Fatores prognósticos para persistência e recorrência de doença
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Fatores prognósticos para persistência e recorrência de doença
“Fatores prognósticos para persistência e recorrência de doença. Efeitos indesejados a longo prazo e impacto sobre a fertilidade” TROCANDO IDÉIAS 2010 Curso CAF Caroline Alves de Oliveira 26 de junho de 2010 FATORES PROGNÓSTICOS PARA PERSISTÊNCIA E RECORRÊNCIA DE DOENÇA Lesões precursoras do câncer de colo uterino HSIL Tratamento excisional Margens Doença residual ou recorrente FATORES PROGNÓSTICOS Margem cirúrgica (Ghaem-Maghami et al, 2007; Dobbs et al, 2000; Hulman et al, 1998) HIV (Adam et al, 2008; Russomano et al 2008) Tipo de HPV (Walker et al, 1989) Persistência de HPV pós-tratamento (Verguts et al, 2006) Grau de doença (NIC II ou III) (Hulman et al, 1998) Extensão de doença (Tyler et al 2007) Idade (Paraskevaidis et al, 2003; Flannelly et al, 2001) Carga viral de HPV (Park et al, 2008) RECORRÊNCIA OU PERSISTÊNCIA? Lesões residuais – até 2 anos Lesões recorrentes – mais de 2 anos Falha no tratamento Margem cirúrgica Nova lesão Persistência de HPV pós-tratamento Grau de doença Extensão de doença Tipo de HPV Carga viral de HPV HIV+ Idade van Hamont D, van Ham MA, Struik-van der Zanden PH, Keijser KG, Bulten J, Melchers WJ et al. Longterm follow-up after large-loop excision of the transformation zone: evaluation of 22 years treatment of high-grade cervical intraepithelial neoplasia. Int J Gynecol Cancer Mar-Apr 2006;16(2):615-9. MARGEM CIRÚRGICA COMPROMETIDA ELETROCIRURGIA DOENÇA PERSISTENTE – SEGUIMENTO ATÉ 2 ANOS DESFECHO HISTOLÓGICO = HSIL REVISÃO SISTEMÁTICA METANÁLISE “Risco de Persistência da Doença Precursora do Câncer de Colo Uterino em 1 e 2 Anos Após Tratamento Excisional Eletrocirúrgico Com Margens Cirúrgicas Comprometidas: Uma Revisão Sistemática e Metanálise” Janeiro de 2010, FIOCRUZ. SELEÇÃO É um estudo tipo coorte sobre risco de HSIL após tratamento eletrocirúrgico em função de margens comprometidas? O seguimento foi realizado por, no mín, 1 ano? A determinação do desfecho foi feita através de diagnóstico histológico? Foi considerado recidiva apenas HSIL? AVALIAÇÃO DA VALIDADE A amostra era representativa reunindo todas as pacientes com HSIL a partir do tratamento? Se não era representativa, foi feita uma análise de subgrupos? O seguimento foi suficientemente completo? Se houve perda, esta foi menor que 20%? O seguimento pós-tratamento para possível diagnóstico da doença residual foi aplicado da mesma forma em todas as pacientes? TODAS AS FONTES 7066 Descartados após leitura dos títulos: 6542 Estudos potencialmente relacionados ao tema 524 227 Duplicados 297 Lista de referências: 21 ( 1 duplicado) Estudos examinados para avaliação mais detalhada da pertinência com o tema 317 24 excluídos: 7 revisões, 2 RS, 8 reply, 7 idiomas Estudos submetidos aos critérios de seleção 293 259 excluídos Estudos submetidos aos critérios de validade 35 12 excluídos Estudos submetidos à extração de dados 23 19 excluídos Estudos incluídos na metanálise 4 SÍNTESE DOS DADOS 1 ANO ESTUDO RR IC 95% % do peso no resultado final Chang et al., 1996 10,000 4,632 – 21,588 90,03 Goya-Canino et al., 23,727 2,715 – 207,375 9,97 11,369 5,529 – 23,379 100,00 2006 Medida-síntese p = 0,459 (Teste do Qui-quadrado para heterogeneidade) I-quadrado (variação no RR atribuível à heterogeneidade) = 0,0% Teste com RR = 1 : z = 6,61 p < 0,0001. SÍNTESE DOS DADOS 1 ANO SÍNTESE DOS DADOS 2 ANOS ESTUDO RR IC 95% % do peso no resultado final Gardeil et al., 1997 10,588 0,578 – 193,861 22,80 Verguts et al., 2006 2,071 0,421 – 10,197 77,20 Medida-síntese 4,013 0,996 – 16,164 100,00 p = 0,297 (Teste do Qui-quadrado para heterogeneidade) I-quadrado (variação no RR atribuível à heterogeneidade) = 8,2% Teste com RR = 1 : z = 1,96 p = 0,051 SÍNTESE DOS DADOS 2 ANOS DIFICULDADES E POSSÍVES VIÉSES Critérios diagnósticos de margens comprometidas? Gardeil et al., 1997 - “os patologistas determinaram as margens pelo efeito térmico das bordas” Dificuldades da análise histopatológica? Gardeil et al., 1997 – “7 casos com artefatos térmicos impediram avaliação das margens” Goya-Canino et al., 2006 – “32 casos de margens não avaliadas” DIFICULDADES E POSSÍVES VIÉSES Cuidados com a peça? Chang et al., 1996 – “O espécime era cortado às 12h paralelo ao eixo do canal cervical, fixado numa placa de cortiça e deixado no formol de um dia para o outro. O espécime era cortado em segmentos a cada 3-4mm e, após, eram feitos cortes perpendiculares à superfície mucosa” Gardeil et al., 1997 - “As peças eram abertas às 12h e colocadas no formol” Técnica eletrocirúrgica? Gardeil et al., 1997 – “large loop excision of the transformation zone” “Excisão com alça foi realizada mesmo quando toda zona de transformação não era visível” “Alças 10 a 20mm profundidade” CONE X EZT Verguts et al., 2006 – “técnica descrita por Prendiville e col.(1989)” CONE X EZT CONCLUSÕES METANÁLISE ATUAL VIÉS “MARGENS COMPROMETIDAS AUMENTAM O RISCO DE DOENÇA PERSISTENTE EM 11X NO 1º ANO” Falha no tratamento ATENÇÃO À INDICAÇÃO DO TIPO DE PROCEDIMENTO! ATENÇÃO À REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO! CUIDADO COM A PEÇA CIRÚRGICA! SEGUIMENTO DIFERENCIADO NO 1º ANO MELHOR ESTRATÉGIA DE SEGUIMENTO ? EFEITOS INDESEJADOS A LONGO PRAZO Efeitos indesejados a longo prazo Hemorragia Infecção Falha no tratamento Estenose cervical Complicações obstétricas Cullimore J. Management of complications from LLETZ. In: Prendiville W, organizador. Large loop excision of the transformation zone. A practical guide to LLETZ. Londres: Chapman & Hall Medical; 1993. p.93-98. Taha NSA. Cirurgia de Alta Frequência no Trato Genital Inferior: Princípios Gerais e Técnica. In: Martins NV, Ribalta JCL, organizadores. Patologia do trato genital inferior. São Paulo: Editora Roca 2005. p. 686-696. ESTENOSE CERVICAL “Estreitamento cervical que não permite a passagem de uma vela de Hégar de 2,5mm de diâmetro” Baldauff et al., 1997. “Considerado quando for necessário coleta endovervical através de dilatação manual com cureta endocervical de 3 mm de diâmetro” Suh-Burgmann et al., 2000. “Obstrução parcial ou completa do canal cervical que torna impossível o acesso ao canal endocervical mesmo guiado por colposcopia. Também é estabelecido quando associado a importante dismenorréia após conização ou quando há imagem radiológica sugestiva de hematométrio, fazendo-se necessário a dilatação do canal cervical” Monteiro et al., 2008 Incidência de 0 a 25,9%. ESTENOSE CERVICAL Dismenorréia Amenorréia Hematométrio Infertilidade Distócia no trabalho de parto Impossibilidade de seguimento cito-colposcópico Dificuldade no diagnóstico de doença persistente ou recorrente ESTENOSE CERVICAL AUTOR, ANO LOCAL AMOSTRA PERÍODO DE SEGUIMENTO INCIDÊNCIA DE ESTENOSE Suh-Burgmann et al.,2000 EUA 164 LEEP ? 6% (10) LEEP prévio e volume excisado (fatores preditivos) Brun et al., 2002 França 100 cone a frio 102 LEEP ? 8% (8) 3% (3) Mathevet et al.,2003 28 cone a frio França 29 LEEP 29 cone a laser 3 anos no mínimo 14% (4) 3,4% (1) 0 Dunn et al.,2007 EUA Primeiro seguimento no mínimo 1190 LEEP 13,64% (162) sem células endocervicais. Não encontrou associação com outros fatores Monteiro et al.,2008 274 cones eletrocirúrgicos Brasil 6 meses no mínimo 7,66% (21) Não encontrou associação com outros fatores Martirosian et al., 2010 EUA 1 e 6 meses 127 LEEP 19,7% (25) Associação com uso de AMP depósito (OR 3,85) CONCLUSÕES: Mais estudos são necessários para estabelecer o risco de estenose cervical após procedimentos excisionais. Estabelecer uma definição padrão de estenose cervical para que seja possível a comparação entre os estudos. O procedimento excisional realizado também deve ser bem definido nos estudos. IMPACTO SOBRE A FERTILIDADE COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS Prematuridade Técnica: cone x EZT Amniorrexe prematura Volume retirado Mortalidade perinatal Profundidade COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS AUTOR, ANO LOCAL AMOSTRA PARTO PREMATURO Noehr et al., 2009 Dinamarca 3065 partos após LEEP- 6.2% (223) cone Risco aumenta com a profundidade do cone Ortoft et al.,2010 Dinamarca 721 partos após 1 conização e 37 após 2 cones (LEEP ou a frio) X 74.552 partos van de Vijver et al.,2010 Bélgica 55 partos após 34 P = 0.002 (<37sem) conizações P = 0.03 (<34sem) 55 partos de 54 mulheres (controle) Werner et al.,2010 EUA 511 partos após LEEP (nulíparas) 842 partos (LEEP após uma gestação) MORTALIDADE PERINATAL OR 2.8 (< 37sem) e 4.9 (< OR 9.9 (4.4 - 25) 28sem) (< 28sem) OR 9.9 (< 37sem) e 9.8 (< 28 sem) Não houve associação entre LEEP e parto prematuro em nenhum dos casos. Nenhum caso. COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS Arbyn M, Kyrgiou M, Simoens C, Raifu AO, Koliopoulos G, Martin-Hirsch P et al.. Perinatal mortality and other severe adverse pregnancy outcomes associated with treatment of cervical intraepithelial neoplasia: metaanalysis. BMJ. 2008 Sep 18;337:a1284. Tratamento excisional (eletrocirúrgico, cone a frio, laser) ou ablativo X Grupo controle (pacientes sem tratamento) Desfecho: Mortalidade perinatal 15 estudos Parto prematuro severo (< 32/34sem) e extremo (< 28/30sem) 11 estudos Baixo peso ao nascer (< 2kg, < 1,5kg e < 1kg) 5 estudos RESULTADOS Mortalidade Perinatal Parto prematuro severo (< 32/34 sem) Parto prematuro extremo (< 28/30 sem) Baixo peso ao nascer (< 2000g) Baixo peso ao nascer (< 1500g) Baixo peso ao nascer (< 1000g) LIMITAÇÕES: Estudos não randomisados – outros fatores associados Mistura de modalidades terapêuticas Falta de definição do procedimento eletrocirúrgico realizado (EZT ou cone) CONCLUSÕES: “Os riscos relativos tão variáveis (0.46 a 7) e a ausência de significância estatística nos estudos de eletrocirurgia podem ser justificados pelo uso de alças de tamanhos diferentes” “Eletrocirurgias que removem grande quantidade de tecido, provavelmente, apresentam o mesmo efeito que as conizações a frio” “Mulheres jovens que, provavelmente, realizam apenas EZT não devem apresentar complicações obstétricas severas” “Conização a frio aumenta o risco de complicações obstétricas pois mais tecido do colo uterino é retirado” OBRIGADA!