta, entretanto, por possuir menor probabilidade de estar dentro da região de hipótese nula, confirma assim, as variáveis que mais influenciam no processo, altura do leito, concentração inicial do metal e tempo de operação, além do tipo de metal. Analisando a influência estatística das variáveis selecionadas e de suas combinações binárias, foi possível propor a equação polinomial abaixo, que representa o processo de biosorção para a remoção do metal cádmio presente em efluentes: 2 2 y = 26,31 − 8,31t + 16,18Ci − 6,37 h + 2,12Ci + 0,87 h − 6,4tCi − 3,79Cih Revista Científica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 3, março 2002 Com base nos resultados, verificou-se que a realização do processo de biosorção ocorreu de forma satisfatória, viabilizando o uso do reator com leito de leveduras imobilizadas, para efetuar remoção. Vale salientar que para a utilização do reator, há a necessidade de apenas uma bomba para o seu funcionamento, garantindo assim, um gasto de energia limitado. Além disso, outra grande vantagem deste processo, é a eficácia da utilização de microorganismos de fácil manipulação e obtenção no comércio local, como as leveduras de panificação. 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • • • • • • • • ALBERT, L. A. Curso básico à toxicologia ambiental. México, Ed. Limusa S.A.,1988. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION- APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 19th , 1995. BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E.; Planejamento e Otimização de Experimentos. Campinas – SP, Editora da Unicamp, 1995. BOX, E.P. ;HUNTER, W.G.;HUNTER, V.S. Statistics for experimenters. An introduction to design, data analysis, and model buildind. John Wiley & Sons, New York, 1978. COSTA, A. C. A.; TELES, E. M.;LEITE, S. G. F. 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